desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
42<br />
Este discurso postulou que o homem branco era o único sujeito universal da<br />
história, negando assim a categoria <strong>de</strong> sujeitos e criadores da civilização<br />
oci<strong>de</strong>ntal, da qual a ciência constitui um elemento importantíssimo, às<br />
<strong>mulheres</strong> e a outros grupos sociais que não entravam <strong>na</strong> categoria <strong>de</strong><br />
homens brancos (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.). 24<br />
Isso ficará marcado <strong>na</strong> história da Ciência: as <strong>mulheres</strong> estariam longe <strong>de</strong><br />
ser o que se espera <strong>de</strong> um sujeito da Ciência. Lires, Angós e Pairó (2003) apontam<br />
o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gobineau <strong>na</strong> obra Ensayo sobre la <strong>de</strong>sigualdad <strong>de</strong> las razas h<strong>uma</strong><strong>na</strong>s<br />
(1853) como aquele que consagrou a i<strong>de</strong>ntificação <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> e <strong>das</strong> “„raças‟ não<br />
brancas” com “„outros‟ inferiores”.<br />
A imagem dissemi<strong>na</strong>da <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> do que é a Ciência se <strong>de</strong>ve à prática,<br />
portanto, dos próprios “donos” da Ciência hegemônica: homens brancos que fazem<br />
parte do campo científico, conceito explicado por autores como Bourdieu,<br />
preocupados pela dissemi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> que fazer Ciência significa estar preocupado<br />
com o bem comum, porém distante do objeto – sendo ela impessoal, objetiva, sem<br />
gênero, superior e acessível a poucos escolhidos. Esta concepção durante anos foi<br />
alimentada no imaginário social, até que alguns teóricos surgem preocupados com a<br />
<strong>de</strong>smistificação <strong>de</strong>ssa Ciência, bem como do que se enten<strong>de</strong> por Tecnologia<br />
(GORZ, 1979).<br />
Prevalece <strong>uma</strong> representação que se fixará para aten<strong>de</strong>r aos interesses do<br />
grupo específico que domi<strong>na</strong> o campo. Representações sociais funcio<strong>na</strong>m<br />
exatamente <strong>de</strong>ssa maneira: segundo Cruz (2007, p. 22), são imagens “construí<strong>das</strong> e<br />
reforça<strong>das</strong> <strong>na</strong> interação com os outros. São constituí<strong>das</strong> <strong>de</strong> um núcleo central,<br />
resistente às mudanças e <strong>de</strong> <strong>uma</strong> periferia, que protege o núcleo central”. Nesses<br />
termos temos <strong>uma</strong> representação do que seja fazer Ciência e Tecnologia, que tem<br />
por trás <strong>uma</strong> representação do que seja um cientista/pesquisador, ambas<br />
construí<strong>das</strong> e reforça<strong>das</strong> por toda <strong>uma</strong> comunida<strong>de</strong> que se empenha em ratificar<br />
seus “i<strong>de</strong>ais”.<br />
Segundo An<strong>de</strong>rson (2001), os “donos” <strong>de</strong>ste fazer científico e tecnológico<br />
reconhecido produzem<br />
24 Tradução livre <strong>de</strong>: “Este discurso postuló que el hombre blanco era el único sujeto universal <strong>de</strong> la<br />
historia, negando así la categoría <strong>de</strong> sujetos y creadores <strong>de</strong> la civilización occi<strong>de</strong>ntal, <strong>de</strong> la cual la<br />
ciencia constituye un elemento importantísimo, a las mujeres y a otros grupos sociales que no<br />
entraban en la categoría <strong>de</strong> hombres blancos” (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.).