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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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20 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Portugal Governo<br />

Menos tribunais e mais mobilidade<br />

dos juízes para melhorar a Justiça<br />

O projecto para uma nova reforma do mapa judiciário já foi entregue<br />

à troika e as alterações estarão em debate até Setembro<br />

Paula Torres de Carvalho<br />

a Em vez de 308 passam a existir<br />

20 tribunais judiciais “com secções<br />

dispersas pela área geográfi ca do<br />

respectivo distrito ou região autónoma”<br />

do país, caso a proposta do<br />

Ministério da Justiça para o novo<br />

mapa judiciário seja aprovada no<br />

Parlamento no próximo mês de Setembro.<br />

Esta proposta defende também<br />

o encerramento de 47 tribunais/<br />

juízos com menos de 250 processos<br />

entrados.<br />

O projecto de reorganização judiciária<br />

elaborado pela Direcção-Geral da<br />

Administração da Justiça (DGAJ) já foi<br />

entregue à troika e está agora aberto<br />

à discussão entre os parceiros até ser<br />

posta em debate na Assembleia da<br />

República.<br />

De forma a reorganizar os tribunais<br />

em 20 comarcas judiciais, defende-se<br />

a criação de uma instância central<br />

por comarca <strong>que</strong> pode ser desdobrada<br />

em secção cível e criminal e <strong>que</strong><br />

tratará principalmente dos processos<br />

“de maior valor e da competência<br />

do tribunal colectivo ou de júri e em<br />

secções de competência especializada”.<br />

É também proposta a criação<br />

de instâncias locais, com secções de<br />

competência genérica consoante o<br />

movimento processual. Essas instâncias<br />

serão integradas no mesmo<br />

tribunal distrital “<strong>que</strong> passa a ter um<br />

único orçamento e mapa de pessoal<br />

para os funcionários de justiça, integrados<br />

numa única secretaria, <strong>que</strong><br />

funcionará em diversos pontos da<br />

comarca”, refere a proposta, segundo<br />

a qual o trabalho dos magistrados<br />

passa poder a ser prestado “em mais<br />

do <strong>que</strong> um ponto da comarca”.<br />

Assim, prevê-se a possibilidade de<br />

serem colocados cerca de 300 magistrados<br />

judiciais, 80 magistrados<br />

do Ministério Público e cerca de 400<br />

funcionários judiciais em “equipas de<br />

recuperação de processos pendentes<br />

em atraso, a trabalhar em diversos<br />

pontos do território nacional, o <strong>que</strong><br />

contribuirá para uma resposta mais<br />

adequada a esta situação”.<br />

Desta forma, procura-se “atingir<br />

uma maior mobilidade na afectação<br />

de recursos, reconhecidamente apontada<br />

como um entrave à melhoria da<br />

Ministra defende reforma como uma prioridade deste Governo<br />

resposta do sistema judicial”, lê-se<br />

na proposta.<br />

Observa-se ainda uma ruptura relativamente<br />

ao “isolamento de cada<br />

pe<strong>que</strong>na estrutura judiciária, <strong>que</strong><br />

passa a integrar-se numa estrutura<br />

mais ampla, presidida por um juiz”,<br />

cujo papel passa também a ser muito<br />

mais alargado, competindo-lhe a<br />

defi nição de “objectivos processuais<br />

para a comarca” e reafectar os processos.<br />

Quanto à decisão de encerrar determinados<br />

serviços, foram considerados<br />

os critérios de um volume<br />

inferior a 250 processos entrados, a<br />

distância entre o tribunal a encerrar<br />

e o <strong>que</strong> vai receber o processo (passível<br />

de percorrer em cerca de uma<br />

hora) e a qualidade das instalações.<br />

Para trás fi ca o modelo da reforma<br />

do mapa judiciário aprovada em<br />

2008 pelo anterior Governo <strong>que</strong> foi<br />

posto em prática apenas em três comarcas-piloto:<br />

Baixo Vouga, Grande<br />

Lisboa-Noroeste e Alentejo Litoral.<br />

Segundo esta organização judiciária,<br />

as 231 comarcas seriam transformadas<br />

em 39, tendo como referência<br />

as NUT (Nomenclatura de Unidade<br />

Territorial) usadas para objectivos<br />

estatísticos.<br />

Esta mudança na forma como estão<br />

organizados os tribunais em todo<br />

o país, o <strong>que</strong> determina o seu modo<br />

de gestão e de funcionamento, foi<br />

uma das imposições da troika, tendo<br />

sobretudo em vista a celeridade e<br />

a desburocratização da Justiça para<br />

<strong>que</strong> esta se torne mais efi caz e não<br />

afugente as perspectivas do investimento<br />

estrangeiro em Portugal.<br />

Para a ministra da Justiça, é uma<br />

condição imprescindível para restaurar<br />

a credibilidade e a confi ança<br />

dos cidadãos no sistema de justiça,<br />

tornando-a mais acessível. Já na cerimónia<br />

de abertura do ano judicial,<br />

em Março do ano passado, Paula Teixeira<br />

da Cruz defendeu, no seu discurso,<br />

a reforma do mapa judiciário<br />

como uma prioridade deste Governo.<br />

E frisou <strong>que</strong> a redução das comarcas<br />

“não deve ser (...) permeável a certos<br />

discursos anacrónicos <strong>que</strong> pretendam<br />

defender corporativamente<br />

um status quo <strong>que</strong> nenhum português<br />

compreende ou deseja”.<br />

NUNO FERREIRA SANTOS<br />

Serviços secretos<br />

PS e BE<br />

<strong>que</strong>stionam<br />

Governo sobre<br />

reestruturação<br />

Nuno Ribeiro<br />

a O PS e o BE <strong>que</strong>stionaram ontem<br />

o primeiro-ministro sobre se está<br />

ou não a ser seguido o plano de reestruturação<br />

das secretas elaborado<br />

em 2011 por Jorge Silva Carvalho, exdirector<br />

do Serviço de Informações<br />

Estratégicas de Defesa (SIED) <strong>que</strong> esta<br />

semana renunciou aos seus cargos na<br />

Ongoing.<br />

Como o PÚBLICO revelou na edição<br />

de ontem, Silva Carvalho, então já a<br />

trabalhar na Ongoing, entregou no<br />

ano passado ao Executivo um plano de<br />

reforma dos serviços de informação,<br />

numa altura em <strong>que</strong> foi sondado para<br />

assumir o cargo de secretário-geral do<br />

Sistema de Informações da República<br />

Portuguesa (SIRP).<br />

O gabinete do primeiro-minisro negou<br />

ao PÚBLICO esta colaboração,<br />

mas ontem, em comunicado, o PS fez<br />

duas perguntas: “É ou não verdade<br />

<strong>que</strong> um alto quadro da empresa Ongoing<br />

entregou ao Governo uma proposta<br />

de reestruturação dos serviços<br />

secretos portuguesas?” e “É ou não<br />

verdade <strong>que</strong> os serviços de informação<br />

estão a ser reestruturados sobre<br />

essa base?”. Os socialistas sublinham<br />

<strong>que</strong>, “mais uma vez, surgem notícias<br />

<strong>que</strong> indiciam relações de natureza não<br />

formal com implicações directas na<br />

organização destes serviços em clara<br />

violação da lei”. Pelo <strong>que</strong> instam o<br />

primeiro-ministro, responsável pelos<br />

serviços secretos, a um esclarecimento<br />

público. Também o BE, através da<br />

deputada Cecília Honório, <strong>que</strong>r saber,<br />

caso o plano tenha sido solicitado pelo<br />

Governo, qual o “impacto” do mesmo<br />

sobre a reforma em curso. Notando<br />

<strong>que</strong> Passos Coelho terá de ser “célere<br />

no esclarecimento das dúvidas”, os<br />

bloquistas sublinham <strong>que</strong> é necessário<br />

“saber, com urgência” se Passos ou<br />

“algum membro do Governo” pediu<br />

ou não um projecto a Silva Carvalho.<br />

O ministro dos Assuntos Parlamentares,<br />

Miguel Relvas, disse ontem à Lusa<br />

ser “falso” <strong>que</strong> Silva Carvalho tenha<br />

dado ao Governo qual<strong>que</strong>r documento<br />

para a reforma nas secretas. E lembrou<br />

<strong>que</strong> o gabinete de Passos negara<br />

na véspera, ao PÚBLICO, a existência<br />

de qual<strong>que</strong>r espécie de colaboração<br />

entre o ex-chefe do SIED e os responsáveis<br />

pelas alterações nos serviços.<br />

O PÚBLICO apurou <strong>que</strong> o plano de<br />

Silva Carvalho previa um aumento do<br />

orçamento para a área operacional<br />

e contemplava a fusão do Serviço de<br />

Informações de Segurança (SIS) com<br />

o SIED. Embora esta fusão constasse<br />

do programa de Governo do PSD, para<br />

qual Silva Carvalho colaborou, o CDS e<br />

o PS sempre a recusaram. No entanto,<br />

está prevista a concentração dos serviços<br />

nas mesmas instalações, transitando<br />

o SIED para a sede do SIS, no Forte<br />

D. Carlos I, na Ameixoeira.

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