desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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A transformação atinge as <strong>mulheres</strong> pelo menos em dois sentidos: aumenta<br />
o número <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>mulheres</strong> <strong>na</strong> escola, não sendo menos que vinte, e<br />
amplia-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação; até então elas atuavam no ensino elementar,<br />
como professoras do curso primário ou até mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, mas <strong>na</strong>da além<br />
<strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s. Ainda que recebessem <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ções diferentes, elas<br />
<strong>de</strong>sempenhavam o mesmo conjunto <strong>de</strong> atribuições – professora do curso primário,<br />
do curso elementar, <strong>de</strong> instrução primária e normalista.<br />
Gay (1988) comenta que a maioria <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> atuava como<br />
alfabetizadoras, justamente porque o ensino secundário 116 para elas <strong>de</strong>moraria a ser<br />
acessível. Isso só acontece no começo do século XX, mais intensamente a partir <strong>de</strong><br />
1920, o que não favorecia a atuação <strong>de</strong>las no ensino profissio<strong>na</strong>l, pelo menos se<br />
pensamos no início do funcio<strong>na</strong>mento da Instituição estudada.<br />
Lauro Wilhelm, ex-professor e ex-diretor da Escola (1939-1945), relata que a<br />
partir da Lei Orgânica <strong>de</strong> 1942 houve alterações no número <strong>de</strong> alunos e ampliação<br />
<strong>de</strong> cursos, que <strong>de</strong>mandariam novas contratações <strong>de</strong> docentes:<br />
Quando houve a reforma [...], que saiu daquele período <strong>de</strong>, vamos dizer,<br />
primário, educação básica que passou para gi<strong>na</strong>sial, não é? Aí tivemos que<br />
ampliar também o corpo docente dos professores e, como era fe<strong>de</strong>ral, eu<br />
então fui escolher os melhores professores que tinham em várias áreas,<br />
então tivemos aqui professores da Universida<strong>de</strong> lecio<strong>na</strong>ndo aqui [...] enfim<br />
<strong>uma</strong> série <strong>de</strong> professores que vieram pra cá, que eram <strong>de</strong> nível<br />
universitário, mas vieram porque eles <strong>de</strong>ixaram até o Colégio Estadual, que<br />
era Estadual, não é? E vieram porque era fe<strong>de</strong>ral aqui [...] E aí então que a<br />
Escola começou a ficar até mais famosa [...] esses eram os <strong>de</strong> cultura geral,<br />
agora os <strong>de</strong> cultura técnica, por exemplo, eles procuraram se aperfeiçoar<br />
também, acompanhando o <strong>de</strong>senvolvimento e tudo, e eles então... aí já<br />
começamos a pegar professores <strong>de</strong> um nível mais elevado (apud<br />
MACHADO, 2010, p. 163).<br />
De sua fala e dos relatórios incompletos a que tivemos acesso, percebemos<br />
que o que acontece é <strong>uma</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is para lecio<strong>na</strong>r <strong>na</strong> Escola que<br />
tivessem conhecimento <strong>de</strong> áreas técnicas, o que nos leva a acreditar que isso<br />
manteve as professoras exclusivamente em áreas que a Instituição consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong><br />
cultura geral, como é o caso <strong>de</strong> Português, pois para estas áreas exigia-se<br />
minimamente que as <strong>mulheres</strong> comprovassem terem o curso primário.<br />
116 Entretanto, vale <strong>de</strong>stacar que com o acesso ao ensino secundário elas também pu<strong>de</strong>ram<br />
qualificar-se para exercer a própria função <strong>de</strong> alfabetizadoras, algo dispensável inicialmente (GAY,<br />
1988).