26.07.2014 Views

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

36<br />

A autora frisa que, assim como alg<strong>uma</strong>s estudiosas preten<strong>de</strong>ram apontar,<br />

não serão suficientes as reformas que abriram as portas <strong>das</strong> instituições tradicio<strong>na</strong>is<br />

como a universida<strong>de</strong> ou que se reformem currículos com vistas a <strong>uma</strong> alfabetização<br />

em C&T, mas <strong>uma</strong> reforma <strong>na</strong> própria concepção <strong>de</strong> C&T, que carrega em sua<br />

essência valores que dizem respeito a possíveis características que possibilitariam a<br />

produção <strong>de</strong> conhecimento. Por exemplo, a racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, a subjetivida<strong>de</strong>, a<br />

neutralida<strong>de</strong>/imparcialida<strong>de</strong> são características historicamente vistas como<br />

essenciais ao fazer científico e tecnológico e atribuí<strong>das</strong> ao masculino, o que<br />

contribuiu para afastar as <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong>stas áreas, por serem a elas atribuí<strong>das</strong><br />

características como emotivida<strong>de</strong> e subjetivida<strong>de</strong>, ti<strong>das</strong> como opostas às<br />

pretendi<strong>das</strong> para os campos citados.<br />

Assim como acontece com a Ciência, enquanto campo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

conhecimento, a Tecnologia configura-se como<br />

...<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> fortemente masculinizada on<strong>de</strong> se sobressai – assim como<br />

<strong>na</strong>s “ciências duras” – a i<strong>de</strong>ologia da “neutralida<strong>de</strong>” e o conhecimento<br />

socialmente neutro. As investigações assi<strong>na</strong>lam <strong>uma</strong> “cultura técnica<br />

masculi<strong>na</strong>” como um importante componente i<strong>de</strong>ntitário, e simetricamente, a<br />

incompetência técnica, a insegurança e o medo da tecnologia como parte<br />

integrante do estereótipo <strong>de</strong> gênero feminino (GRAÑA, 2004, p. 20) 15 .<br />

A Ciência e Tecnologia portanto se configuram como lugares em que o<br />

homem surge como mais a<strong>de</strong>quado para fazer C&T, estas i<strong>de</strong>aliza<strong>das</strong> como campos<br />

neutros, objetivos, imparciais, universais.<br />

A tentativa <strong>de</strong> aproximação entre o gênero feminino e estes campos foi<br />

durante muito tempo <strong>de</strong>sestimulada. Nesse contexto portanto as <strong>mulheres</strong> não<br />

aparecem como protagonistas do avanço científico e tecnológico, ausência esta<br />

justificada pelo simples fato <strong>de</strong> serem <strong>mulheres</strong>, ou seja, pelo <strong>de</strong>terminismo<br />

biológico, em oposição aos homens que seguem estando no centro do que François<br />

Graña (2004) chama <strong>de</strong> cosmologia, que mostra especificamente a ciência como<br />

“<strong>uma</strong> prática viril ativa e racio<strong>na</strong>l dirigida ao domínio da „mãe <strong>na</strong>tureza‟, consi<strong>de</strong>rada<br />

passiva, emocio<strong>na</strong>l e car<strong>na</strong>l‟” (BONDER, 1996, p. 41), n<strong>uma</strong> perspectiva que associa<br />

15 Tradução livre <strong>de</strong>: “...u<strong>na</strong> actividad fuertemente masculinizada don<strong>de</strong> campea – al igual que en las<br />

“ciencias duras” – la i<strong>de</strong>ología <strong>de</strong> la „neutralidad‟ y el conocimiento socialmente aséptico. Las<br />

investigaciones señalan u<strong>na</strong> „cultura técnica masculi<strong>na</strong>‟ como un importante componente i<strong>de</strong>ntitario, y<br />

simétricamente, la incompetencia técnica, la inseguridad y el miedo a la tecnología como parte<br />

integrante <strong>de</strong>l estereotipo <strong>de</strong> género femenino” (GRAÑA, 2004, p. 20).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!