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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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O corajoso<br />

Explicação do nome anterior<br />

com duas linhas<br />

Editorial<br />

O país em saldos<br />

Se o túnel europeu é longo e sinuoso,<br />

o túnel português está às escuras. O<br />

optimismo do primeiro-ministro, <strong>que</strong> esta<br />

semana insistiu não precisar “nem de mais<br />

tempo nem de mais dinheiro” para tirar o<br />

país da crise, esbarra diariamente na realidade.<br />

Do Nobel da Paz Muhammad Yunus em Davos,<br />

Mario Monti em Itália, Barack Obama nos EUA<br />

ou o círculo de proeminentes cavaquistas em<br />

Portugal, aumenta a passos rápidos o clube dos<br />

<strong>que</strong> defendem <strong>que</strong> a austeridade, sozinha, não<br />

é a solução para a crise; <strong>que</strong> o mundo não pode<br />

continuar obcecado com o défi ce, a cortar e a<br />

aplicar severos programas de austeridade; <strong>que</strong><br />

este caminho vai levar a uma desestruturação da<br />

economia e a uma espiral económica negativa de<br />

efeitos imprevisíveis; <strong>que</strong> temos <strong>que</strong> começar a<br />

pensar a sério no crescimento, no investimento e na<br />

criação de emprego. Finalmente, este é o tema da<br />

próxima cimeira europeia, amanhã em Bruxelas.<br />

Mas de Melgaço a Silves, o túnel está escuro.<br />

Pessoas perdem o emprego, os <strong>que</strong> têm trabalho<br />

aceitaram ou vão aceitar receber menos dinheiro<br />

pelo mesmo trabalho — ou por mais trabalho —, as<br />

empresas fecham, e as <strong>que</strong> não fecham fornecem<br />

os seus produtos e serviços por menos. Portugal<br />

está a poupar, mas não para criar uma base sólida<br />

de estabilidade e segurança. Está a poupar para<br />

fi car mais pobre. Os cortes atravessam tudo e todos,<br />

das empresas públicas, <strong>que</strong> têm de cortar em 15%<br />

os custos de pessoal e fornecimentos externos, às<br />

privadas, <strong>que</strong> seguem agora o mesmo caminho.<br />

Como é <strong>que</strong> a economia vai crescer assim? Onde<br />

nos levará este empobrecimento?<br />

A crise tem alguns resultados positivos. Há novas<br />

ideias. Mario Monti, por exemplo, propôs em Itália<br />

uma maior fl exibilização na lei laboral, mas não<br />

isolada. Ao mesmo tempo, <strong>que</strong>r aumentar o valor<br />

do trabalho dos assalariados precários. Muitos<br />

portugueses estão a sair do país, resolvendo três<br />

problemas num só gesto (o seu, o de Portugal e o<br />

do país <strong>que</strong> os recebe). Um outro resultado positivo<br />

é <strong>que</strong> há hoje, como nunca, uma vigilância das<br />

contas públicas e uma atenção ao desperdício.<br />

Basta pensar nas novas ideias sobre aproveitamento<br />

das sobras dos restaurantes ou ver o blog Má<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 3<br />

Mario Monti Carvalho da Silva Vasco Graça Moura<br />

a O primeiro-ministro italiano Mario<br />

Monti está a sacudir a Itália. Não deu<br />

prioridade às privatizações e, em vez<br />

disso, iniciou esta semana um ata<strong>que</strong><br />

às “corporações” e aos privilégios.<br />

Taxistas, advogados, notários, farmacêuticos<br />

e outras profi ssões já anunciaram<br />

protestos e greves. Fala em<br />

mais fl exibilidade e maior equidade,<br />

e tem ideias concretas — e originais —<br />

para levar à prática esse apelo. Não<br />

<strong>que</strong>r <strong>que</strong> alguns trabalhadores sejam<br />

“excessivamente protegidos” à custa<br />

dos <strong>que</strong> são “privados de protecção”.<br />

Como? Em Itália, o trabalho precário<br />

passará a ser mais caro.<br />

O desejado<br />

Fecha 25 anos à frente da CGTP<br />

e sai pela porta grande<br />

a Líder da CGTP durante 25 anos,<br />

Carvalho da Silva tem hoje uma imagem<br />

e uma credibilidade pública muito<br />

diferente da <strong>que</strong> tinha quando começou<br />

a ser coordenador da central,<br />

em 1986, ou quando, em 1999, passou<br />

a usar o título de “secretário-geral”.<br />

Sai pela porta grande. Com um prestígio<br />

<strong>que</strong> o coloca como uma fi gura<br />

de referência à es<strong>que</strong>rda, mas não só.<br />

É olhado como um homem <strong>que</strong> ainda<br />

pode vir a desempenhar funções<br />

públicas e ter iniciativa cívica e política<br />

com desta<strong>que</strong>, sobretudo num<br />

momento em <strong>que</strong> a perspectiva da<br />

tensão social está na ordem do dia.<br />

O entalado<br />

O poeta começa uma nova vida<br />

no CCB de mãos na cabeça<br />

a Graça Moura é senhor de uma cultura<br />

considerável e um dos poucos<br />

intelectuais de prestígio <strong>que</strong> aceita<br />

fazer política em Portugal, tem gerido<br />

a sua carreira pessoal e política sem<br />

ceder à tentação mediática e sem se<br />

deixar envolver nos jogos de bastidores<br />

do poder. É por isso <strong>que</strong> Graça<br />

Moura não merecia ser exposto da<br />

forma como foi na trapalhada <strong>que</strong> o<br />

Governo criou para substituir Mega<br />

Ferreira à frente do Centro Cultural<br />

de Belém. É <strong>que</strong> convidar Mega e depois<br />

desconvidar, para então chamar<br />

Graça Moura, dá a este uma imerecida<br />

imagem de comissário político.<br />

A pergunta de Alberto Costa para Pedro Passos Coelho<br />

Como se explica a incoerência territorial<br />

demonstrada nas mudanças anunciadas pelos<br />

ministros da Administração Interna (fim dos<br />

governos civis) e da Justiça (criação de tribunais<br />

distritais)?<br />

Respondendo ao desafio do PÚBLICO, Alberto Costa, ex-ministro da Administração Interna e da Justiça de governos PS, <strong>que</strong>stiona o primeiro-ministro<br />

As empresas do PSI-20 investiram no ano passado menos 23% do <strong>que</strong> em 2010. Sem investimento, não há crescimento<br />

Despesa Pública, no qual, e correndo o risco de<br />

algum populismo, são denunciados gastos como<br />

a construção de três ligações numa auto-estrada<br />

separadas por dez quilómetros.<br />

Mas mais do <strong>que</strong> a desvalorização real do país, o<br />

<strong>que</strong> angustia são os sinais de <strong>que</strong> o túnel, em vez<br />

de ter no fi m uma luz, ainda <strong>que</strong> ténue, tem um<br />

muro. Até Setembro, os investimentos das maiores<br />

empresas portuguesas cotadas em bolsa recuaram<br />

23%. Metade investiu 1700 milhões de euros menos<br />

do <strong>que</strong> em 2010.<br />

Isto signifi ca <strong>que</strong> a inovação passará a ser um luxo<br />

asiático, <strong>que</strong> as ideias novas fi cam por testar e <strong>que</strong><br />

as ideias boas já aprovadas são transformadas…<br />

para pior. Os exemplos sucedem-se. A renovação<br />

das escolas públicas vai ter um corte de 65 milhões;<br />

a Reboleira não vai afi nal ter uma estação de metro;<br />

no centro histórico de Lisboa vai afi nal nascer<br />

um silo para automóveis em altura, por<strong>que</strong> a<br />

construção em subsolo é cara.<br />

Estamos num ciclo vicioso. O país está em saldos<br />

e a época da nova colecção foi adiada. Não sabemos<br />

por quantos anos.

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