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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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69<br />

O trabalho para que eram contrata<strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> era <strong>de</strong>finido como “trabalho<br />

<strong>de</strong> mulher”, a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> algum modo às suas capacida<strong>de</strong>s físicas e aos<br />

seus níveis i<strong>na</strong>tos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Este discurso produziu <strong>uma</strong> divisão<br />

sexual no mercado <strong>de</strong> trabalho, concentrando as <strong>mulheres</strong> em alguns<br />

empregos e não em outros, colocando-as sempre <strong>na</strong> base <strong>de</strong> qualquer<br />

hierarquia ocupacio<strong>na</strong>l e estabelecendo os seus salários abaixo do nível<br />

básico <strong>de</strong> subsistência (SCOTT, 1994, p. 453-454).<br />

Estabelece-se portanto, segundo Hirata e Kergoat (2007, p. 599), a divisão<br />

sexual do trabalho como “a forma <strong>de</strong> divisão do trabalho social <strong>de</strong>corrente <strong>das</strong><br />

relações sociais entre os sexos”.<br />

A divisão sexual do trabalho atribui, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sigual, ativida<strong>de</strong>s entre<br />

homens e <strong>mulheres</strong> no âmbito da produção e da reprodução. A legitimação<br />

<strong>de</strong>sse processo passa pela construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sociais masculi<strong>na</strong>s e<br />

femini<strong>na</strong>s em consonância com o que se espera <strong>de</strong> cada um dos sexos no<br />

contexto em que se inserem (SILVA, 2005, p. 8).<br />

Nesta perspectiva, a primeira separação ocorreu entre a esfera produtiva,<br />

<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>da prioritariamente aos homens, e a esfera reprodutiva reservada às<br />

<strong>mulheres</strong>. Vemos novamente <strong>uma</strong> perspectiva <strong>de</strong>terminista evi<strong>de</strong>nte: <strong>de</strong> acordo com<br />

a biologia, ou seja, com o sexo da pessoa, ela estaria apta a atuar n<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong><br />

ou noutra.<br />

Baseando-se portanto <strong>na</strong>s diferenças biológicas entre homens e <strong>mulheres</strong>,<br />

Scott (1994, p. 445-446) diz que se legitima e institucio<strong>na</strong>liza as diferenças como<br />

base para a organização social, estando o “gênero como <strong>uma</strong> divisão sexual do<br />

trabalho „<strong>na</strong>tural‟”. E a autora ainda explica que <strong>na</strong> lógica do capitalismo industrial, “A<br />

divisão do trabalho era tida como o modo mais eficiente, racio<strong>na</strong>l e produtivo <strong>de</strong><br />

organização do trabalho, dos negócios e da vida social; a linha divisória entre o útil e<br />

o „<strong>na</strong>tural‟ esbatia-se quando o „gênero‟ era o objeto <strong>de</strong> análise”, ou seja, se antes a<br />

utilida<strong>de</strong> da separação dava conta <strong>de</strong> sustentar a lógica <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>mento dos<br />

processos produtivos – agora a diferença <strong>de</strong> gênero assumia o papel <strong>de</strong> legitimador<br />

da separação.<br />

Para Scott (1994) a divisão sexual do trabalho é fruto dos efeitos dos<br />

discursos, em especial da economia política, que durante todo o século XIX frisou<br />

certas posições ti<strong>das</strong> como axiomas, inclusive entre aqueles e aquelas que <strong>de</strong><br />

alg<strong>uma</strong> maneira buscavam mudanças. Dentre as posições advin<strong>das</strong> da economia<br />

política, temos:

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