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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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24 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Economia<br />

Ban<strong>que</strong>iros<br />

chegaram este<br />

ano a Davos<br />

mais humildes<br />

e mais pe<strong>que</strong>nos<br />

Há um ano, pensavam <strong>que</strong> podiam sair da crise,<br />

crescendo. Agora, já assumem <strong>que</strong> a única saída é<br />

encolher. O objectivo da fi nança mundial presente em<br />

Davos é recuperar a confi ança perdida<br />

Christine Harper<br />

a Os líderes dos maiores bancos<br />

mundiais vieram ao Fórum Económico<br />

Mundial em Davos elogiar as<br />

virtudes da austeridade – para eles<br />

próprios, não apenas para os estados<br />

endividados.<br />

Muitos chegaram aos Alpes suíços<br />

a seguir a um ano de receitas fracas,<br />

acções em <strong>que</strong>da e cortes nos empregos<br />

e nos salários. E o sector bancário<br />

e fi nanceiro continua a ser o “menos<br />

credível” pelo segundo ano consecutivo,<br />

de acordo com um inquérito<br />

realizado em 20 países pela empresa<br />

de relações públicas Edelman e publicado<br />

no início da semana passada.<br />

“No ano passado, quando estiveram<br />

no Fórum, todos os bancos<br />

pensavam <strong>que</strong> podiam escapar aos<br />

problemas, crescendo”, lembra no intervalo<br />

entre duas sessões em Davos<br />

Huw van Steenis, analista do Morgan<br />

Stanley em Londres. “Agora, aperceberam-se<br />

<strong>que</strong> têm de encolher para<br />

escapar aos problemas”, diz.<br />

As empresas do sector fi nanceiro,<br />

principalmente na <strong>Europa</strong> Ocidental<br />

e nos Estados Unidos, anunciaram<br />

mais de 238 mil despedimentos desde<br />

o encontro de Davos do ano passado.<br />

Vários bancos, incluindo o Bank of<br />

America, o Deutsche Bank e o HSBC<br />

venderam activos e emagreceram<br />

para se adaptarem às exigências de<br />

capital aprovadas pelo Comité de Basel,<br />

às novas regulações nacionais e<br />

ao abrandamento na economia europeia.<br />

“É um tempo com grandes desafi<br />

os para a indústria dos serviços fi -<br />

nanceiros, por isso é difícil não ser<br />

cauteloso”, reconhece numa entrevista<br />

à Bloomberg Television, Anshu<br />

Jain, <strong>que</strong> assumiu o cargo de co-CEO<br />

do Deutsche Bank em Maio. Está a<br />

ser feita e continuará a ser feita uma<br />

ponderosa consolidação na nossa indústria”,<br />

afi rma. O Deutsche Bank, o<br />

maior credor alemão, está a ponderar<br />

a venda da sua unidade de gestão de<br />

activos, à medida <strong>que</strong> procura capital<br />

para se adaptar às regras de Basel. O<br />

banco sedeado em Frankfurt está a<br />

reduzir os custos globalmente e anunciou<br />

em Outubro <strong>que</strong> iria despedir<br />

500 funcionários das suas unidades<br />

de banca corporativa e de acções até<br />

ao dia 31 de Março.<br />

Há um ano, os ban<strong>que</strong>iros tentaram<br />

em Davos convencer os reguladores<br />

a a exigir menos na nova regulação,<br />

argumentando <strong>que</strong> instituições<br />

fi nanceiras com menos capital<br />

e sujeitas a menos restrições seriam<br />

uma ajuda ao crescimento económico.<br />

Esses argumentos não foram bem<br />

sucedidos, afi rma Robert Diamond,<br />

CEO do Barclays numa entrevista realizada<br />

antes de um encontro a portas<br />

fechadas realizado entre os líderes<br />

fi nanceiros presentes em Davos. O<br />

Barclays anunciou 422 despedimentos<br />

no início deste mês.<br />

“Em 2011, quando saímos de Davos,<br />

havia optimismo de <strong>que</strong> seria<br />

possível fazer progressos sérios ao<br />

nível do ambiente de regulação. Mas<br />

na procura de um balanço entre um<br />

sistema fi nanceiro mais seguro e saudável<br />

e o crescimento económico e<br />

dos empregos, o progresso foi mais<br />

feito no seguro e saudável”, afi rma.<br />

A preocupação em relação à capacidade<br />

dos políticos europeus para<br />

reduzir a dívida pública é a discussão<br />

<strong>que</strong> domina o encontro de Davos deste<br />

ano. Embora a maior parte dos ban<strong>que</strong>iros,<br />

incluindo Jain e Diamond,<br />

tenham dito <strong>que</strong> estavam confortados<br />

com a decisão do Banco Central<br />

Europeu de conceder empréstimos<br />

a três anos para os bancos da região,<br />

ninguém garantiu ter a certeza sobre<br />

o <strong>que</strong> irá acontecer a seguir.<br />

“A ressaca europeia é real, e embora<br />

o sentimento tenha melhorado<br />

bastante, ainda está connosco. Vamos<br />

ter de ser muito cautelosos”, afi rma<br />

Vikram Pandit, CEO do Citigroup.<br />

James Gorman, CEO do Morgan<br />

Stanley, está este ano pela primeira<br />

vez no encontro de Davos e diz <strong>que</strong><br />

os ban<strong>que</strong>iros são “ingénuos” se não<br />

compreenderem <strong>que</strong> o sector vai ter<br />

de pagar menos aos seus empregados.<br />

“O sector bancário passou por<br />

uma mudança profunda e temos de<br />

nos adaptar. Quando sairmos disto e<br />

começarmos a melhorar o desempenho,<br />

obviamente <strong>que</strong> os vencimentos<br />

vão refl ectir essa nova realidade. Até<br />

esse momento, temos de respeitar o<br />

facto de os accionistas terem de ser<br />

pagos também”, afi rma.<br />

Os bancos têm de reconquistar a<br />

confi ança do público, servindo os<br />

clientes, não a si próprios, afi rmou<br />

Pandit na passada quarta-feira, na<br />

conferência de imprensa de abertura<br />

do encontro de Davos.<br />

O Citigroup, o terceiro banco dos<br />

EUA com mais activos, anunciou na<br />

semana passada <strong>que</strong> iria eliminar<br />

1200 empregos para poupar 600<br />

milhões de dólares este ano. Os despedimentos<br />

já tinham começado no<br />

ano passado e deverão chegar aos<br />

5000. São cerca de 1,9% dos 266 mil<br />

funcionários do banco.<br />

Os comentários de Pandit surgem<br />

ao mesmo tempo <strong>que</strong> a consultora<br />

Oliver Wyman revela os resultados de<br />

uma sondagem <strong>que</strong> mostra <strong>que</strong> 63%<br />

das pessoas numa amostra à escala<br />

mundial não confi am em ninguém a<br />

não ser nelas próprias para gerir as<br />

suas poupanças para a reforma. Os<br />

bancos recebem a confi ança de menos<br />

de 8% dos inquiridos nos EUA e<br />

no Reino Unido, revela o estudo.<br />

Para reconquistar a confi ança, os<br />

bancos vão ter de oferecer produtos<br />

Ban<strong>que</strong>iros presentes no<br />

encontro de Davos deste ano<br />

reconheceram <strong>que</strong> não é tempo<br />

para pensar em salários altos Nos últimos quatro dias, o<br />

presidente executivo da Galp<br />

simples <strong>que</strong> aparentem oferecer valor<br />

a <strong>que</strong>m investe, diz o mesmo estudo.<br />

E, para fazer isso, os bancos e<br />

as seguradoras terão provavelmente<br />

de cortar um quarto dos seus custos<br />

durante os próximos oito anos, vendendo<br />

os seus produtos online, por<br />

exemplo.<br />

Outra das conclusões da consultora<br />

é a de <strong>que</strong> a instituições fi nanceiras<br />

<strong>que</strong> não são bancos – incluindo seguradoras<br />

e hedge funds – podem estar<br />

melhor preparadas para conceder<br />

crédito de longo prazo às empresas<br />

e aos particulares. A sondagem da<br />

Oliver Wyman revela <strong>que</strong>, nos EUA<br />

e no Reino Unido, há mais pessoas a<br />

confi ar mais em gestores de activos<br />

do <strong>que</strong> em bancos para entregar as<br />

suas poupanças para reforma.<br />

Isso pode explicar a escolha de música<br />

para o fi nal de um encontro privado<br />

para investidores, <strong>que</strong> incluiu<br />

Daniel Loeb, CEO do hedge fund<br />

Third Point, e Louis Bacon, CEO da<br />

Moore Capital Management. O grupo,<br />

<strong>que</strong> esteve reunido na quintafeira<br />

durante quatro horas e ouviu<br />

os conselhos de Timothy Geithner e<br />

de Axel Weber, concluiu a sessão ao<br />

som de “Rehab”, de Amy Winehouse.<br />

Bloomberg News<br />

“Ir a Davos é como encont<br />

Energia, Manuel Ferreira de<br />

Oliveira, praticamente não falou<br />

português. É uma das escassas<br />

presenças nacionais no Fórum<br />

Económico Mundial, <strong>que</strong> termina<br />

hoje em Davos, na Suíça. Na lista<br />

de 2600 participantes, só ele e o<br />

CEO da Jerónimo Martins, Pedro<br />

Soares dos Santos, representam<br />

o país, além de António Guterres,<br />

enquanto alto-comissário<br />

das Nações Unidas para os<br />

Refugiados. Talvez por isso não<br />

seja surpreendente <strong>que</strong>, com<br />

Portugal a meio de um resgate<br />

financeiro, Ferreira de Oliveira<br />

tenha sido alvo de um “teste” com<br />

origem no nosso principal credor,<br />

a Alemanha.<br />

Depois de uma amena<br />

conversa com o líder de uma<br />

grande empresa alemã, o<br />

presidente da Galp foi brindado<br />

com uma pergunta incómoda:<br />

“O senhor tem algum plano<br />

preparado, na sua empresa,<br />

para a implosão do euro ou da<br />

<strong>Europa</strong>?”. Ferreira de Oliveira<br />

devolveu a pergunta. “Ele riu-se<br />

e disse <strong>que</strong> não, por<strong>que</strong> achava<br />

impossível <strong>que</strong> houvesse um<br />

colapso do euro ou da <strong>Europa</strong>”,

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