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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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Contribuinte n.º 502265094<br />

Depósito legal n.º 45458/91<br />

Registo ERC n.º 114410<br />

Conselho de Administração<br />

Presidente: Ângelo Paupério<br />

Vogais: António Lobo Xavier,<br />

Cláudia Azevedo, Cristina Soares,<br />

Luís Filipe Reis, Miguel Almeida,<br />

Pedro Nunes Pedro<br />

E-mail publico@publico.pt<br />

Lisboa Rua de Viriato, 13 – 1069-315<br />

Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA);<br />

Algumas <strong>que</strong>stões recorrentes na correspondência dos leitores<br />

Nomes, identidades, escolha de palavras<br />

José<br />

Queirós<br />

Provedor<br />

do leitor<br />

O<br />

correio dos leitores traz-me com frequência<br />

<strong>que</strong>stões a <strong>que</strong> muitos atribuirão menor importância,<br />

mas <strong>que</strong> são reveladoras da atenção<br />

aos valores e regras do jornalismo profi ssional<br />

e às normas de estilo e critérios editoriais<br />

deste jornal em particular. São muitas vezes temas<br />

recorrentes, debatidos no quotidiano das redacções, e<br />

<strong>que</strong> valerá a pena trazer ao diálogo com os leitores.<br />

Um deles é o do chamado “direito ao nome”. Todas as<br />

pessoas têm direito a ser tratadas pelo seu nome e não<br />

pelo nome <strong>que</strong> outros <strong>que</strong>iram dar-lhes. O mesmo para<br />

organizações e colectividades. Sucede <strong>que</strong> nem sempre<br />

é fácil cumprir este preceito nos jornais. Veja-se o caso<br />

dos leitores <strong>que</strong> têm protestado contra o facto de a instituição<br />

desportiva Vitória Sport Clube ser fre<strong>que</strong>ntemente<br />

designada, no PÚBLICO e em outros órgãos de comunicação,<br />

como “o Guimarães”. “Não há nenhum clube<br />

chamado Guimarães. O nome é Vitória” — mais palavra,<br />

menos palavra, é o argumento comum às mensagens <strong>que</strong><br />

recebo sobre o tema.<br />

O leitor Rui Correia, por exemplo, <strong>que</strong>ixa-se nestes<br />

termos do <strong>que</strong> considera ser uma “falta de rigor”: “Guimarães<br />

(...) é a cidade onde joga o Vitória SC! (...) Tratem<br />

as instituições de igual forma e não inventem nomes ou<br />

apelidos. Se disserem Vitória de Guimarães, embora não<br />

seja o nome correcto, pelo menos referem-se ao Vitória<br />

da cidade de Guimarães. Agora, retirarem o ‘Vitória’ do<br />

nome (...) é um desrespeito total para com a instituição,<br />

adeptos e simpatizantes!”.<br />

Jorge Miguel Matias, editor do Desporto, considera<br />

“impraticável identifi car o Vitória Sport Clube” pelo<br />

seu nome ofi cial, “não só pela extensão da designação,<br />

como também pelo facto de o clube ser muitíssimo mais<br />

conhecido por Vitória de Guimarães”. Se a isto se poderia<br />

objectar <strong>que</strong> não será necessariamente assim <strong>que</strong> o clube<br />

é “conhecido” pelos seus próprios sócios, o certo é <strong>que</strong><br />

há <strong>que</strong> pesar outras razões. Como esta: “Existe também a<br />

competir na I Liga o Vitória Futebol Clube (habitualmente<br />

designado por Vitória de Setúbal), a <strong>que</strong>m se aplica o<br />

mesmo critério. A existência de dois ‘Vitórias’ inviabiliza<br />

<strong>que</strong> se designe qual<strong>que</strong>r um deles exclusivamente pelo<br />

primeiro nome, sob pena de confusão generalizada”.<br />

“Nas classifi cações, <strong>que</strong>r no site, <strong>que</strong>r na edição impressa”,<br />

explica o editor, “consta o nome do clube como<br />

V. Guimarães, tal como acontece nas fi chas de jogo.<br />

Por vezes, por limitações gráfi cas, torna-se muito difícil<br />

utilizar por extenso a expressão ‘Vitória de Guimarães’<br />

(por exemplo, em títulos a uma coluna). Nestes casos,<br />

optamos pela fórmula abreviada V. Guimarães. Quando<br />

não há alternativa, julgamos preferível designar o clube<br />

simplesmente por Guimarães e não simplesmente<br />

por Vitória, tendo em conta <strong>que</strong> Guimarães não causará<br />

qual<strong>que</strong>r dúvida para o leitor, enquanto Vitória deixará<br />

sempre a hipótese de se estar a falar, por exemplo, do<br />

Vitória... de Setúbal”.<br />

Creio <strong>que</strong> mesmo os leitores mais ciosos da sua identidade<br />

clubística concordarão com a sensatez desta explicação,<br />

<strong>que</strong> privilegia a clareza na comunicação e não<br />

denota falta de rigor, tendo em conta <strong>que</strong> o Vitória Sport<br />

Clube é, até no plano estatutário, um clube de Guimarães.<br />

Este é um caso em <strong>que</strong> fazer prevalecer uma concepção<br />

rígida do “direito ao nome” sobre outras considerações<br />

não passaria de um formalismo sem sentido útil. O <strong>que</strong><br />

não <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> não deva ser tida em conta a sensibilidade<br />

dos leitores em <strong>que</strong>stão, procurando evitar-se as<br />

situações em <strong>que</strong> nem a inicial do seu verdadeiro nome<br />

aparece a designar o clube.<br />

Caso diferente é o do direito de qual<strong>que</strong>r pessoa<br />

a não ver o seu nome trocado, por exemplo,<br />

por uma alcunha. Essa é uma prática comum<br />

de alguma imprensa, especialmente no <strong>que</strong> respeita<br />

à identifi cação de indivíduos a contas com<br />

a justiça, e deve ser contrariada. Trata-se muitas vezes de<br />

designações depreciativas colhidas em autos policiais e<br />

<strong>que</strong> desrespeitam a dignidade individual. O Livro de Estilo<br />

A demarcação clara entre<br />

Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir.<br />

Editorial 210111006; Agenda<br />

210111007; Redacção 210111008;<br />

Publicidade 210111013/210111014<br />

Porto Praça do Coronel Pacheco,<br />

nº 2, 4050-453 Porto; Telef:<br />

226151000 (PPCA) / 226103214; Fax:<br />

Redacção 226151099 / 226102213;<br />

Publicidade, Distribuição 226151011<br />

Madeira Telef.: 934250100; Fax:<br />

707100049 Proprietário PÚBLICO,<br />

Comunicação Social, SA. Sede: Lugar<br />

NÉLSON GARRIDO<br />

do PÚBLICO desaconselha,<br />

e bem,<br />

a sua utilização, informação e opinião deve<br />

com excepção de ser entendida como um sinal<br />

casos em <strong>que</strong> se<br />

revele “essencial” de respeito pelos leitores<br />

para a caracterização<br />

de uma personagem.<br />

A propósito dos títulos e textos sobre o julgamento,<br />

em Torres Vedras, de um indivíduo acusado de ter assassinado<br />

quatro pessoas, a leitora Ana Aguiar escreve<br />

<strong>que</strong> “não parece adequado usar o nome pelo qual um<br />

diagnosticado psicopata se auto-intitula”. No caso, “Ghob,<br />

rei dos gnomos”. “O senhor tem um nome civil, como<br />

todos nós, e não vejo razão para um jornal com ambição<br />

de seriedade usar um pseudónimo auto-atribuído numa<br />

notícia <strong>que</strong> deveria ser séria e imparcial”, diz a leitora,<br />

referindo uma peça recente do Público Online.<br />

Deve esta situação ser enquadrada na orientação acima<br />

referida, contrária à substituição de nomes por alcunhas?<br />

Não necessariamente. Pelo <strong>que</strong> tem sido noticiado,<br />

o nome “Ghob” seria assumido pelo próprio suspeito<br />

dos crimes, no âmbito de um círculo de relações <strong>que</strong> foi<br />

investigado, e resultaria da crença, ou da manipulação<br />

da crença num universo místico de gnomos e entidades<br />

congéneres, <strong>que</strong> poderá ser relevante para a explicação<br />

dos crimes <strong>que</strong> estão a ser julgados. Referi-lo não põe<br />

em causa a seriedade nem a imparcialidade e poderá<br />

ser importante para a caracterização da personagem e<br />

a compreensão do caso.<br />

Ainda assim, o desejável distanciamento jornalístico<br />

aconselhará sempre alguma contenção no recurso a designações<br />

como esta. Concordo com a leitora, quando<br />

refere: “Se a opção editorial for a de usar o pseudónimo,<br />

creio ser apropriado o uso de aspas”. Para distinguir a<br />

identidade civil, <strong>que</strong> deve ser sempre respeitada, de uma<br />

auto-representação imaginária.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 55<br />

do Espido, Via Norte, Maia. Capital<br />

Social €50.000,00. Detentor de mais<br />

de 10% do capital: Sonae Telecom,<br />

BV Impressão Unipress, Travessa<br />

de Anselmo Braancamp, 220, 4410-<br />

350 Arcozelo, Valadares; Telef.:<br />

227537030; Lisgráfica – Impressão<br />

e Artes Gráficas, SA, Estrada<br />

Consiglieri Pedroso, 90, Queluz<br />

de Baixo, 2730-053 Barcarena.<br />

Telef.: 214345400 Distribuição<br />

Logista Portugal – Distribuição<br />

de Publicações, SA; Lisboa: Telef.:<br />

219267800, Fax: 219267866; Porto:<br />

Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123;<br />

Algarve: Telef.: 289363380; Fax:<br />

289363388; Coimbra: Telef.:<br />

239980350; Fax: 239983605.<br />

Assinaturas 808200095<br />

Tiragem média total de Dezembro<br />

43.909 exemplares<br />

Membro da APCT – Associação<br />

Portuguesa do Controlo de<br />

Tiragem<br />

O<br />

recurso desnecessário a termos estrangeiros<br />

continua a desagradar a muitos leitores. Na<br />

maior parte das vezes, com razão. António<br />

Barata leu uma notícia intitulada “Tribunal<br />

chumbou concessão no porto de Aveiro realizada<br />

sem concurso público” (edição online, no passado<br />

dia 20) e deteve-se na frase em <strong>que</strong> se explicava<br />

<strong>que</strong> determinadas empresas “são os grandes players do<br />

movimento de carga nos portos nacionais”. Pergunta o<br />

leitor, e pergunta bem, “se o mesmo não poderia ser dito<br />

em português ou se existe uma outra qual<strong>que</strong>r razão”<br />

para o recurso ao termo inglês.<br />

A mesma <strong>que</strong>stão poderia ser colocada, por exemplo,<br />

em relação ao uso, <strong>que</strong> se tornou fre<strong>que</strong>nte, do termo<br />

default em títulos e textos sobre a actual crise fi nanceira,<br />

muitas vezes sem qual<strong>que</strong>r explicação suplementar. Vejase<br />

(é só um exemplo) o título “Default grego faz subir juros<br />

da dívida nacional”, <strong>que</strong> na primeira página da edição do<br />

passado dia 18 remetia (mais uma desatenção) para uma<br />

estranha “Secção, 00”. Nem na capa nem na página 13,<br />

onde se encontrava a peça mal sinalizada, a expressão<br />

era traduzida ou explicada. Nas páginas de Economia do<br />

jornal, a tradução de termos como este é por vezes feita,<br />

entre parênteses. Mas não é feita sempre, e cada omissão<br />

representa uma falha na clareza da comunicação.<br />

“Será <strong>que</strong> os jornalistas”, pergunta o leitor, “ (...) se<br />

limitam a debitar o <strong>que</strong> ouvem e <strong>que</strong> está mais na moda,<br />

e não se preocupam se<strong>que</strong>r em traduzir, de modo a <strong>que</strong><br />

qual<strong>que</strong>r leitor perceba?”. Na verdade, para os exemplos<br />

citados, a <strong>que</strong>stão da tradução nem deveria colocar-se.<br />

Tanto para players como para default existem palavras<br />

portuguesas de uso comum, com o mesmo e preciso signifi<br />

cado. Se é verdade <strong>que</strong> em tempos de globalização o<br />

recurso a vocábulos estrangeiros se torna por vezes inevitável<br />

— por falta de termo português correspondente,<br />

por exigência de precisão, ou por surgirem em discurso<br />

directo —, esses termos devem ser grafados em itálico, o<br />

<strong>que</strong> nem sempre acontece, e ser acompanhados, conforme<br />

os casos, de explicação ou tradução. O contrário não<br />

é sintoma de cosmopolitismo, mas de desleixo.<br />

Já agora, recomenda-se maior cuidado com a redacção<br />

de notícias <strong>que</strong> reproduzem, sem o assinalar, textos de<br />

fontes noticiosas estrangeiras. Para <strong>que</strong> da sua tradução<br />

apressada não resultem deslizes como o <strong>que</strong> a leitora Alda<br />

Nobre detectou nas páginas de Desporto do dia 5 deste<br />

mês, onde se pode ler <strong>que</strong> o guarda-redes de um clube inglês<br />

marcou um golo, sendo “o quarto a fazê-lo, depois de<br />

Peter Schmeichel, Brad Friedel and Paul Robinson...”.<br />

Há outras palavras, essas bem portuguesas,<br />

<strong>que</strong> todos ganharíamos em ver afastadas de<br />

alguns títulos informativos. Uma delas, <strong>que</strong><br />

têm vindo a propagar-se de modo epidémico,<br />

sem cuidar se<strong>que</strong>r de se apresentar como<br />

fi gura de estilo, antes procurando impor-se num desadequado<br />

sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar”. “BE<br />

arrasa projectos do PS e do PSD sobre maternidade de<br />

substituição” foi o título destacado escolhido no passado<br />

dia 20 para uma notícia das actividades parlamentares da<br />

véspera. É só um exemplo, mas foi o <strong>que</strong> levou o leitor Miguel<br />

Azevedo a protestar: “Mais uma vez opinião. Por mim<br />

preferia <strong>que</strong> a jornalista me desse os factos e me deixasse<br />

a mim a tarefa de decidir <strong>que</strong>m arrasou <strong>que</strong>m”.<br />

Diga-se <strong>que</strong> a notícia em causa relata os factos e não<br />

recorre ao tremendismo do verbo em <strong>que</strong>stão. O título<br />

— <strong>que</strong> pode ou não ser da autoria de <strong>que</strong>m escreveu a<br />

peça, mas é sempre, em última análise, da responsabilidade<br />

de um editor — é <strong>que</strong> desfi gura o relato noticioso,<br />

assumindo uma natureza opinativa deslocada e censurável.<br />

Não está em causa a opinião, mas o lugar onde se<br />

expressa. A demarcação clara entre informação e opinião<br />

é um traço essencial do projecto editorial do PÚBLICO<br />

e deve também ser entendida como uma demonstração<br />

de respeito pela inteligência dos leitores.<br />

O Provedor do Leitor escreve neste espaço ao domingo

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