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Cavaquistas querem que Vítor Gaspar saia - Europa

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Dom 29 Janeiro Edição Lisboa<br />

Domingo, 29 de Janeiro de 2012, Ano XXII, n.º 7965, 1,60€<br />

Directora: Bárbara Reis<br />

Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Miguel <strong>Gaspar</strong><br />

Directora executiva Online: Simone Duarte; Directora de Arte: Sónia Matos<br />

www.publico.pt<br />

Mania dos cupões<br />

A crise transformou<br />

os portugueses em<br />

caçadores de negócios e<br />

de promoções Pública<br />

Teresa de Sousa diz <strong>que</strong> chegou o momento<br />

de dizer <strong>que</strong> o rei vai nu Vasco Pulido Valente<br />

fala da esperança de um milagre improvável<br />

<strong>Cavaquistas</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong><br />

<strong>que</strong> <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> <strong>saia</strong><br />

Proeminentes cavaquistas vêem ministro como “um ultraliberal”<br />

a destruir o modelo social e económico construído após o 25 de<br />

Abril a Críticas centram-se nas medidas de austeridade Pág. 17<br />

Tudo vale menos: a hora de trabalho, os produtos e os serviços<br />

Grandes empresas investiram<br />

menos 23% em 2011 Págs. 4 a 9 e Editorial<br />

Novo ciclo Sobrinho Simões Elísio Estan<strong>que</strong><br />

Novo líder<br />

da CGTP<br />

promete luta<br />

Pág. 18/19<br />

Para manter<br />

o SNS há <strong>que</strong><br />

‘racionar’<br />

Págs. 12/14<br />

Internacional Internacional<br />

“A classe média<br />

está em risco<br />

de implosão”<br />

Págs. 22/23<br />

RUI GAUDÊNCIO


2 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Caras da semana<br />

Frases<br />

“A lengalenga da<br />

es<strong>que</strong>rda (…) sobre<br />

a austeridade e<br />

o crescimento<br />

económico não<br />

inclui (…) o corte do<br />

Estado, do seu peso<br />

e da percentagem da<br />

ri<strong>que</strong>za nacional <strong>que</strong><br />

gasta todos os anos<br />

para continuar gordo,<br />

anafado, burocrático,<br />

corrupto.”<br />

António Ribeiro<br />

Ferreira<br />

i<br />

“Se têm dúvidas sobre<br />

como se faz, basta<br />

apanharem um voo<br />

para Roma e falarem<br />

durante umas horas<br />

com Mario Monti.”<br />

Idem<br />

Ibidem<br />

“Não parece arriscado<br />

dizer <strong>que</strong> Carvalho da<br />

Silva se preparou bem<br />

de mais para agora<br />

se realizar apenas<br />

como investigador<br />

académico ou<br />

comentador e autor<br />

de livros.”<br />

João Marcelino<br />

Diário de Notícias<br />

O seguro<br />

PM não precisa “nem de mais<br />

tempo, nem de mais dinheiro”<br />

Pedro Passos Coelho Jorge Silva Carvalho<br />

a Passos Coelho é um primeiro-ministro<br />

cheio de autoconfi ança. Num<br />

momento em <strong>que</strong> na <strong>Europa</strong> e até no<br />

mundo ocidental ninguém tem certezas<br />

sobre o <strong>que</strong> vai ser o futuro e<br />

sobre como vai ser superada a crise<br />

económico-social, Passos Coelho assumiu<br />

publicamente <strong>que</strong> está certo<br />

de <strong>que</strong> vai cumprir todos os objectivos<br />

<strong>que</strong> a agenda de austeridade da<br />

troika lhe exige e <strong>que</strong> não irá precisar<br />

de ajuda fi nanceira extra, nem de renogociar<br />

os prazos de cumprimento<br />

dos objectivos. Resta saber se Passos<br />

Coelho tem excesso de autoconfi ança<br />

ou se é dono de uma bola de cristal.<br />

Quem os viu e <strong>que</strong>m os vê Barack Obama<br />

2004<br />

a Em Julho de 2004, no último<br />

dia da Convenção do Partido<br />

Democrata <strong>que</strong> escolheu John<br />

Kerry para tentar impedir a<br />

reeleição de George W. Bush, a<br />

América tomou conhecimento<br />

do “fenómeno Obama”. Coube<br />

ao jovem e quase desconhecido<br />

senador do Illinois o discurso<br />

principal. Fora escolhido quase<br />

por acaso. Haveria de render<br />

a sala ao poder extraordinário<br />

das suas palavras. Três anos e<br />

meio mais tarde, numa tarde<br />

cinzenta e gélida do Iowa,<br />

iniciava uma inesperada<br />

caminhada <strong>que</strong> o levaria à<br />

Casa Branca, numa campanha<br />

eleitoral <strong>que</strong> mobilizou o<br />

mundo. Parafraseando Chris<br />

Patten, “hoje já sabemos <strong>que</strong><br />

não caminha sobre as águas”.<br />

O mundo em desordem <strong>que</strong><br />

herdou revelou-se muito mais<br />

difícil de ordenar. A economia<br />

americana mostra-se resistente<br />

a todos os estímulos. A política<br />

de Washington, <strong>que</strong> prometeu<br />

regenerar, transformou-se numa<br />

arena em <strong>que</strong> vale quase tudo.<br />

O Presidente <strong>que</strong> desencadeou<br />

todas as esperanças enfrenta<br />

hoje todas as desilusões. No dia<br />

24 de Janeiro, à noite, perante<br />

um Congresso mais dividido do<br />

<strong>que</strong> nunca, Obama iniciou nove<br />

meses de campanha eleitoral<br />

com um discurso sobre o estado<br />

da União cujo primeiro objectivo<br />

foi separar as águas. Elegeu<br />

O precavido<br />

O isolamento como arma<br />

de defesa<br />

a No fi nal da semana passada, o exespião<br />

saiu da maçonaria e da polémica<br />

loja Mozart. Dias depois, demitiu-se<br />

de todos os cargos <strong>que</strong> ocupava<br />

na Ongoing, grupo liderado por Nuno<br />

Vasconcelos. Silva Carvalho, ex-director<br />

do serviço de informações estratégicas<br />

de Defesa, é acusado de ter<br />

usado informações recolhidas pelos<br />

serviços secretos para benefício da<br />

Ongoing. Silva Carvalho está no centro<br />

de todas as investigações e todas<br />

estas passam pelo Departamento de<br />

Investigação e Acção Penal. Antes <strong>que</strong><br />

as ondas de cho<strong>que</strong> façam baixas, o<br />

ex-espião afasta-se.<br />

o combate às desigualdades<br />

económicas como o seu tema.<br />

A mensagem: não há economia<br />

forte sem uma classe média forte.<br />

A partir de agora, os bail-out são<br />

para as pessoas e não para os<br />

ban<strong>que</strong>iros. “Podemos optar por<br />

um país em <strong>que</strong> um número cada<br />

vez mais pe<strong>que</strong>no de pessoas<br />

estão muito bem, enquanto um<br />

número crescente de americanos<br />

mal consegue chegar ao fi m do<br />

mês; ou podemos restaurar uma<br />

economia em <strong>que</strong> cada um tem a<br />

sua oportunidade, faz a sua parte<br />

e em <strong>que</strong> todos vivem segundo<br />

as mesmas regras”. O guião para<br />

uma campanha <strong>que</strong> será difícil<br />

mas <strong>que</strong> está longe de estar<br />

perdida. Teresa de Sousa<br />

FRANK POLICH/REUTERS


O corajoso<br />

Explicação do nome anterior<br />

com duas linhas<br />

Editorial<br />

O país em saldos<br />

Se o túnel europeu é longo e sinuoso,<br />

o túnel português está às escuras. O<br />

optimismo do primeiro-ministro, <strong>que</strong> esta<br />

semana insistiu não precisar “nem de mais<br />

tempo nem de mais dinheiro” para tirar o<br />

país da crise, esbarra diariamente na realidade.<br />

Do Nobel da Paz Muhammad Yunus em Davos,<br />

Mario Monti em Itália, Barack Obama nos EUA<br />

ou o círculo de proeminentes cavaquistas em<br />

Portugal, aumenta a passos rápidos o clube dos<br />

<strong>que</strong> defendem <strong>que</strong> a austeridade, sozinha, não<br />

é a solução para a crise; <strong>que</strong> o mundo não pode<br />

continuar obcecado com o défi ce, a cortar e a<br />

aplicar severos programas de austeridade; <strong>que</strong><br />

este caminho vai levar a uma desestruturação da<br />

economia e a uma espiral económica negativa de<br />

efeitos imprevisíveis; <strong>que</strong> temos <strong>que</strong> começar a<br />

pensar a sério no crescimento, no investimento e na<br />

criação de emprego. Finalmente, este é o tema da<br />

próxima cimeira europeia, amanhã em Bruxelas.<br />

Mas de Melgaço a Silves, o túnel está escuro.<br />

Pessoas perdem o emprego, os <strong>que</strong> têm trabalho<br />

aceitaram ou vão aceitar receber menos dinheiro<br />

pelo mesmo trabalho — ou por mais trabalho —, as<br />

empresas fecham, e as <strong>que</strong> não fecham fornecem<br />

os seus produtos e serviços por menos. Portugal<br />

está a poupar, mas não para criar uma base sólida<br />

de estabilidade e segurança. Está a poupar para<br />

fi car mais pobre. Os cortes atravessam tudo e todos,<br />

das empresas públicas, <strong>que</strong> têm de cortar em 15%<br />

os custos de pessoal e fornecimentos externos, às<br />

privadas, <strong>que</strong> seguem agora o mesmo caminho.<br />

Como é <strong>que</strong> a economia vai crescer assim? Onde<br />

nos levará este empobrecimento?<br />

A crise tem alguns resultados positivos. Há novas<br />

ideias. Mario Monti, por exemplo, propôs em Itália<br />

uma maior fl exibilização na lei laboral, mas não<br />

isolada. Ao mesmo tempo, <strong>que</strong>r aumentar o valor<br />

do trabalho dos assalariados precários. Muitos<br />

portugueses estão a sair do país, resolvendo três<br />

problemas num só gesto (o seu, o de Portugal e o<br />

do país <strong>que</strong> os recebe). Um outro resultado positivo<br />

é <strong>que</strong> há hoje, como nunca, uma vigilância das<br />

contas públicas e uma atenção ao desperdício.<br />

Basta pensar nas novas ideias sobre aproveitamento<br />

das sobras dos restaurantes ou ver o blog Má<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 3<br />

Mario Monti Carvalho da Silva Vasco Graça Moura<br />

a O primeiro-ministro italiano Mario<br />

Monti está a sacudir a Itália. Não deu<br />

prioridade às privatizações e, em vez<br />

disso, iniciou esta semana um ata<strong>que</strong><br />

às “corporações” e aos privilégios.<br />

Taxistas, advogados, notários, farmacêuticos<br />

e outras profi ssões já anunciaram<br />

protestos e greves. Fala em<br />

mais fl exibilidade e maior equidade,<br />

e tem ideias concretas — e originais —<br />

para levar à prática esse apelo. Não<br />

<strong>que</strong>r <strong>que</strong> alguns trabalhadores sejam<br />

“excessivamente protegidos” à custa<br />

dos <strong>que</strong> são “privados de protecção”.<br />

Como? Em Itália, o trabalho precário<br />

passará a ser mais caro.<br />

O desejado<br />

Fecha 25 anos à frente da CGTP<br />

e sai pela porta grande<br />

a Líder da CGTP durante 25 anos,<br />

Carvalho da Silva tem hoje uma imagem<br />

e uma credibilidade pública muito<br />

diferente da <strong>que</strong> tinha quando começou<br />

a ser coordenador da central,<br />

em 1986, ou quando, em 1999, passou<br />

a usar o título de “secretário-geral”.<br />

Sai pela porta grande. Com um prestígio<br />

<strong>que</strong> o coloca como uma fi gura<br />

de referência à es<strong>que</strong>rda, mas não só.<br />

É olhado como um homem <strong>que</strong> ainda<br />

pode vir a desempenhar funções<br />

públicas e ter iniciativa cívica e política<br />

com desta<strong>que</strong>, sobretudo num<br />

momento em <strong>que</strong> a perspectiva da<br />

tensão social está na ordem do dia.<br />

O entalado<br />

O poeta começa uma nova vida<br />

no CCB de mãos na cabeça<br />

a Graça Moura é senhor de uma cultura<br />

considerável e um dos poucos<br />

intelectuais de prestígio <strong>que</strong> aceita<br />

fazer política em Portugal, tem gerido<br />

a sua carreira pessoal e política sem<br />

ceder à tentação mediática e sem se<br />

deixar envolver nos jogos de bastidores<br />

do poder. É por isso <strong>que</strong> Graça<br />

Moura não merecia ser exposto da<br />

forma como foi na trapalhada <strong>que</strong> o<br />

Governo criou para substituir Mega<br />

Ferreira à frente do Centro Cultural<br />

de Belém. É <strong>que</strong> convidar Mega e depois<br />

desconvidar, para então chamar<br />

Graça Moura, dá a este uma imerecida<br />

imagem de comissário político.<br />

A pergunta de Alberto Costa para Pedro Passos Coelho<br />

Como se explica a incoerência territorial<br />

demonstrada nas mudanças anunciadas pelos<br />

ministros da Administração Interna (fim dos<br />

governos civis) e da Justiça (criação de tribunais<br />

distritais)?<br />

Respondendo ao desafio do PÚBLICO, Alberto Costa, ex-ministro da Administração Interna e da Justiça de governos PS, <strong>que</strong>stiona o primeiro-ministro<br />

As empresas do PSI-20 investiram no ano passado menos 23% do <strong>que</strong> em 2010. Sem investimento, não há crescimento<br />

Despesa Pública, no qual, e correndo o risco de<br />

algum populismo, são denunciados gastos como<br />

a construção de três ligações numa auto-estrada<br />

separadas por dez quilómetros.<br />

Mas mais do <strong>que</strong> a desvalorização real do país, o<br />

<strong>que</strong> angustia são os sinais de <strong>que</strong> o túnel, em vez<br />

de ter no fi m uma luz, ainda <strong>que</strong> ténue, tem um<br />

muro. Até Setembro, os investimentos das maiores<br />

empresas portuguesas cotadas em bolsa recuaram<br />

23%. Metade investiu 1700 milhões de euros menos<br />

do <strong>que</strong> em 2010.<br />

Isto signifi ca <strong>que</strong> a inovação passará a ser um luxo<br />

asiático, <strong>que</strong> as ideias novas fi cam por testar e <strong>que</strong><br />

as ideias boas já aprovadas são transformadas…<br />

para pior. Os exemplos sucedem-se. A renovação<br />

das escolas públicas vai ter um corte de 65 milhões;<br />

a Reboleira não vai afi nal ter uma estação de metro;<br />

no centro histórico de Lisboa vai afi nal nascer<br />

um silo para automóveis em altura, por<strong>que</strong> a<br />

construção em subsolo é cara.<br />

Estamos num ciclo vicioso. O país está em saldos<br />

e a época da nova colecção foi adiada. Não sabemos<br />

por quantos anos.


4 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

O país mais pobre<br />

De corte em corte,<br />

à procura da<br />

competitividade,<br />

mas em risco de cair<br />

numa espiral<br />

Em todo o país, Estado, bancos, empresas e famílias<br />

olham para o orçamento e reajustam a despesa. O<br />

efeito é o de uma bola de neve de cortes, poupanças e<br />

desemprego. Será <strong>que</strong> o país vai sair assim da crise?<br />

Por Sérgio Aníbal (texto) e Rui Gaudêncio (fotografi as)<br />

Nos meios académicos chamamlhe<br />

vários nomes <strong>que</strong> poucos reconhecem:<br />

é a desvalorização real, a<br />

desalavancagem ou o ajustamento<br />

competitivo. Mas, com esses ou outros<br />

nomes, o <strong>que</strong> é certo é <strong>que</strong> a<br />

generalidade dos portugueses já<br />

está a sentir na pele, de forma muito<br />

clara, os efeitos da nova e triste<br />

realidade da economia portuguesa<br />

para os próximos anos. Todos poupam,<br />

todos cortam custos e, como<br />

consequência, todos perdem negócios<br />

e todos vêem reduzidos os seus<br />

rendimentos. É um efeito dominó<br />

sem um fi m óbvio à vista, <strong>que</strong> alguns<br />

consideram ser a única forma de o<br />

país sair da sua crise de sobreendividamento<br />

e reconquistar competitividade<br />

externa, e <strong>que</strong> outros vêem<br />

como o caminho para uma espiral<br />

económica negativa com efeitos políticos<br />

e sociais imprevisíveis.<br />

Tudo começou, é claro, com o<br />

endividamento do Estado, das empresas<br />

e das famílias. Depois de terem<br />

estado durante uma década a<br />

emprestar grandes quantidades de<br />

dinheiro a juros baixos, os mercados<br />

externos descobriram, depois<br />

da crise fi nanceira internacional e<br />

das revisões sucessivas dos défi ces<br />

gregos, <strong>que</strong> afi nal pode existir um<br />

risco grande nos empréstimos feitos<br />

a Portugal.<br />

A torneira do crédito externo fechou<br />

abruptamente para o Estado,<br />

para os bancos e para as grandes empresas<br />

nacionais. O Estado teve de<br />

recorrer aos parceiros da zona euro<br />

e ao FMI, <strong>que</strong> garantiram três anos<br />

de fi nanciamento a troco de uma redução<br />

do défi ce próxima de 15 mil<br />

milhões de euros no mesmo espaço<br />

de tempo. Os bancos encontraram<br />

salvação no BCE, mas tiveram de<br />

limitar a concessão de crédito aos<br />

seus clientes (empresas e famílias)<br />

e apostar antes em receber depósitos.<br />

A partir daqui começa a formarse<br />

a bola de neve <strong>que</strong> conduz a uma<br />

contracção da economia <strong>que</strong> se prevê<br />

constitua um recorde das últimas<br />

décadas em Portugal.<br />

Estado dá o mote<br />

A nova pressa de poupar e de cortar<br />

do Estado (cuja despesa representa<br />

quase metade do PIB português) tem<br />

um impacto quase generalizado no<br />

país. O consumo público diminuiu<br />

3,2% em 2011 e deverá cair, de acordo<br />

com a Comissão Europeia, 6,2% em<br />

2012. Para se ter uma ideia da dimensão<br />

deste corte, nas últimas quatro<br />

décadas em Portugal apenas mais um<br />

ano em <strong>que</strong> o consumo público diminuiu,<br />

em 2006, e foi apenas 0,7%.<br />

Cada vez <strong>que</strong> o Estado poupa,<br />

alguém sofre uma baixa no rendimento.<br />

As empresas fornecedoras,<br />

as construtoras mais dependentes<br />

das obras públicas e os benefi ciários<br />

dos apoios sociais vêem o seu rendimento<br />

baixar imediatamente.<br />

Depois há os salários. O Estado<br />

cortou em 2011 os salários dos funcionários<br />

públicos em 5%. Este ano,<br />

o corte será maior, através da suspensão<br />

dos subsídios de férias e Natal.<br />

Estes cortes, além de levarem as empresas<br />

privadas a fazerem o mesmo,<br />

retiram do bolso de uma quantidade<br />

signifi cativa da população (há mais<br />

de 700 mil funcionários públicos)<br />

uma parte do seu rendimento.<br />

Dentro do universo Estado, há<br />

ainda <strong>que</strong> levar em conta os cortes<br />

forçados nos orçamentos das<br />

empresas públicas. No ano passado<br />

e neste, a redução da des-


pesa tem de ascender aos 15%.<br />

Com este encolhimento do Estado,<br />

surgem uma série de efeitos secundários.<br />

As empresas <strong>que</strong> têm o Estado<br />

como cliente têm, para equilibrar as<br />

contas, de fazer as suas próprias poupanças<br />

e, em muitos casos, despedem<br />

parte do pessoal. Este aumento<br />

do desemprego (para além de criar<br />

uma despesa) retira rendimentos às<br />

famílias afectadas.<br />

Consumo cai a pi<strong>que</strong><br />

Ao mesmo tempo, os funcionários<br />

públicos <strong>que</strong> vêem o salário diminuir<br />

e os benefi ciários da segurança<br />

social <strong>que</strong> perdem rendimento<br />

adaptam os seus orçamentos à nova<br />

realidade.<br />

O resultado óbvio é uma <strong>que</strong>da<br />

5,9% Corte<br />

previsto<br />

no consumo<br />

privado durante<br />

o próximo ano,<br />

o pior resultado<br />

de <strong>que</strong> há registo<br />

em Portugal<br />

acentuada do consumo privado.<br />

Em 2011, já diminui 4,2%, o pior resultado<br />

de <strong>que</strong> há registo. Mas em<br />

2012, será ainda pior: 5,9% de acordo<br />

com a Comissão Europeia. Em<br />

1983, da última vez <strong>que</strong> o FMI esteve<br />

em Portugal, a <strong>que</strong>da tinha sido de<br />

“apenas” 0,3%.<br />

A bola de neve não pára aqui, naturalmente.<br />

Esta <strong>que</strong>bra do consumo<br />

faz com <strong>que</strong> muitas lojas, indústrias,<br />

fornecedores de serviços e o próprio<br />

Estado sintam uma perda abrupta<br />

das suas receitas. O resultado é, no<br />

sector privado, mais cortes no investimento,<br />

mais trabalhadores colocados<br />

no desemprego e mais empresas<br />

a declararem falência. Tudo fenóme-<br />

nos <strong>que</strong> tendem a autoalimentar-se e<br />

a tornar a tarefa inicial do Estado de<br />

cortar o défi ce mais difícil e, <strong>que</strong>m<br />

sabe, a exigir ainda mais medidas de<br />

austeridade.<br />

Qual é o fi nal da história?<br />

Quem defende esta estratégia económica<br />

de ajustamento abrupto das<br />

contas públicas e do endividamento<br />

externo do país — um grupo onde se<br />

incluem para além da troika, o Governo<br />

e o Banco de Portugal — considera-a<br />

inevitável, uma vez <strong>que</strong> os<br />

credores internacionais perderam<br />

a confi ança no país e, sendo assim,<br />

torna-se impossível continuar a pedir<br />

dinheiro emprestado. E vêem um<br />

fi nal feliz para esta história difícil.<br />

Com as empresas a reduzirem os<br />

seus custos, Portugal vai conseguir<br />

substituir o antigo crescimento baseado<br />

no consumo por um crescimento<br />

mais saudável baseado num<br />

excedente comercial, <strong>que</strong> reduza o<br />

nosso crecimento.<br />

Quem não acredita num fi nal feliz<br />

apresenta a Grécia e a Argentina como<br />

exemplos e afi rma <strong>que</strong> estes processos<br />

de reduções de custos consecutivas<br />

não são controláveis e podem<br />

colocar a economia numa espiral<br />

defl acionista muito perigosa. Além<br />

disso, assinalam <strong>que</strong> a aposta nas exportações<br />

só pode funcionar se no<br />

exterior estiver alguém <strong>que</strong> não está<br />

a poupar. Algo <strong>que</strong> agora não acontece,<br />

por exemplo, em Espanha ou<br />

na Alemanha, os principais destinos<br />

das exportações nacionais.<br />

A resposta a estas visões tão diferentes<br />

do rumo <strong>que</strong> a economia portuguesa<br />

está a tomar deverá surgir<br />

nos próximos dois anos e dela depende,<br />

em larga medida, a manutenção<br />

do país no projecto do euro.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 5<br />

Plano de contenção iniciou-se em Setembro<br />

Alterações nas obras da Par<strong>que</strong> Escolar<br />

permitem poupor 64,5 milhões de euros<br />

a O Ministério da Educação espera<br />

poupar 64,5 milhões de euros com<br />

a reavaliação dos projectos aprovados<br />

para as 69 escolas <strong>que</strong> a empresa<br />

pública Par<strong>que</strong> Escolar ainda tem<br />

em obras.<br />

Em resposta a <strong>que</strong>stões do PÚBLI-<br />

CO, o gabinete de imprensa do ministério<br />

precisou <strong>que</strong> a redução de<br />

custos resulta de mudanças já identifi<br />

cadas, <strong>que</strong> passam por alteração de<br />

materiais e equipamentos e pela reavaliação<br />

dos programas funcionais<br />

das escolas, designadamente no <strong>que</strong><br />

respeita às projecções do número e<br />

tipo de turmas e os seus impactos<br />

nos espaços necessários.<br />

Segundo o Ministério da Educação<br />

e Ciência, a reavaliação dos programas<br />

funcionais incidirá, em particular,<br />

nos projectos respeitantes às<br />

turmas dos cursos profi ssionais, uma<br />

vez <strong>que</strong> são a<strong>que</strong>las “em <strong>que</strong> o número<br />

de alunos é mais variável”. Em<br />

2010, os alunos no início do ensino<br />

secundário <strong>que</strong> estavam inscritos<br />

nestes cursos representavam cerca<br />

de 49% do total.<br />

A Par<strong>que</strong> Escolar (PE) foi criada<br />

em 2007 para gerir as obras de transformação<br />

das escolas públicas com<br />

ensino secundário. Das 205 escolas<br />

<strong>que</strong> faziam parte do programa inicial<br />

(a empresa pretendia chegar a<br />

370), 103 têm as obras concluídas,<br />

o <strong>que</strong> representou um investimento<br />

de 1,3 mil milhões de euros, dos<br />

quais cerca de 70% proveniente de<br />

empréstimos. As intervenções por<br />

escola têm custado, em médio, 15<br />

milhões de euros.<br />

Em Setembro, o ministro da Educação,<br />

Nuno Crato, pediu à Inspecção-Geral<br />

de Finanças uma auditoria<br />

à empresa, <strong>que</strong> está em curso.<br />

Também está a ser auditada pelo Tribunal<br />

de Contas. Crato suspendeu<br />

ainda os projectos de intervenção<br />

em 125 escolas, <strong>que</strong> representavam<br />

mais 1,3 milhões de euros de investimento.<br />

Para as 69 <strong>que</strong> continuam em<br />

obra, Crato intimou a PE a reduzir<br />

os custos das intervenções.<br />

As mudanças<br />

incluem<br />

alterações<br />

de materiais<br />

e equipamentos<br />

e a reavaliação<br />

dos espaços<br />

projectados<br />

A assessora de imprensa da empresa<br />

indicou <strong>que</strong> o plano de contenção<br />

começou a ser avaliado em<br />

Setembro, num processo <strong>que</strong> envolveu<br />

as direcções das escolas, as direcções<br />

regionais de educação e os<br />

projectistas. No portal dos contratos<br />

públicos entregues por ajuste directo<br />

só existem, por enquanto, dois<br />

referentes a alterações aos projectos<br />

de arquitectura. Entre as mudanças<br />

propostas pelas direcções das escolas<br />

fi guram, por exemplo, a substituição<br />

de produtos estrangeiros por<br />

nacionais, nomeadamente no <strong>que</strong><br />

respeita ao material eléctrico. Nalguns<br />

casos, isto signifi ca passar de<br />

400 para 40 euros por peça.<br />

Também se está a optar mais pelo<br />

betão em detrimento das grandes<br />

superfícies de vidro estan<strong>que</strong>s <strong>que</strong><br />

são uma das marcas das intervenções<br />

da PE.<br />

Nas escolas em <strong>que</strong> as obras já estão<br />

concluídas, o consumo energético<br />

mais do <strong>que</strong> triplicou devido à<br />

omnipresença do ar condicionado.<br />

Recentemente, Nuno Crato alertou,<br />

no Parlamento, <strong>que</strong> se deixada<br />

“em roda-viva, a dívida da Par<strong>que</strong><br />

Escolar seria de 3 mil milhões em<br />

2015”. Já ultrapassou os mil milhões.<br />

Desde Setembro, já com o actual plano<br />

de contenção em vigor, a empresa<br />

gastou mais de 4 milhões de euros<br />

em contratos celebrados por ajuste<br />

directo. Clara Viana


6 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

O país mais pobre<br />

Tendência para reduzir custos salariais<br />

no sector privado acentua-se em 2012<br />

A partir do momento em <strong>que</strong> o Governo cortou os salários da função pública, as empresas<br />

privadas começaram a tentar replicar o modelo. Em algumas já houve acordo<br />

Ra<strong>que</strong>l Martins<br />

a Empresas de consultoria, arquitectura,<br />

engenharia, media, restauração,<br />

hotelaria e cultura. Muitos trabalhadores<br />

estão a ser confrontados com propostas<br />

de redução de salários, cortes<br />

na isenção de horário e outras regalias.<br />

Esta é uma tendência <strong>que</strong> se tem<br />

afi rmado no sector privado, a partir do<br />

momento em <strong>que</strong> o Governo decidiu<br />

cortar os salários no sector público,<br />

mas <strong>que</strong> é difícil de quantifi car.<br />

Nas situações relatadas ao PÚBLICO<br />

por advogados da área laboral, os cortes<br />

salariais são apresentados como a<br />

alternativa ao desemprego, ao lay off<br />

ou ao encerramento da empresa. Em<br />

muitos casos, os trabalhadores acabam<br />

por aceitar.<br />

Foi o <strong>que</strong> aconteceu com João (nome<br />

fi ctício), engenheiro numa pe<strong>que</strong>na<br />

empresa <strong>que</strong> viu mais de metade dos<br />

colegas sair ao longo dos últimos dois<br />

anos, devido às <strong>que</strong>bras na actividade.<br />

No último trimestre do ano passado, e<br />

perante as difi culdades perspectivadas<br />

para 2012, a empresa propôs um corte<br />

salarial de 15% aos <strong>que</strong> fi caram. O<br />

acordo foi assinado pela maioria, com<br />

o compromisso de a empresa rever a<br />

situação ao fi m de seis meses.<br />

Nos escritórios de advogados desde<br />

fi nais do ano passado <strong>que</strong> se sucedem<br />

os pedidos de informações por parte<br />

de empresas e trabalhadores. As primeiras<br />

<strong><strong>que</strong>rem</strong> saber como reduzir<br />

os custos salariais. Os segundos como<br />

reagir às propostas de cortes.<br />

António Garcia Pereira dá conta de<br />

pelo menos oito pedidos de informação<br />

recebidos este mês. São sobretudo<br />

casos de empresas “do sector terciário<br />

onde a taxa de sindicalização é muito<br />

baixa e onde muitos trabalhadores estão<br />

com contratos a termo”.<br />

Sem concretizar, o advogado fala<br />

em empresas prestadoras de serviços,<br />

como auditoria e consultoria, e órgãos<br />

de comunicação social de pe<strong>que</strong>na dimensão.<br />

E aponta como principal causa<br />

para estas propostas o corte salarial<br />

feito no ano passado aos funcionários<br />

públicos “<strong>que</strong> o Tribunal Constitucional<br />

validou”. “Generaliza-se a ideia de<br />

<strong>que</strong> vale tudo”, alerta.<br />

Mas, destaca o advogado, nem tudo<br />

é permitido. Antes de mais, a empresa<br />

não pode decidir unilateralmente e<br />

é preciso demonstrar <strong>que</strong> a isenção<br />

de horário de trabalho decorre da<br />

actividade da empresa e “não é uma<br />

forma de compor o salário”. E mesmo<br />

assim Garcia Pereira entende <strong>que</strong><br />

“não há hipóteses de o empregador<br />

alterar essa situação sem o acordo do<br />

trabalhador”.<br />

Também o advogado Fausto Leite<br />

tem recebido pedidos de trabalhadores<br />

para avaliar propostas das empresas.<br />

Os ateliers de arquitectura, a restauração,<br />

o imobiliário e o sector das<br />

artes são alguns dos casos <strong>que</strong> tem em<br />

mãos. A pressão para os trabalhadores<br />

aceitarem, diz, “é muito mais fácil nas<br />

micro-empresas”. “A situação é quase<br />

sempre a mesma: ou há redução dos<br />

custos salariais ou a empresa ameaça<br />

avançar para o lay off ou despedimentos”.<br />

Embora rejeite à partida medidas<br />

<strong>que</strong> levem à redução dos salários,<br />

Fausto Leite admite <strong>que</strong> em alguns<br />

casos é a única alternativa: “A redução<br />

unilateral é ilegal. Mas não me repugna<br />

se for demonstrado <strong>que</strong> é a única<br />

via para evitar o encerramento.”<br />

Filipe Fraústo da Silva, advogado<br />

da Uría Menéndez-Proença de Carvalho,<br />

os pedidos de informação de<br />

empresas chegaram depois de se confi<br />

rmarem os cortes salariais no sector<br />

público. “Muitas empresas abordamnos<br />

para saber se é possível fazer algo<br />

semelhante no privado”, relata. E há<br />

também <strong>que</strong>m <strong>que</strong>ira saber como reti-<br />

rar isenção de horário de trabalho ou<br />

pergunte se é possível despedir para<br />

depois readmitir o mesmo trabalhador<br />

por um salário mais baixo, uma<br />

situação ilegal.<br />

No caso da isenção, Fraústo da Silva<br />

lembra <strong>que</strong> há <strong>que</strong> ter em conta<br />

os contratos colectivos do sector e o<br />

contrato do trabalhador em causa. “A<br />

maior parte dos acordos de isenção<br />

de horário são omissos quanto às circunstâncias<br />

em <strong>que</strong> a empresa pode<br />

retirar a isenção.” E nesse caso, o advogado<br />

entende <strong>que</strong> a empresa deve<br />

poder retirá-la, embora os tribunais<br />

do trabalho entendam <strong>que</strong> a decisão<br />

não pode ser unilateral. Uma vez <strong>que</strong><br />

o Código do Trabalho prevê a irredutibilidade<br />

do salário, “as empresas de<br />

maior dimensão preferem não arriscar”,<br />

diz.<br />

Nos escritórios<br />

de advogados<br />

sucedem-se<br />

os pedidos<br />

de informação<br />

Os sindicatos não negam as pressões<br />

para os trabalhadores do privado<br />

aceitarem reduzir salários, mas<br />

garantem <strong>que</strong> a maioria não se concretizou.<br />

Ou por<strong>que</strong> as negociações<br />

estão a decorrer ou por<strong>que</strong> fi caram<br />

pelo caminho devido à intervenção<br />

do próprio sindicato.<br />

José Manuel Oliveira, coordenador<br />

da FECTRANS, diz <strong>que</strong> no sector privado<br />

as reduções de custos têm sido<br />

feitas sobretudo à custa do corte nas<br />

ajudas de custo. O mesmo diz Sérgio<br />

Monte, do SITRA, <strong>que</strong> aponta para os<br />

cortes <strong>que</strong> se avizinham no pagamento<br />

do trabalho suplementar, <strong>que</strong> nos<br />

transportes privados de passageiros<br />

representa 30 a 40% da remuneração<br />

<strong>que</strong> o motorista leva para casa. No sector<br />

têxtil ou do calçado, a pressão é<br />

sobretudo para aceitar fl exibilidades<br />

de horários, enquanto na indústria<br />

química, farmacêutica e no sector da<br />

propaganda médica, as empresas têm<br />

optado por reduções de pessoal, como<br />

precisaram ao PÚBLICO dirigentes<br />

sindicais.<br />

Na área da comunicação social, pelo<br />

menos dois jornais, o PÚBLICO e o i<br />

optaram por reduzir custos salariais,<br />

mas segundo Garcia Pereira há outros<br />

na calha.


Os números de um país a poupar e a renegociar tudo<br />

Estado e empresas limitam salários...<br />

Salários reais - Variação anual (%)<br />

-1,2<br />

0,6 0,5<br />

5,9<br />

e equilibram contas…<br />

Variação anual (%)<br />

Áreas já identificadas para uma poupança total prevista<br />

de 1500 milhões de euros<br />

Hospitais EPE, do sector público<br />

administrativo e unidades de saúde<br />

cortam mais nos custos com pessoal<br />

0<br />

-3,3 -5<br />

CGD<br />

Fontes: Comissão Europeia; ACSS-Administração Central do Sistema de Saúde; Empresas; PÚBLICO<br />

4<br />

0<br />

-4<br />

-8<br />

-12<br />

-159,4<br />

Investimento<br />

Águas Portugal<br />

-122,8<br />

Consumo final do Estado<br />

-6,2<br />

-9,4<br />

CTT<br />

-117,1<br />

…o resultado é uma <strong>que</strong>da do consumo<br />

e da economia…<br />

Variação anual (%)<br />

CP<br />

-63,9<br />

RTP<br />

-44,2<br />

Consumo privado<br />

Metro Lisboa<br />

-40,5<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 7<br />

…mas o défice externo é reduzido<br />

Défice externo - em % do PIB<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

Empresas<br />

Metade do PSI 20 cortou custos e perdeu-se 1,7 mil milhões de investimento<br />

Variação:<br />

Custos (%)<br />

Investimento (%)<br />

Corte de 623 milhões nas<br />

despesas de dez empresas<br />

do Estado<br />

Redução de 15% nos custos<br />

(em milhões de euros)<br />

64,5<br />

milhões de<br />

euros<br />

Zon Sonae<br />

com<br />

PT* Altri Cimpor Semapa Portucel Brisa Mota-<br />

-Engil<br />

Cortes dos subsídios<br />

de Natal e de férias<br />

na educação<br />

644<br />

milhões de euros<br />

3<br />

0<br />

-3<br />

-6<br />

J.<br />

Martins<br />

-35,5 -24,5 -6 -39 n.d. n.d. -49,7 n.d. -23,4 -22,1 -31 -54 11,8 n.d. n.d. n.d. -6,5 n.d. n.d. -15,5<br />

PIB<br />

-5,9<br />

-3<br />

10,8<br />

EDP EDP R REN BES** BCP BPI*** Galp Sonae<br />

Ind.<br />

REFER<br />

-33,7<br />

10,2<br />

12,6<br />

ANA<br />

-17,2<br />

10,8<br />

9,7<br />

7,6<br />

Estradas<br />

Portugal<br />

Metro Porto<br />

-16,7<br />

-7,5<br />

5<br />

Banif Sonae<br />

-4,9 -8,7 -10,8 13,3 4 11 15,6 6,2 4,7 10,9 -2,7 17 -3,3 -4,8 -5,4 -2,5 19 4,4 -2,7 -0,4<br />

*Excluíndo impacto da consolidação da Oi e da Contax; **Excluindo impacto da consolidação das novas unidades internacionais e custos decorrentes da integração dos colaboradores na Segurança Social ; ***Excluíndo custos com reformas antecipadas<br />

Educação<br />

Reanálise de projectos<br />

de obras e alteração de<br />

materiais em 69 escolas<br />

da Par<strong>que</strong> Escolar ainda<br />

em obra<br />

Saúde<br />

Novembro de 2011<br />

Valor em milhões de euros var. homóloga<br />

Custos operacionais 3943<br />

Material Consumo<br />

Clínico 275<br />

Produtos<br />

Farmacêuticos 860<br />

Fornecimentos e<br />

Serviços Externos (FSE) 662<br />

Custos ajustados<br />

com Pessoal 2101<br />

dos quais:<br />

Custos com horas<br />

extraordinárias e<br />

suplementos, 279<br />

dos quais:<br />

- Médicas 169<br />

- Enfermagem 71<br />

- outro Pessoal 38<br />

-4,4%<br />

-2,11%<br />

0,89%<br />

-6,3%<br />

-6,56%<br />

-11,87%<br />

-13,44%<br />

-9,44%<br />

-9,13%<br />

milhões<br />

de euros<br />

Encargos do SNS<br />

Comparticipações<br />

1328<br />

milhões<br />

de euros<br />

Jan.-Dez. 2011<br />

Consumo<br />

nos hospitais<br />

Jan.-<br />

Nov.<br />

2011<br />

937<br />

milhões<br />

de euros<br />

Variação<br />

homóloga<br />

2,4%<br />

Variação<br />

homóloga<br />

-19%<br />

Despesa do Estado com<br />

medicamentos sobe<br />

nos hospitais<br />

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8 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

O país mais pobre<br />

Grandes<br />

empresas<br />

investiram<br />

menos 1700<br />

milhões em 2011<br />

Além da pressão para reduzir custos,<br />

com consequências directas para os<br />

fornecedores, as empresas públicas<br />

e privadas colocaram um travão<br />

sério ao crescimento a longo prazo<br />

Ra<strong>que</strong>l Almeida Correia<br />

a Há uma contenção de custos generalizada<br />

nas empresas públicas e<br />

privadas. Um esforço para reagir com<br />

poupança aos males da crise, <strong>que</strong> afecta<br />

fornecedores, trabalhadores e até<br />

o desenvolvimento das regiões onde<br />

estão instaladas. Mas mais do <strong>que</strong> estes<br />

cortes imediatos, há um blo<strong>que</strong>io<br />

em relação ao futuro.<br />

Até Setembro, os investimentos das<br />

maiores empresas cotadas portuguesas<br />

recuaram quase 23%. Nas empresas<br />

do Estado, crescer deixou de ser<br />

uma hipótese.<br />

Os resultados mais recentes das<br />

20 empresas <strong>que</strong> compõem o índice<br />

PSI 20, relativos aos primeiros nove<br />

meses de 2011, mostram <strong>que</strong> metade<br />

cortou no investimento, o <strong>que</strong> resultou<br />

numa perda de 1700 milhões de<br />

euros. Este recuo segue a tendência já<br />

verifi cada desde o início do ano, mas<br />

<strong>que</strong> se intensifi cou no terceiro trimestre.<br />

Entre Janeiro e Junho, tinha-se<br />

registado uma <strong>que</strong>da de 900 milhões<br />

de euros, <strong>que</strong> agora se agravou.<br />

Olhando para o sector privado, nos<br />

mais variados sectores de actividade,<br />

os tempos têm sido de emagrecer,<br />

de pôr ideias na prateleira e não<br />

de investir. Um dos casos <strong>que</strong> mais<br />

poeira levantou foi o da Nissan, <strong>que</strong><br />

anunciou em Dezembro a suspensão<br />

da unidade industrial <strong>que</strong> tinha planeado<br />

construir em Cacia, Aveiro. O<br />

projecto foi anunciado em 2009, com<br />

um investimento associado de 250<br />

milhões de euros.<br />

Estes recuos não podem ser dissociados<br />

da instabilidade <strong>que</strong> o país e o<br />

mundo atravessam, provocando, no<br />

caso da indústria automóvel, <strong>que</strong>bras<br />

fortes no consumo <strong>que</strong> obrigam as<br />

empresas a repensar os planos.<br />

O mesmo se passa no sector público,<br />

onde, além do mercado, as<br />

empresas têm sobre si outro peso: a<br />

obrigação de respeitar as directrizes<br />

do accionista Estado — sob pressão de<br />

um programa de ajustamento económico<br />

<strong>que</strong> têm de cumprir.<br />

Ordem para recuar<br />

No sector empresarial do Estado<br />

(SEE) as indicações são claras: só<br />

há novos projectos para <strong>que</strong>m os<br />

conseguir pagar. O Governo impôs<br />

tectos máximos de endividamento<br />

às empresas públicas, impedindo-as<br />

de aumentarem o passivo fi nanceiro<br />

e, com isso, de desequilibrarem as<br />

contas do Estado. Mas, mesmo assim,<br />

as previsões apontam para derrapagens.<br />

E, por isso, o futuro está hoje a<br />

ser gerido em marcha-atrás.<br />

Ainda esta semana soube-se <strong>que</strong> foi<br />

suspensa a construção da estação de<br />

metro da Reboleira (Amadora), <strong>que</strong><br />

iria funcionar como um interface da<br />

CP e da Metro de Lisboa com capaci-<br />

O Ministério da Saúde ainda não<br />

sabe quando vai poder começar<br />

a pagar as dívidas em atraso<br />

aos seus fornecedores. A ideia<br />

era começar a utilizar a verba<br />

de 1500 milhões de euros, <strong>que</strong><br />

resultou da integração no Estado<br />

do Fundo de Pensões da Banca,<br />

em Fevereiro, mas o atraso na<br />

aprovação e entrada em vigor da<br />

nova Lei dos Compromissos está<br />

a impedir a disponibilização do<br />

dinheiro. O assessor de imprensa<br />

do ministro da Saúde, Miguel<br />

Vieira, confirmou ao PÚBLICO<br />

<strong>que</strong> ainda “não há previsão para<br />

começar a pagar” uma vez <strong>que</strong> a<br />

troika exige “um compromisso do<br />

Governo para criar um conjunto<br />

dade para servir milhares de pessoas.<br />

A obra foi anunciada em 2008, ainda<br />

com Ana Paula Vitorino na Secretaria<br />

de Estado dos Transportes e tinha<br />

um custo inicialmente previsto de<br />

58 milhões de euros, <strong>que</strong> derrapou.<br />

Contava-se <strong>que</strong> fi casse concluída no<br />

segundo semestre deste ano.<br />

Na área dos transportes públicos,<br />

não faltam freios. Até por<strong>que</strong> todo o<br />

sector está em profunda reestruturação,<br />

<strong>que</strong> culminará, dew acordo com<br />

os planos do Governo, em fusões de<br />

empresas em Lisboa e no Porto, na suspensão<br />

de linhas e serviços e em milhares<br />

de rescisões com trabalhadores.<br />

Este travão não é, porém, um exclusivo<br />

das empresas de transportes. Outras<br />

companhias do Estado estão a inverter<br />

a marcha: os CTT, por exemplo, avançaram<br />

em 2011 com o encerramento de<br />

cerca de 100 estações de correios.<br />

Tanto no sector público, como no<br />

privado, teme-se <strong>que</strong> estes recuos co-<br />

Na Saúde, há áreas em <strong>que</strong> se poupa mas o problem<br />

de procedimentos de forma a<br />

evitar nova dívida”.<br />

“Além do compromisso de<br />

<strong>que</strong> os hospitais só podem<br />

encomendar produtos aos<br />

fornecedores com dinheiro em<br />

caixa, o ministério está a preparar<br />

vários procedimentos” para evitar<br />

a contracção de nova dívida,<br />

acrescentou.<br />

O ministro das Finanças admite<br />

riscos na execução orçamental do<br />

Ministério da Saúde, <strong>que</strong> mostra<br />

estar a poupar nos custos com<br />

pessoal e comparticipações dos<br />

medicamentos, mas não consegue<br />

travar o aumento do valor das<br />

dívidas aos fornecedores do<br />

Serviço Nacional de Saúde


lo<strong>que</strong>m em risco o crescimento a longo<br />

prazo. Manuel Reis Campos, presidente<br />

da Associação dos Industriais<br />

da Construção Civil e Obras Públicas,<br />

diz <strong>que</strong> há “um empobrecimento <strong>que</strong><br />

não traz nada de bom à economia”.<br />

A ausência de novas obras, <strong>que</strong> tem<br />

levado o sector à fragilidade, signifi -<br />

ca também <strong>que</strong> “há uma degradação<br />

mais geral, <strong>que</strong> impede a criação de<br />

postos de trabalho, ganhos para fornecedores<br />

e até o desenvolvimento<br />

do território”.<br />

Tesouradas de curto prazo<br />

Mas os efeitos desta tendência também<br />

se sentem no curto prazo, com<br />

a vaga de redução de custos <strong>que</strong> as<br />

empresas parecem ter assumido como<br />

regra número um do manual para<br />

sobreviver à crise. No PSI 20, metade<br />

das empresas cortaram nas despesas,<br />

de acordo com os resultados até Setembro<br />

de 2011. Além dos gastos com<br />

a é pagar o <strong>que</strong> deve<br />

(SNS), nomeadamente na área do<br />

medicamento hospitalar.<br />

De acordo com os números<br />

mais recentes disponibilizados<br />

ao PÚBLICO pelas associações<br />

dos dois principais fornecedores<br />

do sector, a dívida aos<br />

laboratórios farmacêuticos<br />

e empresas de dispositivos<br />

médicos ultrapassou os dois mil<br />

milhões de euros no final de 2011.<br />

Ou seja, mesmo <strong>que</strong> o ministério<br />

pagasse agora a totalidade da<br />

verba <strong>que</strong> vai ser libertada pelas<br />

Finanças, ainda ficaria a dever<br />

500 milhões só a estes dois<br />

grupos de empresas.<br />

Dados provisórios da<br />

Associação Portuguesa da<br />

pessoal, aplicam tesouradas em serviços<br />

básicos, seja electricidade, papel<br />

ou transportes.<br />

Também têm feito pressão sobre<br />

fornecedores de ideias, cortando tudo<br />

o <strong>que</strong> vêem como menos indispensável.<br />

Neste fi ltro, uma das primeiras<br />

vítimas é o marketing. “Para conseguirem<br />

melhorar os seus resultados,<br />

[as empresas] hipotecam o futuro”,<br />

admite Sofi a Barros, secretária-geral<br />

da Associação Portuguesa de Empresas<br />

de Publicidade. “Fornecedores e<br />

clientes estão no mesmo barco e deveriam,<br />

em conjunto, atacar a ‘doença’”,<br />

conclui.<br />

No sector público, nem se<strong>que</strong>r há<br />

escolha. As empresas têm de cortar<br />

em 15% os custos de pessoal e fornecimentos<br />

externos. Tendo em conta<br />

os gastos de 10 das maiores empresas<br />

do SEE, como a Refer ou a CGD, esta<br />

regra deverá ter signifi cado uma perda<br />

de 623 milhões de euros em 2011.<br />

Indústria farmacêutica indicam<br />

<strong>que</strong>, no final de Dezembro, a<br />

dívida global atingiu o novo<br />

recorde histórico de 1270 milhões<br />

de euros, dos quais mil milhões a<br />

mais de 90 dias, o <strong>que</strong> representa<br />

um agravamento de 29% e 42%,<br />

respectivamente, face a Janeiro.<br />

O prazo médio de pagamento<br />

disparou 104 dias para 476.<br />

De acordo com a Associação<br />

Portuguesa das Empresas de<br />

Dispositivos Médicos (Apormed),<br />

o valor da dívida cresceu 206<br />

milhões ao longo do ano passado<br />

e fechou o ano nos 778 milhões<br />

de euros. O prazo médio de<br />

pagamento agravou-se em 12 dias<br />

para 455. João d’Espiney<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 9


10 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Reportagem<br />

Este país<br />

gasta muito<br />

dinheiro<br />

mal gasto<br />

São dois Ruis e uma Bárbara, todos<br />

na casa dos 30 anos e a viver em<br />

Lisboa. Recusam a lógica do não<br />

se meter e dizer mal “deles” nas<br />

conversas de café. Criaram um<br />

blogue para denunciar os gastos<br />

despropositados da administração<br />

pública. Estão cheios de trabalho.<br />

Luís Francisco (texto)<br />

e Rita Chantre (fotografi a)<br />

a Estes três juntos podiam<br />

constituir um da<strong>que</strong>les painéis<br />

de comentadores políticos<br />

em <strong>que</strong> as nossas televisões e<br />

a blogosfera são férteis. Dois<br />

homens e uma mulher, três áreas<br />

diferentes de especialização, mas<br />

complementares para analisar<br />

a temática <strong>que</strong> se propuseram<br />

abordar. Segundo as suas próprias<br />

palavras, cada um votou num<br />

partido diferente nas últimas<br />

eleições. Mas Bárbara Rosa, Rui<br />

Abreu e Rui Oliveira Mar<strong>que</strong>s<br />

não são um painel. Aliás, eles<br />

abominam tal coisa. O <strong>que</strong> eles<br />

fazem não é opinar. Eles investigam<br />

e denunciam. Há nove meses,<br />

criaram um blogue para expor<br />

casos de gastos desnecessários ou<br />

escandalosos na administração<br />

pública.<br />

Chamaram-lhe Má Despesa<br />

Pública. Por<strong>que</strong> “tinha de ser”: “O<br />

nome é óbvio. Ainda pensámos<br />

noutros, mais bonitos, mais<br />

artísticos, apelativos. Mas este é<br />

<strong>que</strong> é o nome certo!” Bárbara,<br />

jurista, 32 anos; Rui Abreu, 34 anos,<br />

arquitecto; Rui Mar<strong>que</strong>s, 32 anos,<br />

jornalista. Ela é de Viseu, eles de<br />

Lisboa (o primeiro) e de Braga (o<br />

segundo). Todos vivem e trabalham<br />

na capital, embora dois deles em<br />

regime free-lance.<br />

Decidiram aplicar o seu tempo<br />

a praticar o “dever cívico” de<br />

escrutinar as despesas dos<br />

organismos públicos. Vasculham<br />

o portal onde são publicados os<br />

contratos por ajuste directo e<br />

descobrem “pérolas” como os<br />

1,25 milhões de euros pagos pela<br />

Câmara Municipal de Oeiras por<br />

uma escultura de Pedro Cabrita<br />

Reis ou os cinco mil euros pagos<br />

pelo presidente do Inatel, <strong>Vítor</strong><br />

Ramalho, para ser entrevistado<br />

pela revista País Positivo, <strong>que</strong> por<br />

acaso até é distribuída como encarte<br />

publicitário pelo PÚBLICO.<br />

Como é <strong>que</strong> surgiu esta ideia? Rui<br />

Mar<strong>que</strong>s é o primeiro a explicar: “Já<br />

nem nos lembrávamos… Estivemos<br />

a falar nisso antes da entrevista.<br />

Teve <strong>que</strong> ver com uma notícia sobre<br />

a renovação da frota da Carris, há<br />

menos de um ano. Percebemos<br />

<strong>que</strong> faltava um projecto on-line<br />

<strong>que</strong> congregasse tudo o <strong>que</strong> se vai<br />

escrevendo na imprensa, mas <strong>que</strong><br />

fi ca es<strong>que</strong>cido logo dois dias depois.<br />

E rapidamente descobrimos <strong>que</strong><br />

havia muitos exemplos <strong>que</strong> não<br />

vinham na imprensa e <strong>que</strong> nós<br />

podíamos dar a conhecer.”<br />

Isso foi, portanto, há menos de<br />

um ano… “O blogue foi criado a 1 de<br />

Abril, o Dia das Mentiras. E muitas<br />

das coisas <strong>que</strong> lá vêm parecem<br />

mentira…”, especifi ca Bárbara. Rui<br />

Abreu puxa a conversa para um tom<br />

mais sério: “A ideia fundamental<br />

é <strong>que</strong> isto, ao contrário do <strong>que</strong><br />

sempre se ouve nas conversas de<br />

café, não é ‘nós’ e ‘eles’. ‘Eles’ são<br />

<strong>que</strong>m gasta o nosso dinheiro!”<br />

O “governante gastador”<br />

Não será difícil aos menos<br />

desatentos formar a convicção de<br />

<strong>que</strong> os nossos titulares de cargos<br />

Os prémios anuais do blogue Má Despesa Pública<br />

Findo 2011, era altura de fazer<br />

balanços. E, assim, o Má Despesa<br />

Pública atribuiu os seus prémios e<br />

explica as escolhas.<br />

Personalidade do Ano Alberto<br />

João Jardim Antes de ser<br />

conhecido o buraco orçamental<br />

da Madeira, o Má Despesa<br />

escreveu à troika para denunciar o<br />

despesismo do Governo Regional.<br />

Jardim fica na história de 2011<br />

pelas piores razões. Em 2012, cabe<br />

aos madeirenses pagar a conta.<br />

Autarquia do Ano Oeiras<br />

As despesas vão de esculturas a<br />

1,2 milhões de euros até livros com<br />

discursos do presidente Isaltino<br />

Morais pagos pelos contribuintes.<br />

Instituto Público do Ano (exaequo)<br />

Agência Nacional para<br />

a Qualificação e Instituto de<br />

Financiamento da Agricultura<br />

e Pescas Aqui encontram-se<br />

exemplos de como o dinheiro<br />

público serve para pagar corridas,<br />

banda desenhada e até palácios.<br />

Prenda do Ano Relógios de ouro<br />

As melhores prendas são as da<br />

Câmara Municipal de Almada,<br />

<strong>que</strong> oferece relógios de ouro aos<br />

seus funcionários. O caso foi<br />

denunciado pelo Má Despesa e<br />

chegou à imprensa.<br />

Compra do Ano Estádio do<br />

Leixões e do Leça As autarquias<br />

parecem ter sempre dinheiro<br />

<strong>que</strong> sobra para ajudar os clubes<br />

da terra. A compra da Câmara<br />

de Matosinhos dos estádios do<br />

Leixões e do Leça por 6,3 milhões<br />

de euros é exemplar.<br />

Momento de Propaganda do Ano<br />

Presidente do Inatel pagou para<br />

ser entrevistado<br />

Não só foi confirmado pelo próprio<br />

como garantiu <strong>que</strong> voltaria a fazêlo.<br />

Depois de denunciado pelo Má<br />

Despesa foi notícia nos jornais.<br />

Denúncia de Má Despesa do<br />

Ano Carta dos Trabalhadores do<br />

Inatel Um documento chocante<br />

com todos os pormenores sobre<br />

os favorecimentos, indícios de<br />

corrupção e má gestão no Inatel.<br />

Passagem de Ano do Ano<br />

Madeira Em pleno Verão, o Má<br />

Despesa denunciou o luxo <strong>que</strong><br />

seriam as festas de passagem de<br />

ano da Madeira. Escreveram até<br />

à troika. Passado uns meses o<br />

assunto chegou às televisões.<br />

Festa do Ano Açores A Festa<br />

Açores, realizada pelo Governo<br />

Regional quando da Bolsa de<br />

Turismo de Lisboa, custou quase<br />

150 mil euros.<br />

Luxo do Ano Cadeiras de Serpa<br />

Serpa pagou 891,50 euros por cada<br />

uma das 43 cadeiras dos Paços de<br />

Concelho.<br />

Boy do Ano André Wilson da<br />

Luz Viola O motorista de 21 anos<br />

<strong>que</strong> ganha 1600 euros.<br />

Mistério do Ano O<br />

financiamento do BPP à<br />

Presidência da República<br />

O caso foi apresentado aqui,<br />

mereceu contactos do Má Despesa<br />

para o Palácio de Belém, mas<br />

ninguém nos respondeu. O<br />

Museu da Presidência tem como<br />

financiador o falido BPP.<br />

Portugal no Seu Melhor (exaequo)<br />

Aqui foi impossível<br />

escolher apenas um. Escolhemos<br />

o caso das três ligações em<br />

auto-estrada separadas por dez<br />

quilómetros e os dois museus<br />

de arte contemporânea <strong>que</strong><br />

estão a ser construídos a poucos<br />

quilómetros de distância em S.<br />

Miguel.<br />

Bom Exemplo do Ano Câmara<br />

de Montalegre Montalegre é um<br />

dos concelhos mais pobres e com<br />

maior superfície do país. Mesmo<br />

assim tem a dívida a zero e com<br />

dinheiro em caixa para o ano<br />

seguinte.


públicos têm demonstrado uma<br />

notável capacidade para gastar o<br />

dinheiro <strong>que</strong> não lhes pertence<br />

de forma <strong>que</strong> muitas vezes roça a<br />

completa irresponsabilidade. Mas<br />

o <strong>que</strong> hoje se diz amanhã já foi<br />

es<strong>que</strong>cido, na voragem incessante<br />

da informação. E os portugueses<br />

gostam muito de comentar, mas<br />

envolver-se… dá trabalho. Fora dos<br />

aparelhos partidários há um claro<br />

défi ce de cidadania.<br />

Foi assim <strong>que</strong> estes três jovens<br />

urbanos olharam para a situação.<br />

E não se resignaram. Decidiram<br />

agir. “É o nosso dever cívico”, diz<br />

Bárbara. “Participar na vida do<br />

Estado é um dever. A cidadania não<br />

é só ir votar de quatro em quatro<br />

anos, ou de dois em dois!” Para eles,<br />

tornou-se óbvio <strong>que</strong> era preciso<br />

fazer mais. “O <strong>que</strong> é estranho é<br />

não haver mais gente a fazer isto.<br />

Os partidos, os media… gasta-se<br />

muito tempo e espaço, e caracteres,<br />

no bate-boca da Assembleia da<br />

República, por exemplo, e faz-se<br />

pouca investigação”, acusa Rui<br />

Mar<strong>que</strong>s.<br />

O outro Rui gosta de abordar<br />

as coisas num tom mais global. É<br />

ele <strong>que</strong>m avança a seguir com a<br />

ideia de <strong>que</strong>, em Portugal, o <strong>que</strong><br />

temos é “o governante gastador,<br />

em vez do governante gestor”. E<br />

isso explica <strong>que</strong> “ninguém calcule<br />

quanto vai custar a manutenção<br />

da infra-estrutura <strong>que</strong> se mandou<br />

construir, ou faça planos sobre a<br />

sua futura utilização”. É como se a<br />

inauguração fosse “o último acto e<br />

não o primeiro”. Como eles andam<br />

sempre com as mãos nesta massa,<br />

Rui avança logo com um exemplo:<br />

“A Par<strong>que</strong> Escolar, por exemplo. As<br />

novas escolas têm ar condicionado,<br />

mas os aparelhos estão desligados e<br />

as salas de portas abertas. Porquê?<br />

Por<strong>que</strong> o ar condicionado ligado faz<br />

disparar as contas da electricidade<br />

e as escolas não têm dinheiro para<br />

sustentar essa despesa…”<br />

O retrato do país <strong>que</strong> obtemos<br />

no blogue fi ca, muitas vezes,<br />

perigosamente perto do surreal. Por<br />

estes dias, os três vigilantes do Má<br />

Despesa Pública viraram-se para o<br />

Banco de Portugal. E revelaram, por<br />

exemplo, <strong>que</strong> o nosso banco central<br />

decidiu gastar 245 mil euros em<br />

serviços de consultoria fi nanceira<br />

durante dois meses e há outros 190<br />

mil destinados a consultoria em<br />

matéria de gestão geral. “Algo de<br />

errado se passa na capacidade da<br />

equipa do banco”, concluem.<br />

Denúncias <strong>que</strong> dão notícia<br />

Esta ironia, garante Bárbara, é<br />

muitas vezes a única maneira de<br />

lidar com assuntos dolorosos,<br />

quanto mais não seja para a nossa<br />

carteira. “É rir para não chorar…”<br />

Mas eles não <strong><strong>que</strong>rem</strong> opinar. Para<br />

isso já há para aí muita gente.<br />

“Damos a notícia. Divulgamos<br />

informação <strong>que</strong> é pública, mas com<br />

uma triagem. Tentamos ser o mais<br />

crus possível, só dar atenção aos<br />

factos. Acho mesmo <strong>que</strong> a parte<br />

mais dura do trabalho é tentar<br />

guardar para nós as nossas opiniões<br />

sobre despesas <strong>que</strong> falam por si.”<br />

Uma forma de encontrarem esse<br />

equilíbrio é fi ltrarem o trabalho<br />

em conjunto. “Toda a gente ‘pesca’<br />

[vasculha os contratos], mas só<br />

se publica depois de debatermos<br />

e chegarmos a um consenso”,<br />

explica Rui Abreu. Embora sem<br />

entrar em detalhes, ele é o único<br />

<strong>que</strong> assume já ter sido prejudicado<br />

devido à forma como toma posições<br />

públicas de denúncia. Mais do <strong>que</strong><br />

recusarem o medo de poderem vir a<br />

pagar pela sua irreverência, o <strong>que</strong> os<br />

caracteriza é mesmo a sensação de<br />

<strong>que</strong> não pensam, se<strong>que</strong>r, nisso.<br />

“O senhor de Santa Comba já<br />

morreu há muito tempo”, ironiza<br />

Bárbara. E, embora tenha deixado<br />

“muita herança”, diz Rui Abreu,<br />

nenhum deles concebe <strong>que</strong>, “em<br />

democracia”, falar abertamente<br />

sobre o <strong>que</strong> o poder anda a fazer<br />

com o nosso dinheiro possa ser uma<br />

actividade com riscos envolvidos.<br />

Para mais, esta é a primeira vez <strong>que</strong><br />

dão a cara. Os textos do blogue não<br />

são assinados, não por<strong>que</strong> algum<br />

deles tivesse receio de assumir o<br />

<strong>que</strong> escreve, mas por<strong>que</strong> a intenção<br />

era não assumir protagonismo.<br />

“Nunca foi essa a ideia”, assegura<br />

Rui Mar<strong>que</strong>s.<br />

Seja como for, a sua actividade<br />

começou a dar nas vistas. O blogue<br />

tem cerca de 130 mil visualizações<br />

e há 1300 seguidores no Facebook.<br />

Alguns deles serão jornalistas… “O<br />

impacto do <strong>que</strong> escrevemos só pode<br />

ser maior se houver notícias dos<br />

casos <strong>que</strong> relatamos”, assumem. E<br />

já houve. Algumas até sem citarem a<br />

fonte, o <strong>que</strong> os deixa aborrecidos.<br />

“Nós <strong><strong>que</strong>rem</strong>os<br />

promover o debate.<br />

E, curiosamente,<br />

quanto mais<br />

pe<strong>que</strong>no é o lugar<br />

ou instituição <strong>que</strong><br />

denunciamos mais<br />

facilmente obtemos<br />

reacções”<br />

Rui Abreu<br />

Mas eles sabem <strong>que</strong> estão a ser<br />

ouvidos. Quando denunciaram os<br />

planos de construção de um par<strong>que</strong><br />

de estacionamento subterrâneo em<br />

Baião, receberam esclarecimentos,<br />

“de grande nível”, da autarquia e do<br />

gabinete de arquitectos envolvido.<br />

Uma leitora do blogue escreveu ao<br />

presidente da Câmara de Cascais<br />

sobre a intenção da autarquia de<br />

gastar 120 mil euros em estudos<br />

para aquilatar da opinião dos<br />

munícipes sobre o desempenho dos<br />

autarcas e foi-lhe comunicado <strong>que</strong> o<br />

projecto fora cancelado…<br />

O regabofe de 2009<br />

Serão excepções. Tal como a<br />

generalidade dos portugueses, os<br />

poderes públicos não gostam de<br />

ser <strong>que</strong>stionados. Azar deles. “Nós<br />

<strong><strong>que</strong>rem</strong>os promover o debate.<br />

E, curiosamente, quanto mais<br />

pe<strong>que</strong>no é o lugar ou instituição<br />

<strong>que</strong> denunciamos mais facilmente<br />

obtemos reacções”, explica Rui<br />

Abreu. “Acreditamos <strong>que</strong> as pessoas<br />

podem reagir e pressionar os<br />

poderes”, completa Bárbara.<br />

De fora do seu raio de acção<br />

ainda fi ca muita coisa. As regalias<br />

dos titulares de cargos e postos<br />

de topo, por exemplo. “É muita<br />

burocracia para obter respostas.<br />

Não está à distância de um cli<strong>que</strong> e<br />

isso impede-nos de ir mais longe”,<br />

explica Bárbara. Pior ainda é o<br />

caso das fundações, <strong>que</strong> não estão<br />

obrigadas por lei a publicar os seus<br />

contratos.<br />

Mas eles porfi am. E vão revelando<br />

contas estranhas da Madeira<br />

(dois meses depois descobriu-se<br />

o buraco orçamental), a estranha<br />

paixão dos organismos públicos<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 11<br />

por agendas e calendários,<br />

a dimensão das despesas da<br />

Presidência da República, as<br />

empresas pagas para prestarem<br />

serviços <strong>que</strong> não aparecem feitos, as<br />

extravagâncias de alguns autarcas,<br />

as irresponsabilidades de outros, a<br />

aparente inimputabilidade de quase<br />

todos.<br />

Fazem-no sem qual<strong>que</strong>r bandeira<br />

<strong>que</strong> não “a cidadania”, ao contrário<br />

de outros grupos — contra as<br />

portagens, os recibos verdes, as<br />

propinas —, <strong>que</strong> têm uma causa,<br />

uma agenda própria. Numa altura<br />

em <strong>que</strong> as pessoas se mostram<br />

receptivas a denúncias, eles<br />

admitem <strong>que</strong> os melhores casos de<br />

gastos estapafúrdios podem estar<br />

no passado (2009, ano de duas<br />

eleições, foi fértil), uma vez <strong>que</strong> a<br />

austeridade limita a capacidade de<br />

gastar mal.<br />

Mas eles encontram sempre<br />

alguma coisa. E pegam, irritando<br />

muita gente e incomodando ainda<br />

mais. Rui Mar<strong>que</strong>s recorda uma: “O<br />

presidente do Inatel chegou a dizer<br />

<strong>que</strong> a nossa denúncia tinha por trás<br />

interesses de privatização ao serviço<br />

de determinado grupo económico…<br />

Parece uma coisa de Hollywood:<br />

procura-se uma grande conspiração<br />

e afi nal são só três tipos <strong>que</strong> não<br />

vêem novelas.”<br />

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12 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Entrevista<br />

Manuel Sobrinho Simões<br />

“A sustentabilidade do<br />

Serviço Nacional de Saúde<br />

exige <strong>que</strong> racionemos”<br />

Planifi car, separar o essencial do acessório e racionar. Três coisas <strong>que</strong> não<br />

podemos evitar fazer no Serviço Nacional de Saúde para o conseguirmos<br />

manter, diz o professor universitário e cientista Manuel Sobrinho Simões.<br />

Ficam os avisos: Não vai haver dinheiro para tudo mas não se pode admitir<br />

<strong>que</strong> a medicina privada viva de desnatar a medicina pública.<br />

Alexandra Campos e Andrea Cunha Freitas (texto) Manuel Roberto (fotos)<br />

a O médico apresenta soluções<br />

para manter o Serviço Nacional<br />

de Saúde (SNS) em tempo de<br />

cortes “brutais” e dá exemplos de<br />

racionamento, como limitar a dois<br />

o número de ecografi as durante a<br />

gravidez. O professor universitário<br />

fala em fechar universidades e<br />

cursos para melhorar o ensino.<br />

O investigador pede um reforço<br />

e classifi ca de “indecente” a<br />

possibilidade de o Governo<br />

aproveitar a crise para destruir o<br />

tecido institucional público. E o<br />

avô está assustado com o futuro<br />

mais difícil <strong>que</strong> se adivinha. Todas<br />

as vozes numa só pessoa: Manuel<br />

Sobrinho Simões. Aos 64 anos,<br />

o rosto do Instituto de Patologia<br />

e Imunologia Molecular da<br />

Universidade do Porto (Ipatimup)<br />

está longe de pensar na reforma,<br />

ao contrário de muitos colegas de<br />

profi ssão.<br />

Recentemente, num programa<br />

de televisão, falou na<br />

necessidade de racionar no<br />

Serviço Nacional de Saúde. O<br />

<strong>que</strong> <strong>que</strong>ria dizer com isso?<br />

Primeiro ponto: é difícil arranjar<br />

alguém <strong>que</strong> seja mais a favor do SNS<br />

do <strong>que</strong> eu. Farei tudo <strong>que</strong> estiver<br />

ao meu alcance para <strong>que</strong> o SNS se<br />

mantenha vivo e saudável. Segundo<br />

ponto: O caso da saúde é uma<br />

história de sucesso extraordinária.<br />

Nos países em <strong>que</strong> foi mudado o<br />

sistema no sentido da iniciativa<br />

privada a saúde piorou e fi cou<br />

mais cara. Os EUA têm um sistema<br />

de saúde pior do <strong>que</strong> o nosso<br />

em todos os indicadores e muito<br />

mais caro. Portanto, não acho <strong>que</strong><br />

em nenhuma circunstância seja<br />

defensável pensar em acabar com<br />

SNS ou se<strong>que</strong>r fragilizá-lo. Agora,<br />

o SNS não se aguenta como está e<br />

aí aparecem palavras e os verbos é<br />

<strong>que</strong> não são fáceis. O verbo racionar<br />

é infelicíssimo por<strong>que</strong> está muito<br />

ligado afectivamente à guerra.<br />

Queria dizer racionar ou<br />

racionalizar?<br />

As duas coisas. Infelizmente vai<br />

ser preciso racionar. Mas antes<br />

disso há medidas a tomar <strong>que</strong> são<br />

relativamente menos dolorosas,<br />

como planifi car e separar o<br />

essencial do acessório. Odeio<br />

a palavra racionar, tem uma<br />

componente afectiva <strong>que</strong> não pode<br />

ser pior, mas a sustentabilidade do<br />

SNS exige <strong>que</strong> nós planifi <strong>que</strong>mos,<br />

separemos o essencial do acessório<br />

e racionemos. Três coisas <strong>que</strong> não<br />

podemos evitar.<br />

Isso é tudo muito abstracto….<br />

Dou-lhe um exemplo. Temos <strong>que</strong><br />

decidir se vamos investir mais<br />

no diagnóstico pré-natal e na<br />

Os cuidados<br />

paliativos podem<br />

ser resolvidos com<br />

associações, com<br />

amizade, com<br />

ternura, não são<br />

caros do ponto de<br />

vista médico. (...)<br />

Temos <strong>que</strong><br />

recuperar<br />

rapidamente o<br />

nosso capital nas<br />

Misericórdias a sério<br />

fertilização in vitro ou mais no<br />

tratamento das pessoas idosas.<br />

Os recursos são fi nitos, não há<br />

dinheiro para tudo. Bater-me-ei até<br />

ao fi m para ter um SNS sustentável,<br />

para isso precisamos de poupar,<br />

depois discutimos o racionamento,<br />

<strong>que</strong> tem de ser sempre encarado<br />

como a última solução.<br />

O ministro da Saúde está<br />

pressionado para reduzir a<br />

despesa. Acha <strong>que</strong> o <strong>que</strong> se está a<br />

fazer são cortes cegos?<br />

Não sei. Que são cortes brutais<br />

são, <strong>que</strong> seguramente não são<br />

inteligentes, não são. Também não<br />

faço a mínima ideia se é possível<br />

atingir este nível de poupança com<br />

medidas inteligentes. Temos uma<br />

literacia mínima, portanto as nossas<br />

discussões são sempre inquinadas<br />

por meia dúzia de bandeiras. Outro<br />

exemplo: se diminuir a quantidade<br />

de doentes <strong>que</strong> chegam ao<br />

Hospital de S. João [no Porto] e não<br />

precisavam de chegar, a qualidade<br />

melhora. Nesta altura, e isso é<br />

estúpido, os hospitais são pagos por<br />

acto médico, portanto o S. João não<br />

se importa de ter uma quantidade<br />

enorme de doentes nas consultas<br />

<strong>que</strong>, na sua maioria, deviam ter<br />

fi cado nos centros de saúde ou nos<br />

hospitais periféricos. Quem perde<br />

são os doentes mais graves.<br />

Mas indo ao concreto. Entre<br />

a procriação medicamente<br />

assistida e cuidar dos idosos?<br />

Aí se não houver dinheiro já põe<br />

um problema seriíssimo. Não sei.<br />

Portugal é um país muito<br />

envelhecido...<br />

Não, não. Nós não temos é<br />

crianças. O <strong>que</strong> somos é um país<br />

de doentes ou pelo menos de<br />

pessoas <strong>que</strong> se julgam doentes. Nós<br />

<strong>que</strong>ixamo-nos mais por<strong>que</strong> somos<br />

periféricos, pe<strong>que</strong>nos, pobres e<br />

assustados. Há uma negociação<br />

nossa com a fragilidade <strong>que</strong> é fruto<br />

da nossa experiência comercial. Na<br />

nossa cultura é quase malcriado<br />

dizer estou bem nunca estive tão<br />

bem na vida. A vitimização cria<br />

empatia, como temos uma vaga<br />

inspiração religiosa, não gostamos<br />

de desafi ar Deus. Isso difi culta<br />

muito, de novo, a planifi cação de<br />

saúde, por<strong>que</strong> a valorização das<br />

<strong>que</strong>ixas é muito difícil de fazer de<br />

uma forma objectiva. Vamos ter<br />

muita difi culdade em planifi car.<br />

Mas planifi ca melhor a medicina de<br />

proximidade do <strong>que</strong> a de hospital<br />

central, melhor os enfermeiros <strong>que</strong><br />

vão a casa do <strong>que</strong> o médico <strong>que</strong> vê<br />

o doente de tempos a tempos.<br />

No tal programa de televisão, foi<br />

dado o exemplo da hemodiálise<br />

como algo <strong>que</strong> poderia ser pago


pelos doentes com mais de<br />

70 anos. Foi muito polémico.<br />

Concorda?<br />

É um disparate. Não existe em<br />

nenhuma parte do mundo. Vamos<br />

ter <strong>que</strong> decidir outras coisas,<br />

como por exemplo quando<br />

interrompemos tratamentos. A<br />

nossa civilização acha <strong>que</strong> a morte<br />

é opcional e não é. Se calhar é<br />

mesmo melhor morrer em paz,<br />

com a família, não podemos<br />

continuar a prolongar tratamentos<br />

indefi nidamente, fi ca caríssimo.<br />

Para isso é preciso mais cuidados<br />

paliativos...<br />

Os cuidados paliativos podem ser<br />

resolvidos com associações, com<br />

amizade, com ternura, não são<br />

caros do ponto de vista médico. E<br />

aí continuo a pensar <strong>que</strong> temos <strong>que</strong><br />

recuperar rapidamente o nosso<br />

capital nas Misericórdias a sério.<br />

Concorda com a devolução dos<br />

hospitais às Misericórdias?<br />

Sim. Mas as Misericórdias não têm<br />

capacidade para gerir grandes<br />

hospitais. Falo de hospitais como o<br />

de Arouca, Vila Nova de Cerveira,<br />

Valença, Caminha, hospitais<br />

de cuidados continuados, de<br />

recuperação e reabilitação.<br />

Dê-nos mais exemplos de<br />

racionamento<br />

O racionamento <strong>que</strong> para mim é<br />

óbvio é o do número de ecografi as<br />

durante a gravidez. Na Inglaterra<br />

fazem-se duas. Um bom médico faz<br />

só duas ecografi as e é sufi ciente.<br />

Mais?<br />

Sou contra a taxa de médicos por<br />

habitante <strong>que</strong> em Portugal é maior<br />

do <strong>que</strong> na maior parte dos países<br />

europeus. Temos um problema<br />

de distribuição. Não acho <strong>que</strong><br />

a solução seja fazer faculdades<br />

de medicina privada, já temos<br />

faculdades em excesso.<br />

Em Portugal há hospitais a mais?<br />

Há, isso é indiscutível. Aí é <strong>que</strong><br />

é preciso também racionar. Nos<br />

medicamentos temos igualemente<br />

<strong>que</strong> fazer contas. Se não houver<br />

dinheiro para todos, temos<br />

<strong>que</strong> decidir os <strong>que</strong> vamos usar.<br />

Outra <strong>que</strong>stão é, por exemplo, o<br />

problema das bandas gástricas<br />

para a obesidade. A pessoa <strong>que</strong><br />

não <strong>que</strong>r fazer regime deve ter o<br />

mesmo direito a ter uma banda<br />

gástrica do <strong>que</strong> a pessoa <strong>que</strong> <strong>que</strong>r<br />

fazer regime? Se os recursos são<br />

fi nitos, tem <strong>que</strong> se decidir quanto<br />

do dinheiro público vai ser gasto<br />

em bandas gástricas e qual é a<br />

contrapartida <strong>que</strong> se pede aos<br />

cidadãos para terem acesso a isso.<br />

Não vale a pena as pessoas poremse<br />

na posição de <strong>que</strong> tem <strong>que</strong> haver<br />

dinheiro para isso, por<strong>que</strong> não vai<br />

haver dinheiro para tudo.<br />

As pessoas respondem <strong>que</strong> para<br />

a saúde tem de haver sempre<br />

dinheiro...<br />

Mas não vai haver dinheiro para a<br />

saúde. E não é só cá em Portugal.<br />

Já não está a haver em parte<br />

nenhuma civilizada do mundo.<br />

A sociedade tem de ser capaz de<br />

aumentar a sustentabilidade do<br />

SNS à custa de mecanismos de<br />

prevenção e planifi cação.<br />

Concorda com o co-pagamento?<br />

Acha <strong>que</strong> as pessoas <strong>que</strong> ganham<br />

mais deviam pagar mais? Ou o<br />

fi nanciamento devia fazer-se só<br />

pela via dos impostos?<br />

Não sei comparar as duas coisas.<br />

Até por<strong>que</strong> há muita fuga aos<br />

impostos em Portugal e portanto<br />

isso é o <strong>que</strong> me assusta mais. Seria<br />

a favor do co-pagamento para<br />

assegurar a sustentabilidade do<br />

SNS. Se a pessoa pode pagar... Uma<br />

coisa <strong>que</strong> <strong>que</strong>ro <strong>que</strong> fi <strong>que</strong> bem<br />

claro: sou totalmente a favor da<br />

existência de medicina privada.<br />

Mas acho <strong>que</strong> a medicina pública e<br />

o SNS são muito mais importantes<br />

para o país. Deve haver regras<br />

muito claras de articulação da<br />

medicina privada com a pública,<br />

não se pode admitir <strong>que</strong> a<br />

medicina privada viva de desnatar<br />

a medicina pública.<br />

Sou a favor <strong>que</strong> nas<br />

regiões fronteiriças<br />

se usem os tratados<br />

europeus e, se<br />

houver bons<br />

hospitais em<br />

Espanha, devemos<br />

ir a Espanha.<br />

Há um custo de<br />

localização, <strong>que</strong><br />

não se resolve<br />

aumentando oferta<br />

sem qualidade<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 13<br />

É isso <strong>que</strong> tem acontecido em<br />

Portugal?<br />

É. Vamos a outra <strong>que</strong>stão de<br />

racionamento, desta vez da<br />

privada. Acho muito bem <strong>que</strong> as<br />

pessoas <strong>que</strong> <strong>que</strong>iram escolham<br />

hospitais privados para ter as<br />

crianças. Agora, tinha de existir<br />

um acordo com os hospitais<br />

privados onde há partos e, quando<br />

as coisas dão para torto e elas vão<br />

parar às maternidades e hospitais<br />

centrais, parte do dinheiro <strong>que</strong> as<br />

pessoas tinham pago revertia para<br />

o público. Às tantas, temos tudo o<br />

<strong>que</strong> é rendível nos privados e tudo<br />

o <strong>que</strong> dá despesa é pago por todos<br />

nós.<br />

Quando me fala destas escolhas e<br />

decisões difíceis entre o essencial<br />

e o acessório... Lembra-se do <strong>que</strong><br />

aconteceu com as maternidades<br />

[foram fechadas várias, por entre<br />

os protestos da população]?<br />

Isso das maternidades foi muito<br />

infeliz por<strong>que</strong> o ministro Correia<br />

de Campos tinha toda a razão. Foi<br />

uma medida inteligentíssima.<br />

Mas acha <strong>que</strong> este “povo<br />

pe<strong>que</strong>no, assustado, pobre”<br />

(como lhe chamou) é capaz de<br />

aceitar estas decisões?<br />

Não sei. As maternidades ou o<br />

tratamento de cancro são bons<br />

exemplos. Mas atenção: percebo<br />

<strong>que</strong>, para a pessoa <strong>que</strong> está em<br />

tratamento com quimioterapia<br />

ou radioterapia, a deslocação seja<br />

um sofrimento muito grande.<br />

Era preciso arranjar formas de<br />

deslocação <strong>que</strong> fossem o menos<br />

incómodas possível.<br />

Está a falar da rede de<br />

referenciação do cancro. Mas<br />

ainda não avançou...<br />

Não sei por<strong>que</strong> não avança. Mas<br />

tenho a certeza é <strong>que</strong> a ideia <strong>que</strong> as<br />

pessoas têm de <strong>que</strong> é muito bom<br />

ter um hospital ao pé de casa é<br />

uma estupidez. É uma estupidez<br />

da<strong>que</strong>las!<br />

Mas temos de levar os doentes<br />

aos sítios onde podem ser<br />

tratados.<br />

Temos de racionalizar os<br />

transportes de forma a optimizar<br />

o transporte de doentes <strong>que</strong><br />

não tenham possibilidade de se<br />

deslocar de outra maneira. Por<br />

exemplo, se há quatro doentes<br />

<strong>que</strong> vêm num transporte só se<br />

deve fazer um pagamento. Não um<br />

por cada doente. Se a pessoa tem<br />

possibilidade de andar, não é só<br />

por<strong>que</strong> está doente <strong>que</strong> deve vir<br />

de ambulância. Nesse caso paga, é<br />

mais barato, e vem de comboio ou<br />

de autocarro.<br />

Mas aí a pessoa está a ser<br />

penalizada por estar longe do<br />

centro de tratamento.<br />

Como está longe de uma escola<br />

ou de um tribunal. Esse é um<br />

problema menor num país como<br />

o nosso. É um problema social<br />

gravíssimo do ponto de vista da<br />

desertifi cação do interior... mas<br />

não é o problema das pessoas. O<br />

problema das pessoas é solúvel,<br />

até por<strong>que</strong> não são muitas. De<br />

resto, eu também sou a favor<br />

<strong>que</strong> nas regiões fronteiriças se<br />

usem os tratados europeus e,<br />

se houver bons hospitais em


14 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Entrevista<br />

Espanha, devemos ir a Espanha.<br />

Há um custo de localização, de<br />

pouca sorte, <strong>que</strong> não se resolve<br />

aumentando uma oferta sem<br />

qualidade. E isso também é<br />

racionar. Não pode haver tantos<br />

hospitais a tratar cancro como há.<br />

Por<strong>que</strong> <strong>que</strong>m trata poucos cancros<br />

por ano, trata mal. Se me diz... ah,<br />

mas o povo não <strong>que</strong>r, paciência.<br />

Ou manda o ministro<br />

embora como fez no caso das<br />

maternidades com o Correia de<br />

Campos.<br />

Atenção <strong>que</strong> o Correia de Campos<br />

foi um excelente ministro da<br />

Saúde.<br />

E o <strong>que</strong> diz do actual?<br />

Não digo. Não conheço. Se <strong><strong>que</strong>rem</strong><br />

<strong>que</strong> diga algo positivo, foi a<br />

recondução dos directores do S.<br />

João e IPO <strong>que</strong> tanto quanto sei<br />

não são próximos do partido do<br />

Governo. São excelentes gestores.<br />

E aqui dou outra ideia. Este tipo<br />

de efi ciência de gestão pode<br />

ser usado como exemplo para<br />

hospitais semelhantes (cuidado,<br />

não se pode comparar coisas <strong>que</strong><br />

são diferentes). O São João pode<br />

ser comparado com o Hospital da<br />

Universidade de Coimbra e com<br />

o Santa Maria (em Lisboa). Seria<br />

sempre a favor de usar exemplos<br />

concretos, em vez dos tais cortes<br />

cegos. Que também é muito raro<br />

na nossa cultura, <strong>que</strong> é muito<br />

retórica. As pessoas gostam dos<br />

tipos <strong>que</strong> falam, falam... Quando<br />

alguém faz muito coloca os pares<br />

em che<strong>que</strong> e fere um maior<br />

número de interesses instalados.<br />

São mudanças difíceis...<br />

A grande resistência da sociedade<br />

portuguesa à transformação está<br />

na iliteracia. Continuamos a não<br />

saber o <strong>que</strong> nos interessa. Além<br />

disso, temos uma sociedade com<br />

corporações muito instaladas.<br />

Aí, as resistências são múltiplas.<br />

Nós podemos poupar imenso sem<br />

racionar. O <strong>que</strong> é uma estupidez é<br />

as pessoas começarem a chatear<br />

toda a gente se o velhinho de 70<br />

anos vai ou não fazer hemodiálise<br />

quando podemos é diminuir<br />

imenso as pessoas <strong>que</strong> precisam de<br />

hemodiálise.<br />

Acha <strong>que</strong> vamos conseguir sair<br />

da crise?<br />

Acho <strong>que</strong> sim, apesar de tudo<br />

temos condições razoáveis. Temos<br />

um desenvolvimento muito<br />

grande da ciência e educação.<br />

Tivemos. Somos muito sensíveis<br />

ao estrangeirado, é uma das<br />

características do Portugal. Mas,<br />

se repararmos, estamos a reagir de<br />

uma forma muito mais organizada<br />

do <strong>que</strong>, por exemplo, os gregos, os<br />

espanhóis e italianos.<br />

Temos mais espírito de sacrifício<br />

ou somos mais conformados?<br />

Temos mais espírito de sacrifi co.<br />

E, está bem, estamos mais calados<br />

mas isso é bom em termos de<br />

concertação social. Um dos<br />

grandes problemas para nós<br />

seria se, de repente, caíssemos<br />

num desespero tal <strong>que</strong> levasse,<br />

por exemplo, a um aumento da<br />

violência urbana.<br />

Acha <strong>que</strong> isso não pode ainda vir<br />

a acontecer? Ainda estamos no<br />

A nossa ciência está<br />

muito dependente<br />

do privado. Mas eu<br />

prefiro <strong>que</strong> exista<br />

a Champalimaud<br />

e a Gulbenkian<br />

do <strong>que</strong> não os ter.<br />

Não resolvo o meu<br />

problema com<br />

inveja. Ao menos<br />

<strong>que</strong> venham eles.<br />

Por outro lado,<br />

acho uma estupidez<br />

esta ideia de <strong>que</strong> é<br />

melhor emigrar<br />

início...<br />

É verdade. E estou muito<br />

assustado. Mas a minha fuga é<br />

sempre para a frente, é fazendo.<br />

Mesmo aqui no Ipatimup, onde<br />

estamos a passar uma fase difícil.<br />

O Governo cortou de uma forma<br />

estúpida, a universidade cortou e<br />

as pessoas não nos pagam.<br />

Que corte tiveram no orçamento?<br />

Tínhamos um contrato com<br />

a Fundação para a Ciência e<br />

Tecnologia de 1,6 milhões de<br />

euros por ano e reduziram-nos<br />

para o valor de 2005, 1,2 milhões.<br />

Este ano vamos aguentar com<br />

o dinheiro <strong>que</strong> tínhamos no<br />

banco. Mais dois anos assim<br />

e ou despedimos pessoas ou<br />

desligamos o a<strong>que</strong>cimento...<br />

ainda temos também o problema<br />

das prestações de serviços aos<br />

hospitais <strong>que</strong> também não estão a<br />

pagar.<br />

A investigação está ser afectada<br />

pela crise?<br />

Está muito bem por<strong>que</strong> ainda<br />

está com o lanço <strong>que</strong> teve com<br />

o ministro Mariano Gago. Está<br />

a ser afectada, mas apesar de<br />

tudo este ministro [Nuno Crato] é<br />

inteligente e a secretária de Estado<br />

[Leonor Parreira] é muito sensível<br />

à investigação. Esta decisão de<br />

passar para o orçamento de 2005 é<br />

do ano anterior, estes responsáveis<br />

mantiveram mas não diminuíram<br />

ainda mais. O futuro é assustador.<br />

Mas não estou tão preocupado<br />

com a ciência por<strong>que</strong> a ciência é<br />

internacional.<br />

Somos premiados e respeitados,<br />

mas somos apoiados?<br />

A nossa ciência está muito<br />

dependente do privado. Mas eu<br />

prefi ro <strong>que</strong> exista a Champalimaud<br />

e a Gulbenkian do <strong>que</strong> não os ter.<br />

Não resolvo o meu problema com<br />

inveja. Ao menos <strong>que</strong> venham<br />

eles. Por outro lado, acho uma<br />

estupidez esta ideia de <strong>que</strong> é<br />

melhor emigrar.<br />

Há fuga de cérebros?<br />

Há muita gente <strong>que</strong> está a sair.<br />

O país ganha em criar condições<br />

para <strong>que</strong> muitos dos bons fi <strong>que</strong>m.<br />

Não é preciso <strong>que</strong> fi <strong>que</strong>m todos.<br />

Voltamos à saúde e ao ensino. No<br />

ensino também temos de racionar.<br />

Não podemos ter o número de<br />

universidades e politécnicos <strong>que</strong><br />

temos. Temos dezenas de cursos<br />

de arquitectura, de psicologia...<br />

e os miúdos vão quase todos<br />

para o desemprego. Num país<br />

<strong>que</strong> está fragilizado, por razões<br />

circunstanciais e estruturais, o<br />

tru<strong>que</strong> não é apostar em pessoas<br />

e fait-divers, é apostar em<br />

instituições. Mas os políticos não<br />

gostam de escolher instituições.<br />

Perdem votos.<br />

Nem gostam de fechar<br />

universidades ou hospitais...<br />

Exacto. O grande obstáculo, além<br />

das corporações, são os próprios<br />

políticos. Os políticos vivem<br />

das corporações por interposta<br />

pessoa.<br />

E, ainda assim, acha <strong>que</strong> vamos<br />

conseguir sair disto?<br />

Acho por<strong>que</strong> não temos<br />

alternativa.<br />

Vamos sair disto diferentes?<br />

Já estamos um bocadinho<br />

diferentes. Aumentámos as<br />

exportações... não vamos<br />

continuar a fazer auto-estradas...<br />

acho <strong>que</strong> nós, como povo,<br />

somos bons em situações de<br />

grande aperto, em catástrofes.<br />

Despertamos solidariedade,<br />

generosidade. Não somos bons é<br />

na manutenção.<br />

O problema é <strong>que</strong> tudo indica<br />

<strong>que</strong> esta catástrofe é de longa<br />

duração...<br />

Vamos ter de aguentar por<strong>que</strong><br />

não temos alternativa. Não sei até<br />

<strong>que</strong> ponto vamos mudar os nossos<br />

comportamentos sociais. Se isto<br />

fi zesse com <strong>que</strong> houvesse menos<br />

hospitais e melhores, com redes de<br />

referenciação, menos e melhores<br />

universidades, menos cursos,<br />

menos e melhores instituições de<br />

ciência, tínhamos dado um passo<br />

de reforço do tecido social. O <strong>que</strong><br />

acho indecente é se o Governo<br />

aproveitar esta oportunidade para<br />

destruir o tecido institucional<br />

público.<br />

Há esse risco?<br />

Tenho medo. Sou totalmente a<br />

favor de reforçar o público, no<br />

ensino, na investigação e saúde.<br />

Se for preciso aparando as arestas,<br />

mas reforçá-lo. Não fragilizá-lo.<br />

Continuo a achar <strong>que</strong> é criminoso<br />

acreditar <strong>que</strong> a medicina privada e<br />

a privatização é melhor. É pior em<br />

custos e em efi ciência e qualidade.<br />

Está a falar das PPP [parcerias<br />

público-privadas]?<br />

Estou a falar de hospitais<br />

universitários e IPO <strong>que</strong> é o <strong>que</strong><br />

conheço melhor. Seria mortal<br />

<strong>que</strong> fossem transformados em<br />

empresas semiprivadas. Se<br />

quisermos dar cabo do SNS a<br />

melhor maneira é acabar com<br />

os hospitais universitários e IPO.<br />

São estas as instituições <strong>que</strong><br />

dão es<strong>que</strong>leto ao sistema. Sou<br />

totalmente contra a privatização<br />

da saúde. Não tenho nada contra<br />

a existência de áreas da saúde<br />

<strong>que</strong>, com regras claras, estejam<br />

privatizadas. Mas privatizar o<br />

SNS de uma forma disfarçada<br />

com a ideia de <strong>que</strong> os privados<br />

gerem melhor <strong>que</strong> o público? Não.<br />

Conheço públicos e privados <strong>que</strong><br />

são horrorosamente geridos. Todos<br />

nós já chamamos canalizadores a<br />

casa! Todos nós já recorremos a<br />

serviços privados <strong>que</strong> são muito<br />

maus.<br />

Disse recentemente numa<br />

entrevista <strong>que</strong> acabou o<br />

tempo das mordomias. Temos<br />

mordomias?<br />

Tínhamos. O dinheiro europeu<br />

para a nossa escala era muito e<br />

barato. Não nos apercebemos <strong>que</strong><br />

estávamos a comprar chatices para<br />

o futuro. Estávamos a criar um<br />

mundo cada vez mais desigual.<br />

Além das catástrofes naturais (da<br />

água e da energia), o <strong>que</strong> mais me<br />

assusta é a desigualdade. Por <strong>que</strong><br />

está a aumentar de uma maneira<br />

obscena. Como sociedade, fomos<br />

apanhados de surpresa. E é<br />

verdade <strong>que</strong> não desenvolvemos<br />

ri<strong>que</strong>za. Acabámos com a pesca,<br />

agricultura, têxtil... o dinheiro<br />

da <strong>Europa</strong> veio contribuir para<br />

<strong>que</strong> isso fosse defi nhando e,<br />

em contrapartida, não criamos<br />

alternativas além do turismo e<br />

umas coisas muito incipientes e<br />

<strong>que</strong> não são muito empregadoras.<br />

O têxtil e o calçado estão agora<br />

a recuperar. Mas estou muito<br />

assustado.<br />

É o avô <strong>que</strong> está assustado?<br />

O avô, o pai, o colega... a falta<br />

de segurança para desenhar um<br />

futuro profi ssional. Eu vivi melhor<br />

do <strong>que</strong> os meus pais. Acho <strong>que</strong><br />

os nossos fi lhos vão ter mais<br />

difi culdades do <strong>que</strong> nós. E é a<br />

primeira vez <strong>que</strong> isso acontece.


Público Domingo 29 Janeiro 2012 15<br />

Divulgação A crise financeira do final do século XIX<br />

O iate real Amélia<br />

esteve no centro da<br />

contestação por causa<br />

dos gastos da Casa Real<br />

O rei doava mas recebia adiantado<br />

e o país republicano opôs-se<br />

D. Carlos doava 20% da sua dotação e sugeriu a Oliveira Martins a criação<br />

de um bilhete de identidade para obter mais receitas. O país vivia sob<br />

novas e violentas medidas de saneamento fi nanceiro<br />

Fernanda Rollo<br />

O governo, invocando a necessidade<br />

de medidas de salvação pública,<br />

procura aplicar apenas leis <strong>que</strong><br />

são odiosas, por<strong>que</strong> constituem<br />

excepções, por<strong>que</strong> muita coisa<br />

havia a fazer e se não fez, e por<strong>que</strong><br />

as medidas fi nanceiras não foram<br />

acompanhadas das indispensáveis<br />

medidas políticas <strong>que</strong> toda a gente<br />

esperava. Tinha-se prometido a<br />

moralização da administração,<br />

<strong>que</strong> os cortes atingiriam todos os<br />

abusos, e <strong>que</strong> viriam de cima para<br />

baixo. E afi nal? As propostas de<br />

fazenda são o <strong>que</strong> já toda a gente<br />

sabe, e sob o pretexto de se extinguir<br />

o defi cit, arranja-se uma verba <strong>que</strong><br />

vai, em grande parte, ser arrancada<br />

a <strong>que</strong>m não tem culpa do estado a<br />

<strong>que</strong> chegaram as coisas da fi nança,<br />

sem <strong>que</strong>, no entanto, a situação<br />

mude, preparando-se apenas um<br />

futuro de permanentes agonias<br />

para <strong>que</strong>m trabalha para viver!<br />

“As propostas do sr. Oliveira<br />

Martins” in O Século, 1 de Fevereiro<br />

de 1892, p. 1.<br />

O fi nal do século XIX conheceu em<br />

Portugal uma crise generalizada, em<br />

<strong>que</strong> se salientou, a par das profundas<br />

perturbações verifi cadas no plano<br />

político, uma crise fi nanceira <strong>que</strong> se<br />

revestiu de particular impacto e dramatismo.<br />

No seu conjunto, a crise,<br />

multifacetada, instalou-se, marcando<br />

inexoravelmente o processo <strong>que</strong> em<br />

breve conduziria ao colapso da Monarquia<br />

constitucional e à implantação<br />

da República.<br />

O cenário afi rmar-se-ia de crise global,<br />

sem es<strong>que</strong>cer o contágio externo<br />

ou diminuir os efeitos das perturbações<br />

registadas à escala internacional,<br />

<strong>que</strong> ganharam dimensão e impacto<br />

aproveitando as circunstâncias e vulnerabilidades<br />

de um país <strong>que</strong> tardava<br />

em modernizar-se e se mantinha entre<br />

os mais atrasados da <strong>Europa</strong>, gerando-se<br />

uma vertiginosa combinação<br />

negativa da qual parecia impossível<br />

escapar.<br />

A par da instante crise política, o<br />

generalizado mal-estar social, a crise<br />

económica e a derrocada fi nanceira,<br />

compuseram esse quadro de catástrofe<br />

<strong>que</strong> os escritores fi nisseculares<br />

pressentiam e denunciavam impiedosamente.<br />

Tempo de passagem do<br />

século, tom propício à dramatização<br />

da ideia de crise e decadência, tal como<br />

fi cou imortalizada na fi cção de Eça<br />

de Queirós, <strong>que</strong> morreu precisamente<br />

em 1900, Teixeira de Queirós e Fialho<br />

de Almeida, ou na poesia de Guerra<br />

Era do mar e não da corte <strong>que</strong> D. Carlos gostava<br />

Jun<strong>que</strong>iro e António Nobre (também<br />

morto em 1900). Retratos do país, feitos<br />

de testemunhos de desencanto,<br />

manifestos do espírito descrente e pessimista<br />

<strong>que</strong> entristeceu a pátria. A par<br />

do tom negativista e derrotista, surgia,<br />

de forma cada vez mais estridente, a<br />

crítica incisiva da sociedade burguesa<br />

<strong>que</strong> Abel Botelho denunciava em<br />

Amanhã (1901) ou, noutro palco, a caracterização<br />

feita por Oliveira Martins<br />

em Portugal Contemporâneo.<br />

Combinando com o tom de pessimismo<br />

decadentista, o contexto<br />

era propício ao descrédito, indelevelmente<br />

marcado pelo Ultimatum<br />

apresentado em Janeiro de 1890 pelo<br />

Governo inglês de lorde Salisbury,<br />

fazendo jus à sonoridade trágica de<br />

A Portuguesa ou, entre outros textos,<br />

ao ritmo comovente de Finis Patriae<br />

de Jun<strong>que</strong>iro.<br />

Tudo isso animava a vontade regeneradora<br />

e as aspirações republicanas,<br />

procurando a interrupção e a<br />

alternativa ao percurso decadentista a<br />

FOTOS: CORTESIA JOAQUIM VIEIRA/CÍRCULO DE LEITORES<br />

<strong>que</strong> a Monarquia surgia indissociada.<br />

Ao recém-criado Partido Republicano<br />

Português (1876), entre os demais<br />

defensores de uma solução política<br />

republicana, aliavam-se cada vez mais<br />

descontentes, engrossando as fi leiras<br />

do movimento, num tom de crescente<br />

nacionalismo, aglutinando um conjunto<br />

alargado de pretensões, almejando,<br />

entre outras, a libertação da<br />

tutela estrangeira, a democratização<br />

política, a generalização do sistema<br />

escolar, a modernização económica<br />

e social.<br />

Na realidade, para lá do impasse político,<br />

o modelo de desenvolvimento<br />

económico da Regeneração revelava<br />

sinais de esgotamento, desembocando<br />

na profunda crise económica<br />

e fi nanceira <strong>que</strong> assolou o país em<br />

1890/1891. O modelo económico da<br />

Regeneração, face às limitações do<br />

seu próprio enunciado, confrontavase<br />

com as hesitações e as inércias da<br />

actividade económica de um país <strong>que</strong>,<br />

afi nal, tardava em dar resposta aos de-<br />

safi os e às possibilidades da moderna<br />

expansão industrial e, em comparação<br />

com a situação internacional,<br />

entrara claramente em derrapagem.<br />

Portugal debatia-se à procura do seu<br />

ressurgimento, confrontado com as<br />

expectativas falhadas e sob o trauma<br />

e a ameaça da bancarrota.<br />

O dinamismo <strong>que</strong> a política fontista<br />

imprimiu à construção de grandes<br />

infra-estruturas, embora tendo efeitos<br />

positivos, mas insufi cientes até para<br />

a unifi cação do mercado interno, foi<br />

feito em grande medida através do recurso<br />

constante ao aumento da dívida<br />

pública interna e externa e ao défi ce<br />

orçamental, o <strong>que</strong>, associando-se à<br />

defi citária balança comercial portuguesa,<br />

acabou por arrastar a economia<br />

para uma difícil situação fi nanceira,<br />

colocando-a sob a perspectiva<br />

de uma falência generalizada. É certo,<br />

porém, <strong>que</strong> o período <strong>que</strong> antecedeu<br />

a Primeira Guerra Mundial registou<br />

um crescimento razoável do sector<br />

industrial, tal como aconteceu com<br />

a maioria das economias europeias<br />

mais atrasadas, mas circunscrito e longe<br />

de conseguir catapultar Portugal<br />

para o nível dos países desenvolvidos<br />

da <strong>Europa</strong>. Globalmente, o país falhou<br />

o início do seu processo de industrialização<br />

e modernização económica e<br />

social, mantendo taxas de crescimento<br />

muitíssimo modestas, ao nível das<br />

mais baixas registadas pelos países<br />

europeus ao longo de todo o período<br />

entre 1870 e 1913.<br />

A verdade é <strong>que</strong> os vários governos<br />

da fase fi nal da Monarquia, a braços<br />

com sucessivas crises políticas e fi nanceiras,<br />

estavam praticamente paralisados:<br />

incapazes de impor uma estratégia<br />

de desenvolvimento económico<br />

nacional, ou de reunir os recursos indispensáveis<br />

à sua concretização.<br />

O fi nal de oitocentos mostraria os limites<br />

do percurso desenhado. A difícil<br />

situação fi nanceira em <strong>que</strong> o fontismo<br />

tinha deixado o país agravou-se num<br />

cenário de crise a <strong>que</strong> não foi estranha<br />

a situação internacional e, em particular,<br />

a crise cambial brasileira e a decorrente<br />

contracção das remessas dos<br />

emigrantes <strong>que</strong> permitiam compensar<br />

signifi cativamente o defi ce das trocas<br />

portuguesas e, assim, ajudar a compor<br />

a situação fi nanceira do país. O Estado<br />

começou a sentir terríveis embaraços<br />

para acudir ao défi ce orçamental, para<br />

honrar os encargos da dívida e para<br />

socorrer alguns bancos e companhias<br />

(ferroviárias e coloniais) <strong>que</strong> andavam<br />

à beira da falência.<br />

Ultrapassada a fase mais crítica do<br />

confl ito inglês, ressurgia a ‘<strong>que</strong>stão<br />

da fazenda’, ou muito simplesmente


16 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Divulgação A crise financeira do final do século XIX<br />

o agravamento das despesas face ao<br />

rendimento de um país cuja produção,<br />

além do mais, se mantinha muito<br />

aquém de satisfazer as suas próprias<br />

necessidades e era manifestamente<br />

incapaz de compensar a sua dependência<br />

externa. Foi em vão <strong>que</strong> o governo<br />

procurou encontrar recursos<br />

a partir da venda do monopólio do<br />

tabaco. Grassava, intenso, o clima de<br />

desconfi ança e descrédito. Por fi m, em<br />

Maio de 1891 foi decretada a suspensão<br />

da convertibilidade, a <strong>que</strong>, em breve,<br />

em Junho, se seguiu o abandono do<br />

padrão-ouro. Falou-se de bancarrota<br />

e o público reagiu em pânico: entre<br />

Maio e Setembro de 1891 acorreu aos<br />

depósitos bancários e à conversão de<br />

notas. O Banco de Portugal fi cou sem<br />

reservas e outros bancos acabaram<br />

por suspender pagamentos.<br />

Não exagerei o terror pelo estado<br />

das coisas cá: isto nem forças tem<br />

para se sublevar. O cáustico dos<br />

impostos e deduções quase <strong>que</strong><br />

foi recebido com bênçãos. Somos<br />

um povo excelente cujo fundo é a<br />

fra<strong>que</strong>za bondosa e uma grande<br />

passividade. Estas qualidades são a<br />

origem dos nossos defeitos.<br />

Carta de Joaquim Pedro Oliveira<br />

Martins a Eça de Queiroz em 1892<br />

Acabou por ser a Oliveira Martins, <strong>que</strong><br />

em múltiplas ocasiões se manifestara<br />

profundamente crítico relativamente<br />

à política fontista, sobretudo pela sua<br />

repercussão no desequilíbrio das contas<br />

do Estado, <strong>que</strong> o rei D. Carlos, a<br />

partir de Janeiro de 1892, entregou a<br />

pasta da Fazenda e o encargo de ultrapassar<br />

os problemas mais instantes da<br />

crise. O novo ministro das Finanças,<br />

confrontado com um défi ce de 10 000<br />

contos (c. 25% das receitas) e uma<br />

dívida fl utuante de 23 000 contos,<br />

lançou imediatamente as primeiras<br />

medidas de saneamento fi nanceiro:<br />

uma taxa entre 5 e 20 por cento sobre<br />

os ordenados, soldos e pensões;<br />

uma taxa de 30 por cento sobre os<br />

rendimentos da dívida pública interna;<br />

uma proposta de renegociação da<br />

vida externa; e a instauração de novas<br />

pautas alfandegárias. Também aboliu<br />

o subsídio ao teatro da ópera de São<br />

Carlos e suspendeu as admissões na<br />

função pública.<br />

D. Carlos, por sua vez, quis fazer<br />

parte da solução, abdicou de 20% da<br />

sua dotação e ainda sugeriu a Oliveira<br />

Martins a ideia inovadora de encontrar<br />

novas fontes de receita através da<br />

instituição de uma espécie de bilhete<br />

de identidade.<br />

Nos anos de 1890 e 1891, a crise<br />

fi nanceira e monetária foi acompanhada<br />

por <strong>que</strong>bras signifi cativas de<br />

actividade em quase todos os sectores<br />

económicos. A crise, porém, não<br />

terá, segundo vários autores, originado<br />

um período de abrandamento<br />

do crescimento económico, dados<br />

os efeitos positivos das medidas de<br />

acréscimo do proteccionismo e de<br />

desvalorização monetária <strong>que</strong>, entre<br />

outras medidas, integraram a acção<br />

de Oliveira Martins e do seu sucessor,<br />

Dias Ferreira.<br />

Os tempos eram de acentuada instabilidade<br />

e de grande agitação política e<br />

social. As tentativas de regeneração do<br />

regime monárquico, as humilhações<br />

O rei nas Cortes em Junho de 1906, a 10 meses da dissolução do Parlamento<br />

Cento e<br />

vinte anos<br />

depois e,<br />

respeitando<br />

proporções,<br />

o país<br />

encontrase<br />

de novo<br />

numa<br />

situação<br />

muito<br />

semelhante<br />

à <strong>que</strong> a<br />

epígrafe de<br />

O Século<br />

fazia<br />

referência<br />

externas e, sobretudo, a bancarrota<br />

do Estado constituíam o prenúncio<br />

da <strong>que</strong>da inexorável do regime. A tendência<br />

revolucionária instalara-se, na<br />

sequência da primeira revolta armada<br />

contra a Monarquia, em 31 de Janeiro<br />

de 1891, no Porto.<br />

Os anos seguintes foram de acentuada<br />

agitação política e crispação social.<br />

O país viveu então, entre 1893 e 1907,<br />

um último ciclo rotativismo político<br />

entre os dois principais partidos monárquicos,<br />

sendo governado, alternadamente,<br />

por Hintze Ribeiro, chefe<br />

dos regeneradores, e Luciano de Castro,<br />

líder dos progressistas (<strong>que</strong> quando<br />

não estavam na chefi a do Governo<br />

alternavam também a direcção do Crédito<br />

Predial). Por junto, contaram-se<br />

oito ministérios, provando afi nal <strong>que</strong><br />

o rotativismo estava longe de proporcionar<br />

a almejada estabilidade política.<br />

A incapacidade de regeneração<br />

e superação dos sucessivos impasses<br />

políticos do campo monárquico, <strong>que</strong><br />

entretanto conhecerá várias cisões e<br />

dissensões, fez-se acompanhar do uso<br />

de expedientes e soluções erráticas no<br />

campo eleitoral e do recurso a medidas<br />

políticas e sociais crescentemente<br />

contestadas e contestáveis, criando<br />

um clima favorável à afi rmação das<br />

forças republicanas, apesar do agravamento<br />

do quadro repressivo. Não é<br />

portanto de estranhar a intensifi cação<br />

de manifestações de mal-estar social,<br />

refl ectindo difi culdades e descontentamentos,<br />

como a <strong>que</strong> fi cou conhecida<br />

pela “revolta do grelo”, em 1903.<br />

As manifestações populares contra<br />

a Monarquia, e a repressão <strong>que</strong> tiveram<br />

como resposta, prosseguiriam e<br />

aumentariam em particular durante<br />

o governo chefi ado, a partir de Maio<br />

de 1906, pelo regenerador dissidente<br />

João Franco, sobretudo desde <strong>que</strong>, em<br />

Abril de 1907, D. Manuel lhe concedeu<br />

a ditadura <strong>que</strong> recusara a Luciano de<br />

Castro e a Hintze Ribeiro.<br />

Nesses anos, embora ultrapassada<br />

a fase mais dramática da crise fi nanceira,<br />

a história das fi nanças públicas<br />

e da política nacional fi caria marcada<br />

pela presença de duas <strong>que</strong>stões, dois<br />

escândalos, devidamente explorados<br />

pela propaganda republicana e <strong>que</strong><br />

ganharam grande espectacularidade<br />

nas páginas dos jornais, entre a opinião<br />

pública e nos debates parlamentares.<br />

Desde logo, a velha <strong>que</strong>stão dos<br />

tabacos, a propósito do concurso para<br />

a renovação da exploração dos tabacos<br />

em regime de monopólio, cujas<br />

implicações políticas envolveram a<br />

<strong>que</strong>da de dois governos e a dissidência<br />

do Partido Progressista – a <strong>que</strong>stão<br />

só fi cou resolvida no governo de João<br />

Franco, <strong>que</strong> concedeu o exclusivo à<br />

Companhia dos Tabacos pela renda<br />

anual de 6520 contos.<br />

Erários separados<br />

A outra <strong>que</strong>stão foi a dos adiantamentos<br />

à Casa Real, chegada à imprensa<br />

republicana em 1905, <strong>que</strong> João Franco<br />

também viria a resolver, já em ditadura,<br />

através do decreto de 30 de Agosto<br />

de 1907, <strong>que</strong> concedia um aumento<br />

indirecto à “lista civil” para cobrir tais<br />

adiantamentos.<br />

A <strong>que</strong>stão dos adiantamentos recuava<br />

ao tempo da revolução liberal<br />

de 1820, quando, separando o erário<br />

público do erário régio, se criara uma<br />

Lista Civil para custear as despesas<br />

dos Braganças. Ora, como a dotação<br />

à coroa não era revista desde 1834,<br />

a coroa, desde o tempo do rei D. Luís,<br />

vinha recebendo adiantamentos<br />

à margem do disposto na Lista Civil<br />

e no Orçamento Geral do Estado. A<br />

<strong>que</strong>stão, em si já sufi cientemente<br />

sensível, ganhava expressão à luz<br />

dos empréstimos <strong>que</strong> entretanto a<br />

corte contraíra e, sobretudo, atendendo<br />

aos gastos em <strong>que</strong> a família real<br />

incorria. Não é de estranhar a violência<br />

da crítica dirigida à situação,<br />

sobretudo pela ilegalidade de <strong>que</strong> se<br />

revestia, evidentemente empolada<br />

a partir da oposição republicana.<br />

Estava Franco no poder quando<br />

a <strong>que</strong>stão, em 20 de Novembro de<br />

1906, assomou ao Parlamento. Afonso<br />

Costa não perdeu a oportunidade;<br />

feita a denúncia, criticada a situação,<br />

termina desferindo um golpe de certeira<br />

e histórica virulência: “Por muito<br />

menos crimes <strong>que</strong> os cometidos<br />

por D. Carlos I, rolou no cadafalso<br />

em França, a cabeça de Luís XVI”.<br />

A sessão terminou com a expulsão<br />

de Afonso Costa. Ânimos exaltados,<br />

dentro de fora do Parlamento, caracterizaram<br />

os tempos seguintes.<br />

João Franco, isolado e contestado,<br />

contaria ainda com o incondicional<br />

apoio régio, para, em Abril de 1907,<br />

dissolver o Parlamento. Foi então<br />

<strong>que</strong>, em Agosto, Franco fez publicar<br />

a resolução por decreto ditatorial dos<br />

adiantamentos à Casa Real, <strong>que</strong> anteriormente<br />

tinha prometido levar à<br />

deliberação do Parlamento. Determinava<br />

o decreto <strong>que</strong> o montante dos<br />

adiantamentos seria saldado através<br />

da privação perpétua das rendas dos<br />

prédios da coroa dados de arrendamento<br />

ao Estado e pela entrega do<br />

iate real Amélia ao Ministério da Marinha.<br />

Além disso, a Lista Civil era<br />

aumentada em 160 contos anuais.<br />

Difi cilmente o decreto poderia ter<br />

suscitado maior contestação... por<br />

tudo, e até pelo embuste <strong>que</strong> procurava<br />

fazer vingar, uma vez <strong>que</strong>, não<br />

só os referidos prédios já estavam<br />

desafectados da posse do rei, como<br />

o iate já sido doado à nação.<br />

Sensível à tensão instalada, entre o<br />

desgaste e o desprestígio da coroa e do<br />

sistema, atenta a contestação política<br />

e o desânimo popular, é de então a célebre<br />

expressão de Júlio Vilhena, novo<br />

chefe do Partido Regenerador: “Isto<br />

termina fatalmente por um crime ou<br />

por uma revolução”.<br />

Pois, como é sabido, as duas coisas<br />

aconteceram. No dia 1 de Fevereiro de<br />

1908, em Lisboa, deu-se o atentado à<br />

família real, tendo sido mortos o rei D.<br />

Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís<br />

Filipe. D. Manuel II tinha apenas 18<br />

anos quando recebeu a coroa; procurou<br />

o apoio de todos os partidos<br />

monárquicos, mas foi-lhe impossível<br />

travar a onda republicana, até por<strong>que</strong><br />

os próprios partidos monárquicos difi<br />

cilmente se entendiam, enquanto os<br />

republicanos se uniam e conspiravam<br />

contra o rei e pelo derrube da Monarquia.<br />

Na manhã do dia 5 de Outubro<br />

de 1910 foi proclamada a República<br />

em Portugal, a segunda na <strong>Europa</strong>, e<br />

anunciado o Governo Provisório das<br />

varandas da Câmara Municipal de Lisboa<br />

pela voz de José Relvas.<br />

Com a República vinha a miragem,<br />

não concretizada, da democracia e do<br />

progresso económico e social. Cento<br />

e vinte anos depois e, salvaguardando<br />

distâncias proporções, o país encontra-se<br />

de novo numa situação muito<br />

semelhante à <strong>que</strong> a epígrafe de O Século<br />

fazia referência. Historiadora<br />

Este artigo<br />

é financiado no<br />

âmbito do projecto to<br />

Público Mais<br />

publico.pt/<br />

publicomais


Portugal<br />

O Presidente tem o olhar crítico sobre a política do Governo<br />

<strong>Cavaquistas</strong> defendem saída<br />

de <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> do Governo<br />

A rota de colisão entre Cavaco e Passos acelerou-se. E os cavaquistas não<br />

escondem as divergências profundas em relação à política do Governo<br />

São José Almeida<br />

a É absoluta a discordância de algumas<br />

das mais proeminentes personalidades<br />

do cavaquismo e do próprio<br />

Presidente da República sobre<br />

a condução da política orçamental e<br />

as prioridades para a organização das<br />

fi nanças públicas, <strong>que</strong> têm sido adoptadas<br />

pelo Governo. O PÚBLICO sabe<br />

<strong>que</strong>, dentro deste grupo de personalidades<br />

<strong>que</strong> apoiam Cavaco Silva, há<br />

<strong>que</strong>m defenda já <strong>que</strong> o Governo deve<br />

substituir o ministro das Finanças, <strong>Vítor</strong><br />

<strong>Gaspar</strong>, <strong>que</strong> vêem como “um ultraliberal”<br />

<strong>que</strong> está a “dar cabo” do modelo<br />

social e económico construído<br />

após o 25 de Abril e no qual, frisam,<br />

os três governos de Cavaco (1985-1995)<br />

tiveram um papel crucial.<br />

A <strong>que</strong>stão de fundo — <strong>que</strong> tem<br />

criado tensão entre o Governo e o<br />

Presidente, cuja existência o Expresso<br />

ontem noticiou — passa pelo<br />

facto de <strong>que</strong> estas personalidades, a<br />

maioria das quais com conhecimento<br />

e refl exão precisamente na área<br />

económica, quando não mesmo em<br />

fi nanças públicas, como é o caso do<br />

próprio Cavaco Silva, verem como errado<br />

<strong>que</strong> as medidas de austeridade<br />

<strong>que</strong> são impostas pela crise da dívida<br />

pública sejam concretizadas com<br />

um enquadramento <strong>que</strong> vai conduzir,<br />

acreditam, à destruição da classe média<br />

e, conse<strong>que</strong>ntemente, do tecido<br />

económico português, <strong>que</strong> assenta<br />

em pe<strong>que</strong>nas e médias empresas, <strong>que</strong><br />

vivem do consumo.<br />

É notório, nas conversas com as<br />

personalidades do cavaquismo, o<br />

crescendo de preocupação sobre o<br />

<strong>que</strong> vêem como a “desestruturação<br />

da economia”, pela ausência de investimento.<br />

Isso é transparente em<br />

vésperas de mais uma cimeira europeia,<br />

<strong>que</strong> decorrerá amanhã, segunda-feira,<br />

em Bruxelas, e em <strong>que</strong> os<br />

responsáveis dos 27 Estados-membros<br />

vão, pela primeira vez, discutir<br />

a necessidade de uma agenda para o<br />

crescimento económico e políticas de<br />

investimento.<br />

Cavaco, o crítico<br />

O próprio Presidente já assumiu publicamente<br />

a sua discordância com<br />

o Governo. E as críticas de Cavaco<br />

Silva estenderam-se mesmo aos líderes<br />

da União Europeia, no discurso<br />

<strong>que</strong> fez a 12 de Outubro, no Instituto<br />

Universitário Europeu, Florença, Itália,<br />

quando defendeu <strong>que</strong> o problema<br />

não era do euro, mas das opções<br />

políticas dos Estados-membros e da<br />

falta de solidariedade e de políticas<br />

comuns conducentes à recuperação<br />

dos países em crise.<br />

A posição de crítica de Cavaco foi<br />

assumida internamente, dias depois,<br />

ao intervir no Congresso dos Economistas,<br />

em Lisboa, a 19 de Outubro,<br />

onde afi rmou explicitamente <strong>que</strong> era<br />

necessário “justiça na repartição dos<br />

sacrifícios” e combater “<strong>que</strong> se instale<br />

a ideia de <strong>que</strong> não se faz tudo o<br />

<strong>que</strong> podia ser feito para dinamizar a<br />

economia e combater o desemprego”.<br />

E, à saída da sala do congresso,<br />

declarou aos jornalistas <strong>que</strong> considerava<br />

<strong>que</strong> o Orçamento do Estado<br />

para 2012 não tinha políticas de<br />

investimento nem de dinamização<br />

do investimento, bem como <strong>que</strong><br />

considerava contrário ao princípio<br />

constitucional da equidade fi scal a<br />

confi scação fi scal dos subsídios de<br />

DANIEL ROCHA<br />

férias e de Natal da função pública.<br />

É assim conhecido o posicionamento<br />

crítico de Cavaco Silva à política<br />

económica e orçamental do<br />

Governo. E entre as personalidades<br />

O próprio<br />

Presidente<br />

já assumiu<br />

publicamente a<br />

sua discordância<br />

com o Governo<br />

em relação ao<br />

Orçamento do<br />

Estado e criticou<br />

mesmo os líderes<br />

da União Europeia<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 17<br />

cavaquistas são apontadas soluções<br />

governativas alternativas às do Governo<br />

de Passos Coelho e não subsidiarias<br />

de uma lógica neoliberal, mas<br />

sim de defesa do Estado-providência<br />

dentro das concepções <strong>que</strong> caracterizam<br />

o modelo social europeu e o<br />

papel social do Estado.<br />

As alternativas do Presidente<br />

E se há <strong>que</strong>m frise <strong>que</strong> as preocupações<br />

sociais do actual Presidente<br />

sempre foram patentes na sua governação,<br />

há <strong>que</strong>m lembre <strong>que</strong>, em privado,<br />

quando era primeiro-ministro,<br />

Cavaco comentava <strong>que</strong> não se revia<br />

na comparação <strong>que</strong> era então feita<br />

pelos <strong>que</strong> o alcunhavam de “Thatcher<br />

português”, precisamente por<strong>que</strong> se<br />

distanciava da visão neoliberal do papel<br />

social do Estado.<br />

Uma das <strong>que</strong>stões em <strong>que</strong> a divergência<br />

entre Cavaco e as políticas gizadas<br />

por <strong>Vítor</strong> <strong>Gaspar</strong> é profunda<br />

é o tratamento dado aos pensionistas.<br />

Entre as personalidades do cavaquismo<br />

é clara a condenação de o<br />

Governo estar a mexer nas pensões<br />

de reforma e sobrevivência, quando<br />

estas são o resultado de uma vida de<br />

trabalho e de descontos <strong>que</strong> as pessoas<br />

fi zeram, pelo <strong>que</strong> são direitos<br />

adquiridos.<br />

Outra linha de crítica do Presidente<br />

a Vitor <strong>Gaspar</strong> tem <strong>que</strong> ver com a<br />

equidade fi scal. O facto de os impostos<br />

extraordinários caírem quase exclusivamente<br />

sobre o rendimento do<br />

trabalho, bem como o facto de o corte<br />

de despesa ter sido feito sobre a massa<br />

salarial dos funcionários públicos e<br />

não sobre as “gorduras” e “avenças”<br />

e “consultadorias” <strong>que</strong> se instalaram<br />

e “sugam” os dinheiros públicos, é<br />

outro pomo de discórdia. Ao <strong>que</strong> o<br />

PÚBLICO sabe, <strong>que</strong>r o Presidente<br />

<strong>que</strong>r as personalidades cavaquistas<br />

consideram <strong>que</strong> a política fi scal<br />

não podia deixar de fora e poupar<br />

as empresas e os mais ricos. Ou seja,<br />

mais concretamente, <strong>que</strong> o aumento<br />

fi scal devia incidir no IVA e no IRS,<br />

mas também no IRC e na criação, por<br />

exemplo, de impostos sobre produtos<br />

de luxo e sobre os mais ricos.<br />

Outro exemplo de discordância,<br />

é a lei das rendas. Há mesmo <strong>que</strong>m<br />

classifi <strong>que</strong> o esta lei de “disparate”<br />

e <strong>que</strong>m se lhe tenha referido como<br />

“uma lei inútil”. E explicam <strong>que</strong>, num<br />

momento de crise e quando a maior<br />

parte das rendas já estão a valores<br />

de mercado, bem como são quase só<br />

idosos <strong>que</strong> têm rendas antigas, pelo<br />

<strong>que</strong> estão protegidos, aumentar as<br />

rendas de habitação vai criar um problema<br />

social suplementar ao Estado,<br />

pois haverá pessoas <strong>que</strong> irão precisar<br />

de ser apoiadas com subsídios, o <strong>que</strong><br />

aumenta a despesa social.<br />

E no domínio do aumento social<br />

do Estado, há personalidades do cavaquismo<br />

<strong>que</strong> frisam o aumento de<br />

despesa <strong>que</strong> o crescer do desemprego<br />

vai trazer. O aumento de desemprego,<br />

aliás, e o aumento de falências<br />

de pe<strong>que</strong>nas e médias empresas, por<br />

causa da perda de poder de compra<br />

da população portuguesa é um dos<br />

aspecto <strong>que</strong> mais preocupa o Presidente<br />

e por isso ele tem sido tão insistente<br />

nas declarações públicas sobre<br />

a necessidade de criar condições de<br />

investimento.


18 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Portugal Sindicalismo<br />

Novo líder da CGTP<br />

diz <strong>que</strong> “jamais<br />

lançará a toalha ao<br />

chão e abandonará<br />

a luta”<br />

O Governo dos direitos, as medidas da troika e os<br />

responsáveis pela crise são os alvos <strong>que</strong> Arménio Carlos<br />

identifi cou para o combate dos próximos quatro anos<br />

Ra<strong>que</strong>l Martins<br />

a Arménio Carlos, o novo secretário-geral<br />

da CGTP, afastou ontem os<br />

receios de <strong>que</strong> central sindical se torne<br />

menos plural e refém da imagem<br />

de uma só pessoa. No discurso de<br />

encerramento do XII Congresso da<br />

Intersindical, o homem <strong>que</strong> sucede<br />

a Carvalho da Silva deixou claro <strong>que</strong><br />

este é “um projecto de todos e para<br />

todos” e identifi cou bem os alvos do<br />

combate dos próximos quatro anos:<br />

o Governo de direitos, as medidas da<br />

troika e os responsáveis pela crise.<br />

“Há um compromisso <strong>que</strong> todos<br />

os delegados e todos os membros<br />

do conselho nacional assumiram<br />

<strong>que</strong> é o aprofundamento do projecto<br />

da CGTP”, frisou debaixo de fortes<br />

aplausos, num auditório “pintado” de<br />

bandeiras vermelhas.<br />

Numa intervenção parcialmente<br />

improvisada, o novo líder respondeu<br />

aos receios das tendências minoritárias<br />

da CGTP, <strong>que</strong> lhe deram voto em<br />

branco na eleição, e prometeu trabalhar<br />

com todos. Por diversas vezes fez<br />

<strong>que</strong>stão de frisar <strong>que</strong> a central é um<br />

“projecto colectivo” e <strong>que</strong> por detrás<br />

dos rostos mais mediáticos “há um<br />

trabalho de formiguinha”, desenvolvido<br />

pelos <strong>que</strong> “estão todos os dias<br />

nos locais de trabalho”.<br />

O novo secretário-geral da CGTP<br />

apelou ainda a todos os trabalhadores<br />

“independentemente da sua fi liação”<br />

para <strong>que</strong> juntem esforços no combate<br />

ao “desastre económico e social <strong>que</strong><br />

espolia os <strong>que</strong> menos têm e favorece<br />

a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> são responsáveis pela cri-<br />

se” e a <strong>que</strong> o Governo de direita está<br />

a conduzir o país.<br />

Num discurso parcialmente improvisado,<br />

Arménio Carlos deixou claro<br />

<strong>que</strong> os sindicatos da CGTP continuam<br />

disponíveis para colaborar nas empresas<br />

e no terreno com outras estruturas<br />

independentemente da sua<br />

fi liação. Uma hora antes tinha sido<br />

aprovada uma moção em <strong>que</strong> a CG-<br />

TP se compromete a angariar 100 mil<br />

novos fi liados em quatro anos.<br />

Os aplausos, as palavras de ordem<br />

e as bandeiras com o logotipo da CG-<br />

TP agitaram-se sempre <strong>que</strong> Arménio<br />

Carlos falou na necessidade de melhorar<br />

os rendimentos, reivindicou o aumento<br />

do salário mínimo para os 600<br />

euros, o aumento das pensões e a melhoria<br />

das prestações de desemprego.<br />

O líder acusou o Governo de “destruir<br />

a economia”, “subverter os princípios<br />

constitucionais”, “sacrifi car os<br />

direitos dos trabalhadores” e “esvaziar<br />

o Estado Social”. Uma crítica <strong>que</strong><br />

estendeu também ao presidente da<br />

República quando se diz “preocupado<br />

com o aumento da pobreza” e<br />

depois nada faz . “O <strong>que</strong> é <strong>que</strong> estão<br />

lá a fazer?”, <strong>que</strong>stionou.<br />

Criticou ainda os ministros “de<br />

bandeira portuguesa na lapela” a<br />

entregar as empresas públicas “por<br />

tuta e meia”.<br />

O novo secretário-geral considerou<br />

ainda o acordo assinado na concertação<br />

social “inadmissível e “uma demonstração<br />

da mostruosidade económica<br />

e social” <strong>que</strong> está por detrás das<br />

ideias do Governo e da troika.<br />

E destacou: “Este acordo não é lei.<br />

Temos <strong>que</strong> o combater no terreno antes<br />

<strong>que</strong> seja aprovado”.<br />

Numa intervenção dura e pautada<br />

por alguma ironia, Arménio Carlos<br />

admite <strong>que</strong> a central tem pela frente<br />

“muito trabalho” para “responder às<br />

ofensivas <strong>que</strong> estão em curso”.<br />

E deixou um mote para o <strong>que</strong> se<br />

avizinha: “A CGTP jamais lançará a<br />

toalha ao chão e abandonará a luta<br />

pelos direitos dos trabalhadores”.<br />

Dar lugar aos mais novos<br />

Após dois dias de discussões e ata<strong>que</strong>s<br />

ao Governo, ao rumo <strong>que</strong> a União Europeia<br />

está a tomar e às medidas de<br />

austeridade impostas pela troika e<br />

subscritas pelo Governo, Arménio<br />

Carlos encerrou o congresso <strong>que</strong> fi -<br />

cou marcado pela saída de Manuel<br />

Carvalho da Silva, fi gura <strong>que</strong> esteve<br />

à frente dos destinos da central nos<br />

últimos 25 anos.<br />

O XII Congresso fi cou marcado por<br />

um rejuvenescimento nos órgãos da<br />

central. Do conselho nacional saem<br />

mais de um terço dos dirigentes, por<strong>que</strong><br />

estão perto da idade da reforma<br />

ou foram substituídos à frente das<br />

estruturas.<br />

Arménio Carlos elogiou ainda o<br />

“desapego ao poder” dos dirigentes<br />

<strong>que</strong> agora saem por terem atingido o<br />

limite de idade e por terem ajudado<br />

a encontrar soluções para o “rejuvenescimento”<br />

da central.<br />

O novo Conselho Nacional foi eleito<br />

com 94,83 por cento dos votos. Cumprindo<br />

o objectivo de rejuvenescer a<br />

central, a média etária dos 147 membros<br />

é agora inferior a 48 anos.


No auditório pintado de<br />

bandeiras vermelhas,<br />

Arménio Carlos é aplaudido,<br />

cumprimentado pelo<br />

antecessor, Carvalho da Silva,<br />

e é eleito como novo dirigente<br />

FOTOS DE RUI GAUDÊNCIO<br />

Arménio Carlos<br />

“Existe medo e muita<br />

intimidação”<br />

Entrevista<br />

Ra<strong>que</strong>l Martins<br />

a Arménio Carlos, o novo líder da<br />

CGTP, garante <strong>que</strong> os receios de<br />

<strong>que</strong> a CGTP passará a ser menos<br />

plural por<strong>que</strong> tem à frente um<br />

membro do comité central do PCP<br />

são infundados. A entrevista foi<br />

feita em conjunto ao PÚBLICO e<br />

ao Diário de Notícias.<br />

Como lê os resultados da<br />

votação <strong>que</strong> o elegeu e <strong>que</strong> teve<br />

28 votos em branco. É uma<br />

tentativa de marcar posição<br />

por parte das tendências<br />

minoritárias? Os receios em<br />

relação ao seu mandato têm<br />

fundamento?<br />

Admito <strong>que</strong> seja uma posição de<br />

demarcação relativamente às<br />

perspectivas de futuro <strong>que</strong> alguns<br />

camaradas tenham. Se porventura<br />

estão receosos, o tempo vai<br />

demonstrar <strong>que</strong> estão enganados.<br />

Garante <strong>que</strong> irá trabalhar com<br />

todos, independentemente das<br />

posições <strong>que</strong> tomaram durante<br />

o congresso?<br />

É evidente. Nunca deixei de<br />

trabalhar com todos e com todos<br />

continuarei a trabalhar. Os 147<br />

dirigentes <strong>que</strong> foram eleitos para o<br />

conselho nacional assumiram um<br />

compromisso muito importante<br />

para dar continuidade ao projecto<br />

da CGTP.<br />

Que pontes vai estabelecer no<br />

futuro com essas tendências e<br />

com a UGT?<br />

Em relação às sensibilidades<br />

internas, nós não<br />

funcionamos num contexto de<br />

parlamentarização, funcionamos<br />

num contexto de intervenção<br />

sindical. Cada dirigente <strong>que</strong> está<br />

na CGTP tem responsabilidades<br />

ao nível de união, de federação ou<br />

de sindicato e tem <strong>que</strong> responder<br />

aos problemas concretos dos<br />

trabalhadores. Quando se<br />

procura encontrar grandes<br />

divergências elas não existem.<br />

Por<strong>que</strong> quando discutimos os<br />

problemas concretos - as <strong>que</strong>stões<br />

do emprego, do estado social, dos<br />

serviços públicos, das condições<br />

de vida dos trabalhadores e da<br />

população - não há divergências.<br />

E em relação à UGT?<br />

Há uma divergência de fundo, <strong>que</strong><br />

resulta não só de um projecto <strong>que</strong><br />

é diferente do nosso, mas também<br />

de atitudes e posicionamentos <strong>que</strong><br />

consideramos <strong>que</strong> não defendem<br />

os interesses dos trabalhadores. O<br />

último dos quais foi a assinatura<br />

do compromisso [com o Governo<br />

e os patrões].<br />

No actual contexto, as duas<br />

centrais só teriam a ganhar se<br />

se juntassem em determinadas<br />

situações. Continua aberta a<br />

porta para essa colaboração?<br />

A CGTP fará todas as diligências<br />

no sentido de concretizar a<br />

unidade da acção para responder<br />

a problemas concretos dos<br />

trabalhadores. Mas essas<br />

diligências não são feitas ao<br />

nível das direcções, resultam da<br />

disponibilidade e da vontade dos<br />

trabalhadores no terreno. No dia<br />

2 de Fevereiro vamos ter uma luta<br />

em várias empresas do sector<br />

dos transportes onde vão estar<br />

envolvidos alguns sindicatos da<br />

UGT.<br />

A CGTP mantém-se disponível<br />

para ir à concertação social? Ou<br />

é uma perda de tempo?<br />

Não abdicamos de intervir em<br />

nenhum espaço, seja ele qual for.<br />

É possível <strong>que</strong> em Portugal se<br />

atinjam níveis de tensão social<br />

semelhantes aos da Grécia?<br />

Não defendemos a violência,<br />

mas também não admitimos <strong>que</strong><br />

os direitos dos trabalhadores<br />

não sejam efectivados nos locais<br />

de trabalho e <strong>que</strong> dentro das<br />

empresas não haja a liberdade<br />

para <strong>que</strong> os trabalhadores digam<br />

o <strong>que</strong> pensam e exijam aquilo a<br />

<strong>que</strong> têm direito.. Essa é a maior<br />

violência <strong>que</strong> nos agride do ponto<br />

de vista fi nanceiro, físico e mental.<br />

É um crime o <strong>que</strong> se passa em<br />

muitos locais de trabalho.<br />

Novo líder<br />

diz <strong>que</strong><br />

CGTP tem<br />

uma divergência<br />

de fundo<br />

com a UGT<br />

É também esse “crime” <strong>que</strong><br />

afasta as pessoas dos sindicatos<br />

ou as impede de participar?<br />

Existe medo e sobretudo muita<br />

intimidação e muita repressão,<br />

mas perante isso temos <strong>que</strong><br />

transmitir esperança e confi ança.<br />

Mais do <strong>que</strong> ceder ao medo,<br />

exige-se uma intervenção para<br />

defendermos a nossa dignidade.<br />

É isso <strong>que</strong> apelamos aos<br />

trabalhadores: defendam a vossa<br />

dignidade.<br />

Não sente uma responsabilidade<br />

acrescida de substituir alguém<br />

<strong>que</strong> esteve à frente da CGTP 25<br />

anos?<br />

É uma responsabilidade pesadita.<br />

Mas isto faz-se com o colectivo<br />

Como é <strong>que</strong> vê a ideia de <strong>que</strong> é<br />

um ortodoxo <strong>que</strong> passa a liderar<br />

a CGTP?<br />

Dá-me gozo. Há pessoas <strong>que</strong> falam<br />

do <strong>que</strong> não sabem e sobretudo das<br />

pessoas <strong>que</strong> não conhecem, pode<br />

ser <strong>que</strong> se enganem.<br />

Mas isso tem a ver com o facto<br />

de fazer parte do comité central<br />

do PCP.<br />

Tem a ver acima de tudo com o<br />

preconceito anti-comunista.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 19<br />

O mais novo<br />

João Almeida, 25 anos, é o mais<br />

jovem membro do conselho<br />

nacional da CGTP. Empenhado<br />

em fazer a diferença, este<br />

jovem pescador deixa um<br />

apelo aos jovens precários<br />

ou no desemprego para <strong>que</strong><br />

se envolvam: “Temos nas<br />

mãos as armas para impedir<br />

o retrocesso social”.A entrada<br />

no mundo do sindicalismo fazse<br />

cedo, quando aos 18 anos<br />

começou a trabalhar. Membro<br />

do Sindicato dos Trabalhadores<br />

da Pesca do<br />

Norte foi nos<br />

últimos três<br />

anos <strong>que</strong><br />

passou a<br />

participar mais activamente na<br />

estrutura.<br />

O discurso está alinhado com<br />

o de outros dirigentes mais<br />

velhos. E quando <strong>que</strong>stionado<br />

sobre os esforços <strong>que</strong> a central<br />

tem <strong>que</strong> fazer para convencer<br />

os mais jovens a sindicalizar-se<br />

é pronto na resposta: “Não é o<br />

movimento sindical <strong>que</strong> tem<br />

<strong>que</strong> mudar, os trabalhadores<br />

é <strong>que</strong> têm <strong>que</strong> ter consciência<br />

do ata<strong>que</strong> aos direitos básicos<br />

e consciencializar-se de <strong>que</strong><br />

podem lutar”.E acrescenta<br />

ainda: “A CGTP sempre se<br />

soube adaptar e não vai ter<br />

dificuldades em chegar a<br />

todos”.R.M.<br />

O mais velho<br />

Habituado a ser o mais novo<br />

“em tudo”, o destino faz com<br />

<strong>que</strong> seja agora o mais velho<br />

dos 147 membros do conselho<br />

nacional eleitos na noite de<br />

sexta-feira. José Guerreiro, 61<br />

anos, diz <strong>que</strong> deve muito do<br />

<strong>que</strong> é ao sindicalismo. Defensor<br />

da renovação dos órgãos<br />

da central<br />

sindical, tem<br />

um discurso<br />

positivo<br />

e de raro<br />

reconhecimento da capacidade<br />

dos mais jovens levarem a<br />

CGTP a bom porto.<br />

“Este congresso marca<br />

uma viragem de gerações.<br />

Definitivamente, a geração do 25<br />

de Abril entrega o poder a outra<br />

geração mais nova e mais bem<br />

preparada”, realça o homem<br />

<strong>que</strong> está à frente do sindicato<br />

do comércio e <strong>que</strong> milita nos<br />

sindicatos desde 1970.<br />

E quando <strong>que</strong>stionado<br />

sobre as dificuldades <strong>que</strong> o<br />

sindicalismo enfrenta, alerta<br />

para o “retrocesso social” <strong>que</strong><br />

se traduz no medo das pessoas<br />

participarem. “Vivemos um<br />

tempo muito exigente para os<br />

trabalhadores e também para<br />

os dirigentes sindicais, mas<br />

tenho muita confiança nos<br />

novos dirigentes”, realça. R.M.


20 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Portugal Governo<br />

Menos tribunais e mais mobilidade<br />

dos juízes para melhorar a Justiça<br />

O projecto para uma nova reforma do mapa judiciário já foi entregue<br />

à troika e as alterações estarão em debate até Setembro<br />

Paula Torres de Carvalho<br />

a Em vez de 308 passam a existir<br />

20 tribunais judiciais “com secções<br />

dispersas pela área geográfi ca do<br />

respectivo distrito ou região autónoma”<br />

do país, caso a proposta do<br />

Ministério da Justiça para o novo<br />

mapa judiciário seja aprovada no<br />

Parlamento no próximo mês de Setembro.<br />

Esta proposta defende também<br />

o encerramento de 47 tribunais/<br />

juízos com menos de 250 processos<br />

entrados.<br />

O projecto de reorganização judiciária<br />

elaborado pela Direcção-Geral da<br />

Administração da Justiça (DGAJ) já foi<br />

entregue à troika e está agora aberto<br />

à discussão entre os parceiros até ser<br />

posta em debate na Assembleia da<br />

República.<br />

De forma a reorganizar os tribunais<br />

em 20 comarcas judiciais, defende-se<br />

a criação de uma instância central<br />

por comarca <strong>que</strong> pode ser desdobrada<br />

em secção cível e criminal e <strong>que</strong><br />

tratará principalmente dos processos<br />

“de maior valor e da competência<br />

do tribunal colectivo ou de júri e em<br />

secções de competência especializada”.<br />

É também proposta a criação<br />

de instâncias locais, com secções de<br />

competência genérica consoante o<br />

movimento processual. Essas instâncias<br />

serão integradas no mesmo<br />

tribunal distrital “<strong>que</strong> passa a ter um<br />

único orçamento e mapa de pessoal<br />

para os funcionários de justiça, integrados<br />

numa única secretaria, <strong>que</strong><br />

funcionará em diversos pontos da<br />

comarca”, refere a proposta, segundo<br />

a qual o trabalho dos magistrados<br />

passa poder a ser prestado “em mais<br />

do <strong>que</strong> um ponto da comarca”.<br />

Assim, prevê-se a possibilidade de<br />

serem colocados cerca de 300 magistrados<br />

judiciais, 80 magistrados<br />

do Ministério Público e cerca de 400<br />

funcionários judiciais em “equipas de<br />

recuperação de processos pendentes<br />

em atraso, a trabalhar em diversos<br />

pontos do território nacional, o <strong>que</strong><br />

contribuirá para uma resposta mais<br />

adequada a esta situação”.<br />

Desta forma, procura-se “atingir<br />

uma maior mobilidade na afectação<br />

de recursos, reconhecidamente apontada<br />

como um entrave à melhoria da<br />

Ministra defende reforma como uma prioridade deste Governo<br />

resposta do sistema judicial”, lê-se<br />

na proposta.<br />

Observa-se ainda uma ruptura relativamente<br />

ao “isolamento de cada<br />

pe<strong>que</strong>na estrutura judiciária, <strong>que</strong><br />

passa a integrar-se numa estrutura<br />

mais ampla, presidida por um juiz”,<br />

cujo papel passa também a ser muito<br />

mais alargado, competindo-lhe a<br />

defi nição de “objectivos processuais<br />

para a comarca” e reafectar os processos.<br />

Quanto à decisão de encerrar determinados<br />

serviços, foram considerados<br />

os critérios de um volume<br />

inferior a 250 processos entrados, a<br />

distância entre o tribunal a encerrar<br />

e o <strong>que</strong> vai receber o processo (passível<br />

de percorrer em cerca de uma<br />

hora) e a qualidade das instalações.<br />

Para trás fi ca o modelo da reforma<br />

do mapa judiciário aprovada em<br />

2008 pelo anterior Governo <strong>que</strong> foi<br />

posto em prática apenas em três comarcas-piloto:<br />

Baixo Vouga, Grande<br />

Lisboa-Noroeste e Alentejo Litoral.<br />

Segundo esta organização judiciária,<br />

as 231 comarcas seriam transformadas<br />

em 39, tendo como referência<br />

as NUT (Nomenclatura de Unidade<br />

Territorial) usadas para objectivos<br />

estatísticos.<br />

Esta mudança na forma como estão<br />

organizados os tribunais em todo<br />

o país, o <strong>que</strong> determina o seu modo<br />

de gestão e de funcionamento, foi<br />

uma das imposições da troika, tendo<br />

sobretudo em vista a celeridade e<br />

a desburocratização da Justiça para<br />

<strong>que</strong> esta se torne mais efi caz e não<br />

afugente as perspectivas do investimento<br />

estrangeiro em Portugal.<br />

Para a ministra da Justiça, é uma<br />

condição imprescindível para restaurar<br />

a credibilidade e a confi ança<br />

dos cidadãos no sistema de justiça,<br />

tornando-a mais acessível. Já na cerimónia<br />

de abertura do ano judicial,<br />

em Março do ano passado, Paula Teixeira<br />

da Cruz defendeu, no seu discurso,<br />

a reforma do mapa judiciário<br />

como uma prioridade deste Governo.<br />

E frisou <strong>que</strong> a redução das comarcas<br />

“não deve ser (...) permeável a certos<br />

discursos anacrónicos <strong>que</strong> pretendam<br />

defender corporativamente<br />

um status quo <strong>que</strong> nenhum português<br />

compreende ou deseja”.<br />

NUNO FERREIRA SANTOS<br />

Serviços secretos<br />

PS e BE<br />

<strong>que</strong>stionam<br />

Governo sobre<br />

reestruturação<br />

Nuno Ribeiro<br />

a O PS e o BE <strong>que</strong>stionaram ontem<br />

o primeiro-ministro sobre se está<br />

ou não a ser seguido o plano de reestruturação<br />

das secretas elaborado<br />

em 2011 por Jorge Silva Carvalho, exdirector<br />

do Serviço de Informações<br />

Estratégicas de Defesa (SIED) <strong>que</strong> esta<br />

semana renunciou aos seus cargos na<br />

Ongoing.<br />

Como o PÚBLICO revelou na edição<br />

de ontem, Silva Carvalho, então já a<br />

trabalhar na Ongoing, entregou no<br />

ano passado ao Executivo um plano de<br />

reforma dos serviços de informação,<br />

numa altura em <strong>que</strong> foi sondado para<br />

assumir o cargo de secretário-geral do<br />

Sistema de Informações da República<br />

Portuguesa (SIRP).<br />

O gabinete do primeiro-minisro negou<br />

ao PÚBLICO esta colaboração,<br />

mas ontem, em comunicado, o PS fez<br />

duas perguntas: “É ou não verdade<br />

<strong>que</strong> um alto quadro da empresa Ongoing<br />

entregou ao Governo uma proposta<br />

de reestruturação dos serviços<br />

secretos portuguesas?” e “É ou não<br />

verdade <strong>que</strong> os serviços de informação<br />

estão a ser reestruturados sobre<br />

essa base?”. Os socialistas sublinham<br />

<strong>que</strong>, “mais uma vez, surgem notícias<br />

<strong>que</strong> indiciam relações de natureza não<br />

formal com implicações directas na<br />

organização destes serviços em clara<br />

violação da lei”. Pelo <strong>que</strong> instam o<br />

primeiro-ministro, responsável pelos<br />

serviços secretos, a um esclarecimento<br />

público. Também o BE, através da<br />

deputada Cecília Honório, <strong>que</strong>r saber,<br />

caso o plano tenha sido solicitado pelo<br />

Governo, qual o “impacto” do mesmo<br />

sobre a reforma em curso. Notando<br />

<strong>que</strong> Passos Coelho terá de ser “célere<br />

no esclarecimento das dúvidas”, os<br />

bloquistas sublinham <strong>que</strong> é necessário<br />

“saber, com urgência” se Passos ou<br />

“algum membro do Governo” pediu<br />

ou não um projecto a Silva Carvalho.<br />

O ministro dos Assuntos Parlamentares,<br />

Miguel Relvas, disse ontem à Lusa<br />

ser “falso” <strong>que</strong> Silva Carvalho tenha<br />

dado ao Governo qual<strong>que</strong>r documento<br />

para a reforma nas secretas. E lembrou<br />

<strong>que</strong> o gabinete de Passos negara<br />

na véspera, ao PÚBLICO, a existência<br />

de qual<strong>que</strong>r espécie de colaboração<br />

entre o ex-chefe do SIED e os responsáveis<br />

pelas alterações nos serviços.<br />

O PÚBLICO apurou <strong>que</strong> o plano de<br />

Silva Carvalho previa um aumento do<br />

orçamento para a área operacional<br />

e contemplava a fusão do Serviço de<br />

Informações de Segurança (SIS) com<br />

o SIED. Embora esta fusão constasse<br />

do programa de Governo do PSD, para<br />

qual Silva Carvalho colaborou, o CDS e<br />

o PS sempre a recusaram. No entanto,<br />

está prevista a concentração dos serviços<br />

nas mesmas instalações, transitando<br />

o SIED para a sede do SIS, no Forte<br />

D. Carlos I, na Ameixoeira.


22 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Portugal Estudo<br />

Classe média<br />

em risco<br />

de implosão<br />

Num ensaio <strong>que</strong> esta semana chega às bancas, o<br />

sociólogo Elísio Estan<strong>que</strong> analisa a ascensão e declínio<br />

dos segmentos sociais <strong>que</strong> hoje estão rotulados como<br />

“os novos pobres”. Fala de quadros <strong>que</strong> roçam a<br />

patologia social, bem conhecidos de <strong>que</strong>m, no terreno,<br />

lida com a pobreza envergonhada<br />

Pessoas mantêm aparência de estilo de vida <strong>que</strong> já não consegem pagar<br />

Graça Barbosa Ribeiro<br />

a Quando entram no Gabinete de<br />

Apoio ao Sobreendividado da Deco,<br />

a primeira pergunta <strong>que</strong> as pessoas<br />

fazem é: “Esta conversa fi ca só mesmo<br />

entre nós?” A resposta — “sim”<br />

— é essencial para o prosseguimento<br />

do diálogo. Algumas têm os vencimentos<br />

penhorados e já cortam na<br />

própria alimentação, mas fora da<strong>que</strong>las<br />

quatro paredes agem como<br />

se nada tivesse mudado, mesmo<br />

junto de familiares e de amigos.<br />

Fazem parte de uma classe média<br />

“doente” e “em declínio”, tema do<br />

ensaio do sociólogo Elísio Estan<strong>que</strong><br />

<strong>que</strong> avisa <strong>que</strong> “os poderes políticos<br />

deviam estar mais preocupados com<br />

a possível implosão deste grupo do<br />

<strong>que</strong> com a sua eventual manifestação<br />

nas ruas”.<br />

No seu escritório, na Faculdade<br />

de Economia da Universidade de<br />

Coimbra, o investigador do Centro<br />

de Estudos Sociais folheia um jornal.<br />

Pode ser o do dia, o da véspera<br />

ou o da semana anterior, “não interessa”,<br />

diz — “Todos os dias há algo<br />

de novo: o acordo de concertação<br />

social, o anúncio de uma nova vaga<br />

de excedentários na função pública,<br />

o abandono da universidade<br />

pelos estudantes, as novas vagas de<br />

desemprego, o aumento das taxas<br />

moderadoras, a desmontagem do<br />

Estado Social — está tudo a acontecer<br />

de uma forma extraordinariamente<br />

rápida e intensa”, comenta. Aponta<br />

o livro editado pela Fundação Francisco<br />

Manuel dos Santos, <strong>que</strong> este<br />

fi m-de-semana chega às bancas com<br />

o título A Classe Média: Ascensão e<br />

Declínio, e admite: “Se fosse hoje,<br />

provavelmente trocaria o termo ‘declínio’<br />

por ‘<strong>que</strong>da’”.<br />

ERIC THAYER/REUTERS<br />

No ensaio, Elísio Estan<strong>que</strong> vai para<br />

além da sistematização teórica. A<br />

segunda parte do livro é dedicada às<br />

particularidades do caso português,<br />

no <strong>que</strong> respeita “à célere e pouco<br />

sustentada ascensão da classe média”<br />

e também à forma como ela<br />

“agora se desmorona, de maneira<br />

igualmente rápida e abrupta, na sequência<br />

do ‘empurrão’ da crise e das<br />

medidas de austeridade”.<br />

O ponto de chegada do sociólogo é<br />

uma classe média “ fraca e ameaçada<br />

de ‘proletarização’”; o ponto de<br />

partida de uma sociedade “<strong>que</strong> em<br />

escassas dezenas de anos passou de<br />

predominantemente rural a marcadamente<br />

urbana”. Os dados são objectivos:<br />

a população activa no sector<br />

primário encolheu de 43,6 por cento<br />

em 1960 para 11,2 em 1991 e a do<br />

sector terciário cresceu, no mesmo<br />

período, de 27,5 para 51,3 por cento.<br />

Com o desemprego em alta, já há mais pessoas do<br />

Mais de 40% dos sobreendividados <strong>que</strong> procuram ajuda<br />

Falências decretadas nos tribunais<br />

Em percentagem do total<br />

79,2<br />

19,3<br />

2007<br />

Empresas<br />

Singulares<br />

2008<br />

Sobreendividamento<br />

de singulares na Deco<br />

Número de processos<br />

152 241<br />

Número de processos<br />

Por delegação da Deco<br />

Não estão a ser<br />

devidamente<br />

avaliados os custos,<br />

a médio prazo,<br />

de uma sociedade<br />

doente, incapaz<br />

de responder<br />

às necessidades<br />

do país<br />

2009<br />

2010<br />

2000<br />

2001<br />

2002<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

2007<br />

2008<br />

2009<br />

2010<br />

2011<br />

Lisboa<br />

1661<br />

79,4<br />

19,9<br />

379 515 573<br />

V. Castelo<br />

114<br />

Coimbra<br />

355<br />

Santarém<br />

223<br />

Évora<br />

Algarve<br />

405<br />

Norte<br />

1292<br />

238<br />

Fonte: Ministério da Justiça, Deco e Pordata<br />

72,0<br />

27,6<br />

737 905<br />

65,4<br />

Sobreendividados<br />

por faixa etária<br />

Sobreendividados<br />

por escolaridade<br />

34,4 45,1%<br />

1976 2034<br />

20-30 anos 6,8%<br />

31-50<br />

51-70<br />

>70<br />

1.º Ciclo<br />

2.º Ciclo<br />

3.º Ciclo<br />

E. Secundário<br />

E. Superior<br />

1,2%<br />

2011<br />

2812 2837<br />

31%<br />

14%<br />

14,5%<br />

13,2%<br />

54,7%<br />

4288<br />

61%<br />

26,3%<br />

32%<br />

O peso da classe média — “<strong>que</strong> até<br />

1974 era absolutamente residual”,<br />

nota o investigador — resulta, na<br />

sua perspectiva, de vários factores<br />

conjugados. Refere-se à progressiva<br />

generalização da frequência do<br />

ensino superior <strong>que</strong> se refl ectiu na<br />

proliferação das profi ssões liberais;<br />

e também ao crescimento do sector<br />

público, <strong>que</strong> vê como o principal canal<br />

de mobilidade ascendente para<br />

as classes trabalhadoras, graças às<br />

políticas centradas em áreas como<br />

a Educação, a Saúde, a Justiça ou a<br />

Administração Pública.<br />

A afi rmação do Estado Social e os<br />

fenómenos de litoralização do país<br />

e de concentração urbana são outros<br />

dos factores <strong>que</strong> na sua óptica<br />

“se viriam a mostrar decisivos quando,<br />

após a instabilidade dos anos<br />

80, Portugal entrou numa espécie<br />

de euforia política e económica”,


<strong>que</strong> empresas a abrir falência<br />

na Deco acumulam quatro ou mais créditos<br />

Desempregados inscritos nos centros de emprego<br />

Em milhares<br />

1995<br />

451,8<br />

1985<br />

355,5 1990<br />

304,2<br />

+ de 100<br />

mil euros<br />

2009<br />

1990<br />

Causas para o sobreendividamento<br />

Em percentagem do total<br />

Agravamento do<br />

Custo de Crédito<br />

5,9<br />

Divórcio/ Separação<br />

10,3<br />

Outro<br />

10,5<br />

Desemprego<br />

31,4<br />

Morte de Elemento<br />

Agregado Familiar<br />

3,8<br />

Deterioração das<br />

Condições Laborais<br />

21,7<br />

Doença<br />

16,4<br />

2000<br />

326<br />

Número de créditos por famílias<br />

sobreendividadas<br />

4-7<br />

8-10<br />

33%<br />

2005<br />

479,4<br />

Agregados familiares, por escalões de rendimento bruto anual, em milhares de euros<br />

50-<br />

100<br />

40-<br />

50<br />

32,5<br />

-40<br />

3,5% 5,7%<br />

>10 créditos<br />

6% 3%<br />

1-3<br />

58%<br />

2010<br />

541,8<br />

2011<br />

605,1<br />

27,5-<br />

32,5 19-27,5 13,5-19 10-13,5 5-10 Até 5000 euros<br />

8,1%<br />

acentuada pela entrada de fundos<br />

da Comunidade Europeia.<br />

Despido da fundamentação teórica,<br />

o retrato é quase caricatural.<br />

Elísio Estan<strong>que</strong> fala dos grupos instalados<br />

nas periferias urbanas <strong>que</strong><br />

alimentam a ambição de ascensão<br />

social tendo como termo de comparação<br />

o mundo rural, contingente<br />

e precário da geração dos pais.<br />

Considera <strong>que</strong> a<strong>que</strong>les grupos, ao<br />

conquistarem empregos ‘limpos’,<br />

<strong>que</strong> imaginavam estáveis e seguros,<br />

acreditaram estar, “desde logo, confortavelmente<br />

instalados na classe<br />

média”. É neste contexto, analisa,<br />

<strong>que</strong> se dá o “casamento” <strong>que</strong> o investigador<br />

considera “fatal”: a ânsia<br />

da<strong>que</strong>les grupos de adoptarem padrões<br />

de vida europeus, modernos<br />

e urbanos coincide com o fl orescer<br />

do mercado do crédito.<br />

“Não responsabilizo especialmen-<br />

12,2% 14,6% 14,2% 28,8% 12,9%<br />

31,7%<br />

te as pessoas, do ponto de vista individual.<br />

Não tenho dúvidas de <strong>que</strong> se<br />

tratou de um programa de facilitação<br />

do crédito estrategicamente montado,<br />

planeado e orientado por parte<br />

da própria banca”, comenta Elísio<br />

Estan<strong>que</strong>. Considera <strong>que</strong> as consequências,<br />

“<strong>que</strong> hoje estão à vista”,<br />

“foram agravadas, por um discurso<br />

político <strong>que</strong>, ao invés de ter um teor<br />

pedagógico e preventivo, instigou<br />

ao consumo e ao progressivo endividamento”.<br />

São inúmeras as testemunhas directas<br />

dos acontecimentos de <strong>que</strong><br />

fala o investigador, algumas delas<br />

colocadas em postos de observação<br />

privilegiados. É o caso de Natália<br />

Nunes, responsável pelo Gabinete<br />

de Apoio ao Sobreendividado (GAS)<br />

desde <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le foi constituído, em<br />

2000. Recorda-se de <strong>que</strong> os primeiros<br />

consumidores a pedirem auxílio<br />

48,7%<br />

As pessoas pedem<br />

ajuda sob a<br />

condição de total<br />

confidencialidade.<br />

Escondem a sua<br />

situação dos<br />

vizinhos e até<br />

dos familiares<br />

à DECO tinham recorrido ao crédito<br />

para comprar casa, carro, mobílias,<br />

computadores ou electrodomésticos”.<br />

Hoje a situação é diferente: de<br />

uma forma genérica, diz, as pessoas<br />

não conseguem identifi car o <strong>que</strong><br />

as levou a pedir empréstimos. Por<br />

uma razão simples: “A maior parte<br />

das famílias tem cinco ou mais créditos,<br />

sendo <strong>que</strong> os mais recentes<br />

são contraídos para fazer face aos<br />

antigos…”, explica Natália Nunes.<br />

Em 11 anos multiplicaram-se os<br />

pedidos de apoio ao GAS, <strong>que</strong> em<br />

2000 deram origem à abertura de<br />

152 processos, em 2010, a perto de<br />

três mil, e no ano passado a 4288. E<br />

Natália Nunes não hesita em situar as<br />

pessoas <strong>que</strong> hoje vivem as situações<br />

mais graves no grupo estudado por<br />

Elísio Estan<strong>que</strong>, a classe média. Do<br />

total de consumidores apoiados, 61<br />

por cento têm idades compreendidas<br />

entre os 30 e os 50 anos; 45 por<br />

cento concluíram o ensino secundário<br />

ou universitário e a maior parte<br />

tem rendimentos superiores a 1500<br />

euros por mês. São pessoas reais,<br />

<strong>que</strong> aparecem diluídas no ensaio de<br />

Elísio Estan<strong>que</strong>, enquanto membros<br />

de um segmento social <strong>que</strong> se tornou<br />

vítima da “progressiva redução dos<br />

direitos sociais e laborais, do conse<strong>que</strong>nte<br />

aumento da insegurança,<br />

do desemprego e das medidas de<br />

austeridade”.<br />

No livro, o investigador fala desta<br />

classe média atribuindo-lhe “vivências<br />

de carácter bipolar”, em <strong>que</strong><br />

“um quotidiano depressivo se conjuga<br />

com técnicas de dissimulação e<br />

disfarce”. Estan<strong>que</strong> chega a afi rmar<br />

<strong>que</strong> o quadro roça “a patologia social”,<br />

já <strong>que</strong> um grupo continua “a<br />

negar a todo o custo uma realidade,<br />

mesmo quando já mergulhou nela<br />

até ao pescoço”.<br />

A descrição corresponde ao mundo<br />

em <strong>que</strong> se move, diariamente, o<br />

presidente da Caritas, Eugénio Fonseca.<br />

“As pessoas recusam-se a assumir<br />

a perda de status, aguentam<br />

muito para além do limite do razoável,<br />

procurando manter a aparência<br />

de um estilo de vida <strong>que</strong> já não são<br />

capazes de pagar. E quando fi nalmente<br />

nos procuram, a gravidade<br />

das situações é tal <strong>que</strong> ultrapassa,<br />

em muito, a nossa capacidade de<br />

intervenção”, lamenta.<br />

Natália Duarte lida com o mesmo<br />

tipo de comportamento: “As pessoas<br />

pedem ajuda sob a condição de total<br />

confi dencialidade. Escondem a sua<br />

situação dos vizinhos e até dos familiares<br />

<strong>que</strong>, temem, se afastariam se<br />

dela tivessem conhecimento”, afi rma.<br />

O presidente da Confederação<br />

Nacional das Instituições Particulares<br />

de Solidariedade Social (CNIPE),<br />

o padre Lino Maia, confronta-se com<br />

os mesmos problemas, mas sublinha<br />

<strong>que</strong> as pessoas sobreendividadas<br />

“preocupam-se, principalmente,<br />

com a iminência de as difi culdades<br />

afectarem os fi lhos, aos quais procuram<br />

proporcionar o mesmo estilo<br />

de vida <strong>que</strong> tinham antes, ainda <strong>que</strong><br />

eles próprios estejam, já, a cortar na<br />

sua alimentação”.<br />

As próprias instituições de apoio<br />

social têm vindo a ajustar protocolos<br />

para acolher estas pessoas,<br />

<strong>que</strong> na necessidade de ajuda e na<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 23<br />

situação de pobreza se somam aos<br />

sem-abrigo, mas têm um perfi l muito<br />

diferente.<br />

“São professores, juristas, arquitectos,<br />

engenheiros”, enumera Eugénio<br />

Fonseca. E não procuram apenas<br />

o <strong>que</strong> comer: “Pedem ajuda para pagar<br />

a renda, a água, a luz, as propinas<br />

dos fi lhos”, completa Lino Maia.<br />

Deram origem a um novo conceito, o<br />

de pobreza envergonhada, e começaram<br />

há dois ou três anos a aparecer<br />

nos noticiários sob a designação<br />

de ‘novos pobres’, falando sempre<br />

sob anonimato, com a voz distorcida,<br />

fi lmados ou fotografados de costas<br />

ou em contraluz. “Nesse aspecto,<br />

a situação piorou: hoje difi cilmente<br />

se consegue <strong>que</strong> estas pessoas falem,<br />

mesmo nessas condições”, diz Lino<br />

Maia. O <strong>que</strong> aconteceu? “As pessoas<br />

estão deprimidas”, diagnostica o<br />

presidente da Caritas.<br />

Elísio Estan<strong>que</strong> hesita em falar<br />

de um grupo social ‘doente’. Mas<br />

acaba por assumir a expressão, para<br />

designar “o estado de segmentos<br />

da população <strong>que</strong> em duas décadas<br />

alimentaram expectativas fortíssimas<br />

e legítimas de mobilidade social<br />

ascendente e <strong>que</strong> agora caem<br />

na pobreza, sem perspectivas de retornar,<br />

se<strong>que</strong>r, à posição anterior”.<br />

“É doentia”, considera, a forma “envergonhada,<br />

calada e silenciosa” como<br />

esta frustração está a ser vivida<br />

por a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> ao mesmo tempo<br />

“encenam uma normalidade <strong>que</strong> já<br />

não existe”.<br />

“Quando falam dos perigos da<br />

confl itualidade social, os agentes<br />

políticos só pensam nas manifestações<br />

de rua. Es<strong>que</strong>cem <strong>que</strong> esta forma<br />

de sofrimento é uma outra forma<br />

de confl itualidade, muito mais corrosiva,<br />

muito mais destruidora da<br />

afi rmação do sujeito na sua relação<br />

com os outros”, alerta o sociólogo.<br />

Elísio Estan<strong>que</strong> considera <strong>que</strong> “não<br />

estão a ser devidamente avaliados os<br />

custos, a médio prazo, de uma sociedade<br />

doente, incapaz de responder<br />

às necessidades do país”. Eugénio<br />

Fonseca, da Caritas, recorre à experiência<br />

de contacto com estes grupos,<br />

no terreno, para avisar <strong>que</strong>, “só do<br />

ponto de vista da saúde pública, os<br />

custos já serão tremendos”. “Não há<br />

dados, não há estudos, ainda está tudo<br />

a acontecer. Mas temo bem, devido a<br />

alguns casos concretos <strong>que</strong> conheço,<br />

<strong>que</strong> estes ‘novos pobres’, com qualifi -<br />

cações superiores e sem perspectivas<br />

de recuperar o estatuto social perdido,<br />

sejam os responsáveis pelo engrossar<br />

das estatísticas do consumo de ansiolíticos<br />

e até de suicídios”, avisa o presidente<br />

da Caritas.<br />

O próprio Elísio Estan<strong>que</strong> prepara<br />

um trabalho académico nesta área,<br />

centrado nestes segmentos “<strong>que</strong> caíram<br />

um ou dois degraus na pirâmide<br />

social”. Afi rma <strong>que</strong> não <strong>que</strong>r ser dramático<br />

e <strong>que</strong> “confi a na capacidade da<br />

sociedade de se regenerar”, mas em<br />

relação à forma como tal acontecerá<br />

não arrisca qual<strong>que</strong>r hipótese. Tem<br />

“poucas ou nenhumas dúvidas”, no<br />

entanto, “de <strong>que</strong> as consequências<br />

serão gravíssimas no <strong>que</strong> respeita ao<br />

acentuar das desigualdades entre ricos<br />

e pobres” — “Nesse aspecto, não<br />

sei como é <strong>que</strong> se pode evitar um retrocesso”.


24 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Economia<br />

Ban<strong>que</strong>iros<br />

chegaram este<br />

ano a Davos<br />

mais humildes<br />

e mais pe<strong>que</strong>nos<br />

Há um ano, pensavam <strong>que</strong> podiam sair da crise,<br />

crescendo. Agora, já assumem <strong>que</strong> a única saída é<br />

encolher. O objectivo da fi nança mundial presente em<br />

Davos é recuperar a confi ança perdida<br />

Christine Harper<br />

a Os líderes dos maiores bancos<br />

mundiais vieram ao Fórum Económico<br />

Mundial em Davos elogiar as<br />

virtudes da austeridade – para eles<br />

próprios, não apenas para os estados<br />

endividados.<br />

Muitos chegaram aos Alpes suíços<br />

a seguir a um ano de receitas fracas,<br />

acções em <strong>que</strong>da e cortes nos empregos<br />

e nos salários. E o sector bancário<br />

e fi nanceiro continua a ser o “menos<br />

credível” pelo segundo ano consecutivo,<br />

de acordo com um inquérito<br />

realizado em 20 países pela empresa<br />

de relações públicas Edelman e publicado<br />

no início da semana passada.<br />

“No ano passado, quando estiveram<br />

no Fórum, todos os bancos<br />

pensavam <strong>que</strong> podiam escapar aos<br />

problemas, crescendo”, lembra no intervalo<br />

entre duas sessões em Davos<br />

Huw van Steenis, analista do Morgan<br />

Stanley em Londres. “Agora, aperceberam-se<br />

<strong>que</strong> têm de encolher para<br />

escapar aos problemas”, diz.<br />

As empresas do sector fi nanceiro,<br />

principalmente na <strong>Europa</strong> Ocidental<br />

e nos Estados Unidos, anunciaram<br />

mais de 238 mil despedimentos desde<br />

o encontro de Davos do ano passado.<br />

Vários bancos, incluindo o Bank of<br />

America, o Deutsche Bank e o HSBC<br />

venderam activos e emagreceram<br />

para se adaptarem às exigências de<br />

capital aprovadas pelo Comité de Basel,<br />

às novas regulações nacionais e<br />

ao abrandamento na economia europeia.<br />

“É um tempo com grandes desafi<br />

os para a indústria dos serviços fi -<br />

nanceiros, por isso é difícil não ser<br />

cauteloso”, reconhece numa entrevista<br />

à Bloomberg Television, Anshu<br />

Jain, <strong>que</strong> assumiu o cargo de co-CEO<br />

do Deutsche Bank em Maio. Está a<br />

ser feita e continuará a ser feita uma<br />

ponderosa consolidação na nossa indústria”,<br />

afi rma. O Deutsche Bank, o<br />

maior credor alemão, está a ponderar<br />

a venda da sua unidade de gestão de<br />

activos, à medida <strong>que</strong> procura capital<br />

para se adaptar às regras de Basel. O<br />

banco sedeado em Frankfurt está a<br />

reduzir os custos globalmente e anunciou<br />

em Outubro <strong>que</strong> iria despedir<br />

500 funcionários das suas unidades<br />

de banca corporativa e de acções até<br />

ao dia 31 de Março.<br />

Há um ano, os ban<strong>que</strong>iros tentaram<br />

em Davos convencer os reguladores<br />

a a exigir menos na nova regulação,<br />

argumentando <strong>que</strong> instituições<br />

fi nanceiras com menos capital<br />

e sujeitas a menos restrições seriam<br />

uma ajuda ao crescimento económico.<br />

Esses argumentos não foram bem<br />

sucedidos, afi rma Robert Diamond,<br />

CEO do Barclays numa entrevista realizada<br />

antes de um encontro a portas<br />

fechadas realizado entre os líderes<br />

fi nanceiros presentes em Davos. O<br />

Barclays anunciou 422 despedimentos<br />

no início deste mês.<br />

“Em 2011, quando saímos de Davos,<br />

havia optimismo de <strong>que</strong> seria<br />

possível fazer progressos sérios ao<br />

nível do ambiente de regulação. Mas<br />

na procura de um balanço entre um<br />

sistema fi nanceiro mais seguro e saudável<br />

e o crescimento económico e<br />

dos empregos, o progresso foi mais<br />

feito no seguro e saudável”, afi rma.<br />

A preocupação em relação à capacidade<br />

dos políticos europeus para<br />

reduzir a dívida pública é a discussão<br />

<strong>que</strong> domina o encontro de Davos deste<br />

ano. Embora a maior parte dos ban<strong>que</strong>iros,<br />

incluindo Jain e Diamond,<br />

tenham dito <strong>que</strong> estavam confortados<br />

com a decisão do Banco Central<br />

Europeu de conceder empréstimos<br />

a três anos para os bancos da região,<br />

ninguém garantiu ter a certeza sobre<br />

o <strong>que</strong> irá acontecer a seguir.<br />

“A ressaca europeia é real, e embora<br />

o sentimento tenha melhorado<br />

bastante, ainda está connosco. Vamos<br />

ter de ser muito cautelosos”, afi rma<br />

Vikram Pandit, CEO do Citigroup.<br />

James Gorman, CEO do Morgan<br />

Stanley, está este ano pela primeira<br />

vez no encontro de Davos e diz <strong>que</strong><br />

os ban<strong>que</strong>iros são “ingénuos” se não<br />

compreenderem <strong>que</strong> o sector vai ter<br />

de pagar menos aos seus empregados.<br />

“O sector bancário passou por<br />

uma mudança profunda e temos de<br />

nos adaptar. Quando sairmos disto e<br />

começarmos a melhorar o desempenho,<br />

obviamente <strong>que</strong> os vencimentos<br />

vão refl ectir essa nova realidade. Até<br />

esse momento, temos de respeitar o<br />

facto de os accionistas terem de ser<br />

pagos também”, afi rma.<br />

Os bancos têm de reconquistar a<br />

confi ança do público, servindo os<br />

clientes, não a si próprios, afi rmou<br />

Pandit na passada quarta-feira, na<br />

conferência de imprensa de abertura<br />

do encontro de Davos.<br />

O Citigroup, o terceiro banco dos<br />

EUA com mais activos, anunciou na<br />

semana passada <strong>que</strong> iria eliminar<br />

1200 empregos para poupar 600<br />

milhões de dólares este ano. Os despedimentos<br />

já tinham começado no<br />

ano passado e deverão chegar aos<br />

5000. São cerca de 1,9% dos 266 mil<br />

funcionários do banco.<br />

Os comentários de Pandit surgem<br />

ao mesmo tempo <strong>que</strong> a consultora<br />

Oliver Wyman revela os resultados de<br />

uma sondagem <strong>que</strong> mostra <strong>que</strong> 63%<br />

das pessoas numa amostra à escala<br />

mundial não confi am em ninguém a<br />

não ser nelas próprias para gerir as<br />

suas poupanças para a reforma. Os<br />

bancos recebem a confi ança de menos<br />

de 8% dos inquiridos nos EUA e<br />

no Reino Unido, revela o estudo.<br />

Para reconquistar a confi ança, os<br />

bancos vão ter de oferecer produtos<br />

Ban<strong>que</strong>iros presentes no<br />

encontro de Davos deste ano<br />

reconheceram <strong>que</strong> não é tempo<br />

para pensar em salários altos Nos últimos quatro dias, o<br />

presidente executivo da Galp<br />

simples <strong>que</strong> aparentem oferecer valor<br />

a <strong>que</strong>m investe, diz o mesmo estudo.<br />

E, para fazer isso, os bancos e<br />

as seguradoras terão provavelmente<br />

de cortar um quarto dos seus custos<br />

durante os próximos oito anos, vendendo<br />

os seus produtos online, por<br />

exemplo.<br />

Outra das conclusões da consultora<br />

é a de <strong>que</strong> a instituições fi nanceiras<br />

<strong>que</strong> não são bancos – incluindo seguradoras<br />

e hedge funds – podem estar<br />

melhor preparadas para conceder<br />

crédito de longo prazo às empresas<br />

e aos particulares. A sondagem da<br />

Oliver Wyman revela <strong>que</strong>, nos EUA<br />

e no Reino Unido, há mais pessoas a<br />

confi ar mais em gestores de activos<br />

do <strong>que</strong> em bancos para entregar as<br />

suas poupanças para reforma.<br />

Isso pode explicar a escolha de música<br />

para o fi nal de um encontro privado<br />

para investidores, <strong>que</strong> incluiu<br />

Daniel Loeb, CEO do hedge fund<br />

Third Point, e Louis Bacon, CEO da<br />

Moore Capital Management. O grupo,<br />

<strong>que</strong> esteve reunido na quintafeira<br />

durante quatro horas e ouviu<br />

os conselhos de Timothy Geithner e<br />

de Axel Weber, concluiu a sessão ao<br />

som de “Rehab”, de Amy Winehouse.<br />

Bloomberg News<br />

“Ir a Davos é como encont<br />

Energia, Manuel Ferreira de<br />

Oliveira, praticamente não falou<br />

português. É uma das escassas<br />

presenças nacionais no Fórum<br />

Económico Mundial, <strong>que</strong> termina<br />

hoje em Davos, na Suíça. Na lista<br />

de 2600 participantes, só ele e o<br />

CEO da Jerónimo Martins, Pedro<br />

Soares dos Santos, representam<br />

o país, além de António Guterres,<br />

enquanto alto-comissário<br />

das Nações Unidas para os<br />

Refugiados. Talvez por isso não<br />

seja surpreendente <strong>que</strong>, com<br />

Portugal a meio de um resgate<br />

financeiro, Ferreira de Oliveira<br />

tenha sido alvo de um “teste” com<br />

origem no nosso principal credor,<br />

a Alemanha.<br />

Depois de uma amena<br />

conversa com o líder de uma<br />

grande empresa alemã, o<br />

presidente da Galp foi brindado<br />

com uma pergunta incómoda:<br />

“O senhor tem algum plano<br />

preparado, na sua empresa,<br />

para a implosão do euro ou da<br />

<strong>Europa</strong>?”. Ferreira de Oliveira<br />

devolveu a pergunta. “Ele riu-se<br />

e disse <strong>que</strong> não, por<strong>que</strong> achava<br />

impossível <strong>que</strong> houvesse um<br />

colapso do euro ou da <strong>Europa</strong>”,


armo-nos com o mundo”, diz o estreante Ferreira de Oliveira<br />

conta, salientando <strong>que</strong>, “mesmo<br />

no olho do furacão, na Alemanha”,<br />

essa hipótese não é considerada.<br />

Desde Outubro do ano passado<br />

<strong>que</strong> o presidente da Galp Energia<br />

está a preparar a sua ida ao<br />

Fórum de Davos. Marcou com<br />

antecedência quase duas dezenas<br />

de reuniões na estância de ski nos<br />

Alpes suíços. Os encontros iam<br />

de 10 minutos a uma hora e meia.<br />

Reuniu-se com os presidentes de<br />

outras grandes empresas do sector,<br />

com clientes internacionais, com<br />

fornecedores e com parceiros de<br />

negócio. O líder da brasileira<br />

Petrobras, José Grabrielli de<br />

Azevedo, é um dos parceiros<br />

da petrolífera nacional <strong>que</strong><br />

também esteve em<br />

Davos. “Se tivesse<br />

de me deslocar aos<br />

países das pessoas<br />

com <strong>que</strong>m <strong>que</strong>ria<br />

falar ou conhecer, iria<br />

perder necessariamente<br />

um mês”, explica,<br />

salientando, contudo, <strong>que</strong><br />

não foi ao Fórum para<br />

fazer negócios. “É um<br />

ambiente para trocar<br />

ideias e actualizar<br />

informação”, afirma.<br />

Para conseguir fazer<br />

muito em tão pouco tempo, os dias<br />

foram aproveitados ao minuto.<br />

Às 8h da manhã, Ferreira de<br />

Oliveira já estava em encontros.<br />

Todo o tempo livre pelo meio ia<br />

para os eventos – mais de 280<br />

oficiais, entre debates, workshops<br />

e painéis, sem contar com os<br />

privados. “A primeira sensação é<br />

de frustração, por<strong>que</strong> gostaria de<br />

ser capaz de me multiplicar por<br />

vários”, revela. Os dias terminavam<br />

às 10h da noite e, mesmo assim,<br />

pareciam não dar para tudo.<br />

Para Ferreira de Oliveira, tratase<br />

de uma estreia no palco onde,<br />

todos os anos, se encontram<br />

os líderes mundiais<br />

para discutir as grandes<br />

tendências e as preocupações<br />

internacionais. “É como<br />

se saíssemos de<br />

Portugal e fôssemos<br />

para um sítio onde<br />

nos encontramos com<br />

o mundo; atropelamonos<br />

uns aos outros”,<br />

explica o presidente<br />

da Galp Energia. Com<br />

representantes do poder<br />

político, económico<br />

e social em todas as<br />

esquinas, Ferreira<br />

de Oliveira diz <strong>que</strong>,<br />

REUTERS/CHRISTIAN HARTMANN<br />

“em cada sítio onde se pára, temse<br />

uma experiência nova, como<br />

conversar com um professor da<br />

melhor universidade dos Estados<br />

Unidos ou falar com o líder de uma<br />

empresa chinesa ou norueguesa”.<br />

Quanto às preocupações, são<br />

diferentes consoante a origem<br />

geográfica. As intervenções<br />

e as conversas com os líderes<br />

dos países do hemisfério Norte<br />

denotam grande preocupação com<br />

o emprego. Segundo Ferreira de<br />

Oliveira, as atenções estão aqui<br />

voltadas para o drama da criação<br />

de emprego, de dar oportunidades<br />

à geração jovem e para o acentuar<br />

das desigualdades sociais. No<br />

hemisfério Sul, os problemas são<br />

outros: como gerir o crescimento,<br />

como evitar a saída para o Norte da<br />

ri<strong>que</strong>za aí acumulada, impedindo a<br />

“endogeneização do crescimento”,<br />

como lhe chama.<br />

No meio de todas as<br />

preocupações mundiais, “a crise<br />

da dívida na zona euro é um<br />

tema, mas não é o tema”, salienta<br />

o presidente da Galp. Mesmo <strong>que</strong><br />

seja esta mesma crise a trazer o<br />

risco de colapso do euro para o<br />

meio da conversa entre dois líderes<br />

empresariais, um português e<br />

outro alemão. Ana Rita Faria<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 25<br />

Tranferência de soberania orçamental<br />

Alemanha propõe retirar<br />

poder ao Governo grego<br />

Sérgio Aníbal<br />

a Nas vésperas de uma cimeira europeia<br />

em <strong>que</strong> as novas regras orçamentais<br />

da zona euro vão ser discutidas,<br />

a Alemanha propôs aos seus<br />

parceiros uma transferência inédita<br />

de soberania orçamental dos países<br />

a benefi ciar de um pacote de apoio<br />

fi nanceiro e <strong>que</strong> não cumpram para<br />

os ministros das fi nanças dos outros<br />

países da zona euro.<br />

A notícia foi publicada ontem pelo<br />

Financial Times e dá conta de uma<br />

proposta enviada pelo Governo alemão<br />

aos ministros das fi nanças da<br />

zona euro com o objectivo de impedir<br />

<strong>que</strong> um país <strong>que</strong> esteja a receber<br />

empréstimos da troika, não adopte<br />

de forma persistente as medidas acordadas.<br />

O visado imediato é naturalmente<br />

a Grécia.<br />

A proposta, a ser aprovada, levaria<br />

à transferência de soberania em<br />

<strong>que</strong>stões orçamentais do governo<br />

grego para um novo “comissário orçamental”,<br />

nomeado pelos ministros<br />

das Finanças da zona euro. Este poderia,<br />

por exemplo, vetar decisões<br />

tomadas pelo Executivo grego <strong>que</strong><br />

conduzissem ao incumprimento de<br />

metas estabelecidas. E assumiria uma<br />

função apertada de fi scalização em<br />

relação às principais componentes<br />

da despesa pública.<br />

A Grécia, de acordo com estas novas<br />

regras, fi caria também obrigada<br />

a, antes de qual<strong>que</strong>r outra despesa<br />

(incluindo salários e pensões), cumprir<br />

os seus compromissos de dívida<br />

pública. Deste modo, dizem os autores<br />

da proposta, os mercados poderiam<br />

ter a certeza de <strong>que</strong> não haveria<br />

um default do Estado grego.<br />

O documento, cita o Financial Times,<br />

argumenta <strong>que</strong> “dada o cumprimento<br />

desapontador até agora, a<br />

Grécia tem de aceitar transferir soberania<br />

orçamental para o nível europeu<br />

por um determinado período<br />

de tempo”.<br />

As agências noticiosas Reuters e<br />

Bloomberg também noticiaram ontem,<br />

citando responsáveis políticos<br />

da zona euro não identifi cados, <strong>que</strong><br />

estava a ser discutida a possibilidade<br />

da troika constituída pela Comissão<br />

Europeia, FMI e BCE fi car com maior<br />

poder de intervenção na política orçamental<br />

dos países onde está a ser<br />

implementado um programa de ajustamento.<br />

A troika poderia, de acordo<br />

com algumas propostas, com poder<br />

para impor medidas <strong>que</strong> tenham sido<br />

acordadas previamente entre as<br />

partes.<br />

O Governo alemão não fez, durante<br />

o dia de ontem, qual<strong>que</strong>r comentário<br />

à notícia publicada pelo Financial<br />

Times. A Grécia, através de<br />

um porta-voz do Governo, recusou<br />

liminarmente a hipótese de perda<br />

de soberania orçamental do país. A<br />

Comissão Europeia também reagiu.<br />

Amadeu Altafaj, o porta-voz do co-<br />

missário europeu para os Assuntos<br />

Económicos e Financeiros, garantiu<br />

<strong>que</strong> as tarefas executivas “se mantém<br />

nos ombros” do Governo grego e <strong>que</strong><br />

“é lá <strong>que</strong> devem fi car”. Afi rma apenas<br />

<strong>que</strong> “a Comissão está decidida a<br />

reforçar a sua capacidade de monitorização<br />

e continua a reforçar a sua<br />

capacidade no terreno”.<br />

O surgimento destas propostas são<br />

uma demonstração do descontentamento<br />

crescente entre os principais<br />

credores da Grécia em relação à forma<br />

como o Governo grego, agora liderado<br />

por Lucas Papademos, está<br />

a executar as medidas previstas no<br />

programa de apoio fi nanceiro. Os<br />

elementos da troika vêem poucos<br />

avanços na adopção das medidas<br />

<strong>que</strong> julgam ser necessárias para cortar<br />

o défi ce.<br />

Entretanto, continuam as negociações<br />

em Atenas. Lucas Papademos<br />

teve ontem mais um dia agitado. o<br />

primeiro-ministro grego começou por<br />

se reunir com os elementos da troika,<br />

para discutir os detalhes do desejado<br />

segundo pacote de apoio fi nanceiro<br />

Angela Merkel<br />

está descontente<br />

com o<br />

incumprimento<br />

grego e <strong>que</strong>r uma<br />

transferência<br />

da soberania<br />

orçamental<br />

e das medidas <strong>que</strong> o Governo terá de<br />

adoptar para garantir o cumprimento<br />

dos objectivos orçamentais.<br />

A proposta apresentada pela troika<br />

a Atenas inclui, também de acordo<br />

com o Financial Times, uma lista de<br />

medidas <strong>que</strong> o Governo terá de tomar<br />

ainda antes do novo pacote de ajuda<br />

ser aprovado. Entre estas medidas está<br />

uma redução adicional do número<br />

de funcionários públicos. O bjectivo<br />

exigido é uma diminuição de 150 mil<br />

efectivos no espaço de três anos.<br />

A troika exige igualmente cortes<br />

substanciais nos sectores da Defesa<br />

e da Saúde, para além do fecho de<br />

diversos organismos da Administração<br />

Pública. Em cima da mesa está<br />

também um corte no valor do salário<br />

mínimo e a eliminação dos subsídios<br />

para o trabalhadores do sector privado,<br />

algo <strong>que</strong> o Governo grego não<br />

parece disposto a aceitar.<br />

A seguir, Papademos voltou a encontrar-se<br />

com os representantes do<br />

Instituto de Finanças Internacional<br />

(IIF), para acertar a reestruturação<br />

da dívida grega detida por privados.<br />

Um acordo com os credores privados<br />

também é exigido pela troika para<br />

aprovar o novo pacote de ajuda.<br />

Os líderes europeus têm afi rmado<br />

estar à espera da obtenção de um<br />

acordo ainda antes do início da cimeira<br />

<strong>que</strong> começa amanhã. Contudo,<br />

ontem, o IIF comunicou <strong>que</strong> apesar<br />

de estar próximo, o acordo deverá<br />

ser concluído apenas na próxima<br />

semana.


26 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Economia A semana<br />

As 5 mais<br />

REN Portucel Papel Sonae BCP Galp<br />

2,180<br />

2,135<br />

2,090<br />

2,07<br />

2,000<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

Var.<br />

0,72%<br />

26<br />

2,085<br />

Cumpra-se ou não nas estatísticas,<br />

este é certamente um dos adágios<br />

financeiros em <strong>que</strong> os investidores<br />

perderão uns minutos a matutar:<br />

como correrem os mercados em<br />

Janeiro, assim correrá o ano.<br />

Na leitura <strong>que</strong> é possível<br />

fazer das primeiras semanas<br />

de 2012 não se encontra uma<br />

tendência clara de como está a ir<br />

o mercado: por um lado, alimentase<br />

um regresso do optimismo<br />

moderado, por outro, alguns sinais<br />

de nervosismo na zona euro e,<br />

As 5 menos<br />

27<br />

1,900<br />

1,875<br />

1,850<br />

2,545<br />

1,800<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

Var.<br />

0,87%<br />

26<br />

2,62<br />

27<br />

0,50<br />

0,48<br />

0,46<br />

0,452<br />

0,42<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

26<br />

0,457<br />

27<br />

0,145<br />

0,139<br />

0,135<br />

0,130<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

PT EDP BPI BRISA Banif<br />

4,250<br />

4,18<br />

4,125<br />

4,000<br />

3,875<br />

3,750<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

26<br />

Var.<br />

-5,0%<br />

3,971<br />

27<br />

2,3750<br />

2,2500<br />

2,1875<br />

2,1250<br />

A figura Nuno Amado<br />

Nuno Amado, o homem <strong>que</strong> vai<br />

substituir Carlos Santos Ferreira<br />

à frente do BCP, é, naturalmente, a<br />

figura da semana. Ninguém sabe<br />

se vai tirar uns dias nos Alpes<br />

para se preparar para a missão.<br />

Mas se o puder fazer não seria<br />

propriamente má ideia, por<strong>que</strong><br />

a tarefa <strong>que</strong> tem pela frente não<br />

será seguramente fácil e uns bons<br />

dias de descanso no local <strong>que</strong> lhe<br />

aporta a<strong>que</strong>la dose suplementar<br />

de tranquilidade interior poderiam<br />

funcionar como um excelente<br />

tónico para os tempos difíceis <strong>que</strong><br />

terá seguramente pela frente.<br />

Nuno Amado não é um<br />

ban<strong>que</strong>iro mediático, mas todos<br />

dizem <strong>que</strong> é um grande ban<strong>que</strong>iro.<br />

Cultiva uma discrição <strong>que</strong> faz com<br />

<strong>que</strong> se olhe mais para o <strong>que</strong> faz<br />

do <strong>que</strong>, propriamente, para o <strong>que</strong><br />

diz. E fez muito num banco onde<br />

teve <strong>que</strong> substituir alguém <strong>que</strong><br />

acabou por ser recrutado para a<br />

liderança do histórico Lloyd’s. O<br />

Santander Totta ficou sem Horta<br />

Osório, mas não ficou órfão de<br />

comando. Nuno Amado consolidou<br />

a base estabelecida e prosseguiu o<br />

caminho da expansão.<br />

no caso da bolsa portuguesa,<br />

uma trajectória descendente<br />

nem sempre acompanhando as<br />

principais praças europeias.<br />

Nas últimas cinco sessões,<br />

o PSI-20 regressou a terreno<br />

negativo, ao acumular uma<br />

<strong>que</strong>da de 0,93%, com 11 cotadas a<br />

encerrarem com perdas. Desde o<br />

início do ano, o PSI-20 perdeu (até<br />

à última sexta-feira) 1,08% do seu<br />

valor.<br />

Peso-pesado do índice<br />

português, a Galp foi, na última<br />

2,3125<br />

2,29<br />

20<br />

Valor das acções em euros<br />

23<br />

24<br />

25<br />

Var.<br />

-3,10%<br />

26<br />

2,219<br />

27<br />

É, por isso, uma boa escolha.<br />

Chega ao BCP pelo lado da<br />

competência <strong>que</strong> demonstrou ao<br />

longo de décadas na banca. E não<br />

como corolário de uma batalha<br />

de poder <strong>que</strong> deixou cicatrizes<br />

difíceis de fechar no maior banco<br />

privado português.<br />

Não é fácil a tarefa. Herda um<br />

banco <strong>que</strong> viveu muitos anos<br />

orientado para as clientelas e<br />

não tanto para os clientes. Um<br />

banco <strong>que</strong> se derreteu em bolsa<br />

até aos 10 cêntimos por título<br />

e <strong>que</strong> perdeu vários milhares<br />

de milhões de euros em<br />

capitalização bolsista. Um<br />

banco <strong>que</strong> perdeu um dos<br />

activos fundamentais <strong>que</strong><br />

tinha em posse: o de ser<br />

considerado uma fortaleza<br />

inexpugnável.<br />

Amado tem uma tarefa<br />

ciclópica pela frente. A<br />

urgência de recapitalizar a<br />

instituição, a crescente fome<br />

de influência do seu maior<br />

accionista, a Sonangol. E a<br />

mais <strong>que</strong> provável entrada<br />

de um novo investidor de<br />

referência no capital do BCP,<br />

Var.<br />

1,11%<br />

semana, a cotada <strong>que</strong> registou a<br />

maior valorização, tendo chegado<br />

a cotar-se a 12,88 euros no fecho<br />

a meio da semana. Pelo contrário,<br />

entre as maiores perdas ficaram<br />

outras duas empresas com grande<br />

peso no índice: a PT, ao tombar 5%,<br />

e a EDP, <strong>que</strong> cedeu mais de 3%.<br />

A banca contou com duas<br />

cotadas entre as maiores descidas<br />

(BPI e Banif). Mas ao conseguir<br />

crescer no final da semana, o BCP<br />

conseguiu valorizar 1,44%, depois<br />

de serem notícia as mudanças<br />

0,560<br />

0,545<br />

0,530<br />

0,500<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

Var.<br />

-3,04%<br />

0,527 0,511<br />

26<br />

27<br />

PSI-20<br />

Índice em pontos<br />

7000<br />

6000 5992,54<br />

5000<br />

4000<br />

27 Out<br />

2,750<br />

2,625<br />

2,549<br />

2,500<br />

2,375<br />

2,250<br />

20<br />

23<br />

24<br />

Var.<br />

1,44%<br />

25<br />

Última semana<br />

26<br />

0,141<br />

27<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

Var.<br />

-0,93%<br />

5434,89<br />

26<br />

27 Jan<br />

Var.<br />

-2,94%<br />

2,474<br />

desta feita com pronúncia chinesa.<br />

Nuno Amado gosta de desafios.<br />

É um homem atento às mudanças<br />

<strong>que</strong> se estão a operar no sistema<br />

bancário. Trabalhou integrado<br />

num grupo, o Santander, <strong>que</strong> é<br />

dos maiores do mundo. Dispõe<br />

das ferramentas para reconstruir<br />

o edifício. Mas tem <strong>que</strong> mostrar<br />

<strong>que</strong> as expectativas não sairão<br />

furadas como um balão <strong>que</strong><br />

rebenta no seu caminho para<br />

o infinito.<br />

O primeiro teste<br />

será o da composição<br />

da equipa dirigente.<br />

Sobrepor aos apetites<br />

accionistas uma lógica de<br />

competência e capacidade<br />

de desempenho,<br />

nomedamente no pelouro<br />

financeiro, será um dos<br />

primeiros desafios de<br />

Amado e dará, certamente,<br />

para perceber se o novo<br />

presidente executivo é<br />

capaz de fazer vingar a<br />

lógica do profissionalismo<br />

em detrimento dos<br />

interesses grupais. José<br />

Manuel Rocha<br />

27<br />

13,500<br />

13,125<br />

12,750<br />

12,42<br />

12,000<br />

0,32<br />

0,31<br />

0,29<br />

20<br />

0,306<br />

20<br />

23<br />

23<br />

Var.<br />

2,74%<br />

24<br />

24<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

26<br />

12,76<br />

de governação no maior banco<br />

privado português.<br />

Nos mercados de dívida, a<br />

tensão diminuiu no caso de Itália<br />

e Espanha, mas acentuou-se sobre<br />

Portugal e a Grécia.<br />

A semana terminou com um<br />

novo corte de rating, da agência<br />

Fitch, na zona euro, a penalizar<br />

em especial Itália e Espanha<br />

e a reflectir os receios sobre a<br />

economia da zona euro, para <strong>que</strong>m<br />

o FMI prevê agora uma recessão<br />

de 0,5%. Pedro Crisóstomo<br />

O número<br />

60<br />

27<br />

Valor das acções em euros<br />

25<br />

Var.<br />

-1,96%<br />

26<br />

0,3<br />

27<br />

Valor estimado, em milhares<br />

de milhões de euros, dos<br />

títulos de dívida pública<br />

grega detidos actualmente<br />

pelo Banco Central Europeu.<br />

Com as conversações entre<br />

os credores privados e o<br />

Governo de Atenas para o<br />

perdão de parte da dívida<br />

ainda a decorrerem, a entidade<br />

liderada por Mario Draghi<br />

está a ser cada vez mais<br />

pressionada a ajudar ainda<br />

mais a Grécia, aceitando<br />

também perdas nos seus<br />

títulos obrigacionistas. Um<br />

passo pedido esta semana<br />

pelo FMI e mesmo por alguns<br />

responsáveis políticos<br />

europeus e <strong>que</strong> o BCE se<br />

recusa determinantemente<br />

a dar. O receio em Frankfurt<br />

é o de <strong>que</strong> o banco central<br />

possa ser a vítima seguinte no<br />

contágio da crise do euro.


Economia Gestão<br />

Aposta na variedade de mercados<br />

reforça lucros da Auto Sueco<br />

Apesar da crise em Portugal, facturação cresce 20%, com o Brasil a pesar<br />

quase metade nas receitas. Angola, Turquia e EUA também crescem<br />

Inês Se<strong>que</strong>ira<br />

a É costume dizer-se <strong>que</strong> não se devem<br />

pôr todos os ovos no mesmo<br />

cesto. Ora, o <strong>que</strong> se aplica às pessoas<br />

serve também para as empresas,<br />

como demonstra o exemplo da Auto<br />

Sueco. Num ano de crise em Portugal<br />

e Espanha, a presença em mercados<br />

como o Brasil levou a uma subida de<br />

20% no volume de negócios para o<br />

valor mais alto de sempre, de 1,2 mil<br />

milhões de euros.<br />

O “ovo” do Brasil foi o mais importante,<br />

e terá tendência a crescer ainda<br />

mais durante os próximos anos,<br />

indicou em entrevista ao PÚBLICO o<br />

presidente executivo, Tomás Jervell.<br />

O resultado deverá ser um lucro recorde<br />

superior a 30 milhões de euros,<br />

superior entre 60 a 70% a 2010 (o <strong>que</strong><br />

se confi rmará apenas no fi nal de Fevereiro,<br />

com o fecho do exercício), e<br />

um EBITDA de 90 milhões de euros<br />

(tinha sido de 66 milhões no exercício<br />

anterior).<br />

A Auto Sueco começou no maior<br />

país da América Latina apenas em<br />

2007, como concessionária de pe-<br />

sados da Volvo em Mato Grosso,<br />

seguindo-se a entrada no estado de<br />

São Paulo em 2010. Agora, passados<br />

quatro anos, este é um mercado <strong>que</strong><br />

“já representa 40,8% da facturação”<br />

e <strong>que</strong> subiu 23% em 2011, para 500<br />

milhões de euros, sublinha o responsável<br />

máximo do grupo nortenho.<br />

A estratégia passa por “um plano<br />

de investimentos bastante agressivo,<br />

de crescimento orgânico”, <strong>que</strong> prevê<br />

a abertura de várias instalações<br />

durante os próximos anos e poderá<br />

estender-se à compra de outras empresas<br />

dentro e fora do sector, revela<br />

Tomás Jervell. O objectivo é passar<br />

a liderar o mercado de pesados em<br />

São Paulo ainda em 2012 (são agora<br />

segundos). E “até por uma <strong>que</strong>stão<br />

demográfi ca”, o Brasil deverá representar<br />

mais de metade da facturação<br />

da Auto Sueco até 2015, acredita.<br />

A prova de <strong>que</strong> o outro lado do<br />

Atlântico é relevante para este grupo<br />

– <strong>que</strong> iniciou actividade no Norte<br />

de Portugal em 1933, pela mão de<br />

Luiz Oscar Jervell – foi a abertura de<br />

um centro corporativo em São Paulo,<br />

no início do Verão passado. “Temos<br />

Holanda representa “estabilidade fiscal”<br />

Não foi recentemente <strong>que</strong> a Auto<br />

Sueco criou uma holding na<br />

Holanda, onde tem par<strong>que</strong>adas<br />

todas as operações internacionais,<br />

mas sim há já 10 anos. Tomás<br />

Jervell prefere não comentar a<br />

polémica recente ligada ao grupo<br />

Jerónimo Martins, mas sempre vai<br />

indicando <strong>que</strong> a razão principal<br />

para a escolha da Auto Sueco<br />

“tem a ver com estabilidade<br />

fiscal”. Por outro lado, “é o país<br />

com o maior número de acordos<br />

de dupla tributação”, um aspecto<br />

importante, uma vez <strong>que</strong> nenhuma<br />

empresa gosta de pagar impostos<br />

a dobrar.<br />

No entanto, para o gestor, o<br />

mais importante é mesmo o facto<br />

de as regras ali não estarem<br />

constamente a mudar. “É um país<br />

amigo do investidor nesse sentido,<br />

não tanto pelas vantagens fiscais<br />

<strong>que</strong> retiramos a longo prazo, <strong>que</strong><br />

até podem ser algumas, mas<br />

PEDRO CUNHA<br />

<strong>que</strong> no imediato não existem”. A<br />

estratégia de diversificação dos<br />

últimos anos estende-se também<br />

ao mercado do crédito. “O <strong>que</strong><br />

temos feito, desde <strong>que</strong> entrámos<br />

no Brasil, foi dispersar bastante o<br />

nosso portfolio de financiamento”,<br />

indica. “Temos hoje núcleos de<br />

financiamento importantes <strong>que</strong>r<br />

no Brasil <strong>que</strong>r em Angola”.<br />

Já o investimento em Portugal<br />

continua a estar par<strong>que</strong>ado em<br />

bancos nacionais e sente o peso do<br />

encarecimento do crédito, “mas é<br />

um volume estável”. O investimento<br />

português mais importante este<br />

ano será de sete milhões de euros,<br />

numa nova fábrica mais moderna<br />

de reciclagem de pneus ligada à<br />

Biosafe, empresa do grupo. Quanto<br />

ao número de trabalhadores, o<br />

grupo fechou o ano passado com<br />

4200 pessoas a nível global, mais<br />

5,7% <strong>que</strong> em 2010 – principalmente à<br />

custa do Brasil.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 27<br />

aí cerca de 30 pessoas <strong>que</strong> apoiam<br />

e controlam os negócios no Brasil<br />

e detectam novas oportunidades”,<br />

indica o descendente do fundador.<br />

[Luiz Oscar Jervell criou ofi cialmente<br />

a Auto Sueco em 1949, juntamente<br />

com Ingvar Poppe Jensen].<br />

No entanto, nem apenas deste país<br />

se faz a actividade do grupo, nem<br />

só da representação dos camiões e<br />

autocarros da marca sueca. Além de<br />

Portugal, a partir de onde controlam<br />

várias actividades no estrangeiro, o<br />

terceiro centro corporativo fi ca em<br />

Angola – o primeiro país para onde a<br />

Auto Sueco se expandiu já há 20 anos,<br />

a convite da Volvo. Neste país, onde<br />

o grupo vende máquinas de construção<br />

civil e pesados, um crescimento<br />

de 45% para 164 milhões de euros,<br />

em 2011, acabou por compensar um<br />

desempenho mais fraco no ano anterior<br />

– quando a falta de pagamentos<br />

do Estado angolano às construtoras<br />

se refl ectiu numa descida de mais de<br />

50% do volume de negócios na<strong>que</strong>le<br />

mercado.<br />

Tomás Jervell reconhece <strong>que</strong> a actividade<br />

económica no país “tem vindo<br />

a normalizar-se” e acredita <strong>que</strong> 2012<br />

será mais um ano de crescimento<br />

importante, ainda para mais face a<br />

novos investimentos – como a construção<br />

de um aldeamento para trabalhadores<br />

expatriados e colaboradores<br />

e de um novo escritório, “num dos<br />

edifícios de escritórios mais importantes<br />

em Luanda”. Mas ainda assim,<br />

feitas as contas, o peso dos negócios<br />

em Angola na facturação total da Auto<br />

Sueco, <strong>que</strong> subiu de 11 para 13% no<br />

último ano, ainda está longe dos 37%<br />

<strong>que</strong> este mercado representava há<br />

pouco tempo atrás.<br />

O ritmo de crescimento dos Estados<br />

Unidos e da Turquia foi também<br />

importante, sublinha. Nestes dois<br />

países, o grupo vende máquinas de<br />

construção civil, através da participada<br />

Auto Sueco Coimbra, e a actividade<br />

tem ganho forças. Namíbia,<br />

Botswana, Quénia e Tanzânia, ainda<br />

com um peso conjunto de 0,4%, são<br />

outros mercados <strong>que</strong> estão a subir.<br />

Aguentar o barco<br />

Em contrapartida, Portugal é um<br />

mercado <strong>que</strong> continua a cair. “Estamos<br />

a passar por um período menos<br />

feliz e com desempenhos menos conseguidos<br />

em Portugal, mas as coisas<br />

estão razoavelmente estabilizadas.<br />

Temos uma estrutura muito afi nada<br />

e estamos preparados para aguentar<br />

dois ou três anos mais difíceis”, assegura<br />

Tomás Jervell.<br />

O facto de 75% da actividade deste<br />

grupo nortenho passar hoje pela venda<br />

de equipamentos pesados, máquinas<br />

e camiões, a <strong>que</strong> se juntam outros<br />

6% da comercialização de ligeiros,<br />

afectou fortemente o negócio devido<br />

à retracção deste sector. “O mercado<br />

de camiões em Portugal costumava<br />

andar à volta de 4500 unidades, mas<br />

este ano fechou com 2664.” O resultado<br />

foi a <strong>que</strong>da da facturação de<br />

330 para 303 milhões, com o país a<br />

representar 25% das receitas totais,<br />

quando em 2010 tinha um peso de<br />

35%. Já a Espanha, onde o grupo vende<br />

máquinas de construção através<br />

da Auto Sueco Coimbra, é hoje quase<br />

insignifi cante (cerca de 3%).


28 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Grande plano<br />

a A semana passada foi<br />

marcada pelo tiro de<br />

abertura da campanha para<br />

a reeleição do Presidente<br />

norte-americano, Barack<br />

Obama, no seu discurso do<br />

Estado da União, e por mais<br />

um (mais precisamente o 19º)<br />

debate entre os candidatos<br />

republicanos, em vésperas<br />

das primárias na Florida.<br />

As presidenciais americanas<br />

são só em Novembro, mas a<br />

campanha está já em marcha<br />

e não é só nos discursos<br />

políticos dos protagonistas<br />

analisados ao pormenor nos<br />

media.<br />

Da Florida ao Michigan,<br />

republicanos apoiantes de<br />

Mitt Romney ou de Newt<br />

Gingrich, ou democratas <strong>que</strong><br />

vão votar Barack Obama,<br />

sejam mais novos ou mais<br />

velhos, vão encontrando<br />

diferentes modos de ir ver ao<br />

vivo os seus ídolos políticos e<br />

de mostrar o seu apoio.<br />

BRIAN SNYDER/REUTERS<br />

BRIAN SNYDER/REUTERS


STEVE NESIUS/REUTERS<br />

JASON REED/REUTERS<br />

JOE RAEDLE/AFP<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 29<br />

JOE RAEDLE/AFP<br />

BRIAN SNYDER/REUTERS BRIAN SNYDER/REUTERS


30 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Mundo<br />

Aumento da violência leva Liga<br />

Árabe a suspender missão na Síria<br />

A oposição vai fornecer armas às milícias armadas. O regime intensifi ca<br />

os ata<strong>que</strong>s. Para ambos os lados, o confl ito torna-se cada mais desesperado<br />

Ana Gomes Ferreira<br />

a A Liga Árabe admitiu ontem <strong>que</strong> há<br />

uma escalada de violência na Síria e<br />

suspendeu a sua missão de observadores<br />

na<strong>que</strong>le país. Ao mesmo tempo,<br />

o Conselho Nacional Sírio, um dos<br />

maiores grupos da oposição, anunciou<br />

<strong>que</strong> vai pedir às Nações Unidas<br />

“protecção” para os civis <strong>que</strong> estão<br />

a ser atacados pelas forças governamentais.<br />

Na sexta-feira à noite, o chefe da<br />

missão árabe na Síria, o general sudanês<br />

Mohamed al-Dabi — <strong>que</strong> quando<br />

chegou a Homs, no fi nal de Dezembro,<br />

disse não existirem “situações<br />

preocupantes” —, informou a Liga<br />

de um “forte incremento da violência”,<br />

sobretudo nas cidades de Hama,<br />

Homs e Idlib, relata a AFP.<br />

Receando pela segurança dos delegados<br />

ou por outra razão não expressa,<br />

a Liga interrompeu a missão.<br />

Na noite de quinta para sexta-feira,<br />

os corpos de 17 opositores de Hama,<br />

<strong>que</strong> tinham sido detidos pelas forças<br />

governamentais, foram encontrados<br />

espalhados por ruas da cidade.<br />

Meninos com armas de brincar<br />

em Hula, perto de Homs, na Síria<br />

Membros do Conselho Nacional<br />

Sírio na Turquia: Muti al Buteyin,<br />

Semir Nesar, Muhammet Faruk<br />

Tayfur<br />

BULENT KILIC/AFP<br />

Tinham buracos de bala na cabeça,<br />

indicando execuções. “Há um homem<br />

na casa dos 60 anos, outro na dos 40<br />

e a maior parte estaria nos 20 anos”,<br />

disse, por telefone, uma fonte da Reuters<br />

na cidade.<br />

Hama, disse a fonte, era ontem uma<br />

cidade deserta, depois de três dias de<br />

intensos bombardeamentos. “Há pos-<br />

REUTERS<br />

tos de controlo a isolar os bairros uns<br />

dos outros e a cidade está fortemente<br />

militarizada”.<br />

A mais de 200 quilómetros de Damasco<br />

(a capital), esta é uma das cidades<br />

mais activas na rebelião contra<br />

o regime do Presidente Bashar<br />

al-Assad, <strong>que</strong> recorreu às forças de<br />

segurança para reprimir a revolta <strong>que</strong><br />

começou em Março do ano passado.<br />

Está conotada com a oposição e com<br />

a violência: na década de 1980, Hafez<br />

Assad, o pai do actual chefe de<br />

Estado, esmagou uma revolta da Irmandade<br />

Muçulmana. Milhares de<br />

pessoas morreram.<br />

Aqui, como em Homs, Idlib e nos<br />

subúrbios de Damasco, registou-se<br />

nos últimos meses uma intensa actividade<br />

das forças armadas da oposição<br />

— grupos coordenados pelo Exército<br />

de Libertação da Síria e outros <strong>que</strong><br />

actuam isoladamente. Perante a perda<br />

de controlo de partes substanciais<br />

do país, o regime de Bashar al-Assad<br />

ordenou às forças governamentais para<br />

atacarem, neutralizando os grupos<br />

armados da oposição e as comunidades<br />

<strong>que</strong> os abrigam.<br />

A espiral de violência — na sextafeira<br />

morreram mais de 100 pessoas —<br />

levou o Conselho Nacional Sírio (CNS)<br />

a decidir pedir protecção para a população<br />

às Nações Unidas. O presidente<br />

do CNS, Bourhan Ghalioun, chefi a a<br />

equipa <strong>que</strong>, hoje, será recebida por<br />

membros do Conselho de Segurança,<br />

em Nova Ior<strong>que</strong>.<br />

Este começa amanhã a debater<br />

uma proposta árabe e europeia para<br />

a resolução do confl ito na Síria <strong>que</strong><br />

preconiza o afastamento de Assad e<br />

a criação de um governo de unidade<br />

nacional. A Rússia anunciou <strong>que</strong> vetará<br />

qual<strong>que</strong>r documento <strong>que</strong> exclua<br />

Assad do poder. “Já dissemos claramente<br />

<strong>que</strong> a Rússia não considera<br />

esse texto como uma base para um<br />

acordo”, disse o embaixador russo<br />

nas Nações Unidas, Vitali Churkin,<br />

citado pela AFP.<br />

Na terça-feira, é a vez de os enviados<br />

da Liga Árabe à ONU (o secretário-geral<br />

Nabil el-Araby e o primeiroministro<br />

do Qatar, Hamad al-Thani)<br />

defenderem as suas opções em Nova<br />

Ior<strong>que</strong>. E só no fi nal deste processo<br />

se saberá se a resolução vai a votação.<br />

Dependerá do acordo <strong>que</strong> os diplomatas<br />

conseguirem alcançar para evitarem<br />

o veto da Rússia, <strong>que</strong> confi rmou<br />

estar em negociações com o Governo<br />

de Damasco para encontrarem a sua<br />

própria solução para o confl ito.<br />

Não será fácil todas estas partes<br />

chegarem a um compromisso. O<br />

<strong>que</strong>, considera a oposição síria, dará<br />

mais tempo a Assad para adensar a<br />

violência.<br />

Via militar<br />

Talvez por isso, um elemento do Conselho<br />

Nacional Sírio, Louay Safi , tenha<br />

dito ontem à estação de televisão Al-<br />

Jazira <strong>que</strong> o Exército de Libertação da<br />

Síria tem <strong>que</strong> ser “parte da solução”<br />

para o confl ito em curso.<br />

No início de Janeiro, este exército<br />

e o CNS uniram-se contra o regime.<br />

Na base deste entendimento estava a<br />

convicção — agora assumida por Louay<br />

Safi — de <strong>que</strong> a via militar poderia<br />

ser essencial à revolta contra Assad.<br />

A oposição viu a sangrenta guerra civil<br />

líbia e a instabilidade gerada pela<br />

militarização da oposição. Mas viu,<br />

também, <strong>que</strong> os protestos não passaram<br />

disso até à entrada dos militares<br />

nas revoltas. Tudo indica <strong>que</strong> estão<br />

dispostos a arriscar.<br />

“Estamos a referenciar os grupos<br />

<strong>que</strong> estão no terreno”, disse uma<br />

porta-voz do CNS, Bassma Kodmani,<br />

de forma a pô-los sob um só comando.<br />

Acrescentou <strong>que</strong> o Conselho está<br />

pronto a fornecer armas e dinheiro<br />

aos grupos espalhados pela Síria. E<br />

há cada vez mais civis a juntarem-se<br />

às milícias. “Temos o direito de pegar<br />

em armas. Não vamos voltar as costas<br />

a essa solução”, disse Omar, um residente<br />

de Homs, à Al-Jazira.<br />

“À medida <strong>que</strong> o confl ito se torna<br />

mais desesperado e feio, mais pessoas<br />

terão uma morte violenta. Não há<br />

solução visível para esta luta entre<br />

um regime determinado a manter o<br />

poder, e uma revolta <strong>que</strong> há muito<br />

entrou no ponto de não retorno”,<br />

sentenciou o jornalista Jim Muir, ao<br />

escrever na BBC online sobre um confl<br />

ito a <strong>que</strong> ainda não há <strong>que</strong>m chame<br />

guerra civil.


Mundo Breves<br />

Senegal Eleições francesas<br />

Violência após rejeição de<br />

candidatura de Youssou N’Dour<br />

a A rejeição da candidatura do cantor Youssou N’Dour pelas<br />

autoridades do Senegal e a autorização, por outro lado,<br />

para <strong>que</strong> o actual Presidente Abdoulaye Wade (85 anos, no<br />

cargo desde 2000) possa concorrer a um terceiro mandato<br />

nas eleições de Fevereiro, levaram muitos senegaleses a<br />

protestar violentamente em várias cidades. Na capital,<br />

Dacar, morreu um polícia em confrontos, envolvendo<br />

pedras e gás lacrimogéneo, com manifestantes.<br />

Brasil<br />

Detido importante<br />

traficante do Rio<br />

a A polícia brasileira deteve um dos<br />

trafi cantes de droga mais procurados<br />

do Rio de Janeiro, Fabiano Atanázio<br />

da Silva, <strong>que</strong> era tido como o chefe<br />

do tráfi co nas favelas do Complexo do<br />

Alemão. O trafi cante, mais conhecido<br />

por FB, foi detido no estado de São<br />

Paulo, na sexta-feira à noite, e transferido<br />

para o Rio. Acusado de tráfi co de<br />

drogas, homicídios, se<strong>que</strong>stro, etc,<br />

FB tinha sido detido em 2002, mas<br />

fugiu da prisão por um túnel. Mais<br />

tarde, conseguiu escapar da operação<br />

de “pacifi cação” da favela em<br />

2010.<br />

Viena<br />

Le Pen brilha no baile<br />

da extrema-direita<br />

a Marine Le Pen, a líder da Frente<br />

Nacional francesa, foi a convidada<br />

de honra do baile anual da extrema<br />

direita europeia <strong>que</strong> se realizou sextafeira<br />

em Viena, no palácio imperial<br />

de Hofburg. Este ano, o baile a <strong>que</strong> se<br />

juntam organizações de estudantes e<br />

intelectuais próximas do FPÖ —partido<br />

austríaco de extrema-direita, a <strong>que</strong><br />

as sondagens dão 28% das intenções<br />

voto, o mesmo <strong>que</strong> aos social-democratas<br />

— foi ainda mais polémico, pois<br />

coincidiu com o 67º aniversário da<br />

libertação de Auschwitz.<br />

Merkel vai fazer campanha por<br />

Sarkozy nas presidenciais<br />

a A chanceler alemã Angela Merkel deverá participar em<br />

eventos de campanha eleitoral do Presidente francês Nicolas<br />

Sarkozy na Primavera, diz a AFP, citando o discurso<br />

<strong>que</strong> o secretário-geral da CDU, o partido de Merkel, fez<br />

ontem em Paris. Hermann Gröhe foi dizer no conselho<br />

nacional da UMP, o partido de Sarkozy — ambos da direita<br />

conservadora — estar persuadida de <strong>que</strong> o Presidente<br />

francês é “a pessoa certa para estar no Eliseu.”<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 31<br />

Costa Concordia Inspectores nucleares chegam amanhã a Teerão<br />

Cuidados médicos<br />

Mau tempo impede<br />

retirar combustível<br />

a As operações para retirar o combustível<br />

do navio Costa Concordia,<br />

<strong>que</strong> encalhou junto à ilha italiana de<br />

Giglio no dia 13, foram suspensas ontem<br />

devido ao mau tempo. Mais um<br />

corpo foi, entretanto, encontrado,<br />

sendo 17 os mortos e 15 os desaparecidos.<br />

A decisão de parar os trabalhos<br />

para evitar um desastre ecológico na<br />

zona foi tomada pelos técnicos da empresa<br />

holandesa Smit e da italiana Neri,<br />

<strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong> bombear 2400 toneladas<br />

de combustível. Os serviços de<br />

meteorologia dizem <strong>que</strong> só na terçafeira<br />

as condições do mar permitirão<br />

o regresso ao trabalho.<br />

Irão ameaça cortar já exportações de<br />

petróleo aos países da União Europeia<br />

Maria João Guimarães<br />

a O Irão vai discutir amanhã se vai<br />

antecipar-se a sanções ao seu petróleo<br />

pelos países da União Europeia, na<br />

altura em <strong>que</strong> uma equipa de altos<br />

responsáveis da Agência Internacional<br />

de Energia Atómica (AIEA), a organização<br />

da ONU para o nuclear, chega<br />

a Teerão para “esclarecer as dúvidas<br />

<strong>que</strong> restam sobre o programa nuclear”.<br />

A agência aponta ter indícios de<br />

a Quatro actuais e antigos jornalistas<br />

de topo do tablóide britânico The Sun<br />

e um polícia foram ontem detidos no<br />

âmbito de uma investigação da Scotland<br />

Yard à corrupção policial.<br />

O diário britânico The Guardian<br />

afi rma <strong>que</strong> os quatro elementos do<br />

Sun são dois antigos editores, um<br />

actual editor executivo e um outro<br />

elemento da redacção. O agente detido,<br />

suspeito de receber dinheiro, é<br />

um polícia de 29 anos.<br />

A investigação está ligada a outra<br />

se destinar a obter uma bomba atómica,<br />

algo <strong>que</strong> o Irão nega.<br />

O Parlamento do Irão vai discutir<br />

hoje (o domingo é o primeiro dia útil<br />

da semana na<strong>que</strong>le país) o corte de<br />

exportações de petróleo aos países<br />

europeus <strong>que</strong> decidiram na semana<br />

passada, após meses de discussão, decretar<br />

um embargo ao petróleo iraniano,<br />

a ser aplicado progressivamente<br />

nos próximos seis meses.<br />

Dois países europeus, a Grécia e<br />

DIETER NAGL/AFP<br />

Herman Nackaerts, o inspector-chefe da AIEA, ao partir para Teerão<br />

Grupo de Rupert Murdoch<br />

Detidos quatro jornalistas do Sun<br />

e um polícia por suspeita de corrupção<br />

operação <strong>que</strong> continua em curso sobre<br />

o agora encerrado tablóide News<br />

of the World, <strong>que</strong> pertence, tal como o<br />

Sun, ao grupo de media News International,<br />

de Rupert Murdoch.<br />

A acção deste sábado incluiu buscas<br />

policiais aos escritórios de Londres<br />

do grupo News International,<br />

para além das casas dos detidos. A<br />

polícia estava “interessada em tudo,<br />

desde blocos de notas, emails, postits”,<br />

contou uma fonte ao Guardian.<br />

A operação resultou de informa-<br />

Itália, compram bastante petróleo ao<br />

Irão, e uma interrupção abrupta <strong>que</strong><br />

os fi zesse pagar petróleo mais cara seria<br />

especialmente difícil, dado a crise<br />

<strong>que</strong> atravessam. Por outro lado, analistas<br />

dizem <strong>que</strong> outros países árabes<br />

poderiam aumentar a produção, compensando<br />

a falta de crude iraniano.<br />

“A decisão apressada de usar o petróleo<br />

como ferramenta política terá<br />

um impacto negativo (...) nas economias<br />

europeias em recuperação”,<br />

dizia o Ministério do Petróleo após<br />

a decisão da UE na semana passada.<br />

Os media iranianos garantem <strong>que</strong> os<br />

compradores europeus (destino de<br />

18 por cento do crude do país) serão<br />

substituídos pela Índia e China.<br />

Antes da visita, não eram esperados<br />

grandes avanços nas negociações. Mas<br />

diplomatas ocidentais viram tímidos<br />

sinais de alguma disposição do Irão<br />

em colaborar com a AIEA, citando a<br />

aceitação, sem grandes objecções, de<br />

dois peritos em armamento, o francês<br />

Jac<strong>que</strong>s Baute e o sul-africano Neville<br />

Whiting, diz o Washington Post.<br />

Por outro lado, antes de chegar a<br />

Teerão, o inspector-chefe da AIEA<br />

Herman Nackaerts usou um raro tom,<br />

declarando: “Esperamos o início de<br />

um diálogo, um diálogo <strong>que</strong> devia ter<br />

começado há muito”, um diálogo <strong>que</strong><br />

esclareça “todas as <strong>que</strong>stões.”<br />

ções <strong>que</strong> a polícia recebeu na sequência<br />

do inquérito parlamentar<br />

ao escândalo das escutas ilegais nos<br />

jornais do grupo de Murdoch, mas<br />

tem a ver apenas com corrupção.<br />

Depois de ontem foram já detidas<br />

um total de 12 pessoas no âmbito da<br />

operação <strong>que</strong> investiga as alegações<br />

de <strong>que</strong> jornalistas pagavam a polícias<br />

em troca de informação — uma das<br />

três investigações criminais às práticas<br />

de recolha de informação do<br />

News of the World.<br />

Presidente do Iémen<br />

partiu para os EUA<br />

a O deposto Presidente do Iémen Ali<br />

Abdullah Saleh partiu ontem para os<br />

Estados Unidos, para receber cuidados<br />

médicos, indicou ontem o site<br />

do Ministério da Defesa iemenita. O<br />

seu voo, vindo de Omã, onde estava<br />

há uma semana, fez escala no Reino<br />

Unido, em Stansted, nos arredores<br />

de Londres. Já esteve hospitalizado<br />

na Arábia Saudita após um atentado<br />

ao palácio, em Junho, na sequência<br />

de contestação popular. Washington<br />

tem tentado afastá-lo de Sanaa, mas<br />

não lhe <strong>que</strong>r dar asilo, embora tenha<br />

sustentado antes o seu regime, como<br />

bastião na luta contra a Al-Qaeda.<br />

Ano Novo chinês<br />

Alerta para poluição<br />

do fogo de artifício<br />

a O Governo de Pequim começou a<br />

informar a população para os riscos<br />

de poluição do fogo de artifício <strong>que</strong><br />

irá ser usado esta noite para celebrar<br />

a passagem do ano chinês — a China<br />

entra amanhã no Ano do Dragão. Por<br />

tradição, o céu da cidade enche-se de<br />

partículas brilhantes, com milhões<br />

de habitantes a lançarem foguetes<br />

e fogos. As autoridades sublinham<br />

<strong>que</strong> os engenhos pirotécnicos têm o<br />

mesmo efeito no ar, e na saúde, <strong>que</strong><br />

o fumo dos escapes ou as chaminés<br />

das fábricas — doenças coronárias,<br />

de pulmões e demência.


32 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Mundo O <strong>que</strong> faz a geração <strong>que</strong> ocupou a Praça Tahrir<br />

O ano da revolução<br />

vivido por três<br />

jovens egípcios<br />

Mona Shahien deu trabalho a seis pessoas, lançou um<br />

projecto ambicioso e fi cou noiva. Mohamed Mohsen<br />

cantou novas canções e passou muitas horas na Praça<br />

Tahrir. Nahla Soliman decidiu-se a dar os primeiros<br />

passos para cumprir o sonho de chegar à ONU<br />

Sofia Lorena<br />

a Há um ano começavam a acreditar<br />

<strong>que</strong> tudo era possível. Entretanto,<br />

muito aconteceu no Egipto e nas suas<br />

vidas. Mais ou menos optimistas, ainda<br />

não desistiram do protesto como<br />

arma, mas experimentaram outras<br />

formas de se manifestar, de dizer o<br />

<strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong> e de trabalhar para o<br />

conseguir.<br />

No ano passado por esta altura, como<br />

milhares de outros jovens egípcios,<br />

estavam acampados na Praça<br />

Tahrir ou passavam lá todo o tempo<br />

<strong>que</strong> podiam, sem saber <strong>que</strong> contribuíam<br />

para fazer cair um ditador. Mona<br />

Shahien esteve ali em permanência,<br />

descrevendo o <strong>que</strong> se passava no<br />

Facebook até ser anunciado o afastamento<br />

de Hosni Mubarak, a 11 de<br />

Fevereiro. Mohamed Mohsen também<br />

acampou na Tahrir, logo no início, a<br />

25 de Janeiro. Com outros músicos, foi<br />

cantando a revolução enquanto ela se<br />

desenrolava. Nahla Soliman, fi lha de<br />

um militar, manifestava-se no fi m do<br />

dia de trabalho, sem a família saber.<br />

Nos últimos dias todos voltaram<br />

a passar pela praça <strong>que</strong> os activistas<br />

egípcios tratam como uma espécie de<br />

segunda casa, onde se sentem bem<br />

e encontram sempre família e amigos.<br />

Festejaram a <strong>que</strong>da da ditadura,<br />

mas também protestaram contra os<br />

generais no poder, as detenções de<br />

activistas <strong>que</strong> têm sido ordenadas, a<br />

violência com <strong>que</strong> reprimiram os protestos<br />

em Novembro e Dezembro, a<br />

sua recusa em transferir a autoridade<br />

para um conselho civil, como os revolucionários<br />

pedem há meses.<br />

“A revolução continua. Ainda temos<br />

muito para fazer”, diz o músico<br />

Mohamed Mohsen.<br />

Nahla Soliman<br />

Ganhar coragem<br />

para abrir horizontes<br />

Aos 23 anos, a sorridente Nahla Soliman<br />

já tem o futuro bem pensado: “O<br />

meu sonho é chegar à ONU. Estudei<br />

Espanhol, julgo <strong>que</strong> o meu Inglês é<br />

bom. Mas não chega, pedem sempre<br />

muita experiência. Por isso vou continuar<br />

no instituto onde estou e procurar<br />

outras coisas. Quero trabalhar<br />

para as Nações Unidas no meu país,<br />

fazer alguma coisa pelo Egipto”.<br />

Desde a universidade, onde estudou<br />

Literatura Espanhola, <strong>que</strong> Nahla<br />

“<strong>que</strong>ria saber mais sobre a sociedade<br />

civil, o trabalho nas organizações não<br />

governamentais”. Mas só dois anos<br />

depois de acabar o curso — passados a<br />

trabalhar no departamento de media<br />

do Instituto Cervantes do Cairo — e<br />

uma revolução depois é <strong>que</strong> a jovem<br />

ganhou coragem e deu os primeiros<br />

passos. “Queria fazer o curso de Verão<br />

do Instituto do Cairo para os Direitos<br />

Humanos, mas deixava sempre passar<br />

o prazo.” Até Julho de 2011. Feita a<br />

introdução, fi cou como estagiária no<br />

departamento de educação do instituto,<br />

fundado há 20 anos.<br />

“Estou a gostar muito, aprendi, conheci<br />

muitas coisas <strong>que</strong> não faziam<br />

parte da minha vida. Agora, tenho<br />

amigos muito diferentes uns dos outros,<br />

conheço homossexuais e aceito<br />

completamente a sua diferença”, diz<br />

Nahla. “Agora aceito a diferença entre<br />

as pessoas, não vejo tudo pelo meu<br />

ponto de vista, como antes.”<br />

Filha de um militar e de uma dona<br />

de casa, Nahla não tinha qual<strong>que</strong>r experiência<br />

de activismo ou protesto<br />

antes de Janeiro de 2011. Há um ano,<br />

viu a revolução começar e quis juntar-<br />

se. “Não acampei na Tahrir por<strong>que</strong> a<br />

minha família não me deixou. Mas ia<br />

trabalhar de manhã e quando saía, em<br />

vez de ir para casa, ia para a praça,<br />

sem dizer ao meu pai. Eu sabia <strong>que</strong><br />

o regime era corrupto e estive com<br />

a revolução desde o início”, explica.<br />

“Apoio a revolução”, acrescenta, em<br />

espanhol.<br />

Entre a mãe, <strong>que</strong> fi cou em casa “a<br />

ver tudo em frente da televisão”, e o<br />

pai, <strong>que</strong> “não pensa <strong>que</strong> a revolução<br />

seja boa para nós”, havia ainda o irmão<br />

três anos mais velho, <strong>que</strong> “esteve<br />

na Tahrir” até Mubarak sair do poder,<br />

a 11 de Fevereiro.<br />

Um ano depois, a jovem está preocupada<br />

com o futuro. “Tenho medo<br />

do peso dos salafi stas [<strong>que</strong> obtiveram<br />

24% nas eleições legislativas]. Não sabem<br />

nada de política, não têm experiência,<br />

não percebo o <strong>que</strong> <strong><strong>que</strong>rem</strong>”,<br />

afi rma. “Está tudo tão confuso <strong>que</strong><br />

tenho medo <strong>que</strong> a certa altura os<br />

egípcios lutem entre si. Não islamistas<br />

contra cristãos, isso não acredito, mas<br />

islamistas contra liberais e reformistas...<br />

Revolucionários contra os <strong>que</strong><br />

estiveram calados até agora e um dia<br />

vão começar a falar...”<br />

Agora <strong>que</strong> ganhou asas fora de casa,<br />

a jovem também arranjou coragem<br />

para desafi ar mais o pai, um esforço<br />

<strong>que</strong> tem dado frutos. Em Abril, por<br />

exemplo, quando os generais no poder<br />

organizaram um referendo a uma<br />

série de emendas constitucionais,<br />

Nahla convenceu-o a votar “não”, “a<br />

mudar de ideias”. “Ainda estou a trabalhar<br />

com ele noutros pontos.” Já<br />

nas legislativas, <strong>que</strong> começaram em<br />

Novembro e se prolongaram até Janeiro,<br />

não foi tão bem-sucedida. Seria<br />

complicado convencer um militar a<br />

votar na coligação de jovens revolu-<br />

cionários, “todos activistas, com experiência<br />

na sociedade civil”, à qual<br />

Nahla escolheu dar o seu voto.<br />

Mona Shahien<br />

Ajudar a “construir<br />

a cidadania”<br />

Estudou jornalismo e fez de tudo um<br />

pouco, do ensino à diplomacia. Depois<br />

da revolução, quis fazer mais.<br />

Assim nasceu o Tahrir Lounge, um<br />

projecto com sede física no Instituto<br />

Goethe do Cairo, a dois minutos da<br />

Praça Tahrir, com fi nanciamento do<br />

Ministério dos Negócios Estrangeiros<br />

alemão e um objectivo: “Educar para<br />

a cidadania, para uma participação<br />

activa na sociedade”.<br />

“Durante a revolução fui co-fundadora<br />

do Revolution Youth Union, um<br />

grupo <strong>que</strong> [nasceu nos protestos da<br />

Tahrir e] reuniu 45 partidos políticos,<br />

movimentos, artistas. Depois dessa<br />

experiência posso dizer <strong>que</strong> o trabalho<br />

do novo Parlamento vai ser muito<br />

difícil. É preciso aprender a dialogar,<br />

a fazer concessões, essa é a essência<br />

do sistema político”, diz. “Depois<br />

senti <strong>que</strong> não era sufi ciente e tinha<br />

de fazer algo mais concreto. Pensava<br />

sempre em educação, em preparar as<br />

pessoas para as mudanças.”<br />

Visitámos o Lounge no Dia Internacional<br />

da Tolerância e vimos Mona<br />

Shahien ainda a fazer de tudo um<br />

pouco. A coordenar a disposição de<br />

bancas de diferentes organizações<br />

não governamentais (ONG) no bonito<br />

pátio do Goethe, a desenhar cartazes,<br />

a atender telefonemas, a dar entrevistas,<br />

a decidir <strong>que</strong> já era hora de sair<br />

para a rua para a primeira iniciativa<br />

da tarde.<br />

“É importante sairmos daqui, darmo-nos<br />

a mostrar. Mas não vamos<br />

parar o trânsito, não <strong><strong>que</strong>rem</strong>os ser<br />

presos”, brincou a jovem no caminho<br />

até à Praça Talat Harb, ponto de<br />

passagem e de encontro habitual, a<br />

quatro quarteirões da Tahrir.<br />

Munidos de cartazes com frases sobre<br />

a tolerância, Mona, os outros seis<br />

jovens <strong>que</strong> o Lounge emprega, mem-


“Para a juventude,<br />

a revolução<br />

continua viva.<br />

Mas os militares<br />

não nos deixaram<br />

expressar ideias”<br />

Mohamed Mohsen<br />

bros de diferentes ONG e egípcios de<br />

todas as idades <strong>que</strong> se tornaram fre<strong>que</strong>ntadores<br />

das suas actividades rodearam<br />

a estátua no passeio central<br />

da rotunda da Talat Harb e deixaram-<br />

se fi car por ali, de cartazes em punho.<br />

A ideia era provocar reacções<br />

e resultou — houve <strong>que</strong>m decidisse<br />

juntar-se-lhes, <strong>que</strong>m desenhasse os<br />

seus slogans, e também <strong>que</strong>m entrasse<br />

em debate, para defender <strong>que</strong> os<br />

membros do antigo regime não merecem<br />

“tolerância nem perdão”.<br />

A tarde ainda ia a meio e havia de<br />

entrar pela noite, quando mais de 150<br />

pessoas encheram o pátio do Goethe<br />

para assistir a intervenções de activistas<br />

e a um concerto. Uns de pé,<br />

outros sentados nas cadeiras, outros<br />

espalhados pelo chão, apoiados em<br />

grandes almofadas de amarelo e vermelho<br />

vivo.<br />

A principal actividade do Tahrir<br />

Lounge, a funcionar desde Abril,<br />

é a organização de conferências e<br />

workshops: treino para monitorizar<br />

as eleições (“Ensinámos as pessoas<br />

a identifi car fraudes e a perceberem<br />

<strong>que</strong> têm de reagir, <strong>que</strong> ser cidadão é<br />

não se calar”), formação a jornalistas<br />

e bloggers, por exemplo. Também<br />

convidam muitos políticos e líderes<br />

AFP/KHALED DESOUKI<br />

partidários e põem as pessoas a fazerlhes<br />

perguntas. “Trouxemos muita<br />

gente para falar de política, coisas<br />

simples, como a própria terminologia,<br />

saber o <strong>que</strong> é o salafi smo, o comunismo,<br />

o liberalismo.”<br />

“Levamos este projecto a sério,<br />

dedicamo-nos todos muito. Mas depois<br />

fazemos tudo de uma maneira<br />

diferente. Organizamos sessões de desenho,<br />

concertos, passagens de modelos.<br />

É política, mas apresentada de<br />

forma apelativa, principalmente aos<br />

jovens. A ideia é atrair as pessoas e<br />

depois interessá-las no <strong>que</strong> fazemos”,<br />

explica Mona.<br />

Mona tem muitos projectos para<br />

o Lounge. Para além de continuar as<br />

actividades habituais, <strong>que</strong>r começar<br />

projectos sobre o papel da mulher na<br />

sociedade: “É muito delicado, estou<br />

a trabalhar nisso, mas ainda não estamos<br />

preparados”. Quer também<br />

continuar a expandir o projecto ao<br />

resto do país, e já abriu um segundo<br />

Lounge na zona do Delta.<br />

Os últimos 12 meses trouxeram<br />

Nahla Soliman<br />

Mona Shahien<br />

Mohamed Mohsen<br />

outras mudanças à sua vida: viajou<br />

muito, convidada a falar da revolução<br />

(em Novembro participou no Fórum<br />

Lisboa do Centro Norte-Sul), e fi cou<br />

noiva.<br />

No Lounge, o principal vai manterse.<br />

“Estamos a tentar construir cidadania,<br />

ninguém pode saber o <strong>que</strong> está<br />

errado se não for orientado antes, se<br />

ninguém lhe disser o <strong>que</strong> está errado.<br />

Isso é o mais importante para um país<br />

em transição.”<br />

Mohamed Mohsen<br />

Ainda a mesma cantiga<br />

Primeiro, ouvimo-lo cantar. Voz límpida,<br />

a cappella, letras sobre “o nosso<br />

país”, “os nossos jovens”, uma canção<br />

dedicada a Mina Daniels, o activista<br />

cristão copta <strong>que</strong> morreu a 9 de Outubro<br />

em Maspero, com outras 26 pessoas,<br />

quando uma marcha pacífi ca foi<br />

reprimida pelo Exército na marginal<br />

do Cairo. Depois, começou a entrevista<br />

e Mohamed Mohsen confi rmou o<br />

<strong>que</strong> se adivinhava: “95% das minhas<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 33<br />

canções são de intervenção social”.<br />

Aos 25 anos, Mohamed vive da música<br />

e do teatro, apesar de ter estudado<br />

Engenharia. “Comecei o curso há<br />

seis anos e entrei logo para a banda da<br />

universidade, depois fui para a Ópera<br />

do Cairo e dois anos depois saí para<br />

formar uma pe<strong>que</strong>na banda independente.<br />

Continuo a cantar até agora.”<br />

Mohamed compõe algumas canções,<br />

tem letras escritas por amigos e<br />

trabalha a obra de compositores como<br />

Sayed Darwish, <strong>que</strong> morreu em 1923 e<br />

é considerado o pai da música popular<br />

egípcia, dando-lhes “novas melodias”.<br />

É o caso da canção dedicada a Mina<br />

Daniels, <strong>que</strong> “fala do poder das autoridades<br />

para nos levarem um fi lho”.<br />

Como aconteceu a Nadia Faltas Beshara,<br />

a mãe de Daniels, <strong>que</strong> na última<br />

quarta-feira, um ano depois do início<br />

da revolução, voltou à Praça Tahrir.<br />

“Se eu quisesse, seria muito fácil<br />

cantar sobre amor, habibi, habibi…<br />

[“meu <strong>que</strong>rido” ou “<strong>que</strong>rida”, de “habib”<br />

ou amado]”, diz Mohamed. “Mas<br />

é melhor cantar pelo meu povo, pelo<br />

meu país, refl ectir o <strong>que</strong> pensam os<br />

egípcios, <strong>que</strong> expectativas têm”, continua,<br />

garantindo <strong>que</strong> sempre cantou<br />

o <strong>que</strong> quis, mesmo com Hosni Mubarak<br />

no poder. “Há seis anos já cantava<br />

contra o Governo e em defesa da liberdade.<br />

Houve muitas rusgas nos meus<br />

concertos mas nunca fui preso.”<br />

Ou melhor, Mohamed nunca tinha<br />

sido preso até 28 de Janeiro de 2011.<br />

“Quando a revolução começou, estive<br />

desde o primeiro dia na Tahrir, a<br />

cantar com outros músicos amigos. Só<br />

nessa altura é <strong>que</strong> fui preso, levaramme<br />

e interrogaram-me durante dois<br />

dias, mas depois libertaram-me.”<br />

No último ano, Mohamed continuou<br />

a cantar e a percorrer os dez<br />

minutos <strong>que</strong> distam da sua casa até à<br />

praça da Libertação <strong>que</strong> todos tratam<br />

por “praça da revolução”. Ao mesmo<br />

tempo, aceita convites para debates<br />

e associa-se a iniciativas de organizações<br />

<strong>que</strong> tenham por alvo a “consciencialização<br />

social e política” ou sirvam<br />

para discutir uma das suas maiores<br />

preocupações: “A religião é um grande<br />

problema. Os egípcios dão demasiada<br />

importância à religião e misturaramna<br />

com política e com a vida pública.<br />

Temos de nos organizar para fazer as<br />

pessoas perceberem <strong>que</strong> as diferenças<br />

estão só na cabeça delas”.<br />

“Para a juventude, para nós, a revolução<br />

continua viva. Mas o Conselho<br />

Militar das Forças Armadas [no<br />

poder desde a <strong>que</strong>da do ditador] não<br />

nos deu nenhuma oportunidade de<br />

expressar as nossas ideias”, afi rma o<br />

músico, <strong>que</strong> por não considerar as recentes<br />

legislativas eleições realmente<br />

livres optou pelo boicote.<br />

Mohamed gostava <strong>que</strong> mais pessoas<br />

continuassem a manifestar-se na<br />

Tahrir, mas pensa <strong>que</strong> “a maioria dos<br />

egípcios não tem educação sufi ciente<br />

para perceber <strong>que</strong> há problemas”.<br />

Por isso, “cabe aos jovens lembrar o<br />

resto das pessoas da revolução, temos<br />

muito trabalho”.<br />

Quando “a revolução começou, não<br />

sabíamos para onde ia, não sabíamos<br />

<strong>que</strong> o regime ia cair”, diz Mohamed.<br />

“Agora tenho a certeza de <strong>que</strong> virá de<br />

novo. Uma grande parte da sociedade<br />

continua a ferver, vai ter de acontecer<br />

alguma coisa.”


34 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Local<br />

Quem disse<br />

<strong>que</strong> as lojas novas<br />

são melhores<br />

do <strong>que</strong> estas?<br />

Todas as semanas a Ar<strong>que</strong>olojista publica no seu<br />

blogue mais um “achado ar<strong>que</strong>olójico”. Esta é uma<br />

viagem pelas lojas-avós, as lojas da Lisboa antiga<br />

Cláudia Sobral<br />

a Tudo começou com Mami Pereira<br />

a distribuir castanhas assadas na<br />

Baixa de Lisboa. O senhor David, sócio<br />

de uma loja de pijamas e lingerie<br />

da Praça da Figueira, disse-lhe <strong>que</strong><br />

passasse por lá, <strong>que</strong> lhe oferecia um<br />

copo de água-pé para ajudar a empurrar<br />

as castanhas. Ela lá foi. Mal<br />

sabia <strong>que</strong> a sua vida nunca mais seria<br />

a mesma depois da<strong>que</strong>la conversa.<br />

Hoje diz <strong>que</strong> foi aí <strong>que</strong> se apaixonou<br />

pelas “lojas antigas” e teve vontade<br />

de fazer “alguma coisa”.<br />

Por isso, a jornalista e fotógrafa<br />

agora é também Mami, a ar<strong>que</strong>olojista<br />

– <strong>que</strong> é o mesmo <strong>que</strong> dizer<br />

“pessoa apaixonada por lojas antigas<br />

<strong>que</strong> se dedica à caça, descoberta e<br />

catalogação dos achados do comércio<br />

tradicional”, como a própria faz<br />

<strong>que</strong>stão de explicar no blogue A Ar<strong>que</strong>olojista,<br />

onde conta as histórias<br />

destes estabelecimentos <strong>que</strong> têm vindo<br />

a desaparecer.<br />

Este projecto “não é lá qual<strong>que</strong>r<br />

coisa”, esclarece Mami ao “freguês”<br />

<strong>que</strong> tropece na página do Facebook:<br />

é um blogue “dedicado às lojas avós,<br />

também chamadas antigas” e aos seus<br />

“reclames vintage, ao bric-a-brac, aos<br />

fregueses, às eti<strong>que</strong>tas do tempo da<br />

monarquia, aos sorrisos de <strong>que</strong>m está<br />

atrás do balcão, aos galhardetes, ao<br />

granel, ao fi ado”. O comércio tradicional<br />

pode já não ser o <strong>que</strong> era, mas<br />

as “lojas com barbas” ainda existem.<br />

E isso vê-se pelos achados <strong>que</strong> a ar<strong>que</strong>olojista<br />

colecciona na sua página.<br />

Por uma tarde, Mami faz de guia por<br />

algumas das suas “descobertas ar<strong>que</strong>olójicas”,<br />

por a<strong>que</strong>las lojas <strong>que</strong> ainda<br />

têm tudo atrás dos balcões. “Antigamente<br />

estava tudo atrás do balcão”,<br />

diz. “Hoje em dia não, por<strong>que</strong> o <strong>que</strong><br />

as pessoas menos <strong><strong>que</strong>rem</strong> é meter<br />

conversa com <strong>que</strong>m está na loja.”<br />

Até os sapos fumavam<br />

Mas há as lojas <strong>que</strong> resistem à mudança<br />

e é dessas <strong>que</strong> a ar<strong>que</strong>olojista<br />

anda à procura. Como a Tabacaria<br />

Mónaco, no Rossio. Desde a remodelação<br />

<strong>que</strong> se fez em 1894 pela mão<br />

de artistas portugueses como Rafael<br />

Bordallo Pinheiro e António Ramalho,<br />

pouco mudou, resume Carlos<br />

Oliveira, o sócio maioritário.<br />

Tirou-se a cabine telefónica, “uma<br />

das primeiras cabines públicas de Lisboa”<br />

e a bilha em barro com a água<br />

de Caneças, “onde as pessoas vinham<br />

beber de um copinho” — deixou de<br />

fazer sentido com o avançar dos tempos.<br />

Por toda a galeria, continuam<br />

os painéis de Bordallo Pinheiro, com<br />

os sapos <strong>que</strong> fumam, lêem jornais e<br />

bebem água de Caneças, e, no tecto<br />

o fresco de António Ramalho, com as<br />

famosas andorinhas.<br />

“Às vezes custa falar disto”, começa.<br />

Há 41 anos entrava por a<strong>que</strong>la<br />

porta como marçano, para fazer o<br />

<strong>que</strong> fosse preciso. E assim fi cou, até<br />

acabar por tomar conta do negócio,<br />

deixado em testamento pela patroa.<br />

Na Mónaco, uma publicação de número<br />

único editada a propósito da<br />

inauguração da tabacaria depois da<br />

remodelação, o escritor Fialho de<br />

Almeida chamou-lhe “capela de S.<br />

João Baptista dos charutos”. “Eu já<br />

lhe mostro o jornal”, insiste.<br />

“Na<strong>que</strong>la altura tínhamos uma saída<br />

para a rua de trás, como o Nicola”,<br />

paredes meias com a tabacaria. “E<br />

antes de a Bertrand importar revistas<br />

a Mónaco já tinha revistas inglesas”,<br />

frisa Carlos Oliveira. “A Baixa era<br />

muito melhor antes de aparecerem<br />

os centros comerciais”, lamenta Tomé<br />

Repas, <strong>que</strong> trabalha na Mónaco<br />

e trabalhou noutras tabacarias <strong>que</strong><br />

entretanto desapareceram para dar<br />

lugar a lojas novas.<br />

Sobre a Mónaco, Mami já escreveu,<br />

mas muitas das lojas <strong>que</strong> já visitou e<br />

fotografou não estão ainda no blogue,<br />

<strong>que</strong> todas as semanas é actualizado,<br />

mas com apenas uma ou duas<br />

“descobertas ar<strong>que</strong>olójicas”, para “as<br />

pessoas terem tempo de passar por<br />

lá”. A mais recente é o Franco Gravador,<br />

na Rua da Vitória, uma loja


FOTOS: DARIO CRUZ<br />

A loja Ferragens Guedes<br />

abriu em 1922, na Rua das<br />

Portas de Santo Antão.<br />

Fernando Silva é um<br />

dos empregados <strong>que</strong>, no<br />

armazém, encontra tudo<br />

o <strong>que</strong> é preciso, entre<br />

caixinhas e embrulhinhos<br />

Higino David é hoje um<br />

dos donos de uma loja<br />

de lingerie centenária,<br />

na Praça da Figueira.<br />

Foi ali <strong>que</strong> Mami Pereira<br />

descobriu o mundo das<br />

lojas antigas<br />

Na Casa das Sementes,<br />

junto à Praça da Figueira,<br />

Vitor Folgado vende<br />

sementes de plantas <strong>que</strong><br />

muita gente nem se<strong>que</strong>r<br />

sabe <strong>que</strong> existem<br />

de “plaquinhas e emblemas, sinetes<br />

para lacre, medalhas e todo o tipo<br />

de carimbos”.<br />

A arte de “bem servir”<br />

A loja onde começou a – ainda curta<br />

– história da ar<strong>que</strong>olojista é a Alberto<br />

Ferreira dos Santos, Lda. e Higino<br />

David, <strong>que</strong> se cruzou com Mami enquanto<br />

oferecia castanhas, numa acção<br />

de promoção de uma empresa,<br />

é um dos dois proprietários. A loja é<br />

a sua vida. E também a de Fernando<br />

Laranjeira, o seu sócio. “Temos gosto<br />

na vida <strong>que</strong> temos”, sublinha o segundo,<br />

<strong>que</strong> ali começou a trabalhar aos 14<br />

anos. “Era a esta loja, hoje centenária,<br />

<strong>que</strong> chegavam muitos clientes da<br />

província, não só à procura da última<br />

moda mas sobretudo das últimas notícias<br />

da capital, locais para trabalhar<br />

ou, simplesmente, novas amizades”,<br />

lê-se no texto da ar<strong>que</strong>olojista sobre a<br />

Alberto Ferreira dos Santos.<br />

Hoje, enumera, compram-se aqui<br />

“um grande sortido de malhas <strong>que</strong>ntinhas”,<br />

pijamas e camisolas interiores,<br />

“combinações vaidosas”, roupa para<br />

bebé, “lenços de cache-nez, aventais<br />

para o serviço, xailes-de-avó”, cuecas<br />

e culotes (<strong>que</strong>, conta o senhor David,<br />

se vendia muito para a apanha do arroz)<br />

e ainda barretes de campino.<br />

A boa disposição dos dois amigos<br />

tráz-lhe à memória um sketch dos Ma-<br />

lucos do Riso: “Servir bem, bem servir,<br />

dá saúde e faz sorrir.” Não é preciso explicar<br />

porquê, basta entrar e ouvi-los a<br />

falar, sorriso sempre rasgado, beijinhos<br />

a pretexto de tudo. “Eles eram miúdos<br />

<strong>que</strong> vinham para cá da província, novinhos,<br />

<strong>que</strong> varriam o chão, faziam<br />

recados, tudo, e às vezes acabavam<br />

por viver também com a família dos<br />

patrões”, conta Mami. “Depois eles<br />

acabam por lhes deixar isto.”<br />

Quanto às castanhas <strong>que</strong> a fi zeram<br />

descobrir esta loja, eram da “tia Lila”,<br />

uma das vendedoras mais conhecidas<br />

por estas bandas, <strong>que</strong> também tem<br />

um espaço na página da ar<strong>que</strong>olojista,<br />

onde se encontram “sítios chi<strong>que</strong>s <strong>que</strong><br />

já vestiram janotas e madames”, também<br />

“tascas para grandes patuscadas,<br />

tabernas para a boa da pândega”, ou<br />

ainda “românticas fl oristas, cheirosas<br />

drogarias, curiosas tabacarias, luvarias,<br />

retrosarias, livrarias, leitarias e<br />

barbearias”.<br />

Ervilhas telefone<br />

Diferente de tudo isto ainda é a Soares<br />

& Rebelo – Hortelão, a loja de sementes<br />

da Rua do Amparo. Quase só sementes,<br />

explica <strong>Vítor</strong> Folgado (“só de nome”,<br />

diz ele). E sementes de tudo – até<br />

daquilo <strong>que</strong> muitos nunca terão imaginado<br />

<strong>que</strong> existe. Um exemplo, mesmo<br />

junto à porta: a ervilha maravilha, a ervilha<br />

torta, a ervilha telefone. Ou uma<br />

prateleira <strong>que</strong> quase atravessa a loja<br />

de ponta a ponta só para sementes de<br />

diferentes variedades de alface.<br />

Não longe dali, na Rua das Portas<br />

de Santo Antão, fi ca a Ferragens Guedes.<br />

Dá ideia de ser mais uma loja de<br />

fechaduras e puxadores. Mas só até<br />

Fernando Silva chegar e, sem serem<br />

precisas perguntas, começa a contar:<br />

“A história da loja... é uma loja <strong>que</strong><br />

abriu em 1922.” E depois de elencar<br />

– quase de cor – os nomes de todos<br />

os sócios <strong>que</strong> saíram e entraram ao<br />

Mami Pereira<br />

apaixonouse<br />

pelas lojas<br />

antigas de<br />

Lisboa e <strong>que</strong>r dálas<br />

a conhecer a<br />

<strong>que</strong>m tem olhos<br />

mas não vê<br />

longo de 90 anos, solta um desabafo,<br />

<strong>que</strong> resume a história do fi m de muitas<br />

destas lojas: “Entretanto fi cou Guedes<br />

só. O último. O fi lho dele não irá seguir,<br />

está noutra área diferente, mas<br />

vamos lá ver.” “Eu <strong>que</strong> estou aqui há<br />

43 anos é <strong>que</strong> tenho sido a mola disto.<br />

Faço tudo, tudo, tudo.”<br />

Vai andando por todas as caves e<br />

sub-caves, <strong>que</strong> são armazéns, também<br />

pela ofi cina, com um certo orgulho.<br />

São salas de caixinhas e embrulhinhos<br />

até ao tecto. Fernando mostra<br />

o puxador das portas laterais do Te-<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 35<br />

atro Nacional D. Maria II, outro <strong>que</strong><br />

fi zeram para o Éden, ainda mais um<br />

do Colégio Militar. Mami vai tirando<br />

mais fotografi as. Aos pormenores. Ela<br />

gosta dos pormenores. Sobre esta loja<br />

ainda não escreveu, mas já avisou no<br />

Facebook <strong>que</strong> “daqui a uns dias” vai<br />

revelar onde se compram “as famosas<br />

mãozinhas”, <strong>que</strong> noutros tempos faziam<br />

a vez das campainhas.<br />

Sorte diferente destas lojas têm tido<br />

outras. É o caso da famosíssima<br />

alfaiataria Picadilly, da Rua Garrett,<br />

no Chiado, <strong>que</strong> deu lugar a uma casa<br />

de sandes. “Estavam a ter imensa<br />

pressão para sair dali”, lamenta Mami.<br />

Os clientes passaram a ser atendidos<br />

num atelier no primeiro andar de um<br />

edifício próximo. “Estas lojas é <strong>que</strong><br />

chamam turistas, estas lojas é <strong>que</strong> tem<br />

interesse manter e o <strong>que</strong> estamos a fazer<br />

é um bocado o contrário. Daqui a<br />

uns anos as pessoas vão ter é saudades<br />

destas lojinhas.”<br />

A ar<strong>que</strong>olojista tenta remar contra<br />

a maré. Passa o tempo à procura<br />

de lojas, em conversas com donos e<br />

empregados, máquina fotográfi ca e<br />

caneta atrás. E já tem várias ideias –<br />

mais ambiciosas – em mente. Um dia,<br />

quando tiver reunido mais lojas, ainda<br />

haverá roteiros ar<strong>que</strong>olójicos em Lisboa.<br />

Para já, os “achados” vão sendo<br />

coleccionados no blogue www.ar<strong>que</strong>olojista.com.


36 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Local Ao domingo<br />

O <strong>que</strong> mudava<br />

em Lisboa?<br />

Luís Gardete,<br />

Assoc. Protectora<br />

dos Diabéticos<br />

de Portugal<br />

Consolemo-nos com<br />

os lisboetas afáveis<br />

Tendo estado recentemente<br />

envolvido na organização de<br />

um importante congresso<br />

médico realizado em Lisboa, no<br />

qual participaram milhares de<br />

estrangeiros, dei comigo a pensar<br />

<strong>que</strong> gostaria <strong>que</strong> a minha cidade se<br />

apresentasse aos visitantes como<br />

uma cidade em <strong>que</strong> valesse a pena<br />

viver. Não foi difícil encontrar as<br />

suas belezas naturais, a ri<strong>que</strong>za<br />

cultural e arquitectónica, mas fui<br />

logo invadido por uma imensa<br />

vontade de alterar o muito <strong>que</strong> está<br />

por fazer. A nossa cidade não se<br />

apresenta suficientemente limpa,<br />

salvo algumas honrosas excepções.<br />

Os pavimentos representam<br />

uma verdadeira gincana para as<br />

pessoas de idade. Naturalmente,<br />

não são só as autarquias <strong>que</strong> têm<br />

responsabilidades. O nível de<br />

educação cívica de muitos também<br />

não é exemplar. Estou a pensar,<br />

por exemplo, nos automóveis<br />

estacionados em segunda fila, ou<br />

no par<strong>que</strong>amento nos passeios.<br />

Mas podemos consolar-nos com<br />

os lisboetas afáveis, simpáticos<br />

e sempre prontos a dar uma<br />

ajuda a <strong>que</strong>m precisa. Não é<br />

muito fre<strong>que</strong>nte lá fora! Foi ao<br />

<strong>que</strong> assistimos na campanha de<br />

angariação de sócios da APDP <strong>que</strong><br />

está a decorrer.<br />

Antes & Agora A Casa dos Bicos está pronta a receber Saramago<br />

Cascais Lisboa Portimão<br />

Carreiras candidato<br />

à concelhia do PSD<br />

a O presidente da Câmara de Cascais,<br />

Carlos Carreiras, anunciou ontem<br />

<strong>que</strong> se vai candidatar à concelhia<br />

local do PSD, com eleições em Março,<br />

para submeter aos militantes a sua<br />

candidatura em 2013 à autarquia de<br />

Cascais. Carreiras assumiu a presidência<br />

da câmara em Fevereiro de 2011,<br />

um mês depois de António Capucho<br />

ter anunciado a suspensão de funções,<br />

alegando motivos de saúde. Capucho<br />

comunicou na reunião da Assembleia<br />

Municipal, segunda-feira, <strong>que</strong> renunciava<br />

defi nitivamente ao cargo.<br />

Coimbra<br />

Morreu criança ferida<br />

por <strong>que</strong>da de baliza<br />

a O rapaz de 12 anos internado quartafeira<br />

no Hospital Pediátrico de Coimbra<br />

devido a ferimentos provocados<br />

pela <strong>que</strong>da de uma baliza, no campo<br />

desportivo de um centro recreativo,<br />

em Brasfemes, faleceu ao início da madrugada<br />

de ontem, disse fonte hospitalar<br />

citada pela Lusa. A criança tinha<br />

sido admitida nos cuidados intensivos<br />

com traumatismos crânio-encefálico<br />

e facial graves, tendo sido sujeita a intervenção<br />

de emergência e segundo o<br />

boletim clínico de quinta-feira mantinha-se<br />

em coma profundo.<br />

Cancelado projecto<br />

do Bairro da Boavista<br />

a O projecto do designado eco-bairro<br />

da Boavista, em Lisboa, deixou de ser<br />

viável economicamente e a câmara<br />

decidiu não avançar com a construção<br />

dos quase mil fogos previstos e<br />

a demolição do bairo ali existente,<br />

disse na quarta-feira, em reunião camarária,<br />

a vereadora da Habitação,<br />

Helena Roseta. O município anunciou<br />

<strong>que</strong> vai manter as intervenções no<br />

edifi cado, na infra-estrutura e no espaço<br />

público, num valor elegível de<br />

6,6 milhões de euros, através de candidatura<br />

a fundos comunitários.<br />

ARTUR PASTOR/ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA/ARQUIVO FOTOGRÁFICO<br />

DARIO CRUZ<br />

a Durante muito tempo<br />

chamaram Casa dos Diamantes<br />

à<strong>que</strong>la <strong>que</strong> será inaugurada<br />

na Primavera como sede da<br />

Fundação José Saramago. E a<br />

imaginação popular não lhe deu<br />

tréguas: <strong>que</strong> havia sido erguida<br />

por um ricaço <strong>que</strong> tencionava<br />

cravar diamantes nas pontas<br />

dos bicos em cantaria; <strong>que</strong> ali<br />

esteve hospedada, no tempo<br />

de D. Manuel I, uma rainha<br />

africana <strong>que</strong> trazia consigo<br />

muitos diamantes. Certo é <strong>que</strong><br />

o terramoto de 1755 deitou por<br />

terra dois dos quatro andares do<br />

edifício quinhentista mandado<br />

fazer pelo fi lho bastardo de<br />

Afonso de Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong>, um<br />

homem <strong>que</strong> chegou a ser<br />

presidente do Senado de Lisboa.<br />

E foi preciso esperar dois séculos,<br />

pela XVII Exposição Europeia<br />

de Arte, Ciência e Cultura, para<br />

a Casa dos Bicos voltar a ser<br />

notícia. A reconstrução dos dois<br />

pisos em falta e a introdução<br />

nas traseiras do monumento<br />

nacional de uma espécie de<br />

megamarquise fi zeram então<br />

cair o Carmo e a Trindade.<br />

Houve <strong>que</strong>m falasse em crime<br />

lesa-património, mas como<br />

havia <strong>que</strong> cumprir os prazos<br />

para a Casa dos Bicos acolher<br />

um pólo da mostra dedicada<br />

aos Descobrimentos, a polémica<br />

morreu. No Verão passado foi<br />

plantada uma oliveira frente ao<br />

edifício, para evocar a memória<br />

do Nobel da Literatura, cuja vida<br />

não esperou pelas delongas da<br />

adaptação da Casa dos Bicos a<br />

Fundação José Saramago. Disse<br />

um dia o escritor <strong>que</strong> iria gostar<br />

de se sentar à janela, a ver o<br />

Tejo e os barcos a passar. Vinda<br />

do Ribatejo, da aldeia natal do<br />

escritor, a árvore não se deu bem<br />

com a viagem nem com os ares da<br />

cidade e tem defi nhado. Resta-lhe<br />

encontrar inspiração nas cinzas<br />

do escritor, <strong>que</strong> foram sepultadas<br />

debaixo dela. E esperar por<br />

melhores dias. Ana Henri<strong>que</strong>s<br />

Colisão de motociclos<br />

provoca duas mortes<br />

a Dois jovens, de 17 e 19 anos, morreram<br />

na madrugada de ontem, na zona<br />

do cais de Portimão, na sequência de<br />

uma colisão frontal dos motociclos<br />

<strong>que</strong> conduziam. O acidente ocorreu<br />

por volta da meia-noite num local habitualmente<br />

fre<strong>que</strong>ntado por motociclistas.<br />

Um dos jovens seguiria em<br />

contramão e foi embater frontalmente<br />

na outra mota <strong>que</strong> deixava a zona do<br />

porto, na sua faixa, e <strong>que</strong> não conseguiu<br />

desviar-se. O INEM foi chamado<br />

ao local, mas os médicos limitaram-se<br />

a confi rmar os óbitos.


Taxas portuários em causa<br />

Navio Armas abandonou a ligação da<br />

Madeira por falta de apoio do Governo<br />

Tolentino de Nóbrega<br />

a Com palmas e um buzinão, centenas<br />

de madeirenses despediram-se<br />

ontem de manhã do navio Armas <strong>que</strong><br />

abandona a ligação entre a Madeira e<br />

o Continente, a única existente para<br />

o transporte regular de passageiros.<br />

O protesto contra o governo regional,<br />

por não proporcionar ao armador espanhol<br />

condições para continuidade<br />

da linha Funchal/Portimão/Canárias,<br />

foi seguido com invulgares medidas<br />

de segurança.<br />

O representante do armador espanhol<br />

Naviera Armas, Javier Garcia,<br />

afi rmou <strong>que</strong> a importância deste serviço<br />

regular “nunca foi reconhecida<br />

pelas autoridades” regionais, <strong>que</strong> têm<br />

sido acusadas por associações empresariais<br />

e pela oposição de protegerem<br />

o grupo Sousa, concessionário das<br />

operações portuárias do arquipélago<br />

Alverca<br />

Jovens detidos a grafitar um comboio<br />

a A CP avalia em 12 mil euros os prejuízos<br />

causados pelas pinturas <strong>que</strong><br />

um grupo de três jovens terá feito,<br />

no passado dia 24, nas carruagens de<br />

um comboio <strong>que</strong> estava estacionado<br />

na estação de Alverca.<br />

Alertada por uma chamada telefónica,<br />

a Polícia de Segurança Pública<br />

deslocou-se ao local, conseguindo<br />

interceptar dois dos três suspeitos de<br />

danifi car as carruagens. De acordo<br />

com uma fonte policial foram-lhes<br />

apreendidas onze latas de tinta <strong>que</strong><br />

terão sido utilizadas na execução dos<br />

e da ligação marítima entre a Madeira<br />

e o Porto Santo.<br />

Ao fazer o balanço dos custos da<br />

operação, o armador espanhol concluiu<br />

<strong>que</strong> “não era possível prosseguir<br />

com o serviço”. Javier Garcia adiantou<br />

<strong>que</strong> a sua continuidade dependia<br />

de dois factores fundamentais: aumento<br />

das tarifas e diminuição dos<br />

custos portuários.<br />

Se, por um lado, houve receptividade<br />

de empresas exportadores e importadoras<br />

para aceitar um aumento<br />

das tarifas no transporte de produtos,<br />

sobretudo perecíveis, feito a custos<br />

inferiores aos praticados por outros<br />

armadores para a Madeira, a mesma<br />

abertura não surgiu da parte do governo<br />

regional no sentido de baixar<br />

os custos operacionais no porto do<br />

Funchal <strong>que</strong>, garantiu Garcia, “pratica<br />

as taxas portuárias mais altas dos<br />

portos europeus”.<br />

O Armas fez a ligação entre Portimão e o Funchal durante seis anos<br />

graffi ti. Os dois jovens, com 15 e 24<br />

anos, foram identifi cados pelos agendes<br />

da PSP e notifi cados para comparecerem<br />

na quarta-feira no Tribunal<br />

de Vila Franca de Xira.<br />

Os agentes da Esquadra de Investigação<br />

da Divisão de Vila Franca de<br />

Xira da PSP apreenderam, também,<br />

duas máquinas fotográfi cas digitais,<br />

alegadamente usadas pelos jovens para<br />

“documentarem” as pinturas feitos<br />

na composição ferroviária.<br />

Um representante da CP apresentou,<br />

entretanto, <strong>que</strong>ixa contra os três<br />

DR<br />

Por exemplo, carregar ou descarregar<br />

um rebo<strong>que</strong> no porto do Funchal<br />

“custa aproximadamente 140 a 150<br />

euros, enquanto nas Canárias custa<br />

50”, referiu Javier Garcia. O representante<br />

do armador salientou <strong>que</strong>, no<br />

ano passado, a Naviera Armas pagou<br />

um milhão de euros em taxas portuárias<br />

na Madeira.<br />

A secretaria regional do Turismo e<br />

Transportes considerou, em comunicado,<br />

<strong>que</strong> a pretensão do armador<br />

“não tem qual<strong>que</strong>r razoabilidade”<br />

e contraria os compromissos internacionais<br />

assumidos para o resgate<br />

fi nanceiro de Portugal. “A isenção de<br />

taxas portuárias pretendida contraria<br />

os compromissos assumidos pelo<br />

governo regional relativamente ao<br />

Governo central e à troika, compromissos<br />

esses <strong>que</strong> estipulam o congelamento<br />

de todos os benefícios fi scais<br />

e impedem a introdução de novos benefícios<br />

ou o alargamento dos existentes”,<br />

justifi cou o executivo.<br />

Milhares de cidadãos <strong>que</strong> subscreveram<br />

uma petição pública na<br />

Internet pela continuidade do único<br />

navio de transporte de regular de<br />

passageiros, mercadorias e automóveis,<br />

entendem <strong>que</strong> os madeirenses<br />

“sairão muito prejudicados, a todos<br />

os níveis, se este deixar de operar”.<br />

Vai aumentar o custo de vida, a taxa<br />

de desemprego e o isolamento.<br />

A companhia de navegação espanhola<br />

Naviera Armas iniciou durante<br />

o ano de 2006 a linha entre a Madeira,<br />

Portimão e as Canárias, colmatando<br />

uma lacuna de 23 anos no transporte<br />

marítimo regular de passageiros entre<br />

a região e o continente.<br />

Depois do início da ligações aéreas,<br />

aos poucos, desde a década de 70 do<br />

séc. XX, os madeirenses assistiram<br />

ao progressivo abate dos navios da<br />

marinha mercante portuguesa. Entre<br />

eles avultavam navios como o Infante<br />

Dom Henri<strong>que</strong>, o Santa Maria, o Vera<br />

Cruz, ou o Príncipe Perfeito, da extinta<br />

Companhia Colonial de Navegação.<br />

O Funchal foi o último a assegurar a<br />

carreira.<br />

jovens e avaliou os danos causados<br />

pelas pinturas em cerca de 12 mil euros.<br />

No passado mês de Outubro, a<br />

CP revelou ao PÚBLICO <strong>que</strong> só nos<br />

primeiros oito meses de 2011 gastou<br />

cerca de 236 mil euros em trabalhos<br />

de limpeza de grafi ti pintados nos<br />

seus comboios.<br />

O jovem de 24 anos agora detido<br />

pela PSP saiu em liberdade depois de<br />

identifi cado e notifi cado para comparecer<br />

em tribunal, enquando <strong>que</strong> o<br />

menor <strong>que</strong> o acompanhava foi entregue<br />

à família. Jorge Talixa<br />

O valor do Metro<br />

Opinião<br />

João Seixas<br />

a O metropolitano de Lisboa<br />

mostra muito do país <strong>que</strong> somos.<br />

É bonito, mas pe<strong>que</strong>no. Veloz,<br />

mas retorcido. Parece da cidade,<br />

mas <strong>que</strong>m manda nele não é a<br />

cidade. É também muito nosso<br />

na forma como cresceu, como<br />

não cresceu, e sem dúvida no<br />

eterno debate entre quanto custa<br />

e quanto vale. E <strong>que</strong>m paga.<br />

Serviço público por excelência,<br />

demorou a chegar: em 1959,<br />

quase 100 anos depois do<br />

primeiro (Londres, 1863). Lisboa<br />

tinha quase um milhão de<br />

habitantes e enormes exigências<br />

de mobilidade. Mas lá chegou,<br />

primeiro estranhou-se e depois<br />

entranhou-se. Tornou-se um<br />

símbolo da nossa modernidade.<br />

Pe<strong>que</strong>nina. Durante décadas teve<br />

apenas uma linha, linha e meia,<br />

de Alvalade a Sete Rios passando<br />

pelo Rossio, e uma perninha do<br />

Marquês a Entre Campos. As<br />

estações eram português suave,<br />

todas iguais, a<strong>que</strong>la pedrinha<br />

cinzento-verde. O metropolitano<br />

era, simplesmente, ‘o metro’,<br />

epíteto mais <strong>que</strong> correcto. Entre<br />

1972 e 1995 abriu em média uma<br />

estação em cada 4,6 anos, registo<br />

exemplar para a modernidade<br />

portuguesa. As suas estratégias<br />

eram (e continuam a ser) da<br />

total incompreensão do pobre<br />

e incauto cidadão, simples<br />

utilizador. Não ia ao aeroporto.<br />

Não chegava a Santa Apolónia.<br />

Não parecia preocupar-se com<br />

os crescentes subúrbios. Nem<br />

tampouco em construir uma<br />

estrutura radial, como outras<br />

cidades obviamente fi zeram.<br />

E assim se manteve, singelo e<br />

discreto, mas muito nosso. Mais<br />

de dez anos depois do início<br />

da democracia, lá chegava à<br />

universidade.<br />

Vem então a <strong>Europa</strong>, os fundos,<br />

o cavaquismo, o guterrismo.<br />

E a Expo 98. Alegremente<br />

adolescentes, partimos para a<br />

valente festa, a Oriente. Uma<br />

linha totalmente nova saía<br />

agora da Alameda e, dobrando<br />

boas esperanças (em Chelas?),<br />

chegava à pós-modernidade. As<br />

linhas ganhavam nomes de gesta:<br />

Oriente, Caravela, Gaivota. A<br />

ressaca é grande, mas isso é outra<br />

história. O metro, entretanto,<br />

procurava ser metropolitano!<br />

Dirigindo-se para os ‘subúrbios’:<br />

primeiro uma ponta na Pontinha;<br />

depois Odivelas e Amadora. O<br />

lisboeta lia nos mapas estações<br />

chamadas Senhor Roubado e<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 37<br />

Alfornelos, antigos poisos saloios<br />

agora plenos de urbanidade, e<br />

de gente. E conectando-se com<br />

os comboios, atingindo enfi m<br />

Santa Apolónia e o Cais do Sodré.<br />

De aeroporto, ainda nada. Nem<br />

de outros locais importantes da<br />

cidade, as Amoreiras, Alcântara,<br />

a via onde mais lisboetas<br />

residem, a estrada de Benfi ca. O<br />

metropolitano mantinha-se semicosmopolita.<br />

Como o país.<br />

Mas com grande arte.<br />

Em todo o mundo é difícil<br />

encontrar estações mais belas.<br />

Talvez as de Moscovo. As de<br />

Lisboa são magnífi cas obras de<br />

artistas como Maria Keil, Siza<br />

Vieira, Vieira da Silva, Júlio<br />

Pomar, José de Guimarães.<br />

Verdadeiros palácios ao lado<br />

(ou por baixo) do frenesim das<br />

nossas mundanidades. Palácios<br />

contemporâneos, do povo e para<br />

o povo, as estações do metro de<br />

Lisboa têm tudo para ser dos<br />

maiores orgulhos da cidade. Um<br />

orgulho caro: cada uma destas<br />

magnífi cas estações deve ter<br />

custado mais do <strong>que</strong> três ou<br />

quatro estações, decerto feias, de<br />

Londres, Madrid ou Paris. Mas<br />

assim somos.<br />

Hoje, o belo e<br />

semimetropolitano metro<br />

tornou-se completamente<br />

democrático. Só não vê <strong>que</strong>m não<br />

anda nele. Grande catalisador da<br />

vida urbana, gentes de todas as<br />

classes e idades – cerca de 500<br />

mil passageiros/dia, e poderia<br />

ser muito mais – movimentamse<br />

hoje nas suas belas estações.<br />

É um prazer ver o movimento<br />

no Marquês, na Baixa-Chiado,<br />

em Sete Rios. E este ano, c’os<br />

diabos, o metro chegará enfi m ao<br />

Aeroporto! Confi rmando assim a<br />

‘opção Portela’. E reconfi rmando,<br />

portanto, a nossa condição<br />

semicosmopolita.<br />

Uma condição <strong>que</strong>, para<br />

dizer o mínimo, seria bom <strong>que</strong><br />

houvesse na política. Mas não. A<br />

mobilidade pública é altamente<br />

defi citária, dizem agora. Muitos<br />

milhões de euros de defi cit.<br />

Como se não fosse um serviço<br />

público. Pela quarta vez num<br />

ano, as tarifas irão aumentar<br />

para os incautos, até 21%. Até<br />

os passes escolares sobem, em<br />

enorme insensibilidade social<br />

e em total ausência de sinais<br />

para a sociedade e seu futuro.<br />

Ora, a mobilidade colectiva<br />

é um dos maiores bens de<br />

uma sociedade. É altamente<br />

superavitária. O metropolitano,<br />

tal como os autocarros, eléctricos<br />

e cacilheiros, tornou-se central<br />

para a nossa identidade e futuro,<br />

como cidade, como colectivo.<br />

Não vejo prejuízo nisto, muito<br />

pelo contrário. É para isto <strong>que</strong><br />

serve o Estado, <strong>que</strong> servem<br />

os impostos. Para dar valor<br />

colectivo à sociedade. E o metro<br />

tem um enorme valor. É parte de<br />

nós. Geógrafo


38 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Classifi cados<br />

€4<br />

MINIATURA<br />

DE JOSÉ<br />

MOURINHO<br />

ID: 11701381<br />

até<br />

01/02/2012<br />

NECROLOGIA DIVERSOS<br />

ANTÓNIO FERNANDO<br />

MARTINS DA COSTA<br />

Agradecimento e missa de 7.º dia<br />

A família, na impossibilidade de o fazer<br />

pessoalmente, vem por este meio expressar a sua<br />

indelével gratidão a todos quantos estiveram presentes<br />

no funeral do seu ente <strong>que</strong>rido ou <strong>que</strong> de qual<strong>que</strong>r<br />

outro modo lhes manifestaram a sua amizade.<br />

A missa de 7.º dia será celebrada amanhã,<br />

segunda-feira, pelas 19.00 horas, na igreja de Cristo-<br />

Rei (à Avenida Marechal Gomes da Costa) - Porto.<br />

Fun.ª Condominhas * Casa António Pereira, Ld.ª<br />

CAMISOLA CHELSEA 2012<br />

ID: 11801747 até 01/02/2012<br />

JOSÉ CASTELO-BRANCO<br />

Solicitador de Execução<br />

Cédula 3103<br />

PE-901/2010 1337/07.3TCSNT<br />

Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />

- Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1<br />

39.067,66 €<br />

SPORTING DVD<br />

ID: 11836481 até 05/02/2012<br />

EDITAL<br />

PE-129/2004 2955/04.7TBALM<br />

Almada - Tribunal Judicial - 3.º Juízo<br />

Competência Cível<br />

105.888,52 €<br />

Exe<strong>que</strong>nte: BANIF - Banco Internacional do Funchal, S.A.<br />

Mandatária: Ana Duarte Esteves<br />

Executado: António Manuel Guardado dos Santos Casaca e outros<br />

José Castelo Branco, Solicitador de Execução, nos autos acima identifi cados, com escritório<br />

na Rua Professor Veiga Ferreira, 5-A, 1600-802 Lisboa, faz saber <strong>que</strong> foi designado o dia 3<br />

de Fevereiro de 2012, pelas 9h15m, no Tribunal Judicial Almada - 3.º Juízo Competência<br />

Cível - para abertura de propostas em carta fechada, <strong>que</strong> sejam entregues até à hora acima<br />

mencionada, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:<br />

BEM A VENDER:<br />

Tipo de Bem: Imóvel<br />

Bem Penhorado em: 05-05-2010<br />

Registo da Conservatória: 1146 - descrito na 1.ª CRP de ALMADA<br />

Descrição do Prédio: Prédio Urbano em regime de propriedade horizontal sito na Praceta<br />

Vale do Linhoso, n.º 4 e 4.ª, Cave, 2815-722 Sobreda, fracção A, descrito na CRP de Almada<br />

com o n.º 1146 e inscrito com o artigo matricial nº 1675 da freguesia da Sobreda.<br />

Bem penhorado a:<br />

Executado: Antonio Manuel Guardado dos Santos Casaca e Maria Antónia Guerreiro C.<br />

Guardado.<br />

Valor-Base de Venda: 50.000,00 euros<br />

Valor mínimo das propostas: 35.000,00 euros<br />

É Fiel Depositária: A GERENTE DO SOLAR DO CAFÉ - CÁTIA SOFIA CASACA GUARDADO<br />

Modalidade da Venda: Venda mediante proposta em carta fechada.<br />

Consigna-se <strong>que</strong> as propostas a apresentar deverão especifi car no exterior do envelope a<br />

referência ao processo a <strong>que</strong> se destinam, bem como a indicação ou menção de se tratar de<br />

uma proposta para venda e no interior do envelope deverá vir uma fotocópia do Bilhete de<br />

Identidade e Contribuinte do Proponente (caso se tratar de pessoa singular) ou de cópia do<br />

cartão de pessoa colectiva (no caso de se tratar de empresa), os proponentes devem juntar<br />

à sua proposta, como caução, um che<strong>que</strong> visado, à ordem do Agente de Execução no montante<br />

correspondente a 5% do valor-base dos bens ou garantia bancária no mesmo valor.<br />

Nos termos do n.º 5 do artigo 890.º do CPC, não se encontra pendente nenhuma oposição<br />

à execução ou à penhora.<br />

Para constar, se lavra o presente edital e outros de igual teor <strong>que</strong> vão ser afi xados nos<br />

locais determinados por Lei.<br />

O Agente de Execução - José Castelo-Branco<br />

R. Prof. Veiga Ferreira, 5A, Apartado 42012 - 1600-802 Lisboa<br />

Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: 3103@solicitador.net<br />

Horário de atendimento das 18h às 20h (sob marcação prévia)<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30<br />

De segunda a sexta das 09H00 às 19H00<br />

€12 €7 €37<br />

€1,75<br />

Exe<strong>que</strong>nte: BANCO POPULAR<br />

PORTUGAL, S.A.<br />

Mandatário: José António Silva e Sousa<br />

Executado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ<br />

CORREIA<br />

Executado: Eurocacém - Transportes<br />

Lda. e Outros<br />

CAMISOLA FC PORTO<br />

2011/2012<br />

ID: 11791708 até 30/01/2012<br />

JOSÉ CASTELO-BRANCO<br />

Solicitador de Execução<br />

Cédula 3103<br />

PE-901/2010 1337/07.3TCSNT<br />

Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />

- Sintra - Juízo de Execução - Juiz 1<br />

39.067,66 €<br />

Exe<strong>que</strong>nte: BANCO POPULAR PORTU-<br />

GAL, S.A.<br />

Mandatário: José António Silva e Sousa<br />

Executado: LUÍS ALBERTO DA NAZARÉ<br />

CORREIA<br />

Executado: Eurocacém - Transportes,<br />

Lda. e Outros<br />

EDITAL<br />

CITAÇÃO DE AUSENTE EM PARTE INCERTA<br />

(ART.ºS 248.º E 249.º DO C.P.C.)<br />

OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO<br />

Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º do Código Processo<br />

Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da<br />

publicação do anúncio citando a ausente ELISA DE FÁTIMA CARREIRA<br />

CARVALHO CORREIA com última morada conhecida na Av. MARCH.<br />

HUMBERTO DELGADO, LT. 6, 1.º DTO., RIO MAIOR, para no prazo de<br />

20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição<br />

à execução supra-referenciada, nos termos do art.º 812.º n.º 6 e<br />

813.º n.º 1 do CPC.<br />

O duplicado do re<strong>que</strong>rimento executivo e a cópia dos documentos<br />

encontram-se à disposição do citando na Secretaria do Tribunal supraidentifi<br />

cado.<br />

MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />

Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. e tendo em consideração<br />

o valor do processo, para se opor a execução, (<strong>que</strong> terá de ser<br />

apresentada no Tribunal supra-identifi cado) é obrigatória a constituição<br />

de Advogado.<br />

COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />

Caso não se oponha à execução e/ou à penhora no prazo supra-indicado<br />

e não pague ou caucione a quantia exe<strong>que</strong>nda, seguem-se os termos<br />

do art.º 832.º do C.P.C., sendo promovida venda dos bens penhorados<br />

necessários para garantir o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda, acrescido<br />

de 10%, nos termos do disposto no n.º 3 do art.º 821.º do C.P.C.<br />

PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS<br />

Poderá efectuar o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda, acrescida de juros<br />

e despesas previsíveis nos termos do artigo 821.º do Código Processo<br />

Civil, no escritório do signatário em dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />

Este edital foi afi xado no dia 27/01/2012<br />

O Solicitador de Execução - José Castelo-Branco<br />

Rua Professor Veiga Ferreira, 5 A, 1600-802 Lisboa.<br />

Telf.: 218 480 749 - Fax: 217 579 664 - E-mail: 3103@solicitador.net<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

POSTAL<br />

AUTOGRAFADO<br />

JANKAUSKAS<br />

ID: 11845228<br />

até<br />

07/02/2012<br />

“Deus é o silêncio do universo,<br />

e o homem o grito <strong>que</strong> dá sentido a esse silêncio.”<br />

Rua Viriato, 13<br />

1069-315 Lisboa<br />

pe<strong>que</strong>nosa@publico.pt<br />

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Colecção de 5 livros. PVP unitário 5,50€. Preço Total da colecção: 27,50€. Periodicidade Semanal (Segundas-feiras). De 16 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 2012. A aquisição do produto implica a compra do jornal. Limitado ao stock existente.


DIVERSOS<br />

ORDEM DOS ADVOGADOS<br />

CONSELHO DE DEONTOLOGIA DO PORTO<br />

EDITAL<br />

RUI FREITAS RODRIGUES, Presidente do Conselho de<br />

Deontologia do Porto da Ordem dos Advogados Portugueses,<br />

em cumprimento do disposto nos artigos n.ºs 137.º e 169.º do<br />

Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei 15/2005,<br />

de 26 de janeiro;<br />

Faz saber publicamente <strong>que</strong>, por Acórdão do Conselho de<br />

Deontologia do Porto de 30 de junho de 2006, confi rmado por<br />

Acórdão da 1.ª Secção do Conselho Superior de 05 de junho de<br />

2009, foi aplicada ao Sr. Dr. Alfredo Manuel de Faria da Cunha<br />

Lima, <strong>que</strong> profi ssionalmente usa o nome abreviado de Manuel<br />

Cunha Lima, com escritório na comarca do Porto, portador da<br />

cédula profi ssional n.º 2638-P, a pena disciplinar de suspensão<br />

do exercício da advocacia pelo período de 2 (dois) anos, por<br />

violação dos deveres previstos nos artigos 76.º, n.º 1, e 53.º do<br />

Estatuto da Ordem dos Advogados em vigor à prática dos factos<br />

– Lei 80/2001, de 20 de julho.<br />

O cumprimento da presente pena teve o seu início em 12 de<br />

outubro de 2011, dia em <strong>que</strong> o aludido Acórdão do Conselho de<br />

Deontologia formou caso resolvido na ordem jurídica interna da<br />

Ordem dos Advogados.<br />

Porto, 24 de janeiro de 2012<br />

Rui Freitas Rodrigues, Presidente do Conselho de Deontologia<br />

DF de Faro<br />

Serviço de Finanças<br />

de Faro-1058<br />

Adelaide Maria Baúto<br />

Agente de Execução<br />

Cédula 1563<br />

Adelaide Maria Baúto, Agente de<br />

Execução, com escritório na Av. Dr.<br />

Álvaro de Vasconcelos, 8, 3.º C, em<br />

Sintra, faz saber <strong>que</strong> nos autos acima<br />

indicados, encontra-se designado o<br />

dia 16 de Fevereiro de 2012, pelas<br />

14.00 horas, no Tribunal Judicial da<br />

Moita - 2.º Juízo, para abertura de<br />

propostas.<br />

BEM A VENDER: Fracção autónoma<br />

designada pela letra “D”, correspondente<br />

ao 1.º andar es<strong>que</strong>rdo, destinada<br />

a habitação do prédio urbano<br />

em regime de Propriedade Horizontal,<br />

sito na Rua Manuel da Fonseca<br />

N.º 9 - 9 A, Urbanização Novo Rumo,<br />

freguesia da Moita, descrito na Conservatória<br />

do Registo Predial da Moita<br />

sob o n.º 1411 e inscrito na respectiva<br />

matriz sob o artigo 4938.<br />

Valor-base: 70.011,92 euros.<br />

Será aceite a proposta de melhor<br />

preço acima do valor de 49.008,34<br />

Largo Dr. Francisco Sá Carneiro - Mercado Municipal de Faro - Piso 1, 8000-151 Faro<br />

ÉDITOS DE 30 DIAS, ANÚNCIO PARA<br />

VENDA JUDICIAL POR MEIO DE LEILÃO<br />

ELECTRÓNICO E CITAÇÃO DE CREDORES<br />

Processo de Execução Fiscal n.º 1058200901108921<br />

e Apensos<br />

LUÍS ALBERTO DIAS OSÓRIO, Chefe do Serviço de Finanças de FARO.<br />

Faz público <strong>que</strong> por este Serviço de Finanças correm éditos de trinta dias, citando o executado,<br />

Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda., NIF 501 627 901, <strong>que</strong> teve a sua sede<br />

na Rua General Teófi lo Trindade, 41 - FARO e actualmente com morada desconhecida,<br />

executado no Processo de Execução Fiscal n.º 1058200901108921 e Apensos, deste Serviço de<br />

Finanças, por dívida de IVA e IMI, dos anos 2008 e 2009, no montante de € 5.095,08 (cinco<br />

mil e noventa e cinco euros e oito cêntimos), ao qual acrescem os juros de mora e custas a<br />

contar nos termos da Lei, para no prazo de 30 (trinta) dias, imediatamente após os trinta dias<br />

do presente édito, e contados a partir da última publicação, pagar na Secção de Cobrança<br />

deste Serviço de Finanças, mediante guias a solicitar neste Serviço de Finanças, a dívida acima<br />

mencionada. Mais fi ca citado <strong>que</strong>, para garantir o pagamento da dívida em <strong>que</strong>stão, foi<br />

penhorado ao executado “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda.”, acima identifi cado,<br />

o bem <strong>que</strong> se identifi ca em seguida e <strong>que</strong> se não pagar a referida dívida dentro da<strong>que</strong>le prazo<br />

ou deduzir oposição, procederá este Serviço de Finanças à sua venda judicial por meio de<br />

“Leilão Electrónico”, nos termos do artigo 248.º do Código de Procedimento e de Processo<br />

Tributário, para o <strong>que</strong> já se encontra designado o dia 11 de Maio de 2012, pelas 10.00 horas,<br />

neste Serviço de Finanças. Venda n.º 1058.2012.18.<br />

BEM PENHORADO<br />

Prédio urbano, Afectação (armazéns e actividade industrial), composto por: R/C e 1.º andar<br />

destinado a silos de matérias-primas, armazém e escritórios. Ao nível do R/C: composto de 1<br />

divisão provisoriamente utilizada a ofi cina, 1 divisão para matérias-primas, 5 silos para matérias-primas.<br />

Ao nível do 1.º andar: composto de instalações para escritório compreendendo<br />

6 divisões e 2 sanitários, armazém de matérias-primas, em 4 patamares sobre os silos e casa<br />

de báscula. Sito em Chi<strong>que</strong>da, Aljubarrota (Prazeres), inscrito na respectiva matriz predial<br />

da freguesia de Aljubarrota (Prazeres), Concelho de Alcobaça, sob o art.º 1431 e descrito na<br />

Conservatória do Registo Predial de Alcobaça sob o registo 18/19850118.<br />

O valor-base a anunciar para a venda é de € 109.354,00 (cento e nove mil trezentos e cin<strong>que</strong>nta<br />

e quatro euros) de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 250.º do Código de<br />

Procedimento e de Processo Tributário, <strong>que</strong> corresponde a 70% do valor fi xado nos termos<br />

do n.º 1 do mesmo artigo.<br />

É fi el depositário do mencionado bem “Rassol - Indústria e Comércio Agrícolas, Lda”.<br />

São, assim, convidadas todas as pessoas interessadas a apresentarem as suas propostas via<br />

internet, mediante acesso ao “Portal das Finanças”, e autenticação enquanto utilizador<br />

registado, em www.portaldasfi nancas.gov.pt na opção “Venda de bens penhorados”, ou seguindo<br />

consecutivamente as opções “Cidadãos”, “Outros Serviços”, “Venda Electrónica de<br />

Bens” e “Leilão Electrónico”. A licitação a apresentar deve ser de valor igual ou superior ao<br />

valor-base da venda e superior a qual<strong>que</strong>r das licitações anteriormente apresentadas para<br />

essa venda.<br />

O prazo para licitação tem início no dia 2012-04-26, pelas 10.00 horas, e termina no dia<br />

2012-05-11 às 10.00 horas. As propostas, uma vez submetidas não podem ser retiradas, salvo<br />

disposição legal em contrário.<br />

No dia e hora designados para o termo do leilão, o Chefe de Finanças decide sobre a adjudicação<br />

do bem (artigo 6.º da Portaria n.º 219/2011).<br />

A totalidade do preço deverá ser depositada, à ordem do órgão de execução fi scal, no prazo<br />

de 15 dias, a contar da decisão de adjudicação, mediante guia a solicitar junto do órgão de<br />

execução fi scal, sob pena das sanções previstas legalmente (256.º /1/e) CPPT).<br />

No caso de montante superior a 500 unidades de conta, e mediante re<strong>que</strong>rimento fundamentado,<br />

entregue no prazo máximo de 5 dias, a contar da decisão de adjudicação, poderá ser<br />

autorizado o depósito, no prazo mencionado no parágrafo anterior, de apenas uma parte do<br />

preço, não inferior a um terço, e o restante no prazo máximo de 8 meses (256.º/1/f) CPPT).<br />

O(a) adquirente do bem fi ca sujeito(a) ao pagamento do Imposto Municipal sobre Transmissões<br />

Onerosas de Imóveis, à taxa prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 17.º do C.I.M.T.,<br />

caso não benefi cie de isenção da mesma; e ao Imposto do Selo, à taxa de 0,8%, pela aquisição<br />

- verba 1, da Tabela Geral do Imposto do Selo, nos termos do n.º 1 do art.º 1.º do Código do<br />

Imposto do Selo, aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de Setembro.<br />

Ficam por este meio citados, de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 239.º do Código<br />

de Procedimento e de Processo Tributário, quais<strong>que</strong>r credores desconhecidos <strong>que</strong> gozem de<br />

garantia real sobre o bem penhorado, bem como os sucessores dos credores preferentes, para<br />

reclamarem os seus créditos no prazo de 15 (quinze) dias, fi ndos os 20 (vinte) dias a contar da<br />

2.ª publicação do presente anúncio.<br />

E, para constar, se passou o presente Edital - Anúncio e outros de igual teor <strong>que</strong> vão ser<br />

afi xados nos lugares indicados por Lei.<br />

Serviço de Finanças de Faro, 26 de Janeiro de 2012<br />

O Chefe de Finanças - Luís Alberto Dias Osório<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

N.º do Processo: 1405/09.7TBMTA<br />

Moita - Tribunal Judicial - 2.º Juízo<br />

Exe<strong>que</strong>nte: BANCO ESPÍRITO SANTO, SA<br />

Executado(s): NEUSA RAQUEL ROLDÃO MENDES<br />

e outros<br />

Valor: 81.797,24 €<br />

Referência interna: PE/510/2009<br />

ANÚNCIO<br />

Venda judicial de Bem Imóvel mediante propostas em Carta Fechada<br />

(Art.º 890.º do C.P.C.)<br />

euros, <strong>que</strong> corresponde a 70% do<br />

valor-base, não podendo ser consideradas<br />

propostas de valor inferior.<br />

Nos termos do artigo 897.º n.º 1 do<br />

C.P.C., os proponentes devem juntar<br />

à sua proposta, como caução, che<strong>que</strong><br />

visado à ordem do Agente de<br />

Execução, no montante correspondente<br />

a 5% do valor-base do bem, ou<br />

garantia bancária no mesmo valor.<br />

O bem pertence à executada Neusa<br />

Ra<strong>que</strong>l Roldão Mendes, com residência<br />

na Rua Manuel da Fonseca<br />

N.º 9 - 1.º Esq.º, freguesia da Moita,<br />

fi el depositária do imóvel, <strong>que</strong> o<br />

deve mostrar a pedido de qual<strong>que</strong>r<br />

interessado.<br />

A Agente de Execução<br />

Adelaide Maria Baúto<br />

Av.ª Dr. Álvaro de Vasconcelos, n.º 8 - 3.º C<br />

2710-420 Sintra e.mail: 1563@solicitador.net<br />

Telf. 219233364 - Fax 219105158<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

MARIA LEONOR COSME<br />

Agente de Execução<br />

Cédula 1389<br />

EDITAL<br />

CITAÇÃO DE AUSENTE<br />

EM PARTE INCERTA<br />

(Artigos 244.º e 248.º do CPC)<br />

A CITAR: Carla de La Salete Fonseca Rodrigues<br />

Alves<br />

Tribunal da Comarca da Grande Lisboa - Noroeste<br />

- Sintra - Juiz 1<br />

Processo n.º 6370/08.5TMSNT<br />

Pagamento de Quantia Certa<br />

Valor: 414,00 €<br />

Exe<strong>que</strong>nte: Administração do Prédio sito na<br />

Rua Cidade de Faro, n.º 9, em Algueirão<br />

Executada: CARLA DE LA SALETE FONSECA<br />

RODRIGUES ALVES, com última morada conhecida<br />

na Rua Cidade de Faro, n.º 9, 1.º A,<br />

Algueirão, freguesia de Algueirão - Mem Martins,<br />

Concelho de Sintra.<br />

OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO:<br />

Nos termos e para os efeitos do artigo 248.º e<br />

seguintes do Código do Processo Civil (CPC),<br />

correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da<br />

data da segunda e última publicação do anúncio,<br />

citando a executada CARLA DE LA SALETE<br />

FONSECA RODRIGUES ALVES, com última<br />

morada conhecida na Rua Cidade de Faro,<br />

n.º 9, 1.º A, Algueirão, freguesia de Algueirão -<br />

Mem Martins, Concelho de Sintra, para no prazo<br />

de 20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos<br />

éditos, para pagar ou para se opor à execução<br />

e, o mesmo prazo à penhora, nos termos do n.º<br />

1 e 2 do artigo 813.º e 864.º do C.P.C. (o duplicado<br />

do re<strong>que</strong>rimento executivo e a cópia dos<br />

documentos e do auto de penhora encontra-se<br />

à disposição do citando na secretaria do Tribunal<br />

acima referido).<br />

Mais fi ca informado <strong>que</strong> no prazo da oposição<br />

e sob pena de condenação como litigante de<br />

má-fé, nos termos gerais, deve indicar os direitos,<br />

ónus e encargos não registáveis <strong>que</strong><br />

recaiam sobre a(s) penhora(s) ou a substituição<br />

da penhora por caução, nas condições dos<br />

termos da alíneas a) do n.º 3 do n.º 5 do artigo<br />

834.º do C.P.C.<br />

MEIOS DE OPOSIÇÃO:<br />

Nos termos do disposto do artigo 60.º do<br />

C.P.C. e tendo em consideração o valor do processo,<br />

para se opor à execução e/ou à penhora<br />

é obrigatória a constituição de Advogado.<br />

COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA:<br />

Caso não se oponha à execução consideramse<br />

confessados os factos constantes no re<strong>que</strong>rimento<br />

executivo, seguindo-se os anteriores<br />

termos do processo.<br />

PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS:<br />

Poderá efectuar o pagamento da quantia exe<strong>que</strong>nda,<br />

acrescida de juros e despesas previsíveis<br />

nos termos do artigo 821.º do C.P.C., no<br />

escritório do signatário (dias e horas constantes<br />

do rodapé) em dinheiro ou che<strong>que</strong> visado. Após<br />

a realização da penhora o valor dos honorários<br />

do Agente de Execução sofrerá agravamento,<br />

de acordo com a tabela publicada em anexo à<br />

Portaria n.º 708/2003 de 04/08.<br />

Este Edital encontra-se afi xado na porta do último<br />

domicílio conhecido do citando, na Junta de<br />

Freguesia respectiva e no Tribunal Judicial da<br />

Comarca da última residência do citando. São<br />

também publicados dois anúncios consecutivos<br />

no jornal “Público”. Os prazos começam a<br />

contar-se da publicação do último anúncio.<br />

A Agente de Execução<br />

Maria Leonor Cosme<br />

Rua José Bento Costa n.º 9, R/C Dt.º - Portela<br />

de Sintra - 2710-428 Sintra<br />

Telef. 219106820 - Fax 219106829<br />

e.mail: 1389@solicitador.net<br />

Horário de atendimento: Todos os dias úteis<br />

das 15.00h às 17.00h<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

Tribunal Judicial de Alen<strong>que</strong>r<br />

Processo: 1389/05.0TBALQ - 2.º Juízo<br />

Execução Comum - Pagamento de quantia certa<br />

Exe<strong>que</strong>nte: Banif - Banco Internacional do Funchal, S.A.<br />

Executado: Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Moreira<br />

Rocha Carvalho<br />

FAZ-SE SABER <strong>que</strong> nos autos acima identifi cados, encontra-se<br />

designado o dia 23 de Fevereiro de 2012 pelas 9.30 horas, no<br />

Tribunal Judicial de Alen<strong>que</strong>r, para a abertura de propostas, <strong>que</strong><br />

sejam entregues até esse momento, na secretaria do tribunal, pelos<br />

interessados na compra do seguinte bem:<br />

Fracção autónoma designada pela letra “D”, correspondente ao<br />

PRIMEIRO ANDAR ESQUERDO para habitação do prédio em<br />

regime de propriedade horizontal sito na Rua Vasco da Gama,<br />

Lote 113, Urbanização da Barrada, na freguesia do Carregado e<br />

concelho de Alen<strong>que</strong>r, inscrito na respectiva matriz sob o artigo<br />

883.º da<strong>que</strong>la freguesia e descrito na Conservatória do Registo<br />

Predial de Alen<strong>que</strong>r sob o número 0079/Carregado.<br />

Valor-base: 98.000,00 € (noventa e oito mil euros).<br />

Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de<br />

68.600,00 € (sessenta e oito mil e seiscentos euros), correspondente<br />

a 70% do valor-base.<br />

É fi el depositário, <strong>que</strong> o deve mostrar a pedido, os executados<br />

Alfredo Eduardo Teixeira de Carvalho e Deolinda Moreira Rocha<br />

Carvalho.<br />

Arruda dos Vinhos, 24 de Janeiro de 2012<br />

A Agente de Execução - Ana Rucha<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

LILITA ANTUNES<br />

MARTINS<br />

Agente de Execução<br />

Cédula 2860<br />

ANÚNCIO<br />

Citação de Ausente em Parte Incerta<br />

(Art.ºs 244.º, 248.º e 249.º do CPC)<br />

Portimão - Tribunal Trabalho - Único<br />

Juízo<br />

Processo n.º 57/06.0TTPTM-A<br />

EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE<br />

QUANTIA CERTA<br />

Exe<strong>que</strong>nte: Myron Cherepushchak<br />

Executado: Aurélio Manuel Ferreira<br />

Relvão<br />

Valor: 19.999,99<br />

Nos autos acima identifi cados correm<br />

éditos de 30 (trinta) dias, contados da<br />

data da segunda e última publicação<br />

do anúncio, citando o executado acima<br />

identifi cados, com última residência<br />

conhecida na Quinta dos Dragoeiros,<br />

8600-110 Ferrel - Lagos, para no prazo<br />

de 20 (vinte) dias, decorrido <strong>que</strong> seja o<br />

dos éditos, pagar ou deduzir oposição<br />

à execução supra-mencionada, nos<br />

termos do n.º 1 do art.º 813 e do n.º<br />

6 do art.º 812.º do CPC, sob pena de<br />

não o fazendo, seguirem-se os termos<br />

do art.º 832.º do CPC, sendo promovida<br />

a penhora dos bens necessários<br />

para garantir o pagamento da quantia<br />

exe<strong>que</strong>nda no montante de 19.999,99<br />

€ (dezanove mil, novecentos e noventa<br />

e nove euros e noventa e nove cêntimos),<br />

acrescida de 10% nos termos do<br />

disposto no n.º 3 do art.º 821 do CPC,<br />

da taxa de justiça inicial no montante<br />

de 24,00€ (vinte e quatro euros) e,<br />

honorários e despesas de solicitador,<br />

<strong>que</strong> nesta data ascendem a 1.000,00€<br />

(mil euros), juros calculados nos termos<br />

do pedido, sendo ainda responsável<br />

por todas as despesas indispensáveis,<br />

inerentes à presente execução. Nos<br />

termos do disposto no art.º 60.º do<br />

CPC e tendo em consideração o valor<br />

do processo, para se opor à execução<br />

é obrigatória a constituição de advogado.<br />

Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento<br />

executivo e cópia dos re<strong>que</strong>rimentos<br />

encontram-se à disposição do citando,<br />

no escritório da Solicitadora de Execução.<br />

Poderá efectuar o pagamento da<br />

quantia exe<strong>que</strong>nda e demais despesas,<br />

no escritório do signatário em dinheiro<br />

ou che<strong>que</strong> visado. Após a realização da<br />

penhora, o valor de honorários e despesas<br />

sofrerá um agravamento de acordo<br />

com a tabela publicada em anexo à<br />

Portaria n.º 708/2003, de 1/8.<br />

A Agente de Execução<br />

Lilita Antunes Martins<br />

Largo Alves Roçadas, 1.º Esq.º<br />

- Apartado 388 - 8401-904 Lagoa<br />

Telf.: 282 352 319 - Fax: 282 342 682<br />

E.mail 2860@solicitador.net<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

ANA MARIA SILVA RUCHA<br />

Agente de Execução<br />

Cédula 2769<br />

ANÚNCIO<br />

CÉSAR BELCHIOR<br />

Agente de Execução<br />

Céd. Prof. 2822<br />

ANÚNCIO<br />

Citação de ausente em parte incerta<br />

Comarca da Grande Lisboa-Noroeste<br />

- Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1<br />

Processo n.º 2546/08.3TMSNT<br />

Execução para pagamento de quantia<br />

certa<br />

Valor: 14.506,26 €<br />

Exe<strong>que</strong>nte: Banco Espírito Santo S.A.<br />

Executado: Jodisonho - Administração de<br />

Propriedades, Lda e outro<br />

OBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-<br />

TAÇÃO<br />

Nos termos e para os efeitos do disposto<br />

no art.º 248.º e ss. do Código de Processo<br />

Civil correm éditos de 30 (trinta) dias,<br />

contados da data da segunda e última<br />

publicação do anúncio, citando o ausente<br />

Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de<br />

representante legal da executada Jodisonho<br />

- Administração de Propriedades,<br />

Lda., com última morada conhecida na<br />

Praceta D. Mécia n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-<br />

247 Belas, para no prazo de 20 (vinte)<br />

dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos,<br />

pagar ou deduzir oposição à execução<br />

supra-referenciada, nos termos do art.º<br />

812.º n.º 6 do Código de Processo Civil.<br />

Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento executivo<br />

e cópia dos documentos anexos encontram-se<br />

à disposição do citando na secretaria<br />

do Tribunal de Comarca da Grande<br />

Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de<br />

Sintra - Juiz 1.<br />

MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />

Nos termos do disposto no art.º 60 do<br />

CPC, é obrigatória a constituição de Advogado<br />

quando o valor da execução seja<br />

superior à alçada do tribunal de primeira<br />

instância.<br />

COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />

Caso não se oponha à execução consideram-se<br />

confessados os factos constantes<br />

do re<strong>que</strong>rimento executivo, seguindo-se<br />

os ulteriores termos do processo.<br />

PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-<br />

RÁRIOS<br />

Poderá efectuar o pagamento da quantia<br />

exe<strong>que</strong>nda no escritório do signatário<br />

(dias e horas constantes do rodapé) em<br />

dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />

A quantia exe<strong>que</strong>nda acrescem as despesas<br />

previsíveis da execução (n.º 3 do<br />

artigo 821.º do CPC), além dos juros<br />

calculados nos termos do pedido, a taxa<br />

de justiça e os honorários e despesas do<br />

Agente de Execução.<br />

Após a realização da penhora o valor<br />

dos honorários e despesas sofrerá agravamento,<br />

de acordo com a tabela publicada<br />

em anexo à Portaria n.º 708/2003,<br />

de 04/08.<br />

O Agente de Execução - César Belchior<br />

Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 Lisboa<br />

Tel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222<br />

E-mail: 2822@solicitador.net<br />

Horário de atendimento: Dias úteis das 10h30<br />

às 12h30<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

CÉSAR BELCHIOR<br />

Agente de Execução<br />

Céd. Prof. 2822<br />

ANÚNCIO<br />

Citação de ausente em parte incerta<br />

Comarca da Grande Lisboa-Noroeste<br />

- Juízo de Execução de Sintra - Juiz 1<br />

Processo n.º 10788/06.0TMSNT<br />

Execução para pagamento de quantia<br />

certa<br />

Valor: 4.916,52 €<br />

Exe<strong>que</strong>nte: Banco Espírito Santo S.A.<br />

Executado: Gordalinas & Ferreiras, Lda<br />

e outro<br />

OBJECTO E FUNDAMENTO DA CI-<br />

TAÇÃO<br />

Nos termos e para os efeitos do disposto<br />

no art.º 248.º e ss. do Código de Processo<br />

Civil correm éditos de 30 (trinta) dias,<br />

contados da data da segunda e última<br />

publicação do anúncio, citando o ausente<br />

Joaquim Pires Barreiro, na qualidade de<br />

representante legal da executada Jodisonho<br />

- Administração de Propriedades,<br />

Lda., com última morada conhecida na<br />

Praceta D. Mécia, n.º 13 - 5.º esq.º, 2605-<br />

247 Belas, para no prazo de 20 (vinte)<br />

dias, decorrido <strong>que</strong> seja o dos éditos,<br />

pagar ou deduzir oposição à execução<br />

supra-referenciada, nos termos art.º 812.º<br />

n.º 6 do Código de Processo Civil.<br />

Os duplicados do re<strong>que</strong>rimento executivo<br />

e cópia dos documentos anexos encontram-se<br />

à disposição do citando na secretaria<br />

do Tribunal de Comarca da Grande<br />

Lisboa-Noroeste - Juízo de Execução de<br />

Sintra - Juiz 1.<br />

MEIOS DE OPOSIÇÃO<br />

Nos termos do disposto no art.º 60 do<br />

CPC, é obrigatória a constituição de Advogado<br />

quando o valor da execução seja<br />

superior à alçada do tribunal de primeira<br />

instância.<br />

COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA<br />

Caso não se oponha à execução consideram-se<br />

confessados os factos constantes<br />

do re<strong>que</strong>rimento executivo, seguindo-se<br />

os ulteriores termos do processo.<br />

PAGAMENTO, DESPESAS E HONO-<br />

RÁRIOS<br />

Poderá efectuar o pagamento da quantia<br />

exe<strong>que</strong>nda no escritório do signatário<br />

(dias e horas constantes do rodapé) em<br />

dinheiro ou che<strong>que</strong> visado.<br />

À quantia exe<strong>que</strong>nda acrescem as despesas<br />

previsíveis da execução (n.º 3 do<br />

artigo 821.º do CPC), além dos juros<br />

calculados nos termos do pedido, a taxa<br />

de justiça e os honorários e despesas do<br />

Agente de Execução.<br />

Após a realização da penhora o valor<br />

dos honorários e despesas sofrerá agravamento,<br />

de acordo com a tabela publicada<br />

em anexo à Portaria n.º 708/2003,<br />

de 04/08.<br />

O Agente de Execução - César Belchior<br />

Av. do Brasil, 192 B - Escritório 1 - 1700-078 Lisboa<br />

Tel: 214 923 039 - Fax: 214 934 222<br />

E-mail: 2822@solicitador.net<br />

Horário de atendimento: Dias úteis das 10h30<br />

às 12h30<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 39<br />

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COMARCA DA GRANDE<br />

LISBOA-NOROESTE<br />

Sintra - Juízo Grande Inst. Cível<br />

2.ª Secção - Juiz 4<br />

Processo n.º 1299/08.0TCSNT<br />

ANÚNCIO<br />

Divisão de Coisa Comum<br />

Re<strong>que</strong>rente: João Alexandre Monteiro<br />

Parreira<br />

Re<strong>que</strong>rida: Ana Cláudia Freire de Andrade<br />

Manso<br />

Nos autos acima identifi cados foi designado<br />

o dia 14-02-2012, pelas 10.00 horas,<br />

neste Tribunal, para a abertura de propostas,<br />

<strong>que</strong> sejam entregues até esse momento,<br />

na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados<br />

na compra do seguinte bem:<br />

Fracção autónoma sita na R. de S. José<br />

Brandão de Almeida, 8, 8 A e 8 B, 4.º andar<br />

direito, Mem Martins, na 1.ª Conservatória<br />

do Registo Predial de Sintra sob o n.º 1925<br />

L, da freguesia de Algueirão - Mem Martins<br />

e inscrito na matriz predial urbana sob o<br />

artigo 7976 da mesma freguesia.<br />

Valor-base: € 80.000,00.<br />

Valor a anunciar para venda (70% do valorbase):<br />

€ 56.000,00.<br />

Re<strong>que</strong>rente: João Alexandre Monteiro<br />

Parreira, residente na Estrada de Mem<br />

Martins n.º 104 - Cave Dt.ª - 2725-216<br />

Mem Martins.<br />

Re<strong>que</strong>rida: Ana Cláudia Freire de Andrade<br />

Manso residente na Praceta Alves Redol,<br />

n.º 10, 2.º Dt.º - 2725-216 Mem Martins.<br />

Credora Reclamante: Caixa Geral de Depósitos<br />

S.A.<br />

Nota: No caso de venda mediante proposta<br />

em carta fechada, os proponentes devem<br />

juntar à sua proposta, como caução, um<br />

che<strong>que</strong> visado, à ordem da secretaria,<br />

no montante correspondente a 20% do<br />

valor-base dos bens ou garantia bancária<br />

no mesmo valor (n.º 1 ao art.º 897.º do<br />

CPC).<br />

N/Referência: 15200871<br />

Sintra, 25-01-2012<br />

A Juíza de Direito<br />

Dr.ª Laurinda Gemas<br />

A Ofi cial de Justiça<br />

Maria João André Morgado<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

TRIBUNAL JUDICIAL<br />

DO BOMBARRAL<br />

Secção Única<br />

Processo: 367/10.2TBBBR<br />

ANÚNCIO<br />

Acção de Processo Ordinário<br />

Autor: Leirinveste - Sociedade de<br />

Construção Civil, S.A.<br />

Réu: Crisafi l - Mobiliário, Lda. e<br />

outro(s)...<br />

Nos autos acima identifi cados, correm<br />

éditos de 30 dias, contados da<br />

data da segunda e última publicação<br />

do anúncio, citando a:<br />

Ré: Crisafi l - Mobiliário, Lda., NIF -<br />

507884000, com sede no Par<strong>que</strong><br />

Industrial JS, sito no Vale do Leito -<br />

2540 Bombarral, na pessoa do seu<br />

Legal Representante Cristiano Alves<br />

Filipe, estado civil: Solteiro, nascido<br />

em 05-12-1988, nacional de Portugal,<br />

NIF - 227006720, BI - 13231001, com<br />

última residência conhecida no Vale<br />

do Leito - 2540 Bombarral, para, no<br />

prazo de 30 dias, decorrido <strong>que</strong> seja<br />

o dos éditos, contestar, <strong>que</strong>rendo, a<br />

acção, com a cominação de <strong>que</strong> a<br />

falta de contestação importa a confi<br />

ssão dos factos articulados pelo(s)<br />

autor(es) e <strong>que</strong> em substância o<br />

pedido consiste em condenar-se as<br />

Rés a restituírem a área aproximada<br />

3937 m2 <strong>que</strong> ilicitamente é ocupado,<br />

entregando-lhe livre de pessoas e<br />

bens, e ainda, a sua condenação<br />

nas custas, procuradoria condigna e<br />

demais encargos legais, tudo como<br />

melhor consta do duplicado da petição<br />

inicial <strong>que</strong> se encontra nesta Secretaria,<br />

à disposição do citando.<br />

O prazo acima indicado suspendese,<br />

no entanto, nas férias judiciais.<br />

Fica advertido de <strong>que</strong> é obrigatória a<br />

constituição de mandatário judicial.<br />

N/ Referência: 609617<br />

Bombarral, 24-01-2012<br />

A Juíza de Direito<br />

Dr.ª Andreia Valadares Ferra<br />

O Ofi cial de Justiça<br />

José Júlio Celas Fernandes<br />

Público, 29/01/2012 - 2.ª Pub.<br />

A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sendo a única organização em Portugal constituída<br />

para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores.<br />

A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profi ssionais,<br />

com experiência na doença de Alzheimer.<br />

Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais,<br />

Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.<br />

www.alzheimerportugal.org<br />

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Desporto<br />

Varela, do Feirense, marcou dois golos e fez um penálti<br />

A infelicidade de Varela<br />

foi a sorte do Benfi ca<br />

MIGUEL VIDAL/REUTERS<br />

Os “encarnados” sofreram para vencer no renovado estádio do Feirense.<br />

Uma vitória feliz <strong>que</strong> permite manter a equipa da Luz na liderança da Liga<br />

Crónica de jogo<br />

Manuel Mendes<br />

a Há jogadores <strong>que</strong> têm exibições<br />

positivas, mas acabam por cometer<br />

um ou outro erro <strong>que</strong> deitam por<br />

terra o trabalho da equipa. Foi o<br />

caso, ontem, de Varela. O central<br />

abriu o marcador da sua equipa,<br />

mas depois fez um autogolo e uma<br />

grande penalidade <strong>que</strong> permitiram<br />

a vitória do Benfi ca frente a um<br />

Feirense <strong>que</strong> mostrou ser uma<br />

equipa com bons jogadores e lutou<br />

até ao último minuto. E ainda se<br />

pode <strong>que</strong>ixar do árbitro lhe ter<br />

anulado mal um golo.<br />

No relvado mais curto da Liga,<br />

Jorge Jesus apostou num “onze”<br />

vocacionado para jogar pelo centro<br />

do terreno, voltando a manter a<br />

tradição de não repetir a mesma<br />

equipa. E o Benfi ca sentiu muitas<br />

difi culdades para coordenar o seu<br />

jogo e para fazer as devidas ligações<br />

entre a defesa e o ata<strong>que</strong>.<br />

Numa espécie de colete de<br />

forças, os “encarnados” viram o<br />

adversário jogar sempre de forma<br />

desinibida e tirar partido também<br />

da boa exibição de jogadores com<br />

velocidade, como são os casos<br />

de Ludovic, Diogo Cunha e das<br />

movimentações de Buval. A isto<br />

somou a capacidade física dos dois<br />

centrais Varela e Luciano <strong>que</strong> tanto<br />

se mostraram seguros a defender<br />

como a subir nos lances de bola<br />

parada.<br />

O técnico do Benfi ca teve mesmo<br />

de retocar a sua estratégia a partir<br />

da meia-hora. Encostou Witsel à<br />

direita, Javi García fi cou como único<br />

pivot e Aimar passou a recuar mais<br />

para recuperar jogo, oferecendo<br />

outra liberdade a Rodrigo. O<br />

espanhol passou fi nalmente a<br />

mostrar verdadeiros sinais de<br />

perigo, respondendo a lances <strong>que</strong><br />

tinham preocupado Artur. Primeiro,<br />

aos 4’, com Luciano a cabecear por<br />

cima depois de um livre de Hélder<br />

Castro. E, aos 13’, quando Diogo<br />

Cunha fugiu a Javi García e enviou a<br />

bola à barra.<br />

Mas a partir da<strong>que</strong>le momento<br />

tudo se alterou. Passou a ver-se<br />

mais do Benfi ca, <strong>que</strong> até esse<br />

Feirense 1<br />

Benfica 2<br />

Jogo no Estádio Marcolino da Costa, em Santa Maria<br />

da Feira. Assistência Cerca de 5.000 espectadores.<br />

Feirense Paulo Lopes, Luciano, Pedro Queirós, Mika<br />

(André Fontes, 86’), Fernando Varela, Stopira, Diogo<br />

Cunha, Ludovic, Thiago (Miguel Pedro, 77’), Hélder<br />

Castro (Cris, 65’) e Bastien. Treinador Quim Machado.<br />

Benfica Artur Moraes, Emerson, Luisão, Maxi Pereira,<br />

Garay, Javi García, Bruno César (Gaitán, 61’), Aimar<br />

(Nolito, 60’), Witsel, Cardozo (Matic, 90’+1’) e Rodrigo.<br />

Treinador Jorge Jesus.<br />

Árbitro Rui Costa, do Porto. Amarelos Thiago (6’),<br />

Javi García (36’), Artur Moraes (57’), Fernando Varela<br />

(72’), Ludovic (72’) e Maxi Pereira (82’).<br />

Golos 1-0, por Fernando Varela, aos 50’; 1-1, por<br />

Fernando Varela (p.b.), aos 54’; 1-2, por Cardozo (g.p.),<br />

73’.<br />

momento só tinha mostrado um<br />

momento mágico de Aimar, aos<br />

16’, <strong>que</strong> deixou Rodrigo na cara<br />

de Paulo Lopes <strong>que</strong> realizou uma<br />

grande defesa. Foi a primeira do<br />

guarda-redes de 33 anos formado<br />

no Benfi ca. Cardozo teve também<br />

um momento notável quando Witsel<br />

arrancou um cruzamento para<br />

um cabeceamento espectacular<br />

de Rodrigo, o melhor jogador dos<br />

homens da Luz.<br />

Na segunda parte, o Benfi ca<br />

entrou novamente adormecido.<br />

Logo no primeiro minuto só um<br />

disparate enorme do árbitro<br />

da partida evitou o pior para<br />

os homens de Jesus. Rui Costa<br />

assinalou um fora de jogo<br />

inexistente a Ludovic <strong>que</strong> tinha<br />

acabado de bater Artur. Mas,<br />

aos 49’, Varela teve uma entrada<br />

fulgurante, depois de um canto de<br />

Hélder Castro. Artur nada podia<br />

fazer. O defesa central acabou<br />

também por dar uma ajuda ao<br />

Benfi ca, aos 53’, quando desviou de<br />

cabeça para o fundo da sua própria<br />

baliza um lançamento de Maxi<br />

Pereira. Sem fazer muito por isso o<br />

líder da Liga chegou ao empate.<br />

Mas o protagonismo de Varela<br />

aumentaria aos 70’, quando<br />

permitiu <strong>que</strong> Rodrigo chegasse<br />

primeiro à bola e cometeu um<br />

penálti <strong>que</strong> Cardozo converteu,<br />

passando a somar seis jogos<br />

seguidos a marcar. Estava<br />

consumada a reviravolta do<br />

marcador e garantida mais uma<br />

semana de liderança isolada na Liga.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 41<br />

Positivo|Negativo<br />

Thiago Freitas<br />

O médio anulou por completo<br />

Aimar e lançou os ata<strong>que</strong>s<br />

da sua equipa. Foi um dos<br />

responsáveis pelas dificuldades<br />

do Benfica.<br />

Paulo Lopes<br />

Teve um punhado de defesas<br />

de grande qualidade e evitou<br />

lances de golo.<br />

Rodrigo<br />

Foi uma das poucas<br />

agradáveis exibições do<br />

Benfica. Deu velocidade ao jogo,<br />

movimentou-se bem e esteve nas<br />

jogadas mais perigosas da equipa.<br />

Bruno César<br />

Passou ao lado do jogo.<br />

Encostado à linha foi um<br />

elemento a menos. Saiu na<br />

segunda parte, mas deveria ter<br />

sido substituído mais cedo.<br />

Aimar e Emerson<br />

O primeiro nunca se libertou<br />

da marcação de Thiago<br />

Freitas e mal se viu. Não deu<br />

criatividade, nem capacidade<br />

ofensiva à equipa. Emerson<br />

defendeu mal e nunca deu apoio<br />

ofensivo ao seu flanco.<br />

Reacções<br />

“Somos uma boa equipa”<br />

Quim Machado<br />

“Enfrentámos<br />

um adversário<br />

difícil. Sabíamos<br />

<strong>que</strong> jogando em<br />

casa tínhamos<br />

as nossas possibilidades.<br />

Não conseguimos chegar à<br />

igualdade, mas demonstrámos<br />

<strong>que</strong> somos uma boa equipa,<br />

com bons jogadores, e <strong>que</strong><br />

independentemente do<br />

adversário podemos conquistar<br />

mais pontos.”<br />

“Criámos muitas oportunidades”<br />

Jorge Jesus<br />

“O facto de<br />

o campo do<br />

Feirense não ter<br />

as dimensões<br />

máximas<br />

não serve de desculpa. Foi um<br />

adversário <strong>que</strong> se bateu muito<br />

bem e complicou ao máximo.<br />

Mas fazendo uma análise fria<br />

do jogo, só o Rodrigo teve três<br />

oportunidades claras de golo.<br />

Criámos muitas oportunidades<br />

mas não as concretizámos, o<br />

<strong>que</strong> não acontece normalmente.<br />

Sofremos um golo <strong>que</strong> nos obrigou<br />

a lançar jogadores mais criativos<br />

<strong>que</strong> poderiam fazer a diferença.<br />

Na última meia hora tivemos<br />

várias oportunidades para matar<br />

o jogo. Os campeões fazem-se<br />

também com sofrimento.”


42 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Desporto Futebol<br />

Paulo Alves diz <strong>que</strong> o Benfica está melhor<br />

do <strong>que</strong> um FC Porto <strong>que</strong> está em crescimento<br />

Manuel Mendes<br />

O FC Porto visita hoje<br />

Barcelos, onde o Benfica já<br />

empatou. O técnico portista<br />

<strong>que</strong>r um FC Porto adulto<br />

e Paulo Alves pede a sorte<br />

<strong>que</strong> lhe faltou na Luz<br />

a O treinador do Gil Vicente não tem<br />

dúvidas de <strong>que</strong> hoje terá pela frente<br />

uma equipa muito forte. Paulo Alves<br />

disse ontem <strong>que</strong> os seus jogadores<br />

têm de estar num “dia excelente”<br />

para conquistar pontos na recepção<br />

ao FC Porto, tal como aconteceu no<br />

empate frente ao Benfi ca na abertura<br />

da Liga.<br />

“Para conquistar pontos temos de<br />

estar num dia excelente, ao nosso melhor<br />

nível e ter uma pontinha de sorte.<br />

Não a tivemos a semana passada, na<br />

Luz, mas espero <strong>que</strong> agora ela nos possa<br />

sorrir”, afi rmou ontem Paulo Alves,<br />

em conferência de imprensa, referindo<br />

<strong>que</strong> os dois primeiros classifi cados<br />

do campeonato “são adversários semelhantes<br />

na sua dimensão, embora<br />

o Benfi ca, neste momento, esteja um<br />

pouco acima em termos exibicionais”.<br />

O técnico dos gilistas reconheceu, contudo,<br />

<strong>que</strong> “o FC Porto está num período<br />

de crescimento, após uma fase em<br />

<strong>que</strong> não foi tão consistente”.<br />

Paulo Alves disse ainda ter fi cado<br />

satisfeito com a prestação da sua equipa<br />

na última jornada no Estádio da<br />

Luz, salientando <strong>que</strong> a vitória só não<br />

ocorreu por manifesta falta de sorte e<br />

pela grande exibição do guarda-redes<br />

adversário. “Espero <strong>que</strong> a equipa perceba<br />

o porquê dessa exibição, possa<br />

agarrá-la e materializá-la neste e nos<br />

jogos seguintes. Mas, se possível, com<br />

Est. José Alvalade, Lisboa 17h SP-TV1<br />

Sporting 4-3-3<br />

João<br />

Pereira<br />

Jeffren<br />

Rui Patrício<br />

Onyewu Polga Insúa<br />

Matías<br />

Renato Neto<br />

Ribas<br />

Elias<br />

Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)<br />

Capel<br />

Douglas<br />

Serginho Zhang<br />

Joãozinho<br />

Nildo Artur<br />

Nuno Coelho<br />

Yohan<br />

Tavares<br />

Jonas<br />

Hugo<br />

Pedro<br />

Moreira<br />

Beira-Mar 4-3-3<br />

Estádio Cidade de Barcelos 19h15 SP-TV1<br />

Gil Vicente 4-2-3-1<br />

Daniel<br />

Rodrigo<br />

Galo<br />

Pedro<br />

Adriano<br />

Cláudio Halisson<br />

André<br />

Cunha<br />

Hugo Vieira<br />

Helton<br />

Luís Manuel<br />

Rolando Otamendi<br />

Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal)<br />

Junior<br />

Caiçara<br />

Richard<br />

Kléber<br />

Varela James<br />

Álvaro<br />

Pereira<br />

Defour João Moutinho<br />

Souza<br />

Maicon<br />

FC Porto 4-3-3<br />

a conquista de pontos, <strong>que</strong> nesta fase<br />

são muito importantes”, frisou.<br />

O treinador do FC Porto também<br />

elogiou o adversário de hoje e falou<br />

numa deslocação complicada. Ausentes<br />

da equipa portista estarão<br />

Guarín, Alex Sandro, Hulk, Sapunaru,<br />

Emídio Rafael e Djalma, mas <strong>Vítor</strong><br />

Pereira mantém a fasquia alta: “Quero<br />

um FC Porto consistente, rigoroso, a<br />

fazer um jogo sério e de qualidade,<br />

para nos exibirmos ao nível dos últimos<br />

jogos.”<br />

Longe das quatro linhas, os portistas<br />

continuam a movimentar-se no<br />

mercado de transferências. Depois<br />

de terem visto Fucile sair para o Santos,<br />

o presidente do clube brasileiro<br />

confi rmou ontem <strong>que</strong> os “dragões”<br />

apresentaram uma proposta de 8<br />

milhões de euros pelo médio Ganso.<br />

Uma oferta considerada “cómica” por<br />

Luís Ribeiro.<br />

“O <strong>que</strong> dá jeito à equipa é ganhar”, afirma Domingos<br />

Tiago Pimentel<br />

a O início de 2012 está a revelar-se<br />

muito duro para o Sporting. Os “leões”<br />

ainda não ganharam qual<strong>que</strong>r<br />

jogo (cinco empates e uma derrota),<br />

e na classifi cação da Liga perderam<br />

o terceiro lugar para o Sporting de<br />

Braga. Por isso, o treinador Domingos<br />

Paciência sublinhou <strong>que</strong> uma vitória<br />

frente ao Beira-Mar, hoje, “será<br />

importante para tirar a ansiedade e<br />

dar confi ança à equipa”.<br />

Os três jogos do campeonato <strong>que</strong> o<br />

Sporting disputou em 2012 saldaramse<br />

por dois empates e uma derrota,<br />

tendo os “leões” marcado apenas um<br />

golo. “Queremos acabar com esta série<br />

de empates e resultados negativos.<br />

Empatar é negativo para nós. Temos<br />

consciência <strong>que</strong> teremos de fazer muito<br />

mais para ganhar amanhã [hoje]”,<br />

apontou Domingos, acrescentando<br />

<strong>que</strong> a abordagem ao jogo “terá de ser<br />

vigorosa e de grande concentração”.<br />

“Estivemos no oito, fomos para o<br />

80, e agora não estamos no oito, mas<br />

também não estamos no equilíbrio”,<br />

resumiu o técnico sobre a época dos<br />

“leões”.<br />

Depois de cumprir castigo, Elias está<br />

de volta às opções de Domingos. Pelo<br />

contrário, o técnico não pode contar<br />

com o lesionado Schaars, nem com<br />

Izmailov e Rinaudo, <strong>que</strong> já se treinam<br />

mas ainda não têm ritmo. Bojinov, suspenso<br />

pelo clube, também fi cou de<br />

fora da convocatória.<br />

“Têm acontecido várias lesões e a<br />

maior parte, tirando uma, foram todas<br />

em jogo. Temos consciência do <strong>que</strong><br />

são os problemas. O trabalho está a<br />

ser feito no sentido de <strong>que</strong> não haja<br />

tantas lesões”, admitiu Domingos, <strong>que</strong><br />

recusou a hipótese de chegar mais algum<br />

jogador no mercado de Inverno:<br />

Rio Ave e Académica sem poder de fogo<br />

a Rio Ave e Académica de Coimbra<br />

não conseguiram ontem mais <strong>que</strong><br />

o empate a zero, em partida da 17.ª<br />

jornada da Liga, um resultado <strong>que</strong><br />

castiga a falta de efi cácia das duas<br />

equipas. Numa partida <strong>que</strong>, praticamente,<br />

só ganhou emoção nos<br />

instantes fi nais, os dois conjuntos<br />

mostraram muita displicência na fi -<br />

nalização, acabando por justifi car a<br />

divisão de pontos.<br />

Com este desfecho, o Rio Ave não<br />

conseguiu descolar da parte inferior<br />

da tabela, passando a somar 15 pontos<br />

no 13.ª lugar, enquanto a Académica,<br />

<strong>que</strong> cumpriu o seu quinto<br />

jogo consecutivo na Liga sem ganhar,<br />

manteve o sétimo posto, agora com<br />

20 pontos.<br />

Pouco futebol se viu na primeira<br />

parte, com as duas equipas a embrulharem-se<br />

em inconse<strong>que</strong>ntes batalhas<br />

no meio-campo, em <strong>que</strong> a maior<br />

pressão dos visitantes e os contraata<strong>que</strong>s<br />

dos vila-condenses raramente<br />

criavam perigo nas áreas.<br />

Na “Briosa”, Éder mostrava-se o<br />

mais esforçado, esboçando um par<br />

de remates para defesa de Huanderson,<br />

enquanto do lado do Rio Ave,<br />

João Tomás desperdiçava a melhor<br />

oportunidade quando, isolado, permitiu<br />

a defesa de Peiser.<br />

O segundo tempo espelhou, novamente,<br />

duas equipas com difi culdades<br />

em penetrar nas áreas. Diogo Va-<br />

Rio Ave 0<br />

Académica 0<br />

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.<br />

Assistência Cerca de 2500 espectadores.<br />

Rio Ave Huanderson, Jean Sony, <strong>Gaspar</strong>, Éder,<br />

Tiago Pinto, Wires, <strong>Vítor</strong> Gomes, Braga (Kelvin,<br />

63’), Christian (Mendes, 71’), João Tomás e Yazalde.<br />

Treinador Carlos Brito.<br />

Académica Peiser, Cedric, Ferreira, Abdoulaye,<br />

Hélder Cabral, Diogo Melo, Adrien Silva (Danilo, 58’),<br />

Hugo Morais, Marinho (David Simão, 72’), Éder (Fábio<br />

Luís, 64’) e Diogo Valente. Treinador Pedro Emanuel.<br />

Árbitro André Gralha, de Santarém. Amarelos<br />

Hugo Morais (36’), Yazalde (55’), Hélder Cabral (67’),<br />

Abdoulaye (82’), David Simão (86’), Cedric (90’+3’).<br />

Vermelho directo Flávio (80’).<br />

“O plantel está fechado, não vamos<br />

buscar mais jogador nenhum, temos<br />

jogadores sufi cientes para os objectivos<br />

do clube.”<br />

Apesar dos indícios, o treinador do<br />

Beira-Mar, Rui Bento, não acredita <strong>que</strong><br />

o adversário desta tarde esteja debilitado.<br />

“Pensar <strong>que</strong> o Sporting vai estar<br />

fragilizado, é pensar mal”, avisou o<br />

técnico, <strong>que</strong> na primeira volta do campeonato,<br />

em Aveiro, travou os “leões”<br />

(0-0). “Quem for mais competente é<br />

<strong>que</strong> vai fi car com os pontos. Esperamos<br />

um adversário forte e não <strong><strong>que</strong>rem</strong>os<br />

ser apanhados de surpresa”,<br />

acrescentou Rui Bento.<br />

Os aveirenses vêm de três derrotas<br />

consecutivas, mas o objectivo para o<br />

encontro desta tarde, em Alvalade,<br />

passa por pontuar: “Cada jogo tem a<br />

sua história e tudo pode acontecer. Se<br />

não conseguirmos ganhar, o empate<br />

seria bom resultado.” com Lusa<br />

lente rubricou a excepção, quando<br />

surgiu isolado frente a Huanderson,<br />

mas rematou por cima.<br />

A emoção <strong>que</strong> faltou até então<br />

acabou por surgir nos últimos dez<br />

minutos, altura em <strong>que</strong> a Académica<br />

fi cou reduzida a dez elementos, com<br />

expulsão de Flávio, depois de travar<br />

João Tomás quando este seguia para<br />

a baliza em posição privilegiada.<br />

Nesta fase, o Rio Ave cresceu, operou<br />

o “assalto fi nal” à baliza da formação<br />

de Coimbra, mas confi rmouse<br />

<strong>que</strong> a noite não era de inspiração<br />

para os atacantes, com Mendes, Kelvin<br />

e João Tomás a desperdiçarem as<br />

oportunidades criadas e a confi rmar<br />

nulo fi nal.<br />

Classificações<br />

I Liga<br />

Jornada 17<br />

V. Guimarães-Nacional 1-0<br />

Rio Ave-Académica 0-0<br />

Feirense-Benfica 1-2<br />

U. Leiria-P. Ferreira hoje, 16h<br />

V. Setúbal-Olhanense hoje, 16h<br />

Sporting-Beira-Mar hoje, 17h, SP-TV1<br />

Gil Vicente-FC Porto hoje, 19h15, SP-TV1<br />

Marítimo-Sp. Braga amanhã, 20h15, SP-TV1<br />

J V E D M-S P<br />

Benfica 17 14 3 0 43-14 45<br />

FC Porto 16 12 4 0 37-9 40<br />

Sp. Braga 16 10 4 2 30-15 34<br />

Sporting 16 8 5 3 27-14 29<br />

Marítimo 16 8 5 3 23-19 29<br />

V. Guimarães 17 7 2 8 23-19 23<br />

Académica 17 5 5 7 18-20 20<br />

Nacional 17 5 4 8 16-27 19<br />

Olhanense 16 4 6 6 17-20 18<br />

Beira-Mar 16 4 4 8 14-14 16<br />

Gil Vicente 16 3 7 6 14-26 16<br />

Rio Ave 17 4 3 10 14-23 15<br />

Feirense 17 3 6 8 12-24 15<br />

U. Leiria 16 4 2 10 16-29 14<br />

V. Setúbal 16 3 5 8 12-26 14<br />

P. Ferreira 16 3 3 10 16-33 12<br />

Próxima jornada P. Ferreira-Feirense, Benfica-<br />

Nacional, Marítimo-Sporting, Olhanense-Rio Ave, Sp.<br />

Braga-V. Setúbal, FC Porto-U. Leiria, Académica-Gil<br />

Vicente e Beira-Mar-V. Guimarães.<br />

II Liga<br />

Jornada 17<br />

Estoril-Atlético 5-0<br />

U. Madeira-Sp. Covilhã hoje, 11h15<br />

Oliveirense-Desp. Aves hoje, 11h15, SP-TV1<br />

Trofense-Freamunde hoje, 15h<br />

Belenenses-Penafiel hoje, 15h<br />

Moreirense-Arouca hoje, 16h<br />

Santa Clara-Leixões hoje, 16h<br />

Naval-Portimonense hoje, 16h30<br />

J V E D M-S P<br />

Estoril 17 10 5 2 24-9 35<br />

Moreirense 16 9 3 4 27-18 30<br />

Desp. Aves 16 7 6 3 23-16 27<br />

Atlético 17 7 5 5 18-20 26<br />

Leixões 16 7 3 6 21-19 24<br />

Naval 16 6 6 4 18-16 24<br />

Penafiel 16 6 5 5 21-19 23<br />

Arouca 16 4 8 4 16-17 20<br />

Oliveirense 16 5 5 6 20-23 20<br />

Santa Clara 16 5 4 7 17-20 19<br />

Sp. Covilhã 16 5 4 7 9-13 19<br />

Freamunde 16 4 6 6 20-19 18<br />

Belenenses 16 4 6 6 15-17 18<br />

U. Madeira 16 4 5 7 16-21 17<br />

Trofense 16 4 4 8 15-25 16<br />

Portimonense 16 3 3 10 16-24 12<br />

Próxima jornada<br />

Atlético-Santa Clara, Leixões-Arouca, Oliveirense-<br />

Trofense, Penafiel-U. Madeira, Desp. Aves-Belenenses,<br />

Portimonense-Estoril, Sp. Covilhã-Naval e<br />

Freamunde-Moreirense.<br />

Marcadores<br />

I Liga<br />

13 golos Cardozo (Benfica)<br />

10 golos Baba (Marítimo)<br />

9 golos Lima (Sp. Braga) e Edgar (V. Guimarães)<br />

8 golos Nolito (Benfica) e James Rodríguez (FC<br />

Porto)<br />

7 golos Hulk (FC Porto) e Wolfswinkel (Sporting)<br />

6 golos Rodrigo (Benfica), Kléber (FC Porto) e<br />

Melgarejo (P. Ferreira)<br />

II Liga<br />

9 golos Licá (Estoril) e Bock (Freamunde)<br />

8 golos Pires (Desp. Aves), Adriano (Oliveirense)<br />

e Manoel (Penafiel)<br />

7 golos Joeano (Arouca)<br />

6 golos Tiago Caeiro (Atlético) e Fábio Espinho<br />

(Moreirense)


Desporto Futebol Internacional<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 43<br />

Real Madrid governa a Liga à sua vontade<br />

Vitória fácil sobre o Saragoça com um golo de Ronaldo antes de um mês sabático. O empate do<br />

Barcelona em Villarreal aumentou para sete a vantagem <strong>que</strong> goza agora Mourinho<br />

Filipe Escobar de Lima<br />

a Foi um sábado como outro qual<strong>que</strong>r.<br />

Nos jogos em casa, o Real Madrid<br />

aborrece pela previsibilidade do<br />

resultado — excepto quando defronta<br />

o Barcelona, responsável pela única<br />

derrota (e únicos pontos perdidos) no<br />

Bernabéu. Ontem, o Saragoça, último<br />

classifi cado, saiu de Madrid como entrou,<br />

derrotado (3-1) e longe do topo,<br />

a 40 pontos do primeiro lugar.<br />

Com este triunfo, Mourinho continua<br />

a governar a Liga à sua vontade,<br />

antes de entrar para um mês sabático:<br />

os seus próximos quatro encontros<br />

são de grau fácil com Getafe,<br />

Levante, Racing e Rayo Vallecano. É<br />

o mês para cimentar a liderança e colocar<br />

o Barcelona em respeito. A Liga<br />

espanhola é um objectivo primordial<br />

para a vida do treinador português<br />

em Madrid.<br />

Com esta vitória, o Real iguala o<br />

melhor arran<strong>que</strong> na Liga da sua história<br />

(depois de 20 jogos), <strong>que</strong> datava<br />

de 1961. O <strong>que</strong> mostra <strong>que</strong> esta equipa<br />

tem fôlego e parece ter voltado tudo<br />

ao normal.<br />

Depois da eliminação em Camp<br />

Nou ante o Barcelona para a Taça de<br />

Espanha com um empate (2-2) <strong>que</strong><br />

encheu de orgulho os madridistas,<br />

após a derrota em casa uma semana<br />

antes (1-2) <strong>que</strong> atirou por terra o<br />

amor-próprio dos merengues, a normalidade<br />

está reposta — graças também<br />

ao Saragoça.<br />

Desta vez, o Real escolheu o mesmo<br />

caminho de sempre, com suspense<br />

como tem feito até aqui — foi<br />

o décimo jogo consecutivo com<br />

Casillas a sofrer golos no Santiago<br />

Bernabéu.<br />

Desde <strong>que</strong> defrontou no passado<br />

23 de Outubro de 2011 o Villarreal, a<br />

equipa de Mourinho encaixou sempre<br />

golos na Liga, Champions ou Taça<br />

de Espanha.<br />

Agora foram Kaká, Cristiano (fez<br />

o 2-1 e chegou aos 24 golos na prova)<br />

e Özil a responder ao golo incial do<br />

Cristiano Ronaldo marcou um dos golos do Real Madrid<br />

Taça das Nações Africanas<br />

Gana venceu Mali e Guiné estraçalhou Botswana<br />

E ao sétimo dia, a Taça das<br />

Nações Africanas assistiu à maior<br />

goleada até ao momento. A Guiné<br />

cilindrou ontem o Botswana por<br />

6-1, tornando-se a terceira equipa<br />

na história da prova a marcar<br />

seis golos num jogo. Um feito<br />

alcançado pelo Egipto em 1963<br />

(6-3 frente à Nigéria) e pela Costa<br />

do Marfim em 1970 (6-1 sobre a<br />

Etiópia). Nada correu bem ao<br />

Botswana, <strong>que</strong> viu terminar mais<br />

cedo esta primeira participação<br />

na CAN. Os “Zebras” cumprem<br />

calendário no jogo de quarta-feira,<br />

diante do Mali. Também ontem,<br />

a selecção maliana foi derrotada<br />

(0-2) pelo Gana, <strong>que</strong> se isolou na<br />

liderança do Grupo D. Os ganeses<br />

têm seis pontos, mais três <strong>que</strong><br />

Mali e Guiné. As três equipas<br />

podem seguir em frente, sendo<br />

<strong>que</strong> Gana e Guiné se encontram<br />

na última jornada. Hoje realizamse<br />

os dois jogos <strong>que</strong> fecham<br />

o Grupo A: Guiné Equatorial-<br />

Zâmbia (18h, Eurosport) e Líbia-<br />

Senegal (18h, Eurosport 2). T.P.<br />

PEDRO ARMESTRE/AFP<br />

Saragoça, mas com tanta facilidade<br />

<strong>que</strong> ninguém no estádio pareceu assustado<br />

quando Lafi ta festejou logo<br />

aos 10 minutos.<br />

Este Real é assim, insultuoso. Sofre<br />

primeiro, aprecia o drama e responde<br />

depois para gáudio dos adeptos.<br />

Barcelona empata e atrasa-se<br />

Esta parece ser a única prova em <strong>que</strong><br />

o Real pode vencer sem ter de ganhar<br />

ao Barcelona em campo. E isso faz<br />

sofrer os catalães. A desvantagem de<br />

5 pontos aumentou ontem para 7 em<br />

Villarreal. O empate (0-0) parece ter<br />

entregado a Liga aos madridistas.<br />

É muita vantagem para um Real<br />

cheio de fome, <strong>que</strong> só parece ter<br />

Camp Nou antes de chegar ao título.<br />

Taça de Inglaterra<br />

O Liverpool assumiu o papel de carrasco da cidade de Manchester<br />

a Os dois maiores clubes de Inglaterra,<br />

Manchester United e Liverpool,<br />

encontraram-se em Anfi eld. Há mais<br />

de meio século <strong>que</strong> assumiram o papel<br />

de inimigos intímos. Há um ano, Ferguson<br />

conquistou o 19.º campeonato<br />

para os red devils e tornou a equipa<br />

de Manchester a mais laureada da<br />

prova, ultrapassando os reds, <strong>que</strong> estagnaram<br />

nos 18 títulos em 1990. Aí,<br />

iniciaram uma travessia no deserto<br />

<strong>que</strong> já leva mais de duas décadas. Ontem,<br />

foi a vez de puxar pelo orgulho<br />

e o Liverpool eliminou o United nos<br />

16 avos-de-fi nal da Taça de Inglaterra<br />

com uma vitória por 2-1 alcançada a<br />

três minutos do fi m.<br />

Também na Taça o United leva vantagem<br />

sobre o Liverpool (11-7). É na <strong>Europa</strong><br />

<strong>que</strong> o clube de Anfi eld ganha ao<br />

de Old Traff ord (5-3 em Taça/Ligas dos<br />

Campeões). É tudo uma <strong>que</strong>stão de<br />

egos. E ambos estão em baixo na autoestima.<br />

O Liverpool passa despercebido<br />

na Premier League (sétimo) e está<br />

fora da <strong>Europa</strong>, enquanto o United<br />

Resultados<br />

Watford-Tottenham 0-1<br />

Everton-Fulham 2-1<br />

QPR-Chelsea 0-1<br />

Liverpool-M. United 2-1<br />

Derby County-Stoke City 0-2<br />

Stevenage-Notts County 1-0<br />

Blackpool-Sheffield Wednesday 1-1<br />

WBA-Norwich 1-2<br />

Hull-Crawley Town 0-1<br />

Sheffield United-Birmingham 0-4<br />

Leicester-Swindon 2-0<br />

Millwall-Southampton 1-1<br />

Bolton-Swansea 2-1<br />

Brighton-Newcastle 1-0<br />

saiu da Champions, da Taça da Liga<br />

e luta pelo campeonato, embora esta<br />

época já tenha sido humilhado pelo<br />

rival City na sua própria casa (1-6).<br />

Ontem, o Liverpool ofi cializou o seu<br />

estatuto de carrrasco das equipas da<br />

cidade de Manchester. A meio da semana<br />

eliminou o City das meias-fi nais<br />

da Taça da Liga (2-2 depois da vitória<br />

no primeiro jogo 0-1). Ontem, escorraçou<br />

o United da Taça de Inglaterra.<br />

Kuyt, o holandês <strong>que</strong> na época<br />

passada havia marcado um hat-trick<br />

Classificações<br />

Espanha<br />

Jornada 21<br />

Villarreal-Barcelona 0-0<br />

Real Madrid-Saragoça 3-1<br />

Espanyol-Maiorca 1-0<br />

Rayo Vallecano-Athl. Bilbau 2-3<br />

Bétis-Granada hoje, 11h, SP-TV2<br />

Real Sociedad-Sp. Gijón hoje, 15h<br />

Levante-Getafe hoje, 15h<br />

Racing Santander-Valência hoje, 17h, SP-TV2<br />

Málaga-Sevilha hoje, 20h30, SP-TV2<br />

Osasuna-Atl. Madrid amanhã, 20h, SP-TV2<br />

J V E D M-S P<br />

Real Madrid 20 17 1 2 70-19 52<br />

Barcelona 20 13 6 1 59-12 45<br />

Valência 19 10 5 4 29-20 35<br />

Levante 19 9 4 6 25-22 31<br />

Espanyol 20 9 4 7 22-21 31<br />

Athl. Bilbau 20 7 8 5 30-25 29<br />

Osasuna 19 6 9 4 22-31 27<br />

Atl. Madrid 19 7 5 7 30-27 26<br />

Sevilha 19 6 8 5 20-20 26<br />

Málaga 19 7 4 8 22-28 25<br />

Getafe 19 6 6 7 20-25 24<br />

Bétis 19 7 2 10 22-27 23<br />

Maiorca 20 5 7 8 17-25 22<br />

Rayo Vallecano 20 6 4 10 23-31 22<br />

Real Sociedad 19 5 6 8 17-27 21<br />

Racing Santander 19 4 8 7 15-23 20<br />

Villarreal 20 4 8 8 18-28 20<br />

Granada 19 5 4 10 12-26 19<br />

Sp. Gijón 19 5 3 11 18-33 18<br />

Saragoça 20 2 6 12 15-36 12<br />

Alemanha<br />

Jornada 19<br />

Colónia-Schalke 04 1-4<br />

Augsburgo-Kaiserslautern 2-2<br />

Bayern Muni<strong>que</strong>-Wolfsburgo 2-0<br />

Hertha Berlim-Hamburgo 1-2<br />

Hannover-Nuremberga 1-0<br />

Werder Bremen-Bayer Leverkusen 1-1<br />

B. Dortmund-Hoffenheim 3-1<br />

Mainz 05-Friburgo hoje, 14h30<br />

Estugarda-B. Monchengladbach hoje, 16h30<br />

J V E D M-S P<br />

B. Dortmund 19 12 4 3 43-14 40<br />

Bayern Muni<strong>que</strong> 19 13 1 5 46-13 40<br />

Schalke 04 19 13 1 5 45-24 40<br />

B. Monchengladbach 18 11 3 4 28-12 36<br />

Werder Bremen 19 9 4 6 31-32 31<br />

Bayer Leverkusen 19 8 6 5 26-25 30<br />

Hannover 19 6 9 4 21-24 27<br />

Hoffenheim 19 6 5 8 20-22 23<br />

Wolfsburgo 19 7 2 10 24-36 23<br />

Hamburgo 19 5 7 7 24-33 22<br />

Estugarda 18 6 4 8 24-23 22<br />

Nuremberga 19 6 3 10 19-29 21<br />

Colónia 19 6 3 10 28-40 21<br />

Hertha Berlim 19 4 8 7 25-30 20<br />

Kaiserslautern 19 3 9 7 15-23 18<br />

Mainz 05 18 4 6 8 24-32 18<br />

Friburgo 18 4 4 10 22-39 16<br />

Augsburgo 19 3 7 9 17-31 16<br />

ao United, apontou o golo da vitória<br />

perto do fi nal (2-1) — os reds marcaram<br />

primeiro por Agger, mas Park empatou.<br />

O jogo foi ainda atravessado por<br />

uma polémica: Suárez não pôde jogar<br />

pelo Liverpool devido ao incidente<br />

com Evra (o uruguaio foi acusado de<br />

racismo pelo francês, suspenso por<br />

oito jogos e ontem foi assobiado toda<br />

a partida).<br />

Horas antes, Juan Mata tinha marcado<br />

o golo do Chelsea sobre o Queens<br />

Park Rangers, de penálti. F.E.L.


44 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Desporto Breves<br />

Ciclismo Andebol<br />

Evans diz <strong>que</strong> irmãos Schleck são<br />

os seus grandes rivais no Tour<br />

a O ciclista australiano Cadel Evans, vencedor da última<br />

edição da Volta à França, apontou ontem os irmãos Andy<br />

e Frank Schleck como os grandes rivais para a revalidação<br />

do título na 99.ª edição da prova francesa, <strong>que</strong> se disputa<br />

em Julho. Motivado pelas aquisições de peso da sua equipa,<br />

a BMC — o todo-terreno Philippe Gilbert e Thor Hushovd,<br />

campeão mundial de 2010 —, o vencedor do Tour assumiu<br />

<strong>que</strong> a meta é repetir o resultado do ano passado.<br />

Bas<strong>que</strong>tebol<br />

Benfica e FC Porto<br />

não desarmam<br />

a A liderança na Liga continua repartida<br />

entre Benfi ca e FC Porto, <strong>que</strong><br />

venceram as partidas frente a Ginásio<br />

Figueirense e Lusitânia, respectivamente.<br />

As duas equipas somam 27<br />

pontos. Na visita ao Ginásio Figueirense,<br />

último classifi cado, os “encarnados”<br />

impuseram-se por 94-61, com<br />

João Gomes (19 pontos, oito ressaltos<br />

e cinco assistências) em desta<strong>que</strong>. A<br />

jogar em casa, o FC Porto bateu o Lusitânia<br />

por 72-51. Robert Johnson foi<br />

o melhor elemento dos “dragões”,<br />

com 15 pontos, sete ressaltos e quatro<br />

assistências. Apesar da derrota, o Lusitânia<br />

mantém o sexto lugar.<br />

Râguebi<br />

Portugal vence<br />

os England Students<br />

a A selecção nacional de râguebi derrotou<br />

ontem, no Estádio Universitário<br />

de Lisboa, os England Students, uma<br />

equipa composta por jogadores universitários<br />

ingleses, por 31-28, no último<br />

jogo de preparação antes do início<br />

do Torneio Europeu das Nações.<br />

Este foi o terceiro ano consecutivo<br />

<strong>que</strong> as duas equipas se defrontaram e<br />

Portugal triunfou sempre por menos<br />

de cinco pontos. No próximo sábado,<br />

a selecção nacional vai deslocar-se a<br />

Bucareste onde defronta a Roménia,<br />

em partida da primeira jornada do<br />

Torneio Europeu das Nações.<br />

Atletismo<br />

Sporting sobe ao segundo lugar,<br />

FC Porto segue em frente na Taça<br />

a O Sporting venceu (25-21) o Águas Santas, em partida<br />

antecipada da 19.ª jornada do campeonato, subindo ao<br />

segundo lugar da classifi cação. Noutro jogo antecipado,<br />

o Benfi ca bateu o ISMAI por 30-19. Também ontem, o Madeira<br />

SAD bateu (34-24) o Xico Andebol, numa partida em<br />

atraso da 15.ª jornada. No jogo <strong>que</strong> fechou os quartos-defi<br />

nal da Taça, o FC Porto carimbou a passagem às “meias”<br />

ao vencer no terreno do São Bernardo por 33-22.<br />

Fortes arranca recorde nacional no peso<br />

Luís Lopes<br />

a Marco Fortes teve um início de<br />

temporada em grande, este fi m-desemana,<br />

em Chemnitz, na Alemanha.<br />

O lançador de peso do Benfi ca participou<br />

numa prova de elevada qualidade,<br />

<strong>que</strong> foi ganha pelo americano<br />

Reese Hoff a com 21,87m — a melhor<br />

marca mundial do ano — alcançando<br />

um novo máximo nacional em pista<br />

coberta, com 20,57m, obtidos no sexto<br />

e derradeiro ensaio do concurso.<br />

Com este resultado o português<br />

subiu em 23 centímetros o anterior<br />

máximo português indoor (o de ar<br />

livre detém-no com 20,89m), <strong>que</strong><br />

ele próprio estabelecera a 4 de Março<br />

do ano passado, em Paris, durante<br />

a qualifi cação dos campeonatos<br />

europeus.<br />

Fortes teve uma prova em acentuado<br />

crescendo, abrindo com 19,15m no<br />

primeiro ensaio para passar os 20m,<br />

com 20,04m, na quarta tentativa. A<br />

<strong>que</strong> fez a seguir rendeu um primeiro<br />

recorde nacional de 20,38m, mas, no<br />

último ensaio conseguiu aproximarse,<br />

inclusive, do campeão mundial<br />

alemão David Storl, <strong>que</strong> terminou em<br />

segundo com 20,75m.<br />

Ainda em Chemnitz, mas nos<br />

1500m, registou-se outra melhor marca<br />

mundial do ano, desta feita obtida<br />

pelo marroquino Abdelaati Iguider,<br />

com 3m37,40s.<br />

Ao mesmo tempo, em Dresden,<br />

a Tendo terminado a época de 2011<br />

com a sua primeira vitória em mais<br />

de dois anos, Tiger Woods dispõe hoje<br />

de uma excelente oportunidade<br />

para começar a de 2012 com outra.<br />

Graças a uma terceira volta de 66 pancadas<br />

no Abu Dhabi Championship,<br />

o californiano descolou do sexteto<br />

de quartos classifi cados assumindo a<br />

co-liderança, a par do inglês Robert<br />

Rock, <strong>que</strong> fechou com dois birdies,<br />

igualando a<strong>que</strong>la marca.<br />

Foi um dia electrizante, com 24<br />

Marco Fortes bateu o recorde nacional de lançamento do peso indoor<br />

também no leste da Alemanha, Maria<br />

Eleonor Tavares esteve na prova<br />

do salto com vara e acabou em sexta,<br />

com 4,22m, tendo ganho a checa Jirina<br />

Ptacníkova, com 4,62m.<br />

Ontem, em Glasgow, disputou-se<br />

o tradicional encontro das cinco nações,<br />

envolvendo a Grã-Bretanha,<br />

vencedora com 60p, Rússia e Alemanha,<br />

<strong>que</strong> fi caram a seguir ambas<br />

com 53p, uma equipa da Commonwealth<br />

(47p) e outra dos Estados Unidos<br />

(41p).<br />

O antigo campeão mundial júnior<br />

russo Konstatin Shabanov brilhou<br />

jogadores a passarem pelo topo da<br />

tabela e havendo, a dada altura, oito<br />

a partilhar o comando.<br />

Somando 205 pancadas, 11 abaixo<br />

do Par 72 do campo do Abu Dhabi<br />

Golf Club, os líderes levam dois shots<br />

à melhor sobre um quarteto em <strong>que</strong><br />

se destacam três jogadores <strong>que</strong> fi zeram<br />

parte da última selecção da <strong>Europa</strong><br />

na Ryder Cup — o norte-irlandês<br />

Rory McIlroy (68), o dinamarquês<br />

Peter Hanson (64), <strong>que</strong> fez a melhor<br />

volta do dia, e o italiano Francesco<br />

PETER PARKS/AFP<br />

nos 60m barreiras ao igualar a melhor<br />

marca mundial do ano, com<br />

7,54s, e outro registo de topo obteve<br />

a <strong>que</strong>niana Hellen Obiri nos 3000m<br />

femininos, com 8m42,59s.<br />

A campeã europeia indoor russa<br />

Darya Klishina venceu no comprimento<br />

com 6,75m, mas o grande momento<br />

da tarde foi, na perspectiva<br />

dos anfi triões, o triunfo do campeão<br />

mundial dos 5000m Mo Farah, desta<br />

vez na prova de 1500m, ao derrotar<br />

um dos melhores especialistas da actualidade,<br />

o <strong>que</strong>niano Augustine Chege,<br />

com 3m39,03s contra 3m39,14s.<br />

Golfe<br />

Tiger Woods já lidera nos Emirados e está<br />

muito perto de voltar ao top-10 mundial<br />

Molinari (66) —, além do escocês Paul<br />

Lawrie (68).<br />

Foi uma prestação de grande nível<br />

de Tiger Woods, <strong>que</strong> reentrará no<br />

top-10 mundial em caso de vitória.<br />

Sobretudo pela sua habilidade para<br />

não acertar fairways, desafi ar os<br />

buracos de Par 5 e meter putts delicados.<br />

“Não fi z muitas coisas certas,<br />

mas também não fi z coisas erradas.<br />

Foi uma volta consistente, mantendome<br />

longe de apuros”, analisou. Rodrigo<br />

Cordoeiro<br />

Hó<strong>que</strong>i em patins<br />

“Dragões” invictos<br />

após 12.º triunfo<br />

a Também não foi a Oliveirense a<br />

equipa <strong>que</strong> colocou um ponto fi nal<br />

na invencibilidade do FC Porto. Os<br />

“dragões” venceram por 5-2 na visita<br />

a Oliveira de Azeméis e alcançaram a<br />

12.ª vitória no campeonato. No duelo<br />

entre segundo e terceiro classifi cados,<br />

o Benfi ca chegou ao intervalo a<br />

perder com o Candelária, mas uma<br />

boa segunda parte deu o triunfo (7-4)<br />

aos “encarnados”. Com este resultado,<br />

o Benfi ca segue a dois pontos<br />

do FC Porto e aumentou para sete os<br />

pontos de vantagem sobre o Candelária.<br />

Na próxima jornada os “encarnados”<br />

visitam o FC Porto.<br />

Voleibol<br />

Pavilhão da Luz viu<br />

16.º triunfo seguido<br />

a O Benfi ca recebeu e venceu a Académica<br />

de Espinho por 3-1, obtendo<br />

a 16.ª vitória em outros tantos encontros<br />

para o campeonato. A equipa de<br />

José Jardim impôs-se pelos parciais<br />

de 25-13, 23-25, 25-17 e 25-20 e segue<br />

isolada na liderança da classifi cação,<br />

com 48 pontos. Antes, o Sporting de<br />

Espinho, segundo na tabela a cinco<br />

pontos do Benfi ca (e com um jogo<br />

a mais <strong>que</strong> os “encarnados”), tinha<br />

ganho por 3-0 na visita ao Vitória de<br />

Guimarães. A formação orientada por<br />

Hugo Silva triunfou pelos parciais de<br />

30-28, 25-18 e 25-22.<br />

Xadrez<br />

Aronian a um empate<br />

do triunfo na Holanda<br />

a O arménio Levon Aronian voltou a<br />

vencer na 12.ª e penúltima jornada de<br />

Wijk aan Zee, Holanda, e bastar-lhe-á<br />

um empate hoje para garantir matematicamente<br />

o triunfo na primeira<br />

prova do Grand Slam do ano. A vítima<br />

foi o aspirante ao título mundial<br />

Boris Gelfand e como nenhum dos<br />

seus perseguidores venceu — Magnus<br />

Carlsen empatou com Kamsky,<br />

Radjabov com Ivanchuk e Caruana<br />

com Navara — o arménio aumentou<br />

para um ponto a vantagem sobre os<br />

segundos classifi cados.


Desporto Modalidades<br />

Ténis<br />

Victoria Azarenka gritou mais alto<br />

Pedro Keul<br />

Como bónus pelo triunfo<br />

no Open da Austrália,<br />

a bielorrussa vai ocupar<br />

o primeiro lugar do ranking<br />

a Há um ano, Victoria Azarenka deixou<br />

Melbourne frustrada por ter perdido<br />

nos oitavos-de-fi nal. De regresso<br />

a casa, em Minsk, a jogadora pôs de<br />

lado a ideia de tirar umas semanas<br />

de férias após uma conversa com a<br />

avó, <strong>que</strong> lhe fez ver a sorte <strong>que</strong> tinha<br />

em ser tenista. Ao colocar a carreira,<br />

e a sua vida, em perspectiva, a bielorrussa<br />

de 22 anos tornou-se uma<br />

pessoa mais madura e essa mudança<br />

confi rmou-se ontem no court. Na fi nal<br />

mais ruidosa do Open da Austrália,<br />

Azarenka arrasou Maria Sharapova,<br />

por 6-3, 6-0.<br />

“A minha avó é incrível, trabalhou<br />

toda a vida até aos 71 anos. É espantoso<br />

ver o quanto as pessoas trabalham<br />

e nós aqui a jogar ténis e, às vezes, a<br />

<strong>que</strong>ixarmo-nos de pe<strong>que</strong>nas coisas.<br />

Perdi um encontro e então? Temos<br />

<strong>que</strong> ver as coisas como um todo. Agora,<br />

estou sempre contente no court,<br />

divirto-me muito mais”, confessou<br />

Azarenka, <strong>que</strong>, ontem, viveu o dia<br />

mais feliz da carreira.<br />

Na fi nal entre as duas jogadoras <strong>que</strong><br />

mais decibéis atingem quando batem<br />

na bola, Azarenka entrou nervosa e<br />

depressa se viu a 0-2, mas depois de<br />

uma fantástico winner de direita ao<br />

longo do corredor, com <strong>que</strong> fechou<br />

o terceiro jogo, não olhou mais para<br />

trás. Sólida do fundo do court, Azarenka<br />

foi inteligente em mover a sua<br />

adversária e corajosa o sufi ciente para,<br />

por várias vezes, ir à rede concluir<br />

o ponto. E só perdeu mais um jogo.<br />

Embora apenas tenha acumulado<br />

três duplas-faltas, Sharapova pode<br />

<strong>que</strong>ixar-se da falta de efi cácia do serviço.<br />

Sofreu cinco breaks, só ganhou três<br />

pontos em 17 disputados com o seu<br />

segundo serviço e, na segunda partida,<br />

só quatro dos 12 pontos ganhos<br />

foram a servir. No primeiro match-<br />

Hoje falamos de coisas sérias<br />

Opinião<br />

José Manuel Meirim<br />

a 1. Desengane-se o leitor, pois<br />

não vamos escrever sobre as<br />

dívidas dos clubes de futebol ao<br />

fi sco e as (aparentes) palavras<br />

duras do ministro Relvas —<br />

somente para o povo ouvir<br />

— e das mais do <strong>que</strong> possíveis<br />

medidas frágeis do mesmo sobre<br />

essa <strong>que</strong>stão.<br />

2. O Decreto-Lei n.º 100/2003,<br />

de 23 de Maio, aprovou o<br />

regulamento das condições<br />

técnicas e de segurança a<br />

observar na concepção,<br />

instalação e manutenção das<br />

balizas de futebol, andebol,<br />

hó<strong>que</strong>i e de pólo aquático e dos<br />

equipamentos de bas<strong>que</strong>tebol<br />

existentes nas instalações<br />

desportivas de uso público.<br />

Este diploma foi alterado pelo<br />

Decreto-Lei n.º 82/2004, de 14 de<br />

Abril. Depois, temos a Portaria<br />

n.º 369/2004, de 12 de Abril,<br />

<strong>que</strong> veio estabelecer o regime<br />

de intervenção das entidades<br />

acreditadas em acções ligadas<br />

ao processo de verifi cação<br />

das condições técnicas e de<br />

segurança a observar na<br />

instalação e manutenção<br />

das balizas de futebol, de<br />

andebol, de hó<strong>que</strong>i e de pólo<br />

aquático e dos equipamentos<br />

de bas<strong>que</strong>tebol existentes nas<br />

instalações desportivas de uso<br />

público. E ainda a Portaria n.º<br />

1049/2004, de 19 de Agosto,<br />

<strong>que</strong> fi xou normas relativamente<br />

às condições técnicas e de<br />

segurança a observar na<br />

concepção, instalação e<br />

manutenção das balizas de<br />

futebol, de andebol, de hó<strong>que</strong>i<br />

e de pólo aquático e dos<br />

equipamentos de bas<strong>que</strong>tebol<br />

existentes nas instalações<br />

desportivas de uso público. E<br />

temos a ASAE desportiva para<br />

fi scalizar.<br />

3. Na quarta-feira, uma criança<br />

de 12 anos — como o Zé Pedro lá<br />

de casa — foi atingido por uma<br />

baliza <strong>que</strong> caiu e, conduzido ao<br />

Hospital Pediátrico de Coimbra,<br />

entrou em coma profundo.<br />

De acordo com o noticiado, o<br />

acidente ocorreu em Brasfemes,<br />

quando a criança brincava com<br />

amigos no campo desportivo<br />

de um centro recreativo desta<br />

Na quarta-feira,<br />

uma criança de 12<br />

anos foi atingida<br />

por uma baliza <strong>que</strong><br />

caiu e entrou em<br />

coma profundo<br />

Azarenka incrédula após ganhar a final do Open da Austrália<br />

point, Azarenka bateu forte na bola<br />

até <strong>que</strong> Sharapova colocou a bola na<br />

rede, o seu 30.º erro não forçado. A<br />

vencedora não <strong>que</strong>ria acreditar.<br />

“Logo após a vitória, não conseguia<br />

freguesia. Ainda e sempre de<br />

acordo com essas fontes, o<br />

rapaz ter-se-á pendurado no<br />

equipamento <strong>que</strong> acabou por lhe<br />

cair em cima.<br />

4. Para o presidente Centro<br />

de Recreio e Animação Cultural<br />

(CRAC) de Brasfemes, o acidente<br />

no polidesportivo gerido pela<br />

instituição ter-se-á devido<br />

a “utilização anormal” do<br />

campo. O jovem terá removido<br />

a segurança da baliza, presa por<br />

arames (?) à vedação do campo, e<br />

depois terá arrastado a estrutura<br />

para o centro do polidesportivo,<br />

pendurando-se nela e fi cando<br />

ferido quando ela tombou. “Foi<br />

alertado pelos colegas para<br />

não o fazer”, acrescentou. O<br />

presidente do CRAC adiantou<br />

ainda <strong>que</strong> “era costume miúdos<br />

furarem a rede para entrarem<br />

no campo” e <strong>que</strong> a própria<br />

fechadura “estava estragada”,<br />

adiantando <strong>que</strong> estas situações<br />

vão ser reparadas mas não<br />

adiantando em <strong>que</strong> prazo.<br />

5. São diversas as <strong>que</strong>stões<br />

jurídicas <strong>que</strong> este acidente<br />

coloca, fundamentalmente no<br />

domínio do apuramento de<br />

responsabilidades, impossíveis<br />

de receber resposta segura neste<br />

espaço e com os elementos de<br />

<strong>que</strong> se dispõe. Mas <strong>que</strong> fi <strong>que</strong><br />

claro, pelo menos, uma coisa:<br />

está-se longe de imputar uma<br />

culpa (ou responsabilidade)<br />

exclusiva à criança, mesmo<br />

tendo em conta a sua idade.<br />

6. O Diogo faleceu ontem.<br />

josemeirim@gmail.com<br />

TOBY MELVILLE/REUTERS<br />

perceber o <strong>que</strong> se estava a passar e<br />

não <strong>que</strong>ria acreditar <strong>que</strong> o torneio<br />

tivesse acabado. Tenho sonhado e trabalhado<br />

tanto para ganhar um Grand<br />

Slam e ser número um é um belo bó-<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 45<br />

nus”, disse Azarenka, já depois de receber<br />

a Daphne Akhurst Memorial<br />

Cup das mãos de Martina Hingis.<br />

Para <strong>que</strong>m tinha a fama de, emocionalmente,<br />

descontrolar-se ao ponto<br />

de partir ra<strong>que</strong>tas, Azarenka mostrou<br />

ao longo dos últimos 12 meses<br />

uma maturidade <strong>que</strong> confi rmou estar<br />

pronta para chegar ao topo. Orientada<br />

pelo experiente Samuel Sumyk, a<br />

bielorrussa protagonizou um 2011 de<br />

grande nível, em <strong>que</strong> conquistou três<br />

títulos e disputou a primeira meiafi<br />

nal num Grand Slam em Wimbledon,<br />

terminando no terceiro lugar<br />

da tabela WTA.<br />

Amanhã, Azarenka será a 21.ª jogadora<br />

a subir ao topo do ranking, mas<br />

apenas a terceira a fazê-lo logo após<br />

a conquista do seu primeiro título no<br />

Grand Slam. Aliás esta é a primeira<br />

vez <strong>que</strong> as detentoras dos títulos femininos<br />

dos quatro torneios do Grand<br />

Slam são todas estreantes.<br />

Esta manhã, Novak Djokovic e Rafael<br />

Nadal disputavam a fi nal masculina.


46 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Sair<br />

Cinema<br />

Lisboa<br />

Castello Lopes - Londres<br />

Av. Roma, 7A. T. 707220220<br />

J. Edgar M12. Sala 1 - 13h15, 16h, 18h45,<br />

21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 14h,<br />

16h30, 19h, 21h45<br />

CinemaCity C. Pe<strong>que</strong>no Praça de Touros<br />

C. Lazer do Campo Pe<strong>que</strong>no. T. 217981420<br />

Um Homem no Limite M12. Sala 1 -<br />

11h45, 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45,<br />

23h45; Happy Feet 2 M6. Sala 2 - 11h40<br />

(V.Port.); J. Edgar M12. Sala 2 - 13h50,<br />

16h25, 19h10, 21h50, 00h30; Arthur<br />

Christmas M6. Sala 3 - 11h40 (V.Port.);<br />

Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h45,<br />

16h, 18h40, 21h30, 24h; As Aventuras<br />

de Tintin: O Segredo do Licorne M6.<br />

Sala 4 - 11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 4 - 15h25, 18h25, 21h25, 00h25; Missão<br />

Impossível: Operação Fantasma M12.<br />

Sala 5 - 21h40; Moneyball - Jogada de<br />

Risco M12. Sala 5 - 18h35; A Hora mais<br />

Negra M12. Sala 5 - 13h35, 00h25; Nos<br />

Idos de Março M12. Sala 6 - 20h; Drive -<br />

Risco Duplo M16. Sala 6 - 00h15; Alvin<br />

e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />

Sala 6 - 11h35, 13h30, 15h30, 17h30<br />

(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala<br />

6 - 22h; Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 7 - 13h40, 16h20, 19h,<br />

21h35, 00h20; Um Método Perigoso M16.<br />

Sala 8 - 13h35, 15h35, 21h55; O Rei Leão<br />

3D M6. Sala 8 - 11h35, 13h35 (V.Port.); O<br />

Deus da Carnificina M12. Sala 8 - 17h35,<br />

23h55; Niko - Na Terra do Pai Natal M6.<br />

Sala 8 - 15h35 (V.Port.); A Minha Semana<br />

Com Marilyn M12. Sala 8 - 19h35<br />

CinemaCity Classic Alvalade<br />

Avª de Roma, nº 100, Lisboa. T. 218413045<br />

Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala 1 -<br />

11h40 (V.Port.); Os Descendentes M12. Sala<br />

1 - 13h45, 16h, 18h30, 21h40; Polissia M12.<br />

Sala 2 - 13h40, 16h20, 18h55, 21h30; J.<br />

Edgar M12. Sala 3 - 13h30, 169h15, 19h,<br />

21h45; Habemus Papam - Temos<br />

Papa M12. Sala 4 - 11h35, 19h35; Sherlock<br />

Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala<br />

4 - 15h45, 21h35; Martha Marcy May<br />

Marlene M16. Sala 4 - 13h35<br />

Medeia Fonte Nova<br />

Est. Benfica, 503. T. 217145088<br />

Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />

as Mulheres M16. Sala 1 - 14h45, 18h15,<br />

21h30; O Gato das Botas M6. Sala 2 - 14h30<br />

(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 2 - 17h, 19h30, 22h;<br />

Os Descendentes M12. Sala 3 - 14h15,<br />

16h45, 19h15, 21h45<br />

Medeia King<br />

Av. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808<br />

Attenberg M16. Sala 1 - 13h45, 15h45,<br />

17h45, 19h45, 21h45; Apollonide -<br />

Memórias de Um Bordel M16. Sala<br />

2 - 14h30, 17h, 19h30, 22h; O Miúdo<br />

da Bicicleta M12. Sala 3 - 19h; Uma<br />

Separação M12. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h30<br />

Medeia Monumental<br />

Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223<br />

J. Edgar M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h30,<br />

16h10, 18h50, 21h30, 00h30; Chovem<br />

Almôndegas M6. Sala 1 - 11h30 (V.Port.); Os<br />

Descendentes M12. Sala 1 - 14h15, 16h45,<br />

19h15, 21h45, 00h15; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 2 - 13h, 16h, 19h, 22h; Moneyball<br />

- Jogada de Risco M12. Sala 3 - 19h,<br />

00h15; Apollonide - Memórias de Um<br />

Bordel M16. Sala 3 - 14h, 16h30, 21h50<br />

Nimas<br />

Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362<br />

Million Dollar Baby - Sonhos<br />

Vencidos M16. Sala 1 - 18h30; Invictus M12.<br />

Sala 1 - 21h30<br />

UCI Cinemas - El Corte Inglés<br />

Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221<br />

Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />

Sala 1 - 11h30, 14h10, 16h15 (V.Port.); Missão<br />

Impossível: Operação Fantasma M12.<br />

Sala 1 - 21h35, 00h20; Uma<br />

Separação M12. Sala 1 - 18h30; Moneyball<br />

- Jogada de Risco M12. Sala 2 - 11h30, 15h15,<br />

18h15, 21h30, 00h20; As Serviçais M12.<br />

Sala 3 - 19h; A Toupeira M12. Sala 3 - 11h30,<br />

14h, 16h30, 21h55, 00h25; Um Método<br />

Perigoso M16. Sala 4 - 19h05; O Gato das<br />

Botas M6. Sala 4 - 11h30, 14h05, 16h35<br />

(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala<br />

4 - 21h35, 00h15; Sherlock Holmes: Jogo<br />

de Sombras M12. Sala 5 - 13h55, 16h30,<br />

19h10, 21h50, 00h30; Um Homem no<br />

Limite M12. Sala 6 - 11h30, 14h10, 16h50,<br />

19h15, 21h40, 00h05; A Minha Semana<br />

Com Marilyn M12. Sala 7 - 11h30, 14h15,<br />

16h40, 19h05, 21h40; Martha Marcy May<br />

Marlene M16. Sala 7 - 00h05; Habemus<br />

Papam - Temos Papa M12. Sala 8 - 11h30,<br />

14h10, 16h30; Melancolia M12. Sala 8<br />

- 19h; Um Coração Dividido M12. Sala<br />

8 - 21h45, 00h30; Os Descendentes M12.<br />

Sala 9 - 11h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h45,<br />

00h25; Três Vezes 20 Anos M12. Sala 10 -<br />

11h30, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; O Deus<br />

da Carnificina M12. Sala 11 - 11h30, 14h25,<br />

17h, 19h30, 22h; O Diário a Rum M12. Sala<br />

11 - 23h55; J. Edgar M12. Sala 12 - 11h30,<br />

15h20, 18h20, 21h30, 00h15; Millennium<br />

1: Os Homens Que Odeiam as<br />

Mulheres M16. Sala 13 - 11h30, 14h30, 18h,<br />

21h15, 00h20; Polissia M12. Sala 14 - 14h10,<br />

16h35, 19h15, 21h50, 00h30<br />

ZON Lusomundo Alvaláxia<br />

Estádio José Alvalade. T. 707 CINEMA<br />

Missão Impossível: Operação<br />

Fantasma M12. 13h55, 17h10, 21h15,<br />

00h30; Os Descendentes M12. 13h35,<br />

16h10, 18h45, 21h40, 00h20; Um<br />

Homem no Limite M12. 13h40, 16h30,<br />

18h55, 21h30, 23h55; O Idiota do Nosso<br />

Irmão M16. 13h45, 16h, 18h15, 21h20,<br />

23h40; Underworld: O Despertar M12.<br />

13h20, 15h30, 17h40, 19h45, 21h55,<br />

00h10; O Rei Leão 3D M6. 11h, 14h, 16h30<br />

(V.Port.); O Gato das Botas M6. 11h15,<br />

13h50, 16h20 (V.Port.); Warrior - Combate<br />

Entre Irmãos M16. 21h; O Espião<br />

Fantasma M12. 18h35, 21h35, 23h50; Alvin<br />

e os Esquilos 3: Naufragados M6. 11h,<br />

13h20, 15h30 (V.Port.); Ano Novo, Vida<br />

Nova! 18h25, 21h45; Sherlock Holmes:<br />

Jogo de Sombras M12. 13h40, 16h40,<br />

21h25, 00h15; A Minha Semana Com<br />

Marilyn M12. 19h20; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

13h25, 17h, 20h45, 00h05; J. Edgar M12.<br />

13h50, 16h50, 21h10, 00h25; País do<br />

Desejo M12. 14h10, 17h20, 21h50<br />

ZON Lusomundo Amoreiras<br />

Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 707 CINEMA<br />

O Deus da Carnificina M12. 14h10, 16h40,<br />

21h10, 23h10; Imperdoáveis M16. 13h20,<br />

19h20; Os Descendentes M12. 13h, 15h40,<br />

18h30, 21h40, 00h30; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

13h20, 17h, 20h50, 24h; Uma Pe<strong>que</strong>na<br />

Zona de Turbulência M12. 16h20, 21h50,<br />

00h20; J. Edgar M12. 14h, 17h30, 21h10,<br />

00h15; A Gruta dos Sonhos Perdidos<br />

(3D) M6. 19h; Polissia M12. 13h10, 16h,<br />

18h40, 21h30, 00h10; A Minha Semana<br />

Com Marilyn M12. 18h20; Moneyball -<br />

Jogada de Risco M12. 12h50, 15h30, 20h40,<br />

23h30<br />

ZON Lusomundo Colombo<br />

Av. Lusíada. T. 707 CINEMA<br />

O Rebelde Salvador 17h50, 21h05,<br />

00h10; Alvin e os Esquilos 3:<br />

Naufragados M6. 10h55, 13h05,<br />

15h15 (V.Port.); Underworld: O<br />

Despertar M12. 13h15, 15h50, 18h, 21h35,<br />

23h55 ; Missão Impossível: Operação<br />

Fantasma M12. 12h40, 15h35, 18h25, 21h20,<br />

00h20; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. 13h30, 17h,<br />

21h, 00h25; Um Homem no Limite M12.<br />

13h, 15h45, 18h15, 21h15, 23h45; O<br />

Gato das Botas M6. 11h, 13h10, 15h20<br />

(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. 12h45, 15h40, 18h35, 21h25,<br />

00h15; O Idiota do Nosso Irmão M16.<br />

13h20, 16h, 21h40, 24h; Warrior - Combate<br />

Entre Irmãos M16. 17h40, 20h55,<br />

00h05; Moneyball - Jogada de Risco M12.<br />

18h40; Os Descendentes M12. 12h50,<br />

15h25, 18h05, 21h10, 23h50; J. Edgar M12.<br />

12h35, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30<br />

ZON Lusomundo Vasco da Gama<br />

Par<strong>que</strong> das Nações. T. 707 CINEMA<br />

Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 17h,<br />

21h, 00h15; O Gato das Botas M6. 11h,<br />

13h30, 16h (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. 18h10, 21h10,<br />

As estrelas do Público<br />

Jorge<br />

Mourinha<br />

Luís M.<br />

Oliveira<br />

Vasco<br />

Câmara<br />

Apollonide - Memórias de um Bordel mmmmn mmmnn mmmnn<br />

Attenberg mmmnn nnnnn nnnnn<br />

Os Descendentes mmmnn mmnnn mmnnn<br />

J. Edgar mmnnn nnnnn mnnnn<br />

A Minha Semana com Marilyn mmnnn nnnnn mnnnn<br />

Marta Marcy May Marlene nnnnn mmmnn mmmmn<br />

Millennium 1-Os Homens <strong>que</strong>... mmmnn mmnnn mnnnn<br />

País do Desejo a nnnnn nnnnn<br />

Políssia mmmnn mmnnn mmnnn<br />

Uma Separação mmmmn mmmnn mmmnn<br />

a Mau mnnnn Medíocre mmnnn Razoável mmmnn Bom mmmmn Muito Bom mmmmm Excelente<br />

00h10; Sherlock Holmes: Jogo de Sombras<br />

M12. 12h45, 15h50, 18h50, 21h50, 00h30; Os<br />

Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h40,<br />

21h40, 00h20; Um Homem no Limite M12.<br />

13h, 15h20, 18h20, 21h20, 23h50; J. Edgar<br />

M12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25<br />

Almada<br />

ZON Lusomundo Almada Fórum<br />

Estr. Caminho Municipal. T. 707 CINEMA<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

12h50, 15h45, 18h40, 21h30, 00h25; Os<br />

Descendentes M12. 13h, 15h40, 18h25,<br />

21h05, 23h45; Millennium 1: Os Homens<br />

Que Odeiam as Mulheres M16. 13h10, 17h,<br />

20h40, 00h05; Um Homem no Limite M12.<br />

13h20, 16h, 18h30, 21h30, 24h; O Espião<br />

Fantasma M12. 21h25, 23h55; Alvin e os<br />

Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h25,<br />

15h50, 18h10 (V.Port.); Moneyball - Jogada<br />

de Risco M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20,<br />

00h15; Underworld: O Despertar M12.<br />

13h05, 15h40, 18h, 21h10, 23h45; Warrior<br />

- Combate Entre Irmãos M16. 13h, 16h10,<br />

20h50, 00h05; O Gato das Botas M6.<br />

11h, 13h20, 16h, 18h35 (V.Port.); O Idiota<br />

do Nosso Irmão M16. 12h50, 15h10,<br />

17h30, 19h40, 21h55, 00h15; Ano Novo,<br />

Vida Nova! 12h45, 15h35, 18h25, 21h10,<br />

24h; Missão Impossível: Operação<br />

Fantasma M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20,<br />

00h20; Justiça M12. 21h15, 23h50; Três<br />

Vezes 20 Anos M12. 13h15, 16h05, 18h20,<br />

21h20, 23h40; J. Edgar M12. 13h30, 17h10,<br />

21h, 00h10<br />

Amadora<br />

CinemaCity Alegro Alfragide<br />

C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030<br />

J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05,<br />

18h40, 21h30, 00h05; Os Descendentes<br />

M12. Sala 2 - 13h45, 16h, 18h30, 21h50,<br />

00h15; O Rei Leão 3D M6. Sala 3 - 11h40,<br />

16h20 (V.Port.); Moneyball - Jogada de<br />

Risco M12. Sala 3 - 13h40, 19h, 21h40;<br />

A Hora mais Negra M12. Sala 3 - 00h25;<br />

Missão Impossível: Operação Fantasma<br />

M12. Sala 4 - 21h50, 00h30; Niko - Na Terra<br />

do Pai Natal M6. Sala 4 - 11h45 (V.Port.);<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

Sala 4 - 13h35, 16h15, 18h55; Bruna<br />

Surfistinha - O Doce Veneno do<br />

Escorpião M18. Sala 5 - 18h45; Warrior<br />

- Combate Entre Irmãos M16. Sala 5 -<br />

15h50, 21h35, 00h25; A Minha Semana<br />

Com Marilyn M12. Sala 5 - 13h50; Alvin e<br />

os Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 6 -<br />

11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35 (V.Port.);<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

Sala 6 - 21h35, 00h20; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 7 - 15h10, 18h20, 21h25, 00h30; Happy<br />

Feet 2 M6. Sala 8 - 11h30 (V.Port.); Um<br />

Homem no Limite M12. Sala 8 - 13h40,<br />

15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 23h45;<br />

Underworld: O Despertar M12. Sala 9 -<br />

13h45, 15h30, 17h30, 19h20, 21h40, 24h;<br />

Imortais M12. Sala 10 - 00h10; O Gato<br />

das Botas M6. Sala 10 - 11h30, 15h45<br />

(V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 10 - 13h30<br />

(V.Port.); Ano Novo, Vida Nova! Sala 10<br />

- 17h45, 21h55; Tucker e Dale Contra o<br />

Mal M16. Sala 10 - 20h<br />

UCI Dolce Vita Tejo<br />

C.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221<br />

Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />

Sala 10 - 11h30, 13h55, 15h55, 18h45, 21h15<br />

(V.Port.); A Saga Twilight: Amanhecer<br />

- Parte I M12. Sala 11 - 19h10; Missão<br />

Impossível: Operação Fantasma M12.<br />

Sala 11 - 11h30, 13h50, 16h30, 21h50<br />

Barreiro<br />

Castello Lopes - Fórum Barreiro<br />

Campo das Cordoarias. T. 707220220<br />

Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />

as Mulheres M16. Sala 1 - 15h, 18h10,<br />

21h20; Os Descendentes M12. Sala 2 -<br />

12h50, 15h30, 18h30, 21h30; O Espião<br />

Fantasma M12. Sala 3 - 21h40; Alvin e os<br />

Esquilos 3: Naufragados M6. Sala 3 - 13h,<br />

15h20, 17h30, 19h40 (V.Port.); Sherlock<br />

Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala 4 -<br />

12h45, 15h40, 18h15, 21h10<br />

Cascais<br />

Castello Lopes - Cascais Villa<br />

Avenida Marginal. T. 707220220<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20,<br />

15h50, 18h20, 21h10; Sherlock Holmes:<br />

Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h,<br />

15h10, 18h30, 21h; Moneyball - Jogada<br />

de Risco M12. Sala 3 - 13h10, 16h, 18h50,<br />

21h30; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. Sala 4 - 15h,<br />

18h10, 21h20; Uma Separação M12. Sala 5 -<br />

12h50, 15h30, 18h, 21h40<br />

ZON Lusomundo CascaiShopping<br />

EN 9, Alcabideche. T. 707 CINEMA<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

12h35, 15h20, 21h10, 23h55; Moneyball<br />

- Jogada de Risco M12. 18h10; Os<br />

Descendentes M12. 12h40, 15h30, 18h30,<br />

21h20, 24h; Millennium 1: Os Homens<br />

Que Odeiam as Mulheres M16. 13h, 17h,<br />

20h50, 00h10; Um Homem no Limite M12.<br />

12h50, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; J.<br />

Edgar M12. 12h55, 15h50, 18h40, 21h30,<br />

00h20; O Gato das Botas M6. 11h, 13h10<br />

(V.Port.); O Idiota do Nosso Irmão M16.<br />

17h50, 21h40, 23h50; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. 11h, 13h20, 15h45<br />

(V.Port.); Underworld: O Despertar M12.<br />

15h25, 18h, 21h15, 23h20<br />

Caldas da Rainha<br />

Vivacine - Caldas da Rainha<br />

C.C. Vivaci. T. 262840197<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h10, 15h45,<br />

18h30, 21h30, 00h05; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 2 - 13h40, 17h, 21h, 00h10; Um Homem<br />

no Limite M12. Sala 3 - 13h30, 15h55, 18h20,<br />

21h20, 23h45; Sherlock Holmes: Jogo<br />

de Sombras M12. Sala 4 - 12h50, 15h35,<br />

18h25, 21h15, 00h05; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 5 - 13h30, 15h50,<br />

18h05 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 5 - 21h,<br />

23h50<br />

Carcavelos<br />

Atlântida-Cine<br />

Centro Comercial Carcavelos. T. 214565653<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30,<br />

18h15, 21h30; Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 2 - 15h45, 18h30, 21h45<br />

Sintra<br />

CinemaCity Beloura Shopping<br />

Est. Nac. nº 9 - Qta Beloura. T. 219247643<br />

J. Edgar M12. Cinemax - 13h30, 16h05,<br />

18h40, 21h30; Happy Feet 2 M6. Sala 1 -<br />

11h50 (V.Port.); Millennium 1: Os Homens<br />

Que Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 -<br />

15h10, 18h20, 21h25; Os Descendentes M12.<br />

Sala 2 - 13h40, 15h55, 18h35, 21h45; Niko<br />

- Na Terra do Pai Natal M6. Sala 3 - 11h45<br />

(V.Port.); Um Homem no Limite M12. Sala<br />

3 - 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35;<br />

O Gato das Botas M6. Sala 4 - 11h40, 15h45,<br />

17h45 (V.Port.); Niko - Na Terra do Pai<br />

Natal M6. Sala 4 - 13h50 (V.Port.); Sherlock<br />

Holmes: Jogo de Sombras M12. Sala<br />

4 - 21h45; A Hora mais Negra M12.<br />

Sala 4 - 19h45; Alvin e os Esquilos 3:<br />

Naufragados M6. Sala 5 - 11h35, 13h35,<br />

15h30, 17h50, 19h45; Moneyball - Jogada<br />

de Risco M12. Sala 5 - 18h50, 21h40; O Rei<br />

Leão 3D M6. Sala 6 - 11h30, 15h40, 19h50<br />

(V.Port.); Happy Feet 2 M6. Sala 6 - 13h30,<br />

17h40 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 6 - 21h50<br />

Castello Lopes - Fórum Sintra<br />

Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 707220220<br />

J. Edgar M12. Sala 1 - 12h45, 15h35, 18h25,<br />

21h30; Os Descendentes M12. Sala 2 - 13h,<br />

15h50, 18h10, 21h15; O Gato das Botas M6.<br />

Sala 3 - 13h10 (V.Port.); Sherlock Holmes:<br />

Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 16h, 18h20,<br />

21h10; Underworld: O Despertar M12.<br />

Sala 4 - 13h30, 15h40, 18h40, 21h40; Um<br />

Homem no Limite M12. Sala 5 - 13h20,<br />

16h05, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 6 - 12h50, 15h10,<br />

17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 6 -<br />

21h45; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. Sala 7 - 15h05,<br />

18h15, 21h25<br />

Loures<br />

Castello Lopes - Loures Shopping<br />

Quinta do Infantado. T. 707220220<br />

Um Homem no Limite M12. Sala 1 - 13h10,<br />

16h20, 18h30, 21h10; Sherlock Holmes:<br />

Jogo de Sombras M12. Sala 2 - 13h20,<br />

16h, 21h15; Moneyball - Jogada de<br />

Risco M12. Sala 2 - 18h35; Millennium<br />

1: Os Homens Que Odeiam as<br />

Mulheres M16. Sala 3 - 15h, 18h10,<br />

21h20; Os Descendentes M12. Sala 4 -<br />

13h30, 16h10, 18h50, 21h40; Underworld:<br />

O Despertar M12. Sala 5 - 13h40, 16h30,<br />

19h, 21h50; J. Edgar M12. Sala 6 - 13h,<br />

15h50, 18h40, 21h30; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 14h50,<br />

16h50, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 7 - 21h<br />

Montijo<br />

ZON Lusomundo Fórum Montijo<br />

C. C. Fórum Montijo. T. 707 CINEMA<br />

Um Homem no Limite M12. 13h20, 16h20,<br />

18h40, 21h30, 23h45; O Gato das Botas M6.<br />

11h10, 13h30, 15h45 (V.Port.); Alvin e os<br />

Esquilos 3: Naufragados M6. 11h, 13h,<br />

15h10, 17h20, 19h20 (V.Port.); Missão<br />

Impossível: Operação Fantasma M12.<br />

21h20, 00h05; Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h10,<br />

23h55; Os Descendentes M12. 13h10, 16h,<br />

18h30, 21h40, 00h20; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

17h50, 21h, 00h10; Underworld:<br />

O Despertar M12. 13h40, 15h55, 18h10,<br />

20h55, 23h20


Odivelas<br />

ZON Lusomundo Odivelas Par<strong>que</strong><br />

C. C. Odivelaspar<strong>que</strong>. T. 707 CINEMA<br />

Millennium 1: Os Homens Que Odeiam<br />

as Mulheres M16. 15h, 18h30, 21h50; Um<br />

Homem no Limite M12. 13h20, 15h50,<br />

18h10, 21h40<br />

Oeiras<br />

ZON Lusomundo Oeiras Par<strong>que</strong><br />

C. C. Oeirashopping. T. 707 CINEMA<br />

Moneyball - Jogada de Risco M12.<br />

12h55, 15h50, 22h; Warrior - Combate<br />

Entre Irmãos M16. 18h50; O Deus da<br />

Carnificina M12. 19h;<br />

Os Descendentes M12. 13h05, 15h40,<br />

18h20, 21h20, 24h; Um Homem no<br />

Limite M12. 13h10, 15h45, 18h15, 21h40,<br />

00h15; J. Edgar M12. 12h30, 15h30, 18h30,<br />

21h30, 00h30; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. 10h50, 13h,<br />

15h20 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. 18h05, 21h05,<br />

00h10; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. 13h20, 16h50,<br />

21h, 00h20<br />

Miraflores<br />

ZON Lusomundo Dolce Vita Miraflores<br />

Av. das Túlipas. T. 707 CINEMA<br />

Alvin e os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />

11h, 15h, 18h (V.Port.); Os Descendentes<br />

M12. 15h20, 18h20, 21h20; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

15h, 18h30, 22h; J. Edgar M12. 15h30, 18h30,<br />

21h30<br />

Pombal<br />

Pombalcine<br />

Pombal Shopping, R. Santa Luzia.<br />

T. 236218801<br />

O Diário a Rum M12. Sala 1 - 16h, 21h<br />

Torres Novas<br />

Castello Lopes - TorreShopping<br />

Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220<br />

Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. Sala 1 - 15h,<br />

18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 2 - 13h10<br />

(V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 2 - 15h20, 18h20,<br />

21h10; Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h,<br />

15h30, 18h, 21h30<br />

Torres Vedras<br />

ZON Lusomundo Torres Vedras<br />

C.C. Arena Shopping. T. 707 CINEMA<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

14h, 18h, 21h05, 00h05;<br />

Os Descendentes M12. 13h15, 16h15, 18h50,<br />

21h45, 00h25 ; J. Edgar M12. 13h45, 17h45,<br />

21h15, 00h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />

Naufragados M6. 11h, 13h30, 15h45, 18h15<br />

(V.Port.); Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. 21h, 00h15 ; Um<br />

Homem no Limite M12. 13h, 16h, 18h30,<br />

21h25, 23h55<br />

Torre da Marinha<br />

Castello Lopes - Rio Sul Shopping<br />

Quinta Nova do Rio Judeu, Loja A1.027.<br />

T. 707220220<br />

Underworld: O Despertar M12. Sala 1 -<br />

13h20, 15h50, 18h40, 21h40; J. Edgar M12.<br />

Sala 2 - 12h40, 15h35, 18h30, 21h30;<br />

Os Descendentes M12. Sala 3 - 13h10,<br />

15h40, 18h20, 21h25; Um Homem no<br />

Limite M12. Sala 4 - 13h30, 16h, 18h50,<br />

21h50; O Gato das Botas M6. Sala 5 -<br />

13h (V.Port.); Sherlock Holmes: Jogo<br />

de Sombras M12. Sala 5 - 15h20, 18h,<br />

21h; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. Sala 6 - 15h,<br />

18h10, 21h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />

Frida Kahlo no Museu da Cidade<br />

Último dia para ver, no Museu da Cidade,<br />

em Lisboa (Campo Grande, 245), a exposição<br />

Frida Kahlo – As Suas Fotografias. Uma mostra<br />

organizada pela Casa da América Latina e com<br />

curadoria de Pablo Ortiz Monasterio, fotógrafo<br />

e historiador da fotografia no México, <strong>que</strong><br />

Em estreia<br />

Attenberg<br />

De Athina Rachel Tsangari.<br />

Com Ariane Labed, Vangelis<br />

Mourikis, Evangelia Randou,<br />

Yorgos Lanthimos. GRE. 2010.<br />

96m. Drama. M16.<br />

Marina não é uma rapariga como<br />

as outras. Aos 23 anos, vive em<br />

quase reclusão, tendo apenas por<br />

companhia o pai, um arquitecto<br />

sorumbático, e Bella, a melhor<br />

amiga. A sua vida passa-se entre<br />

os documentários de David<br />

Attenborough, a música dos<br />

Suicide e Françoise Hardy e os<br />

ensinamentos de Bella sobre a vida<br />

sexual, <strong>que</strong> aprende de maneira<br />

pouco ortodoxa. Até ao dia em <strong>que</strong><br />

chega à sua pe<strong>que</strong>na cidade um<br />

homem <strong>que</strong> lhe mostrará outras<br />

maneiras de viver.<br />

Medeia King<br />

J. Edgar<br />

De Clint Eastwood. Com<br />

Leonardo DiCaprio, Naomi<br />

Watts, Judi Dench, Armie<br />

Hammer. EUA. 2011. 137m.<br />

Drama, Biografia. M12.<br />

Realizado por Clint Eastwood, a<br />

história de um dos maiores e mais<br />

controversos ícones do século<br />

XX: John Edgar Hoover. Um dos<br />

principais responsáveis pela criação<br />

do FBI, <strong>que</strong> chefiou durante quase<br />

meio século, tornou-se num dos<br />

homens mais poderosos e temidos<br />

dos EUA. Porém, apesar do sucesso<br />

da sua carreira, a sua vida privada<br />

mantida secreta, deu azo a todo o<br />

tipo de especulações, entre elas a<br />

alegada relação homossexual com<br />

Clyde Tolson, seu braço direito.<br />

apresenta uma selecção de 257 fotografias das<br />

6.500 <strong>que</strong> constituem o acervo da Casa Azul/<br />

Museu Frida Kahlo. Os Pais: Guillermo e Matilde,<br />

A Casa Azul, O Corpo Acidentado (Frida Khalo<br />

sofreu, aos 18 anos, um grave acidente, quando<br />

um eléctrico embateu no autocarro onde<br />

Polissia<br />

De Maïwenn. Com Karin Viard,<br />

Joey Starr, Marina Foïs, Frédéric<br />

Pierrot. FRA. 2011. 127m.<br />

Drama, Crime. M12.<br />

Os membros da Brigada para a<br />

Protecção de Menores lutam contra<br />

inúmeras vicissitudes sofridas<br />

por crianças de todos os estratos<br />

sociais: pedofilia, abuso infantil,<br />

delitos <strong>que</strong> incluem adolescentes ou<br />

prostituição. Cada um deles, à sua<br />

maneira, tenta encontrar estratégias<br />

de distanciamento nas suas vidas<br />

pessoais. Quando uma jovem<br />

fotógrafa é enviada pelo Ministério<br />

da Administração Interna para<br />

retratar a vida da<strong>que</strong>la unidade,<br />

algo vai alterar a dinâmica do grupo.<br />

CinemaCity Classic Alvalade, UCI<br />

Cinemas - El Corte Inglés, ZON<br />

Lusomundo Amoreiras<br />

Três Vezes 20 Anos<br />

De Julie Gavras. Com William<br />

Hurt, Isabella Rossellini, Doreen<br />

Mantle. GB/FRA/BEL. 2011.<br />

107m. Drama. M12.<br />

Em plena crise de meia-idade, Mary<br />

e Adam formam um casal com<br />

algumas dificuldades em sobreviver<br />

às mudanças <strong>que</strong> o tempo e a idade<br />

lhes foram trazendo, e cada um<br />

opta por trilhar caminhos distintos.<br />

Inevitavelmente surgem problemas<br />

de relacionamento <strong>que</strong> vão pôr em<br />

causa tudo o <strong>que</strong> viveram até aí...<br />

UCI Cinemas - El Corte Inglés, ZON<br />

Lusomundo Almada Fórum<br />

Um Homem no Limite<br />

De Asger Leth. Com Sam<br />

Worthington, Elizabeth Banks,<br />

Jamie Bell, Ed Harris. EUA. 2012.<br />

País do Desejo<br />

102m. Thriller, Crime. M12.<br />

De Paulo Caldas. Com Fábio bio<br />

Assunção, Maria Padilha, a,<br />

Gabriel Braga Nunes, Nicolau colau<br />

Breyner. POR/BRA. 2011. 85m.<br />

Drama. M12.<br />

José é o dedicado pároco de e uma<br />

pe<strong>que</strong>na vila brasileira. A sua ua fé,<br />

até então inabalável, será posta osta<br />

em causa quando se depara a com<br />

a decisão de um arcebispo em<br />

excomungar a mãe e o médico dico<br />

<strong>que</strong> realizou um aborto a<br />

uma menina de 11 anos,<br />

violada pelo próprio tio. À<br />

medida <strong>que</strong> o fosso entre ele le<br />

e a própria Igreja se alarga,<br />

mais ele se sente próximo<br />

de Roberta, cujo encontro<br />

vai abrir caminho a um<br />

amor inesperado.<br />

ZON Lusomundo Alvaláxia<br />

Três Vezes 20 Anos<br />

Naufragados M6. Sala 7 - 12h50, 15h10,<br />

17h10, 19h10 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 7 - 15h10,<br />

18h20, 21h10<br />

Santarém<br />

Castello Lopes - Santarém<br />

Largo Cândido dos Reis. T. 707220220<br />

Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h30,<br />

21h20; Underworld: O Despertar M12.<br />

Sala 2 - 13h30, 15h30, 18h20, 21h; Os<br />

Descendentes M12. Sala 3 - 13h20,<br />

16h10, 19h, 21h50; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 16h,<br />

18h50 (V.Port.); Missão Impossível:<br />

Operação Fantasma M12. Sala 4 -<br />

21h40; Millennium 1: Os Homens Que<br />

Odeiam as Mulheres M16. Sala 5 - 15h,<br />

18h10, 21h15; J. Edgar M12. Sala 6 - 12h50,<br />

15h40, 18h40, 21h30<br />

Setúbal<br />

Auditório Charlot<br />

Avenida Dr. António Manuel Gamito, 11.<br />

T. 265522446<br />

Nick Cassidy é um homem no<br />

limite. Com uma carreira ao serviço<br />

da lei, foi condenado por um crime<br />

<strong>que</strong> não cometeu. Quando, por fim,<br />

consegue escapar da prisão, decide<br />

dar um último passo para provar<br />

a sua inocência: do parapeito de<br />

um dos mais luxuosos hotéis de<br />

Nova Ior<strong>que</strong>, ameaça o suicídio.<br />

À medida <strong>que</strong> uma multidão<br />

inquieta se junta à volta da área, a<br />

polícia acede ao seu pedido para<br />

falar com Lydia Anderson, uma<br />

negociadora experiente. Porém,<br />

o <strong>que</strong> parece ser algo resultante<br />

de puro desespero de um homem<br />

<strong>que</strong> nada tem a perder, depressa se<br />

comprova ser um plano complexo<br />

e calculado.<br />

Uma Pe<strong>que</strong>na Zona<br />

de Turbulência<br />

De Alfred Lot. Com Michel Blanc,<br />

Miou-Miou, Mélanie Doutey.<br />

FRA. 2009. 108m. Comédia. M12.<br />

Chegado à idade da reforma,<br />

Jean-Pierre Muret tem a vida<br />

virada do avesso: para além da<br />

sua hipocondria, descobre <strong>que</strong> a<br />

mulher o trai com um ex-colega de<br />

trabalho; <strong>que</strong> a filha, divorciada,<br />

decide casar com o último homem<br />

<strong>que</strong> ele <strong>que</strong>ria para genro; e<br />

<strong>que</strong> está prestes a conhecer o<br />

namorado do filho homossexual,<br />

cuja condição ele não aceita de<br />

modo algum. Quando julga <strong>que</strong><br />

nada pode piorar, descobre <strong>que</strong><br />

tem um eczema numular <strong>que</strong>,<br />

mesmo com todos à sua volta a<br />

desdramatizar, está convicto <strong>que</strong><br />

o arrastará a uma morte lenta e<br />

dolorosa.<br />

ZON Lusomundo Amoreiras<br />

Underworld: O<br />

Despertar<br />

De D Måns Mårlind, Mårlin Björn Stein.<br />

Com Co C m Kate Beckinsale, Beck Michael<br />

Ealy, India Ei Eisley. EUA. 2012.<br />

88m. 88 8 m. Acção,<br />

Fantasia. M12.<br />

Após Ap A ós consegu conseguir escapar de<br />

um cativeiro dde<br />

12 anos, a<br />

vampira Selen Selene depara-se com<br />

uma realidade realidad inesperada:<br />

descobertos descobertos ppelos<br />

humanos, os<br />

clãs de vampiros vampi e lobisomens<br />

são perseguidos perseguid e caçados<br />

como animais an selvagens.<br />

Agora, Agora para salvar ambas<br />

as as eespécies,<br />

Selena<br />

vai va ter de fazê-los<br />

compreender c<br />

<strong>que</strong><br />

a solução reside na<br />

superação s das suas<br />

diferenças d e na<br />

união de todos.<br />

O Miúdo da Bicicleta M12. Sala 1 - 16h,<br />

21h30<br />

Castello Lopes - Setúbal<br />

Centro Comercial Jumbo, Loja 50.<br />

T. 707220220<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20,<br />

15h40, 18h, 21h30; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 2 - 15h, 18h10, 21h20; Alvin e<br />

os Esquilos 3: Naufragados M6.<br />

Sala 3 - 13h10, 15h20, 17h30, 19h20<br />

(V.Port.); O Diário a Rum M12. Sala<br />

3 - 21h40; Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 4 - 13h, 15h30, 18h20,<br />

21h10<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 47<br />

viajava), Os Amores de Frida (com desta<strong>que</strong><br />

para a conturbada relação com Diego Rivera),<br />

A Fotografia e a Luta Política são os núcleos<br />

em <strong>que</strong> se divide esta exposição, <strong>que</strong> ilustra a<br />

importância da fotografia na vida da pintora.<br />

Das 10h às 13h e 14h às 18h. Bilhetes a 3 euros.<br />

Tomar<br />

Cine-Teatro Paraíso - Tomar<br />

Rua Infantaria, 15. T. 249329190<br />

Missão Impossível: Operação<br />

Fantasma M12. Sala 1 - 15h30, 21h30<br />

Faro<br />

SBC-International Cinemas<br />

C. C. Fórum Algarve. T. 289887212<br />

Um Homem no Limite M12. Sala 1 -<br />

14h55, 17h20, 19h40, 22h; Alvin e os<br />

Esquilos 3: Naufragados M6. Sala<br />

2 - 11h10, 13h45 (V.Port.); Ano Novo,<br />

Vida Nova! Sala 2 - 18h40; Moneyball<br />

- Jogada de Risco M12. Sala 2 - 15h50,<br />

21h20; Sherlock Holmes: Jogo de<br />

Sombras M12. Sala 3 - 13h15, 16h, 18h45,<br />

21h30; O Rei Leão 3D M6. Sala 4 - 13h,<br />

15h, 17h (V.Port.); Happy Feet 2 M6.<br />

Sala 4 - 10h35 (V.Port.); Um Coração<br />

Dividido M12. Sala 4 - 19h; A Hora mais<br />

Negra M12. Sala 4 - 21h50; O Gato das<br />

Botas M6. Sala 5 - 10h30, 12h40, 14h45<br />

(V.Port.); Um Coração Dividido M12. Sala<br />

5 - 16h50; Underworld: O Despertar M12.<br />

Sala 5 - 19h35, 21h40; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 6 - 11h25, 14h40, 17h55, 21h10; Os<br />

Descendentes M12. Sala 7 - 11h05, 14h40,<br />

17h55, 21h10; Warrior - Combate Entre<br />

Irmãos M16. Sala 8 - 21h20; Missão<br />

Impossível: Operação Fantasma M12.<br />

Sala 8 - 12h50, 15h40, 18h30; J. Edgar<br />

M12. Sala 9 - 12h15, 15h10, 18h05, 21h<br />

Olhão<br />

Algarcine - Cinemas de Olhão<br />

C.C. Ria Shopping. T. 289703332<br />

Niko - Na Terra do Pai Natal M6. Sala<br />

1 - 14h, 15h45, 20h (V.Port.); Underworld:<br />

O Despertar M12. Sala 1 - 18h15, 21h45; O<br />

Diário a Rum M12. Sala 2 - 15h30, 18h30,<br />

21h30; O Gato das Botas M6. Sala 3 - 10h45,<br />

15h30, 17h30 (V.Port.); Justiça M12. Sala<br />

3 - 21h20<br />

Portimão<br />

Algarcine - Cinemas de Portimão<br />

Av. Miguel Bombarda.<br />

T. 282411888<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 15h30,<br />

18h, 21h30; Niko - Na Terra do Pai<br />

Natal M6. Sala 2 - 14h, 15h45, 20h<br />

(V.Port.); Underworld: O Despertar M12.<br />

Sala 2 - 18h15, 21h45<br />

Castello Lopes - Portimão<br />

Quinta da Malata, Lote 1 - Centro Comercial<br />

Continente. T. 707220220<br />

Os Descendentes M12. Sala 1 - 13h20, 16h,<br />

18h50, 21h50; J. Edgar M12. Sala 2 - 13h,<br />

15h50, 18h40, 21h30; Sherlock Holmes:<br />

Jogo de Sombras M12. Sala 3 - 12h50,<br />

15h30, 18h20, 21h10; Alvin e os Esquilos<br />

3: Naufragados M6. Sala 4 - 13h10, 15h15,<br />

17h20, 19h30 (V.Port.); A Hora mais<br />

Negra M12. Sala 4 - 22h; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

Sala 5 - 15h, 18h10, 21h20; Moneyball -<br />

Jogada de Risco M12. Sala 6 - 12h55, 15h40,<br />

18h30, 21h40<br />

Tavira<br />

Cine-Teatro António Pinheiro<br />

R. D. Marcelino Franco, 10.<br />

T. 281324880<br />

Nos Idos de Março M12. Sala 1 - 21h30<br />

Zon Lusomundo Tavira<br />

C.C. Gran-Plaza, Loja Nº324, R. Almirante<br />

Cândido dos Reis. T. 707 CINEMA<br />

Sherlock Holmes: Jogo de Sombras M12.<br />

13h20, 16h, 18h40, 21h25; Os<br />

Descendentes M12. 13h10, 15h40, 18h20,<br />

21h30; Um Homem no Limite M12. 13h30,<br />

15h55, 18h30, 21h20; Alvin e os Esquilos 3:<br />

Naufragados M6. 11h, 13h40, 15h50, 18h10<br />

(V.Port.); Missão Impossível: Operação<br />

Fantasma M12. 21h10; Millennium 1: Os<br />

Homens Que Odeiam as Mulheres M16.<br />

13h, 17h40, 21h


48 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Sair<br />

Teatro<br />

Lisboa<br />

A Barraca - Teatro Cinearte<br />

Largo de Santos, 2. T. 213965360<br />

D. Maria, A Louca De Antônio Cunha<br />

(texto). Enc. Maria do Céu Guerra. Com<br />

Maria do Céu Guerra, Adérito Lopes.<br />

De 8/9 a 29/1. Quinta a sábado às 21h30.<br />

Domingo às 16h30. M/12. Rumor De Mário<br />

de Carvalho. Enc. Maria do Céu Guerra.<br />

Com João D´Ávila, Jorge Gomes Ribeiro,<br />

Paula Guedes, Rita Fernandes, Rúben<br />

Garcia, Sérgio Moras, Vânia Naia. De 30/11<br />

a 26/2. Quinta a sábado às 21h30. Domingo<br />

às 16h00. M/12.<br />

Chapitô<br />

R. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550<br />

Édipo Comp.: Companhia do Chapitô.<br />

Enc. John Mowat. Com Jorge Cruz, Marta<br />

Cer<strong>que</strong>ira, Tiago Viegas. De 19/1 a 11/3.<br />

Quinta a domingo às 22h00 (na Tenda).<br />

M/12.<br />

Galeria Zé dos Bois<br />

Rua da Barroca, 59 - Bairro Alto.<br />

T. 213430205<br />

Drifting / Em Deriva De António Pedro<br />

Lopes, Gustavo Ciriaco. Com Ana Eliseu,<br />

Andrea Brandão, Bruno Caracol, Clara<br />

Kuntner, Cristina Zabalaga, Eduardo<br />

Frazão, Marta Rema, Paolo Andreoni, Rita<br />

Sousa Mendes, Vânia Rovisco. De 26/1 a<br />

29/1. Quinta a domingo às 21h30.<br />

Lavadouro de Carnide<br />

Estrada da Correia. T. 217121330<br />

Rua Maria Brown De Maria Gil. Grupo:<br />

Teatro do Silêncio. Com Maria Gil. De 28/1 a<br />

29/1. Sábado e domingo das 18h00 às 23h00<br />

(marcação prévia). M/12. Duração: 30m.<br />

Teatro da Comuna<br />

Pç. Espanha. T. 217221770<br />

3 Actores à Procura de um Papel De<br />

Joaquim Paulo Nogueira (texto). Enc.<br />

Joaquim Paulo Nogueira, Jorge António.<br />

Com Oceana Basílio, Ângelo Torres, João<br />

Cabral. De 19/1 a 29/1. Quinta a sábado às<br />

21h30. Domingo às 16h00 (na Sala Novas<br />

Tendências). M/16. Design for Living De<br />

Noël Coward (a partir de). Enc. Álvaro<br />

Correia. Com Carlos Paulo, Carlos Vieira,<br />

Hugo Franco, João Tempera, Maria Jorge<br />

Mar<strong>que</strong>s, Mia Farr, Rita Calçada Bastos.<br />

De 8/12 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />

Domingo às 16h00. M/12. La Mudanza De<br />

Célia Nadal, Javier Manzanera. Grupo:<br />

Companhia de Teatro Perigallo. Enc. João<br />

Mota. Com Célia Nadal, Javier Manzanera.<br />

De 19/1 a 26/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />

Domingo às 16h00.<br />

Tempo para hoje<br />

Marés<br />

Porto de Leixões<br />

Preia-mar: 06h25 2,9<br />

Baixa-mar:<br />

18h47<br />

00h10<br />

2,8<br />

1,0<br />

12h32 1,0<br />

Porto de Cascais<br />

Preia-mar: 06h03 3,0<br />

Baixa-mar:<br />

18h26<br />

12h08<br />

2,8<br />

1,2<br />

- -<br />

Porto de Faro/Olhão<br />

Preia-mar: 06h06 2,9<br />

Baixa-mar:<br />

18h26<br />

11h57<br />

2,7<br />

1,1<br />

- -<br />

Sol<br />

Lua<br />

Amanhã<br />

Nascente: 07h46<br />

Poente: 17h54<br />

Crescente:<br />

31/01 - 04h10<br />

Açores<br />

Grupo Ocidental<br />

11˚ 15˚<br />

Grupo Central<br />

11˚ 15˚<br />

2m<br />

17˚<br />

Grupo Oriental<br />

13˚17˚<br />

Madeira<br />

1m<br />

19˚<br />

2m<br />

17˚<br />

13˚ 19˚<br />

2-3m<br />

17˚<br />

12˚16˚<br />

P. Santo<br />

13˚ 18˚<br />

1-2m<br />

16˚<br />

Teatro da Cornucópia - Bairro Alto<br />

R. Tenente Raúl Cascais 1A. T. 213961515<br />

Morte de Judas De Paul Claudel. Enc.<br />

Dinarte Branco, Luís Miguel Cintra,<br />

Cristina Reis. Com Dinarte Branco, Luís<br />

Miguel Cintra. De 19/1 a 29/1. Terça a<br />

sábado às 21h30. Domingo às 16h00.<br />

Teatro Nacional D. Maria II<br />

Pç. D. Pedro IV. T. 213250835<br />

A Paixão Segundo Eurico De Alexandre<br />

Herculano (a partir de). Com Cristina<br />

Carvalhal, Inês Rosado, Sara Carinhas.<br />

De 1/12 a 29/1. Quarta a sábado às 21h15.<br />

Domingo às 16h15 (na Sala Estúdio). Quem<br />

tem Medo de Virginia Woolf? De Edward<br />

Albee. Com Filipe Raposo (música). Enc.<br />

Ana Luísa Guimarães. Com Maria João<br />

Luís, Romeu Costa, Sandra Faleiro, Virgílio<br />

Castelo. De 26/11 a 29/1. Quarta a sábado às<br />

21h00. Domingo às 16h00 (na Sala Garrett).<br />

M/12.<br />

Teatro Politeama<br />

R. Portas de Santo Antão, 109.<br />

T. 213405700<br />

Judy Garland - O Fim do Arco-Íris De<br />

Peter Quilter. Enc. Filipe La Féria. Com<br />

Hugo Rendas, Vanessa, Carlos Quintas.<br />

A partir de 25/1. Quinta e sexta às 21h30.<br />

Sábado às 17h00 e 21h30. Domingo às<br />

17h00. Pinóquio De Filipe La Féria. Enc.<br />

Filipe La Féria. Com Ana Rita Dionisio,<br />

Joel Branco, Sara Cabeleira, Sérgio<br />

Lucas, Bruna Andrade, Hugo Goepp,<br />

Inês Herédia, Tiago Isidro. Coreog. Inna<br />

Lisniak. A partir de 19/11. Terça a sexta às<br />

11h00 e 14h00 (escolas). Sábado e domingo<br />

às 15h00 (público).<br />

V. Castelo<br />

2˚ 13˚Braga Bragança<br />

-3˚ 9˚<br />

-1˚ 15˚<br />

2-2,5m<br />

Porto<br />

3˚ 14˚<br />

Vila Real<br />

-1˚ 9˚<br />

14˚<br />

Aveiro<br />

3˚ 14˚<br />

Viseu<br />

1˚ 11˚ Guarda<br />

0˚ 6˚<br />

Leiria<br />

0˚ 15˚<br />

Santarém<br />

3˚ 15˚<br />

Lisboa<br />

5˚ 15˚<br />

Setúbal<br />

3˚ 16˚<br />

Sines<br />

2-2,5m<br />

5˚ 15˚<br />

14˚<br />

Sagres<br />

6˚ 16˚<br />

0,5-1m<br />

16˚<br />

Coimbra<br />

2˚ 13˚<br />

Évora<br />

1˚ 14˚<br />

Beja<br />

3˚ 15˚<br />

Faro<br />

7˚ 16˚<br />

Roberto Zucco: última apresentação no Teatro<br />

Municipal Mirita Casimiro. em Cascais<br />

C. Branco<br />

3˚ 13˚<br />

Portalegre<br />

3˚ 12˚<br />

FONTE: www.AccuWeather.com<br />

Almada<br />

Teatro Municipal de Almada<br />

Avenida Professor Egas Moniz.<br />

T. 212739360<br />

O Carteiro de Neruda Comp.: Companhia<br />

de Teatro de Almada. Enc. Joaquim Benite.<br />

De 26/1 a 5/2. Quarta a sábado às 21h30.<br />

Domingo às 16h00. M/12.<br />

Cascais<br />

Teatro Municipal Mirita Casimiro<br />

Avenida Fausto Figueiredo - Monte Estoril.<br />

T. 214670320<br />

Roberto Zucco De Bernard Marie Koltès.<br />

Grupo: Teatro Experimental de Cascais.<br />

Enc. Carlos Avillez. Com Tomás Alves,<br />

João Vasco, Anna Paula, António Mar<strong>que</strong>s,<br />

Carlos Santos, Fernanda Neves, Gláucia<br />

Noemi, Luís Rizo, Maria Camões, Renato<br />

Pino, entre outros. De 4/1 a 29/1. Quarta a<br />

domingo às 21h30. M/16.<br />

Tomar<br />

Convento de Cristo<br />

T. 249313481<br />

Corto Maltese, Concerto em Ó menor<br />

para Harpa e Nitroglicerina De Hugo<br />

Pratt (a partir). Comp.: Companhia<br />

de Teatro Fatias de Cá. Enc. Carlos<br />

Carvalheiro. De 15/1 a 19/2. Dom. às 15h15.<br />

Reservas: 960303991. Duração: 213m.<br />

Farmácias<br />

Lisboa<br />

Serviço Permanente<br />

Barros Gouveia (Vale Formoso - Poço do Bispo) -<br />

Rua do Vale Formoso de Cima, 79 - B - Tel. 218595180<br />

Branquinho (Sapadores) - Rua de Sapadores, 87-89<br />

- Tel. 218142725 Ducal (Du<strong>que</strong> de Loulé) - Av. Du<strong>que</strong><br />

do Loulé, 1 - E - Tel. 213110027 Estados Unidos (Av.<br />

E. U. A. - Av. do Aeroporto) - Av. Estados Unidos da<br />

América, 16 - B - Tel. 218471589 Geny (Luz - Par<strong>que</strong><br />

dos Principes) - Rua Fernando Namora 44 - C - Tel.<br />

217111730 Gouveia (Benfica - Bairro Pedralvas)<br />

- R. Augusto Costa (Costinha), 6 - Tel. 217607500<br />

Mendes Gomes (Ajuda) - Calçada da Ajuda, 222 - Tel.<br />

213610197 Oliveira (Campolide) - Rua D. Pedro V, 123<br />

- Tel. 213427880 União (Prazeres) - Rua Saraiva de<br />

Carvalho, 145 - F - Tel. 213963643<br />

Outras Localidades<br />

Serviço Permanente<br />

Abrantes - Ondalux Alandroal - Alandroalense<br />

Albufeira - Piedade Alcácer do Sal - Alcacerense<br />

Alcanena - Ramalho Alcobaça - Nova, Campeão<br />

Alcochete - Cavaquinha Alcoutim - Caimoto<br />

Alen<strong>que</strong>r - Matos Coelho Aljezur - Furtado,<br />

Odeceixense (Odeceixe) Aljustrel - Pereira<br />

Almada - Chai (Costa da Caparica), Atlântico (Cova<br />

da Piedade), Moderna (Laranjeiro) Almeirim -<br />

Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar<br />

Alter do Chão - Alter Alvaiázere - Ferreira da Gama<br />

Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Caren<strong>que</strong>,<br />

Remédios, Nunes (Ermesinde) Amareleja -<br />

Portugal Arraiolos - Vieira Arronches - Esperança<br />

(Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da<br />

Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova<br />

Barrancos - Barra<strong>que</strong>nse Barreiro - Pimenta,<br />

Parreira (Lavradio), Mar<strong>que</strong>s Cavaco (Stº Antº<br />

da Charneca) Batalha - Ferraz Beja - Palma<br />

Belmonte - Costa Benavente - Central (Samora<br />

Exposições<br />

Lisboa<br />

Museu Colecção Berardo<br />

Centro Cultural de Belém. T. 213612878<br />

A Arte da Guerra - Propaganda da II<br />

Guerra Mundial De 19/10 a 4/3. Todos<br />

os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />

admissão às 18h30). Documental, Vídeo,<br />

Outros. Exposição permanente do<br />

Museu Coleção Berardo (1900-1960) De<br />

Alexander Calder, Lourdes Castro, Joseph<br />

Cornell, Giorgio de Chirico, Paul Delvaux,<br />

Walter Dexel, Jim Dine, Jean Dubuffet,<br />

Equipo 57, Salavador Dalí. De 4/7 a 8/11.<br />

Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />

admissão às 18h30). De 4/7 a 19/2. Todos os<br />

dias das 10h00 às 19h00 (última admissão<br />

às 18h30). Pintura, Outros. Exposição<br />

Permanente do Museu Colecção Berardo<br />

(1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre,<br />

Alan Charlton, Louise Bourgeois, José<br />

Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons,<br />

Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy<br />

Sherman, William Wegman, entre outros.<br />

A partir de 9/11. Todos os dias das 10h00 às<br />

19h00 (última admissão às 18h30). Pintura,<br />

Outros. VIK De Vik Muniz. De 21/9 a 29/1.<br />

Todos os dias das 10h00 às 19h00 (última<br />

entrada às 18h30). Fotografia, Outros.<br />

Museu da Electricidade<br />

Avenida Brasília. T. 210028190<br />

Ilustrarte 2012 - V Bienal Internacional<br />

de Ilustração para a Infância De Valerio<br />

Vidali, Nina Werhle, Simone Rea, Alicia<br />

Baladan, Beatriz Martin, Daphné Gerhard,<br />

Emmanuelle Bastien, Oscar Sabini,<br />

Stefania Lusini, entre outros. De 12/1 a<br />

8/4. Terça a domingo das 10h00 às 18h00.<br />

Pintura, Desenho, Ilustração. Marginália<br />

ou o Epílogo De Ana Luísa Ribeiro. De<br />

5/1 a 18/3. Terça a domingo das 10h00 às<br />

18h00. Pintura. Sala Cinzeiro 8.<br />

Museu Nacional de Arte Antiga<br />

Rua das Janelas Verdes. T. 213912800<br />

Cuerpos de Dolor - A Imagem do<br />

Sagrado na Escultura Espanhola (1500-<br />

1750) De 14/11 a 25/3. Terça das 14h00 às<br />

18h00. Quarta a domingo das 10h00 às<br />

18h00. Escultura Revelações. O Presépio<br />

de Santa Teresa de Carnide De 10/12 a<br />

26/2. Terça das 14h00 às 18h00. Quarta a<br />

domingo das 10h00 às 18h00. Escultura.<br />

Museu Nacional de Etnologia<br />

Avenida Ilha da Madeira. T. 213041160<br />

O Pintor <strong>que</strong> Esculpia Histórias De<br />

António Peralta. De 19/1 a 31/1. Terça das<br />

14h00 às 18h00. Quarta a domingo das<br />

10h00 às 18h00. Pintura, Escultura.<br />

Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central<br />

Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha -<br />

Perdigão Câmara de Lobos - Popular Campo<br />

Maior - campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra<br />

Cascais - Cascais, Grincho (Parede) Castanheira<br />

de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo<br />

Branco - Ferrer Castelo de Vide - Ro<strong>que</strong> Castro<br />

Marim - Moderna Castro Verde - Alentejana<br />

Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância<br />

- Baptista Coruche - Frazão Covilhã - Moderna,<br />

Santana (Boidobra) Crato - Saramago Pais Cuba<br />

- Da Misericórdia Elvas - <strong>Europa</strong> Entroncamento<br />

- Carvalho Estremoz - Costa Évora - Rebocho<br />

Pais Faro - Pereira Gago Ferreira do Alentejo<br />

- Salgado Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró<br />

dos Vinhos - Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço<br />

de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Pimentel<br />

Golegã - Moderna (Azinhaga), Salgado Grândola<br />

- Costa Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova)<br />

Lagoa - Sousa Pires Lagos - Neves Leiria - Beatriz<br />

Godinho (Maceira), Tomaz (Pousos) Loulé -<br />

Pinheiro, Maria Paula (Quarteira), Paula (Salir)<br />

Loures - São João, Saraiva, Flores (Catujal), Sta<br />

Bárbara (Rio Tinto), Até às 23h - Matos (Prior<br />

Velho), Até às 22h - Rocha Santos, Sta Iria<br />

(Santa Iria da Azoia) Lourinhã - Quintans (Foz<br />

do Sousa) Mação - Saldanha Mafra - Ericeirense,<br />

Costa Maximiano (Sobreiro) Marinha Grande -<br />

Duarte Marvão - Ro<strong>que</strong> Pinto Mértola - Pancada<br />

Moita - Do Vale, Ass. Socorros Mutuos-União<br />

Moitense Monchi<strong>que</strong> - Higya Monforte - Jardim<br />

Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - Diogo<br />

Mar<strong>que</strong>s Mora - Canelas Pais (Cabeção) Moura<br />

- Faria Mourão - Mourão Nazaré - Ascenso<br />

Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Oliveira Odemira<br />

- Confiança Odivelas - Universo (Caneças),<br />

Moserrate (Espinho), Serra da Luz (Serra da Luz),<br />

Até às 22h - Famões, Silva Monteiro (Ponte da<br />

Oeiras<br />

Centro Cultural Palácio do Egipto<br />

R. Álvaro António dos Santos. T. 915439065<br />

In Vino Veritas De Gustavo Fernandes. De<br />

19/1 a 18/3. Terça a domingo das 12h00 às<br />

18h00. Pintura, Escultura.<br />

Música<br />

Lisboa<br />

Teatro Municipal de S. Luiz<br />

R. Ant. Maria Cardoso, 38-58. T. 213257650<br />

10.º Festival da Escola Superior de<br />

Música de Lisboa Hoje às 16h00. M/3.<br />

Cascais<br />

Centro Cultural de Cascais<br />

Avenida Rei Humberto II de Itália.<br />

T. 214848900<br />

Moscow Piano Quartet Com Alexei<br />

Eremine (piano), Alexei Tolpygo (violino),<br />

Alexandre Delgado (violeta), Guenrik<br />

Elessine (violoncelo). Hoje às 17h00 (Ciclo<br />

Embaixadas Musicais: Alemanha).<br />

Setúbal<br />

Club Setubalense<br />

Av. Luísa Todi 99, 1º. T. 265522329<br />

Cecília Pereira e Coral Infantil de<br />

Setúbal Com Cecília Pereira (piano). Hoje<br />

às 17h00 (angariação de fundos para o<br />

Fórum Municipal Luísa Todi).<br />

Dança<br />

Lisboa<br />

Casino Lisboa<br />

Par<strong>que</strong> das Nações. T. 218929070<br />

Celtic Legends Coreog. Ger Hayes. Hoje às<br />

17h30 e 21h30. M/12.<br />

Almada<br />

Teatro Municipal de Almada<br />

Av. Professor Egas Moniz. T. 212739360<br />

Por um Rio Com Alban Hall, Marina<br />

Nabais, Tonan Quito. Coreog. Marina<br />

Nabais. Hoje às 16h00. M/12.<br />

Bica/Odivelas) Oeiras - Branco, Lealdade, Maria,<br />

Véritas, Oeiras, Sacoor, Até às 22h - Nova Oleiros<br />

- Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) Olhão<br />

- Progresso Ourém - Iriense, Leitão Ouri<strong>que</strong> -<br />

Ouri<strong>que</strong>nse Palmela - Galeano Pedrógão Grande -<br />

Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença<br />

Pombal - Santa Maria (Albergaria dos Doze), Barros<br />

Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Esteves<br />

Abreu Portel - Misericordia Portimão - Pedra<br />

Mourinha Porto de Mós - Central (MIRA DE AIRE),<br />

Lopes Unipessoal Proença-a-Nova - Daniel de<br />

Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier de<br />

Cunha Reguengos de Monsaraz - Paulitos Rio<br />

Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho<br />

Santarém - Almeida, Flama Vitae Santiago<br />

do Cacém - Corte Real, Fontes (Santo André)<br />

Sardoal - Passarinho Seixal - Sousa Mar<strong>que</strong>s,<br />

Fonseca (Amora), Vale Bidarra (Fernão Ferro)<br />

Serpa - Central Sertã - Lima da Silva Sesimbra<br />

- Bio-Latina, Santana, Leão Setúbal - Fuzeta,<br />

Sália Silves - Algarve, Cruz de Portugal, Dias<br />

Neves, Sousa Coelho Sines - Atlântico, Monteiro<br />

Telhada (Porto Covo) Sintra - Pinto Leal, Tapada<br />

das Mercês, Rodrigues Garcia (Agualva), Simões<br />

Lopes (Queluz), Rio Mouro (Rio de Mouro),<br />

Crespo (Varzea de Sintra), Até às 22h - Ferreira<br />

(Belas) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel<br />

- Mendes Dorbio (Cano) Tavira - Maria Aboim<br />

Tomar - Dias Costa Torres Novas - Nicolau Torres<br />

Vedras - Quintela Vendas Novas - Ribeiro Viana<br />

do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. V.<br />

de Rei - Silva Domingos Vila do Bispo - Sagres<br />

(Sagres), V. do Bispo V. Franca de Xira - Botto e<br />

Sousa, Raposo, Higiénica (Póvoa de Santa Iria),<br />

Moderna, Até às 21h - Se<strong>que</strong>ira (Sobralinho) Vila<br />

Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) V. Real de<br />

Sto António - Carmo V. Velha de Rodão - Pinto V.<br />

Viçosa - Torrinha


Ficar<br />

Cinema<br />

Splice – Mutante<br />

Título original: Splice<br />

De: Vincenzo Natali<br />

Com: Adrien Brody, Sarah Polley,<br />

Delphine Chanéac<br />

CAN/EUA/FRA, 2009, 104 min.<br />

TVC1HD, 21h00<br />

Estreia televisiva. Clive Nicoli<br />

(Adrien Brody) e Elsa Kast<br />

(Sarah Polley) são dois cientistas<br />

experientes a trabalhar numa<br />

importante investigação <strong>que</strong><br />

envolve a mistura dos códigos<br />

genéticos de diferentes espécies.<br />

Mas quando insistem em usar<br />

ADN humano para aprofundarem<br />

o seu estudo, o laboratório onde<br />

trabalham afasta-os da investigação<br />

alegando razões éticas e legais…<br />

Um thriller de ficção científica<br />

realizado por Vincenzo Natali.<br />

Contraluz [Backlight]<br />

MOV, 20h50<br />

Esta é a história de algumas pessoas<br />

<strong>que</strong>, apesar da extrema descrença<br />

em <strong>que</strong> se encontram, <strong>que</strong> as leva a<br />

ponderar até o suicídio, vão acabar<br />

por compreender <strong>que</strong> o mundo<br />

não pára e <strong>que</strong>, por vezes, algo<br />

totalmente imprevisto pode mudar,<br />

para melhor, o curso das suas<br />

vidas. Agora, caberá a cada um usar<br />

isso a seu favor. Com argumento<br />

e realização de Fernando Fragata<br />

(Sorte Nula), o primeiro filme<br />

português realizado em Hollywood.<br />

No elenco, Joaquim de Almeida,<br />

Scott Bailey e Evelina Pereira.<br />

Em Carne Viva [Carne Trémula]<br />

RTP1, 01h38<br />

Quando Victor aparece em<br />

casa de Elena, ela está<br />

à espera de um dealer<br />

<strong>que</strong> nunca mais chega.<br />

Nervos, uma arma e<br />

dois polícias <strong>que</strong> tiveram<br />

também um mau dia,<br />

complicam ainda mais<br />

a situação. David, um dos<br />

polícias, é atingido por uma bala<br />

<strong>que</strong> o deixa paraplégico. Victor é<br />

considerado culpado e condenado<br />

a seis anos de prisão. É aí <strong>que</strong><br />

o jovem assiste ao sucesso <strong>que</strong><br />

David, entretanto transformado<br />

numa estrela de bas<strong>que</strong>tebol nos<br />

jogos Paraolímpicos de Barcelona,<br />

partilha com a sua nova mulher,<br />

Elena. Os seus pensamentos<br />

de vingança tornam-se uma<br />

obsessão... Uma obra de Pedro<br />

Almodóvar com Javier Bardem,<br />

Francesca Neri e Liberto Rabal.<br />

Desporto<br />

Futebol: Sporting – Beira-Mar<br />

SportTV1, 17h00<br />

A crise sportinguista já não deixa<br />

dúvidas: está instalada, a equipa já<br />

não pode lutar pelo primeiro lugar<br />

e tudo parece correr mal. Hoje, o<br />

Sporting recebe um Beira-Mar <strong>que</strong>,<br />

apesar da classificação (apenas<br />

mais 2 pontos do <strong>que</strong> o penúltimo),<br />

tem mostrado bons argumentos em<br />

campo e já conquistou três vitórias<br />

fora de casa.<br />

Futebol: Gil Vicente – FC Porto<br />

SportTV1, 19h00<br />

A luta com o Benfica pelo título<br />

está renhida e qual<strong>que</strong>r deslize<br />

pode ser fatal para as ambições do<br />

campeão nacional. O Porto vai a<br />

Barcelos defrontar a equipa <strong>que</strong>,<br />

na passada jornada, foi ao Estádio<br />

da Luz mostrar bom futebol e<br />

muita vontade de contrariar as<br />

probabilidades.<br />

Séries<br />

Inadaptados<br />

AXN Black, 20h30<br />

Estreia a série inglesa vencedora de<br />

um prémio BAFTA em 2010 para<br />

Melhor Drama. Inadaptados segue<br />

um grupo de pessoas com algo em<br />

comum: todos praticaram alguma<br />

acção ilegal e têm uma pena a<br />

cumprir nos serviços comunitários.<br />

E quando uma tempestade atinge<br />

a cidade, todos vão ficar com<br />

poderes extraordinários…<br />

Tim em Nova Ior<strong>que</strong><br />

FX, 22h00<br />

Estreia da terceira temporada da<br />

série de animação criada por Steve<br />

Dildarian. Tim em Nova Ior<strong>que</strong> é<br />

a história de Tim (voz de Steve<br />

Dildarian), um rapaz bondoso e<br />

inseguro <strong>que</strong> faz coisas insólitas<br />

para subir na carreira.<br />

Magazine<br />

Câmara Clara – Mário Soares<br />

RTP2, 22h30<br />

Paula Moura Pinheiro<br />

convida Mário<br />

Soares – <strong>que</strong> lançou<br />

recentemente o<br />

livro Um Político<br />

Assume-se – para<br />

uma conversa<br />

sobre literatura,<br />

maçonaria, José<br />

Sócrates, Pedro Passos<br />

Coelho ou Barack Obama.<br />

Actualidade<br />

Terreiro do Paço<br />

TVI24, 23h00<br />

Henri<strong>que</strong> Garcia recebe no Terreiro<br />

do Paço o presidente da Região<br />

Autónoma dos Açores, Carlos César,<br />

<strong>que</strong> se encontra em fase final de<br />

mandato, e o economista e professor<br />

João Ferreira do Amaral, uma das<br />

vozes mais críticas à manutenção de<br />

Portugal na zona euro.<br />

Reportagem<br />

Grande Reportagem – Política<br />

do Filho Único<br />

SIC, no Jornal da Noite<br />

Em duas décadas, Portugal<br />

transformou-se num dos países<br />

mais envelhecidos da União<br />

Europeia, com o segundo índice<br />

mais baixo de natalidade. E o<br />

interior contribuiu decisivamente<br />

para “afundar” as médias. Uma<br />

reportagem de Pedro Coelho, com<br />

imagem de Luís Pinto.<br />

Diário de Sofia & C.ª<br />

Romance juvenil de Luísa Ducla Soares – autora<br />

com mais de 100 livros editados e vários prémios<br />

no currículo –, recomendado pelo Plano Nacional de<br />

Leitura para os 7.º, 8.º e 9.º anos. Diário de Sofia & C.ª<br />

é a história de Sofia (nome de código), uma rapariga<br />

de 15 anos <strong>que</strong> recebe um diário como prenda de<br />

RTP1 RTP2 SIC TVI<br />

06.30 Espaço Infantil 07.01<br />

Brinca Comigo 08.00 Bom<br />

Dia Portugal Fim-de-Semana<br />

10.15 Eucaristia Dominical<br />

11.23 Os Compadres 12.08<br />

BBC Terra: Madagáscar, a<br />

Ilha dos Assombros (Último)<br />

13.00 Jornal da Tarde 14.18<br />

Cinco Sentidos 15.25 Nikita<br />

16.06 Filme: U.S. Marshals - A<br />

Perseguição 18.27 Pai à Força<br />

(2 episódios)<br />

20.00 Telejornal<br />

21.00 Grandes<br />

Histórias -<br />

Toda a Gente<br />

Conta (inclui<br />

o telefilme A<br />

Princesa)<br />

23.38 Get Smart - Olho Vivo<br />

22.33 Hora da Sorte:<br />

Sorteio do Joker<br />

22.36 Estado de Graça<br />

23.38 Filme: Get Smart -<br />

Olho Vivo<br />

01.38 Filme: Em Carne Viva<br />

03.20 Cinco Sentidos 04.20<br />

Televendas<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 49<br />

Disney TV Cine 1 História Odisseia<br />

15.00 Boa Sorte, Charlie!<br />

15.25 Videoclip 15.30 Phineas<br />

e Ferb 18.00 Patoaventuras<br />

18.25 25 Os<br />

Feiticeiros de Waver- Waverly<br />

Place 18.50 Par<br />

de Reis 19.15 Zack ack<br />

e Cody: Todos a<br />

Bordo 19.40 Shake ake<br />

It Up 21.45 So<br />

Random<br />

19.40 Shake It t Up<br />

07.00 Mar de Letras 07.36<br />

África@Global 08.01<br />

Músicas de África 09.00<br />

Caminhos 09.25 70X7<br />

09.52 Nós 10.33 Zig Zag<br />

13.11 Janela Indiscreta com<br />

Mário Augusto 13.43 Voz do<br />

Cidadão 14.00 Desporto 2<br />

19.00 A Conversa dos Outros<br />

19.33 Um Dia no Museu<br />

20.04 Low Cost<br />

20.33 Os Simpsons<br />

20.58 Jac<strong>que</strong>s<br />

Leonard, El Payo<br />

Chac<br />

22.00 Hoje<br />

22.30 Câmara Clara<br />

23.50 Britcom<br />

00.54 Onda-Curta 02.15<br />

Desporto 2<br />

9.15 Os Mal Amados 11.00<br />

A Colega de Quarto 12.35<br />

A Queda 14.40 Linha Mor-<br />

tal 16.30 Simon Simo Werner<br />

Desapareceu 18.00<br />

Resident Evil Ev 3 - Extin-<br />

ção 19.35 [Rec] [R 2 21.00<br />

Splice Spl S ice - Mutante Mu 22.45<br />

Deixa-me Entrar 0.40<br />

Klute 2.30 2 O Apelo<br />

da Natureza N<br />

4.00 4.0 Deixa-me<br />

Entrar E 5.55<br />

Spooky<br />

Buddies<br />

- Amigos<br />

Fantasminhas<br />

Fan<br />

aniversário. Ideia <strong>que</strong> acha “uma seca”, até ao dia em<br />

<strong>que</strong> decide estreá-lo. Quem sabe se no futuro não será<br />

uma pessoa famosa e o seu diário um tesouro valioso?<br />

Autor Luísa Ducla Soares<br />

Editor Civilização<br />

7,70 euros<br />

06.35 LOL@SIC 08.30<br />

Disney Kids 10.05 Rebelde<br />

Way 11.20 Lua Vermelha<br />

12.15 BBC Vida Selvagem:<br />

Ocean´s Supermum 13.00<br />

Primeiro Jornal 14.10 Fama<br />

Show 14.40 Pan Am 16.00<br />

Filme: O Guarda Fraldas<br />

18.15 Filme: A História da<br />

Cinderela<br />

17.35 A Soma de Todos os Medos<br />

20.00 Jornal da Noite 20.00 Jornal das 8<br />

22.00 Ganha<br />

Num Minuto<br />

23.45 Cenas do<br />

Casamento<br />

00.30 Resident Evil 3 - Extinção<br />

00.30 Filme: Resident Evil 3 -<br />

Extinção 02.00 Investigação<br />

Criminal 03.00 Televendas<br />

14.30 Caça Tesouros: Ep.5<br />

15.25 Isto É Impossível!:<br />

Terminators 16.20 O Universo:<br />

O Futuro Escuro<br />

do Sol 17.15 O Universo:<br />

Eclipse Total 18.10 Coreia<br />

do Sul 19.10 Aeroportos no<br />

Limite: Ep.1 20.10 Aeroportos<br />

no Limite: Ep.2 21.00<br />

Desafi o Abaixo de Zero:<br />

Degelo Mortal 21.50 Desafi<br />

o Abaixo de Zero: O Novo<br />

Rei 22.45 Isto É Impossível!:<br />

Terminators 23.40 O<br />

Universo: O Futuro Escuro<br />

do Sol 0.35 O Universo:<br />

Eclipse Total 1.35 Coreia<br />

do Sul<br />

06.30 Animações 08.22<br />

Campeões e Detectives<br />

09.03 Inspector Max 11.10<br />

Missa (inclui Oitavo Dia)<br />

13.00 Jornal da Uma 13.55<br />

Havai: Força Especial 14.53<br />

Terra Nova 15.49 Filme:<br />

Orange County 17.35<br />

Filme: A Soma de<br />

Todos os Medos<br />

21.45 A Tua Cara Não Me<br />

É Estranha<br />

01.00 Mais Futebol - Jornada<br />

01.40 Mais Futebol - Casos<br />

02.00 Mais Futebol - Fórum<br />

02.21 O Génio de Ted 02.41<br />

Jardins Proibidos 04.30 Tv<br />

Shop<br />

14.00 Códigos Secretos:<br />

Previsão 15.00 Islândia,<br />

A Próxima Erupção 16.00<br />

Prozac para Animais de<br />

Estimação 17.00 Seitas: A<br />

Fuga 18.00 Arte Urbana<br />

19.00 Chips: Implantes<br />

de Futuro 19.30 Desafi o<br />

Vertical: A Torre Agbar<br />

de Barcelona 20.00 Diário<br />

de Orangotangos 21.00<br />

Alienígenas dos Fundos<br />

Marinhos 22.02 Salvos<br />

Pela Música 23.00 Gémeos<br />

0.00 Hora Zero II: O Rei da<br />

Cocaína 1.00 Sex Mundi, A<br />

Aventura do Sexo: O Momento<br />

Mais Desejado


50 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Jogos<br />

Xadrez<br />

Problema 7965<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

a b c d e f g h<br />

V. Artsakov; M. Zinar<br />

1986<br />

(As brancas ganham)<br />

Soluções<br />

Cruzadas (9764)<br />

HORIZONTAIS: 1. Aval. Luanda. 2. Nem.<br />

Farrear. 3. Dragar. Mu. 4. LUZ. Garfo. 5.<br />

SA. Reparar. 6. Flanar. Lat. 7. Fia. Dura. De.<br />

8. ÍNDIA. Arder. 9. Faia. Nitrir. 10. Pão.<br />

Aro. 11. Aforro. Amor.<br />

VERTICAIS: 1. Andas. Fífia. 2. Ver. Afina.<br />

3. Amal. Ladino. 4. Gura. Ia. 5. FAZENDA.<br />

PR. 6. Lar. Pau. NÃO. 7. Ur. Garraio. 8.<br />

Armar. Art. 9. Neural. Dram. 10. DA.<br />

Fradeiro. 11. Arco. Terror.<br />

Provérbio:<br />

Fazenda da Índia não luz.<br />

Cruzadas brancas<br />

HORIZONTAIS: 1. Trono, Gabar. 2. Sova,<br />

Mate. 3. Na, Salvaram. 4. Usa, Ver, Ri. 5.<br />

Estacaria. 6. Auge, Mana. 7. Montesino.<br />

8. Ir, Iso, Sob. 9. Derrocar, Se. 10. Adua,<br />

Obus. 11. Seara, Amido.<br />

VERTICAIS: 1. Ténue, Vidas. 2. Assa,<br />

Rede. 3. Os, Atum, Rua. 4. Nos, Agoirar,<br />

5. Ova, Censo. 6. Alva, Toco. 7. Verme,<br />

Aba. 8. Amarias, Rum. 9. Bar, Anis, Si.<br />

10. Atar, Anos. 11. Remir, Obeso.<br />

Xadrez:<br />

1.a5 b3!<br />

[1...Rd6 2.Rd3 Rc7 3.Rc2 Rb7 4.Rb3 Ra6<br />

5.Rxb4 g5 6.Rc5 Rxa5 7.Rxc6 +-]<br />

2.Rd3 Rd6! 3.Rd2!<br />

[3.Rc3? c5! 4.a6 cxd4+]<br />

[3.h4? b4! 4.Rd2 Rc7 -+]<br />

3...g5!<br />

[3...Rc7 4.Rc3! c5 5.dxc5 Rc6 6.a6]<br />

4.Rc1!! Rc7 5.Rb2 Rb7 6.Rxb3<br />

[6...Ra7 7.Rb4 Ra6 8.Rc5! Rxa5 9.Rxc6<br />

b4 10.d5 b3 11.d6 b2 12.d7 b1=D 13.d8=D+<br />

Ra4 14.Da8+ Rb3 15.Db7+ Rc2 16.Dxb1+<br />

Rxb1 17.Rd5 +-]<br />

1 – 0<br />

Diferenças<br />

Puxador da porta; Rótulo da caixa; Caixa<br />

redonda; Pé do roupeiro; Mais uma<br />

gravata; Espelho; Mais gotas de suor;<br />

Boca.<br />

Cruzadas 7965<br />

HORIZONTAIS: 1.<br />

Que pertence a vós.<br />

Título do soberano<br />

russo no tempo do<br />

Império. 2. Fábrica de<br />

óleos. Preposição <strong>que</strong><br />

indica companhia.<br />

3. Recitar. Semente de<br />

uma planta da família<br />

das Malváceas, <strong>que</strong><br />

cheira a âmbar e tem<br />

aplicação em<br />

perfumaria. 4. Possuí.<br />

Escrever em prosa.<br />

5. Refeição <strong>que</strong> tem<br />

por única ou principal<br />

iguaria leitões<br />

assados. 6. Espectro. A<br />

mim. 7. Tronco (parte<br />

do corpo de pessoa ou<br />

obra de arte <strong>que</strong> o<br />

representa).<br />

Textualmente (adv.).<br />

8. Soberano. Nesse<br />

lugar. Gravidade<br />

inerente aos corpos. 9. Irritar. Observei. Vogal (pl.). 10. Atmosfera. Cálculo matemático.<br />

11. Serrano. Grande desordem.<br />

VERTICAIS: 1. Forma internacional de vóltio. Período de repouso concedido pelas<br />

entidades patronais aos seus empregados, todos os anos. 2. Nome químico do azeite.<br />

Nome da letra R. 3. Préstimo. 4. Sociedade Anónima (abrev.). Seguimento ou série de<br />

coisas <strong>que</strong> estão na mesma linha ou direcção. Grande porção (pop.). 5. Interjeição <strong>que</strong><br />

designa dúvida ou menosprezo. Invólucro de um produto. Décima sexta letra do<br />

alfabeto grego. 6. Que não é possível ou <strong>que</strong> é muito difícil de fazer ou de conseguir. 7.<br />

Corda para prender uma das pontas à mão ou ao pé do boi, para evitar <strong>que</strong> fuja. Seguir<br />

até. 8. Grupo de pessoas em círculo. Antes de Cristo (abrev.). 9. Ligada (luz). Salgueiro.<br />

10. Caminho por mar. Incumbência. 11. Ave palmípede, menor <strong>que</strong> o pato. Eles.<br />

Depois do problema resolvido encontre o nome de um filme com Tom Cruise (4<br />

palavras).<br />

Descubra as oito diferenças<br />

Cruzadas 7965<br />

HORIZONTAIS 1. A<br />

soberania. Lisonjear.<br />

2. Tareia. Lance no<br />

jogo do xadrez. 3.<br />

Contr. da prep. em com<br />

o art. def. a.<br />

Defenderam de perigo.<br />

4. Serve-se de.<br />

Observar. Graceja. 5.<br />

Grande número de<br />

estacas. 6. Apogeu.<br />

Irmã (fam.). 7. Bravio.<br />

8. Caminhar. Elemento<br />

de formação de<br />

palavras <strong>que</strong> exprime<br />

a ideia de igual.<br />

Debaixo de. 9.<br />

Desmoronar. A si<br />

mesmo. 10. Matilha de<br />

cães a correr. Pe<strong>que</strong>na<br />

peça de artilharia<br />

semelhante a um<br />

morteiro comprido. 11.<br />

Campo de cereais.<br />

Composto<br />

hidrocarbonato muito abundante nos vegetais, principalmente nos tubérculos, rizomas<br />

e sementes.<br />

VERTICAIS 1. Frágil. Modo de viver (pl.). 2. Dizia-se dos filhos de negros <strong>que</strong> eram<br />

alvos e de cabelos louros. Tecido de arame. 3. A<strong>que</strong>les. Peixe da família dos<br />

escômbridas da ordem dos acantopterígios. Caminho orlado de casas dentro de uma<br />

povoação. 4. Contr. da prep. em com o art. def. os. Enguiçar. 5. Ovário dos peixes.<br />

Recenseamento geral da população. 6. Alvorada. Coto. 7. Lombriga terrestre. Rebordo<br />

do chapéu. 8. Desejarias. Aguardente de melaço. 9. Botequim. Planta apiácea<br />

conhecida por erva-doce. Sétima nota da escala musical. 10. Amarrar. Aniversário<br />

natalício. 11. Indemnizar. Muito gordo.<br />

Su Doku<br />

Problema<br />

3970<br />

Dificuldade:<br />

Fácil<br />

Solução do<br />

problema 3968<br />

Problema<br />

3971<br />

Dificuldade:<br />

Muito difícil<br />

Solução do<br />

problema 3969<br />

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com


Policiário 1069<br />

As melhores produções e autores de 2011<br />

Luís Pessoa<br />

a Sabemos <strong>que</strong> ainda há muitas<br />

<strong>que</strong>stões por resolver, relativas à<br />

época anterior, para conseguirmos<br />

encontrar os grandes triunfadores<br />

de 2011:<br />

Quem são os campeões nacionais<br />

em decifração e produção? Quem<br />

vai erguer a Taça de Portugal?<br />

Quem vai ser o Policiarista do Ano?<br />

Quem será o n.º 1 do Ranking?<br />

Todas estas <strong>que</strong>stões terão resposta<br />

muito em breve, com divulgação<br />

em primeira mão, como é habitual,<br />

no Crime Público, <strong>que</strong> pode ser<br />

acedido em http://blogs.publico.pt/<br />

policiario, onde esperamos poder<br />

publicar, já nos próximos dias, a<br />

tabela das pontuações.<br />

Dentro de breve, assistiremos<br />

a uma corrida ao blogue Crime<br />

Público, com os corações a baterem<br />

a um ritmo acelerado, em busca da<br />

esperada notícia...<br />

Assim é o nosso policiário,<br />

um espaço de amizade, de<br />

camaradagem e de boa disposição,<br />

mas também de emoções fortes,<br />

de competição cerrada, de<br />

procura da perfeição no estudo, na<br />

interpretação, no encadeamento<br />

dos raciocínios, nas análises<br />

adequadas dos factos e dos<br />

acontecimentos. Enfi m, na correcta<br />

avaliação de todas as parcelas <strong>que</strong><br />

compõem um problema policiário<br />

e uma investigação criminal.<br />

Campeonato Nacional de<br />

Produção 2011<br />

Como é do conhecimento dos<br />

nossos confrades, o título de<br />

campeão nacional de produção<br />

é conquistado pelo produtor <strong>que</strong><br />

reunir maior número de votos<br />

atribuídos pelos respondentes a<br />

todos os desafi os de características<br />

tradicionais. Nestes termos,<br />

Desafios<br />

solicitamos aos confrades <strong>que</strong><br />

tenham apresentado propostas<br />

de solução aos 10 desafi os<br />

tradicionais, independentemente<br />

das pontuações obtidas, <strong>que</strong> agora<br />

exerçam o seu direito de voto,<br />

para <strong>que</strong> possamos consagrar o<br />

campeão de 2011.<br />

Para esse efeito, apenas terão <strong>que</strong><br />

enviar, impreterivelmente até<br />

ao próximo dia 10 de Fevereiro,<br />

para o endereço de e-mail<br />

pessoa_luis@hotmail.com, a<br />

pontuação <strong>que</strong> atribuem a cada<br />

uma das produções. Ao desafi o<br />

<strong>que</strong> considerem melhor deverão<br />

atribuir 10 pontos, ao segundo<br />

melhor, 9 pontos e assim por diante<br />

até ao <strong>que</strong> considerarem menos<br />

conseguido, a <strong>que</strong> atribuirão<br />

apenas 1 ponto.<br />

Para <strong>que</strong> os confrades possam<br />

recordar os problemas <strong>que</strong> agora<br />

vão votar, vamos indicá-los, por<br />

ordem de publicação, relembrando<br />

<strong>que</strong> os mesmos, com as respectivas<br />

soluções, estão disponíveis na<br />

página Clube de Detectives, do<br />

confrade Daniel Falcão, <strong>que</strong><br />

pode ser acedida em http://<br />

clubededetectives.net.<br />

Eis a listagem dos problemas a<br />

concurso, com a indicação dos<br />

seus autores, um dos quais irá ser<br />

o próximo campeão nacional de<br />

produção:<br />

Mistério no Paraíso, de Al-Hain;<br />

Tempicos e a Viúva Alegre, de A.<br />

Raposo & Lena;<br />

Aprendiz de Criminoso, de Felizardo<br />

Lopes;<br />

Smaluco e o Perigoso Bombista, de<br />

Inspector Boavida;<br />

Gato Farrusco Morre ao Lusco-fusco,<br />

de Onaírda;<br />

O Massacre na Quinta da Alegria, de<br />

Rip Kirby;<br />

Crónica do Meu Suicídio, de Paulo;<br />

Azul Celestial, de Daniel Falcão;<br />

Para chegar a 2013<br />

a Estamos todos com vontade de<br />

chegar depressa a 2013. Então:<br />

- Escolher uma das quatro<br />

operações elementares.<br />

- Usar todos os<br />

algarismos de 0<br />

a 9, uma e uma só<br />

vez, para construir<br />

dois ou mais<br />

números.<br />

- Com estes<br />

números<br />

e a<strong>que</strong>la<br />

operação,<br />

repetida se<br />

necessário,<br />

obter o resultado<br />

pretendido: 2013.<br />

Décadas de ouro<br />

Estamos à porta de mais uma<br />

época competitiva, <strong>que</strong> se<br />

inicia precisamente no ano<br />

em <strong>que</strong> vamos celebrar 20<br />

anos ininterruptos da secção<br />

Policiário no PÚBLICO. Tudo<br />

começou no dia 1 de Julho. Por<br />

coincidência, neste ano de 2012,<br />

esse dia ocorre a um domingo,<br />

o <strong>que</strong> signifi ca <strong>que</strong> vamos ter<br />

um 20.º aniversário festejado no<br />

dia exacto! Isso “impõe-nos” o<br />

dever de organizar uma secção<br />

especial, para a qual desde já<br />

solicitamos a colaboração dos<br />

nossos confrades e “detectives”,<br />

para <strong>que</strong> possamos fazer algo de<br />

diferente. Venham daí as vossas<br />

sugestões, ideias e propostas,<br />

<strong>que</strong> não serão demais…<br />

Crime em Tempo de Guerra, de<br />

Búfalos Associados;<br />

Os Enigmas da Tribo Desaparecida,<br />

de M. Constantino.<br />

Problemas de Rápidas Policiárias<br />

A época passada também foi feita<br />

de problemas das chamadas rápidas<br />

policiarias, ou seja de escolha<br />

múltipla.<br />

Estes problemas, <strong>que</strong> algumas<br />

pessoas já apelidaram,<br />

indevidamente, de “parentes<br />

pobres”, não podem ser ignorados,<br />

apesar de não serem elegíveis para<br />

a atribuição do título de produção.<br />

Assim, resolvemos colocá-los,<br />

também, à votação dos nossos<br />

confrades, para podermos encontrar<br />

o melhor problema rápido e o<br />

melhor autor.<br />

A Hora dos Biscoitos<br />

O Desafio proposto na semana<br />

passada foi o seguinte:<br />

“Fomos fazer uma caminhada pela<br />

serra do Gerês.<br />

Depois de atravessarmos a sempre<br />

emocionante Fenda da Calcedónia,<br />

sentámo-nos a recuperar forças e<br />

abrimos o pacote de biscoitos <strong>que</strong><br />

tínhamos levado. O António tirou um<br />

biscoito e a décima parte dos <strong>que</strong><br />

sobravam. A Beatriz tirou dois biscoitos<br />

e a décima parte dos restantes. A<br />

Catarina tirou três e a décima parte dos<br />

<strong>que</strong> sobejavam. E assim sucessivamente<br />

até chegar a minha vez, ficando eu<br />

com os <strong>que</strong> ainda estavam no saco.<br />

Curiosamente, acabámos por comer<br />

todos a mesma quantidade de biscoitos.<br />

Quantas pessoas tinha o grupo e<br />

quantos biscoitos comeu cada um?”<br />

Vejamos dois processos diferentes de<br />

resolver o problema.<br />

Queremos aqui deixar o testemunho<br />

do imenso carinho e respeito <strong>que</strong><br />

a maioria dos confrades tem pelos<br />

autores e pelos problemas com<br />

estas características. Não apenas<br />

por lhes reconhecerem a mesma<br />

difi culdade na execução, mas<br />

também por sentirem na própria<br />

pele a difi culdade na sua decifração.<br />

No fi m, acabam por verifi car <strong>que</strong> o<br />

processo de abordagem tem de ser<br />

o mesmo dos outros problemas: o<br />

estudo, o trabalho de decifração,<br />

etc., fi cando apenas mais simples<br />

a resposta, <strong>que</strong> é com a indicação<br />

de uma mera alínea. Mas todo o<br />

trabalho até ali chegar, é idêntico.<br />

Desta forma, solicitamos aos<br />

nossos confrades <strong>que</strong>, aquando da<br />

elaboração das pontuações para<br />

o título de campeão nacional de<br />

produção, dedi<strong>que</strong>m alguns minutos<br />

a classifi car as produções de<br />

rápidas, atribuindo 10 pontos à mais<br />

conseguida, 9 à seguinte e assim por<br />

diante até à menos conseguida a <strong>que</strong><br />

atribuirão 1 ponto.<br />

Eis a lista das produções rápidas,<br />

também disponíveis no Clube de<br />

Detectives:<br />

São Pedro Resolve, de Al-Hain;<br />

Que Estranha Pescaria, de Inspector<br />

Boavida;<br />

Desviaram um Auto-tan<strong>que</strong>, de Rip<br />

Kirby;<br />

O Mistério da Bala Transviada, de<br />

Penedo Rachado;<br />

Quem Tirou o Dinheiro, de Zé;<br />

O Douro Tem Muitas Pontes, de<br />

Paulo;<br />

Manual der Interpretação de Sonhos,<br />

de Búfalos Associados;<br />

Quem Matou a Rafa(ela)?, de Daniel<br />

Falcão;<br />

Branca de Neve, de Branca de Neve;<br />

O Iate Misterioso, de Malempregado.<br />

Policiário de Bolso, um novo<br />

blogue<br />

1º Método<br />

Seja B = número total de biscoitos.<br />

O António tirou 1+(B-1)/10 ou (9+B)/10,<br />

deixando lá B-(9+B)/10 = (9B-9)/10<br />

biscoitos.<br />

A Beatriz tirou 2+((9B-9)/10-2)/10 =<br />

(9B+171)/100 biscoitos.<br />

Como o António e a Beatriz comeram a<br />

mesma quantidade, vem:<br />

(9B-9)/10 = (9B+171)/100 ou<br />

10B – 90 = 9B + 171 ou B = 81<br />

Havia então 81 biscoitos.<br />

Podemos agora descobrir quantos<br />

comeu cada um e quantos eram os<br />

amigos.<br />

O António tirou 1 + (81-1)/10 = 1 + 8 = 9<br />

biscoitos. Ficaram 72 no saco.<br />

A Beatriz tirou 2 + 70/10 = 2 + 7 = 9<br />

biscoitos. Ficaram 63 no saco.<br />

E assim sucessivamente até ao nono<br />

amigo, <strong>que</strong> encontra o saco com 9<br />

biscoitos e os tira todos.<br />

2º Método<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 51<br />

A correspondência para esta secção deve ser enviada para<br />

Rua Viriato, 13, 1069-315 Lisboa ou para policiário@publico.pt<br />

Há no ciberespaço mais um motivo<br />

para os policiaristas viajarem e,<br />

neste caso particular, se deleitarem<br />

com os muitos escritos de inegável<br />

valor e interesse do mestre M.<br />

Constantino. Pela mão da Detective<br />

Jeremias, <strong>que</strong> nos traz mais uma<br />

iniciativa made in Santarém, o<br />

blogue Policiário de Bolso está a<br />

divulgar a obra e o pensamento<br />

do vizinho de Almeirim, M.<br />

Constantino, e também uma espécie<br />

de almana<strong>que</strong> diário, em <strong>que</strong> se<br />

fala de policial nas suas diversas<br />

vertentes.<br />

Não é excessivo dizermos <strong>que</strong> o<br />

blogue é de visita obrigatória, todos<br />

os dias e durante muito e muito<br />

tempo, tão vasta é a obra do mestre<br />

e pode ser encontrado em http://<br />

policiariodebolso.blogspot.com.<br />

Para a Detective Jeremias e para o<br />

M. Constantino vai a nossa saudação<br />

especial, com votos de longa vida<br />

para o blogue, com muito e bom<br />

policiário.<br />

Secção Correio Policial<br />

Também com origem em Santarém,<br />

a nova secção policiária orientada<br />

por Domingos Cabral, o Inspector<br />

Aranha, prossegue a sua marcha no<br />

Correio do Ribatejo, um jornal <strong>que</strong> se<br />

publica desde 1891.<br />

A publicação de problemas e contos<br />

policiários, da autoria de grandes<br />

mestres da arte de bem produzir e<br />

de bem contar histórias, é uma das<br />

suas vertentes mais interessantes,<br />

mas há muitas ideias e projectos em<br />

andamento.<br />

Para <strong>que</strong> os nossos “detectives”<br />

possam tomar contacto com<br />

a secção, podem enviar um<br />

e-mail para d.cabral@sapo.pt ou<br />

escreverem para Correio do Ribatejo,<br />

a/c Domingos Cabral, Rua Serpa<br />

Pinto, 94, 2000-214 Santarém.<br />

Acreditem <strong>que</strong> vale mesmo a pena!<br />

José Paulo Viana (texto)<br />

Cristina Sampaio (ilustração)<br />

Eis como João Sá, resolveu o problema<br />

sem usar equações.<br />

Se o António tirou um biscoito e um<br />

décimo dos restantes, então o número<br />

inicial de biscoitos era 1 + múltiplo de<br />

dez, ou seja, um número terminado em 1.<br />

Como a Beatriz tirou 2 + a décima parte<br />

dos restantes, o número de biscoitos<br />

<strong>que</strong> tinha à sua disposição terminava<br />

em 2.<br />

Do mesmo modo, a Catarina tinha<br />

diante de si um número de biscoitos<br />

<strong>que</strong> terminava em 3. E assim<br />

sucessivamente.<br />

Isto <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> cada um ou comeu 9<br />

biscoitos ou um número <strong>que</strong> acaba em 9.<br />

Vamos testar a hipótese 9.<br />

Neste caso, o António comeu 1 + 8 (<strong>que</strong><br />

é a décima parte de 80). O número<br />

inicial de biscoitos era 81.<br />

Como 81 é múltiplo de 9, este número<br />

serve e então cada um comeu 9<br />

biscoitos e eram 9 pessoas.


52 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Espaço público<br />

Estamos à beira do precipício, como afirma Christine Lagarde? Ou estamos a dar a volta, como insiste a chanceler alemã?<br />

A <strong>Europa</strong> entre Merkel e Lagarde<br />

1.<br />

Onde é <strong>que</strong> estamos? Os sinais são tão contraditórios,<br />

as mensagens tão díspares, <strong>que</strong> é difícil<br />

responder até à mais simples e à mais essencial<br />

das <strong>que</strong>stões: estamos à beira do precipício, co-<br />

mo afi rma Christine Lagarde e como dizem a<br />

maioria dos analistas de mercado; ou estamos a dar a<br />

volta, como insiste a chanceler alemã ou o presidente<br />

do Banco Central Europeu ou a generalidade dos responsáveis<br />

políticos da zona euro <strong>que</strong> se apresentaram<br />

em Davos tentando exibir algum optimismo?<br />

A difi culdade em encontrar uma lógica nesta constante<br />

e profunda indefi nição e nesta multiplicidade de sinais<br />

e de discurso é tão angustiante, <strong>que</strong> a tentação é acreditar<br />

nas duas — na chanceler e na directora-geral do FMI.<br />

Tentando, ao mesmo tempo, descortinar as entrelinhas<br />

do <strong>que</strong> dizem os restantes responsáveis europeus e descontar<br />

alguma coisa no <strong>que</strong> escrevem os analistas dos<br />

mercados. É possível? Talvez. É sobretudo recomendável<br />

para se conseguir dormir à noite sem insónias ou pesadelos.<br />

E é, mais ou menos, o guião da cimeira europeia de<br />

amanhã, <strong>que</strong>, pelo menos, tem a enorme virtude de não<br />

se apresentar como a da última oportunidade.<br />

Comecemos por Lagarde e Merkel. A directora-geral<br />

do FMI dramatizou de novo o discurso na véspera de<br />

apresentar as previsões de crescimento do FMI para a<br />

economia mundial na semana passada, todas sujeitas a<br />

revisão em baixa e muito pouco animadoras, sobretudo<br />

para a zona euro. Uma interessante reportagem publicada<br />

na última Newsweek descrevia o debate interno<br />

da direcção da instituição fi nanceira (incluindo os 24<br />

representantes dos 187 países-membros) sobre como o<br />

Fundo deveria utilizar as palavras e os paralelismos históricos<br />

para formular o seu enésimo aviso sobre o risco<br />

de uma grande depressão mundial com epicentro na<br />

<strong>Europa</strong>. “Dizer a verdade é o nosso trabalho”, argumenta<br />

Lagarde. “Ainda há tempo para evitar um novo colapso.”<br />

Mesmo <strong>que</strong> não muito tempo. Ninguém <strong>que</strong>r usar<br />

a palavra “depressão global” ou “um momento 1930”,<br />

mas a mensagem tem de ser sufi cientemente clara. Pelo<br />

menos sobre as consequências: mais desemprego,<br />

agitação social, caos político. Já na <strong>Europa</strong>, primeiro<br />

num encontro com Merkel em Berlim, depois em Davos,<br />

num “apelo à acção” em conjunto com o presidente do<br />

Banco Mundial, a mensagem não podia ser mais clara:<br />

a austeridade, só por si, não vai levar a parte nenhuma,<br />

apenas agravar os problemas. O “apelo” é para políticas<br />

<strong>que</strong> incentivem o crescimento e invertam o ciclo vicioso.<br />

No seu último relatório sobre estabilidade fi nanceira, o<br />

FMI escreve <strong>que</strong>, desde o início da crise (Grécia, Maio de<br />

2010), a <strong>Europa</strong> entrou num “equilíbrio negativo”, <strong>que</strong><br />

transformou um problema localizado num país <strong>que</strong> vale<br />

2% do PIB europeu num problema generalizado a toda a<br />

<strong>Europa</strong>, <strong>que</strong> arrastou a <strong>Europa</strong> para uma recessão, <strong>que</strong><br />

fez disparar os custos de fi nanciamento da maioria dos<br />

países do euro, colocando a Itália e a Espanha na mira<br />

dos mercados, <strong>que</strong> não se sabe ainda onde vai parar.<br />

Alguém é capaz de discordar deste diagnóstico?<br />

Qual é a mensagem da chanceler? A mesma de sempre.<br />

A crise europeia resolve-se passo a passo e por uma via<br />

única — pela redução drástica e rápida dos défi ces dos países<br />

incumpridores e de reformas profundas para ganhar<br />

competitividade. A <strong>que</strong>stão-chave é a aprovação de um<br />

“pacto orçamental”, sob a forma de tratado intergovernamental,<br />

<strong>que</strong> estabelece um compromisso indestrutível<br />

de disciplina fi nanceira para os países da zona euro — é<br />

o <strong>que</strong> os líderes vão fazer amanhã — e <strong>que</strong> será o sinal<br />

para os mercados para restabelecer a confi ança no euro.<br />

Esse novo tratado deve estar legalmente em vigor em<br />

Janeiro do ano <strong>que</strong> vem. Até lá…. transfi ra-se o Governo<br />

de Atenas para Bruxelas, por exemplo, como consta de<br />

uma nova proposta posta a circular em Bruxelas e de<br />

autoria alemã, <strong>que</strong> prevê a nomeação de uma espécie de<br />

“administrador-delegado” para substituir as autoridades<br />

gregas e para fazer cumprir a meta do défi ce, a bem ou<br />

a mal. A chanceler já tinha “despachado” um primeiroministro<br />

grego, agora <strong>que</strong>r nomear directamente outro.<br />

Teresa<br />

de Sousa<br />

Sem<br />

Fronteiras<br />

Ontem, em Davos,<br />

Largarde voltou a<br />

dizer <strong>que</strong> o FMI podia<br />

reforçar o seu apoio<br />

financeiro à zona euro<br />

(ela <strong>que</strong>r mais 650<br />

mil milhões de dólares<br />

e levou a “carteira”<br />

para fazer um novo<br />

peditório) desde <strong>que</strong> os<br />

líderes europeus façam<br />

a sua parte primeiro<br />

Se era preciso mais uma prova da absoluta ausência<br />

de visão política da chanceler, para dizer<br />

o mínimo, e da tremenda crise política europeia,<br />

aqui está ela. Brutal e irrefutável. Não é<br />

esta seguramente a melhor forma de conciliar<br />

o curto com o médio prazo.<br />

2.<br />

O <strong>que</strong> vai, então, fazer este Conselho<br />

Europeu, previsto para durar<br />

apenas três horas e <strong>que</strong>, pela primeira<br />

vez, tem incluído na agenda<br />

um ponto sobre a necessidade de<br />

tomar medidas para ajudar “ao crescimento e<br />

ao emprego”? Basicamente o mesmo <strong>que</strong> têm<br />

feito todos os anteriores, desde a eclosão da<br />

crise grega em Maio de 2010. É verdade <strong>que</strong> o<br />

tratado da chanceler está quase pronto para<br />

ser assinado (mesmo <strong>que</strong> a maioria dos responsáveis<br />

políticos europeus o considerem<br />

uma perda de tempo), mas o tema <strong>que</strong> estará<br />

nas discussões “paralelas” é o mesmo de<br />

sempre: como reforçar a capacidade fi nanceira, agora<br />

já não do FEEF mas do MEE.<br />

Ontem, em Davos, Largarde voltou a dizer <strong>que</strong> o FMI<br />

podia reforçar o seu apoio fi nanceiro à zona euro (ela<br />

<strong>que</strong>r mais 650 mil milhões de dólares e levou a “carteira”<br />

para fazer um novo peditório) desde <strong>que</strong> os líderes<br />

europeus façam a sua parte primeiro. A directora do<br />

FMI renovou o seu apelo num painel sobre o futuro da<br />

economia mundial, onde, diz a Reuters, os responsáveis<br />

europeus estiveram estranhamente ausentes. É o <strong>que</strong><br />

o mundo espera <strong>que</strong> a <strong>Europa</strong> faça, é o <strong>que</strong> a maioria<br />

dos líderes amanhã reunidos em Bruxelas <strong><strong>que</strong>rem</strong> <strong>que</strong><br />

se faça, é o <strong>que</strong> Berlim não <strong>que</strong>r fazer.<br />

3.<br />

Quanto ao crescimento, não vale a pena ter<br />

ilusões. As medidas <strong>que</strong> vão estar em consideração<br />

na cimeira são mais emblemáticas e<br />

piedosas do <strong>que</strong> outra coisa, não se traduzirão<br />

nem por mais recursos fi nanceiros nem<br />

por uma inversão das políticas de austeridade nacionais,<br />

mesmo nos países com margem para o fazer. Qual<strong>que</strong>r<br />

VINCENZO PINTO /AFP<br />

economista ou político poderia dizer <strong>que</strong> a estabilização<br />

dos mercados e dos juros da dívida soberana através de<br />

um fundo de resgate muito mais poderoso ou a mutualização<br />

da dívida (nas suas várias modalidades possíveis) teria<br />

muito mais efeito para contrariar a espiral recessiva do<br />

<strong>que</strong> meia dúzia de medidas avulsas sobre os excedentes<br />

dos fundos estruturais ou a promessa de maior mobilidade<br />

do emprego ou de programas de treino para os jovens<br />

desempregados, por mais interessantes <strong>que</strong> sejam.<br />

Resta a esperança de <strong>que</strong> esta seja também a cimeira<br />

em <strong>que</strong> o debate mude de direcção. Já não é só Mario<br />

Monti, o primeiro-ministro italiano, <strong>que</strong> fala abertamente<br />

da necessidade de complementar a austeridade com<br />

o crescimento e com a estabilização dos mercados. O<br />

novo chefe do Governo espanhol foi dizer isso mesmo à<br />

chanceler na semana passada. O diário espanhol El País<br />

escrevia sobre o encontro de Rajoy com Merkel, <strong>que</strong> a<br />

Espanha estava a fazer uma “viragem” na sua estratégia<br />

económica. “(…) O Presidente espanhol mantém publicamente<br />

<strong>que</strong> o seu compromisso com o cumprimento<br />

do objectivo do défi ce em 2012 (4,4%) é total, apesar de<br />

ser quase impossível cumpri-lo. Mas está claro <strong>que</strong> o Governo<br />

procura uma negociação para <strong>que</strong> Bruxelas aceite<br />

um novo calendário.” Se isso for possível, então “haverá<br />

margem para estimular a procura e o investimento e favorecer<br />

a criação de emprego”. Nem vale a pena recordar<br />

<strong>que</strong> a taxa de desemprego no país vizinho se aproxima<br />

dos 23% com mais de 5 milhões de “parados”.<br />

Enquanto a Alemanha continua agarrada à sua estratégia<br />

de “penalização” dos infractores, argumentando<br />

<strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r medida <strong>que</strong> alivie a pressão ressuscita o<br />

laxismo, os países <strong>que</strong> estão a aplicar duros programas<br />

de austeridade e a iniciar amplos programas de reformas<br />

estruturais já têm provas sufi cientes acumuladas de <strong>que</strong><br />

levam esse esforço a sério. Chegou o momento de dizer<br />

<strong>que</strong> o rei vai nu. Sob pena de ser tarde demais. Os cidadãos<br />

europeus — e não apenas os cidadãos alemães — precisam<br />

de perceber o <strong>que</strong> se passa e começar a acreditar<br />

<strong>que</strong> há uma saída. Sob pena de se confi rmarem as piores<br />

previsões de Lagarde. Jornalista<br />

Teresa de Sousa escreve neste espaço ao domingo


Na volta, Leonard Cohen<br />

Miguel<br />

Esteves<br />

Cardoso<br />

Ainda<br />

ontem<br />

A<br />

última vez <strong>que</strong> houve uma colecção nova de<br />

canções de Leonard Cohen foi em 2004. Já<br />

lá vão oito anos. Chamava-se Dear Heather e<br />

continha várias canções encantadoras, embora<br />

a or<strong>que</strong>stração fosse mais My Little Pony<br />

do <strong>que</strong> Paul Buckmaster.<br />

Amanhã sai a primeira obra-prima de Leonard Cohen<br />

do século XXI: Old Ideas. Daqui a três anos, quando ele<br />

chegar aos oitenta anos e, conforme promete, recomeçar<br />

a fumar tabaco e a beber álcool, toda a gente <strong>que</strong> sabe,<br />

acredita <strong>que</strong> virá a segunda.<br />

Dou comigo a fazer o <strong>que</strong> não fazia desde <strong>que</strong> me es<strong>que</strong>ci<br />

como era: a tirar letras. Acabo por apanhar todas,<br />

indo altas as horas. Só contém uma canção perfeita, de<br />

letra, música e produção: Diff erent Sides. Mas tem, também,<br />

cinco canções quase perfeitas, <strong>que</strong> constituem uma<br />

bonança <strong>que</strong> levanta a alma e não a deixa aterrar: Lullaby<br />

(sublime), Darkness (vingativamente deprimida), Amen (o<br />

telefonema defi nitivo das quatro da manhã), Going home<br />

(uma canção de amor à morte) e Crazy to love you (um<br />

sacrifício anti-romântico <strong>que</strong> insiste em ser cobrado). Há<br />

uma canção bonita mas falsa (Show me the place); uma<br />

escusada <strong>que</strong> até se ouve uma única vez (Banjo) e apenas<br />

uma <strong>que</strong> soa mal e repugna (Come healing).<br />

Só a variedade é sensacional. Tem-se de segurar os pulsos.<br />

Toda a obra de Leonard Cohen parece, mais do <strong>que</strong><br />

incompleta, enganada sem este disco.<br />

Não estamos, por muito preparados <strong>que</strong> estejamos, equipados<br />

para este regresso. E para o <strong>que</strong> vem, a seguir.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 53<br />

Bartoon Luís Afonso<br />

O horizonte e o método de Anselmo Borges foram sempre guiados mais pelas interrogações do <strong>que</strong> pelas respostas<br />

Regressam as interrogações fundamentais<br />

1.<br />

A partir da segunda metade do século XX e começos<br />

deste século, as tentativas de fi losofi a da religião<br />

desenvolveram-se, em diversos países, com<br />

uma intensidade e amplitude inesperadas.<br />

de uma proposta de salvação — revelada e exercida por não é evidente. Não dispensa, mesmo no interior da fé,<br />

“Cristo, com Cristo e em Cristo” — <strong>que</strong> só pode ser acolhida os caminhos para a afi rmação da Sua existência, não pro-<br />

pela fé, também ela, um dom de Deus. Não se pode es<strong>que</strong>curando, porém, saber como Deus é — algo impossível —,<br />

cer, porém, <strong>que</strong> se trata de um acontecimento na nossa mas, sobretudo, como Deus não é (I.Q.2).<br />

Anselmo Borges, peça a peça, ensaio a ensaio,<br />

história e no dinamismo vivido de forma pessoal e comuni- Tomás de Aquino trabalhou num contexto de grande<br />

livro após livro, foi reunindo e reelaborando preciosos<br />

tária. É, portanto, um desenvolvimento de acontecimentos efervescência cultural, no encontro do pensamento gre-<br />

contributos para uma fi losofi a da religião afrontada pelo<br />

mal e desafi ada pela esperança, na irrenunciável busca<br />

do Sentido num mundo paradoxal.<br />

Anselmo Borges, padre da Sociedade Missionária da<br />

Frei Bento<br />

Domingues<br />

O.P.<br />

em relação. O ser humano <strong>que</strong> interroga é também interrogado<br />

pela palavra <strong>que</strong> vem de Deus. Como cantava frei<br />

José Augusto Mourão, “Deus vem de Deus”, não é criatura<br />

nem do nosso desejo, nem do nosso pensamento.<br />

go, árabe, judaico e latino. Na sua elaboração teológica<br />

convergiam todos os saberes do seu tempo. Como diz<br />

K. Rahner, um dos seus discípulos do século XX, Tomás<br />

é um místico consciente de <strong>que</strong> Deus está para além de<br />

Boa Nova, mostrou-se sempre consciente de <strong>que</strong> o espírito<br />

qual<strong>que</strong>r possibilidade de expressão, mas nunca cedeu<br />

de missão não se esgota nas consagradas expressões das<br />

Se a prática da teologia, antes do Concílio do à preguiça mental e à mediocridade intelectual; não<br />

congregações missionárias, católicas ou protestantes. Em-<br />

Vaticano II, foi muito reprimida, durante o pe- dispensava o exercício da inteligência mesmo no acobora<br />

tivesse ensinado Filosofi a em Moçambi<strong>que</strong> e tivesse<br />

ríodo conciliar, algumas das fi guras <strong>que</strong> mais lhimento da revelação da esperança.<br />

procurado entender a originalidade do pensamento afri-<br />

tinham sofrido de suspeição e repressão toma- Hoje, encontramo-nos numa situação cultural de seducano,<br />

não se deixou deslumbrar pelas formas apressadas<br />

ção e encantamento por tantas e tão rápidas descobertas<br />

da chamada “missão inculturada”. De formação teológica,<br />

ra dessa magna e inovadora assembleia do Episcopado Ca- científi cas e invenções tecnológicas, mas com um misto<br />

transitou para a sociologia, acabando por “se profi ssionatólico.<br />

Foi sol de pouca dura. Mas, sobretudo, a partir dos de frustração e niilismo. Volta a pergunta: não será tudo,<br />

lizar” no ensino da Filosofi a, sobretudo na Faculdade de<br />

anos 80, começou um eclipse da liberdade teológica <strong>que</strong> ao fi m e ao cabo, e apesar de todas as maravilhas da mo-<br />

Letras da Universidade de Coimbra, regendo as cadeiras<br />

está a levar demasiado tempo a passar. Às interrogações dernidade, uma paixão inútil, sem nada de absolutamente<br />

de Antropologia Filosófi ca, Filosofi a da Religião e Ética,<br />

sucedeu o clima das certezas cegas a propor e a defender. Transcendente? Neste mundo, o <strong>que</strong> resulta é glória nossa<br />

a par do trabalho como cronista do Diário de Notícias.<br />

As ciências e as fi losofi as passaram a ser muito evocadas e não temos ninguém a <strong>que</strong>m atribuir os nossos fracassos.<br />

Enquanto director da revista Igreja e Missão, promoveu<br />

nos slogans da relação entre “fé e cultura” e “razão e fé”, Do outro lado do abismo não haverá nenhuma voz <strong>que</strong><br />

encontros internacionais sobre o diálogo entre ciências,<br />

mas a sua prática desertou, em muitos casos, dos cursos chame por nós? (1) Regressam, pois, as interrogações fun-<br />

fi losofi as e religiões, <strong>que</strong> resultaram em textos marcantes<br />

de Teologia. Tende-se a privilegiar um positivismo bíblicodamentais <strong>que</strong> são impossíveis de aprofundar e formular<br />

dessa prestigiosa biblioteca de teologia da Missão.<br />

patrístico com pinceladas literárias e espiritualistas, a <strong>que</strong> sem fi losofi a, sem a fi losofi a da religião.<br />

A preocupação, o horizonte e o método de Anselmo Bor-<br />

falta o fogo da razão e os dinamismos do Espírito.<br />

A recente publicação de Deus e o Sentido da Existência<br />

ges foram sempre guiados mais pelas interrogações do <strong>que</strong><br />

pelas respostas <strong>que</strong> desses diálogos pudessem resultar.<br />

Por esse caminho foi desenvolvendo uma Neste mundo, o <strong>que</strong><br />

cultura, no interior do catolicismo português, resulta é glória nossa<br />

<strong>que</strong> se recusa a ter respostas antes das perguntas,<br />

convencido de <strong>que</strong> um ser humano <strong>que</strong> não se e não temos ninguém 3.<br />

Na Idade Média, Tomás de Aquino (1225-1274)<br />

separou-se do positivismo teológico, do uso<br />

de exclusivos argumentos da autoridade revelada,<br />

<strong>que</strong> apenas documentam a fé, mas não<br />

explicam como é <strong>que</strong> é verdade aquilo <strong>que</strong> a<br />

(Gradiva) e a bela reedição de Corpo e Transcendência (Almedina),<br />

de Anselmo Borges, ao darem muito <strong>que</strong> pensar,<br />

evitam as respostas apressadas e abrem para o Mistério de<br />

Deus como “futuro absoluto” da esperança e do amor.<br />

(1) Cf. Sophia de Mello Breyner Andresen, A Viagem, in Contos<br />

atraiçoa é, antes de mais, alguém <strong>que</strong> interroga a <strong>que</strong>m atribuir<br />

e é interrogado por tudo e por todos.<br />

Poder-se-á objectar <strong>que</strong> o cristianismo resulta os nossos fracassos<br />

Igreja confessa ser verdade. A fé cristã não é um calmante,<br />

mas o excitante da inteligência e dos afectos. Ele não<br />

cultiva a ignorância em nome de Deus, cuja existência<br />

Exemplares (Figueirinhas, 2004), pág. 108<br />

Frei Bento Domingues escreve neste espaço ao domingo<br />

2. ram-se os teólogos mais escutados, dentro e fo


54 Público Domingo 29 Janeiro 2012<br />

Espaço público<br />

Cartas à Directora<br />

As cartas destinadas a esta secção<br />

devem indicar o nome e a morada<br />

do autor, bem como um número<br />

telefónico de contacto. O PÚBLICO<br />

reserva-se o direito de seleccionar<br />

e eventualmente reduzir os textos<br />

não solicitados e não prestará<br />

informação postal sobre eles.<br />

Email: cartasdirector@publico.pt<br />

Contactos do provedor dos Leitores<br />

Email: provedor@publico.pt<br />

Telefone: 210 111 000<br />

Trabalhar até morrer<br />

Para <strong>que</strong> se tenha uma noção mais<br />

verdadeira sobre o <strong>que</strong> é trabalho,<br />

as notícias dão-nos conta de <strong>que</strong><br />

em dez anos, morreram, vítimas<br />

de acidente de tal ofício, duro de<br />

dor e sofrimento, cerca de dois<br />

mil operários, <strong>que</strong> aplicou com<br />

muito dó e sem piedade, o luto, e<br />

despedaçou numerosas famílias.<br />

Inquéritos. Aí estão. A culpa não<br />

há-de morrer solteira. Em <strong>que</strong> é<br />

<strong>que</strong> dão? Negligência, descuido,<br />

falta de acompanhamento dos<br />

mestres, e muita mesmo muita<br />

falta de aplicação e desrespeito<br />

pelas normas de segurança, às<br />

vezes das mais básicas. Resultado?<br />

A culpa é do mexilhão. A ausência<br />

de fi scalização, é também norma e<br />

prática normal. Muita demissão no<br />

“estaleiro” da (ir)responsabilidade,<br />

por parte dos donos das obras,<br />

empresas e autoridades, e o <strong>que</strong> se<br />

retira desses escombros são os tais<br />

“mexilhões”, embrulhados agora,<br />

em lençóis e em macas, quando as<br />

equipas de socorro são chamadas<br />

numa urgência afl ita e última, de<br />

auxílio desesperado. Nesta década,<br />

repetida de sangue e de lágrimas,<br />

de mortes de trabalhadores, entre<br />

os destroços e o pó, em terra e<br />

no mar, quantos governantes<br />

pereceram entre os papéis, nos<br />

gabinetes sentados, entre viagens<br />

luxuosas, em reuniões ou ao<br />

telefone, nos jantares, numa<br />

declaração, na burocracia enfi m,<br />

e principescamente pagos e<br />

arregalados, e quantos operários<br />

morreram para levar para casa o<br />

mísero salário “bruto”, perigoso,<br />

<strong>que</strong> outra coisa nunca foi, mesmo<br />

antes de se lhe retirar impostos<br />

e subsídios, para ganhar o pão<br />

da mesa e a telha com <strong>que</strong> se<br />

<strong>que</strong>r cobrir e aos seus, enquanto<br />

os “senhores da lei” e demais<br />

mandantes gozam numa vivenda<br />

e outra, e se passeiam no seu<br />

“espada” rolando na canção<br />

“money”, e sempre na “zona de<br />

conforto”, sem <strong>que</strong> alguma vez<br />

se dessem ao “trabalho” ou lhes<br />

passasse pelas decisões a tomar,<br />

a angústia da necessidade de<br />

emigrar? Talvez um dia estas<br />

incontáveis almas destroçadas, se<br />

levantem e peçam reconhecimento<br />

e justiça, ou muitos o façam por<br />

eles. Quem sabe se esta “fi cção”<br />

não se tornará real... Quem sabe...!<br />

Joaquim A. Moura, Penafi el<br />

Desconcertação social<br />

A assinatura do “Compromisso<br />

para o Crescimento,<br />

Competitividade e Emprego” não<br />

é nada mais do <strong>que</strong> um beijo de<br />

morte para <strong>que</strong>m efectivamente<br />

trabalha. Parece <strong>que</strong> abolir<br />

a proposta de meia hora de<br />

trabalho desculpabiliza uma<br />

série de atrocidades laborais: a<br />

diminuição do custo do trabalho,<br />

das horas extraordinárias através<br />

do enigmático banco de horas,<br />

o prolongamento desse mesmo<br />

trabalho, a redução do descanso,<br />

da duração do subsídio de<br />

desemprego e das indemnizações<br />

por despedimento. Nunca despedir<br />

foi tão fácil pois agora também<br />

é possível dispensar alguém<br />

por inadaptação, pela redução<br />

continuada da produtividade ou<br />

da qualidade do trabalho prestado.<br />

Por isso, proponho <strong>que</strong> a classe<br />

política <strong>que</strong> nos tem governado<br />

se auto-avalie e se é merecedora<br />

de continuar em funções ou é<br />

despedida por tais pressupostos.<br />

Emanuel Caetano, Ermesinde<br />

Debate Por uma Comunidade Europeia da Energia<br />

A política energética precisa de mais <strong>Europa</strong><br />

Apesar dos progressos realizados nos últimos<br />

anos, a política da União Europeia no domínio<br />

da energia não conseguiu realizar os seus objectivos<br />

principais, designadamente garantir<br />

o acesso à energia a preços abordáveis e estáveis,<br />

manter a competitividade do sector da UE, garantir<br />

a segurança do abastecimento de energia a todos os<br />

europeus onde <strong>que</strong>r <strong>que</strong> vivam, e promover a sustentabilidade<br />

da produção, do transporte, da distribuição, do<br />

armazenamento e do consumo de energia, avançando<br />

com determinação para uma sociedade hipocarbónica.<br />

Estes objetivos são partilhados por todos, tanto líderes<br />

políticos como sociedade civil, desde as empresas e os<br />

fornecedores de energia aos sindicatos, passando pelos<br />

consumidores e ambientalistas. Contudo, as opiniões<br />

diferem sobre a forma de realizar os objectivos.<br />

São manifestas as limitações das políticas energéticas<br />

nacionais e, no entanto, não há uma política energética europeia<br />

comum para as ultrapassar. Apesar das promessas<br />

feitas por vários governos, os preços da energia aumentaram<br />

exponencialmente nos últimos anos, o <strong>que</strong> resultou<br />

num agravamento acentuado dos níveis de pobreza<br />

energética. No Inverno passado, entre 50 milhões e 125<br />

milhões de europeus padeceram de escassez de energia,<br />

fosse na forma de corte de electricidade, ameaça de corte<br />

ou incapacidade de pagar as contas. Esta situação não foi<br />

adequadamente tratada por todos os países da UE.<br />

Os Estados-membros estão envolvidos numa rede tal<br />

de interdependências <strong>que</strong> já não é viável agir sozinho. Tal<br />

como vimos recentemente, os países europeus podem<br />

fazer escolhas soberanas relativamente ao abastecimento<br />

de energia (por exemplo, o desaparecimento gradual da<br />

energia nuclear em alguns países da UE), mas isto tem o<br />

seu preço. As decisões unilaterais aumentam o risco de<br />

divergências e podem provocar o aumento ou oscilações<br />

de preços na produção e consumo de energia ao nível<br />

Jac<strong>que</strong>s<br />

Delors<br />

Presidente<br />

fundador de<br />

Notre Europe<br />

Staffan<br />

Nilsson<br />

Presidente<br />

do Comité<br />

Económico<br />

e Social<br />

Europeu<br />

regional, entre outras situações. Presentemente, nenhum<br />

país europeu consegue, sozinho, fornecer de forma fi ável<br />

aos seus cidadãos electricidade a preços acessíveis.<br />

Há <strong>que</strong> pôr um travão a esta falta de visão. Uma frente<br />

unida é a única forma de os países europeus responderem<br />

às preocupações dos cidadãos e garantirem <strong>que</strong> os<br />

interesses da <strong>Europa</strong> prevalecem. A vontade política é<br />

claramente um problema, mas não é o único. Em primeiro<br />

lugar, o potencial do mercado interno não foi totalmente<br />

aproveitado para aumentar a segurança energética e trazer<br />

valor acrescentado aos cidadãos. Em segundo lugar,<br />

o Tratado de Lisboa determina explicitamente a solidariedade<br />

entre os Estados-membros, mas tal manteve-se<br />

letra morta no quadro institucional actual. Em terceiro<br />

lugar, a UE não tem meios para fi nanciar ações de relevo<br />

ou para impor decisões relativamente às fontes de<br />

energia. O orçamento anual da UE para a energia é ínfi -<br />

mo em comparação com o montante despendido pelos<br />

Estados-membros neste sector. Isto limita seriamente o<br />

fi nanciamento de interconexões comuns de electricidade<br />

e gás e a investigação conjunta no domínio da energia hipocarbónica.<br />

É, pois, fundamental dotar a UE de recursos<br />

fi nanceiros independentes e autónomos para fi nanciar<br />

projectos de interesse europeu comum, em especial os<br />

relacionados com as energias renováveis. Em quarto lugar,<br />

uma <strong>que</strong>stão social e de actualidade como é a energia<br />

justifi caria normalmente o pleno envolvimento dos<br />

cidadãos. A ausência de um diálogo estruturado entre os<br />

legisladores e os decisores e a sociedade civil europeia é<br />

fonte de grande preocupação.<br />

É necessária uma nova estratégia orientada para uma<br />

maior integração e solidariedade. A alternativa mais ambiciosa<br />

e promissora é a de uma Comunidade Europeia<br />

da Energia de pleno direito <strong>que</strong> englobe todos os aspectos<br />

económicos, políticos e estratégicos pertinentes.<br />

Isto implicaria a integração dos mercados da energia,<br />

Comentários online<br />

Arménio Carlos eleito<br />

novo secretário-geral<br />

CGTP: Sentido da<br />

evolução!<br />

Os grandes sindicatos estão fadados<br />

à extinção! Não há soluções “de<br />

massa”, mas sim soluções <strong>que</strong><br />

contemplem as circunstâncias<br />

particulares de cada conjunto<br />

de trabalhadores, em cada<br />

empresa. Deverão constituir-se,<br />

em cada empresa, associações<br />

de trabalhadores <strong>que</strong> terão em<br />

conta as condições particulares do<br />

trabalho na empresa, certamente<br />

diferentes de todas as demais<br />

empresas. As situações diferem<br />

imensamente e devem ser<br />

consideradas, com melhor análise,<br />

as situações particulares de cada<br />

caso em busca das melhores<br />

soluções. A evolução corre neste<br />

sentido!<br />

Marcelina Gomes , Coimbra<br />

Ver mais em www.publico.pt<br />

a coordenação das políticas de investigação, decisões<br />

sobre os investimentos, mecanismos de solidariedade<br />

e a necessidade de falar em uníssono na cena mundial.<br />

Tudo isto re<strong>que</strong>r uma estratégia sólida de carácter supranacional.<br />

É possível avançar já com medidas transitórias como,<br />

por exemplo, uma maior integração dos mercados nacionais<br />

de energia e um planeamento conjunto das redes<br />

orientando a política energética para os consumidores.<br />

Por exemplo, instamos a um carácter progressivamente<br />

mais europeu da combinação energética, <strong>que</strong> é necessário<br />

devido ao aumento da percentagem de energias renováveis<br />

nas combinações energéticas nacionais. No tocante<br />

à escolha energética e aos investimentos, a <strong>Europa</strong> não<br />

pode continuar a marcar passo na medida em <strong>que</strong> as<br />

grandes decisões sobre energia tomadas hoje exigirão um<br />

compromisso de décadas. O desenvolvimento progressivo<br />

de uma Comunidade Europeia da Energia poderá voltar<br />

a mobilizar os europeus em torno de um projecto <strong>que</strong><br />

lhes oferece um claro valor acrescentado. Sobretudo, isto<br />

responderá às expectativas e preocupações dos cidadãos<br />

da UE refl ectidas em sondagens recentes.<br />

Dado o impacto abrangente das decisões sobre energia,<br />

os cidadãos não podem fi car à margem do debate<br />

sobre as transformações sistémicas <strong>que</strong> se avizinham. O<br />

Comité Económico e Social Europeu e a Notre Europe<br />

instam a <strong>que</strong> este debate seja efectuado ao nível da UE e<br />

propõem a criação de um fórum da sociedade civil europeia<br />

<strong>que</strong> monitorize as <strong>que</strong>stões energéticas. Solicitamos<br />

à Comissão Europeia <strong>que</strong> desempenhe um papel muito<br />

mais importante na concepção de uma política energética<br />

coerente, credível e efi ciente, lançando as bases para uma<br />

comunidade europeia de energia. As acções puramente<br />

nacionais no domínio da energia são irrelevantes, sendo<br />

<strong>que</strong> um sistema energético sustentável, resistente e progressista<br />

só será conseguido ao nível europeu.


Contribuinte n.º 502265094<br />

Depósito legal n.º 45458/91<br />

Registo ERC n.º 114410<br />

Conselho de Administração<br />

Presidente: Ângelo Paupério<br />

Vogais: António Lobo Xavier,<br />

Cláudia Azevedo, Cristina Soares,<br />

Luís Filipe Reis, Miguel Almeida,<br />

Pedro Nunes Pedro<br />

E-mail publico@publico.pt<br />

Lisboa Rua de Viriato, 13 – 1069-315<br />

Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA);<br />

Algumas <strong>que</strong>stões recorrentes na correspondência dos leitores<br />

Nomes, identidades, escolha de palavras<br />

José<br />

Queirós<br />

Provedor<br />

do leitor<br />

O<br />

correio dos leitores traz-me com frequência<br />

<strong>que</strong>stões a <strong>que</strong> muitos atribuirão menor importância,<br />

mas <strong>que</strong> são reveladoras da atenção<br />

aos valores e regras do jornalismo profi ssional<br />

e às normas de estilo e critérios editoriais<br />

deste jornal em particular. São muitas vezes temas<br />

recorrentes, debatidos no quotidiano das redacções, e<br />

<strong>que</strong> valerá a pena trazer ao diálogo com os leitores.<br />

Um deles é o do chamado “direito ao nome”. Todas as<br />

pessoas têm direito a ser tratadas pelo seu nome e não<br />

pelo nome <strong>que</strong> outros <strong>que</strong>iram dar-lhes. O mesmo para<br />

organizações e colectividades. Sucede <strong>que</strong> nem sempre<br />

é fácil cumprir este preceito nos jornais. Veja-se o caso<br />

dos leitores <strong>que</strong> têm protestado contra o facto de a instituição<br />

desportiva Vitória Sport Clube ser fre<strong>que</strong>ntemente<br />

designada, no PÚBLICO e em outros órgãos de comunicação,<br />

como “o Guimarães”. “Não há nenhum clube<br />

chamado Guimarães. O nome é Vitória” — mais palavra,<br />

menos palavra, é o argumento comum às mensagens <strong>que</strong><br />

recebo sobre o tema.<br />

O leitor Rui Correia, por exemplo, <strong>que</strong>ixa-se nestes<br />

termos do <strong>que</strong> considera ser uma “falta de rigor”: “Guimarães<br />

(...) é a cidade onde joga o Vitória SC! (...) Tratem<br />

as instituições de igual forma e não inventem nomes ou<br />

apelidos. Se disserem Vitória de Guimarães, embora não<br />

seja o nome correcto, pelo menos referem-se ao Vitória<br />

da cidade de Guimarães. Agora, retirarem o ‘Vitória’ do<br />

nome (...) é um desrespeito total para com a instituição,<br />

adeptos e simpatizantes!”.<br />

Jorge Miguel Matias, editor do Desporto, considera<br />

“impraticável identifi car o Vitória Sport Clube” pelo<br />

seu nome ofi cial, “não só pela extensão da designação,<br />

como também pelo facto de o clube ser muitíssimo mais<br />

conhecido por Vitória de Guimarães”. Se a isto se poderia<br />

objectar <strong>que</strong> não será necessariamente assim <strong>que</strong> o clube<br />

é “conhecido” pelos seus próprios sócios, o certo é <strong>que</strong><br />

há <strong>que</strong> pesar outras razões. Como esta: “Existe também a<br />

competir na I Liga o Vitória Futebol Clube (habitualmente<br />

designado por Vitória de Setúbal), a <strong>que</strong>m se aplica o<br />

mesmo critério. A existência de dois ‘Vitórias’ inviabiliza<br />

<strong>que</strong> se designe qual<strong>que</strong>r um deles exclusivamente pelo<br />

primeiro nome, sob pena de confusão generalizada”.<br />

“Nas classifi cações, <strong>que</strong>r no site, <strong>que</strong>r na edição impressa”,<br />

explica o editor, “consta o nome do clube como<br />

V. Guimarães, tal como acontece nas fi chas de jogo.<br />

Por vezes, por limitações gráfi cas, torna-se muito difícil<br />

utilizar por extenso a expressão ‘Vitória de Guimarães’<br />

(por exemplo, em títulos a uma coluna). Nestes casos,<br />

optamos pela fórmula abreviada V. Guimarães. Quando<br />

não há alternativa, julgamos preferível designar o clube<br />

simplesmente por Guimarães e não simplesmente<br />

por Vitória, tendo em conta <strong>que</strong> Guimarães não causará<br />

qual<strong>que</strong>r dúvida para o leitor, enquanto Vitória deixará<br />

sempre a hipótese de se estar a falar, por exemplo, do<br />

Vitória... de Setúbal”.<br />

Creio <strong>que</strong> mesmo os leitores mais ciosos da sua identidade<br />

clubística concordarão com a sensatez desta explicação,<br />

<strong>que</strong> privilegia a clareza na comunicação e não<br />

denota falta de rigor, tendo em conta <strong>que</strong> o Vitória Sport<br />

Clube é, até no plano estatutário, um clube de Guimarães.<br />

Este é um caso em <strong>que</strong> fazer prevalecer uma concepção<br />

rígida do “direito ao nome” sobre outras considerações<br />

não passaria de um formalismo sem sentido útil. O <strong>que</strong><br />

não <strong>que</strong>r dizer <strong>que</strong> não deva ser tida em conta a sensibilidade<br />

dos leitores em <strong>que</strong>stão, procurando evitar-se as<br />

situações em <strong>que</strong> nem a inicial do seu verdadeiro nome<br />

aparece a designar o clube.<br />

Caso diferente é o do direito de qual<strong>que</strong>r pessoa<br />

a não ver o seu nome trocado, por exemplo,<br />

por uma alcunha. Essa é uma prática comum<br />

de alguma imprensa, especialmente no <strong>que</strong> respeita<br />

à identifi cação de indivíduos a contas com<br />

a justiça, e deve ser contrariada. Trata-se muitas vezes de<br />

designações depreciativas colhidas em autos policiais e<br />

<strong>que</strong> desrespeitam a dignidade individual. O Livro de Estilo<br />

A demarcação clara entre<br />

Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir.<br />

Editorial 210111006; Agenda<br />

210111007; Redacção 210111008;<br />

Publicidade 210111013/210111014<br />

Porto Praça do Coronel Pacheco,<br />

nº 2, 4050-453 Porto; Telef:<br />

226151000 (PPCA) / 226103214; Fax:<br />

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Publicidade, Distribuição 226151011<br />

Madeira Telef.: 934250100; Fax:<br />

707100049 Proprietário PÚBLICO,<br />

Comunicação Social, SA. Sede: Lugar<br />

NÉLSON GARRIDO<br />

do PÚBLICO desaconselha,<br />

e bem,<br />

a sua utilização, informação e opinião deve<br />

com excepção de ser entendida como um sinal<br />

casos em <strong>que</strong> se<br />

revele “essencial” de respeito pelos leitores<br />

para a caracterização<br />

de uma personagem.<br />

A propósito dos títulos e textos sobre o julgamento,<br />

em Torres Vedras, de um indivíduo acusado de ter assassinado<br />

quatro pessoas, a leitora Ana Aguiar escreve<br />

<strong>que</strong> “não parece adequado usar o nome pelo qual um<br />

diagnosticado psicopata se auto-intitula”. No caso, “Ghob,<br />

rei dos gnomos”. “O senhor tem um nome civil, como<br />

todos nós, e não vejo razão para um jornal com ambição<br />

de seriedade usar um pseudónimo auto-atribuído numa<br />

notícia <strong>que</strong> deveria ser séria e imparcial”, diz a leitora,<br />

referindo uma peça recente do Público Online.<br />

Deve esta situação ser enquadrada na orientação acima<br />

referida, contrária à substituição de nomes por alcunhas?<br />

Não necessariamente. Pelo <strong>que</strong> tem sido noticiado,<br />

o nome “Ghob” seria assumido pelo próprio suspeito<br />

dos crimes, no âmbito de um círculo de relações <strong>que</strong> foi<br />

investigado, e resultaria da crença, ou da manipulação<br />

da crença num universo místico de gnomos e entidades<br />

congéneres, <strong>que</strong> poderá ser relevante para a explicação<br />

dos crimes <strong>que</strong> estão a ser julgados. Referi-lo não põe<br />

em causa a seriedade nem a imparcialidade e poderá<br />

ser importante para a caracterização da personagem e<br />

a compreensão do caso.<br />

Ainda assim, o desejável distanciamento jornalístico<br />

aconselhará sempre alguma contenção no recurso a designações<br />

como esta. Concordo com a leitora, quando<br />

refere: “Se a opção editorial for a de usar o pseudónimo,<br />

creio ser apropriado o uso de aspas”. Para distinguir a<br />

identidade civil, <strong>que</strong> deve ser sempre respeitada, de uma<br />

auto-representação imaginária.<br />

Público Domingo 29 Janeiro 2012 55<br />

do Espido, Via Norte, Maia. Capital<br />

Social €50.000,00. Detentor de mais<br />

de 10% do capital: Sonae Telecom,<br />

BV Impressão Unipress, Travessa<br />

de Anselmo Braancamp, 220, 4410-<br />

350 Arcozelo, Valadares; Telef.:<br />

227537030; Lisgráfica – Impressão<br />

e Artes Gráficas, SA, Estrada<br />

Consiglieri Pedroso, 90, Queluz<br />

de Baixo, 2730-053 Barcarena.<br />

Telef.: 214345400 Distribuição<br />

Logista Portugal – Distribuição<br />

de Publicações, SA; Lisboa: Telef.:<br />

219267800, Fax: 219267866; Porto:<br />

Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123;<br />

Algarve: Telef.: 289363380; Fax:<br />

289363388; Coimbra: Telef.:<br />

239980350; Fax: 239983605.<br />

Assinaturas 808200095<br />

Tiragem média total de Dezembro<br />

43.909 exemplares<br />

Membro da APCT – Associação<br />

Portuguesa do Controlo de<br />

Tiragem<br />

O<br />

recurso desnecessário a termos estrangeiros<br />

continua a desagradar a muitos leitores. Na<br />

maior parte das vezes, com razão. António<br />

Barata leu uma notícia intitulada “Tribunal<br />

chumbou concessão no porto de Aveiro realizada<br />

sem concurso público” (edição online, no passado<br />

dia 20) e deteve-se na frase em <strong>que</strong> se explicava<br />

<strong>que</strong> determinadas empresas “são os grandes players do<br />

movimento de carga nos portos nacionais”. Pergunta o<br />

leitor, e pergunta bem, “se o mesmo não poderia ser dito<br />

em português ou se existe uma outra qual<strong>que</strong>r razão”<br />

para o recurso ao termo inglês.<br />

A mesma <strong>que</strong>stão poderia ser colocada, por exemplo,<br />

em relação ao uso, <strong>que</strong> se tornou fre<strong>que</strong>nte, do termo<br />

default em títulos e textos sobre a actual crise fi nanceira,<br />

muitas vezes sem qual<strong>que</strong>r explicação suplementar. Vejase<br />

(é só um exemplo) o título “Default grego faz subir juros<br />

da dívida nacional”, <strong>que</strong> na primeira página da edição do<br />

passado dia 18 remetia (mais uma desatenção) para uma<br />

estranha “Secção, 00”. Nem na capa nem na página 13,<br />

onde se encontrava a peça mal sinalizada, a expressão<br />

era traduzida ou explicada. Nas páginas de Economia do<br />

jornal, a tradução de termos como este é por vezes feita,<br />

entre parênteses. Mas não é feita sempre, e cada omissão<br />

representa uma falha na clareza da comunicação.<br />

“Será <strong>que</strong> os jornalistas”, pergunta o leitor, “ (...) se<br />

limitam a debitar o <strong>que</strong> ouvem e <strong>que</strong> está mais na moda,<br />

e não se preocupam se<strong>que</strong>r em traduzir, de modo a <strong>que</strong><br />

qual<strong>que</strong>r leitor perceba?”. Na verdade, para os exemplos<br />

citados, a <strong>que</strong>stão da tradução nem deveria colocar-se.<br />

Tanto para players como para default existem palavras<br />

portuguesas de uso comum, com o mesmo e preciso signifi<br />

cado. Se é verdade <strong>que</strong> em tempos de globalização o<br />

recurso a vocábulos estrangeiros se torna por vezes inevitável<br />

— por falta de termo português correspondente,<br />

por exigência de precisão, ou por surgirem em discurso<br />

directo —, esses termos devem ser grafados em itálico, o<br />

<strong>que</strong> nem sempre acontece, e ser acompanhados, conforme<br />

os casos, de explicação ou tradução. O contrário não<br />

é sintoma de cosmopolitismo, mas de desleixo.<br />

Já agora, recomenda-se maior cuidado com a redacção<br />

de notícias <strong>que</strong> reproduzem, sem o assinalar, textos de<br />

fontes noticiosas estrangeiras. Para <strong>que</strong> da sua tradução<br />

apressada não resultem deslizes como o <strong>que</strong> a leitora Alda<br />

Nobre detectou nas páginas de Desporto do dia 5 deste<br />

mês, onde se pode ler <strong>que</strong> o guarda-redes de um clube inglês<br />

marcou um golo, sendo “o quarto a fazê-lo, depois de<br />

Peter Schmeichel, Brad Friedel and Paul Robinson...”.<br />

Há outras palavras, essas bem portuguesas,<br />

<strong>que</strong> todos ganharíamos em ver afastadas de<br />

alguns títulos informativos. Uma delas, <strong>que</strong><br />

têm vindo a propagar-se de modo epidémico,<br />

sem cuidar se<strong>que</strong>r de se apresentar como<br />

fi gura de estilo, antes procurando impor-se num desadequado<br />

sentido literal, é o malfadado verbo “arrasar”. “BE<br />

arrasa projectos do PS e do PSD sobre maternidade de<br />

substituição” foi o título destacado escolhido no passado<br />

dia 20 para uma notícia das actividades parlamentares da<br />

véspera. É só um exemplo, mas foi o <strong>que</strong> levou o leitor Miguel<br />

Azevedo a protestar: “Mais uma vez opinião. Por mim<br />

preferia <strong>que</strong> a jornalista me desse os factos e me deixasse<br />

a mim a tarefa de decidir <strong>que</strong>m arrasou <strong>que</strong>m”.<br />

Diga-se <strong>que</strong> a notícia em causa relata os factos e não<br />

recorre ao tremendismo do verbo em <strong>que</strong>stão. O título<br />

— <strong>que</strong> pode ou não ser da autoria de <strong>que</strong>m escreveu a<br />

peça, mas é sempre, em última análise, da responsabilidade<br />

de um editor — é <strong>que</strong> desfi gura o relato noticioso,<br />

assumindo uma natureza opinativa deslocada e censurável.<br />

Não está em causa a opinião, mas o lugar onde se<br />

expressa. A demarcação clara entre informação e opinião<br />

é um traço essencial do projecto editorial do PÚBLICO<br />

e deve também ser entendida como uma demonstração<br />

de respeito pela inteligência dos leitores.<br />

O Provedor do Leitor escreve neste espaço ao domingo


Opinião<br />

Es<strong>que</strong>rda e direita (III)<br />

Vasco Pulido Valente<br />

O<br />

PSD percebeu primeiro<br />

(se “perceber” é a<br />

palavra) o desastre<br />

<strong>que</strong> se aproximava.<br />

Por várias razões.<br />

Primeiro, por<strong>que</strong> sempre esteve<br />

mais ligado aos “negócios” do<br />

<strong>que</strong> o PS. Segundo, por<strong>que</strong> parte<br />

do seu pessoal económico e<br />

fi nanceiro vinha de empresas ou<br />

da banca. E, terceiro, por<strong>que</strong> uma<br />

parte da geração <strong>que</strong> chegou ao<br />

governo durante Cavaco e a seguir<br />

ao “cavaquismo” se formara na<br />

América e, bem ou mal, absorvera<br />

www.publico.pt<br />

Na orelha da Antárctida<br />

Pela primeira vez, dois jornalistas portugueses<br />

acompanharam o trabalho de cientistas<br />

portugueses na Antárctida e ficaram numa<br />

base de investigação.<br />

Teresa Firmino (textos)<br />

e Nuno Ferreira Santos<br />

(fotografias) sentiram<br />

o espírito antárctico na<br />

Base Grande Muralha<br />

da China, narraram a<br />

viagem a um buraco<br />

de neve e gelo, mostraram os moleiros <strong>que</strong><br />

gostam de (comer) pinguins e os “animalitos”<br />

nas praias do Drake, e relataram um<br />

reencontro luso na Ilha do Rei Jorge.<br />

publico.pt<br />

a ortodoxia americana. Ainda por<br />

cima, o PSD — excepto pelo curto<br />

intervalo de Barroso e de Santana<br />

Lopes — vegetou quase quinze<br />

anos na oposição, inteiramente<br />

imerso numa guerra civil interna<br />

<strong>que</strong> paralisou o partido e por um<br />

pouco não o destruiu. Apesar disso,<br />

no meio dessa longa trapalhada,<br />

houve tempo para descobrir <strong>que</strong><br />

a situação de Portugal se tornava<br />

pura e simplesmente insustentável.<br />

Só <strong>que</strong> o PSD (ao contrário<br />

do CDS), estava ligado às suas<br />

clientelas na administração central<br />

e, sobretudo, na administração<br />

local, e não tinha grande espaço<br />

de manobra. Ou, pelo menos,<br />

não tinha o espaço de manobra<br />

<strong>que</strong> a crise e o memorando da<br />

troika mais tarde lhe abriram. O<br />

<strong>que</strong>, de resto, não lhe resolveu os<br />

piores problemas. Parcialmente<br />

responsável pela paternidade<br />

do Estado Social e da burocracia<br />

Infelizmente,<br />

o Governo<br />

não contou<br />

com a<br />

sociedade<br />

portuguesa.<br />

Uma<br />

sociedade<br />

rural <strong>que</strong><br />

passou<br />

para uma<br />

soi-disant<br />

sociedade<br />

de serviços,<br />

sem nunca<br />

verdadeiramente<br />

se<br />

industrializar<br />

JOSÉ MANUEL RIBEIRO/REUTERS<br />

a <strong>que</strong> na altura Cavaco chamou<br />

“o monstro”, o PSD não podia<br />

inverter de repente a sua posição<br />

tradicional e anunciar <strong>que</strong> se<br />

convertera por iluminação<br />

celeste a uma versão indígena do<br />

neoliberalismo. Neste aperto, <strong>que</strong><br />

dura até hoje, foi dando uma no<br />

cravo e outra na ferradura, à espera<br />

<strong>que</strong> da mistura acabasse tarde ou<br />

cedo por sair qual<strong>que</strong>r coisa de<br />

bom.<br />

Infelizmente, não contou<br />

com a sociedade portuguesa.<br />

Uma sociedade rural <strong>que</strong><br />

passou para uma soi-disant<br />

sociedade de serviços, sem nunca<br />

verdadeiramente se industrializar.<br />

Uma sociedade dependente do<br />

Estado, desde “a sopa do convento”,<br />

agora não por acaso ressuscitada.<br />

Uma sociedade parada e conformista,<br />

<strong>que</strong> odiava (e odeia) o individualismo<br />

e a mudança (“indivíduo” continua<br />

a ser um termo pejorativo em<br />

Portugal). E uma sociedade <strong>que</strong><br />

sempre se <strong>que</strong>ixou em vão da falta<br />

de uma iniciativa privada, <strong>que</strong> não<br />

aparecia ou morria depressa. O<br />

Governo de Passos Coelho não viu, e<br />

persiste em não ver, o país real e julga<br />

<strong>que</strong> o transformará, restabelecendo<br />

a liberdade, a concorrência e a<br />

inovação na economia. Sucede<br />

<strong>que</strong> Portugal não é a América,<br />

nem a <strong>Europa</strong> do Norte. Não se<br />

cria uma cultura com uma retórica<br />

emprestada e meia dúzia de leis.<br />

Depois da dívida e do orçamento,<br />

fi cará o país do costume: obediente<br />

e resignado, com vaga esperança de<br />

um milagre improvável.<br />

Catalunha das neves<br />

Nélson Garrido leva-nos pelos Pirenéus<br />

catalães sob o signo da neve e com Lleida<br />

como centro nevrálgico. Esta fotogaleria<br />

é um passeio entre florestas e aldeias de<br />

pedra e madeira em vales profundos, entre<br />

pistas de esqui e igrejas românicas.<br />

fugas.publico.pt<br />

Rato, Tone, Culatra e Bino morrem aqui?<br />

Estreia a 6 de Setembro o último filme da<br />

primeira trilogia do cinema português. Em<br />

Balas & Bolinhos – O Último Capítulo, onde<br />

os quatro criminosos com pouco tento na<br />

língua se profissionalizam e entram na<br />

espionagem internacional. Veja como.<br />

p3.publico.pt<br />

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8<br />

Futebol<br />

A infelicidade de Varela<br />

foi a sorte do Benfica<br />

Pág. 41<br />

Egipto<br />

O ano da revolução<br />

vivido por três jovens<br />

egípcios Págs. 32/33<br />

Lojas antigas<br />

Uma “ar<strong>que</strong>olojista” faz<br />

viagem pelas lojas-avós<br />

de Lisboa Págs. 34/35<br />

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