Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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01.11.2012 Views

30 Público Domingo 29 Janeiro 2012 Mundo Aumento da violência leva Liga Árabe a suspender missão na Síria A oposição vai fornecer armas às milícias armadas. O regime intensifi ca os ataques. Para ambos os lados, o confl ito torna-se cada mais desesperado Ana Gomes Ferreira a A Liga Árabe admitiu ontem que há uma escalada de violência na Síria e suspendeu a sua missão de observadores naquele país. Ao mesmo tempo, o Conselho Nacional Sírio, um dos maiores grupos da oposição, anunciou que vai pedir às Nações Unidas “protecção” para os civis que estão a ser atacados pelas forças governamentais. Na sexta-feira à noite, o chefe da missão árabe na Síria, o general sudanês Mohamed al-Dabi — que quando chegou a Homs, no fi nal de Dezembro, disse não existirem “situações preocupantes” —, informou a Liga de um “forte incremento da violência”, sobretudo nas cidades de Hama, Homs e Idlib, relata a AFP. Receando pela segurança dos delegados ou por outra razão não expressa, a Liga interrompeu a missão. Na noite de quinta para sexta-feira, os corpos de 17 opositores de Hama, que tinham sido detidos pelas forças governamentais, foram encontrados espalhados por ruas da cidade. Meninos com armas de brincar em Hula, perto de Homs, na Síria Membros do Conselho Nacional Sírio na Turquia: Muti al Buteyin, Semir Nesar, Muhammet Faruk Tayfur BULENT KILIC/AFP Tinham buracos de bala na cabeça, indicando execuções. “Há um homem na casa dos 60 anos, outro na dos 40 e a maior parte estaria nos 20 anos”, disse, por telefone, uma fonte da Reuters na cidade. Hama, disse a fonte, era ontem uma cidade deserta, depois de três dias de intensos bombardeamentos. “Há pos- REUTERS tos de controlo a isolar os bairros uns dos outros e a cidade está fortemente militarizada”. A mais de 200 quilómetros de Damasco (a capital), esta é uma das cidades mais activas na rebelião contra o regime do Presidente Bashar al-Assad, que recorreu às forças de segurança para reprimir a revolta que começou em Março do ano passado. Está conotada com a oposição e com a violência: na década de 1980, Hafez Assad, o pai do actual chefe de Estado, esmagou uma revolta da Irmandade Muçulmana. Milhares de pessoas morreram. Aqui, como em Homs, Idlib e nos subúrbios de Damasco, registou-se nos últimos meses uma intensa actividade das forças armadas da oposição — grupos coordenados pelo Exército de Libertação da Síria e outros que actuam isoladamente. Perante a perda de controlo de partes substanciais do país, o regime de Bashar al-Assad ordenou às forças governamentais para atacarem, neutralizando os grupos armados da oposição e as comunidades que os abrigam. A espiral de violência — na sextafeira morreram mais de 100 pessoas — levou o Conselho Nacional Sírio (CNS) a decidir pedir protecção para a população às Nações Unidas. O presidente do CNS, Bourhan Ghalioun, chefi a a equipa que, hoje, será recebida por membros do Conselho de Segurança, em Nova Iorque. Este começa amanhã a debater uma proposta árabe e europeia para a resolução do confl ito na Síria que preconiza o afastamento de Assad e a criação de um governo de unidade nacional. A Rússia anunciou que vetará qualquer documento que exclua Assad do poder. “Já dissemos claramente que a Rússia não considera esse texto como uma base para um acordo”, disse o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitali Churkin, citado pela AFP. Na terça-feira, é a vez de os enviados da Liga Árabe à ONU (o secretário-geral Nabil el-Araby e o primeiroministro do Qatar, Hamad al-Thani) defenderem as suas opções em Nova Iorque. E só no fi nal deste processo se saberá se a resolução vai a votação. Dependerá do acordo que os diplomatas conseguirem alcançar para evitarem o veto da Rússia, que confi rmou estar em negociações com o Governo de Damasco para encontrarem a sua própria solução para o confl ito. Não será fácil todas estas partes chegarem a um compromisso. O que, considera a oposição síria, dará mais tempo a Assad para adensar a violência. Via militar Talvez por isso, um elemento do Conselho Nacional Sírio, Louay Safi , tenha dito ontem à estação de televisão Al- Jazira que o Exército de Libertação da Síria tem que ser “parte da solução” para o confl ito em curso. No início de Janeiro, este exército e o CNS uniram-se contra o regime. Na base deste entendimento estava a convicção — agora assumida por Louay Safi — de que a via militar poderia ser essencial à revolta contra Assad. A oposição viu a sangrenta guerra civil líbia e a instabilidade gerada pela militarização da oposição. Mas viu, também, que os protestos não passaram disso até à entrada dos militares nas revoltas. Tudo indica que estão dispostos a arriscar. “Estamos a referenciar os grupos que estão no terreno”, disse uma porta-voz do CNS, Bassma Kodmani, de forma a pô-los sob um só comando. Acrescentou que o Conselho está pronto a fornecer armas e dinheiro aos grupos espalhados pela Síria. E há cada vez mais civis a juntarem-se às milícias. “Temos o direito de pegar em armas. Não vamos voltar as costas a essa solução”, disse Omar, um residente de Homs, à Al-Jazira. “À medida que o confl ito se torna mais desesperado e feio, mais pessoas terão uma morte violenta. Não há solução visível para esta luta entre um regime determinado a manter o poder, e uma revolta que há muito entrou no ponto de não retorno”, sentenciou o jornalista Jim Muir, ao escrever na BBC online sobre um confl ito a que ainda não há quem chame guerra civil.

Mundo Breves Senegal Eleições francesas Violência após rejeição de candidatura de Youssou N’Dour a A rejeição da candidatura do cantor Youssou N’Dour pelas autoridades do Senegal e a autorização, por outro lado, para que o actual Presidente Abdoulaye Wade (85 anos, no cargo desde 2000) possa concorrer a um terceiro mandato nas eleições de Fevereiro, levaram muitos senegaleses a protestar violentamente em várias cidades. Na capital, Dacar, morreu um polícia em confrontos, envolvendo pedras e gás lacrimogéneo, com manifestantes. Brasil Detido importante traficante do Rio a A polícia brasileira deteve um dos trafi cantes de droga mais procurados do Rio de Janeiro, Fabiano Atanázio da Silva, que era tido como o chefe do tráfi co nas favelas do Complexo do Alemão. O trafi cante, mais conhecido por FB, foi detido no estado de São Paulo, na sexta-feira à noite, e transferido para o Rio. Acusado de tráfi co de drogas, homicídios, sequestro, etc, FB tinha sido detido em 2002, mas fugiu da prisão por um túnel. Mais tarde, conseguiu escapar da operação de “pacifi cação” da favela em 2010. Viena Le Pen brilha no baile da extrema-direita a Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional francesa, foi a convidada de honra do baile anual da extrema direita europeia que se realizou sextafeira em Viena, no palácio imperial de Hofburg. Este ano, o baile a que se juntam organizações de estudantes e intelectuais próximas do FPÖ —partido austríaco de extrema-direita, a que as sondagens dão 28% das intenções voto, o mesmo que aos social-democratas — foi ainda mais polémico, pois coincidiu com o 67º aniversário da libertação de Auschwitz. Merkel vai fazer campanha por Sarkozy nas presidenciais a A chanceler alemã Angela Merkel deverá participar em eventos de campanha eleitoral do Presidente francês Nicolas Sarkozy na Primavera, diz a AFP, citando o discurso que o secretário-geral da CDU, o partido de Merkel, fez ontem em Paris. Hermann Gröhe foi dizer no conselho nacional da UMP, o partido de Sarkozy — ambos da direita conservadora — estar persuadida de que o Presidente francês é “a pessoa certa para estar no Eliseu.” Público Domingo 29 Janeiro 2012 31 Costa Concordia Inspectores nucleares chegam amanhã a Teerão Cuidados médicos Mau tempo impede retirar combustível a As operações para retirar o combustível do navio Costa Concordia, que encalhou junto à ilha italiana de Giglio no dia 13, foram suspensas ontem devido ao mau tempo. Mais um corpo foi, entretanto, encontrado, sendo 17 os mortos e 15 os desaparecidos. A decisão de parar os trabalhos para evitar um desastre ecológico na zona foi tomada pelos técnicos da empresa holandesa Smit e da italiana Neri, que querem bombear 2400 toneladas de combustível. Os serviços de meteorologia dizem que só na terçafeira as condições do mar permitirão o regresso ao trabalho. Irão ameaça cortar já exportações de petróleo aos países da União Europeia Maria João Guimarães a O Irão vai discutir amanhã se vai antecipar-se a sanções ao seu petróleo pelos países da União Europeia, na altura em que uma equipa de altos responsáveis da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a organização da ONU para o nuclear, chega a Teerão para “esclarecer as dúvidas que restam sobre o programa nuclear”. A agência aponta ter indícios de a Quatro actuais e antigos jornalistas de topo do tablóide britânico The Sun e um polícia foram ontem detidos no âmbito de uma investigação da Scotland Yard à corrupção policial. O diário britânico The Guardian afi rma que os quatro elementos do Sun são dois antigos editores, um actual editor executivo e um outro elemento da redacção. O agente detido, suspeito de receber dinheiro, é um polícia de 29 anos. A investigação está ligada a outra se destinar a obter uma bomba atómica, algo que o Irão nega. O Parlamento do Irão vai discutir hoje (o domingo é o primeiro dia útil da semana naquele país) o corte de exportações de petróleo aos países europeus que decidiram na semana passada, após meses de discussão, decretar um embargo ao petróleo iraniano, a ser aplicado progressivamente nos próximos seis meses. Dois países europeus, a Grécia e DIETER NAGL/AFP Herman Nackaerts, o inspector-chefe da AIEA, ao partir para Teerão Grupo de Rupert Murdoch Detidos quatro jornalistas do Sun e um polícia por suspeita de corrupção operação que continua em curso sobre o agora encerrado tablóide News of the World, que pertence, tal como o Sun, ao grupo de media News International, de Rupert Murdoch. A acção deste sábado incluiu buscas policiais aos escritórios de Londres do grupo News International, para além das casas dos detidos. A polícia estava “interessada em tudo, desde blocos de notas, emails, postits”, contou uma fonte ao Guardian. A operação resultou de informa- Itália, compram bastante petróleo ao Irão, e uma interrupção abrupta que os fi zesse pagar petróleo mais cara seria especialmente difícil, dado a crise que atravessam. Por outro lado, analistas dizem que outros países árabes poderiam aumentar a produção, compensando a falta de crude iraniano. “A decisão apressada de usar o petróleo como ferramenta política terá um impacto negativo (...) nas economias europeias em recuperação”, dizia o Ministério do Petróleo após a decisão da UE na semana passada. Os media iranianos garantem que os compradores europeus (destino de 18 por cento do crude do país) serão substituídos pela Índia e China. Antes da visita, não eram esperados grandes avanços nas negociações. Mas diplomatas ocidentais viram tímidos sinais de alguma disposição do Irão em colaborar com a AIEA, citando a aceitação, sem grandes objecções, de dois peritos em armamento, o francês Jacques Baute e o sul-africano Neville Whiting, diz o Washington Post. Por outro lado, antes de chegar a Teerão, o inspector-chefe da AIEA Herman Nackaerts usou um raro tom, declarando: “Esperamos o início de um diálogo, um diálogo que devia ter começado há muito”, um diálogo que esclareça “todas as questões.” ções que a polícia recebeu na sequência do inquérito parlamentar ao escândalo das escutas ilegais nos jornais do grupo de Murdoch, mas tem a ver apenas com corrupção. Depois de ontem foram já detidas um total de 12 pessoas no âmbito da operação que investiga as alegações de que jornalistas pagavam a polícias em troca de informação — uma das três investigações criminais às práticas de recolha de informação do News of the World. Presidente do Iémen partiu para os EUA a O deposto Presidente do Iémen Ali Abdullah Saleh partiu ontem para os Estados Unidos, para receber cuidados médicos, indicou ontem o site do Ministério da Defesa iemenita. O seu voo, vindo de Omã, onde estava há uma semana, fez escala no Reino Unido, em Stansted, nos arredores de Londres. Já esteve hospitalizado na Arábia Saudita após um atentado ao palácio, em Junho, na sequência de contestação popular. Washington tem tentado afastá-lo de Sanaa, mas não lhe quer dar asilo, embora tenha sustentado antes o seu regime, como bastião na luta contra a Al-Qaeda. Ano Novo chinês Alerta para poluição do fogo de artifício a O Governo de Pequim começou a informar a população para os riscos de poluição do fogo de artifício que irá ser usado esta noite para celebrar a passagem do ano chinês — a China entra amanhã no Ano do Dragão. Por tradição, o céu da cidade enche-se de partículas brilhantes, com milhões de habitantes a lançarem foguetes e fogos. As autoridades sublinham que os engenhos pirotécnicos têm o mesmo efeito no ar, e na saúde, que o fumo dos escapes ou as chaminés das fábricas — doenças coronárias, de pulmões e demência.

30 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Mundo<br />

Aumento da violência leva Liga<br />

Árabe a suspender missão na Síria<br />

A oposição vai fornecer armas às milícias armadas. O regime intensifi ca<br />

os ata<strong>que</strong>s. Para ambos os lados, o confl ito torna-se cada mais desesperado<br />

Ana Gomes Ferreira<br />

a A Liga Árabe admitiu ontem <strong>que</strong> há<br />

uma escalada de violência na Síria e<br />

suspendeu a sua missão de observadores<br />

na<strong>que</strong>le país. Ao mesmo tempo,<br />

o Conselho Nacional Sírio, um dos<br />

maiores grupos da oposição, anunciou<br />

<strong>que</strong> vai pedir às Nações Unidas<br />

“protecção” para os civis <strong>que</strong> estão<br />

a ser atacados pelas forças governamentais.<br />

Na sexta-feira à noite, o chefe da<br />

missão árabe na Síria, o general sudanês<br />

Mohamed al-Dabi — <strong>que</strong> quando<br />

chegou a Homs, no fi nal de Dezembro,<br />

disse não existirem “situações<br />

preocupantes” —, informou a Liga<br />

de um “forte incremento da violência”,<br />

sobretudo nas cidades de Hama,<br />

Homs e Idlib, relata a AFP.<br />

Receando pela segurança dos delegados<br />

ou por outra razão não expressa,<br />

a Liga interrompeu a missão.<br />

Na noite de quinta para sexta-feira,<br />

os corpos de 17 opositores de Hama,<br />

<strong>que</strong> tinham sido detidos pelas forças<br />

governamentais, foram encontrados<br />

espalhados por ruas da cidade.<br />

Meninos com armas de brincar<br />

em Hula, perto de Homs, na Síria<br />

Membros do Conselho Nacional<br />

Sírio na Turquia: Muti al Buteyin,<br />

Semir Nesar, Muhammet Faruk<br />

Tayfur<br />

BULENT KILIC/AFP<br />

Tinham buracos de bala na cabeça,<br />

indicando execuções. “Há um homem<br />

na casa dos 60 anos, outro na dos 40<br />

e a maior parte estaria nos 20 anos”,<br />

disse, por telefone, uma fonte da Reuters<br />

na cidade.<br />

Hama, disse a fonte, era ontem uma<br />

cidade deserta, depois de três dias de<br />

intensos bombardeamentos. “Há pos-<br />

REUTERS<br />

tos de controlo a isolar os bairros uns<br />

dos outros e a cidade está fortemente<br />

militarizada”.<br />

A mais de 200 quilómetros de Damasco<br />

(a capital), esta é uma das cidades<br />

mais activas na rebelião contra<br />

o regime do Presidente Bashar<br />

al-Assad, <strong>que</strong> recorreu às forças de<br />

segurança para reprimir a revolta <strong>que</strong><br />

começou em Março do ano passado.<br />

Está conotada com a oposição e com<br />

a violência: na década de 1980, Hafez<br />

Assad, o pai do actual chefe de<br />

Estado, esmagou uma revolta da Irmandade<br />

Muçulmana. Milhares de<br />

pessoas morreram.<br />

Aqui, como em Homs, Idlib e nos<br />

subúrbios de Damasco, registou-se<br />

nos últimos meses uma intensa actividade<br />

das forças armadas da oposição<br />

— grupos coordenados pelo Exército<br />

de Libertação da Síria e outros <strong>que</strong><br />

actuam isoladamente. Perante a perda<br />

de controlo de partes substanciais<br />

do país, o regime de Bashar al-Assad<br />

ordenou às forças governamentais para<br />

atacarem, neutralizando os grupos<br />

armados da oposição e as comunidades<br />

<strong>que</strong> os abrigam.<br />

A espiral de violência — na sextafeira<br />

morreram mais de 100 pessoas —<br />

levou o Conselho Nacional Sírio (CNS)<br />

a decidir pedir protecção para a população<br />

às Nações Unidas. O presidente<br />

do CNS, Bourhan Ghalioun, chefi a a<br />

equipa <strong>que</strong>, hoje, será recebida por<br />

membros do Conselho de Segurança,<br />

em Nova Ior<strong>que</strong>.<br />

Este começa amanhã a debater<br />

uma proposta árabe e europeia para<br />

a resolução do confl ito na Síria <strong>que</strong><br />

preconiza o afastamento de Assad e<br />

a criação de um governo de unidade<br />

nacional. A Rússia anunciou <strong>que</strong> vetará<br />

qual<strong>que</strong>r documento <strong>que</strong> exclua<br />

Assad do poder. “Já dissemos claramente<br />

<strong>que</strong> a Rússia não considera<br />

esse texto como uma base para um<br />

acordo”, disse o embaixador russo<br />

nas Nações Unidas, Vitali Churkin,<br />

citado pela AFP.<br />

Na terça-feira, é a vez de os enviados<br />

da Liga Árabe à ONU (o secretário-geral<br />

Nabil el-Araby e o primeiroministro<br />

do Qatar, Hamad al-Thani)<br />

defenderem as suas opções em Nova<br />

Ior<strong>que</strong>. E só no fi nal deste processo<br />

se saberá se a resolução vai a votação.<br />

Dependerá do acordo <strong>que</strong> os diplomatas<br />

conseguirem alcançar para evitarem<br />

o veto da Rússia, <strong>que</strong> confi rmou<br />

estar em negociações com o Governo<br />

de Damasco para encontrarem a sua<br />

própria solução para o confl ito.<br />

Não será fácil todas estas partes<br />

chegarem a um compromisso. O<br />

<strong>que</strong>, considera a oposição síria, dará<br />

mais tempo a Assad para adensar a<br />

violência.<br />

Via militar<br />

Talvez por isso, um elemento do Conselho<br />

Nacional Sírio, Louay Safi , tenha<br />

dito ontem à estação de televisão Al-<br />

Jazira <strong>que</strong> o Exército de Libertação da<br />

Síria tem <strong>que</strong> ser “parte da solução”<br />

para o confl ito em curso.<br />

No início de Janeiro, este exército<br />

e o CNS uniram-se contra o regime.<br />

Na base deste entendimento estava a<br />

convicção — agora assumida por Louay<br />

Safi — de <strong>que</strong> a via militar poderia<br />

ser essencial à revolta contra Assad.<br />

A oposição viu a sangrenta guerra civil<br />

líbia e a instabilidade gerada pela<br />

militarização da oposição. Mas viu,<br />

também, <strong>que</strong> os protestos não passaram<br />

disso até à entrada dos militares<br />

nas revoltas. Tudo indica <strong>que</strong> estão<br />

dispostos a arriscar.<br />

“Estamos a referenciar os grupos<br />

<strong>que</strong> estão no terreno”, disse uma<br />

porta-voz do CNS, Bassma Kodmani,<br />

de forma a pô-los sob um só comando.<br />

Acrescentou <strong>que</strong> o Conselho está<br />

pronto a fornecer armas e dinheiro<br />

aos grupos espalhados pela Síria. E<br />

há cada vez mais civis a juntarem-se<br />

às milícias. “Temos o direito de pegar<br />

em armas. Não vamos voltar as costas<br />

a essa solução”, disse Omar, um residente<br />

de Homs, à Al-Jazira.<br />

“À medida <strong>que</strong> o confl ito se torna<br />

mais desesperado e feio, mais pessoas<br />

terão uma morte violenta. Não há<br />

solução visível para esta luta entre<br />

um regime determinado a manter o<br />

poder, e uma revolta <strong>que</strong> há muito<br />

entrou no ponto de não retorno”,<br />

sentenciou o jornalista Jim Muir, ao<br />

escrever na BBC online sobre um confl<br />

ito a <strong>que</strong> ainda não há <strong>que</strong>m chame<br />

guerra civil.

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