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Manual para a Redução da Pobreza por meio do Turismo

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Capítulo 1 O setor de turismo e a redução <strong>da</strong> pobreza - visão geral 8<br />

5 Globalização e economia informal 6<br />

Nas últimas déca<strong>da</strong>s, o número de empregos na economia informal vem crescen<strong>do</strong> rapi<strong>da</strong>mente em to<strong>da</strong>s as<br />

regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em desenvolvimento, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> origem a diversas formas atípicas de emprego, que incluem<br />

a de vende<strong>do</strong>r de rua em Bogotá, de engraxate e puxa<strong>do</strong>r de riquixá em Calcutá, de lixeiro no Cairo, de costureira<br />

<strong>do</strong>méstica em Manila e de trabalha<strong>do</strong>r pela internet a partir <strong>do</strong> lar em Kuala Lupur. Em diversos países, o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> turismo baseia-se, fortemente, no setor informal.<br />

Há uma relação entre o trabalho na economia informal e a condição de ser afeta<strong>do</strong> pela pobreza e o crescimento<br />

de uma economia fortemente basea<strong>da</strong> em um setor informal não tem um efeito positivo na geração de<br />

empregos produtivos no longo prazo. As ren<strong>da</strong>s médias são mais baixas na economia informal e, consequentemente,<br />

a pobreza é mais prevalente entre as pessoas que trabalham nesse setor. Além disso, as condições de<br />

trabalho no setor informal são frequentemente ruins. A proteção social <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res desse setor é baixa<br />

e eles não têm, <strong>por</strong> exemplo, direito a assistência médica e aposenta<strong>do</strong>ria ou acesso a cursos profissionalizantes,<br />

desenvolvimento de habili<strong>da</strong>des e educação, negociação coletiva e diálogo social.<br />

A globalização <strong>da</strong> economia tende a reforçar os vínculos entre a pobreza, a informali<strong>da</strong>de e o gênero. A concorrência<br />

global tende a estimular empresas formais a deslocarem trabalha<strong>do</strong>res assalaria<strong>do</strong>s formais <strong>para</strong> esquemas<br />

informais de emprego e a incentivar uni<strong>da</strong>des informais a deslocarem trabalha<strong>do</strong>res semipermanentes<br />

<strong>para</strong> regimes de remuneração <strong>por</strong> tarefa ou trabalho ocasional. Ela também ocasiona, frequentemente,<br />

mu<strong>da</strong>nças em esquemas de trabalho autônomo seguro em prol de regimes mais precários de trabalho independente,<br />

à medi<strong>da</strong> que produtores e comerciantes perdem seus nichos de merca<strong>do</strong>. Com essas mu<strong>da</strong>nças, e<br />

à medi<strong>da</strong> que mais homens entram na economia informal, as mulheres tendem a ser pressiona<strong>da</strong>s a assumir<br />

os empregos de remuneração mais baixa desse setor, como, <strong>por</strong> exemplo, empregos em pequenos comércios<br />

ou esquemas de trabalho em casa.<br />

Até a presente <strong>da</strong>ta, poucos decisores políticos abor<strong>da</strong>ram explicitamente as o<strong>por</strong>tuni<strong>da</strong>des e restrições enfrenta<strong>da</strong>s<br />

<strong>por</strong> produtores ou trabalha<strong>do</strong>res informais decorrentes <strong>da</strong> integração e <strong>da</strong> concorrência globais. Isso<br />

se deve, em grande parte, ao fato de elas serem subestima<strong>da</strong>s nas estatísticas oficiais e mal compreendi<strong>da</strong>s.<br />

Questões de gênero no setor informal:<br />

Um estu<strong>do</strong> de caso sobre as Filipinas<br />

Tem chama<strong>do</strong> atenção o aumento <strong>da</strong> prostituição<br />

em muitos países em desenvolvimento, muitas vezes<br />

sob novas formas, principalmente em alguns países<br />

<strong>do</strong> Sudeste Asiático, nos quais o número de prostitutas<br />

jovens tem aumenta<strong>do</strong> vertiginosamente.<br />

Nas Filipinas, as mulheres migrantes representam a<br />

maioria <strong>da</strong>s pessoas emprega<strong>da</strong>s no “setor <strong>da</strong> hospitali<strong>da</strong>de”.<br />

A experiência de mulheres migrantes emprega<strong>da</strong>s<br />

em bares revela condições e estruturas de<br />

trabalho que, em vez de melhorar sua situação financeira,<br />

as mantêm presas a um ciclo de dependência<br />

<strong>do</strong> qual é difícil escapar. Trabalhar em bares não era<br />

sua intenção ao chegarem ao país como imigrantes.<br />

As condições de emprego <strong>da</strong>s mulheres não satisfazem<br />

os critérios trabalhistas <strong>do</strong> setor formal em termos<br />

de salários, benefícios previdenciários, aposenta<strong>do</strong>ria,<br />

etc.<br />

A relação <strong>da</strong>s mulheres com seus chefes é complexa<br />

e caracteriza<strong>da</strong> pela exploração, já que os <strong>do</strong>nos<br />

<strong>do</strong>s estabelecimentos que as empregam acumulam<br />

dinheiro às custa delas. O ciclo de dependência se<br />

fortalece com o passar <strong>do</strong> tempo, muitas vezes, inicialmente,<br />

em decorrência de dívi<strong>da</strong>s, mas também<br />

em função <strong>da</strong>s complexas relações interpessoais e<br />

normas culturais que dão base a essa relação.<br />

(http://www.trocaire.org/resources/tdr-article/gender-issuesinformal-sector-philippine-case-study)<br />

6<br />

Basea<strong>do</strong> em M. Carr e M. Alter Chen: Globalization and the Informal Economy: How Global Trade and Investment impact on the Working Poor<br />

(WIEGO, 2001) http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/@ed_emp/<strong>do</strong>cuments/publication/wcms_122053.pdf.

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