Manual para a Redução da Pobreza por meio do Turismo

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2 Múltiplas relações entre o turismo e a pobreza As relações entre o turismo e a pobreza são múltiplas e dinâmicas. Nesse contexto, o vínculo entre o setor de turismo e setores afins é determinante para a redução da pobreza. O gráfico a seguir mostra uma análise proposta para as principais questões que determinam a relação entre o turismo e a pobreza: 8 Acesso ao mercado para pessoas afetadas pela pobreza Fonte de meios de vida Crescimento e diversificação em áreas excluídas ou remotas Empregos: trabalho e empoderamento Crescimento favorável a pessoas afetadas pela pobreza ourism Turismo and e Poverty Pobreza Responsabilidade social corporativa Oportunidades de subsistência não agrícolas Educação e capacitação Empresas, PMME Assistência médica, infraestrutura e serviços Gestão ambiental sustentável Sua vez: você consegue identificar outros aspectos e relações não incluídos no gráfico? Use o exercício em grupo anterior para contextualizar o mapa do “turismo e pobreza” para o seu país (ou região ou comunidade). PARTICIPAÇÃO DIRETA E INDIRETA DE PESSOAS AFETADAS PELA POBREZA NO TURISMO Cadeias de abastecimento, setores afins Vendas, por exemplo, de legumes Emprego, por exemplo, na construção Renda Turismo Renda Domicílios em condição de pobreza Extraído de: Anna Spenceley, Caroline Ashley e Melissa de Kock: Tourism-led poverty reduction programme: Core training module (Genebra, Centro do Comércio Internacional, 2009), pág. 35. A participação direta no turismo ocorre quando pessoas em situação de pobreza fornecem bens e serviços a turistas. Elas podem trabalhar em um hotel ou restaurante, vender artesanato na calçada, puxar riquixás, dirigir barcos para turistas ou hospedá-los em seu vilarejo. A participação indireta ocorre quando pessoas afetadas pela pobreza trabalham nos setores que abastecem o turismo. Elas podem cultivar e vender hortaliças e legumes servidos em hotéis de turismo ou trabalhar em setores de construção ou de tecidos decorativos que atendem hotéis. 8 Folhas informativas sobre o Turismo em prol de pessoas afetadas pela pobreza: Folha No. 3, http://www.propoortourism.org.uk/info_sheets/3%20 info%20sheet.pdf (acessadas em 29 de setembro de 2011). Capítulo 1 O setor de turismo e a redução da pobreza - visão geral 11

Capítulo 1 O setor de turismo e a redução da pobreza - visão geral 12 3 Estratégias e planos para a redução da pobreza Políticas, regulações e estratégias claras constituem a base para o desenvolvimento do turismo sustentável, para a redução da pobreza em larga escala, para a proteção dos recursos naturais e de modos de vida e para a promoção do desenvolvimento econômico. Além disso, elas ajudam a manter a coesão social e a identidade de comunidades locais/rurais. Os governos desempenham um papel importante no estabelecimento de estratégias, programas e políticas de desenvolvimento e de condições legais relacionadas à segurança, ao saneamento, às condições de trabalho, à infraestrutura, à educação e à capacitação. Essas estruturas políticas constituem a base para: • Avaliar e monitorar o impacto ambiental de grandes mudanças geradas pelo turismo; • incentivar as cadeias de abastecimento do setor de turismo no sentido de que comprem seus insumos localmente e reduzam a dependência de itens importados; • Promover o protagonismo local facilitando o acesso a crédito e empréstimos para pessoas em condições de pobreza, com especial atenção a jovens e mulheres, garantindo um retorno econômico justo sobre os recursos administrados pelas comunidades; • Apoiar empregos formais locais/rurais mediante o desenvolvimento de programas comunitários que ajudem a educar e informar populações locais/rurais a respeito de perspectivas de emprego no setor de turismo e outros setores afins, bem como sobre as consequências e riscos da informalidade; • Fortalecer a colaboração e a comunicação entre o setor de turismo e comunidades locais/rurais com vistas a facilitar o fornecimento de alimentos, bens, serviços ou infraestrutura por parte das comunidades e ajudá-las a compreender melhor as necessidades do setor; e • Abordar déficits trabalhistas, particularmente questões relacionadas a más condições de trabalho e trabalho infantil. Do turismo comunitário à redução da pobreza baseada no turismo Em uma análise de 218 empresas comunitárias de turismo em 12 países da África Austral, Spenceley (2008) identificou sérias restrições na capacidade operacional das empresas analisadas. As limitações relatadas pelas empresas incluíram problemas de acessibilidade (mencionados por 91 por cento delas), de acesso ao mercado (72 por cento), de publicidade (70 por cento) e de comunicação (57 por cento) - embora mais da metade delas recebesse algum tipo de apoio externo, esses problemas eram agravados pela falta de acesso para mulheres. Na mesma região da África, Dixey (2008) observou que apenas nove das 25 empresas comunitárias de turismo da Zâmbia avaliadas dispunham de informações suficientes sobre seus rendimentos para comparar seu nível de investimentos de doadores, número de visitantes, receita bruta e lucros líquidos. Os maiores determinantes do sucesso dessas empresas eram seus vínculos com empresas de turismo, sua proximidade das principais rotas turísticas, sua vantagem competitiva, sua gestão financeira e de visitantes e a motivação da comunidade. Na sua tentativa de explicar esses problemas, Häusler (2008) observou que, nas propostas de financiamento de empresas comunitárias de turismo da América do Sul e da Ásia, as agências doadoras geralmente consideravam questões de participação, gênero, empoderamento e capacitação como parte de seus critérios de seleção. No entanto, nenhuma obrigação era imposta no sentido de que as propostas indicassem planos de negócios, estruturas de gestão, estratégias de marketing, desenvolvimento de produtos, grupos- -alvo, cooperação com o setor privado ou canais de comunicação.

2 Múltiplas relações entre o turismo e a pobreza<br />

As relações entre o turismo e a pobreza são múltiplas e dinâmicas. Nesse contexto, o vínculo entre o setor de<br />

turismo e setores afins é determinante <strong>para</strong> a redução <strong>da</strong> pobreza.<br />

O gráfico a seguir mostra uma análise proposta <strong>para</strong> as principais questões que determinam a relação entre<br />

o turismo e a pobreza: 8<br />

Acesso ao merca<strong>do</strong><br />

<strong>para</strong> pessoas afeta<strong>da</strong>s<br />

pela pobreza<br />

Fonte de<br />

<strong>meio</strong>s de vi<strong>da</strong><br />

Crescimento e<br />

diversificação em áreas<br />

excluí<strong>da</strong>s ou remotas<br />

Empregos: trabalho<br />

e empoderamento<br />

Crescimento favorável a pessoas<br />

afeta<strong>da</strong>s pela pobreza<br />

ourism <strong>Turismo</strong> and e<br />

Poverty <strong>Pobreza</strong><br />

Responsabili<strong>da</strong>de<br />

social cor<strong>por</strong>ativa<br />

O<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>des de<br />

subsistência não agrícolas<br />

Educação e capacitação<br />

Empresas, PMME<br />

Assistência médica,<br />

infraestrutura e serviços<br />

Gestão ambiental<br />

sustentável<br />

Sua vez: você consegue identificar outros aspectos e relações não incluí<strong>do</strong>s no gráfico? Use o exercício em<br />

grupo anterior <strong>para</strong> contextualizar o mapa <strong>do</strong> “turismo e pobreza” <strong>para</strong> o seu país (ou região ou comuni<strong>da</strong>de).<br />

PARTICIPAÇÃO DIRETA E INDIRETA DE<br />

PESSOAS AFETADAS PELA POBREZA NO<br />

TURISMO<br />

Cadeias de<br />

abastecimento,<br />

setores afins<br />

Ven<strong>da</strong>s, <strong>por</strong><br />

exemplo, de<br />

legumes<br />

Emprego, <strong>por</strong><br />

exemplo, na<br />

construção<br />

Ren<strong>da</strong><br />

<strong>Turismo</strong><br />

Ren<strong>da</strong><br />

Domicílios em<br />

condição de pobreza<br />

Extraí<strong>do</strong> de: Anna Spenceley, Caroline Ashley e Melissa<br />

de Kock: Tourism-led poverty reduction programme:<br />

Core training module (Genebra, Centro <strong>do</strong> Comércio<br />

Internacional, 2009), pág. 35.<br />

A participação direta no turismo ocorre quan<strong>do</strong> pessoas<br />

em situação de pobreza fornecem bens e serviços<br />

a turistas. Elas podem trabalhar em um hotel ou<br />

restaurante, vender artesanato na calça<strong>da</strong>, puxar riquixás,<br />

dirigir barcos <strong>para</strong> turistas ou hospedá-los em seu<br />

vilarejo.<br />

A participação indireta ocorre quan<strong>do</strong> pessoas afeta<strong>da</strong>s<br />

pela pobreza trabalham nos setores que abastecem<br />

o turismo. Elas podem cultivar e vender hortaliças<br />

e legumes servi<strong>do</strong>s em hotéis de turismo ou trabalhar<br />

em setores de construção ou de teci<strong>do</strong>s decorativos<br />

que atendem hotéis.<br />

8<br />

Folhas informativas sobre o <strong>Turismo</strong> em prol de pessoas afeta<strong>da</strong>s pela pobreza: Folha No. 3, http://www.propoortourism.org.uk/info_sheets/3%20<br />

info%20sheet.pdf (acessa<strong>da</strong>s em 29 de setembro de 2011).<br />

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