Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa
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Dom 29 Janeiro Edição Lisboa<br />
Domingo, 29 de Janeiro de 2012, Ano XXII, n.º 7965, 1,60€<br />
Directora: Bárbara Reis<br />
Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Miguel <strong>Gaspar</strong><br />
Directora executiva Online: Simone Duarte; Directora de Arte: Sónia Matos<br />
www.publico.pt<br />
Mania dos cupões<br />
A crise transformou<br />
os portugueses em<br />
caçadores de negócios e<br />
de promoções Pública<br />
Teresa de Sousa diz <strong>que</strong> chegou o momento<br />
de dizer <strong>que</strong> o rei vai nu Vasco Pulido Valente<br />
fala da esperança de um milagre improvável<br />
<strong>Cavaquistas</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong><br />
<strong>que</strong> <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> <strong>saia</strong><br />
Proeminentes cavaquistas vêem ministro como “um ultraliberal”<br />
a destruir o modelo social e económico construído após o 25 de<br />
Abril a Críticas centram-se nas medidas de austeridade Pág. 17<br />
Tudo vale menos: a hora de trabalho, os produtos e os serviços<br />
Grandes empresas investiram<br />
menos 23% em 2011 Págs. 4 a 9 e Editorial<br />
Novo ciclo Sobrinho Simões Elísio Estan<strong>que</strong><br />
Novo líder<br />
da CGTP<br />
promete luta<br />
Pág. 18/19<br />
Para manter<br />
o SNS há <strong>que</strong><br />
‘racionar’<br />
Págs. 12/14<br />
Internacional Internacional<br />
“A classe média<br />
está em risco<br />
de implosão”<br />
Págs. 22/23<br />
RUI GAUDÊNCIO
2 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Caras da semana<br />
Frases<br />
“A lengalenga da<br />
es<strong>que</strong>rda (…) sobre<br />
a austeridade e<br />
o crescimento<br />
económico não<br />
inclui (…) o corte do<br />
Estado, do seu peso<br />
e da percentagem da<br />
ri<strong>que</strong>za nacional <strong>que</strong><br />
gasta todos os anos<br />
para continuar gordo,<br />
anafado, burocrático,<br />
corrupto.”<br />
António Ribeiro<br />
Ferreira<br />
i<br />
“Se têm dúvidas sobre<br />
como se faz, basta<br />
apanharem um voo<br />
para Roma e falarem<br />
durante umas horas<br />
com Mario Monti.”<br />
Idem<br />
Ibidem<br />
“Não parece arriscado<br />
dizer <strong>que</strong> Carvalho da<br />
Silva se preparou bem<br />
de mais para agora<br />
se realizar apenas<br />
como investigador<br />
académico ou<br />
comentador e autor<br />
de livros.”<br />
João Marcelino<br />
Diário de Notícias<br />
O seguro<br />
PM não precisa “nem de mais<br />
tempo, nem de mais dinheiro”<br />
Pedro Passos Coelho Jorge Silva Carvalho<br />
a Passos Coelho é um primeiro-ministro<br />
cheio de autoconfi ança. Num<br />
momento em <strong>que</strong> na <strong>Europa</strong> e até no<br />
mundo ocidental ninguém tem certezas<br />
sobre o <strong>que</strong> vai ser o futuro e<br />
sobre como vai ser superada a crise<br />
económico-social, Passos Coelho assumiu<br />
publicamente <strong>que</strong> está certo<br />
de <strong>que</strong> vai cumprir todos os objectivos<br />
<strong>que</strong> a agenda de austeridade da<br />
troika lhe exige e <strong>que</strong> não irá precisar<br />
de ajuda fi nanceira extra, nem de renogociar<br />
os prazos de cumprimento<br />
dos objectivos. Resta saber se Passos<br />
Coelho tem excesso de autoconfi ança<br />
ou se é dono de uma bola de cristal.<br />
Quem os viu e <strong>que</strong>m os vê Barack Obama<br />
2004<br />
a Em Julho de 2004, no último<br />
dia da Convenção do Partido<br />
Democrata <strong>que</strong> escolheu John<br />
Kerry para tentar impedir a<br />
reeleição de George W. Bush, a<br />
América tomou conhecimento<br />
do “fenómeno Obama”. Coube<br />
ao jovem e quase desconhecido<br />
senador do Illinois o discurso<br />
principal. Fora escolhido quase<br />
por acaso. Haveria de render<br />
a sala ao poder extraordinário<br />
das suas palavras. Três anos e<br />
meio mais tarde, numa tarde<br />
cinzenta e gélida do Iowa,<br />
iniciava uma inesperada<br />
caminhada <strong>que</strong> o levaria à<br />
Casa Branca, numa campanha<br />
eleitoral <strong>que</strong> mobilizou o<br />
mundo. Parafraseando Chris<br />
Patten, “hoje já sabemos <strong>que</strong><br />
não caminha sobre as águas”.<br />
O mundo em desordem <strong>que</strong><br />
herdou revelou-se muito mais<br />
difícil de ordenar. A economia<br />
americana mostra-se resistente<br />
a todos os estímulos. A política<br />
de Washington, <strong>que</strong> prometeu<br />
regenerar, transformou-se numa<br />
arena em <strong>que</strong> vale quase tudo.<br />
O Presidente <strong>que</strong> desencadeou<br />
todas as esperanças enfrenta<br />
hoje todas as desilusões. No dia<br />
24 de Janeiro, à noite, perante<br />
um Congresso mais dividido do<br />
<strong>que</strong> nunca, Obama iniciou nove<br />
meses de campanha eleitoral<br />
com um discurso sobre o estado<br />
da União cujo primeiro objectivo<br />
foi separar as águas. Elegeu<br />
O precavido<br />
O isolamento como arma<br />
de defesa<br />
a No fi nal da semana passada, o exespião<br />
saiu da maçonaria e da polémica<br />
loja Mozart. Dias depois, demitiu-se<br />
de todos os cargos <strong>que</strong> ocupava<br />
na Ongoing, grupo liderado por Nuno<br />
Vasconcelos. Silva Carvalho, ex-director<br />
do serviço de informações estratégicas<br />
de Defesa, é acusado de ter<br />
usado informações recolhidas pelos<br />
serviços secretos para benefício da<br />
Ongoing. Silva Carvalho está no centro<br />
de todas as investigações e todas<br />
estas passam pelo Departamento de<br />
Investigação e Acção Penal. Antes <strong>que</strong><br />
as ondas de cho<strong>que</strong> façam baixas, o<br />
ex-espião afasta-se.<br />
o combate às desigualdades<br />
económicas como o seu tema.<br />
A mensagem: não há economia<br />
forte sem uma classe média forte.<br />
A partir de agora, os bail-out são<br />
para as pessoas e não para os<br />
ban<strong>que</strong>iros. “Podemos optar por<br />
um país em <strong>que</strong> um número cada<br />
vez mais pe<strong>que</strong>no de pessoas<br />
estão muito bem, enquanto um<br />
número crescente de americanos<br />
mal consegue chegar ao fi m do<br />
mês; ou podemos restaurar uma<br />
economia em <strong>que</strong> cada um tem a<br />
sua oportunidade, faz a sua parte<br />
e em <strong>que</strong> todos vivem segundo<br />
as mesmas regras”. O guião para<br />
uma campanha <strong>que</strong> será difícil<br />
mas <strong>que</strong> está longe de estar<br />
perdida. Teresa de Sousa<br />
FRANK POLICH/REUTERS
O corajoso<br />
Explicação do nome anterior<br />
com duas linhas<br />
Editorial<br />
O país em saldos<br />
Se o túnel europeu é longo e sinuoso,<br />
o túnel português está às escuras. O<br />
optimismo do primeiro-ministro, <strong>que</strong> esta<br />
semana insistiu não precisar “nem de mais<br />
tempo nem de mais dinheiro” para tirar o<br />
país da crise, esbarra diariamente na realidade.<br />
Do Nobel da Paz Muhammad Yunus em Davos,<br />
Mario Monti em Itália, Barack Obama nos EUA<br />
ou o círculo de proeminentes cavaquistas em<br />
Portugal, aumenta a passos rápidos o clube dos<br />
<strong>que</strong> defendem <strong>que</strong> a austeridade, sozinha, não<br />
é a solução para a crise; <strong>que</strong> o mundo não pode<br />
continuar obcecado com o défi ce, a cortar e a<br />
aplicar severos programas de austeridade; <strong>que</strong><br />
este caminho vai levar a uma desestruturação da<br />
economia e a uma espiral económica negativa de<br />
efeitos imprevisíveis; <strong>que</strong> temos <strong>que</strong> começar a<br />
pensar a sério no crescimento, no investimento e na<br />
criação de emprego. Finalmente, este é o tema da<br />
próxima cimeira europeia, amanhã em Bruxelas.<br />
Mas de Melgaço a Silves, o túnel está escuro.<br />
Pessoas perdem o emprego, os <strong>que</strong> têm trabalho<br />
aceitaram ou vão aceitar receber menos dinheiro<br />
pelo mesmo trabalho — ou por mais trabalho —, as<br />
empresas fecham, e as <strong>que</strong> não fecham fornecem<br />
os seus produtos e serviços por menos. Portugal<br />
está a poupar, mas não para criar uma base sólida<br />
de estabilidade e segurança. Está a poupar para<br />
fi car mais pobre. Os cortes atravessam tudo e todos,<br />
das empresas públicas, <strong>que</strong> têm de cortar em 15%<br />
os custos de pessoal e fornecimentos externos, às<br />
privadas, <strong>que</strong> seguem agora o mesmo caminho.<br />
Como é <strong>que</strong> a economia vai crescer assim? Onde<br />
nos levará este empobrecimento?<br />
A crise tem alguns resultados positivos. Há novas<br />
ideias. Mario Monti, por exemplo, propôs em Itália<br />
uma maior fl exibilização na lei laboral, mas não<br />
isolada. Ao mesmo tempo, <strong>que</strong>r aumentar o valor<br />
do trabalho dos assalariados precários. Muitos<br />
portugueses estão a sair do país, resolvendo três<br />
problemas num só gesto (o seu, o de Portugal e o<br />
do país <strong>que</strong> os recebe). Um outro resultado positivo<br />
é <strong>que</strong> há hoje, como nunca, uma vigilância das<br />
contas públicas e uma atenção ao desperdício.<br />
Basta pensar nas novas ideias sobre aproveitamento<br />
das sobras dos restaurantes ou ver o blog Má<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 3<br />
Mario Monti Carvalho da Silva Vasco Graça Moura<br />
a O primeiro-ministro italiano Mario<br />
Monti está a sacudir a Itália. Não deu<br />
prioridade às privatizações e, em vez<br />
disso, iniciou esta semana um ata<strong>que</strong><br />
às “corporações” e aos privilégios.<br />
Taxistas, advogados, notários, farmacêuticos<br />
e outras profi ssões já anunciaram<br />
protestos e greves. Fala em<br />
mais fl exibilidade e maior equidade,<br />
e tem ideias concretas — e originais —<br />
para levar à prática esse apelo. Não<br />
<strong>que</strong>r <strong>que</strong> alguns trabalhadores sejam<br />
“excessivamente protegidos” à custa<br />
dos <strong>que</strong> são “privados de protecção”.<br />
Como? Em Itália, o trabalho precário<br />
passará a ser mais caro.<br />
O desejado<br />
Fecha 25 anos à frente da CGTP<br />
e sai pela porta grande<br />
a Líder da CGTP durante 25 anos,<br />
Carvalho da Silva tem hoje uma imagem<br />
e uma credibilidade pública muito<br />
diferente da <strong>que</strong> tinha quando começou<br />
a ser coordenador da central,<br />
em 1986, ou quando, em 1999, passou<br />
a usar o título de “secretário-geral”.<br />
Sai pela porta grande. Com um prestígio<br />
<strong>que</strong> o coloca como uma fi gura<br />
de referência à es<strong>que</strong>rda, mas não só.<br />
É olhado como um homem <strong>que</strong> ainda<br />
pode vir a desempenhar funções<br />
públicas e ter iniciativa cívica e política<br />
com desta<strong>que</strong>, sobretudo num<br />
momento em <strong>que</strong> a perspectiva da<br />
tensão social está na ordem do dia.<br />
O entalado<br />
O poeta começa uma nova vida<br />
no CCB de mãos na cabeça<br />
a Graça Moura é senhor de uma cultura<br />
considerável e um dos poucos<br />
intelectuais de prestígio <strong>que</strong> aceita<br />
fazer política em Portugal, tem gerido<br />
a sua carreira pessoal e política sem<br />
ceder à tentação mediática e sem se<br />
deixar envolver nos jogos de bastidores<br />
do poder. É por isso <strong>que</strong> Graça<br />
Moura não merecia ser exposto da<br />
forma como foi na trapalhada <strong>que</strong> o<br />
Governo criou para substituir Mega<br />
Ferreira à frente do Centro Cultural<br />
de Belém. É <strong>que</strong> convidar Mega e depois<br />
desconvidar, para então chamar<br />
Graça Moura, dá a este uma imerecida<br />
imagem de comissário político.<br />
A pergunta de Alberto Costa para Pedro Passos Coelho<br />
Como se explica a incoerência territorial<br />
demonstrada nas mudanças anunciadas pelos<br />
ministros da Administração Interna (fim dos<br />
governos civis) e da Justiça (criação de tribunais<br />
distritais)?<br />
Respondendo ao desafio do PÚBLICO, Alberto Costa, ex-ministro da Administração Interna e da Justiça de governos PS, <strong>que</strong>stiona o primeiro-ministro<br />
As empresas do PSI-20 investiram no ano passado menos 23% do <strong>que</strong> em 2010. Sem investimento, não há crescimento<br />
Despesa Pública, no qual, e correndo o risco de<br />
algum populismo, são denunciados gastos como<br />
a construção de três ligações numa auto-estrada<br />
separadas por dez quilómetros.<br />
Mas mais do <strong>que</strong> a desvalorização real do país, o<br />
<strong>que</strong> angustia são os sinais de <strong>que</strong> o túnel, em vez<br />
de ter no fi m uma luz, ainda <strong>que</strong> ténue, tem um<br />
muro. Até Setembro, os investimentos das maiores<br />
empresas portuguesas cotadas em bolsa recuaram<br />
23%. Metade investiu 1700 milhões de euros menos<br />
do <strong>que</strong> em 2010.<br />
Isto signifi ca <strong>que</strong> a inovação passará a ser um luxo<br />
asiático, <strong>que</strong> as ideias novas fi cam por testar e <strong>que</strong><br />
as ideias boas já aprovadas são transformadas…<br />
para pior. Os exemplos sucedem-se. A renovação<br />
das escolas públicas vai ter um corte de 65 milhões;<br />
a Reboleira não vai afi nal ter uma estação de metro;<br />
no centro histórico de Lisboa vai afi nal nascer<br />
um silo para automóveis em altura, por<strong>que</strong> a<br />
construção em subsolo é cara.<br />
Estamos num ciclo vicioso. O país está em saldos<br />
e a época da nova colecção foi adiada. Não sabemos<br />
por quantos anos.
4 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
O país mais pobre<br />
De corte em corte,<br />
à procura da<br />
competitividade,<br />
mas em risco de cair<br />
numa espiral<br />
Em todo o país, Estado, bancos, empresas e famílias<br />
olham para o orçamento e reajustam a despesa. O<br />
efeito é o de uma bola de neve de cortes, poupanças e<br />
desemprego. Será <strong>que</strong> o país vai sair assim da crise?<br />
Por Sérgio Aníbal (texto) e Rui Gaudêncio (fotografi as)<br />
Nos meios académicos chamamlhe<br />
vários nomes <strong>que</strong> poucos reconhecem:<br />
é a desvalorização real, a<br />
desalavancagem ou o ajustamento<br />
competitivo. Mas, com esses ou outros<br />
nomes, o <strong>que</strong> é certo é <strong>que</strong> a<br />
generalidade dos portugueses já<br />
está a sentir na pele, de forma muito<br />
clara, os efeitos da nova e triste<br />
realidade da economia portuguesa<br />
para os próximos anos. Todos poupam,<br />
todos cortam custos e, como<br />
consequência, todos perdem negócios<br />
e todos vêem reduzidos os seus<br />
rendimentos. É um efeito dominó<br />
sem um fi m óbvio à vista, <strong>que</strong> alguns<br />
consideram ser a única forma de o<br />
país sair da sua crise de sobreendividamento<br />
e reconquistar competitividade<br />
externa, e <strong>que</strong> outros vêem<br />
como o caminho para uma espiral<br />
económica negativa com efeitos políticos<br />
e sociais imprevisíveis.<br />
Tudo começou, é claro, com o<br />
endividamento do Estado, das empresas<br />
e das famílias. Depois de terem<br />
estado durante uma década a<br />
emprestar grandes quantidades de<br />
dinheiro a juros baixos, os mercados<br />
externos descobriram, depois<br />
da crise fi nanceira internacional e<br />
das revisões sucessivas dos défi ces<br />
gregos, <strong>que</strong> afi nal pode existir um<br />
risco grande nos empréstimos feitos<br />
a Portugal.<br />
A torneira do crédito externo fechou<br />
abruptamente para o Estado,<br />
para os bancos e para as grandes empresas<br />
nacionais. O Estado teve de<br />
recorrer aos parceiros da zona euro<br />
e ao FMI, <strong>que</strong> garantiram três anos<br />
de fi nanciamento a troco de uma redução<br />
do défi ce próxima de 15 mil<br />
milhões de euros no mesmo espaço<br />
de tempo. Os bancos encontraram<br />
salvação no BCE, mas tiveram de<br />
limitar a concessão de crédito aos<br />
seus clientes (empresas e famílias)<br />
e apostar antes em receber depósitos.<br />
A partir daqui começa a formarse<br />
a bola de neve <strong>que</strong> conduz a uma<br />
contracção da economia <strong>que</strong> se prevê<br />
constitua um recorde das últimas<br />
décadas em Portugal.<br />
Estado dá o mote<br />
A nova pressa de poupar e de cortar<br />
do Estado (cuja despesa representa<br />
quase metade do PIB português) tem<br />
um impacto quase generalizado no<br />
país. O consumo público diminuiu<br />
3,2% em 2011 e deverá cair, de acordo<br />
com a Comissão Europeia, 6,2% em<br />
2012. Para se ter uma ideia da dimensão<br />
deste corte, nas últimas quatro<br />
décadas em Portugal apenas mais um<br />
ano em <strong>que</strong> o consumo público diminuiu,<br />
em 2006, e foi apenas 0,7%.<br />
Cada vez <strong>que</strong> o Estado poupa,<br />
alguém sofre uma baixa no rendimento.<br />
As empresas fornecedoras,<br />
as construtoras mais dependentes<br />
das obras públicas e os benefi ciários<br />
dos apoios sociais vêem o seu rendimento<br />
baixar imediatamente.<br />
Depois há os salários. O Estado<br />
cortou em 2011 os salários dos funcionários<br />
públicos em 5%. Este ano,<br />
o corte será maior, através da suspensão<br />
dos subsídios de férias e Natal.<br />
Estes cortes, além de levarem as empresas<br />
privadas a fazerem o mesmo,<br />
retiram do bolso de uma quantidade<br />
signifi cativa da população (há mais<br />
de 700 mil funcionários públicos)<br />
uma parte do seu rendimento.<br />
Dentro do universo Estado, há<br />
ainda <strong>que</strong> levar em conta os cortes<br />
forçados nos orçamentos das<br />
empresas públicas. No ano passado<br />
e neste, a redução da des-
pesa tem de ascender aos 15%.<br />
Com este encolhimento do Estado,<br />
surgem uma série de efeitos secundários.<br />
As empresas <strong>que</strong> têm o Estado<br />
como cliente têm, para equilibrar as<br />
contas, de fazer as suas próprias poupanças<br />
e, em muitos casos, despedem<br />
parte do pessoal. Este aumento<br />
do desemprego (para além de criar<br />
uma despesa) retira rendimentos às<br />
famílias afectadas.<br />
Consumo cai a pi<strong>que</strong><br />
Ao mesmo tempo, os funcionários<br />
públicos <strong>que</strong> vêem o salário diminuir<br />
e os benefi ciários da segurança<br />
social <strong>que</strong> perdem rendimento<br />
adaptam os seus orçamentos à nova<br />
realidade.<br />
O resultado óbvio é uma <strong>que</strong>da<br />
5,9% Corte<br />
previsto<br />
no consumo<br />
privado durante<br />
o próximo ano,<br />
o pior resultado<br />
de <strong>que</strong> há registo<br />
em Portugal<br />
acentuada do consumo privado.<br />
Em 2011, já diminui 4,2%, o pior resultado<br />
de <strong>que</strong> há registo. Mas em<br />
2012, será ainda pior: 5,9% de acordo<br />
com a Comissão Europeia. Em<br />
1983, da última vez <strong>que</strong> o FMI esteve<br />
em Portugal, a <strong>que</strong>da tinha sido de<br />
“apenas” 0,3%.<br />
A bola de neve não pára aqui, naturalmente.<br />
Esta <strong>que</strong>bra do consumo<br />
faz com <strong>que</strong> muitas lojas, indústrias,<br />
fornecedores de serviços e o próprio<br />
Estado sintam uma perda abrupta<br />
das suas receitas. O resultado é, no<br />
sector privado, mais cortes no investimento,<br />
mais trabalhadores colocados<br />
no desemprego e mais empresas<br />
a declararem falência. Tudo fenóme-<br />
nos <strong>que</strong> tendem a autoalimentar-se e<br />
a tornar a tarefa inicial do Estado de<br />
cortar o défi ce mais difícil e, <strong>que</strong>m<br />
sabe, a exigir ainda mais medidas de<br />
austeridade.<br />
Qual é o fi nal da história?<br />
Quem defende esta estratégia económica<br />
de ajustamento abrupto das<br />
contas públicas e do endividamento<br />
externo do país — um grupo onde se<br />
incluem para além da troika, o Governo<br />
e o Banco de Portugal — considera-a<br />
inevitável, uma vez <strong>que</strong> os<br />
credores internacionais perderam<br />
a confi ança no país e, sendo assim,<br />
torna-se impossível continuar a pedir<br />
dinheiro emprestado. E vêem um<br />
fi nal feliz para esta história difícil.<br />
Com as empresas a reduzirem os<br />
seus custos, Portugal vai conseguir<br />
substituir o antigo crescimento baseado<br />
no consumo por um crescimento<br />
mais saudável baseado num<br />
excedente comercial, <strong>que</strong> reduza o<br />
nosso crecimento.<br />
Quem não acredita num fi nal feliz<br />
apresenta a Grécia e a Argentina como<br />
exemplos e afi rma <strong>que</strong> estes processos<br />
de reduções de custos consecutivas<br />
não são controláveis e podem<br />
colocar a economia numa espiral<br />
defl acionista muito perigosa. Além<br />
disso, assinalam <strong>que</strong> a aposta nas exportações<br />
só pode funcionar se no<br />
exterior estiver alguém <strong>que</strong> não está<br />
a poupar. Algo <strong>que</strong> agora não acontece,<br />
por exemplo, em Espanha ou<br />
na Alemanha, os principais destinos<br />
das exportações nacionais.<br />
A resposta a estas visões tão diferentes<br />
do rumo <strong>que</strong> a economia portuguesa<br />
está a tomar deverá surgir<br />
nos próximos dois anos e dela depende,<br />
em larga medida, a manutenção<br />
do país no projecto do euro.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 5<br />
Plano de contenção iniciou-se em Setembro<br />
Alterações nas obras da Par<strong>que</strong> Escolar<br />
permitem poupor 64,5 milhões de euros<br />
a O Ministério da Educação espera<br />
poupar 64,5 milhões de euros com<br />
a reavaliação dos projectos aprovados<br />
para as 69 escolas <strong>que</strong> a empresa<br />
pública Par<strong>que</strong> Escolar ainda tem<br />
em obras.<br />
Em resposta a <strong>que</strong>stões do PÚBLI-<br />
CO, o gabinete de imprensa do ministério<br />
precisou <strong>que</strong> a redução de<br />
custos resulta de mudanças já identifi<br />
cadas, <strong>que</strong> passam por alteração de<br />
materiais e equipamentos e pela reavaliação<br />
dos programas funcionais<br />
das escolas, designadamente no <strong>que</strong><br />
respeita às projecções do número e<br />
tipo de turmas e os seus impactos<br />
nos espaços necessários.<br />
Segundo o Ministério da Educação<br />
e Ciência, a reavaliação dos programas<br />
funcionais incidirá, em particular,<br />
nos projectos respeitantes às<br />
turmas dos cursos profi ssionais, uma<br />
vez <strong>que</strong> são a<strong>que</strong>las “em <strong>que</strong> o número<br />
de alunos é mais variável”. Em<br />
2010, os alunos no início do ensino<br />
secundário <strong>que</strong> estavam inscritos<br />
nestes cursos representavam cerca<br />
de 49% do total.<br />
A Par<strong>que</strong> Escolar (PE) foi criada<br />
em 2007 para gerir as obras de transformação<br />
das escolas públicas com<br />
ensino secundário. Das 205 escolas<br />
<strong>que</strong> faziam parte do programa inicial<br />
(a empresa pretendia chegar a<br />
370), 103 têm as obras concluídas,<br />
o <strong>que</strong> representou um investimento<br />
de 1,3 mil milhões de euros, dos<br />
quais cerca de 70% proveniente de<br />
empréstimos. As intervenções por<br />
escola têm custado, em médio, 15<br />
milhões de euros.<br />
Em Setembro, o ministro da Educação,<br />
Nuno Crato, pediu à Inspecção-Geral<br />
de Finanças uma auditoria<br />
à empresa, <strong>que</strong> está em curso.<br />
Também está a ser auditada pelo Tribunal<br />
de Contas. Crato suspendeu<br />
ainda os projectos de intervenção<br />
em 125 escolas, <strong>que</strong> representavam<br />
mais 1,3 milhões de euros de investimento.<br />
Para as 69 <strong>que</strong> continuam em<br />
obra, Crato intimou a PE a reduzir<br />
os custos das intervenções.<br />
As mudanças<br />
incluem<br />
alterações<br />
de materiais<br />
e equipamentos<br />
e a reavaliação<br />
dos espaços<br />
projectados<br />
A assessora de imprensa da empresa<br />
indicou <strong>que</strong> o plano de contenção<br />
começou a ser avaliado em<br />
Setembro, num processo <strong>que</strong> envolveu<br />
as direcções das escolas, as direcções<br />
regionais de educação e os<br />
projectistas. No portal dos contratos<br />
públicos entregues por ajuste directo<br />
só existem, por enquanto, dois<br />
referentes a alterações aos projectos<br />
de arquitectura. Entre as mudanças<br />
propostas pelas direcções das escolas<br />
fi guram, por exemplo, a substituição<br />
de produtos estrangeiros por<br />
nacionais, nomeadamente no <strong>que</strong><br />
respeita ao material eléctrico. Nalguns<br />
casos, isto signifi ca passar de<br />
400 para 40 euros por peça.<br />
Também se está a optar mais pelo<br />
betão em detrimento das grandes<br />
superfícies de vidro estan<strong>que</strong>s <strong>que</strong><br />
são uma das marcas das intervenções<br />
da PE.<br />
Nas escolas em <strong>que</strong> as obras já estão<br />
concluídas, o consumo energético<br />
mais do <strong>que</strong> triplicou devido à<br />
omnipresença do ar condicionado.<br />
Recentemente, Nuno Crato alertou,<br />
no Parlamento, <strong>que</strong> se deixada<br />
“em roda-viva, a dívida da Par<strong>que</strong><br />
Escolar seria de 3 mil milhões em<br />
2015”. Já ultrapassou os mil milhões.<br />
Desde Setembro, já com o actual plano<br />
de contenção em vigor, a empresa<br />
gastou mais de 4 milhões de euros<br />
em contratos celebrados por ajuste<br />
directo. Clara Viana
6 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
O país mais pobre<br />
Tendência para reduzir custos salariais<br />
no sector privado acentua-se em 2012<br />
A partir do momento em <strong>que</strong> o Governo cortou os salários da função pública, as empresas<br />
privadas começaram a tentar replicar o modelo. Em algumas já houve acordo<br />
Ra<strong>que</strong>l Martins<br />
a Empresas de consultoria, arquitectura,<br />
engenharia, media, restauração,<br />
hotelaria e cultura. Muitos trabalhadores<br />
estão a ser confrontados com propostas<br />
de redução de salários, cortes<br />
na isenção de horário e outras regalias.<br />
Esta é uma tendência <strong>que</strong> se tem<br />
afi rmado no sector privado, a partir do<br />
momento em <strong>que</strong> o Governo decidiu<br />
cortar os salários no sector público,<br />
mas <strong>que</strong> é difícil de quantifi car.<br />
Nas situações relatadas ao PÚBLICO<br />
por advogados da área laboral, os cortes<br />
salariais são apresentados como a<br />
alternativa ao desemprego, ao lay off<br />
ou ao encerramento da empresa. Em<br />
muitos casos, os trabalhadores acabam<br />
por aceitar.<br />
Foi o <strong>que</strong> aconteceu com João (nome<br />
fi ctício), engenheiro numa pe<strong>que</strong>na<br />
empresa <strong>que</strong> viu mais de metade dos<br />
colegas sair ao longo dos últimos dois<br />
anos, devido às <strong>que</strong>bras na actividade.<br />
No último trimestre do ano passado, e<br />
perante as difi culdades perspectivadas<br />
para 2012, a empresa propôs um corte<br />
salarial de 15% aos <strong>que</strong> fi caram. O<br />
acordo foi assinado pela maioria, com<br />
o compromisso de a empresa rever a<br />
situação ao fi m de seis meses.<br />
Nos escritórios de advogados desde<br />
fi nais do ano passado <strong>que</strong> se sucedem<br />
os pedidos de informações por parte<br />
de empresas e trabalhadores. As primeiras<br />
<strong><strong>que</strong>rem</strong> saber como reduzir<br />
os custos salariais. Os segundos como<br />
reagir às propostas de cortes.<br />
António Garcia Pereira dá conta de<br />
pelo menos oito pedidos de informação<br />
recebidos este mês. São sobretudo<br />
casos de empresas “do sector terciário<br />
onde a taxa de sindicalização é muito<br />
baixa e onde muitos trabalhadores estão<br />
com contratos a termo”.<br />
Sem concretizar, o advogado fala<br />
em empresas prestadoras de serviços,<br />
como auditoria e consultoria, e órgãos<br />
de comunicação social de pe<strong>que</strong>na dimensão.<br />
E aponta como principal causa<br />
para estas propostas o corte salarial<br />
feito no ano passado aos funcionários<br />
públicos “<strong>que</strong> o Tribunal Constitucional<br />
validou”. “Generaliza-se a ideia de<br />
<strong>que</strong> vale tudo”, alerta.<br />
Mas, destaca o advogado, nem tudo<br />
é permitido. Antes de mais, a empresa<br />
não pode decidir unilateralmente e<br />
é preciso demonstrar <strong>que</strong> a isenção<br />
de horário de trabalho decorre da<br />
actividade da empresa e “não é uma<br />
forma de compor o salário”. E mesmo<br />
assim Garcia Pereira entende <strong>que</strong><br />
“não há hipóteses de o empregador<br />
alterar essa situação sem o acordo do<br />
trabalhador”.<br />
Também o advogado Fausto Leite<br />
tem recebido pedidos de trabalhadores<br />
para avaliar propostas das empresas.<br />
Os ateliers de arquitectura, a restauração,<br />
o imobiliário e o sector das<br />
artes são alguns dos casos <strong>que</strong> tem em<br />
mãos. A pressão para os trabalhadores<br />
aceitarem, diz, “é muito mais fácil nas<br />
micro-empresas”. “A situação é quase<br />
sempre a mesma: ou há redução dos<br />
custos salariais ou a empresa ameaça<br />
avançar para o lay off ou despedimentos”.<br />
Embora rejeite à partida medidas<br />
<strong>que</strong> levem à redução dos salários,<br />
Fausto Leite admite <strong>que</strong> em alguns<br />
casos é a única alternativa: “A redução<br />
unilateral é ilegal. Mas não me repugna<br />
se for demonstrado <strong>que</strong> é a única<br />
via para evitar o encerramento.”<br />
Filipe Fraústo da Silva, advogado<br />
da Uría Menéndez-Proença de Carvalho,<br />
os pedidos de informação de<br />
empresas chegaram depois de se confi<br />
rmarem os cortes salariais no sector<br />
público. “Muitas empresas abordamnos<br />
para saber se é possível fazer algo<br />
semelhante no privado”, relata. E há<br />
também <strong>que</strong>m <strong>que</strong>ira saber como reti-<br />
rar isenção de horário de trabalho ou<br />
pergunte se é possível despedir para<br />
depois readmitir o mesmo trabalhador<br />
por um salário mais baixo, uma<br />
situação ilegal.<br />
No caso da isenção, Fraústo da Silva<br />
lembra <strong>que</strong> há <strong>que</strong> ter em conta<br />
os contratos colectivos do sector e o<br />
contrato do trabalhador em causa. “A<br />
maior parte dos acordos de isenção<br />
de horário são omissos quanto às circunstâncias<br />
em <strong>que</strong> a empresa pode<br />
retirar a isenção.” E nesse caso, o advogado<br />
entende <strong>que</strong> a empresa deve<br />
poder retirá-la, embora os tribunais<br />
do trabalho entendam <strong>que</strong> a decisão<br />
não pode ser unilateral. Uma vez <strong>que</strong><br />
o Código do Trabalho prevê a irredutibilidade<br />
do salário, “as empresas de<br />
maior dimensão preferem não arriscar”,<br />
diz.<br />
Nos escritórios<br />
de advogados<br />
sucedem-se<br />
os pedidos<br />
de informação<br />
Os sindicatos não negam as pressões<br />
para os trabalhadores do privado<br />
aceitarem reduzir salários, mas<br />
garantem <strong>que</strong> a maioria não se concretizou.<br />
Ou por<strong>que</strong> as negociações<br />
estão a decorrer ou por<strong>que</strong> fi caram<br />
pelo caminho devido à intervenção<br />
do próprio sindicato.<br />
José Manuel Oliveira, coordenador<br />
da FECTRANS, diz <strong>que</strong> no sector privado<br />
as reduções de custos têm sido<br />
feitas sobretudo à custa do corte nas<br />
ajudas de custo. O mesmo diz Sérgio<br />
Monte, do SITRA, <strong>que</strong> aponta para os<br />
cortes <strong>que</strong> se avizinham no pagamento<br />
do trabalho suplementar, <strong>que</strong> nos<br />
transportes privados de passageiros<br />
representa 30 a 40% da remuneração<br />
<strong>que</strong> o motorista leva para casa. No sector<br />
têxtil ou do calçado, a pressão é<br />
sobretudo para aceitar fl exibilidades<br />
de horários, enquanto na indústria<br />
química, farmacêutica e no sector da<br />
propaganda médica, as empresas têm<br />
optado por reduções de pessoal, como<br />
precisaram ao PÚBLICO dirigentes<br />
sindicais.<br />
Na área da comunicação social, pelo<br />
menos dois jornais, o PÚBLICO e o i<br />
optaram por reduzir custos salariais,<br />
mas segundo Garcia Pereira há outros<br />
na calha.
Os números de um país a poupar e a renegociar tudo<br />
Estado e empresas limitam salários...<br />
Salários reais - Variação anual (%)<br />
-1,2<br />
0,6 0,5<br />
5,9<br />
e equilibram contas…<br />
Variação anual (%)<br />
Áreas já identificadas para uma poupança total prevista<br />
de 1500 milhões de euros<br />
Hospitais EPE, do sector público<br />
administrativo e unidades de saúde<br />
cortam mais nos custos com pessoal<br />
0<br />
-3,3 -5<br />
CGD<br />
Fontes: Comissão Europeia; ACSS-Administração Central do Sistema de Saúde; Empresas; PÚBLICO<br />
4<br />
0<br />
-4<br />
-8<br />
-12<br />
-159,4<br />
Investimento<br />
Águas Portugal<br />
-122,8<br />
Consumo final do Estado<br />
-6,2<br />
-9,4<br />
CTT<br />
-117,1<br />
…o resultado é uma <strong>que</strong>da do consumo<br />
e da economia…<br />
Variação anual (%)<br />
CP<br />
-63,9<br />
RTP<br />
-44,2<br />
Consumo privado<br />
Metro Lisboa<br />
-40,5<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 7<br />
…mas o défice externo é reduzido<br />
Défice externo - em % do PIB<br />
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />
Empresas<br />
Metade do PSI 20 cortou custos e perdeu-se 1,7 mil milhões de investimento<br />
Variação:<br />
Custos (%)<br />
Investimento (%)<br />
Corte de 623 milhões nas<br />
despesas de dez empresas<br />
do Estado<br />
Redução de 15% nos custos<br />
(em milhões de euros)<br />
64,5<br />
milhões de<br />
euros<br />
Zon Sonae<br />
com<br />
PT* Altri Cimpor Semapa Portucel Brisa Mota-<br />
-Engil<br />
Cortes dos subsídios<br />
de Natal e de férias<br />
na educação<br />
644<br />
milhões de euros<br />
3<br />
0<br />
-3<br />
-6<br />
J.<br />
Martins<br />
-35,5 -24,5 -6 -39 n.d. n.d. -49,7 n.d. -23,4 -22,1 -31 -54 11,8 n.d. n.d. n.d. -6,5 n.d. n.d. -15,5<br />
PIB<br />
-5,9<br />
-3<br />
10,8<br />
EDP EDP R REN BES** BCP BPI*** Galp Sonae<br />
Ind.<br />
REFER<br />
-33,7<br />
10,2<br />
12,6<br />
ANA<br />
-17,2<br />
10,8<br />
9,7<br />
7,6<br />
Estradas<br />
Portugal<br />
Metro Porto<br />
-16,7<br />
-7,5<br />
5<br />
Banif Sonae<br />
-4,9 -8,7 -10,8 13,3 4 11 15,6 6,2 4,7 10,9 -2,7 17 -3,3 -4,8 -5,4 -2,5 19 4,4 -2,7 -0,4<br />
*Excluíndo impacto da consolidação da Oi e da Contax; **Excluindo impacto da consolidação das novas unidades internacionais e custos decorrentes da integração dos colaboradores na Segurança Social ; ***Excluíndo custos com reformas antecipadas<br />
Educação<br />
Reanálise de projectos<br />
de obras e alteração de<br />
materiais em 69 escolas<br />
da Par<strong>que</strong> Escolar ainda<br />
em obra<br />
Saúde<br />
Novembro de 2011<br />
Valor em milhões de euros var. homóloga<br />
Custos operacionais 3943<br />
Material Consumo<br />
Clínico 275<br />
Produtos<br />
Farmacêuticos 860<br />
Fornecimentos e<br />
Serviços Externos (FSE) 662<br />
Custos ajustados<br />
com Pessoal 2101<br />
dos quais:<br />
Custos com horas<br />
extraordinárias e<br />
suplementos, 279<br />
dos quais:<br />
- Médicas 169<br />
- Enfermagem 71<br />
- outro Pessoal 38<br />
-4,4%<br />
-2,11%<br />
0,89%<br />
-6,3%<br />
-6,56%<br />
-11,87%<br />
-13,44%<br />
-9,44%<br />
-9,13%<br />
milhões<br />
de euros<br />
Encargos do SNS<br />
Comparticipações<br />
1328<br />
milhões<br />
de euros<br />
Jan.-Dez. 2011<br />
Consumo<br />
nos hospitais<br />
Jan.-<br />
Nov.<br />
2011<br />
937<br />
milhões<br />
de euros<br />
Variação<br />
homóloga<br />
2,4%<br />
Variação<br />
homóloga<br />
-19%<br />
Despesa do Estado com<br />
medicamentos sobe<br />
nos hospitais<br />
PUBLICIDADE
8 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
O país mais pobre<br />
Grandes<br />
empresas<br />
investiram<br />
menos 1700<br />
milhões em 2011<br />
Além da pressão para reduzir custos,<br />
com consequências directas para os<br />
fornecedores, as empresas públicas<br />
e privadas colocaram um travão<br />
sério ao crescimento a longo prazo<br />
Ra<strong>que</strong>l Almeida Correia<br />
a Há uma contenção de custos generalizada<br />
nas empresas públicas e<br />
privadas. Um esforço para reagir com<br />
poupança aos males da crise, <strong>que</strong> afecta<br />
fornecedores, trabalhadores e até<br />
o desenvolvimento das regiões onde<br />
estão instaladas. Mas mais do <strong>que</strong> estes<br />
cortes imediatos, há um blo<strong>que</strong>io<br />
em relação ao futuro.<br />
Até Setembro, os investimentos das<br />
maiores empresas cotadas portuguesas<br />
recuaram quase 23%. Nas empresas<br />
do Estado, crescer deixou de ser<br />
uma hipótese.<br />
Os resultados mais recentes das<br />
20 empresas <strong>que</strong> compõem o índice<br />
PSI 20, relativos aos primeiros nove<br />
meses de 2011, mostram <strong>que</strong> metade<br />
cortou no investimento, o <strong>que</strong> resultou<br />
numa perda de 1700 milhões de<br />
euros. Este recuo segue a tendência já<br />
verifi cada desde o início do ano, mas<br />
<strong>que</strong> se intensifi cou no terceiro trimestre.<br />
Entre Janeiro e Junho, tinha-se<br />
registado uma <strong>que</strong>da de 900 milhões<br />
de euros, <strong>que</strong> agora se agravou.<br />
Olhando para o sector privado, nos<br />
mais variados sectores de actividade,<br />
os tempos têm sido de emagrecer,<br />
de pôr ideias na prateleira e não<br />
de investir. Um dos casos <strong>que</strong> mais<br />
poeira levantou foi o da Nissan, <strong>que</strong><br />
anunciou em Dezembro a suspensão<br />
da unidade industrial <strong>que</strong> tinha planeado<br />
construir em Cacia, Aveiro. O<br />
projecto foi anunciado em 2009, com<br />
um investimento associado de 250<br />
milhões de euros.<br />
Estes recuos não podem ser dissociados<br />
da instabilidade <strong>que</strong> o país e o<br />
mundo atravessam, provocando, no<br />
caso da indústria automóvel, <strong>que</strong>bras<br />
fortes no consumo <strong>que</strong> obrigam as<br />
empresas a repensar os planos.<br />
O mesmo se passa no sector público,<br />
onde, além do mercado, as<br />
empresas têm sobre si outro peso: a<br />
obrigação de respeitar as directrizes<br />
do accionista Estado — sob pressão de<br />
um programa de ajustamento económico<br />
<strong>que</strong> têm de cumprir.<br />
Ordem para recuar<br />
No sector empresarial do Estado<br />
(SEE) as indicações são claras: só<br />
há novos projectos para <strong>que</strong>m os<br />
conseguir pagar. O Governo impôs<br />
tectos máximos de endividamento<br />
às empresas públicas, impedindo-as<br />
de aumentarem o passivo fi nanceiro<br />
e, com isso, de desequilibrarem as<br />
contas do Estado. Mas, mesmo assim,<br />
as previsões apontam para derrapagens.<br />
E, por isso, o futuro está hoje a<br />
ser gerido em marcha-atrás.<br />
Ainda esta semana soube-se <strong>que</strong> foi<br />
suspensa a construção da estação de<br />
metro da Reboleira (Amadora), <strong>que</strong><br />
iria funcionar como um interface da<br />
CP e da Metro de Lisboa com capaci-<br />
O Ministério da Saúde ainda não<br />
sabe quando vai poder começar<br />
a pagar as dívidas em atraso<br />
aos seus fornecedores. A ideia<br />
era começar a utilizar a verba<br />
de 1500 milhões de euros, <strong>que</strong><br />
resultou da integração no Estado<br />
do Fundo de Pensões da Banca,<br />
em Fevereiro, mas o atraso na<br />
aprovação e entrada em vigor da<br />
nova Lei dos Compromissos está<br />
a impedir a disponibilização do<br />
dinheiro. O assessor de imprensa<br />
do ministro da Saúde, Miguel<br />
Vieira, confirmou ao PÚBLICO<br />
<strong>que</strong> ainda “não há previsão para<br />
começar a pagar” uma vez <strong>que</strong> a<br />
troika exige “um compromisso do<br />
Governo para criar um conjunto<br />
dade para servir milhares de pessoas.<br />
A obra foi anunciada em 2008, ainda<br />
com Ana Paula Vitorino na Secretaria<br />
de Estado dos Transportes e tinha<br />
um custo inicialmente previsto de<br />
58 milhões de euros, <strong>que</strong> derrapou.<br />
Contava-se <strong>que</strong> fi casse concluída no<br />
segundo semestre deste ano.<br />
Na área dos transportes públicos,<br />
não faltam freios. Até por<strong>que</strong> todo o<br />
sector está em profunda reestruturação,<br />
<strong>que</strong> culminará, dew acordo com<br />
os planos do Governo, em fusões de<br />
empresas em Lisboa e no Porto, na suspensão<br />
de linhas e serviços e em milhares<br />
de rescisões com trabalhadores.<br />
Este travão não é, porém, um exclusivo<br />
das empresas de transportes. Outras<br />
companhias do Estado estão a inverter<br />
a marcha: os CTT, por exemplo, avançaram<br />
em 2011 com o encerramento de<br />
cerca de 100 estações de correios.<br />
Tanto no sector público, como no<br />
privado, teme-se <strong>que</strong> estes recuos co-<br />
Na Saúde, há áreas em <strong>que</strong> se poupa mas o problem<br />
de procedimentos de forma a<br />
evitar nova dívida”.<br />
“Além do compromisso de<br />
<strong>que</strong> os hospitais só podem<br />
encomendar produtos aos<br />
fornecedores com dinheiro em<br />
caixa, o ministério está a preparar<br />
vários procedimentos” para evitar<br />
a contracção de nova dívida,<br />
acrescentou.<br />
O ministro das Finanças admite<br />
riscos na execução orçamental do<br />
Ministério da Saúde, <strong>que</strong> mostra<br />
estar a poupar nos custos com<br />
pessoal e comparticipações dos<br />
medicamentos, mas não consegue<br />
travar o aumento do valor das<br />
dívidas aos fornecedores do<br />
Serviço Nacional de Saúde
lo<strong>que</strong>m em risco o crescimento a longo<br />
prazo. Manuel Reis Campos, presidente<br />
da Associação dos Industriais<br />
da Construção Civil e Obras Públicas,<br />
diz <strong>que</strong> há “um empobrecimento <strong>que</strong><br />
não traz nada de bom à economia”.<br />
A ausência de novas obras, <strong>que</strong> tem<br />
levado o sector à fragilidade, signifi -<br />
ca também <strong>que</strong> “há uma degradação<br />
mais geral, <strong>que</strong> impede a criação de<br />
postos de trabalho, ganhos para fornecedores<br />
e até o desenvolvimento<br />
do território”.<br />
Tesouradas de curto prazo<br />
Mas os efeitos desta tendência também<br />
se sentem no curto prazo, com<br />
a vaga de redução de custos <strong>que</strong> as<br />
empresas parecem ter assumido como<br />
regra número um do manual para<br />
sobreviver à crise. No PSI 20, metade<br />
das empresas cortaram nas despesas,<br />
de acordo com os resultados até Setembro<br />
de 2011. Além dos gastos com<br />
a é pagar o <strong>que</strong> deve<br />
(SNS), nomeadamente na área do<br />
medicamento hospitalar.<br />
De acordo com os números<br />
mais recentes disponibilizados<br />
ao PÚBLICO pelas associações<br />
dos dois principais fornecedores<br />
do sector, a dívida aos<br />
laboratórios farmacêuticos<br />
e empresas de dispositivos<br />
médicos ultrapassou os dois mil<br />
milhões de euros no final de 2011.<br />
Ou seja, mesmo <strong>que</strong> o ministério<br />
pagasse agora a totalidade da<br />
verba <strong>que</strong> vai ser libertada pelas<br />
Finanças, ainda ficaria a dever<br />
500 milhões só a estes dois<br />
grupos de empresas.<br />
Dados provisórios da<br />
Associação Portuguesa da<br />
pessoal, aplicam tesouradas em serviços<br />
básicos, seja electricidade, papel<br />
ou transportes.<br />
Também têm feito pressão sobre<br />
fornecedores de ideias, cortando tudo<br />
o <strong>que</strong> vêem como menos indispensável.<br />
Neste fi ltro, uma das primeiras<br />
vítimas é o marketing. “Para conseguirem<br />
melhorar os seus resultados,<br />
[as empresas] hipotecam o futuro”,<br />
admite Sofi a Barros, secretária-geral<br />
da Associação Portuguesa de Empresas<br />
de Publicidade. “Fornecedores e<br />
clientes estão no mesmo barco e deveriam,<br />
em conjunto, atacar a ‘doença’”,<br />
conclui.<br />
No sector público, nem se<strong>que</strong>r há<br />
escolha. As empresas têm de cortar<br />
em 15% os custos de pessoal e fornecimentos<br />
externos. Tendo em conta<br />
os gastos de 10 das maiores empresas<br />
do SEE, como a Refer ou a CGD, esta<br />
regra deverá ter signifi cado uma perda<br />
de 623 milhões de euros em 2011.<br />
Indústria farmacêutica indicam<br />
<strong>que</strong>, no final de Dezembro, a<br />
dívida global atingiu o novo<br />
recorde histórico de 1270 milhões<br />
de euros, dos quais mil milhões a<br />
mais de 90 dias, o <strong>que</strong> representa<br />
um agravamento de 29% e 42%,<br />
respectivamente, face a Janeiro.<br />
O prazo médio de pagamento<br />
disparou 104 dias para 476.<br />
De acordo com a Associação<br />
Portuguesa das Empresas de<br />
Dispositivos Médicos (Apormed),<br />
o valor da dívida cresceu 206<br />
milhões ao longo do ano passado<br />
e fechou o ano nos 778 milhões<br />
de euros. O prazo médio de<br />
pagamento agravou-se em 12 dias<br />
para 455. João d’Espiney<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 9
10 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Reportagem<br />
Este país<br />
gasta muito<br />
dinheiro<br />
mal gasto<br />
São dois Ruis e uma Bárbara, todos<br />
na casa dos 30 anos e a viver em<br />
Lisboa. Recusam a lógica do não<br />
se meter e dizer mal “deles” nas<br />
conversas de café. Criaram um<br />
blogue para denunciar os gastos<br />
despropositados da administração<br />
pública. Estão cheios de trabalho.<br />
Luís Francisco (texto)<br />
e Rita Chantre (fotografi a)<br />
a Estes três juntos podiam<br />
constituir um da<strong>que</strong>les painéis<br />
de comentadores políticos<br />
em <strong>que</strong> as nossas televisões e<br />
a blogosfera são férteis. Dois<br />
homens e uma mulher, três áreas<br />
diferentes de especialização, mas<br />
complementares para analisar<br />
a temática <strong>que</strong> se propuseram<br />
abordar. Segundo as suas próprias<br />
palavras, cada um votou num<br />
partido diferente nas últimas<br />
eleições. Mas Bárbara Rosa, Rui<br />
Abreu e Rui Oliveira Mar<strong>que</strong>s<br />
não são um painel. Aliás, eles<br />
abominam tal coisa. O <strong>que</strong> eles<br />
fazem não é opinar. Eles investigam<br />
e denunciam. Há nove meses,<br />
criaram um blogue para expor<br />
casos de gastos desnecessários ou<br />
escandalosos na administração<br />
pública.<br />
Chamaram-lhe Má Despesa<br />
Pública. Por<strong>que</strong> “tinha de ser”: “O<br />
nome é óbvio. Ainda pensámos<br />
noutros, mais bonitos, mais<br />
artísticos, apelativos. Mas este é<br />
<strong>que</strong> é o nome certo!” Bárbara,<br />
jurista, 32 anos; Rui Abreu, 34 anos,<br />
arquitecto; Rui Mar<strong>que</strong>s, 32 anos,<br />
jornalista. Ela é de Viseu, eles de<br />
Lisboa (o primeiro) e de Braga (o<br />
segundo). Todos vivem e trabalham<br />
na capital, embora dois deles em<br />
regime free-lance.<br />
Decidiram aplicar o seu tempo<br />
a praticar o “dever cívico” de<br />
escrutinar as despesas dos<br />
organismos públicos. Vasculham<br />
o portal onde são publicados os<br />
contratos por ajuste directo e<br />
descobrem “pérolas” como os<br />
1,25 milhões de euros pagos pela<br />
Câmara Municipal de Oeiras por<br />
uma escultura de Pedro Cabrita<br />
Reis ou os cinco mil euros pagos<br />
pelo presidente do Inatel, <strong>Vítor</strong><br />
Ramalho, para ser entrevistado<br />
pela revista País Positivo, <strong>que</strong> por<br />
acaso até é distribuída como encarte<br />
publicitário pelo PÚBLICO.<br />
Como é <strong>que</strong> surgiu esta ideia? Rui<br />
Mar<strong>que</strong>s é o primeiro a explicar: “Já<br />
nem nos lembrávamos… Estivemos<br />
a falar nisso antes da entrevista.<br />
Teve <strong>que</strong> ver com uma notícia sobre<br />
a renovação da frota da Carris, há<br />
menos de um ano. Percebemos<br />
<strong>que</strong> faltava um projecto on-line<br />
<strong>que</strong> congregasse tudo o <strong>que</strong> se vai<br />
escrevendo na imprensa, mas <strong>que</strong><br />
fi ca es<strong>que</strong>cido logo dois dias depois.<br />
E rapidamente descobrimos <strong>que</strong><br />
havia muitos exemplos <strong>que</strong> não<br />
vinham na imprensa e <strong>que</strong> nós<br />
podíamos dar a conhecer.”<br />
Isso foi, portanto, há menos de<br />
um ano… “O blogue foi criado a 1 de<br />
Abril, o Dia das Mentiras. E muitas<br />
das coisas <strong>que</strong> lá vêm parecem<br />
mentira…”, especifi ca Bárbara. Rui<br />
Abreu puxa a conversa para um tom<br />
mais sério: “A ideia fundamental<br />
é <strong>que</strong> isto, ao contrário do <strong>que</strong><br />
sempre se ouve nas conversas de<br />
café, não é ‘nós’ e ‘eles’. ‘Eles’ são<br />
<strong>que</strong>m gasta o nosso dinheiro!”<br />
O “governante gastador”<br />
Não será difícil aos menos<br />
desatentos formar a convicção de<br />
<strong>que</strong> os nossos titulares de cargos<br />
Os prémios anuais do blogue Má Despesa Pública<br />
Findo 2011, era altura de fazer<br />
balanços. E, assim, o Má Despesa<br />
Pública atribuiu os seus prémios e<br />
explica as escolhas.<br />
Personalidade do Ano Alberto<br />
João Jardim Antes de ser<br />
conhecido o buraco orçamental<br />
da Madeira, o Má Despesa<br />
escreveu à troika para denunciar o<br />
despesismo do Governo Regional.<br />
Jardim fica na história de 2011<br />
pelas piores razões. Em 2012, cabe<br />
aos madeirenses pagar a conta.<br />
Autarquia do Ano Oeiras<br />
As despesas vão de esculturas a<br />
1,2 milhões de euros até livros com<br />
discursos do presidente Isaltino<br />
Morais pagos pelos contribuintes.<br />
Instituto Público do Ano (exaequo)<br />
Agência Nacional para<br />
a Qualificação e Instituto de<br />
Financiamento da Agricultura<br />
e Pescas Aqui encontram-se<br />
exemplos de como o dinheiro<br />
público serve para pagar corridas,<br />
banda desenhada e até palácios.<br />
Prenda do Ano Relógios de ouro<br />
As melhores prendas são as da<br />
Câmara Municipal de Almada,<br />
<strong>que</strong> oferece relógios de ouro aos<br />
seus funcionários. O caso foi<br />
denunciado pelo Má Despesa e<br />
chegou à imprensa.<br />
Compra do Ano Estádio do<br />
Leixões e do Leça As autarquias<br />
parecem ter sempre dinheiro<br />
<strong>que</strong> sobra para ajudar os clubes<br />
da terra. A compra da Câmara<br />
de Matosinhos dos estádios do<br />
Leixões e do Leça por 6,3 milhões<br />
de euros é exemplar.<br />
Momento de Propaganda do Ano<br />
Presidente do Inatel pagou para<br />
ser entrevistado<br />
Não só foi confirmado pelo próprio<br />
como garantiu <strong>que</strong> voltaria a fazêlo.<br />
Depois de denunciado pelo Má<br />
Despesa foi notícia nos jornais.<br />
Denúncia de Má Despesa do<br />
Ano Carta dos Trabalhadores do<br />
Inatel Um documento chocante<br />
com todos os pormenores sobre<br />
os favorecimentos, indícios de<br />
corrupção e má gestão no Inatel.<br />
Passagem de Ano do Ano<br />
Madeira Em pleno Verão, o Má<br />
Despesa denunciou o luxo <strong>que</strong><br />
seriam as festas de passagem de<br />
ano da Madeira. Escreveram até<br />
à troika. Passado uns meses o<br />
assunto chegou às televisões.<br />
Festa do Ano Açores A Festa<br />
Açores, realizada pelo Governo<br />
Regional quando da Bolsa de<br />
Turismo de Lisboa, custou quase<br />
150 mil euros.<br />
Luxo do Ano Cadeiras de Serpa<br />
Serpa pagou 891,50 euros por cada<br />
uma das 43 cadeiras dos Paços de<br />
Concelho.<br />
Boy do Ano André Wilson da<br />
Luz Viola O motorista de 21 anos<br />
<strong>que</strong> ganha 1600 euros.<br />
Mistério do Ano O<br />
financiamento do BPP à<br />
Presidência da República<br />
O caso foi apresentado aqui,<br />
mereceu contactos do Má Despesa<br />
para o Palácio de Belém, mas<br />
ninguém nos respondeu. O<br />
Museu da Presidência tem como<br />
financiador o falido BPP.<br />
Portugal no Seu Melhor (exaequo)<br />
Aqui foi impossível<br />
escolher apenas um. Escolhemos<br />
o caso das três ligações em<br />
auto-estrada separadas por dez<br />
quilómetros e os dois museus<br />
de arte contemporânea <strong>que</strong><br />
estão a ser construídos a poucos<br />
quilómetros de distância em S.<br />
Miguel.<br />
Bom Exemplo do Ano Câmara<br />
de Montalegre Montalegre é um<br />
dos concelhos mais pobres e com<br />
maior superfície do país. Mesmo<br />
assim tem a dívida a zero e com<br />
dinheiro em caixa para o ano<br />
seguinte.
públicos têm demonstrado uma<br />
notável capacidade para gastar o<br />
dinheiro <strong>que</strong> não lhes pertence<br />
de forma <strong>que</strong> muitas vezes roça a<br />
completa irresponsabilidade. Mas<br />
o <strong>que</strong> hoje se diz amanhã já foi<br />
es<strong>que</strong>cido, na voragem incessante<br />
da informação. E os portugueses<br />
gostam muito de comentar, mas<br />
envolver-se… dá trabalho. Fora dos<br />
aparelhos partidários há um claro<br />
défi ce de cidadania.<br />
Foi assim <strong>que</strong> estes três jovens<br />
urbanos olharam para a situação.<br />
E não se resignaram. Decidiram<br />
agir. “É o nosso dever cívico”, diz<br />
Bárbara. “Participar na vida do<br />
Estado é um dever. A cidadania não<br />
é só ir votar de quatro em quatro<br />
anos, ou de dois em dois!” Para eles,<br />
tornou-se óbvio <strong>que</strong> era preciso<br />
fazer mais. “O <strong>que</strong> é estranho é<br />
não haver mais gente a fazer isto.<br />
Os partidos, os media… gasta-se<br />
muito tempo e espaço, e caracteres,<br />
no bate-boca da Assembleia da<br />
República, por exemplo, e faz-se<br />
pouca investigação”, acusa Rui<br />
Mar<strong>que</strong>s.<br />
O outro Rui gosta de abordar<br />
as coisas num tom mais global. É<br />
ele <strong>que</strong>m avança a seguir com a<br />
ideia de <strong>que</strong>, em Portugal, o <strong>que</strong><br />
temos é “o governante gastador,<br />
em vez do governante gestor”. E<br />
isso explica <strong>que</strong> “ninguém calcule<br />
quanto vai custar a manutenção<br />
da infra-estrutura <strong>que</strong> se mandou<br />
construir, ou faça planos sobre a<br />
sua futura utilização”. É como se a<br />
inauguração fosse “o último acto e<br />
não o primeiro”. Como eles andam<br />
sempre com as mãos nesta massa,<br />
Rui avança logo com um exemplo:<br />
“A Par<strong>que</strong> Escolar, por exemplo. As<br />
novas escolas têm ar condicionado,<br />
mas os aparelhos estão desligados e<br />
as salas de portas abertas. Porquê?<br />
Por<strong>que</strong> o ar condicionado ligado faz<br />
disparar as contas da electricidade<br />
e as escolas não têm dinheiro para<br />
sustentar essa despesa…”<br />
O retrato do país <strong>que</strong> obtemos<br />
no blogue fi ca, muitas vezes,<br />
perigosamente perto do surreal. Por<br />
estes dias, os três vigilantes do Má<br />
Despesa Pública viraram-se para o<br />
Banco de Portugal. E revelaram, por<br />
exemplo, <strong>que</strong> o nosso banco central<br />
decidiu gastar 245 mil euros em<br />
serviços de consultoria fi nanceira<br />
durante dois meses e há outros 190<br />
mil destinados a consultoria em<br />
matéria de gestão geral. “Algo de<br />
errado se passa na capacidade da<br />
equipa do banco”, concluem.<br />
Denúncias <strong>que</strong> dão notícia<br />
Esta ironia, garante Bárbara, é<br />
muitas vezes a única maneira de<br />
lidar com assuntos dolorosos,<br />
quanto mais não seja para a nossa<br />
carteira. “É rir para não chorar…”<br />
Mas eles não <strong><strong>que</strong>rem</strong> opinar. Para<br />
isso já há para aí muita gente.<br />
“Damos a notícia. Divulgamos<br />
informação <strong>que</strong> é pública, mas com<br />
uma triagem. Tentamos ser o mais<br />
crus possível, só dar atenção aos<br />
factos. Acho mesmo <strong>que</strong> a parte<br />
mais dura do trabalho é tentar<br />
guardar para nós as nossas opiniões<br />
sobre despesas <strong>que</strong> falam por si.”<br />
Uma forma de encontrarem esse<br />
equilíbrio é fi ltrarem o trabalho<br />
em conjunto. “Toda a gente ‘pesca’<br />
[vasculha os contratos], mas só<br />
se publica depois de debatermos<br />
e chegarmos a um consenso”,<br />
explica Rui Abreu. Embora sem<br />
entrar em detalhes, ele é o único<br />
<strong>que</strong> assume já ter sido prejudicado<br />
devido à forma como toma posições<br />
públicas de denúncia. Mais do <strong>que</strong><br />
recusarem o medo de poderem vir a<br />
pagar pela sua irreverência, o <strong>que</strong> os<br />
caracteriza é mesmo a sensação de<br />
<strong>que</strong> não pensam, se<strong>que</strong>r, nisso.<br />
“O senhor de Santa Comba já<br />
morreu há muito tempo”, ironiza<br />
Bárbara. E, embora tenha deixado<br />
“muita herança”, diz Rui Abreu,<br />
nenhum deles concebe <strong>que</strong>, “em<br />
democracia”, falar abertamente<br />
sobre o <strong>que</strong> o poder anda a fazer<br />
com o nosso dinheiro possa ser uma<br />
actividade com riscos envolvidos.<br />
Para mais, esta é a primeira vez <strong>que</strong><br />
dão a cara. Os textos do blogue não<br />
são assinados, não por<strong>que</strong> algum<br />
deles tivesse receio de assumir o<br />
<strong>que</strong> escreve, mas por<strong>que</strong> a intenção<br />
era não assumir protagonismo.<br />
“Nunca foi essa a ideia”, assegura<br />
Rui Mar<strong>que</strong>s.<br />
Seja como for, a sua actividade<br />
começou a dar nas vistas. O blogue<br />
tem cerca de 130 mil visualizações<br />
e há 1300 seguidores no Facebook.<br />
Alguns deles serão jornalistas… “O<br />
impacto do <strong>que</strong> escrevemos só pode<br />
ser maior se houver notícias dos<br />
casos <strong>que</strong> relatamos”, assumem. E<br />
já houve. Algumas até sem citarem a<br />
fonte, o <strong>que</strong> os deixa aborrecidos.<br />
“Nós <strong><strong>que</strong>rem</strong>os<br />
promover o debate.<br />
E, curiosamente,<br />
quanto mais<br />
pe<strong>que</strong>no é o lugar<br />
ou instituição <strong>que</strong><br />
denunciamos mais<br />
facilmente obtemos<br />
reacções”<br />
Rui Abreu<br />
Mas eles sabem <strong>que</strong> estão a ser<br />
ouvidos. Quando denunciaram os<br />
planos de construção de um par<strong>que</strong><br />
de estacionamento subterrâneo em<br />
Baião, receberam esclarecimentos,<br />
“de grande nível”, da autarquia e do<br />
gabinete de arquitectos envolvido.<br />
Uma leitora do blogue escreveu ao<br />
presidente da Câmara de Cascais<br />
sobre a intenção da autarquia de<br />
gastar 120 mil euros em estudos<br />
para aquilatar da opinião dos<br />
munícipes sobre o desempenho dos<br />
autarcas e foi-lhe comunicado <strong>que</strong> o<br />
projecto fora cancelado…<br />
O regabofe de 2009<br />
Serão excepções. Tal como a<br />
generalidade dos portugueses, os<br />
poderes públicos não gostam de<br />
ser <strong>que</strong>stionados. Azar deles. “Nós<br />
<strong><strong>que</strong>rem</strong>os promover o debate.<br />
E, curiosamente, quanto mais<br />
pe<strong>que</strong>no é o lugar ou instituição<br />
<strong>que</strong> denunciamos mais facilmente<br />
obtemos reacções”, explica Rui<br />
Abreu. “Acreditamos <strong>que</strong> as pessoas<br />
podem reagir e pressionar os<br />
poderes”, completa Bárbara.<br />
De fora do seu raio de acção<br />
ainda fi ca muita coisa. As regalias<br />
dos titulares de cargos e postos<br />
de topo, por exemplo. “É muita<br />
burocracia para obter respostas.<br />
Não está à distância de um cli<strong>que</strong> e<br />
isso impede-nos de ir mais longe”,<br />
explica Bárbara. Pior ainda é o<br />
caso das fundações, <strong>que</strong> não estão<br />
obrigadas por lei a publicar os seus<br />
contratos.<br />
Mas eles porfi am. E vão revelando<br />
contas estranhas da Madeira<br />
(dois meses depois descobriu-se<br />
o buraco orçamental), a estranha<br />
paixão dos organismos públicos<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 11<br />
por agendas e calendários,<br />
a dimensão das despesas da<br />
Presidência da República, as<br />
empresas pagas para prestarem<br />
serviços <strong>que</strong> não aparecem feitos, as<br />
extravagâncias de alguns autarcas,<br />
as irresponsabilidades de outros, a<br />
aparente inimputabilidade de quase<br />
todos.<br />
Fazem-no sem qual<strong>que</strong>r bandeira<br />
<strong>que</strong> não “a cidadania”, ao contrário<br />
de outros grupos — contra as<br />
portagens, os recibos verdes, as<br />
propinas —, <strong>que</strong> têm uma causa,<br />
uma agenda própria. Numa altura<br />
em <strong>que</strong> as pessoas se mostram<br />
receptivas a denúncias, eles<br />
admitem <strong>que</strong> os melhores casos de<br />
gastos estapafúrdios podem estar<br />
no passado (2009, ano de duas<br />
eleições, foi fértil), uma vez <strong>que</strong> a<br />
austeridade limita a capacidade de<br />
gastar mal.<br />
Mas eles encontram sempre<br />
alguma coisa. E pegam, irritando<br />
muita gente e incomodando ainda<br />
mais. Rui Mar<strong>que</strong>s recorda uma: “O<br />
presidente do Inatel chegou a dizer<br />
<strong>que</strong> a nossa denúncia tinha por trás<br />
interesses de privatização ao serviço<br />
de determinado grupo económico…<br />
Parece uma coisa de Hollywood:<br />
procura-se uma grande conspiração<br />
e afi nal são só três tipos <strong>que</strong> não<br />
vêem novelas.”<br />
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12 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Entrevista<br />
Manuel Sobrinho Simões<br />
“A sustentabilidade do<br />
Serviço Nacional de Saúde<br />
exige <strong>que</strong> racionemos”<br />
Planifi car, separar o essencial do acessório e racionar. Três coisas <strong>que</strong> não<br />
podemos evitar fazer no Serviço Nacional de Saúde para o conseguirmos<br />
manter, diz o professor universitário e cientista Manuel Sobrinho Simões.<br />
Ficam os avisos: Não vai haver dinheiro para tudo mas não se pode admitir<br />
<strong>que</strong> a medicina privada viva de desnatar a medicina pública.<br />
Alexandra Campos e Andrea Cunha Freitas (texto) Manuel Roberto (fotos)<br />
a O médico apresenta soluções<br />
para manter o Serviço Nacional<br />
de Saúde (SNS) em tempo de<br />
cortes “brutais” e dá exemplos de<br />
racionamento, como limitar a dois<br />
o número de ecografi as durante a<br />
gravidez. O professor universitário<br />
fala em fechar universidades e<br />
cursos para melhorar o ensino.<br />
O investigador pede um reforço<br />
e classifi ca de “indecente” a<br />
possibilidade de o Governo<br />
aproveitar a crise para destruir o<br />
tecido institucional público. E o<br />
avô está assustado com o futuro<br />
mais difícil <strong>que</strong> se adivinha. Todas<br />
as vozes numa só pessoa: Manuel<br />
Sobrinho Simões. Aos 64 anos,<br />
o rosto do Instituto de Patologia<br />
e Imunologia Molecular da<br />
Universidade do Porto (Ipatimup)<br />
está longe de pensar na reforma,<br />
ao contrário de muitos colegas de<br />
profi ssão.<br />
Recentemente, num programa<br />
de televisão, falou na<br />
necessidade de racionar no<br />
Serviço Nacional de Saúde. O<br />
<strong>que</strong> <strong>que</strong>ria dizer com isso?<br />
Primeiro ponto: é difícil arranjar<br />
alguém <strong>que</strong> seja mais a favor do SNS<br />
do <strong>que</strong> eu. Farei tudo <strong>que</strong> estiver<br />
ao meu alcance para <strong>que</strong> o SNS se<br />
mantenha vivo e saudável. Segundo<br />
ponto: O caso da saúde é uma<br />
história de sucesso extraordinária.<br />
Nos países em <strong>que</strong> foi mudado o<br />
sistema no sentido da iniciativa<br />
privada a saúde piorou e fi cou<br />
mais cara. Os EUA têm um sistema<br />
de saúde pior do <strong>que</strong> o nosso<br />
em todos os indicadores e muito<br />
mais caro. Portanto, não acho <strong>que</strong><br />
em nenhuma circunstância seja<br />
defensável pensar em acabar com<br />
SNS ou se<strong>que</strong>r fragilizá-lo. Agora,<br />
o SNS não se aguenta como está e<br />
aí aparecem palavras e os verbos é<br />
<strong>que</strong> não são fáceis. O verbo racionar<br />
é infelicíssimo por<strong>que</strong> está muito<br />
ligado afectivamente à guerra.<br />
Queria dizer racionar ou<br />
racionalizar?<br />
As duas coisas. Infelizmente vai<br />
ser preciso racionar. Mas antes<br />
disso há medidas a tomar <strong>que</strong> são<br />
relativamente menos dolorosas,<br />
como planifi car e separar o<br />
essencial do acessório. Odeio<br />
a palavra racionar, tem uma<br />
componente afectiva <strong>que</strong> não pode<br />
ser pior, mas a sustentabilidade do<br />
SNS exige <strong>que</strong> nós planifi <strong>que</strong>mos,<br />
separemos o essencial do acessório<br />
e racionemos. Três coisas <strong>que</strong> não<br />
podemos evitar.<br />
Isso é tudo muito abstracto….<br />
Dou-lhe um exemplo. Temos <strong>que</strong><br />
decidir se vamos investir mais<br />
no diagnóstico pré-natal e na<br />
Os cuidados<br />
paliativos podem<br />
ser resolvidos com<br />
associações, com<br />
amizade, com<br />
ternura, não são<br />
caros do ponto de<br />
vista médico. (...)<br />
Temos <strong>que</strong><br />
recuperar<br />
rapidamente o<br />
nosso capital nas<br />
Misericórdias a sério<br />
fertilização in vitro ou mais no<br />
tratamento das pessoas idosas.<br />
Os recursos são fi nitos, não há<br />
dinheiro para tudo. Bater-me-ei até<br />
ao fi m para ter um SNS sustentável,<br />
para isso precisamos de poupar,<br />
depois discutimos o racionamento,<br />
<strong>que</strong> tem de ser sempre encarado<br />
como a última solução.<br />
O ministro da Saúde está<br />
pressionado para reduzir a<br />
despesa. Acha <strong>que</strong> o <strong>que</strong> se está a<br />
fazer são cortes cegos?<br />
Não sei. Que são cortes brutais<br />
são, <strong>que</strong> seguramente não são<br />
inteligentes, não são. Também não<br />
faço a mínima ideia se é possível<br />
atingir este nível de poupança com<br />
medidas inteligentes. Temos uma<br />
literacia mínima, portanto as nossas<br />
discussões são sempre inquinadas<br />
por meia dúzia de bandeiras. Outro<br />
exemplo: se diminuir a quantidade<br />
de doentes <strong>que</strong> chegam ao<br />
Hospital de S. João [no Porto] e não<br />
precisavam de chegar, a qualidade<br />
melhora. Nesta altura, e isso é<br />
estúpido, os hospitais são pagos por<br />
acto médico, portanto o S. João não<br />
se importa de ter uma quantidade<br />
enorme de doentes nas consultas<br />
<strong>que</strong>, na sua maioria, deviam ter<br />
fi cado nos centros de saúde ou nos<br />
hospitais periféricos. Quem perde<br />
são os doentes mais graves.<br />
Mas indo ao concreto. Entre<br />
a procriação medicamente<br />
assistida e cuidar dos idosos?<br />
Aí se não houver dinheiro já põe<br />
um problema seriíssimo. Não sei.<br />
Portugal é um país muito<br />
envelhecido...<br />
Não, não. Nós não temos é<br />
crianças. O <strong>que</strong> somos é um país<br />
de doentes ou pelo menos de<br />
pessoas <strong>que</strong> se julgam doentes. Nós<br />
<strong>que</strong>ixamo-nos mais por<strong>que</strong> somos<br />
periféricos, pe<strong>que</strong>nos, pobres e<br />
assustados. Há uma negociação<br />
nossa com a fragilidade <strong>que</strong> é fruto<br />
da nossa experiência comercial. Na<br />
nossa cultura é quase malcriado<br />
dizer estou bem nunca estive tão<br />
bem na vida. A vitimização cria<br />
empatia, como temos uma vaga<br />
inspiração religiosa, não gostamos<br />
de desafi ar Deus. Isso difi culta<br />
muito, de novo, a planifi cação de<br />
saúde, por<strong>que</strong> a valorização das<br />
<strong>que</strong>ixas é muito difícil de fazer de<br />
uma forma objectiva. Vamos ter<br />
muita difi culdade em planifi car.<br />
Mas planifi ca melhor a medicina de<br />
proximidade do <strong>que</strong> a de hospital<br />
central, melhor os enfermeiros <strong>que</strong><br />
vão a casa do <strong>que</strong> o médico <strong>que</strong> vê<br />
o doente de tempos a tempos.<br />
No tal programa de televisão, foi<br />
dado o exemplo da hemodiálise<br />
como algo <strong>que</strong> poderia ser pago
pelos doentes com mais de<br />
70 anos. Foi muito polémico.<br />
Concorda?<br />
É um disparate. Não existe em<br />
nenhuma parte do mundo. Vamos<br />
ter <strong>que</strong> decidir outras coisas,<br />
como por exemplo quando<br />
interrompemos tratamentos. A<br />
nossa civilização acha <strong>que</strong> a morte<br />
é opcional e não é. Se calhar é<br />
mesmo melhor morrer em paz,<br />
com a família, não podemos<br />
continuar a prolongar tratamentos<br />
indefi nidamente, fi ca caríssimo.<br />
Para isso é preciso mais cuidados<br />
paliativos...<br />
Os cuidados paliativos podem ser<br />
resolvidos com associações, com<br />
amizade, com ternura, não são<br />
caros do ponto de vista médico. E<br />
aí continuo a pensar <strong>que</strong> temos <strong>que</strong><br />
recuperar rapidamente o nosso<br />
capital nas Misericórdias a sério.<br />
Concorda com a devolução dos<br />
hospitais às Misericórdias?<br />
Sim. Mas as Misericórdias não têm<br />
capacidade para gerir grandes<br />
hospitais. Falo de hospitais como o<br />
de Arouca, Vila Nova de Cerveira,<br />
Valença, Caminha, hospitais<br />
de cuidados continuados, de<br />
recuperação e reabilitação.<br />
Dê-nos mais exemplos de<br />
racionamento<br />
O racionamento <strong>que</strong> para mim é<br />
óbvio é o do número de ecografi as<br />
durante a gravidez. Na Inglaterra<br />
fazem-se duas. Um bom médico faz<br />
só duas ecografi as e é sufi ciente.<br />
Mais?<br />
Sou contra a taxa de médicos por<br />
habitante <strong>que</strong> em Portugal é maior<br />
do <strong>que</strong> na maior parte dos países<br />
europeus. Temos um problema<br />
de distribuição. Não acho <strong>que</strong><br />
a solução seja fazer faculdades<br />
de medicina privada, já temos<br />
faculdades em excesso.<br />
Em Portugal há hospitais a mais?<br />
Há, isso é indiscutível. Aí é <strong>que</strong><br />
é preciso também racionar. Nos<br />
medicamentos temos igualemente<br />
<strong>que</strong> fazer contas. Se não houver<br />
dinheiro para todos, temos<br />
<strong>que</strong> decidir os <strong>que</strong> vamos usar.<br />
Outra <strong>que</strong>stão é, por exemplo, o<br />
problema das bandas gástricas<br />
para a obesidade. A pessoa <strong>que</strong><br />
não <strong>que</strong>r fazer regime deve ter o<br />
mesmo direito a ter uma banda<br />
gástrica do <strong>que</strong> a pessoa <strong>que</strong> <strong>que</strong>r<br />
fazer regime? Se os recursos são<br />
fi nitos, tem <strong>que</strong> se decidir quanto<br />
do dinheiro público vai ser gasto<br />
em bandas gástricas e qual é a<br />
contrapartida <strong>que</strong> se pede aos<br />
cidadãos para terem acesso a isso.<br />
Não vale a pena as pessoas poremse<br />
na posição de <strong>que</strong> tem <strong>que</strong> haver<br />
dinheiro para isso, por<strong>que</strong> não vai<br />
haver dinheiro para tudo.<br />
As pessoas respondem <strong>que</strong> para<br />
a saúde tem de haver sempre<br />
dinheiro...<br />
Mas não vai haver dinheiro para a<br />
saúde. E não é só cá em Portugal.<br />
Já não está a haver em parte<br />
nenhuma civilizada do mundo.<br />
A sociedade tem de ser capaz de<br />
aumentar a sustentabilidade do<br />
SNS à custa de mecanismos de<br />
prevenção e planifi cação.<br />
Concorda com o co-pagamento?<br />
Acha <strong>que</strong> as pessoas <strong>que</strong> ganham<br />
mais deviam pagar mais? Ou o<br />
fi nanciamento devia fazer-se só<br />
pela via dos impostos?<br />
Não sei comparar as duas coisas.<br />
Até por<strong>que</strong> há muita fuga aos<br />
impostos em Portugal e portanto<br />
isso é o <strong>que</strong> me assusta mais. Seria<br />
a favor do co-pagamento para<br />
assegurar a sustentabilidade do<br />
SNS. Se a pessoa pode pagar... Uma<br />
coisa <strong>que</strong> <strong>que</strong>ro <strong>que</strong> fi <strong>que</strong> bem<br />
claro: sou totalmente a favor da<br />
existência de medicina privada.<br />
Mas acho <strong>que</strong> a medicina pública e<br />
o SNS são muito mais importantes<br />
para o país. Deve haver regras<br />
muito claras de articulação da<br />
medicina privada com a pública,<br />
não se pode admitir <strong>que</strong> a<br />
medicina privada viva de desnatar<br />
a medicina pública.<br />
Sou a favor <strong>que</strong> nas<br />
regiões fronteiriças<br />
se usem os tratados<br />
europeus e, se<br />
houver bons<br />
hospitais em<br />
Espanha, devemos<br />
ir a Espanha.<br />
Há um custo de<br />
localização, <strong>que</strong><br />
não se resolve<br />
aumentando oferta<br />
sem qualidade<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 13<br />
É isso <strong>que</strong> tem acontecido em<br />
Portugal?<br />
É. Vamos a outra <strong>que</strong>stão de<br />
racionamento, desta vez da<br />
privada. Acho muito bem <strong>que</strong> as<br />
pessoas <strong>que</strong> <strong>que</strong>iram escolham<br />
hospitais privados para ter as<br />
crianças. Agora, tinha de existir<br />
um acordo com os hospitais<br />
privados onde há partos e, quando<br />
as coisas dão para torto e elas vão<br />
parar às maternidades e hospitais<br />
centrais, parte do dinheiro <strong>que</strong> as<br />
pessoas tinham pago revertia para<br />
o público. Às tantas, temos tudo o<br />
<strong>que</strong> é rendível nos privados e tudo<br />
o <strong>que</strong> dá despesa é pago por todos<br />
nós.<br />
Quando me fala destas escolhas e<br />
decisões difíceis entre o essencial<br />
e o acessório... Lembra-se do <strong>que</strong><br />
aconteceu com as maternidades<br />
[foram fechadas várias, por entre<br />
os protestos da população]?<br />
Isso das maternidades foi muito<br />
infeliz por<strong>que</strong> o ministro Correia<br />
de Campos tinha toda a razão. Foi<br />
uma medida inteligentíssima.<br />
Mas acha <strong>que</strong> este “povo<br />
pe<strong>que</strong>no, assustado, pobre”<br />
(como lhe chamou) é capaz de<br />
aceitar estas decisões?<br />
Não sei. As maternidades ou o<br />
tratamento de cancro são bons<br />
exemplos. Mas atenção: percebo<br />
<strong>que</strong>, para a pessoa <strong>que</strong> está em<br />
tratamento com quimioterapia<br />
ou radioterapia, a deslocação seja<br />
um sofrimento muito grande.<br />
Era preciso arranjar formas de<br />
deslocação <strong>que</strong> fossem o menos<br />
incómodas possível.<br />
Está a falar da rede de<br />
referenciação do cancro. Mas<br />
ainda não avançou...<br />
Não sei por<strong>que</strong> não avança. Mas<br />
tenho a certeza é <strong>que</strong> a ideia <strong>que</strong> as<br />
pessoas têm de <strong>que</strong> é muito bom<br />
ter um hospital ao pé de casa é<br />
uma estupidez. É uma estupidez<br />
da<strong>que</strong>las!<br />
Mas temos de levar os doentes<br />
aos sítios onde podem ser<br />
tratados.<br />
Temos de racionalizar os<br />
transportes de forma a optimizar<br />
o transporte de doentes <strong>que</strong><br />
não tenham possibilidade de se<br />
deslocar de outra maneira. Por<br />
exemplo, se há quatro doentes<br />
<strong>que</strong> vêm num transporte só se<br />
deve fazer um pagamento. Não um<br />
por cada doente. Se a pessoa tem<br />
possibilidade de andar, não é só<br />
por<strong>que</strong> está doente <strong>que</strong> deve vir<br />
de ambulância. Nesse caso paga, é<br />
mais barato, e vem de comboio ou<br />
de autocarro.<br />
Mas aí a pessoa está a ser<br />
penalizada por estar longe do<br />
centro de tratamento.<br />
Como está longe de uma escola<br />
ou de um tribunal. Esse é um<br />
problema menor num país como<br />
o nosso. É um problema social<br />
gravíssimo do ponto de vista da<br />
desertifi cação do interior... mas<br />
não é o problema das pessoas. O<br />
problema das pessoas é solúvel,<br />
até por<strong>que</strong> não são muitas. De<br />
resto, eu também sou a favor<br />
<strong>que</strong> nas regiões fronteiriças se<br />
usem os tratados europeus e,<br />
se houver bons hospitais em
14 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Entrevista<br />
Espanha, devemos ir a Espanha.<br />
Há um custo de localização, de<br />
pouca sorte, <strong>que</strong> não se resolve<br />
aumentando uma oferta sem<br />
qualidade. E isso também é<br />
racionar. Não pode haver tantos<br />
hospitais a tratar cancro como há.<br />
Por<strong>que</strong> <strong>que</strong>m trata poucos cancros<br />
por ano, trata mal. Se me diz... ah,<br />
mas o povo não <strong>que</strong>r, paciência.<br />
Ou manda o ministro<br />
embora como fez no caso das<br />
maternidades com o Correia de<br />
Campos.<br />
Atenção <strong>que</strong> o Correia de Campos<br />
foi um excelente ministro da<br />
Saúde.<br />
E o <strong>que</strong> diz do actual?<br />
Não digo. Não conheço. Se <strong><strong>que</strong>rem</strong><br />
<strong>que</strong> diga algo positivo, foi a<br />
recondução dos directores do S.<br />
João e IPO <strong>que</strong> tanto quanto sei<br />
não são próximos do partido do<br />
Governo. São excelentes gestores.<br />
E aqui dou outra ideia. Este tipo<br />
de efi ciência de gestão pode<br />
ser usado como exemplo para<br />
hospitais semelhantes (cuidado,<br />
não se pode comparar coisas <strong>que</strong><br />
são diferentes). O São João pode<br />
ser comparado com o Hospital da<br />
Universidade de Coimbra e com<br />
o Santa Maria (em Lisboa). Seria<br />
sempre a favor de usar exemplos<br />
concretos, em vez dos tais cortes<br />
cegos. Que também é muito raro<br />
na nossa cultura, <strong>que</strong> é muito<br />
retórica. As pessoas gostam dos<br />
tipos <strong>que</strong> falam, falam... Quando<br />
alguém faz muito coloca os pares<br />
em che<strong>que</strong> e fere um maior<br />
número de interesses instalados.<br />
São mudanças difíceis...<br />
A grande resistência da sociedade<br />
portuguesa à transformação está<br />
na iliteracia. Continuamos a não<br />
saber o <strong>que</strong> nos interessa. Além<br />
disso, temos uma sociedade com<br />
corporações muito instaladas.<br />
Aí, as resistências são múltiplas.<br />
Nós podemos poupar imenso sem<br />
racionar. O <strong>que</strong> é uma estupidez é<br />
as pessoas começarem a chatear<br />
toda a gente se o velhinho de 70<br />
anos vai ou não fazer hemodiálise<br />
quando podemos é diminuir<br />
imenso as pessoas <strong>que</strong> precisam de<br />
hemodiálise.<br />
Acha <strong>que</strong> vamos conseguir sair<br />
da crise?<br />
Acho <strong>que</strong> sim, apesar de tudo<br />
temos condições razoáveis. Temos<br />
um desenvolvimento muito<br />
grande da ciência e educação.<br />
Tivemos. Somos muito sensíveis<br />
ao estrangeirado, é uma das<br />
características do Portugal. Mas,<br />
se repararmos, estamos a reagir de<br />
uma forma muito mais organizada<br />
do <strong>que</strong>, por exemplo, os gregos, os<br />
espanhóis e italianos.<br />
Temos mais espírito de sacrifício<br />
ou somos mais conformados?<br />
Temos mais espírito de sacrifi co.<br />
E, está bem, estamos mais calados<br />
mas isso é bom em termos de<br />
concertação social. Um dos<br />
grandes problemas para nós<br />
seria se, de repente, caíssemos<br />
num desespero tal <strong>que</strong> levasse,<br />
por exemplo, a um aumento da<br />
violência urbana.<br />
Acha <strong>que</strong> isso não pode ainda vir<br />
a acontecer? Ainda estamos no<br />
A nossa ciência está<br />
muito dependente<br />
do privado. Mas eu<br />
prefiro <strong>que</strong> exista<br />
a Champalimaud<br />
e a Gulbenkian<br />
do <strong>que</strong> não os ter.<br />
Não resolvo o meu<br />
problema com<br />
inveja. Ao menos<br />
<strong>que</strong> venham eles.<br />
Por outro lado,<br />
acho uma estupidez<br />
esta ideia de <strong>que</strong> é<br />
melhor emigrar<br />
início...<br />
É verdade. E estou muito<br />
assustado. Mas a minha fuga é<br />
sempre para a frente, é fazendo.<br />
Mesmo aqui no Ipatimup, onde<br />
estamos a passar uma fase difícil.<br />
O Governo cortou de uma forma<br />
estúpida, a universidade cortou e<br />
as pessoas não nos pagam.<br />
Que corte tiveram no orçamento?<br />
Tínhamos um contrato com<br />
a Fundação para a Ciência e<br />
Tecnologia de 1,6 milhões de<br />
euros por ano e reduziram-nos<br />
para o valor de 2005, 1,2 milhões.<br />
Este ano vamos aguentar com<br />
o dinheiro <strong>que</strong> tínhamos no<br />
banco. Mais dois anos assim<br />
e ou despedimos pessoas ou<br />
desligamos o a<strong>que</strong>cimento...<br />
ainda temos também o problema<br />
das prestações de serviços aos<br />
hospitais <strong>que</strong> também não estão a<br />
pagar.<br />
A investigação está ser afectada<br />
pela crise?<br />
Está muito bem por<strong>que</strong> ainda<br />
está com o lanço <strong>que</strong> teve com<br />
o ministro Mariano Gago. Está<br />
a ser afectada, mas apesar de<br />
tudo este ministro [Nuno Crato] é<br />
inteligente e a secretária de Estado<br />
[Leonor Parreira] é muito sensível<br />
à investigação. Esta decisão de<br />
passar para o orçamento de 2005 é<br />
do ano anterior, estes responsáveis<br />
mantiveram mas não diminuíram<br />
ainda mais. O futuro é assustador.<br />
Mas não estou tão preocupado<br />
com a ciência por<strong>que</strong> a ciência é<br />
internacional.<br />
Somos premiados e respeitados,<br />
mas somos apoiados?<br />
A nossa ciência está muito<br />
dependente do privado. Mas eu<br />
prefi ro <strong>que</strong> exista a Champalimaud<br />
e a Gulbenkian do <strong>que</strong> não os ter.<br />
Não resolvo o meu problema com<br />
inveja. Ao menos <strong>que</strong> venham<br />
eles. Por outro lado, acho uma<br />
estupidez esta ideia de <strong>que</strong> é<br />
melhor emigrar.<br />
Há fuga de cérebros?<br />
Há muita gente <strong>que</strong> está a sair.<br />
O país ganha em criar condições<br />
para <strong>que</strong> muitos dos bons fi <strong>que</strong>m.<br />
Não é preciso <strong>que</strong> fi <strong>que</strong>m todos.<br />
Voltamos à saúde e ao ensino. No<br />
ensino também temos de racionar.<br />
Não podemos ter o número de<br />
universidades e politécnicos <strong>que</strong><br />
temos. Temos dezenas de cursos<br />
de arquitectura, de psicologia...<br />
e os miúdos vão quase todos<br />
para o desemprego. Num país<br />
<strong>que</strong> está fragilizado, por razões<br />
circunstanciais e estruturais, o<br />
tru<strong>que</strong> não é apostar em pessoas<br />
e fait-divers, é apostar em<br />
instituições. Mas os políticos não<br />
gostam de escolher instituições.<br />
Perdem votos.<br />
Nem gostam de fechar<br />
universidades ou hospitais...<br />
Exacto. O grande obstáculo, além<br />
das corporações, são os próprios<br />
políticos. Os políticos vivem<br />
das corporações por interposta<br />
pessoa.<br />
E, ainda assim, acha <strong>que</strong> vamos<br />
conseguir sair disto?<br />
Acho por<strong>que</strong> não temos<br />
alternativa.<br />
Vamos sair disto diferentes?<br />
Já estamos um bocadinho<br />
diferentes. Aumentámos as<br />
exportações... não vamos<br />
continuar a fazer auto-estradas...<br />
acho <strong>que</strong> nós, como povo,<br />
somos bons em situações de<br />
grande aperto, em catástrofes.<br />
Despertamos solidariedade,<br />
generosidade. Não somos bons é<br />
na manutenção.<br />
O problema é <strong>que</strong> tudo indica<br />
<strong>que</strong> esta catástrofe é de longa<br />
duração...<br />
Vamos ter de aguentar por<strong>que</strong><br />
não temos alternativa. Não sei até<br />
<strong>que</strong> ponto vamos mudar os nossos<br />
comportamentos sociais. Se isto<br />
fi zesse com <strong>que</strong> houvesse menos<br />
hospitais e melhores, com redes de<br />
referenciação, menos e melhores<br />
universidades, menos cursos,<br />
menos e melhores instituições de<br />
ciência, tínhamos dado um passo<br />
de reforço do tecido social. O <strong>que</strong><br />
acho indecente é se o Governo<br />
aproveitar esta oportunidade para<br />
destruir o tecido institucional<br />
público.<br />
Há esse risco?<br />
Tenho medo. Sou totalmente a<br />
favor de reforçar o público, no<br />
ensino, na investigação e saúde.<br />
Se for preciso aparando as arestas,<br />
mas reforçá-lo. Não fragilizá-lo.<br />
Continuo a achar <strong>que</strong> é criminoso<br />
acreditar <strong>que</strong> a medicina privada e<br />
a privatização é melhor. É pior em<br />
custos e em efi ciência e qualidade.<br />
Está a falar das PPP [parcerias<br />
público-privadas]?<br />
Estou a falar de hospitais<br />
universitários e IPO <strong>que</strong> é o <strong>que</strong><br />
conheço melhor. Seria mortal<br />
<strong>que</strong> fossem transformados em<br />
empresas semiprivadas. Se<br />
quisermos dar cabo do SNS a<br />
melhor maneira é acabar com<br />
os hospitais universitários e IPO.<br />
São estas as instituições <strong>que</strong><br />
dão es<strong>que</strong>leto ao sistema. Sou<br />
totalmente contra a privatização<br />
da saúde. Não tenho nada contra<br />
a existência de áreas da saúde<br />
<strong>que</strong>, com regras claras, estejam<br />
privatizadas. Mas privatizar o<br />
SNS de uma forma disfarçada<br />
com a ideia de <strong>que</strong> os privados<br />
gerem melhor <strong>que</strong> o público? Não.<br />
Conheço públicos e privados <strong>que</strong><br />
são horrorosamente geridos. Todos<br />
nós já chamamos canalizadores a<br />
casa! Todos nós já recorremos a<br />
serviços privados <strong>que</strong> são muito<br />
maus.<br />
Disse recentemente numa<br />
entrevista <strong>que</strong> acabou o<br />
tempo das mordomias. Temos<br />
mordomias?<br />
Tínhamos. O dinheiro europeu<br />
para a nossa escala era muito e<br />
barato. Não nos apercebemos <strong>que</strong><br />
estávamos a comprar chatices para<br />
o futuro. Estávamos a criar um<br />
mundo cada vez mais desigual.<br />
Além das catástrofes naturais (da<br />
água e da energia), o <strong>que</strong> mais me<br />
assusta é a desigualdade. Por <strong>que</strong><br />
está a aumentar de uma maneira<br />
obscena. Como sociedade, fomos<br />
apanhados de surpresa. E é<br />
verdade <strong>que</strong> não desenvolvemos<br />
ri<strong>que</strong>za. Acabámos com a pesca,<br />
agricultura, têxtil... o dinheiro<br />
da <strong>Europa</strong> veio contribuir para<br />
<strong>que</strong> isso fosse defi nhando e,<br />
em contrapartida, não criamos<br />
alternativas além do turismo e<br />
umas coisas muito incipientes e<br />
<strong>que</strong> não são muito empregadoras.<br />
O têxtil e o calçado estão agora<br />
a recuperar. Mas estou muito<br />
assustado.<br />
É o avô <strong>que</strong> está assustado?<br />
O avô, o pai, o colega... a falta<br />
de segurança para desenhar um<br />
futuro profi ssional. Eu vivi melhor<br />
do <strong>que</strong> os meus pais. Acho <strong>que</strong><br />
os nossos fi lhos vão ter mais<br />
difi culdades do <strong>que</strong> nós. E é a<br />
primeira vez <strong>que</strong> isso acontece.
Público Domingo 29 Janeiro 2012 15<br />
Divulgação A crise financeira do final do século XIX<br />
O iate real Amélia<br />
esteve no centro da<br />
contestação por causa<br />
dos gastos da Casa Real<br />
O rei doava mas recebia adiantado<br />
e o país republicano opôs-se<br />
D. Carlos doava 20% da sua dotação e sugeriu a Oliveira Martins a criação<br />
de um bilhete de identidade para obter mais receitas. O país vivia sob<br />
novas e violentas medidas de saneamento fi nanceiro<br />
Fernanda Rollo<br />
O governo, invocando a necessidade<br />
de medidas de salvação pública,<br />
procura aplicar apenas leis <strong>que</strong><br />
são odiosas, por<strong>que</strong> constituem<br />
excepções, por<strong>que</strong> muita coisa<br />
havia a fazer e se não fez, e por<strong>que</strong><br />
as medidas fi nanceiras não foram<br />
acompanhadas das indispensáveis<br />
medidas políticas <strong>que</strong> toda a gente<br />
esperava. Tinha-se prometido a<br />
moralização da administração,<br />
<strong>que</strong> os cortes atingiriam todos os<br />
abusos, e <strong>que</strong> viriam de cima para<br />
baixo. E afi nal? As propostas de<br />
fazenda são o <strong>que</strong> já toda a gente<br />
sabe, e sob o pretexto de se extinguir<br />
o defi cit, arranja-se uma verba <strong>que</strong><br />
vai, em grande parte, ser arrancada<br />
a <strong>que</strong>m não tem culpa do estado a<br />
<strong>que</strong> chegaram as coisas da fi nança,<br />
sem <strong>que</strong>, no entanto, a situação<br />
mude, preparando-se apenas um<br />
futuro de permanentes agonias<br />
para <strong>que</strong>m trabalha para viver!<br />
“As propostas do sr. Oliveira<br />
Martins” in O Século, 1 de Fevereiro<br />
de 1892, p. 1.<br />
O fi nal do século XIX conheceu em<br />
Portugal uma crise generalizada, em<br />
<strong>que</strong> se salientou, a par das profundas<br />
perturbações verifi cadas no plano<br />
político, uma crise fi nanceira <strong>que</strong> se<br />
revestiu de particular impacto e dramatismo.<br />
No seu conjunto, a crise,<br />
multifacetada, instalou-se, marcando<br />
inexoravelmente o processo <strong>que</strong> em<br />
breve conduziria ao colapso da Monarquia<br />
constitucional e à implantação<br />
da República.<br />
O cenário afi rmar-se-ia de crise global,<br />
sem es<strong>que</strong>cer o contágio externo<br />
ou diminuir os efeitos das perturbações<br />
registadas à escala internacional,<br />
<strong>que</strong> ganharam dimensão e impacto<br />
aproveitando as circunstâncias e vulnerabilidades<br />
de um país <strong>que</strong> tardava<br />
em modernizar-se e se mantinha entre<br />
os mais atrasados da <strong>Europa</strong>, gerando-se<br />
uma vertiginosa combinação<br />
negativa da qual parecia impossível<br />
escapar.<br />
A par da instante crise política, o<br />
generalizado mal-estar social, a crise<br />
económica e a derrocada fi nanceira,<br />
compuseram esse quadro de catástrofe<br />
<strong>que</strong> os escritores fi nisseculares<br />
pressentiam e denunciavam impiedosamente.<br />
Tempo de passagem do<br />
século, tom propício à dramatização<br />
da ideia de crise e decadência, tal como<br />
fi cou imortalizada na fi cção de Eça<br />
de Queirós, <strong>que</strong> morreu precisamente<br />
em 1900, Teixeira de Queirós e Fialho<br />
de Almeida, ou na poesia de Guerra<br />
Era do mar e não da corte <strong>que</strong> D. Carlos gostava<br />
Jun<strong>que</strong>iro e António Nobre (também<br />
morto em 1900). Retratos do país, feitos<br />
de testemunhos de desencanto,<br />
manifestos do espírito descrente e pessimista<br />
<strong>que</strong> entristeceu a pátria. A par<br />
do tom negativista e derrotista, surgia,<br />
de forma cada vez mais estridente, a<br />
crítica incisiva da sociedade burguesa<br />
<strong>que</strong> Abel Botelho denunciava em<br />
Amanhã (1901) ou, noutro palco, a caracterização<br />
feita por Oliveira Martins<br />
em Portugal Contemporâneo.<br />
Combinando com o tom de pessimismo<br />
decadentista, o contexto<br />
era propício ao descrédito, indelevelmente<br />
marcado pelo Ultimatum<br />
apresentado em Janeiro de 1890 pelo<br />
Governo inglês de lorde Salisbury,<br />
fazendo jus à sonoridade trágica de<br />
A Portuguesa ou, entre outros textos,<br />
ao ritmo comovente de Finis Patriae<br />
de Jun<strong>que</strong>iro.<br />
Tudo isso animava a vontade regeneradora<br />
e as aspirações republicanas,<br />
procurando a interrupção e a<br />
alternativa ao percurso decadentista a<br />
FOTOS: CORTESIA JOAQUIM VIEIRA/CÍRCULO DE LEITORES<br />
<strong>que</strong> a Monarquia surgia indissociada.<br />
Ao recém-criado Partido Republicano<br />
Português (1876), entre os demais<br />
defensores de uma solução política<br />
republicana, aliavam-se cada vez mais<br />
descontentes, engrossando as fi leiras<br />
do movimento, num tom de crescente<br />
nacionalismo, aglutinando um conjunto<br />
alargado de pretensões, almejando,<br />
entre outras, a libertação da<br />
tutela estrangeira, a democratização<br />
política, a generalização do sistema<br />
escolar, a modernização económica<br />
e social.<br />
Na realidade, para lá do impasse político,<br />
o modelo de desenvolvimento<br />
económico da Regeneração revelava<br />
sinais de esgotamento, desembocando<br />
na profunda crise económica<br />
e fi nanceira <strong>que</strong> assolou o país em<br />
1890/1891. O modelo económico da<br />
Regeneração, face às limitações do<br />
seu próprio enunciado, confrontavase<br />
com as hesitações e as inércias da<br />
actividade económica de um país <strong>que</strong>,<br />
afi nal, tardava em dar resposta aos de-<br />
safi os e às possibilidades da moderna<br />
expansão industrial e, em comparação<br />
com a situação internacional,<br />
entrara claramente em derrapagem.<br />
Portugal debatia-se à procura do seu<br />
ressurgimento, confrontado com as<br />
expectativas falhadas e sob o trauma<br />
e a ameaça da bancarrota.<br />
O dinamismo <strong>que</strong> a política fontista<br />
imprimiu à construção de grandes<br />
infra-estruturas, embora tendo efeitos<br />
positivos, mas insufi cientes até para<br />
a unifi cação do mercado interno, foi<br />
feito em grande medida através do recurso<br />
constante ao aumento da dívida<br />
pública interna e externa e ao défi ce<br />
orçamental, o <strong>que</strong>, associando-se à<br />
defi citária balança comercial portuguesa,<br />
acabou por arrastar a economia<br />
para uma difícil situação fi nanceira,<br />
colocando-a sob a perspectiva<br />
de uma falência generalizada. É certo,<br />
porém, <strong>que</strong> o período <strong>que</strong> antecedeu<br />
a Primeira Guerra Mundial registou<br />
um crescimento razoável do sector<br />
industrial, tal como aconteceu com<br />
a maioria das economias europeias<br />
mais atrasadas, mas circunscrito e longe<br />
de conseguir catapultar Portugal<br />
para o nível dos países desenvolvidos<br />
da <strong>Europa</strong>. Globalmente, o país falhou<br />
o início do seu processo de industrialização<br />
e modernização económica e<br />
social, mantendo taxas de crescimento<br />
muitíssimo modestas, ao nível das<br />
mais baixas registadas pelos países<br />
europeus ao longo de todo o período<br />
entre 1870 e 1913.<br />
A verdade é <strong>que</strong> os vários governos<br />
da fase fi nal da Monarquia, a braços<br />
com sucessivas crises políticas e fi nanceiras,<br />
estavam praticamente paralisados:<br />
incapazes de impor uma estratégia<br />
de desenvolvimento económico<br />
nacional, ou de reunir os recursos indispensáveis<br />
à sua concretização.<br />
O fi nal de oitocentos mostraria os limites<br />
do percurso desenhado. A difícil<br />
situação fi nanceira em <strong>que</strong> o fontismo<br />
tinha deixado o país agravou-se num<br />
cenário de crise a <strong>que</strong> não foi estranha<br />
a situação internacional e, em particular,<br />
a crise cambial brasileira e a decorrente<br />
contracção das remessas dos<br />
emigrantes <strong>que</strong> permitiam compensar<br />
signifi cativamente o defi ce das trocas<br />
portuguesas e, assim, ajudar a compor<br />
a situação fi nanceira do país. O Estado<br />
começou a sentir terríveis embaraços<br />
para acudir ao défi ce orçamental, para<br />
honrar os encargos da dívida e para<br />
socorrer alguns bancos e companhias<br />
(ferroviárias e coloniais) <strong>que</strong> andavam<br />
à beira da falência.<br />
Ultrapassada a fase mais crítica do<br />
confl ito inglês, ressurgia a ‘<strong>que</strong>stão<br />
da fazenda’, ou muito simplesmente
16 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Divulgação A crise financeira do final do século XIX<br />
o agravamento das despesas face ao<br />
rendimento de um país cuja produção,<br />
além do mais, se mantinha muito<br />
aquém de satisfazer as suas próprias<br />
necessidades e era manifestamente<br />
incapaz de compensar a sua dependência<br />
externa. Foi em vão <strong>que</strong> o governo<br />
procurou encontrar recursos<br />
a partir da venda do monopólio do<br />
tabaco. Grassava, intenso, o clima de<br />
desconfi ança e descrédito. Por fi m, em<br />
Maio de 1891 foi decretada a suspensão<br />
da convertibilidade, a <strong>que</strong>, em breve,<br />
em Junho, se seguiu o abandono do<br />
padrão-ouro. Falou-se de bancarrota<br />
e o público reagiu em pânico: entre<br />
Maio e Setembro de 1891 acorreu aos<br />
depósitos bancários e à conversão de<br />
notas. O Banco de Portugal fi cou sem<br />
reservas e outros bancos acabaram<br />
por suspender pagamentos.<br />
Não exagerei o terror pelo estado<br />
das coisas cá: isto nem forças tem<br />
para se sublevar. O cáustico dos<br />
impostos e deduções quase <strong>que</strong><br />
foi recebido com bênçãos. Somos<br />
um povo excelente cujo fundo é a<br />
fra<strong>que</strong>za bondosa e uma grande<br />
passividade. Estas qualidades são a<br />
origem dos nossos defeitos.<br />
Carta de Joaquim Pedro Oliveira<br />
Martins a Eça de Queiroz em 1892<br />
Acabou por ser a Oliveira Martins, <strong>que</strong><br />
em múltiplas ocasiões se manifestara<br />
profundamente crítico relativamente<br />
à política fontista, sobretudo pela sua<br />
repercussão no desequilíbrio das contas<br />
do Estado, <strong>que</strong> o rei D. Carlos, a<br />
partir de Janeiro de 1892, entregou a<br />
pasta da Fazenda e o encargo de ultrapassar<br />
os problemas mais instantes da<br />
crise. O novo ministro das Finanças,<br />
confrontado com um défi ce de 10 000<br />
contos (c. 25% das receitas) e uma<br />
dívida fl utuante de 23 000 contos,<br />
lançou imediatamente as primeiras<br />
medidas de saneamento fi nanceiro:<br />
uma taxa entre 5 e 20 por cento sobre<br />
os ordenados, soldos e pensões;<br />
uma taxa de 30 por cento sobre os<br />
rendimentos da dívida pública interna;<br />
uma proposta de renegociação da<br />
vida externa; e a instauração de novas<br />
pautas alfandegárias. Também aboliu<br />
o subsídio ao teatro da ópera de São<br />
Carlos e suspendeu as admissões na<br />
função pública.<br />
D. Carlos, por sua vez, quis fazer<br />
parte da solução, abdicou de 20% da<br />
sua dotação e ainda sugeriu a Oliveira<br />
Martins a ideia inovadora de encontrar<br />
novas fontes de receita através da<br />
instituição de uma espécie de bilhete<br />
de identidade.<br />
Nos anos de 1890 e 1891, a crise<br />
fi nanceira e monetária foi acompanhada<br />
por <strong>que</strong>bras signifi cativas de<br />
actividade em quase todos os sectores<br />
económicos. A crise, porém, não<br />
terá, segundo vários autores, originado<br />
um período de abrandamento<br />
do crescimento económico, dados<br />
os efeitos positivos das medidas de<br />
acréscimo do proteccionismo e de<br />
desvalorização monetária <strong>que</strong>, entre<br />
outras medidas, integraram a acção<br />
de Oliveira Martins e do seu sucessor,<br />
Dias Ferreira.<br />
Os tempos eram de acentuada instabilidade<br />
e de grande agitação política e<br />
social. As tentativas de regeneração do<br />
regime monárquico, as humilhações<br />
O rei nas Cortes em Junho de 1906, a 10 meses da dissolução do Parlamento<br />
Cento e<br />
vinte anos<br />
depois e,<br />
respeitando<br />
proporções,<br />
o país<br />
encontrase<br />
de novo<br />
numa<br />
situação<br />
muito<br />
semelhante<br />
à <strong>que</strong> a<br />
epígrafe de<br />
O Século<br />
fazia<br />
referência<br />
externas e, sobretudo, a bancarrota<br />
do Estado constituíam o prenúncio<br />
da <strong>que</strong>da inexorável do regime. A tendência<br />
revolucionária instalara-se, na<br />
sequência da primeira revolta armada<br />
contra a Monarquia, em 31 de Janeiro<br />
de 1891, no Porto.<br />
Os anos seguintes foram de acentuada<br />
agitação política e crispação social.<br />
O país viveu então, entre 1893 e 1907,<br />
um último ciclo rotativismo político<br />
entre os dois principais partidos monárquicos,<br />
sendo governado, alternadamente,<br />
por Hintze Ribeiro, chefe<br />
dos regeneradores, e Luciano de Castro,<br />
líder dos progressistas (<strong>que</strong> quando<br />
não estavam na chefi a do Governo<br />
alternavam também a direcção do Crédito<br />
Predial). Por junto, contaram-se<br />
oito ministérios, provando afi nal <strong>que</strong><br />
o rotativismo estava longe de proporcionar<br />
a almejada estabilidade política.<br />
A incapacidade de regeneração<br />
e superação dos sucessivos impasses<br />
políticos do campo monárquico, <strong>que</strong><br />
entretanto conhecerá várias cisões e<br />
dissensões, fez-se acompanhar do uso<br />
de expedientes e soluções erráticas no<br />
campo eleitoral e do recurso a medidas<br />
políticas e sociais crescentemente<br />
contestadas e contestáveis, criando<br />
um clima favorável à afi rmação das<br />
forças republicanas, apesar do agravamento<br />
do quadro repressivo. Não é<br />
portanto de estranhar a intensifi cação<br />
de manifestações de mal-estar social,<br />
refl ectindo difi culdades e descontentamentos,<br />
como a <strong>que</strong> fi cou conhecida<br />
pela “revolta do grelo”, em 1903.<br />
As manifestações populares contra<br />
a Monarquia, e a repressão <strong>que</strong> tiveram<br />
como resposta, prosseguiriam e<br />
aumentariam em particular durante<br />
o governo chefi ado, a partir de Maio<br />
de 1906, pelo regenerador dissidente<br />
João Franco, sobretudo desde <strong>que</strong>, em<br />
Abril de 1907, D. Manuel lhe concedeu<br />
a ditadura <strong>que</strong> recusara a Luciano de<br />
Castro e a Hintze Ribeiro.<br />
Nesses anos, embora ultrapassada<br />
a fase mais dramática da crise fi nanceira,<br />
a história das fi nanças públicas<br />
e da política nacional fi caria marcada<br />
pela presença de duas <strong>que</strong>stões, dois<br />
escândalos, devidamente explorados<br />
pela propaganda republicana e <strong>que</strong><br />
ganharam grande espectacularidade<br />
nas páginas dos jornais, entre a opinião<br />
pública e nos debates parlamentares.<br />
Desde logo, a velha <strong>que</strong>stão dos<br />
tabacos, a propósito do concurso para<br />
a renovação da exploração dos tabacos<br />
em regime de monopólio, cujas<br />
implicações políticas envolveram a<br />
<strong>que</strong>da de dois governos e a dissidência<br />
do Partido Progressista – a <strong>que</strong>stão<br />
só fi cou resolvida no governo de João<br />
Franco, <strong>que</strong> concedeu o exclusivo à<br />
Companhia dos Tabacos pela renda<br />
anual de 6520 contos.<br />
Erários separados<br />
A outra <strong>que</strong>stão foi a dos adiantamentos<br />
à Casa Real, chegada à imprensa<br />
republicana em 1905, <strong>que</strong> João Franco<br />
também viria a resolver, já em ditadura,<br />
através do decreto de 30 de Agosto<br />
de 1907, <strong>que</strong> concedia um aumento<br />
indirecto à “lista civil” para cobrir tais<br />
adiantamentos.<br />
A <strong>que</strong>stão dos adiantamentos recuava<br />
ao tempo da revolução liberal<br />
de 1820, quando, separando o erário<br />
público do erário régio, se criara uma<br />
Lista Civil para custear as despesas<br />
dos Braganças. Ora, como a dotação<br />
à coroa não era revista desde 1834,<br />
a coroa, desde o tempo do rei D. Luís,<br />
vinha recebendo adiantamentos<br />
à margem do disposto na Lista Civil<br />
e no Orçamento Geral do Estado. A<br />
<strong>que</strong>stão, em si já sufi cientemente<br />
sensível, ganhava expressão à luz<br />
dos empréstimos <strong>que</strong> entretanto a<br />
corte contraíra e, sobretudo, atendendo<br />
aos gastos em <strong>que</strong> a família real<br />
incorria. Não é de estranhar a violência<br />
da crítica dirigida à situação,<br />
sobretudo pela ilegalidade de <strong>que</strong> se<br />
revestia, evidentemente empolada<br />
a partir da oposição republicana.<br />
Estava Franco no poder quando<br />
a <strong>que</strong>stão, em 20 de Novembro de<br />
1906, assomou ao Parlamento. Afonso<br />
Costa não perdeu a oportunidade;<br />
feita a denúncia, criticada a situação,<br />
termina desferindo um golpe de certeira<br />
e histórica virulência: “Por muito<br />
menos crimes <strong>que</strong> os cometidos<br />
por D. Carlos I, rolou no cadafalso<br />
em França, a cabeça de Luís XVI”.<br />
A sessão terminou com a expulsão<br />
de Afonso Costa. Ânimos exaltados,<br />
dentro de fora do Parlamento, caracterizaram<br />
os tempos seguintes.<br />
João Franco, isolado e contestado,<br />
contaria ainda com o incondicional<br />
apoio régio, para, em Abril de 1907,<br />
dissolver o Parlamento. Foi então<br />
<strong>que</strong>, em Agosto, Franco fez publicar<br />
a resolução por decreto ditatorial dos<br />
adiantamentos à Casa Real, <strong>que</strong> anteriormente<br />
tinha prometido levar à<br />
deliberação do Parlamento. Determinava<br />
o decreto <strong>que</strong> o montante dos<br />
adiantamentos seria saldado através<br />
da privação perpétua das rendas dos<br />
prédios da coroa dados de arrendamento<br />
ao Estado e pela entrega do<br />
iate real Amélia ao Ministério da Marinha.<br />
Além disso, a Lista Civil era<br />
aumentada em 160 contos anuais.<br />
Difi cilmente o decreto poderia ter<br />
suscitado maior contestação... por<br />
tudo, e até pelo embuste <strong>que</strong> procurava<br />
fazer vingar, uma vez <strong>que</strong>, não<br />
só os referidos prédios já estavam<br />
desafectados da posse do rei, como<br />
o iate já sido doado à nação.<br />
Sensível à tensão instalada, entre o<br />
desgaste e o desprestígio da coroa e do<br />
sistema, atenta a contestação política<br />
e o desânimo popular, é de então a célebre<br />
expressão de Júlio Vilhena, novo<br />
chefe do Partido Regenerador: “Isto<br />
termina fatalmente por um crime ou<br />
por uma revolução”.<br />
Pois, como é sabido, as duas coisas<br />
aconteceram. No dia 1 de Fevereiro de<br />
1908, em Lisboa, deu-se o atentado à<br />
família real, tendo sido mortos o rei D.<br />
Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís<br />
Filipe. D. Manuel II tinha apenas 18<br />
anos quando recebeu a coroa; procurou<br />
o apoio de todos os partidos<br />
monárquicos, mas foi-lhe impossível<br />
travar a onda republicana, até por<strong>que</strong><br />
os próprios partidos monárquicos difi<br />
cilmente se entendiam, enquanto os<br />
republicanos se uniam e conspiravam<br />
contra o rei e pelo derrube da Monarquia.<br />
Na manhã do dia 5 de Outubro<br />
de 1910 foi proclamada a República<br />
em Portugal, a segunda na <strong>Europa</strong>, e<br />
anunciado o Governo Provisório das<br />
varandas da Câmara Municipal de Lisboa<br />
pela voz de José Relvas.<br />
Com a República vinha a miragem,<br />
não concretizada, da democracia e do<br />
progresso económico e social. Cento<br />
e vinte anos depois e, salvaguardando<br />
distâncias proporções, o país encontra-se<br />
de novo numa situação muito<br />
semelhante à <strong>que</strong> a epígrafe de O Século<br />
fazia referência. Historiadora<br />
Este artigo<br />
é financiado no<br />
âmbito do projecto to<br />
Público Mais<br />
publico.pt/<br />
publicomais
Portugal<br />
O Presidente tem o olhar crítico sobre a política do Governo<br />
<strong>Cavaquistas</strong> defendem saída<br />
de <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> do Governo<br />
A rota de colisão entre Cavaco e Passos acelerou-se. E os cavaquistas não<br />
escondem as divergências profundas em relação à política do Governo<br />
São José Almeida<br />
a É absoluta a discordância de algumas<br />
das mais proeminentes personalidades<br />
do cavaquismo e do próprio<br />
Presidente da República sobre<br />
a condução da política orçamental e<br />
as prioridades para a organização das<br />
fi nanças públicas, <strong>que</strong> têm sido adoptadas<br />
pelo Governo. O PÚBLICO sabe<br />
<strong>que</strong>, dentro deste grupo de personalidades<br />
<strong>que</strong> apoiam Cavaco Silva, há<br />
<strong>que</strong>m defenda já <strong>que</strong> o Governo deve<br />
substituir o ministro das Finanças, <strong>Vítor</strong><br />
<strong>Gaspar</strong>, <strong>que</strong> vêem como “um ultraliberal”<br />
<strong>que</strong> está a “dar cabo” do modelo<br />
social e económico construído<br />
após o 25 de Abril e no qual, frisam,<br />
os três governos de Cavaco (1985-1995)<br />
tiveram um papel crucial.<br />
A <strong>que</strong>stão de fundo — <strong>que</strong> tem<br />
criado tensão entre o Governo e o<br />
Presidente, cuja existência o Expresso<br />
ontem noticiou — passa pelo<br />
facto de <strong>que</strong> estas personalidades, a<br />
maioria das quais com conhecimento<br />
e refl exão precisamente na área<br />
económica, quando não mesmo em<br />
fi nanças públicas, como é o caso do<br />
próprio Cavaco Silva, verem como errado<br />
<strong>que</strong> as medidas de austeridade<br />
<strong>que</strong> são impostas pela crise da dívida<br />
pública sejam concretizadas com<br />
um enquadramento <strong>que</strong> vai conduzir,<br />
acreditam, à destruição da classe média<br />
e, conse<strong>que</strong>ntemente, do tecido<br />
económico português, <strong>que</strong> assenta<br />
em pe<strong>que</strong>nas e médias empresas, <strong>que</strong><br />
vivem do consumo.<br />
É notório, nas conversas com as<br />
personalidades do cavaquismo, o<br />
crescendo de preocupação sobre o<br />
<strong>que</strong> vêem como a “desestruturação<br />
da economia”, pela ausência de investimento.<br />
Isso é transparente em<br />
vésperas de mais uma cimeira europeia,<br />
<strong>que</strong> decorrerá amanhã, segunda-feira,<br />
em Bruxelas, e em <strong>que</strong> os<br />
responsáveis dos 27 Estados-membros<br />
vão, pela primeira vez, discutir<br />
a necessidade de uma agenda para o<br />
crescimento económico e políticas de<br />
investimento.<br />
Cavaco, o crítico<br />
O próprio Presidente já assumiu publicamente<br />
a sua discordância com<br />
o Governo. E as críticas de Cavaco<br />
Silva estenderam-se mesmo aos líderes<br />
da União Europeia, no discurso<br />
<strong>que</strong> fez a 12 de Outubro, no Instituto<br />
Universitário Europeu, Florença, Itália,<br />
quando defendeu <strong>que</strong> o problema<br />
não era do euro, mas das opções<br />
políticas dos Estados-membros e da<br />
falta de solidariedade e de políticas<br />
comuns conducentes à recuperação<br />
dos países em crise.<br />
A posição de crítica de Cavaco foi<br />
assumida internamente, dias depois,<br />
ao intervir no Congresso dos Economistas,<br />
em Lisboa, a 19 de Outubro,<br />
onde afi rmou explicitamente <strong>que</strong> era<br />
necessário “justiça na repartição dos<br />
sacrifícios” e combater “<strong>que</strong> se instale<br />
a ideia de <strong>que</strong> não se faz tudo o<br />
<strong>que</strong> podia ser feito para dinamizar a<br />
economia e combater o desemprego”.<br />
E, à saída da sala do congresso,<br />
declarou aos jornalistas <strong>que</strong> considerava<br />
<strong>que</strong> o Orçamento do Estado<br />
para 2012 não tinha políticas de<br />
investimento nem de dinamização<br />
do investimento, bem como <strong>que</strong><br />
considerava contrário ao princípio<br />
constitucional da equidade fi scal a<br />
confi scação fi scal dos subsídios de<br />
DANIEL ROCHA<br />
férias e de Natal da função pública.<br />
É assim conhecido o posicionamento<br />
crítico de Cavaco Silva à política<br />
económica e orçamental do<br />
Governo. E entre as personalidades<br />
O próprio<br />
Presidente<br />
já assumiu<br />
publicamente a<br />
sua discordância<br />
com o Governo<br />
em relação ao<br />
Orçamento do<br />
Estado e criticou<br />
mesmo os líderes<br />
da União Europeia<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 17<br />
cavaquistas são apontadas soluções<br />
governativas alternativas às do Governo<br />
de Passos Coelho e não subsidiarias<br />
de uma lógica neoliberal, mas<br />
sim de defesa do Estado-providência<br />
dentro das concepções <strong>que</strong> caracterizam<br />
o modelo social europeu e o<br />
papel social do Estado.<br />
As alternativas do Presidente<br />
E se há <strong>que</strong>m frise <strong>que</strong> as preocupações<br />
sociais do actual Presidente<br />
sempre foram patentes na sua governação,<br />
há <strong>que</strong>m lembre <strong>que</strong>, em privado,<br />
quando era primeiro-ministro,<br />
Cavaco comentava <strong>que</strong> não se revia<br />
na comparação <strong>que</strong> era então feita<br />
pelos <strong>que</strong> o alcunhavam de “Thatcher<br />
português”, precisamente por<strong>que</strong> se<br />
distanciava da visão neoliberal do papel<br />
social do Estado.<br />
Uma das <strong>que</strong>stões em <strong>que</strong> a divergência<br />
entre Cavaco e as políticas gizadas<br />
por <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> é profunda<br />
é o tratamento dado aos pensionistas.<br />
Entre as personalidades do cavaquismo<br />
é clara a condenação de o<br />
Governo estar a mexer nas pensões<br />
de reforma e sobrevivência, quando<br />
estas são o resultado de uma vida de<br />
trabalho e de descontos <strong>que</strong> as pessoas<br />
fi zeram, pelo <strong>que</strong> são direitos<br />
adquiridos.<br />
Outra linha de crítica do Presidente<br />
a Vitor <strong>Gaspar</strong> tem <strong>que</strong> ver com a<br />
equidade fi scal. O facto de os impostos<br />
extraordinários caírem quase exclusivamente<br />
sobre o rendimento do<br />
trabalho, bem como o facto de o corte<br />
de despesa ter sido feito sobre a massa<br />
salarial dos funcionários públicos e<br />
não sobre as “gorduras” e “avenças”<br />
e “consultadorias” <strong>que</strong> se instalaram<br />
e “sugam” os dinheiros públicos, é<br />
outro pomo de discórdia. Ao <strong>que</strong> o<br />
PÚBLICO sabe, <strong>que</strong>r o Presidente<br />
<strong>que</strong>r as personalidades cavaquistas<br />
consideram <strong>que</strong> a política fi scal<br />
não podia deixar de fora e poupar<br />
as empresas e os mais ricos. Ou seja,<br />
mais concretamente, <strong>que</strong> o aumento<br />
fi scal devia incidir no IVA e no IRS,<br />
mas também no IRC e na criação, por<br />
exemplo, de impostos sobre produtos<br />
de luxo e sobre os mais ricos.<br />
Outro exemplo de discordância,<br />
é a lei das rendas. Há mesmo <strong>que</strong>m<br />
classifi <strong>que</strong> o esta lei de “disparate”<br />
e <strong>que</strong>m se lhe tenha referido como<br />
“uma lei inútil”. E explicam <strong>que</strong>, num<br />
momento de crise e quando a maior<br />
parte das rendas já estão a valores<br />
de mercado, bem como são quase só<br />
idosos <strong>que</strong> têm rendas antigas, pelo<br />
<strong>que</strong> estão protegidos, aumentar as<br />
rendas de habitação vai criar um problema<br />
social suplementar ao Estado,<br />
pois haverá pessoas <strong>que</strong> irão precisar<br />
de ser apoiadas com subsídios, o <strong>que</strong><br />
aumenta a despesa social.<br />
E no domínio do aumento social<br />
do Estado, há personalidades do cavaquismo<br />
<strong>que</strong> frisam o aumento de<br />
despesa <strong>que</strong> o crescer do desemprego<br />
vai trazer. O aumento de desemprego,<br />
aliás, e o aumento de falências<br />
de pe<strong>que</strong>nas e médias empresas, por<br />
causa da perda de poder de compra<br />
da população portuguesa é um dos<br />
aspecto <strong>que</strong> mais preocupa o Presidente<br />
e por isso ele tem sido tão insistente<br />
nas declarações públicas sobre<br />
a necessidade de criar condições de<br />
investimento.
18 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Portugal Sindicalismo<br />
Novo líder da CGTP<br />
diz <strong>que</strong> “jamais<br />
lançará a toalha ao<br />
chão e abandonará<br />
a luta”<br />
O Governo dos direitos, as medidas da troika e os<br />
responsáveis pela crise são os alvos <strong>que</strong> Arménio Carlos<br />
identifi cou para o combate dos próximos quatro anos<br />
Ra<strong>que</strong>l Martins<br />
a Arménio Carlos, o novo secretário-geral<br />
da CGTP, afastou ontem os<br />
receios de <strong>que</strong> central sindical se torne<br />
menos plural e refém da imagem<br />
de uma só pessoa. No discurso de<br />
encerramento do XII Congresso da<br />
Intersindical, o homem <strong>que</strong> sucede<br />
a Carvalho da Silva deixou claro <strong>que</strong><br />
este é “um projecto de todos e para<br />
todos” e identifi cou bem os alvos do<br />
combate dos próximos quatro anos:<br />
o Governo de direitos, as medidas da<br />
troika e os responsáveis pela crise.<br />
“Há um compromisso <strong>que</strong> todos<br />
os delegados e todos os membros<br />
do conselho nacional assumiram<br />
<strong>que</strong> é o aprofundamento do projecto<br />
da CGTP”, frisou debaixo de fortes<br />
aplausos, num auditório “pintado” de<br />
bandeiras vermelhas.<br />
Numa intervenção parcialmente<br />
improvisada, o novo líder respondeu<br />
aos receios das tendências minoritárias<br />
da CGTP, <strong>que</strong> lhe deram voto em<br />
branco na eleição, e prometeu trabalhar<br />
com todos. Por diversas vezes fez<br />
<strong>que</strong>stão de frisar <strong>que</strong> a central é um<br />
“projecto colectivo” e <strong>que</strong> por detrás<br />
dos rostos mais mediáticos “há um<br />
trabalho de formiguinha”, desenvolvido<br />
pelos <strong>que</strong> “estão todos os dias<br />
nos locais de trabalho”.<br />
O novo secretário-geral da CGTP<br />
apelou ainda a todos os trabalhadores<br />
“independentemente da sua fi liação”<br />
para <strong>que</strong> juntem esforços no combate<br />
ao “desastre económico e social <strong>que</strong><br />
espolia os <strong>que</strong> menos têm e favorece<br />
a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> são responsáveis pela cri-<br />
se” e a <strong>que</strong> o Governo de direita está<br />
a conduzir o país.<br />
Num discurso parcialmente improvisado,<br />
Arménio Carlos deixou claro<br />
<strong>que</strong> os sindicatos da CGTP continuam<br />
disponíveis para colaborar nas empresas<br />
e no terreno com outras estruturas<br />
independentemente da sua<br />
fi liação. Uma hora antes tinha sido<br />
aprovada uma moção em <strong>que</strong> a CG-<br />
TP se compromete a angariar 100 mil<br />
novos fi liados em quatro anos.<br />
Os aplausos, as palavras de ordem<br />
e as bandeiras com o logotipo da CG-<br />
TP agitaram-se sempre <strong>que</strong> Arménio<br />
Carlos falou na necessidade de melhorar<br />
os rendimentos, reivindicou o aumento<br />
do salário mínimo para os 600<br />
euros, o aumento das pensões e a melhoria<br />
das prestações de desemprego.<br />
O líder acusou o Governo de “destruir<br />
a economia”, “subverter os princípios<br />
constitucionais”, “sacrifi car os<br />
direitos dos trabalhadores” e “esvaziar<br />
o Estado Social”. Uma crítica <strong>que</strong><br />
estendeu também ao presidente da<br />
República quando se diz “preocupado<br />
com o aumento da pobreza” e<br />
depois nada faz . “O <strong>que</strong> é <strong>que</strong> estão<br />
lá a fazer?”, <strong>que</strong>stionou.<br />
Criticou ainda os ministros “de<br />
bandeira portuguesa na lapela” a<br />
entregar as empresas públicas “por<br />
tuta e meia”.<br />
O novo secretário-geral considerou<br />
ainda o acordo assinado na concertação<br />
social “inadmissível e “uma demonstração<br />
da mostruosidade económica<br />
e social” <strong>que</strong> está por detrás das<br />
ideias do Governo e da troika.<br />
E destacou: “Este acordo não é lei.<br />
Temos <strong>que</strong> o combater no terreno antes<br />
<strong>que</strong> seja aprovado”.<br />
Numa intervenção dura e pautada<br />
por alguma ironia, Arménio Carlos<br />
admite <strong>que</strong> a central tem pela frente<br />
“muito trabalho” para “responder às<br />
ofensivas <strong>que</strong> estão em curso”.<br />
E deixou um mote para o <strong>que</strong> se<br />
avizinha: “A CGTP jamais lançará a<br />
toalha ao chão e abandonará a luta<br />
pelos direitos dos trabalhadores”.<br />
Dar lugar aos mais novos<br />
Após dois dias de discussões e ata<strong>que</strong>s<br />
ao Governo, ao rumo <strong>que</strong> a União Europeia<br />
está a tomar e às medidas de<br />
austeridade impostas pela troika e<br />
subscritas pelo Governo, Arménio<br />
Carlos encerrou o congresso <strong>que</strong> fi -<br />
cou marcado pela saída de Manuel<br />
Carvalho da Silva, fi gura <strong>que</strong> esteve<br />
à frente dos destinos da central nos<br />
últimos 25 anos.<br />
O XII Congresso fi cou marcado por<br />
um rejuvenescimento nos órgãos da<br />
central. Do conselho nacional saem<br />
mais de um terço dos dirigentes, por<strong>que</strong><br />
estão perto da idade da reforma<br />
ou foram substituídos à frente das<br />
estruturas.<br />
Arménio Carlos elogiou ainda o<br />
“desapego ao poder” dos dirigentes<br />
<strong>que</strong> agora saem por terem atingido o<br />
limite de idade e por terem ajudado<br />
a encontrar soluções para o “rejuvenescimento”<br />
da central.<br />
O novo Conselho Nacional foi eleito<br />
com 94,83 por cento dos votos. Cumprindo<br />
o objectivo de rejuvenescer a<br />
central, a média etária dos 147 membros<br />
é agora inferior a 48 anos.
No auditório pintado de<br />
bandeiras vermelhas,<br />
Arménio Carlos é aplaudido,<br />
cumprimentado pelo<br />
antecessor, Carvalho da Silva,<br />
e é eleito como novo dirigente<br />
FOTOS DE RUI GAUDÊNCIO<br />
Arménio Carlos<br />
“Existe medo e muita<br />
intimidação”<br />
Entrevista<br />
Ra<strong>que</strong>l Martins<br />
a Arménio Carlos, o novo líder da<br />
CGTP, garante <strong>que</strong> os receios de<br />
<strong>que</strong> a CGTP passará a ser menos<br />
plural por<strong>que</strong> tem à frente um<br />
membro do comité central do PCP<br />
são infundados. A entrevista foi<br />
feita em conjunto ao PÚBLICO e<br />
ao Diário de Notícias.<br />
Como lê os resultados da<br />
votação <strong>que</strong> o elegeu e <strong>que</strong> teve<br />
28 votos em branco. É uma<br />
tentativa de marcar posição<br />
por parte das tendências<br />
minoritárias? Os receios em<br />
relação ao seu mandato têm<br />
fundamento?<br />
Admito <strong>que</strong> seja uma posição de<br />
demarcação relativamente às<br />
perspectivas de futuro <strong>que</strong> alguns<br />
camaradas tenham. Se porventura<br />
estão receosos, o tempo vai<br />
demonstrar <strong>que</strong> estão enganados.<br />
Garante <strong>que</strong> irá trabalhar com<br />
todos, independentemente das<br />
posições <strong>que</strong> tomaram durante<br />
o congresso?<br />
É evidente. Nunca deixei de<br />
trabalhar com todos e com todos<br />
continuarei a trabalhar. Os 147<br />
dirigentes <strong>que</strong> foram eleitos para o<br />
conselho nacional assumiram um<br />
compromisso muito importante<br />
para dar continuidade ao projecto<br />
da CGTP.<br />
Que pontes vai estabelecer no<br />
futuro com essas tendências e<br />
com a UGT?<br />
Em relação às sensibilidades<br />
internas, nós não<br />
funcionamos num contexto de<br />
parlamentarização, funcionamos<br />
num contexto de intervenção<br />
sindical. Cada dirigente <strong>que</strong> está<br />
na CGTP tem responsabilidades<br />
ao nível de união, de federação ou<br />
de sindicato e tem <strong>que</strong> responder<br />
aos problemas concretos dos<br />
trabalhadores. Quando se<br />
procura encontrar grandes<br />
divergências elas não existem.<br />
Por<strong>que</strong> quando discutimos os<br />
problemas concretos - as <strong>que</strong>stões<br />
do emprego, do estado social, dos<br />
serviços públicos, das condições<br />
de vida dos trabalhadores e da<br />
população - não há divergências.<br />
E em relação à UGT?<br />
Há uma divergência de fundo, <strong>que</strong><br />
resulta não só de um projecto <strong>que</strong><br />
é diferente do nosso, mas também<br />
de atitudes e posicionamentos <strong>que</strong><br />
consideramos <strong>que</strong> não defendem<br />
os interesses dos trabalhadores. O<br />
último dos quais foi a assinatura<br />
do compromisso [com o Governo<br />
e os patrões].<br />
No actual contexto, as duas<br />
centrais só teriam a ganhar se<br />
se juntassem em determinadas<br />
situações. Continua aberta a<br />
porta para essa colaboração?<br />
A CGTP fará todas as diligências<br />
no sentido de concretizar a<br />
unidade da acção para responder<br />
a problemas concretos dos<br />
trabalhadores. Mas essas<br />
diligências não são feitas ao<br />
nível das direcções, resultam da<br />
disponibilidade e da vontade dos<br />
trabalhadores no terreno. No dia<br />
2 de Fevereiro vamos ter uma luta<br />
em várias empresas do sector<br />
dos transportes onde vão estar<br />
envolvidos alguns sindicatos da<br />
UGT.<br />
A CGTP mantém-se disponível<br />
para ir à concertação social? Ou<br />
é uma perda de tempo?<br />
Não abdicamos de intervir em<br />
nenhum espaço, seja ele qual for.<br />
É possível <strong>que</strong> em Portugal se<br />
atinjam níveis de tensão social<br />
semelhantes aos da Grécia?<br />
Não defendemos a violência,<br />
mas também não admitimos <strong>que</strong><br />
os direitos dos trabalhadores<br />
não sejam efectivados nos locais<br />
de trabalho e <strong>que</strong> dentro das<br />
empresas não haja a liberdade<br />
para <strong>que</strong> os trabalhadores digam<br />
o <strong>que</strong> pensam e exijam aquilo a<br />
<strong>que</strong> têm direito.. Essa é a maior<br />
violência <strong>que</strong> nos agride do ponto<br />
de vista fi nanceiro, físico e mental.<br />
É um crime o <strong>que</strong> se passa em<br />
muitos locais de trabalho.<br />
Novo líder<br />
diz <strong>que</strong><br />
CGTP tem<br />
uma divergência<br />
de fundo<br />
com a UGT<br />
É também esse “crime” <strong>que</strong><br />
afasta as pessoas dos sindicatos<br />
ou as impede de participar?<br />
Existe medo e sobretudo muita<br />
intimidação e muita repressão,<br />
mas perante isso temos <strong>que</strong><br />
transmitir esperança e confi ança.<br />
Mais do <strong>que</strong> ceder ao medo,<br />
exige-se uma intervenção para<br />
defendermos a nossa dignidade.<br />
É isso <strong>que</strong> apelamos aos<br />
trabalhadores: defendam a vossa<br />
dignidade.<br />
Não sente uma responsabilidade<br />
acrescida de substituir alguém<br />
<strong>que</strong> esteve à frente da CGTP 25<br />
anos?<br />
É uma responsabilidade pesadita.<br />
Mas isto faz-se com o colectivo<br />
Como é <strong>que</strong> vê a ideia de <strong>que</strong> é<br />
um ortodoxo <strong>que</strong> passa a liderar<br />
a CGTP?<br />
Dá-me gozo. Há pessoas <strong>que</strong> falam<br />
do <strong>que</strong> não sabem e sobretudo das<br />
pessoas <strong>que</strong> não conhecem, pode<br />
ser <strong>que</strong> se enganem.<br />
Mas isso tem a ver com o facto<br />
de fazer parte do comité central<br />
do PCP.<br />
Tem a ver acima de tudo com o<br />
preconceito anti-comunista.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 19<br />
O mais novo<br />
João Almeida, 25 anos, é o mais<br />
jovem membro do conselho<br />
nacional da CGTP. Empenhado<br />
em fazer a diferença, este<br />
jovem pescador deixa um<br />
apelo aos jovens precários<br />
ou no desemprego para <strong>que</strong><br />
se envolvam: “Temos nas<br />
mãos as armas para impedir<br />
o retrocesso social”.A entrada<br />
no mundo do sindicalismo fazse<br />
cedo, quando aos 18 anos<br />
começou a trabalhar. Membro<br />
do Sindicato dos Trabalhadores<br />
da Pesca do<br />
Norte foi nos<br />
últimos três<br />
anos <strong>que</strong><br />
passou a<br />
participar mais activamente na<br />
estrutura.<br />
O discurso está alinhado com<br />
o de outros dirigentes mais<br />
velhos. E quando <strong>que</strong>stionado<br />
sobre os esforços <strong>que</strong> a central<br />
tem <strong>que</strong> fazer para convencer<br />
os mais jovens a sindicalizar-se<br />
é pronto na resposta: “Não é o<br />
movimento sindical <strong>que</strong> tem<br />
<strong>que</strong> mudar, os trabalhadores<br />
é <strong>que</strong> têm <strong>que</strong> ter consciência<br />
do ata<strong>que</strong> aos direitos básicos<br />
e consciencializar-se de <strong>que</strong><br />
podem lutar”.E acrescenta<br />
ainda: “A CGTP sempre se<br />
soube adaptar e não vai ter<br />
dificuldades em chegar a<br />
todos”.R.M.<br />
O mais velho<br />
Habituado a ser o mais novo<br />
“em tudo”, o destino faz com<br />
<strong>que</strong> seja agora o mais velho<br />
dos 147 membros do conselho<br />
nacional eleitos na noite de<br />
sexta-feira. José Guerreiro, 61<br />
anos, diz <strong>que</strong> deve muito do<br />
<strong>que</strong> é ao sindicalismo. Defensor<br />
da renovação dos órgãos<br />
da central<br />
sindical, tem<br />
um discurso<br />
positivo<br />
e de raro<br />
reconhecimento da capacidade<br />
dos mais jovens levarem a<br />
CGTP a bom porto.<br />
“Este congresso marca<br />
uma viragem de gerações.<br />
Definitivamente, a geração do 25<br />
de Abril entrega o poder a outra<br />
geração mais nova e mais bem<br />
preparada”, realça o homem<br />
<strong>que</strong> está à frente do sindicato<br />
do comércio e <strong>que</strong> milita nos<br />
sindicatos desde 1970.<br />
E quando <strong>que</strong>stionado<br />
sobre as dificuldades <strong>que</strong> o<br />
sindicalismo enfrenta, alerta<br />
para o “retrocesso social” <strong>que</strong><br />
se traduz no medo das pessoas<br />
participarem. “Vivemos um<br />
tempo muito exigente para os<br />
trabalhadores e também para<br />
os dirigentes sindicais, mas<br />
tenho muita confiança nos<br />
novos dirigentes”, realça. R.M.
20 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Portugal Governo<br />
Menos tribunais e mais mobilidade<br />
dos juízes para melhorar a Justiça<br />
O projecto para uma nova reforma do mapa judiciário já foi entregue<br />
à troika e as alterações estarão em debate até Setembro<br />
Paula Torres de Carvalho<br />
a Em vez de 308 passam a existir<br />
20 tribunais judiciais “com secções<br />
dispersas pela área geográfi ca do<br />
respectivo distrito ou região autónoma”<br />
do país, caso a proposta do<br />
Ministério da Justiça para o novo<br />
mapa judiciário seja aprovada no<br />
Parlamento no próximo mês de Setembro.<br />
Esta proposta defende também<br />
o encerramento de 47 tribunais/<br />
juízos com menos de 250 processos<br />
entrados.<br />
O projecto de reorganização judiciária<br />
elaborado pela Direcção-Geral da<br />
Administração da Justiça (DGAJ) já foi<br />
entregue à troika e está agora aberto<br />
à discussão entre os parceiros até ser<br />
posta em debate na Assembleia da<br />
República.<br />
De forma a reorganizar os tribunais<br />
em 20 comarcas judiciais, defende-se<br />
a criação de uma instância central<br />
por comarca <strong>que</strong> pode ser desdobrada<br />
em secção cível e criminal e <strong>que</strong><br />
tratará principalmente dos processos<br />
“de maior valor e da competência<br />
do tribunal colectivo ou de júri e em<br />
secções de competência especializada”.<br />
É também proposta a criação<br />
de instâncias locais, com secções de<br />
competência genérica consoante o<br />
movimento processual. Essas instâncias<br />
serão integradas no mesmo<br />
tribunal distrital “<strong>que</strong> passa a ter um<br />
único orçamento e mapa de pessoal<br />
para os funcionários de justiça, integrados<br />
numa única secretaria, <strong>que</strong><br />
funcionará em diversos pontos da<br />
comarca”, refere a proposta, segundo<br />
a qual o trabalho dos magistrados<br />
passa poder a ser prestado “em mais<br />
do <strong>que</strong> um ponto da comarca”.<br />
Assim, prevê-se a possibilidade de<br />
serem colocados cerca de 300 magistrados<br />
judiciais, 80 magistrados<br />
do Ministério Público e cerca de 400<br />
funcionários judiciais em “equipas de<br />
recuperação de processos pendentes<br />
em atraso, a trabalhar em diversos<br />
pontos do território nacional, o <strong>que</strong><br />
contribuirá para uma resposta mais<br />
adequada a esta situação”.<br />
Desta forma, procura-se “atingir<br />
uma maior mobilidade na afectação<br />
de recursos, reconhecidamente apontada<br />
como um entrave à melhoria da<br />
Ministra defende reforma como uma prioridade deste Governo<br />
resposta do sistema judicial”, lê-se<br />
na proposta.<br />
Observa-se ainda uma ruptura relativamente<br />
ao “isolamento de cada<br />
pe<strong>que</strong>na estrutura judiciária, <strong>que</strong><br />
passa a integrar-se numa estrutura<br />
mais ampla, presidida por um juiz”,<br />
cujo papel passa também a ser muito<br />
mais alargado, competindo-lhe a<br />
defi nição de “objectivos processuais<br />
para a comarca” e reafectar os processos.<br />
Quanto à decisão de encerrar determinados<br />
serviços, foram considerados<br />
os critérios de um volume<br />
inferior a 250 processos entrados, a<br />
distância entre o tribunal a encerrar<br />
e o <strong>que</strong> vai receber o processo (passível<br />
de percorrer em cerca de uma<br />
hora) e a qualidade das instalações.<br />
Para trás fi ca o modelo da reforma<br />
do mapa judiciário aprovada em<br />
2008 pelo anterior Governo <strong>que</strong> foi<br />
posto em prática apenas em três comarcas-piloto:<br />
Baixo Vouga, Grande<br />
Lisboa-Noroeste e Alentejo Litoral.<br />
Segundo esta organização judiciária,<br />
as 231 comarcas seriam transformadas<br />
em 39, tendo como referência<br />
as NUT (Nomenclatura de Unidade<br />
Territorial) usadas para objectivos<br />
estatísticos.<br />
Esta mudança na forma como estão<br />
organizados os tribunais em todo<br />
o país, o <strong>que</strong> determina o seu modo<br />
de gestão e de funcionamento, foi<br />
uma das imposições da troika, tendo<br />
sobretudo em vista a celeridade e<br />
a desburocratização da Justiça para<br />
<strong>que</strong> esta se torne mais efi caz e não<br />
afugente as perspectivas do investimento<br />
estrangeiro em Portugal.<br />
Para a ministra da Justiça, é uma<br />
condição imprescindível para restaurar<br />
a credibilidade e a confi ança<br />
dos cidadãos no sistema de justiça,<br />
tornando-a mais acessível. Já na cerimónia<br />
de abertura do ano judicial,<br />
em Março do ano passado, Paula Teixeira<br />
da Cruz defendeu, no seu discurso,<br />
a reforma do mapa judiciário<br />
como uma prioridade deste Governo.<br />
E frisou <strong>que</strong> a redução das comarcas<br />
“não deve ser (...) permeável a certos<br />
discursos anacrónicos <strong>que</strong> pretendam<br />
defender corporativamente<br />
um status quo <strong>que</strong> nenhum português<br />
compreende ou deseja”.<br />
NUNO FERREIRA SANTOS<br />
Serviços secretos<br />
PS e BE<br />
<strong>que</strong>stionam<br />
Governo sobre<br />
reestruturação<br />
Nuno Ribeiro<br />
a O PS e o BE <strong>que</strong>stionaram ontem<br />
o primeiro-ministro sobre se está<br />
ou não a ser seguido o plano de reestruturação<br />
das secretas elaborado<br />
em 2011 por Jorge Silva Carvalho, exdirector<br />
do Serviço de Informações<br />
Estratégicas de Defesa (SIED) <strong>que</strong> esta<br />
semana renunciou aos seus cargos na<br />
Ongoing.<br />
Como o PÚBLICO revelou na edição<br />
de ontem, Silva Carvalho, então já a<br />
trabalhar na Ongoing, entregou no<br />
ano passado ao Executivo um plano de<br />
reforma dos serviços de informação,<br />
numa altura em <strong>que</strong> foi sondado para<br />
assumir o cargo de secretário-geral do<br />
Sistema de Informações da República<br />
Portuguesa (SIRP).<br />
O gabinete do primeiro-minisro negou<br />
ao PÚBLICO esta colaboração,<br />
mas ontem, em comunicado, o PS fez<br />
duas perguntas: “É ou não verdade<br />
<strong>que</strong> um alto quadro da empresa Ongoing<br />
entregou ao Governo uma proposta<br />
de reestruturação dos serviços<br />
secretos portuguesas?” e “É ou não<br />
verdade <strong>que</strong> os serviços de informação<br />
estão a ser reestruturados sobre<br />
essa base?”. Os socialistas sublinham<br />
<strong>que</strong>, “mais uma vez, surgem notícias<br />
<strong>que</strong> indiciam relações de natureza não<br />
formal com implicações directas na<br />
organização destes serviços em clara<br />
violação da lei”. Pelo <strong>que</strong> instam o<br />
primeiro-ministro, responsável pelos<br />
serviços secretos, a um esclarecimento<br />
público. Também o BE, através da<br />
deputada Cecília Honório, <strong>que</strong>r saber,<br />
caso o plano tenha sido solicitado pelo<br />
Governo, qual o “impacto” do mesmo<br />
sobre a reforma em curso. Notando<br />
<strong>que</strong> Passos Coelho terá de ser “célere<br />
no esclarecimento das dúvidas”, os<br />
bloquistas sublinham <strong>que</strong> é necessário<br />
“saber, com urgência” se Passos ou<br />
“algum membro do Governo” pediu<br />
ou não um projecto a Silva Carvalho.<br />
O ministro dos Assuntos Parlamentares,<br />
Miguel Relvas, disse ontem à Lusa<br />
ser “falso” <strong>que</strong> Silva Carvalho tenha<br />
dado ao Governo qual<strong>que</strong>r documento<br />
para a reforma nas secretas. E lembrou<br />
<strong>que</strong> o gabinete de Passos negara<br />
na véspera, ao PÚBLICO, a existência<br />
de qual<strong>que</strong>r espécie de colaboração<br />
entre o ex-chefe do SIED e os responsáveis<br />
pelas alterações nos serviços.<br />
O PÚBLICO apurou <strong>que</strong> o plano de<br />
Silva Carvalho previa um aumento do<br />
orçamento para a área operacional<br />
e contemplava a fusão do Serviço de<br />
Informações de Segurança (SIS) com<br />
o SIED. Embora esta fusão constasse<br />
do programa de Governo do PSD, para<br />
qual Silva Carvalho colaborou, o CDS e<br />
o PS sempre a recusaram. No entanto,<br />
está prevista a concentração dos serviços<br />
nas mesmas instalações, transitando<br />
o SIED para a sede do SIS, no Forte<br />
D. Carlos I, na Ameixoeira.
22 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Portugal Estudo<br />
Classe média<br />
em risco<br />
de implosão<br />
Num ensaio <strong>que</strong> esta semana chega às bancas, o<br />
sociólogo Elísio Estan<strong>que</strong> analisa a ascensão e declínio<br />
dos segmentos sociais <strong>que</strong> hoje estão rotulados como<br />
“os novos pobres”. Fala de quadros <strong>que</strong> roçam a<br />
patologia social, bem conhecidos de <strong>que</strong>m, no terreno,<br />
lida com a pobreza envergonhada<br />
Pessoas mantêm aparência de estilo de vida <strong>que</strong> já não consegem pagar<br />
Graça Barbosa Ribeiro<br />
a Quando entram no Gabinete de<br />
Apoio ao Sobreendividado da Deco,<br />
a primeira pergunta <strong>que</strong> as pessoas<br />
fazem é: “Esta conversa fi ca só mesmo<br />
entre nós?” A resposta — “sim”<br />
— é essencial para o prosseguimento<br />
do diálogo. Algumas têm os vencimentos<br />
penhorados e já cortam na<br />
própria alimentação, mas fora da<strong>que</strong>las<br />
quatro paredes agem como<br />
se nada tivesse mudado, mesmo<br />
junto de familiares e de amigos.<br />
Fazem parte de uma classe média<br />
“doente” e “em declínio”, tema do<br />
ensaio do sociólogo Elísio Estan<strong>que</strong><br />
<strong>que</strong> avisa <strong>que</strong> “os poderes políticos<br />
deviam estar mais preocupados com<br />
a possível implosão deste grupo do<br />
<strong>que</strong> com a sua eventual manifestação<br />
nas ruas”.<br />
No seu escritório, na Faculdade<br />
de Economia da Universidade de<br />
Coimbra, o investigador do Centro<br />
de Estudos Sociais folheia um jornal.<br />
Pode ser o do dia, o da véspera<br />
ou o da semana anterior, “não interessa”,<br />
diz — “Todos os dias há algo<br />
de novo: o acordo de concertação<br />
social, o anúncio de uma nova vaga<br />
de excedentários na função pública,<br />
o abandono da universidade<br />
pelos estudantes, as novas vagas de<br />
desemprego, o aumento das taxas<br />
moderadoras, a desmontagem do<br />
Estado Social — está tudo a acontecer<br />
de uma forma extraordinariamente<br />
rápida e intensa”, comenta. Aponta<br />
o livro editado pela Fundação Francisco<br />
Manuel dos Santos, <strong>que</strong> este<br />
fi m-de-semana chega às bancas com<br />
o título A Classe Média: Ascensão e<br />
Declínio, e admite: “Se fosse hoje,<br />
provavelmente trocaria o termo ‘declínio’<br />
por ‘<strong>que</strong>da’”.<br />
ERIC THAYER/REUTERS<br />
No ensaio, Elísio Estan<strong>que</strong> vai para<br />
além da sistematização teórica. A<br />
segunda parte do livro é dedicada às<br />
particularidades do caso português,<br />
no <strong>que</strong> respeita “à célere e pouco<br />
sustentada ascensão da classe média”<br />
e também à forma como ela<br />
“agora se desmorona, de maneira<br />
igualmente rápida e abrupta, na sequência<br />
do ‘empurrão’ da crise e das<br />
medidas de austeridade”.<br />
O ponto de chegada do sociólogo é<br />
uma classe média “ fraca e ameaçada<br />
de ‘proletarização’”; o ponto de<br />
partida de uma sociedade “<strong>que</strong> em<br />
escassas dezenas de anos passou de<br />
predominantemente rural a marcadamente<br />
urbana”. Os dados são objectivos:<br />
a população activa no sector<br />
primário encolheu de 43,6 por cento<br />
em 1960 para 11,2 em 1991 e a do<br />
sector terciário cresceu, no mesmo<br />
período, de 27,5 para 51,3 por cento.<br />
Com o desemprego em alta, já há mais pessoas do<br />
Mais de 40% dos sobreendividados <strong>que</strong> procuram ajuda<br />
Falências decretadas nos tribunais<br />
Em percentagem do total<br />
79,2<br />
19,3<br />
2007<br />
Empresas<br />
Singulares<br />
2008<br />
Sobreendividamento<br />
de singulares na Deco<br />
Número de processos<br />
152 241<br />
Número de processos<br />
Por delegação da Deco<br />
Não estão a ser<br />
devidamente<br />
avaliados os custos,<br />
a médio prazo,<br />
de uma sociedade<br />
doente, incapaz<br />
de responder<br />
às necessidades<br />
do país<br />
2009<br />
2010<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
2003<br />
2004<br />
2005<br />
2006<br />
2007<br />
2008<br />
2009<br />
2010<br />
2011<br />
Lisboa<br />
1661<br />
79,4<br />
19,9<br />
379 515 573<br />
V. Castelo<br />
114<br />
Coimbra<br />
355<br />
Santarém<br />
223<br />
Évora<br />
Algarve<br />
405<br />
Norte<br />
1292<br />
238<br />
Fonte: Ministério da Justiça, Deco e Pordata<br />
72,0<br />
27,6<br />
737 905<br />
65,4<br />
Sobreendividados<br />
por faixa etária<br />
Sobreendividados<br />
por escolaridade<br />
34,4 45,1%<br />
1976 2034<br />
20-30 anos 6,8%<br />
31-50<br />
51-70<br />
>70<br />
1.º Ciclo<br />
2.º Ciclo<br />
3.º Ciclo<br />
E. Secundário<br />
E. Superior<br />
1,2%<br />
2011<br />
2812 2837<br />
31%<br />
14%<br />
14,5%<br />
13,2%<br />
54,7%<br />
4288<br />
61%<br />
26,3%<br />
32%<br />
O peso da classe média — “<strong>que</strong> até<br />
1974 era absolutamente residual”,<br />
nota o investigador — resulta, na<br />
sua perspectiva, de vários factores<br />
conjugados. Refere-se à progressiva<br />
generalização da frequência do<br />
ensino superior <strong>que</strong> se refl ectiu na<br />
proliferação das profi ssões liberais;<br />
e também ao crescimento do sector<br />
público, <strong>que</strong> vê como o principal canal<br />
de mobilidade ascendente para<br />
as classes trabalhadoras, graças às<br />
políticas centradas em áreas como<br />
a Educação, a Saúde, a Justiça ou a<br />
Administração Pública.<br />
A afi rmação do Estado Social e os<br />
fenómenos de litoralização do país<br />
e de concentração urbana são outros<br />
dos factores <strong>que</strong> na sua óptica<br />
“se viriam a mostrar decisivos quando,<br />
após a instabilidade dos anos<br />
80, Portugal entrou numa espécie<br />
de euforia política e económica”,
<strong>que</strong> empresas a abrir falência<br />
na Deco acumulam quatro ou mais créditos<br />
Desempregados inscritos nos centros de emprego<br />
Em milhares<br />
1995<br />
451,8<br />
1985<br />
355,5 1990<br />
304,2<br />
+ de 100<br />
mil euros<br />
2009<br />
1990<br />
Causas para o sobreendividamento<br />
Em percentagem do total<br />
Agravamento do<br />
Custo de Crédito<br />
5,9<br />
Divórcio/ Separação<br />
10,3<br />
Outro<br />
10,5<br />
Desemprego<br />
31,4<br />
Morte de Elemento<br />
Agregado Familiar<br />
3,8<br />
Deterioração das<br />
Condições Laborais<br />
21,7<br />
Doença<br />
16,4<br />
2000<br />
326<br />
Número de créditos por famílias<br />
sobreendividadas<br />
4-7<br />
8-10<br />
33%<br />
2005<br />
479,4<br />
Agregados familiares, por escalões de rendimento bruto anual, em milhares de euros<br />
50-<br />
100<br />
40-<br />
50<br />
32,5<br />
-40<br />
3,5% 5,7%<br />
>10 créditos<br />
6% 3%<br />
1-3<br />
58%<br />
2010<br />
541,8<br />
2011<br />
605,1<br />
27,5-<br />
32,5 19-27,5 13,5-19 10-13,5 5-10 Até 5000 euros<br />
8,1%<br />
acentuada pela entrada de fundos<br />
da Comunidade Europeia.<br />
Despido da fundamentação teórica,<br />
o retrato é quase caricatural.<br />
Elísio Estan<strong>que</strong> fala dos grupos instalados<br />
nas periferias urbanas <strong>que</strong><br />
alimentam a ambição de ascensão<br />
social tendo como termo de comparação<br />
o mundo rural, contingente<br />
e precário da geração dos pais.<br />
Considera <strong>que</strong> a<strong>que</strong>les grupos, ao<br />
conquistarem empregos ‘limpos’,<br />
<strong>que</strong> imaginavam estáveis e seguros,<br />
acreditaram estar, “desde logo, confortavelmente<br />
instalados na classe<br />
média”. É neste contexto, analisa,<br />
<strong>que</strong> se dá o “casamento” <strong>que</strong> o investigador<br />
considera “fatal”: a ânsia<br />
da<strong>que</strong>les grupos de adoptarem padrões<br />
de vida europeus, modernos<br />
e urbanos coincide com o fl orescer<br />
do mercado do crédito.<br />
“Não responsabilizo especialmen-<br />
12,2% 14,6% 14,2% 28,8% 12,9%<br />
31,7%<br />
te as pessoas, do ponto de vista individual.<br />
Não tenho dúvidas de <strong>que</strong> se<br />
tratou de um programa de facilitação<br />
do crédito estrategicamente montado,<br />
planeado e orientado por parte<br />
da própria banca”, comenta Elísio<br />
Estan<strong>que</strong>. Considera <strong>que</strong> as consequências,<br />
“<strong>que</strong> hoje estão à vista”,<br />
“foram agravadas, por um discurso<br />
político <strong>que</strong>, ao invés de ter um teor<br />
pedagógico e preventivo, instigou<br />
ao consumo e ao progressivo endividamento”.<br />
São inúmeras as testemunhas directas<br />
dos acontecimentos de <strong>que</strong><br />
fala o investigador, algumas delas<br />
colocadas em postos de observação<br />
privilegiados. É o caso de Natália<br />
Nunes, responsável pelo Gabinete<br />
de Apoio ao Sobreendividado (GAS)<br />
desde <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le foi constituído, em<br />
2000. Recorda-se de <strong>que</strong> os primeiros<br />
consumidores a pedirem auxílio<br />
48,7%<br />
As pessoas pedem<br />
ajuda sob a<br />
condição de total<br />
confidencialidade.<br />
Escondem a sua<br />
situação dos<br />
vizinhos e até<br />
dos familiares<br />
à DECO tinham recorrido ao crédito<br />
para comprar casa, carro, mobílias,<br />
computadores ou electrodomésticos”.<br />
Hoje a situação é diferente: de<br />
uma forma genérica, diz, as pessoas<br />
não conseguem identifi car o <strong>que</strong><br />
as levou a pedir empréstimos. Por<br />
uma razão simples: “A maior parte<br />
das famílias tem cinco ou mais créditos,<br />
sendo <strong>que</strong> os mais recentes<br />
são contraídos para fazer face aos<br />
antigos…”, explica Natália Nunes.<br />
Em 11 anos multiplicaram-se os<br />
pedidos de apoio ao GAS, <strong>que</strong> em<br />
2000 deram origem à abertura de<br />
152 processos, em 2010, a perto de<br />
três mil, e no ano passado a 4288. E<br />
Natália Nunes não hesita em situar as<br />
pessoas <strong>que</strong> hoje vivem as situações<br />
mais graves no grupo estudado por<br />
Elísio Estan<strong>que</strong>, a classe média. Do<br />
total de consumidores apoiados, 61<br />
por cento têm idades compreendidas<br />
entre os 30 e os 50 anos; 45 por<br />
cento concluíram o ensino secundário<br />
ou universitário e a maior parte<br />
tem rendimentos superiores a 1500<br />
euros por mês. São pessoas reais,<br />
<strong>que</strong> aparecem diluídas no ensaio de<br />
Elísio Estan<strong>que</strong>, enquanto membros<br />
de um segmento social <strong>que</strong> se tornou<br />
vítima da “progressiva redução dos<br />
direitos sociais e laborais, do conse<strong>que</strong>nte<br />
aumento da insegurança,<br />
do desemprego e das medidas de<br />
austeridade”.<br />
No livro, o investigador fala desta<br />
classe média atribuindo-lhe “vivências<br />
de carácter bipolar”, em <strong>que</strong><br />
“um quotidiano depressivo se conjuga<br />
com técnicas de dissimulação e<br />
disfarce”. Estan<strong>que</strong> chega a afi rmar<br />
<strong>que</strong> o quadro roça “a patologia social”,<br />
já <strong>que</strong> um grupo continua “a<br />
negar a todo o custo uma realidade,<br />
mesmo quando já mergulhou nela<br />
até ao pescoço”.<br />
A descrição corresponde ao mundo<br />
em <strong>que</strong> se move, diariamente, o<br />
presidente da Caritas, Eugénio Fonseca.<br />
“As pessoas recusam-se a assumir<br />
a perda de status, aguentam<br />
muito para além do limite do razoável,<br />
procurando manter a aparência<br />
de um estilo de vida <strong>que</strong> já não são<br />
capazes de pagar. E quando fi nalmente<br />
nos procuram, a gravidade<br />
das situações é tal <strong>que</strong> ultrapassa,<br />
em muito, a nossa capacidade de<br />
intervenção”, lamenta.<br />
Natália Duarte lida com o mesmo<br />
tipo de comportamento: “As pessoas<br />
pedem ajuda sob a condição de total<br />
confi dencialidade. Escondem a sua<br />
situação dos vizinhos e até dos familiares<br />
<strong>que</strong>, temem, se afastariam se<br />
dela tivessem conhecimento”, afi rma.<br />
O presidente da Confederação<br />
Nacional das Instituições Particulares<br />
de Solidariedade Social (CNIPE),<br />
o padre Lino Maia, confronta-se com<br />
os mesmos problemas, mas sublinha<br />
<strong>que</strong> as pessoas sobreendividadas<br />
“preocupam-se, principalmente,<br />
com a iminência de as difi culdades<br />
afectarem os fi lhos, aos quais procuram<br />
proporcionar o mesmo estilo<br />
de vida <strong>que</strong> tinham antes, ainda <strong>que</strong><br />
eles próprios estejam, já, a cortar na<br />
sua alimentação”.<br />
As próprias instituições de apoio<br />
social têm vindo a ajustar protocolos<br />
para acolher estas pessoas,<br />
<strong>que</strong> na necessidade de ajuda e na<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 23<br />
situação de pobreza se somam aos<br />
sem-abrigo, mas têm um perfi l muito<br />
diferente.<br />
“São professores, juristas, arquitectos,<br />
engenheiros”, enumera Eugénio<br />
Fonseca. E não procuram apenas<br />
o <strong>que</strong> comer: “Pedem ajuda para pagar<br />
a renda, a água, a luz, as propinas<br />
dos fi lhos”, completa Lino Maia.<br />
Deram origem a um novo conceito, o<br />
de pobreza envergonhada, e começaram<br />
há dois ou três anos a aparecer<br />
nos noticiários sob a designação<br />
de ‘novos pobres’, falando sempre<br />
sob anonimato, com a voz distorcida,<br />
fi lmados ou fotografados de costas<br />
ou em contraluz. “Nesse aspecto,<br />
a situação piorou: hoje difi cilmente<br />
se consegue <strong>que</strong> estas pessoas falem,<br />
mesmo nessas condições”, diz Lino<br />
Maia. O <strong>que</strong> aconteceu? “As pessoas<br />
estão deprimidas”, diagnostica o<br />
presidente da Caritas.<br />
Elísio Estan<strong>que</strong> hesita em falar<br />
de um grupo social ‘doente’. Mas<br />
acaba por assumir a expressão, para<br />
designar “o estado de segmentos<br />
da população <strong>que</strong> em duas décadas<br />
alimentaram expectativas fortíssimas<br />
e legítimas de mobilidade social<br />
ascendente e <strong>que</strong> agora caem<br />
na pobreza, sem perspectivas de retornar,<br />
se<strong>que</strong>r, à posição anterior”.<br />
“É doentia”, considera, a forma “envergonhada,<br />
calada e silenciosa” como<br />
esta frustração está a ser vivida<br />
por a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> ao mesmo tempo<br />
“encenam uma normalidade <strong>que</strong> já<br />
não existe”.<br />
“Quando falam dos perigos da<br />
confl itualidade social, os agentes<br />
políticos só pensam nas manifestações<br />
de rua. Es<strong>que</strong>cem <strong>que</strong> esta forma<br />
de sofrimento é uma outra forma<br />
de confl itualidade, muito mais corrosiva,<br />
muito mais destruidora da<br />
afi rmação do sujeito na sua relação<br />
com os outros”, alerta o sociólogo.<br />
Elísio Estan<strong>que</strong> considera <strong>que</strong> “não<br />
estão a ser devidamente avaliados os<br />
custos, a médio prazo, de uma sociedade<br />
doente, incapaz de responder<br />
às necessidades do país”. Eugénio<br />
Fonseca, da Caritas, recorre à experiência<br />
de contacto com estes grupos,<br />
no terreno, para avisar <strong>que</strong>, “só do<br />
ponto de vista da saúde pública, os<br />
custos já serão tremendos”. “Não há<br />
dados, não há estudos, ainda está tudo<br />
a acontecer. Mas temo bem, devido a<br />
alguns casos concretos <strong>que</strong> conheço,<br />
<strong>que</strong> estes ‘novos pobres’, com qualifi -<br />
cações superiores e sem perspectivas<br />
de recuperar o estatuto social perdido,<br />
sejam os responsáveis pelo engrossar<br />
das estatísticas do consumo de ansiolíticos<br />
e até de suicídios”, avisa o presidente<br />
da Caritas.<br />
O próprio Elísio Estan<strong>que</strong> prepara<br />
um trabalho académico nesta área,<br />
centrado nestes segmentos “<strong>que</strong> caíram<br />
um ou dois degraus na pirâmide<br />
social”. Afi rma <strong>que</strong> não <strong>que</strong>r ser dramático<br />
e <strong>que</strong> “confi a na capacidade da<br />
sociedade de se regenerar”, mas em<br />
relação à forma como tal acontecerá<br />
não arrisca qual<strong>que</strong>r hipótese. Tem<br />
“poucas ou nenhumas dúvidas”, no<br />
entanto, “de <strong>que</strong> as consequências<br />
serão gravíssimas no <strong>que</strong> respeita ao<br />
acentuar das desigualdades entre ricos<br />
e pobres” — “Nesse aspecto, não<br />
sei como é <strong>que</strong> se pode evitar um retrocesso”.
24 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Economia<br />
Ban<strong>que</strong>iros<br />
chegaram este<br />
ano a Davos<br />
mais humildes<br />
e mais pe<strong>que</strong>nos<br />
Há um ano, pensavam <strong>que</strong> podiam sair da crise,<br />
crescendo. Agora, já assumem <strong>que</strong> a única saída é<br />
encolher. O objectivo da fi nança mundial presente em<br />
Davos é recuperar a confi ança perdida<br />
Christine Harper<br />
a Os líderes dos maiores bancos<br />
mundiais vieram ao Fórum Económico<br />
Mundial em Davos elogiar as<br />
virtudes da austeridade – para eles<br />
próprios, não apenas para os estados<br />
endividados.<br />
Muitos chegaram aos Alpes suíços<br />
a seguir a um ano de receitas fracas,<br />
acções em <strong>que</strong>da e cortes nos empregos<br />
e nos salários. E o sector bancário<br />
e fi nanceiro continua a ser o “menos<br />
credível” pelo segundo ano consecutivo,<br />
de acordo com um inquérito<br />
realizado em 20 países pela empresa<br />
de relações públicas Edelman e publicado<br />
no início da semana passada.<br />
“No ano passado, quando estiveram<br />
no Fórum, todos os bancos<br />
pensavam <strong>que</strong> podiam escapar aos<br />
problemas, crescendo”, lembra no intervalo<br />
entre duas sessões em Davos<br />
Huw van Steenis, analista do Morgan<br />
Stanley em Londres. “Agora, aperceberam-se<br />
<strong>que</strong> têm de encolher para<br />
escapar aos problemas”, diz.<br />
As empresas do sector fi nanceiro,<br />
principalmente na <strong>Europa</strong> Ocidental<br />
e nos Estados Unidos, anunciaram<br />
mais de 238 mil despedimentos desde<br />
o encontro de Davos do ano passado.<br />
Vários bancos, incluindo o Bank of<br />
America, o Deutsche Bank e o HSBC<br />
venderam activos e emagreceram<br />
para se adaptarem às exigências de<br />
capital aprovadas pelo Comité de Basel,<br />
às novas regulações nacionais e<br />
ao abrandamento na economia europeia.<br />
“É um tempo com grandes desafi<br />
os para a indústria dos serviços fi -<br />
nanceiros, por isso é difícil não ser<br />
cauteloso”, reconhece numa entrevista<br />
à Bloomberg Television, Anshu<br />
Jain, <strong>que</strong> assumiu o cargo de co-CEO<br />
do Deutsche Bank em Maio. Está a<br />
ser feita e continuará a ser feita uma<br />
ponderosa consolidação na nossa indústria”,<br />
afi rma. O Deutsche Bank, o<br />
maior credor alemão, está a ponderar<br />
a venda da sua unidade de gestão de<br />
activos, à medida <strong>que</strong> procura capital<br />
para se adaptar às regras de Basel. O<br />
banco sedeado em Frankfurt está a<br />
reduzir os custos globalmente e anunciou<br />
em Outubro <strong>que</strong> iria despedir<br />
500 funcionários das suas unidades<br />
de banca corporativa e de acções até<br />
ao dia 31 de Março.<br />
Há um ano, os ban<strong>que</strong>iros tentaram<br />
em Davos convencer os reguladores<br />
a a exigir menos na nova regulação,<br />
argumentando <strong>que</strong> instituições<br />
fi nanceiras com menos capital<br />
e sujeitas a menos restrições seriam<br />
uma ajuda ao crescimento económico.<br />
Esses argumentos não foram bem<br />
sucedidos, afi rma Robert Diamond,<br />
CEO do Barclays numa entrevista realizada<br />
antes de um encontro a portas<br />
fechadas realizado entre os líderes<br />
fi nanceiros presentes em Davos. O<br />
Barclays anunciou 422 despedimentos<br />
no início deste mês.<br />
“Em 2011, quando saímos de Davos,<br />
havia optimismo de <strong>que</strong> seria<br />
possível fazer progressos sérios ao<br />
nível do ambiente de regulação. Mas<br />
na procura de um balanço entre um<br />
sistema fi nanceiro mais seguro e saudável<br />
e o crescimento económico e<br />
dos empregos, o progresso foi mais<br />
feito no seguro e saudável”, afi rma.<br />
A preocupação em relação à capacidade<br />
dos políticos europeus para<br />
reduzir a dívida pública é a discussão<br />
<strong>que</strong> domina o encontro de Davos deste<br />
ano. Embora a maior parte dos ban<strong>que</strong>iros,<br />
incluindo Jain e Diamond,<br />
tenham dito <strong>que</strong> estavam confortados<br />
com a decisão do Banco Central<br />
Europeu de conceder empréstimos<br />
a três anos para os bancos da região,<br />
ninguém garantiu ter a certeza sobre<br />
o <strong>que</strong> irá acontecer a seguir.<br />
“A ressaca europeia é real, e embora<br />
o sentimento tenha melhorado<br />
bastante, ainda está connosco. Vamos<br />
ter de ser muito cautelosos”, afi rma<br />
Vikram Pandit, CEO do Citigroup.<br />
James Gorman, CEO do Morgan<br />
Stanley, está este ano pela primeira<br />
vez no encontro de Davos e diz <strong>que</strong><br />
os ban<strong>que</strong>iros são “ingénuos” se não<br />
compreenderem <strong>que</strong> o sector vai ter<br />
de pagar menos aos seus empregados.<br />
“O sector bancário passou por<br />
uma mudança profunda e temos de<br />
nos adaptar. Quando sairmos disto e<br />
começarmos a melhorar o desempenho,<br />
obviamente <strong>que</strong> os vencimentos<br />
vão refl ectir essa nova realidade. Até<br />
esse momento, temos de respeitar o<br />
facto de os accionistas terem de ser<br />
pagos também”, afi rma.<br />
Os bancos têm de reconquistar a<br />
confi ança do público, servindo os<br />
clientes, não a si próprios, afi rmou<br />
Pandit na passada quarta-feira, na<br />
conferência de imprensa de abertura<br />
do encontro de Davos.<br />
O Citigroup, o terceiro banco dos<br />
EUA com mais activos, anunciou na<br />
semana passada <strong>que</strong> iria eliminar<br />
1200 empregos para poupar 600<br />
milhões de dólares este ano. Os despedimentos<br />
já tinham começado no<br />
ano passado e deverão chegar aos<br />
5000. São cerca de 1,9% dos 266 mil<br />
funcionários do banco.<br />
Os comentários de Pandit surgem<br />
ao mesmo tempo <strong>que</strong> a consultora<br />
Oliver Wyman revela os resultados de<br />
uma sondagem <strong>que</strong> mostra <strong>que</strong> 63%<br />
das pessoas numa amostra à escala<br />
mundial não confi am em ninguém a<br />
não ser nelas próprias para gerir as<br />
suas poupanças para a reforma. Os<br />
bancos recebem a confi ança de menos<br />
de 8% dos inquiridos nos EUA e<br />
no Reino Unido, revela o estudo.<br />
Para reconquistar a confi ança, os<br />
bancos vão ter de oferecer produtos<br />
Ban<strong>que</strong>iros presentes no<br />
encontro de Davos deste ano<br />
reconheceram <strong>que</strong> não é tempo<br />
para pensar em salários altos Nos últimos quatro dias, o<br />
presidente executivo da Galp<br />
simples <strong>que</strong> aparentem oferecer valor<br />
a <strong>que</strong>m investe, diz o mesmo estudo.<br />
E, para fazer isso, os bancos e<br />
as seguradoras terão provavelmente<br />
de cortar um quarto dos seus custos<br />
durante os próximos oito anos, vendendo<br />
os seus produtos online, por<br />
exemplo.<br />
Outra das conclusões da consultora<br />
é a de <strong>que</strong> a instituições fi nanceiras<br />
<strong>que</strong> não são bancos – incluindo seguradoras<br />
e hedge funds – podem estar<br />
melhor preparadas para conceder<br />
crédito de longo prazo às empresas<br />
e aos particulares. A sondagem da<br />
Oliver Wyman revela <strong>que</strong>, nos EUA<br />
e no Reino Unido, há mais pessoas a<br />
confi ar mais em gestores de activos<br />
do <strong>que</strong> em bancos para entregar as<br />
suas poupanças para reforma.<br />
Isso pode explicar a escolha de música<br />
para o fi nal de um encontro privado<br />
para investidores, <strong>que</strong> incluiu<br />
Daniel Loeb, CEO do hedge fund<br />
Third Point, e Louis Bacon, CEO da<br />
Moore Capital Management. O grupo,<br />
<strong>que</strong> esteve reunido na quintafeira<br />
durante quatro horas e ouviu<br />
os conselhos de Timothy Geithner e<br />
de Axel Weber, concluiu a sessão ao<br />
som de “Rehab”, de Amy Winehouse.<br />
Bloomberg News<br />
“Ir a Davos é como encont<br />
Energia, Manuel Ferreira de<br />
Oliveira, praticamente não falou<br />
português. É uma das escassas<br />
presenças nacionais no Fórum<br />
Económico Mundial, <strong>que</strong> termina<br />
hoje em Davos, na Suíça. Na lista<br />
de 2600 participantes, só ele e o<br />
CEO da Jerónimo Martins, Pedro<br />
Soares dos Santos, representam<br />
o país, além de António Guterres,<br />
enquanto alto-comissário<br />
das Nações Unidas para os<br />
Refugiados. Talvez por isso não<br />
seja surpreendente <strong>que</strong>, com<br />
Portugal a meio de um resgate<br />
financeiro, Ferreira de Oliveira<br />
tenha sido alvo de um “teste” com<br />
origem no nosso principal credor,<br />
a Alemanha.<br />
Depois de uma amena<br />
conversa com o líder de uma<br />
grande empresa alemã, o<br />
presidente da Galp foi brindado<br />
com uma pergunta incómoda:<br />
“O senhor tem algum plano<br />
preparado, na sua empresa,<br />
para a implosão do euro ou da<br />
<strong>Europa</strong>?”. Ferreira de Oliveira<br />
devolveu a pergunta. “Ele riu-se<br />
e disse <strong>que</strong> não, por<strong>que</strong> achava<br />
impossível <strong>que</strong> houvesse um<br />
colapso do euro ou da <strong>Europa</strong>”,
armo-nos com o mundo”, diz o estreante Ferreira de Oliveira<br />
conta, salientando <strong>que</strong>, “mesmo<br />
no olho do furacão, na Alemanha”,<br />
essa hipótese não é considerada.<br />
Desde Outubro do ano passado<br />
<strong>que</strong> o presidente da Galp Energia<br />
está a preparar a sua ida ao<br />
Fórum de Davos. Marcou com<br />
antecedência quase duas dezenas<br />
de reuniões na estância de ski nos<br />
Alpes suíços. Os encontros iam<br />
de 10 minutos a uma hora e meia.<br />
Reuniu-se com os presidentes de<br />
outras grandes empresas do sector,<br />
com clientes internacionais, com<br />
fornecedores e com parceiros de<br />
negócio. O líder da brasileira<br />
Petrobras, José Grabrielli de<br />
Azevedo, é um dos parceiros<br />
da petrolífera nacional <strong>que</strong><br />
também esteve em<br />
Davos. “Se tivesse<br />
de me deslocar aos<br />
países das pessoas<br />
com <strong>que</strong>m <strong>que</strong>ria<br />
falar ou conhecer, iria<br />
perder necessariamente<br />
um mês”, explica,<br />
salientando, contudo, <strong>que</strong><br />
não foi ao Fórum para<br />
fazer negócios. “É um<br />
ambiente para trocar<br />
ideias e actualizar<br />
informação”, afirma.<br />
Para conseguir fazer<br />
muito em tão pouco tempo, os dias<br />
foram aproveitados ao minuto.<br />
Às 8h da manhã, Ferreira de<br />
Oliveira já estava em encontros.<br />
Todo o tempo livre pelo meio ia<br />
para os eventos – mais de 280<br />
oficiais, entre debates, workshops<br />
e painéis, sem contar com os<br />
privados. “A primeira sensação é<br />
de frustração, por<strong>que</strong> gostaria de<br />
ser capaz de me multiplicar por<br />
vários”, revela. Os dias terminavam<br />
às 10h da noite e, mesmo assim,<br />
pareciam não dar para tudo.<br />
Para Ferreira de Oliveira, tratase<br />
de uma estreia no palco onde,<br />
todos os anos, se encontram<br />
os líderes mundiais<br />
para discutir as grandes<br />
tendências e as preocupações<br />
internacionais. “É como<br />
se saíssemos de<br />
Portugal e fôssemos<br />
para um sítio onde<br />
nos encontramos com<br />
o mundo; atropelamonos<br />
uns aos outros”,<br />
explica o presidente<br />
da Galp Energia. Com<br />
representantes do poder<br />
político, económico<br />
e social em todas as<br />
esquinas, Ferreira<br />
de Oliveira diz <strong>que</strong>,<br />
REUTERS/CHRISTIAN HARTMANN<br />
“em cada sítio onde se pára, temse<br />
uma experiência nova, como<br />
conversar com um professor da<br />
melhor universidade dos Estados<br />
Unidos ou falar com o líder de uma<br />
empresa chinesa ou norueguesa”.<br />
Quanto às preocupações, são<br />
diferentes consoante a origem<br />
geográfica. As intervenções<br />
e as conversas com os líderes<br />
dos países do hemisfério Norte<br />
denotam grande preocupação com<br />
o emprego. Segundo Ferreira de<br />
Oliveira, as atenções estão aqui<br />
voltadas para o drama da criação<br />
de emprego, de dar oportunidades<br />
à geração jovem e para o acentuar<br />
das desigualdades sociais. No<br />
hemisfério Sul, os problemas são<br />
outros: como gerir o crescimento,<br />
como evitar a saída para o Norte da<br />
ri<strong>que</strong>za aí acumulada, impedindo a<br />
“endogeneização do crescimento”,<br />
como lhe chama.<br />
No meio de todas as<br />
preocupações mundiais, “a crise<br />
da dívida na zona euro é um<br />
tema, mas não é o tema”, salienta<br />
o presidente da Galp. Mesmo <strong>que</strong><br />
seja esta mesma crise a trazer o<br />
risco de colapso do euro para o<br />
meio da conversa entre dois líderes<br />
empresariais, um português e<br />
outro alemão. Ana Rita Faria<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 25<br />
Tranferência de soberania orçamental<br />
Alemanha propõe retirar<br />
poder ao Governo grego<br />
Sérgio Aníbal<br />
a Nas vésperas de uma cimeira europeia<br />
em <strong>que</strong> as novas regras orçamentais<br />
da zona euro vão ser discutidas,<br />
a Alemanha propôs aos seus<br />
parceiros uma transferência inédita<br />
de soberania orçamental dos países<br />
a benefi ciar de um pacote de apoio<br />
fi nanceiro e <strong>que</strong> não cumpram para<br />
os ministros das fi nanças dos outros<br />
países da zona euro.<br />
A notícia foi publicada ontem pelo<br />
Financial Times e dá conta de uma<br />
proposta enviada pelo Governo alemão<br />
aos ministros das fi nanças da<br />
zona euro com o objectivo de impedir<br />
<strong>que</strong> um país <strong>que</strong> esteja a receber<br />
empréstimos da troika, não adopte<br />
de forma persistente as medidas acordadas.<br />
O visado imediato é naturalmente<br />
a Grécia.<br />
A proposta, a ser aprovada, levaria<br />
à transferência de soberania em<br />
<strong>que</strong>stões orçamentais do governo<br />
grego para um novo “comissário orçamental”,<br />
nomeado pelos ministros<br />
das Finanças da zona euro. Este poderia,<br />
por exemplo, vetar decisões<br />
tomadas pelo Executivo grego <strong>que</strong><br />
conduzissem ao incumprimento de<br />
metas estabelecidas. E assumiria uma<br />
função apertada de fi scalização em<br />
relação às principais componentes<br />
da despesa pública.<br />
A Grécia, de acordo com estas novas<br />
regras, fi caria também obrigada<br />
a, antes de qual<strong>que</strong>r outra despesa<br />
(incluindo salários e pensões), cumprir<br />
os seus compromissos de dívida<br />
pública. Deste modo, dizem os autores<br />
da proposta, os mercados poderiam<br />
ter a certeza de <strong>que</strong> não haveria<br />
um default do Estado grego.<br />
O documento, cita o Financial Times,<br />
argumenta <strong>que</strong> “dada o cumprimento<br />
desapontador até agora, a<br />
Grécia tem de aceitar transferir soberania<br />
orçamental para o nível europeu<br />
por um determinado período<br />
de tempo”.<br />
As agências noticiosas Reuters e<br />
Bloomberg também noticiaram ontem,<br />
citando responsáveis políticos<br />
da zona euro não identifi cados, <strong>que</strong><br />
estava a ser discutida a possibilidade<br />
da troika constituída pela Comissão<br />
Europeia, FMI e BCE fi car com maior<br />
poder de intervenção na política orçamental<br />
dos países onde está a ser<br />
implementado um programa de ajustamento.<br />
A troika poderia, de acordo<br />
com algumas propostas, com poder<br />
para impor medidas <strong>que</strong> tenham sido<br />
acordadas previamente entre as<br />
partes.<br />
O Governo alemão não fez, durante<br />
o dia de ontem, qual<strong>que</strong>r comentário<br />
à notícia publicada pelo Financial<br />
Times. A Grécia, através de<br />
um porta-voz do Governo, recusou<br />
liminarmente a hipótese de perda<br />
de soberania orçamental do país. A<br />
Comissão Europeia também reagiu.<br />
Amadeu Altafaj, o porta-voz do co-<br />
missário europeu para os Assuntos<br />
Económicos e Financeiros, garantiu<br />
<strong>que</strong> as tarefas executivas “se mantém<br />
nos ombros” do Governo grego e <strong>que</strong><br />
“é lá <strong>que</strong> devem fi car”. Afi rma apenas<br />
<strong>que</strong> “a Comissão está decidida a<br />
reforçar a sua capacidade de monitorização<br />
e continua a reforçar a sua<br />
capacidade no terreno”.<br />
O surgimento destas propostas são<br />
uma demonstração do descontentamento<br />
crescente entre os principais<br />
credores da Grécia em relação à forma<br />
como o Governo grego, agora liderado<br />
por Lucas Papademos, está<br />
a executar as medidas previstas no<br />
programa de apoio fi nanceiro. Os<br />
elementos da troika vêem poucos<br />
avanços na adopção das medidas<br />
<strong>que</strong> julgam ser necessárias para cortar<br />
o défi ce.<br />
Entretanto, continuam as negociações<br />
em Atenas. Lucas Papademos<br />
teve ontem mais um dia agitado. o<br />
primeiro-ministro grego começou por<br />
se reunir com os elementos da troika,<br />
para discutir os detalhes do desejado<br />
segundo pacote de apoio fi nanceiro<br />
Angela Merkel<br />
está descontente<br />
com o<br />
incumprimento<br />
grego e <strong>que</strong>r uma<br />
transferência<br />
da soberania<br />
orçamental<br />
e das medidas <strong>que</strong> o Governo terá de<br />
adoptar para garantir o cumprimento<br />
dos objectivos orçamentais.<br />
A proposta apresentada pela troika<br />
a Atenas inclui, também de acordo<br />
com o Financial Times, uma lista de<br />
medidas <strong>que</strong> o Governo terá de tomar<br />
ainda antes do novo pacote de ajuda<br />
ser aprovado. Entre estas medidas está<br />
uma redução adicional do número<br />
de funcionários públicos. O bjectivo<br />
exigido é uma diminuição de 150 mil<br />
efectivos no espaço de três anos.<br />
A troika exige igualmente cortes<br />
substanciais nos sectores da Defesa<br />
e da Saúde, para além do fecho de<br />
diversos organismos da Administração<br />
Pública. Em cima da mesa está<br />
também um corte no valor do salário<br />
mínimo e a eliminação dos subsídios<br />
para o trabalhadores do sector privado,<br />
algo <strong>que</strong> o Governo grego não<br />
parece disposto a aceitar.<br />
A seguir, Papademos voltou a encontrar-se<br />
com os representantes do<br />
Instituto de Finanças Internacional<br />
(IIF), para acertar a reestruturação<br />
da dívida grega detida por privados.<br />
Um acordo com os credores privados<br />
também é exigido pela troika para<br />
aprovar o novo pacote de ajuda.<br />
Os líderes europeus têm afi rmado<br />
estar à espera da obtenção de um<br />
acordo ainda antes do início da cimeira<br />
<strong>que</strong> começa amanhã. Contudo,<br />
ontem, o IIF comunicou <strong>que</strong> apesar<br />
de estar próximo, o acordo deverá<br />
ser concluído apenas na próxima<br />
semana.
26 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Economia A semana<br />
As 5 mais<br />
REN Portucel Papel Sonae BCP Galp<br />
2,180<br />
2,135<br />
2,090<br />
2,07<br />
2,000<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
Var.<br />
0,72%<br />
26<br />
2,085<br />
Cumpra-se ou não nas estatísticas,<br />
este é certamente um dos adágios<br />
financeiros em <strong>que</strong> os investidores<br />
perderão uns minutos a matutar:<br />
como correrem os mercados em<br />
Janeiro, assim correrá o ano.<br />
Na leitura <strong>que</strong> é possível<br />
fazer das primeiras semanas<br />
de 2012 não se encontra uma<br />
tendência clara de como está a ir<br />
o mercado: por um lado, alimentase<br />
um regresso do optimismo<br />
moderado, por outro, alguns sinais<br />
de nervosismo na zona euro e,<br />
As 5 menos<br />
27<br />
1,900<br />
1,875<br />
1,850<br />
2,545<br />
1,800<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
Var.<br />
0,87%<br />
26<br />
2,62<br />
27<br />
0,50<br />
0,48<br />
0,46<br />
0,452<br />
0,42<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
26<br />
0,457<br />
27<br />
0,145<br />
0,139<br />
0,135<br />
0,130<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
PT EDP BPI BRISA Banif<br />
4,250<br />
4,18<br />
4,125<br />
4,000<br />
3,875<br />
3,750<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
26<br />
Var.<br />
-5,0%<br />
3,971<br />
27<br />
2,3750<br />
2,2500<br />
2,1875<br />
2,1250<br />
A figura Nuno Amado<br />
Nuno Amado, o homem <strong>que</strong> vai<br />
substituir Carlos Santos Ferreira<br />
à frente do BCP, é, naturalmente, a<br />
figura da semana. Ninguém sabe<br />
se vai tirar uns dias nos Alpes<br />
para se preparar para a missão.<br />
Mas se o puder fazer não seria<br />
propriamente má ideia, por<strong>que</strong><br />
a tarefa <strong>que</strong> tem pela frente não<br />
será seguramente fácil e uns bons<br />
dias de descanso no local <strong>que</strong> lhe<br />
aporta a<strong>que</strong>la dose suplementar<br />
de tranquilidade interior poderiam<br />
funcionar como um excelente<br />
tónico para os tempos difíceis <strong>que</strong><br />
terá seguramente pela frente.<br />
Nuno Amado não é um<br />
ban<strong>que</strong>iro mediático, mas todos<br />
dizem <strong>que</strong> é um grande ban<strong>que</strong>iro.<br />
Cultiva uma discrição <strong>que</strong> faz com<br />
<strong>que</strong> se olhe mais para o <strong>que</strong> faz<br />
do <strong>que</strong>, propriamente, para o <strong>que</strong><br />
diz. E fez muito num banco onde<br />
teve <strong>que</strong> substituir alguém <strong>que</strong><br />
acabou por ser recrutado para a<br />
liderança do histórico Lloyd’s. O<br />
Santander Totta ficou sem Horta<br />
Osório, mas não ficou órfão de<br />
comando. Nuno Amado consolidou<br />
a base estabelecida e prosseguiu o<br />
caminho da expansão.<br />
no caso da bolsa portuguesa,<br />
uma trajectória descendente<br />
nem sempre acompanhando as<br />
principais praças europeias.<br />
Nas últimas cinco sessões,<br />
o PSI-20 regressou a terreno<br />
negativo, ao acumular uma<br />
<strong>que</strong>da de 0,93%, com 11 cotadas a<br />
encerrarem com perdas. Desde o<br />
início do ano, o PSI-20 perdeu (até<br />
à última sexta-feira) 1,08% do seu<br />
valor.<br />
Peso-pesado do índice<br />
português, a Galp foi, na última<br />
2,3125<br />
2,29<br />
20<br />
Valor das acções em euros<br />
23<br />
24<br />
25<br />
Var.<br />
-3,10%<br />
26<br />
2,219<br />
27<br />
É, por isso, uma boa escolha.<br />
Chega ao BCP pelo lado da<br />
competência <strong>que</strong> demonstrou ao<br />
longo de décadas na banca. E não<br />
como corolário de uma batalha<br />
de poder <strong>que</strong> deixou cicatrizes<br />
difíceis de fechar no maior banco<br />
privado português.<br />
Não é fácil a tarefa. Herda um<br />
banco <strong>que</strong> viveu muitos anos<br />
orientado para as clientelas e<br />
não tanto para os clientes. Um<br />
banco <strong>que</strong> se derreteu em bolsa<br />
até aos 10 cêntimos por título<br />
e <strong>que</strong> perdeu vários milhares<br />
de milhões de euros em<br />
capitalização bolsista. Um<br />
banco <strong>que</strong> perdeu um dos<br />
activos fundamentais <strong>que</strong><br />
tinha em posse: o de ser<br />
considerado uma fortaleza<br />
inexpugnável.<br />
Amado tem uma tarefa<br />
ciclópica pela frente. A<br />
urgência de recapitalizar a<br />
instituição, a crescente fome<br />
de influência do seu maior<br />
accionista, a Sonangol. E a<br />
mais <strong>que</strong> provável entrada<br />
de um novo investidor de<br />
referência no capital do BCP,<br />
Var.<br />
1,11%<br />
semana, a cotada <strong>que</strong> registou a<br />
maior valorização, tendo chegado<br />
a cotar-se a 12,88 euros no fecho<br />
a meio da semana. Pelo contrário,<br />
entre as maiores perdas ficaram<br />
outras duas empresas com grande<br />
peso no índice: a PT, ao tombar 5%,<br />
e a EDP, <strong>que</strong> cedeu mais de 3%.<br />
A banca contou com duas<br />
cotadas entre as maiores descidas<br />
(BPI e Banif). Mas ao conseguir<br />
crescer no final da semana, o BCP<br />
conseguiu valorizar 1,44%, depois<br />
de serem notícia as mudanças<br />
0,560<br />
0,545<br />
0,530<br />
0,500<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
Var.<br />
-3,04%<br />
0,527 0,511<br />
26<br />
27<br />
PSI-20<br />
Índice em pontos<br />
7000<br />
6000 5992,54<br />
5000<br />
4000<br />
27 Out<br />
2,750<br />
2,625<br />
2,549<br />
2,500<br />
2,375<br />
2,250<br />
20<br />
23<br />
24<br />
Var.<br />
1,44%<br />
25<br />
Última semana<br />
26<br />
0,141<br />
27<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
Var.<br />
-0,93%<br />
5434,89<br />
26<br />
27 Jan<br />
Var.<br />
-2,94%<br />
2,474<br />
desta feita com pronúncia chinesa.<br />
Nuno Amado gosta de desafios.<br />
É um homem atento às mudanças<br />
<strong>que</strong> se estão a operar no sistema<br />
bancário. Trabalhou integrado<br />
num grupo, o Santander, <strong>que</strong> é<br />
dos maiores do mundo. Dispõe<br />
das ferramentas para reconstruir<br />
o edifício. Mas tem <strong>que</strong> mostrar<br />
<strong>que</strong> as expectativas não sairão<br />
furadas como um balão <strong>que</strong><br />
rebenta no seu caminho para<br />
o infinito.<br />
O primeiro teste<br />
será o da composição<br />
da equipa dirigente.<br />
Sobrepor aos apetites<br />
accionistas uma lógica de<br />
competência e capacidade<br />
de desempenho,<br />
nomedamente no pelouro<br />
financeiro, será um dos<br />
primeiros desafios de<br />
Amado e dará, certamente,<br />
para perceber se o novo<br />
presidente executivo é<br />
capaz de fazer vingar a<br />
lógica do profissionalismo<br />
em detrimento dos<br />
interesses grupais. José<br />
Manuel Rocha<br />
27<br />
13,500<br />
13,125<br />
12,750<br />
12,42<br />
12,000<br />
0,32<br />
0,31<br />
0,29<br />
20<br />
0,306<br />
20<br />
23<br />
23<br />
Var.<br />
2,74%<br />
24<br />
24<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
26<br />
12,76<br />
de governação no maior banco<br />
privado português.<br />
Nos mercados de dívida, a<br />
tensão diminuiu no caso de Itália<br />
e Espanha, mas acentuou-se sobre<br />
Portugal e a Grécia.<br />
A semana terminou com um<br />
novo corte de rating, da agência<br />
Fitch, na zona euro, a penalizar<br />
em especial Itália e Espanha<br />
e a reflectir os receios sobre a<br />
economia da zona euro, para <strong>que</strong>m<br />
o FMI prevê agora uma recessão<br />
de 0,5%. Pedro Crisóstomo<br />
O número<br />
60<br />
27<br />
Valor das acções em euros<br />
25<br />
Var.<br />
-1,96%<br />
26<br />
0,3<br />
27<br />
Valor estimado, em milhares<br />
de milhões de euros, dos<br />
títulos de dívida pública<br />
grega detidos actualmente<br />
pelo Banco Central Europeu.<br />
Com as conversações entre<br />
os credores privados e o<br />
Governo de Atenas para o<br />
perdão de parte da dívida<br />
ainda a decorrerem, a entidade<br />
liderada por Mario Draghi<br />
está a ser cada vez mais<br />
pressionada a ajudar ainda<br />
mais a Grécia, aceitando<br />
também perdas nos seus<br />
títulos obrigacionistas. Um<br />
passo pedido esta semana<br />
pelo FMI e mesmo por alguns<br />
responsáveis políticos<br />
europeus e <strong>que</strong> o BCE se<br />
recusa determinantemente<br />
a dar. O receio em Frankfurt<br />
é o de <strong>que</strong> o banco central<br />
possa ser a vítima seguinte no<br />
contágio da crise do euro.
Economia Gestão<br />
Aposta na variedade de mercados<br />
reforça lucros da Auto Sueco<br />
Apesar da crise em Portugal, facturação cresce 20%, com o Brasil a pesar<br />
quase metade nas receitas. Angola, Turquia e EUA também crescem<br />
Inês Se<strong>que</strong>ira<br />
a É costume dizer-se <strong>que</strong> não se devem<br />
pôr todos os ovos no mesmo<br />
cesto. Ora, o <strong>que</strong> se aplica às pessoas<br />
serve também para as empresas,<br />
como demonstra o exemplo da Auto<br />
Sueco. Num ano de crise em Portugal<br />
e Espanha, a presença em mercados<br />
como o Brasil levou a uma subida de<br />
20% no volume de negócios para o<br />
valor mais alto de sempre, de 1,2 mil<br />
milhões de euros.<br />
O “ovo” do Brasil foi o mais importante,<br />
e terá tendência a crescer ainda<br />
mais durante os próximos anos,<br />
indicou em entrevista ao PÚBLICO o<br />
presidente executivo, Tomás Jervell.<br />
O resultado deverá ser um lucro recorde<br />
superior a 30 milhões de euros,<br />
superior entre 60 a 70% a 2010 (o <strong>que</strong><br />
se confi rmará apenas no fi nal de Fevereiro,<br />
com o fecho do exercício), e<br />
um EBITDA de 90 milhões de euros<br />
(tinha sido de 66 milhões no exercício<br />
anterior).<br />
A Auto Sueco começou no maior<br />
país da América Latina apenas em<br />
2007, como concessionária de pe-<br />
sados da Volvo em Mato Grosso,<br />
seguindo-se a entrada no estado de<br />
São Paulo em 2010. Agora, passados<br />
quatro anos, este é um mercado <strong>que</strong><br />
“já representa 40,8% da facturação”<br />
e <strong>que</strong> subiu 23% em 2011, para 500<br />
milhões de euros, sublinha o responsável<br />
máximo do grupo nortenho.<br />
A estratégia passa por “um plano<br />
de investimentos bastante agressivo,<br />
de crescimento orgânico”, <strong>que</strong> prevê<br />
a abertura de várias instalações<br />
durante os próximos anos e poderá<br />
estender-se à compra de outras empresas<br />
dentro e fora do sector, revela<br />
Tomás Jervell. O objectivo é passar<br />
a liderar o mercado de pesados em<br />
São Paulo ainda em 2012 (são agora<br />
segundos). E “até por uma <strong>que</strong>stão<br />
demográfi ca”, o Brasil deverá representar<br />
mais de metade da facturação<br />
da Auto Sueco até 2015, acredita.<br />
A prova de <strong>que</strong> o outro lado do<br />
Atlântico é relevante para este grupo<br />
– <strong>que</strong> iniciou actividade no Norte<br />
de Portugal em 1933, pela mão de<br />
Luiz Oscar Jervell – foi a abertura de<br />
um centro corporativo em São Paulo,<br />
no início do Verão passado. “Temos<br />
Holanda representa “estabilidade fiscal”<br />
Não foi recentemente <strong>que</strong> a Auto<br />
Sueco criou uma holding na<br />
Holanda, onde tem par<strong>que</strong>adas<br />
todas as operações internacionais,<br />
mas sim há já 10 anos. Tomás<br />
Jervell prefere não comentar a<br />
polémica recente ligada ao grupo<br />
Jerónimo Martins, mas sempre vai<br />
indicando <strong>que</strong> a razão principal<br />
para a escolha da Auto Sueco<br />
“tem a ver com estabilidade<br />
fiscal”. Por outro lado, “é o país<br />
com o maior número de acordos<br />
de dupla tributação”, um aspecto<br />
importante, uma vez <strong>que</strong> nenhuma<br />
empresa gosta de pagar impostos<br />
a dobrar.<br />
No entanto, para o gestor, o<br />
mais importante é mesmo o facto<br />
de as regras ali não estarem<br />
constamente a mudar. “É um país<br />
amigo do investidor nesse sentido,<br />
não tanto pelas vantagens fiscais<br />
<strong>que</strong> retiramos a longo prazo, <strong>que</strong><br />
até podem ser algumas, mas<br />
PEDRO CUNHA<br />
<strong>que</strong> no imediato não existem”. A<br />
estratégia de diversificação dos<br />
últimos anos estende-se também<br />
ao mercado do crédito. “O <strong>que</strong><br />
temos feito, desde <strong>que</strong> entrámos<br />
no Brasil, foi dispersar bastante o<br />
nosso portfolio de financiamento”,<br />
indica. “Temos hoje núcleos de<br />
financiamento importantes <strong>que</strong>r<br />
no Brasil <strong>que</strong>r em Angola”.<br />
Já o investimento em Portugal<br />
continua a estar par<strong>que</strong>ado em<br />
bancos nacionais e sente o peso do<br />
encarecimento do crédito, “mas é<br />
um volume estável”. O investimento<br />
português mais importante este<br />
ano será de sete milhões de euros,<br />
numa nova fábrica mais moderna<br />
de reciclagem de pneus ligada à<br />
Biosafe, empresa do grupo. Quanto<br />
ao número de trabalhadores, o<br />
grupo fechou o ano passado com<br />
4200 pessoas a nível global, mais<br />
5,7% <strong>que</strong> em 2010 – principalmente à<br />
custa do Brasil.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 27<br />
aí cerca de 30 pessoas <strong>que</strong> apoiam<br />
e controlam os negócios no Brasil<br />
e detectam novas oportunidades”,<br />
indica o descendente do fundador.<br />
[Luiz Oscar Jervell criou ofi cialmente<br />
a Auto Sueco em 1949, juntamente<br />
com Ingvar Poppe Jensen].<br />
No entanto, nem apenas deste país<br />
se faz a actividade do grupo, nem<br />
só da representação dos camiões e<br />
autocarros da marca sueca. Além de<br />
Portugal, a partir de onde controlam<br />
várias actividades no estrangeiro, o<br />
terceiro centro corporativo fi ca em<br />
Angola – o primeiro país para onde a<br />
Auto Sueco se expandiu já há 20 anos,<br />
a convite da Volvo. Neste país, onde<br />
o grupo vende máquinas de construção<br />
civil e pesados, um crescimento<br />
de 45% para 164 milhões de euros,<br />
em 2011, acabou por compensar um<br />
desempenho mais fraco no ano anterior<br />
– quando a falta de pagamentos<br />
do Estado angolano às construtoras<br />
se refl ectiu numa descida de mais de<br />
50% do volume de negócios na<strong>que</strong>le<br />
mercado.<br />
Tomás Jervell reconhece <strong>que</strong> a actividade<br />
económica no país “tem vindo<br />
a normalizar-se” e acredita <strong>que</strong> 2012<br />
será mais um ano de crescimento<br />
importante, ainda para mais face a<br />
novos investimentos – como a construção<br />
de um aldeamento para trabalhadores<br />
expatriados e colaboradores<br />
e de um novo escritório, “num dos<br />
edifícios de escritórios mais importantes<br />
em Luanda”. Mas ainda assim,<br />
feitas as contas, o peso dos negócios<br />
em Angola na facturação total da Auto<br />
Sueco, <strong>que</strong> subiu de 11 para 13% no<br />
último ano, ainda está longe dos 37%<br />
<strong>que</strong> este mercado representava há<br />
pouco tempo atrás.<br />
O ritmo de crescimento dos Estados<br />
Unidos e da Turquia foi também<br />
importante, sublinha. Nestes dois<br />
países, o grupo vende máquinas de<br />
construção civil, através da participada<br />
Auto Sueco Coimbra, e a actividade<br />
tem ganho forças. Namíbia,<br />
Botswana, Quénia e Tanzânia, ainda<br />
com um peso conjunto de 0,4%, são<br />
outros mercados <strong>que</strong> estão a subir.<br />
Aguentar o barco<br />
Em contrapartida, Portugal é um<br />
mercado <strong>que</strong> continua a cair. “Estamos<br />
a passar por um período menos<br />
feliz e com desempenhos menos conseguidos<br />
em Portugal, mas as coisas<br />
estão razoavelmente estabilizadas.<br />
Temos uma estrutura muito afi nada<br />
e estamos preparados para aguentar<br />
dois ou três anos mais difíceis”, assegura<br />
Tomás Jervell.<br />
O facto de 75% da actividade deste<br />
grupo nortenho passar hoje pela venda<br />
de equipamentos pesados, máquinas<br />
e camiões, a <strong>que</strong> se juntam outros<br />
6% da comercialização de ligeiros,<br />
afectou fortemente o negócio devido<br />
à retracção deste sector. “O mercado<br />
de camiões em Portugal costumava<br />
andar à volta de 4500 unidades, mas<br />
este ano fechou com 2664.” O resultado<br />
foi a <strong>que</strong>da da facturação de<br />
330 para 303 milhões, com o país a<br />
representar 25% das receitas totais,<br />
quando em 2010 tinha um peso de<br />
35%. Já a Espanha, onde o grupo vende<br />
máquinas de construção através<br />
da Auto Sueco Coimbra, é hoje quase<br />
insignifi cante (cerca de 3%).
28 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Grande plano<br />
a A semana passada foi<br />
marcada pelo tiro de<br />
abertura da campanha para<br />
a reeleição do Presidente<br />
norte-americano, Barack<br />
Obama, no seu discurso do<br />
Estado da União, e por mais<br />
um (mais precisamente o 19º)<br />
debate entre os candidatos<br />
republicanos, em vésperas<br />
das primárias na Florida.<br />
As presidenciais americanas<br />
são só em Novembro, mas a<br />
campanha está já em marcha<br />
e não é só nos discursos<br />
políticos dos protagonistas<br />
analisados ao pormenor nos<br />
media.<br />
Da Florida ao Michigan,<br />
republicanos apoiantes de<br />
Mitt Romney ou de Newt<br />
Gingrich, ou democratas <strong>que</strong><br />
vão votar Barack Obama,<br />
sejam mais novos ou mais<br />
velhos, vão encontrando<br />
diferentes modos de ir ver ao<br />
vivo os seus ídolos políticos e<br />
de mostrar o seu apoio.<br />
BRIAN SNYDER/REUTERS<br />
BRIAN SNYDER/REUTERS
STEVE NESIUS/REUTERS<br />
JASON REED/REUTERS<br />
JOE RAEDLE/AFP<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 29<br />
JOE RAEDLE/AFP<br />
BRIAN SNYDER/REUTERS BRIAN SNYDER/REUTERS
30 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Mundo<br />
Aumento da violência leva Liga<br />
Árabe a suspender missão na Síria<br />
A oposição vai fornecer armas às milícias armadas. O regime intensifi ca<br />
os ata<strong>que</strong>s. Para ambos os lados, o confl ito torna-se cada mais desesperado<br />
Ana Gomes Ferreira<br />
a A Liga Árabe admitiu ontem <strong>que</strong> há<br />
uma escalada de violência na Síria e<br />
suspendeu a sua missão de observadores<br />
na<strong>que</strong>le país. Ao mesmo tempo,<br />
o Conselho Nacional Sírio, um dos<br />
maiores grupos da oposição, anunciou<br />
<strong>que</strong> vai pedir às Nações Unidas<br />
“protecção” para os civis <strong>que</strong> estão<br />
a ser atacados pelas forças governamentais.<br />
Na sexta-feira à noite, o chefe da<br />
missão árabe na Síria, o general sudanês<br />
Mohamed al-Dabi — <strong>que</strong> quando<br />
chegou a Homs, no fi nal de Dezembro,<br />
disse não existirem “situações<br />
preocupantes” —, informou a Liga<br />
de um “forte incremento da violência”,<br />
sobretudo nas cidades de Hama,<br />
Homs e Idlib, relata a AFP.<br />
Receando pela segurança dos delegados<br />
ou por outra razão não expressa,<br />
a Liga interrompeu a missão.<br />
Na noite de quinta para sexta-feira,<br />
os corpos de 17 opositores de Hama,<br />
<strong>que</strong> tinham sido detidos pelas forças<br />
governamentais, foram encontrados<br />
espalhados por ruas da cidade.<br />
Meninos com armas de brincar<br />
em Hula, perto de Homs, na Síria<br />
Membros do Conselho Nacional<br />
Sírio na Turquia: Muti al Buteyin,<br />
Semir Nesar, Muhammet Faruk<br />
Tayfur<br />
BULENT KILIC/AFP<br />
Tinham buracos de bala na cabeça,<br />
indicando execuções. “Há um homem<br />
na casa dos 60 anos, outro na dos 40<br />
e a maior parte estaria nos 20 anos”,<br />
disse, por telefone, uma fonte da Reuters<br />
na cidade.<br />
Hama, disse a fonte, era ontem uma<br />
cidade deserta, depois de três dias de<br />
intensos bombardeamentos. “Há pos-<br />
REUTERS<br />
tos de controlo a isolar os bairros uns<br />
dos outros e a cidade está fortemente<br />
militarizada”.<br />
A mais de 200 quilómetros de Damasco<br />
(a capital), esta é uma das cidades<br />
mais activas na rebelião contra<br />
o regime do Presidente Bashar<br />
al-Assad, <strong>que</strong> recorreu às forças de<br />
segurança para reprimir a revolta <strong>que</strong><br />
começou em Março do ano passado.<br />
Está conotada com a oposição e com<br />
a violência: na década de 1980, Hafez<br />
Assad, o pai do actual chefe de<br />
Estado, esmagou uma revolta da Irmandade<br />
Muçulmana. Milhares de<br />
pessoas morreram.<br />
Aqui, como em Homs, Idlib e nos<br />
subúrbios de Damasco, registou-se<br />
nos últimos meses uma intensa actividade<br />
das forças armadas da oposição<br />
— grupos coordenados pelo Exército<br />
de Libertação da Síria e outros <strong>que</strong><br />
actuam isoladamente. Perante a perda<br />
de controlo de partes substanciais<br />
do país, o regime de Bashar al-Assad<br />
ordenou às forças governamentais para<br />
atacarem, neutralizando os grupos<br />
armados da oposição e as comunidades<br />
<strong>que</strong> os abrigam.<br />
A espiral de violência — na sextafeira<br />
morreram mais de 100 pessoas —<br />
levou o Conselho Nacional Sírio (CNS)<br />
a decidir pedir protecção para a população<br />
às Nações Unidas. O presidente<br />
do CNS, Bourhan Ghalioun, chefi a a<br />
equipa <strong>que</strong>, hoje, será recebida por<br />
membros do Conselho de Segurança,<br />
em Nova Ior<strong>que</strong>.<br />
Este começa amanhã a debater<br />
uma proposta árabe e europeia para<br />
a resolução do confl ito na Síria <strong>que</strong><br />
preconiza o afastamento de Assad e<br />
a criação de um governo de unidade<br />
nacional. A Rússia anunciou <strong>que</strong> vetará<br />
qual<strong>que</strong>r documento <strong>que</strong> exclua<br />
Assad do poder. “Já dissemos claramente<br />
<strong>que</strong> a Rússia não considera<br />
esse texto como uma base para um<br />
acordo”, disse o embaixador russo<br />
nas Nações Unidas, Vitali Churkin,<br />
citado pela AFP.<br />
Na terça-feira, é a vez de os enviados<br />
da Liga Árabe à ONU (o secretário-geral<br />
Nabil el-Araby e o primeiroministro<br />
do Qatar, Hamad al-Thani)<br />
defenderem as suas opções em Nova<br />
Ior<strong>que</strong>. E só no fi nal deste processo<br />
se saberá se a resolução vai a votação.<br />
Dependerá do acordo <strong>que</strong> os diplomatas<br />
conseguirem alcançar para evitarem<br />
o veto da Rússia, <strong>que</strong> confi rmou<br />
estar em negociações com o Governo<br />
de Damasco para encontrarem a sua<br />
própria solução para o confl ito.<br />
Não será fácil todas estas partes<br />
chegarem a um compromisso. O<br />
<strong>que</strong>, considera a oposição síria, dará<br />
mais tempo a Assad para adensar a<br />
violência.<br />
Via militar<br />
Talvez por isso, um elemento do Conselho<br />
Nacional Sírio, Louay Safi , tenha<br />
dito ontem à estação de televisão Al-<br />
Jazira <strong>que</strong> o Exército de Libertação da<br />
Síria tem <strong>que</strong> ser “parte da solução”<br />
para o confl ito em curso.<br />
No início de Janeiro, este exército<br />
e o CNS uniram-se contra o regime.<br />
Na base deste entendimento estava a<br />
convicção — agora assumida por Louay<br />
Safi — de <strong>que</strong> a via militar poderia<br />
ser essencial à revolta contra Assad.<br />
A oposição viu a sangrenta guerra civil<br />
líbia e a instabilidade gerada pela<br />
militarização da oposição. Mas viu,<br />
também, <strong>que</strong> os protestos não passaram<br />
disso até à entrada dos militares<br />
nas revoltas. Tudo indica <strong>que</strong> estão<br />
dispostos a arriscar.<br />
“Estamos a referenciar os grupos<br />
<strong>que</strong> estão no terreno”, disse uma<br />
porta-voz do CNS, Bassma Kodmani,<br />
de forma a pô-los sob um só comando.<br />
Acrescentou <strong>que</strong> o Conselho está<br />
pronto a fornecer armas e dinheiro<br />
aos grupos espalhados pela Síria. E<br />
há cada vez mais civis a juntarem-se<br />
às milícias. “Temos o direito de pegar<br />
em armas. Não vamos voltar as costas<br />
a essa solução”, disse Omar, um residente<br />
de Homs, à Al-Jazira.<br />
“À medida <strong>que</strong> o confl ito se torna<br />
mais desesperado e feio, mais pessoas<br />
terão uma morte violenta. Não há<br />
solução visível para esta luta entre<br />
um regime determinado a manter o<br />
poder, e uma revolta <strong>que</strong> há muito<br />
entrou no ponto de não retorno”,<br />
sentenciou o jornalista Jim Muir, ao<br />
escrever na BBC online sobre um confl<br />
ito a <strong>que</strong> ainda não há <strong>que</strong>m chame<br />
guerra civil.
Mundo Breves<br />
Senegal Eleições francesas<br />
Violência após rejeição de<br />
candidatura de Youssou N’Dour<br />
a A rejeição da candidatura do cantor Youssou N’Dour pelas<br />
autoridades do Senegal e a autorização, por outro lado,<br />
para <strong>que</strong> o actual Presidente Abdoulaye Wade (85 anos, no<br />
cargo desde 2000) possa concorrer a um terceiro mandato<br />
nas eleições de Fevereiro, levaram muitos senegaleses a<br />
protestar violentamente em várias cidades. Na capital,<br />
Dacar, morreu um polícia em confrontos, envolvendo<br />
pedras e gás lacrimogéneo, com manifestantes.<br />
Brasil<br />
Detido importante<br />
traficante do Rio<br />
a A polícia brasileira deteve um dos<br />
trafi cantes de droga mais procurados<br />
do Rio de Janeiro, Fabiano Atanázio<br />
da Silva, <strong>que</strong> era tido como o chefe<br />
do tráfi co nas favelas do Complexo do<br />
Alemão. O trafi cante, mais conhecido<br />
por FB, foi detido no estado de São<br />
Paulo, na sexta-feira à noite, e transferido<br />
para o Rio. Acusado de tráfi co de<br />
drogas, homicídios, se<strong>que</strong>stro, etc,<br />
FB tinha sido detido em 2002, mas<br />
fugiu da prisão por um túnel. Mais<br />
tarde, conseguiu escapar da operação<br />
de “pacifi cação” da favela em<br />
2010.<br />
Viena<br />
Le Pen brilha no baile<br />
da extrema-direita<br />
a Marine Le Pen, a líder da Frente<br />
Nacional francesa, foi a convidada<br />
de honra do baile anual da extrema<br />
direita europeia <strong>que</strong> se realizou sextafeira<br />
em Viena, no palácio imperial<br />
de Hofburg. Este ano, o baile a <strong>que</strong> se<br />
juntam organizações de estudantes e<br />
intelectuais próximas do FPÖ —partido<br />
austríaco de extrema-direita, a <strong>que</strong><br />
as sondagens dão 28% das intenções<br />
voto, o mesmo <strong>que</strong> aos social-democratas<br />
— foi ainda mais polémico, pois<br />
coincidiu com o 67º aniversário da<br />
libertação de Auschwitz.<br />
Merkel vai fazer campanha por<br />
Sarkozy nas presidenciais<br />
a A chanceler alemã Angela Merkel deverá participar em<br />
eventos de campanha eleitoral do Presidente francês Nicolas<br />
Sarkozy na Primavera, diz a AFP, citando o discurso<br />
<strong>que</strong> o secretário-geral da CDU, o partido de Merkel, fez<br />
ontem em Paris. Hermann Gröhe foi dizer no conselho<br />
nacional da UMP, o partido de Sarkozy — ambos da direita<br />
conservadora — estar persuadida de <strong>que</strong> o Presidente<br />
francês é “a pessoa certa para estar no Eliseu.”<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 31<br />
Costa Concordia Inspectores nucleares chegam amanhã a Teerão<br />
Cuidados médicos<br />
Mau tempo impede<br />
retirar combustível<br />
a As operações para retirar o combustível<br />
do navio Costa Concordia,<br />
<strong>que</strong> encalhou junto à ilha italiana de<br />
Giglio no dia 13, foram suspensas ontem<br />
devido ao mau tempo. Mais um<br />
corpo foi, entretanto, encontrado,<br />
sendo 17 os mortos e 15 os desaparecidos.<br />
A decisão de parar os trabalhos<br />
para evitar um desastre ecológico na<br />
zona foi tomada pelos técnicos da empresa<br />
holandesa Smit e da italiana Neri,<br />
<strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong> bombear 2400 toneladas<br />
de combustível. Os serviços de<br />
meteorologia dizem <strong>que</strong> só na terçafeira<br />
as condições do mar permitirão<br />
o regresso ao trabalho.<br />
Irão ameaça cortar já exportações de<br />
petróleo aos países da União Europeia<br />
Maria João Guimarães<br />
a O Irão vai discutir amanhã se vai<br />
antecipar-se a sanções ao seu petróleo<br />
pelos países da União Europeia, na<br />
altura em <strong>que</strong> uma equipa de altos<br />
responsáveis da Agência Internacional<br />
de Energia Atómica (AIEA), a organização<br />
da ONU para o nuclear, chega<br />
a Teerão para “esclarecer as dúvidas<br />
<strong>que</strong> restam sobre o programa nuclear”.<br />
A agência aponta ter indícios de<br />
a Quatro actuais e antigos jornalistas<br />
de topo do tablóide britânico The Sun<br />
e um polícia foram ontem detidos no<br />
âmbito de uma investigação da Scotland<br />
Yard à corrupção policial.<br />
O diário britânico The Guardian<br />
afi rma <strong>que</strong> os quatro elementos do<br />
Sun são dois antigos editores, um<br />
actual editor executivo e um outro<br />
elemento da redacção. O agente detido,<br />
suspeito de receber dinheiro, é<br />
um polícia de 29 anos.<br />
A investigação está ligada a outra<br />
se destinar a obter uma bomba atómica,<br />
algo <strong>que</strong> o Irão nega.<br />
O Parlamento do Irão vai discutir<br />
hoje (o domingo é o primeiro dia útil<br />
da semana na<strong>que</strong>le país) o corte de<br />
exportações de petróleo aos países<br />
europeus <strong>que</strong> decidiram na semana<br />
passada, após meses de discussão, decretar<br />
um embargo ao petróleo iraniano,<br />
a ser aplicado progressivamente<br />
nos próximos seis meses.<br />
Dois países europeus, a Grécia e<br />
DIETER NAGL/AFP<br />
Herman Nackaerts, o inspector-chefe da AIEA, ao partir para Teerão<br />
Grupo de Rupert Murdoch<br />
Detidos quatro jornalistas do Sun<br />
e um polícia por suspeita de corrupção<br />
operação <strong>que</strong> continua em curso sobre<br />
o agora encerrado tablóide News<br />
of the World, <strong>que</strong> pertence, tal como o<br />
Sun, ao grupo de media News International,<br />
de Rupert Murdoch.<br />
A acção deste sábado incluiu buscas<br />
policiais aos escritórios de Londres<br />
do grupo News International,<br />
para além das casas dos detidos. A<br />
polícia estava “interessada em tudo,<br />
desde blocos de notas, emails, postits”,<br />
contou uma fonte ao Guardian.<br />
A operação resultou de informa-<br />
Itália, compram bastante petróleo ao<br />
Irão, e uma interrupção abrupta <strong>que</strong><br />
os fi zesse pagar petróleo mais cara seria<br />
especialmente difícil, dado a crise<br />
<strong>que</strong> atravessam. Por outro lado, analistas<br />
dizem <strong>que</strong> outros países árabes<br />
poderiam aumentar a produção, compensando<br />
a falta de crude iraniano.<br />
“A decisão apressada de usar o petróleo<br />
como ferramenta política terá<br />
um impacto negativo (...) nas economias<br />
europeias em recuperação”,<br />
dizia o Ministério do Petróleo após<br />
a decisão da UE na semana passada.<br />
Os media iranianos garantem <strong>que</strong> os<br />
compradores europeus (destino de<br />
18 por cento do crude do país) serão<br />
substituídos pela Índia e China.<br />
Antes da visita, não eram esperados<br />
grandes avanços nas negociações. Mas<br />
diplomatas ocidentais viram tímidos<br />
sinais de alguma disposição do Irão<br />
em colaborar com a AIEA, citando a<br />
aceitação, sem grandes objecções, de<br />
dois peritos em armamento, o francês<br />
Jac<strong>que</strong>s Baute e o sul-africano Neville<br />
Whiting, diz o Washington Post.<br />
Por outro lado, antes de chegar a<br />
Teerão, o inspector-chefe da AIEA<br />
Herman Nackaerts usou um raro tom,<br />
declarando: “Esperamos o início de<br />
um diálogo, um diálogo <strong>que</strong> devia ter<br />
começado há muito”, um diálogo <strong>que</strong><br />
esclareça “todas as <strong>que</strong>stões.”<br />
ções <strong>que</strong> a polícia recebeu na sequência<br />
do inquérito parlamentar<br />
ao escândalo das escutas ilegais nos<br />
jornais do grupo de Murdoch, mas<br />
tem a ver apenas com corrupção.<br />
Depois de ontem foram já detidas<br />
um total de 12 pessoas no âmbito da<br />
operação <strong>que</strong> investiga as alegações<br />
de <strong>que</strong> jornalistas pagavam a polícias<br />
em troca de informação — uma das<br />
três investigações criminais às práticas<br />
de recolha de informação do<br />
News of the World.<br />
Presidente do Iémen<br />
partiu para os EUA<br />
a O deposto Presidente do Iémen Ali<br />
Abdullah Saleh partiu ontem para os<br />
Estados Unidos, para receber cuidados<br />
médicos, indicou ontem o site<br />
do Ministério da Defesa iemenita. O<br />
seu voo, vindo de Omã, onde estava<br />
há uma semana, fez escala no Reino<br />
Unido, em Stansted, nos arredores<br />
de Londres. Já esteve hospitalizado<br />
na Arábia Saudita após um atentado<br />
ao palácio, em Junho, na sequência<br />
de contestação popular. Washington<br />
tem tentado afastá-lo de Sanaa, mas<br />
não lhe <strong>que</strong>r dar asilo, embora tenha<br />
sustentado antes o seu regime, como<br />
bastião na luta contra a Al-Qaeda.<br />
Ano Novo chinês<br />
Alerta para poluição<br />
do fogo de artifício<br />
a O Governo de Pequim começou a<br />
informar a população para os riscos<br />
de poluição do fogo de artifício <strong>que</strong><br />
irá ser usado esta noite para celebrar<br />
a passagem do ano chinês — a China<br />
entra amanhã no Ano do Dragão. Por<br />
tradição, o céu da cidade enche-se de<br />
partículas brilhantes, com milhões<br />
de habitantes a lançarem foguetes<br />
e fogos. As autoridades sublinham<br />
<strong>que</strong> os engenhos pirotécnicos têm o<br />
mesmo efeito no ar, e na saúde, <strong>que</strong><br />
o fumo dos escapes ou as chaminés<br />
das fábricas — doenças coronárias,<br />
de pulmões e demência.
32 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Mundo O <strong>que</strong> faz a geração <strong>que</strong> ocupou a Praça Tahrir<br />
O ano da revolução<br />
vivido por três<br />
jovens egípcios<br />
Mona Shahien deu trabalho a seis pessoas, lançou um<br />
projecto ambicioso e fi cou noiva. Mohamed Mohsen<br />
cantou novas canções e passou muitas horas na Praça<br />
Tahrir. Nahla Soliman decidiu-se a dar os primeiros<br />
passos para cumprir o sonho de chegar à ONU<br />
Sofia Lorena<br />
a Há um ano começavam a acreditar<br />
<strong>que</strong> tudo era possível. Entretanto,<br />
muito aconteceu no Egipto e nas suas<br />
vidas. Mais ou menos optimistas, ainda<br />
não desistiram do protesto como<br />
arma, mas experimentaram outras<br />
formas de se manifestar, de dizer o<br />
<strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong> e de trabalhar para o<br />
conseguir.<br />
No ano passado por esta altura, como<br />
milhares de outros jovens egípcios,<br />
estavam acampados na Praça<br />
Tahrir ou passavam lá todo o tempo<br />
<strong>que</strong> podiam, sem saber <strong>que</strong> contribuíam<br />
para fazer cair um ditador. Mona<br />
Shahien esteve ali em permanência,<br />
descrevendo o <strong>que</strong> se passava no<br />
Facebook até ser anunciado o afastamento<br />
de Hosni Mubarak, a 11 de<br />
Fevereiro. Mohamed Mohsen também<br />
acampou na Tahrir, logo no início, a<br />
25 de Janeiro. Com outros músicos, foi<br />
cantando a revolução enquanto ela se<br />
desenrolava. Nahla Soliman, fi lha de<br />
um militar, manifestava-se no fi m do<br />
dia de trabalho, sem a família saber.<br />
Nos últimos dias todos voltaram<br />
a passar pela praça <strong>que</strong> os activistas<br />
egípcios tratam como uma espécie de<br />
segunda casa, onde se sentem bem<br />
e encontram sempre família e amigos.<br />
Festejaram a <strong>que</strong>da da ditadura,<br />
mas também protestaram contra os<br />
generais no poder, as detenções de<br />
activistas <strong>que</strong> têm sido ordenadas, a<br />
violência com <strong>que</strong> reprimiram os protestos<br />
em Novembro e Dezembro, a<br />
sua recusa em transferir a autoridade<br />
para um conselho civil, como os revolucionários<br />
pedem há meses.<br />
“A revolução continua. Ainda temos<br />
muito para fazer”, diz o músico<br />
Mohamed Mohsen.<br />
Nahla Soliman<br />
Ganhar coragem<br />
para abrir horizontes<br />
Aos 23 anos, a sorridente Nahla Soliman<br />
já tem o futuro bem pensado: “O<br />
meu sonho é chegar à ONU. Estudei<br />
Espanhol, julgo <strong>que</strong> o meu Inglês é<br />
bom. Mas não chega, pedem sempre<br />
muita experiência. Por isso vou continuar<br />
no instituto onde estou e procurar<br />
outras coisas. Quero trabalhar<br />
para as Nações Unidas no meu país,<br />
fazer alguma coisa pelo Egipto”.<br />
Desde a universidade, onde estudou<br />
Literatura Espanhola, <strong>que</strong> Nahla<br />
“<strong>que</strong>ria saber mais sobre a sociedade<br />
civil, o trabalho nas organizações não<br />
governamentais”. Mas só dois anos<br />
depois de acabar o curso — passados a<br />
trabalhar no departamento de media<br />
do Instituto Cervantes do Cairo — e<br />
uma revolução depois é <strong>que</strong> a jovem<br />
ganhou coragem e deu os primeiros<br />
passos. “Queria fazer o curso de Verão<br />
do Instituto do Cairo para os Direitos<br />
Humanos, mas deixava sempre passar<br />
o prazo.” Até Julho de 2011. Feita a<br />
introdução, fi cou como estagiária no<br />
departamento de educação do instituto,<br />
fundado há 20 anos.<br />
“Estou a gostar muito, aprendi, conheci<br />
muitas coisas <strong>que</strong> não faziam<br />
parte da minha vida. Agora, tenho<br />
amigos muito diferentes uns dos outros,<br />
conheço homossexuais e aceito<br />
completamente a sua diferença”, diz<br />
Nahla. “Agora aceito a diferença entre<br />
as pessoas, não vejo tudo pelo meu<br />
ponto de vista, como antes.”<br />
Filha de um militar e de uma dona<br />
de casa, Nahla não tinha qual<strong>que</strong>r experiência<br />
de activismo ou protesto<br />
antes de Janeiro de 2011. Há um ano,<br />
viu a revolução começar e quis juntar-<br />
se. “Não acampei na Tahrir por<strong>que</strong> a<br />
minha família não me deixou. Mas ia<br />
trabalhar de manhã e quando saía, em<br />
vez de ir para casa, ia para a praça,<br />
sem dizer ao meu pai. Eu sabia <strong>que</strong><br />
o regime era corrupto e estive com<br />
a revolução desde o início”, explica.<br />
“Apoio a revolução”, acrescenta, em<br />
espanhol.<br />
Entre a mãe, <strong>que</strong> fi cou em casa “a<br />
ver tudo em frente da televisão”, e o<br />
pai, <strong>que</strong> “não pensa <strong>que</strong> a revolução<br />
seja boa para nós”, havia ainda o irmão<br />
três anos mais velho, <strong>que</strong> “esteve<br />
na Tahrir” até Mubarak sair do poder,<br />
a 11 de Fevereiro.<br />
Um ano depois, a jovem está preocupada<br />
com o futuro. “Tenho medo<br />
do peso dos salafi stas [<strong>que</strong> obtiveram<br />
24% nas eleições legislativas]. Não sabem<br />
nada de política, não têm experiência,<br />
não percebo o <strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong>”,<br />
afi rma. “Está tudo tão confuso <strong>que</strong><br />
tenho medo <strong>que</strong> a certa altura os<br />
egípcios lutem entre si. Não islamistas<br />
contra cristãos, isso não acredito, mas<br />
islamistas contra liberais e reformistas...<br />
Revolucionários contra os <strong>que</strong><br />
estiveram calados até agora e um dia<br />
vão começar a falar...”<br />
Agora <strong>que</strong> ganhou asas fora de casa,<br />
a jovem também arranjou coragem<br />
para desafi ar mais o pai, um esforço<br />
<strong>que</strong> tem dado frutos. Em Abril, por<br />
exemplo, quando os generais no poder<br />
organizaram um referendo a uma<br />
série de emendas constitucionais,<br />
Nahla convenceu-o a votar “não”, “a<br />
mudar de ideias”. “Ainda estou a trabalhar<br />
com ele noutros pontos.” Já<br />
nas legislativas, <strong>que</strong> começaram em<br />
Novembro e se prolongaram até Janeiro,<br />
não foi tão bem-sucedida. Seria<br />
complicado convencer um militar a<br />
votar na coligação de jovens revolu-<br />
cionários, “todos activistas, com experiência<br />
na sociedade civil”, à qual<br />
Nahla escolheu dar o seu voto.<br />
Mona Shahien<br />
Ajudar a “construir<br />
a cidadania”<br />
Estudou jornalismo e fez de tudo um<br />
pouco, do ensino à diplomacia. Depois<br />
da revolução, quis fazer mais.<br />
Assim nasceu o Tahrir Lounge, um<br />
projecto com sede física no Instituto<br />
Goethe do Cairo, a dois minutos da<br />
Praça Tahrir, com fi nanciamento do<br />
Ministério dos Negócios Estrangeiros<br />
alemão e um objectivo: “Educar para<br />
a cidadania, para uma participação<br />
activa na sociedade”.<br />
“Durante a revolução fui co-fundadora<br />
do Revolution Youth Union, um<br />
grupo <strong>que</strong> [nasceu nos protestos da<br />
Tahrir e] reuniu 45 partidos políticos,<br />
movimentos, artistas. Depois dessa<br />
experiência posso dizer <strong>que</strong> o trabalho<br />
do novo Parlamento vai ser muito<br />
difícil. É preciso aprender a dialogar,<br />
a fazer concessões, essa é a essência<br />
do sistema político”, diz. “Depois<br />
senti <strong>que</strong> não era sufi ciente e tinha<br />
de fazer algo mais concreto. Pensava<br />
sempre em educação, em preparar as<br />
pessoas para as mudanças.”<br />
Visitámos o Lounge no Dia Internacional<br />
da Tolerância e vimos Mona<br />
Shahien ainda a fazer de tudo um<br />
pouco. A coordenar a disposição de<br />
bancas de diferentes organizações<br />
não governamentais (ONG) no bonito<br />
pátio do Goethe, a desenhar cartazes,<br />
a atender telefonemas, a dar entrevistas,<br />
a decidir <strong>que</strong> já era hora de sair<br />
para a rua para a primeira iniciativa<br />
da tarde.<br />
“É importante sairmos daqui, darmo-nos<br />
a mostrar. Mas não vamos<br />
parar o trânsito, não <strong><strong>que</strong>rem</strong>os ser<br />
presos”, brincou a jovem no caminho<br />
até à Praça Talat Harb, ponto de<br />
passagem e de encontro habitual, a<br />
quatro quarteirões da Tahrir.<br />
Munidos de cartazes com frases sobre<br />
a tolerância, Mona, os outros seis<br />
jovens <strong>que</strong> o Lounge emprega, mem-
“Para a juventude,<br />
a revolução<br />
continua viva.<br />
Mas os militares<br />
não nos deixaram<br />
expressar ideias”<br />
Mohamed Mohsen<br />
bros de diferentes ONG e egípcios de<br />
todas as idades <strong>que</strong> se tornaram fre<strong>que</strong>ntadores<br />
das suas actividades rodearam<br />
a estátua no passeio central<br />
da rotunda da Talat Harb e deixaram-<br />
se fi car por ali, de cartazes em punho.<br />
A ideia era provocar reacções<br />
e resultou — houve <strong>que</strong>m decidisse<br />
juntar-se-lhes, <strong>que</strong>m desenhasse os<br />
seus slogans, e também <strong>que</strong>m entrasse<br />
em debate, para defender <strong>que</strong> os<br />
membros do antigo regime não merecem<br />
“tolerância nem perdão”.<br />
A tarde ainda ia a meio e havia de<br />
entrar pela noite, quando mais de 150<br />
pessoas encheram o pátio do Goethe<br />
para assistir a intervenções de activistas<br />
e a um concerto. Uns de pé,<br />
outros sentados nas cadeiras, outros<br />
espalhados pelo chão, apoiados em<br />
grandes almofadas de amarelo e vermelho<br />
vivo.<br />
A principal actividade do Tahrir<br />
Lounge, a funcionar desde Abril,<br />
é a organização de conferências e<br />
workshops: treino para monitorizar<br />
as eleições (“Ensinámos as pessoas<br />
a identifi car fraudes e a perceberem<br />
<strong>que</strong> têm de reagir, <strong>que</strong> ser cidadão é<br />
não se calar”), formação a jornalistas<br />
e bloggers, por exemplo. Também<br />
convidam muitos políticos e líderes<br />
AFP/KHALED DESOUKI<br />
partidários e põem as pessoas a fazerlhes<br />
perguntas. “Trouxemos muita<br />
gente para falar de política, coisas<br />
simples, como a própria terminologia,<br />
saber o <strong>que</strong> é o salafi smo, o comunismo,<br />
o liberalismo.”<br />
“Levamos este projecto a sério,<br />
dedicamo-nos todos muito. Mas depois<br />
fazemos tudo de uma maneira<br />
diferente. Organizamos sessões de desenho,<br />
concertos, passagens de modelos.<br />
É política, mas apresentada de<br />
forma apelativa, principalmente aos<br />
jovens. A ideia é atrair as pessoas e<br />
depois interessá-las no <strong>que</strong> fazemos”,<br />
explica Mona.<br />
Mona tem muitos projectos para<br />
o Lounge. Para além de continuar as<br />
actividades habituais, <strong>que</strong>r começar<br />
projectos sobre o papel da mulher na<br />
sociedade: “É muito delicado, estou<br />
a trabalhar nisso, mas ainda não estamos<br />
preparados”. Quer também<br />
continuar a expandir o projecto ao<br />
resto do país, e já abriu um segundo<br />
Lounge na zona do Delta.<br />
Os últimos 12 meses trouxeram<br />
Nahla Soliman<br />
Mona Shahien<br />
Mohamed Mohsen<br />
outras mudanças à sua vida: viajou<br />
muito, convidada a falar da revolução<br />
(em Novembro participou no Fórum<br />
Lisboa do Centro Norte-Sul), e fi cou<br />
noiva.<br />
No Lounge, o principal vai manterse.<br />
“Estamos a tentar construir cidadania,<br />
ninguém pode saber o <strong>que</strong> está<br />
errado se não for orientado antes, se<br />
ninguém lhe disser o <strong>que</strong> está errado.<br />
Isso é o mais importante para um país<br />
em transição.”<br />
Mohamed Mohsen<br />
Ainda a mesma cantiga<br />
Primeiro, ouvimo-lo cantar. Voz límpida,<br />
a cappella, letras sobre “o nosso<br />
país”, “os nossos jovens”, uma canção<br />
dedicada a Mina Daniels, o activista<br />
cristão copta <strong>que</strong> morreu a 9 de Outubro<br />
em Maspero, com outras 26 pessoas,<br />
quando uma marcha pacífi ca foi<br />
reprimida pelo Exército na marginal<br />
do Cairo. Depois, começou a entrevista<br />
e Mohamed Mohsen confi rmou o<br />
<strong>que</strong> se adivinhava: “95% das minhas<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 33<br />
canções são de intervenção social”.<br />
Aos 25 anos, Mohamed vive da música<br />
e do teatro, apesar de ter estudado<br />
Engenharia. “Comecei o curso há<br />
seis anos e entrei logo para a banda da<br />
universidade, depois fui para a Ópera<br />
do Cairo e dois anos depois saí para<br />
formar uma pe<strong>que</strong>na banda independente.<br />
Continuo a cantar até agora.”<br />
Mohamed compõe algumas canções,<br />
tem letras escritas por amigos e<br />
trabalha a obra de compositores como<br />
Sayed Darwish, <strong>que</strong> morreu em 1923 e<br />
é considerado o pai da música popular<br />
egípcia, dando-lhes “novas melodias”.<br />
É o caso da canção dedicada a Mina<br />
Daniels, <strong>que</strong> “fala do poder das autoridades<br />
para nos levarem um fi lho”.<br />
Como aconteceu a Nadia Faltas Beshara,<br />
a mãe de Daniels, <strong>que</strong> na última<br />
quarta-feira, um ano depois do início<br />
da revolução, voltou à Praça Tahrir.<br />
“Se eu quisesse, seria muito fácil<br />
cantar sobre amor, habibi, habibi…<br />
[“meu <strong>que</strong>rido” ou “<strong>que</strong>rida”, de “habib”<br />
ou amado]”, diz Mohamed. “Mas<br />
é melhor cantar pelo meu povo, pelo<br />
meu país, refl ectir o <strong>que</strong> pensam os<br />
egípcios, <strong>que</strong> expectativas têm”, continua,<br />
garantindo <strong>que</strong> sempre cantou<br />
o <strong>que</strong> quis, mesmo com Hosni Mubarak<br />
no poder. “Há seis anos já cantava<br />
contra o Governo e em defesa da liberdade.<br />
Houve muitas rusgas nos meus<br />
concertos mas nunca fui preso.”<br />
Ou melhor, Mohamed nunca tinha<br />
sido preso até 28 de Janeiro de 2011.<br />
“Quando a revolução começou, estive<br />
desde o primeiro dia na Tahrir, a<br />
cantar com outros músicos amigos. Só<br />
nessa altura é <strong>que</strong> fui preso, levaramme<br />
e interrogaram-me durante dois<br />
dias, mas depois libertaram-me.”<br />
No último ano, Mohamed continuou<br />
a cantar e a percorrer os dez<br />
minutos <strong>que</strong> distam da sua casa até à<br />
praça da Libertação <strong>que</strong> todos tratam<br />
por “praça da revolução”. Ao mesmo<br />
tempo, aceita convites para debates<br />
e associa-se a iniciativas de organizações<br />
<strong>que</strong> tenham por alvo a “consciencialização<br />
social e política” ou sirvam<br />
para discutir uma das suas maiores<br />
preocupações: “A religião é um grande<br />
problema. Os egípcios dão demasiada<br />
importância à religião e misturaramna<br />
com política e com a vida pública.<br />
Temos de nos organizar para fazer as<br />
pessoas perceberem <strong>que</strong> as diferenças<br />
estão só na cabeça delas”.<br />
“Para a juventude, para nós, a revolução<br />
continua viva. Mas o Conselho<br />
Militar das Forças Armadas [no<br />
poder desde a <strong>que</strong>da do ditador] não<br />
nos deu nenhuma oportunidade de<br />
expressar as nossas ideias”, afi rma o<br />
músico, <strong>que</strong> por não considerar as recentes<br />
legislativas eleições realmente<br />
livres optou pelo boicote.<br />
Mohamed gostava <strong>que</strong> mais pessoas<br />
continuassem a manifestar-se na<br />
Tahrir, mas pensa <strong>que</strong> “a maioria dos<br />
egípcios não tem educação sufi ciente<br />
para perceber <strong>que</strong> há problemas”.<br />
Por isso, “cabe aos jovens lembrar o<br />
resto das pessoas da revolução, temos<br />
muito trabalho”.<br />
Quando “a revolução começou, não<br />
sabíamos para onde ia, não sabíamos<br />
<strong>que</strong> o regime ia cair”, diz Mohamed.<br />
“Agora tenho a certeza de <strong>que</strong> virá de<br />
novo. Uma grande parte da sociedade<br />
continua a ferver, vai ter de acontecer<br />
alguma coisa.”
34 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Local<br />
Quem disse<br />
<strong>que</strong> as lojas novas<br />
são melhores<br />
do <strong>que</strong> estas?<br />
Todas as semanas a Ar<strong>que</strong>olojista publica no seu<br />
blogue mais um “achado ar<strong>que</strong>olójico”. Esta é uma<br />
viagem pelas lojas-avós, as lojas da Lisboa antiga<br />
Cláudia Sobral<br />
a Tudo começou com Mami Pereira<br />
a distribuir castanhas assadas na<br />
Baixa de Lisboa. O senhor David, sócio<br />
de uma loja de pijamas e lingerie<br />
da Praça da Figueira, disse-lhe <strong>que</strong><br />
passasse por lá, <strong>que</strong> lhe oferecia um<br />
copo de água-pé para ajudar a empurrar<br />
as castanhas. Ela lá foi. Mal<br />
sabia <strong>que</strong> a sua vida nunca mais seria<br />
a mesma depois da<strong>que</strong>la conversa.<br />
Hoje diz <strong>que</strong> foi aí <strong>que</strong> se apaixonou<br />
pelas “lojas antigas” e teve vontade<br />
de fazer “alguma coisa”.<br />
Por isso, a jornalista e fotógrafa<br />
agora é também Mami, a ar<strong>que</strong>olojista<br />
– <strong>que</strong> é o mesmo <strong>que</strong> dizer<br />
“pessoa apaixonada por lojas antigas<br />
<strong>que</strong> se dedica à caça, descoberta e<br />
catalogação dos achados do comércio<br />
tradicional”, como a própria faz<br />
<strong>que</strong>stão de explicar no blogue A Ar<strong>que</strong>olojista,<br />
onde conta as histórias<br />
destes estabelecimentos <strong>que</strong> têm vindo<br />
a desaparecer.<br />
Este projecto “não é lá qual<strong>que</strong>r<br />
coisa”, esclarece Mami ao “freguês”<br />
<strong>que</strong> tropece na página do Facebook:<br />
é um blogue “dedicado às lojas avós,<br />
também chamadas antigas” e aos seus<br />
“reclames vintage, ao bric-a-brac, aos<br />
fregueses, às eti<strong>que</strong>tas do tempo da<br />
monarquia, aos sorrisos de <strong>que</strong>m está<br />
atrás do balcão, aos galhardetes, ao<br />
granel, ao fi ado”. O comércio tradicional<br />
pode já não ser o <strong>que</strong> era, mas<br />
as “lojas com barbas” ainda existem.<br />
E isso vê-se pelos achados <strong>que</strong> a ar<strong>que</strong>olojista<br />
colecciona na sua página.<br />
Por uma tarde, Mami faz de guia por<br />
algumas das suas “descobertas ar<strong>que</strong>olójicas”,<br />
por a<strong>que</strong>las lojas <strong>que</strong> ainda<br />
têm tudo atrás dos balcões. “Antigamente<br />
estava tudo atrás do balcão”,<br />
diz. “Hoje em dia não, por<strong>que</strong> o <strong>que</strong><br />
as pessoas menos <strong><strong>que</strong>rem</strong> é meter<br />
conversa com <strong>que</strong>m está na loja.”<br />
Até os sapos fumavam<br />
Mas há as lojas <strong>que</strong> resistem à mudança<br />
e é dessas <strong>que</strong> a ar<strong>que</strong>olojista<br />
anda à procura. Como a Tabacaria<br />
Mónaco, no Rossio. Desde a remodelação<br />
<strong>que</strong> se fez em 1894 pela mão<br />
de artistas portugueses como Rafael<br />
Bordallo Pinheiro e António Ramalho,<br />
pouco mudou, resume Carlos<br />
Oliveira, o sócio maioritário.<br />
Tirou-se a cabine telefónica, “uma<br />
das primeiras cabines públicas de Lisboa”<br />
e a bilha em barro com a água<br />
de Caneças, “onde as pessoas vinham<br />
beber de um copinho” — deixou de<br />
fazer sentido com o avançar dos tempos.<br />
Por toda a galeria, continuam<br />
os painéis de Bordallo Pinheiro, com<br />
os sapos <strong>que</strong> fumam, lêem jornais e<br />
bebem água de Caneças, e, no tecto<br />
o fresco de António Ramalho, com as<br />
famosas andorinhas.<br />
“Às vezes custa falar disto”, começa.<br />
Há 41 anos entrava por a<strong>que</strong>la<br />
porta como marçano, para fazer o<br />
<strong>que</strong> fosse preciso. E assim fi cou, até<br />
acabar por tomar conta do negócio,<br />
deixado em testamento pela patroa.<br />
Na Mónaco, uma publicação de número<br />
único editada a propósito da<br />
inauguração da tabacaria depois da<br />
remodelação, o escritor Fialho de<br />
Almeida chamou-lhe “capela de S.<br />
João Baptista dos charutos”. “Eu já<br />
lhe mostro o jornal”, insiste.<br />
“Na<strong>que</strong>la altura tínhamos uma saída<br />
para a rua de trás, como o Nicola”,<br />
paredes meias com a tabacaria. “E<br />
antes de a Bertrand importar revistas<br />
a Mónaco já tinha revistas inglesas”,<br />
frisa Carlos Oliveira. “A Baixa era<br />
muito melhor antes de aparecerem<br />
os centros comerciais”, lamenta Tomé<br />
Repas, <strong>que</strong> trabalha na Mónaco<br />
e trabalhou noutras tabacarias <strong>que</strong><br />
entretanto desapareceram para dar<br />
lugar a lojas novas.<br />
Sobre a Mónaco, Mami já escreveu,<br />
mas muitas das lojas <strong>que</strong> já visitou e<br />
fotografou não estão ainda no blogue,<br />
<strong>que</strong> todas as semanas é actualizado,<br />
mas com apenas uma ou duas<br />
“descobertas ar<strong>que</strong>olójicas”, para “as<br />
pessoas terem tempo de passar por<br />
lá”. A mais recente é o Franco Gravador,<br />
na Rua da Vitória, uma loja
FOTOS: DARIO CRUZ<br />
A loja Ferragens Guedes<br />
abriu em 1922, na Rua das<br />
Portas de Santo Antão.<br />
Fernando Silva é um<br />
dos empregados <strong>que</strong>, no<br />
armazém, encontra tudo<br />
o <strong>que</strong> é preciso, entre<br />
caixinhas e embrulhinhos<br />
Higino David é hoje um<br />
dos donos de uma loja<br />
de lingerie centenária,<br />
na Praça da Figueira.<br />
Foi ali <strong>que</strong> Mami Pereira<br />
descobriu o mundo das<br />
lojas antigas<br />
Na Casa das Sementes,<br />
junto à Praça da Figueira,<br />
Vitor Folgado vende<br />
sementes de plantas <strong>que</strong><br />
muita gente nem se<strong>que</strong>r<br />
sabe <strong>que</strong> existem<br />
de “plaquinhas e emblemas, sinetes<br />
para lacre, medalhas e todo o tipo<br />
de carimbos”.<br />
A arte de “bem servir”<br />
A loja onde começou a – ainda curta<br />
– história da ar<strong>que</strong>olojista é a Alberto<br />
Ferreira dos Santos, Lda. e Higino<br />
David, <strong>que</strong> se cruzou com Mami enquanto<br />
oferecia castanhas, numa acção<br />
de promoção de uma empresa,<br />
é um dos dois proprietários. A loja é<br />
a sua vida. E também a de Fernando<br />
Laranjeira, o seu sócio. “Temos gosto<br />
na vida <strong>que</strong> temos”, sublinha o segundo,<br />
<strong>que</strong> ali começou a trabalhar aos 14<br />
anos. “Era a esta loja, hoje centenária,<br />
<strong>que</strong> chegavam muitos clientes da<br />
província, não só à procura da última<br />
moda mas sobretudo das últimas notícias<br />
da capital, locais para trabalhar<br />
ou, simplesmente, novas amizades”,<br />
lê-se no texto da ar<strong>que</strong>olojista sobre a<br />
Alberto Ferreira dos Santos.<br />
Hoje, enumera, compram-se aqui<br />
“um grande sortido de malhas <strong>que</strong>ntinhas”,<br />
pijamas e camisolas interiores,<br />
“combinações vaidosas”, roupa para<br />
bebé, “lenços de cache-nez, aventais<br />
para o serviço, xailes-de-avó”, cuecas<br />
e culotes (<strong>que</strong>, conta o senhor David,<br />
se vendia muito para a apanha do arroz)<br />
e ainda barretes de campino.<br />
A boa disposição dos dois amigos<br />
tráz-lhe à memória um sketch dos Ma-<br />
lucos do Riso: “Servir bem, bem servir,<br />
dá saúde e faz sorrir.” Não é preciso explicar<br />
porquê, basta entrar e ouvi-los a<br />
falar, sorriso sempre rasgado, beijinhos<br />
a pretexto de tudo. “Eles eram miúdos<br />
<strong>que</strong> vinham para cá da província, novinhos,<br />
<strong>que</strong> varriam o chão, faziam<br />
recados, tudo, e às vezes acabavam<br />
por viver também com a família dos<br />
patrões”, conta Mami. “Depois eles<br />
acabam por lhes deixar isto.”<br />
Quanto às castanhas <strong>que</strong> a fi zeram<br />
descobrir esta loja, eram da “tia Lila”,<br />
uma das vendedoras mais conhecidas<br />
por estas bandas, <strong>que</strong> também tem<br />
um espaço na página da ar<strong>que</strong>olojista,<br />
onde se encontram “sítios chi<strong>que</strong>s <strong>que</strong><br />
já vestiram janotas e madames”, também<br />
“tascas para grandes patuscadas,<br />
tabernas para a boa da pândega”, ou<br />
ainda “românticas fl oristas, cheirosas<br />
drogarias, curiosas tabacarias, luvarias,<br />
retrosarias, livrarias, leitarias e<br />
barbearias”.<br />
Ervilhas telefone<br />
Diferente de tudo isto ainda é a Soares<br />
& Rebelo – Hortelão, a loja de sementes<br />
da Rua do Amparo. Quase só sementes,<br />
explica <strong>Vítor</strong> Folgado (“só de nome”,<br />
diz ele). E sementes de tudo – até<br />
daquilo <strong>que</strong> muitos nunca terão imaginado<br />
<strong>que</strong> existe. Um exemplo, mesmo<br />
junto à porta: a ervilha maravilha, a ervilha<br />
torta, a ervilha telefone. Ou uma<br />
prateleira <strong>que</strong> quase atravessa a loja<br />
de ponta a ponta só para sementes de<br />
diferentes variedades de alface.<br />
Não longe dali, na Rua das Portas<br />
de Santo Antão, fi ca a Ferragens Guedes.<br />
Dá ideia de ser mais uma loja de<br />
fechaduras e puxadores. Mas só até<br />
Fernando Silva chegar e, sem serem<br />
precisas perguntas, começa a contar:<br />
“A história da loja... é uma loja <strong>que</strong><br />
abriu em 1922.” E depois de elencar<br />
– quase de cor – os nomes de todos<br />
os sócios <strong>que</strong> saíram e entraram ao<br />
Mami Pereira<br />
apaixonouse<br />
pelas lojas<br />
antigas de<br />
Lisboa e <strong>que</strong>r dálas<br />
a conhecer a<br />
<strong>que</strong>m tem olhos<br />
mas não vê<br />
longo de 90 anos, solta um desabafo,<br />
<strong>que</strong> resume a história do fi m de muitas<br />
destas lojas: “Entretanto fi cou Guedes<br />
só. O último. O fi lho dele não irá seguir,<br />
está noutra área diferente, mas<br />
vamos lá ver.” “Eu <strong>que</strong> estou aqui há<br />
43 anos é <strong>que</strong> tenho sido a mola disto.<br />
Faço tudo, tudo, tudo.”<br />
Vai andando por todas as caves e<br />
sub-caves, <strong>que</strong> são armazéns, também<br />
pela ofi cina, com um certo orgulho.<br />
São salas de caixinhas e embrulhinhos<br />
até ao tecto. Fernando mostra<br />
o puxador das portas laterais do Te-<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 35<br />
atro Nacional D. Maria II, outro <strong>que</strong><br />
fi zeram para o Éden, ainda mais um<br />
do Colégio Militar. Mami vai tirando<br />
mais fotografi as. Aos pormenores. Ela<br />
gosta dos pormenores. Sobre esta loja<br />
ainda não escreveu, mas já avisou no<br />
Facebook <strong>que</strong> “daqui a uns dias” vai<br />
revelar onde se compram “as famosas<br />
mãozinhas”, <strong>que</strong> noutros tempos faziam<br />
a vez das campainhas.<br />
Sorte diferente destas lojas têm tido<br />
outras. É o caso da famosíssima<br />
alfaiataria Picadilly, da Rua Garrett,<br />
no Chiado, <strong>que</strong> deu lugar a uma casa<br />
de sandes. “Estavam a ter imensa<br />
pressão para sair dali”, lamenta Mami.<br />
Os clientes passaram a ser atendidos<br />
num atelier no primeiro andar de um<br />
edifício próximo. “Estas lojas é <strong>que</strong><br />
chamam turistas, estas lojas é <strong>que</strong> tem<br />
interesse manter e o <strong>que</strong> estamos a fazer<br />
é um bocado o contrário. Daqui a<br />
uns anos as pessoas vão ter é saudades<br />
destas lojinhas.”<br />
A ar<strong>que</strong>olojista tenta remar contra<br />
a maré. Passa o tempo à procura<br />
de lojas, em conversas com donos e<br />
empregados, máquina fotográfi ca e<br />
caneta atrás. E já tem várias ideias –<br />
mais ambiciosas – em mente. Um dia,<br />
quando tiver reunido mais lojas, ainda<br />
haverá roteiros ar<strong>que</strong>olójicos em Lisboa.<br />
Para já, os “achados” vão sendo<br />
coleccionados no blogue www.ar<strong>que</strong>olojista.com.
36 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Local Ao domingo<br />
O <strong>que</strong> mudava<br />
em Lisboa?<br />
Luís Gardete,<br />
Assoc. Protectora<br />
dos Diabéticos<br />
de Portugal<br />
Consolemo-nos com<br />
os lisboetas afáveis<br />
Tendo estado recentemente<br />
envolvido na organização de<br />
um importante congresso<br />
médico realizado em Lisboa, no<br />
qual participaram milhares de<br />
estrangeiros, dei comigo a pensar<br />
<strong>que</strong> gostaria <strong>que</strong> a minha cidade se<br />
apresentasse aos visitantes como<br />
uma cidade em <strong>que</strong> valesse a pena<br />
viver. Não foi difícil encontrar as<br />
suas belezas naturais, a ri<strong>que</strong>za<br />
cultural e arquitectónica, mas fui<br />
logo invadido por uma imensa<br />
vontade de alterar o muito <strong>que</strong> está<br />
por fazer. A nossa cidade não se<br />
apresenta suficientemente limpa,<br />
salvo algumas honrosas excepções.<br />
Os pavimentos representam<br />
uma verdadeira gincana para as<br />
pessoas de idade. Naturalmente,<br />
não são só as autarquias <strong>que</strong> têm<br />
responsabilidades. O nível de<br />
educação cívica de muitos também<br />
não é exemplar. Estou a pensar,<br />
por exemplo, nos automóveis<br />
estacionados em segunda fila, ou<br />
no par<strong>que</strong>amento nos passeios.<br />
Mas podemos consolar-nos com<br />
os lisboetas afáveis, simpáticos<br />
e sempre prontos a dar uma<br />
ajuda a <strong>que</strong>m precisa. Não é<br />
muito fre<strong>que</strong>nte lá fora! Foi ao<br />
<strong>que</strong> assistimos na campanha de<br />
angariação de sócios da APDP <strong>que</strong><br />
está a decorrer.<br />
Antes & Agora A Casa dos Bicos está pronta a receber Saramago<br />
Cascais Lisboa Portimão<br />
Carreiras candidato<br />
à concelhia do PSD<br />
a O presidente da Câmara de Cascais,<br />
Carlos Carreiras, anunciou ontem<br />
<strong>que</strong> se vai candidatar à concelhia<br />
local do PSD, com eleições em Março,<br />
para submeter aos militantes a sua<br />
candidatura em 2013 à autarquia de<br />
Cascais. Carreiras assumiu a presidência<br />
da câmara em Fevereiro de 2011,<br />
um mês depois de António Capucho<br />
ter anunciado a suspensão de funções,<br />
alegando motivos de saúde. Capucho<br />
comunicou na reunião da Assembleia<br />
Municipal, segunda-feira, <strong>que</strong> renunciava<br />
defi nitivamente ao cargo.<br />
Coimbra<br />
Morreu criança ferida<br />
por <strong>que</strong>da de baliza<br />
a O rapaz de 12 anos internado quartafeira<br />
no Hospital Pediátrico de Coimbra<br />
devido a ferimentos provocados<br />
pela <strong>que</strong>da de uma baliza, no campo<br />
desportivo de um centro recreativo,<br />
em Brasfemes, faleceu ao início da madrugada<br />
de ontem, disse fonte hospitalar<br />
citada pela Lusa. A criança tinha<br />
sido admitida nos cuidados intensivos<br />
com traumatismos crânio-encefálico<br />
e facial graves, tendo sido sujeita a intervenção<br />
de emergência e segundo o<br />
boletim clínico de quinta-feira mantinha-se<br />
em coma profundo.<br />
Cancelado projecto<br />
do Bairro da Boavista<br />
a O projecto do designado eco-bairro<br />
da Boavista, em Lisboa, deixou de ser<br />
viável economicamente e a câmara<br />
decidiu não avançar com a construção<br />
dos quase mil fogos previstos e<br />
a demolição do bairo ali existente,<br />
disse na quarta-feira, em reunião camarária,<br />
a vereadora da Habitação,<br />
Helena Roseta. O município anunciou<br />
<strong>que</strong> vai manter as intervenções no<br />
edifi cado, na infra-estrutura e no espaço<br />
público, num valor elegível de<br />
6,6 milhões de euros, através de candidatura<br />
a fundos comunitários.<br />
ARTUR PASTOR/ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA/ARQUIVO FOTOGRÁFICO<br />
DARIO CRUZ<br />
a Durante muito tempo<br />
chamaram Casa dos Diamantes<br />
à<strong>que</strong>la <strong>que</strong> será inaugurada<br />
na Primavera como sede da<br />
Fundação José Saramago. E a<br />
imaginação popular não lhe deu<br />
tréguas: <strong>que</strong> havia sido erguida<br />
por um ricaço <strong>que</strong> tencionava<br />
cravar diamantes nas pontas<br />
dos bicos em cantaria; <strong>que</strong> ali<br />
esteve hospedada, no tempo<br />
de D. Manuel I, uma rainha<br />
africana <strong>que</strong> trazia consigo<br />
muitos diamantes. Certo é <strong>que</strong><br />
o terramoto de 1755 deitou por<br />
terra dois dos quatro andares do<br />
edifício quinhentista mandado<br />
fazer pelo fi lho bastardo de<br />
Afonso de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, um<br />
homem <strong>que</strong> chegou a ser<br />
presidente do Senado de Lisboa.<br />
E foi preciso esperar dois séculos,<br />
pela XVII Exposição Europeia<br />
de Arte, Ciência e Cultura, para<br />
a Casa dos Bicos voltar a ser<br />
notícia. A reconstrução dos dois<br />
pisos em falta e a introdução<br />
nas traseiras do monumento<br />
nacional de uma espécie de<br />
megamarquise fi zeram então<br />
cair o Carmo e a Trindade.<br />
Houve <strong>que</strong>m falasse em crime<br />
lesa-património, mas como<br />
havia <strong>que</strong> cumprir os prazos<br />
para a Casa dos Bicos acolher<br />
um pólo da mostra dedicada<br />
aos Descobrimentos, a polémica<br />
morreu. No Verão passado foi<br />
plantada uma oliveira frente ao<br />
edifício, para evocar a memória<br />
do Nobel da Literatura, cuja vida<br />
não esperou pelas delongas da<br />
adaptação da Casa dos Bicos a<br />
Fundação José Saramago. Disse<br />
um dia o escritor <strong>que</strong> iria gostar<br />
de se sentar à janela, a ver o<br />
Tejo e os barcos a passar. Vinda<br />
do Ribatejo, da aldeia natal do<br />
escritor, a árvore não se deu bem<br />
com a viagem nem com os ares da<br />
cidade e tem defi nhado. Resta-lhe<br />
encontrar inspiração nas cinzas<br />
do escritor, <strong>que</strong> foram sepultadas<br />
debaixo dela. E esperar por<br />
melhores dias. Ana Henri<strong>que</strong>s<br />
Colisão de motociclos<br />
provoca duas mortes<br />
a Dois jovens, de 17 e 19 anos, morreram<br />
na madrugada de ontem, na zona<br />
do cais de Portimão, na sequência de<br />
uma colisão frontal dos motociclos<br />
<strong>que</strong> conduziam. O acidente ocorreu<br />
por volta da meia-noite num local habitualmente<br />
fre<strong>que</strong>ntado por motociclistas.<br />
Um dos jovens seguiria em<br />
contramão e foi embater frontalmente<br />
na outra mota <strong>que</strong> deixava a zona do<br />
porto, na sua faixa, e <strong>que</strong> não conseguiu<br />
desviar-se. O INEM foi chamado<br />
ao local, mas os médicos limitaram-se<br />
a confi rmar os óbitos.
Taxas portuários em causa<br />
Navio Armas abandonou a ligação da<br />
Madeira por falta de apoio do Governo<br />
Tolentino de Nóbrega<br />
a Com palmas e um buzinão, centenas<br />
de madeirenses despediram-se<br />
ontem de manhã do navio Armas <strong>que</strong><br />
abandona a ligação entre a Madeira e<br />
o Continente, a única existente para<br />
o transporte regular de passageiros.<br />
O protesto contra o governo regional,<br />
por não proporcionar ao armador espanhol<br />
condições para continuidade<br />
da linha Funchal/Portimão/Canárias,<br />
foi seguido com invulgares medidas<br />
de segurança.<br />
O representante do armador espanhol<br />
Naviera Armas, Javier Garcia,<br />
afi rmou <strong>que</strong> a importância deste serviço<br />
regular “nunca foi reconhecida<br />
pelas autoridades” regionais, <strong>que</strong> têm<br />
sido acusadas por associações empresariais<br />
e pela oposição de protegerem<br />
o grupo Sousa, concessionário das<br />
operações portuárias do arquipélago<br />
Alverca<br />
Jovens detidos a grafitar um comboio<br />
a A CP avalia em 12 mil euros os prejuízos<br />
causados pelas pinturas <strong>que</strong><br />
um grupo de três jovens terá feito,<br />
no passado dia 24, nas carruagens de<br />
um comboio <strong>que</strong> estava estacionado<br />
na estação de Alverca.<br />
Alertada por uma chamada telefónica,<br />
a Polícia de Segurança Pública<br />
deslocou-se ao local, conseguindo<br />
interceptar dois dos três suspeitos de<br />
danifi car as carruagens. De acordo<br />
com uma fonte policial foram-lhes<br />
apreendidas onze latas de tinta <strong>que</strong><br />
terão sido utilizadas na execução dos<br />
e da ligação marítima entre a Madeira<br />
e o Porto Santo.<br />
Ao fazer o balanço dos custos da<br />
operação, o armador espanhol concluiu<br />
<strong>que</strong> “não era possível prosseguir<br />
com o serviço”. Javier Garcia adiantou<br />
<strong>que</strong> a sua continuidade dependia<br />
de dois factores fundamentais: aumento<br />
das tarifas e diminuição dos<br />
custos portuários.<br />
Se, por um lado, houve receptividade<br />
de empresas exportadores e importadoras<br />
para aceitar um aumento<br />
das tarifas no transporte de produtos,<br />
sobretudo perecíveis, feito a custos<br />
inferiores aos praticados por outros<br />
armadores para a Madeira, a mesma<br />
abertura não surgiu da parte do governo<br />
regional no sentido de baixar<br />
os custos operacionais no porto do<br />
Funchal <strong>que</strong>, garantiu Garcia, “pratica<br />
as taxas portuárias mais altas dos<br />
portos europeus”.<br />
O Armas fez a ligação entre Portimão e o Funchal durante seis anos<br />
graffi ti. Os dois jovens, com 15 e 24<br />
anos, foram identifi cados pelos agendes<br />
da PSP e notifi cados para comparecerem<br />
na quarta-feira no Tribunal<br />
de Vila Franca de Xira.<br />
Os agentes da Esquadra de Investigação<br />
da Divisão de Vila Franca de<br />
Xira da PSP apreenderam, também,<br />
duas máquinas fotográfi cas digitais,<br />
alegadamente usadas pelos jovens para<br />
“documentarem” as pinturas feitos<br />
na composição ferroviária.<br />
Um representante da CP apresentou,<br />
entretanto, <strong>que</strong>ixa contra os três<br />
DR<br />
Por exemplo, carregar ou descarregar<br />
um rebo<strong>que</strong> no porto do Funchal<br />
“custa aproximadamente 140 a 150<br />
euros, enquanto nas Canárias custa<br />
50”, referiu Javier Garcia. O representante<br />
do armador salientou <strong>que</strong>, no<br />
ano passado, a Naviera Armas pagou<br />
um milhão de euros em taxas portuárias<br />
na Madeira.<br />
A secretaria regional do Turismo e<br />
Transportes considerou, em comunicado,<br />
<strong>que</strong> a pretensão do armador<br />
“não tem qual<strong>que</strong>r razoabilidade”<br />
e contraria os compromissos internacionais<br />
assumidos para o resgate<br />
fi nanceiro de Portugal. “A isenção de<br />
taxas portuárias pretendida contraria<br />
os compromissos assumidos pelo<br />
governo regional relativamente ao<br />
Governo central e à troika, compromissos<br />
esses <strong>que</strong> estipulam o congelamento<br />
de todos os benefícios fi scais<br />
e impedem a introdução de novos benefícios<br />
ou o alargamento dos existentes”,<br />
justifi cou o executivo.<br />
Milhares de cidadãos <strong>que</strong> subscreveram<br />
uma petição pública na<br />
Internet pela continuidade do único<br />
navio de transporte de regular de<br />
passageiros, mercadorias e automóveis,<br />
entendem <strong>que</strong> os madeirenses<br />
“sairão muito prejudicados, a todos<br />
os níveis, se este deixar de operar”.<br />
Vai aumentar o custo de vida, a taxa<br />
de desemprego e o isolamento.<br />
A companhia de navegação espanhola<br />
Naviera Armas iniciou durante<br />
o ano de 2006 a linha entre a Madeira,<br />
Portimão e as Canárias, colmatando<br />
uma lacuna de 23 anos no transporte<br />
marítimo regular de passageiros entre<br />
a região e o continente.<br />
Depois do início da ligações aéreas,<br />
aos poucos, desde a década de 70 do<br />
séc. XX, os madeirenses assistiram<br />
ao progressivo abate dos navios da<br />
marinha mercante portuguesa. Entre<br />
eles avultavam navios como o Infante<br />
Dom Henri<strong>que</strong>, o Santa Maria, o Vera<br />
Cruz, ou o Príncipe Perfeito, da extinta<br />
Companhia Colonial de Navegação.<br />
O Funchal foi o último a assegurar a<br />
carreira.<br />
jovens e avaliou os danos causados<br />
pelas pinturas em cerca de 12 mil euros.<br />
No passado mês de Outubro, a<br />
CP revelou ao PÚBLICO <strong>que</strong> só nos<br />
primeiros oito meses de 2011 gastou<br />
cerca de 236 mil euros em trabalhos<br />
de limpeza de grafi ti pintados nos<br />
seus comboios.<br />
O jovem de 24 anos agora detido<br />
pela PSP saiu em liberdade depois de<br />
identifi cado e notifi cado para comparecer<br />
em tribunal, enquando <strong>que</strong> o<br />
menor <strong>que</strong> o acompanhava foi entregue<br />
à família. Jorge Talixa<br />
O valor do Metro<br />
Opinião<br />
João Seixas<br />
a O metropolitano de Lisboa<br />
mostra muito do país <strong>que</strong> somos.<br />
É bonito, mas pe<strong>que</strong>no. Veloz,<br />
mas retorcido. Parece da cidade,<br />
mas <strong>que</strong>m manda nele não é a<br />
cidade. É também muito nosso<br />
na forma como cresceu, como<br />
não cresceu, e sem dúvida no<br />
eterno debate entre quanto custa<br />
e quanto vale. E <strong>que</strong>m paga.<br />
Serviço público por excelência,<br />
demorou a chegar: em 1959,<br />
quase 100 anos depois do<br />
primeiro (Londres, 1863). Lisboa<br />
tinha quase um milhão de<br />
habitantes e enormes exigências<br />
de mobilidade. Mas lá chegou,<br />
primeiro estranhou-se e depois<br />
entranhou-se. Tornou-se um<br />
símbolo da nossa modernidade.<br />
Pe<strong>que</strong>nina. Durante décadas teve<br />
apenas uma linha, linha e meia,<br />
de Alvalade a Sete Rios passando<br />
pelo Rossio, e uma perninha do<br />
Marquês a Entre Campos. As<br />
estações eram português suave,<br />
todas iguais, a<strong>que</strong>la pedrinha<br />
cinzento-verde. O metropolitano<br />
era, simplesmente, ‘o metro’,<br />
epíteto mais <strong>que</strong> correcto. Entre<br />
1972 e 1995 abriu em média uma<br />
estação em cada 4,6 anos, registo<br />
exemplar para a modernidade<br />
portuguesa. As suas estratégias<br />
eram (e continuam a ser) da<br />
total incompreensão do pobre<br />
e incauto cidadão, simples<br />
utilizador. Não ia ao aeroporto.<br />
Não chegava a Santa Apolónia.<br />
Não parecia preocupar-se com<br />
os crescentes subúrbios. Nem<br />
tampouco em construir uma<br />
estrutura radial, como outras<br />
cidades obviamente fi zeram.<br />
E assim se manteve, singelo e<br />
discreto, mas muito nosso. Mais<br />
de dez anos depois do início<br />
da democracia, lá chegava à<br />
universidade.<br />
Vem então a <strong>Europa</strong>, os fundos,<br />
o cavaquismo, o guterrismo.<br />
E a Expo 98. Alegremente<br />
adolescentes, partimos para a<br />
valente festa, a Oriente. Uma<br />
linha totalmente nova saía<br />
agora da Alameda e, dobrando<br />
boas esperanças (em Chelas?),<br />
chegava à pós-modernidade. As<br />
linhas ganhavam nomes de gesta:<br />
Oriente, Caravela, Gaivota. A<br />
ressaca é grande, mas isso é outra<br />
história. O metro, entretanto,<br />
procurava ser metropolitano!<br />
Dirigindo-se para os ‘subúrbios’:<br />
primeiro uma ponta na Pontinha;<br />
depois Odivelas e Amadora. O<br />
lisboeta lia nos mapas estações<br />
chamadas Senhor Roubado e<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 37<br />
Alfornelos, antigos poisos saloios<br />
agora plenos de urbanidade, e<br />
de gente. E conectando-se com<br />
os comboios, atingindo enfi m<br />
Santa Apolónia e o Cais do Sodré.<br />
De aeroporto, ainda nada. Nem<br />
de outros locais importantes da<br />
cidade, as Amoreiras, Alcântara,<br />
a via onde mais lisboetas<br />
residem, a estrada de Benfi ca. O<br />
metropolitano mantinha-se semicosmopolita.<br />
Como o país.<br />
Mas com grande arte.<br />
Em todo o mundo é difícil<br />
encontrar estações mais belas.<br />
Talvez as de Moscovo. As de<br />
Lisboa são magnífi cas obras de<br />
artistas como Maria Keil, Siza<br />
Vieira, Vieira da Silva, Júlio<br />
Pomar, José de Guimarães.<br />
Verdadeiros palácios ao lado<br />
(ou por baixo) do frenesim das<br />
nossas mundanidades. Palácios<br />
contemporâneos, do povo e para<br />
o povo, as estações do metro de<br />
Lisboa têm tudo para ser dos<br />
maiores orgulhos da cidade. Um<br />
orgulho caro: cada uma destas<br />
magnífi cas estações deve ter<br />
custado mais do <strong>que</strong> três ou<br />
quatro estações, decerto feias, de<br />
Londres, Madrid ou Paris. Mas<br />
assim somos.<br />
Hoje, o belo e<br />
semimetropolitano metro<br />
tornou-se completamente<br />
democrático. Só não vê <strong>que</strong>m não<br />
anda nele. Grande catalisador da<br />
vida urbana, gentes de todas as<br />
classes e idades – cerca de 500<br />
mil passageiros/dia, e poderia<br />
ser muito mais – movimentamse<br />
hoje nas suas belas estações.<br />
É um prazer ver o movimento<br />
no Marquês, na Baixa-Chiado,<br />
em Sete Rios. E este ano, c’os<br />
diabos, o metro chegará enfi m ao<br />
Aeroporto! Confi rmando assim a<br />
‘opção Portela’. E reconfi rmando,<br />
portanto, a nossa condição<br />
semicosmopolita.<br />
Uma condição <strong>que</strong>, para<br />
dizer o mínimo, seria bom <strong>que</strong><br />
houvesse na política. Mas não. A<br />
mobilidade pública é altamente<br />
defi citária, dizem agora. Muitos<br />
milhões de euros de defi cit.<br />
Como se não fosse um serviço<br />
público. Pela quarta vez num<br />
ano, as tarifas irão aumentar<br />
para os incautos, até 21%. Até<br />
os passes escolares sobem, em<br />
enorme insensibilidade social<br />
e em total ausência de sinais<br />
para a sociedade e seu futuro.<br />
Ora, a mobilidade colectiva<br />
é um dos maiores bens de<br />
uma sociedade. É altamente<br />
superavitária. O metropolitano,<br />
tal como os autocarros, eléctricos<br />
e cacilheiros, tornou-se central<br />
para a nossa identidade e futuro,<br />
como cidade, como colectivo.<br />
Não vejo prejuízo nisto, muito<br />
pelo contrário. É para isto <strong>que</strong><br />
serve o Estado, <strong>que</strong> servem<br />
os impostos. Para dar valor<br />
colectivo à sociedade. E o metro<br />
tem um enorme valor. É parte de<br />
nós. Geógrafo
38 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Classifi cados<br />
€4<br />
MINIATURA<br />
DE JOSÉ<br />
MOURINHO<br />
ID: 11701381<br />
até<br />
01/02/2012<br />
NECROLOGIA DIVERSOS<br />
ANTÓNIO FERNANDO<br />
MARTINS DA COSTA<br />
Agradecimento e missa de 7.º dia<br />
A família, na impossibilidade de o fazer<br />
pessoalmente, vem por este meio expressar a sua<br />
indelével gratidão a todos quantos estiveram presentes<br />
no funeral do seu ente <strong>que</strong>rido ou <strong>que</strong> de qual<strong>que</strong>r<br />
outro modo lhes manifestaram a sua amizade.<br />
A missa de 7.º dia será celebrada amanhã,<br />
segunda-feira, pelas 19.00 horas, na igreja de Cristo-<br />
Rei (à Avenida Marechal Gomes da Costa) - Porto.<br />
Fun.ª Condominhas * Casa António Pereira, Ld.ª<br />
CAMISOLA CHELSEA 2012<br />
ID: 11801747 até 01/02/2012<br />
JOSÉ CASTELO-BRANCO<br />
Solicitador de Execução<br />
Cédula 3103<br />
PE-901/2010 1337/07.3TCSNT<br />
Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />
- Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1<br />
39.067,66 €<br />
SPORTING DVD<br />
ID: 11836481 até 05/02/2012<br />
EDITAL<br />
PE-129/2004 2955/04.7TBALM<br />
Almada - Tribunal Judicial - 3.º Juízo<br />
Competência Cível<br />
105.888,52 €<br />
Exe<strong>que</strong>nte: BANIF - Banco Internacional do Funchal, S.A.<br />
Mandatária: Ana Duarte Esteves<br />
Executado: António Manuel Guardado dos Santos Casaca e outros<br />
José Castelo Branco, Solicitador de Execução, nos autos acima identifi cados, com escritório<br />
na Rua Professor Veiga Ferreira, 5-A, 1600-802 Lisboa, faz saber <strong>que</strong> foi designado o dia 3<br />
de Fevereiro de 2012, pelas 9h15m, no Tribunal Judicial Almada - 3.º Juízo Competência<br />
Cível - para abertura de propostas em carta fechada, <strong>que</strong> sejam entregues até à hora acima<br />
mencionada, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:<br />
BEM A VENDER:<br />
Tipo de Bem: Imóvel<br />
Bem Penhorado em: 05-05-2010<br />
Registo da Conservatória: 1146 - descrito na 1.ª CRP de ALMADA<br />
Descrição do Prédio: Prédio Urbano em regime de propriedade horizontal sito na Praceta<br />
Vale do Linhoso, n.º 4 e 4.ª, Cave, 2815-722 Sobreda, fracção A, descrito na CRP de Almada<br />
com o n.º 1146 e inscrito com o artigo matricial nº 1675 da freguesia da Sobreda.<br />
Bem penhorado a:<br />
Executado: Antonio Manuel Guardado dos Santos Casaca e Maria Antónia Guerreiro C.<br />
Guardado.<br />
Valor-Base de Venda: 50.000,00 euros<br />
Valor mínimo das propostas: 35.000,00 euros<br />
É Fiel Depositária: A GERENTE DO SOLAR DO CAFÉ - CÁTIA SOFIA CASACA GUARDADO<br />
Modalidade da Venda: Venda mediante proposta em carta fechada.<br />
Consigna-se <strong>que</strong> as propostas a apresentar deverão especifi car no exterior do envelope a<br />
referência ao processo a <strong>que</strong> se destinam, bem como a indicação ou menção de se tratar de<br />
uma proposta para venda e no interior do envelope deverá vir uma fotocópia do Bilhete de<br />
Identidade e Contribuinte do Proponente (caso se tratar de pessoa singular) ou de cópia do<br />
cartão de pessoa colectiva (no caso de se tratar de empresa), os proponentes devem juntar<br />
à sua proposta, como caução, um che<strong>que</strong> visado, à ordem do Agente de Execução no montante<br />
correspondente a 5% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor.<br />
Nos termos do n.º 5 do artigo 890.º do CPC, não se encontra pendente nenhuma oposição<br />
à execução ou à penhora.<br />
Para constar, se lavra o presente edital e outros de igual teor <strong>que</strong> vão ser afi xados nos<br />
locais determinados por Lei.<br />
O Agente de Execução - José Castelo-Branco<br />
R. Prof. Veiga Ferreira, 5A, Apartado 42012 - 1600-802 Lisboa<br />
Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: 3103@solicitador.net<br />
Horário de atendimento das 18h às 20h (sob marcação prévia)<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30<br />
De segunda a sexta das 09H00 às 19H00<br />
€12 €7 €37<br />
€1,75<br />
Exe<strong>que</strong>nte: BANCO POPULAR<br />
PORTUGAL, S.A.<br />
Mandatário: José António Silva e Sousa<br />
Executado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ<br />
CORREIA<br />
Executado: Eurocacém - Transportes<br />
Lda. e Outros<br />
CAMISOLA FC PORTO<br />
2011/2012<br />
ID: 11791708 até 30/01/2012<br />
JOSÉ CASTELO-BRANCO<br />
Solicitador de Execução<br />
Cédula 3103<br />
PE-901/2010 1337/07.3TCSNT<br />
Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />
- Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1<br />
39.067,66 €<br />
Exe<strong>que</strong>nte: BANCO POPULAR PORTU-<br />
GAL, S.A.<br />
Mandatário: José António Silva e Sousa<br />
Executado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ<br />
CORREIA<br />
Executado: Eurocacém - Transportes,<br />
Lda. e Outros<br />
EDITAL<br />
CITAÇÃO DE AUSENTE EM PARTE INCERTA<br />
(ART.ºS 248.º E 249.º DO C.P.C.)<br />
OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO<br />
Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º do Código Processo<br />
Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da<br />
publicação do anúncio citando a ausente ELISA DE FÁTIMA CARREIRA<br />
CARVALHO CORREIA com última morada conhecida na Av. MARCH.<br />
HUMBERTO DELGADO, LT. 6, 1.º DTO., RIO MAIOR, para no prazo de<br />
20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição<br />
à execução supra-referenciada, nos termos do art.º 812.º n.º 6 e<br />
813.º n.º 1 do CPC.<br />
O duplicado do re<strong>que</strong>rimento executivo e a cópia dos documentos<br />
encontram-se à disposição do citando na Secretaria do Tribunal supraidentifi<br />
cado.<br />
MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />
Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. e tendo em consideração<br />
o valor do processo, para se opor a execução, (<strong>que</strong> terá de ser<br />
apresentada no Tribunal supra-identifi cado) é obrigatória a constituição<br />
de Advogado.<br />
COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />
Caso não se oponha à execução e/ou à penhora no prazo supra-indicado<br />
e não pague ou caucione a quantia exe<strong>que</strong>nda, seguem-se os termos<br />
do art.º 832.º do C.P.C., sendo promovida venda dos bens penhorados<br />
necessários para garantir o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda, acrescido<br />
de 10%, nos termos do disposto no n.º 3 do art.º 821.º do C.P.C.<br />
PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS<br />
Poderá efectuar o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda, acrescida de juros<br />
e despesas previsíveis nos termos do artigo 821.º do Código Processo<br />
Civil, no escritório do signatário em dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />
Este edital foi afi xado no dia 27/01/2012<br />
O Solicitador de Execução - José Castelo-Branco<br />
Rua Professor Veiga Ferreira, 5 A, 1600-802 Lisboa.<br />
Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: 3103@solicitador.net<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
POSTAL<br />
AUTOGRAFADO<br />
JANKAUSKAS<br />
ID: 11845228<br />
até<br />
07/02/2012<br />
“Deus é o silêncio do universo,<br />
e o homem o grito <strong>que</strong> dá sentido a esse silêncio.”<br />
Rua Viriato, 13<br />
1069-315 Lisboa<br />
pe<strong>que</strong>nosa@publico.pt<br />
Para mais informações<br />
consulte o site<br />
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Tel. 21 346 99 50 - Fax 21 343 00 65<br />
Email: dobrao@net.novis.pt<br />
Metro Baixa Chiado. Saída pela Rua do Crucifi xo.<br />
Colecção Saramago - Cadernos de Lanzarote<br />
Segunda-feira, 30 de Janeiro, Diário III,<br />
por apenas mais 5,50€ com o Público.<br />
Colecção de 5 livros. PVP unitário 5,50€. Preço Total da colecção: 27,50€. Periodicidade Semanal (Segundas-feiras). De 16 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 2012. A aquisição do produto implica a compra do jornal. Limitado ao stock existente.
DIVERSOS<br />
ORDEM DOS ADVOGADOS<br />
CONSELHO DE DEONTOLOGIA DO PORTO<br />
EDITAL<br />
RUI FREITAS RODRIGUES, Presidente do Conselho de<br />
Deontologia do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses,<br />
em cumprimento do disposto nos artigos n.ºs 137.º e 169.º do<br />
Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei 15/2005,<br />
de 26 de janeiro;<br />
Faz saber publicamente <strong>que</strong>, por Acórdão do Conselho de<br />
Deontologia do Porto de 30 de junho de 2006, confi rmado por<br />
Acórdão da 1.ª Secção do Conselho Superior de 05 de junho de<br />
2009, foi aplicada ao Sr. Dr. Alfredo Manuel de Faria da Cunha<br />
Lima, <strong>que</strong> profi ssionalmente usa o nome abreviado de Manuel<br />
Cunha Lima, com escritório na comarca do Porto, portador da<br />
cédula profi ssional n.º 2638-P, a pena disciplinar de suspensão<br />
do exercício da advocacia pelo período de 2 (dois) anos, por<br />
violação dos deveres previstos nos artigos 76.º, n.º 1, e 53.º do<br />
Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor à prática dos factos<br />
– Lei 80/2001, de 20 de julho.<br />
O cumprimento da presente pena teve o seu início em 12 de<br />
outubro de 2011, dia em <strong>que</strong> o aludido Acórdão do Conselho de<br />
Deontologia formou caso resolvido na ordem jurídica interna da<br />
Ordem dos Advogados.<br />
Porto, 24 de janeiro de 2012<br />
Rui Freitas Rodrigues, Presidente do Conselho de Deontologia<br />
DF de Faro<br />
Serviço de Finanças<br />
de Faro-1058<br />
Adelaide Maria Baúto<br />
Agente de Execução<br />
Cédula 1563<br />
Adelaide Maria Baúto, Agente de<br />
Execução, com escritório na Av. Dr.<br />
Álvaro de Vasconcelos, 8, 3.º C, em<br />
Sintra, faz saber <strong>que</strong> nos autos acima<br />
indicados, encontra-se designado o<br />
dia 16 de Fevereiro de 2012, pelas<br />
14.00 horas, no Tribunal Judicial da<br />
Moita - 2.º Juízo, para abertura de<br />
propostas.<br />
BEM A VENDER: Fracção autónoma<br />
designada pela letra “D”, correspondente<br />
ao 1.º andar es<strong>que</strong>rdo, destinada<br />
a habitação do prédio urbano<br />
em regime de Propriedade Horizontal,<br />
sito na Rua Manuel da Fonseca<br />
N.º 9 - 9 A, Urbanização Novo Rumo,<br />
freguesia da Moita, descrito na Conservatória<br />
do Registo Predial da Moita<br />
sob o n.º 1411 e inscrito na respectiva<br />
matriz sob o artigo 4938.<br />
Valor-base: 70.011,92 euros.<br />
Será aceite a proposta de melhor<br />
preço acima do valor de 49.008,34<br />
Largo Dr. Francisco Sá Carneiro - Mercado Municipal de Faro - Piso 1, 8000-151 Faro<br />
ÉDITOS DE 30 DIAS, ANÚNCIO PARA<br />
VENDA JUDICIAL POR MEIO DE LEILÃO<br />
ELECTRÓNICO E CITAÇÃO DE CREDORES<br />
Processo de Execução Fiscal n.º 1058200901108921<br />
e Apensos<br />
LUÍS ALBERTO DIAS OSÓRIO, Chefe do Serviço de Finanças de FARO.<br />
Faz público <strong>que</strong> por este Serviço de Finanças correm éditos de trinta dias, citando o executado,<br />
Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda., NIF 501 627 901, <strong>que</strong> teve a sua sede<br />
na Rua General Teófi lo Trindade, 41 - FARO e actualmente com morada desconhecida,<br />
executado no Processo de Execução Fiscal n.º 1058200901108921 e Apensos, deste Serviço de<br />
Finanças, por dívida de IVA e IMI, dos anos 2008 e 2009, no montante de € 5.095,08 (cinco<br />
mil e noventa e cinco euros e oito cêntimos), ao qual acrescem os juros de mora e custas a<br />
contar nos termos da Lei, para no prazo de 30 (trinta) dias, imediatamente após os trinta dias<br />
do presente édito, e contados a partir da última publicação, pagar na Secção de Cobrança<br />
deste Serviço de Finanças, mediante guias a solicitar neste Serviço de Finanças, a dívida acima<br />
mencionada. Mais fi ca citado <strong>que</strong>, para garantir o pagamento da dívida em <strong>que</strong>stão, foi<br />
penhorado ao executado “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda.”, acima identifi cado,<br />
o bem <strong>que</strong> se identifi ca em seguida e <strong>que</strong> se não pagar a referida dívida dentro da<strong>que</strong>le prazo<br />
ou deduzir oposição, procederá este Serviço de Finanças à sua venda judicial por meio de<br />
“Leilão Electrónico”, nos termos do artigo 248.º do Código de Procedimento e de Processo<br />
Tributário, para o <strong>que</strong> já se encontra designado o dia 11 de Maio de 2012, pelas 10.00 horas,<br />
neste Serviço de Finanças. Venda n.º 1058.2012.18.<br />
BEM PENHORADO<br />
Prédio urbano, Afectação (armazéns e actividade industrial), composto por: R/C e 1.º andar<br />
destinado a silos de matérias-primas, armazém e escritórios. Ao nível do R/C: composto de 1<br />
divisão provisoriamente utilizada a ofi cina, 1 divisão para matérias-primas, 5 silos para matérias-primas.<br />
Ao nível do 1.º andar: composto de instalações para escritório compreendendo<br />
6 divisões e 2 sanitários, armazém de matérias-primas, em 4 patamares sobre os silos e casa<br />
de báscula. Sito em Chi<strong>que</strong>da, Aljubarrota (Prazeres), inscrito na respectiva matriz predial<br />
da freguesia de Aljubarrota (Prazeres), Concelho de Alcobaça, sob o art.º 1431 e descrito na<br />
Conservatória do Registo Predial de Alcobaça sob o registo 18/19850118.<br />
O valor-base a anunciar para a venda é de € 109.354,00 (cento e nove mil trezentos e cin<strong>que</strong>nta<br />
e quatro euros) de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 250.º do Código de<br />
Procedimento e de Processo Tributário, <strong>que</strong> corresponde a 70% do valor fi xado nos termos<br />
do n.º 1 do mesmo artigo.<br />
É fi el depositário do mencionado bem “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda”.<br />
São, assim, convidadas todas as pessoas interessadas a apresentarem as suas propostas via<br />
internet, mediante acesso ao “Portal das Finanças”, e autenticação enquanto utilizador<br />
registado, em www.portaldasfi nancas.gov.pt na opção “Venda de bens penhorados”, ou seguindo<br />
consecutivamente as opções “Cidadãos”, “Outros Serviços”, “Venda Electrónica de<br />
Bens” e “Leilão Electrónico”. A licitação a apresentar deve ser de valor igual ou superior ao<br />
valor-base da venda e superior a qual<strong>que</strong>r das licitações anteriormente apresentadas para<br />
essa venda.<br />
O prazo para licitação tem início no dia 2012-04-26, pelas 10.00 horas, e termina no dia<br />
2012-05-11 às 10.00 horas. As propostas, uma vez submetidas não podem ser retiradas, salvo<br />
disposição legal em contrário.<br />
No dia e hora designados para o termo do leilão, o Chefe de Finanças decide sobre a adjudicação<br />
do bem (artigo 6.º da Portaria n.º 219/2011).<br />
A totalidade do preço deverá ser depositada, à ordem do órgão de execução fi scal, no prazo<br />
de 15 dias, a contar da decisão de adjudicação, mediante guia a solicitar junto do órgão de<br />
execução fi scal, sob pena das sanções previstas legalmente (256.º /1/e) CPPT).<br />
No caso de montante superior a 500 unidades de conta, e mediante re<strong>que</strong>rimento fundamentado,<br />
entregue no prazo máximo de 5 dias, a contar da decisão de adjudicação, poderá ser<br />
autorizado o depósito, no prazo mencionado no parágrafo anterior, de apenas uma parte do<br />
preço, não inferior a um terço, e o restante no prazo máximo de 8 meses (256.º/1/f) CPPT).<br />
O(a) adquirente do bem fi ca sujeito(a) ao pagamento do Imposto Municipal sobre Transmissões<br />
Onerosas de Imóveis, à taxa prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 17.º do C.I.M.T.,<br />
caso não benefi cie de isenção da mesma; e ao Imposto do Selo, à taxa de 0,8%, pela aquisição<br />
- verba 1, da Tabela Geral do Imposto do Selo, nos termos do n.º 1 do art.º 1.º do Código do<br />
Imposto do Selo, aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de Setembro.<br />
Ficam por este meio citados, de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 239.º do Código<br />
de Procedimento e de Processo Tributário, quais<strong>que</strong>r credores desconhecidos <strong>que</strong> gozem de<br />
garantia real sobre o bem penhorado, bem como os sucessores dos credores preferentes, para<br />
reclamarem os seus créditos no prazo de 15 (quinze) dias, fi ndos os 20 (vinte) dias a contar da<br />
2.ª publicação do presente anúncio.<br />
E, para constar, se passou o presente Edital - Anúncio e outros de igual teor <strong>que</strong> vão ser<br />
afi xados nos lugares indicados por Lei.<br />
Serviço de Finanças de Faro, 26 de Janeiro de 2012<br />
O Chefe de Finanças - Luís Alberto Dias Osório<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
N.º do Processo: 1405/09.7TBMTA<br />
Moita - Tribunal Judicial - 2.º Juízo<br />
Exe<strong>que</strong>nte: BANCO ESPÍRITO SANTO, SA<br />
Executado(s): NEUSA RAQUEL ROLDÃO MENDES<br />
e outros<br />
Valor: 81.797,24 €<br />
Referência interna: PE/510/2009<br />
ANÚNCIO<br />
Venda judicial de Bem Imóvel mediante propostas em Carta Fechada<br />
(Art.º 890.º do C.P.C.)<br />
euros, <strong>que</strong> corresponde a 70% do<br />
valor-base, não podendo ser consideradas<br />
propostas de valor inferior.<br />
Nos termos do artigo 897.º n.º 1 do<br />
C.P.C., os proponentes devem juntar<br />
à sua proposta, como caução, che<strong>que</strong><br />
visado à ordem do Agente de<br />
Execução, no montante correspondente<br />
a 5% do valor-base do bem, ou<br />
garantia bancária no mesmo valor.<br />
O bem pertence à executada Neusa<br />
Ra<strong>que</strong>l Roldão Mendes, com residência<br />
na Rua Manuel da Fonseca<br />
N.º 9 - 1.º Esq.º, freguesia da Moita,<br />
fi el depositária do imóvel, <strong>que</strong> o<br />
deve mostrar a pedido de qual<strong>que</strong>r<br />
interessado.<br />
A Agente de Execução<br />
Adelaide Maria Baúto<br />
Av.ª Dr. Álvaro de Vasconcelos, n.º 8 - 3.º C<br />
2710-420 Sintra e.mail: 1563@solicitador.net<br />
Telf. 219233364 - Fax 219105158<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
MARIA LEONOR COSME<br />
Agente de Execução<br />
Cédula 1389<br />
EDITAL<br />
CITAÇÃO DE AUSENTE<br />
EM PARTE INCERTA<br />
(Artigos 244.º e 248.º do CPC)<br />
A CITAR: Carla de La Salete Fonseca Rodrigues<br />
Alves<br />
Tribunal da Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />
- Sintra - Juiz 1<br />
Processo n.º 6370/08.5TMSNT<br />
Pagamento de Quantia Certa<br />
Valor: 414,00 €<br />
Exe<strong>que</strong>nte: Administração do Prédio sito na<br />
Rua Cidade de Faro, n.º 9, em Algueirão<br />
Executada: CARLA DE LA SALETE FONSECA<br />
RODRIGUES ALVES, com última morada conhecida<br />
na Rua Cidade de Faro, n.º 9, 1.º A,<br />
Algueirão, freguesia de Algueirão - Mem Martins,<br />
Concelho de Sintra.<br />
OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO:<br />
Nos termos e para os efeitos do artigo 248.º e<br />
seguintes do Código do Processo Civil (CPC),<br />
correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da<br />
data da segunda e última publicação do anúncio,<br />
citando a executada CARLA DE LA SALETE<br />
FONSECA RODRIGUES ALVES, com última<br />
morada conhecida na Rua Cidade de Faro,<br />
n.º 9, 1.º A, Algueirão, freguesia de Algueirão -<br />
Mem Martins, Concelho de Sintra, para no prazo<br />
de 20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos<br />
éditos, para pagar ou para se opor à execução<br />
e, o mesmo prazo à penhora, nos termos do n.º<br />
1 e 2 do artigo 813.º e 864.º do C.P.C. (o duplicado<br />
do re<strong>que</strong>rimento executivo e a cópia dos<br />
documentos e do auto de penhora encontra-se<br />
à disposição do citando na secretaria do Tribunal<br />
acima referido).<br />
Mais fi ca informado <strong>que</strong> no prazo da oposição<br />
e sob pena de condenação como litigante de<br />
má-fé, nos termos gerais, deve indicar os direitos,<br />
ónus e encargos não registáveis <strong>que</strong><br />
recaiam sobre a(s) penhora(s) ou a substituição<br />
da penhora por caução, nas condições dos<br />
termos da alíneas a) do n.º 3 do n.º 5 do artigo<br />
834.º do C.P.C.<br />
MEIOS DE OPOSIÇÃO:<br />
Nos termos do disposto do artigo 60.º do<br />
C.P.C. e tendo em consideração o valor do processo,<br />
para se opor à execução e/ou à penhora<br />
é obrigatória a constituição de Advogado.<br />
COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA:<br />
Caso não se oponha à execução consideramse<br />
confessados os factos constantes no re<strong>que</strong>rimento<br />
executivo, seguindo-se os anteriores<br />
termos do processo.<br />
PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS:<br />
Poderá efectuar o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda,<br />
acrescida de juros e despesas previsíveis<br />
nos termos do artigo 821.º do C.P.C., no<br />
escritório do signatário (dias e horas constantes<br />
do rodapé) em dinheiro ou che<strong>que</strong> visado. Após<br />
a realização da penhora o valor dos honorários<br />
do Agente de Execução sofrerá agravamento,<br />
de acordo com a tabela publicada em anexo à<br />
Portaria n.º 708/2003 de 04/08.<br />
Este Edital encontra-se afi xado na porta do último<br />
domicílio conhecido do citando, na Junta de<br />
Freguesia respectiva e no Tribunal Judicial da<br />
Comarca da última residência do citando. São<br />
também publicados dois anúncios consecutivos<br />
no jornal “Público”. Os prazos começam a<br />
contar-se da publicação do último anúncio.<br />
A Agente de Execução<br />
Maria Leonor Cosme<br />
Rua José Bento Costa n.º 9, R/C Dt.º - Portela<br />
de Sintra - 2710-428 Sintra<br />
Telef. 219106820 - Fax 219106829<br />
e.mail: 1389@solicitador.net<br />
Horário de atendimento: Todos os dias úteis<br />
das 15.00h às 17.00h<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
Tribunal Judicial de Alen<strong>que</strong>r<br />
Processo: 1389/05.0TBALQ - 2.º Juízo<br />
Execução Comum - Pagamento de quantia certa<br />
Exe<strong>que</strong>nte: Banif - Banco Internacional do Funchal, S.A.<br />
Executado: Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Moreira<br />
Rocha Carvalho<br />
FAZ-SE SABER <strong>que</strong> nos autos acima identifi cados, encontra-se<br />
designado o dia 23 de Fevereiro de 2012 pelas 9.30 horas, no<br />
Tribunal Judicial de Alen<strong>que</strong>r, para a abertura de propostas, <strong>que</strong><br />
sejam entregues até esse momento, na secretaria do tribunal, pelos<br />
interessados na compra do seguinte bem:<br />
Fracção autónoma designada pela letra “D”, correspondente ao<br />
PRIMEIRO ANDAR ESQUERDO para habitação do prédio em<br />
regime de propriedade horizontal sito na Rua Vasco da Gama,<br />
Lote 113, Urbanização da Barrada, na freguesia do Carregado e<br />
concelho de Alen<strong>que</strong>r, inscrito na respectiva matriz sob o artigo<br />
883.º da<strong>que</strong>la freguesia e descrito na Conservatória do Registo<br />
Predial de Alen<strong>que</strong>r sob o número 0079/Carregado.<br />
Valor-base: 98.000,00 € (noventa e oito mil euros).<br />
Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de<br />
68.600,00 € (sessenta e oito mil e seiscentos euros), correspondente<br />
a 70% do valor-base.<br />
É fi el depositário, <strong>que</strong> o deve mostrar a pedido, os executados<br />
Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Moreira Rocha<br />
Carvalho.<br />
Arruda dos Vinhos, 24 de Janeiro de 2012<br />
A Agente de Execução - Ana Rucha<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
LILITA ANTUNES<br />
MARTINS<br />
Agente de Execução<br />
Cédula 2860<br />
ANÚNCIO<br />
Citação de Ausente em Parte Incerta<br />
(Art.ºs 244.º, 248.º e 249.º do CPC)<br />
Portimão - Tribunal Trabalho - Único<br />
Juízo<br />
Processo n.º 57/06.0TTPTM-A<br />
EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE<br />
QUANTIA CERTA<br />
Exe<strong>que</strong>nte: Myron Cherepushchak<br />
Executado: Aurélio Manuel Ferreira<br />
Relvão<br />
Valor: 19.999,99<br />
Nos autos acima identifi cados correm<br />
éditos de 30 (trinta) dias, contados da<br />
data da segunda e última publicação<br />
do anúncio, citando o executado acima<br />
identifi cados, com última residência<br />
conhecida na Quinta dos Dragoeiros,<br />
8600-110 Ferrel - Lagos, para no prazo<br />
de 20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o<br />
dos éditos, pagar ou deduzir oposição<br />
à execução supra-mencionada, nos<br />
termos do n.º 1 do art.º 813 e do n.º<br />
6 do art.º 812.º do CPC, sob pena de<br />
não o fazendo, seguirem-se os termos<br />
do art.º 832.º do CPC, sendo promovida<br />
a penhora dos bens necessários<br />
para garantir o pagamento da quantia<br />
exe<strong>que</strong>nda no montante de 19.999,99<br />
€ (dezanove mil, novecentos e noventa<br />
e nove euros e noventa e nove cêntimos),<br />
acrescida de 10% nos termos do<br />
disposto no n.º 3 do art.º 821 do CPC,<br />
da taxa de justiça inicial no montante<br />
de 24,00€ (vinte e quatro euros) e,<br />
honorários e despesas de solicitador,<br />
<strong>que</strong> nesta data ascendem a 1.000,00€<br />
(mil euros), juros calculados nos termos<br />
do pedido, sendo ainda responsável<br />
por todas as despesas indispensáveis,<br />
inerentes à presente execução. Nos<br />
termos do disposto no art.º 60.º do<br />
CPC e tendo em consideração o valor<br />
do processo, para se opor à execução<br />
é obrigatória a constituição de advogado.<br />
Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento<br />
executivo e cópia dos re<strong>que</strong>rimentos<br />
encontram-se à disposição do citando,<br />
no escritório da Solicitadora de Execução.<br />
Poderá efectuar o pagamento da<br />
quantia exe<strong>que</strong>nda e demais despesas,<br />
no escritório do signatário em dinheiro<br />
ou che<strong>que</strong> visado. Após a realização da<br />
penhora, o valor de honorários e despesas<br />
sofrerá um agravamento de acordo<br />
com a tabela publicada em anexo à<br />
Portaria n.º 708/2003, de 1/8.<br />
A Agente de Execução<br />
Lilita Antunes Martins<br />
Largo Alves Roçadas, 1.º Esq.º<br />
- Apartado 388 - 8401-904 Lagoa<br />
Telf.: 282 352 319 - Fax: 282 342 682<br />
E.mail 2860@solicitador.net<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
ANA MARIA SILVA RUCHA<br />
Agente de Execução<br />
Cédula 2769<br />
ANÚNCIO<br />
CÉSAR BELCHIOR<br />
Agente de Execução<br />
Céd. Prof. 2822<br />
ANÚNCIO<br />
Citação de ausente em parte incerta<br />
Comarca da Grande Lisboa-Noroeste<br />
- Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1<br />
Processo n.º 2546/08.3TMSNT<br />
Execução para pagamento de quantia<br />
certa<br />
Valor: 14.506,26 €<br />
Exe<strong>que</strong>nte: Banco Espírito Santo S.A.<br />
Executado: Jodisonho - Administração de<br />
Propriedades, Lda e outro<br />
OBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-<br />
TAÇÃO<br />
Nos termos e para os efeitos do disposto<br />
no art.º 248.º e ss. do Código de Processo<br />
Civil correm éditos de 30 (trinta) dias,<br />
contados da data da segunda e última<br />
publicação do anúncio, citando o ausente<br />
Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de<br />
representante legal da executada Jodisonho<br />
- Administração de Propriedades,<br />
Lda., com última morada conhecida na<br />
Praceta D. Mécia n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-<br />
247 Belas, para no prazo de 20 (vinte)<br />
dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos,<br />
pagar ou deduzir oposição à execução<br />
supra-referenciada, nos termos do art.º<br />
812.º n.º 6 do Código de Processo Civil.<br />
Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento executivo<br />
e cópia dos documentos anexos encontram-se<br />
à disposição do citando na secretaria<br />
do Tribunal de Comarca da Grande<br />
Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de<br />
Sintra - Juiz 1.<br />
MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />
Nos termos do disposto no art.º 60 do<br />
CPC, é obrigatória a constituição de Advogado<br />
quando o valor da execução seja<br />
superior à alçada do tribunal de primeira<br />
instância.<br />
COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />
Caso não se oponha à execução consideram-se<br />
confessados os factos constantes<br />
do re<strong>que</strong>rimento executivo, seguindo-se<br />
os ulteriores termos do processo.<br />
PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-<br />
RÁRIOS<br />
Poderá efectuar o pagamento da quantia<br />
exe<strong>que</strong>nda no escritório do signatário<br />
(dias e horas constantes do rodapé) em<br />
dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />
A quantia exe<strong>que</strong>nda acrescem as despesas<br />
previsíveis da execução (n.º 3 do<br />
artigo 821.º do CPC), além dos juros<br />
calculados nos termos do pedido, a taxa<br />
de justiça e os honorários e despesas do<br />
Agente de Execução.<br />
Após a realização da penhora o valor<br />
dos honorários e despesas sofrerá agravamento,<br />
de acordo com a tabela publicada<br />
em anexo à Portaria n.º 708/2003,<br />
de 04/08.<br />
O Agente de Execução - César Belchior<br />
Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 Lisboa<br />
Tel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222<br />
E-mail: 2822@solicitador.net<br />
Horário de atendimento: Dias úteis das 10h30<br />
às 12h30<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
CÉSAR BELCHIOR<br />
Agente de Execução<br />
Céd. Prof. 2822<br />
ANÚNCIO<br />
Citação de ausente em parte incerta<br />
Comarca da Grande Lisboa-Noroeste<br />
- Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1<br />
Processo n.º 10788/06.0TMSNT<br />
Execução para pagamento de quantia<br />
certa<br />
Valor: 4.916,52 €<br />
Exe<strong>que</strong>nte: Banco Espírito Santo S.A.<br />
Executado: Gordalinas & Ferreiras, Lda<br />
e outro<br />
OBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-<br />
TAÇÃO<br />
Nos termos e para os efeitos do disposto<br />
no art.º 248.º e ss. do Código de Processo<br />
Civil correm éditos de 30 (trinta) dias,<br />
contados da data da segunda e última<br />
publicação do anúncio, citando o ausente<br />
Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de<br />
representante legal da executada Jodisonho<br />
- Administração de Propriedades,<br />
Lda., com última morada conhecida na<br />
Praceta D. Mécia, n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-<br />
247 Belas, para no prazo de 20 (vinte)<br />
dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos,<br />
pagar ou deduzir oposição à execução<br />
supra-referenciada, nos termos art.º 812.º<br />
n.º 6 do Código de Processo Civil.<br />
Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento executivo<br />
e cópia dos documentos anexos encontram-se<br />
à disposição do citando na secretaria<br />
do Tribunal de Comarca da Grande<br />
Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de<br />
Sintra - Juiz 1.<br />
MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />
Nos termos do disposto no art.º 60 do<br />
CPC, é obrigatória a constituição de Advogado<br />
quando o valor da execução seja<br />
superior à alçada do tribunal de primeira<br />
instância.<br />
COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />
Caso não se oponha à execução consideram-se<br />
confessados os factos constantes<br />
do re<strong>que</strong>rimento executivo, seguindo-se<br />
os ulteriores termos do processo.<br />
PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-<br />
RÁRIOS<br />
Poderá efectuar o pagamento da quantia<br />
exe<strong>que</strong>nda no escritório do signatário<br />
(dias e horas constantes do rodapé) em<br />
dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />
À quantia exe<strong>que</strong>nda acrescem as despesas<br />
previsíveis da execução (n.º 3 do<br />
artigo 821.º do CPC), além dos juros<br />
calculados nos termos do pedido, a taxa<br />
de justiça e os honorários e despesas do<br />
Agente de Execução.<br />
Após a realização da penhora o valor<br />
dos honorários e despesas sofrerá agravamento,<br />
de acordo com a tabela publicada<br />
em anexo à Portaria n.º 708/2003,<br />
de 04/08.<br />
O Agente de Execução - César Belchior<br />
Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 Lisboa<br />
Tel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222<br />
E-mail: 2822@solicitador.net<br />
Horário de atendimento: Dias úteis das 10h30<br />
às 12h30<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 39<br />
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LISBOA-NOROESTE<br />
Sintra - Juízo Grande Inst. Cível<br />
2.ª Secção - Juiz 4<br />
Processo n.º 1299/08.0TCSNT<br />
ANÚNCIO<br />
Divisão de Coisa Comum<br />
Re<strong>que</strong>rente: João Alexandre Monteiro<br />
Parreira<br />
Re<strong>que</strong>rida: Ana Cláudia Freire de Andrade<br />
Manso<br />
Nos autos acima identifi cados foi designado<br />
o dia 14-02-2012, pelas 10.00 horas,<br />
neste Tribunal, para a abertura de propostas,<br />
<strong>que</strong> sejam entregues até esse momento,<br />
na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados<br />
na compra do seguinte bem:<br />
Fracção autónoma sita na R. de S. José<br />
Brandão de Almeida, 8, 8 A e 8 B, 4.º andar<br />
direito, Mem Martins, na 1.ª Conservatória<br />
do Registo Predial de Sintra sob o n.º 1925<br />
L, da freguesia de Algueirão - Mem Martins<br />
e inscrito na matriz predial urbana sob o<br />
artigo 7976 da mesma freguesia.<br />
Valor-base: € 80.000,00.<br />
Valor a anunciar para venda (70% do valorbase):<br />
€ 56.000,00.<br />
Re<strong>que</strong>rente: João Alexandre Monteiro<br />
Parreira, residente na Estrada de Mem<br />
Martins n.º 104 - Cave Dt.ª - 2725-216<br />
Mem Martins.<br />
Re<strong>que</strong>rida: Ana Cláudia Freire de Andrade<br />
Manso residente na Praceta Alves Redol,<br />
n.º 10, 2.º Dt.º - 2725-216 Mem Martins.<br />
Credora Reclamante: Caixa Geral de Depósitos<br />
S.A.<br />
Nota: No caso de venda mediante proposta<br />
em carta fechada, os proponentes devem<br />
juntar à sua proposta, como caução, um<br />
che<strong>que</strong> visado, à ordem da secretaria,<br />
no montante correspondente a 20% do<br />
valor-base dos bens ou garantia bancária<br />
no mesmo valor (n.º 1 ao art.º 897.º do<br />
CPC).<br />
N/Referência: 15200871<br />
Sintra, 25-01-2012<br />
A Juíza de Direito<br />
Dr.ª Laurinda Gemas<br />
A Ofi cial de Justiça<br />
Maria João André Morgado<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
TRIBUNAL JUDICIAL<br />
DO BOMBARRAL<br />
Secção Única<br />
Processo: 367/10.2TBBBR<br />
ANÚNCIO<br />
Acção de Processo Ordinário<br />
Autor: Leirinveste - Sociedade de<br />
Construção Civil, S.A.<br />
Réu: Crisafi l - Mobiliário, Lda. e<br />
outro(s)...<br />
Nos autos acima identifi cados, correm<br />
éditos de 30 dias, contados da<br />
data da segunda e última publicação<br />
do anúncio, citando a:<br />
Ré: Crisafi l - Mobiliário, Lda., NIF -<br />
507884000, com sede no Par<strong>que</strong><br />
Industrial JS, sito no Vale do Leito -<br />
2540 Bombarral, na pessoa do seu<br />
Legal Representante Cristiano Alves<br />
Filipe, estado civil: Solteiro, nascido<br />
em 05-12-1988, nacional de Portugal,<br />
NIF - 227006720, BI - 13231001, com<br />
última residência conhecida no Vale<br />
do Leito - 2540 Bombarral, para, no<br />
prazo de 30 dias, decorrido <strong>que</strong> seja<br />
o dos éditos, contestar, <strong>que</strong>rendo, a<br />
acção, com a cominação de <strong>que</strong> a<br />
falta de contestação importa a confi<br />
ssão dos factos articulados pelo(s)<br />
autor(es) e <strong>que</strong> em substância o<br />
pedido consiste em condenar-se as<br />
Rés a restituírem a área aproximada<br />
3937 m2 <strong>que</strong> ilicitamente é ocupado,<br />
entregando-lhe livre de pessoas e<br />
bens, e ainda, a sua condenação<br />
nas custas, procuradoria condigna e<br />
demais encargos legais, tudo como<br />
melhor consta do duplicado da petição<br />
inicial <strong>que</strong> se encontra nesta Secretaria,<br />
à disposição do citando.<br />
O prazo acima indicado suspendese,<br />
no entanto, nas férias judiciais.<br />
Fica advertido de <strong>que</strong> é obrigatória a<br />
constituição de mandatário judicial.<br />
N/ Referência: 609617<br />
Bombarral, 24-01-2012<br />
A Juíza de Direito<br />
Dr.ª Andreia Valadares Ferra<br />
O Ofi cial de Justiça<br />
José Júlio Celas Fernandes<br />
Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />
A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sendo a única organização em Portugal constituída<br />
para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.<br />
A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais,<br />
com experiência na doença de Alzheimer.<br />
Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais,<br />
Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.<br />
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Desporto<br />
Varela, do Feirense, marcou dois golos e fez um penálti<br />
A infelicidade de Varela<br />
foi a sorte do Benfi ca<br />
MIGUEL VIDAL/REUTERS<br />
Os “encarnados” sofreram para vencer no renovado estádio do Feirense.<br />
Uma vitória feliz <strong>que</strong> permite manter a equipa da Luz na liderança da Liga<br />
Crónica de jogo<br />
Manuel Mendes<br />
a Há jogadores <strong>que</strong> têm exibições<br />
positivas, mas acabam por cometer<br />
um ou outro erro <strong>que</strong> deitam por<br />
terra o trabalho da equipa. Foi o<br />
caso, ontem, de Varela. O central<br />
abriu o marcador da sua equipa,<br />
mas depois fez um autogolo e uma<br />
grande penalidade <strong>que</strong> permitiram<br />
a vitória do Benfi ca frente a um<br />
Feirense <strong>que</strong> mostrou ser uma<br />
equipa com bons jogadores e lutou<br />
até ao último minuto. E ainda se<br />
pode <strong>que</strong>ixar do árbitro lhe ter<br />
anulado mal um golo.<br />
No relvado mais curto da Liga,<br />
Jorge Jesus apostou num “onze”<br />
vocacionado para jogar pelo centro<br />
do terreno, voltando a manter a<br />
tradição de não repetir a mesma<br />
equipa. E o Benfi ca sentiu muitas<br />
difi culdades para coordenar o seu<br />
jogo e para fazer as devidas ligações<br />
entre a defesa e o ata<strong>que</strong>.<br />
Numa espécie de colete de<br />
forças, os “encarnados” viram o<br />
adversário jogar sempre de forma<br />
desinibida e tirar partido também<br />
da boa exibição de jogadores com<br />
velocidade, como são os casos<br />
de Ludovic, Diogo Cunha e das<br />
movimentações de Buval. A isto<br />
somou a capacidade física dos dois<br />
centrais Varela e Luciano <strong>que</strong> tanto<br />
se mostraram seguros a defender<br />
como a subir nos lances de bola<br />
parada.<br />
O técnico do Benfi ca teve mesmo<br />
de retocar a sua estratégia a partir<br />
da meia-hora. Encostou Witsel à<br />
direita, Javi García fi cou como único<br />
pivot e Aimar passou a recuar mais<br />
para recuperar jogo, oferecendo<br />
outra liberdade a Rodrigo. O<br />
espanhol passou fi nalmente a<br />
mostrar verdadeiros sinais de<br />
perigo, respondendo a lances <strong>que</strong><br />
tinham preocupado Artur. Primeiro,<br />
aos 4’, com Luciano a cabecear por<br />
cima depois de um livre de Hélder<br />
Castro. E, aos 13’, quando Diogo<br />
Cunha fugiu a Javi García e enviou a<br />
bola à barra.<br />
Mas a partir da<strong>que</strong>le momento<br />
tudo se alterou. Passou a ver-se<br />
mais do Benfi ca, <strong>que</strong> até esse<br />
Feirense 1<br />
Benfica 2<br />
Jogo no Estádio Marcolino da Costa, em Santa Maria<br />
da Feira. Assistência Cerca de 5.000 espectadores.<br />
Feirense Paulo Lopes, Luciano, Pedro Queirós, Mika<br />
(André Fontes, 86’), Fernando Varela, Stopira, Diogo<br />
Cunha, Ludovic, Thiago (Miguel Pedro, 77’), Hélder<br />
Castro (Cris, 65’) e Bastien. Treinador Quim Machado.<br />
Benfica Artur Moraes, Emerson, Luisão, Maxi Pereira,<br />
Garay, Javi García, Bruno César (Gaitán, 61’), Aimar<br />
(Nolito, 60’), Witsel, Cardozo (Matic, 90’+1’) e Rodrigo.<br />
Treinador Jorge Jesus.<br />
Árbitro Rui Costa, do Porto. Amarelos Thiago (6’),<br />
Javi García (36’), Artur Moraes (57’), Fernando Varela<br />
(72’), Ludovic (72’) e Maxi Pereira (82’).<br />
Golos 1-0, por Fernando Varela, aos 50’; 1-1, por<br />
Fernando Varela (p.b.), aos 54’; 1-2, por Cardozo (g.p.),<br />
73’.<br />
momento só tinha mostrado um<br />
momento mágico de Aimar, aos<br />
16’, <strong>que</strong> deixou Rodrigo na cara<br />
de Paulo Lopes <strong>que</strong> realizou uma<br />
grande defesa. Foi a primeira do<br />
guarda-redes de 33 anos formado<br />
no Benfi ca. Cardozo teve também<br />
um momento notável quando Witsel<br />
arrancou um cruzamento para<br />
um cabeceamento espectacular<br />
de Rodrigo, o melhor jogador dos<br />
homens da Luz.<br />
Na segunda parte, o Benfi ca<br />
entrou novamente adormecido.<br />
Logo no primeiro minuto só um<br />
disparate enorme do árbitro<br />
da partida evitou o pior para<br />
os homens de Jesus. Rui Costa<br />
assinalou um fora de jogo<br />
inexistente a Ludovic <strong>que</strong> tinha<br />
acabado de bater Artur. Mas,<br />
aos 49’, Varela teve uma entrada<br />
fulgurante, depois de um canto de<br />
Hélder Castro. Artur nada podia<br />
fazer. O defesa central acabou<br />
também por dar uma ajuda ao<br />
Benfi ca, aos 53’, quando desviou de<br />
cabeça para o fundo da sua própria<br />
baliza um lançamento de Maxi<br />
Pereira. Sem fazer muito por isso o<br />
líder da Liga chegou ao empate.<br />
Mas o protagonismo de Varela<br />
aumentaria aos 70’, quando<br />
permitiu <strong>que</strong> Rodrigo chegasse<br />
primeiro à bola e cometeu um<br />
penálti <strong>que</strong> Cardozo converteu,<br />
passando a somar seis jogos<br />
seguidos a marcar. Estava<br />
consumada a reviravolta do<br />
marcador e garantida mais uma<br />
semana de liderança isolada na Liga.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 41<br />
Positivo|Negativo<br />
Thiago Freitas<br />
O médio anulou por completo<br />
Aimar e lançou os ata<strong>que</strong>s<br />
da sua equipa. Foi um dos<br />
responsáveis pelas dificuldades<br />
do Benfica.<br />
Paulo Lopes<br />
Teve um punhado de defesas<br />
de grande qualidade e evitou<br />
lances de golo.<br />
Rodrigo<br />
Foi uma das poucas<br />
agradáveis exibições do<br />
Benfica. Deu velocidade ao jogo,<br />
movimentou-se bem e esteve nas<br />
jogadas mais perigosas da equipa.<br />
Bruno César<br />
Passou ao lado do jogo.<br />
Encostado à linha foi um<br />
elemento a menos. Saiu na<br />
segunda parte, mas deveria ter<br />
sido substituído mais cedo.<br />
Aimar e Emerson<br />
O primeiro nunca se libertou<br />
da marcação de Thiago<br />
Freitas e mal se viu. Não deu<br />
criatividade, nem capacidade<br />
ofensiva à equipa. Emerson<br />
defendeu mal e nunca deu apoio<br />
ofensivo ao seu flanco.<br />
Reacções<br />
“Somos uma boa equipa”<br />
Quim Machado<br />
“Enfrentámos<br />
um adversário<br />
difícil. Sabíamos<br />
<strong>que</strong> jogando em<br />
casa tínhamos<br />
as nossas possibilidades.<br />
Não conseguimos chegar à<br />
igualdade, mas demonstrámos<br />
<strong>que</strong> somos uma boa equipa,<br />
com bons jogadores, e <strong>que</strong><br />
independentemente do<br />
adversário podemos conquistar<br />
mais pontos.”<br />
“Criámos muitas oportunidades”<br />
Jorge Jesus<br />
“O facto de<br />
o campo do<br />
Feirense não ter<br />
as dimensões<br />
máximas<br />
não serve de desculpa. Foi um<br />
adversário <strong>que</strong> se bateu muito<br />
bem e complicou ao máximo.<br />
Mas fazendo uma análise fria<br />
do jogo, só o Rodrigo teve três<br />
oportunidades claras de golo.<br />
Criámos muitas oportunidades<br />
mas não as concretizámos, o<br />
<strong>que</strong> não acontece normalmente.<br />
Sofremos um golo <strong>que</strong> nos obrigou<br />
a lançar jogadores mais criativos<br />
<strong>que</strong> poderiam fazer a diferença.<br />
Na última meia hora tivemos<br />
várias oportunidades para matar<br />
o jogo. Os campeões fazem-se<br />
também com sofrimento.”
42 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Desporto Futebol<br />
Paulo Alves diz <strong>que</strong> o Benfica está melhor<br />
do <strong>que</strong> um FC Porto <strong>que</strong> está em crescimento<br />
Manuel Mendes<br />
O FC Porto visita hoje<br />
Barcelos, onde o Benfica já<br />
empatou. O técnico portista<br />
<strong>que</strong>r um FC Porto adulto<br />
e Paulo Alves pede a sorte<br />
<strong>que</strong> lhe faltou na Luz<br />
a O treinador do Gil Vicente não tem<br />
dúvidas de <strong>que</strong> hoje terá pela frente<br />
uma equipa muito forte. Paulo Alves<br />
disse ontem <strong>que</strong> os seus jogadores<br />
têm de estar num “dia excelente”<br />
para conquistar pontos na recepção<br />
ao FC Porto, tal como aconteceu no<br />
empate frente ao Benfi ca na abertura<br />
da Liga.<br />
“Para conquistar pontos temos de<br />
estar num dia excelente, ao nosso melhor<br />
nível e ter uma pontinha de sorte.<br />
Não a tivemos a semana passada, na<br />
Luz, mas espero <strong>que</strong> agora ela nos possa<br />
sorrir”, afi rmou ontem Paulo Alves,<br />
em conferência de imprensa, referindo<br />
<strong>que</strong> os dois primeiros classifi cados<br />
do campeonato “são adversários semelhantes<br />
na sua dimensão, embora<br />
o Benfi ca, neste momento, esteja um<br />
pouco acima em termos exibicionais”.<br />
O técnico dos gilistas reconheceu, contudo,<br />
<strong>que</strong> “o FC Porto está num período<br />
de crescimento, após uma fase em<br />
<strong>que</strong> não foi tão consistente”.<br />
Paulo Alves disse ainda ter fi cado<br />
satisfeito com a prestação da sua equipa<br />
na última jornada no Estádio da<br />
Luz, salientando <strong>que</strong> a vitória só não<br />
ocorreu por manifesta falta de sorte e<br />
pela grande exibição do guarda-redes<br />
adversário. “Espero <strong>que</strong> a equipa perceba<br />
o porquê dessa exibição, possa<br />
agarrá-la e materializá-la neste e nos<br />
jogos seguintes. Mas, se possível, com<br />
Est. José Alvalade, Lisboa 17h SP-TV1<br />
Sporting 4-3-3<br />
João<br />
Pereira<br />
Jeffren<br />
Rui Patrício<br />
Onyewu Polga Insúa<br />
Matías<br />
Renato Neto<br />
Ribas<br />
Elias<br />
Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)<br />
Capel<br />
Douglas<br />
Serginho Zhang<br />
Joãozinho<br />
Nildo Artur<br />
Nuno Coelho<br />
Yohan<br />
Tavares<br />
Jonas<br />
Hugo<br />
Pedro<br />
Moreira<br />
Beira-Mar 4-3-3<br />
Estádio Cidade de Barcelos 19h15 SP-TV1<br />
Gil Vicente 4-2-3-1<br />
Daniel<br />
Rodrigo<br />
Galo<br />
Pedro<br />
Adriano<br />
Cláudio Halisson<br />
André<br />
Cunha<br />
Hugo Vieira<br />
Helton<br />
Luís Manuel<br />
Rolando Otamendi<br />
Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal)<br />
Junior<br />
Caiçara<br />
Richard<br />
Kléber<br />
Varela James<br />
Álvaro<br />
Pereira<br />
Defour João Moutinho<br />
Souza<br />
Maicon<br />
FC Porto 4-3-3<br />
a conquista de pontos, <strong>que</strong> nesta fase<br />
são muito importantes”, frisou.<br />
O treinador do FC Porto também<br />
elogiou o adversário de hoje e falou<br />
numa deslocação complicada. Ausentes<br />
da equipa portista estarão<br />
Guarín, Alex Sandro, Hulk, Sapunaru,<br />
Emídio Rafael e Djalma, mas <strong>Vítor</strong><br />
Pereira mantém a fasquia alta: “Quero<br />
um FC Porto consistente, rigoroso, a<br />
fazer um jogo sério e de qualidade,<br />
para nos exibirmos ao nível dos últimos<br />
jogos.”<br />
Longe das quatro linhas, os portistas<br />
continuam a movimentar-se no<br />
mercado de transferências. Depois<br />
de terem visto Fucile sair para o Santos,<br />
o presidente do clube brasileiro<br />
confi rmou ontem <strong>que</strong> os “dragões”<br />
apresentaram uma proposta de 8<br />
milhões de euros pelo médio Ganso.<br />
Uma oferta considerada “cómica” por<br />
Luís Ribeiro.<br />
“O <strong>que</strong> dá jeito à equipa é ganhar”, afirma Domingos<br />
Tiago Pimentel<br />
a O início de 2012 está a revelar-se<br />
muito duro para o Sporting. Os “leões”<br />
ainda não ganharam qual<strong>que</strong>r<br />
jogo (cinco empates e uma derrota),<br />
e na classifi cação da Liga perderam<br />
o terceiro lugar para o Sporting de<br />
Braga. Por isso, o treinador Domingos<br />
Paciência sublinhou <strong>que</strong> uma vitória<br />
frente ao Beira-Mar, hoje, “será<br />
importante para tirar a ansiedade e<br />
dar confi ança à equipa”.<br />
Os três jogos do campeonato <strong>que</strong> o<br />
Sporting disputou em 2012 saldaramse<br />
por dois empates e uma derrota,<br />
tendo os “leões” marcado apenas um<br />
golo. “Queremos acabar com esta série<br />
de empates e resultados negativos.<br />
Empatar é negativo para nós. Temos<br />
consciência <strong>que</strong> teremos de fazer muito<br />
mais para ganhar amanhã [hoje]”,<br />
apontou Domingos, acrescentando<br />
<strong>que</strong> a abordagem ao jogo “terá de ser<br />
vigorosa e de grande concentração”.<br />
“Estivemos no oito, fomos para o<br />
80, e agora não estamos no oito, mas<br />
também não estamos no equilíbrio”,<br />
resumiu o técnico sobre a época dos<br />
“leões”.<br />
Depois de cumprir castigo, Elias está<br />
de volta às opções de Domingos. Pelo<br />
contrário, o técnico não pode contar<br />
com o lesionado Schaars, nem com<br />
Izmailov e Rinaudo, <strong>que</strong> já se treinam<br />
mas ainda não têm ritmo. Bojinov, suspenso<br />
pelo clube, também fi cou de<br />
fora da convocatória.<br />
“Têm acontecido várias lesões e a<br />
maior parte, tirando uma, foram todas<br />
em jogo. Temos consciência do <strong>que</strong><br />
são os problemas. O trabalho está a<br />
ser feito no sentido de <strong>que</strong> não haja<br />
tantas lesões”, admitiu Domingos, <strong>que</strong><br />
recusou a hipótese de chegar mais algum<br />
jogador no mercado de Inverno:<br />
Rio Ave e Académica sem poder de fogo<br />
a Rio Ave e Académica de Coimbra<br />
não conseguiram ontem mais <strong>que</strong><br />
o empate a zero, em partida da 17.ª<br />
jornada da Liga, um resultado <strong>que</strong><br />
castiga a falta de efi cácia das duas<br />
equipas. Numa partida <strong>que</strong>, praticamente,<br />
só ganhou emoção nos<br />
instantes fi nais, os dois conjuntos<br />
mostraram muita displicência na fi -<br />
nalização, acabando por justifi car a<br />
divisão de pontos.<br />
Com este desfecho, o Rio Ave não<br />
conseguiu descolar da parte inferior<br />
da tabela, passando a somar 15 pontos<br />
no 13.ª lugar, enquanto a Académica,<br />
<strong>que</strong> cumpriu o seu quinto<br />
jogo consecutivo na Liga sem ganhar,<br />
manteve o sétimo posto, agora com<br />
20 pontos.<br />
Pouco futebol se viu na primeira<br />
parte, com as duas equipas a embrulharem-se<br />
em inconse<strong>que</strong>ntes batalhas<br />
no meio-campo, em <strong>que</strong> a maior<br />
pressão dos visitantes e os contraata<strong>que</strong>s<br />
dos vila-condenses raramente<br />
criavam perigo nas áreas.<br />
Na “Briosa”, Éder mostrava-se o<br />
mais esforçado, esboçando um par<br />
de remates para defesa de Huanderson,<br />
enquanto do lado do Rio Ave,<br />
João Tomás desperdiçava a melhor<br />
oportunidade quando, isolado, permitiu<br />
a defesa de Peiser.<br />
O segundo tempo espelhou, novamente,<br />
duas equipas com difi culdades<br />
em penetrar nas áreas. Diogo Va-<br />
Rio Ave 0<br />
Académica 0<br />
Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.<br />
Assistência Cerca de 2500 espectadores.<br />
Rio Ave Huanderson, Jean Sony, <strong>Gaspar</strong>, Éder,<br />
Tiago Pinto, Wires, <strong>Vítor</strong> Gomes, Braga (Kelvin,<br />
63’), Christian (Mendes, 71’), João Tomás e Yazalde.<br />
Treinador Carlos Brito.<br />
Académica Peiser, Cedric, Ferreira, Abdoulaye,<br />
Hélder Cabral, Diogo Melo, Adrien Silva (Danilo, 58’),<br />
Hugo Morais, Marinho (David Simão, 72’), Éder (Fábio<br />
Luís, 64’) e Diogo Valente. Treinador Pedro Emanuel.<br />
Árbitro André Gralha, de Santarém. Amarelos<br />
Hugo Morais (36’), Yazalde (55’), Hélder Cabral (67’),<br />
Abdoulaye (82’), David Simão (86’), Cedric (90’+3’).<br />
Vermelho directo Flávio (80’).<br />
“O plantel está fechado, não vamos<br />
buscar mais jogador nenhum, temos<br />
jogadores sufi cientes para os objectivos<br />
do clube.”<br />
Apesar dos indícios, o treinador do<br />
Beira-Mar, Rui Bento, não acredita <strong>que</strong><br />
o adversário desta tarde esteja debilitado.<br />
“Pensar <strong>que</strong> o Sporting vai estar<br />
fragilizado, é pensar mal”, avisou o<br />
técnico, <strong>que</strong> na primeira volta do campeonato,<br />
em Aveiro, travou os “leões”<br />
(0-0). “Quem for mais competente é<br />
<strong>que</strong> vai fi car com os pontos. Esperamos<br />
um adversário forte e não <strong><strong>que</strong>rem</strong>os<br />
ser apanhados de surpresa”,<br />
acrescentou Rui Bento.<br />
Os aveirenses vêm de três derrotas<br />
consecutivas, mas o objectivo para o<br />
encontro desta tarde, em Alvalade,<br />
passa por pontuar: “Cada jogo tem a<br />
sua história e tudo pode acontecer. Se<br />
não conseguirmos ganhar, o empate<br />
seria bom resultado.” com Lusa<br />
lente rubricou a excepção, quando<br />
surgiu isolado frente a Huanderson,<br />
mas rematou por cima.<br />
A emoção <strong>que</strong> faltou até então<br />
acabou por surgir nos últimos dez<br />
minutos, altura em <strong>que</strong> a Académica<br />
fi cou reduzida a dez elementos, com<br />
expulsão de Flávio, depois de travar<br />
João Tomás quando este seguia para<br />
a baliza em posição privilegiada.<br />
Nesta fase, o Rio Ave cresceu, operou<br />
o “assalto fi nal” à baliza da formação<br />
de Coimbra, mas confi rmouse<br />
<strong>que</strong> a noite não era de inspiração<br />
para os atacantes, com Mendes, Kelvin<br />
e João Tomás a desperdiçarem as<br />
oportunidades criadas e a confi rmar<br />
nulo fi nal.<br />
Classificações<br />
I Liga<br />
Jornada 17<br />
V. Guimarães-Nacional 1-0<br />
Rio Ave-Académica 0-0<br />
Feirense-Benfica 1-2<br />
U. Leiria-P. Ferreira hoje, 16h<br />
V. Setúbal-Olhanense hoje, 16h<br />
Sporting-Beira-Mar hoje, 17h, SP-TV1<br />
Gil Vicente-FC Porto hoje, 19h15, SP-TV1<br />
Marítimo-Sp. Braga amanhã, 20h15, SP-TV1<br />
J V E D M-S P<br />
Benfica 17 14 3 0 43-14 45<br />
FC Porto 16 12 4 0 37-9 40<br />
Sp. Braga 16 10 4 2 30-15 34<br />
Sporting 16 8 5 3 27-14 29<br />
Marítimo 16 8 5 3 23-19 29<br />
V. Guimarães 17 7 2 8 23-19 23<br />
Académica 17 5 5 7 18-20 20<br />
Nacional 17 5 4 8 16-27 19<br />
Olhanense 16 4 6 6 17-20 18<br />
Beira-Mar 16 4 4 8 14-14 16<br />
Gil Vicente 16 3 7 6 14-26 16<br />
Rio Ave 17 4 3 10 14-23 15<br />
Feirense 17 3 6 8 12-24 15<br />
U. Leiria 16 4 2 10 16-29 14<br />
V. Setúbal 16 3 5 8 12-26 14<br />
P. Ferreira 16 3 3 10 16-33 12<br />
Próxima jornada P. Ferreira-Feirense, Benfica-<br />
Nacional, Marítimo-Sporting, Olhanense-Rio Ave, Sp.<br />
Braga-V. Setúbal, FC Porto-U. Leiria, Académica-Gil<br />
Vicente e Beira-Mar-V. Guimarães.<br />
II Liga<br />
Jornada 17<br />
Estoril-Atlético 5-0<br />
U. Madeira-Sp. Covilhã hoje, 11h15<br />
Oliveirense-Desp. Aves hoje, 11h15, SP-TV1<br />
Trofense-Freamunde hoje, 15h<br />
Belenenses-Penafiel hoje, 15h<br />
Moreirense-Arouca hoje, 16h<br />
Santa Clara-Leixões hoje, 16h<br />
Naval-Portimonense hoje, 16h30<br />
J V E D M-S P<br />
Estoril 17 10 5 2 24-9 35<br />
Moreirense 16 9 3 4 27-18 30<br />
Desp. Aves 16 7 6 3 23-16 27<br />
Atlético 17 7 5 5 18-20 26<br />
Leixões 16 7 3 6 21-19 24<br />
Naval 16 6 6 4 18-16 24<br />
Penafiel 16 6 5 5 21-19 23<br />
Arouca 16 4 8 4 16-17 20<br />
Oliveirense 16 5 5 6 20-23 20<br />
Santa Clara 16 5 4 7 17-20 19<br />
Sp. Covilhã 16 5 4 7 9-13 19<br />
Freamunde 16 4 6 6 20-19 18<br />
Belenenses 16 4 6 6 15-17 18<br />
U. Madeira 16 4 5 7 16-21 17<br />
Trofense 16 4 4 8 15-25 16<br />
Portimonense 16 3 3 10 16-24 12<br />
Próxima jornada<br />
Atlético-Santa Clara, Leixões-Arouca, Oliveirense-<br />
Trofense, Penafiel-U. Madeira, Desp. Aves-Belenenses,<br />
Portimonense-Estoril, Sp. Covilhã-Naval e<br />
Freamunde-Moreirense.<br />
Marcadores<br />
I Liga<br />
13 golos Cardozo (Benfica)<br />
10 golos Baba (Marítimo)<br />
9 golos Lima (Sp. Braga) e Edgar (V. Guimarães)<br />
8 golos Nolito (Benfica) e James Rodríguez (FC<br />
Porto)<br />
7 golos Hulk (FC Porto) e Wolfswinkel (Sporting)<br />
6 golos Rodrigo (Benfica), Kléber (FC Porto) e<br />
Melgarejo (P. Ferreira)<br />
II Liga<br />
9 golos Licá (Estoril) e Bock (Freamunde)<br />
8 golos Pires (Desp. Aves), Adriano (Oliveirense)<br />
e Manoel (Penafiel)<br />
7 golos Joeano (Arouca)<br />
6 golos Tiago Caeiro (Atlético) e Fábio Espinho<br />
(Moreirense)
Desporto Futebol Internacional<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 43<br />
Real Madrid governa a Liga à sua vontade<br />
Vitória fácil sobre o Saragoça com um golo de Ronaldo antes de um mês sabático. O empate do<br />
Barcelona em Villarreal aumentou para sete a vantagem <strong>que</strong> goza agora Mourinho<br />
Filipe Escobar de Lima<br />
a Foi um sábado como outro qual<strong>que</strong>r.<br />
Nos jogos em casa, o Real Madrid<br />
aborrece pela previsibilidade do<br />
resultado — excepto quando defronta<br />
o Barcelona, responsável pela única<br />
derrota (e únicos pontos perdidos) no<br />
Bernabéu. Ontem, o Saragoça, último<br />
classifi cado, saiu de Madrid como entrou,<br />
derrotado (3-1) e longe do topo,<br />
a 40 pontos do primeiro lugar.<br />
Com este triunfo, Mourinho continua<br />
a governar a Liga à sua vontade,<br />
antes de entrar para um mês sabático:<br />
os seus próximos quatro encontros<br />
são de grau fácil com Getafe,<br />
Levante, Racing e Rayo Vallecano. É<br />
o mês para cimentar a liderança e colocar<br />
o Barcelona em respeito. A Liga<br />
espanhola é um objectivo primordial<br />
para a vida do treinador português<br />
em Madrid.<br />
Com esta vitória, o Real iguala o<br />
melhor arran<strong>que</strong> na Liga da sua história<br />
(depois de 20 jogos), <strong>que</strong> datava<br />
de 1961. O <strong>que</strong> mostra <strong>que</strong> esta equipa<br />
tem fôlego e parece ter voltado tudo<br />
ao normal.<br />
Depois da eliminação em Camp<br />
Nou ante o Barcelona para a Taça de<br />
Espanha com um empate (2-2) <strong>que</strong><br />
encheu de orgulho os madridistas,<br />
após a derrota em casa uma semana<br />
antes (1-2) <strong>que</strong> atirou por terra o<br />
amor-próprio dos merengues, a normalidade<br />
está reposta — graças também<br />
ao Saragoça.<br />
Desta vez, o Real escolheu o mesmo<br />
caminho de sempre, com suspense<br />
como tem feito até aqui — foi<br />
o décimo jogo consecutivo com<br />
Casillas a sofrer golos no Santiago<br />
Bernabéu.<br />
Desde <strong>que</strong> defrontou no passado<br />
23 de Outubro de 2011 o Villarreal, a<br />
equipa de Mourinho encaixou sempre<br />
golos na Liga, Champions ou Taça<br />
de Espanha.<br />
Agora foram Kaká, Cristiano (fez<br />
o 2-1 e chegou aos 24 golos na prova)<br />
e Özil a responder ao golo incial do<br />
Cristiano Ronaldo marcou um dos golos do Real Madrid<br />
Taça das Nações Africanas<br />
Gana venceu Mali e Guiné estraçalhou Botswana<br />
E ao sétimo dia, a Taça das<br />
Nações Africanas assistiu à maior<br />
goleada até ao momento. A Guiné<br />
cilindrou ontem o Botswana por<br />
6-1, tornando-se a terceira equipa<br />
na história da prova a marcar<br />
seis golos num jogo. Um feito<br />
alcançado pelo Egipto em 1963<br />
(6-3 frente à Nigéria) e pela Costa<br />
do Marfim em 1970 (6-1 sobre a<br />
Etiópia). Nada correu bem ao<br />
Botswana, <strong>que</strong> viu terminar mais<br />
cedo esta primeira participação<br />
na CAN. Os “Zebras” cumprem<br />
calendário no jogo de quarta-feira,<br />
diante do Mali. Também ontem,<br />
a selecção maliana foi derrotada<br />
(0-2) pelo Gana, <strong>que</strong> se isolou na<br />
liderança do Grupo D. Os ganeses<br />
têm seis pontos, mais três <strong>que</strong><br />
Mali e Guiné. As três equipas<br />
podem seguir em frente, sendo<br />
<strong>que</strong> Gana e Guiné se encontram<br />
na última jornada. Hoje realizamse<br />
os dois jogos <strong>que</strong> fecham<br />
o Grupo A: Guiné Equatorial-<br />
Zâmbia (18h, Eurosport) e Líbia-<br />
Senegal (18h, Eurosport 2). T.P.<br />
PEDRO ARMESTRE/AFP<br />
Saragoça, mas com tanta facilidade<br />
<strong>que</strong> ninguém no estádio pareceu assustado<br />
quando Lafi ta festejou logo<br />
aos 10 minutos.<br />
Este Real é assim, insultuoso. Sofre<br />
primeiro, aprecia o drama e responde<br />
depois para gáudio dos adeptos.<br />
Barcelona empata e atrasa-se<br />
Esta parece ser a única prova em <strong>que</strong><br />
o Real pode vencer sem ter de ganhar<br />
ao Barcelona em campo. E isso faz<br />
sofrer os catalães. A desvantagem de<br />
5 pontos aumentou ontem para 7 em<br />
Villarreal. O empate (0-0) parece ter<br />
entregado a Liga aos madridistas.<br />
É muita vantagem para um Real<br />
cheio de fome, <strong>que</strong> só parece ter<br />
Camp Nou antes de chegar ao título.<br />
Taça de Inglaterra<br />
O Liverpool assumiu o papel de carrasco da cidade de Manchester<br />
a Os dois maiores clubes de Inglaterra,<br />
Manchester United e Liverpool,<br />
encontraram-se em Anfi eld. Há mais<br />
de meio século <strong>que</strong> assumiram o papel<br />
de inimigos intímos. Há um ano, Ferguson<br />
conquistou o 19.º campeonato<br />
para os red devils e tornou a equipa<br />
de Manchester a mais laureada da<br />
prova, ultrapassando os reds, <strong>que</strong> estagnaram<br />
nos 18 títulos em 1990. Aí,<br />
iniciaram uma travessia no deserto<br />
<strong>que</strong> já leva mais de duas décadas. Ontem,<br />
foi a vez de puxar pelo orgulho<br />
e o Liverpool eliminou o United nos<br />
16 avos-de-fi nal da Taça de Inglaterra<br />
com uma vitória por 2-1 alcançada a<br />
três minutos do fi m.<br />
Também na Taça o United leva vantagem<br />
sobre o Liverpool (11-7). É na <strong>Europa</strong><br />
<strong>que</strong> o clube de Anfi eld ganha ao<br />
de Old Traff ord (5-3 em Taça/Ligas dos<br />
Campeões). É tudo uma <strong>que</strong>stão de<br />
egos. E ambos estão em baixo na autoestima.<br />
O Liverpool passa despercebido<br />
na Premier League (sétimo) e está<br />
fora da <strong>Europa</strong>, enquanto o United<br />
Resultados<br />
Watford-Tottenham 0-1<br />
Everton-Fulham 2-1<br />
QPR-Chelsea 0-1<br />
Liverpool-M. United 2-1<br />
Derby County-Stoke City 0-2<br />
Stevenage-Notts County 1-0<br />
Blackpool-Sheffield Wednesday 1-1<br />
WBA-Norwich 1-2<br />
Hull-Crawley Town 0-1<br />
Sheffield United-Birmingham 0-4<br />
Leicester-Swindon 2-0<br />
Millwall-Southampton 1-1<br />
Bolton-Swansea 2-1<br />
Brighton-Newcastle 1-0<br />
saiu da Champions, da Taça da Liga<br />
e luta pelo campeonato, embora esta<br />
época já tenha sido humilhado pelo<br />
rival City na sua própria casa (1-6).<br />
Ontem, o Liverpool ofi cializou o seu<br />
estatuto de carrrasco das equipas da<br />
cidade de Manchester. A meio da semana<br />
eliminou o City das meias-fi nais<br />
da Taça da Liga (2-2 depois da vitória<br />
no primeiro jogo 0-1). Ontem, escorraçou<br />
o United da Taça de Inglaterra.<br />
Kuyt, o holandês <strong>que</strong> na época<br />
passada havia marcado um hat-trick<br />
Classificações<br />
Espanha<br />
Jornada 21<br />
Villarreal-Barcelona 0-0<br />
Real Madrid-Saragoça 3-1<br />
Espanyol-Maiorca 1-0<br />
Rayo Vallecano-Athl. Bilbau 2-3<br />
Bétis-Granada hoje, 11h, SP-TV2<br />
Real Sociedad-Sp. Gijón hoje, 15h<br />
Levante-Getafe hoje, 15h<br />
Racing Santander-Valência hoje, 17h, SP-TV2<br />
Málaga-Sevilha hoje, 20h30, SP-TV2<br />
Osasuna-Atl. Madrid amanhã, 20h, SP-TV2<br />
J V E D M-S P<br />
Real Madrid 20 17 1 2 70-19 52<br />
Barcelona 20 13 6 1 59-12 45<br />
Valência 19 10 5 4 29-20 35<br />
Levante 19 9 4 6 25-22 31<br />
Espanyol 20 9 4 7 22-21 31<br />
Athl. Bilbau 20 7 8 5 30-25 29<br />
Osasuna 19 6 9 4 22-31 27<br />
Atl. Madrid 19 7 5 7 30-27 26<br />
Sevilha 19 6 8 5 20-20 26<br />
Málaga 19 7 4 8 22-28 25<br />
Getafe 19 6 6 7 20-25 24<br />
Bétis 19 7 2 10 22-27 23<br />
Maiorca 20 5 7 8 17-25 22<br />
Rayo Vallecano 20 6 4 10 23-31 22<br />
Real Sociedad 19 5 6 8 17-27 21<br />
Racing Santander 19 4 8 7 15-23 20<br />
Villarreal 20 4 8 8 18-28 20<br />
Granada 19 5 4 10 12-26 19<br />
Sp. Gijón 19 5 3 11 18-33 18<br />
Saragoça 20 2 6 12 15-36 12<br />
Alemanha<br />
Jornada 19<br />
Colónia-Schalke 04 1-4<br />
Augsburgo-Kaiserslautern 2-2<br />
Bayern Muni<strong>que</strong>-Wolfsburgo 2-0<br />
Hertha Berlim-Hamburgo 1-2<br />
Hannover-Nuremberga 1-0<br />
Werder Bremen-Bayer Leverkusen 1-1<br />
B. Dortmund-Hoffenheim 3-1<br />
Mainz 05-Friburgo hoje, 14h30<br />
Estugarda-B. Monchengladbach hoje, 16h30<br />
J V E D M-S P<br />
B. Dortmund 19 12 4 3 43-14 40<br />
Bayern Muni<strong>que</strong> 19 13 1 5 46-13 40<br />
Schalke 04 19 13 1 5 45-24 40<br />
B. Monchengladbach 18 11 3 4 28-12 36<br />
Werder Bremen 19 9 4 6 31-32 31<br />
Bayer Leverkusen 19 8 6 5 26-25 30<br />
Hannover 19 6 9 4 21-24 27<br />
Hoffenheim 19 6 5 8 20-22 23<br />
Wolfsburgo 19 7 2 10 24-36 23<br />
Hamburgo 19 5 7 7 24-33 22<br />
Estugarda 18 6 4 8 24-23 22<br />
Nuremberga 19 6 3 10 19-29 21<br />
Colónia 19 6 3 10 28-40 21<br />
Hertha Berlim 19 4 8 7 25-30 20<br />
Kaiserslautern 19 3 9 7 15-23 18<br />
Mainz 05 18 4 6 8 24-32 18<br />
Friburgo 18 4 4 10 22-39 16<br />
Augsburgo 19 3 7 9 17-31 16<br />
ao United, apontou o golo da vitória<br />
perto do fi nal (2-1) — os reds marcaram<br />
primeiro por Agger, mas Park empatou.<br />
O jogo foi ainda atravessado por<br />
uma polémica: Suárez não pôde jogar<br />
pelo Liverpool devido ao incidente<br />
com Evra (o uruguaio foi acusado de<br />
racismo pelo francês, suspenso por<br />
oito jogos e ontem foi assobiado toda<br />
a partida).<br />
Horas antes, Juan Mata tinha marcado<br />
o golo do Chelsea sobre o Queens<br />
Park Rangers, de penálti. F.E.L.
44 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Desporto Breves<br />
Ciclismo Andebol<br />
Evans diz <strong>que</strong> irmãos Schleck são<br />
os seus grandes rivais no Tour<br />
a O ciclista australiano Cadel Evans, vencedor da última<br />
edição da Volta à França, apontou ontem os irmãos Andy<br />
e Frank Schleck como os grandes rivais para a revalidação<br />
do título na 99.ª edição da prova francesa, <strong>que</strong> se disputa<br />
em Julho. Motivado pelas aquisições de peso da sua equipa,<br />
a BMC — o todo-terreno Philippe Gilbert e Thor Hushovd,<br />
campeão mundial de 2010 —, o vencedor do Tour assumiu<br />
<strong>que</strong> a meta é repetir o resultado do ano passado.<br />
Bas<strong>que</strong>tebol<br />
Benfica e FC Porto<br />
não desarmam<br />
a A liderança na Liga continua repartida<br />
entre Benfi ca e FC Porto, <strong>que</strong><br />
venceram as partidas frente a Ginásio<br />
Figueirense e Lusitânia, respectivamente.<br />
As duas equipas somam 27<br />
pontos. Na visita ao Ginásio Figueirense,<br />
último classifi cado, os “encarnados”<br />
impuseram-se por 94-61, com<br />
João Gomes (19 pontos, oito ressaltos<br />
e cinco assistências) em desta<strong>que</strong>. A<br />
jogar em casa, o FC Porto bateu o Lusitânia<br />
por 72-51. Robert Johnson foi<br />
o melhor elemento dos “dragões”,<br />
com 15 pontos, sete ressaltos e quatro<br />
assistências. Apesar da derrota, o Lusitânia<br />
mantém o sexto lugar.<br />
Râguebi<br />
Portugal vence<br />
os England Students<br />
a A selecção nacional de râguebi derrotou<br />
ontem, no Estádio Universitário<br />
de Lisboa, os England Students, uma<br />
equipa composta por jogadores universitários<br />
ingleses, por 31-28, no último<br />
jogo de preparação antes do início<br />
do Torneio Europeu das Nações.<br />
Este foi o terceiro ano consecutivo<br />
<strong>que</strong> as duas equipas se defrontaram e<br />
Portugal triunfou sempre por menos<br />
de cinco pontos. No próximo sábado,<br />
a selecção nacional vai deslocar-se a<br />
Bucareste onde defronta a Roménia,<br />
em partida da primeira jornada do<br />
Torneio Europeu das Nações.<br />
Atletismo<br />
Sporting sobe ao segundo lugar,<br />
FC Porto segue em frente na Taça<br />
a O Sporting venceu (25-21) o Águas Santas, em partida<br />
antecipada da 19.ª jornada do campeonato, subindo ao<br />
segundo lugar da classifi cação. Noutro jogo antecipado,<br />
o Benfi ca bateu o ISMAI por 30-19. Também ontem, o Madeira<br />
SAD bateu (34-24) o Xico Andebol, numa partida em<br />
atraso da 15.ª jornada. No jogo <strong>que</strong> fechou os quartos-defi<br />
nal da Taça, o FC Porto carimbou a passagem às “meias”<br />
ao vencer no terreno do São Bernardo por 33-22.<br />
Fortes arranca recorde nacional no peso<br />
Luís Lopes<br />
a Marco Fortes teve um início de<br />
temporada em grande, este fi m-desemana,<br />
em Chemnitz, na Alemanha.<br />
O lançador de peso do Benfi ca participou<br />
numa prova de elevada qualidade,<br />
<strong>que</strong> foi ganha pelo americano<br />
Reese Hoff a com 21,87m — a melhor<br />
marca mundial do ano — alcançando<br />
um novo máximo nacional em pista<br />
coberta, com 20,57m, obtidos no sexto<br />
e derradeiro ensaio do concurso.<br />
Com este resultado o português<br />
subiu em 23 centímetros o anterior<br />
máximo português indoor (o de ar<br />
livre detém-no com 20,89m), <strong>que</strong><br />
ele próprio estabelecera a 4 de Março<br />
do ano passado, em Paris, durante<br />
a qualifi cação dos campeonatos<br />
europeus.<br />
Fortes teve uma prova em acentuado<br />
crescendo, abrindo com 19,15m no<br />
primeiro ensaio para passar os 20m,<br />
com 20,04m, na quarta tentativa. A<br />
<strong>que</strong> fez a seguir rendeu um primeiro<br />
recorde nacional de 20,38m, mas, no<br />
último ensaio conseguiu aproximarse,<br />
inclusive, do campeão mundial<br />
alemão David Storl, <strong>que</strong> terminou em<br />
segundo com 20,75m.<br />
Ainda em Chemnitz, mas nos<br />
1500m, registou-se outra melhor marca<br />
mundial do ano, desta feita obtida<br />
pelo marroquino Abdelaati Iguider,<br />
com 3m37,40s.<br />
Ao mesmo tempo, em Dresden,<br />
a Tendo terminado a época de 2011<br />
com a sua primeira vitória em mais<br />
de dois anos, Tiger Woods dispõe hoje<br />
de uma excelente oportunidade<br />
para começar a de 2012 com outra.<br />
Graças a uma terceira volta de 66 pancadas<br />
no Abu Dhabi Championship,<br />
o californiano descolou do sexteto<br />
de quartos classifi cados assumindo a<br />
co-liderança, a par do inglês Robert<br />
Rock, <strong>que</strong> fechou com dois birdies,<br />
igualando a<strong>que</strong>la marca.<br />
Foi um dia electrizante, com 24<br />
Marco Fortes bateu o recorde nacional de lançamento do peso indoor<br />
também no leste da Alemanha, Maria<br />
Eleonor Tavares esteve na prova<br />
do salto com vara e acabou em sexta,<br />
com 4,22m, tendo ganho a checa Jirina<br />
Ptacníkova, com 4,62m.<br />
Ontem, em Glasgow, disputou-se<br />
o tradicional encontro das cinco nações,<br />
envolvendo a Grã-Bretanha,<br />
vencedora com 60p, Rússia e Alemanha,<br />
<strong>que</strong> fi caram a seguir ambas<br />
com 53p, uma equipa da Commonwealth<br />
(47p) e outra dos Estados Unidos<br />
(41p).<br />
O antigo campeão mundial júnior<br />
russo Konstatin Shabanov brilhou<br />
jogadores a passarem pelo topo da<br />
tabela e havendo, a dada altura, oito<br />
a partilhar o comando.<br />
Somando 205 pancadas, 11 abaixo<br />
do Par 72 do campo do Abu Dhabi<br />
Golf Club, os líderes levam dois shots<br />
à melhor sobre um quarteto em <strong>que</strong><br />
se destacam três jogadores <strong>que</strong> fi zeram<br />
parte da última selecção da <strong>Europa</strong><br />
na Ryder Cup — o norte-irlandês<br />
Rory McIlroy (68), o dinamarquês<br />
Peter Hanson (64), <strong>que</strong> fez a melhor<br />
volta do dia, e o italiano Francesco<br />
PETER PARKS/AFP<br />
nos 60m barreiras ao igualar a melhor<br />
marca mundial do ano, com<br />
7,54s, e outro registo de topo obteve<br />
a <strong>que</strong>niana Hellen Obiri nos 3000m<br />
femininos, com 8m42,59s.<br />
A campeã europeia indoor russa<br />
Darya Klishina venceu no comprimento<br />
com 6,75m, mas o grande momento<br />
da tarde foi, na perspectiva<br />
dos anfi triões, o triunfo do campeão<br />
mundial dos 5000m Mo Farah, desta<br />
vez na prova de 1500m, ao derrotar<br />
um dos melhores especialistas da actualidade,<br />
o <strong>que</strong>niano Augustine Chege,<br />
com 3m39,03s contra 3m39,14s.<br />
Golfe<br />
Tiger Woods já lidera nos Emirados e está<br />
muito perto de voltar ao top-10 mundial<br />
Molinari (66) —, além do escocês Paul<br />
Lawrie (68).<br />
Foi uma prestação de grande nível<br />
de Tiger Woods, <strong>que</strong> reentrará no<br />
top-10 mundial em caso de vitória.<br />
Sobretudo pela sua habilidade para<br />
não acertar fairways, desafi ar os<br />
buracos de Par 5 e meter putts delicados.<br />
“Não fi z muitas coisas certas,<br />
mas também não fi z coisas erradas.<br />
Foi uma volta consistente, mantendome<br />
longe de apuros”, analisou. Rodrigo<br />
Cordoeiro<br />
Hó<strong>que</strong>i em patins<br />
“Dragões” invictos<br />
após 12.º triunfo<br />
a Também não foi a Oliveirense a<br />
equipa <strong>que</strong> colocou um ponto fi nal<br />
na invencibilidade do FC Porto. Os<br />
“dragões” venceram por 5-2 na visita<br />
a Oliveira de Azeméis e alcançaram a<br />
12.ª vitória no campeonato. No duelo<br />
entre segundo e terceiro classifi cados,<br />
o Benfi ca chegou ao intervalo a<br />
perder com o Candelária, mas uma<br />
boa segunda parte deu o triunfo (7-4)<br />
aos “encarnados”. Com este resultado,<br />
o Benfi ca segue a dois pontos<br />
do FC Porto e aumentou para sete os<br />
pontos de vantagem sobre o Candelária.<br />
Na próxima jornada os “encarnados”<br />
visitam o FC Porto.<br />
Voleibol<br />
Pavilhão da Luz viu<br />
16.º triunfo seguido<br />
a O Benfi ca recebeu e venceu a Académica<br />
de Espinho por 3-1, obtendo<br />
a 16.ª vitória em outros tantos encontros<br />
para o campeonato. A equipa de<br />
José Jardim impôs-se pelos parciais<br />
de 25-13, 23-25, 25-17 e 25-20 e segue<br />
isolada na liderança da classifi cação,<br />
com 48 pontos. Antes, o Sporting de<br />
Espinho, segundo na tabela a cinco<br />
pontos do Benfi ca (e com um jogo<br />
a mais <strong>que</strong> os “encarnados”), tinha<br />
ganho por 3-0 na visita ao Vitória de<br />
Guimarães. A formação orientada por<br />
Hugo Silva triunfou pelos parciais de<br />
30-28, 25-18 e 25-22.<br />
Xadrez<br />
Aronian a um empate<br />
do triunfo na Holanda<br />
a O arménio Levon Aronian voltou a<br />
vencer na 12.ª e penúltima jornada de<br />
Wijk aan Zee, Holanda, e bastar-lhe-á<br />
um empate hoje para garantir matematicamente<br />
o triunfo na primeira<br />
prova do Grand Slam do ano. A vítima<br />
foi o aspirante ao título mundial<br />
Boris Gelfand e como nenhum dos<br />
seus perseguidores venceu — Magnus<br />
Carlsen empatou com Kamsky,<br />
Radjabov com Ivanchuk e Caruana<br />
com Navara — o arménio aumentou<br />
para um ponto a vantagem sobre os<br />
segundos classifi cados.
Desporto Modalidades<br />
Ténis<br />
Victoria Azarenka gritou mais alto<br />
Pedro Keul<br />
Como bónus pelo triunfo<br />
no Open da Austrália,<br />
a bielorrussa vai ocupar<br />
o primeiro lugar do ranking<br />
a Há um ano, Victoria Azarenka deixou<br />
Melbourne frustrada por ter perdido<br />
nos oitavos-de-fi nal. De regresso<br />
a casa, em Minsk, a jogadora pôs de<br />
lado a ideia de tirar umas semanas<br />
de férias após uma conversa com a<br />
avó, <strong>que</strong> lhe fez ver a sorte <strong>que</strong> tinha<br />
em ser tenista. Ao colocar a carreira,<br />
e a sua vida, em perspectiva, a bielorrussa<br />
de 22 anos tornou-se uma<br />
pessoa mais madura e essa mudança<br />
confi rmou-se ontem no court. Na fi nal<br />
mais ruidosa do Open da Austrália,<br />
Azarenka arrasou Maria Sharapova,<br />
por 6-3, 6-0.<br />
“A minha avó é incrível, trabalhou<br />
toda a vida até aos 71 anos. É espantoso<br />
ver o quanto as pessoas trabalham<br />
e nós aqui a jogar ténis e, às vezes, a<br />
<strong>que</strong>ixarmo-nos de pe<strong>que</strong>nas coisas.<br />
Perdi um encontro e então? Temos<br />
<strong>que</strong> ver as coisas como um todo. Agora,<br />
estou sempre contente no court,<br />
divirto-me muito mais”, confessou<br />
Azarenka, <strong>que</strong>, ontem, viveu o dia<br />
mais feliz da carreira.<br />
Na fi nal entre as duas jogadoras <strong>que</strong><br />
mais decibéis atingem quando batem<br />
na bola, Azarenka entrou nervosa e<br />
depressa se viu a 0-2, mas depois de<br />
uma fantástico winner de direita ao<br />
longo do corredor, com <strong>que</strong> fechou<br />
o terceiro jogo, não olhou mais para<br />
trás. Sólida do fundo do court, Azarenka<br />
foi inteligente em mover a sua<br />
adversária e corajosa o sufi ciente para,<br />
por várias vezes, ir à rede concluir<br />
o ponto. E só perdeu mais um jogo.<br />
Embora apenas tenha acumulado<br />
três duplas-faltas, Sharapova pode<br />
<strong>que</strong>ixar-se da falta de efi cácia do serviço.<br />
Sofreu cinco breaks, só ganhou três<br />
pontos em 17 disputados com o seu<br />
segundo serviço e, na segunda partida,<br />
só quatro dos 12 pontos ganhos<br />
foram a servir. No primeiro match-<br />
Hoje falamos de coisas sérias<br />
Opinião<br />
José Manuel Meirim<br />
a 1. Desengane-se o leitor, pois<br />
não vamos escrever sobre as<br />
dívidas dos clubes de futebol ao<br />
fi sco e as (aparentes) palavras<br />
duras do ministro Relvas —<br />
somente para o povo ouvir<br />
— e das mais do <strong>que</strong> possíveis<br />
medidas frágeis do mesmo sobre<br />
essa <strong>que</strong>stão.<br />
2. O Decreto-Lei n.º 100/2003,<br />
de 23 de Maio, aprovou o<br />
regulamento das condições<br />
técnicas e de segurança a<br />
observar na concepção,<br />
instalação e manutenção das<br />
balizas de futebol, andebol,<br />
hó<strong>que</strong>i e de pólo aquático e dos<br />
equipamentos de bas<strong>que</strong>tebol<br />
existentes nas instalações<br />
desportivas de uso público.<br />
Este diploma foi alterado pelo<br />
Decreto-Lei n.º 82/2004, de 14 de<br />
Abril. Depois, temos a Portaria<br />
n.º 369/2004, de 12 de Abril,<br />
<strong>que</strong> veio estabelecer o regime<br />
de intervenção das entidades<br />
acreditadas em acções ligadas<br />
ao processo de verifi cação<br />
das condições técnicas e de<br />
segurança a observar na<br />
instalação e manutenção<br />
das balizas de futebol, de<br />
andebol, de hó<strong>que</strong>i e de pólo<br />
aquático e dos equipamentos<br />
de bas<strong>que</strong>tebol existentes nas<br />
instalações desportivas de uso<br />
público. E ainda a Portaria n.º<br />
1049/2004, de 19 de Agosto,<br />
<strong>que</strong> fi xou normas relativamente<br />
às condições técnicas e de<br />
segurança a observar na<br />
concepção, instalação e<br />
manutenção das balizas de<br />
futebol, de andebol, de hó<strong>que</strong>i<br />
e de pólo aquático e dos<br />
equipamentos de bas<strong>que</strong>tebol<br />
existentes nas instalações<br />
desportivas de uso público. E<br />
temos a ASAE desportiva para<br />
fi scalizar.<br />
3. Na quarta-feira, uma criança<br />
de 12 anos — como o Zé Pedro lá<br />
de casa — foi atingido por uma<br />
baliza <strong>que</strong> caiu e, conduzido ao<br />
Hospital Pediátrico de Coimbra,<br />
entrou em coma profundo.<br />
De acordo com o noticiado, o<br />
acidente ocorreu em Brasfemes,<br />
quando a criança brincava com<br />
amigos no campo desportivo<br />
de um centro recreativo desta<br />
Na quarta-feira,<br />
uma criança de 12<br />
anos foi atingida<br />
por uma baliza <strong>que</strong><br />
caiu e entrou em<br />
coma profundo<br />
Azarenka incrédula após ganhar a final do Open da Austrália<br />
point, Azarenka bateu forte na bola<br />
até <strong>que</strong> Sharapova colocou a bola na<br />
rede, o seu 30.º erro não forçado. A<br />
vencedora não <strong>que</strong>ria acreditar.<br />
“Logo após a vitória, não conseguia<br />
freguesia. Ainda e sempre de<br />
acordo com essas fontes, o<br />
rapaz ter-se-á pendurado no<br />
equipamento <strong>que</strong> acabou por lhe<br />
cair em cima.<br />
4. Para o presidente Centro<br />
de Recreio e Animação Cultural<br />
(CRAC) de Brasfemes, o acidente<br />
no polidesportivo gerido pela<br />
instituição ter-se-á devido<br />
a “utilização anormal” do<br />
campo. O jovem terá removido<br />
a segurança da baliza, presa por<br />
arames (?) à vedação do campo, e<br />
depois terá arrastado a estrutura<br />
para o centro do polidesportivo,<br />
pendurando-se nela e fi cando<br />
ferido quando ela tombou. “Foi<br />
alertado pelos colegas para<br />
não o fazer”, acrescentou. O<br />
presidente do CRAC adiantou<br />
ainda <strong>que</strong> “era costume miúdos<br />
furarem a rede para entrarem<br />
no campo” e <strong>que</strong> a própria<br />
fechadura “estava estragada”,<br />
adiantando <strong>que</strong> estas situações<br />
vão ser reparadas mas não<br />
adiantando em <strong>que</strong> prazo.<br />
5. São diversas as <strong>que</strong>stões<br />
jurídicas <strong>que</strong> este acidente<br />
coloca, fundamentalmente no<br />
domínio do apuramento de<br />
responsabilidades, impossíveis<br />
de receber resposta segura neste<br />
espaço e com os elementos de<br />
<strong>que</strong> se dispõe. Mas <strong>que</strong> fi <strong>que</strong><br />
claro, pelo menos, uma coisa:<br />
está-se longe de imputar uma<br />
culpa (ou responsabilidade)<br />
exclusiva à criança, mesmo<br />
tendo em conta a sua idade.<br />
6. O Diogo faleceu ontem.<br />
josemeirim@gmail.com<br />
TOBY MELVILLE/REUTERS<br />
perceber o <strong>que</strong> se estava a passar e<br />
não <strong>que</strong>ria acreditar <strong>que</strong> o torneio<br />
tivesse acabado. Tenho sonhado e trabalhado<br />
tanto para ganhar um Grand<br />
Slam e ser número um é um belo bó-<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 45<br />
nus”, disse Azarenka, já depois de receber<br />
a Daphne Akhurst Memorial<br />
Cup das mãos de Martina Hingis.<br />
Para <strong>que</strong>m tinha a fama de, emocionalmente,<br />
descontrolar-se ao ponto<br />
de partir ra<strong>que</strong>tas, Azarenka mostrou<br />
ao longo dos últimos 12 meses<br />
uma maturidade <strong>que</strong> confi rmou estar<br />
pronta para chegar ao topo. Orientada<br />
pelo experiente Samuel Sumyk, a<br />
bielorrussa protagonizou um 2011 de<br />
grande nível, em <strong>que</strong> conquistou três<br />
títulos e disputou a primeira meiafi<br />
nal num Grand Slam em Wimbledon,<br />
terminando no terceiro lugar<br />
da tabela WTA.<br />
Amanhã, Azarenka será a 21.ª jogadora<br />
a subir ao topo do ranking, mas<br />
apenas a terceira a fazê-lo logo após<br />
a conquista do seu primeiro título no<br />
Grand Slam. Aliás esta é a primeira<br />
vez <strong>que</strong> as detentoras dos títulos femininos<br />
dos quatro torneios do Grand<br />
Slam são todas estreantes.<br />
Esta manhã, Novak Djokovic e Rafael<br />
Nadal disputavam a fi nal masculina.
46 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Sair<br />
Cinema<br />
Lisboa<br />
Castello Lopes - Londres<br />
Av. Roma, 7A. T. 707220220<br />
J. Edgar M12. Sala 1 - 13h15, 16h, 18h45,<br />
21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 14h,<br />
16h30, 19h, 21h45<br />
CinemaCity C. Pe<strong>que</strong>no Praça de Touros<br />
C. Lazer do Campo Pe<strong>que</strong>no. T. 217981420<br />
Um Homem no Limite M12. Sala 1 -<br />
11h45, 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45,<br />
23h45; Happy Feet 2 M6. Sala 2 - 11h40<br />
(V.Port.); J. Edgar M12. Sala 2 - 13h50,<br />
16h25, 19h10, 21h50, 00h30; Arthur<br />
Christmas M6. Sala 3 - 11h40 (V.Port.);<br />
Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h45,<br />
16h, 18h40, 21h30, 24h; As Aventuras<br />
de Tintin: O Segredo do Licorne M6.<br />
Sala 4 - 11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 4 - 15h25, 18h25, 21h25, 00h25; Missão<br />
Impossível: Operação Fantasma M12.<br />
Sala 5 - 21h40; Moneyball - Jogada de<br />
Risco M12. Sala 5 - 18h35; A Hora mais<br />
Negra M12. Sala 5 - 13h35, 00h25; Nos<br />
Idos de Março M12. Sala 6 - 20h; Drive -<br />
Risco Duplo M16. Sala 6 - 00h15; Alvin<br />
e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />
Sala 6 - 11h35, 13h30, 15h30, 17h30<br />
(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala<br />
6 - 22h; Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 7 - 13h40, 16h20, 19h,<br />
21h35, 00h20; Um Método Perigoso M16.<br />
Sala 8 - 13h35, 15h35, 21h55; O Rei Leão<br />
3D M6. Sala 8 - 11h35, 13h35 (V.Port.); O<br />
Deus da Carnificina M12. Sala 8 - 17h35,<br />
23h55; Niko - Na Terra do Pai Natal M6.<br />
Sala 8 - 15h35 (V.Port.); A Minha Semana<br />
Com Marilyn M12. Sala 8 - 19h35<br />
CinemaCity Classic Alvalade<br />
Avª de Roma, nº 100, Lisboa. T. 218413045<br />
Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 1 -<br />
11h40 (V.Port.); Os Descendentes M12. Sala<br />
1 - 13h45, 16h, 18h30, 21h40; Polissia M12.<br />
Sala 2 - 13h40, 16h20, 18h55, 21h30; J.<br />
Edgar M12. Sala 3 - 13h30, 169h15, 19h,<br />
21h45; Habemus Papam - Temos<br />
Papa M12. Sala 4 - 11h35, 19h35; Sherlock<br />
Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala<br />
4 - 15h45, 21h35; Martha Marcy May<br />
Marlene M16. Sala 4 - 13h35<br />
Medeia Fonte Nova<br />
Est. Benfica, 503. T. 217145088<br />
Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />
as Mulheres M16. Sala 1 - 14h45, 18h15,<br />
21h30; O Gato das Botas M6. Sala 2 - 14h30<br />
(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 2 - 17h, 19h30, 22h;<br />
Os Descendentes M12. Sala 3 - 14h15,<br />
16h45, 19h15, 21h45<br />
Medeia King<br />
Av. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808<br />
Attenberg M16. Sala 1 - 13h45, 15h45,<br />
17h45, 19h45, 21h45; Apollonide -<br />
Memórias de Um Bordel M16. Sala<br />
2 - 14h30, 17h, 19h30, 22h; O Miúdo<br />
da Bicicleta M12. Sala 3 - 19h; Uma<br />
Separação M12. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h30<br />
Medeia Monumental<br />
Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223<br />
J. Edgar M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h30,<br />
16h10, 18h50, 21h30, 00h30; Chovem<br />
Almôndegas M6. Sala 1 - 11h30 (V.Port.); Os<br />
Descendentes M12. Sala 1 - 14h15, 16h45,<br />
19h15, 21h45, 00h15; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 2 - 13h, 16h, 19h, 22h; Moneyball<br />
- Jogada de Risco M12. Sala 3 - 19h,<br />
00h15; Apollonide - Memórias de Um<br />
Bordel M16. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h50<br />
Nimas<br />
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362<br />
Million Dollar Baby - Sonhos<br />
Vencidos M16. Sala 1 - 18h30; Invictus M12.<br />
Sala 1 - 21h30<br />
UCI Cinemas - El Corte Inglés<br />
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221<br />
Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />
Sala 1 - 11h30, 14h10, 16h15 (V.Port.); Missão<br />
Impossível: Operação Fantasma M12.<br />
Sala 1 - 21h35, 00h20; Uma<br />
Separação M12. Sala 1 - 18h30; Moneyball<br />
- Jogada de Risco M12. Sala 2 - 11h30, 15h15,<br />
18h15, 21h30, 00h20; As Serviçais M12.<br />
Sala 3 - 19h; A Toupeira M12. Sala 3 - 11h30,<br />
14h, 16h30, 21h55, 00h25; Um Método<br />
Perigoso M16. Sala 4 - 19h05; O Gato das<br />
Botas M6. Sala 4 - 11h30, 14h05, 16h35<br />
(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala<br />
4 - 21h35, 00h15; Sherlock Holmes: Jogo<br />
de Sombras M12. Sala 5 - 13h55, 16h30,<br />
19h10, 21h50, 00h30; Um Homem no<br />
Limite M12. Sala 6 - 11h30, 14h10, 16h50,<br />
19h15, 21h40, 00h05; A Minha Semana<br />
Com Marilyn M12. Sala 7 - 11h30, 14h15,<br />
16h40, 19h05, 21h40; Martha Marcy May<br />
Marlene M16. Sala 7 - 00h05; Habemus<br />
Papam - Temos Papa M12. Sala 8 - 11h30,<br />
14h10, 16h30; Melancolia M12. Sala 8<br />
- 19h; Um Coração Dividido M12. Sala<br />
8 - 21h45, 00h30; Os Descendentes M12.<br />
Sala 9 - 11h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h45,<br />
00h25; Três Vezes 20 Anos M12. Sala 10 -<br />
11h30, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; O Deus<br />
da Carnificina M12. Sala 11 - 11h30, 14h25,<br />
17h, 19h30, 22h; O Diário a Rum M12. Sala<br />
11 - 23h55; J. Edgar M12. Sala 12 - 11h30,<br />
15h20, 18h20, 21h30, 00h15; Millennium<br />
1: Os Homens Que Odeiam as<br />
Mulheres M16. Sala 13 - 11h30, 14h30, 18h,<br />
21h15, 00h20; Polissia M12. Sala 14 - 14h10,<br />
16h35, 19h15, 21h50, 00h30<br />
ZON Lusomundo Alvaláxia<br />
Estádio José Alvalade. T. 707 CINEMA<br />
Missão Impossível: Operação<br />
Fantasma M12. 13h55, 17h10, 21h15,<br />
00h30; Os Descendentes M12. 13h35,<br />
16h10, 18h45, 21h40, 00h20; Um<br />
Homem no Limite M12. 13h40, 16h30,<br />
18h55, 21h30, 23h55; O Idiota do Nosso<br />
Irmão M16. 13h45, 16h, 18h15, 21h20,<br />
23h40; Underworld: O Despertar M12.<br />
13h20, 15h30, 17h40, 19h45, 21h55,<br />
00h10; O Rei Leão 3D M6. 11h, 14h, 16h30<br />
(V.Port.); O Gato das Botas M6. 11h15,<br />
13h50, 16h20 (V.Port.); Warrior - Combate<br />
Entre Irmãos M16. 21h; O Espião<br />
Fantasma M12. 18h35, 21h35, 23h50; Alvin<br />
e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h,<br />
13h20, 15h30 (V.Port.); Ano Novo, Vida<br />
Nova! 18h25, 21h45; Sherlock Holmes:<br />
Jogo de Sombras M12. 13h40, 16h40,<br />
21h25, 00h15; A Minha Semana Com<br />
Marilyn M12. 19h20; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
13h25, 17h, 20h45, 00h05; J. Edgar M12.<br />
13h50, 16h50, 21h10, 00h25; País do<br />
Desejo M12. 14h10, 17h20, 21h50<br />
ZON Lusomundo Amoreiras<br />
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 707 CINEMA<br />
O Deus da Carnificina M12. 14h10, 16h40,<br />
21h10, 23h10; Imperdoáveis M16. 13h20,<br />
19h20; Os Descendentes M12. 13h, 15h40,<br />
18h30, 21h40, 00h30; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
13h20, 17h, 20h50, 24h; Uma Pe<strong>que</strong>na<br />
Zona de Turbulência M12. 16h20, 21h50,<br />
00h20; J. Edgar M12. 14h, 17h30, 21h10,<br />
00h15; A Gruta dos Sonhos Perdidos<br />
(3D) M6. 19h; Polissia M12. 13h10, 16h,<br />
18h40, 21h30, 00h10; A Minha Semana<br />
Com Marilyn M12. 18h20; Moneyball -<br />
Jogada de Risco M12. 12h50, 15h30, 20h40,<br />
23h30<br />
ZON Lusomundo Colombo<br />
Av. Lusíada. T. 707 CINEMA<br />
O Rebelde Salvador 17h50, 21h05,<br />
00h10; Alvin e os Esquilos 3:<br />
Naufragados M6. 10h55, 13h05,<br />
15h15 (V.Port.); Underworld: O<br />
Despertar M12. 13h15, 15h50, 18h, 21h35,<br />
23h55 ; Missão Impossível: Operação<br />
Fantasma M12. 12h40, 15h35, 18h25, 21h20,<br />
00h20; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. 13h30, 17h,<br />
21h, 00h25; Um Homem no Limite M12.<br />
13h, 15h45, 18h15, 21h15, 23h45; O<br />
Gato das Botas M6. 11h, 13h10, 15h20<br />
(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. 12h45, 15h40, 18h35, 21h25,<br />
00h15; O Idiota do Nosso Irmão M16.<br />
13h20, 16h, 21h40, 24h; Warrior - Combate<br />
Entre Irmãos M16. 17h40, 20h55,<br />
00h05; Moneyball - Jogada de Risco M12.<br />
18h40; Os Descendentes M12. 12h50,<br />
15h25, 18h05, 21h10, 23h50; J. Edgar M12.<br />
12h35, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30<br />
ZON Lusomundo Vasco da Gama<br />
Par<strong>que</strong> das Nações. T. 707 CINEMA<br />
Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 17h,<br />
21h, 00h15; O Gato das Botas M6. 11h,<br />
13h30, 16h (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. 18h10, 21h10,<br />
As estrelas do Público<br />
Jorge<br />
Mourinha<br />
Luís M.<br />
Oliveira<br />
Vasco<br />
Câmara<br />
Apollonide - Memórias de um Bordel mmmmn mmmnn mmmnn<br />
Attenberg mmmnn nnnnn nnnnn<br />
Os Descendentes mmmnn mmnnn mmnnn<br />
J. Edgar mmnnn nnnnn mnnnn<br />
A Minha Semana com Marilyn mmnnn nnnnn mnnnn<br />
Marta Marcy May Marlene nnnnn mmmnn mmmmn<br />
Millennium 1-Os Homens <strong>que</strong>... mmmnn mmnnn mnnnn<br />
País do Desejo a nnnnn nnnnn<br />
Políssia mmmnn mmnnn mmnnn<br />
Uma Separação mmmmn mmmnn mmmnn<br />
a Mau mnnnn Medíocre mmnnn Razoável mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente<br />
00h10; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras<br />
M12. 12h45, 15h50, 18h50, 21h50, 00h30; Os<br />
Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h40,<br />
21h40, 00h20; Um Homem no Limite M12.<br />
13h, 15h20, 18h20, 21h20, 23h50; J. Edgar<br />
M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25<br />
Almada<br />
ZON Lusomundo Almada Fórum<br />
Estr. Caminho Municipal. T. 707 CINEMA<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
12h50, 15h45, 18h40, 21h30, 00h25; Os<br />
Descendentes M12. 13h, 15h40, 18h25,<br />
21h05, 23h45; Millennium 1: Os Homens<br />
Que Odeiam as Mulheres M16. 13h10, 17h,<br />
20h40, 00h05; Um Homem no Limite M12.<br />
13h20, 16h, 18h30, 21h30, 24h; O Espião<br />
Fantasma M12. 21h25, 23h55; Alvin e os<br />
Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h25,<br />
15h50, 18h10 (V.Port.); Moneyball - Jogada<br />
de Risco M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20,<br />
00h15; Underworld: O Despertar M12.<br />
13h05, 15h40, 18h, 21h10, 23h45; Warrior<br />
- Combate Entre Irmãos M16. 13h, 16h10,<br />
20h50, 00h05; O Gato das Botas M6.<br />
11h, 13h20, 16h, 18h35 (V.Port.); O Idiota<br />
do Nosso Irmão M16. 12h50, 15h10,<br />
17h30, 19h40, 21h55, 00h15; Ano Novo,<br />
Vida Nova! 12h45, 15h35, 18h25, 21h10,<br />
24h; Missão Impossível: Operação<br />
Fantasma M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20,<br />
00h20; Justiça M12. 21h15, 23h50; Três<br />
Vezes 20 Anos M12. 13h15, 16h05, 18h20,<br />
21h20, 23h40; J. Edgar M12. 13h30, 17h10,<br />
21h, 00h10<br />
Amadora<br />
CinemaCity Alegro Alfragide<br />
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030<br />
J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05,<br />
18h40, 21h30, 00h05; Os Descendentes<br />
M12. Sala 2 - 13h45, 16h, 18h30, 21h50,<br />
00h15; O Rei Leão 3D M6. Sala 3 - 11h40,<br />
16h20 (V.Port.); Moneyball - Jogada de<br />
Risco M12. Sala 3 - 13h40, 19h, 21h40;<br />
A Hora mais Negra M12. Sala 3 - 00h25;<br />
Missão Impossível: Operação Fantasma<br />
M12. Sala 4 - 21h50, 00h30; Niko - Na Terra<br />
do Pai Natal M6. Sala 4 - 11h45 (V.Port.);<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
Sala 4 - 13h35, 16h15, 18h55; Bruna<br />
Surfistinha - O Doce Veneno do<br />
Escorpião M18. Sala 5 - 18h45; Warrior<br />
- Combate Entre Irmãos M16. Sala 5 -<br />
15h50, 21h35, 00h25; A Minha Semana<br />
Com Marilyn M12. Sala 5 - 13h50; Alvin e<br />
os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 6 -<br />
11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35 (V.Port.);<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
Sala 6 - 21h35, 00h20; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 7 - 15h10, 18h20, 21h25, 00h30; Happy<br />
Feet 2 M6. Sala 8 - 11h30 (V.Port.); Um<br />
Homem no Limite M12. Sala 8 - 13h40,<br />
15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 23h45;<br />
Underworld: O Despertar M12. Sala 9 -<br />
13h45, 15h30, 17h30, 19h20, 21h40, 24h;<br />
Imortais M12. Sala 10 - 00h10; O Gato<br />
das Botas M6. Sala 10 - 11h30, 15h45<br />
(V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 10 - 13h30<br />
(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 10<br />
- 17h45, 21h55; Tucker e Dale Contra o<br />
Mal M16. Sala 10 - 20h<br />
UCI Dolce Vita Tejo<br />
C.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221<br />
Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />
Sala 10 - 11h30, 13h55, 15h55, 18h45, 21h15<br />
(V.Port.); A Saga Twilight: Amanhecer<br />
- Parte I M12. Sala 11 - 19h10; Missão<br />
Impossível: Operação Fantasma M12.<br />
Sala 11 - 11h30, 13h50, 16h30, 21h50<br />
Barreiro<br />
Castello Lopes - Fórum Barreiro<br />
Campo das Cordoarias. T. 707220220<br />
Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />
as Mulheres M16. Sala 1 - 15h, 18h10,<br />
21h20; Os Descendentes M12. Sala 2 -<br />
12h50, 15h30, 18h30, 21h30; O Espião<br />
Fantasma M12. Sala 3 - 21h40; Alvin e os<br />
Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 3 - 13h,<br />
15h20, 17h30, 19h40 (V.Port.); Sherlock<br />
Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 -<br />
12h45, 15h40, 18h15, 21h10<br />
Cascais<br />
Castello Lopes - Cascais Villa<br />
Avenida Marginal. T. 707220220<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20,<br />
15h50, 18h20, 21h10; Sherlock Holmes:<br />
Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h,<br />
15h10, 18h30, 21h; Moneyball - Jogada<br />
de Risco M12. Sala 3 - 13h10, 16h, 18h50,<br />
21h30; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. Sala 4 - 15h,<br />
18h10, 21h20; Uma Separação M12. Sala 5 -<br />
12h50, 15h30, 18h, 21h40<br />
ZON Lusomundo CascaiShopping<br />
EN 9, Alcabideche. T. 707 CINEMA<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
12h35, 15h20, 21h10, 23h55; Moneyball<br />
- Jogada de Risco M12. 18h10; Os<br />
Descendentes M12. 12h40, 15h30, 18h30,<br />
21h20, 24h; Millennium 1: Os Homens<br />
Que Odeiam as Mulheres M16. 13h, 17h,<br />
20h50, 00h10; Um Homem no Limite M12.<br />
12h50, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; J.<br />
Edgar M12. 12h55, 15h50, 18h40, 21h30,<br />
00h20; O Gato das Botas M6. 11h, 13h10<br />
(V.Port.); O Idiota do Nosso Irmão M16.<br />
17h50, 21h40, 23h50; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. 11h, 13h20, 15h45<br />
(V.Port.); Underworld: O Despertar M12.<br />
15h25, 18h, 21h15, 23h20<br />
Caldas da Rainha<br />
Vivacine - Caldas da Rainha<br />
C.C. Vivaci. T. 262840197<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h10, 15h45,<br />
18h30, 21h30, 00h05; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 2 - 13h40, 17h, 21h, 00h10; Um Homem<br />
no Limite M12. Sala 3 - 13h30, 15h55, 18h20,<br />
21h20, 23h45; Sherlock Holmes: Jogo<br />
de Sombras M12. Sala 4 - 12h50, 15h35,<br />
18h25, 21h15, 00h05; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 5 - 13h30, 15h50,<br />
18h05 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 5 - 21h,<br />
23h50<br />
Carcavelos<br />
Atlântida-Cine<br />
Centro Comercial Carcavelos. T. 214565653<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30,<br />
18h15, 21h30; Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 2 - 15h45, 18h30, 21h45<br />
Sintra<br />
CinemaCity Beloura Shopping<br />
Est. Nac. nº 9 - Qta Beloura. T. 219247643<br />
J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05,<br />
18h40, 21h30; Happy Feet 2 M6. Sala 1 -<br />
11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os Homens<br />
Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 -<br />
15h10, 18h20, 21h25; Os Descendentes M12.<br />
Sala 2 - 13h40, 15h55, 18h35, 21h45; Niko<br />
- Na Terra do Pai Natal M6. Sala 3 - 11h45<br />
(V.Port.); Um Homem no Limite M12. Sala<br />
3 - 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35;<br />
O Gato das Botas M6. Sala 4 - 11h40, 15h45,<br />
17h45 (V.Port.); Niko - Na Terra do Pai<br />
Natal M6. Sala 4 - 13h50 (V.Port.); Sherlock<br />
Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala<br />
4 - 21h45; A Hora mais Negra M12.<br />
Sala 4 - 19h45; Alvin e os Esquilos 3:<br />
Naufragados M6. Sala 5 - 11h35, 13h35,<br />
15h30, 17h50, 19h45; Moneyball - Jogada<br />
de Risco M12. Sala 5 - 18h50, 21h40; O Rei<br />
Leão 3D M6. Sala 6 - 11h30, 15h40, 19h50<br />
(V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 6 - 13h30,<br />
17h40 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 6 - 21h50<br />
Castello Lopes - Fórum Sintra<br />
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 707220220<br />
J. Edgar M12. Sala 1 - 12h45, 15h35, 18h25,<br />
21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 13h,<br />
15h50, 18h10, 21h15; O Gato das Botas M6.<br />
Sala 3 - 13h10 (V.Port.); Sherlock Holmes:<br />
Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 16h, 18h20,<br />
21h10; Underworld: O Despertar M12.<br />
Sala 4 - 13h30, 15h40, 18h40, 21h40; Um<br />
Homem no Limite M12. Sala 5 - 13h20,<br />
16h05, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 6 - 12h50, 15h10,<br />
17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 6 -<br />
21h45; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. Sala 7 - 15h05,<br />
18h15, 21h25<br />
Loures<br />
Castello Lopes - Loures Shopping<br />
Quinta do Infantado. T. 707220220<br />
Um Homem no Limite M12. Sala 1 - 13h10,<br />
16h20, 18h30, 21h10; Sherlock Holmes:<br />
Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h20,<br />
16h, 21h15; Moneyball - Jogada de<br />
Risco M12. Sala 2 - 18h35; Millennium<br />
1: Os Homens Que Odeiam as<br />
Mulheres M16. Sala 3 - 15h, 18h10,<br />
21h20; Os Descendentes M12. Sala 4 -<br />
13h30, 16h10, 18h50, 21h40; Underworld:<br />
O Despertar M12. Sala 5 - 13h40, 16h30,<br />
19h, 21h50; J. Edgar M12. Sala 6 - 13h,<br />
15h50, 18h40, 21h30; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 14h50,<br />
16h50, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 7 - 21h<br />
Montijo<br />
ZON Lusomundo Fórum Montijo<br />
C. C. Fórum Montijo. T. 707 CINEMA<br />
Um Homem no Limite M12. 13h20, 16h20,<br />
18h40, 21h30, 23h45; O Gato das Botas M6.<br />
11h10, 13h30, 15h45 (V.Port.); Alvin e os<br />
Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h,<br />
15h10, 17h20, 19h20 (V.Port.); Missão<br />
Impossível: Operação Fantasma M12.<br />
21h20, 00h05; Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h10,<br />
23h55; Os Descendentes M12. 13h10, 16h,<br />
18h30, 21h40, 00h20; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
17h50, 21h, 00h10; Underworld:<br />
O Despertar M12. 13h40, 15h55, 18h10,<br />
20h55, 23h20
Odivelas<br />
ZON Lusomundo Odivelas Par<strong>que</strong><br />
C. C. Odivelaspar<strong>que</strong>. T. 707 CINEMA<br />
Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />
as Mulheres M16. 15h, 18h30, 21h50; Um<br />
Homem no Limite M12. 13h20, 15h50,<br />
18h10, 21h40<br />
Oeiras<br />
ZON Lusomundo Oeiras Par<strong>que</strong><br />
C. C. Oeirashopping. T. 707 CINEMA<br />
Moneyball - Jogada de Risco M12.<br />
12h55, 15h50, 22h; Warrior - Combate<br />
Entre Irmãos M16. 18h50; O Deus da<br />
Carnificina M12. 19h;<br />
Os Descendentes M12. 13h05, 15h40,<br />
18h20, 21h20, 24h; Um Homem no<br />
Limite M12. 13h10, 15h45, 18h15, 21h40,<br />
00h15; J. Edgar M12. 12h30, 15h30, 18h30,<br />
21h30, 00h30; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. 10h50, 13h,<br />
15h20 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. 18h05, 21h05,<br />
00h10; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 16h50,<br />
21h, 00h20<br />
Miraflores<br />
ZON Lusomundo Dolce Vita Miraflores<br />
Av. das Túlipas. T. 707 CINEMA<br />
Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />
11h, 15h, 18h (V.Port.); Os Descendentes<br />
M12. 15h20, 18h20, 21h20; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
15h, 18h30, 22h; J. Edgar M12. 15h30, 18h30,<br />
21h30<br />
Pombal<br />
Pombalcine<br />
Pombal Shopping, R. Santa Luzia.<br />
T. 236218801<br />
O Diário a Rum M12. Sala 1 - 16h, 21h<br />
Torres Novas<br />
Castello Lopes - TorreShopping<br />
Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220<br />
Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 15h,<br />
18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 2 - 13h10<br />
(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 2 - 15h20, 18h20,<br />
21h10; Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h,<br />
15h30, 18h, 21h30<br />
Torres Vedras<br />
ZON Lusomundo Torres Vedras<br />
C.C. Arena Shopping. T. 707 CINEMA<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
14h, 18h, 21h05, 00h05;<br />
Os Descendentes M12. 13h15, 16h15, 18h50,<br />
21h45, 00h25 ; J. Edgar M12. 13h45, 17h45,<br />
21h15, 00h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />
Naufragados M6. 11h, 13h30, 15h45, 18h15<br />
(V.Port.); Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. 21h, 00h15 ; Um<br />
Homem no Limite M12. 13h, 16h, 18h30,<br />
21h25, 23h55<br />
Torre da Marinha<br />
Castello Lopes - Rio Sul Shopping<br />
Quinta Nova do Rio Judeu, Loja A1.027.<br />
T. 707220220<br />
Underworld: O Despertar M12. Sala 1 -<br />
13h20, 15h50, 18h40, 21h40; J. Edgar M12.<br />
Sala 2 - 12h40, 15h35, 18h30, 21h30;<br />
Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h10,<br />
15h40, 18h20, 21h25; Um Homem no<br />
Limite M12. Sala 4 - 13h30, 16h, 18h50,<br />
21h50; O Gato das Botas M6. Sala 5 -<br />
13h (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo<br />
de Sombras M12. Sala 5 - 15h20, 18h,<br />
21h; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. Sala 6 - 15h,<br />
18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />
Frida Kahlo no Museu da Cidade<br />
Último dia para ver, no Museu da Cidade,<br />
em Lisboa (Campo Grande, 245), a exposição<br />
Frida Kahlo – As Suas Fotografias. Uma mostra<br />
organizada pela Casa da América Latina e com<br />
curadoria de Pablo Ortiz Monasterio, fotógrafo<br />
e historiador da fotografia no México, <strong>que</strong><br />
Em estreia<br />
Attenberg<br />
De Athina Rachel Tsangari.<br />
Com Ariane Labed, Vangelis<br />
Mourikis, Evangelia Randou,<br />
Yorgos Lanthimos. GRE. 2010.<br />
96m. Drama. M16.<br />
Marina não é uma rapariga como<br />
as outras. Aos 23 anos, vive em<br />
quase reclusão, tendo apenas por<br />
companhia o pai, um arquitecto<br />
sorumbático, e Bella, a melhor<br />
amiga. A sua vida passa-se entre<br />
os documentários de David<br />
Attenborough, a música dos<br />
Suicide e Françoise Hardy e os<br />
ensinamentos de Bella sobre a vida<br />
sexual, <strong>que</strong> aprende de maneira<br />
pouco ortodoxa. Até ao dia em <strong>que</strong><br />
chega à sua pe<strong>que</strong>na cidade um<br />
homem <strong>que</strong> lhe mostrará outras<br />
maneiras de viver.<br />
Medeia King<br />
J. Edgar<br />
De Clint Eastwood. Com<br />
Leonardo DiCaprio, Naomi<br />
Watts, Judi Dench, Armie<br />
Hammer. EUA. 2011. 137m.<br />
Drama, Biografia. M12.<br />
Realizado por Clint Eastwood, a<br />
história de um dos maiores e mais<br />
controversos ícones do século<br />
XX: John Edgar Hoover. Um dos<br />
principais responsáveis pela criação<br />
do FBI, <strong>que</strong> chefiou durante quase<br />
meio século, tornou-se num dos<br />
homens mais poderosos e temidos<br />
dos EUA. Porém, apesar do sucesso<br />
da sua carreira, a sua vida privada<br />
mantida secreta, deu azo a todo o<br />
tipo de especulações, entre elas a<br />
alegada relação homossexual com<br />
Clyde Tolson, seu braço direito.<br />
apresenta uma selecção de 257 fotografias das<br />
6.500 <strong>que</strong> constituem o acervo da Casa Azul/<br />
Museu Frida Kahlo. Os Pais: Guillermo e Matilde,<br />
A Casa Azul, O Corpo Acidentado (Frida Khalo<br />
sofreu, aos 18 anos, um grave acidente, quando<br />
um eléctrico embateu no autocarro onde<br />
Polissia<br />
De Maïwenn. Com Karin Viard,<br />
Joey Starr, Marina Foïs, Frédéric<br />
Pierrot. FRA. 2011. 127m.<br />
Drama, Crime. M12.<br />
Os membros da Brigada para a<br />
Protecção de Menores lutam contra<br />
inúmeras vicissitudes sofridas<br />
por crianças de todos os estratos<br />
sociais: pedofilia, abuso infantil,<br />
delitos <strong>que</strong> incluem adolescentes ou<br />
prostituição. Cada um deles, à sua<br />
maneira, tenta encontrar estratégias<br />
de distanciamento nas suas vidas<br />
pessoais. Quando uma jovem<br />
fotógrafa é enviada pelo Ministério<br />
da Administração Interna para<br />
retratar a vida da<strong>que</strong>la unidade,<br />
algo vai alterar a dinâmica do grupo.<br />
CinemaCity Classic Alvalade, UCI<br />
Cinemas - El Corte Inglés, ZON<br />
Lusomundo Amoreiras<br />
Três Vezes 20 Anos<br />
De Julie Gavras. Com William<br />
Hurt, Isabella Rossellini, Doreen<br />
Mantle. GB/FRA/BEL. 2011.<br />
107m. Drama. M12.<br />
Em plena crise de meia-idade, Mary<br />
e Adam formam um casal com<br />
algumas dificuldades em sobreviver<br />
às mudanças <strong>que</strong> o tempo e a idade<br />
lhes foram trazendo, e cada um<br />
opta por trilhar caminhos distintos.<br />
Inevitavelmente surgem problemas<br />
de relacionamento <strong>que</strong> vão pôr em<br />
causa tudo o <strong>que</strong> viveram até aí...<br />
UCI Cinemas - El Corte Inglés, ZON<br />
Lusomundo Almada Fórum<br />
Um Homem no Limite<br />
De Asger Leth. Com Sam<br />
Worthington, Elizabeth Banks,<br />
Jamie Bell, Ed Harris. EUA. 2012.<br />
País do Desejo<br />
102m. Thriller, Crime. M12.<br />
De Paulo Caldas. Com Fábio bio<br />
Assunção, Maria Padilha, a,<br />
Gabriel Braga Nunes, Nicolau colau<br />
Breyner. POR/BRA. 2011. 85m.<br />
Drama. M12.<br />
José é o dedicado pároco de e uma<br />
pe<strong>que</strong>na vila brasileira. A sua ua fé,<br />
até então inabalável, será posta osta<br />
em causa quando se depara a com<br />
a decisão de um arcebispo em<br />
excomungar a mãe e o médico dico<br />
<strong>que</strong> realizou um aborto a<br />
uma menina de 11 anos,<br />
violada pelo próprio tio. À<br />
medida <strong>que</strong> o fosso entre ele le<br />
e a própria Igreja se alarga,<br />
mais ele se sente próximo<br />
de Roberta, cujo encontro<br />
vai abrir caminho a um<br />
amor inesperado.<br />
ZON Lusomundo Alvaláxia<br />
Três Vezes 20 Anos<br />
Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 15h10,<br />
17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 7 - 15h10,<br />
18h20, 21h10<br />
Santarém<br />
Castello Lopes - Santarém<br />
Largo Cândido dos Reis. T. 707220220<br />
Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h30,<br />
21h20; Underworld: O Despertar M12.<br />
Sala 2 - 13h30, 15h30, 18h20, 21h; Os<br />
Descendentes M12. Sala 3 - 13h20,<br />
16h10, 19h, 21h50; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 16h,<br />
18h50 (V.Port.); Missão Impossível:<br />
Operação Fantasma M12. Sala 4 -<br />
21h40; Millennium 1: Os Homens Que<br />
Odeiam as Mulheres M16. Sala 5 - 15h,<br />
18h10, 21h15; J. Edgar M12. Sala 6 - 12h50,<br />
15h40, 18h40, 21h30<br />
Setúbal<br />
Auditório Charlot<br />
Avenida Dr. António Manuel Gamito, 11.<br />
T. 265522446<br />
Nick Cassidy é um homem no<br />
limite. Com uma carreira ao serviço<br />
da lei, foi condenado por um crime<br />
<strong>que</strong> não cometeu. Quando, por fim,<br />
consegue escapar da prisão, decide<br />
dar um último passo para provar<br />
a sua inocência: do parapeito de<br />
um dos mais luxuosos hotéis de<br />
Nova Ior<strong>que</strong>, ameaça o suicídio.<br />
À medida <strong>que</strong> uma multidão<br />
inquieta se junta à volta da área, a<br />
polícia acede ao seu pedido para<br />
falar com Lydia Anderson, uma<br />
negociadora experiente. Porém,<br />
o <strong>que</strong> parece ser algo resultante<br />
de puro desespero de um homem<br />
<strong>que</strong> nada tem a perder, depressa se<br />
comprova ser um plano complexo<br />
e calculado.<br />
Uma Pe<strong>que</strong>na Zona<br />
de Turbulência<br />
De Alfred Lot. Com Michel Blanc,<br />
Miou-Miou, Mélanie Doutey.<br />
FRA. 2009. 108m. Comédia. M12.<br />
Chegado à idade da reforma,<br />
Jean-Pierre Muret tem a vida<br />
virada do avesso: para além da<br />
sua hipocondria, descobre <strong>que</strong> a<br />
mulher o trai com um ex-colega de<br />
trabalho; <strong>que</strong> a filha, divorciada,<br />
decide casar com o último homem<br />
<strong>que</strong> ele <strong>que</strong>ria para genro; e<br />
<strong>que</strong> está prestes a conhecer o<br />
namorado do filho homossexual,<br />
cuja condição ele não aceita de<br />
modo algum. Quando julga <strong>que</strong><br />
nada pode piorar, descobre <strong>que</strong><br />
tem um eczema numular <strong>que</strong>,<br />
mesmo com todos à sua volta a<br />
desdramatizar, está convicto <strong>que</strong><br />
o arrastará a uma morte lenta e<br />
dolorosa.<br />
ZON Lusomundo Amoreiras<br />
Underworld: O<br />
Despertar<br />
De D Måns Mårlind, Mårlin Björn Stein.<br />
Com Co C m Kate Beckinsale, Beck Michael<br />
Ealy, India Ei Eisley. EUA. 2012.<br />
88m. 88 8 m. Acção,<br />
Fantasia. M12.<br />
Após Ap A ós consegu conseguir escapar de<br />
um cativeiro dde<br />
12 anos, a<br />
vampira Selen Selene depara-se com<br />
uma realidade realidad inesperada:<br />
descobertos descobertos ppelos<br />
humanos, os<br />
clãs de vampiros vampi e lobisomens<br />
são perseguidos perseguid e caçados<br />
como animais an selvagens.<br />
Agora, Agora para salvar ambas<br />
as as eespécies,<br />
Selena<br />
vai va ter de fazê-los<br />
compreender c<br />
<strong>que</strong><br />
a solução reside na<br />
superação s das suas<br />
diferenças d e na<br />
união de todos.<br />
O Miúdo da Bicicleta M12. Sala 1 - 16h,<br />
21h30<br />
Castello Lopes - Setúbal<br />
Centro Comercial Jumbo, Loja 50.<br />
T. 707220220<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20,<br />
15h40, 18h, 21h30; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 2 - 15h, 18h10, 21h20; Alvin e<br />
os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />
Sala 3 - 13h10, 15h20, 17h30, 19h20<br />
(V.Port.); O Diário a Rum M12. Sala<br />
3 - 21h40; Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 4 - 13h, 15h30, 18h20,<br />
21h10<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 47<br />
viajava), Os Amores de Frida (com desta<strong>que</strong><br />
para a conturbada relação com Diego Rivera),<br />
A Fotografia e a Luta Política são os núcleos<br />
em <strong>que</strong> se divide esta exposição, <strong>que</strong> ilustra a<br />
importância da fotografia na vida da pintora.<br />
Das 10h às 13h e 14h às 18h. Bilhetes a 3 euros.<br />
Tomar<br />
Cine-Teatro Paraíso - Tomar<br />
Rua Infantaria, 15. T. 249329190<br />
Missão Impossível: Operação<br />
Fantasma M12. Sala 1 - 15h30, 21h30<br />
Faro<br />
SBC-International Cinemas<br />
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212<br />
Um Homem no Limite M12. Sala 1 -<br />
14h55, 17h20, 19h40, 22h; Alvin e os<br />
Esquilos 3: Naufragados M6. Sala<br />
2 - 11h10, 13h45 (V.Port.); Ano Novo,<br />
Vida Nova! Sala 2 - 18h40; Moneyball<br />
- Jogada de Risco M12. Sala 2 - 15h50,<br />
21h20; Sherlock Holmes: Jogo de<br />
Sombras M12. Sala 3 - 13h15, 16h, 18h45,<br />
21h30; O Rei Leão 3D M6. Sala 4 - 13h,<br />
15h, 17h (V.Port.); Happy Feet 2 M6.<br />
Sala 4 - 10h35 (V.Port.); Um Coração<br />
Dividido M12. Sala 4 - 19h; A Hora mais<br />
Negra M12. Sala 4 - 21h50; O Gato das<br />
Botas M6. Sala 5 - 10h30, 12h40, 14h45<br />
(V.Port.); Um Coração Dividido M12. Sala<br />
5 - 16h50; Underworld: O Despertar M12.<br />
Sala 5 - 19h35, 21h40; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 6 - 11h25, 14h40, 17h55, 21h10; Os<br />
Descendentes M12. Sala 7 - 11h05, 14h40,<br />
17h55, 21h10; Warrior - Combate Entre<br />
Irmãos M16. Sala 8 - 21h20; Missão<br />
Impossível: Operação Fantasma M12.<br />
Sala 8 - 12h50, 15h40, 18h30; J. Edgar<br />
M12. Sala 9 - 12h15, 15h10, 18h05, 21h<br />
Olhão<br />
Algarcine - Cinemas de Olhão<br />
C.C. Ria Shopping. T. 289703332<br />
Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala<br />
1 - 14h, 15h45, 20h (V.Port.); Underworld:<br />
O Despertar M12. Sala 1 - 18h15, 21h45; O<br />
Diário a Rum M12. Sala 2 - 15h30, 18h30,<br />
21h30; O Gato das Botas M6. Sala 3 - 10h45,<br />
15h30, 17h30 (V.Port.); Justiça M12. Sala<br />
3 - 21h20<br />
Portimão<br />
Algarcine - Cinemas de Portimão<br />
Av. Miguel Bombarda.<br />
T. 282411888<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30,<br />
18h, 21h30; Niko - Na Terra do Pai<br />
Natal M6. Sala 2 - 14h, 15h45, 20h<br />
(V.Port.); Underworld: O Despertar M12.<br />
Sala 2 - 18h15, 21h45<br />
Castello Lopes - Portimão<br />
Quinta da Malata, Lote 1 - Centro Comercial<br />
Continente. T. 707220220<br />
Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20, 16h,<br />
18h50, 21h50; J. Edgar M12. Sala 2 - 13h,<br />
15h50, 18h40, 21h30; Sherlock Holmes:<br />
Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 12h50,<br />
15h30, 18h20, 21h10; Alvin e os Esquilos<br />
3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 15h15,<br />
17h20, 19h30 (V.Port.); A Hora mais<br />
Negra M12. Sala 4 - 22h; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
Sala 5 - 15h, 18h10, 21h20; Moneyball -<br />
Jogada de Risco M12. Sala 6 - 12h55, 15h40,<br />
18h30, 21h40<br />
Tavira<br />
Cine-Teatro António Pinheiro<br />
R. D. Marcelino Franco, 10.<br />
T. 281324880<br />
Nos Idos de Março M12. Sala 1 - 21h30<br />
Zon Lusomundo Tavira<br />
C.C. Gran-Plaza, Loja Nº324, R. Almirante<br />
Cândido dos Reis. T. 707 CINEMA<br />
Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />
13h20, 16h, 18h40, 21h25; Os<br />
Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h20,<br />
21h30; Um Homem no Limite M12. 13h30,<br />
15h55, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />
Naufragados M6. 11h, 13h40, 15h50, 18h10<br />
(V.Port.); Missão Impossível: Operação<br />
Fantasma M12. 21h10; Millennium 1: Os<br />
Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />
13h, 17h40, 21h
48 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Sair<br />
Teatro<br />
Lisboa<br />
A Barraca - Teatro Cinearte<br />
Largo de Santos, 2. T. 213965360<br />
D. Maria, A Louca De Antônio Cunha<br />
(texto). Enc. Maria do Céu Guerra. Com<br />
Maria do Céu Guerra, Adérito Lopes.<br />
De 8/9 a 29/1. Quinta a sábado às 21h30.<br />
Domingo às 16h30. M/12. Rumor De Mário<br />
de Carvalho. Enc. Maria do Céu Guerra.<br />
Com João D´Ávila, Jorge Gomes Ribeiro,<br />
Paula Guedes, Rita Fernandes, Rúben<br />
Garcia, Sérgio Moras, Vânia Naia. De 30/11<br />
a 26/2. Quinta a sábado às 21h30. Domingo<br />
às 16h00. M/12.<br />
Chapitô<br />
R. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550<br />
Édipo Comp.: Companhia do Chapitô.<br />
Enc. John Mowat. Com Jorge Cruz, Marta<br />
Cer<strong>que</strong>ira, Tiago Viegas. De 19/1 a 11/3.<br />
Quinta a domingo às 22h00 (na Tenda).<br />
M/12.<br />
Galeria Zé dos Bois<br />
Rua da Barroca, 59 - Bairro Alto.<br />
T. 213430205<br />
Drifting / Em Deriva De António Pedro<br />
Lopes, Gustavo Ciriaco. Com Ana Eliseu,<br />
Andrea Brandão, Bruno Caracol, Clara<br />
Kuntner, Cristina Zabalaga, Eduardo<br />
Frazão, Marta Rema, Paolo Andreoni, Rita<br />
Sousa Mendes, Vânia Rovisco. De 26/1 a<br />
29/1. Quinta a domingo às 21h30.<br />
Lavadouro de Carnide<br />
Estrada da Correia. T. 217121330<br />
Rua Maria Brown De Maria Gil. Grupo:<br />
Teatro do Silêncio. Com Maria Gil. De 28/1 a<br />
29/1. Sábado e domingo das 18h00 às 23h00<br />
(marcação prévia). M/12. Duração: 30m.<br />
Teatro da Comuna<br />
Pç. Espanha. T. 217221770<br />
3 Actores à Procura de um Papel De<br />
Joaquim Paulo Nogueira (texto). Enc.<br />
Joaquim Paulo Nogueira, Jorge António.<br />
Com Oceana Basílio, Ângelo Torres, João<br />
Cabral. De 19/1 a 29/1. Quinta a sábado às<br />
21h30. Domingo às 16h00 (na Sala Novas<br />
Tendências). M/16. Design for Living De<br />
Noël Coward (a partir de). Enc. Álvaro<br />
Correia. Com Carlos Paulo, Carlos Vieira,<br />
Hugo Franco, João Tempera, Maria Jorge<br />
Mar<strong>que</strong>s, Mia Farr, Rita Calçada Bastos.<br />
De 8/12 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />
Domingo às 16h00. M/12. La Mudanza De<br />
Célia Nadal, Javier Manzanera. Grupo:<br />
Companhia de Teatro Perigallo. Enc. João<br />
Mota. Com Célia Nadal, Javier Manzanera.<br />
De 19/1 a 26/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />
Domingo às 16h00.<br />
Tempo para hoje<br />
Marés<br />
Porto de Leixões<br />
Preia-mar: 06h25 2,9<br />
Baixa-mar:<br />
18h47<br />
00h10<br />
2,8<br />
1,0<br />
12h32 1,0<br />
Porto de Cascais<br />
Preia-mar: 06h03 3,0<br />
Baixa-mar:<br />
18h26<br />
12h08<br />
2,8<br />
1,2<br />
- -<br />
Porto de Faro/Olhão<br />
Preia-mar: 06h06 2,9<br />
Baixa-mar:<br />
18h26<br />
11h57<br />
2,7<br />
1,1<br />
- -<br />
Sol<br />
Lua<br />
Amanhã<br />
Nascente: 07h46<br />
Poente: 17h54<br />
Crescente:<br />
31/01 - 04h10<br />
Açores<br />
Grupo Ocidental<br />
11˚ 15˚<br />
Grupo Central<br />
11˚ 15˚<br />
2m<br />
17˚<br />
Grupo Oriental<br />
13˚17˚<br />
Madeira<br />
1m<br />
19˚<br />
2m<br />
17˚<br />
13˚ 19˚<br />
2-3m<br />
17˚<br />
12˚16˚<br />
P. Santo<br />
13˚ 18˚<br />
1-2m<br />
16˚<br />
Teatro da Cornucópia - Bairro Alto<br />
R. Tenente Raúl Cascais 1A. T. 213961515<br />
Morte de Judas De Paul Claudel. Enc.<br />
Dinarte Branco, Luís Miguel Cintra,<br />
Cristina Reis. Com Dinarte Branco, Luís<br />
Miguel Cintra. De 19/1 a 29/1. Terça a<br />
sábado às 21h30. Domingo às 16h00.<br />
Teatro Nacional D. Maria II<br />
Pç. D. Pedro IV. T. 213250835<br />
A Paixão Segundo Eurico De Alexandre<br />
Herculano (a partir de). Com Cristina<br />
Carvalhal, Inês Rosado, Sara Carinhas.<br />
De 1/12 a 29/1. Quarta a sábado às 21h15.<br />
Domingo às 16h15 (na Sala Estúdio). Quem<br />
tem Medo de Virginia Woolf? De Edward<br />
Albee. Com Filipe Raposo (música). Enc.<br />
Ana Luísa Guimarães. Com Maria João<br />
Luís, Romeu Costa, Sandra Faleiro, Virgílio<br />
Castelo. De 26/11 a 29/1. Quarta a sábado às<br />
21h00. Domingo às 16h00 (na Sala Garrett).<br />
M/12.<br />
Teatro Politeama<br />
R. Portas de Santo Antão, 109.<br />
T. 213405700<br />
Judy Garland - O Fim do Arco-Íris De<br />
Peter Quilter. Enc. Filipe La Féria. Com<br />
Hugo Rendas, Vanessa, Carlos Quintas.<br />
A partir de 25/1. Quinta e sexta às 21h30.<br />
Sábado às 17h00 e 21h30. Domingo às<br />
17h00. Pinóquio De Filipe La Féria. Enc.<br />
Filipe La Féria. Com Ana Rita Dionisio,<br />
Joel Branco, Sara Cabeleira, Sérgio<br />
Lucas, Bruna Andrade, Hugo Goepp,<br />
Inês Herédia, Tiago Isidro. Coreog. Inna<br />
Lisniak. A partir de 19/11. Terça a sexta às<br />
11h00 e 14h00 (escolas). Sábado e domingo<br />
às 15h00 (público).<br />
V. Castelo<br />
2˚ 13˚Braga Bragança<br />
-3˚ 9˚<br />
-1˚ 15˚<br />
2-2,5m<br />
Porto<br />
3˚ 14˚<br />
Vila Real<br />
-1˚ 9˚<br />
14˚<br />
Aveiro<br />
3˚ 14˚<br />
Viseu<br />
1˚ 11˚ Guarda<br />
0˚ 6˚<br />
Leiria<br />
0˚ 15˚<br />
Santarém<br />
3˚ 15˚<br />
Lisboa<br />
5˚ 15˚<br />
Setúbal<br />
3˚ 16˚<br />
Sines<br />
2-2,5m<br />
5˚ 15˚<br />
14˚<br />
Sagres<br />
6˚ 16˚<br />
0,5-1m<br />
16˚<br />
Coimbra<br />
2˚ 13˚<br />
Évora<br />
1˚ 14˚<br />
Beja<br />
3˚ 15˚<br />
Faro<br />
7˚ 16˚<br />
Roberto Zucco: última apresentação no Teatro<br />
Municipal Mirita Casimiro. em Cascais<br />
C. Branco<br />
3˚ 13˚<br />
Portalegre<br />
3˚ 12˚<br />
FONTE: www.AccuWeather.com<br />
Almada<br />
Teatro Municipal de Almada<br />
Avenida Professor Egas Moniz.<br />
T. 212739360<br />
O Carteiro de Neruda Comp.: Companhia<br />
de Teatro de Almada. Enc. Joaquim Benite.<br />
De 26/1 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />
Domingo às 16h00. M/12.<br />
Cascais<br />
Teatro Municipal Mirita Casimiro<br />
Avenida Fausto Figueiredo - Monte Estoril.<br />
T. 214670320<br />
Roberto Zucco De Bernard Marie Koltès.<br />
Grupo: Teatro Experimental de Cascais.<br />
Enc. Carlos Avillez. Com Tomás Alves,<br />
João Vasco, Anna Paula, António Mar<strong>que</strong>s,<br />
Carlos Santos, Fernanda Neves, Gláucia<br />
Noemi, Luís Rizo, Maria Camões, Renato<br />
Pino, entre outros. De 4/1 a 29/1. Quarta a<br />
domingo às 21h30. M/16.<br />
Tomar<br />
Convento de Cristo<br />
T. 249313481<br />
Corto Maltese, Concerto em Ó menor<br />
para Harpa e Nitroglicerina De Hugo<br />
Pratt (a partir). Comp.: Companhia<br />
de Teatro Fatias de Cá. Enc. Carlos<br />
Carvalheiro. De 15/1 a 19/2. Dom. às 15h15.<br />
Reservas: 960303991. Duração: 213m.<br />
Farmácias<br />
Lisboa<br />
Serviço Permanente<br />
Barros Gouveia (Vale Formoso - Poço do Bispo) -<br />
Rua do Vale Formoso de Cima, 79 - B - Tel. 218595180<br />
Branquinho (Sapadores) - Rua de Sapadores, 87-89<br />
- Tel. 218142725 Ducal (Du<strong>que</strong> de Loulé) - Av. Du<strong>que</strong><br />
do Loulé, 1 - E - Tel. 213110027 Estados Unidos (Av.<br />
E. U. A. - Av. do Aeroporto) - Av. Estados Unidos da<br />
América, 16 - B - Tel. 218471589 Geny (Luz - Par<strong>que</strong><br />
dos Principes) - Rua Fernando Namora 44 - C - Tel.<br />
217111730 Gouveia (Benfica - Bairro Pedralvas)<br />
- R. Augusto Costa (Costinha), 6 - Tel. 217607500<br />
Mendes Gomes (Ajuda) - Calçada da Ajuda, 222 - Tel.<br />
213610197 Oliveira (Campolide) - Rua D. Pedro V, 123<br />
- Tel. 213427880 União (Prazeres) - Rua Saraiva de<br />
Carvalho, 145 - F - Tel. 213963643<br />
Outras Localidades<br />
Serviço Permanente<br />
Abrantes - Ondalux Alandroal - Alandroalense<br />
Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense<br />
Alcanena - Ramalho Alcobaça - Nova, Campeão<br />
Alcochete - Cavaquinha Alcoutim - Caimoto<br />
Alen<strong>que</strong>r - Matos Coelho Aljezur - Furtado,<br />
Odeceixense (Odeceixe) Aljustrel - Pereira<br />
Almada - Chai (Costa da Caparica), Atlântico (Cova<br />
da Piedade), Moderna (Laranjeiro) Almeirim -<br />
Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar<br />
Alter do Chão - Alter Alvaiázere - Ferreira da Gama<br />
Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Caren<strong>que</strong>,<br />
Remédios, Nunes (Ermesinde) Amareleja -<br />
Portugal Arraiolos - Vieira Arronches - Esperança<br />
(Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da<br />
Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova<br />
Barrancos - Barra<strong>que</strong>nse Barreiro - Pimenta,<br />
Parreira (Lavradio), Mar<strong>que</strong>s Cavaco (Stº Antº<br />
da Charneca) Batalha - Ferraz Beja - Palma<br />
Belmonte - Costa Benavente - Central (Samora<br />
Exposições<br />
Lisboa<br />
Museu Colecção Berardo<br />
Centro Cultural de Belém. T. 213612878<br />
A Arte da Guerra - Propaganda da II<br />
Guerra Mundial De 19/10 a 4/3. Todos<br />
os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />
admissão às 18h30). Documental, Vídeo,<br />
Outros. Exposição permanente do<br />
Museu Coleção Berardo (1900-1960) De<br />
Alexander Calder, Lourdes Castro, Joseph<br />
Cornell, Giorgio de Chirico, Paul Delvaux,<br />
Walter Dexel, Jim Dine, Jean Dubuffet,<br />
Equipo 57, Salavador Dalí. De 4/7 a 8/11.<br />
Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />
admissão às 18h30). De 4/7 a 19/2. Todos os<br />
dias das 10h00 às 19h00 (última admissão<br />
às 18h30). Pintura, Outros. Exposição<br />
Permanente do Museu Colecção Berardo<br />
(1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre,<br />
Alan Charlton, Louise Bourgeois, José<br />
Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons,<br />
Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy<br />
Sherman, William Wegman, entre outros.<br />
A partir de 9/11. Todos os dias das 10h00 às<br />
19h00 (última admissão às 18h30). Pintura,<br />
Outros. VIK De Vik Muniz. De 21/9 a 29/1.<br />
Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />
entrada às 18h30). Fotografia, Outros.<br />
Museu da Electricidade<br />
Avenida Brasília. T. 210028190<br />
Ilustrarte 2012 - V Bienal Internacional<br />
de Ilustração para a Infância De Valerio<br />
Vidali, Nina Werhle, Simone Rea, Alicia<br />
Baladan, Beatriz Martin, Daphné Gerhard,<br />
Emmanuelle Bastien, Oscar Sabini,<br />
Stefania Lusini, entre outros. De 12/1 a<br />
8/4. Terça a domingo das 10h00 às 18h00.<br />
Pintura, Desenho, Ilustração. Marginália<br />
ou o Epílogo De Ana Luísa Ribeiro. De<br />
5/1 a 18/3. Terça a domingo das 10h00 às<br />
18h00. Pintura. Sala Cinzeiro 8.<br />
Museu Nacional de Arte Antiga<br />
Rua das Janelas Verdes. T. 213912800<br />
Cuerpos de Dolor - A Imagem do<br />
Sagrado na Escultura Espanhola (1500-<br />
1750) De 14/11 a 25/3. Terça das 14h00 às<br />
18h00. Quarta a domingo das 10h00 às<br />
18h00. Escultura Revelações. O Presépio<br />
de Santa Teresa de Carnide De 10/12 a<br />
26/2. Terça das 14h00 às 18h00. Quarta a<br />
domingo das 10h00 às 18h00. Escultura.<br />
Museu Nacional de Etnologia<br />
Avenida Ilha da Madeira. T. 213041160<br />
O Pintor <strong>que</strong> Esculpia Histórias De<br />
António Peralta. De 19/1 a 31/1. Terça das<br />
14h00 às 18h00. Quarta a domingo das<br />
10h00 às 18h00. Pintura, Escultura.<br />
Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central<br />
Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha -<br />
Perdigão Câmara de Lobos - Popular Campo<br />
Maior - campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra<br />
Cascais - Cascais, Grincho (Parede) Castanheira<br />
de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo<br />
Branco - Ferrer Castelo de Vide - Ro<strong>que</strong> Castro<br />
Marim - Moderna Castro Verde - Alentejana<br />
Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância<br />
- Baptista Coruche - Frazão Covilhã - Moderna,<br />
Santana (Boidobra) Crato - Saramago Pais Cuba<br />
- Da Misericórdia Elvas - <strong>Europa</strong> Entroncamento<br />
- Carvalho Estremoz - Costa Évora - Rebocho<br />
Pais Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo<br />
- Salgado Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró<br />
dos Vinhos - Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço<br />
de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Pimentel<br />
Golegã - Moderna (Azinhaga), Salgado Grândola<br />
- Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)<br />
Lagoa - Sousa Pires Lagos - Neves Leiria - Beatriz<br />
Godinho (Maceira), Tomaz (Pousos) Loulé -<br />
Pinheiro, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir)<br />
Loures - São João, Saraiva, Flores (Catujal), Sta<br />
Bárbara (Rio Tinto), Até às 23h - Matos (Prior<br />
Velho), Até às 22h - Rocha Santos, Sta Iria<br />
(Santa Iria da Azoia) Lourinhã - Quintans (Foz<br />
do Sousa) Mação - Saldanha Mafra - Ericeirense,<br />
Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande -<br />
Duarte Marvão - Ro<strong>que</strong> Pinto Mértola - Pancada<br />
Moita - Do Vale, Ass. Socorros Mutuos-União<br />
Moitense Monchi<strong>que</strong> - Higya Monforte - Jardim<br />
Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - Diogo<br />
Mar<strong>que</strong>s Mora - Canelas Pais (Cabeção) Moura<br />
- Faria Mourão - Mourão Nazaré - Ascenso<br />
Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Oliveira Odemira<br />
- Confiança Odivelas - Universo (Caneças),<br />
Moserrate (Espinho), Serra da Luz (Serra da Luz),<br />
Até às 22h - Famões, Silva Monteiro (Ponte da<br />
Oeiras<br />
Centro Cultural Palácio do Egipto<br />
R. Álvaro António dos Santos. T. 915439065<br />
In Vino Veritas De Gustavo Fernandes. De<br />
19/1 a 18/3. Terça a domingo das 12h00 às<br />
18h00. Pintura, Escultura.<br />
Música<br />
Lisboa<br />
Teatro Municipal de S. Luiz<br />
R. Ant. Maria Cardoso, 38-58. T. 213257650<br />
10.º Festival da Escola Superior de<br />
Música de Lisboa Hoje às 16h00. M/3.<br />
Cascais<br />
Centro Cultural de Cascais<br />
Avenida Rei Humberto II de Itália.<br />
T. 214848900<br />
Moscow Piano Quartet Com Alexei<br />
Eremine (piano), Alexei Tolpygo (violino),<br />
Alexandre Delgado (violeta), Guenrik<br />
Elessine (violoncelo). Hoje às 17h00 (Ciclo<br />
Embaixadas Musicais: Alemanha).<br />
Setúbal<br />
Club Setubalense<br />
Av. Luísa Todi 99, 1º. T. 265522329<br />
Cecília Pereira e Coral Infantil de<br />
Setúbal Com Cecília Pereira (piano). Hoje<br />
às 17h00 (angariação de fundos para o<br />
Fórum Municipal Luísa Todi).<br />
Dança<br />
Lisboa<br />
Casino Lisboa<br />
Par<strong>que</strong> das Nações. T. 218929070<br />
Celtic Legends Coreog. Ger Hayes. Hoje às<br />
17h30 e 21h30. M/12.<br />
Almada<br />
Teatro Municipal de Almada<br />
Av. Professor Egas Moniz. T. 212739360<br />
Por um Rio Com Alban Hall, Marina<br />
Nabais, Tonan Quito. Coreog. Marina<br />
Nabais. Hoje às 16h00. M/12.<br />
Bica/Odivelas) Oeiras - Branco, Lealdade, Maria,<br />
Véritas, Oeiras, Sacoor, Até às 22h - Nova Oleiros<br />
- Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) Olhão<br />
- Progresso Ourém - Iriense, Leitão Ouri<strong>que</strong> -<br />
Ouri<strong>que</strong>nse Palmela - Galeano Pedrógão Grande -<br />
Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença<br />
Pombal - Santa Maria (Albergaria dos Doze), Barros<br />
Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Esteves<br />
Abreu Portel - Misericordia Portimão - Pedra<br />
Mourinha Porto de Mós - Central (MIRA DE AIRE),<br />
Lopes Unipessoal Proença-a-Nova - Daniel de<br />
Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier de<br />
Cunha Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio<br />
Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho<br />
Santarém - Almeida, Flama Vitae Santiago<br />
do Cacém - Corte Real, Fontes (Santo André)<br />
Sardoal - Passarinho Seixal - Sousa Mar<strong>que</strong>s,<br />
Fonseca (Amora), Vale Bidarra (Fernão Ferro)<br />
Serpa - Central Sertã - Lima da Silva Sesimbra<br />
- Bio-Latina, Santana, Leão Setúbal - Fuzeta,<br />
Sália Silves - Algarve, Cruz de Portugal, Dias<br />
Neves, Sousa Coelho Sines - Atlântico, Monteiro<br />
Telhada (Porto Covo) Sintra - Pinto Leal, Tapada<br />
das Mercês, Rodrigues Garcia (Agualva), Simões<br />
Lopes (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro),<br />
Crespo (Varzea de Sintra), Até às 22h - Ferreira<br />
(Belas) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel<br />
- Mendes Dorbio (Cano) Tavira - Maria Aboim<br />
Tomar - Dias Costa Torres Novas - Nicolau Torres<br />
Vedras - Quintela Vendas Novas - Ribeiro Viana<br />
do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. V.<br />
de Rei - Silva Domingos Vila do Bispo - Sagres<br />
(Sagres), V. do Bispo V. Franca de Xira - Botto e<br />
Sousa, Raposo, Higiénica (Póvoa de Santa Iria),<br />
Moderna, Até às 21h - Se<strong>que</strong>ira (Sobralinho) Vila<br />
Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) V. Real de<br />
Sto António - Carmo V. Velha de Rodão - Pinto V.<br />
Viçosa - Torrinha
Ficar<br />
Cinema<br />
Splice – Mutante<br />
Título original: Splice<br />
De: Vincenzo Natali<br />
Com: Adrien Brody, Sarah Polley,<br />
Delphine Chanéac<br />
CAN/EUA/FRA, 2009, 104 min.<br />
TVC1HD, 21h00<br />
Estreia televisiva. Clive Nicoli<br />
(Adrien Brody) e Elsa Kast<br />
(Sarah Polley) são dois cientistas<br />
experientes a trabalhar numa<br />
importante investigação <strong>que</strong><br />
envolve a mistura dos códigos<br />
genéticos de diferentes espécies.<br />
Mas quando insistem em usar<br />
ADN humano para aprofundarem<br />
o seu estudo, o laboratório onde<br />
trabalham afasta-os da investigação<br />
alegando razões éticas e legais…<br />
Um thriller de ficção científica<br />
realizado por Vincenzo Natali.<br />
Contraluz [Backlight]<br />
MOV, 20h50<br />
Esta é a história de algumas pessoas<br />
<strong>que</strong>, apesar da extrema descrença<br />
em <strong>que</strong> se encontram, <strong>que</strong> as leva a<br />
ponderar até o suicídio, vão acabar<br />
por compreender <strong>que</strong> o mundo<br />
não pára e <strong>que</strong>, por vezes, algo<br />
totalmente imprevisto pode mudar,<br />
para melhor, o curso das suas<br />
vidas. Agora, caberá a cada um usar<br />
isso a seu favor. Com argumento<br />
e realização de Fernando Fragata<br />
(Sorte Nula), o primeiro filme<br />
português realizado em Hollywood.<br />
No elenco, Joaquim de Almeida,<br />
Scott Bailey e Evelina Pereira.<br />
Em Carne Viva [Carne Trémula]<br />
RTP1, 01h38<br />
Quando Victor aparece em<br />
casa de Elena, ela está<br />
à espera de um dealer<br />
<strong>que</strong> nunca mais chega.<br />
Nervos, uma arma e<br />
dois polícias <strong>que</strong> tiveram<br />
também um mau dia,<br />
complicam ainda mais<br />
a situação. David, um dos<br />
polícias, é atingido por uma bala<br />
<strong>que</strong> o deixa paraplégico. Victor é<br />
considerado culpado e condenado<br />
a seis anos de prisão. É aí <strong>que</strong><br />
o jovem assiste ao sucesso <strong>que</strong><br />
David, entretanto transformado<br />
numa estrela de bas<strong>que</strong>tebol nos<br />
jogos Paraolímpicos de Barcelona,<br />
partilha com a sua nova mulher,<br />
Elena. Os seus pensamentos<br />
de vingança tornam-se uma<br />
obsessão... Uma obra de Pedro<br />
Almodóvar com Javier Bardem,<br />
Francesca Neri e Liberto Rabal.<br />
Desporto<br />
Futebol: Sporting – Beira-Mar<br />
SportTV1, 17h00<br />
A crise sportinguista já não deixa<br />
dúvidas: está instalada, a equipa já<br />
não pode lutar pelo primeiro lugar<br />
e tudo parece correr mal. Hoje, o<br />
Sporting recebe um Beira-Mar <strong>que</strong>,<br />
apesar da classificação (apenas<br />
mais 2 pontos do <strong>que</strong> o penúltimo),<br />
tem mostrado bons argumentos em<br />
campo e já conquistou três vitórias<br />
fora de casa.<br />
Futebol: Gil Vicente – FC Porto<br />
SportTV1, 19h00<br />
A luta com o Benfica pelo título<br />
está renhida e qual<strong>que</strong>r deslize<br />
pode ser fatal para as ambições do<br />
campeão nacional. O Porto vai a<br />
Barcelos defrontar a equipa <strong>que</strong>,<br />
na passada jornada, foi ao Estádio<br />
da Luz mostrar bom futebol e<br />
muita vontade de contrariar as<br />
probabilidades.<br />
Séries<br />
Inadaptados<br />
AXN Black, 20h30<br />
Estreia a série inglesa vencedora de<br />
um prémio BAFTA em 2010 para<br />
Melhor Drama. Inadaptados segue<br />
um grupo de pessoas com algo em<br />
comum: todos praticaram alguma<br />
acção ilegal e têm uma pena a<br />
cumprir nos serviços comunitários.<br />
E quando uma tempestade atinge<br />
a cidade, todos vão ficar com<br />
poderes extraordinários…<br />
Tim em Nova Ior<strong>que</strong><br />
FX, 22h00<br />
Estreia da terceira temporada da<br />
série de animação criada por Steve<br />
Dildarian. Tim em Nova Ior<strong>que</strong> é<br />
a história de Tim (voz de Steve<br />
Dildarian), um rapaz bondoso e<br />
inseguro <strong>que</strong> faz coisas insólitas<br />
para subir na carreira.<br />
Magazine<br />
Câmara Clara – Mário Soares<br />
RTP2, 22h30<br />
Paula Moura Pinheiro<br />
convida Mário<br />
Soares – <strong>que</strong> lançou<br />
recentemente o<br />
livro Um Político<br />
Assume-se – para<br />
uma conversa<br />
sobre literatura,<br />
maçonaria, José<br />
Sócrates, Pedro Passos<br />
Coelho ou Barack Obama.<br />
Actualidade<br />
Terreiro do Paço<br />
TVI24, 23h00<br />
Henri<strong>que</strong> Garcia recebe no Terreiro<br />
do Paço o presidente da Região<br />
Autónoma dos Açores, Carlos César,<br />
<strong>que</strong> se encontra em fase final de<br />
mandato, e o economista e professor<br />
João Ferreira do Amaral, uma das<br />
vozes mais críticas à manutenção de<br />
Portugal na zona euro.<br />
Reportagem<br />
Grande Reportagem – Política<br />
do Filho Único<br />
SIC, no Jornal da Noite<br />
Em duas décadas, Portugal<br />
transformou-se num dos países<br />
mais envelhecidos da União<br />
Europeia, com o segundo índice<br />
mais baixo de natalidade. E o<br />
interior contribuiu decisivamente<br />
para “afundar” as médias. Uma<br />
reportagem de Pedro Coelho, com<br />
imagem de Luís Pinto.<br />
Diário de Sofia & C.ª<br />
Romance juvenil de Luísa Ducla Soares – autora<br />
com mais de 100 livros editados e vários prémios<br />
no currículo –, recomendado pelo Plano Nacional de<br />
Leitura para os 7.º, 8.º e 9.º anos. Diário de Sofia & C.ª<br />
é a história de Sofia (nome de código), uma rapariga<br />
de 15 anos <strong>que</strong> recebe um diário como prenda de<br />
RTP1 RTP2 SIC TVI<br />
06.30 Espaço Infantil 07.01<br />
Brinca Comigo 08.00 Bom<br />
Dia Portugal Fim-de-Semana<br />
10.15 Eucaristia Dominical<br />
11.23 Os Compadres 12.08<br />
BBC Terra: Madagáscar, a<br />
Ilha dos Assombros (Último)<br />
13.00 Jornal da Tarde 14.18<br />
Cinco Sentidos 15.25 Nikita<br />
16.06 Filme: U.S. Marshals - A<br />
Perseguição 18.27 Pai à Força<br />
(2 episódios)<br />
20.00 Telejornal<br />
21.00 Grandes<br />
Histórias -<br />
Toda a Gente<br />
Conta (inclui<br />
o telefilme A<br />
Princesa)<br />
23.38 Get Smart - Olho Vivo<br />
22.33 Hora da Sorte:<br />
Sorteio do Joker<br />
22.36 Estado de Graça<br />
23.38 Filme: Get Smart -<br />
Olho Vivo<br />
01.38 Filme: Em Carne Viva<br />
03.20 Cinco Sentidos 04.20<br />
Televendas<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 49<br />
Disney TV Cine 1 História Odisseia<br />
15.00 Boa Sorte, Charlie!<br />
15.25 Videoclip 15.30 Phineas<br />
e Ferb 18.00 Patoaventuras<br />
18.25 25 Os<br />
Feiticeiros de Waver- Waverly<br />
Place 18.50 Par<br />
de Reis 19.15 Zack ack<br />
e Cody: Todos a<br />
Bordo 19.40 Shake ake<br />
It Up 21.45 So<br />
Random<br />
19.40 Shake It t Up<br />
07.00 Mar de Letras 07.36<br />
África@Global 08.01<br />
Músicas de África 09.00<br />
Caminhos 09.25 70X7<br />
09.52 Nós 10.33 Zig Zag<br />
13.11 Janela Indiscreta com<br />
Mário Augusto 13.43 Voz do<br />
Cidadão 14.00 Desporto 2<br />
19.00 A Conversa dos Outros<br />
19.33 Um Dia no Museu<br />
20.04 Low Cost<br />
20.33 Os Simpsons<br />
20.58 Jac<strong>que</strong>s<br />
Leonard, El Payo<br />
Chac<br />
22.00 Hoje<br />
22.30 Câmara Clara<br />
23.50 Britcom<br />
00.54 Onda-Curta 02.15<br />
Desporto 2<br />
9.15 Os Mal Amados 11.00<br />
A Colega de Quarto 12.35<br />
A Queda 14.40 Linha Mor-<br />
tal 16.30 Simon Simo Werner<br />
Desapareceu 18.00<br />
Resident Evil Ev 3 - Extin-<br />
ção 19.35 [Rec] [R 2 21.00<br />
Splice Spl S ice - Mutante Mu 22.45<br />
Deixa-me Entrar 0.40<br />
Klute 2.30 2 O Apelo<br />
da Natureza N<br />
4.00 4.0 Deixa-me<br />
Entrar E 5.55<br />
Spooky<br />
Buddies<br />
- Amigos<br />
Fantasminhas<br />
Fan<br />
aniversário. Ideia <strong>que</strong> acha “uma seca”, até ao dia em<br />
<strong>que</strong> decide estreá-lo. Quem sabe se no futuro não será<br />
uma pessoa famosa e o seu diário um tesouro valioso?<br />
Autor Luísa Ducla Soares<br />
Editor Civilização<br />
7,70 euros<br />
06.35 LOL@SIC 08.30<br />
Disney Kids 10.05 Rebelde<br />
Way 11.20 Lua Vermelha<br />
12.15 BBC Vida Selvagem:<br />
Ocean´s Supermum 13.00<br />
Primeiro Jornal 14.10 Fama<br />
Show 14.40 Pan Am 16.00<br />
Filme: O Guarda Fraldas<br />
18.15 Filme: A História da<br />
Cinderela<br />
17.35 A Soma de Todos os Medos<br />
20.00 Jornal da Noite 20.00 Jornal das 8<br />
22.00 Ganha<br />
Num Minuto<br />
23.45 Cenas do<br />
Casamento<br />
00.30 Resident Evil 3 - Extinção<br />
00.30 Filme: Resident Evil 3 -<br />
Extinção 02.00 Investigação<br />
Criminal 03.00 Televendas<br />
14.30 Caça Tesouros: Ep.5<br />
15.25 Isto É Impossível!:<br />
Terminators 16.20 O Universo:<br />
O Futuro Escuro<br />
do Sol 17.15 O Universo:<br />
Eclipse Total 18.10 Coreia<br />
do Sul 19.10 Aeroportos no<br />
Limite: Ep.1 20.10 Aeroportos<br />
no Limite: Ep.2 21.00<br />
Desafi o Abaixo de Zero:<br />
Degelo Mortal 21.50 Desafi<br />
o Abaixo de Zero: O Novo<br />
Rei 22.45 Isto É Impossível!:<br />
Terminators 23.40 O<br />
Universo: O Futuro Escuro<br />
do Sol 0.35 O Universo:<br />
Eclipse Total 1.35 Coreia<br />
do Sul<br />
06.30 Animações 08.22<br />
Campeões e Detectives<br />
09.03 Inspector Max 11.10<br />
Missa (inclui Oitavo Dia)<br />
13.00 Jornal da Uma 13.55<br />
Havai: Força Especial 14.53<br />
Terra Nova 15.49 Filme:<br />
Orange County 17.35<br />
Filme: A Soma de<br />
Todos os Medos<br />
21.45 A Tua Cara Não Me<br />
É Estranha<br />
01.00 Mais Futebol - Jornada<br />
01.40 Mais Futebol - Casos<br />
02.00 Mais Futebol - Fórum<br />
02.21 O Génio de Ted 02.41<br />
Jardins Proibidos 04.30 Tv<br />
Shop<br />
14.00 Códigos Secretos:<br />
Previsão 15.00 Islândia,<br />
A Próxima Erupção 16.00<br />
Prozac para Animais de<br />
Estimação 17.00 Seitas: A<br />
Fuga 18.00 Arte Urbana<br />
19.00 Chips: Implantes<br />
de Futuro 19.30 Desafi o<br />
Vertical: A Torre Agbar<br />
de Barcelona 20.00 Diário<br />
de Orangotangos 21.00<br />
Alienígenas dos Fundos<br />
Marinhos 22.02 Salvos<br />
Pela Música 23.00 Gémeos<br />
0.00 Hora Zero II: O Rei da<br />
Cocaína 1.00 Sex Mundi, A<br />
Aventura do Sexo: O Momento<br />
Mais Desejado
50 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Jogos<br />
Xadrez<br />
Problema 7965<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
a b c d e f g h<br />
V. Artsakov; M. Zinar<br />
1986<br />
(As brancas ganham)<br />
Soluções<br />
Cruzadas (9764)<br />
HORIZONTAIS: 1. Aval. Luanda. 2. Nem.<br />
Farrear. 3. Dragar. Mu. 4. LUZ. Garfo. 5.<br />
SA. Reparar. 6. Flanar. Lat. 7. Fia. Dura. De.<br />
8. ÍNDIA. Arder. 9. Faia. Nitrir. 10. Pão.<br />
Aro. 11. Aforro. Amor.<br />
VERTICAIS: 1. Andas. Fífia. 2. Ver. Afina.<br />
3. Amal. Ladino. 4. Gura. Ia. 5. FAZENDA.<br />
PR. 6. Lar. Pau. NÃO. 7. Ur. Garraio. 8.<br />
Armar. Art. 9. Neural. Dram. 10. DA.<br />
Fradeiro. 11. Arco. Terror.<br />
Provérbio:<br />
Fazenda da Índia não luz.<br />
Cruzadas brancas<br />
HORIZONTAIS: 1. Trono, Gabar. 2. Sova,<br />
Mate. 3. Na, Salvaram. 4. Usa, Ver, Ri. 5.<br />
Estacaria. 6. Auge, Mana. 7. Montesino.<br />
8. Ir, Iso, Sob. 9. Derrocar, Se. 10. Adua,<br />
Obus. 11. Seara, Amido.<br />
VERTICAIS: 1. Ténue, Vidas. 2. Assa,<br />
Rede. 3. Os, Atum, Rua. 4. Nos, Agoirar,<br />
5. Ova, Censo. 6. Alva, Toco. 7. Verme,<br />
Aba. 8. Amarias, Rum. 9. Bar, Anis, Si.<br />
10. Atar, Anos. 11. Remir, Obeso.<br />
Xadrez:<br />
1.a5 b3!<br />
[1...Rd6 2.Rd3 Rc7 3.Rc2 Rb7 4.Rb3 Ra6<br />
5.Rxb4 g5 6.Rc5 Rxa5 7.Rxc6 +-]<br />
2.Rd3 Rd6! 3.Rd2!<br />
[3.Rc3? c5! 4.a6 cxd4+]<br />
[3.h4? b4! 4.Rd2 Rc7 -+]<br />
3...g5!<br />
[3...Rc7 4.Rc3! c5 5.dxc5 Rc6 6.a6]<br />
4.Rc1!! Rc7 5.Rb2 Rb7 6.Rxb3<br />
[6...Ra7 7.Rb4 Ra6 8.Rc5! Rxa5 9.Rxc6<br />
b4 10.d5 b3 11.d6 b2 12.d7 b1=D 13.d8=D+<br />
Ra4 14.Da8+ Rb3 15.Db7+ Rc2 16.Dxb1+<br />
Rxb1 17.Rd5 +-]<br />
1 – 0<br />
Diferenças<br />
Puxador da porta; Rótulo da caixa; Caixa<br />
redonda; Pé do roupeiro; Mais uma<br />
gravata; Espelho; Mais gotas de suor;<br />
Boca.<br />
Cruzadas 7965<br />
HORIZONTAIS: 1.<br />
Que pertence a vós.<br />
Título do soberano<br />
russo no tempo do<br />
Império. 2. Fábrica de<br />
óleos. Preposição <strong>que</strong><br />
indica companhia.<br />
3. Recitar. Semente de<br />
uma planta da família<br />
das Malváceas, <strong>que</strong><br />
cheira a âmbar e tem<br />
aplicação em<br />
perfumaria. 4. Possuí.<br />
Escrever em prosa.<br />
5. Refeição <strong>que</strong> tem<br />
por única ou principal<br />
iguaria leitões<br />
assados. 6. Espectro. A<br />
mim. 7. Tronco (parte<br />
do corpo de pessoa ou<br />
obra de arte <strong>que</strong> o<br />
representa).<br />
Textualmente (adv.).<br />
8. Soberano. Nesse<br />
lugar. Gravidade<br />
inerente aos corpos. 9. Irritar. Observei. Vogal (pl.). 10. Atmosfera. Cálculo matemático.<br />
11. Serrano. Grande desordem.<br />
VERTICAIS: 1. Forma internacional de vóltio. Período de repouso concedido pelas<br />
entidades patronais aos seus empregados, todos os anos. 2. Nome químico do azeite.<br />
Nome da letra R. 3. Préstimo. 4. Sociedade Anónima (abrev.). Seguimento ou série de<br />
coisas <strong>que</strong> estão na mesma linha ou direcção. Grande porção (pop.). 5. Interjeição <strong>que</strong><br />
designa dúvida ou menosprezo. Invólucro de um produto. Décima sexta letra do<br />
alfabeto grego. 6. Que não é possível ou <strong>que</strong> é muito difícil de fazer ou de conseguir. 7.<br />
Corda para prender uma das pontas à mão ou ao pé do boi, para evitar <strong>que</strong> fuja. Seguir<br />
até. 8. Grupo de pessoas em círculo. Antes de Cristo (abrev.). 9. Ligada (luz). Salgueiro.<br />
10. Caminho por mar. Incumbência. 11. Ave palmípede, menor <strong>que</strong> o pato. Eles.<br />
Depois do problema resolvido encontre o nome de um filme com Tom Cruise (4<br />
palavras).<br />
Descubra as oito diferenças<br />
Cruzadas 7965<br />
HORIZONTAIS 1. A<br />
soberania. Lisonjear.<br />
2. Tareia. Lance no<br />
jogo do xadrez. 3.<br />
Contr. da prep. em com<br />
o art. def. a.<br />
Defenderam de perigo.<br />
4. Serve-se de.<br />
Observar. Graceja. 5.<br />
Grande número de<br />
estacas. 6. Apogeu.<br />
Irmã (fam.). 7. Bravio.<br />
8. Caminhar. Elemento<br />
de formação de<br />
palavras <strong>que</strong> exprime<br />
a ideia de igual.<br />
Debaixo de. 9.<br />
Desmoronar. A si<br />
mesmo. 10. Matilha de<br />
cães a correr. Pe<strong>que</strong>na<br />
peça de artilharia<br />
semelhante a um<br />
morteiro comprido. 11.<br />
Campo de cereais.<br />
Composto<br />
hidrocarbonato muito abundante nos vegetais, principalmente nos tubérculos, rizomas<br />
e sementes.<br />
VERTICAIS 1. Frágil. Modo de viver (pl.). 2. Dizia-se dos filhos de negros <strong>que</strong> eram<br />
alvos e de cabelos louros. Tecido de arame. 3. A<strong>que</strong>les. Peixe da família dos<br />
escômbridas da ordem dos acantopterígios. Caminho orlado de casas dentro de uma<br />
povoação. 4. Contr. da prep. em com o art. def. os. Enguiçar. 5. Ovário dos peixes.<br />
Recenseamento geral da população. 6. Alvorada. Coto. 7. Lombriga terrestre. Rebordo<br />
do chapéu. 8. Desejarias. Aguardente de melaço. 9. Botequim. Planta apiácea<br />
conhecida por erva-doce. Sétima nota da escala musical. 10. Amarrar. Aniversário<br />
natalício. 11. Indemnizar. Muito gordo.<br />
Su Doku<br />
Problema<br />
3970<br />
Dificuldade:<br />
Fácil<br />
Solução do<br />
problema 3968<br />
Problema<br />
3971<br />
Dificuldade:<br />
Muito difícil<br />
Solução do<br />
problema 3969<br />
© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Policiário 1069<br />
As melhores produções e autores de 2011<br />
Luís Pessoa<br />
a Sabemos <strong>que</strong> ainda há muitas<br />
<strong>que</strong>stões por resolver, relativas à<br />
época anterior, para conseguirmos<br />
encontrar os grandes triunfadores<br />
de 2011:<br />
Quem são os campeões nacionais<br />
em decifração e produção? Quem<br />
vai erguer a Taça de Portugal?<br />
Quem vai ser o Policiarista do Ano?<br />
Quem será o n.º 1 do Ranking?<br />
Todas estas <strong>que</strong>stões terão resposta<br />
muito em breve, com divulgação<br />
em primeira mão, como é habitual,<br />
no Crime Público, <strong>que</strong> pode ser<br />
acedido em http://blogs.publico.pt/<br />
policiario, onde esperamos poder<br />
publicar, já nos próximos dias, a<br />
tabela das pontuações.<br />
Dentro de breve, assistiremos<br />
a uma corrida ao blogue Crime<br />
Público, com os corações a baterem<br />
a um ritmo acelerado, em busca da<br />
esperada notícia...<br />
Assim é o nosso policiário,<br />
um espaço de amizade, de<br />
camaradagem e de boa disposição,<br />
mas também de emoções fortes,<br />
de competição cerrada, de<br />
procura da perfeição no estudo, na<br />
interpretação, no encadeamento<br />
dos raciocínios, nas análises<br />
adequadas dos factos e dos<br />
acontecimentos. Enfi m, na correcta<br />
avaliação de todas as parcelas <strong>que</strong><br />
compõem um problema policiário<br />
e uma investigação criminal.<br />
Campeonato Nacional de<br />
Produção 2011<br />
Como é do conhecimento dos<br />
nossos confrades, o título de<br />
campeão nacional de produção<br />
é conquistado pelo produtor <strong>que</strong><br />
reunir maior número de votos<br />
atribuídos pelos respondentes a<br />
todos os desafi os de características<br />
tradicionais. Nestes termos,<br />
Desafios<br />
solicitamos aos confrades <strong>que</strong><br />
tenham apresentado propostas<br />
de solução aos 10 desafi os<br />
tradicionais, independentemente<br />
das pontuações obtidas, <strong>que</strong> agora<br />
exerçam o seu direito de voto,<br />
para <strong>que</strong> possamos consagrar o<br />
campeão de 2011.<br />
Para esse efeito, apenas terão <strong>que</strong><br />
enviar, impreterivelmente até<br />
ao próximo dia 10 de Fevereiro,<br />
para o endereço de e-mail<br />
pessoa_luis@hotmail.com, a<br />
pontuação <strong>que</strong> atribuem a cada<br />
uma das produções. Ao desafi o<br />
<strong>que</strong> considerem melhor deverão<br />
atribuir 10 pontos, ao segundo<br />
melhor, 9 pontos e assim por diante<br />
até ao <strong>que</strong> considerarem menos<br />
conseguido, a <strong>que</strong> atribuirão<br />
apenas 1 ponto.<br />
Para <strong>que</strong> os confrades possam<br />
recordar os problemas <strong>que</strong> agora<br />
vão votar, vamos indicá-los, por<br />
ordem de publicação, relembrando<br />
<strong>que</strong> os mesmos, com as respectivas<br />
soluções, estão disponíveis na<br />
página Clube de Detectives, do<br />
confrade Daniel Falcão, <strong>que</strong><br />
pode ser acedida em http://<br />
clubededetectives.net.<br />
Eis a listagem dos problemas a<br />
concurso, com a indicação dos<br />
seus autores, um dos quais irá ser<br />
o próximo campeão nacional de<br />
produção:<br />
Mistério no Paraíso, de Al-Hain;<br />
Tempicos e a Viúva Alegre, de A.<br />
Raposo & Lena;<br />
Aprendiz de Criminoso, de Felizardo<br />
Lopes;<br />
Smaluco e o Perigoso Bombista, de<br />
Inspector Boavida;<br />
Gato Farrusco Morre ao Lusco-fusco,<br />
de Onaírda;<br />
O Massacre na Quinta da Alegria, de<br />
Rip Kirby;<br />
Crónica do Meu Suicídio, de Paulo;<br />
Azul Celestial, de Daniel Falcão;<br />
Para chegar a 2013<br />
a Estamos todos com vontade de<br />
chegar depressa a 2013. Então:<br />
- Escolher uma das quatro<br />
operações elementares.<br />
- Usar todos os<br />
algarismos de 0<br />
a 9, uma e uma só<br />
vez, para construir<br />
dois ou mais<br />
números.<br />
- Com estes<br />
números<br />
e a<strong>que</strong>la<br />
operação,<br />
repetida se<br />
necessário,<br />
obter o resultado<br />
pretendido: 2013.<br />
Décadas de ouro<br />
Estamos à porta de mais uma<br />
época competitiva, <strong>que</strong> se<br />
inicia precisamente no ano<br />
em <strong>que</strong> vamos celebrar 20<br />
anos ininterruptos da secção<br />
Policiário no PÚBLICO. Tudo<br />
começou no dia 1 de Julho. Por<br />
coincidência, neste ano de 2012,<br />
esse dia ocorre a um domingo,<br />
o <strong>que</strong> signifi ca <strong>que</strong> vamos ter<br />
um 20.º aniversário festejado no<br />
dia exacto! Isso “impõe-nos” o<br />
dever de organizar uma secção<br />
especial, para a qual desde já<br />
solicitamos a colaboração dos<br />
nossos confrades e “detectives”,<br />
para <strong>que</strong> possamos fazer algo de<br />
diferente. Venham daí as vossas<br />
sugestões, ideias e propostas,<br />
<strong>que</strong> não serão demais…<br />
Crime em Tempo de Guerra, de<br />
Búfalos Associados;<br />
Os Enigmas da Tribo Desaparecida,<br />
de M. Constantino.<br />
Problemas de Rápidas Policiárias<br />
A época passada também foi feita<br />
de problemas das chamadas rápidas<br />
policiarias, ou seja de escolha<br />
múltipla.<br />
Estes problemas, <strong>que</strong> algumas<br />
pessoas já apelidaram,<br />
indevidamente, de “parentes<br />
pobres”, não podem ser ignorados,<br />
apesar de não serem elegíveis para<br />
a atribuição do título de produção.<br />
Assim, resolvemos colocá-los,<br />
também, à votação dos nossos<br />
confrades, para podermos encontrar<br />
o melhor problema rápido e o<br />
melhor autor.<br />
A Hora dos Biscoitos<br />
O Desafio proposto na semana<br />
passada foi o seguinte:<br />
“Fomos fazer uma caminhada pela<br />
serra do Gerês.<br />
Depois de atravessarmos a sempre<br />
emocionante Fenda da Calcedónia,<br />
sentámo-nos a recuperar forças e<br />
abrimos o pacote de biscoitos <strong>que</strong><br />
tínhamos levado. O António tirou um<br />
biscoito e a décima parte dos <strong>que</strong><br />
sobravam. A Beatriz tirou dois biscoitos<br />
e a décima parte dos restantes. A<br />
Catarina tirou três e a décima parte dos<br />
<strong>que</strong> sobejavam. E assim sucessivamente<br />
até chegar a minha vez, ficando eu<br />
com os <strong>que</strong> ainda estavam no saco.<br />
Curiosamente, acabámos por comer<br />
todos a mesma quantidade de biscoitos.<br />
Quantas pessoas tinha o grupo e<br />
quantos biscoitos comeu cada um?”<br />
Vejamos dois processos diferentes de<br />
resolver o problema.<br />
Queremos aqui deixar o testemunho<br />
do imenso carinho e respeito <strong>que</strong><br />
a maioria dos confrades tem pelos<br />
autores e pelos problemas com<br />
estas características. Não apenas<br />
por lhes reconhecerem a mesma<br />
difi culdade na execução, mas<br />
também por sentirem na própria<br />
pele a difi culdade na sua decifração.<br />
No fi m, acabam por verifi car <strong>que</strong> o<br />
processo de abordagem tem de ser<br />
o mesmo dos outros problemas: o<br />
estudo, o trabalho de decifração,<br />
etc., fi cando apenas mais simples<br />
a resposta, <strong>que</strong> é com a indicação<br />
de uma mera alínea. Mas todo o<br />
trabalho até ali chegar, é idêntico.<br />
Desta forma, solicitamos aos<br />
nossos confrades <strong>que</strong>, aquando da<br />
elaboração das pontuações para<br />
o título de campeão nacional de<br />
produção, dedi<strong>que</strong>m alguns minutos<br />
a classifi car as produções de<br />
rápidas, atribuindo 10 pontos à mais<br />
conseguida, 9 à seguinte e assim por<br />
diante até à menos conseguida a <strong>que</strong><br />
atribuirão 1 ponto.<br />
Eis a lista das produções rápidas,<br />
também disponíveis no Clube de<br />
Detectives:<br />
São Pedro Resolve, de Al-Hain;<br />
Que Estranha Pescaria, de Inspector<br />
Boavida;<br />
Desviaram um Auto-tan<strong>que</strong>, de Rip<br />
Kirby;<br />
O Mistério da Bala Transviada, de<br />
Penedo Rachado;<br />
Quem Tirou o Dinheiro, de Zé;<br />
O Douro Tem Muitas Pontes, de<br />
Paulo;<br />
Manual der Interpretação de Sonhos,<br />
de Búfalos Associados;<br />
Quem Matou a Rafa(ela)?, de Daniel<br />
Falcão;<br />
Branca de Neve, de Branca de Neve;<br />
O Iate Misterioso, de Malempregado.<br />
Policiário de Bolso, um novo<br />
blogue<br />
1º Método<br />
Seja B = número total de biscoitos.<br />
O António tirou 1+(B-1)/10 ou (9+B)/10,<br />
deixando lá B-(9+B)/10 = (9B-9)/10<br />
biscoitos.<br />
A Beatriz tirou 2+((9B-9)/10-2)/10 =<br />
(9B+171)/100 biscoitos.<br />
Como o António e a Beatriz comeram a<br />
mesma quantidade, vem:<br />
(9B-9)/10 = (9B+171)/100 ou<br />
10B – 90 = 9B + 171 ou B = 81<br />
Havia então 81 biscoitos.<br />
Podemos agora descobrir quantos<br />
comeu cada um e quantos eram os<br />
amigos.<br />
O António tirou 1 + (81-1)/10 = 1 + 8 = 9<br />
biscoitos. Ficaram 72 no saco.<br />
A Beatriz tirou 2 + 70/10 = 2 + 7 = 9<br />
biscoitos. Ficaram 63 no saco.<br />
E assim sucessivamente até ao nono<br />
amigo, <strong>que</strong> encontra o saco com 9<br />
biscoitos e os tira todos.<br />
2º Método<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 51<br />
A correspondência para esta secção deve ser enviada para<br />
Rua Viriato, 13, 1069-315 Lisboa ou para policiário@publico.pt<br />
Há no ciberespaço mais um motivo<br />
para os policiaristas viajarem e,<br />
neste caso particular, se deleitarem<br />
com os muitos escritos de inegável<br />
valor e interesse do mestre M.<br />
Constantino. Pela mão da Detective<br />
Jeremias, <strong>que</strong> nos traz mais uma<br />
iniciativa made in Santarém, o<br />
blogue Policiário de Bolso está a<br />
divulgar a obra e o pensamento<br />
do vizinho de Almeirim, M.<br />
Constantino, e também uma espécie<br />
de almana<strong>que</strong> diário, em <strong>que</strong> se<br />
fala de policial nas suas diversas<br />
vertentes.<br />
Não é excessivo dizermos <strong>que</strong> o<br />
blogue é de visita obrigatória, todos<br />
os dias e durante muito e muito<br />
tempo, tão vasta é a obra do mestre<br />
e pode ser encontrado em http://<br />
policiariodebolso.blogspot.com.<br />
Para a Detective Jeremias e para o<br />
M. Constantino vai a nossa saudação<br />
especial, com votos de longa vida<br />
para o blogue, com muito e bom<br />
policiário.<br />
Secção Correio Policial<br />
Também com origem em Santarém,<br />
a nova secção policiária orientada<br />
por Domingos Cabral, o Inspector<br />
Aranha, prossegue a sua marcha no<br />
Correio do Ribatejo, um jornal <strong>que</strong> se<br />
publica desde 1891.<br />
A publicação de problemas e contos<br />
policiários, da autoria de grandes<br />
mestres da arte de bem produzir e<br />
de bem contar histórias, é uma das<br />
suas vertentes mais interessantes,<br />
mas há muitas ideias e projectos em<br />
andamento.<br />
Para <strong>que</strong> os nossos “detectives”<br />
possam tomar contacto com<br />
a secção, podem enviar um<br />
e-mail para d.cabral@sapo.pt ou<br />
escreverem para Correio do Ribatejo,<br />
a/c Domingos Cabral, Rua Serpa<br />
Pinto, 94, 2000-214 Santarém.<br />
Acreditem <strong>que</strong> vale mesmo a pena!<br />
José Paulo Viana (texto)<br />
Cristina Sampaio (ilustração)<br />
Eis como João Sá, resolveu o problema<br />
sem usar equações.<br />
Se o António tirou um biscoito e um<br />
décimo dos restantes, então o número<br />
inicial de biscoitos era 1 + múltiplo de<br />
dez, ou seja, um número terminado em 1.<br />
Como a Beatriz tirou 2 + a décima parte<br />
dos restantes, o número de biscoitos<br />
<strong>que</strong> tinha à sua disposição terminava<br />
em 2.<br />
Do mesmo modo, a Catarina tinha<br />
diante de si um número de biscoitos<br />
<strong>que</strong> terminava em 3. E assim<br />
sucessivamente.<br />
Isto <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> cada um ou comeu 9<br />
biscoitos ou um número <strong>que</strong> acaba em 9.<br />
Vamos testar a hipótese 9.<br />
Neste caso, o António comeu 1 + 8 (<strong>que</strong><br />
é a décima parte de 80). O número<br />
inicial de biscoitos era 81.<br />
Como 81 é múltiplo de 9, este número<br />
serve e então cada um comeu 9<br />
biscoitos e eram 9 pessoas.
52 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Espaço público<br />
Estamos à beira do precipício, como afirma Christine Lagarde? Ou estamos a dar a volta, como insiste a chanceler alemã?<br />
A <strong>Europa</strong> entre Merkel e Lagarde<br />
1.<br />
Onde é <strong>que</strong> estamos? Os sinais são tão contraditórios,<br />
as mensagens tão díspares, <strong>que</strong> é difícil<br />
responder até à mais simples e à mais essencial<br />
das <strong>que</strong>stões: estamos à beira do precipício, co-<br />
mo afi rma Christine Lagarde e como dizem a<br />
maioria dos analistas de mercado; ou estamos a dar a<br />
volta, como insiste a chanceler alemã ou o presidente<br />
do Banco Central Europeu ou a generalidade dos responsáveis<br />
políticos da zona euro <strong>que</strong> se apresentaram<br />
em Davos tentando exibir algum optimismo?<br />
A difi culdade em encontrar uma lógica nesta constante<br />
e profunda indefi nição e nesta multiplicidade de sinais<br />
e de discurso é tão angustiante, <strong>que</strong> a tentação é acreditar<br />
nas duas — na chanceler e na directora-geral do FMI.<br />
Tentando, ao mesmo tempo, descortinar as entrelinhas<br />
do <strong>que</strong> dizem os restantes responsáveis europeus e descontar<br />
alguma coisa no <strong>que</strong> escrevem os analistas dos<br />
mercados. É possível? Talvez. É sobretudo recomendável<br />
para se conseguir dormir à noite sem insónias ou pesadelos.<br />
E é, mais ou menos, o guião da cimeira europeia de<br />
amanhã, <strong>que</strong>, pelo menos, tem a enorme virtude de não<br />
se apresentar como a da última oportunidade.<br />
Comecemos por Lagarde e Merkel. A directora-geral<br />
do FMI dramatizou de novo o discurso na véspera de<br />
apresentar as previsões de crescimento do FMI para a<br />
economia mundial na semana passada, todas sujeitas a<br />
revisão em baixa e muito pouco animadoras, sobretudo<br />
para a zona euro. Uma interessante reportagem publicada<br />
na última Newsweek descrevia o debate interno<br />
da direcção da instituição fi nanceira (incluindo os 24<br />
representantes dos 187 países-membros) sobre como o<br />
Fundo deveria utilizar as palavras e os paralelismos históricos<br />
para formular o seu enésimo aviso sobre o risco<br />
de uma grande depressão mundial com epicentro na<br />
<strong>Europa</strong>. “Dizer a verdade é o nosso trabalho”, argumenta<br />
Lagarde. “Ainda há tempo para evitar um novo colapso.”<br />
Mesmo <strong>que</strong> não muito tempo. Ninguém <strong>que</strong>r usar<br />
a palavra “depressão global” ou “um momento 1930”,<br />
mas a mensagem tem de ser sufi cientemente clara. Pelo<br />
menos sobre as consequências: mais desemprego,<br />
agitação social, caos político. Já na <strong>Europa</strong>, primeiro<br />
num encontro com Merkel em Berlim, depois em Davos,<br />
num “apelo à acção” em conjunto com o presidente do<br />
Banco Mundial, a mensagem não podia ser mais clara:<br />
a austeridade, só por si, não vai levar a parte nenhuma,<br />
apenas agravar os problemas. O “apelo” é para políticas<br />
<strong>que</strong> incentivem o crescimento e invertam o ciclo vicioso.<br />
No seu último relatório sobre estabilidade fi nanceira, o<br />
FMI escreve <strong>que</strong>, desde o início da crise (Grécia, Maio de<br />
2010), a <strong>Europa</strong> entrou num “equilíbrio negativo”, <strong>que</strong><br />
transformou um problema localizado num país <strong>que</strong> vale<br />
2% do PIB europeu num problema generalizado a toda a<br />
<strong>Europa</strong>, <strong>que</strong> arrastou a <strong>Europa</strong> para uma recessão, <strong>que</strong><br />
fez disparar os custos de fi nanciamento da maioria dos<br />
países do euro, colocando a Itália e a Espanha na mira<br />
dos mercados, <strong>que</strong> não se sabe ainda onde vai parar.<br />
Alguém é capaz de discordar deste diagnóstico?<br />
Qual é a mensagem da chanceler? A mesma de sempre.<br />
A crise europeia resolve-se passo a passo e por uma via<br />
única — pela redução drástica e rápida dos défi ces dos países<br />
incumpridores e de reformas profundas para ganhar<br />
competitividade. A <strong>que</strong>stão-chave é a aprovação de um<br />
“pacto orçamental”, sob a forma de tratado intergovernamental,<br />
<strong>que</strong> estabelece um compromisso indestrutível<br />
de disciplina fi nanceira para os países da zona euro — é<br />
o <strong>que</strong> os líderes vão fazer amanhã — e <strong>que</strong> será o sinal<br />
para os mercados para restabelecer a confi ança no euro.<br />
Esse novo tratado deve estar legalmente em vigor em<br />
Janeiro do ano <strong>que</strong> vem. Até lá…. transfi ra-se o Governo<br />
de Atenas para Bruxelas, por exemplo, como consta de<br />
uma nova proposta posta a circular em Bruxelas e de<br />
autoria alemã, <strong>que</strong> prevê a nomeação de uma espécie de<br />
“administrador-delegado” para substituir as autoridades<br />
gregas e para fazer cumprir a meta do défi ce, a bem ou<br />
a mal. A chanceler já tinha “despachado” um primeiroministro<br />
grego, agora <strong>que</strong>r nomear directamente outro.<br />
Teresa<br />
de Sousa<br />
Sem<br />
Fronteiras<br />
Ontem, em Davos,<br />
Largarde voltou a<br />
dizer <strong>que</strong> o FMI podia<br />
reforçar o seu apoio<br />
financeiro à zona euro<br />
(ela <strong>que</strong>r mais 650<br />
mil milhões de dólares<br />
e levou a “carteira”<br />
para fazer um novo<br />
peditório) desde <strong>que</strong> os<br />
líderes europeus façam<br />
a sua parte primeiro<br />
Se era preciso mais uma prova da absoluta ausência<br />
de visão política da chanceler, para dizer<br />
o mínimo, e da tremenda crise política europeia,<br />
aqui está ela. Brutal e irrefutável. Não é<br />
esta seguramente a melhor forma de conciliar<br />
o curto com o médio prazo.<br />
2.<br />
O <strong>que</strong> vai, então, fazer este Conselho<br />
Europeu, previsto para durar<br />
apenas três horas e <strong>que</strong>, pela primeira<br />
vez, tem incluído na agenda<br />
um ponto sobre a necessidade de<br />
tomar medidas para ajudar “ao crescimento e<br />
ao emprego”? Basicamente o mesmo <strong>que</strong> têm<br />
feito todos os anteriores, desde a eclosão da<br />
crise grega em Maio de 2010. É verdade <strong>que</strong> o<br />
tratado da chanceler está quase pronto para<br />
ser assinado (mesmo <strong>que</strong> a maioria dos responsáveis<br />
políticos europeus o considerem<br />
uma perda de tempo), mas o tema <strong>que</strong> estará<br />
nas discussões “paralelas” é o mesmo de<br />
sempre: como reforçar a capacidade fi nanceira, agora<br />
já não do FEEF mas do MEE.<br />
Ontem, em Davos, Largarde voltou a dizer <strong>que</strong> o FMI<br />
podia reforçar o seu apoio fi nanceiro à zona euro (ela<br />
<strong>que</strong>r mais 650 mil milhões de dólares e levou a “carteira”<br />
para fazer um novo peditório) desde <strong>que</strong> os líderes<br />
europeus façam a sua parte primeiro. A directora do<br />
FMI renovou o seu apelo num painel sobre o futuro da<br />
economia mundial, onde, diz a Reuters, os responsáveis<br />
europeus estiveram estranhamente ausentes. É o <strong>que</strong><br />
o mundo espera <strong>que</strong> a <strong>Europa</strong> faça, é o <strong>que</strong> a maioria<br />
dos líderes amanhã reunidos em Bruxelas <strong><strong>que</strong>rem</strong> <strong>que</strong><br />
se faça, é o <strong>que</strong> Berlim não <strong>que</strong>r fazer.<br />
3.<br />
Quanto ao crescimento, não vale a pena ter<br />
ilusões. As medidas <strong>que</strong> vão estar em consideração<br />
na cimeira são mais emblemáticas e<br />
piedosas do <strong>que</strong> outra coisa, não se traduzirão<br />
nem por mais recursos fi nanceiros nem<br />
por uma inversão das políticas de austeridade nacionais,<br />
mesmo nos países com margem para o fazer. Qual<strong>que</strong>r<br />
VINCENZO PINTO /AFP<br />
economista ou político poderia dizer <strong>que</strong> a estabilização<br />
dos mercados e dos juros da dívida soberana através de<br />
um fundo de resgate muito mais poderoso ou a mutualização<br />
da dívida (nas suas várias modalidades possíveis) teria<br />
muito mais efeito para contrariar a espiral recessiva do<br />
<strong>que</strong> meia dúzia de medidas avulsas sobre os excedentes<br />
dos fundos estruturais ou a promessa de maior mobilidade<br />
do emprego ou de programas de treino para os jovens<br />
desempregados, por mais interessantes <strong>que</strong> sejam.<br />
Resta a esperança de <strong>que</strong> esta seja também a cimeira<br />
em <strong>que</strong> o debate mude de direcção. Já não é só Mario<br />
Monti, o primeiro-ministro italiano, <strong>que</strong> fala abertamente<br />
da necessidade de complementar a austeridade com<br />
o crescimento e com a estabilização dos mercados. O<br />
novo chefe do Governo espanhol foi dizer isso mesmo à<br />
chanceler na semana passada. O diário espanhol El País<br />
escrevia sobre o encontro de Rajoy com Merkel, <strong>que</strong> a<br />
Espanha estava a fazer uma “viragem” na sua estratégia<br />
económica. “(…) O Presidente espanhol mantém publicamente<br />
<strong>que</strong> o seu compromisso com o cumprimento<br />
do objectivo do défi ce em 2012 (4,4%) é total, apesar de<br />
ser quase impossível cumpri-lo. Mas está claro <strong>que</strong> o Governo<br />
procura uma negociação para <strong>que</strong> Bruxelas aceite<br />
um novo calendário.” Se isso for possível, então “haverá<br />
margem para estimular a procura e o investimento e favorecer<br />
a criação de emprego”. Nem vale a pena recordar<br />
<strong>que</strong> a taxa de desemprego no país vizinho se aproxima<br />
dos 23% com mais de 5 milhões de “parados”.<br />
Enquanto a Alemanha continua agarrada à sua estratégia<br />
de “penalização” dos infractores, argumentando<br />
<strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r medida <strong>que</strong> alivie a pressão ressuscita o<br />
laxismo, os países <strong>que</strong> estão a aplicar duros programas<br />
de austeridade e a iniciar amplos programas de reformas<br />
estruturais já têm provas sufi cientes acumuladas de <strong>que</strong><br />
levam esse esforço a sério. Chegou o momento de dizer<br />
<strong>que</strong> o rei vai nu. Sob pena de ser tarde demais. Os cidadãos<br />
europeus — e não apenas os cidadãos alemães — precisam<br />
de perceber o <strong>que</strong> se passa e começar a acreditar<br />
<strong>que</strong> há uma saída. Sob pena de se confi rmarem as piores<br />
previsões de Lagarde. Jornalista<br />
Teresa de Sousa escreve neste espaço ao domingo
Na volta, Leonard Cohen<br />
Miguel<br />
Esteves<br />
Cardoso<br />
Ainda<br />
ontem<br />
A<br />
última vez <strong>que</strong> houve uma colecção nova de<br />
canções de Leonard Cohen foi em 2004. Já<br />
lá vão oito anos. Chamava-se Dear Heather e<br />
continha várias canções encantadoras, embora<br />
a or<strong>que</strong>stração fosse mais My Little Pony<br />
do <strong>que</strong> Paul Buckmaster.<br />
Amanhã sai a primeira obra-prima de Leonard Cohen<br />
do século XXI: Old Ideas. Daqui a três anos, quando ele<br />
chegar aos oitenta anos e, conforme promete, recomeçar<br />
a fumar tabaco e a beber álcool, toda a gente <strong>que</strong> sabe,<br />
acredita <strong>que</strong> virá a segunda.<br />
Dou comigo a fazer o <strong>que</strong> não fazia desde <strong>que</strong> me es<strong>que</strong>ci<br />
como era: a tirar letras. Acabo por apanhar todas,<br />
indo altas as horas. Só contém uma canção perfeita, de<br />
letra, música e produção: Diff erent Sides. Mas tem, também,<br />
cinco canções quase perfeitas, <strong>que</strong> constituem uma<br />
bonança <strong>que</strong> levanta a alma e não a deixa aterrar: Lullaby<br />
(sublime), Darkness (vingativamente deprimida), Amen (o<br />
telefonema defi nitivo das quatro da manhã), Going home<br />
(uma canção de amor à morte) e Crazy to love you (um<br />
sacrifício anti-romântico <strong>que</strong> insiste em ser cobrado). Há<br />
uma canção bonita mas falsa (Show me the place); uma<br />
escusada <strong>que</strong> até se ouve uma única vez (Banjo) e apenas<br />
uma <strong>que</strong> soa mal e repugna (Come healing).<br />
Só a variedade é sensacional. Tem-se de segurar os pulsos.<br />
Toda a obra de Leonard Cohen parece, mais do <strong>que</strong><br />
incompleta, enganada sem este disco.<br />
Não estamos, por muito preparados <strong>que</strong> estejamos, equipados<br />
para este regresso. E para o <strong>que</strong> vem, a seguir.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 53<br />
Bartoon Luís Afonso<br />
O horizonte e o método de Anselmo Borges foram sempre guiados mais pelas interrogações do <strong>que</strong> pelas respostas<br />
Regressam as interrogações fundamentais<br />
1.<br />
A partir da segunda metade do século XX e começos<br />
deste século, as tentativas de fi losofi a da religião<br />
desenvolveram-se, em diversos países, com<br />
uma intensidade e amplitude inesperadas.<br />
de uma proposta de salvação — revelada e exercida por não é evidente. Não dispensa, mesmo no interior da fé,<br />
“Cristo, com Cristo e em Cristo” — <strong>que</strong> só pode ser acolhida os caminhos para a afi rmação da Sua existência, não pro-<br />
pela fé, também ela, um dom de Deus. Não se pode es<strong>que</strong>curando, porém, saber como Deus é — algo impossível —,<br />
cer, porém, <strong>que</strong> se trata de um acontecimento na nossa mas, sobretudo, como Deus não é (I.Q.2).<br />
Anselmo Borges, peça a peça, ensaio a ensaio,<br />
história e no dinamismo vivido de forma pessoal e comuni- Tomás de Aquino trabalhou num contexto de grande<br />
livro após livro, foi reunindo e reelaborando preciosos<br />
tária. É, portanto, um desenvolvimento de acontecimentos efervescência cultural, no encontro do pensamento gre-<br />
contributos para uma fi losofi a da religião afrontada pelo<br />
mal e desafi ada pela esperança, na irrenunciável busca<br />
do Sentido num mundo paradoxal.<br />
Anselmo Borges, padre da Sociedade Missionária da<br />
Frei Bento<br />
Domingues<br />
O.P.<br />
em relação. O ser humano <strong>que</strong> interroga é também interrogado<br />
pela palavra <strong>que</strong> vem de Deus. Como cantava frei<br />
José Augusto Mourão, “Deus vem de Deus”, não é criatura<br />
nem do nosso desejo, nem do nosso pensamento.<br />
go, árabe, judaico e latino. Na sua elaboração teológica<br />
convergiam todos os saberes do seu tempo. Como diz<br />
K. Rahner, um dos seus discípulos do século XX, Tomás<br />
é um místico consciente de <strong>que</strong> Deus está para além de<br />
Boa Nova, mostrou-se sempre consciente de <strong>que</strong> o espírito<br />
qual<strong>que</strong>r possibilidade de expressão, mas nunca cedeu<br />
de missão não se esgota nas consagradas expressões das<br />
Se a prática da teologia, antes do Concílio do à preguiça mental e à mediocridade intelectual; não<br />
congregações missionárias, católicas ou protestantes. Em-<br />
Vaticano II, foi muito reprimida, durante o pe- dispensava o exercício da inteligência mesmo no acobora<br />
tivesse ensinado Filosofi a em Moçambi<strong>que</strong> e tivesse<br />
ríodo conciliar, algumas das fi guras <strong>que</strong> mais lhimento da revelação da esperança.<br />
procurado entender a originalidade do pensamento afri-<br />
tinham sofrido de suspeição e repressão toma- Hoje, encontramo-nos numa situação cultural de seducano,<br />
não se deixou deslumbrar pelas formas apressadas<br />
ção e encantamento por tantas e tão rápidas descobertas<br />
da chamada “missão inculturada”. De formação teológica,<br />
ra dessa magna e inovadora assembleia do Episcopado Ca- científi cas e invenções tecnológicas, mas com um misto<br />
transitou para a sociologia, acabando por “se profi ssionatólico.<br />
Foi sol de pouca dura. Mas, sobretudo, a partir dos de frustração e niilismo. Volta a pergunta: não será tudo,<br />
lizar” no ensino da Filosofi a, sobretudo na Faculdade de<br />
anos 80, começou um eclipse da liberdade teológica <strong>que</strong> ao fi m e ao cabo, e apesar de todas as maravilhas da mo-<br />
Letras da Universidade de Coimbra, regendo as cadeiras<br />
está a levar demasiado tempo a passar. Às interrogações dernidade, uma paixão inútil, sem nada de absolutamente<br />
de Antropologia Filosófi ca, Filosofi a da Religião e Ética,<br />
sucedeu o clima das certezas cegas a propor e a defender. Transcendente? Neste mundo, o <strong>que</strong> resulta é glória nossa<br />
a par do trabalho como cronista do Diário de Notícias.<br />
As ciências e as fi losofi as passaram a ser muito evocadas e não temos ninguém a <strong>que</strong>m atribuir os nossos fracassos.<br />
Enquanto director da revista Igreja e Missão, promoveu<br />
nos slogans da relação entre “fé e cultura” e “razão e fé”, Do outro lado do abismo não haverá nenhuma voz <strong>que</strong><br />
encontros internacionais sobre o diálogo entre ciências,<br />
mas a sua prática desertou, em muitos casos, dos cursos chame por nós? (1) Regressam, pois, as interrogações fun-<br />
fi losofi as e religiões, <strong>que</strong> resultaram em textos marcantes<br />
de Teologia. Tende-se a privilegiar um positivismo bíblicodamentais <strong>que</strong> são impossíveis de aprofundar e formular<br />
dessa prestigiosa biblioteca de teologia da Missão.<br />
patrístico com pinceladas literárias e espiritualistas, a <strong>que</strong> sem fi losofi a, sem a fi losofi a da religião.<br />
A preocupação, o horizonte e o método de Anselmo Bor-<br />
falta o fogo da razão e os dinamismos do Espírito.<br />
A recente publicação de Deus e o Sentido da Existência<br />
ges foram sempre guiados mais pelas interrogações do <strong>que</strong><br />
pelas respostas <strong>que</strong> desses diálogos pudessem resultar.<br />
Por esse caminho foi desenvolvendo uma Neste mundo, o <strong>que</strong><br />
cultura, no interior do catolicismo português, resulta é glória nossa<br />
<strong>que</strong> se recusa a ter respostas antes das perguntas,<br />
convencido de <strong>que</strong> um ser humano <strong>que</strong> não se e não temos ninguém 3.<br />
Na Idade Média, Tomás de Aquino (1225-1274)<br />
separou-se do positivismo teológico, do uso<br />
de exclusivos argumentos da autoridade revelada,<br />
<strong>que</strong> apenas documentam a fé, mas não<br />
explicam como é <strong>que</strong> é verdade aquilo <strong>que</strong> a<br />
(Gradiva) e a bela reedição de Corpo e Transcendência (Almedina),<br />
de Anselmo Borges, ao darem muito <strong>que</strong> pensar,<br />
evitam as respostas apressadas e abrem para o Mistério de<br />
Deus como “futuro absoluto” da esperança e do amor.<br />
(1) Cf. Sophia de Mello Breyner Andresen, A Viagem, in Contos<br />
atraiçoa é, antes de mais, alguém <strong>que</strong> interroga a <strong>que</strong>m atribuir<br />
e é interrogado por tudo e por todos.<br />
Poder-se-á objectar <strong>que</strong> o cristianismo resulta os nossos fracassos<br />
Igreja confessa ser verdade. A fé cristã não é um calmante,<br />
mas o excitante da inteligência e dos afectos. Ele não<br />
cultiva a ignorância em nome de Deus, cuja existência<br />
Exemplares (Figueirinhas, 2004), pág. 108<br />
Frei Bento Domingues escreve neste espaço ao domingo<br />
2. ram-se os teólogos mais escutados, dentro e fo
54 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />
Espaço público<br />
Cartas à Directora<br />
As cartas destinadas a esta secção<br />
devem indicar o nome e a morada<br />
do autor, bem como um número<br />
telefónico de contacto. O PÚBLICO<br />
reserva-se o direito de seleccionar<br />
e eventualmente reduzir os textos<br />
não solicitados e não prestará<br />
informação postal sobre eles.<br />
Email: cartasdirector@publico.pt<br />
Contactos do provedor dos Leitores<br />
Email: provedor@publico.pt<br />
Telefone: 210 111 000<br />
Trabalhar até morrer<br />
Para <strong>que</strong> se tenha uma noção mais<br />
verdadeira sobre o <strong>que</strong> é trabalho,<br />
as notícias dão-nos conta de <strong>que</strong><br />
em dez anos, morreram, vítimas<br />
de acidente de tal ofício, duro de<br />
dor e sofrimento, cerca de dois<br />
mil operários, <strong>que</strong> aplicou com<br />
muito dó e sem piedade, o luto, e<br />
despedaçou numerosas famílias.<br />
Inquéritos. Aí estão. A culpa não<br />
há-de morrer solteira. Em <strong>que</strong> é<br />
<strong>que</strong> dão? Negligência, descuido,<br />
falta de acompanhamento dos<br />
mestres, e muita mesmo muita<br />
falta de aplicação e desrespeito<br />
pelas normas de segurança, às<br />
vezes das mais básicas. Resultado?<br />
A culpa é do mexilhão. A ausência<br />
de fi scalização, é também norma e<br />
prática normal. Muita demissão no<br />
“estaleiro” da (ir)responsabilidade,<br />
por parte dos donos das obras,<br />
empresas e autoridades, e o <strong>que</strong> se<br />
retira desses escombros são os tais<br />
“mexilhões”, embrulhados agora,<br />
em lençóis e em macas, quando as<br />
equipas de socorro são chamadas<br />
numa urgência afl ita e última, de<br />
auxílio desesperado. Nesta década,<br />
repetida de sangue e de lágrimas,<br />
de mortes de trabalhadores, entre<br />
os destroços e o pó, em terra e<br />
no mar, quantos governantes<br />
pereceram entre os papéis, nos<br />
gabinetes sentados, entre viagens<br />
luxuosas, em reuniões ou ao<br />
telefone, nos jantares, numa<br />
declaração, na burocracia enfi m,<br />
e principescamente pagos e<br />
arregalados, e quantos operários<br />
morreram para levar para casa o<br />
mísero salário “bruto”, perigoso,<br />
<strong>que</strong> outra coisa nunca foi, mesmo<br />
antes de se lhe retirar impostos<br />
e subsídios, para ganhar o pão<br />
da mesa e a telha com <strong>que</strong> se<br />
<strong>que</strong>r cobrir e aos seus, enquanto<br />
os “senhores da lei” e demais<br />
mandantes gozam numa vivenda<br />
e outra, e se passeiam no seu<br />
“espada” rolando na canção<br />
“money”, e sempre na “zona de<br />
conforto”, sem <strong>que</strong> alguma vez<br />
se dessem ao “trabalho” ou lhes<br />
passasse pelas decisões a tomar,<br />
a angústia da necessidade de<br />
emigrar? Talvez um dia estas<br />
incontáveis almas destroçadas, se<br />
levantem e peçam reconhecimento<br />
e justiça, ou muitos o façam por<br />
eles. Quem sabe se esta “fi cção”<br />
não se tornará real... Quem sabe...!<br />
Joaquim A. Moura, Penafi el<br />
Desconcertação social<br />
A assinatura do “Compromisso<br />
para o Crescimento,<br />
Competitividade e Emprego” não<br />
é nada mais do <strong>que</strong> um beijo de<br />
morte para <strong>que</strong>m efectivamente<br />
trabalha. Parece <strong>que</strong> abolir<br />
a proposta de meia hora de<br />
trabalho desculpabiliza uma<br />
série de atrocidades laborais: a<br />
diminuição do custo do trabalho,<br />
das horas extraordinárias através<br />
do enigmático banco de horas,<br />
o prolongamento desse mesmo<br />
trabalho, a redução do descanso,<br />
da duração do subsídio de<br />
desemprego e das indemnizações<br />
por despedimento. Nunca despedir<br />
foi tão fácil pois agora também<br />
é possível dispensar alguém<br />
por inadaptação, pela redução<br />
continuada da produtividade ou<br />
da qualidade do trabalho prestado.<br />
Por isso, proponho <strong>que</strong> a classe<br />
política <strong>que</strong> nos tem governado<br />
se auto-avalie e se é merecedora<br />
de continuar em funções ou é<br />
despedida por tais pressupostos.<br />
Emanuel Caetano, Ermesinde<br />
Debate Por uma Comunidade Europeia da Energia<br />
A política energética precisa de mais <strong>Europa</strong><br />
Apesar dos progressos realizados nos últimos<br />
anos, a política da União Europeia no domínio<br />
da energia não conseguiu realizar os seus objectivos<br />
principais, designadamente garantir<br />
o acesso à energia a preços abordáveis e estáveis,<br />
manter a competitividade do sector da UE, garantir<br />
a segurança do abastecimento de energia a todos os<br />
europeus onde <strong>que</strong>r <strong>que</strong> vivam, e promover a sustentabilidade<br />
da produção, do transporte, da distribuição, do<br />
armazenamento e do consumo de energia, avançando<br />
com determinação para uma sociedade hipocarbónica.<br />
Estes objetivos são partilhados por todos, tanto líderes<br />
políticos como sociedade civil, desde as empresas e os<br />
fornecedores de energia aos sindicatos, passando pelos<br />
consumidores e ambientalistas. Contudo, as opiniões<br />
diferem sobre a forma de realizar os objectivos.<br />
São manifestas as limitações das políticas energéticas<br />
nacionais e, no entanto, não há uma política energética europeia<br />
comum para as ultrapassar. Apesar das promessas<br />
feitas por vários governos, os preços da energia aumentaram<br />
exponencialmente nos últimos anos, o <strong>que</strong> resultou<br />
num agravamento acentuado dos níveis de pobreza<br />
energética. No Inverno passado, entre 50 milhões e 125<br />
milhões de europeus padeceram de escassez de energia,<br />
fosse na forma de corte de electricidade, ameaça de corte<br />
ou incapacidade de pagar as contas. Esta situação não foi<br />
adequadamente tratada por todos os países da UE.<br />
Os Estados-membros estão envolvidos numa rede tal<br />
de interdependências <strong>que</strong> já não é viável agir sozinho. Tal<br />
como vimos recentemente, os países europeus podem<br />
fazer escolhas soberanas relativamente ao abastecimento<br />
de energia (por exemplo, o desaparecimento gradual da<br />
energia nuclear em alguns países da UE), mas isto tem o<br />
seu preço. As decisões unilaterais aumentam o risco de<br />
divergências e podem provocar o aumento ou oscilações<br />
de preços na produção e consumo de energia ao nível<br />
Jac<strong>que</strong>s<br />
Delors<br />
Presidente<br />
fundador de<br />
Notre Europe<br />
Staffan<br />
Nilsson<br />
Presidente<br />
do Comité<br />
Económico<br />
e Social<br />
Europeu<br />
regional, entre outras situações. Presentemente, nenhum<br />
país europeu consegue, sozinho, fornecer de forma fi ável<br />
aos seus cidadãos electricidade a preços acessíveis.<br />
Há <strong>que</strong> pôr um travão a esta falta de visão. Uma frente<br />
unida é a única forma de os países europeus responderem<br />
às preocupações dos cidadãos e garantirem <strong>que</strong> os<br />
interesses da <strong>Europa</strong> prevalecem. A vontade política é<br />
claramente um problema, mas não é o único. Em primeiro<br />
lugar, o potencial do mercado interno não foi totalmente<br />
aproveitado para aumentar a segurança energética e trazer<br />
valor acrescentado aos cidadãos. Em segundo lugar,<br />
o Tratado de Lisboa determina explicitamente a solidariedade<br />
entre os Estados-membros, mas tal manteve-se<br />
letra morta no quadro institucional actual. Em terceiro<br />
lugar, a UE não tem meios para fi nanciar ações de relevo<br />
ou para impor decisões relativamente às fontes de<br />
energia. O orçamento anual da UE para a energia é ínfi -<br />
mo em comparação com o montante despendido pelos<br />
Estados-membros neste sector. Isto limita seriamente o<br />
fi nanciamento de interconexões comuns de electricidade<br />
e gás e a investigação conjunta no domínio da energia hipocarbónica.<br />
É, pois, fundamental dotar a UE de recursos<br />
fi nanceiros independentes e autónomos para fi nanciar<br />
projectos de interesse europeu comum, em especial os<br />
relacionados com as energias renováveis. Em quarto lugar,<br />
uma <strong>que</strong>stão social e de actualidade como é a energia<br />
justifi caria normalmente o pleno envolvimento dos<br />
cidadãos. A ausência de um diálogo estruturado entre os<br />
legisladores e os decisores e a sociedade civil europeia é<br />
fonte de grande preocupação.<br />
É necessária uma nova estratégia orientada para uma<br />
maior integração e solidariedade. A alternativa mais ambiciosa<br />
e promissora é a de uma Comunidade Europeia<br />
da Energia de pleno direito <strong>que</strong> englobe todos os aspectos<br />
económicos, políticos e estratégicos pertinentes.<br />
Isto implicaria a integração dos mercados da energia,<br />
Comentários online<br />
Arménio Carlos eleito<br />
novo secretário-geral<br />
CGTP: Sentido da<br />
evolução!<br />
Os grandes sindicatos estão fadados<br />
à extinção! Não há soluções “de<br />
massa”, mas sim soluções <strong>que</strong><br />
contemplem as circunstâncias<br />
particulares de cada conjunto<br />
de trabalhadores, em cada<br />
empresa. Deverão constituir-se,<br />
em cada empresa, associações<br />
de trabalhadores <strong>que</strong> terão em<br />
conta as condições particulares do<br />
trabalho na empresa, certamente<br />
diferentes de todas as demais<br />
empresas. As situações diferem<br />
imensamente e devem ser<br />
consideradas, com melhor análise,<br />
as situações particulares de cada<br />
caso em busca das melhores<br />
soluções. A evolução corre neste<br />
sentido!<br />
Marcelina Gomes , Coimbra<br />
Ver mais em www.publico.pt<br />
a coordenação das políticas de investigação, decisões<br />
sobre os investimentos, mecanismos de solidariedade<br />
e a necessidade de falar em uníssono na cena mundial.<br />
Tudo isto re<strong>que</strong>r uma estratégia sólida de carácter supranacional.<br />
É possível avançar já com medidas transitórias como,<br />
por exemplo, uma maior integração dos mercados nacionais<br />
de energia e um planeamento conjunto das redes<br />
orientando a política energética para os consumidores.<br />
Por exemplo, instamos a um carácter progressivamente<br />
mais europeu da combinação energética, <strong>que</strong> é necessário<br />
devido ao aumento da percentagem de energias renováveis<br />
nas combinações energéticas nacionais. No tocante<br />
à escolha energética e aos investimentos, a <strong>Europa</strong> não<br />
pode continuar a marcar passo na medida em <strong>que</strong> as<br />
grandes decisões sobre energia tomadas hoje exigirão um<br />
compromisso de décadas. O desenvolvimento progressivo<br />
de uma Comunidade Europeia da Energia poderá voltar<br />
a mobilizar os europeus em torno de um projecto <strong>que</strong><br />
lhes oferece um claro valor acrescentado. Sobretudo, isto<br />
responderá às expectativas e preocupações dos cidadãos<br />
da UE refl ectidas em sondagens recentes.<br />
Dado o impacto abrangente das decisões sobre energia,<br />
os cidadãos não podem fi car à margem do debate<br />
sobre as transformações sistémicas <strong>que</strong> se avizinham. O<br />
Comité Económico e Social Europeu e a Notre Europe<br />
instam a <strong>que</strong> este debate seja efectuado ao nível da UE e<br />
propõem a criação de um fórum da sociedade civil europeia<br />
<strong>que</strong> monitorize as <strong>que</strong>stões energéticas. Solicitamos<br />
à Comissão Europeia <strong>que</strong> desempenhe um papel muito<br />
mais importante na concepção de uma política energética<br />
coerente, credível e efi ciente, lançando as bases para uma<br />
comunidade europeia de energia. As acções puramente<br />
nacionais no domínio da energia são irrelevantes, sendo<br />
<strong>que</strong> um sistema energético sustentável, resistente e progressista<br />
só será conseguido ao nível europeu.
Contribuinte n.º 502265094<br />
Depósito legal n.º 45458/91<br />
Registo ERC n.º 114410<br />
Conselho de Administração<br />
Presidente: Ângelo Paupério<br />
Vogais: António Lobo Xavier,<br />
Cláudia Azevedo, Cristina Soares,<br />
Luís Filipe Reis, Miguel Almeida,<br />
Pedro Nunes Pedro<br />
E-mail publico@publico.pt<br />
Lisboa Rua de Viriato, 13 – 1069-315<br />
Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA);<br />
Algumas <strong>que</strong>stões recorrentes na correspondência dos leitores<br />
Nomes, identidades, escolha de palavras<br />
José<br />
Queirós<br />
Provedor<br />
do leitor<br />
O<br />
correio dos leitores traz-me com frequência<br />
<strong>que</strong>stões a <strong>que</strong> muitos atribuirão menor importância,<br />
mas <strong>que</strong> são reveladoras da atenção<br />
aos valores e regras do jornalismo profi ssional<br />
e às normas de estilo e critérios editoriais<br />
deste jornal em particular. São muitas vezes temas<br />
recorrentes, debatidos no quotidiano das redacções, e<br />
<strong>que</strong> valerá a pena trazer ao diálogo com os leitores.<br />
Um deles é o do chamado “direito ao nome”. Todas as<br />
pessoas têm direito a ser tratadas pelo seu nome e não<br />
pelo nome <strong>que</strong> outros <strong>que</strong>iram dar-lhes. O mesmo para<br />
organizações e colectividades. Sucede <strong>que</strong> nem sempre<br />
é fácil cumprir este preceito nos jornais. Veja-se o caso<br />
dos leitores <strong>que</strong> têm protestado contra o facto de a instituição<br />
desportiva Vitória Sport Clube ser fre<strong>que</strong>ntemente<br />
designada, no PÚBLICO e em outros órgãos de comunicação,<br />
como “o Guimarães”. “Não há nenhum clube<br />
chamado Guimarães. O nome é Vitória” — mais palavra,<br />
menos palavra, é o argumento comum às mensagens <strong>que</strong><br />
recebo sobre o tema.<br />
O leitor Rui Correia, por exemplo, <strong>que</strong>ixa-se nestes<br />
termos do <strong>que</strong> considera ser uma “falta de rigor”: “Guimarães<br />
(...) é a cidade onde joga o Vitória SC! (...) Tratem<br />
as instituições de igual forma e não inventem nomes ou<br />
apelidos. Se disserem Vitória de Guimarães, embora não<br />
seja o nome correcto, pelo menos referem-se ao Vitória<br />
da cidade de Guimarães. Agora, retirarem o ‘Vitória’ do<br />
nome (...) é um desrespeito total para com a instituição,<br />
adeptos e simpatizantes!”.<br />
Jorge Miguel Matias, editor do Desporto, considera<br />
“impraticável identifi car o Vitória Sport Clube” pelo<br />
seu nome ofi cial, “não só pela extensão da designação,<br />
como também pelo facto de o clube ser muitíssimo mais<br />
conhecido por Vitória de Guimarães”. Se a isto se poderia<br />
objectar <strong>que</strong> não será necessariamente assim <strong>que</strong> o clube<br />
é “conhecido” pelos seus próprios sócios, o certo é <strong>que</strong><br />
há <strong>que</strong> pesar outras razões. Como esta: “Existe também a<br />
competir na I Liga o Vitória Futebol Clube (habitualmente<br />
designado por Vitória de Setúbal), a <strong>que</strong>m se aplica o<br />
mesmo critério. A existência de dois ‘Vitórias’ inviabiliza<br />
<strong>que</strong> se designe qual<strong>que</strong>r um deles exclusivamente pelo<br />
primeiro nome, sob pena de confusão generalizada”.<br />
“Nas classifi cações, <strong>que</strong>r no site, <strong>que</strong>r na edição impressa”,<br />
explica o editor, “consta o nome do clube como<br />
V. Guimarães, tal como acontece nas fi chas de jogo.<br />
Por vezes, por limitações gráfi cas, torna-se muito difícil<br />
utilizar por extenso a expressão ‘Vitória de Guimarães’<br />
(por exemplo, em títulos a uma coluna). Nestes casos,<br />
optamos pela fórmula abreviada V. Guimarães. Quando<br />
não há alternativa, julgamos preferível designar o clube<br />
simplesmente por Guimarães e não simplesmente<br />
por Vitória, tendo em conta <strong>que</strong> Guimarães não causará<br />
qual<strong>que</strong>r dúvida para o leitor, enquanto Vitória deixará<br />
sempre a hipótese de se estar a falar, por exemplo, do<br />
Vitória... de Setúbal”.<br />
Creio <strong>que</strong> mesmo os leitores mais ciosos da sua identidade<br />
clubística concordarão com a sensatez desta explicação,<br />
<strong>que</strong> privilegia a clareza na comunicação e não<br />
denota falta de rigor, tendo em conta <strong>que</strong> o Vitória Sport<br />
Clube é, até no plano estatutário, um clube de Guimarães.<br />
Este é um caso em <strong>que</strong> fazer prevalecer uma concepção<br />
rígida do “direito ao nome” sobre outras considerações<br />
não passaria de um formalismo sem sentido útil. O <strong>que</strong><br />
não <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> não deva ser tida em conta a sensibilidade<br />
dos leitores em <strong>que</strong>stão, procurando evitar-se as<br />
situações em <strong>que</strong> nem a inicial do seu verdadeiro nome<br />
aparece a designar o clube.<br />
Caso diferente é o do direito de qual<strong>que</strong>r pessoa<br />
a não ver o seu nome trocado, por exemplo,<br />
por uma alcunha. Essa é uma prática comum<br />
de alguma imprensa, especialmente no <strong>que</strong> respeita<br />
à identifi cação de indivíduos a contas com<br />
a justiça, e deve ser contrariada. Trata-se muitas vezes de<br />
designações depreciativas colhidas em autos policiais e<br />
<strong>que</strong> desrespeitam a dignidade individual. O Livro de Estilo<br />
A demarcação clara entre<br />
Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir.<br />
Editorial 210111006; Agenda<br />
210111007; Redacção 210111008;<br />
Publicidade 210111013/210111014<br />
Porto Praça do Coronel Pacheco,<br />
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do PÚBLICO desaconselha,<br />
e bem,<br />
a sua utilização, informação e opinião deve<br />
com excepção de ser entendida como um sinal<br />
casos em <strong>que</strong> se<br />
revele “essencial” de respeito pelos leitores<br />
para a caracterização<br />
de uma personagem.<br />
A propósito dos títulos e textos sobre o julgamento,<br />
em Torres Vedras, de um indivíduo acusado de ter assassinado<br />
quatro pessoas, a leitora Ana Aguiar escreve<br />
<strong>que</strong> “não parece adequado usar o nome pelo qual um<br />
diagnosticado psicopata se auto-intitula”. No caso, “Ghob,<br />
rei dos gnomos”. “O senhor tem um nome civil, como<br />
todos nós, e não vejo razão para um jornal com ambição<br />
de seriedade usar um pseudónimo auto-atribuído numa<br />
notícia <strong>que</strong> deveria ser séria e imparcial”, diz a leitora,<br />
referindo uma peça recente do Público Online.<br />
Deve esta situação ser enquadrada na orientação acima<br />
referida, contrária à substituição de nomes por alcunhas?<br />
Não necessariamente. Pelo <strong>que</strong> tem sido noticiado,<br />
o nome “Ghob” seria assumido pelo próprio suspeito<br />
dos crimes, no âmbito de um círculo de relações <strong>que</strong> foi<br />
investigado, e resultaria da crença, ou da manipulação<br />
da crença num universo místico de gnomos e entidades<br />
congéneres, <strong>que</strong> poderá ser relevante para a explicação<br />
dos crimes <strong>que</strong> estão a ser julgados. Referi-lo não põe<br />
em causa a seriedade nem a imparcialidade e poderá<br />
ser importante para a caracterização da personagem e<br />
a compreensão do caso.<br />
Ainda assim, o desejável distanciamento jornalístico<br />
aconselhará sempre alguma contenção no recurso a designações<br />
como esta. Concordo com a leitora, quando<br />
refere: “Se a opção editorial for a de usar o pseudónimo,<br />
creio ser apropriado o uso de aspas”. Para distinguir a<br />
identidade civil, <strong>que</strong> deve ser sempre respeitada, de uma<br />
auto-representação imaginária.<br />
Público Domingo 29 Janeiro 2012 55<br />
do Espido, Via Norte, Maia. Capital<br />
Social €50.000,00. Detentor de mais<br />
de 10% do capital: Sonae Telecom,<br />
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Tiragem média total de Dezembro<br />
43.909 exemplares<br />
Membro da APCT – Associação<br />
Portuguesa do Controlo de<br />
Tiragem<br />
O<br />
recurso desnecessário a termos estrangeiros<br />
continua a desagradar a muitos leitores. Na<br />
maior parte das vezes, com razão. António<br />
Barata leu uma notícia intitulada “Tribunal<br />
chumbou concessão no porto de Aveiro realizada<br />
sem concurso público” (edição online, no passado<br />
dia 20) e deteve-se na frase em <strong>que</strong> se explicava<br />
<strong>que</strong> determinadas empresas “são os grandes players do<br />
movimento de carga nos portos nacionais”. Pergunta o<br />
leitor, e pergunta bem, “se o mesmo não poderia ser dito<br />
em português ou se existe uma outra qual<strong>que</strong>r razão”<br />
para o recurso ao termo inglês.<br />
A mesma <strong>que</strong>stão poderia ser colocada, por exemplo,<br />
em relação ao uso, <strong>que</strong> se tornou fre<strong>que</strong>nte, do termo<br />
default em títulos e textos sobre a actual crise fi nanceira,<br />
muitas vezes sem qual<strong>que</strong>r explicação suplementar. Vejase<br />
(é só um exemplo) o título “Default grego faz subir juros<br />
da dívida nacional”, <strong>que</strong> na primeira página da edição do<br />
passado dia 18 remetia (mais uma desatenção) para uma<br />
estranha “Secção, 00”. Nem na capa nem na página 13,<br />
onde se encontrava a peça mal sinalizada, a expressão<br />
era traduzida ou explicada. Nas páginas de Economia do<br />
jornal, a tradução de termos como este é por vezes feita,<br />
entre parênteses. Mas não é feita sempre, e cada omissão<br />
representa uma falha na clareza da comunicação.<br />
“Será <strong>que</strong> os jornalistas”, pergunta o leitor, “ (...) se<br />
limitam a debitar o <strong>que</strong> ouvem e <strong>que</strong> está mais na moda,<br />
e não se preocupam se<strong>que</strong>r em traduzir, de modo a <strong>que</strong><br />
qual<strong>que</strong>r leitor perceba?”. Na verdade, para os exemplos<br />
citados, a <strong>que</strong>stão da tradução nem deveria colocar-se.<br />
Tanto para players como para default existem palavras<br />
portuguesas de uso comum, com o mesmo e preciso signifi<br />
cado. Se é verdade <strong>que</strong> em tempos de globalização o<br />
recurso a vocábulos estrangeiros se torna por vezes inevitável<br />
— por falta de termo português correspondente,<br />
por exigência de precisão, ou por surgirem em discurso<br />
directo —, esses termos devem ser grafados em itálico, o<br />
<strong>que</strong> nem sempre acontece, e ser acompanhados, conforme<br />
os casos, de explicação ou tradução. O contrário não<br />
é sintoma de cosmopolitismo, mas de desleixo.<br />
Já agora, recomenda-se maior cuidado com a redacção<br />
de notícias <strong>que</strong> reproduzem, sem o assinalar, textos de<br />
fontes noticiosas estrangeiras. Para <strong>que</strong> da sua tradução<br />
apressada não resultem deslizes como o <strong>que</strong> a leitora Alda<br />
Nobre detectou nas páginas de Desporto do dia 5 deste<br />
mês, onde se pode ler <strong>que</strong> o guarda-redes de um clube inglês<br />
marcou um golo, sendo “o quarto a fazê-lo, depois de<br />
Peter Schmeichel, Brad Friedel and Paul Robinson...”.<br />
Há outras palavras, essas bem portuguesas,<br />
<strong>que</strong> todos ganharíamos em ver afastadas de<br />
alguns títulos informativos. Uma delas, <strong>que</strong><br />
têm vindo a propagar-se de modo epidémico,<br />
sem cuidar se<strong>que</strong>r de se apresentar como<br />
fi gura de estilo, antes procurando impor-se num desadequado<br />
sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar”. “BE<br />
arrasa projectos do PS e do PSD sobre maternidade de<br />
substituição” foi o título destacado escolhido no passado<br />
dia 20 para uma notícia das actividades parlamentares da<br />
véspera. É só um exemplo, mas foi o <strong>que</strong> levou o leitor Miguel<br />
Azevedo a protestar: “Mais uma vez opinião. Por mim<br />
preferia <strong>que</strong> a jornalista me desse os factos e me deixasse<br />
a mim a tarefa de decidir <strong>que</strong>m arrasou <strong>que</strong>m”.<br />
Diga-se <strong>que</strong> a notícia em causa relata os factos e não<br />
recorre ao tremendismo do verbo em <strong>que</strong>stão. O título<br />
— <strong>que</strong> pode ou não ser da autoria de <strong>que</strong>m escreveu a<br />
peça, mas é sempre, em última análise, da responsabilidade<br />
de um editor — é <strong>que</strong> desfi gura o relato noticioso,<br />
assumindo uma natureza opinativa deslocada e censurável.<br />
Não está em causa a opinião, mas o lugar onde se<br />
expressa. A demarcação clara entre informação e opinião<br />
é um traço essencial do projecto editorial do PÚBLICO<br />
e deve também ser entendida como uma demonstração<br />
de respeito pela inteligência dos leitores.<br />
O Provedor do Leitor escreve neste espaço ao domingo
Opinião<br />
Es<strong>que</strong>rda e direita (III)<br />
Vasco Pulido Valente<br />
O<br />
PSD percebeu primeiro<br />
(se “perceber” é a<br />
palavra) o desastre<br />
<strong>que</strong> se aproximava.<br />
Por várias razões.<br />
Primeiro, por<strong>que</strong> sempre esteve<br />
mais ligado aos “negócios” do<br />
<strong>que</strong> o PS. Segundo, por<strong>que</strong> parte<br />
do seu pessoal económico e<br />
fi nanceiro vinha de empresas ou<br />
da banca. E, terceiro, por<strong>que</strong> uma<br />
parte da geração <strong>que</strong> chegou ao<br />
governo durante Cavaco e a seguir<br />
ao “cavaquismo” se formara na<br />
América e, bem ou mal, absorvera<br />
www.publico.pt<br />
Na orelha da Antárctida<br />
Pela primeira vez, dois jornalistas portugueses<br />
acompanharam o trabalho de cientistas<br />
portugueses na Antárctida e ficaram numa<br />
base de investigação.<br />
Teresa Firmino (textos)<br />
e Nuno Ferreira Santos<br />
(fotografias) sentiram<br />
o espírito antárctico na<br />
Base Grande Muralha<br />
da China, narraram a<br />
viagem a um buraco<br />
de neve e gelo, mostraram os moleiros <strong>que</strong><br />
gostam de (comer) pinguins e os “animalitos”<br />
nas praias do Drake, e relataram um<br />
reencontro luso na Ilha do Rei Jorge.<br />
publico.pt<br />
a ortodoxia americana. Ainda por<br />
cima, o PSD — excepto pelo curto<br />
intervalo de Barroso e de Santana<br />
Lopes — vegetou quase quinze<br />
anos na oposição, inteiramente<br />
imerso numa guerra civil interna<br />
<strong>que</strong> paralisou o partido e por um<br />
pouco não o destruiu. Apesar disso,<br />
no meio dessa longa trapalhada,<br />
houve tempo para descobrir <strong>que</strong><br />
a situação de Portugal se tornava<br />
pura e simplesmente insustentável.<br />
Só <strong>que</strong> o PSD (ao contrário<br />
do CDS), estava ligado às suas<br />
clientelas na administração central<br />
e, sobretudo, na administração<br />
local, e não tinha grande espaço<br />
de manobra. Ou, pelo menos,<br />
não tinha o espaço de manobra<br />
<strong>que</strong> a crise e o memorando da<br />
troika mais tarde lhe abriram. O<br />
<strong>que</strong>, de resto, não lhe resolveu os<br />
piores problemas. Parcialmente<br />
responsável pela paternidade<br />
do Estado Social e da burocracia<br />
Infelizmente,<br />
o Governo<br />
não contou<br />
com a<br />
sociedade<br />
portuguesa.<br />
Uma<br />
sociedade<br />
rural <strong>que</strong><br />
passou<br />
para uma<br />
soi-disant<br />
sociedade<br />
de serviços,<br />
sem nunca<br />
verdadeiramente<br />
se<br />
industrializar<br />
JOSÉ MANUEL RIBEIRO/REUTERS<br />
a <strong>que</strong> na altura Cavaco chamou<br />
“o monstro”, o PSD não podia<br />
inverter de repente a sua posição<br />
tradicional e anunciar <strong>que</strong> se<br />
convertera por iluminação<br />
celeste a uma versão indígena do<br />
neoliberalismo. Neste aperto, <strong>que</strong><br />
dura até hoje, foi dando uma no<br />
cravo e outra na ferradura, à espera<br />
<strong>que</strong> da mistura acabasse tarde ou<br />
cedo por sair qual<strong>que</strong>r coisa de<br />
bom.<br />
Infelizmente, não contou<br />
com a sociedade portuguesa.<br />
Uma sociedade rural <strong>que</strong><br />
passou para uma soi-disant<br />
sociedade de serviços, sem nunca<br />
verdadeiramente se industrializar.<br />
Uma sociedade dependente do<br />
Estado, desde “a sopa do convento”,<br />
agora não por acaso ressuscitada.<br />
Uma sociedade parada e conformista,<br />
<strong>que</strong> odiava (e odeia) o individualismo<br />
e a mudança (“indivíduo” continua<br />
a ser um termo pejorativo em<br />
Portugal). E uma sociedade <strong>que</strong><br />
sempre se <strong>que</strong>ixou em vão da falta<br />
de uma iniciativa privada, <strong>que</strong> não<br />
aparecia ou morria depressa. O<br />
Governo de Passos Coelho não viu, e<br />
persiste em não ver, o país real e julga<br />
<strong>que</strong> o transformará, restabelecendo<br />
a liberdade, a concorrência e a<br />
inovação na economia. Sucede<br />
<strong>que</strong> Portugal não é a América,<br />
nem a <strong>Europa</strong> do Norte. Não se<br />
cria uma cultura com uma retórica<br />
emprestada e meia dúzia de leis.<br />
Depois da dívida e do orçamento,<br />
fi cará o país do costume: obediente<br />
e resignado, com vaga esperança de<br />
um milagre improvável.<br />
Catalunha das neves<br />
Nélson Garrido leva-nos pelos Pirenéus<br />
catalães sob o signo da neve e com Lleida<br />
como centro nevrálgico. Esta fotogaleria<br />
é um passeio entre florestas e aldeias de<br />
pedra e madeira em vales profundos, entre<br />
pistas de esqui e igrejas românicas.<br />
fugas.publico.pt<br />
Rato, Tone, Culatra e Bino morrem aqui?<br />
Estreia a 6 de Setembro o último filme da<br />
primeira trilogia do cinema português. Em<br />
Balas & Bolinhos – O Último Capítulo, onde<br />
os quatro criminosos com pouco tento na<br />
língua se profissionalizam e entram na<br />
espionagem internacional. Veja como.<br />
p3.publico.pt<br />
I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8<br />
Futebol<br />
A infelicidade de Varela<br />
foi a sorte do Benfica<br />
Pág. 41<br />
Egipto<br />
O ano da revolução<br />
vivido por três jovens<br />
egípcios Págs. 32/33<br />
Lojas antigas<br />
Uma “ar<strong>que</strong>olojista” faz<br />
viagem pelas lojas-avós<br />
de Lisboa Págs. 34/35<br />
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