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Simulação e análise da dispersão de poluentes nas vias ... - UTFPR

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA<br />

FRANCISCO BEMQUERER COSTA RASIA<br />

SIMULAÇÃO E ANÁLISE DA DISPERSÃO DE POLUENTES NAS VIAS<br />

ESTRUTURAIS EM CURITIBA, PARANÁ<br />

DISSERTAÇÃO - MESTRADO<br />

CURITIBA<br />

2011


FRANCISCO BEMQUERER COSTA RASIA<br />

SIMULAÇÃO E ANÁLISE DA DISPERSÃO DE POLUENTES NAS VIAS<br />

ESTRUTURAIS EM CURITIBA, PARANÁ<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> como requisito<br />

parcial para obtenção do grau <strong>de</strong> Mestre em<br />

Tecnologia, do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Tecnologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Tecnológica<br />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Área <strong>de</strong> Concentração:<br />

Tecnologia e Desenvolvimento<br />

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger<br />

CURITIBA<br />

2011


AGRADECIMENTOS<br />

Ao Prof. Dr. Eduardo Leite Krüger, pela orientação e auxílio.<br />

Às colegas pesquisadoras Francine Rossi e Cíntia Tamura, pelo apoio na concepção<br />

<strong>de</strong>sse estudo.<br />

A David Queiroz Sant’Anna, pelo auxílio com os <strong>da</strong>dos e equações <strong>de</strong> acústica.<br />

A Flávia C. O. Minella, pelo valioso auxílio durante o trabalho <strong>de</strong> campo.<br />

A Simone C. Dias, pelo apoio incondicional durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estudo.<br />

Ao Prof. M. Sc. L. H. Fragomeni, pelo incentivo e inspiração.<br />

Aos amigos Henry, Andressa, Luciana, Deisi, Neura, Clara, e todos os colegas <strong>da</strong>s<br />

turmas <strong>de</strong> 2009 e 2010. E especialmente à Catiane, pelas ricas discussões que nossas<br />

nossas pesquisas tão diferentes inspiraram.


RESUMO<br />

RASIA, Francisco B. C. Simulação e análise <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> estruturais<br />

em Curitiba, Paraná. 2011. 211f. Dissertação (Mestrado). Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Tecnologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Tecnológica Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<br />

Originalmente estabelecidos nos anos 1970, os eixos estruturais <strong>de</strong> Curitiba são importantes<br />

elementos direcionadores do crescimento e a<strong>de</strong>nsamento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Quarenta anos após sua<br />

criação, os eixos estruturais se encontram em variados graus <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção, mas sua<br />

importância como eixos <strong>de</strong> circulação – tanto <strong>de</strong> veículos particulares quanto como suporte<br />

do transporte coletivo – se mantém. Este estudo avalia as condições <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

atmosféricos gerados pelo tráfego <strong>de</strong> veículos automotores em Vias Estruturais <strong>de</strong> Curitiba<br />

por intermédio <strong>de</strong> simulações no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met. Extensivos trabalhos <strong>de</strong> campo para<br />

reconhecimento <strong>da</strong> morfologia urbana, medição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos climáticos e inventário <strong>de</strong> tráfego<br />

foram realizados para a elaboração e calibração do mo<strong>de</strong>lo numérico. Foram analisa<strong>da</strong>s seções<br />

do Setor Estrutural Sul <strong>de</strong> Curitiba (Av. Sete <strong>de</strong> Setembro) e do Setor Especial Nova Curitiba<br />

(“Ecoville”), explorando a relação entre a morfologia urbana, as condições climáticas e a<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. Os resultados <strong>da</strong>s simulações sugerem a formação <strong>de</strong> um “eixo <strong>de</strong><br />

poluição” ao longo do eixo estrutural <strong>da</strong> Av. Sete <strong>de</strong> Setembro, enquanto a maior<br />

permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ecoville promove melhores condições <strong>de</strong> ventilação e dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>. É também avaliado um cenário alternativo <strong>de</strong> morfologia urbana, baseado na atual<br />

lei <strong>de</strong> ocupação e uso do solo. As simulações <strong>de</strong>sse cenário alternativo sugerem que o maior<br />

distanciamento entre as edificações po<strong>de</strong>ria melhorar a ventilação e a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

no Setor Estrutural.<br />

Palavras-chave: ENVI-met, climatologia urbana, planejamento urbano, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar,<br />

simulação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.


ABSTRACT<br />

The Structural Sectors of Curitiba were conceived in the 1970s as high-<strong>de</strong>nsity linear<br />

<strong>de</strong>velopment areas. Forty years since their inception they have achieved varying <strong>de</strong>grees of<br />

consoli<strong>da</strong>tion, but their importance as urban circulation axes, for both private and public<br />

transport, still remains. This study aims to evaluate the dispersion of vehicle-borne pollutants<br />

in the Structural Sector by means of simulations with the ENVI-met mo<strong>de</strong>l. Extensive surveys<br />

of the urban morphology, measurement of weather <strong>da</strong>ta and traffic inventory were used for<br />

the construction and calibration of the numeric mo<strong>de</strong>l. Sections of the Southern Structural<br />

Sector and of the Nova Curitiba Special Sector (“Ecoville”) were analyzed, for the exploration<br />

of the relationship between urban morphology, climate and pollutant dispersion. Simulation<br />

results suggest the formation of a “pollution axis” overlaid onto the Structural Sector. An<br />

alternative urban morphology is also evaluated; simulations of this alternate morphology<br />

suggest that increasing the distance between buildings could improve ventilation and<br />

pollutant dispersion in the Structural Sector.<br />

Keywords: ENVI-met, urban climatology, urban planning, air quality, simulation of pollutant<br />

dispersion.


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 2.1 - Sistema trinário....................................................................................................................28 <br />

Figura 2.2 - Esquema <strong>de</strong> verticalização do Setor Estrutural e sua relação com as ZR-<br />

4. .........................................................................................................................................................29 <br />

Figura 2.3 - Galeria coberta <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela sobreloja do embasamento do Plano<br />

Massa. ................................................................................................................................................30 <br />

Figura 2.4 – Influência do terreno nos perfis <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento. .............................................39 <br />

Figura 2.5 - Padrões <strong>de</strong> fluxo em torno <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> arestas retas (a)<br />

representação dos fluxos em corte (b) perfis <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> (c) edifício<br />

perpendicular ao fluxo <strong>de</strong> vento (d) edifício disposto a 45º em relação ao fluxo<br />

<strong>de</strong> vento. ............................................................................................................................................44 <br />

Figura 2.6 - Fluxo <strong>de</strong> vento ao sobre um conjunto <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> mesma altura na<br />

vizinhança <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> maior altura. ..................................................................................46 <br />

Figura 2.7 - Influência do fluxo <strong>de</strong> vento entre edifícios sobre a dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>. ..........................................................................................................................................47 <br />

Figura 2.8 - Representação esquemática <strong>da</strong> atmosfera urbana...........................................................48 <br />

Figura 2.9 - Representação esquemática do volume <strong>de</strong> ar em um cânion urbano. .........................49 <br />

Figura 2.10 - Progresso dos <strong>poluentes</strong>, <strong>da</strong> fonte até o sumidouro. ....................................................50 <br />

Figura 2.11 - Mo<strong>de</strong>lo simplificado <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s para a poluição na cama<strong>da</strong><br />

limite..................................................................................................................................................58 <br />

Figura 3.1 – Fluxograma - resumo do fluxo <strong>de</strong> trabalho.....................................................................71 <br />

Figura 3.2 - Arquivo <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no editor Eddi, com indicações <strong>de</strong> vegetação e<br />

edificações e planta ca<strong>da</strong>stral como imagem <strong>de</strong> fundo...............................................................80 <br />

Figura 3.3 - Arquivo <strong>de</strong> configuração em formato ASCII.....................................................................81 <br />

Figura 3.4 – Fragmento <strong>de</strong> arquivo SOURCES.DAT em formato ASCII. .............................................82 <br />

Figura 3.5 - Representação gráfica do mo<strong>de</strong>lo unidimensional <strong>de</strong> vegetação utilizado<br />

no ENVI-met....................................................................................................................................83 <br />

Figura 3.6 - Exemplo <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s pastas <strong>de</strong> resultados do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met........................83 <br />

Figura 3.7 - Fluxograma: arquitetura do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e fontes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos. .............................85 <br />

Figura 3.8 - Imagem em formato .BMP, para uso no software Eddi – planta ca<strong>da</strong>stral<br />

sobreposta a imagem <strong>de</strong> satélite (Google Earth). ........................................................................86 <br />

Figura 3.9 – Exemplo <strong>de</strong> configuração inicial do mo<strong>de</strong>lo no editor Eddi. .......................................87 <br />

Figura 3.10 – Detalhes <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem a) solos e pavimentações b) edificações e<br />

vegetação. ..........................................................................................................................................88


Figura 3.11 - Detalhe <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem a) Receptor virtual b) Fontes <strong>de</strong> poluente. ...........................88 <br />

Figura 3.12 - Ponto P3, Rua Dep. Heitor Alencar Furtado (Ecoville)...............................................92 <br />

Figura 3.13 - Ponto P8, Av. Sete <strong>de</strong> Setembro. .....................................................................................92 <br />

Figura 3.14 – P8: Planta <strong>de</strong> situação.......................................................................................................93 <br />

Figura 3.15 - P3: Planta <strong>de</strong> situação. ......................................................................................................95 <br />

Figura 3.16 – Estação meterorológica (a) e (b) Confecção do assoalho (c) e (d)<br />

Fixação do tripé e mastro (e) Detalhe do sistema <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong> altura do tripé (f)<br />

Estrutura <strong>da</strong> estação monta<strong>da</strong> no veículo.....................................................................................100 <br />

Figura 3.17 - Estação meteorológica em campo (a) e (b) P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro (c) e<br />

(d) P3 – Ecoville. ..............................................................................................................................101 <br />

Figura 3.18 - Contadores estatísticos. ....................................................................................................107 <br />

Figura 4.1 – Localização dos cânions L, M, N, O e P...........................................................................118 <br />

Figura 4.2 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00 (a) Cenário<br />

Junho Atual-Leste Mínimo (b) Cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................122 <br />

Figura 4.3 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

março (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala......................................123 <br />

Figura 4.4 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala. ..............................124 <br />

Figura 4.5 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala....................................125 <br />

Figura 4.6 – Pontos <strong>de</strong> análise <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x <strong>nas</strong> <strong>vias</strong><br />

transversais. ......................................................................................................................................131 <br />

Figura 4.7 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Atual (a) ventos <strong>de</strong><br />

Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste. ...................................................................135 <br />

Figura 4.8 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Atual (a) ventos<br />

<strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste. ..............................................................136 <br />

Figura 4.9 - P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Atual-Leste Mínimo (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo<br />

(c) Escala. ..........................................................................................................................................141 <br />

Figura 4.10 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

março (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala......................................142 <br />

Figura 4.11 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala. ..............................143 <br />

Figura 4.12 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala....................................144 <br />

Figura 4.13 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.....................................................................................146


Figura 4.14 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.....................................................................................147 <br />

Figura 5.1 - Comparação entre o parcelamento do solo atual (a) e o parcelamento<br />

simulado (b)......................................................................................................................................150 <br />

Figura 5.2 - Exemplos <strong>da</strong> nova morfologia – edificações (a) Elevação (b) Planta. ..........................150 <br />

Figura 5.3 - P8: Comparação entre os mo<strong>de</strong>los (a) cenário Atual (b) cenário<br />

Alternativo. .......................................................................................................................................151 <br />

Figura 5.4 – P3: Comparação entre os mo<strong>de</strong>los (a) cenário Atual (b) cenário<br />

Alternativo. .......................................................................................................................................152 <br />

Figura 5.5 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00 (a) Cenário<br />

Junho Alternativo-Leste Mínimo (b) Cenário Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste<br />

Mínimo (c) Escala............................................................................................................................157 <br />

Figura 5.6 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

março (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................158 <br />

Figura 5.7 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo -Su<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................159 <br />

Figura 5.8 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................160 <br />

Figura 5.9 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a)<br />

ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste...................................................170 <br />

Figura 5.10 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a)<br />

ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste...................................................171 <br />

Figura 5.11 - P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Alternativo-Leste Mínimo (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste<br />

Mínimo (c) Escala............................................................................................................................176 <br />

Figura 5.12 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

março (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................177 <br />

Figura 5.13 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................178 <br />

Figura 5.14 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong><br />

junho (a) Cenário Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (c)<br />

Escala. ................................................................................................................................................179 <br />

Figura 5.15 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a)<br />

ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste...................................................181 <br />

Figura 5.16 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a)<br />

ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste...................................................182


Figura A.1 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Planta <strong>de</strong> Situação na escala <strong>de</strong> 1:5000.........................................................196 <br />

Figura A.2 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planta <strong>de</strong> levantamento na escala 1:2000.....................................................197 <br />

Figura A.3 - Planta <strong>de</strong> levantamento preenchi<strong>da</strong>.................................................................................198 <br />

Figura B.1 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rneta para contagem <strong>de</strong> tráfego.............................................................199 <br />

Figura C.1 – P8 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Atual........................................................................200 <br />

Figura C.2 – P8 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Alternativo .............................................................201 <br />

Figura C.3 – P3 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Atual........................................................................202 <br />

Figura C.4 – P3 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Alternativo. ............................................................203 <br />

Figura D.1 – P8 - Arquivo <strong>de</strong> configuração, cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo ...................204 <br />

Figura D.2 – P8 - Arquivo <strong>de</strong> configuração, cenário Junho Atual-Leste..........................................205 <br />

Figura I.1 – Ponto P1 – Situação ............................................................................................................206 <br />

Figura I.2 - Ponto P2 – Situação .............................................................................................................207 <br />

Figura I.3 - Ponto P3 - Situação..............................................................................................................207 <br />

Figura I.4 - Ponto P4 – Situação .............................................................................................................208 <br />

Figura I.5 - Ponto P5 – Situação .............................................................................................................208 <br />

Figura I.6 - Ponto P6 – Situação .............................................................................................................209 <br />

Figura I.7 - Ponto P7 – Situação .............................................................................................................209 <br />

Figura I.8- Ponto P8 – Situação ..............................................................................................................210 <br />

LISTA DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 3.1 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o<br />

mês <strong>de</strong> Março. ..................................................................................................................................74 <br />

Gráfico 3.2 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o<br />

mês <strong>de</strong> Junho. ...................................................................................................................................74 <br />

Gráfico 3.3 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o<br />

mês <strong>de</strong> Dezembro.............................................................................................................................75 <br />

Gráfico 3.4 – P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro (a) Composição <strong>da</strong> frota (b) Perfil horário <strong>de</strong><br />

tráfego................................................................................................................................................111 <br />

Gráfico 3.5 - P3 - Ecoville (a) Composição <strong>da</strong> frota (b) Perfil horário <strong>de</strong> tráfego...........................113 <br />

Gráfico 4.1 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Atual-Leste<br />

Mínimo (b) Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo............................................................................................119 <br />

Gráfico 4.2 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Atual-<br />

Leste (b) Março Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Atual-Leste (d) Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste<br />

(e) Dezembro Atual-Leste (f) Dezembro Atual-Su<strong>de</strong>ste. ...........................................................120


Gráfico 4.3 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenário Junho Atual-Leste<br />

Mínimo (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ............................................127 <br />

Gráfico 4.4 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ...........................127 <br />

Gráfico 4.5 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Atual-Leste<br />

(a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.............................................................128 <br />

Gráfico 4.6 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Atual-<br />

Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. .............................................128 <br />

Gráfico 4.7 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Atual-<br />

Leste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P...................................................129 <br />

Gráfico 4.8 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Atual-<br />

Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. .............................................129 <br />

Gráfico 4.9 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-Leste<br />

(a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.............................................................130 <br />

Gráfico 4.10 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-<br />

Nor<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ..........................................130 <br />

Gráfico 4.11 – P8: Comparação entre as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx nos<br />

pontos em ZR-4 e SE, Cenário Atual. ...........................................................................................133 <br />

Gráfico 4.12 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NOx, Cenários (a) Atual-Leste<br />

Mínimo (b) Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo............................................................................................138 <br />

Gráfico 4.13 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Atual-<br />

Leste (b) Março Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Atual-Leste (d) Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste<br />

(e) Dezembro Atual-Leste (f) Dezembro Atual-Su<strong>de</strong>ste. ...........................................................139 <br />

Gráfico 5.1 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Alternativo-<br />

Leste Mínimo (b) Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo. ......................................................................154 <br />

Gráfico 5.2 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março<br />

Alternativo-Leste (b) Março Alternativo -Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Alternativo -Leste<br />

(d) Junho Alternativo -Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro Alternativo -Leste (f)<br />

Dezembro Alternativo –Su<strong>de</strong>ste. ...................................................................................................155 <br />

Gráfico 5.3 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenário Junho Alternativo-<br />

Leste Mínimo (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ..................................163 <br />

Gráfico 5.4 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ...........................163 <br />

Gráfico 5.5 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Alternativo-<br />

Leste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P...................................................164 <br />

Gráfico 5.6 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Alternativo-<br />

Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. .............................................164 <br />

Gráfico 5.7 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro<br />

Alternativo-Leste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.............................165


Gráfico 5.8 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro<br />

Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.........................165 <br />

Gráfico 5.9 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-<br />

Leste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P...................................................166 <br />

Gráfico 5.10 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-<br />

Nor<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P. ..........................................166 <br />

Gráfico 5.11 – P8: Comparação entre as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx nos<br />

pontos em ZR-4 e SE, Cenário Alternativo..................................................................................168 <br />

Gráfico 5.12 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NOx, Cenários (a) Alternativo-<br />

Leste Mínimo (b) Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo. ......................................................................173 <br />

Gráfico 5.13 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março<br />

Alternativo-Leste (b) Março Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Alternativo-Leste<br />

(d) Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro Alternativo-Leste (f) Dezembro<br />

Alternativo-Su<strong>de</strong>ste. ........................................................................................................................174 <br />

LISTA DE MAPAS<br />

Mapa 5.1 - Localização dos pontos P1 a P8 ..........................................................................................91 <br />

LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 2.1 – Escalas espaciais <strong>de</strong> estudo dos eventos atmosféricos. ................................................38 <br />

Quadro 2.2 – Tipos <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e suas fontes.....................................................................................52 <br />

Quadro 2.3 - Configurações típicas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>................................................................56 <br />

Quadro 2.4 - Classificação do território nacional conforme os padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do ar admissíveis. .............................................................................................................................64 <br />

Quadro 2.5 - Estações <strong>de</strong> monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na RMC. ..........................................67 <br />

Quadro 3.1 - Critérios para a seleção dos pontos <strong>de</strong> monitoramento. .............................................89 <br />

Quadro 3.2 - Pontos i<strong>de</strong>ntificados no levantamento prévio...............................................................90 <br />

Quadro 3.3 - Instrumentos e equipamentos utilizados para medição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

climáticos. .........................................................................................................................................97 <br />

Quadro 3.4 - Resumo <strong>da</strong>s configurações para medição em campo...................................................98 <br />

Quadro 3.5 - Resumo <strong>da</strong>s missões <strong>de</strong> medição.....................................................................................98 <br />

Quadro 3.6 - Categorias <strong>de</strong> veículos para fins <strong>de</strong> caracterização <strong>da</strong> frota. .......................................107


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 2.1 - Evolução histórica dos parâmetros construtivos <strong>da</strong> legislação para o<br />

setor estrutural para uso misto ou <strong>de</strong> habitação coletiva. ..........................................................34 <br />

Tabela 2.2 - Valores recomen<strong>da</strong>dos para a altura dos elementos (z H ), altura <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento zero (z d ) e comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (z 0 ). ......................................................41 <br />

Tabela 2.3 - Valores <strong>de</strong> K e a para ajuste <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento através <strong>da</strong> Equação<br />

2.4. ......................................................................................................................................................42 <br />

Tabela 2.4 - Padrões primários e secundários <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar.....................................................65 <br />

Tabela 3.1 - Frequencia <strong>de</strong> vento por direção para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba..........................................75 <br />

Tabela 3.2 - Dados típicos <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa para fins <strong>de</strong> simulação............................................76 <br />

Tabela 3.3- Temperatura inicial <strong>da</strong> atmosfera e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> específica a 2500m<br />

adotados para fins <strong>de</strong> simulação. ...................................................................................................77 <br />

Tabela 3.4 - Resumo dos parâmetros climáticos para fins <strong>de</strong> simulação..........................................78 <br />

Tabela 3.5 - Condições <strong>de</strong> contorno <strong>da</strong>s medições nos pontos P8 e P3............................................99 <br />

Tabela 3.6 – P8: Parâmetros <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e comparação entre<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 e 5 m (etapa <strong>de</strong> calibração)...............................104 <br />

Tabela 3.7 – P3: Parâmetros <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e comparação entre<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 e 5 m (etapa <strong>de</strong> calibração)...............................105 <br />

Tabela 3.8 - Valores adotados <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> por categoria <strong>de</strong> veículo...........................109 <br />

Tabela 3.9 - P8: Volume <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota no horário <strong>de</strong> pico, por<br />

faixa....................................................................................................................................................110 <br />

Tabela 3.10 - P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro - Valores horários <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong><br />

interesse para fins <strong>de</strong> simulação.....................................................................................................112 <br />

Tabela 3.11 - P3: Volume <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota no horário <strong>de</strong> pico, por<br />

faixa....................................................................................................................................................113 <br />

Tabela 3.12 - P3 - Ecoville - Valores horários <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong> interesse<br />

para fins <strong>de</strong> simulação. ....................................................................................................................113 <br />

Tabela 4.1 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Atual..............................117 <br />

Tabela 4.2 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x para os pontos em<br />

<strong>vias</strong> transversais, Cenário Atual.....................................................................................................132 <br />

Tabela 4.3 – P3: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Atual..............................137 <br />

Tabela 5.1 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Alternativo. ..................153 <br />

Tabela 5.2 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x para os pontos em<br />

<strong>vias</strong> transversais, Cenário Alternativo...........................................................................................168 <br />

Tabela 5.3 – P3: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Alternativo. ..................172


LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS<br />

ASCII American Stan<strong>da</strong>rd Co<strong>de</strong> for Information Interchange<br />

CFD Fluidodinâmica Computacional<br />

CO x Óxidos <strong>de</strong> carbono<br />

DER Departamento <strong>de</strong> Estra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Ro<strong>da</strong>gem<br />

HC hidrocarbonetos<br />

ICU Ilha <strong>de</strong> calor urbana<br />

IPPUC Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e Planejamento Urbano <strong>de</strong> Curitiba<br />

MP x Materiais particulados<br />

NO x Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio<br />

PI Partículas inaláveis<br />

PMC Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba<br />

RMC Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba<br />

SE Setor Estrutual<br />

SE-NC Setor Especial Nova Curitiba<br />

SIG Sistema <strong>de</strong> Informações Geográficas<br />

STA Sistema Terra-Atmosfera<br />

USB Barramento Serial Universal<br />

UWYO Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Wyoming<br />

WMO Organização Meteorológica Mundial<br />

ZR-4 Zona Resi<strong>de</strong>ncial 4<br />

LISTA DE ACRÔNIMOS<br />

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />

ENVI-met Environmental Meteroology<br />

INMET Instituto Nacional <strong>de</strong> Meteorologia<br />

RAM Memória <strong>de</strong> Acesso AleatórioLista <strong>de</strong> formatos <strong>de</strong> arquivos<br />

.1DR Arquivo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo unidimensional do ENVI-met<br />

.BMP Bitmap do Windows<br />

.CF Arquivo <strong>de</strong> configuração do ENVI-met


.CSV<br />

.DAT<br />

.EDI<br />

.EDT<br />

.IN<br />

Arquivo <strong>de</strong> valores separados por vírgula<br />

Arquivo <strong>de</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos do ENVI-met<br />

Arquivo binário <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> do ENVI-met<br />

Arquivo binário <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos do ENVI-met<br />

Arquivo <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> área do ENVI-met<br />

LISTA DE SÍMBOLOS<br />

€<br />

χ Concentração média <strong>de</strong> poluente<br />

h* Altura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> convecção mista<br />

I Intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego<br />

k Constante <strong>de</strong> von Karman<br />

L eq<br />

u *<br />

ū z<br />

X<br />

X comp<br />

z 0<br />

z 0<br />

z d<br />

z H<br />

Nível <strong>de</strong> ruído equivalente<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fricção<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento na altura z<br />

Taxa <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> poluente<br />

Taxa <strong>de</strong> emissão composta para a substância <strong>de</strong> interesse<br />

Comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Altura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento zero<br />

Altura dos elementos <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>


SUMÁRIO<br />

1 Introdução 19 <br />

2 Revisão bibliográfica 25 <br />

2.1 Aspectos históricos do planejamento urbano <strong>de</strong> Curitiba e trajetória dos Setores<br />

Estruturais<br />

25 <br />

2.1.1 Parâmetros urbanísticos nos Setores Estruturais 32 <br />

2.2 Aspectos Físicos: ventilação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em áreas urba<strong>nas</strong> 37 <br />

2.2.1 A atmosfera e a cama<strong>da</strong> limite 37 <br />

2.3 O clima urbano 42 <br />

2.3.1 Poluição do ar na cama<strong>da</strong> limite 50 <br />

2.3.2 Emissões 51 <br />

2.3.3 Dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> na cama<strong>da</strong> limite urbana 58 <br />

2.4 Estudos sobre ventilação e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na cama<strong>da</strong> limite urbana 60 <br />

2.5 Legislação brasileira sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar 63 <br />

2.6 Poluentes e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na RMC 66 <br />

3 Metodologia 70 <br />

3.1 Caracterização climática <strong>da</strong> área <strong>de</strong> estudo 73 <br />

3.2 Descrição <strong>da</strong> ferramenta ENVI-met 78 <br />

3.2.1 Arquitetura do mo<strong>de</strong>lo e fluxo <strong>de</strong> trabalho 79 <br />

3.2.1.1 Area input file (.IN): 79 <br />

3.2.1.2 Configuration file (.CF): 80 <br />

3.2.1.3 Fontes <strong>de</strong> Poluentes (SOURCES.DAT): 82 <br />

3.2.1.4 Vegetação (PLANTS.DAT) 82


3.2.1.5 Arquivos <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> 83 <br />

3.3 Mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong> área <strong>de</strong> estudo 85 <br />

3.4 Seleção dos pontos <strong>de</strong> medição e levantamento preliminar 89 <br />

3.4.1 Ponto P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro 93 <br />

3.4.2 Ponto P3 – Ecoville 94 <br />

3.5 Instrumentos e equipamentos para o monitoramento em campo 96 <br />

3.6 Calibração do mo<strong>de</strong>lo 102 <br />

3.6.1 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro 103 <br />

3.6.2 P3 – Ecoville 104 <br />

3.7 Inventário <strong>de</strong> tráfego 106 <br />

3.7.1 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro 109 <br />

3.7.2 P3 – Ecoville 112 <br />

3.8 Mo<strong>de</strong>lagem dos cenários 114 <br />

4 Circulação do ar nos Setores Estruturais – cenário Atual 117 <br />

4.1 Sete <strong>de</strong> Setembro – Cenário Atual 117 <br />

4.1.1 Análise dos cânions L, M, N e P 126 <br />

4.1.2 Concentração <strong>de</strong> NO x <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais 131 <br />

4.1.3 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento 133 <br />

4.2 Ecoville – Cenário Atual 137 <br />

4.2.1 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento 145 <br />

5 Circulação do ar nos Setores Estruturais - cenário Alternativo 149 <br />

5.1 Sete <strong>de</strong> Setembro – Cenário Alternativo 153 <br />

5.1.1 Análise dos cânions L, M, N e P 161 <br />

5.1.2 Concentração <strong>de</strong> NO x <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais 167 <br />

5.1.3 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento 169


5.2 Ecoville – Cenário Alternativo 172 <br />

5.2.1 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento 180 <br />

6 Conclusão 183 <br />

6.1 Consi<strong>de</strong>rações finais e trabalhos futuros 188 <br />

Referências<br />

Apêndice A: Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> plantas para levantamento<br />

Apêndice B: Ca<strong>de</strong>rneta para contagem <strong>de</strong> tráfego<br />

Apêndice C: Relatórios <strong>de</strong> análise dos mo<strong>de</strong>los<br />

Apêndice D: Arquivos <strong>de</strong> configuração<br />

Anexo I: Imagens <strong>de</strong> satélite dos pontos <strong>de</strong> interesse<br />

Glossário<br />

189 <br />

196 <br />

199 <br />

200 <br />

204 <br />

206 <br />

211


19<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Sancionado na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, o Plano Preliminar <strong>de</strong> Urbanismo direcionou o<br />

crescimento urbano <strong>de</strong> Curitiba ao longo <strong>de</strong> quatro eixos estruturais, sistemas trinários<br />

caracterizados pela concentração <strong>de</strong> infraestrutura <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> massa (ônibus<br />

expressos), <strong>vias</strong> <strong>de</strong> tráfego rápido <strong>de</strong> veículos e alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação, com uso<br />

misto resi<strong>de</strong>ncial e comercial. Embora, em anos recentes, novos polos <strong>de</strong> urbanização<br />

tenham surgido em Curitiba, as <strong>vias</strong> estruturais não per<strong>de</strong>ram sua importância como<br />

elementos direcionadores do crescimento urbano.<br />

No ano em que completam quarenta anos – a implantação dos Eixos Estruturais<br />

teve início em 1971 – esses importantes elementos <strong>da</strong> paisagem curitibana são fruto <strong>da</strong><br />

discussão arquitetônica e urbanística mo<strong>de</strong>rnista, que muito influi no planejamento <strong>de</strong><br />

Curitiba a partir dos anos 1960 (CAMPOS, 2005; DANNI-OLIVEIRA, 2009). Nesse<br />

estudo, novas ferramentas <strong>de</strong> projeto e simulação são usa<strong>da</strong>s para avaliar os padrões<br />

urbanísticos vigentes <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> estruturais e seus impactos sobre a dispersão <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />

nitrogênio, gases originários <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> combustíveis. Compõe também esse estudo<br />

uma investigação sobre o Setor Especial Nova Curitiba (SE-NC), também conhecido<br />

como Ecoville 1 , um novo eixo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento e <strong>de</strong>senvolvimento urbano on<strong>de</strong> se<br />

realizou uma conformação espacial similar à originalmente proposta para os Setores<br />

Estruturais e que oferece uma interessante base para comparação entre duas morfologias<br />

urba<strong>nas</strong> distintas.<br />

Para compreen<strong>de</strong>r os efeitos <strong>da</strong> urbanização sobre o clima, o ambiente e a<br />

emissão, dispersão e remoção <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>da</strong> atmosfera, recorre-se à abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna climatologia urbana. Os fenômenos climáticos em escala urbana ocorrem<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma cama<strong>da</strong> atmosférica <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite urbana. O estudo do<br />

clima nessa cama<strong>da</strong> enfoca fenômenos atmosféricos que ocorrem em altitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 100 m a<br />

1 km, distâncias horizontais <strong>de</strong> até cinquenta quilômetros e em períodos <strong>de</strong> um dia, e leva<br />

1<br />

Apesar <strong>de</strong> não ser um nome oficial, “Ecoville” já está incorporado ao léxico e é usado, aqui, como um<br />

sinônimo <strong>de</strong> Setor Especial Nova Curitiba.


20<br />

em consi<strong>de</strong>ração os fluxos <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> matéria bem como os efeitos do atrito <strong>da</strong><br />

superfície, <strong>da</strong> topografia e <strong>da</strong> geometria <strong>da</strong>s edificações e áreas pavimenta<strong>da</strong>s sobre tais<br />

fluxos. A maior parte dos <strong>poluentes</strong> do ar <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é gera<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro dos cânions urbanos,<br />

e sua dispersão po<strong>de</strong> ser negativamente afeta<strong>da</strong> pelas condições microclimáticas <strong>de</strong>ntro<br />

dos cânions, on<strong>de</strong> potencialmente ocorrem condições <strong>de</strong> estagnação dos fluxos <strong>de</strong> ar e<br />

aumento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (OKE, 1978).<br />

Aten<strong>de</strong>ndo às <strong>de</strong>terminações <strong>da</strong> legislação brasileira, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na Região<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba (RMC) é monitora<strong>da</strong> pelo Instituto Ambiental do Paraná<br />

(IAP), que publica relatórios <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar anualmente. Além <strong>de</strong>ssa iniciativa oficial,<br />

merece <strong>de</strong>staque o trabalho <strong>de</strong> Danni-Oliveira (2009), que estudou a influência dos<br />

aspectos geo-ecológicos e dos atributos urbanos na dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> no inverno<br />

analisando amostras coleta<strong>da</strong>s entre 1996 e 1998. Enquanto essas duas iniciativas<br />

preocupam-se com as gran<strong>de</strong>s estruturas urba<strong>nas</strong>, o estudo em menor escala aqui<br />

proposto permitiria o <strong>de</strong>talhamento e a melhor compreensão <strong>da</strong>s interações entre as<br />

formas urba<strong>nas</strong> e a emissão, circulação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nesses Setores. Essa<br />

pesquisa aju<strong>da</strong> a compor um perfil ambiental <strong>da</strong>s Vias Estruturais, somando-se aos<br />

trabalhos <strong>de</strong> Schmid (2001), Suga (2005), Campos (2005) e Ben<strong>de</strong>r (2008).<br />

A abor<strong>da</strong>gem proposta nesta dissertação baseia-se em um mo<strong>de</strong>lo numérico <strong>de</strong><br />

análise e previsão <strong>de</strong> microclimas urbanos. O mo<strong>de</strong>lo escolhido, ENVI-met, foi<br />

<strong>de</strong>senvolvido por uma equipe <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mainz, Alemanha. Como ferramenta<br />

preditiva, o mo<strong>de</strong>lo simula, entre outros parâmetros: turbulência, fluxo ao redor e entre<br />

edifícios, dispersão <strong>de</strong> partículas (ENVI-MET, 2009). Trata-se ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma ferramenta<br />

gratuita (distribuí<strong>da</strong> sob o regime <strong>de</strong> freeware), executável em computadores pessoais,<br />

que po<strong>de</strong> ser adiciona<strong>da</strong> à “caixa <strong>de</strong> ferramentas” <strong>da</strong>s municipali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e escritórios <strong>de</strong><br />

planejamento com relativa facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Entre as contribuições <strong>de</strong>ssa pesquisa estão o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma rotina <strong>de</strong> trabalho que incorpora o ENVI-met e a compreensão<br />

<strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e limitações do mo<strong>de</strong>lo, e sua a<strong>da</strong>ptabili<strong>da</strong><strong>de</strong> às ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse estudo é a avaliar os impactos <strong>da</strong> morfologia urbana sobre a<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em áreas do Setor Estrutural e do Ecoville. Esse estudo propõe,<br />

como pergunta <strong>de</strong> pesquisa: quais as configurações urba<strong>nas</strong> (distanciamento entre prédios,<br />

altura <strong>da</strong>s edificações, orientação <strong>da</strong>s edificações e orientação <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> em relação aos<br />

ventos dominantes) que po<strong>de</strong>riam assegurar a dispersão a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>nas</strong> <strong>vias</strong>


21<br />

estruturais? A partir <strong>de</strong>ssa pergunta inicial, e face aos aspectos legais, formais e históricos<br />

que produziram a morfologia dos dois setores estu<strong>da</strong>dos, foram elabora<strong>da</strong>s quatro<br />

in<strong>da</strong>gações secundárias.<br />

A primeira pergunta secundária diz respeito às condições atuais <strong>de</strong> ventilação e<br />

salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> nos Setores Estruturais: as condições <strong>de</strong> ventilação nos Setores Estruturais são<br />

suficientes para a garantia <strong>de</strong> salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> e controle <strong>da</strong> exposição dos moradores às<br />

substâncias nocivas?<br />

A segun<strong>da</strong> pergunta procura avaliar as diferenças, qualitativas e quantitativas, <strong>de</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental (ventilação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>) entre os dois setores estu<strong>da</strong>dos:<br />

há diferença <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental entre o Ecoville e os Setores Estruturais?<br />

Uma terceira pergunta informou a criação do cenário alternativo <strong>de</strong> morfologia<br />

urbana, baseado na Lei 9.800/00, e busca avaliar a efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça na lei quanto à<br />

melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar nos Setores Estruturais: o maior afastamento entre as<br />

edificações, previsto na lei atual <strong>de</strong> uso do solo, melhoraria as condições <strong>de</strong> ventilação e<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores Estruturais?<br />

Finalmente, a quarta pergunta secundária refere-se ao efeito do maior<br />

afastamento entre prédios sobre a diferença entre as concentrações <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> ao longo<br />

dos Setores Estruturais e as Zo<strong>nas</strong> Resi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> adjacentes: a adoção<br />

do afastamento <strong>de</strong> H/6 (um sexto <strong>da</strong> altura <strong>da</strong> edificação) reduziria o contraste entre os<br />

Setores Estruturais e as Zo<strong>nas</strong> Resi<strong>de</strong>nciais (ZR-4) lin<strong>de</strong>iras?<br />

O método <strong>de</strong> pesquisa adotado é experimental e é composto por teste do cenário<br />

atual, <strong>de</strong>senvolvimento do cenário alternativo, simulação e comparação entre os dois<br />

cenários, segundo a abor<strong>da</strong>gem consagra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Técnica <strong>de</strong> Cenários. A construção dos<br />

cenários envolveu tarefas <strong>de</strong> pesquisa documental (plantas, imagens <strong>de</strong> satélite, <strong>da</strong>dos<br />

climáticos e legislação <strong>de</strong> uso e ocupação do solo) e pesquisa em campo (caracterização<br />

<strong>da</strong>s edificações, inventário <strong>de</strong> tráfego, monitoramento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos climáticos).<br />

Do campo CTS (estudos em Ciência, Tecnologia e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>), incorporou-se o<br />

marco teórico para análise <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como artefato técnico. Seja na sua evolução<br />

vernacular, <strong>nas</strong> gran<strong>de</strong>s intervenções urbanísticas ou mesmo a partir <strong>da</strong>s iniciativas <strong>de</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s projeta<strong>da</strong>s, é possível perceber na construção cumulativa <strong>de</strong>sse artefato diversos<br />

momentos sociais, políticos e econômicos. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é, sobretudo, a mediação <strong>da</strong> relação<br />

entre a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> e o território, em um processo <strong>de</strong> constante construção coletiva.


22<br />

Colocando novamente em foco a natureza coletiva e temporal <strong>da</strong> construção <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, o Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (BRASIL, 2001) preten<strong>de</strong> promover a <strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong>s<br />

mu<strong>da</strong>nças tecnológicas e relativizar argumentos do senso comum como a nãointerferência<br />

leiga sobre o trabalho dos experts e a administração hierarquiza<strong>da</strong> e<br />

centraliza<strong>da</strong> como imperativo técnico <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, argumentos levantados por<br />

Feenberg (1995), que propõe ain<strong>da</strong> um conjundo <strong>de</strong> contramedi<strong>da</strong>s (para usar um termo<br />

do autor) pró-<strong>de</strong>mocratização <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>: <strong>de</strong>monstrar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

controle <strong>de</strong>mocrático sobre a tecnologia, estabelecer a legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> do envolvimento do<br />

público informal e reconciliar envolvimento público, racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e autonomia do<br />

trabalho técnico profissional.<br />

Assim, por meio do emprego <strong>de</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> análise numérica, típica <strong>da</strong>s<br />

ciências ditas “duras”, torna-se visível a ligação entre os aspectos físicos do ambiente<br />

urbano e seus aspectos legais, históricos e econômicos que existem em espaços relativos.<br />

Não se trata <strong>de</strong> uma busca por uma solução <strong>de</strong>terminista ambiental para a questão <strong>da</strong><br />

sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas, mediante a explicitação <strong>de</strong>ssas relações, <strong>da</strong> criação <strong>de</strong><br />

uma posição em que os diversos atores estejam capacitados a intervir <strong>de</strong> maneira<br />

consciente sobre a construção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

No Capítulo 2 revisa-se brevemente a história dos setores estruturais <strong>de</strong> Curitiba,<br />

cuja concepção foi informa<strong>da</strong> pela discussão e crítica ao Movimento Mo<strong>de</strong>rnista na<br />

arquitetura e no urbanismo. Os principais parâmetros <strong>de</strong> uso e ocupação do solo nos<br />

Setores Estruturais e no Ecoville são apresentados. A seguir, revisam-se os aspectos físicos<br />

<strong>da</strong> ventilação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em áreas urba<strong>nas</strong>: estu<strong>da</strong>m-se os elementos do<br />

clima <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite, a partir <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem clássica <strong>de</strong> T. R. Oke (1978), os fenômenos<br />

físicos que afetam a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e as condições <strong>de</strong> ventilação nos edifícios. São<br />

teci<strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar e <strong>poluentes</strong> <strong>nas</strong> áreas urba<strong>nas</strong> – as principais<br />

substâncias <strong>de</strong> interesse e seus efeitos sobre a saú<strong>de</strong> dos habitantes, inclusive sob o ponto<br />

<strong>de</strong> vista <strong>da</strong> legislação ambiental brasileira. Por fim, revêem-se estudos sobre ventilação,<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na cama<strong>da</strong> limite urbana e aspectos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do ar na RMC.<br />

No Capítulo 3, são <strong>de</strong>talhados os métodos e equipamentos empregados neste<br />

estudo, que tem como elemento central as simulações no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met. Discute-se o<br />

processo <strong>de</strong> trabalho, a coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos iniciais para a construção do mo<strong>de</strong>lo no programa


23<br />

ENVI-met, os equipamentos utilizados para o monitoramento in loco, o processo <strong>de</strong><br />

confecção do mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> área <strong>de</strong> estudo e <strong>de</strong> calibração do mo<strong>de</strong>lo numérico.<br />

O cenário atual <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores Estruturais é o objeto do<br />

Capítulo 4; emprega-se o monitoramento in loco e a simulação numérica para a análise <strong>da</strong><br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em uma seção seleciona<strong>da</strong> no Setor Estrutural – Av. Sete <strong>de</strong><br />

Setembro – além <strong>de</strong> uma seção do Ecoville. No Capítulo 5 é apresentado o cenário<br />

alternativo <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>sses setores e os resultados <strong>da</strong>s simulações <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong><br />

NO x .<br />

As conclusões e sugestões para trabalhos futuros são apresenta<strong>da</strong>s no Capítulo 6.<br />

Finalmente, nos Apêndices e Anexo são apresentados exemplos <strong>de</strong> plantas e ca<strong>de</strong>rnetas<br />

para levantamento in loco, os arquivos <strong>de</strong> configuração e os relatórios <strong>de</strong> análise dos<br />

mo<strong>de</strong>los e imagens <strong>de</strong> satélite dos pontos <strong>de</strong> interesse i<strong>de</strong>ntificados.


25<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Preocupações com a salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> dos espaços urbanos entram e saem <strong>de</strong> pauta<br />

segui<strong>da</strong>mente na história <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, consoli<strong>da</strong>ndo-se no Movimento Mo<strong>de</strong>rno do início<br />

do século XX, em parte como resposta à congestão <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais, em parte<br />

influencia<strong>da</strong> por uma visão científica do corpo e <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> huma<strong>nas</strong> (MUMFORD, 2008;<br />

SENNET, 2008). As i<strong>de</strong>ias do planejamento <strong>de</strong> Curitiba e dos Setores Estruturais<br />

encontram sua gênese na discussão e na crítica do Movimento Mo<strong>de</strong>rno.<br />

Neste capítulo é traçado um breve histórico do planejamento urbano <strong>de</strong> Curitiba<br />

e dos Setores Estruturais. A seguir, são discutidos alguns aspectos físicos <strong>de</strong> ventilação e<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> na cama<strong>da</strong> limite urbana, comenta-se a legislação brasileira sobre<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar e discutem-se as emissões veiculares urba<strong>nas</strong>.<br />

Complementam esse capítulo revisões <strong>de</strong> estudos sobre ventilação e quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do ar na cama<strong>da</strong> limite urbana, e aspectos <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na Região Metropolitana <strong>de</strong><br />

Curitiba (RMC). Além <strong>de</strong> empregarem uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> métodos - medições in loco,<br />

coletas <strong>de</strong> amostras, simulações numéricas e em túneis <strong>de</strong> vento – vários <strong>de</strong>sses estudos<br />

foram utilizados como referência para a concepção e como fontes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa.<br />

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO PLANEJAMENTO URBANO DE<br />

CURITIBA E TRAJETÓRIA DOS SETORES ESTRUTURAIS<br />

As iniciativas <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba <strong>da</strong>tam <strong>de</strong> meados do século<br />

XIX; após a emancipação política do Paraná e a transferência do status <strong>de</strong> capital <strong>de</strong><br />

Paranaguá para Curitiba. Data <strong>de</strong> 1855 o primeiro traçado em malha ortogonal para a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (<strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Pierre Taulois), pois a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, como capital <strong>da</strong> província, <strong>de</strong>veria<br />

“possuir um perfil <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong>” (CAMPOS, 2005). Em resposta ao rápido<br />

crescimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> – <strong>de</strong>vido em parte ao influxo <strong>de</strong> imigrantes – foi estabelecido, em<br />

1895, o primeiro Código <strong>de</strong> Posturas <strong>de</strong> Curitiba, documento que estabelecia as normas<br />

para o or<strong>de</strong>namento e crescimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; bem ao espírito <strong>da</strong> época, incorporavam-se


26<br />

idéias <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, higienização e funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Inspira<strong>da</strong> pela Paris do Barão<br />

Haussmann, almejava-se a criação <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que se i<strong>de</strong>ntificasse funcional e<br />

esteticamente com os exemplos europeus (CAMPOS, 2005).<br />

Nos anos 1940 (quando Curitiba abrigava cerca <strong>de</strong> 140 mil habitantes), começam<br />

as preocupações com a setorização funcional <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; em 1943, é elaborado o Plano<br />

Agache, primeira iniciativa formal <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (DANNI-OLIVEIRA,<br />

2009; CAMPOS, 2005).<br />

Segundo Danni-Oliveira (2009), tanto o Plano Agache quanto a iniciativa<br />

seguinte, o Plano Serete, constituem projetos <strong>de</strong> planejamento filiados aos i<strong>de</strong>ais<br />

progressistas <strong>da</strong> Carta <strong>de</strong> Ate<strong>nas</strong>. Para a autora, enquanto o Plano Agache setoriza a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>nas</strong> quatro gran<strong>de</strong>s funções <strong>da</strong> Carta – habitação, trabalho, locomoção, cultivo do<br />

corpo e do espírito – o “Plano Serete redimensionava tais funções e propunha, em sua<br />

versão original, o conceito <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-jardim 2 , proposto no planejamento progressista <strong>de</strong><br />

Le Corbusier” (DANNI-OLIVEIRA, 2009, p. 156). Nas palavras <strong>de</strong> Choay (1979, p. 21-<br />

22),<br />

A obsessão pela higiene polariza-se em torno <strong>de</strong> noções <strong>de</strong> sol e <strong>de</strong><br />

ver<strong>de</strong>. [...] Estes objetivos levarão os urbanistas progressistas a fazer o<br />

velho espaço fechado explodir para <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nsificá-lo, para isolar no sol e<br />

no ver<strong>de</strong> edifícios que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser ligados uns aos outros para tornarse<br />

‘uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s’ autônomas [...] O espaço torna-se fundo, meio no qual se<br />

<strong>de</strong>senvolve a aglomeração nova. Este novo fundo é, em gran<strong>de</strong> parte,<br />

investido pelo ver<strong>de</strong>.<br />

I<strong>de</strong>ais que transparecem no Plano Preliminar <strong>de</strong> Urbanismo, <strong>de</strong>senvolvido pela<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Serete <strong>de</strong> Estudos e Projetos Lt<strong>da</strong>, vencedora <strong>de</strong> concorrência em 1964, com<br />

colaboração do escritório <strong>de</strong> Jorge Wilheim – Arquitetos Associados (CAMPOS, 2005).<br />

Por sua vez, Souza (2001) ressalta o referencial mo<strong>de</strong>rnista no Plano Preliminar<br />

<strong>de</strong> Urbanismo, ao mesmo tempo em que lembra do contexto <strong>de</strong>sse novo momento do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />

2<br />

Embora homônimo, o conceito <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>-jardim <strong>de</strong> Le Corbusier difere <strong>da</strong>s propostas culturalistas <strong>de</strong><br />

Ebenezer Howard.


27<br />

A divisão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em zo<strong>nas</strong> funcionais exclu<strong>de</strong>ntes, a transformação<br />

<strong>de</strong> ruas em aveni<strong>da</strong>s, a hierarquização do sistema viário, a construção <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como todo orgânico a ser equilibrado e a consequente<br />

classificação <strong>da</strong> população segundo ‘necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s’ i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s pela<br />

razão técnica inspira<strong>da</strong> num conceito <strong>de</strong> homem universal, são<br />

procedimentos típicos do urbanismo mo<strong>de</strong>rnista adotados pelos<br />

planejadores <strong>da</strong> capital paranaense. Também é característico do traço<br />

mo<strong>de</strong>rnista a aposta no planejamento global como empreendimento<br />

capaz <strong>de</strong> superar as contradições sociais a partir tão-somente <strong>da</strong><br />

re<strong>de</strong>finição do espaço. (SOUZA, 2001, p. 108).<br />

Para Souza (2001), a mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> Curitiba ocorreu em um contexto <strong>de</strong><br />

ascensão <strong>da</strong>s forças burocrático-militares, quando a i<strong>de</strong>ologia do planejamento racional e<br />

a crença no po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> Arquitetura e do Urbanismo, no or<strong>de</strong>namento do espaço e na<br />

transformação do comportamento <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s mais pobres <strong>da</strong> população, se viam<br />

fortaleci<strong>da</strong>s.<br />

O Plano Preliminar foi sancionado em 1966 (Lei Municipal 2.828/66), e estão<br />

entre suas principais diretrizes: uso e ocupação diferencia<strong>da</strong> do solo; mu<strong>da</strong>nça do sentido<br />

radial <strong>de</strong> expansão para uma configuração linear a partir <strong>de</strong> eixos estruturais que<br />

integrariam sistema <strong>de</strong> transportes e uso do solo; e a criação <strong>de</strong> uma paisagem urbana<br />

típica <strong>de</strong> Curitiba (CAMPOS, 2005). Apoiava-se no tripé “sistema viário, uso do solo e<br />

transporte <strong>de</strong> massa”, em que o sistema viário iria <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> indutor e<br />

controlador do crescimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e não o contrário. O Plano buscou disciplinar o<br />

crescimento <strong>da</strong> malha urbana, direcionando o a<strong>de</strong>nsamento populacional ao longo dos<br />

eixos estruturais – on<strong>de</strong> estariam localiza<strong>da</strong>s as edificações <strong>de</strong> maior altura, com<br />

combinação <strong>de</strong> uso resi<strong>de</strong>ncial e comercial e <strong>de</strong> serviços.<br />

Segundo Oliveira (2000), as aveni<strong>da</strong>s estruturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões foram<br />

<strong>de</strong>compostas nos sistemas trinários (Figura 2.1) para viabilizar a implementação do<br />

plano. Originalmente, as <strong>vias</strong> seriam aveni<strong>da</strong>s excepcionalmente largas, capazes <strong>de</strong><br />

comportar o tráfego <strong>de</strong> veículos particulares e as <strong>vias</strong> exclusivas para ônibus, mas,<br />

segundo o autor, o gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> recursos necessários às <strong>de</strong>sapropriações<br />

inviabilizaria o projeto. A aveni<strong>da</strong> única foi substituí<strong>da</strong> por três <strong>vias</strong> paralelas: a via<br />

central receberia duas faixas para uso exclusivo dos ônibus, em dois sentidos, e <strong>vias</strong><br />

laterais estreitas para circulação dos automóveis particulares e acesso aos edifícios. Uma<br />

quadra à esquer<strong>da</strong> e à direita do eixo central foram implanta<strong>da</strong>s outras duas <strong>vias</strong> <strong>de</strong> mão<br />

única, ca<strong>da</strong> uma em um sentido – centro-bairro e bairro-centro, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s “<strong>vias</strong>


28<br />

rápi<strong>da</strong>s”. Oliveira (2000) argumenta ain<strong>da</strong> que o Sistema Trinário foi uma importante<br />

realização técnica, que viabilizou a implantação dos Eixos Estruturais sem que seu<br />

propósito original fosse <strong>de</strong>sfigurado.<br />

Figura 2.1 - Sistema trinário.<br />

Fonte: CAMPOS, 2005, p. 52<br />

O Plano foi sancionado em 1966, mas a implantação <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> estruturais –<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>mento básico do Plano Diretor – teve início em 1971. Em 1974, são<br />

reforma<strong>da</strong>s as aveni<strong>da</strong>s João Gualberto, Paraná e República Argentina, com a construção<br />

<strong>da</strong>s canaletas e início <strong>da</strong> operação dos ônibus expressos (CAMPOS, 2005).<br />

O transporte coletivo foi organizado ao longo dos eixos estruturais (“ônibus<br />

expressos”, circulando em <strong>vias</strong> exclusivas, as “canaletas”), com o apoio <strong>de</strong> terminais <strong>de</strong><br />

médio porte a ca<strong>da</strong> dois ou três quilômetros e ramais <strong>de</strong> linhas alimentadoras. Ao sistema<br />

viário hierarquizado – aveni<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acesso, <strong>vias</strong> rápi<strong>da</strong>s estruturais, <strong>vias</strong> coletoras –<br />

atrelou-se um uso do solo coerente, com <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção e ocupação<br />

inversamente proporcionais à distância do eixo do transporte <strong>de</strong> massa, conforme a<br />

Tabela 2.2Figura 2.2 (CAMPOS, 2005; RABINOVITCH, 1996).


29<br />

Figura 2.2 - Esquema <strong>de</strong> verticalização do Setor Estrutural e sua relação com as ZR-4.<br />

Fonte: CAMPOS, 2005, p. 55<br />

A proposta inicial do Plano previa o a<strong>de</strong>nsamento dos eixos estruturais com uma<br />

limitação para a ocupação do solo: o Plano impunha o limite <strong>de</strong> três edifícios por quadra,<br />

naquelas limita<strong>da</strong>s pelos Eixos Estruturais, com recuos em relação aos limites do terreno;<br />

as áreas remanescentes seriam ocupa<strong>da</strong>s com parques, jardins e áreas <strong>de</strong> lazer,<br />

constituindo as Torres Resi<strong>de</strong>nciais (DANNI-OLIVEIRA, 2000). Em 1975 são finalmente<br />

fixados os parâmetros <strong>de</strong> uso e ocupação do solo, e é abandona<strong>da</strong> a concepção <strong>de</strong> torres<br />

resi<strong>de</strong>nciais isola<strong>da</strong>s (CAMPOS, 2005).<br />

Essa tipologia po<strong>de</strong>ria ter tido efeitos benéficos sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> climática local,<br />

favorecendo a insolação dos edifícios, as condições <strong>de</strong> iluminação natural, as trocas <strong>de</strong><br />

calor e umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a ventilação dos pavimentos construídos, a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>, a<br />

<strong>de</strong>sobstrução <strong>da</strong>s vistas. Porém, nos lembra Danni-Oliveira (2009) que “os rearranjos a<br />

que o Plano Serete foi submetido ao longo dos seus 25 anos <strong>de</strong> implementação foram<br />

conceitualmente pautados <strong>nas</strong> idéias <strong>de</strong> formas-tipo e <strong>de</strong> geometria do urbanismo<br />

progressista manifestados na estruturação e <strong>nas</strong> edificações <strong>da</strong>s Vias Estruturais”,<br />

aten<strong>de</strong>ndo à pressão <strong>da</strong>s forças político-econômicas locais e abandonando a idéia <strong>da</strong>s<br />

torres-jardins (DANNI-OLIVEIRA 2009, p. 157). Pressões essas que se manifestaram na<br />

adoção, na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, do Plano Massa, que priorizava o máximo<br />

a<strong>de</strong>nsamento ao longo dos eixos estruturais sem maiores consi<strong>de</strong>rações sobre a<br />

preservação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental.<br />

Campos (2005) traçou uma interessante retrospectiva <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> legislação<br />

<strong>de</strong> uso do solo nos Setores Estruturais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação (em 1971) até a adoção do<br />

afastamento <strong>de</strong> H/6 regulamentado pela Lei Municipal 9.800/00. Sua análise se concentra<br />

nos parâmetros: coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento, afastamentos laterais e incentivos à


30<br />

ocupação e a<strong>de</strong>nsamento, entre eles as bonificações na forma <strong>de</strong> áreas não computáveis<br />

(“prêmios”).<br />

Forte elemento <strong>de</strong>finidor <strong>da</strong> paisagem urbana <strong>de</strong> Curitiba, o Plano Massa foi<br />

instituído pelo Decreto 408/76. Em alguns trechos <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> centrais dos Setores<br />

Estruturais, incentiva-se o a<strong>de</strong>nsamento ao se liberar a construção <strong>de</strong> um embasamento<br />

comercial, formado por loja e sobreloja. A sobreloja projeta-se sobre o alinhamento<br />

predial, enquanto o térreo obe<strong>de</strong>ce ao recuo <strong>de</strong> quatro metros, constituindo uma galeria<br />

longitudinal coberta, em to<strong>da</strong> a extensão <strong>da</strong> testa<strong>da</strong> do lote (Figura 2.3). Sobre o<br />

embasamento se constrói uma torre para uso resi<strong>de</strong>ncial, comercial ou <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong><br />

serviços.<br />

Figura 2.3 - Galeria coberta <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela sobreloja do embasamento do Plano Massa.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

O Plano Massa reorientou o conceito dos eixos estruturais, aten<strong>de</strong>ndo a dois<br />

propósitos originais do Plano Diretor: promover o a<strong>de</strong>nsamento populacional ao longo<br />

dos eixos estruturais e expandir o centro tradicional com oferta <strong>de</strong> áreas para ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

comercial e prestação <strong>de</strong> serviços, utilizando os embasamentos <strong>da</strong>s edificações e<br />

abandonando o uso exclusivamente resi<strong>de</strong>ncial (OLIVEIRA, 2000). Decretos<br />

subsequentes (247/80 e 399/80) promoveram o a<strong>de</strong>nsamento dos eixos estruturais, com o<br />

aumento do coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento - relação entre a área construí<strong>da</strong> computável<br />

<strong>da</strong> edificação e a área do terreno - para até seis vezes a área do lote e exclusão do subsolo<br />

como área computável (CAMPOS, 2005).<br />

No ano <strong>de</strong> 1985 (final <strong>da</strong> administração <strong>de</strong> Maurício Fruet) apresentou-se a<br />

primeira etapa do Plano Municipal <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano (PMDU). Essa etapa do<br />

PMDU era constituí<strong>da</strong> por inventário <strong>de</strong> informações, análise, diagnóstico e diretrizes para


31<br />

propostas, e <strong>de</strong>stinava-se a orientar o processo <strong>de</strong> planejamento até o ano 2000. Segundo<br />

Campos (2005), o PMDU já apontava diferentes maneiras <strong>de</strong> ocupação dos lotes (<strong>de</strong>vido a<br />

diferentes condições <strong>de</strong> infra-estrutura e valorização <strong>da</strong>s áreas) e problemas ambientais<br />

causados pela proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s edificações e eleva<strong>da</strong> impermeabilização.<br />

Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, o foco mu<strong>da</strong> para projetos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto visual,<br />

segundo Campos, “atualizando o mito <strong>de</strong> vanguar<strong>da</strong> urbanística do início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

1970” (CAMPOS, 2005, p. 59). O discurso dos anos 1970 – a “ci<strong>da</strong><strong>de</strong> humana”, “ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

funcional”, “ci<strong>da</strong><strong>de</strong> laboratório” é substituído por novas sínteses: “capital ecológica”,<br />

“ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo”, “capital <strong>de</strong> Primeiro Mundo”. Mas os impactos ambientais <strong>de</strong>sse<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento já começavam a ser verificados: sobre a paisagem, ventilação,<br />

insolação, circulação e aumento expressivo <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional dos Setores<br />

Estruturais.<br />

O Decreto 579/90 reduziu o coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento para quatro vezes a<br />

área do lote, ao mesmo tempo em que instituiu o mecanismo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />

potencial construtivo em algumas áreas <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento, como incentivo à<br />

ocupação.<br />

Na gestão <strong>de</strong> Cássio Taniguchi (1997 a 2000) o Plano Diretor é finalmente<br />

revisado, ain<strong>da</strong> que superficialmente. A Lei 9.800/00 (e <strong>de</strong>cretos complementares) impôs<br />

o novo plano diretor. As principais críticas ao Plano Diretor abor<strong>da</strong>vam a proposta <strong>de</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pluriaxial, o incentivo à ocupação ao longo do trecho urbano <strong>da</strong> rodovia BR-116<br />

(hoje <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Linha Ver<strong>de</strong>), os novos eixos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento em direção às áreas <strong>de</strong><br />

mananciais, e o projeto do metrô (ain<strong>da</strong> em etapa <strong>de</strong> estudo à época <strong>da</strong> re<strong>da</strong>ção).


32<br />

2.1.1 Parâmetros urbanísticos nos Setores Estruturais<br />

Os lotes do Setor Estrutural possuem testa<strong>da</strong> para três categorias <strong>de</strong> <strong>vias</strong>: a via<br />

central é aquela on<strong>de</strong> está implanta<strong>da</strong> a canaleta para o transporte <strong>de</strong> massa e permite, na<br />

maior parte <strong>de</strong> sua extensão, a construção segundo as <strong>de</strong>finições do Plano Massa; as <strong>vias</strong><br />

exter<strong>nas</strong> são as “<strong>vias</strong> rápi<strong>da</strong>s” centro-bairro e bairro-centro, a uma quadra <strong>de</strong> distância <strong>da</strong><br />

via central; finalmente, as <strong>de</strong>mais <strong>vias</strong> são as aquelas transversais à via central e às <strong>vias</strong><br />

exter<strong>nas</strong>. Para ca<strong>da</strong> categoria <strong>de</strong> via, os seguintes parâmetros urbanísticos são<br />

<strong>de</strong>terminados (INSTITUTO, 2002):<br />

• Uso;<br />

• Taxa <strong>de</strong> ocupação;<br />

• Coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento;<br />

• Altura <strong>da</strong> edificação;<br />

• Recuo do alinhamento predial;<br />

• Afastamento <strong>da</strong>s divisas;<br />

• Taxa <strong>de</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />

• Dimensão do lote.<br />

A evolução histórica dos parâmetros urbanísticos do Setor Estrutural foi<br />

compila<strong>da</strong> por Campos (2005), e é reproduzi<strong>da</strong> na Tabela 2.1, p. 34. Os aspectos <strong>da</strong> lei <strong>de</strong><br />

uso do solo <strong>de</strong> interesse para este estudo (os parâmetros que influem diretamente na<br />

morfologia urbana) são, sobretudo, a taxa <strong>de</strong> ocupação, o coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento,<br />

a altura <strong>da</strong> edificação, o recuo do alinhamento predial e o afastamento <strong>da</strong>s divisas.<br />

Embora a combinação <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> ocupação e coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento inponham<br />

um limite à altura <strong>da</strong> edificação, não há um limite explícito para esse valor, exceto em<br />

algumas áreas on<strong>de</strong> o cone <strong>de</strong> aproximação <strong>da</strong> aeronáutica limita a altura <strong>da</strong>s edificações<br />

a trinta metros (CAMPOS, 2005).<br />

Os Decretos n o 408/76 e 464/80 <strong>de</strong>talharam a tipologia do Plano Massa esboça<strong>da</strong><br />

em 1975 (Decreto n o 855/75); os parâmetros construtivos regem a largura <strong>da</strong>s galerias, o<br />

uso do pavimento térreo, as alturas mínimas e máximas do embasamento, chegando a<br />

aspectos como a dimensão dos pilares e revestimentos <strong>de</strong> piso e soluções <strong>de</strong> iluminação.


33<br />

Essa rigi<strong>de</strong>z nos parâmetros construtivos <strong>de</strong>finiu uma tipologia característica para os<br />

embasamentos dos edifícios <strong>da</strong> via central dos eixos estruturais (CAMPOS, 2005).<br />

Uma mu<strong>da</strong>nça significativa ocorre no ano 2000, quando a Lei 9.800/00 institui o<br />

afastamento lateral <strong>de</strong> H/6. Campos (2005) ressalta que, com essa medi<strong>da</strong>, “ao invés <strong>de</strong><br />

serem reduzidos os coeficientes ou as taxas <strong>de</strong> ocupação, foram alterados os afastamentos<br />

<strong>da</strong>s divisas, que passaram a ser <strong>de</strong>terminados pela altura <strong>da</strong> construção dividi<strong>da</strong> por seis<br />

(H/6), o que <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>finir uma nova configuração na ocupação do Setor Estrutural”<br />

(CAMPOS, 2005, p. 72). Segundo Schmid (2001), essa maneira <strong>de</strong> cálculo dos<br />

afastamentos laterais po<strong>de</strong>ria ser interpreta<strong>da</strong> como uma abor<strong>da</strong>gem simplifica<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

envelope solar 3 .<br />

3<br />

As abor<strong>da</strong>gens <strong>de</strong> prisma ou envelope solar são utiliza<strong>da</strong>s para a <strong>de</strong>finição do “volume máximo que po<strong>de</strong><br />

ser construído em um <strong>de</strong>terminado sítio para que este [volume <strong>de</strong> construção] não projete sombras sobre<br />

os sítios contíguos” (BROWN; DEKAY, 2004, p. 112).


34<br />

Tabela 2.1 - Evolução histórica dos parâmetros construtivos <strong>da</strong> legislação para o setor estrutural para<br />

uso misto ou <strong>de</strong> habitação coletiva.<br />

Taxa <strong>de</strong><br />

Ocupação<br />

Afastamento<br />

Lateral<br />

Leis<br />

Vias<br />

Embasamento<br />

Torre<br />

Coeficiente <strong>de</strong><br />

aproveitamento<br />

Recuo<br />

Via Central<br />

Vias exter<strong>nas</strong> e<br />

<strong>de</strong>mais <strong>vias</strong><br />

Prêmios<br />

Dec. n o 855/75 Central 100% 50% 6 - 3,0 m<br />

Exter<strong>nas</strong> 80% 50% 6 10 m 3,0 m<br />

Demais 80% 50% 6 5 m 3,0 m<br />

Dec. no 408/76 Central 100% 6 Plano Massa Sem aberturas: 0 m<br />

Exter<strong>nas</strong> 50% 6 10 m Até 3 pav.: 1,5 m<br />

Demais 50% 6 5 m 4 a 8 pav.: 3,0 m<br />

Dec. n o 247/80 Central 100% 50% 6 Plano Massa<br />

Exter<strong>nas</strong> 50% 4-6 10 m<br />

Demais 50% 4-6 5 m<br />

9 a 11 pav.: 3,5 m<br />

>12 pav.: 4,0 m<br />

2 o pavimento para<br />

comércio<br />

2 o pavimento para<br />

comércio<br />

Coeficiente 6 para<br />

uso comercial ou<br />

via local executa<strong>da</strong><br />

Dec. no 399/80 Central 100% 50% 6 Plano Massa Subsolos<br />

Exter<strong>nas</strong> 50% 5 10 m Embasamento<br />

Demais 50% 6 5 m Pavimento <strong>de</strong> lazer<br />

Dec. n o 579/90 Central 100% 50% 4 Plano Massa<br />

Lei no 9.800/00<br />

Dec. no 190/00<br />

Dec. no 197/00<br />

Dec no 198/00<br />

Exter<strong>nas</strong> 75% 50% 4 10 m<br />

Demais 7<br />

5<br />

%<br />

5<br />

0<br />

%<br />

54<br />

m<br />

Inclusive no<br />

subsolo<br />

Central 100% 50% 4 Plano Massa<br />

Exter<strong>nas</strong> 75% 50% 4 10 m<br />

Demais 75% 50% 4 5 m<br />

Fonte: Reproduzido <strong>de</strong> Campos (2005, p. 74).<br />

Mais <strong>de</strong> 7<br />

pavimentos – 2,0 m<br />

H/6 (mínimo 2,5m)<br />

Áreas comerciais e<br />

50% <strong>de</strong> garagem<br />

Uso exclusivamente<br />

comercial – 1,5x lote<br />

1 o e 2 o pav. Nas <strong>vias</strong><br />

exter<strong>nas</strong>/<strong>de</strong>mais <strong>vias</strong><br />

Uso exclusivamente<br />

comercial – 2x térreo<br />

Pavimento <strong>de</strong> lazer<br />

Embasamento<br />

Uso exclusivamente<br />

comercial – 1,5x<br />

lote<br />

1o e 2o pav.<br />

Nas <strong>vias</strong><br />

exter<strong>nas</strong>/<strong>de</strong>mais<br />

<strong>vias</strong><br />

Pavimento <strong>de</strong> lazer


35<br />

No Ecoville (prolongamento Oeste do Setor Estrutural Norte) é utilizado um<br />

expediente semelhante <strong>de</strong> cálculo do afastamento lateral: este é facultado para até dois<br />

pavimentos, ou <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r a H/5 acima <strong>de</strong> dois pavimentos aten<strong>de</strong>ndo-se, nesse<br />

caso, o mínimo <strong>de</strong> 2,50 m (INSTITUTO..., 2002). Essa área, também conheci<strong>da</strong> como<br />

Ecoville, tem vários atributos para torná-la um “<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte filosófico” dos Setores<br />

Estruturais, com uma importante diferença: a ocupação <strong>de</strong>sses trechos envolveu a<br />

reorganização <strong>da</strong> estrutura fundiária, com a fusão <strong>de</strong> lotes e a construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

torres <strong>de</strong> uso majoritariamente resi<strong>de</strong>ncial (há, no momento, somente um conjunto <strong>de</strong><br />

quatro edifícios <strong>de</strong> uso comercial, <strong>de</strong> pequeno porte), isola<strong>da</strong>s em lotes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

dimensões, sobre os quais se encontram áreas <strong>de</strong> lazer e áreas ver<strong>de</strong>s (inclusive bosques<br />

<strong>de</strong> preservação) priva<strong>da</strong>s. Apesar dos projetos que conscientemente se voltam para<br />

<strong>de</strong>ntro, ignorando o espaço público, no Ecoville se realizou em parte a proposta original<br />

para os Setores Estruturais: as torres-jardim isola<strong>da</strong>s em meio ao ver<strong>de</strong>. No entanto, a<br />

atenção <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica ao Ecoville é virtualmente nula: estudos<br />

sobre a evolução histórica <strong>de</strong>ssa ocupação, seus atributos arquitetônicos e ambientais são<br />

escassos.<br />

Da<strong>da</strong> sua importância histórica, econômica e como elemento <strong>da</strong> paisagem<br />

curitibana, não é inesperado que os Setores Estruturais sejam objeto constante <strong>de</strong> estudo.<br />

Entre os estudos já realizados, têm <strong>de</strong>staque as questões <strong>de</strong> partilha <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a evolução<br />

<strong>da</strong> ocupação dos setores estruturais e seus aspectos ambientais.<br />

A partir dos ca<strong>de</strong>rnos do Plano Preliminar <strong>de</strong> Urbanismo (PPU) e outros<br />

documentos do IPPUC, Souza (2001) investigou a articulação do saber técnico às<br />

estratégias <strong>de</strong> arregimentação <strong>da</strong> população, divisão <strong>de</strong>sigual do espaço e orientação<br />

diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong>s políticas urba<strong>nas</strong>. Para o autor, a leitura <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e a classificação <strong>da</strong>s<br />

áreas – e seus habitantes – entre aquelas <strong>de</strong> expansão orgânica (ou natural) e inorgânica<br />

visou sobretudo à indução <strong>de</strong> investimentos e a<strong>de</strong>nsamento ao longo dos Eixos<br />

Estruturais, adicionando valor suplementar às áreas centrais já valoriza<strong>da</strong>s.<br />

O estudo <strong>de</strong> Lobo, Scheer e Campos (apud CAMPOS, 2005), <strong>de</strong> 1988, se valeu<br />

ape<strong>nas</strong> <strong>da</strong> análise gráfica, sem quantificação (esta estava acima <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

computação disponível à época). Ain<strong>da</strong> assim “o resultado final induzia à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

se rever os parâmetros urbanísticos vigentes, a fim <strong>de</strong> se evitar o comprometimento do


36<br />

Setor Estrutural em diversos aspectos, como insolação, ventilação, circulação e paisagem”<br />

(CAMPOS, 2005, p. 76-7).<br />

Em um estudo encomen<strong>da</strong>do pelo IPPUC, e posteriormente publicado no<br />

formato <strong>de</strong> artigo, Schmid (2001) utilizou um mo<strong>de</strong>lo computacional para avaliar os<br />

impactos <strong>da</strong> então proposta alteração <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> uso do solo (a Lei 9.800/00) sobre o<br />

aproveitamento <strong>da</strong> luz natural e a irradiação solar nos interiores <strong>de</strong> edifícios nos Setores<br />

Estruturais e zo<strong>nas</strong> resi<strong>de</strong>nciais adjacentes. Além <strong>da</strong> situação preexistente, foram<br />

analisados dois cenários alternativos <strong>de</strong> cálculo dos afastamentos, H/5 e H/6. Ambos os<br />

cenários apontaram melhorias ambientais nos interiores <strong>da</strong>s edificações. Finalmente, a<br />

municipali<strong>da</strong><strong>de</strong> optou pelo afastamento <strong>de</strong> H/6, por consi<strong>de</strong>rar o valor <strong>de</strong> H/5<br />

excessivamente restritivo.<br />

Campos (2005) estudou a influência <strong>da</strong> orientação <strong>da</strong>s testa<strong>da</strong>s – somente as <strong>de</strong><br />

orientação Norte e Sul – sobre as tipologias <strong>de</strong> construção e usos <strong>da</strong>s edificações em um<br />

trecho do Setor Estrutural Sul (Rua Sete <strong>de</strong> Setembro). O trecho estu<strong>da</strong>do, <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong><br />

Sete <strong>de</strong> Setembro, se sobrepõe parcialmente a um dos setores do presente estudo.<br />

Para Campos, o acesso à insolação não foi priorizado pelos parâmetros<br />

construtivos. Apesar dos múltiplos incentivos, a ocupação <strong>da</strong> testa<strong>da</strong> Norte – mais<br />

favorável ao uso resi<strong>de</strong>ncial – está mais consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> que a testa<strong>da</strong> Sul. Segundo o autor:<br />

Em busca <strong>de</strong> um rápido a<strong>de</strong>nsamento e consoli<strong>da</strong>ção, o processo <strong>de</strong><br />

ocupação do Setor Estrutural <strong>de</strong> Curitiba foi guiado por incentivos<br />

oferecidos através <strong>de</strong> diversas alterações na legislação vigente. [...] [As<br />

conclusões do estudo] confirmam que a ocupação do Setor Estrutural<br />

<strong>de</strong> Curitiba sofreu influência <strong>da</strong> orientação <strong>da</strong> testa<strong>da</strong> dos lotes. Mesmo<br />

em uma região nobre, próxima ao centro e com um alto valor <strong>de</strong><br />

mercado, os resultados <strong>da</strong> análise <strong>de</strong>monstram que a restrição à<br />

insolação, causa<strong>da</strong> pela rápi<strong>da</strong> ocupação dos lotes face Norte, teve<br />

influência na ocupação pouco consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> dos lotes com testa<strong>da</strong> para o<br />

Sul, levando a processos distintos <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> face <strong>da</strong> via.<br />

(CAMPOS, 2005, p. 159-63).<br />

Em outras palavras, enquanto os incentivos atingiram o objetivo <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>r a<br />

ocupação dos lotes <strong>de</strong> face Norte, em processo autofágico, eles dificultaram a ocupação<br />

dos lotes <strong>de</strong> face Sul. Os resultados do estudo <strong>de</strong> Campos (2005) sugerem que, apesar <strong>de</strong><br />

excluído <strong>da</strong>s preocupações dos planejadores, um imperativo ambiental se impôs à lógica<br />

<strong>da</strong> expansão imobiliária.


37<br />

Suga (2005) estudou as condições <strong>de</strong> aproveitamento <strong>da</strong> luz do dia em ambientes<br />

do 1 o an<strong>da</strong>r <strong>de</strong> edifícios típicos do Plano Massa, em quatro trechos dos setores estruturais.<br />

Para to<strong>da</strong>s as orientações avalia<strong>da</strong>s, a razão H/W com valor 2,00 se mostrou crítica. De<br />

seu trabalho, resultaram sugestões <strong>de</strong> variados valores para a razão H/W, a<strong>de</strong>quados às<br />

diferentes orientações <strong>de</strong> <strong>vias</strong> para melhoria dos níveis <strong>de</strong> iluminação e períodos <strong>de</strong><br />

insolação nos ambientes internos.<br />

2.2 ASPECTOS FÍSICOS: VENTILAÇÃO E DISPERSÃO DE<br />

POLUENTES EM ÁREAS URBANAS<br />

Enquanto a primeira seção <strong>de</strong>ste Capítulo tratou dos aspectos <strong>da</strong> história e, em<br />

certa medi<strong>da</strong>, dos jogos econômicos que contribuíram para gerar a forma <strong>de</strong> Curitiba, as<br />

próximas seções irão tratar dos aspectos físicos do clima nos espaços urbanos. Nesta<br />

seção, são estu<strong>da</strong>dos os aspectos físicos do clima urbano, a partir principalmente do texto<br />

<strong>de</strong> T. R. Oke (1978), Boun<strong>da</strong>ry Layer Climates, referência essencial em qualquer estudo<br />

sobre climatologia urbana.<br />

2.2.1 A atmosfera e a cama<strong>da</strong> limite<br />

A cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar que recobre a superfície terrestre não é homogênea,<br />

concentrando 98% <strong>de</strong> sua massa nos primeiros 29 km <strong>de</strong> altura, com os 2% restantes<br />

<strong>de</strong>caindo gra<strong>da</strong>tivamente até o vácuo do espaço (adota-se, como referência, a altura <strong>de</strong><br />

10.000 km como limite <strong>da</strong> atmosfera terrestre). Não ape<strong>nas</strong> a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar modifica-se<br />

com a altura: a composição dos gases também se altera. O trecho <strong>de</strong>nominado Homosfera<br />

se esten<strong>de</strong> até 90 km <strong>de</strong> altura e é caracterizado pela distribuição relativamente uniforme<br />

<strong>de</strong> seus componentes gasosos. Até 25 km <strong>de</strong> altura, a atmosfera é composta em sua quase<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio (78,1%) e oxigênio (20,9%), mas contém ain<strong>da</strong> traços <strong>de</strong> dióxido<br />

<strong>de</strong> carbono (0,033%), argônio (0,0934%) e, em ain<strong>da</strong> menor proporção, neônio, hélio,<br />

kriptônio, hidrogênio, metano e óxido nitroso. Acima <strong>de</strong> 90 km <strong>de</strong> altura, os gases se<br />

dispõem em cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> diferentes composições químicas, e <strong>de</strong>nomina-se essa cama<strong>da</strong><br />

Heterosfera (MONTEIRO; DANNI-OLIVEIRA, 2009).


38<br />

Os fenômenos climáticos se produzem na Troposfera, a cama<strong>da</strong> mais baixa e em<br />

contato com a superfície terrestre, com 12 km <strong>de</strong> extensão em média. É nessa cama<strong>da</strong> que<br />

“os fluxos <strong>de</strong> matéria e energia próprios do Sistema Terra-Atmosfera (STA) ganham<br />

consi<strong>de</strong>rável complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong><strong>da</strong> não só pelas interações entre a superfície e a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

ar sobrejacente, mas também pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s huma<strong>nas</strong> que nela se realizam”<br />

(MONTEIRO; DANNI-OLIVEIRA 2009, p. 31).<br />

Eventos atmosféricos ocorrem em uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> escalas temporais e<br />

espaciais. Uma possível classificação é apresenta<strong>da</strong> no Quadro 2.1, abaixo:<br />

Denominação Limites (escala espacial) Limites (escala temporal)<br />

Microescala 10 -2 a 10 3 m De poucos segundos a algumas horas<br />

Topoescala 10 2 a 5x10 4 m De algumas horas a alguns dias<br />

Mesoescala 10 4 a 2x10 5 m Sema<strong>nas</strong><br />

Macroescala 10 5 a 10 8 m Anos<br />

Quadro 2.1 – Escalas espaciais <strong>de</strong> estudo dos eventos atmosféricos.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Oke (1978).<br />

Em períodos <strong>de</strong> um dia, a faixa <strong>da</strong> atmosfera que sofre influência <strong>da</strong> superfície<br />

terrestre é pequena, exten<strong>de</strong>ndo-se até um quilômetro <strong>de</strong> altura, é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> cama<strong>da</strong><br />

limite atmosférica, ou simplesmente cama<strong>da</strong> limite; esta faixa é caracteriza<strong>da</strong> pela intensa<br />

turbulência gera<strong>da</strong> pelo movimento <strong>da</strong> atmosfera ao longo <strong>da</strong> superfície terrestre, rígi<strong>da</strong> e<br />

rugosa. Assim, segundo Oke (1978), o estudo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite engloba distâncias<br />

verticais <strong>de</strong> até um quilômetro, distâncias horizontais <strong>de</strong> até 50 km e períodos <strong>de</strong> até um<br />

dia.<br />

Os ventos são formados pelo movimento <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> alta pressão<br />

para áreas <strong>de</strong> baixa pressão; a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento é controla<strong>da</strong> pelo gradiente <strong>de</strong> pressão<br />

que se estabelece entre essas duas áreas (MONTEIRO; DANNI-OLIVEIRA, 2009).<br />

Segundo Oke (1978), as diferenças horizontais <strong>de</strong> pressão são gera<strong>da</strong>s pelas diferenças<br />

horizontais <strong>de</strong> temperatura no Sistema Terra-Atmosfera (STA) – a energia térmica, parte<br />

<strong>da</strong> cascata <strong>de</strong> energia solar, se converte em energia cinética dos sistemas <strong>de</strong> vento e passa<br />

então a participar <strong>da</strong> cascata <strong>de</strong> energia cinética.<br />

O comportamento do campo <strong>de</strong> vento na cama<strong>da</strong> limite é fortemente<br />

influenciado pelo arrasto gerado pela superfície rígi<strong>da</strong> sob o fluxo. O movimento próximo<br />

ao chão é retar<strong>da</strong>do, e a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média do vento <strong>de</strong>cai rapi<strong>da</strong>mente ao se aproximar <strong>da</strong>


39<br />

superfície; <strong>de</strong>vido às diferenças <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, os perfis <strong>de</strong> vento em áreas urba<strong>nas</strong>,<br />

suburba<strong>nas</strong> e em campo aberto são bastante diferentes (BROWN; DEKAY, 2004). Sendo<br />

z g a altura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite on<strong>de</strong> o arrasto <strong>da</strong> superfície se torna <strong>de</strong>sprezível (ou seja, a<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média do vento se torna constante), a altura <strong>de</strong>ssa cama<strong>da</strong> limite é<br />

proporcional à rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> superfície, e é afeta<strong>da</strong> também pela temperatura <strong>da</strong><br />

superfície: em sobre superfícies aqueci<strong>da</strong>s, a altura z g aumenta; sobre superfícies<br />

resfria<strong>da</strong>s, a altura z g diminui (OKE, 1978).<br />

Figura 2.4 – Influência do terreno nos perfis <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Brown; DeKay (2004, p. 40).<br />

Denomina-se cisalhamento <strong>de</strong> superfície a força <strong>de</strong> arrasto exerci<strong>da</strong> pelo ar na<br />

superfície, à qual se opõe uma força igual exerci<strong>da</strong> pela superfície na atmosfera. Porém,<br />

sendo o ar um fluido, essa força age somente no limite inferior, e não em to<strong>da</strong> a<br />

atmosfera. A força <strong>de</strong> cisalhamento é transmiti<strong>da</strong> para baixo como um fluxo <strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento: o fluxo constante <strong>de</strong> parcelas <strong>de</strong> ar em rotação (vórtices). Em<br />

condições <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a variação <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento conforme a altura segue uma<br />

curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>caimento logarítmico <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela Equação 2.1 (OKE, 1978):<br />

u z<br />

= u *<br />

k ln z z o<br />

On<strong>de</strong> ū z – veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento (m.s -1 ) na altura z (m), u * - veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corte (m.s -1 ), k – constante <strong>de</strong> von Karman (aproxima<strong>da</strong>mente 0,40) e z 0 – comprimento<br />

!<br />

<strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (m).<br />

A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento a 10 metros acima do solo, altura padrão <strong>de</strong> medição <strong>da</strong><br />

Organização Meteorológica Mundial (WMO), é um importante parâmetro<br />

meteorológico. Entretando, obter medições representativas <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento a esta<br />

(2.1)


40<br />

altura <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> áreas urbaniza<strong>da</strong>s é virtualmente impossível (OKE, 2006). Há ao menos<br />

duas roti<strong>nas</strong> para a estimativa <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento <strong>nas</strong> áreas urba<strong>nas</strong>; ambas tentam,<br />

<strong>de</strong> alguma maneira, usar as diferenças <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre áreas rurais e urba<strong>nas</strong>. Oke<br />

(2006) propõe uma equação para o ajuste do perfil logarítmico <strong>de</strong> vento, que utiliza<br />

diretamente o valor <strong>de</strong> z 0 (Equação 2.3):<br />

u 1<br />

= ln(z 1<br />

/z 0<br />

)<br />

u ref<br />

ln(z ref<br />

/z 0<br />

)<br />

On<strong>de</strong> z ref – altura <strong>de</strong> referência, z 1 – altura do anemômetro no local, z 0 – altura <strong>de</strong><br />

rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte a ca<strong>da</strong> zona. Nas áreas urba<strong>nas</strong>, a altura <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>ve<br />

€<br />

incluir a altura <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento do plano zero (z d ).<br />

A altura <strong>de</strong><strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (z 0 ) me<strong>de</strong> a rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> aerodinâmica <strong>da</strong> superfície, e é<br />

uma importante variável em estudos <strong>de</strong> comportamento dos ventos em áreas urba<strong>nas</strong>,<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e turbulência. Relaciona-se à altura dos elementos presentes na<br />

superfície, à sua forma, e <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição, mas sua <strong>de</strong>terminação é<br />

problemática.<br />

Grimmond e Oke (1999) revisaram abor<strong>da</strong>gens morfométricas – que tentam<br />

relacionar características aerodinâmicas às dimensões <strong>da</strong>s superfícies – e abor<strong>da</strong>gens<br />

micrometeorológicas – basea<strong>da</strong>s em observações em campo <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento e<br />

turbulência. Nenhuma abor<strong>da</strong>gem se mostrou conclusiva. Na Tabela 2.2 são<br />

reproduzidos os valores recomen<strong>da</strong>dos pelos autores para o comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

em quatro situações urba<strong>nas</strong> típicas 4 .<br />

(2.2)<br />

4<br />

Os autores também propõem uma rotina mais sofistica<strong>da</strong> <strong>de</strong> cálculo, basea<strong>da</strong> na análise <strong>de</strong> fotos aéreas e<br />

medição <strong>da</strong>s alturas médias dos elementos <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (GRIMMOND; OKE, 1999).


41<br />

Tabela 2.2 - Valores recomen<strong>da</strong>dos para a altura dos elementos (z H ), altura <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento zero (z d ) e<br />

comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (z 0 ).<br />

Forma Urbana z H (m) z d (m) z 0 (m)<br />

Baixa altura e baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> – resi<strong>de</strong>ncial, casas isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

um ou dois pavimentos, jardins, árvores peque<strong>nas</strong>; casas<br />

mistas e peque<strong>nas</strong> lojas. Armazém, indústria leve, poucas<br />

árvores<br />

Média altura e média <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> – casas em série <strong>de</strong> dois ou<br />

três pavimentos, árvores gran<strong>de</strong>s. Blocos <strong>de</strong> até cinco an<strong>da</strong>res<br />

isolados. Uso misto: lojas, indústria leve, templos, escolas<br />

Gran<strong>de</strong> altura e gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> – edifícios resi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong><br />

até seis pavimentos pouco espaçados; gran<strong>de</strong>s equipamentos<br />

(fábricas, universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, etc.); centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Arranha-céus – centro urbano ou núcleo suburbano com<br />

torres em contexto urbano <strong>de</strong>nso; complexos institucionais<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.<br />

FONTE: a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Grimmond; Oke (1999, p. 1281)<br />

5-8 2-4 0,3-0,8<br />

7-14 3,5-8,0 0,7-1,5<br />

11-20 7-15 0,8-1,5<br />

>20 >12 >2,0<br />

Como alternativa à <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> z 0 para uma área urbana, Allard e<br />

Santamouris (1998, p. 90) propõem uma equação empírica para ajuste <strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

vento medi<strong>da</strong>s em estações meteorológicas padrão (Equação 2.4):<br />

U 1<br />

U 0<br />

= K⋅ Z 1<br />

a<br />

Sendo U 0 – veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento na estação meteorológica (m.s -1 ), U 1 –<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento no ponto <strong>de</strong> interesse (m.s -1 ), Z 1 – altura <strong>da</strong> medição na estação<br />

€<br />

meteorológica (m), e K e a são coeficientes <strong>de</strong> ajuste adimensionais cujos valores estão<br />

listados na Tabela 2.3.<br />

(2.3)


42<br />

Tabela 2.3 - Valores <strong>de</strong> K e a para ajuste <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento mediante a Equação 2.3.<br />

K<br />

a<br />

Urbano 0,35 0,25<br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> 0,21 0,33<br />

Fonte: Allard; Santamouris (1998).<br />

No período diurno, a instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> na superfície permite trocas verticais<br />

em gran<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na atmosfera, transportando quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento do ar<br />

mais rápido <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s superiores e aumentando a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> dos ventos na superfície;<br />

os efeitos combinados <strong>da</strong> convecção natural e força<strong>da</strong>, nessa cama<strong>da</strong> mista, aumentam a<br />

eficiência do transporte e mistura vertical, e são importantes para se compreen<strong>de</strong>r o<br />

transporte <strong>de</strong> calor e a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. A profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa cama<strong>da</strong> mista (h*)<br />

aumenta rapi<strong>da</strong>mente ao longo <strong>da</strong> manhã, atingindo 0,5 a 2 quilômetros <strong>de</strong> altura no<br />

meio <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>. Já no período noturno, a estratificação causa<strong>da</strong> pela inversão –<br />

resfriamento <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar mais próxima ao solo – reduz as trocas verticais e a<br />

transferência <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento para a superfície. Em condições <strong>de</strong> ventos<br />

fracos e pouca turbulência, a altura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite (que sofre influência <strong>da</strong> superfície) é<br />

reduzi<strong>da</strong> para 50 metros e não há cama<strong>da</strong> mista em contato com o solo - ou seja, h* se<br />

iguala a zero (OKE, 1978).<br />

2.3 O CLIMA URBANO<br />

Os elementos <strong>da</strong> paisagem urbana afetam a composição <strong>da</strong> atmosfera e os fluxos<br />

<strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> vento, a ponto <strong>de</strong> se falar <strong>de</strong> um “clima urbano” 5 . Essas influências do<br />

ambiente construído sobre os processos atmosféricos têm sido objeto <strong>de</strong> pesquisa há<br />

várias déca<strong>da</strong>s. Segundo Oke (1978, p. 240, tradução do autor):<br />

5<br />

Em oposição ao clima “natural” <strong>de</strong> áreas não urbaniza<strong>da</strong>s.


43<br />

O processo <strong>de</strong> urbanização produz alterações radicais na natureza <strong>da</strong><br />

superfície e <strong>nas</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s atmosféricas <strong>de</strong> uma região. Ele envolve a<br />

transformação <strong>da</strong>s características radiantes, térmicas, higroscópicas e<br />

aerodinâmicas e assim <strong>de</strong>sloca as cascatas solar e hidrológica naturais 6 .<br />

Entre os efeitos <strong>da</strong> urbanização sobre o clima <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> área circun<strong>da</strong>nte,<br />

têm <strong>de</strong>staque:<br />

a. Transformação <strong>da</strong> superfície, ocasionando alterações no balanço <strong>de</strong><br />

radiação (efeito dos materiais com maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica) e alteração<br />

<strong>da</strong>s características aerodinâmicas: as superfícies urba<strong>nas</strong> são mais rugosas,<br />

causando maior atrito e afetando a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> dos ventos locais;<br />

b. Os sistemas <strong>de</strong> drenagem eliminam rapi<strong>da</strong>mente a água <strong>da</strong> chuva. Menos<br />

água incorpora-se ao solo, e as taxas <strong>de</strong> evaporação urba<strong>nas</strong> são menores<br />

que as rurais;<br />

c. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s urba<strong>nas</strong> liberam substâncias contaminantes;<br />

d. Geração <strong>de</strong> calor dito tecnógeno, dissipado <strong>de</strong> veículos, equipamentos,<br />

instalações, indústrias.<br />

A presença <strong>de</strong> edificações causa alterações <strong>nas</strong> características <strong>de</strong> radiação,<br />

térmicas, hidrológicas e aerodinâmicas em sua vizinhança. Quanto à radiação, os efeitos<br />

mais significativos são a redução do ganho <strong>de</strong> energia <strong>nas</strong> áreas sombrea<strong>da</strong>s, o aumento<br />

localizado do fluxo <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong>vido à reflexão <strong>da</strong> radiação solar <strong>nas</strong> facha<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

edificação, a menor per<strong>da</strong> <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> on<strong>da</strong> longa (causa<strong>da</strong> pela redução do fator <strong>de</strong><br />

visão do céu), e o aumento <strong>da</strong> radiação <strong>de</strong> on<strong>da</strong> longa emiti<strong>da</strong> pelo edifício. A<br />

combinação <strong>de</strong> proteção contra o vento e per<strong>da</strong>s térmicas dos prédios torna as<br />

temperaturas <strong>de</strong> solo e ar mais altas <strong>nas</strong> adjacências <strong>da</strong>s edificações que em campo aberto<br />

(OKE, 1978). Para Romero (2001), o vento é o elemento climático mais alterado pela<br />

urbanização, mas também o mais passível <strong>de</strong> controle pelo <strong>de</strong>senho urbano. Segundo a<br />

autora, “a orientação <strong>da</strong>s ruas com relação à direção dos ventos, o tamanho, a altura e a<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos edifícios, assim como a distribuição dos edifícios altos entre os baixos, etc.<br />

têm um gran<strong>de</strong> impacto <strong>nas</strong> condições urba<strong>nas</strong> do vento” (ROMERO, 2001, p. 92).<br />

6<br />

“The process of urbanization produces radical changes in the nature of the surface and atmospheric<br />

properties of a region. It envolves the transformation of the radiative, thermal, moisture and aerodynamic<br />

characteristics and thereby dislocates the natural solar and hydrologic casca<strong>de</strong>s.”


44<br />

A Figura 2.5, abaixo, ilustra os padrões gerados quando o fluxo <strong>de</strong> ar atinge um<br />

edifício <strong>de</strong> arestas retas. Ao atingir o edifício, o ar é <strong>de</strong>fletido por sobre o topo, para baixo<br />

ao longo <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>, ou pelos lados <strong>da</strong> edificação. Na visão em corte (Figura 2.5a), ficam<br />

evi<strong>de</strong>ntes quatro zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> fluxo: A – inalterado, B – <strong>de</strong>flexão, C – cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>, D – esteira.<br />

Figura 2.5 - Padrões <strong>de</strong> fluxo em torno <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> arestas retas (a) representação dos fluxos em<br />

corte (b) perfis <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> (c) edifício perpendicular ao fluxo <strong>de</strong> vento (d) edifício disposto a 45º em<br />

relação ao fluxo <strong>de</strong> vento.<br />

Fonte: OKE, 1978, p. 232.<br />

Na facha<strong>da</strong> a barlavento, as pressões são relativamente altas, atingindo o valor<br />

máximo próximo ao topo e centro <strong>da</strong> pare<strong>de</strong>. Nesse ponto, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento cai a<br />

zero, e a pressão cai em direção às bor<strong>da</strong>s do edifício. O fluxo acelerado sobre o topo e as<br />

laterais do edifício se separa <strong>da</strong> superfície, gerando sucção <strong>nas</strong> pare<strong>de</strong>s laterais e a<br />

sotavento, com fluxos <strong>de</strong> vento na direção contrária ao fluxo inci<strong>de</strong>nte (o vórtice na zona<br />

C <strong>da</strong> Figura 2.5a).<br />

Os perfis <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>ntes a esse fluxo po<strong>de</strong>m ser vistos na Figura<br />

2.5b. Na seção 1, é evi<strong>de</strong>nte o perfil logarítmico padrão. O perfil é fortemente distorcido<br />

imediatamente sobre o edifício (seção 2): na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>flexão acima do limite <strong>da</strong><br />

esteira, quando as linhas <strong>de</strong> fluxo convergem, existe um jato <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> alta veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>.


45<br />

Aproximando-se <strong>da</strong> cobertura, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> diminui drasticamente e, <strong>nas</strong> cama<strong>da</strong>s mais<br />

baixas, é visível o fluxo <strong>de</strong> retorno sobre o telhado. A sotavento do edifício (seção 3), o<br />

efeito <strong>de</strong> jato é menos pronunciado, e as linhas <strong>de</strong> fluxo começam a divergir. O vórtice a<br />

sotavento na zona <strong>de</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> gera um fluxo <strong>de</strong> retorno junto ao solo. Apesar <strong>de</strong>, na<br />

média, as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do ar na zona <strong>de</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> serem menores que na zona inaltera<strong>da</strong>, o<br />

fluxo naquela é mais turbulento.<br />

Conforme aumenta a distância do edifício (seções 4 e 5), o efeito <strong>de</strong> abrigo é<br />

progressivamente perdido, com o jato se unindo ao fluxo enquanto este se reajusta,<br />

recobrando a forma inaltera<strong>da</strong>. Na seção 5, o reajuste completo não é atingido – o<br />

gradiente <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> próximo à superfície não é tão agudo quando na seção 1 –<br />

indicando que turbulência residual na zona <strong>de</strong> esteira continua a facilitar o transporte <strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento a uma taxa maior que a normal para o terreno (OKE, 1978).<br />

Finalmente, na Figura 2.5c e na Figura 2.5d estão representados, em planta, os fluxos <strong>de</strong><br />

vento ao redor <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> arestas retas disposto <strong>de</strong> maneira perpendicular e <strong>de</strong><br />

maneira oblíqua ao fluxo <strong>de</strong> vento, respectivamente.<br />

No caso <strong>de</strong> conjuntos <strong>de</strong> prédios do mesmo tamanho, os fluxos po<strong>de</strong>m ser como<br />

os representados no lado esquerdo <strong>da</strong> Figura 2.6, abaixo. Nesse caso, as características do<br />

fluxo <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>ntro do cânion variam conforme o ângulo <strong>de</strong> incidência do vento: em<br />

situações <strong>de</strong> vento perpendicular aos edifícios, fluxos em vórtice se formam no espaço<br />

entre os edifícios. Nessa situação, ao nível do solo, apesar <strong>da</strong> proteção ofereci<strong>da</strong> pelo<br />

edifício, o vento po<strong>de</strong> ser mais turbulento que na mesma altura em áreas abertas. Quando<br />

o vento inci<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira oblíqua aos edifícios, o vórtice <strong>de</strong>screve uma trajetória em<br />

“parafuso”, com movimento ao longo <strong>da</strong> rua. Quando o vento inci<strong>de</strong> paralelamente ao<br />

cânion, ocorre o efeito <strong>de</strong> jato, com veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais altas que em áreas abertas (OKE,<br />

1978).


46<br />

Figura 2.6 - Fluxo <strong>de</strong> vento ao sobre um conjunto <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong> mesma altura na vizinhança <strong>de</strong> um<br />

edifício <strong>de</strong> maior altura.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> OKE, 1978, p. 234.<br />

Segundo Oke (1978), compreen<strong>de</strong>r o ambiente <strong>de</strong> vento <strong>nas</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<br />

edificações é importante para prever proteções contra <strong>da</strong>nos causados pelo vento, para o<br />

conforto e segurança dos ocupantes e pe<strong>de</strong>stres e para a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. As<br />

pressões <strong>de</strong> vento sobre os edifícios são usa<strong>da</strong>s para o cálculo <strong>da</strong>s cargas exerci<strong>da</strong>s sobre a<br />

estrutura e influenciam as condições <strong>de</strong> ventilação. O redirecionamento <strong>da</strong> chuva afeta os<br />

materiais <strong>de</strong> revestimento <strong>de</strong> facha<strong>da</strong>s e a infiltração <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Portas e janelas po<strong>de</strong>m<br />

ter sua operação dificulta<strong>da</strong> ou até mesmo serem arranca<strong>da</strong>s em áreas <strong>de</strong> intensa pressão<br />

<strong>de</strong> vento (OKE, 1978).<br />

Por sua vez, Romero (2001) se preocupa com o efeito do agrupamento <strong>de</strong><br />

edifícios sobre as condições <strong>de</strong> ventilação ao nível <strong>da</strong> rua:


47<br />

Quando os edifícios formam longas fileiras <strong>de</strong> mesma altura,<br />

perpendiculares à direção do vento, então a distância entre os edifícios<br />

tem pouca influência na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s correntes <strong>de</strong> ar entre eles. Isso se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que as primeiras filas <strong>de</strong> edifícios <strong>de</strong>sviam as correntes,<br />

enquanto o resto, que fica atrás, é <strong>de</strong>ixado à sombra do vento. São<br />

criados, então, dois regimes separados. A média total <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

vento nos espaços protegidos é menos que 30% do vento livre, com a<br />

mesma altura [...] Constatou-se que as torres, quando dispersas na<br />

vizinhança, sempre aumentam a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar <strong>nas</strong> ruas. Uma<br />

configuração <strong>de</strong>nsa com torres 7 é melhor ventila<strong>da</strong> do que uma<br />

configuração <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> com edifícios <strong>de</strong> altura uniforme.<br />

(ROMERO, 2001, p. 93).<br />

O vento e a turbulência são vitais para a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> atmosféricos.<br />

Segundo Oke (1978), em áreas <strong>de</strong> gabarito baixo, as trocas entre o nível <strong>da</strong> rua e o nível<br />

superior aos telhados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> razão entre a altura <strong>da</strong>s edificações e a largura <strong>da</strong> rua<br />

(razão H/W): em ruas estreitas as trocas são mais restritas que em ruas mais largas, on<strong>de</strong><br />

a circulação <strong>de</strong> vórtice auxilia na dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (Figura 2.7).<br />

Figura 2.7 - Influência do fluxo <strong>de</strong> vento entre edifícios sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.<br />

Fonte: OKE, 1978, p. 239<br />

Oke (1978) <strong>de</strong>fine dois loci <strong>de</strong> estudo dos climas urbanos, representados<br />

esquematicmente na Figura 2.8: a cama<strong>da</strong> limite urbana, acima dos telhados, on<strong>de</strong><br />

ocorrem fenômenos em meso-escala influenciados pelas características gerais <strong>da</strong><br />

“superfície” urbana, e a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana, cama<strong>da</strong> abaixo <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> telhados<br />

7<br />

A configuração em torres isola<strong>da</strong>s é um tema recorrente no urbanismo mo<strong>de</strong>rnista, com exemplos como a<br />

Ville Radieuse <strong>de</strong> Le Corbusier, do início do século XX.


48<br />

governa<strong>da</strong> pelos processos que operam em micro-escala nos cânions entre os edifícios; o<br />

clima <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana é o resultado <strong>de</strong> múltiplos microclimas dominados<br />

pelas características dos seus contextos (OKE, 1978, p. 241).<br />

Ventos regionais, vindos do campo para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, encontram um conjunto<br />

diferente <strong>de</strong> condições, gerando uma cama<strong>da</strong> limite interna a sotavento do limite urbano.<br />

Ao alcançar a zona rural, forma-se uma nova cama<strong>da</strong> limite (cama<strong>da</strong> limite rural) a<br />

sotavento, mas uma pluma urbana carrega a sotavento a influência <strong>da</strong> área urbaniza<strong>da</strong> -<br />

alterações <strong>de</strong> temperatura, umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>poluentes</strong>.<br />

Figura 2.8 - Representação esquemática <strong>da</strong> atmosfera urbana.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> OKE, 1978, p. 240.<br />

A principal uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> intra-urbana é o cânion urbano,<br />

composto pelas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prédios adjacentes e o espaço aberto entre eles, geralmente<br />

uma rua (Figura 2.9). Em uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> arruamento em malha ortogonal, as duas<br />

orientações dos cânions, <strong>de</strong>fleti<strong>da</strong>s em 90º, irão possuir diferentes características<br />

microclimáticas <strong>de</strong>vido às diferenças no ângulo <strong>de</strong> incidência solar e a orientação em<br />

relação aos ventos. Somam-se a essas diferenças aquelas gera<strong>da</strong>s pelas características<br />

radiantes, térmicas e higroscópicas dos materiais <strong>de</strong> construção e pela geometria do<br />

cânion, geralmente expressa como a razão entre a altura dos edifícios e a largura do<br />

espaço entre eles – razão H/W (OKE, 1978).


49<br />

Figura 2.9 - Representação esquemática do volume <strong>de</strong> ar em um cânion urbano.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> OKE, 1978, p. 250.<br />

Diferentes condições climáticas influenciam as trocas nos cânions: ventos mais<br />

intensos aumentam o efeito <strong>da</strong> turbulência e <strong>da</strong> advecção, ten<strong>de</strong>ndo a reduzir as<br />

diferenças no interior do cânion, entre a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana e a cama<strong>da</strong> limite<br />

urbana, e as diferenças entre aquela e a área rural (OKE, 1978).<br />

À noite e em dias <strong>de</strong> pouco vento, o ar na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana costuma<br />

ser mais quente que na zona rural, um efeito conhecido como Ilha <strong>de</strong> Calor Urbana<br />

(ICU). Diferenças <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do entre o ar urbano e rural são peque<strong>nas</strong>. Nas médias<br />

latitu<strong>de</strong>s, o ar na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana é geralmente mais seco durante o dia e<br />

ligeiramente mais úmido à noite, <strong>de</strong>vido ao efeito combinado <strong>da</strong> baixa evaporação, pouca<br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> orvalho, emissões antropogênicas <strong>de</strong> vapor e a estagnação do fluxo <strong>de</strong> ar<br />

(OKE, 1978). Esse efeito recebe o nome <strong>de</strong> “ilha <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

Finalmente, as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana são<br />

geralmente menores que as registra<strong>da</strong>s em áreas rurais, para a mesma altura. Já em<br />

condições <strong>de</strong> calmaria ou <strong>de</strong> ventos regionais muito fracos, o gradiente <strong>de</strong> temperatura e<br />

pressão através do limite entre as áreas rural e urbana po<strong>de</strong> induzir uma brisa do campo<br />

em direção à ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, formando um sistema <strong>de</strong> recirculação (OKE, 1978) com efeitos<br />

potencialmente adversos sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.


50<br />

2.3.1 Poluição do ar na cama<strong>da</strong> limite<br />

A poluição atmosférica po<strong>de</strong> ter origem natural (incêndios florestais, erupções<br />

vulcânicas, tempesta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> areia) ou ser ocasiona<strong>da</strong> pela ação humana, Seja qual for sua<br />

origem,<br />

Os <strong>poluentes</strong> são substâncias que, sob certas condições, po<strong>de</strong>m ser<br />

nocivos a seres humanos, vi<strong>da</strong> animal e vegetal, microorganismos ou<br />

aos materiais, ou que po<strong>de</strong>m interferir na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> ou usufruto<br />

<strong>de</strong> edifícios e paisagens (OKE, 1978, p. 268, tradução do autor) 8 .<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Oke (1978), duas classes <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>terminam a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> em um local: a natureza <strong>da</strong>s emissões e o estado <strong>da</strong> atmosfera. Além <strong>da</strong><br />

natureza física e química dos <strong>poluentes</strong>, para <strong>de</strong>terminar a carga <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> também se<br />

faz necessário conhecer a forma <strong>da</strong> fonte emissora (pontual, linear ou extensa), a duração<br />

<strong>da</strong>s emissões e a altura em que os <strong>poluentes</strong> são injetados na atmosfera. A Figura 2.10<br />

resume o progresso dos <strong>poluentes</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fonte (emissor) até o sumidouro, influenciados<br />

pelo estado <strong>da</strong> atmosfera.<br />

Figura 2.10 - Progresso dos <strong>poluentes</strong>, <strong>da</strong> fonte até o sumidouro.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> OKE (1978, p. 268).<br />

8<br />

“Air pollutants are substances which, when present in the atmosphere un<strong>de</strong>r certain conditions, may<br />

become injurious to human, animal, plant or microbial life, or to property, or which may interfere with<br />

the use and enjoyment of life or property.”


51<br />

O movimento atmosférico – vento e turbulência – controla a dispersão dos<br />

<strong>poluentes</strong>, em vários níveis. A intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> turbulência térmica e a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> turbulência mista <strong>da</strong> superfície sofrem influência <strong>da</strong> estratificação <strong>de</strong><br />

temperatura; esses dois processos, juntos, regulam a dispersão para cima dos <strong>poluentes</strong> e<br />

a taxa <strong>de</strong> renovação com ar mais limpo <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s superiores <strong>da</strong> atmosfera.<br />

Em mesoescala, o campo <strong>de</strong> vento é crítico com relação à dispersão horizontal na<br />

cama<strong>da</strong> limite, <strong>de</strong>terminando tanto a distância que os <strong>poluentes</strong> são transportados a<br />

sotavento, quanto o percurso geral <strong>de</strong>scrito por estes. Combina<strong>da</strong> à rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

superfície, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento estabelece a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> turbulência mecânica (OKE,<br />

1978).<br />

No ambiente urbano, o fluxo do vento (e, consequentemente, as condições para<br />

difusão e mistura verticais e horizontais) é afetado pela presença <strong>de</strong> edifícios, vegetação e<br />

outras características. Os efeitos cumulativos <strong>da</strong> convergência <strong>de</strong> múltiplas fontes <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> e a existência <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> estagnação po<strong>de</strong>m levar à formação <strong>de</strong> pontos<br />

problemáticos <strong>de</strong> poluição que fogem às medições <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em mesoescala, e a<br />

dimensão vertical <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> é frequentemente ignora<strong>da</strong> (WANG;<br />

BOSCH; KUFFER, 2008).<br />

2.3.2 Emissões<br />

Nem to<strong>da</strong>s as emissões são <strong>da</strong>nosas – dióxido <strong>de</strong> carbono e compostos <strong>de</strong><br />

nitrogênio, por exemplo, são essenciais para a manutenção <strong>de</strong> processos naturais.<br />

Quando suas concentrações estão excessivamente altas, essas substâncias passam a ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>poluentes</strong>. Na Quadro 2.2 são listados os principais <strong>poluentes</strong> atmosféricos e<br />

suas fontes naturais e artificiais.<br />

Monóxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO), dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO 2 ) e monóxido <strong>de</strong> carbono<br />

(CO), originários <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> combustíveis, são consi<strong>de</strong>rados <strong>poluentes</strong> primários,<br />

enquanto ozônio (O 3 ) e dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO 2 ) formam-se na atmosfera a partir <strong>de</strong><br />

reações químicas envolvendo substâncias precursoras sob os efeitos <strong>da</strong> radiação solar. A<br />

dinâmica <strong>de</strong>sse processo será abor<strong>da</strong><strong>da</strong> adiante.


52<br />

Tipo<br />

Fonte<br />

Natural<br />

Antropogênica<br />

Material Particulado Vulcanismo Combustão<br />

Poeira levanta<strong>da</strong> pelo vento Processos industriais<br />

Meteoros<br />

Spray marinho<br />

Incêndios florestais<br />

Compostos <strong>de</strong> enxofre Bactérias Queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />

Vulcanismo<br />

Processos industriais<br />

Spray marinho<br />

Monóxido <strong>de</strong> Carbono Vulcanismo Motores à combustão interna<br />

Incêndios florestais<br />

Queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />

Dióxido <strong>de</strong> Carbono Vulcanismo Queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />

Animais<br />

Plantas<br />

Hidrocarbonetos Bactérias Motores à combustão interna<br />

Plantas<br />

Compostos <strong>de</strong> Nitrogênio Bactérias Combustão<br />

Quadro 2.2 – Tipos <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e suas fontes.<br />

Fonte: a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Oke (1978, p. 273).<br />

São as principais substâncias <strong>de</strong> interesse:<br />

- Materiais particulados (MP): segundo Oke (1978), 90% <strong>da</strong>s<br />

partículas atmosféricas são oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> processos naturais; as<br />

principais fontes antrópicas estão associa<strong>da</strong>s à combustão (usi<strong>nas</strong><br />

termoelétricas, aquecimento doméstico, incineradores <strong>de</strong> lixo),<br />

processos industriais (em cimenteiras, olarias, fundições e<br />

si<strong>de</strong>rúrgicas) e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção civil. Fontes veiculares <strong>de</strong><br />

materiais particulados são a combustão do óleo diesel e o <strong>de</strong>sgaste<br />

dos pneus e freios.<br />

Os materiais particulados são sólidos ou líquidos com diâmetros <strong>de</strong><br />

0,1 a 100 µm. Partículas maiores que 10 µm compõem a poeira e a<br />

fumaça visível, e são <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>s rapi<strong>da</strong>mente sob ação <strong>da</strong><br />

gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>, causando a maior parte dos problemas próximo às suas


53<br />

fontes. Partículas menores ficam mais tempo suspensas no ar, e sua<br />

dispersão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estado <strong>da</strong> atmosfera. Material particulado<br />

menor do que 10 µm (MP 10 ) po<strong>de</strong> ser inalado e está associado a<br />

asma, problemas cardiovasculares, câncer <strong>de</strong> pulmão e mortes<br />

prematuras (DANNI-OLIVEIRA, 2008). Na legislação brasileira<br />

sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, emprega-se o termo “partículas inaláveis”<br />

(PI) como sinônimo <strong>de</strong> material particulado com diâmetro inferior a<br />

10 µm.<br />

- Compostos <strong>de</strong> enxofre: o enxofre é lançado na atmosfera<br />

principalmente como dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO 2 ), sulfureto <strong>de</strong><br />

hidrogênio (H 2 S) e ácidos sulfuroso (H 2 SO 3 ) e sulfúrico (H 2 SO 4 ),<br />

além <strong>de</strong> sulfatos (sais) na forma <strong>de</strong> material particulado. Cerca <strong>de</strong><br />

dois terços do enxofre atmosférico têm origem natural (ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>s bactérias); as emissões antropogênicas são, em sua maioria, SO 2 ,<br />

originário <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis (carvão mineral e óleo<br />

diesel), si<strong>de</strong>rurgia, refinarias <strong>de</strong> petróleo. Fábricas <strong>de</strong> papel e<br />

refinarias <strong>de</strong> petróleo emitem ain<strong>da</strong> gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> H 2 S<br />

(OKE, 1978).<br />

O dióxido <strong>de</strong> enxofre é uma <strong>da</strong>s substâncias regulamenta<strong>da</strong>s pelas<br />

normas nacionais e intenacionais <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, e está<br />

relacionado com doenças respiratórias, irritação dos olhos. Causa<br />

ain<strong>da</strong> o aumento <strong>da</strong> morbi<strong>da</strong><strong>de</strong> e mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> por doenças cardíacas<br />

durante os episódios críticos e está relacionado à chuva áci<strong>da</strong> e à<br />

névoa fotoquímica (DANNI-OLIVEIRA, 2008).<br />

- Óxidos <strong>de</strong> carbono (CO x ): o monóxido <strong>de</strong> carbono (CO) é resultado<br />

<strong>da</strong> combustão incompleta <strong>de</strong> materiais que contém carbono; é um<br />

gás extremamente tóxico que causa mortes por asfixia. Fontes<br />

naturais <strong>de</strong> CO são relativamente peque<strong>nas</strong>, e as principais fontes<br />

antrópicas são os motores <strong>de</strong> combustão interna; segundo Oke<br />

(1978), a emissão <strong>de</strong> CO é concentra<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s e <strong>vias</strong><br />

urba<strong>nas</strong>, <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> veículos, à ventilação<br />

restrita e à baixa eficiência dos motores sob essas condições. O CO é


54<br />

uma <strong>da</strong>s substâncias cujas emissões e concentrações na atmosfera<br />

são regula<strong>da</strong>s pela legislação brasileira.<br />

Por ser essencial à manutenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o dióxido <strong>de</strong> carbono (CO 2 )<br />

não é geralmente consi<strong>de</strong>rado um poluente. Plantas e animais são<br />

fontes naturais <strong>de</strong> CO 2 , e as fontes antrópicas são principalmente a<br />

queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis e biocombustíveis – por esse motivo,<br />

as maiores concentrações <strong>de</strong> CO 2 são encontra<strong>da</strong>s <strong>nas</strong> áreas urba<strong>nas</strong>.<br />

Ao contrário do monóxido <strong>de</strong> carbono, a legislação ambiental<br />

brasileira não traz parâmetros para o controle <strong>da</strong>s emissões e<br />

concentração do CO 2 , embora disposições na recente Política<br />

Nacional sobre Mu<strong>da</strong>nça do Clima já prevêem ações <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s<br />

emissões <strong>de</strong> gases geradores do efeito estufa (BRASIL, 2009).<br />

- Hidrocarbonetos (H C ): a maior parte <strong>da</strong>s emissões <strong>de</strong><br />

hidrocarbonetos tem origem na <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> matéria vegetal; as<br />

emissões antrópicas são relativamente peque<strong>nas</strong>, originando-se <strong>da</strong><br />

queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis e <strong>da</strong> evaporação <strong>de</strong> gasolina. Porém,<br />

alguns hidrocarbonetos são tóxicos à vi<strong>da</strong> animal e vegetal, e têm<br />

papel importante na formação do smog fotoquímico e na geração <strong>de</strong><br />

ozônio na baixa atmosfera. As emissões veiculares <strong>de</strong><br />

hidrocarbonetos são regula<strong>da</strong>s em resolução do Conselho Nacional<br />

do Meio Ambiente (CONAMA).<br />

- Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NO x ): a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> matéria orgânica<br />

no solo e nos oceanos é a fonte <strong>da</strong>s emissões naturais <strong>de</strong> compostos<br />

<strong>de</strong> nitrogênio. A queima <strong>de</strong> combustíveis libera óxido <strong>de</strong> nitrogênio<br />

(NO), uma substância envolvi<strong>da</strong> em vários processos patológicos e<br />

fisiológicos em mamíferos, tanto benéficos como prejudiciais, que<br />

po<strong>de</strong> se tornar tóxica em altas concentrações; na atmosfera, essa<br />

substância se combina rapi<strong>da</strong>mente com ozônio livre, gerando<br />

dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO 2 ), gás marrom amarelado irritante,<br />

tóxico se inalado e causador <strong>de</strong> baixa visibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e oxigênio (O 2 ).<br />

As principais fontes <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio são os veículos, usi<strong>nas</strong>


55<br />

movi<strong>da</strong>s a carvão e a gás natural, e a fabricação <strong>de</strong> fertilizantes e<br />

explosivos.<br />

Na legislação ambiental brasileira, é previsto, por um lado, o<br />

monitoramento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> NO 2 na atmosfera (BRASIL,<br />

1990) e, por outro, a emissão <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio totais (NO x )<br />

pelos veículos automotores (BRASIL, 2002). De maneira geral, se<br />

adota o valor <strong>de</strong> 5% a 10% para a razão NO 2 /NO x . No entanto,<br />

medições ao longo <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s na região <strong>de</strong> Ba<strong>de</strong>n-Württemberg<br />

(Alemanha) mostraram que essa razão po<strong>de</strong> atingir 25% (KESSLER;<br />

NIEDERAU; SCHOLZ, 2006).<br />

- Ozônio (O 3 ): Na baixa atmosfera, o ozônio é gerado em uma reação<br />

fotoquímica envolvendo óxidos <strong>de</strong> nitrogênio, monóxido <strong>de</strong><br />

carbono e hidrocarbonetos; o ozônio é um gás irritante e oxi<strong>da</strong>nte<br />

que também está associado a doenças respiratórias (INSTITUTO...,<br />

2009a). A concentração <strong>de</strong> ozônio na baixa atmosfera é uma <strong>da</strong>s<br />

substâncias <strong>de</strong> monitoramento obrigatório segundo a legislação<br />

ambiental brasileira.<br />

- Outras substâncias: compõem ain<strong>da</strong> a atmosfera urbana uma<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias “exóticas”, nem to<strong>da</strong>s sujeitas a<br />

monitoramento obrigatório pela legislação ambiental. Segundo<br />

Danni-Oliveira (2008, p. 115):<br />

Com a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> indústria, outros e diversificados <strong>poluentes</strong><br />

passaram a compor o ar <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, em <strong>de</strong>corrência não só do aumento<br />

<strong>da</strong> industrialização mundial, como também <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> novos<br />

elementos processados, particularmente <strong>nas</strong> indústrias química e<br />

farmacêutica, como plásticos, fertilizantes, fibras sintéticas, <strong>de</strong>tergentes<br />

e pestici<strong>da</strong>s.<br />

Entre essas substâncias <strong>de</strong>stacam-se os peroxiacil nitratos (PAN), os<br />

al<strong>de</strong>ídos, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, com<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s irritantes e mutagênicas.<br />

O Quadro 2.3 sintetiza as configurações típicas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> quanto a<br />

forma (pontual, linear ou extensa), duração e altura <strong>de</strong> emissão. Enquanto uma aveni<strong>da</strong><br />

ou estra<strong>da</strong> movimenta<strong>da</strong> são bons exemplos <strong>de</strong> fontes lineares, em escalas maiores <strong>de</strong>


56<br />

estudo po<strong>de</strong>-se pensar a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> como uma fonte extensa, forma<strong>da</strong> pela junção <strong>de</strong><br />

múltiplas fontes pontuais individuais.<br />

Forma Duração Altura Exemplo<br />

Pontual Contínua Eleva<strong>da</strong> Chaminé<br />

Solo<br />

Fogueira<br />

Instantânea Eleva<strong>da</strong> Explosão <strong>de</strong> projétil<br />

Solo<br />

Explosão<br />

Linha Contínua Solo Rodovia movimenta<strong>da</strong><br />

Instantânea Eleva<strong>da</strong> Exaustão <strong>de</strong> avião<br />

Extensa Contínua Eleva<strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>; incêndio<br />

florestal<br />

Quadro 2.3 - Configurações típicas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.<br />

Fonte: a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Oke (1978, p. 273).<br />

Estudos recentes <strong>de</strong>monstraram que as emissões veiculares são a fonte mais<br />

importante <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>nas</strong> áreas urba<strong>nas</strong>; esse quadro é agravado pelo crescimento <strong>da</strong><br />

frota nos países em <strong>de</strong>senvolvimento e pelas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s inerentes ao controle <strong>da</strong>s fontes<br />

móveis <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (KIM OAHN et al., 2008; LAU; et al., 2008; INSTITUTO…, 2009a).<br />

No entanto, realizar um inventário <strong>de</strong> emissões veiculares sempre envolve gran<strong>de</strong>s<br />

incertezas; além <strong>da</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> medições, a variação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />

utilização dos veículos, variações na composição química dos combustíveis e outros<br />

fatores aumentam a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> tarefa (RABL, 2002).<br />

O segundo momento do ciclo dos <strong>poluentes</strong> relaciona-se com as condições <strong>da</strong><br />

atmosfera. As melhores condições para dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> por convecção ocorrem<br />

em situações <strong>de</strong> forte instabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando a cama<strong>da</strong> mista é mais profun<strong>da</strong>; por outro<br />

lado, em situações <strong>de</strong> inversão – quando uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar mais quente sobrepõe-se ao ar<br />

resfriado mais próximo ao solo – e quando a cama<strong>da</strong> limite está estável verificam-se as<br />

piores condições <strong>de</strong> dispersão. Nessas condições, a turbulência é suprimi<strong>da</strong> e<br />

efetivamente não há movimento ascen<strong>de</strong>nte (OKE, 1978).<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Oke (1978), inversões po<strong>de</strong>m ocorrer por resfriamento (radiante<br />

ou por evaporação, como no “efeito oásis”), por aquecimento (inversão por subsidência<br />

ou sob a base <strong>da</strong>s nuvens) ou por advecção. Esses mecanismos ganham importância em<br />

meso e macroescala.


57<br />

Os <strong>poluentes</strong> são diluídos ou transportados pelo movimento <strong>da</strong> atmosfera.<br />

Segundo Oke (1978), quando os vórtices são menores que os <strong>da</strong> pluma ou nuvem <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>, ocorre a difusão ou diluição; se os vórtices forem maiores, o efeito é <strong>de</strong><br />

transporte dos <strong>poluentes</strong>. Com fluxo <strong>de</strong> ar, a poluição é difundi<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong> direção do<br />

vento e, através <strong>de</strong> difusão turbulenta dos vórtices, <strong>nas</strong> direções transversal ao vento e<br />

vertical.<br />

A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento influencia a convecção força<strong>da</strong> na cama<strong>da</strong> limite <strong>de</strong>vido<br />

ao cisalhamento interno entre as cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ar, e entre a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar e os elementos <strong>da</strong><br />

superfícies geradores <strong>da</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> significa aumento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

turbulenta e, consequentemente, <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> mista (h*).<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Oke (1978), a direção do vento <strong>de</strong>termina o percurso <strong>de</strong>scrito<br />

pelos <strong>poluentes</strong> após a emissão. Direções <strong>de</strong> ventos particulares po<strong>de</strong>m resultar no<br />

acúmulo <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>de</strong>vido ao alinhamento <strong>de</strong> emissores, além <strong>da</strong> potencial<br />

formação <strong>de</strong> combinações reativas <strong>de</strong> substâncias e o consequentemente <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> secundários a sotavento.<br />

Assim, as condições favoráveis à alta concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> ocorrem com<br />

ventos fracos, quando o transporte horizontal e a difusão por turbulência são<br />

enfraquecidos. Segundo Oke (1978), sob essas condições ten<strong>de</strong>m a se <strong>de</strong>senvolver os<br />

sistemas <strong>de</strong> vento locais (sistema <strong>de</strong> circulação convectiva entre o campo e a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>). Tais<br />

sistemas são particularmnte perigosos, pois existem <strong>de</strong> maneira auto-conti<strong>da</strong> sobre uma<br />

área <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. Os fluxos <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> intra-urbana<br />

convergem sobre o centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (mais aquecido), sobem e direcionam-se para fora,<br />

subsidindo no limite entre área urbana e rural e unindo-se novamente ao fluxo em<br />

direção ao centro. Sob essas condições, ocorre a recirculação dos <strong>poluentes</strong> e pouca troca<br />

<strong>de</strong> ar.<br />

Os <strong>poluentes</strong> são eliminados <strong>da</strong> atmosfera mediante três mecanismos:<br />

assentamento gravitacional, <strong>de</strong>posição a seco e limpeza por precipitação. O primeiro<br />

processo é responsável pela remoção <strong>da</strong> maior parte dos materiais particulados com<br />

diâmetro maior que 1 µm. Material particulado com diâmetro superior a 10 µm (MP 10 ) se<br />

assenta próximo à fonte poucos minutos após a emissão. Poluentes gasosos po<strong>de</strong>m ser<br />

absorvidos pelas partículas e removidos por assentamento gravitacional. A efetiva taxa <strong>de</strong><br />

absorção é afeta<strong>da</strong> por uma série <strong>de</strong> atributos dos <strong>poluentes</strong> e <strong>da</strong>s superfícies, entre eles a


58<br />

abertura estomatal (<strong>da</strong>s folhas <strong>da</strong> vegetação), ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s bactérias no solo, tensão<br />

superficial (sobre superfícies <strong>de</strong> água), atração eletrostática e reações químicas entre os<br />

materiais e os <strong>poluentes</strong> (OKE, 1978).<br />

A limpeza por precipitação é o mecanismo mais eficaz para a remoção <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> gasosos e particulados <strong>de</strong> menor diâmetro <strong>da</strong> atmosfera. Alguns materiais<br />

particulados, carregados pelas correntes ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> convecção, fornecem os núcleos<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação necessários à formação <strong>da</strong>s nuvens; esses <strong>poluentes</strong> são então removidos<br />

<strong>da</strong> atmosfera como gotículas <strong>de</strong> chuva ou cristais <strong>de</strong> gelo. Abaixo <strong>da</strong>s nuvens, a<br />

precipitação também tem papel ativo na remoção dos <strong>poluentes</strong> ao “varrer” essas<br />

substâncias do ar (OKE 1978).<br />

Emissões, concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em um volume <strong>de</strong> ar e os processos <strong>de</strong><br />

remoção são os três elementos principais do mo<strong>de</strong>lo simplificado <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> atmosféricos discutido na próxima subseção.<br />

2.3.3 Dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> na cama<strong>da</strong> limite urbana<br />

Oke (1978) explora as dinâmicas <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> oriundos <strong>de</strong> fontes<br />

individuais, os efeitos do aumento <strong>da</strong> altura do ponto <strong>de</strong> injeção, <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento e<br />

<strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> atmosfera sobre a dispersão dos <strong>poluentes</strong>.<br />

Entretanto, segundo o autor, em áreas urba<strong>nas</strong> a multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fontes tem<br />

como efeito a <strong>de</strong>scaracterização <strong>da</strong>s plumas <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> individuais, que se mesclam em<br />

um nível geral <strong>de</strong> contaminação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> limite (OKE, 1978). Nesse caso, opta-se por<br />

um mo<strong>de</strong>lo simplificado <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s, conforme a Figura 2.11, abaixo:<br />

Figura 2.11 - Mo<strong>de</strong>lo simplificado <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s para a poluição na cama<strong>da</strong> limite.


59<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Oke (1978, p. 293).<br />

€<br />

Nesse mo<strong>de</strong>lo, a “caixa” representa um volume <strong>de</strong> ar sobre uma área com um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> fontes emitindo <strong>poluentes</strong> à taxa X (em kg m -2 s -1 ). Uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

inversão no topo do volume impe<strong>de</strong> a dispersão para cima dos <strong>poluentes</strong> e <strong>de</strong>fine o limite<br />

<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> convecção mista (altura h*). As saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> do volume se dá por <strong>de</strong><br />

processos <strong>de</strong> remoção vertical – assentamento, <strong>de</strong>posição a seco e limpeza– ou por<br />

renovação do ar causa<strong>da</strong> pelo vento à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média ū ao longo <strong>da</strong> altura h*. A não ser<br />

em períodos <strong>de</strong> precipitação, é aceitável assumir que a remoção vertical é <strong>de</strong>sprezível se<br />

compara<strong>da</strong> à remoção por advecção.<br />

Assumindo-se que o ar que a<strong>de</strong>ntra o volume está “limpo”, que a taxa <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> é uniforme, que a substância está bem distribuí<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong> altura h*, e<br />

que a mistura lateral não causa redução na concentração, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir a concentração<br />

média<br />

χ (em kg m -3 ) à distância ∆x (m) do limite a barlavento por meio <strong>da</strong> Equação 2.4:<br />

χ = XΔx<br />

u h ∗ (2.4)<br />

Segundo essa equação, a concentração é diretamente proporcional à taxa <strong>de</strong><br />

emissão e à distância percorri<strong>da</strong> horizontalmente sobre as fontes e inversamente<br />

€<br />

proporcional à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento e à profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> mista; em qualquer<br />

ponto do volume, a concentração irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> emissões e <strong>da</strong>s<br />

condições meteorológicas, que variam ao longo do tempo. Ain<strong>da</strong> segundo Oke (1978), a<br />

taxa <strong>de</strong> emissão X está liga<strong>da</strong> aos padrões diários e sazonais <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s huma<strong>nas</strong>, e o<br />

fator <strong>de</strong> ventilação (produto ūh*) também respon<strong>de</strong> aos controles meteorológicos <strong>da</strong><br />

cama<strong>da</strong> limite e sinópticos. Segundo o mesmo autor, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento (ū) e a<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> mista (h*) são maiores durante o dia. De maneira geral, as<br />

melhores condições para a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> ocorrem durente o dia, e as piores à<br />

noite.<br />

Na aplicação <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo ao estudo <strong>de</strong> cânions ou agrupamentos <strong>de</strong> cânions<br />

urbanos com altura limita<strong>da</strong>, h* po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado “infinitamente gran<strong>de</strong>”, se<br />

esten<strong>de</strong>ndo para além do topo do mo<strong>de</strong>lo. Sob essas circunstâncias, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média<br />

do vento <strong>de</strong>ntro dos cânions se torna a principal variável <strong>de</strong> interesse para o estudo <strong>da</strong><br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.


60<br />

2.4 ESTUDOS SOBRE VENTILAÇÃO E QUALIDADE DO AR NA<br />

CAMADA LIMITE URBANA<br />

Grimmond e Oke (1999) avaliaram metodologias <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>s<br />

características aerodinâmicas <strong>de</strong> áreas urba<strong>nas</strong> – comprimento <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (z 0 ) e altura<br />

do plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento zero (z d ). Todos os métodos <strong>de</strong> estimativa <strong>de</strong>ssas variáveis<br />

avaliados pelos autores tiveram sucesso limitado; ao final do artigo, os autores propõem<br />

uma rotina <strong>de</strong> análise basea<strong>da</strong> em fotos aéreas e estimativa <strong>da</strong>s alturas médias dos<br />

elementos <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> na área <strong>de</strong> interesse. Embora esse estudo não trate diretamente<br />

<strong>da</strong>s questões <strong>de</strong> ventilação em áreas urba<strong>nas</strong>, as consi<strong>de</strong>rações dos autores sobre esses<br />

dois parâmetros, que surgem repeti<strong>da</strong>mente em trabalhos sobre o tema, são importantes,<br />

e evi<strong>de</strong>nciam a insuficiência do conhecimento disponível sobre a questão do<br />

comportamento do vento em áreas urba<strong>nas</strong> <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

As características <strong>de</strong> circulação do ar no interior <strong>de</strong> um cânion urbano foram<br />

estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s mediante medições in loco na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Göteburg, Suécia (ELIASSON et al.,<br />

2006). Os pesquisadores usaram sensores <strong>de</strong> baixo tempo <strong>de</strong> resposta, permitindo o<br />

<strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong> dinâmica <strong>da</strong> formação e dissolução dos vórtices <strong>de</strong>ntro do cânion. O<br />

estudo procurou compreen<strong>de</strong>r, e também <strong>de</strong>talhar, a razão entre a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> vertical e a<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atrito (u*), importante para a mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.<br />

Danni-Oliveira (2000; 2008; 2009) analisou aspectos históricos <strong>da</strong> poluição do ar<br />

<strong>nas</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, seus efeitos sobre a saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> população urbana. Avaliou também os<br />

parâmetros brasileiros <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, comparando-os aos valores adotados nos<br />

Estados Unidos e na Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Européia. A autora estudou a influência <strong>da</strong>s<br />

características ecológicas e <strong>da</strong> morfologia urbana <strong>de</strong> Curitiba sobre as concentrações <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O estudo <strong>de</strong> Hang, Sandberg e Li (2009) se valeu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo numérico (software<br />

Fluent 6.2) e maquete em escala em um túnel <strong>de</strong> vento para a análise <strong>de</strong> formas urba<strong>nas</strong><br />

típicas do Império Romano. As medições <strong>de</strong> pressão no túnel <strong>de</strong> vento foram usa<strong>da</strong>s para<br />

vali<strong>da</strong>r o mo<strong>de</strong>lo computacional. Foram avalia<strong>da</strong>s quatro formas urba<strong>nas</strong>, e duas<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> construção (número <strong>de</strong> ruas) para ca<strong>da</strong> uma, com incidência<br />

<strong>de</strong> ventos paralelamente à rua principal e em ângulos <strong>de</strong> 15º, 30º ou 45º. Quanto às<br />

condições <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>, os autores <strong>de</strong>dicam atenção às trocas no nível do


61<br />

telhado, além do fluxo para <strong>de</strong>ntro e fora dos cânion. Os resultados <strong>da</strong>s simulações<br />

apontaram que ventos oblíquos contribuem para maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ruas.<br />

Jensionek e Bruse (2003?) empregaram o mo<strong>de</strong>lo ENVI-met para avaliar, por<br />

meio <strong>de</strong> simulações, os comportamentos microclimáticos <strong>de</strong> quatro diferentes<br />

organizações urba<strong>nas</strong>, com especial interesse sobre os efeitos <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong><br />

arborização. Foram analisa<strong>da</strong>s quatro classes <strong>de</strong> construções: bloco, linha, ponto e<br />

edificação isola<strong>da</strong> em lote individual. O estudo avaliou diferentes morfologias,<br />

consi<strong>de</strong>rando parâmetros como a geometria dos edifícios, o espaçamento entre eles e o<br />

recuo dos edifícios em relação à rua, entre outros.<br />

As principais variáveis analisa<strong>da</strong>s foram a concentração <strong>de</strong> material particulado<br />

(MP 10 ) e a temperatura do ar. No entanto, os autores não discutem aspectos <strong>de</strong> calibração<br />

do mo<strong>de</strong>lo, nem a inserção <strong>da</strong>s fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. Os resultados <strong>da</strong>s simulações<br />

sugerem que a concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos fundos dos lotes (áreas não edifica<strong>da</strong>s) é<br />

significativamente menor que próximo à rua, mas que a presença <strong>de</strong> vegetação ten<strong>de</strong> a<br />

aumentar a concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos cânions, <strong>de</strong>vido à redução <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

vento e do fechamento do topo do cânion pelas copas <strong>da</strong>s árvores.<br />

Enquanto iniciativas como o Programa <strong>de</strong> Controle <strong>da</strong> Poluição do Ar por<br />

Veículos Automotores (PROCONVE) estabelecem limites para as emissões veiculares em<br />

condições i<strong>de</strong>aliza<strong>da</strong>s, alguns estudos tentaram <strong>de</strong>terminar essas taxas <strong>de</strong> emissão no<br />

“mundo real”. Kim Oahn et al. (2008) combinaram medições <strong>de</strong> NO X , CO e<br />

hidrocarbonetos com estatísticas <strong>de</strong> tráfego (contagem <strong>de</strong> veículos e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média),<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> tailan<strong>de</strong>sa <strong>de</strong> Bangkok, em uma tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os volumes <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

substância emitidos por ca<strong>da</strong> classe <strong>de</strong> veículo. A abor<strong>da</strong>gem teve sucesso limitado, mas<br />

sugere que as taxas <strong>de</strong> emissão em condições reais <strong>de</strong> circulação são maiores que as<br />

registra<strong>da</strong>s em ensaios padronizados. O estudo não traz a comparação entre os valores<br />

medidos e as normas locais para controle <strong>da</strong> emissões veiculares.<br />

Lau et al. (2008) <strong>de</strong>monstraram que as contribuições <strong>da</strong>s emissões veiculares<br />

para a poluição do ar em Hong Kong são significativas. Médias horárias <strong>de</strong> concentração<br />

<strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (SO 2 , NO 2 , NO x , material particulado) em três estações urba<strong>nas</strong>, três<br />

estações ao longo <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s e uma estação rural, obti<strong>da</strong>s ao longo <strong>de</strong> sete anos, foram


62<br />

analisa<strong>da</strong>s. Exceto para o dióxido <strong>de</strong> enxofre, foi <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> a correlação positiva entre<br />

as concentrações <strong>da</strong>s substâncias e o volume <strong>de</strong> tráfego.<br />

Abrangendo uma quadra do Setor Comercial Sul (SCS) <strong>de</strong> Brasília, o estudo <strong>de</strong><br />

Romero et. al. (2007) empregou dois pacotes <strong>de</strong> software: Ecotect (para estudos <strong>de</strong><br />

insolação) e MicroFlo (mo<strong>de</strong>lo CFD, usado para simulação dos ventos). Segundo as<br />

autoras, como <strong>de</strong>monstraram as simulações, a disposição dos edifícios prejudica<br />

ventilação do SCS, barrando os ventos dominantes do leste e gerando regiões sem<br />

ventilação ou on<strong>de</strong> esta é <strong>de</strong>ficiente, afetando as condições <strong>de</strong> conforto <strong>nas</strong> áreas exter<strong>nas</strong>.<br />

Um estudo comparativo <strong>da</strong>s influências <strong>da</strong> distribuição dos edifícios sobre as condições<br />

<strong>de</strong> ventilação foi realizado, usando-se o software MicroFlo. Todos os cenários<br />

consi<strong>de</strong>raram edifícios prismáticos <strong>de</strong> planta retangular, veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> 2 m.s -1 .<br />

Foram avalia<strong>da</strong>s três configurações (situação atual, edifícios com maior dimensão no<br />

sentido do comprimento <strong>da</strong> quadra, ocupação com os edifícios em ziguezague). No<br />

entanto, não houve preocupação <strong>de</strong> calibração do mo<strong>de</strong>lo. Ain<strong>da</strong> que breve, o estudo<br />

<strong>de</strong>monstra possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> condições microclimáticas mediante simulação,<br />

mas não traz orientações sobre a integração dos resultados <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> insolação aos<br />

resultados <strong>de</strong> ventilação, o que permitiria a geração <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> conforto térmico<br />

para as áreas exter<strong>nas</strong>.<br />

Ari Rabl (2002) elaborou um estudo comparativo dos custos <strong>de</strong> ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do<br />

uso <strong>de</strong> óleo diesel e gás natural como combustível para os ônibus urbanos na França.<br />

Mo<strong>de</strong>los numéricos foram utilizados para estu<strong>da</strong>r a dispersão dos <strong>poluentes</strong> (software<br />

EcoSense) e para a estimativa dos impactos sobre a saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> população, agricultura,<br />

edificações e aquecimento global. O autor estimou os custos financeiros <strong>de</strong>sses impactos e<br />

concluiu que os materiais particulados e os óxidos <strong>de</strong> nitrogênio oriundos <strong>da</strong> queima do<br />

óleo diesel apresentam o maior custo por quilômetro ro<strong>da</strong>do, ressaltando os potenciais<br />

benefícios <strong>da</strong> adoção do gás natural.<br />

Usando o mo<strong>de</strong>lo OSPM 9 , o estudo <strong>de</strong> Wang, Bosch e Kuffer (2008) propôs uma<br />

rotina <strong>de</strong> integração dos resultados <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em microescala<br />

a uma base SIG, <strong>de</strong> maneira a facilitar a visualização e a interpretação dos <strong>da</strong>dos<br />

9<br />

Operational Street Pollution Mo<strong>de</strong>l, ferramenta computacional <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelo Departamento do<br />

Ambiente Atmosférico do Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisa Ambiental <strong>da</strong> Dinamarca, conforme<br />

informações em . Acesso em 24/03/2010.


63<br />

pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais e pelo público em geral. Os autores ressaltam a importância <strong>da</strong><br />

informação <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> pontos problemáticos<br />

(hotspots), merecedores <strong>de</strong> maior atenção.<br />

Empregando o mesmo mo<strong>de</strong>lo, Ben<strong>de</strong>r (2008), em um estudo sobre a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Curitiba, explorou os efeitos dos parâmetros <strong>da</strong> Lei no. 9.800/00 sobre a dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> em um trecho i<strong>de</strong>alizado, criado segundo parâmetros urbanísticos dos Setores<br />

Estruturais. A abor<strong>da</strong>gem adota<strong>da</strong> pela autora foi a comparação entre a morfologia cria<strong>da</strong><br />

segundo a lei anterior (Lei no. 5.234/75), comparando o que era então o cenário presente<br />

com cenários alternativos <strong>de</strong> morfologia urbana. Entre suas conclusões, <strong>de</strong>staca-se o<br />

efeito benéfico do afastamento <strong>de</strong> H/6 sobre a ventilação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos<br />

cânions simulados.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser uma importante variável <strong>nas</strong> simulações <strong>de</strong> dispertsão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>, estudos sobre o perfil <strong>de</strong> tráfego em áreas urba<strong>nas</strong> são inespera<strong>da</strong>mente raros -<br />

muito do que se publica sobre distribuição horária <strong>de</strong> tráfego vem do campo <strong>da</strong> acústica,<br />

como o estudo <strong>de</strong> Mansouri et. al. (2006) sobre o ruído <strong>de</strong> tráfego em áreas centrais <strong>de</strong><br />

Teerã. Em um estudo sobre ruído <strong>de</strong> tráfego em Curitiba, Bortoli (2002) se valeu <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

históricos <strong>de</strong> pressão sonora. Seu estudo mostrou picos <strong>de</strong> tráfego <strong>nas</strong> ruas <strong>da</strong> área central<br />

<strong>de</strong> Curitiba e na Av. Iguaçu (próxima ao Setor Estrutural Sul) entre 12h e 14h, e entre as<br />

17h e 19h.<br />

2.5 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE QUALIDADE DO AR<br />

O controle e monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar no Brasil têm fun<strong>da</strong>mento na<br />

Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1981). Entre outras<br />

providências, essa lei <strong>de</strong>signa o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA –<br />

como órgão <strong>de</strong>liberativo e consultivo do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Cabe ao<br />

CONAMA estabelecer, mediante resoluções, os diferentes parâmetros para<br />

monitoramento e preservação do meio ambiente.<br />

Por intermédio <strong>da</strong> Resolução n. 5/1989 (BRASIL, 1989), o CONAMA instituiu o<br />

Programa Nacional <strong>de</strong> Controle <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ar – PRONAR –, concebido como um<br />

instrumento <strong>de</strong> gestão ambiental, cuja estratégia básica é limitar as emissões por tipos <strong>de</strong><br />

fontes e <strong>poluentes</strong>, sendo os padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar ações complementares <strong>de</strong>


64<br />

controle. Uma interessante proposição <strong>de</strong>ssa resolução é a classificação <strong>da</strong>s áreas do<br />

território nacional em três diferentes categorias (Quadro 2.4). A mesma resolução<br />

estabeleceu os dois padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar – primário e secundário.<br />

Classe<br />

Classe I<br />

Classe II<br />

Classe III<br />

Descrição<br />

Áreas <strong>de</strong> preservação, lazer e turismo on<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser manti<strong>da</strong> a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar em nível o<br />

mais próximo possível do verificado sem intervenção antrópica<br />

Áreas on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar seja limita<strong>da</strong> pelo padrão secundário <strong>de</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento on<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar seja limitado pelo<br />

padrão primário <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Quadro 2.4 - Classificação do território nacional conforme os padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar admissíveis.<br />

Fonte: BRASIL, 1989.<br />

Essa proposta <strong>de</strong> classificação do território nacional ain<strong>da</strong> não foi plenamente<br />

implementa<strong>da</strong>. O texto <strong>de</strong> 1989 <strong>de</strong>termina que uma Resolução específica do mesmo órgão<br />

irá <strong>de</strong>finir as áreas <strong>de</strong> Classe I e III, e as <strong>de</strong>mais áreas serão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Classe II; até<br />

que tal Resolução seja publica<strong>da</strong>, todo o território nacional <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como<br />

pertencente à Classe II (BRASIL, 1989).<br />

A Resolução CONAMA n. 3/1990 (BRASIL, 1990) fixou os conceitos <strong>de</strong> padrão<br />

primário e padrão secundário <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar:<br />

Padrões Primários <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ar são as concentrações <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> que, ultrapassa<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>rão afetar a saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> população. [...]<br />

Padrões Secundários <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ar são as concentrações <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> abaixo <strong>da</strong>s quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o<br />

bem-estar <strong>da</strong> população, assim como o mínimo <strong>da</strong>no à fauna, flora, aos<br />

materiais e a meio ambiente em geral (BRASIL, 1990).<br />

Além <strong>de</strong> fixar esses conceitos, a Resolução estabeleceu os valores máximos 10 <strong>da</strong>s<br />

concentrações <strong>de</strong> substâncias potencialmente nocivas em ca<strong>da</strong> padrão (Tabela 2.4).<br />

10<br />

Sob as condições <strong>de</strong> referência: temperatura <strong>de</strong> 25ºC e a pressão <strong>de</strong> 101,32 kPa.


65<br />

Tabela 2.4 - Padrões primários e secundários <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar.<br />

Poluente<br />

Tempo <strong>de</strong><br />

amostragem<br />

Padrão primário<br />

(µg.m -3 )<br />

Padrão secundário<br />

(µg.m -3 )<br />

Partículas Totais em Suspensão (PTS) 24 horas 240** 150**<br />

1 ano* 80 60<br />

Fumaça 24 horas 150** 100**<br />

1 ano* 60 40<br />

Material Particulado (MP 10 ) 24 horas 150** 150**<br />

1 ano* 50 50<br />

Dióxido <strong>de</strong> Enxofre (SO 2 ) 24 horas 365** 100**<br />

1 ano* 80 40<br />

Monóxido <strong>de</strong> Carbono (CO) 24 hoas 40.000** 40.000**<br />

8 horas 10.000** 10.000**<br />

Ozônio (O 3 ) 1 h 160 160<br />

Dióxido <strong>de</strong> Nitrogênio (NO 2 ) 1 h 320 190<br />

1 ano* 100 100<br />

*Média geométrica para PTS; para as outras substâncias as médias são aritméticas<br />

**Não <strong>de</strong>ve ser excedi<strong>da</strong> mais <strong>de</strong> uma vez por ano<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Brasil (1990).<br />

A Resolução CONAMA n. 3/1990 estabelece, ain<strong>da</strong>, os métodos <strong>de</strong> amostragem<br />

e análise dos <strong>poluentes</strong> atmosféricos, transfere aos Estados a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo<br />

monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, estabelece os níveis <strong>de</strong> “alerta”, “atenção” e<br />

“emergência” para os episódios críticos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, e menciona os Planos<br />

Regionais <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Poluição do Ar.<br />

O programa nacional <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> emissões veiculares, PROCONVE, foi<br />

estabelecido inicialmente em 1986, por meio <strong>da</strong> Resolução CONAMA 18/1986,<br />

aten<strong>de</strong>ndo a preceitos <strong>da</strong> Política Nacional do Meio Ambiente e é regulamentado por<br />

resoluções sucessivas que prevêem limites progressivamente menores <strong>de</strong> emissões para<br />

ca<strong>da</strong> substância (BRASIL, 1993 e 2002). Enquanto Oke (1978) afirma que a principal<br />

estratégia para controle <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> na atmosfera é o controle <strong>da</strong>s<br />

fontes emissoras (em oposição ao sequestro ou remoção <strong>de</strong>ssas substâncias <strong>da</strong> atmosfera),<br />

em casos como o do dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO 2 ), não há correspondência entre as<br />

substâncias cuja emissão é controla<strong>da</strong> pelo PROCONVE e aquelas monitora<strong>da</strong>s como<br />

indicadoras <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar.


66<br />

2.6 POLUENTES E QUALIDADE DO AR NA RMC<br />

O monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba<br />

(RMC) teve início em 1985, com cinco estações <strong>de</strong> coleta. Atualmente, esse trabalho é<br />

realizado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em parceria com as instituições e<br />

empresas responsáveis pela manutenção <strong>da</strong>s estações <strong>de</strong> monitoramento. O IAP publica<br />

relatórios anuais <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na RMC (INSTITUTO..., 2009a).<br />

O sistema contava em 2008 com treze estações <strong>de</strong> monitoramento, concentra<strong>da</strong>s<br />

em Araucária (área industrial) e Curitiba (área industrial, área central e bairro). Uma<br />

<strong>de</strong>ficiência do sistema <strong>de</strong> monitoramento aponta<strong>da</strong> pelo próprio IAP é a ausência <strong>de</strong><br />

equipamento para medição <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono na área central <strong>de</strong> Curitiba.<br />

No ano <strong>de</strong> 2008, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba foi predominantemente<br />

boa, ocorrendo ape<strong>nas</strong> quatro instâncias <strong>de</strong> violação dos limites para NO 2 e O 3 , na estação<br />

Ouvidor Pardinho. Em relação às faixas <strong>de</strong>finidoras do índice <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, a<br />

maioria dos registros <strong>nas</strong> estações Santa Casa e Ouvidor Pardinho indicam boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do ar, ocorrendo algumas instâncias <strong>de</strong> concentrações altas <strong>de</strong> PTS (partículas totais em<br />

suspensão), NO 2 e O 3 , rebaixando a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar para regular. A situação mais<br />

preocupante foi aponta<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> Colombo, on<strong>de</strong> foi registrado o maior número<br />

<strong>de</strong> violações (INSTITUTO..., 2009a); supõe-se que os altos índices <strong>de</strong> material particulado<br />

registrados no município estejam relacionados com a presença <strong>da</strong>s indústrias <strong>de</strong> cal e<br />

cimento ao norte <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Afora essa iniciativa oficial, há poucos estudos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

ar em Curitiba. Danni-Oliveira (2009) estudou a influência dos aspectos geo-ecológicos e<br />

dos atributos urbanos na dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> no inverno através <strong>da</strong> análise <strong>de</strong><br />

amostras coleta<strong>da</strong>s entre 1996 e 1998, em áreas representativas <strong>de</strong> diferentes estruturas<br />

urba<strong>nas</strong>: área central <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>, áreas resi<strong>de</strong>nciais e áreas rurais.


67<br />

Estação Região / bairro Município / categoria Poluentes monitorados<br />

em 2008<br />

Santa Cândi<strong>da</strong><br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial<br />

Assis Automática<br />

Nor<strong>de</strong>ste / Santa<br />

Cândi<strong>da</strong><br />

Oeste / Ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Industrial<br />

Centro / Norte Fazen<strong>da</strong><br />

Velha<br />

Curitiba / bairro SO 2 , NO 2 , O 3<br />

Curitiba / industrial<br />

Araucária / industrial<br />

Interrompi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Junho/2006<br />

SO 2 , NO 2 , O 3 , PTS<br />

Ouvidor Pardinho Centro / Rebouças Curitiba / centro SO 2 , NO 2 , O 3 , PTS, PI<br />

Boqueirão Su<strong>de</strong>ste / Boqueirão Curitiba / bairro Interrompi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Outubro/2007<br />

UEG Centro / Centro Araucária / industrial,<br />

centro<br />

SO 2 , NO 2 , O 3 , CO, PI<br />

CSN-CISA Centro / Nor<strong>de</strong>ste Sabiá Araucária / industrial SO 2 , NO 2 , O 3 , PTS, PI<br />

REPAR<br />

Centro / Nor<strong>de</strong>ste Pátio<br />

Refinaria<br />

Araucária / industrial<br />

SO 2 , NO 2 , O 3 , CO,<br />

PTS, PI<br />

Santa Casa Centro / Centro Curitiba / centro Fumaça, SO 2 , PTS 11<br />

São Sebastião<br />

Assis – Manual<br />

Centro / Leste<br />

Tindiquera<br />

Centro / Norte Vila<br />

Nova<br />

Araucária / bairro Fumaça, SO 2<br />

Araucária / industrial Fumaça, SO 2<br />

Seminário Centro / Norte Sabiá Araucária / industrial,<br />

centro<br />

Colombo Centro / Centro Colombo/ industrial,<br />

centro<br />

Fumaça, SO 2<br />

PTS, PI<br />

Quadro 2.5 - Estações <strong>de</strong> monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar na RMC.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> INSTITUTO... (2009a, p. 20).<br />

O estudo buscava “a compreensão <strong>da</strong> espacialização dos contaminantes no ar na<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> na perspectiva <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r como as feições urbano-topográficas locais articulamse<br />

com os parâmetros <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, e como os mesmos são afetados pela dinâmica<br />

atmosférica regional” (DANNI-OLIVEIRA, 2009, p. 156).<br />

A autora estudou concentrações <strong>de</strong> NO 2 , material particulado e <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />

partículas áci<strong>da</strong>s (SO 4 ); a distribuição <strong>de</strong>ssas substâncias ao longo dos eixos amostrais<br />

evi<strong>de</strong>nciou efeitos <strong>da</strong> morfologia urbana e do uso do solo: maior concentração <strong>de</strong><br />

partículas áci<strong>da</strong>s e material particulado na região <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong> Curitiba (CIC),<br />

11<br />

O relatório apresenta os resultados do monitoramento <strong>de</strong> NO 2 na estação Santa Cândi<strong>da</strong>. Foi tentado<br />

contato com o IAP, buscando a confirmação <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos, sem resposta à época <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção.


68<br />

gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO 2 na área <strong>da</strong> estação rodoferroviária. A comparação entre<br />

duas áreas <strong>de</strong> uso resi<strong>de</strong>ncial – Bigorrilho e Água Ver<strong>de</strong>, fortemente verticalizados, e o<br />

Pilarzinho, caracterizado pela menor <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação, com residências <strong>de</strong> até dois<br />

pavimentos e mais áreas ver<strong>de</strong>s – também apontou maior concentração <strong>de</strong>ssa substância<br />

<strong>nas</strong> áreas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seu estudo é anterior à adoção do afastamento <strong>de</strong> H/6, e<br />

entre as conclusões <strong>da</strong> autora <strong>de</strong>staca-se:<br />

A forma-tipo adota<strong>da</strong> nos referidos Eixos [Estruturais] atuou muito<br />

mais no sentido <strong>de</strong> concentrar e canalizar <strong>poluentes</strong> do que no sentido<br />

<strong>de</strong> promover a dispersão dos mesmos por efeito do canyon <strong>da</strong>s<br />

edificações. O a<strong>de</strong>nsamento por meio <strong>da</strong>s edificações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s torres<br />

resi<strong>de</strong>nciais [...] sem a manutenção dos recuos entre os prédios [...] não<br />

favoreceu a dispersão dos <strong>poluentes</strong>, que é agrava<strong>da</strong> pelo fato <strong>de</strong><br />

induzirem a geração <strong>de</strong> contaminantes pelo aumento do fluxo <strong>de</strong><br />

veículos. (DANNI-OLIVEIRA, 2009, p. 172).<br />

Em todos os locais estu<strong>da</strong>dos, constatou-se que as situações <strong>de</strong> menor incidência<br />

<strong>de</strong> ventos foram favoráveis à elevação dos índices <strong>da</strong>s substâncias monitora<strong>da</strong>s. No<br />

relatório do IAP, apontam-se os meses <strong>de</strong> março a setembro como os <strong>de</strong> maior ocorrência<br />

<strong>de</strong> condições <strong>de</strong>sfavoráveis à dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (INSTITUTO..., 2009a). A série<br />

histórica <strong>de</strong> condições meteorológicas (GOULART; LAMBERTS; FIRMINO, 1998)<br />

aponta menores veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> vento para os meses <strong>de</strong> março a agosto, e<br />

predomínio <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> calmaria em maio e junho. Tratam-se dos meses <strong>de</strong> outono e<br />

inverno, em que o <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong>s temperaturas e a menor disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação solar<br />

favorecem a ocorrência <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> inversão térmica. Esses fatores, conjugados,<br />

limitam a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> turbulência mista, criando condições <strong>de</strong>sfavoráveis<br />

<strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.


70<br />

3 METODOLOGIA<br />

Esse capítulo apresenta os equipamentos, métodos e o pacote <strong>de</strong> software<br />

empregados nessa pesquisa. Com o objetivo <strong>de</strong> avaliar os impactos <strong>da</strong> morfologia urbana<br />

sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em áreas do Setor Estrutural e do Ecoville, optou-se pela<br />

comparação entre cenário atual e cenário alternativo, em uma pesquisa experimental<br />

aplica<strong>da</strong> composta pelas fases: pesquisa <strong>de</strong> campo, confecção dos mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong><br />

estudo, teste do cenário atual, simulação <strong>de</strong> cenário alternativo e comparação entre os<br />

dois cenários. Apesar <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer mo<strong>de</strong>lo em reproduzir a<br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a simulação numérica permite a avaliação <strong>de</strong> cenários ten<strong>de</strong>nciais e alternativos<br />

com mínimo dispêndio <strong>de</strong> tempo e recursos. No entanto, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as limitações inerentes ao<br />

método <strong>de</strong> simulação, todos os resultados <strong>de</strong>vem ser compreendidos como indicadores <strong>de</strong><br />

tendências.<br />

Foi adota<strong>da</strong> uma abor<strong>da</strong>gem preditiva <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> vento e sua influência<br />

sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos cânions urbanos estu<strong>da</strong>dos. Para isso, foi utilizado o<br />

mo<strong>de</strong>lo ENVI-met (<strong>de</strong>senvolvido na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mainz, Alemanha), peça central <strong>de</strong><br />

um processo <strong>de</strong> simulação que envolve <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> diversas fontes: climáticos (INMET e<br />

UWYO, além <strong>de</strong> medições in loco), características <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho urbano e ocupação do solo<br />

(obtidos <strong>da</strong> PMC, imagens <strong>de</strong> satélite e levantamento in loco) e inventário <strong>de</strong> tráfego; o<br />

fluxo <strong>de</strong> trabalho é apresentado <strong>de</strong> forma gráfica na Figura 3.1.<br />

Entre as ferramentas <strong>de</strong> software para a simulação <strong>de</strong> ventilação e <strong>de</strong> efeitos<br />

microclimáticos do <strong>de</strong>senho urbano, o ENVI-met <strong>de</strong>staca-se por se tratar <strong>de</strong> um pacote<br />

gratuito capaz <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r tanto com a ventilação quanto com a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e<br />

partículas, além <strong>de</strong> aspectos <strong>de</strong> conforto térmico. Outros pacotes <strong>de</strong> software, por<br />

exemplo Fluent e o WinOSPM, requerem a compra <strong>de</strong> licenças <strong>de</strong> uso; <strong>da</strong><strong>da</strong> sua relativa<br />

facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, o mo<strong>de</strong>lo ENVI-met tem atraído crescente atenção dos pesquisadores<br />

em climatologia urbana, embora sejam ain<strong>da</strong> raros os trabalhos que se utilizem <strong>de</strong>sse<br />

mo<strong>de</strong>lo para análise <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.


71<br />

Figura 3.1 – Fluxograma - resumo do fluxo <strong>de</strong> trabalho.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Os <strong>da</strong>dos coletados <strong>nas</strong> medições e levantamentos <strong>de</strong> campo e documentais<br />

alimentaram o mo<strong>de</strong>lo numérico ENVI-met. Especial atenção foi <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à calibração<br />

do mo<strong>de</strong>lo, buscando-se a convergência entre as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s e<br />

previstas. Após a etapa <strong>de</strong> calibração, produziram-se os cenários <strong>de</strong> simulação; uma vez<br />

processados, os campos <strong>de</strong> vento e <strong>de</strong> concentrações <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> foram analisados<br />

comparativamente, buscando-se relações entre a morfologia urbana e suas interações com<br />

as condições climáticas e as concentrações <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NO x ) resultantes<br />

<strong>de</strong>ssas interações. Concentrações <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> simula<strong>da</strong>s foram plota<strong>da</strong>s no formato <strong>de</strong>


72<br />

mapas e histogramas para a visualização <strong>da</strong> gama <strong>de</strong> concentrações presentes na área <strong>de</strong><br />

estudo.<br />

Na concepção dos cenários <strong>de</strong> simulação, foram leva<strong>da</strong>s em consi<strong>de</strong>ração: a<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> e direção típicas <strong>de</strong> vento para Curitiba, os volumes <strong>de</strong> tráfego, a tipologia <strong>de</strong><br />

construção e o afastamento <strong>da</strong>s edificações <strong>da</strong>s divisas do lote, esses dois últimos<br />

parâmetros consoli<strong>da</strong>dos na forma <strong>da</strong>s leis <strong>de</strong> uso e ocupação do solo.<br />

O fluxo <strong>de</strong> trabalho foi testado em um estudo piloto na área central <strong>de</strong> Curitiba<br />

(RASIA; KRÜGER, 2010). A experiência <strong>da</strong>quele estudo piloto informou os ajustes nos<br />

procedimentos e equipamentos para a pesquisa aqui apresenta<strong>da</strong>. Os trechos <strong>de</strong> medição<br />

e simulação selecionados são áreas consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s representativas <strong>da</strong>s ocupações nos dois<br />

Setores estu<strong>da</strong>dos. A partir <strong>de</strong>ssa situação <strong>de</strong> controle (ocupação atual), foram feitas<br />

alterações no mo<strong>de</strong>lo, modificando-se a morfologia urbana, e novas simulações foram<br />

executa<strong>da</strong>s; os resultados <strong>de</strong>sses cenários alternativos foram comparados com o cenário<br />

atual. Os resultados <strong>da</strong>s simulações foram finalmente utilizados para respon<strong>de</strong>r as quatro<br />

perguntas <strong>de</strong> pesquisa secundárias:<br />

• Pergunta 1: as condições <strong>de</strong> ventilação nos Setores Estruturais são<br />

suficientes para a garantia <strong>de</strong> salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> e controle <strong>da</strong> exposição dos<br />

moradores às substâncias nocivas?<br />

• Pergunta 2: há diferença <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental entre o Ecoville e os<br />

Setores Estruturais?<br />

• Pergunta 3: o afastamento <strong>de</strong> H/6 melhoraria as condições <strong>de</strong> ventilação e<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores Estruturais?<br />

• Pergunta 4: a adoção do afastamento <strong>de</strong> H/6 reduziria o contraste entre os<br />

Setores Estruturais e e as Zo<strong>nas</strong> Resi<strong>de</strong>nciais (ZR-4) lin<strong>de</strong>iras?<br />

Nas próximas pági<strong>nas</strong>, é apresenta<strong>da</strong> a caracterização climática <strong>da</strong> área <strong>de</strong><br />

estudo, são <strong>de</strong>scritas em <strong>de</strong>talhes as etapas do trabalho, a arquitetura, as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

limites do mo<strong>de</strong>lo numérico, os instrumentos utilizados, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />

plataforma <strong>de</strong> medição, e os processos <strong>de</strong> calibração do mo<strong>de</strong>lo e confecção dos cenários.


73<br />

3.1 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA ÁREA DE ESTUDO<br />

Curitiba encontra-se na região sul do Brasil, latitu<strong>de</strong> 25° 31’ S, longitu<strong>de</strong> 49° 11’<br />

W e altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 917m acima do nível do mar. Abrange uma área <strong>de</strong> 435 km² e possui uma<br />

população <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 1.800.000 habitantes (INSTITUTO..., 2009b). A ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

situa-se ao sul do Trópico <strong>de</strong> Capricórnio, no primeiro planalto paranaense. De acordo<br />

com a classificação <strong>de</strong> Köppen-Geiger, o clima <strong>de</strong> Curitiba é predominantemente<br />

mesotérmico com verões frescos (Cfb), com invernos tipicamente secos (INSTITUTO...,<br />

2009c). As precipitações são <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1600 mm anuais, com sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte<br />

(redução do volume <strong>de</strong> precipitação no inverno). Segundo o Zoneamento Bioclimático<br />

Brasileiro (Parte 3 <strong>da</strong> NBR-15220) (ASSOCIAÇÃO..., 2004), Curitiba está na Zona<br />

Bioclimática I, a mais fria <strong>da</strong>s oito zo<strong>nas</strong>.<br />

O clima <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Curitiba é controlado pelas massas <strong>de</strong> ar Tropical Atlântica<br />

(MTA), Tropical Continental (MTC) e Polar Atlântica, estando também sujeito aos<br />

efeitos <strong>da</strong> Massa Tropical Marítima (MTm). No verão, é marcado também o efeito <strong>da</strong><br />

Massa Equatorial Continental (MEC) (MONTEIRO; DANNI-OLIVEIRA, 2009).<br />

Medições meteorológicas oficiais são realiza<strong>da</strong>s pelo INMET em uma estação no<br />

Centro Politécnico <strong>da</strong> UFPR, na região leste <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. A análise dos registros climáticos<br />

<strong>de</strong> Curitiba (GOULART; LAMBERTS; FIRMINO, 1998) mostra que a direção <strong>de</strong> vento<br />

predominante para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> é Leste, com direções secundárias Su<strong>de</strong>ste (<strong>de</strong> novembro a<br />

abril) e Nor<strong>de</strong>ste (<strong>de</strong> maio a outubro). A temperatura máxima entre as médias mensais é<br />

26ºC e a mínima entre as médias mensais é 7,4ºC. Os ventos dominantes sopram <strong>de</strong> leste<br />

e nor<strong>de</strong>ste, no período <strong>de</strong> maio a setembro, e <strong>de</strong> leste e su<strong>de</strong>ste, no período <strong>de</strong> outubro a<br />

abril, com média anual <strong>de</strong> 3,1 m.s -1 , e médias mensais variando entre 2,3 m.s -1 (no mês <strong>de</strong><br />

maio) e 3,7 m.s -1 (no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro). A umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa média é <strong>de</strong> 85%, com valores<br />

mensais variando entre 83% e 86% (GOULART; LAMBERTS; FIRMINO, 1998).<br />

Por simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, simulações foram executa<strong>da</strong>s para os meses <strong>de</strong> março (meia<br />

estação), junho (inverno) e <strong>de</strong>zembro (verão); esses meses abrangem as direções<br />

predominantes <strong>de</strong> vento – Leste, Su<strong>de</strong>ste e Nor<strong>de</strong>ste (Gráfico 3.1, Gráfico 3.2, Gráfico<br />

3.3). A Tabela 3.1 resume as condições predominantes <strong>de</strong> vento (direção, veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

frequência). Trabalhou-se com o valor médio mensal <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento, além <strong>de</strong><br />

dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo.


74<br />

Gráfico 3.1 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o mês <strong>de</strong> Março.<br />

Fonte: autoria própria a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Goulart; Lamberts; Firmino (1998, p. 81).<br />

Gráfico 3.2 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o mês <strong>de</strong> Junho.<br />

Fonte: autoria própria a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Goulart; Lamberts; Firmino (1998, p. 81).


75<br />

Gráfico 3.3 – Registros <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento maior que 0 ms -1 , por azimute, para o mês <strong>de</strong> Dezembro.<br />

Fonte: autoria própria a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Goulart; Lamberts; Firmino (1998, p. 81).<br />

Tabela 3.1 - Frequencia <strong>de</strong> vento por direção para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba.<br />

1o Predominante 2o Predominante Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> Calmaria<br />

média<br />

Mês Direção No. registros Direção No. registros<br />

No. registros<br />

(m.s-1)<br />

Janeiro L 2678 SE 1041 3,30 1183<br />

Fevereiro L 2293 SE 990 3,20 1183<br />

Março L 2557 SE 985 3,10 1430<br />

Abril L 2311 SE 989 2,90 1676<br />

Maio L 1762 NE 733 2,30 2539<br />

Junho L 1681 NE 926 2,60 2047<br />

Julho L 1956 NE 1046 2,90 1888<br />

Agosto L 2110 NE 1117 3,00 1601<br />

Setembro L 2625 NE 967 3,40 1174<br />

Outubro L 3156 NE 947 3,60 1001<br />

Novembro L 3074 SE 1049 3,60 869<br />

Dezembro L 3093 SE 1073 3,80 870<br />

Fonte: a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Goulart; Lamberts; Firmino (1998, p. 80).


76<br />

Os <strong>da</strong>dos históricos <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa mostram pouca variação ao longo do<br />

ano. Adotaram-se os valores médios mensais para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (GOULART; LAMBERTS;<br />

FIRMINO, 1998) , resumidos na Tabela 3.2:<br />

Tabela 3.2 - Dados típicos <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa para fins <strong>de</strong> simulação.<br />

Mês UR (%)<br />

Janeiro 85%<br />

Fevereiro 86%<br />

Março 86%<br />

Abril 86%<br />

Maio 85%<br />

Junho 85%<br />

Julho 84%<br />

Agosto 83%<br />

Setembro 85%<br />

Outubro 86%<br />

Novembro 84%<br />

Dezembro 85%<br />

Fonte: a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Goulart, Lamberts, Firmino (1998, p. 78).<br />

O mo<strong>de</strong>lo ENVI-met exige ain<strong>da</strong> a inclusão <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> atmosfera a 2500<br />

m nos <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>. Segundo o manual do programa, esse é o valor potencial <strong>da</strong><br />

temperatura a 2500 m (ENVI-MET, 2009) ou seja, são <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados todos os efeitos<br />

<strong>da</strong> pressão atmosférica – na prática, adota-se, para a temperatura inicial a 2500 m, a<br />

temperatura registra<strong>da</strong> na estação meteorológica a 2 m <strong>de</strong> altura. Bruse (HOW TO, 2010)<br />

recomen<strong>da</strong> a adoção do valor médio <strong>da</strong> temperatura <strong>de</strong> bulbo seco <strong>nas</strong> últimas 24 a 48 h.<br />

O valor adotado para a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> específica, 5,42 g/kg a 2500 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, é uma<br />

média obti<strong>da</strong> por amostragem <strong>da</strong>s son<strong>da</strong>gens atmosféricas publica<strong>da</strong>s pela UWYO<br />

(ATMOSPHERIC, 2011). A Tabela 3.3 resume os valores adotados:


77<br />

Tabela 3.3- Temperatura inicial <strong>da</strong> atmosfera e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> específica a 2500m adotados para fins <strong>de</strong><br />

simulação.<br />

Mês TBS média (ºC)* Temperatura<br />

inicial <strong>da</strong><br />

atmosfera (K)<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica (g/kg)<br />

Janeiro 20,0 293,2 5,42<br />

Fevereiro 20,2 293,4 5,42<br />

Março 19,4 292,6 5,42<br />

Abril 17,0 274,5 5,42<br />

Maio 14,3 287,5 5,42<br />

Junho 12,9 286,1 5,42<br />

Julho 12,6 285,8 5,42<br />

Agosto 13,8 287,0 5,42<br />

Setembro 15,3 288,5 5,42<br />

Outubro 16,3 289,5 5,42<br />

Novembro 17,9 291,1 5,42<br />

Dezembro 19,0 292,2 5,42<br />

*Temperatura <strong>de</strong> Bulbo Seco na superfície<br />

Fonte: Elaborado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Goulart, Lamberts, Firmino (1998) e Atmospheric<br />

(2011).<br />

A Tabela 3.4 traz o resumo dos parâmetros climáticos usados como entra<strong>da</strong>s do<br />

mo<strong>de</strong>lo. O mês <strong>de</strong> março representa condições em meia estação; o valor <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vento, <strong>de</strong> 3,10 m.s -1 , equivale ao valor médio anual, segundo os <strong>da</strong>dos históricos. Além <strong>da</strong><br />

condição predominante <strong>de</strong> vento Leste, foi executado também o cenário secundário <strong>de</strong><br />

ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

O mês <strong>de</strong> junho representa as condições <strong>de</strong> inverno, com a menor veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vento média mensal entre os três períodos selecionados. Para o mês <strong>de</strong> junho, foram<br />

concebidos cenários <strong>de</strong> vento Leste, Nor<strong>de</strong>ste e duas situações <strong>de</strong> vento mínimo, com<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,30 m.s -1 .<br />

O mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro representa as condições <strong>de</strong> verão, com a maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

média <strong>de</strong> vento mensal. Para esse mês, foram concebidos os cenários <strong>de</strong> ventos <strong>de</strong> Leste e<br />

<strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.


78<br />

Tabela 3.4 - Resumo dos parâmetros climáticos para fins <strong>de</strong> simulação.<br />

Mês Cenário ū @ 10m Az UR (%) TBS<br />

média<br />

(ºC)*<br />

Temperatura<br />

inicial <strong>da</strong><br />

atmosfera (K)<br />

Março Leste 3,10 90º 86% 19,4 292,6 5,42<br />

Su<strong>de</strong>ste 3,10 135º 86% 19,4 292,6 5,42<br />

Junho Leste 2,60 90º 85% 12,9 286,1 5,42<br />

Nor<strong>de</strong>ste 2,60 45º 85% 12,9 286,1 5,42<br />

Leste-Mínimo 0,30 90º 85% 12,9 286,1 5,42<br />

Nor<strong>de</strong>ste-Mínimo 0,30 45º 85% 12,9 286,1 5,42<br />

Dezembro Leste 3,80 90º 85% 19,0 292,2 5,42<br />

Su<strong>de</strong>ste 3,80 90º 85% 19,0 292,2 5,42<br />

*Temperatura <strong>de</strong> Bulbo Seco na superfície<br />

Fonte: Elaborado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Goulart, Lamberts, Firmino (1998) e Atmospheric<br />

(2010).<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica<br />

(g/kg)<br />

3.2 DESCRIÇÃO DA FERRAMENTA ENVI-MET<br />

ENVI-met é uma ferramenta <strong>de</strong> simulação microclimática projeta<strong>da</strong> para avaliar<br />

as interações entre plantas, superfícies e o ar em escalas espaciais <strong>de</strong> 0,5 a 10 m e escala<br />

temporal <strong>de</strong> 10 segundos, e está em <strong>de</strong>senvolvimento contínuo pelo Prof. Dr. Michal<br />

Bruse e equipe, do Grupo <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>lagem Ambiental, Instituto <strong>de</strong> Geografia <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Mainz, Alemanha.<br />

Segundo os <strong>de</strong>senvolvedores do software (ENVI-MET, 2009), o mo<strong>de</strong>lo é capaz<br />

<strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com os aspectos <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> ar em torno <strong>de</strong> e entre edifícios, turbulência e<br />

dispersão <strong>de</strong> partículas e substâncias. Apesar <strong>da</strong> crescente adoção <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo e sua<br />

facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso, ain<strong>da</strong> há carência <strong>de</strong> estudos que confrontam medições em campo e<br />

resultados preditos através <strong>da</strong> simulação 12 .<br />

To<strong>da</strong>s as simulações foram executa<strong>da</strong>s no ENVI-met versão 3.1 beta 4 (versão<br />

corrente no momento <strong>da</strong> re<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>ssa dissertação), executa<strong>da</strong> em plataforma MS<br />

12<br />

Para uma revisão <strong>da</strong>s equações usa<strong>da</strong>s no mo<strong>de</strong>lo, ver Bruse e Fleer (2003) e Ali-Tou<strong>de</strong>rt (2005). São<br />

exemplos <strong>de</strong> estudos sobre conforto térmico na cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobertura urbana empregando o mo<strong>de</strong>lo<br />

ENVI-met: Ali-Tou<strong>de</strong>rt (2005), Han, Mun e Huh (2007), Spangenberg et al. (2008), Hedquist et al. (2009),<br />

Krüger, Pearlmutter e Rasia (2009).


79<br />

Windows Vista Home Basic. Foi utilizado um computador <strong>de</strong> mesa com processador<br />

Intel Core2Duo 2.66GHz e 2GB <strong>de</strong> memória RAM.<br />

3.2.1 Arquitetura do mo<strong>de</strong>lo e fluxo <strong>de</strong> trabalho<br />

O mo<strong>de</strong>lo ENVI-met utiliza vários arquivos em formato <strong>de</strong> texto ASCII para a<br />

entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos (ENVI-MET, 2009). Os resultados são exportados em formato binário<br />

ou ASCII; os arquivos utilizados são: area input file (arquivo <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> área, extensão<br />

.IN), configuration file (arquivo <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> simulação, extensão .CF),<br />

SOURCES.DAT (configuração e intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>),<br />

PLANTS.DAT (base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> vegetação), além <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> arquivos <strong>de</strong> saí<strong>da</strong>. Ca<strong>da</strong><br />

um <strong>de</strong>sses formatos <strong>de</strong> arquivo é discutido a seguir:<br />

3.2.1.1 Area input file (.IN):<br />

Arquivo gerado no software <strong>de</strong> edição (Eddi), a partir <strong>da</strong> planta ca<strong>da</strong>stral,<br />

imagens <strong>de</strong> satélite e levantamento in loco (Figura 3.2). Esse arquivo inclui as informações<br />

geométricas (arruamento, edificações, revestimentos <strong>de</strong> piso, vegetação) e geográficas<br />

(latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>, orientação em relação ao Norte), além <strong>de</strong> alguns parâmetros <strong>de</strong><br />

configuração (extensão do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, dimensão <strong>da</strong> malha).<br />

Enquanto o Eddi oferece uma interface gráfica para a edição do arquivo <strong>de</strong><br />

entra<strong>da</strong>, este se trata <strong>de</strong> um arquivo <strong>de</strong> texto ASCII que po<strong>de</strong> também ser modificado em<br />

qualquer editor <strong>de</strong> texto.


80<br />

Figura 3.2 - Arquivo <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no editor Eddi, com indicações <strong>de</strong> vegetação e edificações e planta<br />

ca<strong>da</strong>stral como imagem <strong>de</strong> fundo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

3.2.1.2 Configuration file (.CF):<br />

Arquivo <strong>de</strong> texto que traz as informações para inicialização do mo<strong>de</strong>lo. Inclui<br />

<strong>da</strong>dos meteorológicos (veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e direção do vento a 10 m <strong>de</strong> altura, temperatura inicial<br />

<strong>da</strong> atmosfera a 2500 m, umi<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta a 2500 m, rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> superficial – z 0 -,<br />

temperatura e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> do solo), <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s edificações (albedo 13 , transmitância <strong>da</strong>s<br />

pare<strong>de</strong>s e cobertura, temperatura interna), informações sobre fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

(natureza <strong>da</strong> substância, massa específica, diâmetro <strong>da</strong> partícula), além dos parâmetros <strong>de</strong><br />

execução do mo<strong>de</strong>lo (hora inicial, tempo <strong>de</strong> simulação, intervalos <strong>de</strong> atualização,<br />

intervalo <strong>de</strong> gravação dos <strong>da</strong>dos simulados, local <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino para a gravação, entre<br />

outros). A Figura 3.3 reproduz um arquivo <strong>de</strong> configuração.<br />

Durante a etapa <strong>de</strong> calibração do mo<strong>de</strong>lo, são usados os <strong>da</strong>dos meteorológicos<br />

obtidos do INMET – temperatura inicial <strong>da</strong> atmosfera, umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa a 2m, direção e<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento – e <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Wyoming (UWYO) – umi<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta a<br />

13<br />

Razão entre a radiação eletromagnética refleti<strong>da</strong> (direta ou difusa) e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação inci<strong>de</strong>nte<br />

para <strong>de</strong>terminado comprimento ou faixa <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> on<strong>da</strong>.


81<br />

2500m – correspon<strong>de</strong>ntes aos dias <strong>de</strong> monitoramento em campo 14 . Para a concepção dos<br />

cenários <strong>de</strong> simulação, são utilizados os <strong>da</strong>dos meteorológicos históricos e um valor<br />

médio para a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> específica a 2500m <strong>de</strong> altura.<br />

%---------------------------------------------ENVI-met Configuration File V1.1<br />

%-----------------------------------------------------------------------------<br />

%MAIN-DATA --------------------------------<br />

Name for Simulation (Text):<br />

=rua Sete <strong>de</strong> Setembro - NOX - jun_AT-Input<br />

file Mo<strong>de</strong>l Area<br />

=F:\P9_SeteDeSetembro\P9-...NOx.in<br />

Filebase name for Output (Text):<br />

=P8_setesete<br />

Output Directory:<br />

=C:\ENVImet Results\085_P8_jun_AT-LM<br />

Start Simulation at Day (DD.MM.YYYY): =22.06.2010<br />

Start Simulation at Time (HH:MM:SS): =6:00:00<br />

Total Simulation Time in Hours: =12:00<br />

Save Mo<strong>de</strong>l State each ? min =60<br />

Wind Speed in 10 m ab. Ground [m/s] =0.3<br />

Wind Direction (0:N..90:E..180:S..270:W..) =90<br />

Roughness Length z0 at Reference Point =0.1<br />

Initial Temperature Atmosphere [K] =286.05<br />

Specific Humidity in 2500 m [g Water/kg air] =5.42<br />

Relative Humidity in 2m [%] =85<br />

Database Plants<br />

=Plants.<strong>da</strong>t<br />

[TIMING]_____________________________________Up<strong>da</strong>te & Save Intervalls<br />

Up<strong>da</strong>te Surface Data each ? sec =60.0<br />

Up<strong>da</strong>te Wind and Turbulence each ? sec =72000<br />

Up<strong>da</strong>te Radiation and Shadows each ? sec =900<br />

Up<strong>da</strong>te Plant Data each ? sec =600<br />

[TURBULENCE]_________________________________Options Turbulence Mo<strong>de</strong>lls<br />

Turbulence Closure ABL (0:diagn.,1:prognos.) =1<br />

Turbulence Closure 3D Mo<strong>de</strong>ll (0,1 see above) =1<br />

Upper Boun<strong>da</strong>ry for e-epsilon (0:clsd.,1:op.) =0<br />

[BUILDING]__________________________________Building properties<br />

Insi<strong>de</strong> Temperature [K] = 293<br />

Heat Transmission Walls [W/m≤K] =1.94<br />

Heat Transmission Roofs [W/m≤K] =6<br />

Albedo Walls =0.2<br />

Albedo Roofs =0.3<br />

[SOILDATA] ______________________________________Settings for Soil<br />

Initial Temperature Upper Layer (0-20 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Middle Layer (20-50 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Deep Layer (below 50 cm)[K]=293<br />

Relative Humidity Upper Layer (0-20 cm) =50<br />

Relative Humidity Middle Layer (20-50 cm) =60<br />

Relative Humidity Deep Layer (below 50 cm) =60<br />

[TIMESTEPS] ____________________________________Dynamical Timesteps<br />

Sun height for switching dt(0) -> dt(1) =40<br />

Sun height for switching dt(1) -> dt(2) =50<br />

Time step (s) for interval 1 dt(0) =10<br />

Time step (s) for interval 2 dt(1) =10.0<br />

Time step (s) for interval 3 dt(2) =10.0<br />

[RECEPTORS] ______________________________________<br />

Save Receptors each ? min =60<br />

[SOURCES] _______________________________________Type of emitted gas/particle<br />

Name of component<br />

=NO<br />

Type of component<br />

=NO<br />

Particle Diameter in [µm] (0 for gas) =0<br />

Particle Density [g/cm≥] =1<br />

Up<strong>da</strong>te interval for emission rate [s] =600<br />

[LBC-TYPES] _______________________________________Types of lateral boun<strong>da</strong>ry conditions<br />

LBC for T and q (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

LBC for TKE (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

Figura 3.3 - Arquivo <strong>de</strong> configuração em formato ASCII.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

14<br />

Como padrão, adotaram-se as son<strong>da</strong>gens atmosféricas às 12h00 GMT (horário <strong>de</strong> Greenwich) publica<strong>da</strong>s<br />

pela UWYO; na ausência <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> temperatura e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> para a altura exata <strong>de</strong> 2500m, esse valor foi<br />

estimado a partir <strong>da</strong> interpolação dos valores imediatamente superior e inferior


82<br />

3.2.1.3 Fontes <strong>de</strong> Poluentes (SOURCES.DAT):<br />

Enquanto os arquivos .IN e .CF são específicos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> projeto, as taxas <strong>de</strong><br />

emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>de</strong>vem ser digita<strong>da</strong>s em um arquivo à parte, <strong>de</strong>nominado<br />

SOURCES.DAT, que serve a todos os projetos processados no ENVI-met. Uma vez que as<br />

taxas <strong>de</strong> emissão são calcula<strong>da</strong>s a partir do inventário <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ponto <strong>de</strong><br />

interesse, recomen<strong>da</strong>-se a criação <strong>de</strong> várias versões do arquivo <strong>de</strong> fontes, uma para ca<strong>da</strong><br />

ponto mo<strong>de</strong>lado. As informações sobre a substância são: tipo <strong>de</strong> fonte (pontual, linear,<br />

extensa), altura <strong>da</strong> emissão, e taxas horárias <strong>de</strong> emissão. Valores intermediários são<br />

interpolados pelo mo<strong>de</strong>lo ENVI-met.<br />

----- Sources-Database. Type (T) 1,4=point, 2,5=line 3,6=area, E in mg/s (1), mg/s*m (2)<br />

or mg/s*m≤ (3), µg/s (4), µg/s*m (5) or µg/s*m≤ (6)<br />

ID T hh.hh E(00h) E(01h) E(02h) … E(22h) E(23h) Name (40)<br />

N1 2 01.00 00.009 00.009 00.009 … 00.025 00.009 NO2_linear_SmallVehicles<br />

Figura 3.4 – Fragmento <strong>de</strong> arquivo SOURCES.DAT em formato ASCII.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Os campos indicados na Figura 3.4 são:<br />

• ID: campo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> fonte, com dois dígitos, utilizado para ligar<br />

os <strong>da</strong>dos do arquivo SOURCES.DAT às fontes incluí<strong>da</strong>s no area input file<br />

(arquivo .IN);<br />

• T: indica o tipo <strong>de</strong> fonte (pontual, linear ou extensa) e a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> taxa<br />

<strong>de</strong> emissão <strong>da</strong> substância. A indicação 2, por exemplo, <strong>de</strong>signa uma fonte<br />

do tipo linear com sua taxa <strong>de</strong> emissão expressa em mg.s -1 m;<br />

• hh.hh: altura <strong>da</strong> fonte, em metros;<br />

• E(00h), E(01h), etc.: taxa <strong>de</strong> emissão do poluente na hora indica<strong>da</strong> entre<br />

parênteses;<br />

• Name: nome e breve <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> fonte.


83<br />

3.2.1.4 Vegetação (PLANTS.DAT)<br />

Para representar os diferentes tipos <strong>de</strong> vegetação – forrações, arbustos, árvores –<br />

são utilizados mo<strong>de</strong>los unidimensionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> folhas 15 , gravados no arquivo<br />

PLANTS.DAT. A Figura 3.5, abaixo, traz a representação gráfica <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo para as<br />

classes <strong>de</strong> vegetação T1 e T2, usa<strong>da</strong>s como exemplo.<br />

Figura 3.5 - Representação gráfica do mo<strong>de</strong>lo unidimensional <strong>de</strong> vegetação utilizado no ENVI-met.<br />

Fonte: Spangenberg et al. (2008).<br />

Nesse estudo, adotaram-se as classes <strong>de</strong> vegetação já incluí<strong>da</strong>s como padrão no<br />

pacote <strong>de</strong> software. Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> espécies locais foram utilizados nos estudos <strong>de</strong><br />

Spangenberg et al. (2008) e Hedquist et al. (2009).<br />

3.2.1.5 Arquivos <strong>de</strong> saí<strong>da</strong><br />

Os resultados <strong>da</strong> simulação são gravados em arquivos binários e <strong>de</strong> texto,<br />

distribuídos em pastas para atmosfera (pasta atmosphere), receptores virtuais (pasta<br />

receptors) e assim por diante, conforme a Figura 3.6, abaixo.<br />

Figura 3.6 - Exemplo <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong>s pastas <strong>de</strong> resultados do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

15<br />

Leaf Area Density – LAD


84<br />

São utilizados dois formatos principais para a gravação dos arquivos: .EDT é um<br />

formato binário com os resultados <strong>da</strong> simulação em três dimensões; esses arquivos<br />

po<strong>de</strong>m ser abertos no programa Leonardo (aplicativo incluído no pacote ENVI-met) para<br />

visualização, geração dos mapas e exportação em formato .CSV. Os <strong>da</strong>dos po<strong>de</strong>m então<br />

ser manipulados usando-se aplicativos <strong>de</strong> planilha (MS Excel) ou o <strong>de</strong> análise estatística<br />

(QtiPlot). Os <strong>da</strong>dos dos receptores virtuais são gravados no formato .1DR, e po<strong>de</strong>m ser<br />

convertidos 16 para o formato .CSV para importação no aplicativo <strong>de</strong> planilha ou<br />

estatística.<br />

O fluxograma <strong>da</strong> Figura 3.7 resume a arquitetura do mo<strong>de</strong>lo, os arquivos <strong>de</strong><br />

entra<strong>da</strong>, as fontes dos <strong>da</strong>dos, os arquivos <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> e os aplicativos utilizados para a<br />

plotagem e interpretação dos resultados. Na porção superior <strong>da</strong> figura (seção <strong>de</strong> input, ou<br />

entra<strong>da</strong>s no mo<strong>de</strong>lo) estão indicados os diversos elementos e conjuntos <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />

levantados na pesquisa documental e <strong>de</strong> campo e os arquivos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> (.IN, .CF,<br />

SOURCES.DAT) on<strong>de</strong> esses <strong>da</strong>dos são inseridos. Na porção inferior (seção <strong>de</strong> ouput, ou<br />

saí<strong>da</strong>s do mo<strong>de</strong>lo), estão indicados os arquivos <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> (.EDT, .1DR) e os aplicativos<br />

utilizados para a extração, plotagem (em mapas e gráficos) e análise dos resultados.<br />

16<br />

A “conversão” se limita à mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> extensão do arquivo para .CSV, pois o mesmo já se trata <strong>de</strong> um<br />

arquivo <strong>de</strong> valores separados por ponto-e-vírgula.


85<br />

Figura 3.7 - Fluxograma: arquitetura do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e fontes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

3.3 MODELAGEM DA ÁREA DE ESTUDO<br />

Após a seleção dos trechos <strong>de</strong> interesse, traça-se o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>sejado<br />

sobre a planta ca<strong>da</strong>stral com auxílio <strong>de</strong> software <strong>de</strong> CAD. Rotaciona-se a planta ca<strong>da</strong>stral<br />

<strong>de</strong> modo que o principal cânion urbano coinci<strong>da</strong> com a direção horizontal, melhorando o<br />

ajuste <strong>da</strong> planta à malha. Nesse estudo, adotou-se malha <strong>de</strong> 6x6m como padrão para<br />

todos os levantamentos.<br />

A partir <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>senhos são gera<strong>da</strong>s as plantas <strong>de</strong> situação e levantamento<br />

(Apêndice A), utiliza<strong>da</strong>s no levantamento in loco. Gera-se também um arquivo <strong>de</strong>


86<br />

imagem 17 , com dimensões proporcionais ao domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo pretendido, que é usado<br />

como base para a mo<strong>de</strong>lagem (Figura 3.8). A planta ca<strong>da</strong>stral po<strong>de</strong> ser sobreposta a<br />

imagens <strong>de</strong> satélite <strong>da</strong> área <strong>de</strong> interesse.<br />

Figura 3.8 - Imagem em formato .BMP, para uso no software Eddi – planta ca<strong>da</strong>stral sobreposta a<br />

imagem <strong>de</strong> satélite (Google Earth).<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Informações básicas são incorpora<strong>da</strong>s ao mo<strong>de</strong>lo durante a configuração inicial:<br />

dimensões do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, dimensões <strong>da</strong> malha, <strong>da</strong>dos geográficos – latitu<strong>de</strong>,<br />

longitu<strong>de</strong>, fuso horário (Figura 3.9).<br />

Mo<strong>de</strong>lam-se então as pavimentações – ruas asfalta<strong>da</strong>s, revesti<strong>da</strong>s com<br />

paralelepípedos, calça<strong>da</strong>s em concreto – a partir do arruamento indicado na planta<br />

ca<strong>da</strong>stral. Por simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, esten<strong>de</strong>u-se a pavimentação em asfalto até o alinhamento<br />

predial. Sobre os recuos, foram indica<strong>da</strong>s pavimentação em concreto (classe ) ou<br />

17<br />

O mo<strong>de</strong>lador Eddi aceita somente arquivos no formato Windows Bitmap com extensão .BMP.


87<br />

gramado (classe ), conforme observado na imagem <strong>de</strong> satélite e durante o<br />

levantamento. Nas áreas <strong>de</strong> solo nu, foi indicado solo argiloso (classe ).<br />

Como a resolução do mo<strong>de</strong>lo é relativamente baixa (6x6x10 m), consi<strong>de</strong>rou-se<br />

como rua as quadrículas on<strong>de</strong> o alinhamento predial não intercepta a marca <strong>de</strong> centro <strong>da</strong><br />

quadrícula (Figura 3.10a). Mo<strong>de</strong>lam-se então as edificações e massas <strong>de</strong> vegetação,<br />

respeitando os limites <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> (Figura 3.10b). Assumiu-se a altura piso-a-piso <strong>de</strong> três<br />

metros para to<strong>da</strong>s as edificações.<br />

Para gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s aplicações do mo<strong>de</strong>lo, esse conjunto <strong>de</strong> informações<br />

geométricas é suficiente. No entanto, a simulação <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> exige <strong>da</strong>dos<br />

adicionais: volume <strong>de</strong> tráfego, distribuição horária do tráfego, composição <strong>da</strong> frota, taxas<br />

<strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> por veículo, consoli<strong>da</strong>dos em um tipo <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> poluente e, na<br />

rotina <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem adota<strong>da</strong>, o número <strong>de</strong> pistas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> rua na área <strong>de</strong> interesse.<br />

O mo<strong>de</strong>lo geométrico é complementado pelos receptores virtuais (utilizados<br />

primariamente para a calibração do mo<strong>de</strong>lo) e as fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> (Figura 3.11a e b).<br />

Esses elementos também <strong>de</strong>vem ser adicionados ao mo<strong>de</strong>lo no aplicativo Eddi.<br />

Figura 3.9 – Exemplo <strong>de</strong> configuração inicial do mo<strong>de</strong>lo no editor Eddi.<br />

Fonte: autoria própria.


88<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.10 – Detalhes <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem a) solos e pavimentações b) edificações e vegetação.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.11 - Detalhe <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem a) Receptor virtual b) Fontes <strong>de</strong> poluente.<br />

Fonte: autoria própria.


89<br />

3.4 SELEÇÃO DOS PONTOS DE MEDIÇÃO E LEVANTAMENTO<br />

PRELIMINAR<br />

Os Setores Estruturais encontram-se em variados graus <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento e<br />

consoli<strong>da</strong>ção; o mesmo se verifica no Ecoville. Para esse estudo, foram localiza<strong>da</strong>s áreas<br />

bem consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s e representativas <strong>da</strong> ocupação <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> na legislação. A Quadro 3.1<br />

resume os critérios utilizados para a seleção dos pontos:<br />

Setor<br />

Setor Estrutural<br />

Ecoville<br />

Critérios<br />

- quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lotes ocupados<br />

- edificações <strong>da</strong> tipologia <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pelo Plano Massa<br />

voltados para a via central<br />

- presença <strong>de</strong> torres volta<strong>da</strong>s para as <strong>vias</strong> rápi<strong>da</strong>s<br />

- edificações sem afastamento lateral, ou com<br />

afastamento mínimo, anteriores à lei 9.800/00<br />

- orientação <strong>da</strong> via central<br />

- quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lotes ocupados<br />

- presença <strong>de</strong> edificações (torres) concluí<strong>da</strong>s ou em<br />

construção, aten<strong>de</strong>ndo aos parâmetros <strong>de</strong><br />

zoneamento e afastamento lateral<br />

- orientação <strong>da</strong> via central<br />

Quadro 3.1 - Critérios para a seleção dos pontos <strong>de</strong> monitoramento.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Um mapeamento prévio foi feito utilizando-se a ferramenta Google Earth<br />

(GOOGLE, 2010), que permitiu localizar pontos que aparentemente atendiam aos<br />

critérios do Quadro 3.1. Foram i<strong>de</strong>ntificados oito pontos, listados no Quadro 3.2 e<br />

representados no Mapa 3.1. No Anexo I são apresenta<strong>da</strong>s as imagens <strong>de</strong> satélite com a<br />

localização <strong>de</strong>sses pontos.


90<br />

Número Rua Zoneamento Azimute<br />

Da rua<br />

Orientação<br />

(aproxima<strong>da</strong>)<br />

P1<br />

P2<br />

R. Pe. Anchieta, entre R. Bruno Filgueira<br />

e R. Gen. Aristi<strong>de</strong>s Athay<strong>de</strong> Jr.<br />

R. Pe. Anchieta, entre R. Da. Alice<br />

Tibiriçá e R. Joaquim Inácio T. Ribas<br />

Setor Estrutural 67º SO-NE<br />

Setor Estrutural 67º SO-NE<br />

P3 R. Dep. Heitor Alencar Furtado, entre R.<br />

Geraldo Lipka e R. Eduardo Thá<br />

Ecoville 106º L-O<br />

P4<br />

P5<br />

P6<br />

P7<br />

P8<br />

R. Pe. Anchieta, entre R. Profa. Ephigênia<br />

do R. Barros e R. Fernando Simas<br />

Av. João Gualberto, entre R. Augusto<br />

Severo e R. Mauá<br />

Av. João Gualberto, entre R. Bom Jesus e<br />

R. São Pedro<br />

Av. Rep. Argentina, entre Av. Iguaçu e<br />

Av. Pres. Getúlio Vargas<br />

Av. Sete <strong>de</strong> Setembro, entre R. Cel.<br />

Dulcídio e R. Alf. Ângelo Sampaio<br />

Setor Estrutural 67º SO-NE<br />

Setor Estrutural 40º SO-NE<br />

Setor Estrutural 40º SO-NE<br />

Setor Estrutural 182º N-S<br />

Setor Estrutural 67º SO-NE<br />

Quadro 3.2 - Pontos i<strong>de</strong>ntificados no levantamento prévio.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

As ruas foram percorri<strong>da</strong>s, localizando-se os pontos previamente i<strong>de</strong>ntificados e<br />

à busca <strong>de</strong> novos potenciais pontos <strong>de</strong> interesse, que não haviam sido i<strong>de</strong>ntificados <strong>nas</strong><br />

imagens <strong>de</strong> satélite.


91<br />

Mapa 3.1 - Localização dos pontos P1 a P8.<br />

Fonte: autoria própria.


92<br />

Figura 3.12 - Ponto P3, Rua Dep. Heitor Alencar Furtado (Ecoville).<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Figura 3.13 - Ponto P8, Av. Sete <strong>de</strong> Setembro.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Desses oito candi<strong>da</strong>tos, foram selecionados dois pontos para mo<strong>de</strong>lagem e<br />

monitoramento. O P8, na Aveni<strong>da</strong> Sete <strong>de</strong> Setembro, está em uma área <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

em meio a torres <strong>da</strong> tipologia Massa, sem afastamento lateral ou com afastamento<br />

mínimo. O P3, na região do Ecoville, localiza-se em um dos trechos mais consoli<strong>da</strong>dos do<br />

bairro, em uma área que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> representativa <strong>da</strong> ocupação proposta.<br />

Com azimutes <strong>de</strong> 67º (Av. Sete <strong>de</strong> Setembro) e 106º (R. Dep. Heitor Alencar<br />

Furtado, no trecho <strong>de</strong> interesse), as ruas seleciona<strong>da</strong>s apresentam <strong>de</strong>flexões <strong>de</strong> 23º e 16º,


93<br />

respectivamente, em relação ao eixo Leste-Oeste. Para esse estudo, foi adotado como<br />

padrão o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> 140x120 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com malha <strong>de</strong> 6x6 m, resultando em<br />

uma área <strong>de</strong> 840x720 m. Na dimensão vertical, a malha é composta por 20 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s com<br />

altura <strong>de</strong> 10 m. Conforme orientações <strong>de</strong> Sad <strong>de</strong> Assis (2010), a malha <strong>de</strong> aninhamento é<br />

composta por 15 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s em ca<strong>da</strong> lado do mo<strong>de</strong>lo, e a condição <strong>da</strong> bor<strong>da</strong>s laterais foi<br />

configura<strong>da</strong> como cíclica.<br />

3.4.1 Ponto P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro<br />

Um retângulo com as dimensões do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo foi sobreposto à planta<br />

ca<strong>da</strong>stral, rotaciona<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira a dispor o eixo <strong>da</strong> Av. Sete <strong>de</strong> Setembro na horizontal.<br />

Foram então gera<strong>da</strong>s a planta <strong>de</strong> situação (na escala <strong>de</strong> 1:5.000) e quatro plantas <strong>de</strong><br />

levantamento na escala <strong>de</strong> 1:2.000.<br />

A área do levantamento esten<strong>de</strong>-se <strong>da</strong> R. Silveira Peixoto até a R. Des. Motta, no<br />

sentido longitudinal (aproxima<strong>da</strong>mente Leste-Oeste), e <strong>da</strong> Av. do Batel à Av. Iguaçu, no<br />

sentido transversal, totalizando 26 quadras (Figura 3.14). O levantamento visual foi<br />

realizado entre os dias 18 e 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010. Consultou-se o Google Earth para<br />

dirimir eventuais dúvi<strong>da</strong>s sobre a disposição e forma <strong>da</strong>s edificações.<br />

Figura 3.14 – P8: Planta <strong>de</strong> situação.<br />

Fonte: autoria própria.


94<br />

Foram percebi<strong>da</strong>s poucas alterações no parcelamento do solo em relação à planta<br />

ca<strong>da</strong>stral do ano 2000. O escalonamento entre o Setor Estrutural e as áreas ZR-4 lin<strong>de</strong>iras<br />

é claramente visível. A topografia <strong>da</strong> área não é particularmente aci<strong>de</strong>nta<strong>da</strong>: no sentido<br />

transversal, a cota eleva-se em direção à Av. Sete <strong>de</strong> Setembro, a partir <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s<br />

Iguaçu e do Batel.<br />

As galerias do Plano Massa foram mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong>s com 3m <strong>de</strong> altura livre, e a<br />

sobreloja com 6m <strong>de</strong> altura total. Teve-se o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> reproduzir os recuos <strong>da</strong>s<br />

edificações, incluindo-se as áreas grama<strong>da</strong>s ou pavimenta<strong>da</strong>s nos lotes conforme pô<strong>de</strong> ser<br />

observado <strong>nas</strong> imagens <strong>de</strong> satélite. Foi utiliza<strong>da</strong> a classe para grama e para as<br />

massas <strong>de</strong> árvores. Não foi incluí<strong>da</strong>, no mo<strong>de</strong>lo, a arborização <strong>da</strong>s ruas.<br />

3.4.2 Ponto P3 – Ecoville<br />

Um retângulo com as dimensões do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo foi sobreposto à planta<br />

ca<strong>da</strong>stral, rotaciona<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira a dispor o eixo <strong>da</strong> R. Dep. Heitor Alencar Furtado na<br />

horizontal. Foram então gera<strong>da</strong>s a planta <strong>de</strong> situação (na escala <strong>de</strong> 1:5.000) e quatro<br />

plantas <strong>de</strong> levantamento na escala <strong>de</strong> 1:2.000.<br />

A área do levantamento esten<strong>de</strong>-se <strong>da</strong> R. Francisco Juglair até a R. Paulo Gorksi,<br />

no sentido longitudinal (aproxima<strong>da</strong>mente Leste-Oeste), e <strong>da</strong> R. Ignacio Barvick à R.<br />

Domingos Imbronizio, no sentido transversal, abrangendo 11 quadras (Figura 3.15). O<br />

levantamento visual foi feito entre os dias 28 e 31 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010.<br />

A morfologia do Ecoville difere dos Setores Estruturais em vários aspectos: o<br />

traçado do sistema trinário a<strong>da</strong>pta-se ao contorno do terreno, <strong>de</strong>screvendo curvas e<br />

alternando subi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>sci<strong>da</strong>s; as quadras têm gran<strong>de</strong>s dimensões; e o terreno é<br />

nota<strong>da</strong>mente aci<strong>de</strong>ntado. A área foi mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong> como sendo plana, pois a versão corrente<br />

do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met não permite a mo<strong>de</strong>lagem do terreno.


95<br />

Figura 3.15 - P3: Planta <strong>de</strong> situação.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

O parcelamento do solo, <strong>nas</strong> quadras lin<strong>de</strong>iras à via central, encontra-se<br />

significativamente alterado em relação aos <strong>de</strong>senhos do ano 2000 – as diferenças são tão<br />

significativas que se fez necessária a sobreposição <strong>da</strong> planta ca<strong>da</strong>stral a um mosaico <strong>de</strong><br />

imagens <strong>de</strong> satélite no momento <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem. Percebe-se a tendência <strong>de</strong> verticalização<br />

<strong>da</strong>s quadras exter<strong>nas</strong> ao Setor Especial, que começam a receber edifícios <strong>de</strong> uso<br />

resi<strong>de</strong>ncial com cerca <strong>de</strong> sete pavimentos, mas a maioria dos lotes ain<strong>da</strong> é ocupa<strong>da</strong> por<br />

casas <strong>de</strong> um ou dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais, entremea<strong>da</strong>s<br />

por bosques <strong>de</strong> mata nativa e instalações esportivas.<br />

Adotou-se 3m como padrão <strong>de</strong> distância piso a piso (altura do pavimento).<br />

Teve-se o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> reproduzir os recuos <strong>da</strong>s edificações, incluindo-se as áreas grama<strong>da</strong>s<br />

ou pavimenta<strong>da</strong>s nos lotes conforme pô<strong>de</strong> ser observado <strong>nas</strong> fotos <strong>de</strong> satélite, e as áreas <strong>de</strong><br />

bosques, jardinetes e canteiros. Foi utiliza<strong>da</strong> a classe para grama e para as<br />

massas <strong>de</strong> árvores. Não se incluiu, no mo<strong>de</strong>lo, a arborização <strong>da</strong>s ruas.


96<br />

3.5 INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA O<br />

MONITORAMENTO EM CAMPO<br />

O mo<strong>de</strong>lo foi calibrado por meio <strong>da</strong> comparação entre veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento<br />

médias medi<strong>da</strong>s em campo e aquelas previstas <strong>nas</strong> simulações. Medições foram feitas em<br />

pontos localizados <strong>de</strong>ntro dos cânions urbanos estu<strong>da</strong>dos. Enquanto os procedimentos e<br />

especificações para medição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos climáticos, padronizados pela WMO, visam à<br />

obtenção <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos comparáveis, registrados em condições as mais semelhantes possível,<br />

quando se estu<strong>da</strong>m contextos urbanos as especificações-padrão <strong>da</strong> WMO – que se<br />

aplicam essencialmente a contextos rurais – po<strong>de</strong>m não ser viáveis (OKE 2006); em<br />

contextos urbanos, o fluxo <strong>de</strong> vento é afetado pelas obstruções gera<strong>da</strong>s pelos edifícios e<br />

vegetação, além <strong>da</strong>s diferentes coberturas <strong>de</strong> solo.<br />

Foi realiza<strong>da</strong> uma campanha <strong>de</strong> medição, com início em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009 e fim<br />

em abril <strong>de</strong> 2010. O Quadro 3.3 traz a especificação resumi<strong>da</strong> dos instrumentos <strong>de</strong><br />

medição, enquanto o Quadro 3.4 resume composição <strong>de</strong> equipamentos escolhi<strong>da</strong> e as<br />

alturas <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> sensor, e o Quadro 3.5 resume as missões <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong><br />

campo.


97<br />

Fotografia<br />

Descrição<br />

Estação meteorológica HOBO H21-001<br />

- Datalogger para uso em ambientes externos<br />

- Operação com pilhas tamanho AA<br />

- Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para conexão <strong>de</strong> até 10 sensores<br />

- Interface RS-232 para conexão com computador<br />

Sensor <strong>de</strong> temperatura do ar e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> (S-THB-<br />

M002)<br />

- Intervalo <strong>de</strong> medição: -40 a 75 ºC (Ta) e 0 a<br />

100% (UR)<br />

- Precisão: 0,2 ºC (Ta) e ±2,5% (UR)<br />

- Resolução: 0,02 ºC (Ta) e 0,1% (UR)<br />

- Utilizado com proteção contra radiação solar<br />

Piranômetro <strong>de</strong> silício (S-LIB-M003)<br />

Para medição <strong>da</strong> radiação solar na faixa espectral<br />

<strong>de</strong> 300 a 1100 nm.<br />

- Intervalo <strong>de</strong> medição: 0 a 1280 W.m -2<br />

- Precisão: ±10 W.m -2 ou ±5%<br />

Sensor <strong>de</strong> direção e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento (S-WCA-<br />

M003)<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento:<br />

- Intervalo <strong>de</strong> medição: 0 a 44 m.s -1<br />

- Precisão:<br />

± 0,5 m.s -1<br />

± 3% (na faixa <strong>de</strong> 17-30 m.s -1 )<br />

±4% (na faixa <strong>de</strong> 30-44 m.s -1 )<br />

- Resolução: 0,19 m.s -1<br />

Direção do vento:<br />

- Intervalo <strong>de</strong> medição: 0 a 358º<br />

- Precisão: ±5º<br />

- Resolução: 1,4º<br />

Quadro 3.3 - Instrumentos e equipamentos utilizados para medição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos climáticos.<br />

Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Onset (2010).


98<br />

Datalogger<br />

Sensor <strong>de</strong> TUR<br />

Piranômetro<br />

Anemômetro<br />

Estrutura<br />

300cm 500cm 200cm 300cm 500cm<br />

X X X X X X Customiza<strong>da</strong><br />

Quadro 3.4 - Resumo <strong>da</strong>s configurações para medição em campo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Número Ponto Data Hora <strong>de</strong> início Hora <strong>de</strong> fim<br />

1 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro 06.<strong>de</strong>z.2009 14h11min 18h00min<br />

2 P3 – Ecoville 11.<strong>de</strong>z.2009 14h15min 18h00min<br />

3 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro 21.abr.2010 9h00min 15h00min<br />

4 P3 - Ecoville 28.abr.2010 9h00min 15h00min<br />

Quadro 3.5 - Resumo <strong>da</strong>s missões <strong>de</strong> medição.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Optou-se por montar uma plataforma basea<strong>da</strong> em um veículo tipo picape, <strong>de</strong><br />

maneira a aliar a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> montagem à estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do equipamento, uma<br />

vez montado.<br />

Tentativas <strong>de</strong> montar o anemômetro a 10 m <strong>de</strong> altura não se mostraram viáveis<br />

tecnicamente. Uma solução intermediária foi adota<strong>da</strong>, com medição a 3 e a 5m acima do<br />

solo. Foram utilizados dois anemômetros <strong>de</strong> copos (montados a 3m e a 5m do solo), dois<br />

termohigrômetros (montados a 3m e a 5m do solo) e um piranômetro <strong>de</strong> silício montado<br />

a 2m do solo.<br />

Os componentes <strong>da</strong> estação meteorológica foram combinados com elementos<br />

especialmente fabricados. Um assoalho em compensado e ma<strong>de</strong>ira foi produzido, com<br />

1,10m <strong>de</strong> largura e 1,00m <strong>de</strong> comprimento. Furos foram feitos para a fixação <strong>de</strong> parafusos<br />

e um conjunto <strong>de</strong> porca e contra-porca permitem a fixação e nivelamento do tripé <strong>da</strong><br />

estação meteorológica (Figura 3.16).


99<br />

Um conjunto <strong>de</strong> mastros em tubo <strong>de</strong> chapa <strong>de</strong> aço galvanizado foi<br />

confeccionado; furações nesses mastros permitem a montagem dos anemômetros em<br />

alturas diferentes, a intervalos <strong>de</strong> 1 m. Um sistema <strong>de</strong> atirantamento fixa os mastros à<br />

carroceria do veículo e proporciona maior estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>mais componentes –<br />

<strong>da</strong>talogger, termohigrômetros e piranômetro – fixam-se diretamente aos mastros.<br />

Extensões foram confecciona<strong>da</strong>s para a conexão dos sensores ao <strong>da</strong>talogger, em<br />

cabo telefônico <strong>de</strong> 6 <strong>vias</strong> com conectores tipo RJ-11. Testes em laboratório mostraram<br />

que o comprimento adicional dos cabos não afetou os valores registrados no <strong>da</strong>talogger.<br />

Optou-se pela programação <strong>da</strong> estação meteorológica in loco. Para tanto,<br />

utilizou-se um computador portátil com sistema operacional Windows XP e o software<br />

HOBOWare Pro. O computador foi conectado à estação usando-se um cabo a<strong>da</strong>ptador<br />

USB-Serial (RS-232).<br />

Foi selecionado um único ponto <strong>de</strong> medição, ao longo <strong>da</strong> via central e o mais<br />

próximo possível do centro do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo (Figura 3.17). Durante a montagem <strong>da</strong><br />

estação em campo, foi utilizado um nível <strong>de</strong> cantoneira para verificar o prumo do mastro,<br />

ajustado regulando-se os parafusos <strong>de</strong> fixação do tripé ao assoalho. A Tabela 3.5 resume<br />

as condições <strong>de</strong> contorno <strong>da</strong>s medições (mínimas <strong>da</strong>s médias e máximas <strong>da</strong>s médias dos<br />

parâmetros monitorados em campo).<br />

Tabela 3.5 - Condições <strong>de</strong> contorno <strong>da</strong>s medições nos pontos P8 e P3.<br />

P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro<br />

Parâmetro Mínimo Data Hora Máximo Data Hora<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento<br />

(m.s -1 )<br />

0,8 21/04/2010 10h00min 1,4 06/12/2009 15h00min<br />

Temperatura do ar (ºC) 24,3 21/04/2010 10h00min 27,5 21/04/2010 14h00min<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa (%) 49,5 21/04/2010 15h00min 66,1 21/04/2010 10h00min<br />

Radiação solar (W.m -2 ) 158,9 21/04/2010 14h00min 499,2 21/04/2010 10h00min<br />

P3 – Ecoville<br />

Parâmetro Mínimo Data Hora Máximo Data Hora<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento<br />

(m.s -1 )<br />

0,7 11/12/2009 14h59min 1,7 11/12/2009 17h59min<br />

Temperatura do ar (ºC) 16,6 28/04/2010 10h00min 26,6 11/12/2009 15h59min<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa (%) 61,8 11/12/2009 16h59min 83,4 28/04/2010 10h00min<br />

Radiação solar (W.m -2 ) 118,1 11/12/2009 17h59min 428,6 28/04/2010 12h00min<br />

Fonte: organizado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em INMET (2011)


100<br />

Figura 3.16 – Estação meterorológica (a) e (b) Confecção do assoalho (c) e (d) Fixação do tripé e mastro<br />

(e) Detalhe do sistema <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong> altura do tripé (f) Estrutura <strong>da</strong> estação monta<strong>da</strong> no veículo.<br />

Fonte: autoria própria.


101<br />

Figura 3.17 - Estação meteorológica em campo (a) e (b) P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro (c) e (d) P3 – Ecoville.<br />

Fonte: autoria própria.


102<br />

3.6 CALIBRAÇÃO DO MODELO<br />

A calibração do mo<strong>de</strong>lo – comparação entre os <strong>da</strong>dos medidos em campo e<br />

<strong>da</strong>dos previstos pelo programa – foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma etapa crítica do fluxo <strong>de</strong> trabalho. A<br />

simulação dos cenários somente foi feita após a obtenção <strong>de</strong> resultados satisfatórios <strong>de</strong><br />

calibração – boa convergência entre os valores previstos e os medidos.<br />

Para avaliar a precisão dos mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> interesse, foi analisa<strong>da</strong> a<br />

convergência entre as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento previstas pelo mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e aquelas<br />

medi<strong>da</strong>s em campo. As veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> vento a 3 m e 5 m <strong>de</strong> altura foram<br />

seleciona<strong>da</strong>s como variáveis <strong>de</strong> interesse 18 . Devido à natureza turbulenta do fluxo <strong>de</strong><br />

vento <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> subcama<strong>da</strong> <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a direção do vento nesta altura foi ignora<strong>da</strong><br />

pois, segundo o mo<strong>de</strong>lo proposto por Oke (1978) a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento (ū) é a<br />

variável mais importante para a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em áreas urba<strong>nas</strong>.<br />

A comparação entre os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> concentração dos <strong>poluentes</strong> medidos e<br />

previstos seria muito proveitosa – tanto para a calibração do mo<strong>de</strong>lo quanto para a<br />

análise dos resultados. Infelizmente, no momento <strong>de</strong> realização <strong>de</strong>ste estudo, não se<br />

dispunha <strong>de</strong> acesso a equipamentos para medição <strong>de</strong> concentração <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong><br />

interesse.<br />

Para a calibração, receptores virtuais foram incorporados ao mo<strong>de</strong>lo em locais<br />

correspon<strong>de</strong>ntes aos pontos <strong>de</strong> medição. Os parâmetros <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> (arquivo .CF) foram<br />

configurados <strong>de</strong> maneira a correspon<strong>de</strong>r com os <strong>da</strong>dos registrados pelo INMET e<br />

UWYO, sendo executa<strong>da</strong>s ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s sucessivas <strong>de</strong> simulação, uma para ca<strong>da</strong> hora<br />

monitora<strong>da</strong> em campo. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do vento prevista na altura <strong>de</strong> interesse em ca<strong>da</strong><br />

receptor no final <strong>da</strong> hora simula<strong>da</strong> foi então compara<strong>da</strong> com a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média medi<strong>da</strong><br />

no período correspon<strong>de</strong>nte. Foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> a média dos módulos <strong>da</strong>s diferenças entre as<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s medi<strong>da</strong>s e previstas, e esse valor foi comparado com os limites <strong>de</strong> precisão<br />

dos anemômetros utilizados. Nos casos em que a convergência entre <strong>da</strong>dos medidos e<br />

previstos não foi satisfatória, buscou-se na literatura uma rotina <strong>de</strong> ajuste <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vento a 10 m <strong>de</strong> altura.<br />

18<br />

Entre outros estudos, os trabalhos <strong>de</strong> Spangenberg et al (2008) e Hedquist et al (2009) apresentam<br />

comparações entre os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> temperatura do ar previstos pelo mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e medidos em campo.


103<br />

Apesar dos bons resultados obtidos nessa etapa, <strong>de</strong>vem ser feitas duas ressalvas:<br />

(1) por se tratar <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> vincular <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> estação meteorológica padrão –<br />

em um contexto semelhante ao rural – com <strong>da</strong>dos medidos <strong>de</strong>ntro dos cânions em áreas<br />

urba<strong>nas</strong> consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s, fez-se necessário assumir que a direção do vento <strong>nas</strong> áreas<br />

monitora<strong>da</strong>s é igual à registra<strong>da</strong> no Centro Politécnico, ignorando quaisquer efeitos em<br />

mesoescala <strong>da</strong>s estruturas urba<strong>nas</strong> e (2) a faixa <strong>de</strong> precisão dos anemômetros (±0,50 m.s -1 )<br />

é relativamente gran<strong>de</strong> em comparação às veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s in loco (que<br />

variaram entre 0,46 e 1,66 m.s -1 ).<br />

3.6.1 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro<br />

A Tabela 3.6 resume os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo, as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento<br />

medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 m e 5 m e as diferenças entre os valores medidos e preditos. O<br />

erro médio encontrado (módulo <strong>da</strong> diferença entre os valores <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento<br />

média – ū – medidos e preditos pelo mo<strong>de</strong>lo) foi 0,23 m.s -1 , <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> precisão<br />

dos instrumentos empregados <strong>nas</strong> medições; esse resultado foi consi<strong>de</strong>rado satisfatório e<br />

não foram feitos ajustes nos <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>.


104<br />

Tabela 3.6 – P8: Parâmetros <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e comparação<br />

entre veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 e 5 m (etapa <strong>de</strong> calibração).<br />

Ponto Data Hora UR<br />

(%)<br />

Temperatura<br />

inicial <strong>da</strong><br />

atmosfera (K)<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica<br />

(g/kg)<br />

ū @ 10m<br />

(INMET)<br />

Az<br />

ū<br />

(medi<strong>da</strong>)<br />

ū<br />

(prevista)<br />

P8 06.12.09 15h00 58 295,7 2,09 1,70 148º 1,35** 0,58** 0,77<br />

P8 06.12.09 16h00 59 295,7 2,09 1,80 119º 1,22** 1,00** 0,22<br />

P8 06.12.09 17h00 61 295,7 2,09 2,30 75º 1,17** 1,36** 0,19<br />

P8 06.12.09 18h00 68 295,7 2,09 2,30 83º 1,26** 1,43** 0,17<br />

P8 06.12.09 15h00 58 295,7 2,09 1,70 148º 1,45† 0,58† 0,87<br />

P8 06.12.09 16h00 59 295,7 2,09 1,80 119º 1,29† 1,00† 0,29<br />

P8 06.12.09 17h00 61 295,7 2,09 2,30 75º 1,29† 1,37† 0,08<br />

P8 06.12.09 18h00 68 295,7 2,09 2,30 83º 1,38† 1,43† 0,05<br />

P8 21.04.10 10h00 56 292,9 7,56 2,60 309º 0,82** 1,04** 0,22<br />

P8 21.04.10 11h00 50 292,9 7,56 3,30 316º 1,00** 1,12** 0,12<br />

P8 21.04.10 12h00 50 292,9 7,56 3,30 319º 1,13** 1,04** 0,09<br />

P8 21.04.10 13h00 50 292,9 7,56 3,00 305º 1,27** 1,24** 0,03<br />

P8 21.04.10 14h00 45 292,9 7,56 3,20 286º 1,31** 1,64** 0,33<br />

P8 21.04.10 15h00 48 292,9 7,56 2,60 305º 1,31** 1,11** 0,20<br />

P8 21.04.10 10h00 56 292,9 7,56 2,60 309º 0,85† 1,04† 0,19<br />

P8 21.04.10 11h00 50 292,9 7,56 3,30 316º 0,96† 1,12† 0,16<br />

P8 21.04.10 12h00 50 292,9 7,56 3,30 319º 1,07† 1,04† 0,03<br />

P8 21.04.10 13h00 50 292,9 7,56 3,00 305º 1,29† 1,24† 0,05<br />

P8 21.04.10 14h00 45 292,9 7,56 3,20 286º 1,29† 1,65† 0,36<br />

P8 21.04.10 15h00 48 292,9 7,56 2,60 305º 1,27† 1,11† 0,16<br />

**Altura <strong>de</strong> 3 m<br />

†Altura <strong>de</strong> 5 m<br />

Fonte: Organizado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em INMET (2011)<br />

3.6.2 P3 – Ecoville<br />

Ao se utilizar como entra<strong>da</strong> os valores <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento forneci<strong>da</strong>s<br />

pelo INMET, percebeu-se que os valores previstos <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento a 3m e a 5m<br />

estavam superestimados. A Equação 2.3 foi então emprega<strong>da</strong> para o ajuste dos valores <strong>de</strong><br />

entra<strong>da</strong>, com os valores <strong>de</strong> K = 0,35 e a = 0,25, resultando em um coeficiente <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong><br />

0,6224; as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> vento registra<strong>da</strong>s na estação do INMET foram então<br />

multiplica<strong>da</strong>s por esse coeficiente. A Tabela 3.7 resume os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo,<br />

as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 m e 5 m e as diferenças entre os valores<br />

medidos e preditos.<br />

|∆ū|


105<br />

Após o ajuste, o erro médio encontrado (módulo <strong>da</strong> diferença entre os valores <strong>da</strong><br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento média – ū – medidos e preditos pelo mo<strong>de</strong>lo) foi 0,28 m.s -1 , <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

faixa <strong>de</strong> precisão dos instrumentos empregados <strong>nas</strong> medições.<br />

Tabela 3.7 – P3: Parâmetros <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo ENVI-met e comparação entre veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento<br />

medi<strong>da</strong>s e previstas a 3 e 5 m (etapa <strong>de</strong> calibração).<br />

Ponto Data Hora UR<br />

(%)<br />

Temperatura<br />

inicial <strong>da</strong><br />

atmosfera (K)<br />

Umi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

específica<br />

(g/kg)<br />

ū* @ 10m<br />

(INMET)<br />

Az<br />

ū<br />

(medi<strong>da</strong>)<br />

ū<br />

(prevista)<br />

|∆ū|<br />

P3 11.12.09 15h00 66 294,2 7,20 1,37 38º 0,46**<br />

P3 11.12.09 16h00 71 294,2 7,20 1,62 80º 1,19**<br />

P3 11.12.09 17h00 70 294,2 7,20 2,30 68º 1,59**<br />

P3 11.12.09 18h00 83 294,2 7,20 2,37 87º 1,17**<br />

P3 11.12.09 15h00 66 294,2 7,20 1,37 38º 0,51†<br />

P3 11.12.09 16h00 71 294,2 7,20 1,62 80º 1,23†<br />

P3 11.12.09 17h00 70 294,2 7,20 2,30 68º 1,66†<br />

P3 11.12.09 18h00 83 294,2 7,20 2,37 87º 1,28†<br />

P3 28.04.10 10h00 80 291,0†† 0,18 1,37 78º 1,42**<br />

P3 28.04.10 11h00 81 291,0†† 0,18 0,87 89º 1,17**<br />

P3 28.04.10 12h00 80 291,0†† 0,18 1,68 75º 1,27**<br />

P3 28.04.10 13h00 73 291,0†† 0,18 1,43 73º 1,16**<br />

P3 28.04.10 14h00 67 291,0†† 0,18 1,43 63º 1,18**<br />

P3 28.04.10 15h00 75 291,0†† 0,18 2,05 66º 0,97**<br />

P3 28.04.10 10h00 80 291,0†† 0,18 1,37 78º 1,63†<br />

P3 28.04.10 11h00 81 291,0†† 0,18 0,87 89º 1,33†<br />

P3 28.04.10 12h00 80 291,0†† 0,18 1,68 75º 1,39†<br />

P3 28.04.10 13h00 73 291,0†† 0,18 1,43 73º 1,38†<br />

P3 28.04.10 14h00 67 291,0†† 0,18 1,43 63º 1,35†<br />

P3 28.04.10 15h00 75 291,0†† 0,18 2,05 66º 1,08†<br />

*Ajustados mediante Equação 2.4<br />

**Altura <strong>de</strong> 3 m<br />

†Altura <strong>de</strong> 5 m<br />

††Estação sem <strong>da</strong>dos entre as 2h e 12h UTC; média dos <strong>da</strong>dos disponíveis<br />

Fonte: Organizado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em INMET (2011)<br />

1,10** 0,32<br />

0,73** 0,44<br />

1,30** 0,03<br />

1,09** 0,07<br />

1,58† 0,40<br />

1,45† 0,48<br />

1,11† 0,52<br />

0,73† 0,60<br />

1,31** 0,08<br />

1,10** 0,28<br />

1,60** 0,25<br />

1,47** 0,39<br />

0,62** 0,16<br />

1,17** 0,02<br />

1,39† 0,20<br />

1,65† 0,48<br />

0,63† 0,12<br />

1,19† 0,04<br />

1,41† 0,25<br />

1,69† 0,41


106<br />

3.7 INVENTÁRIO DE TRÁFEGO<br />

A última etapa do trabalho <strong>de</strong> campo consiste na contagem <strong>de</strong> tráfego com os<br />

objetivos <strong>de</strong> quantificação (<strong>de</strong>terminação do volume “nominal” <strong>de</strong> tráfego) e<br />

caracterização <strong>da</strong> frota (proporções entre as diferentes categorias <strong>de</strong> veículos).<br />

Foi <strong>de</strong>senvolvido um método indireto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do perfil diário <strong>de</strong><br />

tráfego, a partir <strong>de</strong> contagens <strong>de</strong> tráfego e <strong>da</strong>dos históricos <strong>de</strong> pressão sonora, coletados<br />

anteriormente e apresentados em Bortoli (2002). Para a conversão <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> ruído em<br />

volumes <strong>de</strong> tráfego (em veículos/hora), foi utilizado o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Calixto (2002) para<br />

previsão <strong>de</strong> ruído <strong>de</strong> tráfego (Equação 3.1):<br />

L eq<br />

= 7.7⋅ log[I⋅ (1+ 0.095⋅ VP)] + 43<br />

Sendo L eq o nível <strong>de</strong> ruído equivalente, I a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego (em<br />

veículos/hora), e VP a porcentagem <strong>de</strong> veículos pesados. Com o uso <strong>de</strong>ssa equação, um<br />

€<br />

padrão horário <strong>de</strong> tráfego e um fator <strong>de</strong> ajuste horário <strong>de</strong> emissões pu<strong>de</strong>ram ser<br />

estimados.<br />

Para tanto, são feitas contagens <strong>de</strong> tráfego nos horários consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> máximo<br />

movimento, segundo os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> pressão sonora (BORTOLI, 2002). Tipicamente, as<br />

contagens foram feitas entre as 17h e 19h em dias <strong>de</strong> semana. De acordo com orientações<br />

do DER, as contagens foram feitas em períodos <strong>de</strong> quinze minutos e os resultados foram<br />

extrapolados para uma hora. As contagens foram feitas visualmente, com o auxílio <strong>de</strong><br />

contadores estatísticos (Figura 3.18), e os resultados foram anotados em uma ca<strong>de</strong>rneta<br />

<strong>de</strong> campo como a reproduzi<strong>da</strong> no Apêndice B.<br />

(3.1)


107<br />

Figura 3.18 - Contadores estatísticos.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Para a caracterização <strong>da</strong> frota foram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s quatro categorias <strong>de</strong> veículos,<br />

resumi<strong>da</strong>s na Quadro 3.6: motocicletas, veículos leves, veículos leves a diesel e veículos<br />

pesados. Em ca<strong>da</strong> período <strong>de</strong> contagem, foram contabilizados os veículos leves ao mesmo<br />

tempo que se contava o volume <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> outra categoria.<br />

Categoria Símbolo Descrição<br />

Motocicletas M Motocicletas <strong>de</strong> qualquer porte<br />

Veículos Leves VL Carros <strong>de</strong> passeio em geral, picapes a gasolina<br />

Veículos Leves a Diesel VLD Furgões, picapes a diesel e outros utilitários<br />

Veículos Pesados VP Caminhões e ônibus <strong>de</strong> qualquer porte<br />

Quadro 3.6 - Categorias <strong>de</strong> veículos para fins <strong>de</strong> caracterização <strong>da</strong> frota.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Empregando as Equações 3.2 a 3.5 calculam-se os volumes <strong>de</strong> tráfego (I) para<br />

ca<strong>da</strong> categoria, a partir <strong>da</strong> média do volume <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> veículos leves (VL geral ) e <strong>da</strong>s<br />

médias <strong>da</strong>s razões entre o volume <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> motocicletas (M), veículos leves a diesel<br />

(VLD) e veículos pesados (VP) e o volume <strong>de</strong> veículos leves (VL). Os valores <strong>de</strong> I VL , I M ,<br />

I VLD e I VP são então inseridos na Equação 3.6 para o cálculo <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong><br />

poluente, e a porcentagem <strong>de</strong> veículos pesados é inseri<strong>da</strong> na Equação 3.1 para a<br />

<strong>de</strong>terminação do perfil horário <strong>de</strong> tráfego.


108<br />

I VL<br />

= V L geral<br />

⋅ 4<br />

I M<br />

= V L geral<br />

⋅<br />

M<br />

V L M<br />

⋅ 4<br />

I VLD<br />

= V L geral<br />

⋅ V L D<br />

V L VLD<br />

⋅ 4<br />

I VP<br />

= V L geral<br />

⋅<br />

V P<br />

V L VP<br />

⋅ 4<br />

(3.2)<br />

(3.3)<br />

(3.4)<br />

(3.5)<br />

Sendo: V L geral<br />

– fluxo médio <strong>de</strong> veículos leves, consi<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong>s os períodos<br />

€<br />

<strong>de</strong> contagem; M – fluxo médio <strong>de</strong> motocicletas; V L M<br />

– fluxo médio <strong>de</strong> veículos leves no<br />

período <strong>de</strong> contagem correspon<strong>de</strong>nte àquele <strong>de</strong> contagem do fluxo <strong>de</strong> motocicletas; V L D<br />

€<br />

– fluxo<br />

€<br />

médio <strong>de</strong> veículos leves a diesel; V L<br />

€<br />

VLD<br />

- fluxo médio <strong>de</strong> veículos leves no período<br />

<strong>de</strong> contagem correspon<strong>de</strong>nte àquele <strong>de</strong> contagem do fluxo <strong>de</strong> veículos leves<br />

€<br />

a diesel; V P<br />

– fluxo médio <strong>de</strong> veículos pesados; V L<br />

€<br />

VP<br />

– fluxo médio <strong>de</strong> veículos leves no período <strong>de</strong><br />

contagem correspon<strong>de</strong>ntes àquele <strong>de</strong> contagem do fluxo <strong>de</strong> veículos pesados<br />

€<br />

(todos os<br />

valores em veículos.h -1 ).<br />

€<br />

Uma vez que o mo<strong>de</strong>lo ENVI-met admite somente um valor para a taxa <strong>de</strong><br />

emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>, adota-se um valor único <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> tráfego para todo o domínio<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo. Essa é uma limitação intrínseca à ferramenta, que po<strong>de</strong> ser parcialmente<br />

contorna<strong>da</strong> pelo cálculo do volume <strong>de</strong> tráfego (e consequentemente, <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>) por faixa <strong>de</strong> rolagem. Para as simulações, foram utiliza<strong>da</strong>s fontes lineares<br />

com taxas <strong>de</strong> emissão expressas em mg.ms -1 . Essa taxa <strong>de</strong> emissão composta é a somatória<br />

<strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> emissão por veículo multiplica<strong>da</strong>s pelo volume <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> categoria<br />

<strong>de</strong> veículo, dividi<strong>da</strong> por 3600 para se obter a taxa <strong>de</strong> emissão por segundo, exigi<strong>da</strong> pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo ENVI-met para fontes lineares (Equação 3.6).<br />

X comp = (I motocicletas . X motocicletas + I Leves . X leves + I LevesDiesel . X LevesDiesel + I Pesados . X pesados ) / 3600 (3.6)<br />

On<strong>de</strong> X comp – taxa <strong>de</strong> emissão composta para a substância <strong>de</strong> interesse (mg.m -1 s),<br />

I categoria – intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego por categoria <strong>de</strong> veículo (veículos.h -1 ), X categoria – valor <strong>de</strong><br />

emissão individual por veículo <strong>da</strong> categoria (mg.m -1 ). O valor <strong>de</strong> X comp representa a<br />

máxima taxa <strong>de</strong> emissões para <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> rua ou conjunto <strong>de</strong> ruas, e varia conforme a<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>vias</strong>, a composição <strong>da</strong> frota e a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> do tráfego na área <strong>de</strong> interesse.


109<br />

A Resolução CONAMA 297/2002 estabelece limites <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em<br />

g.km -1 (numericamente igual ao valor em mg.m -1 ) para os veículos leves e motocicletas.<br />

Supõe-se que esses valores se apliquem a veículos novos em condições <strong>de</strong> uso médio<br />

(combinado rodovia e urbano). Consi<strong>de</strong>rando condições <strong>de</strong> congestionamento e o<br />

próprio <strong>de</strong>sgaste do motor, assumiu-se um cenário <strong>de</strong> "pior caso", e foi adotado o limite<br />

superior <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> Resolução, usando-se como referência os limites superiores <strong>da</strong> norma<br />

para o ano <strong>de</strong> 2003 19 (BRASIL, 2002).<br />

Quanto às taxas <strong>de</strong> emissão para veículos pesados, a Resolução CONAMA não<br />

estabelece relações entre emissões e distância percorri<strong>da</strong>, e sim limites <strong>de</strong> emissão por<br />

kWh <strong>de</strong> combustível consumido – um valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> potência do veículo, <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> calorífica do óleo diesel e <strong>da</strong> proporção <strong>de</strong> compostos <strong>de</strong> nitrogênio no<br />

combustível, o que dificulta a estimativa <strong>de</strong>ssa variável. Rabl (2002) estudou as emissões<br />

<strong>de</strong> substâncias <strong>de</strong> interesse para veículos pesados na Europa 20 . Adotaram-se os valores<br />

propostos por Rabl por entendê-los como uma síntese <strong>de</strong> todos esses fatores. A Tabela 3.8<br />

resume os valores adotados para as emissões <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong> interesse, para fins <strong>de</strong><br />

simulação.<br />

Tabela 3.8 - Valores adotados <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> por categoria <strong>de</strong> veículo.<br />

X (mg/m)<br />

Substância Motocicletas* Veículos Leves Veículos Leves a<br />

Diesel**<br />

Veículos<br />

Pesados***<br />

NO x 0,18 0,25 1,40 21,11<br />

CO 6,25 2,00 6,20 10,44<br />

PM10 - - 0,16 1,05<br />

*motores até 151cc (BRASIL 2002)<br />

** BRASIL 1993<br />

***RABL 2002<br />

FONTE: organizado pelo autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em Brasil (1993), Brasil (2002) e Rabl (2002).<br />

19<br />

Segundo o DETRAN-PR, a média <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> dos veículos registrados em Curitiba é <strong>de</strong> 10,49 anos<br />

(BERTOTTI, 2009).<br />

20<br />

Os valores publicados em Rabl (2002) são compatíveis com os limites brasileiros <strong>de</strong> emissões.


110<br />

3.7.1 P8 – Sete <strong>de</strong> Setembro<br />

A contagem <strong>de</strong> tráfego foi realiza<strong>da</strong> nos dias 4 e 5 <strong>de</strong> Março (quinta e sextafeira).<br />

Foram feitas contagens em períodos <strong>de</strong> quinze minutos, e o resultado extrapolado<br />

para uma hora. Para maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na construção do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met, é feita a<br />

estimativa <strong>de</strong> tráfego por faixa. Na região do P8, a R. Alf. Ângelo Sampaio tem três faixas<br />

<strong>de</strong> rolagem, a Av. Silva Jardim, cinco, a Av. Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarapuava, seis. A Av. Sete <strong>de</strong><br />

Setembro conta com duas faixas exclusivas para os ônibus expressos, e ca<strong>da</strong> via lateral<br />

tem duas faixas. Durante a contagem, percebeu-se que são frequentes os<br />

estrangulamentos <strong>de</strong>vido ao tráfego <strong>de</strong> veículos maiores, manobras para estacionamento<br />

e outros fatores. No entanto, para o cálculo dos volumes <strong>de</strong> tráfego, manteve-se o número<br />

<strong>de</strong> seis faixas para essa aveni<strong>da</strong>.<br />

A proporção média <strong>de</strong> veículos pesados (VP), encontra<strong>da</strong> para o local, foi <strong>de</strong><br />

3,2%. Enquanto na Av. Sete <strong>de</strong> Setembro essa porcentagem é maior, 6,4%, <strong>nas</strong> outras <strong>vias</strong><br />

essa proporção fica em torno <strong>de</strong> 2%; adotou-se o valor médio para to<strong>da</strong>s as faixas. A<br />

Tabela 3.9 resume as estimativas <strong>de</strong> tráfego e a composição <strong>da</strong> frota para a área do P8 no<br />

horário <strong>de</strong> pico.<br />

Tabela 3.9 - P8: Volume <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota no horário <strong>de</strong> pico, por faixa.<br />

Categoria Volume (veículos.h -1 ) %<br />

Veículos leves (VL) 519,9 84,5<br />

Veículos leves a diesel (VLD) 15,6 2,5<br />

Veículos pesados (VP) 19,2 3,2<br />

Motocicletas (M) 60,3 9,8<br />

TOTAL 615,0 100,0<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Embora, à primeira vista, os valores <strong>de</strong> tráfego por faixa sejam pouco superiores<br />

àqueles encontrados para a região central, cumpre lembrar que as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> do<br />

Setor Estrutural são maiores. No caso <strong>da</strong> Av. Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarapuava, com seis faixas <strong>de</strong><br />

rolagem, atinge-se o volume <strong>de</strong> 3.372 veículos/hora nos horários <strong>de</strong> maior movimento.<br />

Na última semana <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2010, a PMC eliminou as faixas <strong>de</strong><br />

estacionamento na Av. Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarapuava, aumentando a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> via para


111<br />

seis pistas em to<strong>da</strong> a extensão do domínio do mo<strong>de</strong>lo. Para este estudo, será adota<strong>da</strong> a<br />

configuração <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> e os volumes <strong>de</strong> tráfego após essa alteração; contagem <strong>de</strong> tráfego<br />

realiza<strong>da</strong> no dia 26 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 mostrou não haver alteração no volume <strong>de</strong> tráfego <strong>da</strong><br />

via.<br />

A composição <strong>da</strong> frota na região do P8 está representa<strong>da</strong> no Gráfico 3.4a, e os<br />

perfis horários <strong>de</strong> tráfego, extrapolados a partir dos <strong>da</strong>dos acústicos (<strong>da</strong>dos históricos <strong>de</strong><br />

pressão sonora na Av. Iguaçu), estão representados no Gráfico 3.4b. A Tabela 3.10<br />

resume os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> pressão sonora, porcentagens do tráfego médio e os valores <strong>de</strong> X NOX<br />

adotados para fins <strong>de</strong> simulação. Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> pressão sonora correspon<strong>de</strong>m às medições<br />

na Av. Iguaçu em dias <strong>de</strong> semana, reproduzidos <strong>de</strong> Bortoli (2002).<br />

Gráfico 3.4 – P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro (a) Composição <strong>da</strong> frota (b) Perfil horário <strong>de</strong> tráfego.<br />

Fonte: autoria própria, a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em Bortoli (2002).


112<br />

Tabela 3.10 - P8 - Sete <strong>de</strong> Setembro - Valores horários <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong> interesse para fins<br />

<strong>de</strong> simulação.<br />

Hora<br />

Pressão<br />

Sonora<br />

dB(A)<br />

Porcentagem do<br />

tráfego médio<br />

Fator <strong>de</strong><br />

ajuste <strong>de</strong><br />

emissões<br />

XNOX<br />

(mg.ms -1 )<br />

6h00 62,0 5% 0,05 0,0079<br />

7h00 66,5 19% 0,19 0,0305<br />

8h00 70,5 64% 0,64 0,1009<br />

9h00 70,5 64% 0,64 0,1009<br />

10h00 71,0 74% 0,74 0,1172<br />

11h00 71,5 86% 0,86 0,1361<br />

12h00 72,0 100% 1,00 0,1580<br />

13h00 72,0 100% 1,00 0,1580<br />

14h00 72,0 100% 1,00 0,1580<br />

15h00 71,5 86% 0,86 0,1361<br />

16h00 71,5 86% 0,86 0,1361<br />

17h00 72,0 100% 1,00 0,1580<br />

18h00 72,0 100% 1,00 0,1580<br />

19h00 71,5 86% 0,86 0,1361<br />

20h00 71,0 74% 0,74 0,1172<br />

21h00 69,0 41% 0,41 0,0644<br />

Fonte: autoria própria, , a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em Bortoli (2002).<br />

3.7.2 P3 – Ecoville<br />

A contagem <strong>de</strong> tráfego foi realiza<strong>da</strong> no dia 12 <strong>de</strong> Agosto (quinta-feira). Foram<br />

feitas contagens em períodos <strong>de</strong> quinze minutos, e o resultado extrapolado para uma<br />

hora. Para maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na construção do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met, é feita a estimativa <strong>de</strong><br />

tráfego por faixa.<br />

Na região do P3, a Av. Pedro Viriato Parigot <strong>de</strong> Souza tem cinco faixas <strong>de</strong><br />

rolagem até a R. Paulo Gorski, sendo sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> reduzi<strong>da</strong> para três faixas após esse<br />

cruzamento (a contagem <strong>de</strong> tráfego foi realiza<strong>da</strong> no trecho com cinco faixas). A Av.<br />

Mons. Ivo Zanlorenzi tem cinco faixas <strong>de</strong> rolagem até o cruzamento com a R. Paulo<br />

Gorski, e quatro faixas após esse cruzamento. A Av. Dep. Heitor Alencar Furtado conta<br />

com duas faixas <strong>de</strong> trânsito exclusivo <strong>de</strong> ônibus, além <strong>de</strong> duas faixas <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> laterais. A R.


113<br />

Paulo Gorski tem três faixas <strong>de</strong> rolagem, e recebe fluxo intenso <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s Pedro<br />

Viriato Parigot <strong>de</strong> Souza e Mons. Ivo Zanlorenzi.<br />

A proporção média <strong>de</strong> veículos pesados (VP), encontra<strong>da</strong> para o local, foi <strong>de</strong><br />

2,5%. A Tabela 3.11 resume as estimativas <strong>de</strong> tráfego e a composição <strong>da</strong> frota para a<br />

região do P3 no horário <strong>de</strong> pico. De to<strong>da</strong>s as regiões em que foi feita a contagem <strong>de</strong><br />

tráfego, a região do Ecoville foi a que apresentou a maior porcentagem <strong>de</strong> veículos leves:<br />

88,8%.<br />

Tabela 3.11 - P3: Volume <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota no horário <strong>de</strong> pico, por faixa.<br />

Categoria Volume (veículos.h -1 ) %<br />

Veículos leves (VL) 377,7 88,8<br />

Veículos leves a diesel (VLD) 10,1 2,4<br />

Veículos pesados (VP) 10,8 2,5<br />

Motocicletas (M) 26,6 6,3<br />

TOTAL 425,2 100,0<br />

Fonte: autoria própria, a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em Bortoli (2002).<br />

A composição <strong>da</strong> frota na região do P3 está representa<strong>da</strong> no Gráfico 3.5a, e os<br />

perfis horários <strong>de</strong> tráfego, extrapolados a partir dos <strong>da</strong>dos acústicos (<strong>da</strong>dos históricos <strong>de</strong><br />

pressão sonora na Av. Iguaçu), estão representados no Gráfico 3.5b. A Tabela 3.12<br />

resume os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> pressão sonora, porcentagens do tráfego médio e os valores <strong>de</strong> X NOX<br />

adotados para fins <strong>de</strong> simulação. Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> pressão sonora correspon<strong>de</strong>m às medições<br />

na Av. Iguaçu em dias <strong>de</strong> semana, reproduzidos <strong>de</strong> Bortoli (2002).<br />

Gráfico 3.5 - P3 - Ecoville (a) Composição <strong>da</strong> frota (b) Perfil horário <strong>de</strong> tráfego.<br />

Fonte: autoria própria, a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em Bortoli (2002).


114<br />

Tabela 3.12 - P3 - Ecoville - Valores horários <strong>de</strong> emissão <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong> interesse para fins <strong>de</strong><br />

simulação.<br />

Hora<br />

Pressão<br />

Sonora<br />

dB(A)<br />

Porcentagem do<br />

tráfego médio<br />

Fator <strong>de</strong><br />

ajuste <strong>de</strong><br />

emissões<br />

XNOX<br />

(mg.ms -1 )<br />

6h00 62,0 5% 0,05 0,0048<br />

7h00 66,5 19% 0,19 0,0183<br />

8h00 70,5 64% 0,64 0,0605<br />

9h00 70,5 64% 0,64 0,0605<br />

10h00 71,0 74% 0,74 0,0703<br />

11h00 71,5 86% 0,86 0,0817<br />

12h00 72,0 100% 1,00 0,0948<br />

13h00 72,0 100% 1,00 0,0948<br />

14h00 72,0 100% 1,00 0,0948<br />

15h00 71,5 86% 0,86 0,0817<br />

16h00 71,5 86% 0,86 0,0817<br />

17h00 72,0 100% 1,00 0,0948<br />

18h00 72,0 100% 1,00 0,0948<br />

19h00 71,5 86% 0,86 0,0817<br />

20h00 71,0 74% 0,74 0,0703<br />

21h00 69,0 41% 0,41 0,0387<br />

Fonte: autoria própria, a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> campo e <strong>da</strong>dos em Bortoli (2002).<br />

3.8 MODELAGEM DOS CENÁRIOS<br />

Completa<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as etapas <strong>de</strong> levantamento em campo, elaboração e<br />

calibração do mo<strong>de</strong>lo, empregou-se então a ferramenta ENVI-met para as simulações do<br />

cenário atual e do cenário alternativo, manipulando-se as condições climáticas e a<br />

morfologia urbana. Ca<strong>da</strong> variável dos cenários foi manipula<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma distinta 21,22 :<br />

a. Condições climáticas: manipula<strong>da</strong>s no arquivo <strong>de</strong> configuração .CF;<br />

b. Tipologia <strong>de</strong> construção: edita-se a geometria <strong>da</strong>s edificações no arquivo<br />

.IN;<br />

21<br />

A presença <strong>de</strong> vegetação, forrações e pavimentações <strong>de</strong>ve ser edita<strong>da</strong> no arquivo .IN; nesse estudo, não<br />

foram criados cenários alternativos que envolvam a manipulação <strong>de</strong>ssas variáveis.<br />

22<br />

A simulação dos efeitos <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota requer a edição <strong>da</strong>s<br />

fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> no arquivo .IN e as taxas <strong>de</strong> emissão no arquivo SOURCES.DAT.


115<br />

c. Afastamento <strong>da</strong>s edificações <strong>da</strong>s divisas do lote: edita-se a geometria <strong>da</strong>s<br />

edificações no arquivo .IN;<br />

No cenário atual foram analisados os efeitos <strong>da</strong>s condições climáticas típicas<br />

sobre a concentração dos <strong>poluentes</strong>. O cenário alternativo estima os efeitos <strong>da</strong> hipotética<br />

reconfiguração do Setor Estrutural basea<strong>da</strong> nos parâmetros construtivos estabelecidos<br />

pela Lei no. 9.800/00 e <strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ocupação do Ecoville.<br />

No próximo capítulo são apresentados os resultados <strong>da</strong> simulação do cenário<br />

atual para as regiões do Setor Estrutural e do Ecoville; no capítulo seguinte, é discuti<strong>da</strong> a<br />

construção do cenário Alternativo e são apresentados os resultados <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong>sse<br />

cenário.


116


117<br />

4 CIRCULAÇÃO DO AR NOS SETORES<br />

ESTRUTURAIS – CENÁRIO ATUAL<br />

Neste capítulo é apresenta<strong>da</strong> a análise <strong>de</strong> trechos representativos do Setor<br />

Estrutural e do Ecoville – resultados <strong>da</strong> simulacão do cenário atual.<br />

4.1 SETE DE SETEMBRO – CENÁRIO ATUAL<br />

Os resultados <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> NO x para a região do ponto P8<br />

<strong>de</strong>stacam a influência <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vento sobre as concentrações do poluente. A<br />

Tabela 4.1 resume os resultados dos oito cenários <strong>de</strong> simulação principais. Os valores<br />

apresentados são os médios e máximos para todo o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, no horário <strong>de</strong><br />

máxima concentração do poluente (18h00) a 3 m <strong>de</strong> altura.<br />

Tabela 4.1 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Atual.<br />

Código Mês Cenário ū (m.s -1 )<br />

NO x Média<br />

(µg.m -3 )<br />

NO x<br />

Máxima<br />

(µg.m -3 )<br />

Mar AT-L Mar Atual-Leste 3,10 38 78 2,0<br />

Mar AT-SE Atual-Su<strong>de</strong>ste 3,10 37 74 2,0<br />

Jun AT-L Jun Atual-Leste 2,60 37 78 2,1<br />

Jun AT-SE Atual-Nor<strong>de</strong>ste 2,60 35 87 2,5<br />

Jun AT-LM Atual-Leste Mínimo 0,30 284 754 2,7<br />

Jun AT-NEM Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo 0,30 268 910 3,4<br />

Dez AT-L Dez Atual-Leste 3,80 31 65 2,1<br />

Dez AT-SE Atual-Su<strong>de</strong>ste 3,80 29 59 2,0<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Máxima<br />

/média<br />

Os resultados <strong>da</strong>s simulações para esses oito cenários principais apontam gran<strong>de</strong><br />

contraste entre as situações <strong>de</strong> calmaria e as situações com vento. Entre to<strong>da</strong>s as situações<br />

analisa<strong>da</strong>s, as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x sob condições <strong>de</strong> vento mínimo são até


118<br />

9,8 vezes mais altas que sob as <strong>de</strong>mais condições <strong>de</strong> vento analisa<strong>da</strong>s. A localização dos<br />

cânions L, M, N, O e P, citados na análise a seguir, está indica<strong>da</strong> na Figura 4.1.<br />

Figura 4.1 – Localização dos cânions L, M, N, O e P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

A concentração máxima mais alta foi econtra<strong>da</strong> no cenário <strong>de</strong> vento mínimo <strong>de</strong><br />

nor<strong>de</strong>ste: 910 µg.m -3 . Ao se aplicar o coeficiente <strong>de</strong> 25% para a relação NO 2 /NO x , obtémse<br />

a concentração estima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 228 µg.m -3 <strong>de</strong> NO 2 , 38 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s acima do limite secundário<br />

para a concentração do poluente. A plotagem em formato <strong>de</strong> mapa <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos indica<br />

que as manchas <strong>de</strong> mais alta concentração, distribuem-se ao longo dos cânions L e N e, <strong>de</strong><br />

maneira mais localiza<strong>da</strong>, no cânion O, em um ponto <strong>de</strong> estrangulamento do cânion e<br />

gran<strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> veículos (Figura 4.2a e b).<br />

As simulações apontam a tendência <strong>de</strong> concentrações maiores <strong>de</strong> NOx para<br />

todos os cenários <strong>de</strong> vento Leste – em média, a concentração média <strong>de</strong> NOx é 5% maior<br />

sob vento Leste que sob ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste ou Su<strong>de</strong>ste, para a mesma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média<br />

<strong>de</strong> vento.<br />

Quanto às concentrações máximas simula<strong>da</strong>s, estas ten<strong>de</strong>m a ser maiores com<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste que sob vento <strong>de</strong> Leste, <strong>de</strong>stacando-se o cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste<br />

Mínimo – 20,6% maior que no cenário Atual-Leste Mínimo. Sob condições <strong>de</strong> vento <strong>de</strong><br />

Su<strong>de</strong>ste, as concentrações máximas simula<strong>da</strong>s são sempre menores que nos cenários<br />

correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> vento Leste.<br />

Os histogramas para os dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo são muito semelhantes<br />

(Gráfico 4.1a e b); nos dois casos, gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> área encontra-se acima <strong>de</strong> 200 µg.m -3 . A


119<br />

dispersão do poluente é marginalmente melhor no cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo, o<br />

que se evi<strong>de</strong>ncia pelo pico ligeiramente mais alto na faixa <strong>de</strong> 175 µg.m -3 e pela menor<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração <strong>de</strong> NO x acima <strong>de</strong> 400 µg.m -3 .<br />

(a)<br />

(b)<br />

Gráfico 4.1 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Atual-Leste Mínimo (b) Atual-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Quanto aos <strong>de</strong>mais cenários, peque<strong>nas</strong> diferenças no <strong>de</strong>senho dos histogramas<br />

po<strong>de</strong>m ser percebi<strong>da</strong>s <strong>nas</strong> comparações entre cenários <strong>de</strong> ventos Leste e Su<strong>de</strong>ste (Gráfico<br />

4.2a, b, e, f). Nas situações <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste, as curvas ten<strong>de</strong>m a se <strong>de</strong>slocar mais para a<br />

esquer<strong>da</strong>, o que representa que as concentrações simula<strong>da</strong>s são menores. O histograma<br />

para o cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste é ligeiramente <strong>de</strong>slocado para a direita em comparação<br />

como cenário Atual-Leste (Gráfico 4.2d, c).


120<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

(f)<br />

Gráfico 4.2 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Atual-Leste (b) Março<br />

Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Atual-Leste (d) Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro Atual-Leste (f) Dezembro<br />

Atual-Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

As concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x às 18h00, a 3 m <strong>de</strong> altura foram plota<strong>da</strong>s no<br />

formato <strong>de</strong> mapas; para melhor visualização, as edificações foram indica<strong>da</strong>s como<br />

silhuetas em branco. A concentração <strong>de</strong> NO x para os cenários Junho Atual-Leste Mínimo


121<br />

e Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (Figura 4.2) é representa<strong>da</strong> em escala gráfica que varia<br />

entre 0 e 750 µg.m -3 , enquanto os <strong>de</strong>mais mapas (Figura 4.3, Figura 4.4, Figura 4.5)<br />

empregam escala gráfica <strong>de</strong> 0 a 250 µg.m -3 , para melhor visualização. Nos dois cenários<br />

<strong>de</strong> vento mínimo são visíveis gran<strong>de</strong>s manchas on<strong>de</strong> a concentração se aproxima <strong>de</strong> 750<br />

µg.m -3 , ao longo dos cânions L e N; as concentrações simula<strong>da</strong>s para o cânion M são mais<br />

altas sob a condição <strong>de</strong> vento mínimo <strong>de</strong> Leste que sob a condição <strong>de</strong> vento mínimo <strong>de</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste (Figura 4.2a, b).<br />

Quanto aos <strong>de</strong>mais cenários: naqueles com vento <strong>de</strong> Leste, é visível o efeito <strong>de</strong><br />

carreamento <strong>da</strong>s emissões <strong>de</strong> NOx ao longo dos cânions L, M e N (Figura 4.3a, Figura<br />

4.4a, Figura 4.5a). Nos dois cenários com vento <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste, as concentrações nos cânions<br />

L, M, e N parecem menores que nos cenários <strong>de</strong> vento Leste (Figura 4.3a, Figura 4.4a),<br />

não sendo visível o efeito <strong>de</strong> carreamento, enquanto as concentrações <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> tranversais<br />

ao Eixo Estrutural são ligeiramente mais altas. As concentrações mais altas ocorrem <strong>nas</strong><br />

<strong>vias</strong> transversais ao sul do cânion N, em área classifica<strong>da</strong> como ZR-4 – a simulação sugere<br />

que emissões <strong>de</strong> NO x originárias <strong>da</strong> aveni<strong>da</strong> Iguaçu, estão sendo transporta<strong>da</strong>s ao longo<br />

<strong>da</strong>s <strong>vias</strong> transversais - cânions O e P, e <strong>de</strong>mais <strong>vias</strong>. No entanto, as concentrações<br />

simula<strong>da</strong>s estão ain<strong>da</strong> abaixo <strong>de</strong> níveis preocupantes.<br />

Finalmente, no cenário com ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (Figura 4.5b), torna-se<br />

novamente visível o efeito <strong>de</strong> carreamento <strong>da</strong>s emissões ao longo dos cânions L, M e N,<br />

paralelos ao Eixo Estrutural. Em comparação com o cenário correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vento<br />

Leste (Figura 4.5a), o cânion L apresenta concentrações <strong>de</strong> NO x ligeiramente maiores,<br />

sobretudo no lado sul <strong>da</strong> rua (possivelmente relaciona<strong>da</strong>s com o “paredão” formado pelos<br />

edifícios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> altura existentes <strong>de</strong>sse lado <strong>da</strong> rua) e no lado sul do cânion N. Os<br />

mapas para Nor<strong>de</strong>ste e Leste são virtuais “imagens espelha<strong>da</strong>s” um do outro, com eixo <strong>de</strong><br />

simetria ao longo do cânion M.


122<br />

Figura 4.2 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00 (a) Cenário Junho Atual-Leste<br />

Mínimo (b) Cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


123<br />

Figura 4.3 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> março (a) Cenário<br />

Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


124<br />

Figura 4.4 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (a) Cenário<br />

Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


125<br />

Figura 4.5 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x a 2,40m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Atual-Leste (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


126<br />

4.1.1 Análise dos cânions L, M, N e P<br />

As simulações <strong>de</strong> cenários <strong>de</strong> vento mínimo apontam diferenças entre aqueles<br />

com vento <strong>de</strong> Leste e aqueles com vento <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (Gráfico 4.3, Gráfico 4.4). O<br />

histograma para o cânion L no cenário com vento <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste é severamente <strong>de</strong>slocado<br />

para a direita, em comparação com o histograma correspon<strong>de</strong>nte para o cenário com<br />

vento <strong>de</strong> Leste; enquanto no primeiro há um pico <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x na faixa <strong>de</strong> 300<br />

µg.m -3 , no segundo são visíveis dois picos, <strong>nas</strong> faixas <strong>de</strong> 600 e 700 µg.m -3 , e as<br />

concentrações simula<strong>da</strong>s atingem a faixa <strong>de</strong> 750 µg.m -3 .<br />

Para o cânion M, o cenário <strong>de</strong> ventos <strong>de</strong> Leste é ligeiramente mais favorável à<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. Para o cânion N, no cenário <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste, há um pico <strong>de</strong><br />

concentração na faixa <strong>de</strong> 325 µg.m -3 , com a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> área abaixo <strong>de</strong> 400 µg.m -3 .<br />

No cenário com vento Leste, é visível um pico <strong>de</strong> concentração na faixa <strong>de</strong> 550 µg.m -3 ,<br />

com concentração acima <strong>de</strong> 475 µg.m -3 em gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha. Nesse<br />

cenário as concentrações <strong>de</strong> NO x se aproximam <strong>de</strong> 750 µg.m -3 . Embora elevados, esses<br />

valores não sugerem que o limite secundário <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO 2 seja ultrapassado<br />

nos cânions L e M 23 . Ain<strong>da</strong> entre os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, as simulações para o<br />

cânion P apontam condições <strong>de</strong> dispersão do poluente marginalmente melhores no<br />

cenário <strong>de</strong> vento Leste; nesse cenário, há dois picos <strong>de</strong> concentração, <strong>nas</strong> faixas <strong>de</strong> 300 e<br />

400 µg.m -3 . Em ambos os cenários, quase to<strong>da</strong>s as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha encontram-se acima<br />

<strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> 200 µg.m -3 .<br />

Quanto aos <strong>de</strong>mais cenários <strong>de</strong> simulação: a comparação dos histogramas para<br />

os cenários Março Atual-Leste e Atual-Su<strong>de</strong>ste (Gráfico 4.5, Gráfico 4.6) mostram, para o<br />

cânions L e M, ligeiro <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> curva à direita; para os cânions N e P, há ligeiro<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> curva à esquer<strong>da</strong>, apontando condições melhores <strong>de</strong> dispersão com<br />

ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste. As mesmas tendências são verifica<strong>da</strong>s na comparação entre os cânions<br />

M e N nos cenários Dezembro Atual-Leste e Atual-Su<strong>de</strong>ste (Gráfico 4.7, Gráfico 4.8), mas<br />

não para os cânions L e P (apesar <strong>da</strong>s direções semelhantes, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento é<br />

maior para os cenários <strong>de</strong> Dezembro). De maneira geral, as concentrações <strong>de</strong> NO x<br />

simula<strong>da</strong>s para os cânions L, M, N e P no cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste foram muito<br />

próximas àquelas do cenário Atual-Leste para o mesmo mês, sendo as maiores diferenças<br />

percebi<strong>da</strong>s nos cânions L, M e N (Gráfico 4.9, Gráfico 4.10).<br />

23<br />

Aplicando-se o coeficiente <strong>de</strong> 25% para a razão NO 2 /NO x , o valor <strong>de</strong> 750 µg.m -3 equivaleria a 175 µg.m -3<br />

<strong>de</strong> NO 2 , 15 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s abaixo do limite secundário.


127<br />

Gráfico 4.3 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenário Junho Atual-Leste Mínimo (a) Cânion<br />

L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 4.4 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (a)<br />

Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


128<br />

Gráfico 4.5 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Atual-Leste (a) Cânion L (b)<br />

Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 4.6 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Atual-Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L (b)<br />

Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


129<br />

Gráfico 4.7 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Atual-Leste (a) Cânion L (b)<br />

Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 4.8 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Atual-Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion L<br />

(b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


130<br />

Gráfico 4.9 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-Leste (a) Cânion L (b)<br />

Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 4.10 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste (a) Cânion L<br />

(b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


131<br />

Entrentanto, nesses cenários <strong>de</strong> vento não mínimo, as variações na concentração<br />

<strong>de</strong> NO x e no <strong>de</strong>senho dos histogramas são muito peque<strong>nas</strong>; a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

cenários aponta concentrações abaixo <strong>de</strong> 100 µg.m -3 . A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento se<br />

apresenta como um parâmetro mais importante que a direção do vento na <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses cânions.<br />

4.1.2 Concentração <strong>de</strong> NOx <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais<br />

A Tabela 4.2 resume as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x em <strong>de</strong>zesseis pontos <strong>de</strong><br />

análise, <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais, indicados no mapa (pontos A1 até D4). Os pontos locados<br />

sobre as linhas 1 e 4 correspon<strong>de</strong>m a áreas <strong>de</strong> menor gabarito e a<strong>de</strong>nsamento (áreas ZR-4<br />

lin<strong>de</strong>iras ao Setor Estrutural), enquanto as linhas 2 e 3 encontram-se <strong>nas</strong> áreas <strong>de</strong> maior<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro do Setor Estrutural. Os valores <strong>da</strong> concentração média <strong>de</strong> NO x<br />

simula<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> cenário são confrontados no Gráfico 4.11.<br />

Figura 4.6 – Pontos <strong>de</strong> análise <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Nos cenários <strong>de</strong> vento mínimo e <strong>de</strong> ventos Leste e Nor<strong>de</strong>ste, as concentrações <strong>de</strong><br />

NO x nos pontos internos ao Setor Estrutural são maiores que aquelas simula<strong>da</strong>s <strong>nas</strong> áreas<br />

ZR-4 lin<strong>de</strong>iras. As médias <strong>da</strong>s concentrações <strong>de</strong> NO x nos pontos do SE foram 20% maior<br />

e 52% maior que a média simula<strong>da</strong> para os pontos <strong>da</strong> ZR-4, nos cenários Atual-Leste<br />

Mínimo e Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo, respectivamente. Nos cenários com vento Leste (não


132<br />

mínimo), a concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x nos pontos do SE foi, em média, 45% maior<br />

que nos pontos <strong>da</strong> ZR-4.<br />

A maior diferença <strong>de</strong> concentrações foi encontra<strong>da</strong> sob condições <strong>de</strong> vento <strong>de</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste (não mínimo): a concentração no SE é 83% maior que na ZR-4, que po<strong>de</strong> ser<br />

parcialmente explicado pelo carreamento <strong>de</strong> poluição do cânion L para as <strong>vias</strong><br />

transversais que ligam esse cânion ao M.<br />

Tabela 4.2 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx para os pontos em <strong>vias</strong> transversais,<br />

Cenário Atual.<br />

Ponto<br />

A4<br />

B4<br />

C4<br />

D4<br />

A1<br />

B1<br />

C1<br />

D1<br />

Médias<br />

Máximas<br />

A3<br />

B3<br />

C3<br />

D3<br />

A2<br />

B2<br />

C2<br />

D2<br />

Coord. Concentração <strong>de</strong> NOx (µg.m -3 ) Zona<br />

Março Junho Dezembro<br />

X Y AT-L AT-SE AT-LM AT-NEM AT-L AT-NE AT-L AT-SE<br />

18 102 44 51<br />

348 259 41 34<br />

35<br />

41<br />

55 102 57 66<br />

485 306 53 40<br />

45<br />

54<br />

80 102 36 40<br />

321 201 34 26<br />

29<br />

33<br />

102 102 23 41<br />

158 165 21 22<br />

18<br />

33<br />

18 16 35 39<br />

228 316 34 47<br />

28<br />

31<br />

55 16 33 36<br />

205 217 32 27<br />

26<br />

29<br />

80 16 33 35<br />

236 232 32 25<br />

27<br />

28<br />

102 16 35 33<br />

214 154 27 25<br />

23<br />

26<br />

36 43 274 231 36 31 29 34<br />

18 70<br />

55 70<br />

80 70<br />

102 70<br />

18 46<br />

55 46<br />

80 46<br />

102 46<br />

57 66 485 316 57 47 45 54<br />

72<br />

48<br />

47<br />

64<br />

45<br />

56<br />

54<br />

45<br />

Médias 54<br />

Máximas 72<br />

Fonte: autoria própria.<br />

58<br />

63<br />

47<br />

51<br />

49<br />

57<br />

53<br />

50<br />

53<br />

63<br />

536<br />

322<br />

361<br />

421<br />

235<br />

299<br />

245<br />

215<br />

329<br />

536<br />

377<br />

293<br />

250<br />

418<br />

358<br />

487<br />

379<br />

256<br />

352<br />

487<br />

70 58 58 46<br />

47 47 39 50<br />

46 48 38 37<br />

62 61 52 41<br />

44 52 35 39<br />

55 70 44 45<br />

54 66 44 42<br />

46 51 37 40<br />

53 57 43 43<br />

70 70 58 50<br />

ZR-4<br />

SE


133<br />

Gráfico 4.11 – P8: Comparação entre as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx nos pontos em ZR-4 e SE,<br />

Cenário Atual.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Conquanto esteja pen<strong>de</strong>nte um esforço <strong>de</strong> quantificação <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocupação e sua correlação sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>, a comparação <strong>de</strong> concentrações<br />

simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> poluente, entre os SE e as ZR-4, sugere que a combinação <strong>de</strong> tráfego intenso<br />

com o a<strong>de</strong>nsamento produz um “eixo <strong>de</strong> poluição” sobreposto ao Eixo Estrutural.<br />

4.1.3 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento<br />

Os fluxos <strong>de</strong> vento simulados pelo ENVI-met foram plotados na forma <strong>de</strong><br />

trajetória <strong>de</strong> partículas, para visualização <strong>da</strong>s interações entre o vento e o ambiente<br />

construído às alturas <strong>de</strong> 3 m e 15 m do solo (Figura 4.7 e Figura 4.8).<br />

No cenário com vento Leste (Figura 4.7a), o fluxo é predominantemente paralelo<br />

aos cânions principais; o fluxo <strong>de</strong> vento é primariamente no sentido longitudinal (ao<br />

longo dos cânions L, M e N). No cenário <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste (Figura 4.7b), o fluxo é<br />

predominantemente paralelo aos cânions principais, no sentido longitudinal (ao longo<br />

dos cânions L, M e N). Comparado ao cenário <strong>de</strong> vento Leste, os <strong>da</strong>dos plotados são<br />

aproxima<strong>da</strong>mente simétricos (espelhados em relação ao eixo horizontal formado pelo<br />

cânion M). Finalmente, no cenário <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste (Figura 4.7c), o fluxo é<br />

predominantemente perpendicular aos cânions principais, ao longo dos cânions O, P e<br />

<strong>de</strong>mais <strong>vias</strong> transversais ao Eixo Estrutural.<br />

Da análise <strong>da</strong>s manchas <strong>de</strong> concentração e <strong>da</strong> trajetória <strong>da</strong>s partículas, é possível<br />

inferir que, para a região estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, a condição <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste, aproxima<strong>da</strong>mente


134<br />

perpendicular ao Eixo Estrutural, é a que promove a melhor mistura e dispersão do<br />

poluente, enquanto as condições <strong>de</strong> vento aproxima<strong>da</strong>mente paralelas ao Eixo – ventos <strong>de</strong><br />

Leste e <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste – são menos favoráveis à dispersão, tendo efeito <strong>de</strong> carreamento <strong>da</strong>s<br />

emissões veiculares ao longo do cânion.<br />

Para a altura <strong>de</strong> 15 m, os “paredões” formados pelos grupos <strong>de</strong> edifícios com<br />

pouco ou nenhum afastamento lateral reduzem a permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do conjunto. É visível a<br />

formação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> estagnação entre os prédios do Setor Estrutural. Essas áreas <strong>de</strong><br />

estagnação são mais visíveis sob condições <strong>de</strong> vento Leste e Nor<strong>de</strong>ste, e menos frequentes<br />

sob condições <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste.


Figura 4.7 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Atual (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

135


136<br />

Figura 4.8 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Atual (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos<br />

<strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.


137<br />

Fonte: autoria própria.<br />

4.2 ECOVILLE – CENÁRIO ATUAL<br />

Os resultados <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> NO x para a região do ponto P3<br />

apresentam resultados muito mais favoráveis que aqueles encontrados para a região do<br />

ponto P8. A Tabela 4.3 resume os resultados dos oito cenários <strong>de</strong> simulação principais.<br />

Os valores apresentados são os médios e máximos para todo o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, no<br />

horário <strong>de</strong> máxima concentração do poluente (18h00) a 3 m <strong>de</strong> altura.<br />

Tabela 4.3 – P3: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Atual.<br />

Código Mês Cenário Ū (m.s -1 )<br />

NO x Média<br />

(µg.m -3 )<br />

NO x<br />

Máxima<br />

(µg.m -3 )<br />

Mar AT-L Mar Atual-Leste 1,93 21 88 4,2<br />

Mar AT-SE Atual-Su<strong>de</strong>ste 1,93 20 91 4,5<br />

Jun AT-L Jun Atual-Leste 1,62 21 93 4,5<br />

Jun AT-NE Atual-Nor<strong>de</strong>ste 1,62 19 78 4,1<br />

Jun AT-LM Atual-Leste Mínimo 0,30 101 451 4,5<br />

Jun AT-NEM Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo 0,30 92 310 3,4<br />

Dez AT-L Dez Atual-Leste 2,37 16 72 4,4<br />

Dez AT-SE Atual-Su<strong>de</strong>ste 2,37 15 59 3,9<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Máxima/<br />

média<br />

Dentre os oito cenários, os valores mais elevados para a concentração média e<br />

máxima <strong>de</strong> NO x foram encontrados no cenário Atual-Leste Mínimo. Nesse cenário, a<br />

concentração máxima simula<strong>da</strong> foi <strong>de</strong> 451 µg.m -3 ; aplicando-se o coeficiente <strong>de</strong> 25%,<br />

estima-se que a concentração <strong>de</strong> NO 2 seja <strong>de</strong> 113 µg.m -3 , 77 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s abaixo do limite<br />

secundário. Entre os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, a concentração média é 9,8% maior com<br />

vento Leste que com vento Nor<strong>de</strong>ste, e a máxima, 45% maior.<br />

Excetuando-se os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, há pouca variação na concentração<br />

média <strong>de</strong> NO x , que varia entre 15 µg.m -3 (no cenário Dezembro-Atual Su<strong>de</strong>ste) e 21 µg.m -3<br />

(no cenário Junho Atual-Leste). Variação maior po<strong>de</strong> ser percebi<strong>da</strong> nos resultados para a


138<br />

concentração máxima <strong>de</strong> NO x – entre 59 µg.m -3 e 93 µg.m -3 , nos cenários Dezembro<br />

Atual-Su<strong>de</strong>ste e Junho Atual-Leste, respectivamente.<br />

As simulações apontam a tendência <strong>de</strong> ligeiro aumento <strong>da</strong>s concentrações<br />

médias sob condições <strong>de</strong> vento Leste, em comparação com os cenários <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste<br />

e Su<strong>de</strong>ste. Quanto às concentrações máximas, estas chegam a ser 22% mais altas sob<br />

condições <strong>de</strong> vento Leste que sob as condições <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste para o mesmo mês. A<br />

razão entre as concentrações máximas e médias varia entre 3,4 e 4,5, sendo, em geral,<br />

mais eleva<strong>da</strong>s para os cenários <strong>de</strong> vento Leste.<br />

Os histogramas para os dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo indicam que as maiores<br />

diferenças entre os dois cenários ocorrem em relação às concentrações máximas (Gráfico<br />

4.12a e b). Até o valor <strong>de</strong> 200 µg.m -3 , o <strong>de</strong>senho dos gráficos é semelhante; o cenário<br />

Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo há quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha no intervalo 50-200<br />

µg.m -3 . No cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo, as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , são<br />

quase ausentes as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração acima <strong>de</strong> 300 µg.m -3 , enquanto<br />

no cenário <strong>de</strong> vento Leste mínimo são visíveis uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração<br />

acima <strong>de</strong>sse limiar.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Gráfico 4.12 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NOx, Cenários (a) Atual-Leste Mínimo (b) Atual-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Os histogramas <strong>de</strong> concentração para os cenários <strong>de</strong> vento não mínimo apontam<br />

variações peque<strong>nas</strong> entre os cenários simulados (Gráfico 4.13a a f). Po<strong>de</strong>-se perceber um<br />

ligeiro <strong>de</strong>slocamento à direita nos cenários <strong>de</strong> vento Leste (Gráfico 4.13a, c, e), se<br />

comparados aos cenários <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste e Nor<strong>de</strong>ste correspon<strong>de</strong>ntes.


139<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

(f)<br />

Gráfico 4.13 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Atual-Leste (b) Março<br />

Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Atual-Leste (d) Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro Atual-Leste (f) Dezembro<br />

Atual-Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

As concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x às 18h00, a 3,00 m <strong>de</strong> altura foram plota<strong>da</strong>s<br />

no formato <strong>de</strong> mapas; para a melhor compreensão, as edificações foram indica<strong>da</strong>s como<br />

silhuetas em branco. Foi emprega<strong>da</strong> escala gráfica com valores entre 0 e 750 µg.m -3 para


140<br />

os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, e escala gráfica com valores entre 0 e 250 µg.m -3 para os<br />

<strong>de</strong>mais cenários.<br />

No cenário <strong>de</strong> vento Leste mínimo, são visíveis manchas <strong>de</strong> alta concentração <strong>de</strong><br />

NO x ao longo <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s rápi<strong>da</strong>s do sistema trinário e <strong>nas</strong> quadras inter<strong>nas</strong> do SE-NC<br />

(Figura 4.9a); nesse cenário, o vento aproxima<strong>da</strong>mente paralelo ao cânion promove o<br />

carreamento do poluente ao longo dos cânions e a mistura e dispersão dos <strong>poluentes</strong> é<br />

limita<strong>da</strong>. No cenário correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste (Figura 4.9b), a mancha <strong>de</strong> alta<br />

concentração ao longo <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s é menos pronuncia<strong>da</strong>, com pontos <strong>de</strong> concentração<br />

mais alta localizados junto às faces a barlavento <strong>de</strong> edificações; nesse cenário, as<br />

concentrações <strong>nas</strong> quadras inter<strong>nas</strong> do SE-NC são menores que no cenário <strong>de</strong> vento Leste<br />

mínimo. A simulação sugere que os ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste, ao incidir <strong>de</strong> maneira oblíqua às<br />

aveni<strong>da</strong>s, carregam o poluente na direção geral Sudoeste, facilitando sua mistura e<br />

dispersão.<br />

O comportamento do poluente nos <strong>de</strong>mais cenários, <strong>de</strong> vento não mínimo, é<br />

semelhante: nos três cenários <strong>de</strong> vento Leste percebe-se a formação <strong>de</strong> uma mancha <strong>de</strong><br />

concentração mais intensa ao longo <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> do sistema trinário (Figura 4.10a, Figura<br />

4.11a e Figura 4.12a) e <strong>nas</strong> quadras localiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro do SE-NC.<br />

Nos cenários com vento <strong>de</strong> su<strong>de</strong>ste, oblíquo às <strong>vias</strong> principais, a mancha <strong>de</strong><br />

poluição ao longo <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> é <strong>de</strong>scaracteriza<strong>da</strong>; é visível o carreamento do poluente na<br />

direção geral Noroeste, a partir <strong>da</strong>s ruas (Figura 4.10b, Figura 4.11b). Efeito semelhante é<br />

visível no cenário <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste, com o carreamento do poluente <strong>da</strong> direção geral<br />

Sudoeste (Figura 4.12b).


141<br />

Figura 4.9 - P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Atual-Leste Mínimo (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


142<br />

Figura 4.10 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> março (a) Cenário<br />

Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


143<br />

Figura 4.11 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (a)<br />

Cenário Atual-Leste (b) Cenário Atual-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


144<br />

Figura 4.12 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Atual-Leste (b) Cenário Atual-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


145<br />

4.2.1 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento<br />

Os fluxos <strong>de</strong> vento simulados pelo ENVI-met foram plotados na forma <strong>de</strong><br />

trajetória <strong>de</strong> partículas, para visualização <strong>da</strong>s interações entre o vento e o ambiente<br />

construído às alturas <strong>de</strong> 3 m do solo (Figura 4.13a, b, c) e 15 m do solo (Figura 4.14a, b,<br />

c).<br />

Segundo as simulações, a morfologia adota<strong>da</strong> no Ecoville interfere menos sobre<br />

os fluxos <strong>de</strong> vento, que são praticamente <strong>de</strong>svinculados <strong>da</strong> forma e orientação dos cânions<br />

urbanos. As trajetórias simula<strong>da</strong>s são similares para as três direções <strong>de</strong> vento – Leste,<br />

Nor<strong>de</strong>ste e Su<strong>de</strong>ste – não sendo visível a formação <strong>de</strong> vórtices <strong>de</strong> recirculação ou áreas <strong>de</strong><br />

estagnação. A maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> urbanização é ain<strong>da</strong> mais visível<br />

<strong>nas</strong> trajetórias <strong>de</strong> partículas simula<strong>da</strong>s para a altura <strong>de</strong> 15 m.<br />

Essas simulações <strong>de</strong>stacam o efeito <strong>da</strong> maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> pela adoção<br />

do afastamento lateral <strong>de</strong> H/5 e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “torres resi<strong>de</strong>nciais”, e confirmam as<br />

avaliações <strong>de</strong> Romero (2009) e Danni-Oliveira (2009) sobre os efeitos benéficos <strong>de</strong>sse<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> torres isola<strong>da</strong>s sobre a circulação <strong>de</strong> ar entre edifícios.


146<br />

Figura 4.13 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c)<br />

ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.


Figura 4.14 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b) ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c)<br />

ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

147


148


149<br />

5 CIRCULAÇÃO DO AR NOS SETORES<br />

ESTRUTURAIS - CENÁRIO ALTERNATIVO<br />

Como etapa final <strong>de</strong>sse trabalho, avalia-se a influência <strong>da</strong>s condições climáticas<br />

sobre a dispersão dos <strong>poluentes</strong> em um cenário hipotético <strong>de</strong> reorganização do Setor<br />

Estrutural segundo os parâmetros <strong>da</strong> Lei n o 9.800/00; ao mesmo tempo, imagina-se a<br />

consoli<strong>da</strong>ção do Ecoville - completa ocupação dos lotes ain<strong>da</strong> vagos ao longo <strong>da</strong> via<br />

central.<br />

A exemplo dos estudos <strong>de</strong> Schmid (2001) e Campos (2005), concebeu-se um<br />

cenário hipotético <strong>de</strong> ocupação do solo em que todos os lotes do Setor Estrutural teriam<br />

sido ocupados segundo os parâmetros estabelecidos pela Lei n o 9.800/00.<br />

As condições nos Setores Estruturais e no Ecoville geraram abor<strong>da</strong>gens<br />

diferentes, porém complementares: no primeiro caso, foi simulado o reparcelamento do<br />

solo. No segundo, imaginou-se a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ocupação segundo os parâmetros<br />

atuais, mantendo-se as edificações já existentes.<br />

A partir <strong>da</strong> planta ca<strong>da</strong>stral do ano <strong>de</strong> 2000, foi simulado o reparcelamento do<br />

solo dos Setores Estruturais, abrangendo unicamente as quadras centrais. Por<br />

simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ca<strong>da</strong> quadra foi subdividi<strong>da</strong> em três faixas: uma próxima à via central, uma<br />

próxima à via externa, e uma intermediária (Figura 5.1). As indicações “via central”,<br />

“<strong>de</strong>mais <strong>vias</strong>” e “via externa” se referem aos parâmetros <strong>de</strong> uso do solo, conforme a Lei n o<br />

9.800/00 e <strong>de</strong>cretos complementares foram aplicados a ca<strong>da</strong> faixa. Não foi simula<strong>da</strong> nova<br />

ocupação <strong>da</strong>s áreas ZR-4 lin<strong>de</strong>iras.


150<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 5.1 - Comparação entre o parcelamento do solo atual (a) e o parcelamento simulado (b).<br />

Fonte: autoria própria.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 5.2 - Exemplos <strong>da</strong> nova morfologia – edificações (a) Elevação (b) Planta.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Foram então simula<strong>da</strong>s novas construções <strong>de</strong> acordo com os parâmetros <strong>da</strong> lei<br />

<strong>de</strong> uso do solo atual; em todos os lotes, foi gerado um embasamento <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>da</strong><br />

lei e respeitando-se os afastamentos laterais. Os volumes <strong>da</strong>s torres foram resolvidos<br />

graficamente em software <strong>de</strong> CAD. Uma vez que o mo<strong>de</strong>lo ENVI-met foi elaborado sobre<br />

uma base <strong>de</strong> 6x6x10 m, optou-se por simplificar o cálculo dos afastamentos laterais –<br />

imaginaram-se torres escalona<strong>da</strong>s, ajustando-se o afastamento em intervalos <strong>de</strong> seis<br />

metros (Figura 5.2). As formas <strong>da</strong>s edificações obti<strong>da</strong>s são mais i<strong>de</strong>aliza<strong>da</strong>s que aquelas<br />

do estudo <strong>de</strong> Campos (2005), em que o autor procurou a<strong>da</strong>ptar formas construtivas<br />

habituais às exigências <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> uso do solo. Foram imaginados edifícios com pavimentos


151<br />

<strong>de</strong> 300 a 600 m 2 , compatíveis com os padrões do mercado imobiliário nessa região, e<br />

adota<strong>da</strong>s tipologias em barra e em L.<br />

Na região do P3, Ecoville, adotou-se um procedimento mais simples: foram<br />

mo<strong>de</strong>lados edifícios ocupando os lotes vagos, simulando a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>quela área<br />

(Figura 5.4).<br />

Figura 5.3 - P8: Comparação entre os mo<strong>de</strong>los (a) cenário Atual (b) cenário Alternativo.<br />

Fonte: autoria própria.


152<br />

Figura 5.4 – P3: Comparação entre os mo<strong>de</strong>los (a) cenário Atual (b) cenário Alternativo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

As condições climáticas adota<strong>da</strong>s nos cenários alternativos são idênticas àquelas<br />

adota<strong>da</strong>s para a simulação dos cenários atuais (Tabela 3.4). Adotaram-se ain<strong>da</strong> os<br />

mesmos valores <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tráfego e composição <strong>da</strong> frota.


153<br />

5.1 SETE DE SETEMBRO – CENÁRIO ALTERNATIVO<br />

A Tabela 5.1 resume os resultados dos oito cenários <strong>de</strong> simulação principais. Os<br />

valores apresentados são os médios e máximos para todo o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, no<br />

horário <strong>de</strong> máxima concentração do poluente (18h00) a 3,00 m <strong>de</strong> altura.<br />

Tabela 5.1 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Alternativo.<br />

Código Mês Cenário ū (m.s -1 )<br />

NO x Média<br />

(µg.m -3 )<br />

NO x<br />

Máxima<br />

(µg.m -3 )<br />

Mar ALT-L Mar Alternativo-Leste 3,10 38 78 2,1<br />

Mar ALT-SE Alternativo -Su<strong>de</strong>ste 3,10 34 71 2,1<br />

Jun ALT-L Jun Alternativo -Leste 2,60 37 78 2,1<br />

Jun ALT-NE Alternativo -Nor<strong>de</strong>ste 2,60 44 113 2,6<br />

Jun ALT-LM Alternativo -Leste Mínimo 0,30 233 781 3,4<br />

Jun ALT-NEM Alternativo -Nor<strong>de</strong>ste Mínimo 0,30 201 754 3,8<br />

Dez ALT-L Dez Alternativo -Leste 3,80 30 63 2,1<br />

Dez ALT-SE Alternativo -Su<strong>de</strong>ste 3,80 34 71 2,1<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Máxima/<br />

média<br />

Os resultados <strong>da</strong>s simulações para esses oito cenários principais apontam gran<strong>de</strong><br />

contraste entre as situações <strong>de</strong> calmaria e as situações com vento. Entre to<strong>da</strong>s as situações<br />

analisa<strong>da</strong>s, as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x sob condições <strong>de</strong> vento mínimo são até 10<br />

vezes mais altas que sob as <strong>de</strong>mais condições <strong>de</strong> vento analisa<strong>da</strong>s. A localização dos<br />

cânions L, M, N, O e P, citados na análise a seguir, correspon<strong>de</strong> à indica<strong>da</strong> na Figura 4.1.<br />

A máxima concentração simula<strong>da</strong> sob condições <strong>de</strong> vento mínimo é <strong>de</strong> 781<br />

µg.m -3 , 14% menor que a máxima encontra<strong>da</strong> no cenário atual. Ao se aplicar o coeficiente<br />

<strong>de</strong> 25% para a relação NO 2 /NO x , obtem-se a concentração estima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 195 µg.m -3 <strong>de</strong> NO 2 ,<br />

cinco uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s acima do limite secundário para a concentração do poluente e 33<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s menor que o valor mais elevado encontrado no cenário atual.<br />

Em dois cenários Alternativo-Leste – Março, Junho – as simulações não<br />

apontaram alteração <strong>nas</strong> concentrações média e máxima <strong>de</strong> NO x ; no cenário Dezembro<br />

Alternativo-Leste, houve redução em 3% <strong>nas</strong> concentrações. Não é possível apontar uma<br />

tendência para os cenários com ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste: houve redução <strong>da</strong>s concentrações <strong>de</strong>


154<br />

NO x (média 8% menor e máxima 4% menor) para o mês <strong>de</strong> Março, enquanto, para o mês<br />

<strong>de</strong> Dezembro, houve aumento <strong>nas</strong> concentrações média e máxima (17% e 20% maiores,<br />

respectivamente). Também foi apontado o aumento <strong>da</strong>s concentrações no cenário<br />

Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste para o mês <strong>de</strong> junho (aumento <strong>de</strong> 25% na concentração média e <strong>de</strong><br />

30% na concentração máxima). Em termos absolutos, as variações <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong><br />

NO x são peque<strong>nas</strong> nesses cenários, com médias entre 38 e 44 µg.m -3 e máximas entre 63 e<br />

113 µg.m -3 .<br />

Alterações mais significativas foram aponta<strong>da</strong>s nos cenários <strong>de</strong> vento mínimo;<br />

para o cenário Junho Alternativo-Leste mínimo, embora ocorra o aumento <strong>da</strong><br />

concentração máxima (4% mais alta), a concentração média é 18% menor que no cenário<br />

atual correspon<strong>de</strong>nte. No cenário Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste mínimo, tanto a<br />

concentração média quanto a máxima são menores que no cenário atual (25% e 17%<br />

menores, respectivamente).<br />

Os histogramas para os dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo são muito semelhantes<br />

(Gráfico 5.1a e b); nos dois casos, gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> área encontra-se acima <strong>de</strong> 200 µg.m -3 . A<br />

dispersão do poluente é marginalmente melhor no cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste<br />

Mínimo, o que se evi<strong>de</strong>ncia pelo pico ligeiramente mais alto na faixa <strong>de</strong> 175 µg.m -3 e pela<br />

menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração <strong>de</strong> NO x acima <strong>de</strong> 400 µg.m -3 .<br />

(a)<br />

(b)<br />

Gráfico 5.1 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Alternativo-Leste Mínimo (b)<br />

Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Os histogramas para os cenários alternativos <strong>de</strong> vento Leste são virtualmente<br />

iguais aos seus correspon<strong>de</strong>ntes nos cenários atuais (Gráfico 5.2a, c, e). Os histogramas<br />

dos cenários Março Alternativo-Su<strong>de</strong>ste e Dezembro Aternativo-Su<strong>de</strong>ste são ligeiramente


155<br />

<strong>de</strong>slocados para a esquer<strong>da</strong> (Gráfico 5.2b, f), enquanto o histograma para o cenário Junho<br />

Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (Gráfico 5.2d) mostra ligeiro <strong>de</strong>slocamento à direita.<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

Gráfico 5.2 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Alternativo-Leste (b) Março<br />

Alternativo -Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Alternativo -Leste (d) Junho Alternativo -Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro<br />

Alternativo -Leste (f) Dezembro Alternativo –Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

(f)


156<br />

As concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x às 18h00, a 3 m <strong>de</strong> altura foram plota<strong>da</strong>s no<br />

formato <strong>de</strong> mapas; as edificações foram indica<strong>da</strong>s como silhuetas em branco. A<br />

concentração <strong>de</strong> NO x para os cenários Junho Atual-Leste Mínimo e Junho Atual-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (Figura 5.5) é representa<strong>da</strong> em escala gráfica que varia entre 0 e 750<br />

µg.m -3 , enquanto os <strong>de</strong>mais mapas (Figura 5.6, Figura 5.7, Figura 5.8) empregam escala<br />

gráfica <strong>de</strong> 0 a 250 µg.m -3 , para melhor visualização. As manchas <strong>de</strong> maior concentração,<br />

próxima a 750 µg.m -3 , ao longo dos cânions L e N são menos extensas que nos cenários<br />

Atual-Leste Mínimo e Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo; como nos cenários atuais, as<br />

concentrações simula<strong>da</strong>s para o cânion M são mais altas sob a condição <strong>de</strong> vento mínimo<br />

<strong>de</strong> Leste que sob a condição <strong>de</strong> vento mínimo <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (Figura 5.5a, b). O efeito <strong>de</strong><br />

carreamento dos <strong>poluentes</strong> é menos pronunciado: as manchas <strong>de</strong> maior concentração<br />

ocorrem na extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> leste do mo<strong>de</strong>lo e a concentração <strong>de</strong> NO x diminui rapi<strong>da</strong>mente a<br />

sotavento nos cânions L e N.<br />

Quanto aos <strong>de</strong>mais cenários: naqueles com vento <strong>de</strong> Leste é visível o efeito <strong>de</strong><br />

carreamento <strong>da</strong>s emissões <strong>de</strong> NO x ao longo dos cânions L, M e N (Figura 5.6a, Figura<br />

5.7a, Figura 5.8a). Nos dois cenários com vento <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste, as concentrações nos cânions<br />

L, M, e N parecem menores que nos cenários <strong>de</strong> vento Leste (Figura 5.6a, Figura 5.7a),<br />

não sendo visível o efeito <strong>de</strong> carreamento, enquanto as concentrações <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> tranversais<br />

ao Eixo Estrutural são ligeiramente mais altas. As concentrações mais altas ocorrem <strong>nas</strong><br />

<strong>vias</strong> transversais ao sul do cânion N, em área classifica<strong>da</strong> como ZR-4 – a simulação sugere<br />

que emissões <strong>de</strong> NO x originárias <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Iguaçu, estão sendo transporta<strong>da</strong>s ao longo<br />

<strong>da</strong>s <strong>vias</strong> transversais - cânions O e P, e <strong>de</strong>mais <strong>vias</strong>. No entanto, as concentrações<br />

simula<strong>da</strong>s estão ain<strong>da</strong> abaixo <strong>de</strong> níveis preocupantes.<br />

Finalmente, no cenário com ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (Figura 5.8b), torna-se<br />

novamente visível o efeito <strong>de</strong> carreamento <strong>da</strong>s emissões ao longo dos cânions L, M e N,<br />

paralelos ao Eixo Estrutural. Em comparação com o cenário correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vento<br />

Leste (Figura 5.8a), o cânion L apresenta concentrações <strong>de</strong> NO x ligeiramente maiores,<br />

sobretudo no lado sul <strong>da</strong> rua e ao longo <strong>de</strong> duas quadras do lado sul do cânion N. Como<br />

nos cenários atual, os mapas para Nor<strong>de</strong>ste e Leste são virtuais “imagens espelha<strong>da</strong>s” um<br />

do outro, com eixo <strong>de</strong> simetria a longo do cânion M.


157<br />

Figura 5.5 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00 (a) Cenário Junho Alternativo-Leste<br />

Mínimo (b) Cenário Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


158<br />

Figura 5.6 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> março (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


159<br />

Figura 5.7 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo -Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


160<br />

Figura 5.8 – P8: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3,00m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


161<br />

5.1.1 Análise dos cânions L, M, N e P<br />

As simulações <strong>de</strong> cenários <strong>de</strong> vento mínimo apontam diferenças entre aqueles<br />

com vento <strong>de</strong> Leste e aqueles com vento <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (Gráfico 5.3, Gráfico 5.4); percebese<br />

a tendência <strong>de</strong> melhoria nos cânions M, N e P. Como no cenário atual, o histograma<br />

para o cânion L no cenário com vento <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste é severamente <strong>de</strong>slocado para a<br />

direita, em comparação com o histograma correspon<strong>de</strong>nte para o cenário com vento <strong>de</strong><br />

Leste; enquanto no primeiro há um pico <strong>de</strong> concentração na faixa <strong>de</strong> 200 µg.m -3 , no<br />

segundo são visíveis dois picos, <strong>nas</strong> faixa <strong>de</strong> 250 e 325 µg.m -3 , e as concentrações<br />

simula<strong>da</strong>s atingem a faixa <strong>de</strong> 775 µg.m -3 .<br />

Para o cânion M, o cenário <strong>de</strong> ventos <strong>de</strong> Leste é ligeiramente mais favorável à<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. A melhoria mais expressiva ocorre no cânion N: no cenário <strong>de</strong><br />

vento Nor<strong>de</strong>ste, há um pico <strong>de</strong> concentração na faixa <strong>de</strong> 175 µg.m -3 , com a quase<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> área abaixo <strong>de</strong> 400 µg.m -3 . No cenário com vento Leste, são visíveis dois<br />

picos <strong>de</strong> concentração, <strong>nas</strong> faixas <strong>de</strong> 275 e 475 µg.m -3 , com concentração acima <strong>de</strong> 400<br />

µg.m -3 em gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha. Nesse cenário as concentrações <strong>de</strong> NO x se<br />

aproximam <strong>de</strong> 700 µg.m -3 .<br />

Ain<strong>da</strong> entre os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, as simulações para o cânion P<br />

apontam condições <strong>de</strong> dispersão do poluente melhores no cenário <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste;<br />

nesse cenário, há um pico <strong>de</strong> concentração na faixas <strong>de</strong> 200 µg.m -3 , com poucas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> malha acima <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> 400 µg.m -3 . No cenário <strong>de</strong> vento Leste, embora o pico <strong>de</strong><br />

concentração também correspon<strong>da</strong> à faixa <strong>de</strong> 200 µg.m -3 , há gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> malha acima <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> 400 µg.m -3 . De maneira geral as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

NO x nos cenários alternativos com vento mínimo são menores que suas correspon<strong>de</strong>ntes<br />

nos cenários atuais.<br />

Quanto aos <strong>de</strong>mais cenários <strong>de</strong> simulação: a comparação dos histogramas para<br />

os cenários Março Alternativo-Leste e Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (Gráfico 5.5, Gráfico 5.6)<br />

mostram, para o cânions L, M e N, ligeiro <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> curva à direita, e curvas<br />

virtualmente idênticas para o cânion P. Tendências semelhantes são verifica<strong>da</strong>s na<br />

comparação entre os cânions nos cenários Dezembro Atual-Leste e Atual-Su<strong>de</strong>ste<br />

(Gráfico 5.7, Gráfico 5.8): <strong>de</strong>slocamento dos histogramas à esquer<strong>da</strong> para os cânions L, M<br />

e N, e ligeiro <strong>de</strong>slocamento à direita para o cânion P, o que indica condições ligeiramente<br />

melhores <strong>de</strong> dispersão do poluente com ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste. As concentrações <strong>de</strong> NO x


162<br />

simula<strong>da</strong>s para os cânions L, M, N e P no cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste foram<br />

ligeiramente maiores que aquelas do cenário Atual-Leste para o mesmo mês (Gráfico 5.9,<br />

Gráfico 5.10).<br />

Entrentanto, como nos cenários atuais, as variações na concentração <strong>de</strong> NO x e<br />

no <strong>de</strong>senho dos histogramas são muito peque<strong>nas</strong>; a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos cenários aponta<br />

concentrações abaixo <strong>de</strong> 100 µg.m -3 . A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento se apresenta como um<br />

parâmetro mais importante que a direção do vento na <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> <strong>de</strong>ntro dos cânions analisados.


163<br />

Gráfico 5.3 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenário Junho Alternativo-Leste Mínimo (a)<br />

Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 5.4 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo<br />

(a) Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


164<br />

Gráfico 5.5 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Alternativo-Leste (a) Cânion L<br />

(b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 5.6 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Março Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (a) Cânion<br />

L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


165<br />

Gráfico 5.7 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Alternativo-Leste (a) Cânion<br />

L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 5.8 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Dezembro Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (a)<br />

Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


166<br />

Gráfico 5.9 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-Leste (a) Cânion L<br />

(b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 5.10 – P8: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , cenário Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (a)<br />

Cânion L (b) Cânion M (c) Cânion N (d) Cânion P.<br />

Fonte: autoria própria.


167<br />

5.1.2 Concentração <strong>de</strong> NOx <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais<br />

A Tabela 5.2 resume as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x em <strong>de</strong>zesseis pontos <strong>de</strong><br />

análise, <strong>nas</strong> <strong>vias</strong> transversais, indicados no mapa (Figura 4.6). Os valores <strong>da</strong> concentração<br />

média <strong>de</strong> NO x simula<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> cenário são confrontados no Gráfico 5.11.<br />

Há, <strong>de</strong> maneira geral, tendência <strong>de</strong> redução <strong>nas</strong> concentrações, tanto no ZR-4<br />

quanto no SE. A tendência <strong>de</strong> redução é mais intensa nos pontos do SE, e as que<strong>da</strong>s são<br />

mais significativas nos dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo – as concentrações médias para os<br />

cenários Alternativo-Leste Mínimo e Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo são, em média, 50,6%<br />

menores que as simula<strong>da</strong>s nos cenários atuais correspon<strong>de</strong>ntes. Os resultados para os<br />

cenários <strong>de</strong> ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste são inconclusivos.<br />

Nos cenários <strong>de</strong> vento mínimo <strong>de</strong> Leste e Nor<strong>de</strong>ste, as concentrações <strong>de</strong> NO x nos<br />

pontos internos ao Setor Estrutural são menores que aquelas simula<strong>da</strong>s <strong>nas</strong> áreas ZR-4<br />

lin<strong>de</strong>iras. As médias <strong>da</strong>s concentrações <strong>de</strong> NO x nos pontos do SE foram 33% menor e 15%<br />

menor que a média simula<strong>da</strong> para os pontos <strong>da</strong> ZR-4, nos cenários Alternativo-Leste<br />

Mínimo e Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo, respectivamente. Nos cenários com vento Leste<br />

(não mínimo), a concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NO x nos pontos do SE foi, em média, 33%<br />

maior que nos pontos <strong>da</strong> ZR-4.<br />

Esses resultados sugerem que a maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> morfologia prevista na<br />

Lei 9.800/00 po<strong>de</strong>ria atenuar o “eixo <strong>de</strong> poluição”, com melhorias significativas <strong>de</strong>ntro do<br />

SE e melhorias menos expressivas <strong>nas</strong> ZR-4.


168<br />

Tabela 5.2 – P8: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx para os pontos em <strong>vias</strong> transversais,<br />

Cenário Alternativo.<br />

Ponto<br />

Coord. Concentração <strong>de</strong> NOx (µg.m -3 ) Zona<br />

X<br />

Y<br />

Março Junho Dezembro<br />

ALT-<br />

L<br />

ALT-<br />

SE<br />

ALT-<br />

LM<br />

ALT-<br />

NEM<br />

ALT-<br />

L<br />

ALT-<br />

NE<br />

ALT-<br />

L<br />

A4 18 102 46 51 354 151 43 39 37 51<br />

B4 55 102 57 69 485 179 53 51 45 69<br />

C4 80 102 36 41 328 161 33 32 29 41<br />

D4 102 102 23 42 163 168 22 27 19 42<br />

A1 18 16 33 33 161 320 32 70 26 33 ZR-4<br />

B1 55 16 32 31 161 210 32 38 26 31<br />

C1 80 16 35 30 186 227 34 34 28 30<br />

D1 102 16 30 30 206 151 30 34 25 30<br />

Médias 37 41 255 196 35 41 29 41<br />

Máximas 57 69 485 320 53 70 45 69<br />

A3 18 70 46 56 164 142 46 45 36 56<br />

B3 55 70 49 64 185 147 50 53 39 64<br />

C3 80 70 40 47 175 138 42 47 33 47<br />

ALT-<br />

SE<br />

D3 102 70 41 50 195 161 43 53 34 50 SE<br />

A2 18 46 38 46 156 170 38 66 30 46<br />

B2 55 46 41 48 158 185 42 72 33 48<br />

C2 80 46 40 40 153 195 41 70 32 40<br />

D2 102 46 45 40 163 198 46 61 37 40<br />

Médias 42 49 169 167 43 58 34 49<br />

Máximas 49 64 195 198 50 72 39 64<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Gráfico 5.11 – P8: Comparação entre as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NOx nos pontos em ZR-4 e SE,<br />

Cenário Alternativo.<br />

Fonte: autoria própria.


169<br />

5.1.3 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento<br />

Os fluxos <strong>de</strong> vento simulados pelo ENVI-met foram plotados na forma <strong>de</strong><br />

trajetória <strong>de</strong> partículas, para visualização <strong>da</strong>s interações entre o vento e o ambiente<br />

construído às alturas <strong>de</strong> 3 m e 15 m do solo (Figura 5.9 e Figura 5.10).<br />

Apesar do aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> construção, os fluxos simulados para altura<br />

<strong>de</strong> 3 m do solo são semelhantes àqueles do cenário Atual. Com vento Leste (Figura 5.9a),<br />

o fluxo é predominantemente paralelo aos cânions principais; o fluxo <strong>de</strong> vento é<br />

primariamente no sentido longitudinal (ao longo dos cânions L, M e N). No cenário <strong>de</strong><br />

vento Nor<strong>de</strong>ste (Figura 5.9b), o fluxo é predominantemente paralelo aos cânions<br />

principais, no sentido longitudinal (ao longo dos cânions L, M e N). Comparado ao<br />

cenário <strong>de</strong> vento Leste, os <strong>da</strong>dos plotados são aproxima<strong>da</strong>mente simétricos (espelhados<br />

em relação ao eixo horizontal formado pelo cânion M). Finalmente, no cenário <strong>de</strong> vento<br />

Su<strong>de</strong>ste (Figura 5.9c), o fluxo é predominantemente perpendicular aos cânions principais,<br />

ao longo dos cânions O, P e <strong>de</strong>mais <strong>vias</strong> transversais ao Eixo Estrutural.<br />

Para a altura <strong>de</strong> 15 m, as trajetórias apontam o aumento <strong>da</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vido ao maior afastamento lateral, com resultados virtualmente iguais para qualquer<br />

direção <strong>de</strong> vento; a forma dos cânions exerce menos influência sobre os fluxos <strong>de</strong> vento.


170<br />

Figura 5.9 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.


171<br />

Figura 5.10 – P8: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.


172<br />

5.2 ECOVILLE – CENÁRIO ALTERNATIVO<br />

Os resultados <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> NO x para a região do ponto P3<br />

apresentam resultados muito semelhantes àqueles encontrados no cenário atual. A Tabela<br />

5.3 resume os resultados dos oito cenários <strong>de</strong> simulação principais. Os valores<br />

apresentados são os médios e máximos para todo o domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, no horário <strong>de</strong><br />

máxima concentração do poluente (18h00) a 3,00 m <strong>de</strong> altura.<br />

Tabela 5.3 – P3: Resumo <strong>da</strong>s concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , Cenário Alternativo.<br />

Código Mês Cenário Ū (m.s -1 )<br />

NO x Média<br />

(µg.m -3 )<br />

NO x Máxima<br />

(µg.m -3 )<br />

Mar ALT-L Mar Alternativo-Leste 1,93 20 82 4,0<br />

Mar ALT-SE Alternativo-Su<strong>de</strong>ste 1,93 19 90 4,6<br />

Jun ALT-L Jun Alternativo-Leste 1,62 20 83 4,2<br />

Jun ALT-NE Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste 1,62 18 74 4,0<br />

Jun ALT-LM Alternativo-Leste Mínimo 0,30 94 462 4,9<br />

Máxima/média<br />

Jun ALT-NEM<br />

Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste<br />

Mínimo<br />

0,30 88 311 3,6<br />

Dez ALT-L Dez Alternativo-Leste 2,37 16 64 4,1<br />

Dez ALT-SE Alternativo-Su<strong>de</strong>ste 2,37 15 59 4,0<br />

Fonte: autoria própria.<br />

Novamente, os valores mais elevados para a concentração média e máxima <strong>de</strong><br />

NO x foram encontrados com condições <strong>de</strong> vento Leste Mínimo; nesse cenário, a<br />

concentração máxima simula<strong>da</strong> foi <strong>de</strong> 462 µg.m -3 (2,4% acima do valor encontrado no<br />

cenário Atual correspon<strong>de</strong>nte); aplicando-se o coeficiente <strong>de</strong> 25%, estima-se que a<br />

concentração <strong>de</strong> NO 2 seja <strong>de</strong> 116 µg.m -3 , 74 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s abaixo do limite secundário.<br />

Excetuando-se os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, há pouca variação na concentração média<br />

<strong>de</strong> NO x , que varia entre 15 µg.m -3 (no cenário Dezembro-Atual Su<strong>de</strong>ste) e 20 µg.m -3 (no<br />

cenário Junho Atual-Leste) – valores muito próximos àqueles dos cenários atuais.<br />

Variação maior po<strong>de</strong> ser percebi<strong>da</strong> nos resultados para a concentração máxima <strong>de</strong> NO x –<br />

entre 59 µg.m -3 e 90 µg.m -3 , nos cenários Dezembro Atual-Su<strong>de</strong>ste e Junho Atual-Leste,


173<br />

respectivamente, numa faixa <strong>de</strong> concentrações 3 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s menor que aquela dos cenários<br />

atuais correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

A tendência <strong>de</strong> ligeiro aumento <strong>da</strong>s concentrações médias sob condições <strong>de</strong><br />

vento Leste, em comparação com os cenários <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste e Su<strong>de</strong>ste, se mantém. A<br />

razão entre as concentrações máximas e médias varia entre 3,6 e 4,9.<br />

Os histogramas para os dois cenários <strong>de</strong> vento mínimo indicam que as maiores<br />

diferenças entre os dois cenários ocorrem em relação às concentrações máximas (Gráfico<br />

5.12a e b). O <strong>de</strong>senho <strong>de</strong>sses histogramas é virtualmente idêntico aos dos cenários atuais:<br />

até o valor <strong>de</strong> 200 µg.m -3 , o <strong>de</strong>senho dos gráficos é semelhante; o cenário Alternativo-<br />

Nor<strong>de</strong>ste Mínimo há quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha no intervalo 50-200 µg.m -3 .<br />

No cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo, as concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x , são quase<br />

ausentes as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração acima <strong>de</strong> 300 µg.m -3 , enquanto no<br />

cenário <strong>de</strong> vento Leste mínimo são visíveis uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> malha com concentração acima<br />

<strong>de</strong>sse limiar.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Gráfico 5.12 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NOx, Cenários (a) Alternativo-Leste Mínimo (b)<br />

Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo.<br />

Os histogramas <strong>de</strong> concentração para os cenários <strong>de</strong> vento não mínimo são,<br />

também, virtualmente idênticos aos histogramas dos cenários atuais correspon<strong>de</strong>ntes, e<br />

apontam variações mínimas entre os cenários simulados (Gráfico 5.13a a f). Po<strong>de</strong>-se<br />

perceber um ligeiro <strong>de</strong>slocamento à direita nos cenários <strong>de</strong> vento Leste (Gráfico 5.13a, c,<br />

e), se comparados aos cenários <strong>de</strong> vento Su<strong>de</strong>ste e Nor<strong>de</strong>ste correspon<strong>de</strong>ntes.


174<br />

(a)<br />

(b)<br />

(c)<br />

(d)<br />

(e)<br />

(f)<br />

Gráfico 5.13 – P3: Histogramas <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> NO x , Cenários (a) Março Alternativo-Leste (b)<br />

Março Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c) Junho Alternativo-Leste (d) Junho Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (e) Dezembro<br />

Alternativo-Leste (f) Dezembro Alternativo-Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.


175<br />

As concentrações simula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> NO x às 18h00, a 3,00 m <strong>de</strong> altura foram plota<strong>da</strong>s<br />

no formato <strong>de</strong> mapas; para a melhor compreensão, as edificações foram indica<strong>da</strong>s como<br />

silhuetas em branco. Foi emprega<strong>da</strong> escala gráfica com valores entre 0 e 750 µg.m -3 para<br />

os cenários <strong>de</strong> vento mínimo, e escala gráfica com valores entre 0 e 250 µg.m -3 para os<br />

<strong>de</strong>mais cenários.<br />

A ocupação dos lotes vagos não produziu alterações significativas: no cenário <strong>de</strong><br />

vento Leste mínimo, são visíveis manchas <strong>de</strong> alta concentração <strong>de</strong> NO x ao longo <strong>da</strong>s<br />

aveni<strong>da</strong>s rápi<strong>da</strong>s do sistema trinário e <strong>nas</strong> quadras inter<strong>nas</strong> do SE-NC (Figura 5.11a). No<br />

cenário correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> vento Nor<strong>de</strong>ste (Figura 5.11a), a mancha <strong>de</strong> alta concentração<br />

ao longo <strong>da</strong>s aveni<strong>da</strong>s é menos pronuncia<strong>da</strong>, com pontos <strong>de</strong> concentração mais alta<br />

localizados junto às faces a barlavento <strong>de</strong> edificações; nesse cenário, as concentrações <strong>nas</strong><br />

quadras inter<strong>nas</strong> do SE-NC são menores que no cenário <strong>de</strong> vento Leste mínimo.<br />

O comportamento do poluente nos <strong>de</strong>mais cenários, <strong>de</strong> vento não mínimo, é<br />

semelhante: nos três cenários <strong>de</strong> vento Leste percebe-se a formação <strong>de</strong> uma mancha <strong>de</strong><br />

concentração mais intensa ao longo <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> do sistema trinário (Figura 5.12a, Figura<br />

5.13a e Figura 5.14a) e <strong>nas</strong> quadras localiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro do SE-NC. Nos cenários com vento<br />

<strong>de</strong> su<strong>de</strong>ste, oblíquo às <strong>vias</strong> principais, a mancha <strong>de</strong> poluição ao longo <strong>da</strong>s <strong>vias</strong> é<br />

<strong>de</strong>scaracteriza<strong>da</strong>; é visível o carreamento do poluente na direção geral Noroeste, a partir<br />

<strong>da</strong>s ruas (Figura 5.12b, Figura 5.13). Efeito semelhante é visível no cenário <strong>de</strong> vento<br />

Nor<strong>de</strong>ste, com o carreamento do poluente <strong>da</strong> direção geral Sudoeste (Figura 5.14). Esse<br />

resultados são similares aos encontrados nos cenários atuais correspon<strong>de</strong>ntes.


176<br />

Figura 5.11 - P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste Mínimo (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


177<br />

Figura 5.12 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> março (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


178<br />

Figura 5.13 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Su<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


179<br />

Figura 5.14 – P3: Concentração simula<strong>da</strong> <strong>de</strong> NOx a 3 m, às 18h00, para o mês <strong>de</strong> junho (a) Cenário<br />

Alternativo-Leste (b) Cenário Alternativo-Nor<strong>de</strong>ste (c) Escala.<br />

Fonte: autoria própria.


180<br />

5.2.1 Análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento<br />

Os fluxos <strong>de</strong> vento simulados pelo ENVI-met foram plotados na forma <strong>de</strong><br />

trajetória <strong>de</strong> partículas, para visualização <strong>da</strong>s interações entre o vento e o ambiente<br />

construído às alturas <strong>de</strong> 3 m do solo (Figura 5.15a, b, c) e 15 m do solo (Figura 5.16a, b,<br />

c).<br />

As simulações sugerem que a consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ocupação proposta para o Ecoville<br />

não reduzirá a permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>quela paisagem. Como no cenário atual, as trajetórias<br />

simula<strong>da</strong>s são similares para as três direções <strong>de</strong> vento – Leste, Nor<strong>de</strong>ste e Su<strong>de</strong>ste – não<br />

sendo visível a formação <strong>de</strong> vórtices <strong>de</strong> recirculação ou áreas <strong>de</strong> estagnação.<br />

Comportamento semelhante é visível <strong>nas</strong> trajetórias <strong>de</strong> partículas simula<strong>da</strong>s para a altura<br />

<strong>de</strong> 15,00 m.<br />

Enquanto as simulações do cenário atual <strong>de</strong>stacaram o efeito <strong>da</strong> maior<br />

permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong> pela adoção do afastamento lateral <strong>de</strong> H/5 e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “torres<br />

resi<strong>de</strong>nciais”, as simulações do cenário alternativo sugerem que a consoli<strong>da</strong>ção do<br />

Ecoville não ten<strong>de</strong> a afetar negativamente a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nesse setor.


181<br />

Figura 5.15 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 3 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste<br />

Fonte: autoria própria.


182<br />

Figura 5.16 - P3: Trajetória <strong>de</strong> partículas a 15 m <strong>de</strong> altura, Cenário Alternativo (a) ventos <strong>de</strong> Leste (b)<br />

ventos <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste (c) ventos <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste.<br />

Fonte: autoria própria.


183<br />

6 CONCLUSÃO<br />

Nesse estudo, o mo<strong>de</strong>lo ENVI-met foi utilizado para a simulação <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong> em trechos do Setor Estrutural Sul e do Ecoville. Os pontos <strong>de</strong> análise<br />

selecionados são representativos <strong>de</strong> duas morfologias urba<strong>nas</strong> características <strong>da</strong> capital<br />

paranaense: o mo<strong>de</strong>lo do Plano Massa e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Torres Resi<strong>de</strong>nciais. Foram<br />

brevemente discuti<strong>da</strong>s as condicionantes históricas e teóricas que informaram esses dois<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> urbanização.<br />

Os efeitos físicos <strong>da</strong> urbanização sobre os fluxos <strong>de</strong> ar, umi<strong>da</strong><strong>de</strong> e energia, bem<br />

como aqueles relacionados à geração, dispersão e retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> <strong>da</strong> atmosfera<br />

também foram brevemente apresentados. Discutiram-se ain<strong>da</strong> os aspectos legais do<br />

controle e monitoramento <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> atmosféricos no Brasil, que formam o importante<br />

pano <strong>de</strong> fundo composto pelos padrões nacionais <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar.<br />

No Capítulo 3 foi apresenta<strong>da</strong> a metodologia emprega<strong>da</strong> nesse estudo: a<br />

<strong>de</strong>scrição pormenoriza<strong>da</strong> do mo<strong>de</strong>lo escolhido, o fluxo do trabalho <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, a<br />

coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em campo e a calibração do mo<strong>de</strong>lo; preten<strong>de</strong>-se que as informações ali<br />

apresenta<strong>da</strong>s facilitem a utilização do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met por outros pesquisadores e<br />

pesquisadoras. A aplicação do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met em duas áreas com morfologias<br />

distintas e a comparação <strong>da</strong>s veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vento previstas pelo mo<strong>de</strong>lo com aquelas<br />

medi<strong>da</strong>s in loco ofereceu contribuições sobre o emprego do mo<strong>de</strong>lo – sobretudo quanto à<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificação dos resultados <strong>da</strong> simulação contra os <strong>da</strong>dos medidos e<br />

eventuais ajustes dos <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong>. Foram percebi<strong>da</strong>s três limitações do mo<strong>de</strong>lo<br />

ENVI-met durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste estudo:<br />

1. Não é possível incluir contribuição externa <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> – os valores<br />

simulados representam somente as substâncias oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s fontes<br />

presentes <strong>de</strong>ntro do domínio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo;<br />

2. Ape<strong>nas</strong> uma substância po<strong>de</strong> ser simula<strong>da</strong> por vez, exigindo execuções<br />

sucessivas para diferentes substâncias;<br />

3. Os perfis <strong>de</strong> árvores e vegetação incluídos no pacote <strong>de</strong> software po<strong>de</strong>m<br />

não representar corretamente as espécies locais;


184<br />

Uma quarta limitação, aponta<strong>da</strong> pelos <strong>de</strong>senvolvedores do mo<strong>de</strong>lo, diz respeito à<br />

mo<strong>de</strong>lagem do terreno: a versão corrente do mo<strong>de</strong>lo não é capaz <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com a<br />

topografia 24 , o que exige que to<strong>da</strong>s as áreas sejam mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong>s como se fossem pla<strong>nas</strong>.<br />

O experimento procurou i<strong>de</strong>ntificar tendências <strong>de</strong> variação <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>, usando-se os óxidos <strong>de</strong> nitrogênio como exemplo, na primeira etapa mediante<br />

análise do cenário atual em sua interação com as condições climáticas típicas e, na<br />

segun<strong>da</strong> etapa, comparando-se o cenário atual com o cenário alternativo <strong>de</strong> morfologia<br />

urbana.<br />

Nos cenários atuais: as simulações apontaram os diferentes efeitos <strong>da</strong> direção <strong>de</strong><br />

incidência do vento sobre a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos eixos estruturais. Para a região <strong>da</strong><br />

Sete <strong>de</strong> Setembro (P8), as simulações apontam as condições <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> Su<strong>de</strong>ste como as<br />

mais favoráveis à dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. As condições <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> Leste e <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste<br />

são um pouco menos favoráveis, mas ain<strong>da</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s. Os diferentes ângulos <strong>de</strong><br />

incidência do vento, em relação à orientação <strong>da</strong> malha urbana, geraram diferentes efeitos<br />

sobre as concentrações – as simulações <strong>de</strong>stacaram o efeito <strong>de</strong> carreamento <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

ao longo dos cânions urbanos, sob as condições <strong>de</strong> vento aproxima<strong>da</strong>mente paralelas aos<br />

cânions principais, enquanto a situação <strong>de</strong> vento aproxima<strong>da</strong>mente perpendicular<br />

propicia melhor mistura e dispersão dos <strong>poluentes</strong>. As piores condições <strong>de</strong> dispersão dos<br />

<strong>poluentes</strong> foram encontra<strong>da</strong>s nos cenários <strong>de</strong> vento mínimo.<br />

Para o Setor Estrutural, as simulações do cenário alternativo sugerem a melhoria<br />

<strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> sob as condições <strong>de</strong> vento mínimo, as mais críticas. Sob as<br />

<strong>de</strong>mais condições climáticas, no entanto, os resultados do cenário alternativo foram<br />

inconclusivos.<br />

Por sua vez, para o Ecoville, as simulações do cenário atual apontaram boas<br />

condições <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>; os resultados encontrados na simulação do cenário<br />

alternativo sugerem que, mesmo que a área atinja a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> construção máxima<br />

prevista na Lei 9.800/00, seria manti<strong>da</strong> a boa condição <strong>de</strong> ventilação e dispersão <strong>de</strong><br />

<strong>poluentes</strong>.<br />

24<br />

A mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong> topografia está prevista para a versão 4.0 do mo<strong>de</strong>lo, em <strong>de</strong>senvolvimento à época <strong>de</strong><br />

escrita <strong>de</strong>ssa dissertação (ENVI-MET, 2009).


185<br />

As simulações sugerem a formação <strong>de</strong> um “eixo <strong>de</strong> poluição” ao longo do eixo<br />

estrutural <strong>da</strong> Sete <strong>de</strong> Setembro, percebido a partir <strong>da</strong> comparação entre as concentrações<br />

simula<strong>da</strong>s nos pontos transversais localizados em ZR-4 em Setores Estruturais. A maior<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a morfologia <strong>da</strong> ocupação dos Setores Estruturais é prejudicial à circulação<br />

do ar, ventilação e retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> oriundos do tráfego <strong>de</strong> veículos no eixo<br />

estu<strong>da</strong>do. Essa situação po<strong>de</strong> se agravar nos meses <strong>de</strong> inverno quando, além <strong>da</strong> menor<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> vento, são frequentes os períodos <strong>de</strong> estagnação e as situações <strong>de</strong><br />

inversão 25 .<br />

Sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> perspectiva as limitações <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem adota<strong>da</strong>, os resultados <strong>de</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo capaz <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r a um só tempo com morfologia urbana, fontes <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> e<br />

condições climáticas permitem uma análise mais rica <strong>da</strong>s interações entre esses três<br />

elementos.<br />

Embora as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias mais altas proporcionem melhor dispersão<br />

(consi<strong>de</strong>rando o domínio do mo<strong>de</strong>lo como um todo), o mo<strong>de</strong>lo permite perceber que<br />

<strong>poluentes</strong> gerados em uma área po<strong>de</strong>m afetar a área adjacente: há carreamento <strong>de</strong><br />

poluente do Setor Estrutural para as quadras <strong>da</strong> Zona Resi<strong>de</strong>ncial, <strong>de</strong> menor gabarito e<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esse resultado <strong>de</strong>safia as conclusões <strong>de</strong> Oke (1978) sobre os efeitos <strong>da</strong> relação<br />

H/W e a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>.<br />

Quanto às consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Romero (2001) sobre o efeito do agrupamento <strong>de</strong><br />

edifícios sobre as condições <strong>de</strong> ventilação ao nível <strong>da</strong> rua: a simulação mostra a formação<br />

<strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> poluição mais intensas ao longo dos cânions e sob condições <strong>de</strong> vento<br />

aproxima<strong>da</strong>mente paralelas à rua. No caso do Setor Estrutural, o carreamento dos<br />

<strong>poluentes</strong> parece ser mais importante que a formação <strong>de</strong> “zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> sombra” a barlavento<br />

<strong>da</strong>s edificações <strong>de</strong> maior altura. A análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento no Setor<br />

Estrutural e no Ecoville, por sua vez, <strong>de</strong>stacou a maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> proporciona<strong>da</strong><br />

pelo maior afastamento lateral, confirmando as avaliações <strong>de</strong> Romero (2001) e Danni-<br />

Oliveira (2009) sobre os efeitos benéficos do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> torres isola<strong>da</strong>s sobre a circulação<br />

<strong>de</strong> ar entre edifícios.<br />

25<br />

A versão corrente do mo<strong>de</strong>lo ENVI-met não é capaz <strong>de</strong> simular condições <strong>de</strong> estagnação e <strong>de</strong> inversão.


186<br />

Finalmente, esses resultados permitem respon<strong>de</strong>r as quatro perguntas <strong>de</strong><br />

pesquisa secundárias:<br />

Pergunta 1: as condições <strong>de</strong> ventilação nos Setores Estruturais são suficientes<br />

para a garantia <strong>de</strong> salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> e controle <strong>da</strong> exposição dos moradores às substâncias<br />

nocivas?<br />

De maneira geral, nos cenários com vento não mínimo, a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

nos Setores Estruturais é a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Nas situações <strong>de</strong> vento mínimo a dispersão é<br />

severamente prejudica<strong>da</strong>, com aumentos significativos <strong>da</strong>s concentrações média e<br />

máxima do poluente estu<strong>da</strong>do, formação <strong>de</strong> extensivas manchas <strong>de</strong> alta concentração ao<br />

longo dos cânions, e instâncias em que a concentração do poluente potencialmente<br />

ultrapassa o o limiar secundário <strong>de</strong>finido na legislação.<br />

Pergunta 2: há diferença <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental entre o Ecoville e os Setores<br />

Estruturais?<br />

As simulações apontaram diferenças quantitativas e qualitativas <strong>nas</strong> condições<br />

<strong>de</strong> ventilação e dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>. Os valores médios e máximos para a concentração<br />

do poluente no Setor Estrutural são mais elevados que os encontrados para o Ecoville,<br />

tanto no cenário Atual quanto no Alternativo, e sob to<strong>da</strong>s as condições climáticas. Sob<br />

condições <strong>de</strong> vento mínimo, enquanto no Setor Estrutural a concentração potencialmente<br />

ultrapassa o limiar secundário <strong>de</strong>finido pela legislação, no Ecoville, apesar <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong>, a<br />

concentração se mantém <strong>de</strong>ntro do limite legal em to<strong>da</strong>s as situações simula<strong>da</strong>s.<br />

As simulações <strong>de</strong>monstram, também, que a morfologia urbana do Ecoville é<br />

mais permeável aos fluxos <strong>de</strong> ar, aumentando o contraste entre as áreas <strong>de</strong> máxima<br />

concentração <strong>de</strong> poluente e a concentração média para o trecho simulado.<br />

Pergunta 3: o afastamento <strong>de</strong> H/6 melhoraria as condições <strong>de</strong> ventilação e<br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores Estruturais?<br />

As simulações sugerem que a maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> proporciona<strong>da</strong> pelo<br />

afastamento <strong>de</strong> H/6 melhoraria a ventilação e a dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores<br />

Estruturais, com diferenças mais expressivas <strong>nas</strong> condições <strong>de</strong> vento mínimo. No entanto,<br />

a análise qualitativa dos fluxos <strong>de</strong> vento sugere que, mesmo com o maior afastamento


187<br />

entre as torres, os embasamentos <strong>de</strong>finidos no Plano Massa ain<strong>da</strong> parecem ser um<br />

impedimento à dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> na altura <strong>de</strong> 3 m. Para a altura <strong>de</strong> 15 m, há gran<strong>de</strong>s<br />

melhorias no fluxo <strong>de</strong> vento entre os edifícios, com potencial melhoria <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong><br />

ventilação no interior <strong>da</strong>s edificações.<br />

Pergunta 4: a adoção do afastamento <strong>de</strong> H/6 reduziria o contraste entre os Setores<br />

Estruturais e as Zo<strong>nas</strong> Resi<strong>de</strong>nciais (ZR-4) lin<strong>de</strong>iras?<br />

As simulações do cenário alternativo sugerem que a maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

morfologia prevista na Lei 9.800/00 promoveria melhorias significativas <strong>de</strong>ntro do SE e<br />

melhorias menos expressivas <strong>nas</strong> ZR-4, atenuando o “eixo <strong>de</strong> poluição”.<br />

Sobretudo, os resultados sugerem que os parâmetros <strong>de</strong> ocupação e uso do solo,<br />

lançados na Lei 9.800/00, embora benéficos, não serão suficientes para a solução <strong>da</strong>s<br />

condições <strong>de</strong>sfavoráveis à dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> nos Setores Estruturais. Consi<strong>de</strong>rando<br />

que: (1) o cenário alternativo é altamente i<strong>de</strong>alizado e impossível <strong>de</strong> se realizar a não ser<br />

em longuíssimo prazo, (2) há a tendência <strong>de</strong> aumento do volume <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> veículos,<br />

<strong>de</strong>vido ao crescimento <strong>da</strong> população curitibana e os crescentes índices <strong>de</strong> motorização,<br />

(3) à completa consoli<strong>da</strong>ção do Setor Estrutural <strong>de</strong>verá correspon<strong>de</strong>r aumento<br />

proporcional do volume <strong>de</strong> tráfego, (4) o aumento do volume <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong>ve ser<br />

acompanhado <strong>da</strong> modificação <strong>da</strong> frota com o aumento <strong>da</strong> participação <strong>de</strong> carros e<br />

estagnação ou redução <strong>da</strong> participação <strong>de</strong> veículos pesados (especificamente, ônibus <strong>de</strong><br />

transporte coletivo), e (5) alterações recentes no sistema viário <strong>da</strong> região do P8, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> aumentar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>vias</strong>, reafirmam a opção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo transporte<br />

individual, é provável que a simples adoção do afastamento <strong>de</strong> H/6 sem mu<strong>da</strong>nças mais<br />

profun<strong>da</strong>s na legislação (sem o abandono do Plano Massa, por exemplo) e sem a revisão<br />

do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana não seja o suficiente para a melhoria <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong><br />

dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> à altura <strong>de</strong> 3 m.<br />

Acima do nível do embasamento, a morfologia estabeleci<strong>da</strong> na Lei 9.800/00<br />

po<strong>de</strong>ria promover significativas melhorias <strong>nas</strong> condições <strong>de</strong> ventilação <strong>da</strong>s torres, com o<br />

fim dos “paredões” e a exposição <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as faces <strong>da</strong>s edificações aos ventos; esses<br />

benefícios se somariam à melhoria <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> insolação <strong>nas</strong> torres do Setor<br />

Estrutural, apontados pelo estudo <strong>de</strong> Schmid (2001).


188<br />

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS E TRABALHOS FUTUROS<br />

Esse estudo se baseia essencialmente em simulações <strong>da</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>;<br />

apesar do cui<strong>da</strong>do empreendido na calibração do mo<strong>de</strong>lo, utilizando-se as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

médias <strong>de</strong> vento como variável <strong>de</strong> referência, os valores <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong><br />

resultam exclusivamente <strong>da</strong>s simulações e <strong>de</strong> nossa interpretação do inventário <strong>de</strong><br />

tráfego.<br />

Um estudo que complementasse a abor<strong>da</strong>gem numérica com medições <strong>da</strong><br />

concentração <strong>da</strong>s substâncias <strong>de</strong> interesse in loco permitiria compreen<strong>de</strong>r a relação entre<br />

as concentrações simula<strong>da</strong>s e os valores medidos, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a razão NO 2 /NO x<br />

para a área do estudo. Sobretudo, permitiria calibrar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong>,<br />

<strong>de</strong> maneira análoga à operação realiza<strong>da</strong> com as veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s médias <strong>de</strong> vento.<br />

Po<strong>de</strong>ria ser proposta, a partir do mesmo mo<strong>de</strong>lo, a avaliação do impacto <strong>de</strong><br />

alterações <strong>de</strong> sistema viário e políticas <strong>de</strong> transporte, aspectos que fogem ao escopo <strong>de</strong>sse<br />

estudo. Seria possível, ain<strong>da</strong>, a partir do mo<strong>de</strong>lo, estu<strong>da</strong>r o impacto <strong>de</strong> alterações na<br />

composição <strong>da</strong> frota e opção <strong>de</strong> combustível.<br />

Enquanto as simulações do fluxo <strong>de</strong> vento a 15 m <strong>de</strong> altura sugerem que a<br />

adoção do afastamento <strong>de</strong> H/6 promoveria a melhora <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> ventilação <strong>nas</strong><br />

torres, não foi avalia<strong>da</strong> a exposição dos ocupantes dos edifícios aos <strong>poluentes</strong>.<br />

Esse estudo se limitou à dispersão <strong>de</strong> <strong>poluentes</strong> em cânions urbanos, em<br />

microescala. A avaliação <strong>da</strong>s influências <strong>de</strong>sse processo sobre as estruturas maiores <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> exce<strong>de</strong> as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do mo<strong>de</strong>lo escolhido e seria uma interessante ponte entre<br />

esse estudo e aquele <strong>de</strong> Danni-Oliveira (2009).


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A.


196<br />

APÊNDICE A: MODELOS DE PLANTAS PARA<br />

LEVANTAMENTO<br />

Figura A.1 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Planta <strong>de</strong> Situação na escala <strong>de</strong> 1:5000.<br />

Fonte: autoria própria.


197<br />

Figura A.2 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> planta <strong>de</strong> levantamento na escala 1:2000.<br />

Fonte: autoria própria.


198<br />

Figura A.3 - Planta <strong>de</strong> levantamento preenchi<strong>da</strong>.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

B.


199<br />

APÊNDICE B: CADERNETA PARA<br />

CONTAGEM DE TRÁFEGO<br />

Figura B.1 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rneta para contagem <strong>de</strong> tráfego.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

C.


200<br />

APÊNDICE C: RELATÓRIOS DE ANÁLISE DOS<br />

MODELOS<br />

Figura C.1 – P8 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Atual.<br />

Fonte: autoria própria.


201<br />

Figura C.2 – P8 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Alternativo<br />

Fonte: autoria própria.


202<br />

Figura C.3 – P3 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Atual<br />

Fonte: autoria própria.


203<br />

Figura C.4 – P3 - Relatório <strong>de</strong> análise – cenário Alternativo.<br />

Fonte: autoria própria.<br />

D.


204<br />

APÊNDICE D: ARQUIVOS DE<br />

CONFIGURAÇÃO<br />

%---------------------------------------------ENVI-met Configuration File V1.1<br />

%-----------------------------------------------------------------------------<br />

%MAIN-DATA --------------------------------<br />

Name for Simulation (Text):<br />

=rua Sete <strong>de</strong> Setembro - NOX - jun_AT-NEM redux<br />

Input file Mo<strong>de</strong>l Area<br />

=F:\P9_SeteDeSetembro\P9-<br />

...SeteDeSetembro_140x120_E_NOx.in<br />

Filebase name for Output (Text):<br />

=P8_setesete<br />

Output Directory:<br />

=C:\ENVImet Results\085_P8_jun_AT-NEM<br />

Start Simulation at Day (DD.MM.YYYY): =22.06.2010<br />

Start Simulation at Time (HH:MM:SS): =6:00:00<br />

Total Simulation Time in Hours: =12:00<br />

Save Mo<strong>de</strong>l State each ? min =60<br />

Wind Speed in 10 m ab. Ground [m/s] =0.3<br />

Wind Direction (0:N..90:E..180:S..270:W..) =45<br />

Roughness Length z0 at Reference Point =0.1<br />

Initial Temperature Atmosphere [K] =286.05<br />

Specific Humidity in 2500 m [g Water/kg air] =5.42<br />

Relative Humidity in 2m [%] =85<br />

Database Plants<br />

=Plants.<strong>da</strong>t<br />

[TIMING]_____________________________________Up<strong>da</strong>te & Save Intervalls<br />

Up<strong>da</strong>te Surface Data each ? sec =60.0<br />

Up<strong>da</strong>te Wind and Turbulence each ? sec =72000<br />

Up<strong>da</strong>te Radiation and Shadows each ? sec =900<br />

Up<strong>da</strong>te Plant Data each ? sec =600<br />

[TURBULENCE]_________________________________Options Turbulence Mo<strong>de</strong>lls<br />

Turbulence Closure ABL (0:diagn.,1:prognos.) =1<br />

Turbulence Closure 3D Mo<strong>de</strong>ll (0,1 see above) =1<br />

Upper Boun<strong>da</strong>ry for e-epsilon (0:clsd.,1:op.) =0<br />

[BUILDING]__________________________________Building properties<br />

Insi<strong>de</strong> Temperature [K] = 293<br />

Heat Transmission Walls [W/m≤K] =1.94<br />

Heat Transmission Roofs [W/m≤K] =6<br />

Albedo Walls =0.2<br />

Albedo Roofs =0.3<br />

[SOILDATA] ______________________________________Settings for Soil<br />

Initial Temperature Upper Layer (0-20 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Middle Layer (20-50 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Deep Layer (below 50 cm)[K]=293<br />

Relative Humidity Upper Layer (0-20 cm) =50<br />

Relative Humidity Middle Layer (20-50 cm) =60<br />

Relative Humidity Deep Layer (below 50 cm) =60<br />

[TIMESTEPS] ____________________________________Dynamical Timesteps<br />

Sun height for switching dt(0) -> dt(1) =40<br />

Sun height for switching dt(1) -> dt(2) =50<br />

Time step (s) for interval 1 dt(0) =10<br />

Time step (s) for interval 2 dt(1) =10.0<br />

Time step (s) for interval 3 dt(2) =10.0<br />

[RECEPTORS] ______________________________________<br />

Save Receptors each ? min =60<br />

[SOURCES] _______________________________________Type of emitted gas/particle<br />

Name of component<br />

=NO<br />

Type of component<br />

=NO<br />

Particle Diameter in [µm] (0 for gas) =0<br />

Particle Density [g/cm≥] =1<br />

Up<strong>da</strong>te interval for emission rate [s] =600<br />

[LBC-TYPES] _______________________________________Types of lateral boun<strong>da</strong>ry conditions<br />

LBC for T and q (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

LBC for TKE (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

Figura D.1 – P8 - Arquivo <strong>de</strong> configuração, cenário Junho Atual-Nor<strong>de</strong>ste Mínimo<br />

Fonte: autoria própria.


205<br />

%---------------------------------------------ENVI-met Configuration File V1.1<br />

%-----------------------------------------------------------------------------<br />

%MAIN-DATA --------------------------------<br />

Name for Simulation (Text):<br />

=rua Sete <strong>de</strong> Setembro - NOX - jun_AT-L<br />

Input file Mo<strong>de</strong>l Area<br />

=F:\P9_SeteDeSetembro\P9-<br />

SeteDeSetembro_140x120_E_NOx.in<br />

Filebase name for Output (Text):<br />

=P8_setesete<br />

Output Directory:<br />

=C:\ENVImet Results\085_P8_jun_AT-L<br />

Start Simulation at Day (DD.MM.YYYY): =22.06.2010<br />

Start Simulation at Time (HH:MM:SS): =6:00:00<br />

Total Simulation Time in Hours: =12:00<br />

Save Mo<strong>de</strong>l State each ? min =60<br />

Wind Speed in 10 m ab. Ground [m/s] =2.60<br />

Wind Direction (0:N..90:E..180:S..270:W..) =900<br />

Roughness Length z0 at Reference Point =0.1<br />

Initial Temperature Atmosphere [K] =286.05<br />

Specific Humidity in 2500 m [g Water/kg air] =5.42<br />

Relative Humidity in 2m [%] =85<br />

Database Plants<br />

=Plants.<strong>da</strong>t<br />

[TIMING]_____________________________________Up<strong>da</strong>te & Save Intervalls<br />

Up<strong>da</strong>te Surface Data each ? sec =60.0<br />

Up<strong>da</strong>te Wind and Turbulence each ? sec =1800<br />

Up<strong>da</strong>te Radiation and Shadows each ? sec =900<br />

Up<strong>da</strong>te Plant Data each ? sec =600<br />

[TURBULENCE]_________________________________Options Turbulence Mo<strong>de</strong>lls<br />

Turbulence Closure ABL (0:diagn.,1:prognos.) =1<br />

Turbulence Closure 3D Mo<strong>de</strong>ll (0,1 see above) =1<br />

Upper Boun<strong>da</strong>ry for e-epsilon (0:clsd.,1:op.) =0<br />

[BUILDING]__________________________________Building properties<br />

Insi<strong>de</strong> Temperature [K] = 293<br />

Heat Transmission Walls [W/m≤K] =1.94<br />

Heat Transmission Roofs [W/m≤K] =6<br />

Albedo Walls =0.2<br />

Albedo Roofs =0.3<br />

[SOILDATA] ______________________________________Settings for Soil<br />

Initial Temperature Upper Layer (0-20 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Middle Layer (20-50 cm) [K]=293<br />

Initial Temperature Deep Layer (below 50 cm)[K]=293<br />

Relative Humidity Upper Layer (0-20 cm) =50<br />

Relative Humidity Middle Layer (20-50 cm) =60<br />

Relative Humidity Deep Layer (below 50 cm) =60<br />

[TIMESTEPS] ____________________________________Dynamical Timesteps<br />

Sun height for switching dt(0) -> dt(1) =40<br />

Sun height for switching dt(1) -> dt(2) =50<br />

Time step (s) for interval 1 dt(0) =10<br />

Time step (s) for interval 2 dt(1) =10.0<br />

Time step (s) for interval 3 dt(2) =10.0<br />

[RECEPTORS] ______________________________________<br />

Save Receptors each ? min =600<br />

[SOURCES] _______________________________________Type of emitted gas/particle<br />

Name of component<br />

=NO<br />

Type of component<br />

=NO<br />

Particle Diameter in [µm] (0 for gas) =0<br />

Particle Density [g/cm≥] =1<br />

Up<strong>da</strong>te interval for emission rate [s] =600<br />

[LBC-TYPES] _______________________________________Types of lateral boun<strong>da</strong>ry conditions<br />

LBC for T and q (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

LBC for TKE (1:open, 2:forced, 3:cyclic) =3<br />

I.<br />

Figura D.2 – P8 - Arquivo <strong>de</strong> configuração, cenário Junho Atual-Leste<br />

Fonte: autoria própria.


206<br />

ANEXO I: IMAGENS DE SATÉLITE DOS<br />

PONTOS DE INTERESSE<br />

Figura I.1 – Ponto P1 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010


207<br />

Figura I.2 - Ponto P2 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010<br />

Figura I.3 - Ponto P3 - Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010


208<br />

Figura I.4 - Ponto P4 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010<br />

Figura I.5 - Ponto P5 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010


209<br />

Figura I.6 - Ponto P6 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010<br />

Figura I.7 - Ponto P7 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010


210<br />

Figura I.8- Ponto P8 – Situação<br />

Fonte: GOOGLE, 2010


211<br />

GLOSSÁRIO<br />

Afastamento <strong>da</strong>s divisas: distância horizontal entre a edificação e as divisas do lote, medi<strong>da</strong><br />

perpendicularmente a estas.<br />

Alinhamento predial: limiar entre o terreno e a via pública.<br />

Coeficiente <strong>de</strong> aproveitamento: relação entre a área construí<strong>da</strong> computável <strong>da</strong> edificação e a<br />

área do terreno.<br />

Datalogger: dispositivo eletrônico que registra <strong>da</strong>dos em intervalos <strong>de</strong> tempo<br />

pré<strong>de</strong>terminados, vinculado a um sensor ou conjunto <strong>de</strong> sensores.<br />

Recuo: distância horizontal entre a edificação e o alinhamento predial, medi<strong>da</strong><br />

perpendicularmente a este.<br />

Taxa <strong>de</strong> ocupação: relação entre a projeção <strong>da</strong> edificação e a área do terreno, geralmente em<br />

porcentagem.<br />

Taxa <strong>de</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: relação as áreas permeáveis do terreno e a projeção <strong>da</strong> edificação e<br />

<strong>de</strong>mais áreas impermeabiliza<strong>da</strong>s.

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