Acta Ped Vol 42 N 3 - Sociedade Portuguesa de Pediatria

Acta Ped Vol 42 N 3 - Sociedade Portuguesa de Pediatria Acta Ped Vol 42 N 3 - Sociedade Portuguesa de Pediatria

22.07.2014 Views

Acta Pediatr Port 2011:42(3):114-6 Roda J et al. – Herpes zoster na criança O diagnóstico etiológico é confirmado através do isolamento do vírus em cultura, mas é difícil de obter. Um teste directo de detecção do antigénio é geralmente diagnóstico 6 . Títulos elevados de anticorpos anti-VZV permitem fazer o diagnóstico de reactivação viral 4,6 . Para exclusão de reacção cruzada com o vírus herpes simplex foi efectuada também serologia para este vírus, que foi negativa (IgG e IgM). O herpes zoster é na criança uma patologia benigna, bem tolerada e auto-limitada, com cerca de uma a três semanas de duração 2,7,8 . O uso de medicamentos anti-virais é controverso, no entanto segundo alguns autores, a sua administração permite reduzir a gravidade e duração da doença e evitar o aparecimento de nevralgia pós-herpética 4,9,10 . O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, sendo mais eficaz nas primeiras 72 horas de doença. O aciclovir é o fármaco antiviral mais utilizado 9 . Neste caso clínico recorreu-se à via endovenosa dada a gravidade da situação. As complicações mais frequentes do HZ são a sobreinfecção bacteriana e a posterior hipopigmentação cicatricial 4 . A vacina do VZV também provoca uma infecção latente, no entanto, o risco da criança desenvolver HZ é menor após a vacina do que após a infecção com o vírus selvagem 11 . Em Portugal, a vacinação contra a varicela não está contemplada no Programa Nacional de Vacinação 12 . O herpes zoster é descrito como pouco frequente em idade pediátrica (a sua incidência pode estar subvalorizada dada a benignidade e a resolução espontânea da patologia). O seu diagnóstico deve ser evocado na presença de lesões cutâneas sugestivas. Lesões vesiculares distantes do dermátomo envolvido podem surgir como consequência da virémia associada. A ausência de varicela clínica anterior não permite excluir a existência de herpes zoster. Referências 1. Pediatric herpes zoster with mild cutaneous dissemination. Pediatr Emerg Care 1993; 9: 33-5. 2. American Academy of Pediatrics. Red Book 2009. 3. Myers MG, Seward JF, LaRussa PS. Varicella-Zoster Virus. In: Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, Stanton BF, editors. Nelson Textbook of Pediatrics. 18th ed. Philadelphia: Saunders Elsevier; 2007; 1366-72. 4. Kurlan JG, Conelly BI, Lucky AW. Herpes zoster in the first year of life following postnatal exposure to varicella-zoster virus. Arch Dermatol 2004; 140: 1268-72. 5. Terada K, Kawano S, Yoshihiro K, Morita T. Varicella-zoster virus (VZV) reactivation is related to the low response of VZV-specific immunity after chickenpox in infancy. J Infect. Dis 1994; 169:650-2. 6. Baba K, Yabuuchi H, Takahashi M, Ogra PL. Immunologic and epidemiologic aspects of varicella infection acquired during infancy and early childhood. J Pediatr 1982;6:881-5. 7. Archana Singal, Shilpa Mehta, Deepika Pandhi. Herpes Zoster with Dissemination. Indian Pediatr 2006; 43:353-6. 8. Terada K. Characteristics of herpes zoster in otherwise normal children. Pediatr Infect Dis J 1993;12: 960-1. 9. Arvin AM. Antiviral therapy for varicella and herpes zoster. Semin Pediatr Infect Dis 2002;13:12-21. 10. Smith CG, Glaser DA. Herpes zoster in childhood: case report and review of the literature. Pediatr Dermatol 1996;13:226-9. 11. Goldman G.S. Incidence of herpes zoster among children and adolescents in a community with moderate varicella vaccination coverage. Vaccine 2003;21:4243-9. 12. Sociedade de Infecciologia Pediátrica/Sociedade Portuguesa de Pediatria. Recomendações para a vacinação contra a varicela. Agosto 2009. Acessível em http://www.spp.pt/UserFiles/File/Seccao_Infecciologia/VARI- CELA_SIP-04%20AGO-09[1].pdf. 116

0873-9781/11/42-3/117 Acta Pediátrica Portuguesa Sociedade Portuguesa de Pediatria ACTUALIZAÇÃO Conduta e reabilitação na hemiplegia espástica Marise Bueno Zonta 1 , Amancio Ramalho Júnior 2 , Lúcia Helena Coutinho dos Santos 3 1 - Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil 2 - Universidade Federal de São Paulo, Brasil 3 - Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná, Brasil Resumo Os objetivos principais dos tratamentos de reabilitação para crianças com Paralisia Cerebral Hemiplégica espástica (PCHE) são a melhora da função e independência propiciando condições para educação e participação social. A combinação apropriada de diferentes intervenções é indicada para promover a função, prevenir incapacidades secundárias e, acima de tudo, aumentar sua capacidade de desenvolvimento. O objetivo desta revisão foi abordar as intervenções de reabilitação que visam à melhor função em crianças com Paralisia Cerebral da forma Hemiplégica Espástica (PCHE). Nestes casos a incapacidade motora tende a estar dividida em dois maiores problemas: a função da mão e o pé equino. São considerados um conjunto de ações utilizadas para propiciar uma boa qualidade de marcha e postura e uso de membro superior incluindo o uso da Toxina Botulínica do Tipo A. Foram considerados publicações recentes abordando os tratamentos de reabilitação disponíveis da PCHE, após pesquisa em fontes como MEDLINE e SciELO, com prioridade às principais revistas de neurologia infantil. Palavras-Chave: Hemiplegia, crianças, espasticidade, paralisia cerebral, função motora. Acta Pediatr Port 2011;42(3):117-22 Management and rehabilitation in spastic hemiplegia Abstract The main objective in any treatment program for children with Hemiplegic Cerebral Palsy (HCP) is to improve function and independence and provide the conditions for education and social participation. The proper combination of different interventions is indicated to promote function, prevent secondary disabilities and, above all, increase their development capacity. The objective of this review was to address rehabilitation interventions that aim to better function in children with HCP. In these children the motor tends to divide into two main problems: those of equinus foot and difficulties with hand function. A set of actions used to provide a good quality of gait and posture and functional use of upper limb including the use of Botulinum Toxin Type A are considered. Recent publications were considered addressing the rehabilitation treatments available following research sources such as MEDLINE and SciELO, giving priority to major magazines of child neurology. Key-words: Hemiplegia, children, spasticity cerebral palsy, motor function. Acta Pediatr Port 2011;42(3):117-22 Introdução O objetivo principal em qualquer programa de tratamento para crianças com Paralisia Cerebral (PC) é melhorar o desempenho na mobilidade, funcionalidade nas atividades da vida diária, e proporcionar condições para educação e participação social 1 . O modelo seguido pela Organização Mundial de Saúde para o tratamento da PC sugere a combinação apropriada de diferentes intervenções, sejam médicas, cirúrgicas, físicas, educacionais ou de outras modalidades técnicas, para promover a função, prevenir incapacidades secundárias e, acima de tudo, aumentar a capacidade de desenvolvimento 2 da criança com PC. Vários profissionais, em diferentes momentos, vão contribuir para a melhora funcional de crianças com PC do tipo hemiplégica espástica (PCHE) e os tratamentos mais comuns são de reabilitação, principalmente fisioterapia e terapia ocupacional. Diferentes programas de estimulação são utilizados e as terapias são baseadas numa variedade de construções teóricas, com diferentes elementos no tratamento. A terapia do uso forçado tem sido considerada efetiva para adultos com espasticidade e fraqueza no membro superior e pode ser efetiva na PCHE 3 . Ela é baseada na premissa de que “o não uso aprendido” ocorre quando indivíduos falham em utilizar o membro Recebido: 31.03.2010 Aceite: 13.04.2011 Correspondência: Marise Bueno Zonta Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas da UFPR Rua Floriano Essenfelder, 81 CEP: 80060.270 Curitiba, PR – Brasil marise.bzonta@terra.com.br 117

<strong>Acta</strong> <strong>Ped</strong>iatr Port 2011:<strong>42</strong>(3):114-6<br />

Roda J et al. – Herpes zoster na criança<br />

O diagnóstico etiológico é confirmado através do isolamento<br />

do vírus em cultura, mas é difícil <strong>de</strong> obter. Um teste directo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tecção do antigénio é geralmente diagnóstico 6 . Títulos elevados<br />

<strong>de</strong> anticorpos anti-VZV permitem fazer o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> reactivação viral 4,6 . Para exclusão <strong>de</strong> reacção cruzada com<br />

o vírus herpes simplex foi efectuada também serologia para<br />

este vírus, que foi negativa (IgG e IgM).<br />

O herpes zoster é na criança uma patologia benigna, bem tolerada<br />

e auto-limitada, com cerca <strong>de</strong> uma a três semanas <strong>de</strong><br />

duração 2,7,8 . O uso <strong>de</strong> medicamentos anti-virais é controverso,<br />

no entanto segundo alguns autores, a sua administração permite<br />

reduzir a gravida<strong>de</strong> e duração da doença e evitar o aparecimento<br />

<strong>de</strong> nevralgia pós-herpética 4,9,10 . O tratamento <strong>de</strong>ve<br />

ser iniciado o mais precocemente possível, sendo mais eficaz<br />

nas primeiras 72 horas <strong>de</strong> doença. O aciclovir é o fármaco<br />

antiviral mais utilizado 9 . Neste caso clínico recorreu-se à via<br />

endovenosa dada a gravida<strong>de</strong> da situação.<br />

As complicações mais frequentes do HZ são a sobreinfecção<br />

bacteriana e a posterior hipopigmentação cicatricial 4 .<br />

A vacina do VZV também provoca uma infecção latente, no<br />

entanto, o risco da criança <strong>de</strong>senvolver HZ é menor após a<br />

vacina do que após a infecção com o vírus selvagem 11 . Em<br />

Portugal, a vacinação contra a varicela não está contemplada<br />

no Programa Nacional <strong>de</strong> Vacinação 12 .<br />

O herpes zoster é <strong>de</strong>scrito como pouco frequente em ida<strong>de</strong><br />

pediátrica (a sua incidência po<strong>de</strong> estar subvalorizada dada a<br />

benignida<strong>de</strong> e a resolução espontânea da patologia). O seu<br />

diagnóstico <strong>de</strong>ve ser evocado na presença <strong>de</strong> lesões cutâneas<br />

sugestivas. Lesões vesiculares distantes do <strong>de</strong>rmátomo envolvido<br />

po<strong>de</strong>m surgir como consequência da virémia associada.<br />

A ausência <strong>de</strong> varicela clínica anterior não permite excluir a<br />

existência <strong>de</strong> herpes zoster.<br />

Referências<br />

1. <strong>Ped</strong>iatric herpes zoster with mild cutaneous dissemination. <strong>Ped</strong>iatr<br />

Emerg Care 1993; 9: 33-5.<br />

2. American Aca<strong>de</strong>my of <strong>Ped</strong>iatrics. Red Book 2009.<br />

3. Myers MG, Seward JF, LaRussa PS. Varicella-Zoster Virus. In:<br />

Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, Stanton BF, editors. Nelson<br />

Textbook of <strong>Ped</strong>iatrics. 18th ed. Phila<strong>de</strong>lphia: Saun<strong>de</strong>rs Elsevier;<br />

2007; 1366-72.<br />

4. Kurlan JG, Conelly BI, Lucky AW. Herpes zoster in the first year of<br />

life following postnatal exposure to varicella-zoster virus. Arch<br />

Dermatol 2004; 140: 1268-72.<br />

5. Terada K, Kawano S, Yoshihiro K, Morita T. Varicella-zoster virus<br />

(VZV) reactivation is related to the low response of VZV-specific<br />

immunity after chickenpox in infancy. J Infect. Dis 1994; 169:650-2.<br />

6. Baba K, Yabuuchi H, Takahashi M, Ogra PL. Immunologic and epi<strong>de</strong>miologic<br />

aspects of varicella infection acquired during infancy and<br />

early childhood. J <strong>Ped</strong>iatr 1982;6:881-5.<br />

7. Archana Singal, Shilpa Mehta, Deepika Pandhi. Herpes Zoster with<br />

Dissemination. Indian <strong>Ped</strong>iatr 2006; 43:353-6.<br />

8. Terada K. Characteristics of herpes zoster in otherwise normal children.<br />

<strong>Ped</strong>iatr Infect Dis J 1993;12: 960-1.<br />

9. Arvin AM. Antiviral therapy for varicella and herpes zoster. Semin<br />

<strong>Ped</strong>iatr Infect Dis 2002;13:12-21.<br />

10. Smith CG, Glaser DA. Herpes zoster in childhood: case report and<br />

review of the literature. <strong>Ped</strong>iatr Dermatol 1996;13:226-9.<br />

11. Goldman G.S. Inci<strong>de</strong>nce of herpes zoster among children and adolescents<br />

in a community with mo<strong>de</strong>rate varicella vaccination coverage.<br />

Vaccine 2003;21:<strong>42</strong>43-9.<br />

12. <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Infecciologia <strong>Ped</strong>iátrica/<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Ped</strong>iatria.<br />

Recomendações para a vacinação contra a varicela. Agosto 2009. Acessível<br />

em http://www.spp.pt/UserFiles/File/Seccao_Infecciologia/VARI-<br />

CELA_SIP-04%20AGO-09[1].pdf.<br />

116

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!