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Acta Ped Vol 42 N 3 - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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<strong>Acta</strong> <strong>Ped</strong>iatr Port 2011:<strong>42</strong>(3):104-7<br />

Vilela L et al. – Consulta <strong>de</strong> <strong>Ped</strong>opsiquiatria - primeira infância<br />

Quanto à média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s, na nossa consulta esta foi ligeiramente<br />

superior (39 meses) à da UPI cuja ida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 26<br />

meses. As crianças com perturbações do afecto foram referenciadas<br />

à nossa consulta com ida<strong>de</strong>s médias (37 meses) inferiores<br />

à média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s do total da amostra (39 meses). No<br />

entanto, os motivos <strong>de</strong> pedido <strong>de</strong> consulta foram pouco específicos,<br />

o que <strong>de</strong>monstra a dificulda<strong>de</strong> em reconhecer e referenciar<br />

a presença <strong>de</strong>stas perturbações em ida<strong>de</strong>s precoces. De salientar<br />

o facto das crianças que são diagnosticadas com perturbação da<br />

relação e comunicação apresentarem uma ida<strong>de</strong> média superior<br />

(<strong>42</strong> meses), em relação à média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s do total da amostra<br />

(39 meses). A referenciação mais tardia das crianças com este<br />

diagnóstico po<strong>de</strong> ser consequente à falta <strong>de</strong> sensibilização dos<br />

médicos para os sinais <strong>de</strong> alarme precoces <strong>de</strong>sta patologia.<br />

A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s das crianças com PRPS foi inferior à média<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s do total da amostra, o que po<strong>de</strong> traduzir o facto<br />

<strong>de</strong>sta perturbação dar sinais em áreas significativas, como a<br />

alimentação, o sono e a activida<strong>de</strong> motora. Parece-nos, no<br />

entanto, importante alertar que nesta perturbação os motivos<br />

<strong>de</strong> referenciação à consulta mais frequentes são a suspeita <strong>de</strong><br />

PEA e <strong>de</strong> PHDA, que correspon<strong>de</strong>m aos diagnósticos diferenciais<br />

do tipo hipossensível e impulsivo respectivamente.<br />

A limitação principal <strong>de</strong>ste estudo foi o tamanho reduzido da<br />

amostra. No entanto, quando comparado com um estudo com<br />

amostra muito superior 13 , <strong>de</strong> 527 casos, (UPI) verificou-se<br />

uma semelhança significativa nos resultados obtidos.<br />

Conclusões<br />

Os motivos mais frequentes <strong>de</strong> referenciação à consulta da primeira<br />

infância foram instabilida<strong>de</strong> e atraso na linguagem.<br />

Apenas um número reduzido <strong>de</strong> crianças foi orientado antes dos<br />

três anos, sendo este número ainda menos representativo nos<br />

casos em que foi diagnosticada perturbação da relação e comunicação,<br />

o que po<strong>de</strong>rá ter um impacto negativo no prognóstico.<br />

A maioria das crianças referenciadas tinha psicopatologia. No<br />

entanto, um número significativo não apresentava critérios<br />

para diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompensação psicopatológica, mas<br />

sim perturbação na relação com os cuidadores.<br />

Todas as crianças foram referenciadas à nossa consulta por<br />

médicos, sobretudo <strong>de</strong> Medicina Geral e Familiar e <strong>Ped</strong>iatria.<br />

Assim, parece-nos importante a sensibilização dos Cuidados<br />

Primários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e dos Serviços <strong>de</strong> <strong>Ped</strong>iatria para a psicopatologia<br />

<strong>de</strong>sta faixa etária.<br />

Referências<br />

1. Zeanah CH. Handbook of Infant Mental Health. 2ª Edição. New<br />

York:The Guilford Press; 2005.<br />

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2003; 1 (XXI): 5-12.<br />

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Madison CT: International University Press; 1992.<br />

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5. Autism Spectrum Disor<strong>de</strong>rs (ASDs); Atlanta:Centers for<br />

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University Press; 2004.<br />

8. Greenspan S, Wie<strong>de</strong>r S. Regulatory disor<strong>de</strong>rs. In Zeanah CH (Ed.).<br />

Infant mental health. 2ª Edição; New York: The Guilford Press; 1993.<br />

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Diagnostic Classification of Mental Health and Development<br />

Disor<strong>de</strong>rs of Infancy and Early Childhood: Revised Edition (DC:<br />

0-3R). Washington DC: Zero to Three Press; 2005.<br />

10. Zero to Three / National Center for Clinical Infant Programs.<br />

Diagnostic Classification of Mental Health and <strong>de</strong>velopmental<br />

Disor<strong>de</strong>rs of Infancy and Early Childhood, Arlington VA; 1994.<br />

11. Graffar M. Une métho<strong>de</strong> <strong>de</strong> classification sociale - échantillons <strong>de</strong> la<br />

Population. Courrier 1956; 6:455-9.<br />

12. Griffiths R. The abilities of young children. London: Child <strong>de</strong>velopmental<br />

research centre; 1970.<br />

13. Gonçalves MJ, Cal<strong>de</strong>ira SP. A classificação diagnostica das perturbações<br />

da saú<strong>de</strong> mental da primeira infância: Uma experiência clínica.<br />

Análise Psicológica 2003; 1 (XXI): 13-21.<br />

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