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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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lugar da publicação [...] que não seja <strong>uma</strong> estratégia política <strong>de</strong> investimento<br />

objetivamente orientada para a maximização do lucro propriamente<br />

científico, isto é, a obtenção do reconhecimento dos pares concorrentes<br />

(BOURDIEU, 1983, p. 127).<br />

O autor apresenta o campo científico como aquele em que a domi<strong>na</strong>ção é o<br />

pressuposto <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>nte da posição ocupada e reconhecida pelos pares. Ele<br />

enten<strong>de</strong> também a luta política como luta científica, <strong>na</strong> qual “os domi<strong>na</strong>ntes são<br />

aqueles que conseguem impor <strong>uma</strong> <strong>de</strong>finição da Ciência segundo a qual a<br />

realização mais perfeita consiste em ter, ser e fazer aquilo que eles têm, são e<br />

fazem” (BOURDIEU, 1983, p. 128), <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado e abaixo todos os <strong>de</strong>mais<br />

componentes do campo.<br />

Basicamente, o campo científico <strong>na</strong>da mais é que um “sistema <strong>de</strong> relações<br />

objetivas entre posições adquiri<strong>das</strong> [...] o lugar, o espaço <strong>de</strong> jogo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> luta<br />

concorrencial” (BOURDIEU, 1983, p. 122), <strong>na</strong> qual está em jogo a “autorida<strong>de</strong><br />

científica” (ou “competência científica”) que para Bourdieu é essencialmente a<br />

capacida<strong>de</strong> técnica que se tem junto com o po<strong>de</strong>r social. Ele diz que é um jogo<br />

justamente porque diz respeito a interesses. E acrescenta que<br />

Pelo fato <strong>de</strong> que to<strong>das</strong> as práticas estão orienta<strong>das</strong> para a aquisição <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong> científica (prestígio, reconhecimento, celebrida<strong>de</strong> etc.), o que<br />

chamamos comumente <strong>de</strong> “interesse” por <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> científica (<strong>uma</strong><br />

discipli<strong>na</strong>, um setor <strong>de</strong>ssa discipli<strong>na</strong>, um método etc.) tem sempre <strong>uma</strong><br />

dupla face. O mesmo acontece com as estratégias que ten<strong>de</strong>m a assegurar<br />

a satisfação <strong>de</strong>sse interesse (BOURDIEU, 1983, p. 124).<br />

Apesar <strong>de</strong> alguns casos <strong>de</strong> exceção, os agentes que tomam as <strong>de</strong>cisões nos<br />

campos científico e tecnológico, ou seja, tem seus interesses atendidos, são <strong>na</strong><br />

maior parte <strong>das</strong> vezes homens, e as <strong>mulheres</strong>, ainda que façam Ciência e ainda que<br />

sejam atingi<strong>das</strong> por escolhas tecnológicas que vêm para interferir em suas vi<strong>das</strong>, <strong>de</strong><br />

forma geral, ficam alheias às <strong>de</strong>cisões.<br />

Se voltarmos nosso olhar para muito antes do início da Ciência Mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>,<br />

vamos ver que <strong>na</strong> Grécia antiga as <strong>mulheres</strong> eram admiti<strong>das</strong> em poucas escolas<br />

filosóficas (por exemplo, <strong>na</strong> platônica ou <strong>na</strong> pitagórica); já <strong>na</strong> Ida<strong>de</strong> Média, em<br />

alguns países, nos conventos era permitida <strong>uma</strong> educação limitada às meni<strong>na</strong>s. Já o<br />

Iluminismo, po<strong>de</strong>-se dizer, não conseguiu que elas chegassem facilmente ao saber;

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