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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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Economia Gestão<br />

Aposta na variedade de mercados<br />

reforça lucros da Auto Sueco<br />

Apesar da crise em Portugal, facturação cresce 20%, com o Brasil a pesar<br />

quase metade nas receitas. Angola, Turquia e EUA também crescem<br />

Inês Se<strong>que</strong>ira<br />

a É costume dizer-se <strong>que</strong> não se devem<br />

pôr todos os ovos no mesmo<br />

cesto. Ora, o <strong>que</strong> se aplica às pessoas<br />

serve também para as empresas,<br />

como demonstra o exemplo da Auto<br />

Sueco. Num ano de crise em Portugal<br />

e Espanha, a presença em mercados<br />

como o Brasil levou a uma subida de<br />

20% no volume de negócios para o<br />

valor mais alto de sempre, de 1,2 mil<br />

milhões de euros.<br />

O “ovo” do Brasil foi o mais importante,<br />

e terá tendência a crescer ainda<br />

mais durante os próximos anos,<br />

indicou em entrevista ao PÚBLICO o<br />

presidente executivo, Tomás Jervell.<br />

O resultado deverá ser um lucro recorde<br />

superior a 30 milhões de euros,<br />

superior entre 60 a 70% a 2010 (o <strong>que</strong><br />

se confi rmará apenas no fi nal de Fevereiro,<br />

com o fecho do exercício), e<br />

um EBITDA de 90 milhões de euros<br />

(tinha sido de 66 milhões no exercício<br />

anterior).<br />

A Auto Sueco começou no maior<br />

país da América Latina apenas em<br />

2007, como concessionária de pe-<br />

sados da Volvo em Mato Grosso,<br />

seguindo-se a entrada no estado de<br />

São Paulo em 2010. Agora, passados<br />

quatro anos, este é um mercado <strong>que</strong><br />

“já representa 40,8% da facturação”<br />

e <strong>que</strong> subiu 23% em 2011, para 500<br />

milhões de euros, sublinha o responsável<br />

máximo do grupo nortenho.<br />

A estratégia passa por “um plano<br />

de investimentos bastante agressivo,<br />

de crescimento orgânico”, <strong>que</strong> prevê<br />

a abertura de várias instalações<br />

durante os próximos anos e poderá<br />

estender-se à compra de outras empresas<br />

dentro e fora do sector, revela<br />

Tomás Jervell. O objectivo é passar<br />

a liderar o mercado de pesados em<br />

São Paulo ainda em 2012 (são agora<br />

segundos). E “até por uma <strong>que</strong>stão<br />

demográfi ca”, o Brasil deverá representar<br />

mais de metade da facturação<br />

da Auto Sueco até 2015, acredita.<br />

A prova de <strong>que</strong> o outro lado do<br />

Atlântico é relevante para este grupo<br />

– <strong>que</strong> iniciou actividade no Norte<br />

de Portugal em 1933, pela mão de<br />

Luiz Oscar Jervell – foi a abertura de<br />

um centro corporativo em São Paulo,<br />

no início do Verão passado. “Temos<br />

Holanda representa “estabilidade fiscal”<br />

Não foi recentemente <strong>que</strong> a Auto<br />

Sueco criou uma holding na<br />

Holanda, onde tem par<strong>que</strong>adas<br />

todas as operações internacionais,<br />

mas sim há já 10 anos. Tomás<br />

Jervell prefere não comentar a<br />

polémica recente ligada ao grupo<br />

Jerónimo Martins, mas sempre vai<br />

indicando <strong>que</strong> a razão principal<br />

para a escolha da Auto Sueco<br />

“tem a ver com estabilidade<br />

fiscal”. Por outro lado, “é o país<br />

com o maior número de acordos<br />

de dupla tributação”, um aspecto<br />

importante, uma vez <strong>que</strong> nenhuma<br />

empresa gosta de pagar impostos<br />

a dobrar.<br />

No entanto, para o gestor, o<br />

mais importante é mesmo o facto<br />

de as regras ali não estarem<br />

constamente a mudar. “É um país<br />

amigo do investidor nesse sentido,<br />

não tanto pelas vantagens fiscais<br />

<strong>que</strong> retiramos a longo prazo, <strong>que</strong><br />

até podem ser algumas, mas<br />

PEDRO CUNHA<br />

<strong>que</strong> no imediato não existem”. A<br />

estratégia de diversificação dos<br />

últimos anos estende-se também<br />

ao mercado do crédito. “O <strong>que</strong><br />

temos feito, desde <strong>que</strong> entrámos<br />

no Brasil, foi dispersar bastante o<br />

nosso portfolio de financiamento”,<br />

indica. “Temos hoje núcleos de<br />

financiamento importantes <strong>que</strong>r<br />

no Brasil <strong>que</strong>r em Angola”.<br />

Já o investimento em Portugal<br />

continua a estar par<strong>que</strong>ado em<br />

bancos nacionais e sente o peso do<br />

encarecimento do crédito, “mas é<br />

um volume estável”. O investimento<br />

português mais importante este<br />

ano será de sete milhões de euros,<br />

numa nova fábrica mais moderna<br />

de reciclagem de pneus ligada à<br />

Biosafe, empresa do grupo. Quanto<br />

ao número de trabalhadores, o<br />

grupo fechou o ano passado com<br />

4200 pessoas a nível global, mais<br />

5,7% <strong>que</strong> em 2010 – principalmente à<br />

custa do Brasil.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 27<br />

aí cerca de 30 pessoas <strong>que</strong> apoiam<br />

e controlam os negócios no Brasil<br />

e detectam novas oportunidades”,<br />

indica o descendente do fundador.<br />

[Luiz Oscar Jervell criou ofi cialmente<br />

a Auto Sueco em 1949, juntamente<br />

com Ingvar Poppe Jensen].<br />

No entanto, nem apenas deste país<br />

se faz a actividade do grupo, nem<br />

só da representação dos camiões e<br />

autocarros da marca sueca. Além de<br />

Portugal, a partir de onde controlam<br />

várias actividades no estrangeiro, o<br />

terceiro centro corporativo fi ca em<br />

Angola – o primeiro país para onde a<br />

Auto Sueco se expandiu já há 20 anos,<br />

a convite da Volvo. Neste país, onde<br />

o grupo vende máquinas de construção<br />

civil e pesados, um crescimento<br />

de 45% para 164 milhões de euros,<br />

em 2011, acabou por compensar um<br />

desempenho mais fraco no ano anterior<br />

– quando a falta de pagamentos<br />

do Estado angolano às construtoras<br />

se refl ectiu numa descida de mais de<br />

50% do volume de negócios na<strong>que</strong>le<br />

mercado.<br />

Tomás Jervell reconhece <strong>que</strong> a actividade<br />

económica no país “tem vindo<br />

a normalizar-se” e acredita <strong>que</strong> 2012<br />

será mais um ano de crescimento<br />

importante, ainda para mais face a<br />

novos investimentos – como a construção<br />

de um aldeamento para trabalhadores<br />

expatriados e colaboradores<br />

e de um novo escritório, “num dos<br />

edifícios de escritórios mais importantes<br />

em Luanda”. Mas ainda assim,<br />

feitas as contas, o peso dos negócios<br />

em Angola na facturação total da Auto<br />

Sueco, <strong>que</strong> subiu de 11 para 13% no<br />

último ano, ainda está longe dos 37%<br />

<strong>que</strong> este mercado representava há<br />

pouco tempo atrás.<br />

O ritmo de crescimento dos Estados<br />

Unidos e da Turquia foi também<br />

importante, sublinha. Nestes dois<br />

países, o grupo vende máquinas de<br />

construção civil, através da participada<br />

Auto Sueco Coimbra, e a actividade<br />

tem ganho forças. Namíbia,<br />

Botswana, Quénia e Tanzânia, ainda<br />

com um peso conjunto de 0,4%, são<br />

outros mercados <strong>que</strong> estão a subir.<br />

Aguentar o barco<br />

Em contrapartida, Portugal é um<br />

mercado <strong>que</strong> continua a cair. “Estamos<br />

a passar por um período menos<br />

feliz e com desempenhos menos conseguidos<br />

em Portugal, mas as coisas<br />

estão razoavelmente estabilizadas.<br />

Temos uma estrutura muito afi nada<br />

e estamos preparados para aguentar<br />

dois ou três anos mais difíceis”, assegura<br />

Tomás Jervell.<br />

O facto de 75% da actividade deste<br />

grupo nortenho passar hoje pela venda<br />

de equipamentos pesados, máquinas<br />

e camiões, a <strong>que</strong> se juntam outros<br />

6% da comercialização de ligeiros,<br />

afectou fortemente o negócio devido<br />

à retracção deste sector. “O mercado<br />

de camiões em Portugal costumava<br />

andar à volta de 4500 unidades, mas<br />

este ano fechou com 2664.” O resultado<br />

foi a <strong>que</strong>da da facturação de<br />

330 para 303 milhões, com o país a<br />

representar 25% das receitas totais,<br />

quando em 2010 tinha um peso de<br />

35%. Já a Espanha, onde o grupo vende<br />

máquinas de construção através<br />

da Auto Sueco Coimbra, é hoje quase<br />

insignifi cante (cerca de 3%).

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