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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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Taxas portuários em causa<br />

Navio Armas abandonou a ligação da<br />

Madeira por falta de apoio do Governo<br />

Tolentino de Nóbrega<br />

a Com palmas e um buzinão, centenas<br />

de madeirenses despediram-se<br />

ontem de manhã do navio Armas <strong>que</strong><br />

abandona a ligação entre a Madeira e<br />

o Continente, a única existente para<br />

o transporte regular de passageiros.<br />

O protesto contra o governo regional,<br />

por não proporcionar ao armador espanhol<br />

condições para continuidade<br />

da linha Funchal/Portimão/Canárias,<br />

foi seguido com invulgares medidas<br />

de segurança.<br />

O representante do armador espanhol<br />

Naviera Armas, Javier Garcia,<br />

afi rmou <strong>que</strong> a importância deste serviço<br />

regular “nunca foi reconhecida<br />

pelas autoridades” regionais, <strong>que</strong> têm<br />

sido acusadas por associações empresariais<br />

e pela oposição de protegerem<br />

o grupo Sousa, concessionário das<br />

operações portuárias do arquipélago<br />

Alverca<br />

Jovens detidos a grafitar um comboio<br />

a A CP avalia em 12 mil euros os prejuízos<br />

causados pelas pinturas <strong>que</strong><br />

um grupo de três jovens terá feito,<br />

no passado dia 24, nas carruagens de<br />

um comboio <strong>que</strong> estava estacionado<br />

na estação de Alverca.<br />

Alertada por uma chamada telefónica,<br />

a Polícia de Segurança Pública<br />

deslocou-se ao local, conseguindo<br />

interceptar dois dos três suspeitos de<br />

danifi car as carruagens. De acordo<br />

com uma fonte policial foram-lhes<br />

apreendidas onze latas de tinta <strong>que</strong><br />

terão sido utilizadas na execução dos<br />

e da ligação marítima entre a Madeira<br />

e o Porto Santo.<br />

Ao fazer o balanço dos custos da<br />

operação, o armador espanhol concluiu<br />

<strong>que</strong> “não era possível prosseguir<br />

com o serviço”. Javier Garcia adiantou<br />

<strong>que</strong> a sua continuidade dependia<br />

de dois factores fundamentais: aumento<br />

das tarifas e diminuição dos<br />

custos portuários.<br />

Se, por um lado, houve receptividade<br />

de empresas exportadores e importadoras<br />

para aceitar um aumento<br />

das tarifas no transporte de produtos,<br />

sobretudo perecíveis, feito a custos<br />

inferiores aos praticados por outros<br />

armadores para a Madeira, a mesma<br />

abertura não surgiu da parte do governo<br />

regional no sentido de baixar<br />

os custos operacionais no porto do<br />

Funchal <strong>que</strong>, garantiu Garcia, “pratica<br />

as taxas portuárias mais altas dos<br />

portos europeus”.<br />

O Armas fez a ligação entre Portimão e o Funchal durante seis anos<br />

graffi ti. Os dois jovens, com 15 e 24<br />

anos, foram identifi cados pelos agendes<br />

da PSP e notifi cados para comparecerem<br />

na quarta-feira no Tribunal<br />

de Vila Franca de Xira.<br />

Os agentes da Esquadra de Investigação<br />

da Divisão de Vila Franca de<br />

Xira da PSP apreenderam, também,<br />

duas máquinas fotográfi cas digitais,<br />

alegadamente usadas pelos jovens para<br />

“documentarem” as pinturas feitos<br />

na composição ferroviária.<br />

Um representante da CP apresentou,<br />

entretanto, <strong>que</strong>ixa contra os três<br />

DR<br />

Por exemplo, carregar ou descarregar<br />

um rebo<strong>que</strong> no porto do Funchal<br />

“custa aproximadamente 140 a 150<br />

euros, enquanto nas Canárias custa<br />

50”, referiu Javier Garcia. O representante<br />

do armador salientou <strong>que</strong>, no<br />

ano passado, a Naviera Armas pagou<br />

um milhão de euros em taxas portuárias<br />

na Madeira.<br />

A secretaria regional do Turismo e<br />

Transportes considerou, em comunicado,<br />

<strong>que</strong> a pretensão do armador<br />

“não tem qual<strong>que</strong>r razoabilidade”<br />

e contraria os compromissos internacionais<br />

assumidos para o resgate<br />

fi nanceiro de Portugal. “A isenção de<br />

taxas portuárias pretendida contraria<br />

os compromissos assumidos pelo<br />

governo regional relativamente ao<br />

Governo central e à troika, compromissos<br />

esses <strong>que</strong> estipulam o congelamento<br />

de todos os benefícios fi scais<br />

e impedem a introdução de novos benefícios<br />

ou o alargamento dos existentes”,<br />

justifi cou o executivo.<br />

Milhares de cidadãos <strong>que</strong> subscreveram<br />

uma petição pública na<br />

Internet pela continuidade do único<br />

navio de transporte de regular de<br />

passageiros, mercadorias e automóveis,<br />

entendem <strong>que</strong> os madeirenses<br />

“sairão muito prejudicados, a todos<br />

os níveis, se este deixar de operar”.<br />

Vai aumentar o custo de vida, a taxa<br />

de desemprego e o isolamento.<br />

A companhia de navegação espanhola<br />

Naviera Armas iniciou durante<br />

o ano de 2006 a linha entre a Madeira,<br />

Portimão e as Canárias, colmatando<br />

uma lacuna de 23 anos no transporte<br />

marítimo regular de passageiros entre<br />

a região e o continente.<br />

Depois do início da ligações aéreas,<br />

aos poucos, desde a década de 70 do<br />

séc. XX, os madeirenses assistiram<br />

ao progressivo abate dos navios da<br />

marinha mercante portuguesa. Entre<br />

eles avultavam navios como o Infante<br />

Dom Henri<strong>que</strong>, o Santa Maria, o Vera<br />

Cruz, ou o Príncipe Perfeito, da extinta<br />

Companhia Colonial de Navegação.<br />

O Funchal foi o último a assegurar a<br />

carreira.<br />

jovens e avaliou os danos causados<br />

pelas pinturas em cerca de 12 mil euros.<br />

No passado mês de Outubro, a<br />

CP revelou ao PÚBLICO <strong>que</strong> só nos<br />

primeiros oito meses de 2011 gastou<br />

cerca de 236 mil euros em trabalhos<br />

de limpeza de grafi ti pintados nos<br />

seus comboios.<br />

O jovem de 24 anos agora detido<br />

pela PSP saiu em liberdade depois de<br />

identifi cado e notifi cado para comparecer<br />

em tribunal, enquando <strong>que</strong> o<br />

menor <strong>que</strong> o acompanhava foi entregue<br />

à família. Jorge Talixa<br />

O valor do Metro<br />

Opinião<br />

João Seixas<br />

a O metropolitano de Lisboa<br />

mostra muito do país <strong>que</strong> somos.<br />

É bonito, mas pe<strong>que</strong>no. Veloz,<br />

mas retorcido. Parece da cidade,<br />

mas <strong>que</strong>m manda nele não é a<br />

cidade. É também muito nosso<br />

na forma como cresceu, como<br />

não cresceu, e sem dúvida no<br />

eterno debate entre quanto custa<br />

e quanto vale. E <strong>que</strong>m paga.<br />

Serviço público por excelência,<br />

demorou a chegar: em 1959,<br />

quase 100 anos depois do<br />

primeiro (Londres, 1863). Lisboa<br />

tinha quase um milhão de<br />

habitantes e enormes exigências<br />

de mobilidade. Mas lá chegou,<br />

primeiro estranhou-se e depois<br />

entranhou-se. Tornou-se um<br />

símbolo da nossa modernidade.<br />

Pe<strong>que</strong>nina. Durante décadas teve<br />

apenas uma linha, linha e meia,<br />

de Alvalade a Sete Rios passando<br />

pelo Rossio, e uma perninha do<br />

Marquês a Entre Campos. As<br />

estações eram português suave,<br />

todas iguais, a<strong>que</strong>la pedrinha<br />

cinzento-verde. O metropolitano<br />

era, simplesmente, ‘o metro’,<br />

epíteto mais <strong>que</strong> correcto. Entre<br />

1972 e 1995 abriu em média uma<br />

estação em cada 4,6 anos, registo<br />

exemplar para a modernidade<br />

portuguesa. As suas estratégias<br />

eram (e continuam a ser) da<br />

total incompreensão do pobre<br />

e incauto cidadão, simples<br />

utilizador. Não ia ao aeroporto.<br />

Não chegava a Santa Apolónia.<br />

Não parecia preocupar-se com<br />

os crescentes subúrbios. Nem<br />

tampouco em construir uma<br />

estrutura radial, como outras<br />

cidades obviamente fi zeram.<br />

E assim se manteve, singelo e<br />

discreto, mas muito nosso. Mais<br />

de dez anos depois do início<br />

da democracia, lá chegava à<br />

universidade.<br />

Vem então a <strong>Europa</strong>, os fundos,<br />

o cavaquismo, o guterrismo.<br />

E a Expo 98. Alegremente<br />

adolescentes, partimos para a<br />

valente festa, a Oriente. Uma<br />

linha totalmente nova saía<br />

agora da Alameda e, dobrando<br />

boas esperanças (em Chelas?),<br />

chegava à pós-modernidade. As<br />

linhas ganhavam nomes de gesta:<br />

Oriente, Caravela, Gaivota. A<br />

ressaca é grande, mas isso é outra<br />

história. O metro, entretanto,<br />

procurava ser metropolitano!<br />

Dirigindo-se para os ‘subúrbios’:<br />

primeiro uma ponta na Pontinha;<br />

depois Odivelas e Amadora. O<br />

lisboeta lia nos mapas estações<br />

chamadas Senhor Roubado e<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 37<br />

Alfornelos, antigos poisos saloios<br />

agora plenos de urbanidade, e<br />

de gente. E conectando-se com<br />

os comboios, atingindo enfi m<br />

Santa Apolónia e o Cais do Sodré.<br />

De aeroporto, ainda nada. Nem<br />

de outros locais importantes da<br />

cidade, as Amoreiras, Alcântara,<br />

a via onde mais lisboetas<br />

residem, a estrada de Benfi ca. O<br />

metropolitano mantinha-se semicosmopolita.<br />

Como o país.<br />

Mas com grande arte.<br />

Em todo o mundo é difícil<br />

encontrar estações mais belas.<br />

Talvez as de Moscovo. As de<br />

Lisboa são magnífi cas obras de<br />

artistas como Maria Keil, Siza<br />

Vieira, Vieira da Silva, Júlio<br />

Pomar, José de Guimarães.<br />

Verdadeiros palácios ao lado<br />

(ou por baixo) do frenesim das<br />

nossas mundanidades. Palácios<br />

contemporâneos, do povo e para<br />

o povo, as estações do metro de<br />

Lisboa têm tudo para ser dos<br />

maiores orgulhos da cidade. Um<br />

orgulho caro: cada uma destas<br />

magnífi cas estações deve ter<br />

custado mais do <strong>que</strong> três ou<br />

quatro estações, decerto feias, de<br />

Londres, Madrid ou Paris. Mas<br />

assim somos.<br />

Hoje, o belo e<br />

semimetropolitano metro<br />

tornou-se completamente<br />

democrático. Só não vê <strong>que</strong>m não<br />

anda nele. Grande catalisador da<br />

vida urbana, gentes de todas as<br />

classes e idades – cerca de 500<br />

mil passageiros/dia, e poderia<br />

ser muito mais – movimentamse<br />

hoje nas suas belas estações.<br />

É um prazer ver o movimento<br />

no Marquês, na Baixa-Chiado,<br />

em Sete Rios. E este ano, c’os<br />

diabos, o metro chegará enfi m ao<br />

Aeroporto! Confi rmando assim a<br />

‘opção Portela’. E reconfi rmando,<br />

portanto, a nossa condição<br />

semicosmopolita.<br />

Uma condição <strong>que</strong>, para<br />

dizer o mínimo, seria bom <strong>que</strong><br />

houvesse na política. Mas não. A<br />

mobilidade pública é altamente<br />

defi citária, dizem agora. Muitos<br />

milhões de euros de defi cit.<br />

Como se não fosse um serviço<br />

público. Pela quarta vez num<br />

ano, as tarifas irão aumentar<br />

para os incautos, até 21%. Até<br />

os passes escolares sobem, em<br />

enorme insensibilidade social<br />

e em total ausência de sinais<br />

para a sociedade e seu futuro.<br />

Ora, a mobilidade colectiva<br />

é um dos maiores bens de<br />

uma sociedade. É altamente<br />

superavitária. O metropolitano,<br />

tal como os autocarros, eléctricos<br />

e cacilheiros, tornou-se central<br />

para a nossa identidade e futuro,<br />

como cidade, como colectivo.<br />

Não vejo prejuízo nisto, muito<br />

pelo contrário. É para isto <strong>que</strong><br />

serve o Estado, <strong>que</strong> servem<br />

os impostos. Para dar valor<br />

colectivo à sociedade. E o metro<br />

tem um enorme valor. É parte de<br />

nós. Geógrafo

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