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Vol 15 - Nº 2

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ISSN 0104-1843<br />

REVISTA BRASILEIRA DE<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista • ANO <strong>15</strong> - Nº 2 - VOL. <strong>15</strong> - ABR/MAI/JUN 2007<br />

Anormalidades da Perfusão Miocárdica<br />

Após Revascularização Percutânea<br />

Influência da Curva de Aprendizado nos<br />

Procedimentos por Via Radial<br />

Angiografia vs. Fluxo Fracionado de Reserva<br />

na Avaliação das Lesões Coronárias<br />

Tomografia por Coerência Óptica (TCO), seis meses após implante<br />

de stent farmacológico, mostrando proliferação neointimal<br />

mínima, mas com endotelização adequada das hastes.<br />

<strong>Vol</strong>ume do Stent como Preditor de<br />

Reestenose Coronária<br />

Utilização do Cateter Extrator de Trombos<br />

Durante ATC Primária<br />

Oclusão Percutânea de Canal Arterial<br />

com o Auxílio de Biótomo<br />

Terapia Celular no Tratamento do IAM<br />

Intervenções Percutâneas em Carótidas<br />

Manuseio da Trombose Tardia dos Stents<br />

Farmacológicos com o Emprego do<br />

Cateter Extrator de Trombos<br />

Endotelização incompleta de stent farmacológico em região de<br />

má aposição das hastes.<br />

Fístula Coronária Pós-ICP Tratada com<br />

Stent Recoberto com PTFE<br />

Temas Livres do Congresso da SBHCI<br />

Editora<br />

Áurea Jacob Chaves<br />

Co-Editores<br />

Gilberto Lahorgue Nunes<br />

Rodolfo Staico<br />

Hastes de stents não endotelizadas, seis meses após o implante.<br />

Atualmente, questiona-se se um paciente apresentando essa imagem<br />

é candidato a prolongar a terapia antiplaquetária dupla.<br />

Órgão Oficial da Sociedade<br />

Brasileira de Hemodinâmica e<br />

Cardiologia Intervencionista<br />

www.sbhci.org.br


anuncio jornal sbhci2.ai 4/25/07 12:03:46 PM<br />

O Taxus é mais eficaz na redução<br />

da revascularização em pacientes<br />

diabéticos do que os stents metálicos 1<br />

Metanálise de 4 anos do stent TAXUS . Todos os diabéticos<br />

Estudos TAXUS II (4-anos), IV (4-anos), V (2-anos), VI (3-anos) (N=814)<br />

p 0. 0001<br />

p=0.80<br />

p=0.58<br />

p=0.75<br />

p=0.18 p=0.31<br />

25.4%<br />

50%<br />

Eventos (%)<br />

13.1%<br />

1.2% 1.4%<br />

11.0% 9.1%<br />

3.8% 4.6% 1.7% 0.5%<br />

12.6%<br />

9.6%<br />

LACAR 016 04/07 -P<br />

TLR<br />

EFICÁCIA<br />

Trombose<br />

no Stent<br />

Todos os<br />

óbitos<br />

Morte<br />

cardíaca<br />

IM com<br />

onda Q<br />

Morte ou IM<br />

com onda Q<br />

Controle de Stent<br />

Metálico<br />

Stent TAXUS <br />

1 TAXUS 4 year meta-analysis, presented by Dr. Baim, TCT 2006. Trials included in TAXUS meta-analysis: TAXUS II, IV, V, VI trials.<br />

TAXUS II trial: TAXUS Stent is the Paclitaxel-eluting NIR® Stent; control is the NIR® Stent. TAXUS NIR® (or NIRx) Stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA).<br />

TAXUS IV and VI trials: TAXUS Stent is the TAXUS Express Stent; control is the Express Stent. TAXUS Express Stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA).<br />

TAXUS V trial: TAXUS Stent is the TAXUS Express Stent; control is the Express2 Stent. Paclitaxel-Coated NIR® stent: NIRx® stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA)


anuncio jornal sbhci2.ai 4/25/07 12:03:46 PM<br />

O Taxus é mais eficaz na redução<br />

da revascularização em pacientes<br />

diabéticos do que os stents metálicos 1<br />

Metanálise de 4 anos do stent TAXUS . Todos os diabéticos<br />

Estudos TAXUS II (4-anos), IV (4-anos), V (2-anos), VI (3-anos) (N=814)<br />

p 0. 0001<br />

p=0.80<br />

p=0.58<br />

p=0.75<br />

p=0.18 p=0.31<br />

25.4%<br />

50%<br />

Eventos (%)<br />

13.1%<br />

1.2% 1.4%<br />

11.0% 9.1%<br />

3.8% 4.6% 1.7% 0.5%<br />

12.6%<br />

9.6%<br />

LACAR 016 04/07 -P<br />

TLR<br />

EFICÁCIA<br />

Trombose<br />

no Stent<br />

Todos os<br />

óbitos<br />

Morte<br />

cardíaca<br />

IM com<br />

onda Q<br />

Morte ou IM<br />

com onda Q<br />

Controle de Stent<br />

Metálico<br />

Stent TAXUS <br />

1 TAXUS 4 year meta-analysis, presented by Dr. Baim, TCT 2006. Trials included in TAXUS meta-analysis: TAXUS II, IV, V, VI trials.<br />

TAXUS II trial: TAXUS Stent is the Paclitaxel-eluting NIR® Stent; control is the NIR® Stent. TAXUS NIR® (or NIRx) Stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA).<br />

TAXUS IV and VI trials: TAXUS Stent is the TAXUS Express Stent; control is the Express Stent. TAXUS Express Stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA).<br />

TAXUS V trial: TAXUS Stent is the TAXUS Express Stent; control is the Express2 Stent. Paclitaxel-Coated NIR® stent: NIRx® stent is an investigational device, not for sale in the European Economic Area (EEA)


anu 21x28.indd 1 <strong>15</strong>/5/2007 18:51:10


A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, ISSN 0104-1843, é órgão de publicação oficial da Sociedade<br />

Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Indexada na base de dados LILACS - Literatura<br />

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. Apresenta publicação trimestral: Março, Junho,<br />

Setembro e Dezembro e é editorada e impressa pela Ipsis Gráfica e Editora S.A, São Paulo, SP.<br />

Este fascículo apresenta tiragem de 11.000 exemplares e é distribuído gratuitamente a todos os sócios da<br />

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista e da Sociedade Brasileira de Cardiologia.<br />

Anunciar / Assinar a Revista: Para anunciar ou assinar a Revista, entrar em contato com a Secretária de<br />

Publicações. Tel.: (11) 3849-5034, e-mail: revista@sbhci.org.br<br />

© 2007 Copyright. Todos os direitos reservados. Cópias de artigos podem ser reproduzidas para uso pessoal.<br />

Nenhuma outra modalidade de publicação pode ser reproduzida sem a prévia permissão por escrito da<br />

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Para qualquer outra permissão para<br />

reprodução, incluindo solicitação de republicação do material em outro veículo, favor contatar a secretaria<br />

executiva da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva.<br />

Responsabilidade legal (disclaimer): A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

e os editores da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva não podem ser responsabilizados por erros, danos<br />

ou por qualquer conseqüência de lesão a pacientes ou indivíduos derivados do uso das informações contidas<br />

nesta revista; os pontos de vista e as opiniões expressas não necessariamente refletem aquelas dos seus<br />

editores, tampouco a publicação de anúncios constituem qualquer endosso da Sociedade Brasileira de<br />

Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista ou dos editores pelos produtos anunciados pelos fabricantes.<br />

Disponível on-line: Para acessar a revista on-line visite o site www.rbci.org.br<br />

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - SBHCI<br />

Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista da Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC<br />

REVISTA BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA INVASIVA.<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - SBHCI<br />

(Sociedade Brasileira de Cardiologia) Rio de Janeiro, RJ - Brasil.<br />

1993, 1: 1, 2, 3<br />

1994, 2: 1, 2, 3<br />

1995, 3: 1, 2, 3<br />

1996, 4: 1, 2, 3<br />

1997, 5: 1, 2, 3<br />

1998, 6: 1, 2, 3<br />

1999, 7: 1, 2, 3, 4<br />

2000, 8: 1, 2, 3, 4<br />

2001, 9: 1, 2, 3, 4<br />

2002, 10: 1, 2, 3, 4<br />

2003, 11: 1, 2, 3, 4<br />

2004, 12: 1, 2, 3, 4<br />

2005, 13: 1, 2, 3, 4<br />

2006, 14: 1, 2, 3, 4<br />

2007, <strong>15</strong>: 1, 2<br />

ISSN 0104-1843<br />

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE BIBLIOTECÁRIOS.<br />

Grupo de Bibliotecários Biomédicos.<br />

Normas para catalogação de publicações seriadas nas bibliotecas especializadas.<br />

São Paulo, Ed. Polígono, 1972.


REVISTA BRASILEIRA DE<br />

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL • Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

Editora<br />

Áurea Jacob Chaves<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP<br />

Co-Editores<br />

Gilberto Lahorgue Nunes<br />

Hosp. São Francisco - Santa Casa de Porto Alegre<br />

Porto Alegre, RS<br />

Rodolfo Staico<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia<br />

São Paulo, SP<br />

Tradução<br />

Regina Alfarano<br />

American Translators Association<br />

Assessoria Editorial<br />

Rosangela Monteiro<br />

Secretaria de Publicações<br />

Natalia Mariotto<br />

Gráfica e Editora<br />

Ipsis Gráfica e Editora S.A<br />

Adriano Caixeta<br />

Instituto do Coração - Fundação Zerbini<br />

Brasília, DF<br />

Alexandre Abizaid<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia<br />

São Paulo, SP<br />

Amanda G. M. R. Sousa<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia<br />

São Paulo, SP<br />

Carlos A. C. Pedra<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia;<br />

Hospital do Coração - Associação<br />

do Sanatório Sírio<br />

São Paulo, SP<br />

Costantino R. F. Costantini<br />

Hospital Cardiológico Costantini<br />

Curitiba, PR<br />

Edgar Guimarães Victor<br />

Universidade Federal de Pernambuco;<br />

Real Hospital Português de Beneficência<br />

em Pernambuco<br />

Recife, PE<br />

Eulógio E. Martinez<br />

Instituto do Coração do Hospital das<br />

Clínicas da Faculdade de Medicina da USP<br />

São Paulo, SP<br />

Expedito E. Ribeiro<br />

Instituto do Coração do Hospital das<br />

Clínicas da Faculdade de Medicina da USP<br />

São Paulo, SP<br />

Daniel Berrocal<br />

Hospital Italiano de Buenos Aires<br />

Buenos Aires, Argentina<br />

Daniel I. Simon<br />

Harvard Medical School; Brigham<br />

and Women’s Hospital<br />

Boston, USA<br />

David Kandzari<br />

Duke Clinical Research Institute, Durham,<br />

North Carolina, USA<br />

Eberhard Grube<br />

Heart Center Siegburg, Siegburg, Germany<br />

Conselho Editorial Nacional<br />

Fábio S. Brito Jr.<br />

Hospital Israelita Albert Einstein<br />

São Paulo, SP<br />

Fábio Vilas-Boas<br />

Hospital Espanhol<br />

Salvador, BA<br />

Francisco R. M. Laurindo<br />

Instituto do Coração do Hospital das<br />

Clínicas da Faculdade de Medicina da USP<br />

São Paulo, SP<br />

Gilson Soares Feitosa<br />

Hospital Santa Izabel da Santa Casa de<br />

Misericórdia da Bahia<br />

Salvador, BA<br />

Hans J. F. Dohmann<br />

Hospital Pró-Cardíaco<br />

Rio de Janeiro, RJ<br />

Helio Roque Figueira<br />

Clínica São Vicente;<br />

Hospital CardioTrauma Ipanema<br />

Rio de Janeiro, RJ<br />

J. Antonio Marin-Neto<br />

Hospital das Clínicas, Faculdade de<br />

Medicina da USP<br />

Ribeirão Preto, SP<br />

J. Eduardo Sousa<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia;<br />

Hospital do Coração - Associação do<br />

Sanatório Sírio<br />

São Paulo, SP<br />

Conselho Editorial Internacional<br />

Emerson C. Perin<br />

Texas Heart Institute at St. Luke’s Episcopal<br />

Hospital, Houston, Texas, USA<br />

Manel Sabate<br />

San Carlos University Hospital,<br />

Madrid, Spain<br />

Marco A. Costa<br />

University of Florida, Shands<br />

Jacksonville, FL, USA<br />

Michael Lincoff<br />

The Cleveland Clinic Foundation,<br />

Cleveland, OH, USA<br />

José Armando Mangione<br />

Hospital de Beneficência Portuguesa<br />

de São Paulo<br />

São Paulo, SP<br />

José Klauber R. Carneiro<br />

Hospital do Coração de Sobral<br />

Sobral, CE<br />

Luiz Alberto P. Mattos<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia<br />

São Paulo, SP<br />

Paulo Caramori<br />

Hospital São Lucas, PUCRS;<br />

Hospital Mãe de Deus<br />

Porto Alegre, RS<br />

Pedro A. Lemos<br />

Instituto do Coração do Hospital das<br />

Clínicas da Faculdade de Medicina da USP<br />

São Paulo, SP<br />

Rogério Sarmento-Leite<br />

Instituto de Cardiologia do Rio Gde. do Sul<br />

Porto Alegre, RS<br />

Valter C. Lima<br />

Hospital São Paulo -<br />

Universidade Federal de São Paulo<br />

São Paulo, SP<br />

Wilson A. Pimentel Filho<br />

Hospital de Beneficência Portuguesa<br />

de São Paulo<br />

São Paulo, SP<br />

Myeog K. Hong<br />

Asan Medical Center, University of Ulsan<br />

College of Medicine Seoul, Korea<br />

Pim de Feyter<br />

Thoraxcenter, Erasmus Medical Center,<br />

Rotterdam, the Netherlands<br />

Ricardo Seabra-Gomes<br />

Hospital de Santa Cruz<br />

Lisboa, Portugal<br />

Ron Waksman<br />

Washington Hospital Center, Washington,<br />

DC, USA


Órgão Oficial da<br />

Sociedade Brasileira<br />

de Hemodinâmica e<br />

Cardiologia Intervencionista<br />

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL • Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA<br />

Presidente<br />

Luiz Alberto Piva e Mattos (SP)<br />

Secretário<br />

Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes (PB)<br />

Tesoureiro<br />

Hélio Roque Figueira (RJ)<br />

Presidente da Comissão Científica<br />

Pedro Alves Lemos Neto (SP)<br />

Diretor de Comunicação<br />

Rogério Eduardo Gomes Sarmento-Leite (RS)<br />

Diretor de Defesa Profissional<br />

Luiz Antônio Gubolino (SP)<br />

Diretor da CENIC<br />

José Antônio Marin-Neto (SP)<br />

Diretor de Intervenções Extracardíacas<br />

Marcos Antônio Marino (MG)<br />

Comissão Científica<br />

Pedro Alves Lemos Neto (SP)<br />

Amanda Guerra Moraes Rego Sousa (SP)<br />

Cláudia Maria Rodrigues Alves (SP)<br />

Expedito Eustáquio Ribeiro Silva (SP)<br />

Júlio César Machado Andréa (RJ)<br />

Marco Vugman Wainstein (RS)<br />

Maurício Rezende Barbosa (MG)<br />

Wilson Albino Pimentel Filho (SP)<br />

Conselho Fiscal<br />

Itamar Ribeiro de Oliveira (RN)<br />

João Paulo Zouvi (RS)<br />

Júlio César Machado Andréa (RJ)<br />

Maria do Rosário Britto Leite (PE)<br />

Viviana de Mello Guzzo Lemke (PR)<br />

Conselho Deliberativo<br />

Alexandre do Canto Zago (RS)<br />

Ari Mandil (MG)<br />

Bruno Moulin Machado (ES)<br />

Eduardo Lúcio Nicolela Júnior (SP)<br />

Flávio Roberto Azevedo de Oliveira (PE)<br />

Luiz Antônio Ferreira Carvalho (RJ)<br />

Marcelo de Freitas Santos (PR)<br />

Ricardo César Cavalcante (AL)<br />

Roberto José Alvarenga Freire (GO)<br />

Salvador André Bavaresco Cristóvão (SP)


REVISTA BRASILEIRA DE<br />

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL • Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

SUMÁRIO<br />

EDITORIAIS<br />

101<br />

102<br />

104<br />

A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva Avança a Passos Largos Rumo às Metas<br />

Estabelecidas<br />

Áurea Jacob Chaves<br />

Curva de Aprendizado ou de Aperfeiçoamento?<br />

Roberto V. Botelho, Clauber Lourenço<br />

Utilidade da Cintilografia Miocárdica na Avaliação de Pacientes Submetidos à<br />

Revascularização Percutânea: Importância de Seguir as Diretrizes<br />

Gabriel Blacher Grossman<br />

ARTIGOS ORIGINAIS<br />

107<br />

1<strong>15</strong><br />

119<br />

125<br />

134<br />

141<br />

Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea<br />

com Êxito: Dependência de Fatores Microcirculatórios<br />

J. Antonio Marin-Neto, Moysés de O. Lima Filho, Marcus V. Simões, A. O. Pintya,<br />

Pedro E. Horta, Siguemituzo Ariê (in memoriam)<br />

Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na Ocorrência de Complicações<br />

Associadas aos Procedimentos pela Via Radial<br />

Gilberto Lahorgue Nunes, Alessandra Teixeira de Oliveira, Leonardo Alves, Trajano Alfonso<br />

Angiografia Versus Fluxo Fracionado de Reserva na Avaliação do Grau de Importância<br />

das Estenoses Coronárias<br />

Fernando Mendes Sant’Anna, Expedito Ribeiro da Silva, Leonardo Alves Batista,<br />

Fábio Machado Ventura, Marcelo Bastos Brito, Haroldo Adans Ferraz,<br />

Leonardo Buczynski, Carlos Alberto Mussel Barrozo, Nico Pijls<br />

<strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária como Preditor de Reestenose<br />

Angiográfica. Estudo em Pacientes com Alto Risco de Reestenose<br />

Moysés de Oliveira Lima-Filho, Geraldo Luiz de Figueiredo, Cleide Marques Antloga,<br />

Silvio Sergio Pontes Câmara, Maria Cristina Foss-Freitas, Milton Cesar Foss,<br />

José Antonio Marin-Neto<br />

Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo<br />

Daniel Guilherme Arnoni, Justo José Santiago Peña, Valmir Fernandes Fontes,<br />

Sérgio Luiz Navarro Braga, César Augusto Esteves, Waldinai Pereira Ferreira,<br />

Simone Rolim Fernandes Fontes Pedra, Maria Virgínia Tavares Santana, Julio César Santin,<br />

Jean Marcelo Ferreira da Silva, Roberto O’Connor, Carlos Augusto Cardoso Pedra<br />

Eficácia e Segurança do Cateter “Pronto” para Aspiração Manual de Trombo Durante<br />

Angioplastia Primária no Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST<br />

Márcio Antônio dos Santos, Carlos Guilherme B. Fonseca, Moacir Fernandes de Godoy


ARTIGOS DE REVISÃO<br />

145<br />

<strong>15</strong>1<br />

Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio<br />

Franca Stedile Angeli, Edie Mello de Oliveira<br />

Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas<br />

Rogério Tadeu Tumelero, Norberto Toazza Duda, Alexandre Pereira Tognon<br />

RELATOS DE CASO<br />

160<br />

164<br />

Tratamento de Trombose Tardia de Stent Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo<br />

Marcus Ernesto Sampaio Lacativa, Leonardo Furtado de Oliveira, Rodrigo de Franco Cardoso,<br />

João Luiz Frighetto, Rodolfo de Franco Cardoso, Julio Eduardo Campos, Francisco Cabral Cardoso,<br />

Luiz Paulo Rebello Alves<br />

Trombose Tardia (3 Anos e 9 Meses) de Stent Cypher<br />

Marco Antônio M. Fossati, Arthur Valls B. Cavalcanti<br />

IMAGEM & INTERVENÇÃO CARDIOVASCULAR<br />

167<br />

168<br />

Fístula da Artéria Descendente Anterior para Ventrículo Direito Pós-Implante de Stent<br />

Ricardo Wang, Newton Stadler Souza Filho, Marisa Freitas Leal, Claudia Burigo Zanuzzi,<br />

Estela Regina Klosoviski, Tatiana Vitola Rohn, Paulo Batista Queiroz Júnior<br />

Reendotelização dos Stents Farmacológicos<br />

Eduardo Missel<br />

TEMAS LIVRES<br />

171 Temas Livres do XXIX Congresso da SBHCI<br />

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO<br />

197 Normas da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 101.<br />

Botelho RV, Lourenço C. Curva de Aprendizado ou de Aperfeiçoamento? Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): xxx.<br />

Editorial<br />

A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva Avança a<br />

Passos Largos Rumo às Metas Estabelecidas<br />

Os primeiros meses no cargo de editora da RBCI<br />

têm sido um período de intenso aprendizado e<br />

agradáveis surpresas. As diversas etapas do processo<br />

editorial, com todas as suas particularidades, são<br />

enfrentadas no dia-a-dia com a ajuda de uma equipe<br />

editorial pequena, coesa e muito eficiente. Essencial<br />

nesse processo tem sido a participação dos autores,<br />

que após a indexação da RBCI na LILACS (Literatura<br />

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde),<br />

em janeiro de 2007, aumentaram, substancialmente,<br />

suas submissões, e do Conselho de Revisores, recentemente<br />

expandido, que tem cumprido, exemplarmente,<br />

seus prazos de avaliação, agilizando as publicações.<br />

Além das obrigações editoriais, a nossa preocupação<br />

tem sido a de implementar serviços essenciais,<br />

como a criação de uma página eletrônica própria para<br />

a RBCI, com todos os recursos desse instrumento.<br />

Atualmente, a consulta à revista está aquém da ideal,<br />

realizada indiretamente por meio do acesso ao site da<br />

SBHCI. Essa consulta permite somente a seleção de<br />

uma determinada edição, disponibilizada em bloco,<br />

em um único documento em formato pdf. Com a<br />

página própria, teremos disponível um sistema de procura<br />

avançado, que permite localizar palavras-chave,<br />

autores e edições, por ano e volume. Esse novo recurso<br />

permitirá um melhor controle do número de consultas<br />

e transferências de cada artigo publicado, dando ao<br />

Corpo Editorial informações importantes a respeito dos<br />

temas de maior interesse aos leitores. Adicionalmente,<br />

estará disponível, simultaneamente, a versão em inglês<br />

de cada nova edição, requisito fundamental para a<br />

divulgação internacional de nossa Revista. Dentro desse<br />

contexto, providências já foram tomadas no sentido<br />

de acrescentar a lista de endereços eletrônicos da<br />

SOLACI à da SBC, destino das mensagens eletrônicas<br />

quinzenais, que serão divulgadas com resenhas de<br />

artigos de maior relevância de cada nova edição. A<br />

data para o início do funcionamento da página eletrônica<br />

da RBCI está prevista para junho de 2007, durante<br />

a realização do Congresso da SBHCI, em Brasília.<br />

Durante esse Congresso, ocorrerá a II Reunião do<br />

Conselho Editorial, que contará com a participação de<br />

um convidado especial, o Dr. Christopher White, editorchefe<br />

do Catheterization and Cardiovascular Interventions,<br />

jornal oficial da SCAI (The Society for Cardiovascular<br />

Angiography and Interventions). O Dr. White<br />

fará uma palestra, na qual compartilhará com a audiência<br />

sua experiência na gestão desse importante periódico<br />

especializado em Cardiologia Intervencionista. Serão<br />

discutidos tópicos como: qualidades e pré-requisitos<br />

para o editor de um jornal médico, como estimular<br />

submissões espontâneas de manuscritos, o controle<br />

de qualidade da revisão pelos pares e critérios para a<br />

renovação do conselho editorial.<br />

Nessa ocasião, o Conselho Editorial dará as boasvindas<br />

aos dois novos co-editores da RBCI, Dr. Carlos<br />

Augusto Cardoso Pedra e Dr. Marco Vugman Wainstein.<br />

Eles substituirão os atuais co-editores, Dr. Rodolfo Staico,<br />

requisitado para atuar na Comissão Julgadora de Título<br />

de Especialista e Certificação, e o Dr. Gilberto Lahorgue<br />

Nunes, convocado para integrar a Comissão<br />

Científica da SBHCI, companheiros queridos aos quais<br />

agradecemos o empenho e a dedicação dispensados<br />

à RBCI. O Dr. Carlos Augusto Cardoso Pedra é Doutor<br />

em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP,<br />

chefe da Seção Médica de Intervenções em Cardiopatias<br />

Congênitas do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,<br />

em São Paulo, e professor responsável pela disciplina<br />

de Cardiologia Pediátrica da Pós-Graduação desta mesma<br />

instituição, com vasta experiência em procedimentos<br />

terapêuticos percutâneos de vanguarda, como a<br />

oclusão de defeitos septais e estruturas vasculares,<br />

bem como, na utilização de stents endovasculares. O<br />

Dr. Marco Vugman Wainstein é Doutor em Ciências<br />

da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do<br />

Sul, professor da Pós-Graduação da mesma universidade<br />

e cardiologista intervencionista do Hospital de<br />

Clínicas de Porto Alegre, com linha de pesquisa vinculada<br />

aos variados aspectos inflamatórios da doença<br />

arterial coronária, placa vulnerável e estresse oxidativo.<br />

Esperamos que ambos agreguem e estimulem ainda<br />

mais a participação dos colegas da SBHCI em nosso<br />

projeto de crescimento e qualificação internacional da<br />

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, rumo às metas<br />

estabelecidas para o biênio 2007-2008.<br />

Áurea Jacob Chaves<br />

Editora, Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

101


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 102-103.<br />

Botelho RV, Lourenço C. Curva de Aprendizado ou de Aperfeiçoamento? Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 102-103.<br />

Curva de Aprendizado ou de Aperfeiçoamento?<br />

Editorial<br />

Ver artigo relacionado<br />

na página 1<strong>15</strong><br />

Roberto V. Botelho 1 , Clauber Lourenço 1<br />

Desde sua introdução para angiografia diagnóstica,<br />

por Campeau 1 , em 1989, e para intervenções<br />

coronárias terapêuticas, por Kiemeneij e Laarman<br />

2 , em 1993, a via radial tem sido ampla e progressivamente<br />

utilizada em procedimentos endovasculares<br />

percutâneos, sejam cardíacos ou extracardíacos 3 . Vários<br />

e consistentes são os argumentos fomentadores<br />

dessa tendência universal, em comparação ao acesso<br />

braquial ou femoral, dentre eles estão a maior comodidade<br />

ao paciente, aferida pela maior qualidade de<br />

vida, percepção de desconforto, dor, ou mesmo, maior<br />

agilidade após o procedimento 4 . A possibilidade de<br />

deambulação precoce: nenhuma outra alternativa oferece<br />

deambulação tão rápida a tamanha parcela de pacientes;<br />

os dispositivos de sutura da artéria femoral<br />

não proporcionam tal precocidade à deambulação,<br />

tampouco o fazem à grande parcela dos candidatos<br />

ao método. Além disso, o acesso radial apresenta menores<br />

complicações, principalmente aquelas conseqüentes<br />

ao uso da terapia antitrombótica vigorosa, em<br />

síndromes coronárias agudas 5 . A vantagem da via radial<br />

é ainda mais legitimada ao se aferirem as complicações<br />

à luz da ultra-sonografia vascular, capaz de diagnosticar<br />

complicações não percebidas ao exame clínico<br />

desarmado. A relação custo/efetividade também é favorável<br />

ao acesso radial, haja vista a redução do tempo<br />

de internação hospitalar com esta via e dos custos<br />

derivados das complicações durante os acessos femorais<br />

ou braquiais 6 . Imprescindível aos laboratórios de cardiologia<br />

intervencionista é a ampliação de indicações,<br />

quando a via femoral é contra-indicada ou apresenta<br />

limitações 5 . Neste aspecto, até dez por cento dos pacientes<br />

não se candidatam ao acesso femoral, seja por<br />

doença aorto-ilíaca, anticoagulação sistêmica, obesidade<br />

mórbida, entre outros 7 . Nenhum intervencionista<br />

pode prescindir do domínio técnico dessa abordagem,<br />

tanto mais quando os avanços técnicos e tecnológicos<br />

criam instrumental cada vez mais apropriado, reduzindo<br />

eventuais limitações, como agulhas e jelcos específicos<br />

para a punção da artéria radial, guias metálicos<br />

com pontas mais macias e corpos de maior suporte,<br />

introdutores revestidos com polímeros lubrificantes,<br />

cateteres de menor calibre e com curvaturas multifuncionais<br />

(aptos a cateterizar seletivamente ambas as<br />

artérias coronárias, mesmo que com curvas pré-formadas),<br />

inúmeros dispositivos inteligentes para a compressão<br />

seletiva da artéria radial, poupando a artéria ulnar<br />

e mantendo o adequado fluxo do arco palmar, etc 8 .<br />

Por isso, essa via tem sido empregada em diferentes<br />

situações diagnósticas e terapêuticas, servindo ao tratamento<br />

de lesões complexas com aterectomias, abordagem<br />

de bifurcações, intervenções extracardíacas, em<br />

artérias carótidas, renais ou outros vasos maiores 3 . Em<br />

situações de emergência, como o infarto agudo do<br />

miocárdio, obtêm-se resultados semelhantes quanto<br />

aos índices de sucesso, porém, com significativa redução<br />

das complicações, principalmente aquelas relacionadas<br />

ao sítio da punção e ao uso de potente farmacologia<br />

antitrombínica e antiplaquetária 9 . Em nosso meio,<br />

avaliamos, em estudo randomizado e prospectivo, 600<br />

pacientes submetidos à angioplastia primária, no infarto<br />

agudo do miocárdio, comparando a via radial à femoral.<br />

Os tempos porta-balão foram semelhantes, assim como<br />

os índices de sucesso e de fluxo TIMI 3 10 .<br />

Entre as limitações, a ausência de boa suplência do<br />

arco palmar pela artéria ulnar pode restringir até 7%<br />

das indicações, quando se utiliza o teste de Allen manual.<br />

Essa limitação pode ser amenizada pelo teste oximétrico,<br />

quando menos que 2% dos pacientes se apresentam<br />

com o teste inadequado, portanto, negativo 11 .<br />

A técnica é contra-indicada a pacientes com insuficiência<br />

renal, assim como àqueles com arterites ou<br />

fenômeno de Raynaud. A reutilização desta via é limitada,<br />

pois, mesmo que possível, à medida que seja<br />

reutilizada, a artéria radial sofre progressiva redução<br />

de calibre por remodelamento e espessamento intimal 12 ,<br />

até a inviabilidade de nova punção, geralmente após<br />

a sétima utilização 13 .<br />

A dose de radiação é, geralmente, maior que aquela<br />

oferecida pela via femoral, mesmo que o tempo de<br />

fluoroscopia seja semelhante, pois o operador trabalha<br />

mais próximo ao tubo de raios-X 14 . A curva de aprendi-<br />

1<br />

Instituto do Coração do Triângulo, Uberlândia, MG.<br />

Correspondência: Dr. Roberto Botelho. Instituto do Coração do Triângulo. Rua Arthur Bernardes, 555 - Martins - Uberlândia, MG - CEP 38400-368<br />

Tel.: (34) 3239-8700 • E-mail: r.botelho@itms.com.br<br />

Recebido em: 07/05/2007 • Aceito em: 08/05/2007<br />

102


Botelho RV, Lourenço C. Curva de Aprendizado ou de Aperfeiçoamento? Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 102-103.<br />

zado é maior que a exigida pela via femoral e tem sido<br />

fonte de resistência de alguns operadores. Entretanto,<br />

deve-se atentar para inúmeras variáveis que interferem<br />

nessa análise e justificam a controvérsia e o debate<br />

sobre o real impacto desta curva de aprendizado. A<br />

principal causa de insucesso é a falha na canulação<br />

da artéria radial, responsável por até 80% dos insucessos.<br />

A simples sedação superficial dos pacientes,<br />

promovendo menor incidência de espasmos arteriais,<br />

pode interferir significativamente sobre essa variável.<br />

A utilização de jelcos de menor calibre também aumenta<br />

o sucesso do procedimento. Uma vez canulada a artéria,<br />

os espasmos podem ser reduzidos ao se empregarem<br />

introdutores lubrificados com silicone, assim como ao<br />

se utilizar um só cateter, evitando-se as trocas. O trabalho<br />

de Nunes et al. <strong>15</strong> apresenta interessante análise da<br />

redução de complicações ao longo do tempo, sugerindo<br />

curva de aprendizado de até 500 casos. Porém, em<br />

sua análise, englobam-se experiências de quatro operadores<br />

e não se discriminou o impacto do incremento<br />

técnico e tecnológico ao longo do tempo, o que pode<br />

reduzir esse período de aprendizado. A redução de<br />

insucessos e de complicações pode se dever a incrementos<br />

técnicos e tecnológicos, muito mais que à simples<br />

curva de aprendizado. Talvez represente curva de<br />

aperfeiçoamento, muito mais que de aprendizado, o<br />

que pode ocorrer com qualquer técnica, mesmo após<br />

seu amadurecimento. O índice de sucesso dos primeiros<br />

500 casos da experiência de Nunes et al. <strong>15</strong> já é<br />

semelhante àquele apresentado pelo acesso braquial<br />

no estudo pioneiro Access 16 , em torno de 95%. Da<br />

mesma forma, este índice, após os 4000 casos de Nunes<br />

et al. <strong>15</strong> , se aproxima dos melhores resultados do acesso<br />

femoral no mesmo estudo Access, em torno de 99%.<br />

Seja aprendizado ou aperfeiçoamento, a técnica<br />

atinge sua maioridade, ao se completarem 18 anos de<br />

sua introdução por Campeau 1 , com seu lugar solidamente<br />

estabelecido nos programas de treinamento, assim<br />

como na prática diária dos diferentes centros de cardiologia<br />

intervencionista.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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associadas aos procedimentos pela via radial. Rev<br />

Bras Cardiol Invas. 2007;<strong>15</strong>(2):1<strong>15</strong>-8.<br />

103


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 104-106.<br />

Grossman GB. Utilidade da Cintilografia Miocárdica na Avaliação de Pacientes Submetidos à Revascularização Percutânea:<br />

Importância de Seguir as Diretrizes. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 104-106.<br />

Editorial<br />

Utilidade da Cintilografia Miocárdica na Avaliação de<br />

Pacientes Submetidos à Revascularização Percutânea:<br />

Importância de Seguir as Diretrizes<br />

Ver artigo relacionado<br />

na página 107<br />

Gabriel Blacher Grossman 1,2<br />

Acintilografia miocárdica (CM) é um método de imgem<br />

bem estabelecido na prática cardiológica e<br />

a sua utilidade para a tomada de decisões e<br />

conduta encontra respaldo em farta literatura publicada<br />

nas duas últimas décadas 1 . O uso da técnica tomográfica<br />

(SPECT – single photon emission computed tomography),<br />

de agentes marcados com Tc-99m, da análise semiquantitativa<br />

por meio de escores de gravidade, da análise<br />

quantitativa dos defeitos perfusionais com uso de base<br />

de dados de pacientes normais e da análise funcional<br />

do ventrículo esquerdo sincronizada com o eletrocardiograma<br />

incrementou a sua acurácia diagnóstica. O<br />

valor diagnóstico e prognóstico da CM na avaliação<br />

de pacientes com cardiopatia isquêmica suspeita ou<br />

estabelecida está bem documentado em diversos cenários<br />

clínicos, como na avaliação de dor torácica, na<br />

estratificação de risco após síndrome coronariana aguda,<br />

na avaliação terapêutica e na pesquisa de viabilidade<br />

miocárdica.<br />

Outro cenário clínico em que a CM é comumente<br />

utilizada é na avaliação de pacientes que foram submetidos<br />

à revascularização percutânea (RP). A CM pode<br />

demonstrar o sucesso do procedimento, evidenciando<br />

redução da área isquêmica, bem como avaliar de maneira<br />

adequada aqueles pacientes que apresentam dor torácica<br />

após a revascularização e estratificar o risco de<br />

eventos cardíacos após o procedimento 2 . Foi demonstrado<br />

que a sensibilidade do teste ergométrico é inferior<br />

à CM na avaliação de pacientes submetidos à RP 1 .<br />

A anormalidade perfusional após a revascularização<br />

pode corresponder a complicações peri-procedimento,<br />

ao comprometimento de ramos secundários coronarianos,<br />

à isquemia em artérias não revascularizadas, à<br />

reestenose do vaso tratado ou à nova obstrução. Cabe<br />

ressaltar que foi demonstrado que a presença de sintomas<br />

nem sempre é um bom marcador de reestenose,<br />

já que até 25% dos pacientes assintomáticos podem<br />

apresentar isquemia após a realização de angioplastia<br />

e colocação de stent 3,4 .<br />

Recentemente, foram publicadas as indicações para<br />

a utilização clínica da CM, sendo a avaliação de pacientes<br />

após RP um dos cenários clínicos analisados 5 . Em<br />

pacientes sintomáticos após revascularização, o uso<br />

da CM na avaliação da etiologia da dor é considerado<br />

apropriado. Em pacientes assintomáticos, quando o<br />

indivíduo não apresentava sintomas antes do procedimento,<br />

a utilização da CM para detecção de isquemia<br />

e avaliação terapêutica é considerada válida, sendo<br />

necessários mais dados na literatura para uma recomendação<br />

definitiva. No entanto, se o paciente está assintomático<br />

e apresentava sintomas antes da revascularização,<br />

o uso da CM em um período inferior a dois<br />

anos é considerado inadequado. Nesta última situação,<br />

quando o período for superior a dois anos, o uso da<br />

CM poderá ser considerado, embora as opiniões dos<br />

especialistas não sejam consensuais. As diretrizes do<br />

Grupo de Estudos de Cardiologia Nuclear/Sociedade<br />

Brasileira de Cardiologia não recomendam o uso rotineiro<br />

da CM em pacientes assintomáticos após RP 6 .<br />

Outra situação que merece discussão é a avaliação<br />

precoce de pacientes após RP. As diretrizes americanas<br />

sugerem que não se faça estudo cintilográfico nos<br />

primeiros 2 meses após o procedimento 1 . Isto porque<br />

alguns estudos demonstraram que outros fatores, que<br />

não reestenose, podem alterar a perfusão miocárdica<br />

nas primeiras semanas após a RP. Esta questão é analisada<br />

no artigo de Marin-Neto et al. 7 , nesta edição da<br />

RBCI. Neste estudo, os autores analisaram 36 pacientes<br />

que foram randomizados para tratamento com angioplastia<br />

coronariana ou aterectomia rotacional, com evidência<br />

cintilográfica de isquemia miocárdica e lesão<br />

1<br />

Cardionuclear - Instituto de Cardiologia, Porto Alegre, RS.<br />

2<br />

Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS.<br />

Correspondência: Gabriel Blacher Grossman. Cardionuclear - Av. Princesa Isabel, 395 - Porto Alegre, RS, Brasil - CEP 90620-001.<br />

Fone: (51) 3217-2580 - Fax: (51) 3217-7200 • E-mail: ggrossman@terra.com.br<br />

Recebido em: 07/05/2007 • Aceito em: 08/05/2007<br />

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Grossman GB. Utilidade da Cintilografia Miocárdica na Avaliação de Pacientes Submetidos à Revascularização Percutânea:<br />

Importância de Seguir as Diretrizes. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 104-106.<br />

coronariana ≥70%. Em um período médio de sete dias<br />

após a intervenção, os pacientes foram submetidos à<br />

nova CM. O índice de sucesso clínico e angiográfico<br />

foi similar nos dois grupos (93% no grupo que realizou<br />

aterectomia vs. 95% no grupo submetido à angioplastia).<br />

Os valores de duplo produto, no momento da injeção<br />

do radiofármaco, também foram similares. Os autores<br />

descrevem uma redução das alterações perfusionais<br />

ao estresse, em ambos os grupos, mas com significância<br />

estatística no grupo da angioplastia. No estudo em<br />

repouso, houve redução do defeito perfusional, no<br />

grupo da angioplastia, e aumento da hipoperfusão, no<br />

grupo submetido à aterectomia (sem significância estatística).<br />

A conclusão do estudo é que as anormalidades<br />

perfusionais precoces após o procedimento estejam<br />

relacionadas a distúrbios microcirculatórios associados<br />

à microembolizações durante a aterectomia.<br />

Os achados do estudo de Marin-Neto et al. 7 são<br />

similares aos resultados de diversos estudos já publicados<br />

na literatura, demonstrando alterações perfusionais<br />

em pacientes que realizam precocemente a CM após<br />

RP. Koch et al. 8 demonstraram alta incidência de defeitos<br />

perfusionais transitórios com a realização de CM<br />

até dois dias após aterectomia, em pacientes com reestenose<br />

intra-stent ou novas lesões (88 e 92%, respectivamente).<br />

No entanto, a incidência, a extensão e a<br />

gravidade da hipoperfusão não se relacionaram com<br />

o tipo ou quantidade do material retirado, sugerindo<br />

que a embolização da placa não seja o principal causador<br />

dos defeitos perfusionais, quando comparado<br />

com outros fatores, como agregação plaquetária ou<br />

microcavitações. Este mesmo autor demonstrou redução<br />

da incidência, extensão e gravidade da hipoperfusão<br />

transitória pós-aterectomia com o uso do bloqueador<br />

da GPIIb/IIIa, o que sugere que a agregação plaquetária,<br />

realmente, tenha papel importante na etiologia das<br />

alterações perfusionais precoces após RP com aterectomia<br />

9 . Em outro estudo que analisou pacientes após<br />

angioplastia ou colocação de stent, os achados perfusionais<br />

na CM, nas primeiras 24 horas do procedimento,<br />

não predizeram a necessidade de nova revascularização<br />

tardia 10 . Outro aspecto importante a ser considerado é<br />

o trauma e provável disfunção endotelial associada<br />

como causa de alterações perfusionais transitórias. Sabese,<br />

à luz da evidência atual, que alterações cintilográficas<br />

em pacientes com vasos epicárdicos sem lesões hemodinamicamente<br />

significativas podem estar relacionadas<br />

à redução da reserva coronariana, demonstrada,<br />

por exemplo, com quantificação absoluta de fluxo<br />

coronariano por meio da tomografia por emissão de<br />

pósitrons 11 . Pacientes diabéticos podem apresentar alterações<br />

perfusionais e funcionais na CM, angiografia<br />

com artérias coronárias normais e teste não invasivo<br />

demonstrando disfunção endotelial (por exemplo, teste<br />

da reatividade da artéria braquial) 12 . Embora não existam<br />

dados suficientes na literatura sobre este tema, o<br />

trauma e a disfunção endotelial transitória representam<br />

uma explicação atraente para defeitos perfusionais<br />

precoces após RP.<br />

Em contrapartida ao que foi demonstrado por Marin-<br />

Neto et al. 7 , outros autores evidenciaram relação entre<br />

as alterações perfusionais precoces na CM e complicações<br />

peri-procedimento ou aumento da taxa de reestenose<br />

13,14 . A discrepância entre os achados angiográfico<br />

e cintilográfico também pode ser justificada por lesões<br />

não analisadas adequadamente pela angiografia. Bachmann<br />

et al. <strong>15</strong> demonstraram que, nesta situação, a<br />

ultra-sonografia coronária pode ser útil, ao evidenciar<br />

uma maior freqüência de lesão residual nos pacientes<br />

com isquemia 48 horas após procedimento de revascularização<br />

(50% de estenose em pacientes com CM<br />

anormal vs. 33% em pacientes com CM normal).<br />

Apesar do tamanho da amostra do estudo de<br />

Marin-Neto et al. 7 ser pequeno, nenhum estudo que<br />

avaliou a questão apresentou uma população com um<br />

número significativamente maior de pacientes. O estudo<br />

é consistente em demonstrar resultados já previamente<br />

descritos na literatura e ressalta a importância<br />

da relação de outros fatores que não reestenose nas<br />

alterações perfusionais precoces após aterectomia. Mesmo<br />

não sendo evidenciado neste trabalho, a literatura<br />

demonstra que a CM realizada precocemente após<br />

angioplastia/stent também pode demonstrar alterações<br />

perfusionais que não estão relacionadas à reestenose<br />

e, provavelmente, sejam causadas por algum dos fatores<br />

já discutidos previamente. Este é um dado significativo,<br />

tendo em vista que a aterectomia não é um procedimento<br />

de RP realizado freqüentemente em nosso<br />

meio. É importante que estudos futuros avaliem a freqüência<br />

das alterações perfusionais precoces em pacientes<br />

submetidos a técnicas de RP mais recentes e que<br />

realizem nova CM em um período mais longo de<br />

acompanhamento, para determinar se houve ou não<br />

resolução do defeito perfusional observado, bem como<br />

uma angiografia de controle para correlação dos dados<br />

angiográficos e cintilográficos.<br />

Na prática clínica, qual a importância destes achados?<br />

Deve-se reconhecer que alterações cintilográficas<br />

observadas em CM realizada precocemente após RP<br />

(até dois meses) não necessariamente estão relacionadas<br />

à reestenose. No entanto, esta alteração deve ser<br />

valorizada quando o paciente apresentar sintomas. A<br />

utilização da CM após RP, de acordo com as diretrizes<br />

estabelecidas, diminui a chance de valorizar achados<br />

pouco específicos e permite selecionar um grupo de<br />

pacientes em que a CM pode fornecer informações<br />

perfusionais e funcionais importantes que auxiliem no<br />

manejo do paciente revascularizado.<br />

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Ninnemann S, et al. Influence of a platelet GPIIb/IIIa receptor<br />

antagonist on myocardial hypoperfusion during rotational<br />

atherectomy as assessed by myocardial Tc-99m sestamibi<br />

scintigraphy. J Am Coll Cardiol. 1999;33(4):998-1004.<br />

10. Jaffe R, Haim SB, Karkabi B, Front A, Gips S, Weisz G, et<br />

al. Myocardial perfusion abnormalities early (12-24h) after<br />

coronary stenting or balloon angioplasty: implications regarding<br />

pathophysiology and late clinical outcome. Cardiology.<br />

2002;98(1-2):60-6.<br />

11. Iskandrian AE. The Achilles heel of SPECT imaging: the falsepositive<br />

scans-or are they? J Nucl Cardiol. 2006;13(6):747-8.<br />

12. Papaioannou GI, Kasapis C, Seip RL, Grey NJ, Katten D,<br />

Wackers FJ, et al. Value of peripheral vascular endothelial<br />

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asymptomatic type 2 diabetic patients who underwent myocardial<br />

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13. Iskandrian AS, Lemlek J, Ogilby JD, Untereker WJ, Cave V,<br />

Heo J. Early thallium imaging after percutaneous transluminal<br />

coronary angioplasty: tomographic evaluation during adenosine-induced<br />

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14. Rodes-Cabau J, Candell-Riera J, Domingo E, Castell-Conesa<br />

J, Anivarro I, Angel J, et al. Frequency and clinical significance<br />

of myocardial ischemia detected early after coronary stent<br />

implantation. J Nucl Med. 2001;42(12):1768-72.<br />

<strong>15</strong>. Bachmann R, Sechtem U, Voth E, Voth E, Hopp HW, Schicha<br />

H. Dipyridamole scintigraphy and intravascular ultrasound<br />

after successful coronary intervention. J Nucl Med. 1997;38(4):<br />

553-8.<br />

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Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

Artigo Original<br />

Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos<br />

após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios<br />

J. Antonio Marin-Neto 1 , Moysés de O. Lima Filho 1 , Marcus V. Simões 1 ,<br />

A. O. Pintya 1 , Pedro E. Horta 2 , Siguemituzo Ariê 2 (in memoriam)<br />

RESUMO<br />

Introdução: A persistência transitória de defeitos perfusionais<br />

imediatamente após intervenção coronária percutânea bem<br />

sucedida para correção de estenoses coronárias é bem documentada.<br />

Método: Para testar a hipótese de que tais anormalidades<br />

perfusionais sejam associadas a distúrbios microcirculatórios<br />

causados por microembolização coronária, comparou-se<br />

a intensidade e extensão desses defeitos perfusionais<br />

detectados com cintilografia miocárdica em grupos randomicamente<br />

constituídos de pacientes tratados com angioplastia<br />

coronária por balão (AB) ou submetidos a aterectomia rotacional<br />

complementada por balão (AR + B). As características clínicas<br />

e angiográficas foram comparáveis nos dois grupos,<br />

assim como o sucesso do procedimento de angioplastia coronária.<br />

Resultados: Antes da intervenção coronária percutânea,<br />

o índice de defeito miocárdico, englobando a extensão e a<br />

gravidade da hipoperfusão, foi comparável nos dois grupos,<br />

na condição de estresse (AB = 7,72±1,91 vs AR + B = 8,61±<br />

3,38) e de repouso (AB = 3,11±1,22 vs AR + B = 2,40±1,63).<br />

Após o procedimento, o índice de defeito perfusional decresceu<br />

em ambos os grupos durante o estresse, mas com significância<br />

estatística apenas no grupo AB = 3,96±1,40 vs AR + B<br />

= 3,71 ±1,89. O contraste entre os dois grupos se acentuou<br />

na condição de repouso após a intervenção coronária: o<br />

índice de defeito decresceu de forma marginalmente significante<br />

no grupo AB para 1,46±0,66 e aumentou, embora sem<br />

significância estatística, no grupo AR + B, para 3,47±1,92.<br />

Conclusão: Esses resultados são compatíveis com o conceito<br />

de que a persistência transitória de defeitos perfusionais após<br />

angioplastia coronária bem sucedida seja dependente de<br />

distúrbios microcirculatórios associados à microembolização<br />

durante o procedimento.<br />

DESCRITORES: Microcirculação. Aterectomia coronária.<br />

Angioplastia transluminal percutânea coronária.<br />

SUMMARY<br />

Myocardial Perfusion Disturbances Persisting after<br />

Successful Percutaneous Coronary Angioplasty:<br />

Relationship to Microcirculatory Derangements<br />

Introduction: The transitory persistence of perfusion defects<br />

immediately after successful percutaneous coronary interventions<br />

to correct coronary stenosis is well known. Methods: To<br />

test the hypothesis that such perfusion abnormalities are associated<br />

with microcirculatory disorders caused by coronary microembolization<br />

we compared the intensity and extent of these<br />

perfusion defects detected using myocardial scintigraphy in<br />

groups of patients randomly assigned to coronary balloon<br />

angioplasty (BA) or to rotational atherectomy plus balloon<br />

angioplasty (RA + B). The clinical and angiography characteristics<br />

were comparable in both groups, as well as the success<br />

of the coronary angioplasty procedure. Results: Before the<br />

percutaneous coronary intervention the myocardium defect<br />

index, related to the extent and severity of hypoperfusion,<br />

was comparable for the two groups, both under stress (AB =<br />

7.72±1.91 vs. RA + B = 8.61±3.38) and at rest (AB = 3.11±1.22<br />

vs. RA + B = 2.40±1.63). After the procedure, the perfusion<br />

defect index decreased for both groups during stress, but with<br />

statistical significance only in the AB Group = 3.96±1.40 vs.<br />

RA + B = 3.71±1.89. The difference between the two groups<br />

was greater at rest after the coronary intervention procedure:<br />

the defect index decreased with marginal significance for the<br />

AB Group to 1.46±0.66 and increased, though without statistical<br />

significance, for the RA + B Group to 3.47±1.92. Conclusion:<br />

These results are compatible with the notion that transitory<br />

persistence of perfusion defects after successful coronary angioplasty<br />

are dependent on microcirculatory disorders associated<br />

to microembolization during the procedure.<br />

DESCRIPTORS: Microcirculation. Atherectomy, coronary.<br />

Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary.<br />

1<br />

Unidade de Cardiologia Intervencionista, Divisão de Cardiologia,<br />

Departamento de Clínica Médica, Hospital das Clínicas, Faculdade<br />

de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,<br />

Ribeirão Preto, SP.<br />

2<br />

Instituto do Coração, Faculdade de Medicina da Universidade de<br />

São Paulo, São Paulo, SP.<br />

Correspondência: J. Antonio Marin-Neto. Unidade de Cardiologia<br />

Intervencionista, Divisão de Cardiologia, Departamento de Clínica<br />

Médica, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão<br />

Preto, USP. Avenida Bandeirantes, 3900 - Campus da USP em<br />

Ribeirão Preto - SP - CEP 14048-900.<br />

Tel.: (16) 3633-4010 • E-mail: marin_neto@yahoo.com<br />

Recebido em: 17/01/2007 • Aceito em: 21/03/2007<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

Acintilografia miocárdica de perfusão (CMP) desde<br />

muito cedo foi empregada para embasar a indicação<br />

da intervenção coronária percutânea (ICP)<br />

para tratamento de lesões coronárias obstrutivas, e<br />

para verificar o sucesso do procedimento. O método<br />

mostrou-se efetivo sob condições clínicas diversas,<br />

desde intervenções em pacientes estáveis tratados eletivamente<br />

1 , passando por aqueles tratados em virtude<br />

de recorrência de angina após revascularização cirúrgica<br />

2 e culminando na avaliação dos resultados da angioplastia<br />

primária para recanalização coronária durante<br />

infarto agudo do miocárdio (IAM) 3 . Entretanto, a paradoxal<br />

persistência de defeitos perfusionais durante os<br />

primeiros dias ou semanas que se seguem à revascularização<br />

miocárdica bem sucedida foi documentada<br />

desde a década de 1980 4 , e confirmada por estudos<br />

posteriores 5,6 . Em conseqüência disso, é conduta empírica<br />

bastante difundida e aceita clinicamente, que se<br />

aguarde algumas semanas após a ICP, antes de se<br />

proceder a verificação do sucesso do procedimento,<br />

com o método da CMP 7 .<br />

Tais defeitos perfusionais, ocorrrendo em áreas miocárdicas<br />

supridas por artérias coronárias subepicárdicas<br />

que não mais apresentam estenoses hemodinamicamente<br />

significativas, costumam se associar a recorrência de<br />

precordialgia, na maioria das vezes, atípica para isquemia<br />

cardíaca 8 . Embora esses defeitos perfusionais persistentes<br />

após ICP bem sucedida possam ser do tipo reversível<br />

(sugerindo isquemia indutível apenas durante estresse),<br />

também têm sido descritos na condição de repouso,<br />

indiciando a possibilidade de isquemia miocárdica incessante<br />

1-8 . Os defeitos perfusionais têm sido relatados em<br />

estudos cintilográficos empregando marcadores de fluxo<br />

e viabilidade miocárdica, como o Tálio-201 1,2,4-6,8,9 ,<br />

ou traçadores predominantemente indicadores da distribuição<br />

regional do fluxo coronário, como o Tc 99m –<br />

sestamibi 3 . Além disso, essas alterações persistentes da<br />

distribuição regional de fluxo miocárdico também são<br />

encontradas quando outros métodos são empregados,<br />

como a resolução das elevações de segmento ST 10 e a<br />

ecocardiografia de contraste 11 .<br />

O intrigante fenômeno da persistência de defeitos<br />

perfusionais após ICP bem sucedida tem sido observado<br />

em variados contextos clínicos, desde condições eletivas<br />

em pacientes estáveis até a situação de IAM tratado<br />

com angioplastia primária. No início, quando a persistência<br />

de distúrbios perfusionais era verificada após ICP<br />

eletiva de pacientes estáveis, aventou-se a possibilidade<br />

de que vários fatores diretamente ligados à ICP<br />

pudessem contribuir para explicá-los: manutenção de<br />

lesão residual > 50%, acometimento de ramos secundários<br />

ao vaso dilatado e presença de linhas de dissecção<br />

restringindo o fluxo coronário 5 . Entretanto, a compreensão<br />

fisiopatológica da gênese desses distúrbios<br />

perfusionais ainda é muito obscura, pois podem ocorrer<br />

após ICP absolutamente bem sucedida, isto é, na<br />

ausência de quaisquer fatores identificáveis ao nível<br />

da circulação subepicárdica para a área miocárdica<br />

que os apresenta. Nesse sentido, hipótese alternativa<br />

é de que esses defeitos perfusionais sejam causados<br />

por anormalidades microcirculatórias coronárias.<br />

Se a persistência de defeitos miocárdicos perfusionais<br />

após ICP bem sucedida for causada por distúrbios<br />

microcirculatórios, dois seriam os principais mecanismos<br />

responsáveis: anomalias de regulação do<br />

fluxo e calibre coronários ao nível microvascular, e<br />

microembolização periférica. Em pacientes submetidos<br />

a ICP para tratamento de lesões instáveis, em que<br />

há elevada tendência pró-trombótica, a embolia em<br />

nível microcirculatório torna-se bastante provável. Entretanto,<br />

não há relato na literatura de investigações comparando<br />

a incidência do fenômeno em grupos de<br />

pacientes tratados por ICP na vigência e ausência de<br />

quadros clínicos instáveis.<br />

Também restaria explicar a ocorrência do fenômeno<br />

quando ocorre em pacientes estáveis, em que se realiza<br />

ICP eletiva, sem carga ou tendência trombótica<br />

apreciável. Neste contexto, o método da aterectomia<br />

rotacional foi implicado na gênese de distúrbios microcirculatórios,<br />

possivelmente causados por microembolização<br />

coronária periférica. Nesta investigação, os defeitos<br />

perfusionais foram detectados durante o procedimento,<br />

mas desapareceram poucos dias após 12 . Entretanto,<br />

não foram, até o presente, conduzidos estudos<br />

comparando a incidência e gravidade de defeitos perfusionais<br />

persistindo transitoriamente após ICP bem<br />

sucedida, em grupos de pacientes estáveis, submetidos<br />

a técnicas de angioplastia com mais ou menos probabilidade<br />

de desencadear microembolização coronária.<br />

Este foi o intuito da presente investigação, explorandose<br />

o modelo da aterectomia rotacional, comparativamente<br />

à ICP sem esse método ablativo de ateroma, para<br />

testar a hipótese de que distúrbios microcirculatórios<br />

causando defeitos cintilográficos persistentes transitoriamente<br />

dependam de microembolização coronária.<br />

MÉTODO<br />

População estudada<br />

Entre julho de 1995 a outubro de 1996, desenvolveu-se<br />

esta investigação prospectiva para comparação<br />

dos efeitos da aterectomia rotacional complementada<br />

por balão e da angioplastia por balão isoladamente<br />

sobre distúrbios perfusionais miocárdicos avaliados<br />

cintilograficamente. Nesse período, 36 pacientes, com<br />

idade superior a 18 anos, de ambos os gêneros, sem<br />

limites de idade, em pleno exercício de suas faculdades<br />

mentais e com capacidade de prestar informações e<br />

entender o espírito da pesquisa, portadores de 38<br />

lesões coronarianas obstrutivas e com evidência clínica<br />

cintilográfica de isquemia miocárdica foram selecionados<br />

para participar do estudo. Todos deram consentimento<br />

escrito, tendo o projeto sido aprovado pelas<br />

Comissões de Ética em Pesquisa de ambas as instituições<br />

em que os estudos foram conduzidos, a saber, o Hospital<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão<br />

Preto, USP (22 pacientes), e o Instituto do Coração da<br />

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo<br />

(14 pacientes).<br />

Além dos critérios de inclusão já mencionados,<br />

todos os pacientes apresentavam critérios angiográficos<br />

adicionais para serem arrolados no estudo: lesões reduzindo,<br />

pela estimativa visual, o D.L.R. (diâmetro luminal<br />

de referência) em ≥ 70%. Ademais, esses pacientes<br />

eram portadores de lesões com possível indicação de<br />

aterectomia rotacional: calcificadas; excêntricas; reestenóticas;<br />

ostiais; lesões com insucesso prévio de angioplastia<br />

por balão, com apenas o guia metálico sendo<br />

capaz de ultrapassá-las.<br />

Na fase de seleção dos pacientes, os critérios de<br />

exclusão aplicados foram: período gestacional; presença<br />

de trombo visível angiograficamente; lesões em tronco<br />

de artéria coronária esquerda não protegido por cirurgia<br />

de revascularização miocárdica prévia; lesões em<br />

pontes de veia safena degeneradas; dissecções extensas<br />

em artérias tratadas por angioplastia coronariana<br />

no período de um mês; lesões maiores que 20 mm de<br />

comprimento; lesões em vasos com diâmetro luminal<br />

de referência < 2,0mm.<br />

Preenchidos os critérios de inclusão e afastados<br />

os de exclusão, os 36 pacientes, estáveis clinicamente<br />

e portando 38 lesões coronárias julgadas passíveis de<br />

abordagem por aterectomia rotacional, foram considerados<br />

para ICP eletiva, e arrolamento no estudo. Em<br />

seguida, foram randomicamente alocados para tratamento<br />

por angioplastia por balão (18 pts - 20 lesões) ou<br />

aterectomia rotacional complementada com angioplastia<br />

por balão (18 pts - 18 lesões).<br />

Intervenção coronária percutânea<br />

A abordagem vascular foi femoral em todos os<br />

pacientes, exceto em dois, nos quais extrema tortuosidade<br />

ilíaca forçou o acesso braquial. Nestes dois<br />

casos, randomizados para aterectomia rotacional, o<br />

cateter-guia tipo Stertzer 8F usado impedia a passagem<br />

da oliva do aterótomo, possibilitando apenas o uso de<br />

cateter-balão. Também em outros dois pacientes, a<br />

aterectomia rotacional programada pela aleatorização<br />

foi substituída por angioplastia com balão apenas, por<br />

não se conseguir a ultrapassagem do fio-guia 0,009",<br />

sobre o qual desliza o aterótomo, através da lesão. Em<br />

ambos os casos, houve sucesso na ultrapassagem do<br />

fio-guia 0,014" convencional. No grupo randomizado<br />

para angioplastia por balão, não houve mudança de<br />

procedimento, para a aterectomia rotacional.<br />

Foram analisadas as coronariografias realizadas<br />

imediatamente antes da passagem do fio-guia, e <strong>15</strong><br />

minutos após a última dilatação por balão (com ou<br />

sem uso prévio do aterótomo). A análise angiográfica<br />

coronariana quantitativa foi sempre conduzida “offline”,<br />

por método previamente validado: C.A.A.S. II<br />

(Coronary Angiography Analysis System) 13 , na projeção<br />

em que se que obtinha a melhor imagem da lesão e<br />

do vaso tratado.<br />

Todos os pacientes estavam em uso de ácido<br />

acetilsalicílico (AAS) 200 mg, durante a ICP. Ficou a<br />

critério do operador administrar mononitrato ou nitroglicerina<br />

intracoronária durante o procedimento, o que<br />

geralmente foi feito diante de espasmo do vaso tratado.<br />

Os pacientes receberam <strong>15</strong>000 U.I. de heparina intravenosa,<br />

imediatamente após a abordagem vascular, e<br />

doses adicionais de 5000 U.I, a cada hora de duração<br />

do procedimento.<br />

Foi utilizada apenas uma oliva em cada uma das<br />

lesões tratadas com aterectomia rotacional, e o critério<br />

utilizado para escolha de seu diâmetro foi o de não<br />

ultrapassar a relação de 0,7 com o valor do diâmetro<br />

de referência do vaso tratado, por estimativa visual do<br />

operador. Este valor foi definido protocolarmente em<br />

virtude de estudos prévios terem demonstrado maior<br />

risco de complicações – perfurações, dissecções, oclusões<br />

agudas - quando valores de relação acima de 0,7<br />

a 0,8 eram ultrapassados 14,<strong>15</strong> .<br />

O número de passagens do aterótomo por cada<br />

lesão não foi definido protocolarmente, sendo deixado<br />

a critério dos operadores. A escolha do balão também<br />

baseou-se em estimativa visual, procurando-se não ultrapassar<br />

relação de 1:1 entre o calibre do vaso tratado e<br />

o valor nominal do diâmetro do balão a ser utilizado.<br />

Após a última passagem do aterótomo, nova coronariografia<br />

foi realizada e, em seqüência, trocava-se o<br />

aterótomo pelo cateter-balão para a complementação<br />

do procedimento com a dilatação coronária. O número<br />

de dilatações também ficou a critério dos operadores,<br />

não tendo sido imposto nenhum tipo de restrição<br />

protocolar quanto a este item, assim como quanto à<br />

eventual troca de cateter-balão.<br />

A definição de sucesso do tratamento proposto<br />

foi redução da obstrução para < 50% do diâmetro<br />

luminal de referência, ao término do procedimento,<br />

na ausência de complicações graves (infarto agudo do<br />

miocárdio, cirurgia de revascularização ou óbito).<br />

Terminado o procedimento intervencionista, os pacientes<br />

permaneciam internados por 48 horas, sendo<br />

medicados com bloqueadores de canais de cálcio (Diltiazem<br />

30 a 60 mg via oral, a cada 8 horas), AAS (200 mg<br />

via oral, diariamente) e nitratos (dinitrato ou mononitrato<br />

ambos 10 mg via oral, a cada 8 horas). Os vasodilatadores<br />

continuaram durante o primeiro mês, e o AAS,<br />

indefinidamente. O uso de heparina foi restrito, durante<br />

as primeiras 24 horas, aos pacientes com presença de<br />

linhas de dissecção.<br />

Em período médio de 7 dias (2 a 21) após a ICP,<br />

os pacientes foram submetidos a novo estudo de cintilografia<br />

de perfusão miocárdica, com os mesmos métodos<br />

do estudo nuclear anterior ao procedimento.<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

Cintilografia miocárdica de perfusão<br />

O exame cintilográfico de perfusão miocárdica<br />

com 201 Tálio ou 99m sestamibi, em condições de estresse<br />

físico ou farmacológico com dipiridamol, foi sempre<br />

conduzido pela técnica de tomografia computadorizada<br />

de emissão de fótons singulares (SPECT). Os estudos<br />

foram realizados em gâma-câmara Siemens modelo<br />

Orbiter, por captação das imagens em 32 cortes tomográficos,<br />

em angulação global de 180°, iniciando-se<br />

em oblíqua anterior direita a 40°.<br />

A análise qualitativa foi realizada a partir de reconstrução<br />

das imagens tomográficas em projeções ortogonais<br />

clássicas, de eixo menor e eixos longos longitudinal<br />

e horizontal, e sempre realizada por dois experientes<br />

investigadores, mascarados com relação ao período<br />

pré ou pós-procedimento, e também com relação<br />

ao grupo de alocação randomizada.<br />

A análise quantitativa dos defeitos de perfusão,<br />

nas regiões supridas pelas artérias tratadas, foi efetuada<br />

utilizando-se mapas polares com reconstrução de<br />

cortes radiais. A redução na captação do “pixel” foi<br />

considerada significante quando excedeu 2,5 desviospadrões<br />

da população normal 16 . Foi calculado um<br />

índice de defeito, englobando a extensão do mesmo<br />

relativamente à área de projeção da superfície ventricular<br />

esquerda nos mapas polares, multiplicada pela média<br />

da gravidade da hipocaptação dos “pixels”.<br />

Análise estatística<br />

Na avaliação dos resultados comparativos dos grupos,<br />

foi considerado o tratamento final destinado a<br />

cada paciente e não o tratamento para o qual o paciente<br />

foi randomizado. Este desvio do princípio da intenção<br />

de tratamento, aplicável usualmente a análises de grandes<br />

grupos randomizados, se justifica pelo reduzido número<br />

de pacientes em cada grupo, neste estudo.<br />

As variáveis quantitativas e semi-quantitativas foram<br />

analisadas utilizando-se os testes de Wilcoxon e de<br />

Friedman. Os testes de qui quadrado ou exato de<br />

Fischer foram utilizados para comparação das variáves<br />

qualitativas nos dois grupos. O nível crítico de significância<br />

estatístico foi estabelecido como 0.05.<br />

RESULTADOS<br />

Características clínicas dos grupos<br />

Como exposto na Tabela 1, ambos os grupos<br />

apresentavam a mesma média de idade, 57,7 anos,<br />

variando de 43 a 75 anos, no grupo tratado por aterectomia<br />

rotacional complementada por balão (AR + AB),<br />

e de 37 a 77 anos, no grupo tratado por angioplastia<br />

por balão isoladamente (AB). Também apresentavam o<br />

mesmo número de pacientes do sexo masculino, 13,<br />

correspondendo a 81,2% do grupo AR + AB e 65%<br />

do grupo AB. Observou-se predominância de pacientes<br />

com angina instável no grupo AR + AB (43,7%) e de<br />

angina estável no grupo AB (55%) e ambos os grupos<br />

apresentavam proporção comparável de pacientes com<br />

IAM prévio. Também foram superponíveis as proporções<br />

de indivíduos com diabete melito, dislipidemia,<br />

tabagismo, hipertensão arterial sistêmica e de história<br />

familiar para coronariopatia precoce, em ambos os<br />

grupos. Antecedente de ICP com reestenose era presente<br />

em um paciente de cada grupo, e de revascularização<br />

cirúrgica em apenas um outro caso, do grupo AR + B.<br />

Características angiográficas dos grupos<br />

A Tabela 2 mostra que, dentre as características<br />

morfológicas basais avaliadas, excentricidade, irregularidades<br />

de contorno, localização ostial ou em bifurcação<br />

e presença de calcificação, a única característica<br />

que mostrou diferença significante de proporção entre<br />

os dois grupos foi a localização da lesão em bifurcação,<br />

presente em 36,3% das lesões tratadas por angioplastia<br />

por balão isoladamente, vs 6,2% dos casos, no<br />

grupo tratado por aterectomia rotacional complementada<br />

por balão (p = 0,034). Em resumo, no grupo AR + AB,<br />

aproximadamente 70% das lesões foram consideradas<br />

complexas (tipo B2 ou C). No grupo AB, 45,4% das<br />

lesões eram B1 e 54,6%, B2, não havendo lesões tipo<br />

C neste grupo. Nenhum paciente com lesão tipo A foi<br />

incluído neste estudo, apesar de isto não constituir<br />

critério de exclusão.<br />

A média do diâmetro luminal de referência de<br />

ambos os grupos foi comparável: 2,61 mm (AR + AB)<br />

e 2,48 mm (AB). Em relação às outras características<br />

TABELA 1<br />

Características clínicas dos pacientes<br />

submetidos a aterectomia rotacional<br />

complementada por balão (AR + AB) ou a<br />

angioplastia por balão isoladamente (AB)<br />

AR + AB AB<br />

N % N %<br />

Assintomáticos 3 18,7 2 10,0<br />

Angina estável 6 37,5 11 55,0<br />

Angina instável 7 43,7 7 35,0<br />

IAM prévio 3 18,7 4 20,0<br />

ACTC prévia 1 6,2 2 10,0<br />

Reestenose 1 6,2 1 5,0<br />

Rev. Mioc. Prévia 1 6,2 __ __<br />

Hip. Arterial 11 68,7 16 80,0<br />

Diab. Melitus 3 18,7 3 <strong>15</strong>,0<br />

Dislipidemia 7 43,7 9 45,0<br />

Hist. Familiar 6 37,5 11 55,0<br />

Tabagismo 9 56,2 12 60,0<br />

Total de pac. 16 100,0 20 100,0<br />

p=NS; Rev. Mioc.= Revascularização Miocárdica; Hip.=<br />

Hipertensão; Diab= Diabete; Hist= História; Pac= Pacientes.<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

angiográficas quantitativas analisadas, também não<br />

houve diferença estatisticamente significante entre os<br />

dois grupos, sendo a média do diâmetro luminal mínimo<br />

basal igual a 0,83 e 0,71 mm, e da porcentagem<br />

de estenose de 68,2 e 71,3% para AR + AB e AB,<br />

respectivamente (Tabela 2).<br />

Resultados da ICP<br />

O índice de sucesso clínico e angiográfico dos<br />

procedimentos foi de 93,2%, para o grupo tratado por<br />

aterectomia rotacional complementada por balão (RA<br />

TABELA 2<br />

Características angiográficas das lesões tratadas<br />

AR + AB AB<br />

N % N %<br />

Excentricidade 13 81,2 14 63,6<br />

Irreg. de cont. 3 18,8 3 13,6<br />

Bifurcação* 1 6,2 8 36,3<br />

Local ostial 3 18,8 2 9,0<br />

Calcif. Disc 3 18,8 3 13,6<br />

Calcif. Mod 2 12,5 2 9,0<br />

Tipo B1 5 31,2 10 45,4<br />

Tipo B2 8 50,0 12 54,6<br />

Tipo C 3 18,8 __ __<br />

DA 8 50,0 10 45,4<br />

CD 7 43,7 4 18,2<br />

CX __ __ 3 13,6<br />

Diagonal __ __ 3 13,6<br />

Marginal Esq 1 63,7 2 9,1<br />

Total de lesões 16 100,0 22 100,0<br />

Comprimento (mm) 17,1 ± 8,9 13,0 ± 4,8<br />

DLR (mm) 2,61 ± 0,40 2,48 ± 0,35<br />

DLM (mm) 0,83 ± 0,21 0,70 ± 0,30<br />

% Estenose 68,2 ± 5,8 71,3 ± 10,1<br />

*p=0,034 – Abreviações: Irreg.= irregularidade; cont.= contorno;<br />

calcif.= calcificação; DA= descendente anterior; CD=<br />

coronária direita; CX= circunflexa; Esq= esquerdo; DLR=<br />

diâmetro luminal de referência; DLM= diâmetro luminal<br />

mínimo.<br />

+ BA) e de 95%, para o grupo tratado por angioplastia<br />

por balão isoladamente (BA). Não houve significância<br />

estatística para esta pequena diferença no índice de<br />

sucesso. Não foi evidenciado o fenômeno de “no<br />

reflow”em qualquer paciente de ambos os grupos.<br />

Os parâmetros angiográficos de relação entre os<br />

dispositivos utilizados e a quantificação vascular evidenciaram<br />

o mesmo valor para a relação balão-artéria<br />

entre os dois grupos, que foi em torno de 1,0. A<br />

relação aterótomo-artéria foi, em média, 0,68, com um<br />

desvio-padrão de 0,10.<br />

Apesar de o diâmetro luminal mínimo antes do<br />

procedimento ter sido comparável entre os dois grupos,<br />

esta variável apresentou incremento significativamente<br />

maior, <strong>15</strong> minutos após a última dilatação, no<br />

grupo tratado pela técnica átero-ablativa complementada<br />

por balão. Apesar disso, a porcentagem de estenose<br />

calculada <strong>15</strong> minutos após a última dilatação não<br />

evidenciou diferença significante estatisticamente entre<br />

os grupos (Tabela 3).<br />

Complicações<br />

Um paciente do grupo tratado por aterectomia<br />

rotacional apresentou oclusão aguda de artéria coronária<br />

descendente anterior, aproximadamente 30 minutos<br />

após o término do procedimento. Este paciente teve<br />

três paradas cardiorrespiratórias revertidas, antes e durante<br />

novo procedimento subseqüente, durante o qual<br />

implantou-se “stent” de Palmaz-Schatz para recanalização<br />

arterial e estabilização do quadro hemodinâmico.<br />

Em outro paciente, tratado com angioplastia por<br />

balão em coronária direita, ocorreu dissecção espiralada<br />

tipo E e fluxo TIMI-2. Entretanto, evoluiu assintomaticamente,<br />

sem alteração eletrocardiográfica e com discreta<br />

elevação enzimática, sendo que, após uma semana do<br />

procedimento, nova cineangiocoronariografia evidenciou<br />

patência da artéria coronária direita com fluxo<br />

TIMI-3 e lesão residual de apenas 23% no local tratado.<br />

Resultados cintilográficos perfusionais<br />

Os valores de duplo produto [freqüência cardíaca<br />

(bpm) x pressão arterial sistólica (mmHg)], no momento<br />

da injeção do marcador radioativo, foram compa-<br />

TABELA 3<br />

Variação dos diâmetros luminais mínimos (em mm) e % de estenose antes da primeira<br />

manobra de ICP, e <strong>15</strong> minutos após a última dilatação com balão<br />

DLM<br />

% Estenose<br />

Pré <strong>15</strong> min Pré <strong>15</strong> min<br />

AR + AB 0,83 ± 0,21 1,90 ± 0,42 68,2 ± 5,8 29,8 ± 11,8<br />

AB 0,72 ± 0,30 1,65 ± 0,37* 71,4 ± 10,1 34,1 ± 14,9<br />

*para as diferenças entre AR + AB e AB.<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

ráveis entre os dois grupos, bem como se mantiveram<br />

superponíveis em ambos, quando foram comparados<br />

aos respectivos níveis antes e após a ICP (Tabela 4).<br />

No grupo tratado por AR + AB, o índice de defeito<br />

(ID) na condição de estresse diminuiu de 8,61 ± 3,38,<br />

na condição pré-procedimento, para 3,71 ± 1,89, após<br />

o procedimento, diferença não significante estatisticamente<br />

(p = 0,08). Neste mesmo grupo, o ID em repouso<br />

aumentou (também sem significância estatística) de<br />

2,40 ± 1,63, na condição pré-procedimento, para 3,47<br />

± 1,92, após o procedimento – Tabela 5.<br />

Em contraste, no grupo tratado por AB, o ID em<br />

estresse reduziu-se de 7,72 ± 1,91, antes do procedimento,<br />

para 3,96 ± 1,40, após o procedimento (p = 0,03).<br />

Neste grupo, também se observou diminuição do ID<br />

em repouso, passando de 3,11 ± 1,22, antes do procedimento,<br />

para 1,46 ± 0,66, após a ICP, com valor limítrofe<br />

de p = 0,06 (Tabela 5). Um exemplo ilustrativo de<br />

defeito perfusional persistente durante estudo cintilográfico<br />

conduzido precocemente após ICP, e evanescente depois<br />

de seguimento tardio, aparece na Figura 1.<br />

com sucesso, nas primeiras duas semanas após o procedimento,<br />

e subseqüente e total reversão da isquemia<br />

apenas por volta do terceiro mês 4 . Em outra observação,<br />

registrou-se melhora precoce da perfusão miocárdica<br />

em apenas 61% dos pacientes submetidos a<br />

ICP bem sucedida ao nível subepicárdico 6 . Outro estudo,<br />

realizado com 25 pacientes tratados com ICP também<br />

com resultado adequado, relatou em 11 deles persistência<br />

da hipoperfusão miocárdica pelo estudo cintilográfico<br />

realizado na primeira semana após o procedimento e<br />

reversão completa do fenômeno após três meses 9 . Tais<br />

anormalidades perfusionais foram também descritas<br />

em 30% dos pacientes de outra investigação, com<br />

CMP realizada até 6 semanas após o procedimento<br />

terapêutico 8 .<br />

Em adição a essas informações da literatura, nesta<br />

investigação, enquanto após ICP apenas com balão a<br />

intensidade e extensão do defeito perfusional na região<br />

DISCUSSÃO<br />

Os presentes resultados corroboram observações<br />

anteriores, de persistência transitória de distúrbios perfusionais<br />

precocemente após ICP bem sucedida em<br />

pacientes com lesões coronárias estáveis. Assim, um<br />

desses estudos descreveu a persistência de isquemia<br />

miocárdica, em 12 de 43 pacientes submetidos a ICP<br />

TABELA 4<br />

Duplo produto (FC X PAS) durante estresse<br />

induzido para o estudo cintilográfico<br />

de perfusão miocárdica<br />

Pré<br />

Pós<br />

AR + AB 24237 ± 4681 25808 ± 7320<br />

AB 26207 ± 6300 26333 ± 6570<br />

p=NS<br />

Figura 1 - Mapas polares de imagens cintilográficas obtidas antes<br />

do procedimento (A), e 5 dias (B) e 4 meses após ICP (C). Em cada<br />

painel, as imagens superiores são da fase de estresse e as inferiores<br />

da fase de repouso.<br />

TABELA 5<br />

Variação do Índice de Defeito (ID) em Estresse (STR) e Repouso (REP) pela cintilografia<br />

de perfusão miocárdica antes e após o procedimento terapêutico<br />

Pré Pós<br />

ID – STR ID – REP ID – STR ID – REP<br />

AR + AB 8,61 ± 3,38 2,40 ± 1,63 3,71 ± 1,89• 3,47 ± 1,92<br />

AB 7,72 ± 1,91 3,11 ± 1,22 3,96 ± 1,40* 1,46 ± 0,66 #<br />

•p=0,08; *p=0,03; #p=0,06 - para as diferenças entre pré e pós.<br />

- p=NS para as diferenças entre AR + AB e AB.<br />

Valores de média e erro-padrão da média.<br />

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Marin-Neto JA, et al. Persistência de Distúrbios Perfusionais Miocárdicos após Intervenção Coronária Percutânea com Êxito:<br />

Dependência de Fatores Microcirculatórios. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 107-114.<br />

suprida pela artéria tratada reduziram-se significativamente<br />

tanto em estresse como em repouso, quando a<br />

ICP envolveu a aterectomia rotacional, ocorreu menor<br />

diminuição do defeito perfusional, sob estresse, verificando-se,<br />

inclusive, aumento do mesmo na condição<br />

de repouso. Tais diferenças ocorreram a despeito de<br />

os resultados dos procedimentos terem sido inteiramente<br />

comparáveis nos dois grupos, quanto ao alívio da<br />

estenose na artéria subepicárdica responsável pela área<br />

miocárdica apresentando persistência dos defeitos<br />

perfusionais.<br />

Os resultados deste estudo podem ser interpretados<br />

como compatíveis com apoio indireto à hipótese<br />

de que a persistência de anormalidades perfusionais<br />

transitórias, precocemente detectados em pacientes que<br />

tiveram ICP bem sucedida no sentido de remover a<br />

obstrução coronária em nível subepicárdico, se deva<br />

a distúrbios microcirculatórios, pelo menos parcialmente,<br />

dependentes de embolização distal. De fato, embora<br />

neste estudo a microembolização distal não tenha sido<br />

diretamente evidenciada, sabe-se que isso é causado<br />

pela aterectomia rotacional, durante o desbaste da<br />

placa ocasionada pelo processo ablativo, conforme<br />

experimentação direta em animais 17,18 . De forma correlata,<br />

estudos conduzidos em humanos demonstraram<br />

a ocorrência de anormalidades regionais contráteis<br />

e elevação de marcadores de necrose miocárdica, atribuíveis<br />

ao processo de microembolização, em pacientes<br />

tratados com a aterectomia rotacional 19 .<br />

O processo de microembolização miocárdica decorrente<br />

da ICP com aterectomia rotacional, ocasionando<br />

os distúrbios perfusionais transitoriamente persistentes<br />

na área miocárdica diretamente dependente da artéria<br />

coronária tratada, parece envolver tanto o material<br />

debridado da placa aterosclerótica, como agregados<br />

plaquetários 20,21 . Esta noção tem suporte na constatação<br />

de que a inibição da via final comum de agregação<br />

plaquetária tenha ocasionado redução significativa da<br />

ocorrência dos distúrbios perfusionais verificados durante<br />

ICP com aterectomia rotacional 22-24 . Mas, não é<br />

possível descartar a ocorrência simultânea de alterações<br />

primárias da vasomoção coronária em nível microcirculatório,<br />

existentes previamente à ICP, mas persistindo<br />

após a remoção do obstáculo hemodinâmico em<br />

nível subepicárdico 23,24 .<br />

Os presentes resultados corroboram também o<br />

conceito de que, no território vascular a jusante de<br />

uma estenose coronária subepicárdica, coexistam anormalidades<br />

de regulação de fluxo microvascular 25 . Esses<br />

distúrbios, demonstrados com técnicas positrônicas<br />

de quantificação do fluxo miocárdico regional, são<br />

responsáveis por resposta paradoxalmente vasoconstrictora<br />

induzida por taquicardia, em vez da esperada<br />

vasodilatação que deveria ocorrer pelo aumento de<br />

demanda miocárdica de oxigênio 26 . Outras investigações<br />

apóiam também essa noção fisiopatológica, pela mensuração<br />

da reserva vasodilatadora coronária, a jusante<br />

de estenose coronária subepicárdica, com técnicas<br />

baseadas no princípio de Doppler; nestes estudos,<br />

mesmo com a correção da estenose por ICP, a reserva<br />

vasodilatadora coronária não se normalizava imediatamente,<br />

indigitando a persistência temporária de anormalidades<br />

microcirculatórias em significante proporção<br />

dos pacientes tratados 27,28 . Finalmente, é relevante aduzir<br />

que esses distúrbios microvasculares, aqui evocados<br />

no contexto de pacientes com reais estenoses coronárias<br />

em nível subepicárdica, são correspondentes aos habitualmente<br />

encontrados em pacientes com angina e<br />

coronárias angiograficamente normais 29 .<br />

À luz dos resultados desta e de outras investigações<br />

relatadas na literatura, os distúrbios transitórios da perfusão<br />

miocárdica detectados precocemente após ICP<br />

podem ser considerados análogos ao fenômeno de<br />

“no reflow” observado após recanalização coronária<br />

no contexto do infarto agudo do miocárdio 30 ; isto é,<br />

esses distúrbios perfusionais sinalizam que a despeito<br />

de alívio adequado da estenose em nível subepicárdico,<br />

isto não se acompanhou de reperfusão miocárdica<br />

imediatamente satisfatória, por alterações reológicas e<br />

hemodinâmicas microvasculares.<br />

CONCLUSÃO<br />

Esses resultados são compatíveis com o conceito<br />

de que a persistência transitória de defeitos perfusionais<br />

após angioplastia coronária bem sucedida seja dependente<br />

de distúrbios microcirculatórios associados a<br />

microembolização durante o procedimento.<br />

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Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 1<strong>15</strong>-118.<br />

Nunes GL, et al. Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na Ocorrência de Complicações Associadas aos Procedimentos<br />

pela Via Radial. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 1<strong>15</strong>-118.<br />

Artigo Original<br />

Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na<br />

Ocorrência de Complicações Associadas aos<br />

Procedimentos pela Via Radial<br />

Gilberto Lahorgue Nunes 1 , Alessandra Teixeira de Oliveira 1 ,<br />

Leonardo Alves 2 , Trajano Alfonso 3<br />

RESUMO<br />

Fundamentos: A via de acesso transradial é uma técnica<br />

empregada mais recentemente na realização de procedimentos<br />

percutâneos coronários (diagnósticos e terapêuticos), sendo<br />

que apresenta várias vantagens em relação ao acesso femoral.<br />

Apesar disto, o acesso radial tem sido empregado de rotina<br />

apenas em uma minoria dos laboratórios de hemodinâmica<br />

de nosso país. Objetivo: Determinar a influência da curva<br />

de aprendizado sobre o índice de sucesso e a incidência de<br />

complicações associadas à realização tanto de procedimentos<br />

diagnósticos quanto terapêuticos pela via radial. Método:<br />

Foram analisados 3.500 pacientes consecutivos submetidos<br />

a procedimentos pela via radial, no período de abril de 2000<br />

a junho de 2003. Foram excluídos desta análise pacientes<br />

com teste de Allen anormal e em programa de hemodiálise.<br />

O efeito da curva de aprendizado sobre os índices de<br />

sucesso e ocorrência de complicações foi avaliado comparando-se<br />

os resultados obtidos nos primeiros 500 pacientes (Grupo<br />

I) com os observados nos restantes 3000 pacientes (Grupo II).<br />

Resultados: Não houve diferença entre os grupos no que diz<br />

respeito ao sexo, à idade e ao tipo de procedimento realizado<br />

(diagnóstico ou terapêutico). A taxa de sucesso foi significativamente<br />

superior (98,1% contra 95,2%, p


Nunes GL, et al. Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na Ocorrência de Complicações Associadas aos Procedimentos<br />

pela Via Radial. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 1<strong>15</strong>-118.<br />

Desde a descrição inicial da técnica de cateterismo<br />

radial por Campeau 1 , em 1989, o acesso transradial<br />

tem sido utilizado com freqüência crescente<br />

em laboratórios de hemodinâmica de todo mundo e,<br />

também, no nosso meio. Apesar disto, a maioria dos<br />

operadores apresenta experiência limitada com esta<br />

técnica, visto que ela tende a ser utilizada por muitos<br />

operadores apenas em casos selecionados e não como<br />

técnica primordial na realização de procedimentos coronários.<br />

O emprego da técnica transradial está associado<br />

a algumas vantagens, como a possibilidade de deambulação<br />

imediata do paciente e a redução da ocorrência<br />

de complicações vasculares relacionadas ao sítio<br />

da punção. Por outro lado, a artéria radial possui<br />

calibre menor e está mais sujeita à ocorrência de espasmo<br />

do que a artéria femoral, que é o acesso vascular mais<br />

comumente utilizado. Desta forma, tanto a punção<br />

quanto a manipulação dos cateteres são mais difíceis<br />

em comparação à técnica de Judkins. Devido a estas<br />

dificuldades técnicas, o acesso transradial está associado<br />

a uma curva de aprendizado significativa, sendo que<br />

o número de casos necessários para se obter proficiência<br />

nesta técnica ainda permanece indefinido 2 .<br />

O objetivo do presente estudo foi determinar a<br />

influência da curva de aprendizado sobre o índice de<br />

sucesso e a ocorrência de complicações associadas à<br />

realização de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos<br />

pela via radial.<br />

MÉTODO<br />

Foram analisados 3.500 pacientes consecutivos<br />

submetidos a cinecoronariografia diagnóstica ou intervenção<br />

coronária percutânea utilizando o acesso transradial,<br />

em nossa instituição, no período de abril de<br />

2000 a junho de 2003. Estes procedimentos foram<br />

realizados por uma equipe constituída de três cardiologistas<br />

intervencionistas.<br />

Foram consideradas contra-indicações absolutas<br />

para o emprego da via radial a ausência do pulso<br />

radial, a presença de teste de Allen anormal (não perfusão<br />

da mão dentro de 10 segundos após a liberação<br />

da compressão sobre a artéria ulnar) ou de fístula<br />

arteriovenosa para realização de hemodiálise.<br />

A punção era realizada com o membro superior<br />

direito estendido ao lado do corpo do paciente e com<br />

a palma da mão virada para cima. Aplicava-se anestesia<br />

local com 2 a 3 ml de xilocaína e a artéria radial era<br />

puncionada utilizando-se abocath 22. Após a introdução<br />

da bainha arterial, eram injetados intra-arterialmente<br />

200 mcg de nitroglicerina e 2 a 3 mg de verapamil.<br />

Além disto, 5.000 UI de heparina eram administradas<br />

em uma veia periférica. A sedação (diazepam ou fentanil<br />

EV) era realizada a critério do operador, sendo geralmente<br />

empregada apenas em pacientes apresentando quadro<br />

de ansiedade intensa.<br />

Os procedimentos diagnósticos foram realizados<br />

utilizando-se, de modo geral, cateteres 5F (multipropósito,<br />

preferentemente, ou cateteres pré-moldados) e as intervenções<br />

coronárias empregando-se cateteres-guia 6<br />

ou 7F. Após a realização do procedimento, a bainha<br />

arterial era imediatamente retirada (sem reversão da<br />

heparina e independente do emprego concomitante<br />

de antagonistas da glicoproteína IIb/IIIa), sendo aplicado<br />

um curativo compressivo local (composto de gazes<br />

e bandagem elástica tipo Tensoplast ® ). Na maioria dos<br />

casos, o paciente deixava a sala de cateterismo caminhando<br />

ou em cadeira de rodas, sendo permitida a<br />

livre movimentação durante o período de observação.<br />

O curativo compressivo local era retirado, geralmente,<br />

3 a 4 horas após o final do procedimento.<br />

Foram avaliados os índices de sucesso (definido<br />

como realização completa do procedimento pela via<br />

radial) e a incidência de complicações associadas ao<br />

sítio de acesso vascular. Visando a avaliar o impacto<br />

da curva de aprendizado sobre estes parâmetros, os<br />

pacientes foram divididos em dois grupos: Grupo I<br />

(composto dos primeiros 500 pacientes da nossa experiência)<br />

e Grupo II (os restantes 3.000 pacientes).<br />

RESULTADOS<br />

A idade média dos pacientes era semelhante nos<br />

dois grupos (situando-se em torno dos 59 anos), sendo<br />

que a maioria deles era do sexo masculino (Tabela 1).<br />

Aproximadamente 20% dos pacientes foram submetidos<br />

a intervenção coronária percutânea e, os restantes, a<br />

cinecoronariografia diagnóstica.<br />

O sucesso do procedimento foi significativamente<br />

menor e a incidência de complicações significativamente<br />

maior nos primeiros 500 casos da nossa casuística<br />

TABELA 1<br />

Características demográficas e do procedimento<br />

Grupo I (n=500) Grupo II (n=3.500) p<br />

Idade (média) 58 ± 11 anos 59 ± 11 anos NS<br />

Sexo feminino 212 (42,4%) 1393 (39,8%) NS<br />

Cateterismo diagnóstico 404 (80,8%) 2879 (79,3%) NS<br />

Intervenção percutânea 96 (19,2%) 0621 (20,7%) NS<br />

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Nunes GL, et al. Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na Ocorrência de Complicações Associadas aos Procedimentos<br />

pela Via Radial. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 1<strong>15</strong>-118.<br />

(Tabela 2). Com o aumento da experiência com a<br />

técnica radial, a ocorrência de insucesso por falha na<br />

punção ou espasmo importante apresentou um significativo<br />

declínio. Adicionalmente, observou-se que a<br />

ocorrência de hematoma local significativo foi reduzida<br />

em mais de 4 vezes com o aumento do número de<br />

casos (Tabela 2).<br />

As Figuras 1 e 2 mostram o comportamento do<br />

índice de sucesso e da ocorrência de qualquer tipo de<br />

complicação durante ou após o procedimento (incluindo<br />

espasmo significativo, hematoma de qualquer porte,<br />

infecção local, surgimento de fístula arteriovenosa ou<br />

pseudo-aneurisma), de acordo com o aumento do<br />

número de casos. Nota-se um “plateau” da curva de<br />

aprendizado a partir do 500º caso.<br />

DISCUSSÃO<br />

O acesso transradial representa uma técnica extremamente<br />

elegante de realização de procedimentos coronários<br />

percutâneos, quer diagnósticos ou terapêuticos.<br />

No nosso serviço, a introdução desta técnica (no início<br />

do ano 2000) permitiu uma mudança significativa<br />

da rotina de realização dos procedimentos, sendo que<br />

o aumento da experiência permitiu que o acesso femoral<br />

fosse utilizado com freqüência gradativamente decrescente,<br />

tornando-se a punção radial a nossa via de acesso<br />

preferencial. Desta forma, atualmente, o acesso radial<br />

é empregado em 75 a 80% dos casos realizados na<br />

nossa instituição. A abordagem radial apresenta inúmeras<br />

vantagens em relação à via femoral, como o maior<br />

conforto proporcionado ao paciente 3 (devido à possibilidade<br />

de deambulação imediata, sem necessidade de<br />

repouso em decúbito dorsal), menor risco de complicações<br />

hemorrágicas locais 4 e menor tempo de observação<br />

nos procedimentos diagnósticos ambulatoriais 3 .<br />

Além disto, a retirada mais precoce da bainha (associada<br />

ao menor risco de ocorrência de complicações<br />

hemorrágicas locais 5 ) permite que, na maioria dos casos,<br />

se prescinda do encaminhamento do paciente à UTI<br />

ou unidade semi-intensiva após a realização de procedimentos<br />

terapêuticos, o que reduz de maneira significativa<br />

os custos hospitalares 6 . Finalmente, esta técnica<br />

possibilita, inclusive, a realização de intervenções coronárias<br />

percutâneas de forma ambulatorial 7 .<br />

Entretanto, apesar destas vantagens, a punção radial<br />

é empregada como via de acesso primordial apenas<br />

em uma minoria dos laboratórios de hemodinâmica<br />

ao redor do mundo e, também, no nosso país. A<br />

maior razão para isto é a existência de uma curva de<br />

aprendizado associada a esta técnica, mesmo quando<br />

realizada por operadores com larga experiência no<br />

acesso femoral, sendo que a duração desta curva de<br />

aprendizado ainda é motivo de debate 2,8-10 .<br />

A curva de aprendizado associada à técnica radial<br />

envolve vários fatores, incluindo alguns aspectos técnicos<br />

peculiares a esta via de acesso. O primeiro deles<br />

é a punção da artéria radial. Ao contrário do acesso<br />

femoral, a anestesia local é realizada com pequena<br />

quantidade de anestésico local, aplicado não diretamente<br />

sobre o pulso radial, mas ao redor dele, visando<br />

“congelar” a artéria radial e facilitar a posterior punção.<br />

Também a seleção do material de punção é importante.<br />

Temos preferido utilizar cateter tipo Jelco ou Abocath<br />

22", pois estes dispositivos possuem fino calibre e<br />

TABELA 2<br />

Resultados<br />

Figura 1 - Evolução do sucesso.<br />

Grupo I Grupo II<br />

(n=500) (n=3.500) p<br />

Sucesso 95,2% 98,1% < 0,001<br />

Insucesso 4,8% 1,9% < 0,001<br />

Causas do insucesso<br />

Tortuosidade/oclusão 1,6% 1% NS<br />

Espasmo importante 0,6% 0,1% 0,02<br />

Falha na punção 2,2% 0,6% < 0,001<br />

Complicações* 6,1% 2,4% < 0,001<br />

Hematoma local 2,2% 0,5% < 0,001<br />

*Espasmo importante, hematoma local de qualquer porte,<br />

infecção, fístula arteriovenosa, pseudo-aneurisma.<br />

Figura 2 - Evolução das complicações. *Espasmo importante, hematoma<br />

de qualquer porte, infecção, fístula A-V, pseudo-aneurisma.<br />

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Nunes GL, et al. Influência da Curva de Aprendizado no Sucesso e na Ocorrência de Complicações Associadas aos Procedimentos<br />

pela Via Radial. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 1<strong>15</strong>-118.<br />

paredes moles e, conseqüentemente, estão associados<br />

a uma menor incidência de surgimento de hematoma<br />

local no caso de uma primeira tentativa de punção<br />

não bem sucedida. Outro aspecto importante diz respeito<br />

à seleção dos cateteres. Ao contrário do observado<br />

com a via femoral, existe grande vantagem em realizar-se<br />

a cinecoronariografia utilizando-se apenas um<br />

único cateter. Isto é especialmente importante nos pacientes<br />

com artérias radiais pequenas ou que possuam<br />

grande tortuosidade nas artérias radial, braquial ou<br />

subclávia, visto que a troca freqüente de cateteres<br />

pode favorecer o surgimento de espasmo importante,<br />

dificultar a progressão do cateteres e, conseqüentemente,<br />

causar significativo desconforto ao paciente. Além disto,<br />

a utilização de apenas um cateter tem impacto positivo<br />

tanto sobre a duração do procedimento quanto<br />

sobre os custos associados. Na nossa instituição, aproximadamente<br />

70% dos procedimentos diagnósticos<br />

são realizados empregando-se um único cateter multipropósito<br />

tipo MPA 5 F. No caso de impossibilidade<br />

de realização do exame com este cateter, cateteres<br />

pré-moldados (tipo Judkins de direita e esquerda e,<br />

eventualmente, tipo Amplatz) podem ser utilizados,<br />

tomando-se o cuidado de sempre selecionar um cateter<br />

de coronária esquerda com curva meio ponto<br />

menor do que o que seria utilizado se o procedimento<br />

fosse realizado por via femoral. Outros fatores importantes<br />

para o sucesso são a manipulação delicada dos<br />

cateteres, o emprego liberal de guias de troca mais<br />

rígidas tipo Amplatz 0.035" (especialmente quando há<br />

tortuosidade ou espasmo) e a realização de sedação,<br />

especialmente no início da experiência e em pacientes<br />

tensos e com tônus adrenérgico aumentado.<br />

CONCLUSÃO<br />

O presente estudo demonstra que a técnica transradial<br />

é segura e pode ser utilizada como via de acesso<br />

preferencial para realização de procedimentos coronários<br />

percutâneos, tanto diagnósticos com terapêuticos.<br />

Entretanto, esta técnica está associada a uma curva de<br />

aprendizado significativa e que, como a nossa experiência<br />

demonstra, chega a abranger os primeiros 500 casos.<br />

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der Wieken R. A randomized comparison of percutaneous<br />

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Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 119-124.<br />

Sant’Anna FM, et al. Angiografia Versus Fluxo Fracionado de Reserva na Avaliação do Grau de Importância das Estenoses Coronárias.<br />

Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 119-124.<br />

Artigo Original<br />

Angiografia Versus Fluxo Fracionado de Reserva<br />

na Avaliação do Grau de Importância das<br />

Estenoses Coronárias<br />

Fernando Mendes Sant’Anna 1,2 , Expedito Ribeiro da Silva 2 , Leonardo Alves Batista 1 ,<br />

Fábio Machado Ventura 1 , Marcelo Bastos Brito 1 , Haroldo Adans Ferraz 1 , Leonardo Buczynski 1 ,<br />

Carlos Alberto Mussel Barrozo 1 , Nico Pijls 3<br />

RESUMO<br />

Introdução: A decisão de realizar uma intervenção coronária<br />

percutânea (ICP) em pacientes com angina deve se basear<br />

em sinais objetivos de isquemia. A angiografia vem sendo<br />

utilizada como padrão-ouro para definição de doença arterial<br />

coronariana (DAC), embora suas limitações sejam conhecidas.<br />

Por outro lado, o valor da medida do fluxo fracionado de<br />

reserva do miocárdio (FFR) na avaliação da DAC está bem<br />

estabelecido. Objetivo: Avaliar a acurácia da angiografia<br />

em definir as lesões culpadas e sua correlação com o FFR,<br />

em todos os pacientes admitidos para ICP eletiva em nossa<br />

Instituição, durante determinado período. Método: Foram<br />

incluídos no estudo 250 pacientes (471 vasos). Foram avaliadas<br />

todas as estenoses ≥50% pela estimativa visual, selecionadas<br />

por três cardiologistas independentes, medindo-se o FFR.<br />

Quando o FFR era < 0,75, a lesão foi tratada; se o FFR era<br />

≥0,75, a lesão não foi tratada. Foi realizada QCA off-line de<br />

todas as lesões, divididas em moderadas (< 70% – 327) e<br />

graves (125). Foram determinados o coeficiente de correlação<br />

entre o grau de estenose (%DE) e o FFR para os dois grupos<br />

e a acurácia da estimativa visual da angiografia em definir<br />

se uma lesão era ou não isquêmica, tomando-se o FFR como<br />

padrão-ouro. Resultados: Foi possível obter o FFR em 96%<br />

das lesões (452). %DE e FFR médios de 56 ± 8% e 0,74 e<br />

76 ± 6% e 0,48 para as lesões moderadas e graves. Notouse<br />

pobre correlação negativa entre o %DE e o FFR, principalmente<br />

nas lesões moderadas (Spearman rho = -0,33, p


Sant’Anna FM, et al. Angiografia Versus Fluxo Fracionado de Reserva na Avaliação do Grau de Importância das Estenoses Coronárias.<br />

Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 119-124.<br />

Sabe-se que o fator prognóstico mais importante em<br />

pacientes com doença arterial coronariana (DAC)<br />

é a presença de isquemia miocárdica 1,2 . Não obstante,<br />

muitas intervenções coronarianas percutâneas<br />

(ICP) são realizadas baseadas apenas em critérios angiográficos,<br />

sem avaliação prévia da existência de isquemia 3 .<br />

Ademais, não obstante seus méritos indiscutíveis, são<br />

também conhecidas as limitações da angiografia na<br />

definição de isquemia miocárdica, especialmente em<br />

lesões moderadas 4,5 .<br />

Por outro lado, o valor do fluxo fracionado de<br />

reserva do miocárdio (FFR) na definição de isquemia<br />

miocárdica já foi amplamente estabelecido 6-8 . Sabe-se<br />

que vasos que apresentam FFR ≥ 0,75 podem ser<br />

tratados com segurança de forma conservadora, enquanto<br />

um FFR < 0,75 é sinal de isquemia miocárdica,<br />

estando indicada, por vezes, revascularização percutânea<br />

ou cirúrgica 9-11 .<br />

Dentro deste contexto, o objetivo desse estudo foi<br />

analisar, em pacientes (e lesões) submetidos à intervenção<br />

coronária percutânea (ICP), qual a acurácia da estimativa<br />

visual da angiografia (EVA) e da angiografia coronária<br />

quantitativa (QCA) em apontar quais as lesões responsáveis<br />

por isquemia miocárdica, tomando-se o FFR como<br />

padrão-ouro.<br />

MÉTODO<br />

Foram analisados, 250 pacientes encaminhados<br />

ao Serviço de Cardiologia Intervencionista do Santa<br />

Helena Hospital do Coração para realização de angioplastia<br />

coronariana eletiva, no período de outubro de<br />

2004 a abril de 2005. Foram excluídos os pacientes<br />

portadores de oclusão crônica do vaso ou doença<br />

angiograficamente significativa em tronco da coronária<br />

esquerda. Em todos os pacientes, a cineangiocoronariografia<br />

diagnóstica havia sido realizada no período<br />

entre 2 dias e 3 semanas previamente ao procedimento.<br />

A Figura 1 sintetiza o desenho do estudo. As<br />

angiografias de todos os pacientes selecionados para<br />

o estudo foram analisadas por três cardiologistas independentes,<br />

que desconheciam os sintomas dos pacientes.<br />

Assim, as lesões coronarianas foram classificadas<br />

em duas categorias, de acordo com a estimativa visual<br />

da angiografia: 1) lesões significativas pela EVA, cuja<br />

indicação era tratar por meio de angioplastia, com ou<br />

sem implante de stent; 2) lesões não significativas pela<br />

EVA, cuja indicação era não tratar. Durante a análise<br />

das angiografias, em caso de divergência entre os examinadores,<br />

a decisão final foi tomada baseada em<br />

maioria simples.<br />

O cateterismo foi realizado por via femoral, utilizando-se<br />

cateteres guia 6F ou 7F sem furos laterais. Previamente<br />

à realização de angiografia, foram administradas<br />

10.000UI de heparina endovenosa e 0,5mg de<br />

nitroglicerina intracoronariana. A seguir, foram realizadas<br />

medidas pressóricas intracoronarianas em todos os<br />

vasos com estenose ≥50% pela estimativa visual, usandose<br />

uma corda-guia 0,014” (PressureWire ® 4 Sensor,<br />

RADI Medical Systems, Uppsala, Suécia), colocada no<br />

leito distal de cada coronária a ser analisada, uma de<br />

cada vez 12 . Administrava-se adenosina endovenosa através<br />

de bainha colocada na veia femoral, na dosagem<br />

de 140mg/kg/min, para induzir hiperemia máxima. O<br />

FFR era determinado automaticamente como a razão<br />

entre a pressão média distal da coronária e a pressão<br />

média em aorta (medida pelo cateter-guia) durante<br />

hiperemia máxima 6 . Todas as estenoses responsáveis<br />

por isquemia (FFR < 0,75) foram tratadas por intervenção<br />

percutânea, desde que tecnicamente possível.<br />

Estenoses cujo FFR fosse ≥ 0,75 não foram submetidas<br />

à ICP.<br />

Angiografia coronariana quantitativa<br />

(QCA) e classificação das lesões<br />

A angiografia coronariana quantitativa foi realizada<br />

off-line, tomando-se a projeção na qual podia-se demonstrar<br />

a lesão mais grave, utilizando-se software<br />

com algoritmo de detecção automática de contorno<br />

(CAAS II, Pie Medical Imaging, Maastricht, The Netherlands),<br />

conforme descrito previamente 13 .<br />

As lesões coronarianas foram, então, classificadas<br />

em dois grupos: 1) Lesões moderadas: entre 40 e 70%<br />

pela QCA; 2) Lesões graves: ≥ 70% pela QCA.<br />

Análise Estatística<br />

Todas as variáveis foram testadas para normalidade<br />

pelos testes de Shapiro-Wilks e/ou Kolmogorov-Smirnov.<br />

Na análise descritiva, as variáveis numéricas foram<br />

apresentadas como média ± desvio-padrão (DP) ou<br />

medianas e interquartis e as categóricas, como números<br />

(n) e porcentagens (%). O teste do qui-quadrado e o<br />

Cateterismo cardíaco e medidas<br />

pressóricas intracoronarianas<br />

Figura 1 - Visão geral do protocolo de estudo e formação dos<br />

grupos. Do terceiro nível em diante os números se referem às<br />

lesões, e não aos pacientes. ICP= intervenção coronária percutânea.<br />

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teste exato de Fisher foram usados para variáveis categóricas;<br />

o teste t de Student não-pareado e o teste de<br />

Mann-Whitney foram usados para variáveis contínuas.<br />

As características angiográficas e o FFR foram comparados<br />

entre os grupos de lesões moderadas e graves.<br />

O coeficiente de correlação de Spearman (rho) entre<br />

a QCA e o FFR foi calculado para ambos os grupos.<br />

A sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo<br />

e negativo e a acurácia da estimativa visual da<br />

angiografia em definir se determinada lesão era responsável<br />

por isquemia foram também determinados, tomando-se<br />

o FFR como padrão-ouro. A análise estatística<br />

foi realizada com o programa Stata SE 9.1 (Stata Corporation,<br />

Houston, Texas). Valores de p


Sant’Anna FM, et al. Angiografia Versus Fluxo Fracionado de Reserva na Avaliação do Grau de Importância das Estenoses Coronárias.<br />

Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 119-124.<br />

da EVA foi de 57% versus 96% nas lesões graves. O<br />

erro de interpretação da gravidade da lesão nas lesões<br />

moderadas foi em ambas as direções, ou seja, lesões<br />

aparentemente graves que se revelaram inocentes e<br />

lesões com características angiográficas benignas que<br />

se mostraram isquêmicas.<br />

QCA versus FFR<br />

As características angiográficas das lesões moderadas<br />

e graves podem ser observadas na Tabela 2. Observou-se<br />

uma correlação inversa entre o grau de estenose<br />

pela QCA e o FFR (Figura 3), que foi melhor nas lesões<br />

graves (rho = -0,55; p


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Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 119-124.<br />

hemodinâmico e sofrer pouca influência da microcirculação.<br />

Sua correlação com os métodos não-invasivos<br />

como a cintilografia do miocárdio, o ecostress com<br />

dobutamina e o teste de esforço, é muito boa, apresentando,<br />

além disto, a vantagem de ser específico para cada<br />

vaso e obstrução 8,12 .<br />

Em contrapartida, tanto a estimativa visual da angiografia<br />

quanto a QCA são métodos pouco úteis quando<br />

se trata de avaliar lesões moderadas. Fischer et al. 4<br />

analisaram 83 lesões moderadas (entre 40% e 70%) e<br />

compararam a estimativa visual da angiografia e a<br />

QCA com o FFR na detecção de lesões isquêmicas.<br />

Seus achados sugeriram que tanto a EVA quanto a<br />

QCA foram pouco eficazes para predizer o significado<br />

da maioria das estenoses moderadas, especialmente<br />

aquelas lesões menores do que 60%. Esses dados<br />

foram corroborados pelo presente estudo, cujos resultados<br />

mostraram que lesões moderadas tanto podem<br />

enganar o cardiologista, indicando tratamento quando<br />

este não está indicado, quanto deixando de tratar lesões<br />

consideradas incorretamente inocentes. Sant’Anna et<br />

al. 19 , utilizando o FFR com ferramenta de rotina em<br />

todas as angioplastias eletivas durante certo período<br />

de tempo, mostraram que 32% das lesões coronárias<br />

e 48% dos pacientes teriam recebido tratamento incorreto,<br />

se somente a estimativa visual da angiografia<br />

fosse seguida, enfatizando a utilidade da medida do<br />

FFR como ferramenta auxiliar na tomada de decisão<br />

durante as intervenções coronarianas percutâneas.<br />

Existem várias limitações no presente estudo: em<br />

primeiro lugar, em geral, se considera que o paciente<br />

será submetido à cinecoronariografia e depois à ICP<br />

eletivas após a realização de algum teste funcional<br />

não-invasivo, o que não foi o caso da maioria de<br />

nossos pacientes. No entanto, essa é a rotina em muitos<br />

serviços no Brasil e em outras partes do mundo 3 e<br />

tentou-se apenas adaptar a essa limitação. Em segundo<br />

lugar, o processo de avaliação das lesões coronarianas<br />

foi subjetivo, baseado em experiências individuais, ainda<br />

que dessa forma reflita com maior precisão o que<br />

acontece no mundo real. Ademais, os três revisores<br />

eram cardiologistas com vasta experiência no campo<br />

da angiografia coronária. Em terceiro lugar, o valor de<br />

corte do FFR para definição de isquemia foi de 0,75,<br />

valor este que foi validado baseado em vários estudos<br />

6-8 , porém em populações selecionadas de pacientes<br />

uniarteriais, não diabéticos e não revascularizados.<br />

A população desse estudo foi mais heterogênea e incluiu<br />

pacientes diabéticos, com infarto prévio, alguns já revascularizados<br />

e, provavelmente, alguns casos de hipertrofia<br />

miocárdica. Pode ser que outro valor de corte devesse<br />

ser usado nesses pacientes, o que poderia aumentar<br />

a acurácia da angiografia na avaliação dos mesmos.<br />

CONCLUSÃO<br />

Esse estudo mostrou que a angiografia apresenta<br />

baixa correlação com o FFR na definição de existência<br />

ou não de isquemia miocárdica, além de acurácia<br />

reduzida nas lesões moderadas, tornando clara a necessidade<br />

de associá-la a um método funcional capaz de<br />

orientar corretamente o tratamento dessas estenoses.<br />

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Lima-Filho MO, et al. <strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária como Preditor de Reestenose Angiográfica. Estudo em<br />

Pacientes com Alto Risco de Reestenose. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 125-133.<br />

Artigo Original<br />

<strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária<br />

como Preditor de Reestenose Angiográfica. Estudo<br />

em Pacientes com Alto Risco de Reestenose<br />

Moysés de Oliveira Lima-Filho 1 , Geraldo Luiz de Figueiredo 1 , Cleide Marques Antloga 1 ,<br />

Silvio Sergio Pontes Câmara 1 , Maria Cristina Foss-Freitas 2 , Milton Cesar Foss 2 , José Antonio Marin-Neto 1<br />

RESUMO<br />

Introdução: Em populações não selecionadas, obstruções<br />

em vasos de fino calibre são mais susceptíveis à reestenose<br />

após intervenção coronária percutânea (ICP). Por isso, entre<br />

as características angiográficas preditoras do fenômeno, o<br />

diâmetro luminal de referência (D.L.R.) é particularmente<br />

relevante. Tais resultados são corroborados por ultra-sonografia<br />

intracoronária (USIC), evidenciando a influência das dimensões<br />

vasculares sobre a resposta clínica no processo da<br />

reestenose, independente da presença de outros preditores,<br />

nessas populações não selecionadas. O objetivo deste trabalho<br />

foi avaliar os preditores angiográficos e ultra-sonográficos<br />

intracoronários de reestenose, em pacientes em que o alto<br />

risco de reestenose foi especialmente caracterizado por<br />

busca ativa de diabete melito (DM) e de disglicidemia.<br />

Método: Setenta pacientes portadores de 77 lesões obstrutivas<br />

ateroscleróticas coronarianas foram submetidos a ICP com<br />

stent, com sucesso. Realizou-se controle angiográfico e<br />

com USIC do resultado do implante, imediatamente após<br />

o término do procedimento e 6 meses após. Procedeu-se<br />

à busca ativa de alterações do metabolismo da glicose<br />

mediante a realização de GTTo, em todos os casos sem<br />

diagnóstico prévio de DM. Resultados: Foram identificados<br />

23 (32,86%) indivíduos com DM e 16 (22,85%) com intolerância<br />

à glicose. Pela análise bivariada, os parâmetros considerados<br />

preditores de reestenose angiográfica pelo critério<br />

binário foram: D.L.R. ≥ 2,82 mensurado na condição controle<br />

6 meses após ICP - RR=0,60 (0,<strong>15</strong>–0,81) IC 95% (p=0,014),<br />

SUMMARY<br />

Stent <strong>Vol</strong>ume as an Intracoronary Ultrasonographic<br />

Predictor of Restenosis. A Study in Patients with<br />

High Risk of Restenosis<br />

Background: In non-selected populations, coronary obstructions<br />

of small vessels are more likely to suffer restenosis<br />

after percutaneous interventions. Thus, the reference luminal<br />

diameter (RLD) is a particularly important angiographic<br />

parameter, which is inversely related to the restenosis rate.<br />

Additionally in non-selected patients, ultrasound (IVUS) studies<br />

have shown similar results regarding the influence of vascular<br />

dimensions as independent predictors of clinical restenosis.<br />

The aim of this study was to evaluate the angiographic and<br />

IVUS parameters as predictors of restenosis in patients submitted<br />

to PCI with stents in whom a high risk for restenosis was<br />

characterized in a prospective search for diabetes mellitus<br />

and dysglycemia. Methods: Seventy patients with 77 coronary<br />

artery obstructions were submitted to successful PCI with<br />

stents. Quantitative analysis of coronary angiograms and<br />

intracoronary ultrasonographic images were obtained immediately<br />

after and six months after the index procedure. An<br />

oral GTT test was performed in all patients without prior<br />

diagnosis of diabetes mellitus. Results: Twenty-three diabetics<br />

(32.86%) and 16 patients with glucose intolerance (22.85%)<br />

were identified. The angiographic and IVUS parameters considered<br />

predictors of restenosis through bivariate analysis were:<br />

RLD ≥ 2.82 mm six months after the procedure - RR=0.60<br />

1<br />

Unidade de Cardiologia Intervencionista, Divisão de Cardiologia,<br />

Departamento de Clínica Médica, Hospital das Clínicas, Faculdade<br />

de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.<br />

2<br />

Divisão de Endocrinologia e Metabologia, Departamento de Clínica<br />

Médica, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão<br />

Preto da Universidade de São Paulo.<br />

Este trabalho de investigação compôs parte da Tese de Doutorado<br />

defendida junto à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP, por<br />

Moysés de Oliveira Lima Filho, em 22 de setembro de 2003, e foi<br />

parcialmente subvencionado pela FAPESP, processo nº 99/07143-2.<br />

Correspondência: Moysés de Oliveira Lima-Filho. Unidade de Cardiologia<br />

Intervencionista, Divisão de Cardiologia, Departamento de<br />

Clínica Médica, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de<br />

Ribeirão Preto, USP. Avenida Bandeirantes, 3900. Campus da USP<br />

em Ribeirão Preto - Ribeirão Preto, SP - CEP 14048-900.<br />

Tel.: (16) 3602-2599 • E-mail: moyslima@usp.br<br />

Recebido em: 12/03/2007 • Aceito em: 12/04/2007<br />

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Lima-Filho MO, et al. <strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária como Preditor de Reestenose Angiográfica. Estudo em<br />

Pacientes com Alto Risco de Reestenose. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 125-133.<br />

volume de stent < 119,8 mm 3 ao USIC - RR=0,74 (0,38–<br />

0,89) IC 95% (p=0,0005) e área de stent ≤ 8,91 mm 2 ao<br />

USIC - RR=0,66 (0,24–0,85) IC 95% (p=0,006). A análise<br />

multivariada evidenciou que o único parâmetro preditor de<br />

reestenose foi volume de stent < 119,8 mm 3 (p=0,01). Conclusão:<br />

Com base nestes resultados, conclui-se que, em população<br />

de pacientes com alto risco para desenvolvimento de<br />

reestenose, o calibre do vaso esteve relacionado de forma<br />

inversa à taxa de reestenose, sendo o volume de stent pelo<br />

USIC < 119,8 mm 3 considerado preditor independente de<br />

reestenose.<br />

DESCRITORES: Angioplastia transluminal percutânea coronária.<br />

Reestenose coronária. Ultra-sonografia de intervenção.<br />

Diabetes mellitus.<br />

(0.<strong>15</strong> – 0.81) 95% CI (p=0.014), Stent <strong>Vol</strong>ume < 119.8 mm 3 -<br />

RR=0.74 (0.38 – 0.89) 95% CI (p=0.0005) and Stent Area<br />

≤ 8.91 mm 2 - RR=0.66 (0.24 – 0.85) 95% CI (p=0.006). By<br />

logistic regression multivariate analysis, stent volume mm 3<br />

< 119.8 was considered the only independent predictor of<br />

coronary restenosis (p=0.01). Conclusions: In this population<br />

with high risk for coronary restenosis, vessel dimensions<br />

were inversely related to its occurrence. A stent volume<br />

< 119.8mm 3 measured by IVUS was the only independent<br />

predictor of restenosis after PCI.<br />

DESCRIPTORS: Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary.<br />

Coronary restenosis. Ultrasonography, interventional.<br />

Diabetes mellitus.<br />

Areestenose após intervenção coronária percutânea<br />

(ICP) é definida angiograficamente pela volta de<br />

lesão reduzindo em ≥ 50% o diâmetro luminal 1 .<br />

Esta definição binária, que divide a população de forma<br />

qualitativa em dois grandes grupos, mesmo tendo a<br />

linha de corte bem definida e estabelecida com exatidão<br />

por angiografia quantitativa, é criticável por não corresponder<br />

ao contexto clínico em proporção substancial<br />

dos casos. Essa restrição conceitual é obviada na prática<br />

clínica 2 , sendo a necessidade de nova revascularização<br />

para tratar a lesão índice o parâmetro de escolha comumente<br />

usado para traduzir o fenômeno da reestenose<br />

coronária (RC) 3-5 . Não obstante tal fato, o estudo dos<br />

aspectos relacionados ao procedimento, como preditores<br />

de RC, é fundamental para melhor entendimento<br />

dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos.<br />

Desde a era precedente ao uso das endopróteses<br />

coronarianas, verificou-se que vasos de fino calibre<br />

são mais susceptíveis à RC angiográfica pelo critério<br />

binário. Esse conceito genérico apóia-se em que, entre<br />

as características angiográficas preditoras do fenômeno,<br />

o diâmetro luminal de referência (D.L.R.) do vaso<br />

dilatado é particularmente relevante. Nos estudos da<br />

fase inicial da ICP, também se mostravam preditores<br />

significantes de RC o diâmetro luminal mínimo (D.L.M.)<br />

e a porcentagem de estenose ao término do procedimento<br />

terapêutico 6 . Entretanto, mesmo com o uso atual<br />

disseminado dos stents e sendo a RC após implante<br />

dos mesmos dependente, essencialmente, de hiperproliferação<br />

celular, com neoformação miointimal 7 , o D.L.R.<br />

continuou a ser caracterizado como preditor independente<br />

de RC 8,9 . Esta verificação, primordialmente derivada<br />

de estudos angiográficos, confirmou-se em estudos<br />

com ultra-sonografia intracoronária (USIC), mostrando-se<br />

que o calibre do vaso tratado interfere nitidamente<br />

na probabilidade de RC 10,11 . Em contraste, apenas<br />

o diabete melito (DM), e, possivelmente, a instabilidade<br />

do quadro clínico, são considerados atualmente<br />

fatores clínicos preditores de reestenose 12-14 .<br />

Embora em pacientes diabéticos as características<br />

angiográficas e ultra-sonográficas relacionadas com o<br />

calibre dos vasos e das lesões tratadas também sejam<br />

consideradas preditoras <strong>15</strong>,16 , há controvérsias, pelo fato<br />

de grande parte dos estudos ser anterior ao conceito<br />

de DM em vigor atualmente. Além disso, deve-se considerar<br />

que o DM é relativamente subdiagnosticado<br />

na população geral, bem como na de coronariopatas<br />

tratados com ICP. Assim, mesmo nos grandes estudos,<br />

a percepção do DM costuma ser baseada em diagnóstico<br />

estabelecido de forma não sistematizada, antes do<br />

procedimento, e nem sempre sendo realizada busca<br />

ativa de novos casos com a doença. Finalmente, são<br />

muito limitadas as investigações relatadas de verificação<br />

dos fatores angiográficos e ultra-sonográficos preditores<br />

de RC em pacientes com outras formas de disglicidemia 17 ,<br />

como a intolerância à glicose e a glicemia de jejum<br />

alterada, estados considerados pré-diabéticos, nos quais<br />

ocorre um grau aumentado de resistência insulínica<br />

comparativamente à população sem alterações do metabolismo<br />

da glicose.<br />

OBJETIVO<br />

Este estudo teve como objetivo primário avaliar os<br />

preditores angiográficos e ultra-sonográficos de RC após<br />

ICP com stents em grupo de pacientes na qual foi<br />

realizada busca ativa de distúrbios do metabolismo da<br />

glicose, de forma a caracterizar-se mais rigorosamente<br />

população com risco elevado de desenvolver RC.<br />

MÉTODO<br />

Características clínicas<br />

De fevereiro de 2001 a agosto de 2002, foram<br />

incluídos, prospectiva e consecutivamente, desde que<br />

atendessem aos critérios de inclusão e de exclusão<br />

pré-fixados, 76 pacientes portadores de 87 lesões coronárias<br />

ateroscleróticas obstrutivas tratadas por ICP<br />

com implante de stents. Em todos os casos, nesta fase,<br />

realizou-se angiografia quantitativa e USIC.<br />

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Lima-Filho MO, et al. <strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária como Preditor de Reestenose Angiográfica. Estudo em<br />

Pacientes com Alto Risco de Reestenose. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 125-133.<br />

Desse grupo inicial, em 70 indivíduos, portadores<br />

de 77 lesões, conseguiu-se realizar reestudo cineangiocoronariográfico,<br />

após seis meses, complementado com<br />

repetição da USIC. Todos os pacientes, antes do primeiro<br />

procedimento, assinaram termo de consentimento<br />

após informação circunstanciada, e o estudo foi aprovado<br />

pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica do<br />

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de<br />

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.<br />

Critérios de inclusão<br />

Pacientes portadores de coronariopatia obstrutiva,<br />

maiores de 18 anos de idade, sem limite superior de<br />

idade, de ambos os gêneros, em pleno exercício de<br />

suas faculdades mentais, que pudessem entender o<br />

significado da pesquisa e concordar com o termo de<br />

consentimento; presença de isquemia miocárdica detectada<br />

clínica e/ou laboratorialmente e de lesão obstrutiva<br />

coronária passível de tratamento por angioplastia com<br />

implante de stent, nas seguintes condições: ≥ 70% de<br />

obstrução em vasos com D.L.R. acima de 2,5 mm de<br />

diâmetro, sendo ambas as avaliações pela estimativa<br />

visual coronariográfica. A limitação em relação ao D.L.R.<br />

visa a garantir maior segurança na passagem do cateter<br />

de ultra-sonografia intravascular, assim como no<br />

implante dos stents.<br />

Critérios de exclusão<br />

Lesões localizadas em tronco de coronária esquerda<br />

não protegido por cirurgia de revascularização miocárdica<br />

prévia; lesões com imagem angiográfica sugestiva<br />

de trombo; lesões em pontes de veia safena com imagem<br />

angiográfica de degeneração parietal; lesões obstruindo<br />

totalmente a luz do vaso; mulheres em período gestacional;<br />

pacientes em choque cardiogênico; pacientes em<br />

fase aguda de infarto do miocárdio (primeiras 72 horas).<br />

Como visto na Tabela 1, estes indivíduos eram<br />

predominantemente do gênero masculino, com média<br />

de idade de 62 anos. Houve nítido predomínio de<br />

pacientes nos quais os procedimentos terapêuticos<br />

foram realizados após fase de estabilização clínica por<br />

terem apresentado síndromes isquêmicas miocárdicas<br />

instáveis. A maioria dos pacientes apresentava função<br />

sistólica do VE preservada (78,57%). O acometimento<br />

coronário era univascular em 45,71%, bivascular em<br />

41,43% e trivascular em 12,86% da amostra.<br />

Visando a estabelecer diagnóstico de alterações<br />

do metabolismo da glicose (diglicidemia), todos os<br />

pacientes realizaram teste oral de tolerância à glicose<br />

(GTTo), duas semanas após o procedimento, e foram<br />

classificados de acordo com esses resultados, em adição<br />

à glicemia de jejum, nos seguintes grupos: a) diabéticos;<br />

b) intolerantes e c) normais, de acordo com os<br />

critérios estipulados pela Organização Mundial de Saúde<br />

(OMS) 18 . O grupo de pacientes diabéticos foi composto<br />

por 23 (32,86%) indivíduos, o de intolerância à<br />

glicose por 16 (22,85%) e o de normoglicemia por 31<br />

(44,28%). Cabe ressaltar, portanto, que mais da metade<br />

da amostra estudada apresenta distúrbio do metabolismo<br />

da glicose.<br />

Aspectos angiográficos qualitativos basais<br />

Foram tratadas 77 lesões obstrutivas de localização<br />

predominantemente proximal (51,95%), mas apenas<br />

uma lesão era ostial em coronária descendente anterior.<br />

Quase 60% das lesões eram complexas, classificadas<br />

como B2 ou C. O vaso tratado foi a DA em 46,75%<br />

das vezes. Apenas uma lesão era reestenótica, tendo<br />

sido previamente tratada por angioplastia com balão<br />

sem stent (Tabela 2).<br />

Foram utilizados oito diferentes tipos de stents, os<br />

disponíveis no serviço durante o período. Não houve<br />

definição protocolar quanto ao tipo de stent a ser<br />

utilizado, ficando este a critério do operador, assim<br />

como quanto à pressão final de insuflação durante<br />

implante, que foi em média ± DP, <strong>15</strong>,1 ± 1,98 atm.<br />

Todos os pacientes receberam antiagregação plaquetária<br />

combinada com ácido acetilsalicílico (AAS) e<br />

ticlopidina ou clopidogrel, por período mínimo de <strong>15</strong><br />

dias após o procedimento. Depois, todos continuaram<br />

em uso de AAS indefinidamente. Nenhum paciente<br />

TABELA 1<br />

Aspectos clínicos gerais<br />

N %<br />

Total 70 100,0<br />

Idade* (anos) 62 (47 a_ 85)<br />

Índice de massa corporal (IMC) † 26,55 ± 4,27<br />

Gênero masculino 54 77,14<br />

Assintomáticos 8 11,43<br />

Equiv. anginoso 1 1,43<br />

Angina estável <strong>15</strong> 21,43<br />

Angina instável 28 40,0<br />

IAM sem supra de ST 1 1,43<br />

IAM com supra de ST 17 24,29<br />

HAS 57 81,43<br />

Obesidade 16 22,86<br />

Dislipidemia 40 57,14<br />

Hist. Familiar 30 42,86<br />

Diabetes Mellitus 23 32,86<br />

Intolerantes à Glicose 16 22,86<br />

Tabagismo 21 30,0<br />

FEVE Normal 55 78,57<br />

Uniarterial 32 45,71<br />

Biarterial 29 41,43<br />

Triarterial 9 12,86<br />

* Idade expressa em média e extremos<br />

†<br />

IMC expresso em média e desvio-padrão<br />

FEVE= fração de ejeção do ventrículo esquerdo<br />

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Lima-Filho MO, et al. <strong>Vol</strong>ume do Stent à Ultra-Sonografia Intracoronária como Preditor de Reestenose Angiográfica. Estudo em<br />

Pacientes com Alto Risco de Reestenose. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 125-133.<br />

TABELA 2<br />

Características angiográficas basais<br />

N %<br />

Total 77 100,00<br />

Óstio 1 1,30<br />

Segmento proximal 40 51,95<br />

Segmento médio 32 41,56<br />

Segmento distal 4 5,19<br />

Tipo A 9 11,69<br />

Tipo B1 23 29,87<br />

Tipo B2 44 57,14<br />

Tipo C1 1 1,30<br />

CD 27 35,07<br />

CX 9 11,69<br />

DA 36 46,75<br />

Diagonalis 1 1,30<br />

Marginal 4 5,19<br />

< 10 mm 36 46,75<br />

> 10 e < 20 mm 40 51,95<br />

> 20 mm 1 1,30<br />

Excentricidade 49 63,60<br />

Tortuosidade 4 5,19<br />

Angulação 12 <strong>15</strong>,58<br />

Calcificação <strong>15</strong> 19,48<br />

Lesão reestenótica 1 1,30<br />

Bifurcação 6 7,79<br />

Bordas irregulares 3 3,90<br />

recebeu inibidores de glicoproteína IIb/IIIa. Outros medicamentos<br />

foram utilizados a critério clínico, tendo<br />

sido recomendado o uso de vasodilatador coronário<br />

(nitratos e/ou bloqueadores de canais de cálcio) no<br />

período hospitalar.<br />

Análise angiográfica quantitativa<br />

Realizada off-line com sistema CAAS-II (Pie Medical<br />

Imaging B.V., Maastricht, Holanda), previamente validado<br />

19-22 . Todos os angiogramas foram realizados após<br />

injeção intracoronária de 0,2 mg de nitroglicerina. Os<br />

cálculos e medidas apresentados derivam da análise<br />

de dois planos ortogonais em cada uma das três condições<br />

do estudo (antes e depois da ICP e controle<br />

tardio aos seis meses). Sempre foram avaliados os<br />

quadros cinecoronariográficos durante a diástole, nos<br />

quais a obstrução mostrava-se mais intensa, e evitando-se<br />

a sobreposição de vasos. Para cada condição,<br />

utilizou-se o menor D.L.M., e a média do D.L.R. entre<br />

as duas projeções, sendo os demais cálculos obtidos<br />

a partir destes dois parâmetros. Foram observadas,<br />

cuidadosamente, as projeções realizadas na situação<br />

pré-procedimento, a fim de que as mesmas pudessem<br />

ser repetidas nas situações pós-procedimento e controle<br />

tardio após seis meses.<br />

Ultra-sonografia intracoronária<br />

O estudo com USIC foi realizado em todos os<br />

pacientes, imediatamente após o procedimento e no<br />

final do período de controle após seis meses.<br />

Para captação das imagens ultra-sonográficas foram<br />

utilizados cateteres com transdutores de 30 ou 40<br />

MHz, acoplados aos sistemas Clear View TM ou Galaxy TM<br />

(Boston Scientific, Maple Grove, Minnesota), utilizados<br />

para subseqüente visualização das imagens gravadas<br />

e realização de análise quantitativa. Para aquisição<br />

dinâmica das imagens, o cateter foi adaptado a sistema<br />

de recuo escalonado progressivo, com velocidade<br />

fixa de 0,5 mm/seg. Imediatamente antes desta aquisição,<br />

infundia-se 0,2 mg de nitroglicerina intracoronária<br />

através da via de infusão do cateter de USIC. É importante<br />

salientar-se que o resultado do procedimento terapêutico<br />

não foi em geral guiado, mas sim documentado por<br />

USIC. Entretanto, em 5 pacientes, diante da análise<br />

ultra-sonográfica, optou-se por complementação do<br />

procedimento com nova dilatação da endoprótese por<br />

balão, e tornando-se a passar o cateter ultra-sonográfico<br />

após esta complementação, com estes resultados considerados<br />

para análise.<br />

Pela análise ultra-sonográfica quantitativa foram<br />

observados os seguintes parâmetros, de acordo com<br />

as várias fases dos estudos, em cortes transversais<br />

seriados do vaso a cada milímetro: Área Luminal em<br />

mm 2 (A.L.); Área delimitada pelo Stent em mm 2 (A.S.);<br />

Área de Hiperplasia Neointimal em mm 2 (A.H.N.) =<br />

A.S. – A.L.; Razão entre Área de Hiperplasia Neointimal<br />

e Área delimitada pelo Stent (A.H.N./A.S.). A partir<br />

dessas medidas de área e com base na fórmula de<br />

Simpson 23 , na qual a média das áreas planimetradas a<br />

cada milímetro é multiplicada pelo comprimento da<br />

extensão medida, foram calculados os seguintes dados<br />

volumétricos após o implante do stent: <strong>Vol</strong>ume Luminal<br />

em mm 3 (V.L.); <strong>Vol</strong>ume delimitado pelo Stent em mm 3<br />

(V.S.); <strong>Vol</strong>ume de Hiperplasia Neointimal em mm 3<br />

(V.H.N.); Relação entre <strong>Vol</strong>ume de Hiperplasia Neointimal<br />

e <strong>Vol</strong>ume delimitado pelo Stent (V.H.N./V.S.).<br />

Análise estatística<br />

As variáveis qualitativas foram avaliadas a partir<br />

dos testes de Chi-quadrado e exato de Fischer. As<br />

variáveis quantitativas foram usualmente avaliadas a<br />

partir do teste de Kruskal-Wallis ou pelo teste “t” de<br />

Student, quando o parâmetro analisado teve distribuição<br />

normal na amostra investigada. Foram realizadas<br />

regressão linear e correlação por “ranks” de Spearman,<br />

e quando o parâmetro a ser medido apresentava distribuição<br />

gaussiana, foi realizado método de correlação<br />

de Pearson, assim como análise de variância para<br />

determinação dos prováveis parâmetros clínicos e laboratoriais<br />

associados ao procedimento terapêutico que<br />

poderiam estar relacionados com maior grau de hiperproliferação<br />

neointimal. A avaliação dos preditores de<br />

reestenose foi feita a partir de análise bi e multivariada<br />

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por regressão logística, utilizando-se o critério binário<br />

a partir do valor da mediana do parâmetro analisado.<br />

RESULTADOS<br />

O D.L.R. foi de 2,92 ± 0,49 mm, na condição basal<br />

(pré-procedimento), e de 3,18 ± 0,44, no pós-procedimento<br />

imediato, valores não discrimináveis estatisticamente.<br />

O D.L.M. basal foi de 0,82 ± 0,29 mm e imediatamente<br />

após o tratamento alcançou 2,68 ± 0,38 mm,<br />

um ganho agudo de 1,87 ± 0,43 mm; o grau de estenose<br />

de 71,34 ± 9,48%, na condição basal, passou para<br />

<strong>15</strong>,5 ± 6,17%, no pós-procedimento imediato. O comprimento<br />

da lesão na condição basal foi de 11,44 ±<br />

3,86 mm.<br />

Pela cinecoronariografia de controle tardio após 6<br />

meses, a taxa de reestenose pelo critério binário foi de<br />

31,17%, ocorrendo em 12 (44,4%) das 27 lesões tratadas<br />

em pacientes diabéticos, em 4 (25,0%) das 16<br />

lesões em pacientes intolerantes à glicose e em 8<br />

(22,8%) das 34 lesões tratadas em pacientes normoglicêmicos.<br />

Tais resultados evidenciam tendência a<br />

maior incidência de reestenose pelo critério binário,<br />

em pacientes diabéticos (p=0,07) comparativamente<br />

aos demais grupos.<br />

Analisando as características clínicas de acordo<br />

com a ocorrência ou não de reestenose, não se encontram<br />

diferenças significantes estatisticamente entre os<br />

dois grupos para cada aspecto avaliado, excetuandose<br />

a comparação síndrome coronária isquêmica aguda<br />

versus crônica. O tratamento de lesões em quadro<br />

clínico estável leva à redução de risco relativo de<br />

reestenose coronária, que assume o valor de 0,72<br />

(0,<strong>15</strong> – 0,91) IC=95%, p=0,009.<br />

Preditores de reestenose por<br />

angiografia quantitativa<br />

Os preditores angiográficos quantitativos de reestenose<br />

pela análise bivariada foram os diâmetros luminais<br />

de referência aferidos em qualquer das três medidas<br />

efetuadas nas condições deste estudo. Um D.L.R.<br />

≥ 2,93 (mediana da amostra) na condição basal levou<br />

à redução do risco de reestenose: RR = 0,54 (0,05–<br />

0,78) IC 95% (p=0,048). Na condição após procedimento<br />

imediata, também pelo valor da mediana da<br />

amostra, um valor de D.L.R. ≥ 3,19 levou à redução<br />

de risco de reestenose: RR=0,62 (0,19–0,82) IC 95%<br />

(p=0,013). O mesmo ocorreu na condição controle de<br />

seis meses, pela qual o D.L.R. ≥ 2,82 levou à redução<br />

de risco relativo de reestenose: RR=0,60 (0,<strong>15</strong>–0,81)<br />

IC 95% (p=0,014).<br />

O D.L.M., ao final do procedimento, não se mostrou<br />

preditor de reestenose pela análise bivariada, considerando-se<br />

valores inferiores e superiores da mediana<br />

da amostra geral, que foi igual a 2,64 mm (p=0,220).<br />

No entanto, ao considerar-se a comparação das médias<br />

do D.L.M., ao final do procedimento, entre as<br />

lesões reestenóticas versus não reestenóticas, houve<br />

tendência a menores diâmetros luminais mínimos estarem<br />

correlacionados com maior taxa de reestenose<br />

(p=0,0688), como disposto na Tabela 3.<br />

As lesões reestenóticas, em média, apresentavam<br />

menor grau de estenose ao término do procedimento<br />

(p=0,0295). Este resultado paradoxal provavelmente é<br />

devido à diferença de D.L.R. entre os dois grupos.<br />

Assim, pela análise bivariada da mediana da amostra<br />

(grau de estenose > 16,0%), aqueles resultados contra-<br />

TABELA 3<br />

Análise angiográfica quantitativa nas lesões reestenóticas versus não reestenóticas<br />

Com reestenose Sem reestenose p<br />

DLR (mm) – pré 2,64 ± 0,46 3,03 ± 0,45 0,0008<br />

DLR (mm) – pós 2,95 ± 0,41 3,29 ± 0,39 0,001<br />

DLR (mm) – controle 6 meses 2,64 ± 0,46 2,96 ± 0,51 0,0102<br />

DLM (mm) – pré 0,79 ± 0,28 0,83 ± 0,29 0,7126<br />

DLM (mm) – pós 2,57 ± 0,36 2,74 ± 0,38 0,0688<br />

DLM (mm) – controle 6 meses 0,91 ± 0,39 2,07 ± 0,47 < 0,0001<br />

Grau de estenose (%) – pré 69,68 ± 8,66 72,26 ± 9,65 0,235<br />

Grau de estenose (%) – pós 13,51 ± 5,80 16,35 ± 5,86 0,0295<br />

Grau de estenose (%) – controle 6 meses 65,6 ± 12,8 30,9 ± 9,9 < 0,0001<br />

Comprimento (mm) 10,42 ± 3,74 11,98 ± 3,96 0,1089<br />

Ganho agudo (mm) 1,91 ± 0,43 1,78 ± 0,41 0,2861<br />

Ganho agudo relativo (mm) 0,63 ± 0,14 0,69 ± 0,21 0,1451<br />

Perda tardia (mm) 0,67 ± 0,44 1,67 ± 0,44 < 0,0001<br />

Perda tardia relativa (mm) 0,22 ± 0,<strong>15</strong> 0,65 ± 0,20 < 0,0001<br />

Índice de perda tardia 0,35 ± 0,23 0,96 ± 0,27 < 0,0001<br />

Índice de perda tardia relativa 0,12 ± 0,08 0,37 ± 0,12 < 0,0001<br />

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ditórios não se repetiram, havendo tendência (p=0,073)<br />

de graus mais intensos de estenose após o procedimento<br />

estarem relacionados com maior incidência de reestenose<br />

pelo critério binário angiográfico.<br />

Conforme demonstrado na Tabela 3, o ganho agudo<br />

absoluto ou relativo do diâmetro luminal mínimo com<br />

o procedimento terapêutico não esteve relacionado<br />

com o fenômeno da reestenose. Isto se confirmou<br />

pela análise bivariada.<br />

avaliados, somente o D.L.R., e a área e o volume de<br />

stent foram preditores de reestenose, como definido<br />

angiograficamente pelo critério binário.<br />

No entanto, a análise multivariada por regressão<br />

Ultra-sonografia intracoronária:<br />

análise quantitativa<br />

Os resultados das análises quantitativas de área e<br />

volumétrica pela ultra-sonografia controle realizada após<br />

seis meses estão dispostos na Tabela 4. Por análise<br />

bivariada, a presença de volume de stent < 119,8 mm 3<br />

foi preditora de reestenose com base no critério binário<br />

angiográfico, sendo o risco relativo para volumes<br />

acima deste valor numérico igual a 0,74 (0,38–0,89)<br />

IC 95% com um valor de p=0,0005. O mesmo ocorreu<br />

em relação à presença de área de stent ≤ 8,91 mm 2 ,<br />

pois para valores superiores aos da mediana registrouse<br />

RR de reestenose de 0,66 (0,24–0,85) IC 95%, com<br />

um valor de p=0,006. A Tabela 4 mostra que as diferenças<br />

entre as médias de volume de stent e de área<br />

de stent nas lesões reestenóticas versus não reestenóticas<br />

são altamente significativas.<br />

Figura 1 - Correlação entre grau de estenose pela angiografia e o<br />

volume de stent por USIC na fase de controle após 6 meses.<br />

As Figuras 1 e 2 mostram os gráficos de regressão<br />

linear entre os graus de estenose pela cinecoronariografia<br />

no controle de 6 meses e os volumes e áreas de stent<br />

pela USIC também dessa fase. Embora os baixos valores<br />

do coeficiente de correlação de Pearson, houve<br />

significância estatística, em ambos os casos.<br />

Análise multivariada dos preditores<br />

de reestenose<br />

Conforme exposto, pela análise bivariada, dentre<br />

todos os parâmetros angiográficos e ultra-sonográficos<br />

Figura 2 - Correlação entre grau de estenose pela angiografia e<br />

área de stent por USIC na fase de controle após 6 meses.<br />

TABELA 4<br />

Análise ultra-sonográfica quantitativa na fase de controle após seis meses nas<br />

lesões reestenóticas versus não reestenóticas<br />

Com reestenose Sem reestenose p<br />

Área da luz (mm 2 ) 1,98 ± 0,89 5,37 ± 2,23 < 0,0001<br />

Área do stent (mm 2 ) 7,53 ± 2,23 10,04 ± 2,65 0,0003<br />

A.H.N. (mm 2 ) 5,54 ± 2,02 4,66 ± 1,51 0,0746<br />

A.H.N./área stent (%) 72,0 ± 10,0 47,0 ± 12,0 < 0,0001<br />

<strong>Vol</strong>ume da luz (mm 3 ) 40,11 ± 32,14 97,13 ± 51,52 < 0,0001<br />

<strong>Vol</strong>ume do stent (mm 3 ) 90,03 ± 50,49 142,01 ± 67,290 0,0003<br />

V.H.N. (mm 3 ) 49,92 ± 25,54 44,88 ± 25,49 0,3975<br />

V.H.N./volume do stent (%) 57,0 ± <strong>15</strong>,0 32,0 ± 10,0 < 0,0001<br />

A.H.N.= área de hiperplasia neointimal; V.H.N.= volume de hiperplasia neointimal<br />

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Pacientes com Alto Risco de Reestenose. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 125-133.<br />

logística evidenciou que o único parâmetro preditor<br />

de reestenose foi volume de stent < 119,8 mm 3 (p=0,01)<br />

- Tabela 5.<br />

DISCUSSÃO<br />

O presente estudo demonstra que também em<br />

amostra populacional na qual o alto risco de reestenose<br />

é caracterizado por se constituir de mais de 50% de<br />

pacientes disglicêmicos, a taxa de RC é nítida e inversamente<br />

correlacionada ao calibre vascular, conforme<br />

documentado por análise angiográfica quantitativa e<br />

ultra-sonográfica. Enquanto os presentes resultados<br />

foram obtidos com aproximadamente 55% de pacientes<br />

diabéticos ou intolerantes à glicose, a grande maioria<br />

dos estudos descreve amostras populacionais em que<br />

pacientes diabéticos correspondem a apenas 20-25%<br />

da casuística. Essa incidência de distúrbios glicêmicos<br />

encontrada no atual estudo é congruente com publicação<br />

de Muhlestein et al. 24 , na qual anormalidades do<br />

metabolismo da glicose tiveram prevalência de 61%,<br />

em pacientes tratados com ICP.<br />

Entre os aspectos clínicos avaliados, apenas as<br />

síndromes isquêmicas miocárdicas instáveis (SIMIs) foram<br />

consideradas preditoras de reestenose pela análise bivariada.<br />

A presença de SIMIs como preditor de reestenose<br />

após implante de stents não é descrita na literatura,<br />

diversamente do que ocorria na era pré-stent 25-28 . É<br />

interessante que essa associação se verificou apesar<br />

de a ICP ter sido realizada, nesses casos, sempre após<br />

período de estabilização do quadro clínico, durante<br />

vários dias. Mas também é oportuno frisar que, pela<br />

análise multivariada, o antecedente de SIMIs não foi<br />

considerado preditor independente de reestenose. Os<br />

resultados da presente investigação, associando calibre<br />

vascular e maior risco de RC com pequeno calibre<br />

vascular, também são particularmente coerentes com<br />

os descritos por Süsselbeck et al. 29 , que evidenciaram,<br />

em avaliação de 293 lesões, ser o D.L.R. e a presença<br />

de DM preditores de reestenose. Nesse estudo, foi<br />

descrito que, em vasos < 3,0 mm, a presença de DM<br />

aumenta em duas vezes o risco de reestenose.<br />

O volume de stent como preditor de reestenose,<br />

isolado, ou associado ao calibre do vaso tratado, já<br />

havia sido descrito por Hoffman et al. 30 , em estudo no<br />

qual foi utilizado o stent de Palmaz Schatz TM (Cordis<br />

– Johnson & Johnson). Vale salientar que esse conceito<br />

genérico fica amplamente corroborado pelo presente<br />

estudo, no qual foram utilizados vários tipos de stents,<br />

podendo seus resultados serem extrapolados para o<br />

mundo real, com maior confiabilidade.<br />

Estes resultados, no entanto, contrastam com os<br />

descritos em estudo meta-analítico que avaliou população<br />

composta em três registros (MUSIC, WEST-II e<br />

ESSEX) e dois estudos multicêntricos (ERASER e<br />

TRAPIST), o qual concluiu que, em vasos relativamente<br />

grandes, a taxa de reestenose poderia ser predita pela<br />

mínima área de stent (inversamente relacionada) e pelo<br />

comprimento do stent (diretamente relacionada), mas<br />

não pelo volume do stent. Esta meta-análise visou à<br />

construção de tabela de referência para cálculo da<br />

taxa esperada de reestenose, a partir dos resultados<br />

finais da análise ultra-sonográfica quantitativa, mas tais<br />

observações derivaram de ICP realizada em vasos mais<br />

calibrosos e com lesões mais curtas do que no presente<br />

estudo.<br />

Deve ser mencionado que o calibre do vaso tratado<br />

expresso angiograficamente pelo D.L.R. interfere na<br />

taxa de reestenose, mesmo após o advento dos stents<br />

farmacológicos. No estudo SIRIUS 31 , enquanto a taxa<br />

geral de reestenose no segmento do stent foi de 36,3%<br />

versus 8,9% (stent convencional versus farmacológico),<br />

ao avaliar-se o subgrupo de pacientes com vasos menores<br />

(tercil inferior), essas taxas de reestenose passaram<br />

para 42,9% e 18,4%, respectivamente.<br />

No presente estudo, não se focalizou o impacto<br />

clínico da RC. Entretanto, Elezi et al. 32 também encontraram<br />

resultados semelhantes em série com mais de<br />

2000 pacientes, na qual os pacientes com vasos de<br />

calibre < 2,8 mm apresentaram maior taxa de reestenose<br />

pelo critério binário, quando comparados àqueles com<br />

calibre superior a 3,2 mm (38,6 versus 20,4%). Nessa<br />

investigação, a maior taxa de reestenose esteve diretamente<br />

relacionada à evolução clínica, uma vez que<br />

naqueles pacientes com vasos menores, a sobrevida<br />

livre de eventos cardiovasculares graves em um ano foi<br />

de 69,5%, versus 77,5% e 81%, respectivamente para<br />

vasos com calibres intermediários e calibres maiores.<br />

Assim, a relevância clínica dos resultados do presente<br />

TABELA 5<br />

Análise multivariada dos preditores de reestenose angiográfica<br />

Variável Coeficiente Beta Erro Padrão Wald Coef./Ep Prob. Exp (Beta)<br />

D.L.M. -0,94573 1,60857 -0,587947 0,55 0,3884<br />

<strong>Vol</strong>ume stent 4,34938 1,76364 2,466<strong>15</strong> 0,013 77,43<br />

Área stent 2,19828 1,87928 1,16975 0,24 9,01<br />

D.L.R. -0,85389 1,6749 -0,05982 0,96 0,9182<br />

Constante -5,07521 2,4083 -2,10738 0,017 -<br />

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trabalho de investigação torna-se realçada, com a confluência<br />

de dois fatores eminentemente clínicos e constitucionais<br />

– a disglicidemia e o reduzido calibre vascular<br />

- mostrando-se esta associação particular e potencialmente<br />

prejudicial para pacientes tratados com ICP.<br />

CONCLUSÃO<br />

Com base nestes resultados, conclui-se que, em<br />

população de pacientes consecutivos, nos quais foi<br />

realizada busca sistemática de alterações do metabolismo<br />

da glicose como provável indicador de maior<br />

risco de reestenose coronária, o calibre do vaso esteve<br />

relacionado de forma inversa à taxa de reestenose.<br />

Entre os parâmetros que incorporam essa característica,<br />

o volume de stent pelo USIC < 119,8 mm 3 mostrouse<br />

preditor independente de reestenose coronária.<br />

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Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

Oclusão Percutânea do Canal Arterial<br />

> 3 mm com Auxílio do Biótomo<br />

Artigo Original<br />

Daniel Guilherme Arnoni 1 , Justo José Santiago Peña 1 , Valmir Fernandes Fontes 1,2 ,<br />

Sérgio Luiz Navarro Braga 1 , César Augusto Esteves 1 , Waldinai Pereira Ferreira 1 ,<br />

Simone Rolim Fernandes Fontes Pedra 1,2 , Maria Virgínia Tavares Santana 1 , Julio César Santin 1 ,<br />

Jean Marcelo Ferreira da Silva 1 , Roberto O’Connor 1 , Carlos Augusto Cardoso Pedra 1,2,3<br />

RESUMO<br />

A oclusão percutânea do canal arterial de pequeno calibre<br />

com molas de Gianturco tem sido considerada como a<br />

primeira opção terapêutica na maioria dos centros do mundo.<br />

Entretanto, o emprego de molas para canais > 3 mm está<br />

associado a maiores taxas de insucesso e complicações.<br />

Neste artigo, descrevemos os resultados da oclusão destes<br />

canais por meio da técnica anterógrada com o auxílio do<br />

biótomo, empregando-se principalmente “coils” 0,052 polegadas.<br />

De setembro de 2002 a agosto de 2006, 14 pacientes<br />

(2 do sexo masculino; mediana de idade e peso de 8 anos<br />

e 23,6 kg, respectivamente) foram submetidos ao procedimento.<br />

Treze pacientes possuíam canal arterial do tipo A e um<br />

do tipo C. O diâmetro mínimo variou de 3,1 a 5,2 mm<br />

(média = 3,8 ± 0,6 mm). Sucesso no implante foi observado<br />

em 13 casos. Destes, 2 necessitaram de implante de molas<br />

adicionais no mesmo procedimento devido a fluxos residuais<br />

significativos. Cinco apresentaram oclusão completa imediata<br />

e 8 saíram da sala de cateterismo com fluxo residual<br />

discreto, difuso e de baixa velocidade. Não houve complicações<br />

relacionadas ao cateterismo. Durante o seguimento,<br />

os ecocardiogramas mostraram oclusão em 12 dos 13 pacientes.<br />

Nenhum apresentava distúrbios de fluxo na aorta ou na<br />

artéria pulmonar esquerda. Um paciente foi submetido a<br />

procedimento de reoclusão com implante de nova mola. A<br />

oclusão do PCA > 3 mm por meio da técnica de liberação<br />

controlada por biótomo por via anterógrada de molas de<br />

Gianturco (preferencialmente de 0,052 polegadas) é factível,<br />

de simples realização, de baixo custo, segura e eficaz.<br />

DESCRITORES: Persistência do conduto arterioso. Cateterismo<br />

cardíaco. Próteses e implantes. Embolização terapêutica.<br />

SUMMARY<br />

Bioptome - Assisted Technique for Percutaneous<br />

Occlusion of the Patent Ductus Arteriosus > 3 mm<br />

Percutaneous occlusion of the small patent ductus arteriosus<br />

(PDA) with Gianturco coils is considered the first-line therapeutic<br />

option in most centers around the world. However, the<br />

use of coils to close ducti larger than 3 mm is associated<br />

with higher failure and complication rates. In this paper we<br />

report the outcomes of percutaneous occlusion of these<br />

larger PDAs employing the bioptome assisted anterograde<br />

technique mainly using 0.052" coils. From 9/2002 to 8/2006,<br />

14 patients (2 male; median age 8 years and weight 23.6 kg)<br />

underwent the procedure. Thirteen patients had type A<br />

PDAs and one had a type C. Minimal diameter varied from<br />

3.1 to 5.2 mm (mean = 3.8 ± 0.6 mm). Successful implantation<br />

was achieved in 13 cases. Of these, 2 required additional<br />

coils in the same procedure due to significant leaks. Five<br />

had immediate total occlusion and 8 left the catheterization<br />

laboratory with discrete, diffuse, low-velocity residual leaks.<br />

There were no complications related to the catheterization<br />

procedures. On follow-up, total occlusion was observed in<br />

12 of the 13 patients at echocardiography and none had<br />

flow disturbances of the aorta or of the left pulmonary<br />

artery. A single patient required a re-occlusion procedure<br />

with implantation of an additional coil. Percutaneous occlusion<br />

of PDAs larger than 3 mm using the bioptome assisted<br />

anterograde technique mainly with 0.052" coils is feasible,<br />

easy to perform, cost effective, safe and efficacious.<br />

DESCRIPTORS: Ductus arteriosus, patent. Heart catheterization.<br />

Prostheses and implants. Embolization, therapeutic.<br />

1<br />

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP.<br />

2<br />

Hospital do Coração - Associação do Sanatório Sírio, São Paulo, SP.<br />

3<br />

Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.<br />

Correspondência: Daniel Guilherme Arnoni. Instituto Dante Pazzanese<br />

de Cardiologia. Av. Dr. Dante Pazzanese, 500 - 14º andar - Ibirapuera<br />

- São Paulo - SP - CEP 04012-180 - Telefone: (11) 5085-6114 -<br />

Fax: (11) 5085-6196 • E-mail: cacpedra@uol.com.br<br />

Recebido em: 14/3/2007 • Aceito em: 10/4/2007<br />

134


Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

Apersistência do canal arterial (PCA) é uma das cardiopatias<br />

congênitas mais freqüentes, correspondendo<br />

a cerca de 5-7% de todas elas. Seu tratamento<br />

está indicado quando há repercussão hemodinâmica,<br />

evidenciado pelo aumento do ventrículo esquerdo<br />

à ecocardiografia. Desde sua descrição por Cambier<br />

et al. 1 , em 1992, o fechamento com “coils” de Gianturco<br />

pela via retrógrada clássica tem se mostrado uma técnica<br />

segura, barata e eficiente para canais menores que<br />

2,5-3,0 mm, medidos pela angiografia. Por isto, tem<br />

sido empregada como método terapêutico de escolha<br />

para crianças com PCA e peso maior que 4-5 kg 2 .<br />

Entretanto, em canais maiores que 2,5-3 mm, há maior<br />

risco de insucesso no implante, mau posicionamento<br />

da mola, embolização, maior tempo de fluoroscopia e<br />

fluxos residuais, por vezes, acompanhados de hemólise<br />

3-7 . Além disso, estes canais maiores geralmente<br />

requerem o uso de múltiplos “coils”, o que ocasionalmente<br />

pode levar, em pequenos lactentes, à obstrução<br />

parcial do fluxo para a artéria pulmonar esquerda ou<br />

aorta 7 . Tais complicações, apesar de infreqüentes, podem<br />

ser minimizadas com implante controlado, de<br />

preferência com um único dispositivo. Inúmeras técnicas<br />

têm sido empregadas para controlar o implante do<br />

“coil”, incluindo o uso de biótomos 8-12 , de um cateter<br />

balonado 13 e de cateteres-laço 14,<strong>15</strong> . O implante controlado<br />

por via anterógrada com auxílio do biótomo foi<br />

inicialmente descrito por Hayes et al. 8 , em 1996, passando<br />

por algumas modificações e refinamentos 9-12 .<br />

Neste estudo, descrevemos nossa experiência com esta<br />

técnica para o fechamento de PCA maiores que 3 mm,<br />

usando principalmente “coils” de Gianturco de 0,052<br />

polegadas de diâmetro interno.<br />

Sob anestesia geral e intubação orotraqueal ou<br />

sedação consciente em pacientes maiores, puncionouse<br />

a veia e a artéria femoral com introdução de bainhas<br />

7F e 5F, respectivamente. Administrou-se heparina<br />

(100-<strong>15</strong>0 U/kg, com dose máxima de 5000 U) e cefazolina<br />

(30 mg/kg). Pela via arterial, em perfil esquerdo,<br />

realizou-se aortografia em nível do canal arterial,<br />

para posterior aferição do seu diâmetro mínimo, comprimento<br />

e dimensões da ampola aórtica (Figura 1). Com<br />

tais dados, selecionou-se o “coil” de forma que seu<br />

diâmetro externo fosse cerca de duas vezes maior que<br />

o diâmetro mínimo do canal, com comprimento suficiente<br />

para a formação de 3 a 5 alças. Assegurou-se<br />

que as dimensões da ampola aórtica acomodariam as<br />

dimensões do corpo da mola do lado aórtico. Deu-se<br />

preferência pelo uso da mola de 0,052 polegadas de<br />

espessura, por ter maior poder de compactação e formar<br />

uma massa metálica maior que as molas de 0,038<br />

polegadas 10,17,18 . Atravessou-se o canal arterial pelo<br />

lado pulmonar com o auxílio do guia hidrofílico e<br />

progrediu-se um cateter Judkins de coronária direita<br />

para a aorta descendente. Sobre um fio-guia rígido de<br />

troca, avançou-se uma bainha longa transseptal tipo<br />

Mullins 6 ou 7F, deixando-a na aorta descendente.<br />

Fora do corpo, exteriorizou-se parcialmente o “coil”<br />

selecionado para fora de seu carregador (de frente<br />

para trás). Conectou-se sua extremidade posterior (com<br />

uma ponta arredondada) a um biótomo 5 ou 6F (Cook<br />

ou Cardia) passado por dentro de um introdutor cortado<br />

ou carregador plástico Amplatzer 5 ou 6F (um F menor<br />

que o perfil da bainha longa) - Figura 2. Com a mandíbula<br />

do biótomo fechada sobre a porção posterior do<br />

“coil”, puxou-se o mesmo para dentro do introdutor<br />

cortado ou carregador (Figura 2), que funcionou para<br />

MÉTODO<br />

Seleção dos pacientes<br />

Os pacientes foram selecionados de acordo com<br />

os critérios abaixo:<br />

• Peso maior que 5 kg;<br />

• Diagnóstico clínico e ecocardiográfico de PCA<br />

com fluxo da esquerda para a direita e aumento das<br />

cavidades esquerdas à ecocardiografia;<br />

• Portadores de canais tipo A, C, D ou E, segundo<br />

a classificação angiográfica de Krichenko et al. 16 ;<br />

• Canais com diâmetro mínimo maior que 3 mm<br />

à angiografia em perfil esquerdo.<br />

Excluíram-se os pacientes com canais sem repercussão<br />

hemodinâmica, com hiper-resistência vascular pulmonar<br />

fixa e aqueles portadores de canais dos tipos B da<br />

classificação angiográfica de Krichenko et al. 16 . Todos os<br />

pacientes possuíam cobertura exclusiva do sistema SUS.<br />

Técnica<br />

Figura 1 - Aortografia em projeção lateral esquerda. Nota-se canal<br />

arterial do tipo com 5,2 mm de diâmetro mínimo. A ampola aórtica<br />

mediu cerca de 11-12 mm.<br />

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Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

Figura 2 - Painel esquerdo: O biótomo é passado por dentro de um carregador Amplatzer e sua mandíbula é aberta. Painel direito: Após conectarse<br />

com a porção posterior da mola, o biótomo é puxado, trazendo consigo a mola para dentro do carregador.<br />

ultrapassar a válvula hemostática da bainha longa.<br />

Empurrou-se o biótomo, transferindo o “coil” para<br />

dentro da bainha longa. Avançou-se o dispositivo até<br />

que fosse exteriorizado gradativamente na aorta descendente,<br />

de tal forma que apenas uma alça permanecesse<br />

dentro da bainha longa (Figura 3). Tracionou-se<br />

todo o conjunto como uma unidade (bainha, biótomo<br />

e coil), fazendo com que o dispositivo se encaixasse<br />

na ampola aórtica. Neste momento, a mola deixava de<br />

mover-se com o fluxo aórtico e estabilizava-se dentro<br />

da ampola do canal. Realizou-se aortografias de controle,<br />

com o intuito de averiguar o posicionamento do dispositivo<br />

(Figura 4). Em caso de mau posicionamento ou<br />

tração demasiada para artéria pulmonar, repetia-se o<br />

procedimento até que fosse obtido êxito. Após confirmado<br />

o correto posicionamento das 2-4 alças na ampola<br />

ductal, inicialmente mantinha-se discreta tração no biótomo,<br />

enquanto puxava-se a bainha sobre este. Logo<br />

depois, empurrava-se o biótomo de encontro ao canal<br />

(técnica das “2 mãos”). Desta forma, exteriorizava-se a<br />

alça do lado pulmonar. Realizaram-se novas aortografias<br />

para avaliar o posicionamento do dispositivo antes de<br />

sua liberação do biótomo (Figura 5), por meio da<br />

abertura de sua mandíbula. Cerca de 5 minutos após<br />

a liberação final do biótomo, obteve-se nova angiografia<br />

para avaliar a presença e a magnitude de possíveis<br />

Figura 3 - Nota-se a exteriorização de quatro alças na aorta<br />

descendente, com uma permanecendo dentro da bainha longa. A<br />

mola utilizada neste caso era 52-<strong>15</strong>-10.<br />

Figura 4 - Aortografia de controle após todo conjunto ter sido<br />

trazido de encontro ao canal arterial. As alças aórticas ficaram<br />

acomodadas dentro da ampola. Uma alça permaneceu ainda dentro<br />

da bainha longa.<br />

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Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

fluxos residuais (Figura 6) e/ou obstruções na artéria<br />

pulmonar esquerda (Figura 7). Aceitaram-se fluxos residuais<br />

difusos, de baixa velocidade, acreditando-se<br />

no desaparecimento dos mesmos com o tempo. Na<br />

presença de fluxos residuais bem definidos, em jato,<br />

cruzava-se o canal por via retrógrada para implante de<br />

novo “coil” de 0,038 polegadas, pela via retrógrada.<br />

Após término das manipulações com cateteres, neutralizou-se<br />

cerca de 50% da dose de heparina com protamina<br />

e obteve-se hemostasia por meio de compressão<br />

manual. Procedeu-se à extubação dentro do laboratório<br />

de cateterismo e realizou-se a monitoração rotineira<br />

na unidade de recuperação anestésica.<br />

Seguimento<br />

Realizaram-se, além da avaliação clínica, uma radiografia<br />

de tórax, um eletrocardiograma e um ecotranstorácico,<br />

no mesmo dia ou no dia seguinte ao procedimento,<br />

antes da alta hospitalar. Agendaram-se retornos<br />

com 6 e 12 meses após o procedimento para reavaliação<br />

clínica e ecocardiográfica. Nos casos de fluxo residual<br />

persistente, trazia-se o paciente para novo procedimento<br />

percutâneo para tentar oclusão do canal arterial, no<br />

mínimo 1 ano após o procedimento inicial 19 .<br />

Análise estatística<br />

Os valores são expressos em médias e desviopadrão<br />

ou medianas e variação, conforme indicado.<br />

RESULTADOS<br />

População<br />

Figura 5 - A alça restante é liberada do lado pulmonar usando a<br />

técnica das 2 mãos (ver texto).<br />

De setembro de 2002 a agosto de 2006, 14 pacientes<br />

foram submetidos ao procedimento, destes, apenas<br />

dois do sexo masculino. O peso dos pacientes variou<br />

entre 10 e 62 kg (mediana = 23,6 kg) e a idade de 2<br />

a 36 anos (mediana = 8 anos). Uma paciente tinha sido<br />

Figura 6 - Nota-se ótimo posicionamento final do dispositivo após<br />

liberação final e oclusão completa imediata do canal arterial.<br />

Figura 7 - Angiografia no tronco da artéria pulmonar em projeção<br />

oblíqua anterior esquerda cranial, mostrando que a artéria pulmonar<br />

esquerda encontra-se livre, sem obstruções de fluxo causadas pela<br />

presença da alça do lado pulmonar.<br />

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Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

submetida a plastia da valva mitral, dez anos antes,<br />

devido à insuficiência mitral secundária a febre reumática.<br />

Características do canal arterial<br />

Treze pacientes possuíam canal arterial do tipo A<br />

e um do tipo C. O diâmetro mínimo do PCA variou de<br />

3,1 a 5,2 mm (média = 3,8 ± 0,6 mm), o comprimento<br />

de 4,0 a 12,0 mm (média = 7,5 ± 2,4 mm) e a ampola<br />

aórtica de 6,6 a 13,0 mm (média = 9,4 ± 2,1 mm).<br />

Resultados imediatos (Tabela 1)<br />

Em um paciente portador de canal do tipo A com<br />

diâmetro mínimo de 3,4 mm, não se obteve sucesso no<br />

implante devido à incerteza quanto ao posicionamento<br />

e à estabilidade do dispositivo antes da sua liberação<br />

final do biótomo. Tentou-se o emprego de 2 “coils”<br />

0,052" de diâmetros diferentes (6 mm e 8 mm), sem<br />

sucesso, sendo retirados sem intercorrências. Retrospectivamente,<br />

avaliando-se as angiografias de controle, notouse<br />

que os dispositivos encontravam-se com posicionamento<br />

adequado e poderiam ter sido liberados. Tal<br />

evento ocorreu no início da curva de aprendizado de<br />

um dos operadores. Este paciente foi encaminhado para<br />

tratamento cirúrgico, que foi realizado com sucesso,<br />

sem complicações. Em outros 2 casos, houve necessidade<br />

de remoção da mola para dentro da bainha longa,<br />

devido à passagem inadvertida das alças do lado aórtico<br />

para o lado pulmonar pela tração excessiva no sistema.<br />

Após novo cruzamento anterógrado pelo canal, as mesmas<br />

molas foram implantadas sem intercorrências. Em<br />

um paciente com PCA de 3,5 mm, após liberação de<br />

uma mola 0,052", com 8 mm de diâmetro, houve discreta<br />

migração das alças para o lado pulmonar. Optou-se<br />

pela remoção do “coil” do canal, utilizando-se um cateterlaço,<br />

seguido de implante de novo “coil” 0,052", de<br />

6 mm de diâmetro, com sucesso. Em 2 casos, houve<br />

necessidade de implante imediato de novo “coil” após<br />

a liberação do primeiro por via anterógrada. Em ambos<br />

os casos, usou-se dispositivos 38-5-5 liberados por via<br />

retrógrada clássica. No total, foram implantados <strong>15</strong> espiras,<br />

nos 13 pacientes, sendo que 11 possuíam diâmetro<br />

interno (espessura) 0,052". Duas molas apresentavam<br />

diâmetro externo 5 mm (usadas para fluxos residuais<br />

imediatos; ver acima), 6 tinham 6 mm, 6 tinham 8 mm<br />

e uma tinha 10 mm. Cinco pacientes saíram da sala de<br />

hemodinâmica sem fluxo residual e 8 com fluxo residual<br />

mínimo. Quatro pacientes receberam alta no mesmo<br />

dia do procedimento e o restante no dia seguinte. Não<br />

houve qualquer complicação nos cateterismos realizados.<br />

Resultados de seguimento (Tabela 1)<br />

Durante o acompanhamento, que variou de 5 a<br />

20 meses (mediana de 14 meses), apenas um paciente<br />

mostrava fluxo residual pelo canal arterial. Este paciente<br />

foi levado ao laboratório de cateterismo, após 19 meses,<br />

para novo procedimento de oclusão, sendo implantado<br />

um “coil” 38-5-5 pela via retrógrada clássica, com<br />

oclusão completa e imediata do defeito. Após <strong>15</strong> meses<br />

TABELA 1<br />

Características dos pacientes, canais arteriais e procedimentos<br />

Pt Idade Sexo Peso Tipo DM Ampola Tipo Sucesso Oclusão Oclusão Procedimento<br />

(anos) (kg) PCA (mm) (mm) mola implante imediata tardia adicional<br />

1 12 F 49 A 3,9 13,0 52-10-8 S N N Cate<br />

2 6 F 19 A 3,1 8,2 38-8-6 S S S N<br />

3 9 F 25 A 3,1 10,0 38-8-6 S S S N<br />

4 28 F 56 A 4,2 8,3 52-10-8 S N S N<br />

38-5-5<br />

5 6 F <strong>15</strong> A 3,3 6,6 52-8-6 S S S N<br />

6 3 F 10 C 4,3 8,3 52-10-8 S N S N<br />

7 5 M 22 A 4,2 10,4 52-10-8 S N S N<br />

38-5-5<br />

8 7 F 20 A 3,2 7,7 52-8-6 S S S N<br />

9 2 F 11 A 3,4 6,6 52-8-6 N Cirurgia<br />

52-10-8<br />

10 13 M 52 A 3,3 9,3 52-8-6 S N S N<br />

11 36 F 55 A 4,1 11,0 52-10-8 S N S N<br />

12 18 F 62 A 4,2 8,0 52-10-8 S N S N<br />

13 3 F 16 A 5,2 11,0 52-<strong>15</strong>-10 S S S N<br />

14 36 F 48 A 3,5 13,0 52-10-8 S N S N<br />

52-8-6<br />

F= feminino; M= masculino; PCA= persistência do canal arterial; DM= diâmetro mínimo; S= sim; N= não<br />

138


Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

do segundo procedimento, o canal persistia fechado<br />

à ecocardiografia. Em nenhum dos casos houve embolização<br />

tardia do dispositivo, endocardite ou aumento<br />

da velocidade de fluxo na artéria pulmonar esquerda<br />

e na aorta, segundo as ecocardiografias de controle.<br />

DISCUSSÃO<br />

A oclusão percutânea do canal arterial com “coils”<br />

de Gianturco é um procedimento de excelente custobenefício<br />

e tem sido empregado como a técnica de<br />

escolha para o PCA de pequenas dimensões, na grande<br />

maioria dos centros mundiais. Entretanto, a aplicação<br />

desta técnica para canais maiores que 2,5-3,0 mm<br />

apresenta maiores dificuldades técnicas e associa-se a<br />

maiores taxas de insucesso, mau posicionamento, embolização,<br />

fluxos residuais com hemólise e necessidade<br />

de uso de múltiplos “coils”, resultando em obstruções<br />

parciais de fluxo para a artéria pulmonar esquerda e<br />

aorta em pequenos lactentes 3-7 . Por isto, ao longo dos<br />

anos, procurou-se desenvolver técnicas para controlar<br />

o posicionamento do dispositivo durante o implante.<br />

Esta experiência mostra a exeqüibilidade, segurança e<br />

eficácia do tratamento percutâneo do canal arterial<br />

> 3 mm com o auxílio do biótomo, em uma série<br />

pequena de pacientes maiores que 10 kg. Algumas<br />

das dificuldades técnicas observadas, como prolapso<br />

das alças aórticas para o lado pulmonar, dificuldade<br />

para correto posicionamento ou mau posicionamento<br />

inicial da mola, refletem uma curva de aprendizado<br />

inicial que é intrínseca a estes tipos de procedimentos.<br />

Apesar disto, em nenhum momento, houve prejuízo à<br />

segurança dos pacientes, denotado pela ausência de<br />

complicações nesta casuística. Além disto, é importante<br />

lembrar que a única opção terapêutica remanescente<br />

para estes pacientes com cobertura exclusiva do SUS,<br />

em nossa instituição, seria o tratamento cirúrgico.<br />

Apesar de existirem outras opções técnicas para a<br />

oclusão destes PCAs de maior diâmetro, incluindo o uso<br />

de cateteres balonados 13 ou laço 14,<strong>15</strong> , o emprego de molas<br />

de liberação controlada (Flipper e Nit-Occlud) 20,21 ou de<br />

próteses Amplatzer 22,23 , a oclusão com auxílio do biótomo<br />

apresenta algumas vantagens em relação a estas outras<br />

técnicas. Apesar do uso do cateter-laço auxiliar o<br />

posicionamento correto do “coil” no canal, manipulandoo<br />

do lado pulmonar, muitas vezes, as cerdas de Dacron<br />

do “coil” ficam presas ao laço de Nitinol, no momento<br />

da liberação final, o que requer a remoção do dispositivo.<br />

Tal dificuldade de liberação ocorreu em 17% dos<br />

pacientes na série de Weber & Cyran <strong>15</strong> . Apesar dos<br />

sistemas de liberação controlada (Flipper e Nit-Occlud) 20,21<br />

estarem disponíveis para uso comercial no Brasil, o principal<br />

fator limitante é o custo dos mesmos. Outra desvantagem<br />

do sistema Flipper é que, apesar de ser coberto<br />

pelo sistema SUS, existem limitações quanto à disponibilidade<br />

de alças de maiores diâmetros e quanto a sua<br />

força radial e densidade das cerdas de Dacron necessárias<br />

para oclusão completa de PCAs mais calibrosos.<br />

Tais características limitam seu uso para canais maiores.<br />

Apesar da mola Nit-Occlud flexível ser coberta pelo<br />

sistema SUS, ela não é recomendada para oclusão de<br />

canais maiores que 2,5-3,0 mm, que devem ser abordados<br />

com os Nit-Occlud mais rígidos, de custo mais<br />

elevado e, portanto, não cobertos. O custo também favorece<br />

o uso da técnica com biótomo, quando comparada<br />

à oclusão com próteses Amplatzer (AGA Medical Corporation).<br />

Apesar das próteses tipo Amplatzer de fabricação<br />

chinesa estarem chegando ao Brasil, não sabemos<br />

ainda seu custo e se vai ser coberta pelo sistema SUS.<br />

Por outro lado, é importante lembrar que a técnica aqui<br />

descrita só é custo-efetiva em nosso meio, devido à<br />

possibilidade de reesterilização do biótomo, que pode<br />

ser reusado inúmeras vezes, enquanto o mecanismo de<br />

abertura e fechamento da mandíbula estiver preservado.<br />

Apesar de termos tentado, sempre que possível,<br />

utilizar um único “coil” para o fechamento dos defeitos,<br />

notamos que em três pacientes (dois imediatamente e<br />

um no seguimento) houve a necessidade do uso de<br />

múltiplos dispositivos. Como nossa casuística compunha-se<br />

de pacientes acima de 10 kg e o posicionamento<br />

das próteses foi considerado ótimo nos três pacientes,<br />

não se observou obstruções parciais de fluxo na artéria<br />

pulmonar e na aorta. O fato de que apenas um dos<br />

oito pacientes com fluxo residual imediato discreto<br />

necessitou de procedimento de reoclusão no seguimento<br />

mostra que a decisão de se tolerar fluxos residuais<br />

imediatos difusos e de baixa velocidade, com<br />

aspecto em “fumaça”, parece ser apropriada.<br />

Apesar das vantagens descritas acima, existem algumas<br />

limitações ao uso da técnica aqui descrita. Tivemos<br />

a necessidade do uso de bainhas 6 ou 7F para<br />

acomodar biótomos 5 ou 6F. Isto causa tensão excessiva<br />

no sistema, podendo levar à passagem inadvertida das<br />

alças aórticas para a artéria pulmonar no momento de<br />

liberação da alça pulmonar, como foi observado em<br />

dois de nossos pacientes. Para evitar tal ocorrência,<br />

especulamos que o uso do biótomo 3F, o qual passa<br />

por uma bainha 4F, como descrito por Grifka et al. 10 ,<br />

gere menor tensão no sistema, permitindo um controle<br />

mais refinado no implante. Infelizmente, tal material<br />

não se encontrava disponível em nosso centro. É importante<br />

lembrar que, nesta técnica, se deve evitar a tensão<br />

que é sentida durante o implante da prótese Amplatzer.<br />

Por esta prótese ser mais encorpada e robusta, ela<br />

oferece maior resistência (e conseqüentemente tensão)<br />

para o operador, quando se encaixa na ampola do<br />

canal arterial. Neste sentido, é preferível o uso de<br />

“coils” 0,052" aos de 0,038", devido ao fato destes<br />

apresentarem maior perfil, robustez, força radial e superfície<br />

de contato, permitindo uma melhor compactação<br />

dentro da ampola 10,17,18 . Ainda do ponto de vista técnico,<br />

foi interessante notar que mesmo canais com medidas<br />

discretamente acima de 3 e 4 mm puderam ser abordados<br />

com molas 0,052" de 6 e 8 mm de diâmetro<br />

externo, respectivamente. Pelo fato de serem mais robustas<br />

e por terem seus posicionamentos e liberações<br />

controladas, as chances de embolização são menores,<br />

139


Arnoni DG, et al. Oclusão Percutânea do Canal Arterial > 3 mm com Auxílio do Biótomo. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 134-140.<br />

quando comparadas à técnica retrógrada convencional<br />

de liberação não controlada das molas 0,038".<br />

Existem, ainda, alguns desafios para o emprego<br />

mais disseminado desta técnica. Canais maiores que<br />

5 mm podem ser abordados utilizando-se 2 ou mais<br />

“coils” entrelaçados, avançados por dentro de bainhas<br />

de maior perfil 11 . Adicionalmente, pequenos lactentes<br />

com canais calibrosos também podem ser tratados com<br />

o uso desta técnica 12 . Apesar de Kumar et al. 11,12 terem<br />

obtido resultados satisfatórios nestes dois cenários clínicos<br />

descritos acima, a incidência de insucesso e complicações<br />

como mau posicionamento, embolização, fluxo<br />

residual e hemólise foi maior que nos casos mais simples,<br />

tratados de forma convencional. O diâmetro máximo<br />

do canal que permitiria a aplicação desta técnica<br />

também é questionável. Nesta casuística, foi possível a<br />

oclusão de um canal de 5 mm com apenas uma mola<br />

de 10 mm de diâmetro. Na experiência de Kumar et<br />

al. 11 , canais de até 8,5 mm foram abordados com esta<br />

técnica, porém utilizando múltiplos dispositivos entrelaçados.<br />

Os canais do tipo B amplos, provavelmente,<br />

não devem ser fechados com a técnica aqui descrita,<br />

sendo preferencialmente tratados com próteses tipo Amplatzer,<br />

preferencialmente, com duplo disco 24 .<br />

CONCLUSÕES<br />

A oclusão do PCA > 3 mm por meio da técnica<br />

anterógrada de liberação controlada de “coils” (preferencialmente<br />

de 0,052 polegadas) com o auxílio do<br />

biótomo é factível, de simples realização, de custo<br />

limitado, segura e eficaz. Constitui-se em excelente<br />

alternativa àqueles pacientes que não possuem planos<br />

de saúde que dão cobertura para próteses mais sofisticadas<br />

e de maior custo como o NitOcclud e a Amplatzer,<br />

evitando o tratamento cirúrgico. Com aperfeiçoamento<br />

técnico progressivo, esta modalidade poderá ser<br />

aplicada a um maior número de casos no futuro.<br />

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140


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 141-144.<br />

Santos MA, et al. Eficácia e Segurança do Cateter “Pronto” para Aspiração Manual de Trombo Durante Angioplastia Primária no<br />

Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 141-144.<br />

Artigo Original<br />

Eficácia e Segurança do Cateter “Pronto” para<br />

Aspiração Manual de Trombo Durante Angioplastia<br />

Primária no Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação<br />

do Segmento ST<br />

Márcio Antônio dos Santos 1 , Carlos Guilherme B. Fonseca 1 , Moacir Fernandes de Godoy 1,2<br />

RESUMO<br />

Objetivo: Avaliar a eficácia e a segurança de um cateter<br />

para aspiração manual de trombo (Cateter PRONTO ® -Vascular<br />

Solution, Inc. Minneapolis, USA) no IAM com elevação do<br />

segmento ST, em pacientes submetidos à angioplastia transluminal<br />

percutânea primária. Método: Foram avaliados os pacientes<br />

que deram entrada na emergência do hospital universitário<br />

com diagnóstico de IAM com supradesnivelamento do segmento<br />

ST com até 12 horas do início da dor precordial. Os pacientes<br />

com este diagnóstico foram encaminhados à sala de<br />

hemodinâmica para a realização de angioplastia primária.<br />

Em 28 casos não selecionados (60% do sexo masculino;<br />

idade 60,5±11,7 anos), durante a angioplastia, foi usado o<br />

cateter para aspiração manual de trombos e terminado o<br />

procedimento de forma convencional, com implante de stent.<br />

Foram avaliados a imagem angiográfica, redução de fluxo<br />

distal (TIMI pré e pós), blush miocárdico, presença de oclusão<br />

de ramos por trombo, regressão do segmento ST no ECG e<br />

tempo de procedimento. Resultados: Os pacientes selecionados<br />

para o uso do cateter durante o procedimento não mostraram<br />

oclusão distal de ramo, não fizeram fenômeno de “slowflow”<br />

ou “no-reflow”, apesar da grande carga de trombo<br />

aspirada, com evidências de melhora da microcirculação<br />

em face da redução significativa do supradesnivelamento do<br />

segmento ST. Conclusão: O uso do cateter PRONTO ® para<br />

aspiração de trombo no infarto agudo do miocárdio, durante<br />

angioplastia primária, em casos selecionados, é mais uma<br />

ferramenta para o hemodinamicista. Mostrou-se eficaz, de<br />

fácil manuseio, sem prolongar o tempo de procedimento,<br />

com evidências indiretas de melhora da microcirculação.<br />

DESCRITORES: Trombectomia, instrumentação. Infarto do<br />

miocárdio. Angioplastia transluminal percutânea coronária.<br />

SUMMARY<br />

Effectiveness and Safety of the Pronto Extraction<br />

Catheter to Aspirate Thrombus During Primary<br />

Angioplasty in STEMI<br />

Objectives: The aim of this study was to evaluate the efficacy<br />

and safety of the PRONTO ® extraction catheter to aspirate<br />

thrombus during percutaneous coronary intervention (PCI) in<br />

patients presenting with ST-segment elevation acute myocardial<br />

infarction (STEMI). Methods: Twenty-eight unselected patients<br />

(60% male, age 60.5 ± 11.7 years) were treated with PCI<br />

with manual thrombus aspiration using the PRONTO ® catheter.<br />

All the patients had acute myocardial infarction with STelevation<br />

(STEMI), and presented up to 12 hours after the<br />

onset of clinical symptoms. Were analyzed myocardial blush<br />

grade (MBG), reduction grade of epicardical distal flow<br />

(TIMI), distal embolization, ST resolution and procedure time.<br />

Results: The patients select treated with thrombectomy during<br />

primary angioplasty for acute myocardial infarction did not<br />

show distal or side branch occlusion, slow flow or no-reflow<br />

and had evidence of microvascular reperfusion. Conclusion:<br />

The use of PRONTO ® thrombectomy catheter is feasible and<br />

safe, without significant increase the procedural time. The<br />

use of this device was associated with indirect signs of<br />

successful reperfusion at microvascular level.<br />

DESCRIPTORS: Thrombectomy, instrumentation. Myocardial<br />

infarction. Angioplasty, transluminal, percutaneous coronary.<br />

1<br />

Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital<br />

de Base - Fundação Faculdade Regional de Medicina (FUNFARME)<br />

São José do Rio Preto, SP.<br />

2<br />

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), São<br />

José do Rio Preto, SP.<br />

Correspondência: Márcio Antonio dos Santos. Rua Prof. Carlos<br />

Roberto de Oliveira, 67 - Jd. Vivendas - São José do Rio Preto -<br />

SP - CEP <strong>15</strong>090-380 • E-mail: marciodossantos@terra.com.br<br />

Recebido em: 6/2/2007 • Aceito em: 4/5/2007<br />

141


Santos MA, et al. Eficácia e Segurança do Cateter “Pronto” para Aspiração Manual de Trombo Durante Angioplastia Primária no<br />

Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 141-144.<br />

Em<br />

1<br />

1980, DeWood et al. demonstraram a presença<br />

de trombo na artéria relacionada ao infarto em<br />

88% dos pacientes submetidos à angiografia coronária<br />

dentro das primeiras quatro horas do infarto<br />

agudo do miocárdio (IAM). Esta importante descoberta<br />

foi o marco para o início do tratamento do IAM com<br />

terapia trombolítica e, mais tarde, com intervenção<br />

percutânea para restauração do fluxo coronariano. Uma<br />

série de trabalhos randomizados tem mostrado a superioridade<br />

do tratamento percutâneo comparado ao tratamento<br />

trombolítico em relação à reperfusão, ao aumento<br />

da sobrevivência, à redução das taxas de recorrência<br />

isquêmica e reinfarto e à redução da complicação<br />

isquêmica hemorrágica intracraniana 2-4 .<br />

Entretanto, o tratamento do trombo intracoronário<br />

tem sido matéria de intensa investigação. Trabalhos<br />

têm demonstrado que, nos pacientes em que ocorre<br />

embolização distal em decorrência de fragmentação<br />

desse trombo, a evolução é pior, em longo prazo 5 .<br />

Na angioplastia primária ou de resgate, a carga de<br />

trombo e a subseqüente embolização distal, causando<br />

fenômeno de “slow-flow” ou “no-reflow”, tornam estes<br />

procedimentos mais desafiadores.<br />

O fenômeno de “no-reflow” é definido angiograficamente<br />

como uma redução aguda do fluxo coronariano<br />

epicárdico - Trombolysis In Myocardial Infarction<br />

(TIMI) grau 0-1 na ausência de dissecção, trombo,<br />

espasmo ou lesão residual importante na lesão-alvo 5 .<br />

O mecanismo potencial da disfunção microvascular<br />

inclui vasoespasmo, embolização distal de microtrombos<br />

ou debris, lesão endotelial causada pela liberação<br />

de radicais livres, aglomeração de eritrócitos e<br />

neutrófilos intracelular e conseqüente edema intersticial<br />

com hemorragia intramural 6,7 .<br />

Várias técnicas e medicamentos têm sido empregados<br />

visando diminuir a intensidade deste fenômeno,<br />

nenhum com comprovada eficácia isoladamente. Assim,<br />

o objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia e a<br />

segurança de um cateter para aspiração manual de<br />

trombo (Cateter PRONTO ® - Vascular Solution) no IAM<br />

com elevação do segmento ST, em pacientes submetidos<br />

à angioplastia transluminal percutânea primária.<br />

No período de setembro de 2005 a agosto de<br />

2006, 117 pacientes foram submetidos a tratamento<br />

intervencionista durante IAM. Foram selecionados 28<br />

(23,9%) pacientes para o uso do cateter de aspiração<br />

de trombo, cuja cinecoronariografia mostrou oclusão<br />

de ramo principal com calibre maior que 2,5 mm. A<br />

média de idade desse grupo foi de 60,5±11,7 anos<br />

(mediana 61,0 anos) e 60,7% dos casos eram do sexo<br />

masculino. A artéria coronária direita estava acometida<br />

em 12 pacientes, artéria descendente anterior em<br />

10, artéria circunflexa em cinco e havia ponte de<br />

safena para artéria coronária direita em um.<br />

Ainda na sala de emergência, foi iniciada dose de<br />

ataque de aspirina (500 mg) e clopidogrel (300 mg),<br />

além de dinitrato de isosorbitol 5 mg via sublingual.<br />

O cateter para aspiração manual de trombo “PRON-<br />

TO ® ” (Figura 1) consiste num sistema de simples manuseio.<br />

É um cateter monorail, com um orifício único na<br />

sua ponta. Na porção distal, é conectada uma seringa<br />

de 20 cc que, quando aspirada, faz um efeito de<br />

vácuo. É também composto por um filtro para lavagem<br />

do material aspirado na seringa.<br />

O vaso ocluído foi cruzado com a corda-guia 0,014"<br />

e, a seguir, introduzido o cateter “PRONTO ® ”. Foi iniciada<br />

a aspiração antes da imagem de oclusão, avançando<br />

lentamente o cateter até a porção distal do vaso<br />

e mantendo a seringa aspirada até a retirada do sistema<br />

no cateter-guia.<br />

Os medicamentos usados no momento da angioplastia<br />

foram heparina, na dose de 70U/kg de peso, e<br />

nitrato intracoronário.<br />

Imediatamente após a retirada do cateter, foi feito<br />

um angiograma para comparação dos fluxos (Figuras<br />

2 e 3). Em todos os pacientes, foi feito implante direto<br />

de stent com liberação nominal e hiperdilatação, finalizando-se<br />

o procedimento.<br />

RESULTADOS<br />

Todos os pacientes tiveram restabelecimento de<br />

fluxo TIMI III distal, sem oclusão de ramos causada<br />

pela passagem do cateter. Em nenhum caso, houve<br />

fenômenos de “slow-flow” ou “no-reflow”. Após lavagem<br />

imediata do cateter com soro fisiológico e retenção<br />

do material em filtro próprio (Figura 4), observouse,<br />

em todos, a retirada de uma grande quantidade de<br />

trombo, confirmada por exame anatomopatológico.<br />

MÉTODO<br />

Seleção de pacientes e protocolo<br />

Figura 1 - Cateter Pronto ® e demais componentes do sistema.<br />

142


Santos MA, et al. Eficácia e Segurança do Cateter “Pronto” para Aspiração Manual de Trombo Durante Angioplastia Primária no<br />

Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 141-144.<br />

Em apenas um paciente, foi iniciado o uso do<br />

inibidor da glicoproteína IIb/IIIa, devido a grande quantidade<br />

de material aspirado, apesar do resultado imediato<br />

mostrar fluxo TIMI III. Houve regressão do supradesnivelamento<br />

do segmento ST em mais de 70% em 24<br />

(85,7%) pacientes, com redução entre 50% e 70% em<br />

7,1% deles, com blush 3, sugerindo melhora também<br />

na microcirculação 5,8 . Não houve acréscimo significante<br />

na duração do procedimento em comparação aos pacientes<br />

submetidos a angioplastia primária convencional<br />

usando pré-dilatação com cateter-balão (24 minutos para<br />

o grupo PRONTO ® e 27 minutos para o grupo balão).<br />

DISCUSSÃO<br />

Figura 2 - Artéria coronária direita antes e imediatamente após a<br />

aspiração de trombo com cateter Pronto ® .<br />

No laboratório de cateterismo, o fenômeno de<br />

“no-reflow”, habitualmente, manifesta-se com mudanças<br />

eletrocardiográficas (menor redução do supradesnivelamento),<br />

dor precordial prolongada, dependendo<br />

do território afetado e pode induzir a manifestações<br />

isquêmicas, incluindo distúrbio de condução, hipotensão,<br />

choque cardiogênico e morte 9,10 .<br />

Um dos maiores obstáculos ao cardiologista intervencionista<br />

durante a angioplastia primária é a embolização<br />

distal levando aos fenômenos já descritos anteriormente<br />

até a oclusão visível de ramos distais com<br />

persistência da elevação enzimática 11 . Os fenômenos<br />

de perda de fluxo e oclusão de ramos têm efeitos no<br />

prognóstico destes pacientes, com piora na mortalidade<br />

em 30 dias se comparado aos pacientes sem “no-reflow”<br />

ou com “no-reflow” revertido com medicamentos 12 .<br />

Alguns dispositivos têm sido utilizados para evitar<br />

ou diminuir estes fenômenos de microembolizações,<br />

com resultados controversos 13-<strong>15</strong> . Metanálise envolvendo<br />

21 trials e 3721 pacientes, onde 50,4% deles usaram<br />

algum tipo de dispositivo, demonstrou que este grupo<br />

de pacientes teve melhor perfusão miocárdica, menos<br />

embolização distal, contudo, ainda sem melhora na<br />

sobrevida em 30 dias 16 .<br />

Os trabalhos realizados com cateter para aspiração<br />

manual de trombo 17,18 têm demonstrado os bons resultados.<br />

Há que se esperar os resultados de grandes trabalhos<br />

de forma randomizada para avaliar se esta técnica,<br />

simples e de fácil realização, será útil para todos os<br />

pacientes e, principalmente, se terá impacto na mortalidade,<br />

objetivamente melhorando a perfusão tecidual.<br />

CONCLUSÃO<br />

O uso do cateter “PRONTO ® ” para aspiração manual<br />

de trombo, como mais uma ferramenta durante<br />

a angioplastia primária, mostrou ser de fácil manuseio,<br />

eficaz, não adicionando tempo ao procedimento e<br />

com evidências de melhora na microcirculação.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Figura 3 - Artéria interventricular anterior antes e imediatamente<br />

após a aspiração de trombo com cateter Pronto ® .<br />

Figura 4 - Material (trombos) aspirado pelo cateter, retido em filtro<br />

próprio.<br />

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resolution (X AMINE ST) trial. J Am Coll Cardiol. 2005;46(2):<br />

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to prevent distal embolization in patients undergoing mechanical<br />

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meta-analysis of randomized trials. Am Heart J. 2007;<strong>15</strong>3<br />

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improves myocardial reperfusion in acute myocardial<br />

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infarction: a randomized, controlled trial. Circulation.<br />

2006;114(1):40-7.<br />

144


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

Artigo de Revisão<br />

Terapia Celular no Tratamento do Infarto<br />

Agudo do Miocárdio<br />

Franca Stedile Angeli 1 , Edie Mello de Oliveira 1,2<br />

RESUMO<br />

Neste artigo, os autores abordam os conceitos e evidências<br />

atualmente disponíveis sobre a terapia celular no tratamento<br />

de pacientes pós-infarto agudo do miocárdio. Os tipos celulares<br />

potencialmente candidatos ao uso clínico são enfatizados,<br />

considerando-se as vias de administração e as perspectivas<br />

futuras.<br />

DESCRITORES: Terapia tissular. Infarto do miocárdio, terapia.<br />

Transplante de células-tronco.<br />

SUMMARY<br />

Cell Therapy in the Treatment of<br />

Acute Myocardial Infarction<br />

In this article, the authors discuss the concepts and available<br />

current evidence about cell therapy in the treatment of<br />

patients with acute myocardial infarction. The cell types<br />

that are potential candidates for clinical use are detailed<br />

as are the administration routes and future perspectives.<br />

DESCRIPTORS: Tissue therapy. Myocardial infarction, therapy.<br />

Stem cell transplantation.<br />

Apesar dos significativos avanços terapêuticos voltados<br />

ao tratamento das doenças cardiovasculares,<br />

a doença arterial coronariana (DAC) continua sendo<br />

a principal causa de mortalidade em países industrializados.<br />

O infarto agudo do miocárdio (IAM) está<br />

associado a elevada morbimortalidade 1 , tanto na sua<br />

fase aguda como na sua fase tardia, quando do desenvolvimento<br />

de quadros de cardiomiopatia isquêmica crônica<br />

e insuficiência ventricular.<br />

Nos últimos anos, a medicina cardiovascular passou<br />

por uma das suas mais extraordinárias revoluções: a<br />

explosão de estudos pré-clínicos e clínicos suportando<br />

a hipótese de que o tecido cardíaco lesado poderia<br />

ser reparado com a administração de células-tronco e<br />

da conseqüente formação de novos vasos e miócitos.<br />

Apesar da incerteza em relação ao mecanismo pelo<br />

qual a terapia celular melhora a função cardíaca e<br />

regenera sua anatomia, a tradução dos achados obtidos<br />

em laboratório para o cenário clínico vem ocorrendo<br />

em ritmo cada vez mais acelerado 2 . Um número expressivo<br />

de pequenos estudos, na sua maioria não randomizados,<br />

reportaram a melhora da perfusão e função<br />

1<br />

Department of Medicine, Cardiology Division - University of<br />

California San Francisco.<br />

2<br />

Instituto do Coração da Serra Gaúcha – Caxias do Sul, Brasil.<br />

Correspondência: Franca Stedile Angeli. University of California,<br />

San Francisco. Department of Medicine-Cardiology 505 Parnassus<br />

Avenue, S1480C San Francisco CA 94143-0124<br />

e-mail: fangeli@medicine.ucsf.edu<br />

Recebido em: 19/04/2006 • Aceito em: <strong>15</strong>/03/2007<br />

cardíaca após terapia com diferentes tipos celulares<br />

em pacientes com IAM 2 . Apenas mais recentemente,<br />

estudos randomizados envolvendo um maior número<br />

de pacientes começaram a ter seus resultados disponibilizados<br />

na literatura. A heterogeneidade dos resultados<br />

nos estudos publicados até o presente momento<br />

ampliou os questionamentos sobre a efetividade e metodologia<br />

utilizada na geração destes dados 3-5 .<br />

Independente das evidências atualmente disponíveis,<br />

é fundamental que se enfatize que muitas ainda<br />

são as perguntas a serem respondidas antes que a<br />

terapia celular possa ser plenamente compreendida e,<br />

só então, aceita ou descartada como opção terapêutica.<br />

Pontos relevantes a serem abordados, dentro deste<br />

cenário, correlacionam-se com a identificação da célula<br />

ou produto ideal, sua posologia, a melhor via e o<br />

momento temporal para sua administração.<br />

Nesta breve revisão, abordaremos os conceitos e<br />

evidências atualmente disponíveis sobre a terapia celular<br />

no tratamento de pacientes pós-infarto agudo do miocárdio.<br />

Por motivos metodológicos, optamos por uma<br />

abordagem baseada nos tipos celulares potencialmente<br />

candidatos ao uso clínico.<br />

Terapia celular no IAM em 2007:<br />

até onde chegamos<br />

Células-tronco podem ser definidas como células<br />

que possuem capacidade clonogênica e de auto-renovação<br />

e, ainda, que podem diferenciar-se em múlti-<br />

145


Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

plas linhagens celulares 6 . Apesar da maioria dos estudos<br />

clínicos no tratamento do IAM, publicados até o presente<br />

momento, ter sido realizada com células-tronco provenientes<br />

da medula óssea ou, em menor número, células<br />

derivadas do músculo esquelético, outras classes celulares<br />

vêm sendo igualmente investigadas. Várias são<br />

as estratégias em estudo e incluem: a) isolados celulares<br />

autólogos primários; b) células derivadas de linhas<br />

celulares estabelecidas; c) células-tronco específicas,<br />

incluindo células da medula óssea, células mesenquimais,<br />

células provenientes do sangue de cordão umbilical,<br />

células embrionárias, e produtos provenientes de<br />

células, tecidos e órgãos geneticamente modificados 7,8 .<br />

No que tange a terapia celular envolvendo células<br />

embrionárias, muito ainda está por ser definido. Estas<br />

células, inicialmente isoladas em ratos 9 e, mais recentemente,<br />

em humanos 10 , são caracterizadas por sua pluripotencialidade,<br />

podendo ser induzidas à diferenciação<br />

em agregados celulares compostos pelas três linhas<br />

germinativas primárias. Esta mesma característica, contudo,<br />

associa-se a um elevado potencial oncogênico<br />

e arritmogênico, sendo um fator estimulante e, ao mesmo<br />

tempo, limitante ao seu uso clínico 11 . Até o presente<br />

momento, desconhecemos dados fidedignos envolvendo<br />

o uso de células embrionárias no tratamento de pacientes<br />

com IAM.<br />

Em um segundo grande grupo, estão alocadas as<br />

chamadas células-tronco adultas. Como característica<br />

comum, estas células possuem a capacidade de manutenção,<br />

regeneração e reposição de células terminalmente<br />

diferenciadas dentro do seu tecido específico<br />

em resposta a estímulos fisiológicos (turnover celular)<br />

ou patológicos (lesão celular) 12 . Mais recentemente,<br />

estudos vêm demonstrando que células-tronco adultas<br />

também podem gerar células diferenciadas de outras<br />

linhas celulares, um processo denominado “desenvolvimento<br />

de plasticidade” 13 .<br />

No âmbito da pesquisa clínica cardiovascular, os<br />

maiores progressos com o uso de células-tronco adultas<br />

para o transplante celular no infarto agudo do miocárdio<br />

foram descritos com o uso de células-tronco hematopoiéticas,<br />

células-tronco mesenquimais e células<br />

progenitoras endoteliais.<br />

Várias preparações de células-tronco originárias<br />

do tecido hematopoiético vêm sendo utilizadas in vivo,<br />

incluindo: células não selecionadas oriundas da medula<br />

óssea, células-tronco hematopoiéticas purificadas e células<br />

hematopoiéticas isoladas tanto da medula óssea<br />

como do sangue periférico. Como o tecido hematopoiético,<br />

tanto da medula óssea como do sangue periférico,<br />

é constituído por uma população heterogênea<br />

de células-tronco, incluindo outros tipos celulares que<br />

não o hematopoiético, as diferenças em termos de<br />

resultados reportados na literatura podem ser simplesmente<br />

originárias das diferenças em relação à fonte e<br />

à preparação das células-tronco em questão (Tabela<br />

1). Mais do que isso, é importante que o leitor se<br />

atenha ao fato de que não necessariamente célulastronco<br />

originárias do tecido hematopoiético sejam conceitualmente<br />

e funcionalmente células-tronco hematopoiéticas.<br />

Cabe lembrar ainda que as células hematopoiéticas<br />

e endoteliais compartilham um precursor comum e,<br />

desta forma, apresentam marcadores celulares similares<br />

(Scl1/Tal1; CD31, CD34, VE-cadherin e Tie-2) 20 .<br />

Tal similaridade torna sua diferenciação extremamente<br />

difícil. Assim, dentro do conhecimento científico atual,<br />

é impossível diferenciar uma célula progenitora endotelial<br />

imatura de uma célula-tronco hematopoiética primitiva.<br />

Quando da sua entrada na circulação sangüínea,<br />

é que as mesmas passam por um processo de<br />

diferenciação e a presença de diferentes marcadores<br />

celulares possibilita sua individualização 21,22 .<br />

No que tange o uso clínico de células progenitoras<br />

hematopoiéticas no tratamento do IAM, parte significativa<br />

dos resultados clínicos publicados nesta área utilizou a<br />

medula óssea como fonte celular (Tabela 1). O processo<br />

de separação pelo gradiente de Ficoll foi o método<br />

mais amplamente empregado, permitindo a seleção da<br />

fração mononuclear do aspirado. Esta fração contém<br />

células-tronco hematopoiéticas, progenitoras endoteliais<br />

e, em menor número, células-tronco mesenquimais.<br />

Células mononucleares foram administradas via<br />

intracoronária e a segurança desta terapia foi demonstrada<br />

na maior parte dos estudos listados (Tabela 1).<br />

Bartunek et al. 17 , contudo, demonstraram que a administração<br />

de células progenitoras da medula óssea CD133<br />

enriquecidas esteve associada a um aumento de eventos<br />

coronarianos. Por se tratar de um estudo não randomizado,<br />

envolvendo um número pequeno de pacientes,<br />

a força de tais dados não é suficiente para contradizer<br />

o somatório dos resultados dos demais estudos.<br />

No que tange a efetividade, a variabilidade nos<br />

achados reportados pode ser, em parte, explicada pela<br />

variabilidade na logística de tratamento e grupos tratados<br />

nos diferentes estudos envolvendo pacientes com<br />

infarto agudo do miocárdio. Mesmo apresentando efeito<br />

positivo em termos de recuperação da função cardíaca<br />

na maioria dos grupos tratados, a melhora em termos<br />

de fração de ejeção não foi significativa em todos os<br />

estudos 3-5,19 . O estudo de Jansenns et al. 5 torna clara<br />

a necessidade de padronização de condutas na comparação<br />

de resultados. Neste elegante estudo randomizado<br />

envolvendo 67 pacientes, o grupo de pacientes tratados<br />

nas 24 horas após o início do IAM não apresentou<br />

melhora estatisticamente significativa em termos<br />

de fração de ejeção. Contudo, efeito positivo em termos<br />

de remodelamento foi demonstrado no grupo tratado.<br />

Dois pontos cruciais a serem discutidos neste trabalho<br />

são: 1) administração precoce do tratamento; 2) critérios<br />

de seleção dos pacientes tratados.<br />

O tempo ideal para administração de células-tronco<br />

após um evento agudo está por ser definido. Evidên-<br />

146


Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

TABELA 1<br />

Células-tronco adultas no tratamento do infarto agudo do miocárdio (IAM): estudos clínicos<br />

Estudo [n] Tipo e fonte Dose Método de Tempo Melhora Manutenção<br />

celular administração após IAM Terapêutica<br />

NÃO-RANDOMIZADOS<br />

Strauer et al. 14 10 casos, MNC autólogos, 1,8x10 7 Intracoronária 5-9 dias Contratilidade FEVE global,<br />

10 controles medula óssea regional*, VDFVE*<br />

Perfusão*,<br />

↓Tamanho<br />

do infarto<br />

TOPCARE-AMI <strong>15</strong> 29 MNC, MNC, 2,1±0,8x10 8 Intracoronária 5±2 dias Contratilidade VDFVE*<br />

30 CPC, CPC 1,6±1,2x10 7 regional*, FEVE Não houve<br />

11 controles global (8%)*, diferença<br />

↓Tamanho do entre os tipos<br />

infarto*, Fluxo celulares<br />

colateral*<br />

Fernandez- 20 casos, MNC 7,8±4,1x10 7 Intracoronária 14±6 dias VDFVE*<br />

Aviles et al. 16 13 controles<br />

Bartunek et al. 17 19 casos, CD 133+ 12,6±2,2x10 6 Intracoronária 11,6±1,4 Melhora<br />

16 controles (medula óssea) dias perfusão,<br />

Redução defeito<br />

perfusão, FEVE<br />

global (7%)<br />

ESTUDOS RANDOMIZADOS<br />

BOOST 3 30 casos, CN- medula 2,5±0,9x10 10 Intracoronária 6±1 dias Contratilidade VDFVE,<br />

30 controles óssea regional, FEVE Tamanho<br />

global (6%) infarto<br />

Chen et al. 18 34 casos, Mesenquimais 4,8±6,0x10 10 Intracoronária 18 dias Contratilidade<br />

35 controles regional,<br />

↓ Tamanho<br />

infarto, FEVE<br />

global (14%<br />

acima controles),<br />

↓VDFVE<br />

ASTAMI 19 52 casos, MNC, Dado não Intracoronária 5-8 dias FEVE,<br />

48 controles medula óssea disponível Tamanho<br />

infarto,<br />

VDFVE<br />

REPAIR-AMI 4 101 casos, MNC, 2,36±1,74x10 10 Intracoronária 3-6 dias FEVE, previne<br />

103 controles medula óssea aumento volume<br />

sistólico VE em<br />

4 meses<br />

Janssens et al. 5 33 casos, CN e MNC 3,0±1,3x10 8 Intracoronária Primeiras ↓ Tamanho FEVE global<br />

34 controles medula óssea 1,7±0,7x10 8 24 horas infarto, Melhora<br />

função sistólica<br />

regional<br />

*Efeitos reportados no grupo tratamento isoladamente. MNC= células mononucleares; CN= células nucleadas; FEVE= fração de ejeção<br />

do ventrículo esquerdo; VDFVE= <strong>Vol</strong>ume diastólico final do ventrículo esquerdo.<br />

cias sugerem que o intervalo entre o terceiro e o<br />

sétimo dia após o IAM seja o período mais propício<br />

para a administração das células-tronco 23 . Um segundo<br />

aspecto a ser mencionado é o fato de os autores<br />

terem incluído um grupo de pacientes de baixo-risco,<br />

cuja fração de ejeção média por ecocardiografia era<br />

54%, quando da randomização. A melhora no grupo<br />

tratado não foi estatisticamente significante, mas a fra-<br />

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Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

ção de ejeção de base estava preservada e melhoras<br />

estrondosas não poderiam ser esperadas neste caso.<br />

Achado igualmente instigante é o reportado nos<br />

18 meses de seguimento no estudo BOOST 24 . O tratamento<br />

com células-tronco da medula óssea é seguro<br />

e não esteve associado a eventos adversos a longo<br />

prazo. Contudo, a melhora da fração de ejeção global<br />

e regional no grupo tratado em relação ao grupo controle<br />

foi mantida nos 18 meses de seguimento. A análise<br />

dos dados sugere que a terapia com células-tronco<br />

pode estar associada a uma recuperação acelerada da<br />

função ventricular, sendo a melhora equiparável à<br />

apresentada no grupo controle aos 18 meses. O número<br />

limitado de pacientes (n:60) não permitiu que os autores<br />

estratificassem os resultados por diferentes características<br />

da amostra. Assim, duas hipóteses são levantadas<br />

na discussão deste importante estudo: 1) o efeito da<br />

terapia celular é transitório e não está associado a<br />

significativo reparo estrutural; 2) a terapia celular exerce<br />

efeito positivo no processo regenerativo endógeno,<br />

acelerando este evento; 3) a posologia de administração<br />

do produto celular é inadequada ao objetivo proposto.<br />

O estudo REPAIR-AMI 25 , por sua vez, demonstrou<br />

que a administração de células progenitoras da medula<br />

óssea esteve associada a melhora da função ventricular<br />

no seguimento de quatro meses. Mais importante, demonstrou<br />

que pacientes com fração de ejeção inferior<br />

ao valor médio de 48,9% foram os maiores beneficiados<br />

do tratamento. No seguimento de um ano, a terapia<br />

esteve associada a redução de eventos cardíacos<br />

e morte.<br />

Respostas a estas perguntas só poderão ser obtidas<br />

com a publicação dos resultados de outros estudos<br />

em andamento. O estudo brasileiro MiHeart 26 e o estudo<br />

BOOST-2 deverão trazer novos dados em relação aos<br />

efeitos em longo prazo da injeção intracoronariana de<br />

células-tronco na fração de ejeção de pacientes pós-<br />

IAM. Tais resultados reforçam, mais uma vez, a idéia<br />

de que devamos concentrar esforços na definição do<br />

grupo a ser tratado, intervalo de tempo ideal para o<br />

tratamento, bem como produto e posologia de administração.<br />

Poucos são os estudos clínicos que avaliaram o<br />

uso isolado das células progenitoras endoteliais no<br />

tratamento de pacientes pós-IAM. As mesmas podem<br />

ser isoladas na medula óssea ou no sangue periférico<br />

circulante e demonstraram ser capazes de contribuir<br />

na revascularização de tecidos lesados. No estudo<br />

TOPCARE-AMI, a terapia com células progenitoras endoteliais<br />

foi segura e esteve associada à melhora da função<br />

e da perfusão miocárdica (Tabela 1) <strong>15</strong> . Apesar de<br />

encorajadores, os resultados deste estudo devem ser<br />

encarados com cautela por se tratar de um estudo<br />

não-randomizado.<br />

Por fim, as chamadas células-tronco mesenquimais<br />

podem ser encontradas na medula óssea, tecido muscular,<br />

pele e tecido adiposo, sendo caracterizadas pelo<br />

seu potencial de diferenciação em células musculares,<br />

fibroblastos, osso, tendão, ligamento e tecido adiposo 27,28 .<br />

Apesar de representarem menos de 0,01% das células<br />

nucleadas da medula óssea, estas células são facilmente<br />

expandidas in vitro e têm a capacidade de diferenciação<br />

em cardiomiócitos em meios de cultura apropriados<br />

26,29 . Da mesma forma, quando injetadas em tecido<br />

miocárdio adulto normal, as mesmas poderiam se diferenciar<br />

em células com fenótipo de cardiomiócito 30 . O<br />

estudo clínico conduzido por Chen et al. 18 demonstrou<br />

que a injeção de células-tronco mesenquimais<br />

esteve associada à melhora da função ventricular. Vários<br />

novos estudos vêm sendo realizados na tentativa de<br />

comprovar a utilidade das células-tronco mesenquimais<br />

no tratamento de doenças cardiovasculares. Cabe lembrar,<br />

contudo, que a necessidade de cultura para obtenção<br />

de número adequado de células, bem como as<br />

características morfológicas desta célula, podem ser<br />

um fator limitante à sua administração intracoronariana.<br />

Em estudo pré-clínico, Vulliet et al. 31 demonstraram a<br />

presença de oclusão da microcirculação após a infusão<br />

de células mesenquimais, associando o tamanho das<br />

células ao risco de obstrução de fluxo.<br />

Vias de administração<br />

Grande parte do trabalhos clínicos voltados à avaliação<br />

da terapia com células-tronco foi direcionada<br />

ao tratamento de infarto agudo do miocárdio (IAM) 3,<strong>15</strong> .<br />

A injeção intracoronariana tem sido a técnica mais<br />

amplamente utilizada no tratamento destes pacientes e<br />

caracteriza-se por ser uma técnica facilmente executável,<br />

não requerendo investimento adicional em equipamento<br />

ou tecnologia de imagem. As desvantagens dessa técnica<br />

estão associadas à necessidade de patência da<br />

árvore coronariana, sendo que a efetividade da administração<br />

e distribuição das células no tecido lesado depende<br />

da preservação do fluxo na microcirculação<br />

coronariana, nem sempre presente neste cenário. Paralelamente,<br />

o próprio produto a ser administrado pode<br />

ser causa de tromboembolismo, potencialmente gerando<br />

uma segunda lesão isquêmica em um miocárdio infartado.<br />

Relatos envolvendo a administração de células<br />

de maior diâmetro, como as progenitoras mesenquimais,<br />

esqueleto-mieloblastos ou grandes volumes de células,<br />

sugerem tal risco (Figura 1) 31 .<br />

A via de administração sistêmica, por sua vez,<br />

está alicerçada na idéia de que as células-tronco são<br />

atraídas for fatores quimiotáxicos para os tecidos injuriados<br />

(do inglês homing). Os resultados clínicos com o<br />

uso desta técnica de forma isolada são menos encorajadores<br />

33 . Contudo, os mesmos serviram como prova<br />

conceitual da capacidade de mobilização periférica<br />

de células-tronco, bem como serviram como modelo<br />

para o desenvolvimento de métodos alternativos de<br />

tratamento celular.<br />

Métodos alternativos de administração de produtos<br />

celulares na fase aguda ou subaguda do infarto agudo<br />

148


Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

Outra perspectiva futura, já em fase avançada de<br />

experimentação, é a engenharia de tecidos 36,37 . O implante<br />

de células-tronco em estruturas biodegradáveis<br />

demonstrou ser um método plausível e associado a<br />

resultados positivos in vitro 38 . Alternativas envolvendo<br />

a combinação de cardiomioplastia celular com terapia<br />

genética também vêm sendo testadas com sucesso em<br />

modelos experimentais in vivo 39 .<br />

Figura 1 - Coloração em tricromo em modelo canino, mostrando que,<br />

após uma injeção intracoronária de células mesenquimais, encontramos<br />

uma quantidade significativa de agregados celulares oclusivos em<br />

microcirculação 32 .<br />

do miocárdio vêm sendo testados. A injeção a céu<br />

aberto como terapia adjunta à cirurgia de revascularização<br />

é uma proposta viável, mas que atende a um<br />

grupo seleto de pacientes com indicação de revascularização<br />

cirúrgica imediatamente após um evento isquêmico<br />

agudo 34 . A via transendocárdica, por sua vez, foi<br />

inicialmente reservada para o tratamento de pacientes<br />

isquêmicos crônico, pelo risco de perfuração e desenvolvimento<br />

de arritmias 35 . Contudo, estudos pré-clínicos<br />

vêm sendo realizados no sentido de comprovar a segurança<br />

destes procedimentos e abrir a possibilidade<br />

de seu uso no tratamento de eventos isquêmicos agudos.<br />

Perspectivas futuras<br />

Várias são as etapas a serem ultrapassadas até<br />

que a terapia celular no tratamento do IAM seja considerada<br />

passível de uso clínico. Um dos pontos a serem<br />

trabalhados está associado à disponibilidade e à facilidade<br />

de obtenção de células-tronco. A medula óssea<br />

humana tem uma limitada quantidade de células progenitoras<br />

hematopoiéticas (entre 1 e 2%) e mesenquimais<br />

(


Angeli FS, Oliveira EM. Terapia Celular no Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 145-<strong>15</strong>0.<br />

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<strong>15</strong>0


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): <strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

Tumelero RT, et al. Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2):<br />

<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

Artigo de Revisão<br />

Indicações e Resultados das Intervenções<br />

Percutâneas em Artérias Carótidas<br />

Rogério Tadeu Tumelero 1 , Norberto Toazza Duda 1 , Alexandre Pereira Tognon 1<br />

RESUMO<br />

Neste artigo, os autores discutem a importância epidemiológica<br />

da doença oclusiva das artérias carótidas, destacando a<br />

apresentação clínica e os principais métodos para o seu<br />

diagnóstico, invasivos ou não. Além disso, discutem os<br />

principais estudos disponíveis na literatura comparando os<br />

resultados da endarterectomia carotídea aos das intervenções<br />

percutâneas.<br />

DESCRITORES: Estenose das carótidas, terapia. Estenose<br />

das carótidas, cirurgia. Endarterectomia das carótidas. Doenças<br />

das artérias carótidas.<br />

SUMMARY<br />

Indication and Results of Percutaneous<br />

Interventions in Carotid Arteries<br />

In this article, the authors discuss the epidemiological importance<br />

of carotid occlusive disease, highlighting the clinical<br />

presentation and the main methods for its diagnosis, both<br />

invasive and non-invasive. Additionally, the authors discuss<br />

the chief studies available in the literature, comparing the<br />

results of carotid endarterectomy to percutaneous interventions.<br />

DESCRIPTORS: Carotid stenosis, terapy. Carotid stenosis,<br />

surgery. Endarterectomy, carotid. Carotid artery diseases.<br />

1<br />

Cardiologia Intervencionista do Hospital São Vicente de Paulo,<br />

Passo Fundo, RS.<br />

Correspondência: Rogério Tadeu Tumelero. Rua Teixeira Soares, 777/<br />

705 - Passo Fundo - RS. Fone: (54) 9973-3433 - Fax: (54) 3313-7203<br />

E-mail: rttumelero@terra.com.br<br />

Recebido em: 26/06/2006 • Aceito em: 21/12/2006<br />

As doenças cerebrovasculares são a terceira causa<br />

de morte nos EUA e o acidente vascular cerebral<br />

(AVC) é a causa mais comum de comprometimento<br />

neurológico na população idosa mundial 1,2 . Aproximadamente<br />

750.000 pessoas têm AVC anualmente,<br />

com custo estimado de 45 bilhões de dólares em<br />

tratamento e redução na produtividade 3,4 . A doença<br />

oclusiva das artérias carótidas é responsável por 25%<br />

desses AVCs 5 . Nos estudos de prevalência, a estenose<br />

nas artérias carótidas é de, aproximadamente, 0,5%<br />

após os 60 anos de idade, com acréscimo de 10% em<br />

pessoas com idade superior a 80 anos. A maioria dos<br />

casos é assintomática 5,6 . A cirurgia de endarterectomia<br />

é aceita como tratamento padrão para revascularização<br />

de lesões oclusivas extracranianas 7 , validado por meio<br />

de estudos randomizados e controlados, com demonstração<br />

da superioridade em relação ao tratamento medicamentoso.<br />

Entretanto, nos últimos anos, a utilização<br />

de stents para o tratamento das estenoses nas artérias<br />

carótidas tem surgido como terapêutica alternativa à<br />

endarterectomia. A terapia endovascular vem confirmando-se,<br />

por meio de estudos randomizados, como terapia<br />

igualmente eficaz à endarterectomia.<br />

Patologia<br />

No Framinghan Heart Study, o tipo mais comum de<br />

AVC foi infarto cerebral, responsável por 61% de todos<br />

os casos, excluindo-se os ataques isquêmicos transitórios<br />

(AITs). No National Heart Lung, and Blood Institute’s<br />

Aterosclerosis Risk in Communities Study 8 , 83% de todos<br />

os AVCs foram isquêmicos, 38%, lacunar e 14%, tromboembólico.<br />

Os locais mais comuns de obstrução são as<br />

bifurcações das artérias carótidas, a carótida interna e<br />

terço proximal das artérias vertebrais 9,10 .<br />

Apresentação clínica<br />

As manifestações da doença obstrutiva das artérias<br />

carótidas são o sopro carotídeo e os sintomas devido<br />

à isquemia cerebral. Entretanto, o paciente pode ter<br />

estenose grave sem sinais ou sintomas.<br />

a. Sopro carotídeo<br />

Quando presente, é um importante sinal de doença<br />

obstrutiva das artérias carótidas. Numa análise dos<br />

pacientes incluídos no estudo NASCET (North American<br />

Symptomatic Carotid Endarterectomy Trial) 11 , o sopro<br />

ipsilateral focal tem sensibilidade de 63% e especificidade<br />

de 61% para estenose grave, com maior resultado<br />

em pacientes sintomáticos, 75% dos quais possuíam<br />

estenose moderada a importante no teste diagnóstico.<br />

<strong>15</strong>1


Tumelero RT, et al. Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2):<br />

<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

b. Isquemia cerebral<br />

Pacientes com doença obstrutiva das artérias carótidas<br />

são diagnosticados clinicamente por meio de<br />

AITs (< 24 h), déficits isquêmicos reversíveis (1 dia a<br />

3 semanas), AVCs, amaurose fugaz ou afasia, nenhum<br />

específico para doença arterial carotídea. Após o diagnóstico<br />

de AIT, o risco do paciente apresentar AVC<br />

é 8%, no primeiro mês, 12%, primeiro ano, e maior<br />

que 30%, nos 5 anos seguintes 12 .<br />

Diagnóstico<br />

O diagnóstico de obstrução das artérias carótidas,<br />

além da história e exame físico, necessita de um ou mais<br />

exames não-invasivo ou invasivo, como segue abaixo.<br />

A. Exames não-invasivos<br />

• Ultra-sonografia<br />

É o exame não-invasivo mais usado para detectar<br />

as estenoses das artérias carótidas, incluindo a artéria<br />

carótida comum, a bifurcação e os ramos interno e<br />

externo. Utiliza os parâmetros de velocidade de fluxo,<br />

estimando, assim, o grau de estenose.<br />

A ultra-sonografia com Doppler (US-Doppler), além<br />

de ser segura, por ser não-invasiva, é portátil e de<br />

baixo custo, podendo ser usada para detecção da<br />

composição da placa aterosclerótica.<br />

Huston et al. 13 compararam a US-Doppler com a<br />

angiografia convencional, em 1218 artérias carótidas.<br />

Para pacientes que tinham uma estenose de artéria<br />

carótida interna de 70% a 99%, achados de um pico<br />

de velocidade sistólica de >230 cm/s tiveram uma<br />

sensibilidade de 86,4%, uma especificidade de 90,1%,<br />

um valor preditivo positivo de 82,7% e um valor preditivo<br />

negativo de 92,3%. Uma velocidade diastólica<br />

final de >70cm/s e um índice de artéria carótida de<br />

> 3,2 tiveram valores semelhantes.<br />

Entretanto, a US-Doppler tem limitações. Ela não<br />

é tão precisa em determinar estenoses de 50% ou<br />

menos. Pode avaliar a porção extracranial das artérias<br />

carótidas, mas não a circulação cerebral intracraniana.<br />

Com a US-Doppler pode ser difícil distinguir entre<br />

uma artéria ocluída e uma estenose muito importante.<br />

De fato, o risco de classificar erroneamente uma estenose<br />

muito importante como ocluída tem sido relatado como<br />

sendo tão alto quanto 14% 14 .<br />

Finalmente, a acurácia da US-Doppler depende<br />

muito da experiência do ultra-sonografista, e pode ter<br />

consideráveis variações entre laboratórios.<br />

• Angiografia por ressonância magnética<br />

A angioressonância tem se tornado uma ferramenta<br />

valiosa na avaliação das estenoses das artérias carótidas.<br />

Uma vantagem importante é a possibilidade de visibilização<br />

de toda a extensão da circulação carotídea,<br />

desde sua origem até os vasos intracranianos. Uma<br />

imagem reproduzível de angioressonância de artérias<br />

carótidas tem uma sensibilidade de 75% a 90% em<br />

detectar estenoses de 70% a 99% <strong>15</strong>-17 .<br />

Os resultados da angioressonância são menos confiáveis<br />

quando o fluxo sanguíneo é lento, turbulento<br />

ou ausente, e, como conseqüência, o grau da estenose<br />

é consistentemente superestimado, reduzindo a especificidade.<br />

A angioressonância é menos operador-dependente<br />

que a US-Doppler, mas, consideravelmente, mais cara<br />

e não prática em pacientes criticamente doentes, em<br />

pacientes que têm implantes (como marca-passo) metálicos<br />

ou em pacientes claustrofóbicos.<br />

• Angiografia por tomografia computadorizada<br />

A angiotomografia pode obter imagens da vasculatura<br />

cervical e intracraniana; é capaz de distinguir<br />

oclusões de lesões de alto grau e é sensível e específica<br />

para diagnosticar estenoses carotídeas de alto grau<br />

quando comparada à US-Doppler 18 . Ao contrário da<br />

US-Doppler, a necessidade do uso de contraste pode<br />

ser uma contra-indicação ao seu uso, como no caso<br />

de pacientes com insuficiência renal.<br />

• Doppler transcraniano<br />

Pode ser usado em conjunto com a US-Doppler<br />

para identificar o fluxo de vasos colaterais intracranianos<br />

e avaliar o significado hemodinâmico das estenoses<br />

de carótidas extracraniais.<br />

• “Power” Doppler<br />

A imagem por “power” doppler é uma nova técnica<br />

sonográfica e tem aplicação vascular porque pode<br />

claramente definir superfícies intravasculares, e parece<br />

ser altamente sensível quando há baixo fluxo sanguíneo.<br />

Em um estudo feito por Steinke et al. 19 , imagens<br />

obtidas do lumen intravascular foram consideradas<br />

“boas” ou “excelentes” em comparação às visualizadas<br />

pelo Doppler com fluxo a cores (92% vs 79%).<br />

B. Exames invasivos<br />

• Angiografia convencional com contraste<br />

Desde sua introdução, a angiografia com contraste<br />

tem sido o padrão-ouro para obter imagens de artérias<br />

carótidas. Recentes melhorias, como o uso de cateteres<br />

menores e macios, a técnica de Seldinger e a abordagem<br />

transfemoral, têm reduzido complicações e melhorado,<br />

significativamente, a resolução das imagens.<br />

Todos os grandes trials de endarterectomias têm<br />

confiado na angiografia convencional para identificar<br />

candidatos a tal procedimento, pois este método visualiza<br />

tanto a vasculatura carotídea extracraniana como a<br />

intracraniana, incluindo os ramos do Polígono de Willis.<br />

Também visualiza a circulação vértebro-basilar e, ainda,<br />

<strong>15</strong>2


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<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

fornece informações sobre a estrutura e possível ulceração<br />

ou dissecção da placa.<br />

Sua desvantagem é a invasividade. O NASCET<br />

(North American Symptomatic Carotid Endarterectomy<br />

Trial) 11 e outros estudos prospectivos relataram um<br />

risco de 4% para complicações neurológicas totais e<br />

de 1% para o risco de AVC ou morte 20,21 .<br />

Embora invasiva e de risco, a angiografia convencional<br />

com contraste é o padrão-ouro para diagnosticar<br />

doenças das artérias carótidas. Entretanto, devido<br />

à sua associação com morbidade e mortalidade, ela<br />

pode ser precedida pelos testes não-invasivos.<br />

Muitos estudos têm comparado a sensibilidade,<br />

especificidade e a acurácia da angiografia convencional<br />

com a US-Doppler, a angioressonância e com a angiotomografia.<br />

Em um estudo com 42 pacientes, Riles et<br />

al. 22 relataram que a angioressonância se correlaciona<br />

exatamente com a angiografia convencional em 52%<br />

dos pacientes e que a US-Doppler se correlaciona<br />

com a angiografia convencional em 65% dos pacientes.<br />

Ambos, US-Doppler e angiorressonância, mostraram<br />

superestimar o grau de estenose comparados à<br />

angiografia convencional (Tabela 1).<br />

Endarterectomia carotídea<br />

Em 1953, DeBakey 23 realizou a primeira endarterectomia<br />

carotídea com sucesso para o tratamento de<br />

uma artéria carótida cervical ocluída. Em 1954, Eastcott<br />

et al. realizaram a primeira endarterectomia carotídea<br />

com sucesso, na qual a circulação cerebral foi intencionalmente<br />

interrompida para remover uma placa estenótica<br />

24,25 . Apesar de dispor somente de evidências de<br />

eficácia provenientes de relatos de casos, aproximadamente<br />

1 milhão de endarterectomias foram feitas no<br />

mundo inteiro entre 1974 e 1985 26,27 . Houve um declínio<br />

temporário na metade dos anos 1980, quando vários<br />

relatos sugeriram inaceitáveis taxas de morte ou AVC<br />

perioperatórios 28-33 , e uma alta taxa de endarterectomias<br />

realizadas sem indicações corretas 34 . Os estudos têm<br />

demonstrado que a endarterectomia carotídea cirúrgica<br />

confere benefícios significativos sobre o melhor<br />

tratamento clínico em pacientes com estenose carotídea<br />

sintomática ≥70%, e com menores, embora significantes,<br />

graus de benefícios em lesões sintomáticas de 50% a<br />

69% e lesões assintomáticas ≥60%. Entretanto, algumas<br />

observações se aplicam. Os critérios de seleção<br />

de pacientes devem ser estritamente seguidos 35 . Em um<br />

recente estudo prospectivo de 184 pacientes consecutivos<br />

submetidos a endarterectomia carotídea, relatou-se<br />

que somente 49% destes procedimentos foram<br />

adequadamente indicados 36 . O cirurgião deve ter uma<br />

baixa taxa de complicação perioperatória para assegurar<br />

o total (ou qualquer) benefício do procedimento.<br />

Alguns autores têm ainda sugerido que equipes cirúrgicas<br />

forneçam dados de suas taxas de AVC ou morte<br />

dentro de 30 dias da cirurgia ajustados para a gravidade<br />

da doença carotídea e condições coexistentes,<br />

referenciando médicos e pacientes 37 .<br />

Finalmente, há em andamento debates sobre o<br />

custo-efetividade da cirurgia em pacientes com estenose<br />

carotídea assintomáticos, o que, de acordo com alguns<br />

autores, não está provado 38 .<br />

Pacientes de alto risco<br />

Os estudos NASCET, ACAS (Asymptomatic Carotid<br />

Atherosclerosis Study) e VA (Asymptomatic Carotid<br />

Stenosis Veterans Affairs) excluíram pacientes com comorbidades<br />

significativas, como insuficiência renal, hepática<br />

ou pulmonar, angina instável e infarto agudo do<br />

miocárdio (IAM) recente.<br />

Em análise retrospectiva de 3111 endarterectomias<br />

consecutivas feita por Sundt et al. 39,40 , os pacientes<br />

foram estratificados em seis classes de risco, de acordo<br />

com o estado neurológico, comorbidades e variáveis<br />

angiográficas, revelando uma menor taxa de complicações<br />

(AVC incapacitante, IAM ou morte) para as classes<br />

I e II, enquanto a classe IV teve risco de complicações<br />

de 8,1% e de mortalidade de 2,9% (Tabelas 2 e 3).<br />

Fatores relacionados ao aumento da morbidade e<br />

mortalidade cirúrgica incluem estado neurológico instável;<br />

presença de comorbidades; idade acima de 70<br />

anos; e oclusão de carótida interna contralateral.<br />

Estes et al. 41 acompanharam pacientes de uma<br />

amostra randomizada de 22.165 beneficiários de planos<br />

de saúde, que foram submetidos a endarterectomia<br />

carotídea entre 1988 e 1990, até 1992. Eles identifi-<br />

TABELA 1<br />

Comparação entre US Doppler (CDUS), Angioressonância (MRA), Angiografia (CCA) 22<br />

CDUS MRA CCA<br />

Sensibilidade 86% 94% Padrão-Ouro<br />

Especificidade 90% 86% Padrão-Ouro<br />

Custo Baixo Alto Alto<br />

Contra-indicações Nenhuma Implantes de Metal Disfunção Renal;<br />

absolutas e relativas Claustrofobia acesso vascular difícil; ICC<br />

Risco de AVC 0% 0% 1%<br />

<strong>15</strong>3


Tumelero RT, et al. Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2):<br />

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TABELA 2<br />

Classificação de Sundt et al. 39 , baseada na análise retrospectiva de 3111 pacientes<br />

submetidos a endarterectomia carotídea de maneira consecutiva<br />

Classe<br />

Morbidade cirúrgica<br />

Sundt et al. 39 Critérios para classificação combinada (Mortalidade)%<br />

I Neurologicamente estável, ausência de risco maior clínica/ 0,9<br />

angiograficamente definido, com doença estenótica-ulcerativa<br />

unilateral/bilateral<br />

II Neurologicamente estável, ausência de risco clínico maior, 1,7<br />

com ou sem risco angiográfico<br />

III Neurologicamente estável, presença de risco clínico maior, 3,7 (1,3)<br />

com ou sem risco angiográfico<br />

IV Neurologicamente instável, com ou sem risco clínico/angiográfico 8,1 (2,9)<br />

V Oclusão aguda da carótida interna, déficit neurológico progressivo Não incluído no exame<br />

nas 6h de avaliação<br />

VI Estenose carotídea sintomática recorrente Não incluído no exame<br />

TABELA 3<br />

Definição de risco clínico, neurológico e angiográfico de Sundt et al. 39 para cirurgia da artéria carótida<br />

Risco<br />

Clínico<br />

Neurológico<br />

Angiográfico<br />

Definição<br />

Doença arterial coronariana (angina, IAM 180/110mmHg), doença vascular<br />

periférica avançada, DPOC, idade >70 anos, obesidade acentuada<br />

Déficit neurológico em 24h, isquemia cerebral geral, AVC < 7dias, AITs<br />

Oclusão da carótida contralateral, estenose do sifão, placa >3cm distalmente na carótida interna ou >5cm<br />

proximal na carótida comum, bifurcação na vértebra C2, pescoço curto e trombo mole estendendo-se de<br />

uma lesão ulcerativa<br />

IAM= infarto agudo do miocárdio; ICC= insuficiência cardíaca congestiva; DPOC= doença pulmonar obstrutiva crônica; AVC=<br />

acidente vascular cerebral; AIT= ataque isquêmico transitório.<br />

caram pacientes com IAM, insuficiência cardíaca congestiva,<br />

diabete melito e idade acima dos 80 anos,<br />

como tendo taxas de sobrevida perioperatória e a<br />

longo prazo diminuídas após endarterectomia carotídea.<br />

Estenose carotídea recorrente também tem sido um<br />

indicador de alto risco de complicações de endarterectomias.<br />

Meyer et al. 42 relataram uma taxa de morbidade<br />

e mortalidade perioperatórias de 10,8%, em uma<br />

série de 82 pacientes submetidos a endarterectomia<br />

carotídea para estenose recorrente; isto foi cinco vezes<br />

o risco de endarterectomia de rotina na instituição dos<br />

autores. Lesões nos nervos cranianos e cervicais podem<br />

ocorrer em 21% dos pacientes, embora ocorram<br />

poucas lesões permanentes 43 .<br />

Gasparis et al. 44 estratificaram pacientes submetidos<br />

a endarterectomia em baixo e alto risco, baseados<br />

na idade acima dos 80 anos, angina pela NYHA (New<br />

York Heart Association) classes III/IV, insuficiência cardíaca<br />

classes III/IV pela Canadian, IAM nos últimos 6<br />

meses, doença pulmonar oxigênio ou corticóide dependente,<br />

creatinina ≥3, oclusão de carótida contralateral,<br />

bifurcação carotídea alta, reoperação ou irradiação<br />

cervical. O risco de AVC ou morte perioperatório foi<br />

1,3%, no grupo de alto risco, e 1,1%, no grupo de<br />

baixo risco (não significativo).<br />

Tratamento endovascular de<br />

doença carotídea oclusiva<br />

O tratamento endovascular (angioplastia e stent)<br />

de doença carotídea oclusiva oferece vantagens sobre<br />

a endarterectomia: anestesia geral é geralmente não<br />

necessária, permitindo que o estado clínico neurológico<br />

do paciente seja monitorado durante o procedimento;<br />

aumento do conforto do paciente e significativa economia<br />

devido ao curto período de recuperação; nenhuma<br />

incisão cervical é feita, portanto, eliminando o risco<br />

de paralisias de nervos cranianos, infecções de ferida<br />

operatória ou hematoma cervical; os procedimentos<br />

podem ser feitos simultaneamente na carótida, vertebral<br />

e artérias coronárias; morbidade e mortalidade podem<br />

ser reduzidas em pacientes considerados de alto risco<br />

para cirurgia (que têm significantes comorbidades, oclusão<br />

de carótida contralateral, reestenose pós-endarterectomia,<br />

estenose induzida por radiação, dissecção<br />

<strong>15</strong>4


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<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

cervical prévia); e ótima opção para pacientes com<br />

lesões inacessíveis cirurgicamente.<br />

• Angioplastia carotídea por balão<br />

Angioplastia transluminal percutânea por balão<br />

para estenose de carótida foi primeiro relatada por<br />

Kerber et al. 45 , em 1980. Em 1987, Theron et al. 46<br />

publicaram a primeira grande série de angioplastia de<br />

carótida interna, em 48 pacientes com aterosclerose<br />

de novo ou reestenose pós-cirurgia. Sucesso técnico<br />

foi atingido em 94% dos casos, com uma taxa de<br />

4,1% de morbidades sérias. Gil-Peralta et al. 47 realizaram<br />

85 angioplastias por balão, em 82 pacientes com estenose<br />

carotídea >70% sintomáticos, num período de<br />

quatro anos. Eles obtiveram sucesso técnico em 92%,<br />

com mortalidade em 30 dias de 0%, e taxa de morbidades<br />

maiores de 4,9%, as quais se comparam favoravelmente<br />

com os resultados do ECST (European Carotid<br />

Surgery Trial) e NASCET.<br />

Apesar desses resultados favoráveis, a angioplastia<br />

por balão tem um número potencial de limitações,<br />

incluindo retração elástica da parede do vaso, dissecção<br />

intimal evidente angiograficamente e descolamento de<br />

placas e partículas de embolização. Angioplastia de<br />

lesões ateroscleróticas tem sido relatada como possível<br />

geradora de êmbolos, compostos de ateroma, cristais<br />

de colesterol, trombo e agregados plaquetários. O risco<br />

de dano cerebral pensa-se ser dependente do tamanho<br />

e da composição do material embólico, bem como<br />

da extensão e do local do cérebro envolvidos. Devido<br />

à dificuldade em distinguir-se precisamente entre ar e<br />

partículas embólicas usando doppler transcraniano, a<br />

falta de correlação entre êmbolo e seqüela clínica<br />

levou a sugerir que a maioria dos êmbolos detectados<br />

durante angioplastia por balão é gasosa ou constituída<br />

por pequenos agregados plaquetários de < 200µm de<br />

diâmetro, e ambos se correlacionam com desfechos<br />

mais benignos 48-51 .<br />

• Stent carotídeo<br />

O ímpeto para o uso de stent carotídeo tem crescido<br />

principalmente pelos estudos de stent versus simples<br />

angioplastia por balão em artérias coronárias, que têm<br />

consistentemente demonstrado um persistente benefício<br />

em sobrevida livre de eventos em um ano e uma menor<br />

taxa de angioplastias repetidas 52-54 . As vantagens do<br />

stent sobre a angioplastia simples incluem evitar o deslocamento<br />

da placa, a dissecção da íntima e a retração<br />

elástica arterial, além de reduzir reestenose tardia.<br />

• Séries de Casos e Estudos Randomizados<br />

Desde 1996, houve 11 grandes séries publicadas<br />

de stents carotídeos, com um número total de 1311<br />

pacientes 55-66 . A taxa de sucesso técnico relatada foi<br />

> 95%; taxas de mortalidade relacionadas ao procedimento<br />

(incluindo mortes cardíacas) são de 0,6% a<br />

4,5%; taxas de AVC maior de 0% a 4,5%; taxas de<br />

AVC menor de 0% a 6,5%; e taxa de reestenose em<br />

6 meses


Tumelero RT, et al. Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2):<br />

<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

morte relacionados ao procedimento entre endarterectomia<br />

carotídea e angioplastia. Análises preliminares de<br />

sobrevida a longo prazo não mostraram diferenças na<br />

taxa de AVC ipsilateral ou qualquer AVC incapacitante,<br />

seguidos em três anos após a randomização.<br />

O Wallstent Trial 78 foi um estudo financiado pela<br />

indústria, prospectivo, randomizado, comparando endarterectomia<br />

e stent carotídeo para estenoses ≥60%, sintomáticos.<br />

Neste estudo, 219 pacientes foram randomizados<br />

para cirurgia ou stent. O risco de qualquer AVC<br />

perioperatório ou morte foi de 4,5% para cirurgia e<br />

12,1% para o stent. Em um ano, o risco de AVC maior<br />

foi 0,9% para cirurgia e 3,7% para o stent. Este estudo<br />

foi interrompido precocemente devido aos resultados<br />

do stent.<br />

O estudo Carotid Revascularization Endarterectomy<br />

versus Stent Trial (CREST) 79,80 , um ensaio clínico norteamericano,<br />

multicêntrico, randomizado e controlado, comparou<br />

a eficácia da endarterectomia cirúrgica com o<br />

stent carotídeo, e ainda está em andamento. Para demonstrar<br />

diferença clínica significativa entre os dois tratamentos,<br />

o estudo precisará de 2500 pacientes, excluindo-se<br />

comparações entre vários subgrupos clínicos.<br />

O problema da embolização distal durante angioplastia<br />

com balão e stent carotídeo tem aumentado o<br />

interesse em fornecer métodos para proteção cerebral.<br />

Theron et al. 55,81 relataram complicações embólicas distais<br />

em 3 de 38 pacientes (8%) submetidos a angioplastia<br />

por balão de carótida interna sem protetor distal versus<br />

0 de 43 pacientes (0%) submetidos ao mesmo procedimento<br />

usando protetor distal. Henry et al. 82 usaram<br />

a técnica de oclusão distal do balão de Theron em 32<br />

de 163 casos de stent carotídeo. Entretanto, 2 de 3<br />

AVC maiores que ocorreram nesta série foram em<br />

conjunto com este dispositivo. Os autores citaram tempo<br />

de procedimento prolongado e aumento do risco de<br />

embolismo quando cruzam lesões ulceradas, como<br />

potenciais problemas associados ao seu uso.<br />

O estudo Stenting and Angioplasty with Protection<br />

in Patients at High Risk for Endarterectomy (SAPPHIRE) 83<br />

é considerado um dos estudos randomizados, multicêntrico<br />

de maior significância comparando endarterectomia<br />

versus implante de stent com protetor de<br />

embolização distal. Entre agosto de 2000 e julho de<br />

2002, 747 pacientes foram selecionados para o estudo,<br />

e 334 foram randomizados. Dos 413 pacientes que<br />

não foram randomizados porque tinham uma contraindicação<br />

para um dos tratamentos, 406 formaram um<br />

registro de stent e 7 um registro cirúrgico. Dos 167<br />

pacientes randomizados para o grupo stent, <strong>15</strong>9 receberam<br />

o tratamento designado.<br />

Foram selecionados pacientes sintomáticos com<br />

estenose carotídea de pelo menos 50% e também<br />

pacientes assintomáticos com estenose de pelo menos<br />

80% do diâmetro luminal.<br />

O protetor de embolização distal foi usado com<br />

sucesso em 95,6% dos pacientes randomizados para<br />

o stent.<br />

O desfecho primário (incidência cumulativa de<br />

morte, AVC, ou IAM dentro de 30 dias após o procedimento<br />

ou morte ou AVC ipsilateral entre os dias 31 e<br />

1 ano após) ocorreu em 20 dos 167 pacientes randomizados<br />

para receber o stent (incidência cumulativa<br />

de 12,2%) e em 32 dos 167 pacientes randomizados<br />

para a cirurgia (incidência cumulativa de 20,1%), com<br />

uma diferença absoluta de -7,9 pontos percentuais<br />

(intervalo de confiança de 95%, -16,4 para 0,7 pontos<br />

percentuais; p=0,004 para não-inferioridade).<br />

A taxa estimada de paralisia de nervos cranianos<br />

em um ano foi maior entre aqueles submetidos a cirurgia<br />

do que aqueles que receberam stent (4,9% vs 0%,<br />

p=0,004), e a taxa estimada de revascularização do<br />

vaso-alvo de 4,3% para endarterectomia vs 0,6% para<br />

o stent (p=0,004).<br />

No período periprocedimento (até 30 dias), a incidência<br />

cumulativa de AVC, IAM ou morte foi de 4,8%<br />

entre os pacientes do grupo stent e de 9,8% entre os<br />

pacientes do grupo submetido a endarterectomia, na<br />

análise intenção-de-tratar (p=0,09), e de 4,4% entre os<br />

pacientes que realmente receberam o stent e de 9,9%<br />

entre aqueles que foram submetidos a endarterectomia<br />

(p=0,06). A média de permanência no hospital foi de<br />

1,84±1,75 dias, entre os pacientes que receberam stent,<br />

e de 2,85±3,67 dias, entre aqueles submetidos à cirurgia.<br />

Para pacientes com estenose de carótida assintomáticos,<br />

a incidência acumulada do desfecho primário<br />

em um ano foi menor entre aqueles que receberam<br />

stent (9,9%) do que entre aqueles submetidos a endarterectomia<br />

(21,5%; p=0,02). No período periprocedimento,<br />

a incidência cumulativa de morte, IAM, ou<br />

AVC entre pacientes com estenose assintomática, foi<br />

de 5,4%, no grupo stent, e de 10,2%, no grupo da<br />

endarterectomia (p=0,2).<br />

Os resultados deste estudo mostraram que o stent<br />

não foi inferior à cirurgia, e a taxa de desfecho primário<br />

(morte, AVC ou IAM, em 30 dias) foi 39% menor entre<br />

os pacientes randomizados para receber o stent com<br />

protetor distal do que aqueles submetidos à endarterectomia.<br />

O estudo Endarterectomy versus Stenting in Patients<br />

with Symptomatic Severe Carotid Stenosis (EVA-3S) 84<br />

arrolou 527 pacientes, evidenciando taxa de AVC ou<br />

morte em 30 dias de 3,9%, no grupo tratado com<br />

endarterectomia, e de 9,6%, naquele tratado com stent.<br />

Em seis meses, a taxa de AVC ou morte foi de 6,1%,<br />

nos pacientes tratados com endarterectomia, e de 11,7%,<br />

nos tratados com stent (p=0,02).<br />

Os resultados de 30 dias do estudo Stent-Protected<br />

Angioplasty versus Carotid Endarterectomy in Symptomatic<br />

Patients (SPACE) 85 , que arrolou 1200 pacientes,<br />

<strong>15</strong>6


Tumelero RT, et al. Indicações e Resultados das Intervenções Percutâneas em Artérias Carótidas. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2):<br />

<strong>15</strong>1-<strong>15</strong>9.<br />

demonstraram taxa de óbito ou AVC isquêmico ipsilateral<br />

de 6,84%, nos pacientes tratados com stent, e de<br />

6,34%, naqueles tratados com endarterectomia (p=0,09),<br />

não permitindo confirmar a hipótese de não-inferioridade<br />

do implante de stent em relação à endarterectomia.<br />

Resultados tardios devem ser considerados para uma<br />

avaliação mais consistente.<br />

Seleção de pacientes para tratamento percutâneo<br />

Os pacientes podem ser selecionados de acordo<br />

com múltiplos fatores, como o grau de estenose, a<br />

presença de sintomas e a de fatores que colocam o<br />

paciente como de alto risco para endarterectomia. O<br />

grau de estenose é inicialmente medido com métodos<br />

não-invasivos, como doppler carotídeo, angioressonância<br />

ou angiotomografia.<br />

Recomenda-se definir pacientes sintomáticos aqueles<br />

com sintomas neurológicos ou mudanças neurológicas<br />

dentro dos últimos seis meses (180 dias) do<br />

tratamento. Sintomas podem ser AVC prévio ou evento<br />

neurológico transitório. Eventos transitórios podem<br />

ser hemisféricos ou retinianos (amaurose). A população<br />

de pacientes pode ser classificada ainda em baixorisco<br />

ou alto-risco em relação à endarterectomia. É<br />

desconhecido se tais pacientes são também de altorisco<br />

se tratados com stent carotídeo.<br />

Pacientes de baixo-risco são aqueles com fatores<br />

de risco similares, aos que foram inscritos nos estudos<br />

NASCET e ACAS. A definição de pacientes de alto-risco<br />

é mais controversa. Sugestões para categorizar pacientes<br />

de alto-risco que estão listadas na Tabela 2, baseados<br />

em critérios usados em estudos de stent prévios e também<br />

em critério de Sundt. Os pacientes de alto risco<br />

podem ser definidos como tendo ≥1 fator de risco<br />

anatômico ou ≥2 comorbidades do grupo A ou ≥1<br />

comorbidade do grupo B, como definidos na Tabela 3.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resultados de angioplastia e stent carotídeos<br />

variam. Séries de casos mostram resultados comparáveis<br />

aos da endarterectomia, particularmente nos pacientes<br />

inelegíveis do estudo NASCET. Entretanto, dois grandes<br />

estudos prospectivos e randomizados têm resultados<br />

discordantes com o CAVATAS, mostrando a angioplastia<br />

e/ou stent com desfechos comparáveis à cirurgia e o<br />

WALLSTENT mostrando que o stent carotídeo tem desfechos<br />

inferiores aos da cirurgia, assim como o estudo<br />

EVA-3S. Já os resultados do estudo SAPPHIRE mostram<br />

que a angioplastia-stent com protetor distal é comparável<br />

à endarterectomia, nos pacientes de alto risco cirúrgico.<br />

O estudo SPACE, por sua vez, não confirmou a nãoinferioridade<br />

do implante de stent em relação à endarterectomia<br />

em 30 dias. Faz-se necessário, no entanto,<br />

aguardar os resultados tardios.<br />

Diante destes resultados discordantes e das inconsistências<br />

na seleção dos pacientes e nas definições<br />

usadas para relatar os desfechos, relatos padrões são<br />

necessários, com modelos para o desenho do estudo.<br />

Isto permitirá a criação de estudos confiáveis de segurança<br />

e efetividade para a revascularização endovascular<br />

carotídea usando tecnologias atuais.<br />

Em pacientes de alto risco cirúrgico com doença<br />

carotídea, a angioplastia com implante de stent com<br />

dispositivos de proteção distal é a terapia de escolha.<br />

Para pacientes de baixo risco cirúrgico, a endarterectomia<br />

cirúrgica continua sendo o tratamento de escolha.<br />

A classificação dos pacientes com estenoses de<br />

artérias carótidas no grupo de alto risco cirúrgico,<br />

utilizando os critérios de Sundt, os referencia para<br />

tratamento percutâneo com implante de stent associado<br />

ao uso de protetor de embolização distal cerebral,<br />

proporcionando taxas de complicações iguais ou inferiores<br />

às da endarterectomia cirúrgica.<br />

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Lacativa MES, et al. Tratamento de Trombose Tardia de Stent Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo. Rev Bras Cardiol<br />

Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 160-163.<br />

Relato de Caso<br />

Tratamento de Trombose Tardia de Stent<br />

Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo<br />

Marcus Ernesto Sampaio Lacativa 1 , Leonardo Furtado de Oliveira 1 , Rodrigo de Franco Cardoso 1 ,<br />

João Luiz Frighetto 2 , Rodolfo de Franco Cardoso 3 , Julio Eduardo Campos 1,4 ,<br />

Francisco Cabral Cardoso 1 , Luiz Paulo Rebello Alves 1<br />

RESUMO<br />

Relatamos o caso de um paciente de 69 anos com trombose<br />

tardia de stent farmacológico, admitido com infarto agudo<br />

do miocárdio anterior, tratado com sucesso com o uso de<br />

cateter de aspiração de trombos (Pronto TM V3).<br />

DESCRITORES: Contenedores. Trombose coronária. Trombectomia.<br />

SUMMARY<br />

Treatment of Late Thrombosis of Drug-eluting Stent<br />

Using a Thrombus Extraction Catheter<br />

We report on the case of a 69-year-old patient with late<br />

thrombosis of a drug-eluting stent, admitted to hospital with<br />

anterior AMI, who was successfully treated using a thrombus<br />

extraction catheter (Pronto TM V3).<br />

DESCRIPTORS: Stents. Coronary thrombosis. Thrombectomy.<br />

Atualmente, existe uma grande preocupação mundial<br />

com o risco de trombose tardia em stents farmacológicos,<br />

dadas as suas graves implicações<br />

clínicas 1 . A sua alta letalidade, chegando a 45% 2 , torna<br />

sua prevenção algo a ser buscado de forma obstinada<br />

e retrata a dificuldade de tratamento desta entidade.<br />

O principal preditor independente da trombose<br />

tardia é a descontinuação dos antiplaquetários (IR 89,78,<br />

p


Lacativa MES, et al. Tratamento de Trombose Tardia de Stent Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo. Rev Bras Cardiol<br />

Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 160-163.<br />

pálido, referindo precordialgia 8+/10, com alteração do<br />

eletrocardiograma (ECG) em parede anterior (Figura 1).<br />

A coronariografia revelou trombose de stent proximal<br />

em artéria descendente anterior, com fluxo TIMI<br />

0, sem demais lesões coronarianas significativas (Figura<br />

2). Administrados 600mg de clopidogrel visando à<br />

realização de angioplastia primária deste vaso.<br />

Cateterizada a artéria coronária esquerda com<br />

cateter-guia JL4 6F, passamos corda-guia 0,014 para o<br />

leito distal da artéria descendente anterior, seguida da<br />

passagem de cateter extrator de trombos Pronto V3,<br />

sendo aspirados dois grandes trombos (Figura 3). Após<br />

o procedimento, obtivemos fim da precordialgia, resolução<br />

do supradesnivelamento de ST ao monitor e<br />

aparecimento de arritmias de reperfusão (extra-sístoles<br />

e ritmo idioventricular acelerado).<br />

O resultado angiográfico final mostrava fluxo TIMI<br />

3 com Blush 3, sem embolização distal, não havendo<br />

necessidade de implante de outro stent (Figura 4). Não<br />

foi usado inibidor de glicoproteína IIb/IIIa.<br />

O paciente apresentou boa evolução clínica, evoluindo<br />

sem precordialgia e com resolução do supradesnivelamento<br />

de ST ao ECG (Figura 5), recebendo<br />

alta após 72h.<br />

Figura 1 - ECG de admissão.<br />

Figura 3 - Trombos aspirados com cateter Pronto.<br />

Figura 2 - Oclusão proximal de DA.<br />

Figura 4 - Resultado após aspiração de trombos.<br />

161


Lacativa MES, et al. Tratamento de Trombose Tardia de Stent Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo. Rev Bras Cardiol<br />

Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 160-163.<br />

Figura 5 - ECG realizado imediatamente após o procedimento.<br />

DISCUSSÃO<br />

Em nosso serviço, já havíamos usado o cateter<br />

Pronto em casos de IAM com grande carga trombótica,<br />

mas este foi o primeiro caso de uso em trombose de<br />

stent. A facilidade no manuseio do cateter e a rapidez<br />

em seu uso nos motivou a usá-lo quando nos deparamos<br />

com o caso. O resultado extremamente satisfatório<br />

nos impressionou, já que em tais casos a abordagem<br />

com cateter-balão mostra altos índices de no reflow e<br />

a obtenção de Blush 3, muitas vezes, é extremamente<br />

difícil, devido à embolização distal para a microvasculatura.<br />

A restauração do fluxo só é obtida em 48% dos<br />

casos 9 e a embolização distal ocorre em <strong>15</strong>% dos<br />

casos e tem grande influência prognóstica, sendo fator<br />

preditivo independente de mortalidade em 5 anos 10 . O<br />

tratamento com trombolítico também não se mostrou<br />

efetivo em casos de trombose de stent 9 . A resolutividade<br />

no caso descrito foi extremamente rápida, o que é<br />

importante, não sendo necessário uso de outro stent<br />

ou de inibidor de glicoproteína IIb/IIIa, reduzindo o<br />

custo final do procedimento.<br />

Os resultados do estudo AIMI com o AngioJet<br />

foram extremamente desanimadores ao mostrar um<br />

aumento na mortalidade e no tamanho do infarto nos<br />

pacientes tratados com o AngioJet 11 .<br />

No DEAR-MI, não foram incluídos pacientes com<br />

trombose de stent, mas os resultados, com 60 pacientes<br />

com IAM randomizados a receberem tratamento com<br />

angioplastia ou com aspiração de trombos com o cateter<br />

Pronto seguida de angioplastia 5 , mostraram uma melhora<br />

do blush miocárdico (78,6% Pronto vs. 38,5% controle,<br />

p


Lacativa MES, et al. Tratamento de Trombose Tardia de Stent Farmacológico com Cateter Extrator de Trombo. Rev Bras Cardiol<br />

Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 160-163.<br />

este cateter deva ser avaliado em estudos maiores para<br />

o tratamento de pacientes com trombose de stent. A<br />

prevenção, contudo, continua sendo nossa grande arma.<br />

As diretrizes norte-americanas e européias já sugerem<br />

a antiagregação com dois antiplaquetários por 12 meses,<br />

a menos que haja um alto risco de sangramento. Essa<br />

orientação, contudo, não foi acompanhada pelas companhias<br />

fabricantes dos stents farmacológicos 12 .<br />

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Fossati MAM, Cavalcanti AVB. Trombose Tardia (3 Anos e 9 Meses) de Stent Cypher. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 164-166.<br />

Relato de Caso<br />

Trombose Tardia (3 Anos e 9 Meses) de Stent Cypher<br />

Marco Antônio M. Fossati 1 , Arthur Valls B. Cavalcanti 1<br />

RESUMO<br />

A trombose tardia nos stents revestidos com drogas antiproliferativas<br />

é uma realidade a ser enfrentada. Ela ocorre<br />

com maior freqüência, dependendo do critério de trombose,<br />

do que em stents convencionais. A trombose pode se dar<br />

anos após o implante e mesmo em pacientes usando antiagregante<br />

plaquetário. O desfecho clínico pode ser dramático,<br />

entretanto, não sabemos ainda se este evento realmente<br />

aumenta a mortalidade, quando comparado ao stent convencional.<br />

Os autores relatam um caso de trombose de stent<br />

Cypher, quase quatro anos após o seu implante.<br />

DESCRITORES: Contenedores, efeitos adversos. Reestenose<br />

coronária. Trombose coronária, etiologia. Paclitaxel. Sirolimo.<br />

SUMMARY<br />

Late Stent Thrombosis (3 years and 9 months)<br />

after Cypher Implantation<br />

Late stent thrombosis in drug-eluting stents is a reality. It<br />

occurs more frequently with drug-eluting stents, depending<br />

on the criteria used, than with bare metal stents. Late stent<br />

thrombosis can take place years after implant, even in<br />

patients on platelet antiaggregant agents and the clinical<br />

result can be dramatic. However, it is still unclear if this<br />

event really increases mortality compared to conventional<br />

stenting. The authors describe a case of late thrombosis<br />

almost four years after Cypher implantation.<br />

DESCRIPTORS: Stents, adverse effects. Coronary restenosis.<br />

Coronary thrombosis, etiology. Paclitaxel. Sirolimus.<br />

Oimplante de stents com eluição de drogas antiproliferativas<br />

(DES) faz parte da prática diária da<br />

intervenção coronariana. Estima-se que 80% dos<br />

pacientes submetidos a angioplastia coronária recebam<br />

DES, nos Estados Unidos e na Europa. A euforia com<br />

os primeiros resultados de acompanhamento tardio<br />

nos estudos RAVEL 1 e TAXUS 2 , que mostravam perda<br />

tardia próxima a zero, deu lugar, hoje, à preocupação<br />

com eventos como a trombose tardia intra-stent 3,4 . Os<br />

autores relatam um caso de comprovada trombose<br />

intra-stent, em um paciente tratado com prótese com<br />

eluição de sirolimus, três anos e nove meses antes,<br />

não tendo encontrado na literatura relato de caso com<br />

esta evolução.<br />

RELATO DO CASO<br />

Paciente 60 anos, sexo masculino, portador de<br />

hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia controladas<br />

com medicação. Em outubro de 2002, foi submetido a<br />

angioplastia e implante de stent Cypher 3,0 x 18 mm<br />

1<br />

Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento de Porto<br />

Alegre, RS.<br />

Correspondência: Marco Antônio M. Fossati. Rua Mariz e Barros, 392,<br />

Apto. 701 - Petrópolis - Porto Alegre - RS - CEP 90690-390.<br />

E-mail: marcofossati@brturbo.com.br<br />

Recebido em: 30/10/2006 • Aceito em: 12/2/2007<br />

(Figuras 1 e 2) a 18 atm, para tratar lesão de novo,<br />

excêntrica, de segmento proximal da artéria coronária<br />

direita. Estimou-se em 3,0 mm o diâmetro do vaso-alvo<br />

por análise QCA 1 . Procedimento realizado sem intercorrências,<br />

tendo o paciente recebido alta com suas<br />

medicações habituais acrescidas de AAS 100 mg/dia e<br />

clopidogrel 75 mg/dia. Manteve-se com esquema duplo<br />

antiagregante plaquetário por nove meses, permanecendo<br />

com AAS 100 mg/dia após este período.<br />

Em julho de 2006, compareceu à emergência de<br />

nosso hospital, com forte dor precordial, de início<br />

súbito, quatro horas antes. Após diagnóstico de infarto<br />

agudo do miocárdio de parede inferior, foi levado a<br />

cateterismo de urgência. Exame mostrou a artéria coronária<br />

esquerda sem lesões significativas e oclusão<br />

da artéria coronária direita, imediatamente antes do<br />

stent implantado anteriormente (Figura 3). Procedeu-se<br />

à recanalização mecânica com corda-guia 0,014 sem<br />

dificuldade e angioplastia com balão 3,5 x 20 mm a<br />

9 atm. Angiografia após a primeira angioplastia mostrou<br />

embolização distal de grande carga de trombos (Figura<br />

4). Diante deste quadro, foi realizada extração dos<br />

trombos com cateter Pronto. Não foram utilizados inibidores<br />

da glicoproteína IIb/IIIa. Angiografia final da<br />

artéria coronária direita (Figura 5) mostra coronária<br />

com fluxo TIMI 3 e ausência de estenose coronariana.<br />

O paciente recebe alta em uso de AAS 100 mg, Clopidogrel<br />

75 mg e sua medicação habitual.<br />

164


Fossati MAM, Cavalcanti AVB. Trombose Tardia (3 Anos e 9 Meses) de Stent Cypher. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 164-166.<br />

Figura 1 - Estenose importante de artéria coronária direita, em<br />

outubro de 2002.<br />

Figura 2 - Resultado final pós-implante de stent Cypher.<br />

Figura 3 - Oclusão total tardia, em julho de 2006.<br />

Figura 4 - Carga de trombos com embolização distal.<br />

DISCUSSÃO<br />

Trombose tardia intra-stent ocorre com maior freqüência<br />

em DES do que nos convencionais 5 . A razão<br />

estimada de trombose é de 0,2% a 0,4% ao ano, nos<br />

primeiros quatro anos. As causas da trombose tardia<br />

nos DES são multifatoriais, sendo que o atraso na<br />

endotelização arterial tem papel importante 6 . Nove meses<br />

após implante de um stent convencional, aproximadamente<br />

100% encontram-se endotelizados, enquanto<br />

que não mais que 50% dos DES assim se encontram 6 .<br />

Além disto, o dimensionamento incorreto do tamanho<br />

da prótese e a inadequada aposição das hastes são<br />

fatores de risco para trombose. Do ponto de vista<br />

técnico, a recomendação é para a utilização da ultrasonografia<br />

intravascular intracoronária, principalmente<br />

pós-procedimento, e a expansão correta com insuflação,<br />

conforme a complacência do balão.<br />

Figura 5 - Resultado final após ACTC, em julho de 2006.<br />

165


Fossati MAM, Cavalcanti AVB. Trombose Tardia (3 Anos e 9 Meses) de Stent Cypher. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 164-166.<br />

No caso relatado, cabe ressaltar a utilização do<br />

cateter Pronto para extração distal de trombos. Apesar<br />

de resultados conflitantes dos estudos já realizados,<br />

em relação ao benefício na recuperação do fluxo TIMI<br />

III no infarto agudo com o uso de tal instrumento<br />

(estudo DEAR-MI), ele é de fácil e segura utilização.<br />

Os autores, frente ao quadro dramático, utilizaram o<br />

dispositivo, sem complicações.<br />

Algumas questões devem ser respondidas em relação<br />

à trombose tardia de DES:<br />

1. quanto tempo é necessário de uso da terapia<br />

dupla antiplaquetária?;<br />

2. existe realmente um aumento na mortalidade<br />

em pacientes que receberam DES?;<br />

3. qual a definição de trombose intra-stent?;<br />

4. o aumento do risco de morte relacionado à<br />

revascularização da lesão-alvo nos stents convencionais<br />

contrabalança o aumento de trombose nos DES?<br />

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Missel E. Ressonância Magnética Intracoronária. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(1): 85-87.<br />

Imagem & Intervenção Cardiovascular<br />

Fístula da Artéria Descendente Anterior para<br />

Ventrículo Direito Pós-Implante de Stent<br />

Ricardo Wang 1 , Newton Stadler Souza Filho 1 , Marisa Freitas Leal 1 , Claudia Burigo Zanuzzi 1 ,<br />

Estela Regina Klosoviski 1 , Tatiana Vitola Rohn 1 , Paulo Batista Queiroz Júnior 1<br />

Paciente do sexo masculino, 73 anos de idade, natural<br />

de Curitiba, admitido na Unidade de Dor Torácica<br />

da Santa Casa de Curitiba com quadro de<br />

dor torácica típica em repouso, de início recente. Eletrocardiograma<br />

mostrava infradesnivelamento do segmento<br />

ST, em parede anterior. Exames laboratoriais sem anormalidades.<br />

Submetido a cineangiocoronariografia, que<br />

mostrou lesão moderada no terço médio da artéria<br />

descendente anterior – DA – (Figura 1). Em análise<br />

retrospectiva, nota-se discreta constrição no terço médio,<br />

sugestivo de trajeto intramiocárdico da DA. À ultrasonografia<br />

intracoronária mostra área de 2,8mm 2 . Optou-se<br />

por realizar tratamento percutâneo.<br />

direto de stent LIBERTÉ ® (Boston Scientific) 3,0x28mm,<br />

com liberação a 10ATM. Na angiografia de controle,<br />

nota-se extravasamento de contraste da DA para o<br />

ventrículo direito (Figura 2). A complicação foi tratada<br />

com implante de dois stents recobertos de PTFE (JoGraft ® )<br />

3,0x12mm e 3,0x16mm. Na angiografia pós-implante,<br />

observou-se oclusão da ruptura, e fechamento da fístula<br />

coronário-câmara (Figura 3). No controle clínico após<br />

6 meses, o paciente permanece assintomático.<br />

Realizada angioplastia coronariana com uso de<br />

heparina na dose de 100UI/kg, com a técnica de implante<br />

Figura 2 - Artéria descendente anterior com fístula da artéria para<br />

ventrículo direito (setas).<br />

Figura 1 - Coronária esquerda vista em PA cranial, mostrando lesão<br />

em segmento médio, e no quadro, a avaliação ultra-sonográfica. A<br />

análise ultra-sonográfica da artéria descendente anterior mostra<br />

área luminal de 2,8mm 2 .<br />

1<br />

Centro de Diagnose Cardiovascular - Santa Casa de Curitiba,<br />

Curitiba, PR.<br />

Correspondência: Ricardo Wang. Praça Rui Barbosa, 245 - Centro -<br />

Curitiba - PR - CEP: 80010-030 • E-mail: rwang@terra.com.br<br />

Recebido em: 28/1/2007 • Aceito em: 10/4/2007<br />

Figura 3 - Angiografia coronariana após implante de dois stents<br />

recobertos de PTFE (JoGraft ® ).<br />

167


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 168-170.<br />

Missel E. Reendotelização dos Stents Farmacológicos. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 168-170.<br />

Imagem & Intervenção Cardiovascular<br />

Reendotelização dos Stents Farmacológicos<br />

Eduardo Missel 1<br />

Apesar de apresentar baixa incidência após o primeiro<br />

ano de seguimento, a trombose tardia dos<br />

stents farmacológicos tem sido motivo de polêmica<br />

no cenário atual da cardiologia intervencionista 1 .<br />

Recentes metanálises e estudos não randomizados sugerem<br />

um aumento da incidência de eventos cardíacos<br />

maiores, em pacientes tratados com stents farmacológicos,<br />

em comparação a stents convencionais 2-4 . Entretanto,<br />

enquanto respeitadas as indicações recomendadas<br />

pelo Food and Drug Administration (FDA), é consenso<br />

que os benefícios destas endopróteses suplantam<br />

os riscos, reduzindo a necessidade de novas revascularizações<br />

do vaso-alvo 5 . A análise dos principais estudos<br />

randomizados realizados com stents com eluição<br />

de sirolimus e paclitaxel revelou taxas cumulativas de<br />

morte ou infarto equivalentes aos stents convencionais,<br />

em quatro anos de seguimento 6 .<br />

A reendotelização dos stents farmacológicos é um<br />

dos potenciais fatores biológicos implicados na patogênese<br />

da trombose tardia. Os stents farmacológicos de<br />

primeira geração têm como mecanismo básico a inibição<br />

da migração e proliferação de células musculares<br />

lisas, envolvidas na gênese da reestenose. Mas, esse<br />

efeito benéfico ocorre concomitante ao efeito inibitório<br />

na reendotelização das hastes observada in vitro e de<br />

um atraso na “cicatrização” arterial do segmento tratado 7,8 .<br />

Além da migração de células endoteliais locais, a<br />

captação de células progenitoras provenientes da medula<br />

óssea pode ser um dos fatores-chave no processo de<br />

reendotelização 9,10 . Estudos in vitro demonstram que<br />

o sirolimus inibe a proliferação e a diferenciação destas<br />

células progenitoras 11 , mas, até o momento, não existem<br />

evidências suficientes que mostrem que os stents<br />

farmacológicos interferem negativamente neste processo.<br />

Achados recentes indicam que os polímeros nãobiodegradáveis,<br />

utilizados nos stents farmacológicos<br />

de primeira geração, promovem uma infiltração de<br />

eosinófilos na parede arterial, sugerindo uma reação<br />

de hipersensibilidade local 12 . A trombose dos stents,<br />

no entanto, só pode ser atribuída ao polímero em uma<br />

minoria de pacientes, que apresentam um fenótipo<br />

pró-inflamatório basal 13 .<br />

A reendotelização incompleta dos stents farmacológicos<br />

de primeira geração é freqüente, mas ainda<br />

não está definido se é decorrente apenas de um atraso<br />

na migração e captação de células endoteliais ou se<br />

possui caráter permanente. Estudos histopatológicos<br />

sugerem que os casos associados à trombose tardia,<br />

geralmente, necessitam de outros fatores coadjuvantes,<br />

como reações de hipersensibilidade local, ativação de<br />

fatores tissulares pró-trombóticos, penetração de conteúdo<br />

necrótico intra-luminal, má aposição das hastes e<br />

reestenose 14 . Adicionalmente, a interrupção prematura<br />

da terapia antiplaquetária dupla, insuficiência renal,<br />

diabetes mellitus e baixa fração de ejeção são fatores<br />

clínicos recentemente implicados <strong>15</strong> .<br />

Apresentamos alguns exemplos de reestudos de<br />

seis meses pós-implante de stents farmacológicos com<br />

tomografia por coerência óptica (TCO) - Figuras 1, 2<br />

e 3. O método é conveniente para estudar aspectos<br />

relacionados à reendotelização das hastes, pela alta<br />

1<br />

Cardiovascular Research Foundation – Columbia University Medical<br />

Center, New York, NY, USA.<br />

Correspondência: Eduardo Missel. 55 East 59 th Street 6 th fl - New<br />

York, NY, USA - 10022 • e-mail: emissel@crf.org, ems2168@columbia.edu<br />

Recebido em: 14/04/2007 • Aceito em: 16/04/2007<br />

Figura 1 - Reestudo de paciente submetido a implante de stent<br />

farmacológico há 6 meses. Observar que há proliferação neointimal<br />

mínima, mas com reendotelização adequada das hastes.<br />

168


Missel E. Reendotelização dos Stents Farmacológicos. Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 168-170.<br />

determinar o tempo ideal de administração da terapia<br />

antiplaquetária, ter maior cuidado nas indicações das<br />

endopróteses (levando em consideração a anatomia<br />

coronariana, o perfil clínico do paciente e a aderência<br />

à medicação) e a aplicação de novos métodos de<br />

imagem intravasculares para elucidar os mecanismos<br />

envolvidos. É evidente, também, a mobilização da indústria<br />

ao aprimorar as endopróteses, utilizando plataformas<br />

dotadas de hastes mais finas, polímeros biodegradáveis<br />

e associação de fármacos com propriedades<br />

pró-endoteliais. Entretanto, é necessária cautela ao se<br />

afirmar que a “nova geração” de stents farmacológicos<br />

vai resolver totalmente a questão. Somente os resultados<br />

dos novos estudos prospectivos e randomizados<br />

em larga escala poderão definir este assunto tão relevante<br />

e controverso.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Figura 2 - Reendotelização incompleta de stent farmacológico, em<br />

local de má aposição já existente. Esta associação pode ser um dos<br />

fatores envolvidos na fisiopatologia da trombose tardia.<br />

Figura 3 - Hastes não reendotelizadas após 6 meses (detalhe).<br />

Atualmente, questiona-se se um paciente apresentando essa imagem<br />

no reestudo é candidato a prolongar a terapia antitrombótica.<br />

resolução das imagens obtidas (<strong>15</strong> micrômeros), permitindo<br />

grande ampliação das mesmas, e por não haver<br />

possibilidade de se confundir hiperplasia com sangue,<br />

como ocorre nas imagens fornecidas pela ultra-sonográfica<br />

intracoronária.<br />

A realidade da trombose tardia tem motivado diversos<br />

esforços da comunidade médica, no sentido de se<br />

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thrombosis after successful implantation of drug-eluting stents.<br />

JAMA. 2005;293(17):2126-30.<br />

170


Sousa ALS, Dohmann HFR. Terapia Celular no Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2005; XX(X):1-2.<br />

XXIX CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA<br />

DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA<br />

INTERVENCIONISTA – SBHCI<br />

E<br />

XII JORNADA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM<br />

EM HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA<br />

INTERVENCIONISTA<br />

19 a 22 de Junho de 2007<br />

BRASÍLIA (DF)<br />

Sociedade Brasileira<br />

de Hemodinâmica e<br />

Cardiologia Intervencionista<br />

171


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 172.<br />

Sousa ALS, Dohmann HFR. Terapia Celular no Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2005; XX(X):1-2.<br />

Seleção e Julgamento dos Temas Livres do<br />

XXIX Congresso da SBHCI<br />

Prezados colegas,<br />

A apresentação dos Temas Livres no Congresso<br />

da SBHCI é, tradicionalmente, uma das atividades mais<br />

aguardadas e valorizadas da nossa Sociedade.<br />

O número de trabalhos submetidos ao XXIX Congresso<br />

da SBHCI, em Brasília, foi elevado como nos anos<br />

anteriores, totalizando 211 submissões e 199 trabalhos<br />

completos assim distribuídos: Doença Arterial Coronária<br />

(n=138), Intervenções Extracardíacas (n=21), Cardiopatias<br />

Congênitas (n=11), Enfermagem e Técnicos (n=<strong>15</strong>) e<br />

Valvopatias, Cardiomiopatias e Terapia Celular (n=14).<br />

Esse número significativo de submissões é reflexo<br />

da crescente produção científica nacional de alto nível<br />

e da valorização de sua apresentação pela SBHCI, que<br />

sempre a considerou uma das atividades científicas<br />

mais aguardadas do nosso evento anual.<br />

Para isto, o processo de submissão e julgamento<br />

foi totalmente eletrônico, rápido, seguro e imparcial,<br />

com cada um dos trabalhos sendo avaliado por três<br />

julgadores distintos, de forma cega. Setenta e três sócios<br />

titulares aceitaram participar do julgamento; a discrepância<br />

entre as notas (diferencial maior que cinco) foi pequena<br />

(3,5% dos temas) e resolvida com novo julgamento.<br />

Em 2007, o formato do nosso Congresso está<br />

totalmente renovado, mesclando as apresentações de<br />

temas livres com as demais atividades científicas do<br />

evento, distribuídos em três salas (duas para doenças<br />

adquiridas do coração e uma para doenças congênitas).<br />

Assim, foram aprovados para a apresentação 68<br />

temas livres (37% das submissões): 35 temas foram<br />

selecionados para apresentação oral (cinco em cardiopatias<br />

congênitas) e trinta e três pôsteres, apresentados<br />

em quatro sessões com oito trabalhos cada uma.<br />

Por fim, é preciso ressaltar a marcante ampliação<br />

da premiação às melhores pesquisas científicas que<br />

serão apresentadas no Congresso. Além do prêmio<br />

“Melhor Tema Livre – Categoria Pôster”, teremos a<br />

premiação dos “Dez Melhores Temas Livres – Categoria<br />

Oral”, perfazendo um total de 11 prêmios a serem<br />

oferecidos aos vencedores, todos muito atrativos, relacionados<br />

a viagens a grandes congressos internacionais<br />

e nacionais.<br />

Reiteramos que a homologação e o usufruto desta<br />

premiação serão obtidos somente após a submissão e<br />

aprovação para publicação do tema livre premiado,<br />

como um artigo original, à Revista Brasileira de Cardiologia<br />

Invasiva, agora indexada na base de dados<br />

LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em<br />

Ciências da Saúde).<br />

A Comissão Julgadora analisará todas as apresentações<br />

durante o congresso e o resultado da sua deliberação<br />

será anunciado na última sessão científica do<br />

evento, dia 22 de junho, às 16 horas, em Brasília, DF.<br />

Agradecemos, de maneira especial, ao dedicado<br />

e qualificado trabalho dos nossos julgadores.<br />

Um grande abraço,<br />

Fernando S. Devito<br />

Comissão de Julgamento dos Temas Livres<br />

do XXIX Congresso da SBHCI<br />

Luiz Alberto P. Mattos<br />

Presidente – SBHCI<br />

172


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 173.<br />

Sousa ALS, Dohmann HFR. Terapia Celular no Infarto Agudo do Miocárdio. Rev Bras Cardiol Invas 2005; XX(X):1-2.<br />

COMISSÃO DE JULGAMENTO DOS TEMAS LIVRES<br />

DO XXIX CONGRESSO DA SBHCI<br />

Fernando Stucchi Devito (SP)<br />

Maurício Rezende Barbosa (MG)<br />

Wilson Albino Pimentel Filho (SP)<br />

LISTA DOS JULGADORES DOS TEMAS LIVRES<br />

DO XXIX CONGRESSO DA SBHCI<br />

Adrian Paulo Morales Kormann (SC)<br />

Alexandre Antônio Cunha Abizaid (SP)<br />

Alexandre do Canto Zago (RS)<br />

Alexandre Schaan Quadros (RS)<br />

Amanda Guerra Moraes Rego Sousa (SP)<br />

Andre Labrunie (PR)<br />

Antenor Lages Fortes Portela (PI)<br />

Ari Mandil (MG)<br />

Áurea Jacob Chaves (SP)<br />

Bruno Moulin Machado (ES)<br />

Carlo Benatti Pilla (RS)<br />

Carlos Augusto Cardoso Pedra (SP)<br />

Carlos Augusto Formiga Áreas (MG)<br />

Cesar Augusto Esteves (SP)<br />

César Rocha Medeiros (RJ)<br />

Claudia Maria Rodrigues Alves (SP)<br />

Costantino Roberto Frack Costantini (PR)<br />

Décio Salvadori Júnior (SP)<br />

Evandro Osterne (DF)<br />

Expedito Eustáquio Ribeiro da Silva (SP)<br />

Fábio Sândoli Brito Júnior (SP)<br />

Fausto Feres (SP)<br />

Fernando Stucchi Devito (SP)<br />

Frederico Augusto de Lima e Silva (CE)<br />

Gilberto Lahorgue Nunes ((RS)<br />

Gilvan Oliveira Dourado (AL)<br />

Hélio José Castelo Júnior (SP)<br />

Hélio Roque Figueira (RJ)<br />

Helman Campos Martins (PB)<br />

Jamil Abdalla Saad (MG)<br />

Jorge Pinto Ribeiro (RS)<br />

José Antonio Marin-Neto (SP)<br />

José Armando Mangione (SP)<br />

José Augusto Marcondes de Souza (SP)<br />

José Carlos Raimundo Brito (BA)<br />

José Eduardo M R Sousa (SP)<br />

José Klauber Roger Carneiro (CE)<br />

José Maria Pereira Gomes (PE)<br />

Júlio César Machado Andréa (RJ)<br />

Leonardo Cogo Beck (DF)<br />

Luiz Alberto Piva e Mattos (SP)<br />

Luiz Antonio Gubolino (SP)<br />

Marcelo Antonio Cartaxo Queiroga Lopes (PB)<br />

Marcelo Freitas Santos (PR)<br />

Marco Antonio de Vivo Barros (PB)<br />

Marco Antonio Perin (SP)<br />

Marco Vugman Wainstein (RS)<br />

Marcos Antônio Marino (MG)<br />

Marden André Tebet (SP)<br />

Maria do Rosário de Britto Leite (PE)<br />

Maurício de Rezende Barbosa (MG)<br />

Miguel Antonio Neves Ratti (RJ)<br />

Newton Fernando Stadler de Souza Filho (PR)<br />

Paulo Antonio Marra da Motta (DF)<br />

Paulo Ricardo Avancini Caramori (RS)<br />

Paulo Sérgio de Oliveira (RJ)<br />

Pedro Alves Lemos Neto (SP)<br />

Raimundo Furtado (MA)<br />

Raul D´Aurea Mora Jr (PR)<br />

Raul Ivo Rossi Filho (RS)<br />

Renato Giestas Serpa (ES)<br />

Ricardo César Cavalcanti (AL)<br />

Roberto José Alvarenga Freire (MG)<br />

Roberto Vieira Botelho (MG)<br />

Rogério Eduardo Gomes Sarmento-Leite (RS)<br />

Ronaldo da Rocha Loures Bueno (PR)<br />

Samuel da Silva (PR)<br />

Sérgio Luiz Navarro Braga (SP)<br />

Valmir Fernandes Fontes (SP)<br />

Valter Correia de Lima (SP)<br />

Vinícius Daher Vaz (GO)<br />

Wilson Albino Pimentel Filho (SP)<br />

Enfermagem<br />

Claudia Elizabeth de Almeida (RJ)<br />

Eliane Grazziano (SP)<br />

Érika Gurgel (CE)<br />

Fernanda Suarez (RJ)<br />

Irian Guidigli Cunha (SP)<br />

Marislei Brasileiro (GO)<br />

Marta Enokibara (RJ)<br />

Martha Bezerra Maya Carvalho (MG)<br />

Simone de Souza Fantin (RS)<br />

Wilson Pessanha (RJ)<br />

173


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 174-175.<br />

Temas Livres<br />

Sessão Melhor Pôster do XXIX Congresso da SBHCI<br />

001 002<br />

TROMBOSE DOS STENTS FARMACOLÓGICOS: COLOCANDO O PROBLEMA EM<br />

PERSPECTIVA<br />

AMANDA SOUSA; ADRIANA MOREIRA; MANUEL CANO; GALO MALDONADO;<br />

LUIZ MATTOS; RICARDO COSTA; J RIBAMAR COSTA; FAUSTO FERES; ALEXANDRE<br />

ABIZAID; J.EDUARDO SOUSA;<br />

HOSPITAL DO CORAÇÃO- ASSOCIAÇÃO DO SANATÓRIO SÍRIO, INSTITUTO<br />

DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamento: A trombose dos stents (T) é uma complicação de graves consequências.<br />

Na era dos stents farmacológicos (SF) é necessária a revisão do problema em todos<br />

os seus aspectos, o que constitui o objetivo da nossa investigação. Métodos: No<br />

seguimento de 96% de 2100 pacientes (P) tratados com SF identificamos 29 TSF<br />

(1,38%). Cada caso foi classificado quanto aos critérios de definição do fenômeno<br />

e foram motivos de análise os aspectos clínicos, técnicos e farmacológicos, que<br />

pudessem ter o influenciado o desenvolvimento do problema, assim como os<br />

desfechos ocorridos. Resultados: média das idades=62,8 + 12,9 anos; 21% de<br />

mulheres; 45% de diabéticos; 59% de P em vigência de SCA. Alta prevalência<br />

de multiarteriais (73%) e de lesões complexas (78%). <strong>15</strong> das 29 TSF foram confirmadas<br />

angiograficamente e as demais foram consideradas prováveis. Todos os<br />

P experimentaram eventos maiores, com elevadas taxas de óbito (59%). O tempo<br />

de apresentação foi, na maioria, tardio (30-180dias) 9 casos ou muito tardio (>180<br />

dias), 12 casos. Em 75%, a TSF ocorreu após a descontinuação dos antilaquetários.<br />

Conclusões: Na era dos SF, em pacientes não selecionados, a incidência da TSF<br />

pelo critério amplo (1,38%) é semelhante àquelas descritas em séries históricas<br />

com a utilização dos stents convencionais, porém nota-se, diferentemente, ocorrências<br />

muito tardias que justificam pelas conseqüências, a manutenção mais<br />

prolongada dos agentes antitrombóticos.<br />

INTERVENÇÃO CORONÁRIA PRIMÁRIA COMPARADA COM FIBRINÓLISE PARA<br />

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO EM PACIENTES DIABÉTICOS: RESULTADOS<br />

DE ESTUDOS RANDOMIZADOS DA COLABORAÇÃO PCAT-2<br />

EXPEDITO EUSTAQUIO RIBEIRO DA SILVA; CARLOS A. CAMPOS; PEDRO A.<br />

LEMOS; JORIK R. TIMMER; ERIC BOERSMA; CYNTHIA M. WESTERHOUT; JOAO LUIZ<br />

A. A. FALCÃO; PEDRO HORTA; ANDRE SPADARO; EULOGIO E MARTINEZ;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO, HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA<br />

DA USP, SÃO PAULO, SP, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Existem evidências crescentes de benefícios clínicos da intervenção<br />

coronária percutânea (ICP) comparada com a fibrinólise no infarto agudo do<br />

miocárdio com supra-desnível do segmento ST (IAMSST), porém o efeito dos<br />

tratamentos em portadores de diabetes mellitus (DM) não está claro. Tivemos como<br />

objetivo comparar a ICP primária com a fibrinólise para IAMSST neste grupo.<br />

Métodos: Foi realizada uma análise conjunta de dados de 19 estudos comparando<br />

ICP com fibrinólise. Os estudos que envolveram pelo menos 50 pacientes com<br />

IAMSST para cada tratamento foram considerados para inclusão. Os defechos<br />

primários foram mortalidade, novo infarto e acidente vascular cerebral (AVC) em<br />

30 dias em pacientes com e sem DM. Resultados: Dos 63<strong>15</strong> pacientes, 877 (14%)<br />

tinham DM. A mortalidade em 30 dias (9,4 vs. 5,9%, p


Temas Livres - Sessão Melhor Pôster do XXIX Congresso da SBHCI<br />

005 006<br />

IMPLANTE DIRETO DE STENT: EFEITOS NO FLUXO CORONARIANO EPICÁRDICO,<br />

NA MICROCIRCULAÇÃO E NA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA<br />

JOAO PAULO ZOUVI; MARCO VUGMAN WAINSTEIN; JORGE PINTO RIBEIRO;<br />

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CARDIOLOGIA E CIÊNCIAS CARDIOVASCULARES<br />

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL<br />

Introdução: O implante direto de stent, potencialmente menos traumático do que<br />

a técnica convencional com pré-dilatação, por permitir simultaneamente o remodelamento<br />

da placa ateromatosa e o tratamento de eventual dissecção, resultaria<br />

em redução do acometimento do fluxo coronariano e minimização da resposta<br />

inflamatória sistêmica. Objetivos: Comparar as técnicas direta e convencional<br />

de implante de stent quanto aos efeitos no fluxo epicárdico e na microcirculação<br />

coronariana e na resposta inflamatória. Métodos: Pacientes encaminhados para<br />

implante eletivo de stent coronariano foram divididos em 2 grupos, direto e<br />

convencional. O fluxo coronariano epicárdico e na microcirculação, antes e após<br />

a intervenção, foram avaliados, respectivamente, pelo escores TIMI e TFC. A<br />

resposta inflamatória sistêmica foi avaliada pela variação pré e pós intervenção<br />

dos níveis séricos de proteína C reativa (PCR-us) e CD40L. Resultados: Foram<br />

incluídos 34 pacientes no grupo direto e 26 pacientes no grupo convencional.<br />

Os dados demográficos e angiográficos foram semelhantes entre os grupos direto<br />

e convencional. Houve melhora significativa do fluxo na microcirculação após<br />

o implante do stent em ambos os grupos. A mediana da velocidade do fluxo, em<br />

quadros/segundo, antes e após o implante do stent, para o grupo direto foi de 27<br />

e 21; para o grupo convencional 21 e 16. Entretanto, a magnitude da variação<br />

do fluxo epicárdico e da microcirculação pré e pós-implante de stent foi semelhante<br />

entre os 2 grupos (P tempo


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 176-182.<br />

Temas Livres<br />

APRESENTAÇÃO PÔSTER<br />

009 010<br />

STENTS LIBERADORES DE SIROLIMUS VERSUS PACLITAXEL EM LESÕES COM-<br />

PLEXAS. SEGUIMENTO CLÍNICO TARDIO DE ESTUDO ULTRASSONOGRÁFICO<br />

ALBERTO GOMES TAQUES FONSECA; NUNES, P.M.S; PASTRANA, M; MAIA J.P;<br />

SANCHEZ A.; SEIXAS, A.C.; L.A; FERES, F; SOUSA A.G.M.R; SOUSA J.E;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP, SÃO PAULO,<br />

SP<br />

Fundamentos: Stents liberadores de Sirolimus (SLS) e Paclitaxel (SLP) já demonstraram<br />

a superioridade tratamento da doença coronária obstrutiva- maior supressão<br />

da hiperplasia neointimal, menores taxas de reestenose e menor incidência de<br />

novas revascularizações. Evolução tardia destes pacientes(P) ainda é motivo de<br />

preocupação. Métodos: Avaliamos 52 (P) submetidos à intervenção coronária<br />

percutânea (ICP) com implante de SLS (25P) e de SLP (27P) em lesões complexas<br />

(85% B2/C). P submetidos à angiografia coronária quantitativa e ultra-som intracoronária<br />

no implante e após 8 meses. Avaliados clinicamente no implante e após 8, 12,<br />

24, 30, 36 e 42 meses. Resultados: Tabela abaixo<br />

SIROLIMUS PACLITAXEL P<br />

Perda tardia Ganho Agudo 0,24±0,21/1,76 0,41±0,30/ 1,91 0,006<br />

% Obstrução 6,2±4,1 14,1±13,5 0,009<br />

RLA/RVA 42m(N) 3 2 NS<br />

Trombose confirmada42m(N) 0 1 NS<br />

Morte Cardíaca 42m(N) 0 4 NS<br />

SCA s/relação c/stent 42m(N) 3 3 NS<br />

RM progressão outro vaso 42m(N) 1 1 NS<br />

Sobrevida livre eventos (%) 72 62% NS<br />

Conclusões: Apesar dos melhores resultados angiográficos observados no grupo<br />

SLS, não observamos diferenças significativas no seguimento clínico tardio. Observamos<br />

também número apreciável de casos (16% SLS e <strong>15</strong>% SLP) com eventos<br />

clínicos tardios não relacionados ao vaso alvo.<br />

ESCORE DE PONTOS PREDIZ A INCIDÊNCIA DE NOVAS REVASCULARIZAÇÕES<br />

APÓS O IMPLANTE DE STENTS CORONARIANOS<br />

ALEXANDRE QUADROS; FABIANE DIEMER; TATIANE LIMA; GIUSEPPE DE LUCA<br />

JUNIOR; EDSON L MINOZZO; DULCE I WELTER; RICARDO CORADINI ABDALA;<br />

MATEUS DINIZ VIZZOTTO; ROGÉRIO SARMENTO-LEITE; CARLOS A M GOTTSCHALL;<br />

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL / FUNDAÇÃO UNIVER-<br />

SITÁRIA DE CARDIOLOGIA, PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.<br />

Introdução: Os stents coronarianos convencionais (SC) apresentam perfil de segurança<br />

a longo prazo bem estabelecido, mas apresentam maior risco de reestenose quando<br />

comparados aos stents farmacológicos. O desenvolvimento de métodos para<br />

avaliar a probabilidade de uma nova revascularização miocárdica (RM) após o<br />

implante de SC pode permitir um uso mais racional destes dispositivos. Objetivo:<br />

Validar um escore de pontos preditivo de novas RM após o implante de SC. Métodos:<br />

O escore foi desenvolvido em uma população de 848 pacientes e variou de 0<br />

a 5 pontos, conforme a presença de diabetes mellitus (presente=1 ponto; ausente=0<br />

pontos), diâmetro do vaso tratado (3,5<br />

mm=0 pontos) e a extensão da lesão (20 mm=2 pontos). Os pts incluídos na coorte de validação foram tratados com<br />

implante de SC no ano de 2005 em um centro de referência. O desfecho analisado foi<br />

a realização de nova RM, seja percutânea ou cirúrgica, no seguimento clínico<br />

de um ano. Angiografia de controle foi realizada somente por suspeita clínica de<br />

isquemia recorrente. As taxas de RM conforme os níveis no escore foram comparadas<br />

pelo teste do quiquadrado, sendo considerado significativo p


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

013 014<br />

EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO DE HEMODINÂMICA NO TRATAMENTO PERCUTÂNEO<br />

DA ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA E CRÔNICA<br />

AUGUSTO DAIGE; ROGÉRIO DE BARROS WANDERLEY; LEANDRO DE CARVALHO<br />

PEREIRA; ISABELA KURY NUNES; ROBERTO LUIS FÁVERO;<br />

CARDIO-VASCULAR DIAGNÓSTICOS- CAMPO GRANDE E DOURADOS, MATO<br />

GROSSO DO SUL<br />

Fundamento: A isquemia mesentérica aguda (IMA) é geralmente causada por<br />

embolia levando à isquemia com mortalidade em torno de 70-80%, apesar do<br />

tratamento cirúrgico ou endovascular de urgência, enquanto a isquemia mesentérica<br />

crônica (IMC) com várias etiologias (aterosclerose, vasculite, síndrome da compressão<br />

externa (Dunbar)) leva a sintomas inespecifícos como: dor abdominal pósprandial<br />

e perda de peso inexplicavél. Objetivo: Mostrar a experiência, segurança<br />

e eficácia do tratamento da isquemia mesentérica (IM) em um serviço de hemodinâmica.<br />

Material e Métodos: Entre o período de 08/2002 à 01/2007, 24 pacientes<br />

(pts) foram submetidos a angioplastia/stent para tratamento da IM. 45% eram do<br />

sexo masculino e a idade média variou de 60+/-12 anos. Foram realizadas 24<br />

intervenções e entre as etiologias: 19 pts (70.8%) apresentavam aterosclerose,<br />

Síndrome de Dunbar em 02 pts (8.3%), 1 pt (4.1%) apresentava embolia aguda<br />

e 02 pts (8.3%) apresentavam Arterite de Takayasu’s. O tronco celíaco foi abordado<br />

em 6 pts (25%) e artéria mesentérica superior em 18 pts (75%). 12.5% das lesões<br />

eram oclusões totais. Resultados: O sucesso da técnica foi alcançado em 22 pts<br />

(91.6%%). O acesso braquial foi utilizado em 83.3% dos pacientes enquanto o<br />

acesso via femoral realizado em 16.6% dos pts. Em 2 pts com oclusão total não<br />

foi possível recanalização (1 pt com isquemia aguda e outro paciente com Arterite<br />

de Takayasu’s). Em 22 pts, 21 receberam stent e 1 Angioplastia convencional com<br />

balão (stent-like). No seguimento clínico de 4 anos, apenas 1 pt evolui com<br />

reestenose sendo tratado novamente com tratamento percutâneo. Conclusão: Nós<br />

reportamos nossa experiência no tratamento endovascular da isquemia mesentérica<br />

mostrando sua segurança e eficácia com taxa de complicações mínimas e baixo<br />

índice de reestenose.<br />

RESULTADOS TARDIOS DA RE-INTERVENÇÃO PERCUTÂNEA PARA O TRATAMEN-<br />

TO DA REESTENOSE DE STENT FARMACOLÓGICO<br />

BRENO DE ALENCAR ARARIPE FALCAO; EXPEDITO E. RIBEIRO; JOÃO LUIZ DE<br />

A. A. FALCÃO; CARLOS A. H. CAMPOS; RICARDO FARACO; PEDRO A. LEMOS;<br />

MARCO A. PERIN; PEDRO E. HORTA; ANTÔNIO E. ESTEVES; EULÓGIO E. MARTINEZ;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO – FMUSP<br />

Fundamentos: Apesar de infrequente, a reestenose de stent farmacológico se<br />

apresenta na prática clínica como um dilema terapêutico. Atualmente, há pouca<br />

informação sobre a melhor maneira de tratar pacientes que se apresentam com<br />

a condição. População e Métodos: Foram incluídos <strong>15</strong> pacientes consecutivos<br />

com reestenose de stent farmacológico tratados com re-intervenção percutânea<br />

coronária. A evolução clínica após o (re)tratamento foi avaliada de acordo com<br />

a ocorrência de eventos clínicos adversos, definidos como óbito, infarto agudo<br />

ou necessidade de nova intervenção no vaso alvo. Resultados: A idade média<br />

era 61,9±14,2 anos, 60% eram do sexo masculino, 53% diabéticos, 33% com<br />

revascularização cirúrgica do miocárdio prévia e 53% com infarto do miocárdio<br />

prévio. A reestenose de stent farmacológico apresentou-se como angina estável<br />

ou isquemia silenciosa em 47% dos casos, angina instável em 33%, IAM sem supra<br />

de ST em 13% e IAM com supra de ST em 6% dos casos. Os stents com reestenose<br />

eram: Cypher 50%, Taxus 31% e Infinnium 19% (44% destes haviam sido originalmente<br />

implantados para tratamento de restenose de stent convencional ou<br />

balão). O tratamento para reestenose do stent farmacológico foi re-dilatação com<br />

balão em 25% dos casos, Cypher 37%, Taxus 12% e Infinium 19% dos casos. O<br />

tempo médio de seguimento foi de 446±280 dias após o tratamento da reestenose<br />

do stent farmacológico. Não houve óbitos ou episódios de infarto agudo. Três<br />

pacientes (20%) necessitaram de re-intervenção coronária para tratar reciviva da<br />

estenose durante o seguimento. Conclusão: Nessa população de alto risco, o retratamento<br />

percutâneo de pacientes com reestenose de stent farmacológico apresentouse<br />

seguro e associado a taxas relativamente baixas de recorrência da obstrução<br />

luminal.<br />

0<strong>15</strong> 016<br />

SEGURANÇA E EFICÁCIA DO NOVO DISPOSITIVO CTOS PARA TRATAMENTO<br />

PERCUTÂNEO DE OCLUSÕES CRÔNICAS: ESTUDO RAPID-CTO - PRIMEIRO ESTUDO<br />

EM HUMANOS<br />

DANIEL CHAMIE; ALEXANDRE ABIZAID; FAUSTO FERES; ANDREA ABIZAID; RODOLFO<br />

STAICO; LUIZ ALBERTO P. MATTOS; JOSÉ RIBAMAR COSTA JÚNIOR; PAULO<br />

MÁRCIO SOUSA NUNES; AMANDA G.M.R. SOUSA; J. EDUARDO SOUSA;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: A intervenção percutânea (IP) de oclusões crônicas (OC) representa<br />

uma das últimas fronteiras na Cardiologia Intervencionista. OC são encontradas<br />

em 5% a 30% de todas as coronariografias, com tentativas de recanalização<br />

realizadas em somente 8-<strong>15</strong>%. A maior limitação è a incapacidade de cruzar a<br />

lesão. Objetivos: Avaliar a performance e segurança de novo dispositivo no<br />

tratamento das OC. Métodos: 31 pacientes (P) portadores de angina ou isquemia<br />

silenciosa, com OC>3meses foram selecionados para IP com o sistema CTOS.<br />

Por protocolo, o CTOS só era utilizado em caso de insucesso em tentativa >5<br />

minutos com guia convencional (GC). O CTOS é um dispositivo desenvolvido para<br />

proporcionar melhor penetração da OC por meio de 1) guia 0,014" com porção<br />

distal radiopaca e mecanicamente ativa, 2) manopla fixada à parte proximal do<br />

guia, que permite controle do torque e 3) unidade geradora com controle de<br />

ativação e retorno auditivo. Após uso do GC, <strong>15</strong> P foram excluídos (13 com sucesso<br />

e 2 com perfurações angiográficas). Resultados: A média das idades foi de 56±8,2<br />

anos, 56% eram homens e 25% diabéticos. A duração média da oclusão era de<br />

4,1 meses. O diâmetro de referência proximal foi 2,7±0,3mm e a extensão da<br />

oclusão 16,5±7,6mm. A porção proximal da OC tinha aspecto de ponta afilada<br />

em 13 P (81%), ramo lateral estava envolvido em 12 (75%) e calcificação em<br />

6 (37,5%). Todos os casos apresentavam circulação colateral contralateral. Obtevese<br />

sucesso em cruzar a OC com o CTOS em 10 P (62%). Não houve eventos<br />

cardíacos maiores na fase intra-hospitalar, nem no segumento médio de 8 meses.<br />

Conclusões: O estudo RAPID-CTO mostrou que este novo sistema é tecnicamente<br />

viável, seguro e eficaz no tratamento de artérias coronárias cronicamente ocluídas,<br />

com taxa de sucesso semelhante ao observado com dispositivos atuais dedicados<br />

a este tipo de lesão.<br />

COMPARAÇÃO ENTRE A ANGIOGRAFIA E O FLUXO FRACIONADO DE RESERVA<br />

NA DEFINIÇÃO DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA<br />

FERNANDO MENDES SANT'ANNA; LEONARDO ALVES BATISTA; EXPEDITO RIBEI-<br />

RO DA SILVA; MARCELO BASTOS BRITO; FÁBIO MACHADO VENTURA; HAROLDO<br />

ADANS FERRAZ; CARLOS ALBERTO MUSSEL BARROZO;<br />

SANTA HELENA HOSPITAL DO CORAÇÃO, INSTITUTO DO CORAÇÃO/USP<br />

Introdução: A decisão de realizar uma intervenção coronária percutânea (ICP)<br />

em pacientes com angina deve se basear em sinais objetivos de isquemia. A<br />

angiografia vem sendo utilizada como padrão-ouro para definição de doença<br />

arterial coronariana (DAC), embora suas limitações sejam conhecidas. Por outro<br />

lado, o valor da medida do fluxo fracionado de reserva do miocárdio (FFR) na<br />

avaliação da DAC está estabelecido. O objetivo desse estudo é avaliar a acurácia<br />

da angiografia em definir as lesões culpadas em todos os pacientes portadores<br />

de lesões intermediárias submetidos à ICP em nossa Instituição durante certo<br />

período. Métodos: Duzentos e cinqüenta pacientes (452 vasos) foram incluídos<br />

no estudo. Todas as estenoses ≥50% pela estimativa visual, selecionadas por três<br />

cardiologistas independentes, foram avaliadas medindo-se o FFR. Se o FFR < 0,75<br />

a lesão foi tratada; se o FFR ≥ 0,75 a lesão não foi tratada. Foi realizada QCA<br />

offline de todas as lesões, divididas em moderadas (< 70% – 327) e severas (125).<br />

Foram determinados o coeficiente de correlação entre o diâmetro de estenose<br />

(%DE) e o FFR e a acurácia da estimativa visual da angiografia em definir se uma<br />

lesão era ou não isquêmica tomando-se o FFR como padrão-ouro. Resultados: Foi<br />

possível obter o FFR em todas as lesões.%DE e FFR médios de 56 ± 8% e 0,75<br />

para o grupo de lesões moderadas. Notou-se pobre correlação entre o%DS e o<br />

FFR (rho = – 0.33). A acurácia da estimativa visual da angiografia para definir<br />

isquemia em lesões moderadas comparada com o FFR foi de apenas 57%. Conclusões:<br />

Tanto a QCA quanto a estimativa visual da angiografia apresentam baixa<br />

correlação com o FFR na definição de existência ou não de isquemia miocárdica,<br />

tornando clara a necessidade de associá-la a um método funcional capaz de<br />

orientar corretamente o tratamento dessas estenoses.<br />

177


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

017 018<br />

ESTUDO RANDOMIZADO COMPARATIVO STENT METÁLICO X STENT RECOBERTO<br />

POR TITÂNIO-ÓXIDO NÍTRICO – FOLLOW-UP DE 1 ANO<br />

FERNANDO MENDES SANT'ANNA; LEONARDO ALVES BATISTA; MARCELO BAS-<br />

TOS BRITO; FÁBIO MACHADO VENTURA; CARLOS ALBERTO MUSSEL BARROZO;<br />

SANTA HELENA HOSPITAL DO CORAÇÃO, CABO FRIO, RJ<br />

Fundamentos: O stent recoberto por titânio-óxido nítrico (Titan) mostrou-se eficaz<br />

para redução da hiperplasia neoíntima comparado ao stent convencional tanto<br />

em animais quanto em seres humanos. O objetivo desse estudo prospectivo e<br />

randomizado do stent Titan versus stent de aço inoxidável é investigar a eficácia<br />

e segurança do stent Titan assim como comparar o índice de eventos cardíacos<br />

adversos maiores (ECAM) após 1 ano dos dois grupos. Métodos: Duzentos pacientes<br />

(228 lesões) submetidos à intervenção coronária percutânea (ICP) eletiva com<br />

implante de stent no período de Jul/2005 a Mai/2006 foram randomizados para<br />

dois grupos: I) Stent metálico (n = 100); II) Stent Titan (n = 100). O follow-up clínico<br />

foi realizado através de consulta clínica ou entrevista por telefone. Os grupos foram<br />

comparados com os testes exato de Fisher para variáveis categóricas e t de Student<br />

não pareado para variáveis numéricas. As curvas de sobrevivência para ausência<br />

de ECAM foram construídas pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste<br />

de log-rank. Resultados: Foi obtido sucesso angiográfico em todos os pacientes<br />

nos dois grupos. As características clínicas e angiográficas foram similares nos<br />

grupos. O período médio de seguimento foi de 404 ± 128 dias. Aos 30 dias, o<br />

índice de ECAM foi de 2.5% no grupo I e 1.5% no grupo II (p = 0.66). Após 1<br />

ano, a sobrevida livre de ECAM foi significativamente melhor no grupo Titan do<br />

que no grupo stent metálico (95.3% versus 90%, p = 0.044). Conclusões: O implante<br />

do stent Titan em pacientes com insuficiência coronária crônica é seguro e efetivo,<br />

e cursa com índices de ECAM após 1 ano menor do que os do stent de aço<br />

inoxidável. Follow-up clínico após 2 e 5 anos é necessário para comprovar a<br />

manutenção desses resultados em longo prazo.<br />

EVOLUÇÃO A LONGO PRAZO DA VALVOPLASTIA MITRAL COM A TÉCNICA DE<br />

INOUE VERSUS A DO BALÃO ÚNICO. FATORES DE RISCO PARA ÓBITO E EVENTOS<br />

MAIORES<br />

IVANA PICONE BORGES; EDISON C S PEIXOTO; RODRIGO T S PEIXOTO; PAULO<br />

S OLIVEIRA; MARTA LABRUNIE; MARIO SALLES; RICARDO T S PEIXOTO; PIERRE<br />

LABRUNIE; RONALDO A VILLELA; MAURICIO B F RACHID;<br />

CINECOR 4º CENTENÁRIO-EVANGÉLICO, UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE<br />

Fundamento: O balão de Inoue (BI) é mundialmente utilizado para a realização<br />

da valvoplastia mitral por balão (VMB). A técnica do balão único (BU) obtém<br />

resultados semelhantes a custo menor. O objetivo do estudo foi comparar a<br />

evolução a longo prazo da técnica de Inoue com a técnica do BU na VMB e as<br />

variáveis que predisseram óbito e eventos maiores. Métodos: Foram realizados,<br />

entre 1990 e 2006, estudados prospectivamente e seguidos a longo prazo 305<br />

pacientes, sendo 256 com BU e 49 com BI. A evolução do grupo total foi de 50±32<br />

(1 a 126) meses. Os 49 do grupo do BI (GBI) tiveram evolução de 34±26 (2 a 107)<br />

meses e os 256 grupo do BU (GBU) tiveram evolução de 54±33 (1 a 126) meses<br />

(p


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

021 022<br />

O USO ”OFF LABEL” DOS STENTS FARMACOLÓGICOS ESTÁ ASSOCIADO A<br />

AUMENTO DA INCIDÊNCIA DE EVENTOS CARDÍACOS ADVERSOS TARDIOS?<br />

JOSE ARY BOECHAT; JÚLIO ANDRÉA; LEANDRO CORTES; FILIPE GOLDBERG;<br />

HÉLIO FIGUEIRA;<br />

CLÍNICA SÃO VICENTE, HOSPITAL CARDIOTRAUMA, RIO DE JANEIRO, RJ<br />

Fundamentos: os stents farmacológicos (DES) tem sido largamente utilizados em<br />

situações clinicas e angiográficas ainda não avaliadas em grandes estudos randomizados<br />

(indicações “off label”). Objetivo: analise no mundo real do implante<br />

de DES em situações ainda não esclarecidas, avaliando sua eficácia e segurança.<br />

Materiais e métodos: de Jun/02 a Dez/06, 561 pts tratados por ICP somente com<br />

SF. 306 pts com pelo menos 1 indicação “off label” – FE 3 vezes normal (grupo I – 54,5%) e 255 com indicações baseadas<br />

em grandes trials randomizados (grupo II - 45,5%). Sexo masculino (70,5 vs 62,7%,<br />

p=0,03) e idade > 70 anos (29 vs 26,6%, p=0,2). Angina estável (41,5 vs 52,5%,<br />

p=0,006), instável (32 vs 47,8%, p


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

025<br />

TERAPIA TRÍPLICE ANTIPLAQUETÁRIA EM PACIENTES MAIORES QUE 80 ANOS<br />

COM SÍNDROME CORONARIANA AGUDA SUBMETIDOS A INTERVENÇÃO<br />

PERCUTÂNEA<br />

MARCELLO AUGUSTUS DE SENA; ANGELO LEONE TEDESCHI; RODRIGO TRAJANO<br />

SANDOVAL PEIXOTO; BERNARDO KREMER DINIZ GONÇALVES;<br />

PROCORDIS NITERÓI RJ<br />

Fundamento: O uso de antiplaquetários potentes na síndrome coronariana aguda<br />

(SCA) têm evidências clínicas comprovadas, porém com exclusão dos pacientes<br />

idosos. Objetivo: Avaliar complicações hemorrágicas com o uso da associação<br />

tríplice anti-plaquetária com AAS, tienopiridínicos e antagonistas da GP IIb/IIIa<br />

em pacientes com SCA e idade > ou + a 80 anos. Métodos: Entre 01/2000 e<br />

12/2006 foram selecionados 87 pacientes com idade > ou = a 80 anos com angina<br />

instável de alto risco (AIAR) e IAM em uso da tríplice terapia anti-plaquetária.<br />

A média de idade foi de 83,5±3,3 anos, sendo 37 pacientes (42,5%) com AIAR<br />

e 50 (57,5%) com IAM. O choque cardiogênico estava presente em 11 (12,6%)<br />

pacientes. Resultados: O stent foi utilizado em 84 (96,5%) dos pacientes. Havia<br />

presença de trombo angiográfico em 40 (46%) dos pacientes. A dose média de<br />

heparina utilizada foi de 8204±266 UI, o tienopiridínico mais utilizado foi o<br />

clopidogrel em 77 (88,5%) e o antagonista da GP IIb/IIIa foi o tirofiban em 87 (100%).<br />

O introdutor foi retirado na sala após a reversão da heparina com protamina em<br />

68,8%, com Angioseal ® em 11,7% e Perclose ® com 5,2%. Ocorreram 7 (8,0%)<br />

casos de complicações vasculares, sendo: 3 hemotomas major, 3 hematomas minor<br />

e um pseudoaneurisma. Óbito por complicações hemorrágicas ocorreu em apenas<br />

um caso (1,1%). Choque cardiogênico foi o maior preditor para óbito hospitalar<br />

com 45,5% dos pacientes. Excluindo os casos de choque cardiogênico a mortalidade<br />

intra-hospitalar foi de 6,7% (p


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

029 030<br />

EXPERIÊNCIA INICIAL COM O USO DO STENT ENDEAVOR ® EM PACIENTES DO<br />

MUNDO REAL – UMA ANÁLISE COM ANGIOGRAFIA CORONÁRIA QUANTITATIVA<br />

E ULTRA-SOM INTRACORONÁRIO TRIDIMENSIONAL<br />

PEDRO BERALDO DE ANDRADE; FAUSTO FERES; RICARDO COSTA; ALEXANDRE<br />

ABIZAID; JÚLIO MAIA; LUIZ ALBERTO MATTOS; MARINELLA CENTEMERO; LUIZ<br />

FERNANDO TANAJURA; AMANDA SOUSA; J EDUARDO SOUSA;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Estudos demonstraram a eficácia do stent Endeavor ® (EES) no tratamento<br />

de pacientes (pt) com baixo risco para reestenose. O objetivo do estudo foi<br />

avaliar o EES em lesões complexas, com angiografia coronária quantitativa (ACQ)<br />

e ultra-som intracoronário (USIC) 6 meses (m) após o procedimento. Métodos: De<br />

janeiro a março de 2006 foram tratados 100 pt com EES. A avaliação clínica deuse<br />

aos 30 dias, 3, 6 e 9 m. ACQ e USIC foram realizados imediatamente após o<br />

procedimento e aos 6 m. Terapia antiplaquetária dupla foi mantida por 3 m. Resultados:<br />

140 lesões foram tratadas com 174 EES. A média de idade foi 59 anos,<br />

sendo 66% do sexo masculino, 39% de diabéticos e 80% de lesões tipo B 2<br />

/C. O<br />

diâmetro médio de referência do vaso foi 2,7±0,2mm e a extensão da lesão 16±11mm.<br />

Houve sucesso angiográfico em 100% dos casos, uma taxa de infarto não-Q de 2%<br />

e ausência de complicações intra-hospitalares maiores. Aos 6 m, a taxa de reestenose<br />

binária intra-segmento foi de 8,2%, e a revascularização da lesão alvo de 3,7%.<br />

Não houve morte, infarto, trombose de stent ou má aposição tardia. Os resultados<br />

da ACQ e USIC estão expressos na tabela. Conclusão: O EES mostrou-se seguro<br />

e eficaz no tratamento de lesões complexas, em uma prática do mundo real.<br />

ACQ intra-stent - 6 meses<br />

n=134 lesões<br />

Diâmetro luminal mínimo (mm) 1,94±0,57<br />

% de estenose 21,5±16,2<br />

Perda tardia (mm) 0,66±0,44<br />

Reestenose binária (%) 6,7<br />

USIC – 6 meses n=106 lesões<br />

<strong>Vol</strong>ume do vaso (mm³) 291,8±203,3<br />

<strong>Vol</strong>ume do stent (mm³) <strong>15</strong>7,3±1<strong>15</strong>,2<br />

<strong>Vol</strong>ume de hiperplasia intimal (mm³) 25,9±33,5<br />

% <strong>Vol</strong>ume de obstrução neointimal 14,5±13,4<br />

INTRAVASCULAR ULTRASOUND INVESTIGATION OF THE PARENT VESSEL (PV)<br />

AND SIDE BRANCH (SB) OF CORONARY BIFURCATION LESIONS TREATED WITH<br />

DIFFERENT STENTING TECHNIQUES - PRELIMINARY RESULTS OF THE INSIDE I TRIAL<br />

RICARDO ALVES DA COSTA; ALEXANDRA J. LANSKY; SHINICHI FURUICHI; MAURO<br />

CARLINO; MATEO MONTORFANO; J. RIBAMAR COSTA JR; SIMON CORBETT;<br />

ANTONIO COLOMBO;<br />

INSTITUTE DANTE PAZZANESE OF CARDIOLOGY / CARDIOVASCULAR RESEARCH<br />

FOUNDATION, EMO CENTRO CUORE COLUMBUS & SAN RAFFAELE HOSPITAL<br />

Background: Percutaneous treatment of coronary bifurcations is associated with high<br />

incidence of recurrence, especially at the SB ostium, regardless of the technical<br />

approach. Methods: 56 patients (62 lesions) were consecutively enrolled at 4 institutions.<br />

All lesions were treated with drug-eluting stents (DES). IVUS imaging in both<br />

branches was performed in 82% at baseline and 100% at final procedure. Results:<br />

LAD was the prevalent lesion location (49%), and 77% had significant involvement<br />

of both branches. De novo lesions represented 69%, followed by in-stent restenosis<br />

in 23% and total occlusions in 9%. Single stenting was used in 49%, and the<br />

remaining 51% were treated with 2 stent including Crush in 50%, and Culotte, T-<br />

and V- in 17% each. Post-single high pressure balloon inflation in the SB was<br />

perfomed in 86%, and final kissing balloon was performed in 94%. QCA and IVUS<br />

results in SB with versus without stents are shown in the Table. There were no cases<br />

of stent thrombosis at 30 days follow-up. Conclusions: In the INSIDE I trial, SB lesion<br />

length, vessel size, MLA, and vessel remodeling significantly impacted the technical<br />

approach of bifurcation lesions treated with DES. Importantly, stented SB had larger<br />

lumen compared to SB without stent (p=0.0008). The impact of these findings on<br />

outcomes is still unknown. Six-month angiographic follow-up will be presented.<br />

Variable SB without Stent SB with Stent P<br />

Lesion length (pre), mm 5.45±1.97 10.17±5.89 0.02<br />

Reference vessel diameter (pre), mm 2.25±0.44 2.72±0.49 0.009<br />

% DS (pre) 51.5±27.7 59.0±18.7 0.35<br />

Final% DS 18.8±8.2 17.9±9.0 0.78<br />

MLA (pre), mm 2 3.31±1.08 2.77±0.67 0.08<br />

Plaque+media CSA (pre), mm 2 3.57±2.16 3.50±1.84 0.95<br />

Plaque “burden” (pre) 0.52±0.14 0.56±0.17 0.80<br />

Remodeling index (pre) 0.89±0.18 0.78±0.07 0.13<br />

Final MLA at 5mm ostium, mm 2 4.35±0.96 6.76±2.71 0.0008<br />

Final MLA 0,90/0,80cm, índice de conicidade (IC) >1,25/1,18<br />

e índice de massa corpórea (IMC) >=30 para ambos os sexos. Resultados: No sexo<br />

masculino, RCQ > 0,90 (p=0,006) e CA > 90cm (p=0,04) foram, em análise<br />

multivariada, preditores independentes de desfechos. IMC não foi preditor de<br />

eventos. No Grupo 1, a probabilidade de ocorrência de IMC alterada é significativamente<br />

menor do que a ocorrência dos outros IA estudados (p


Temas Livres - Apresentação Pôster<br />

033<br />

RECANALIZAÇÃO MECÂNICA TARDIA DE VASO RESPONSÁVEL PELO INFARTO<br />

EM PACIENTES COM VIABILIDADE MIOCÁRDICA: COMPARAÇÃO COM O ESTU-<br />

DO OAT-TRIAL<br />

WILSON ALBINO PIMENTEL FILHO; EDSON A. BOCCHI; MAÉVE BARROS COR-<br />

REIA; LEONARDO M. BARROSO; TIAGO DI NUCCI; EVANDRO GOMES DE MATTOS<br />

JR; WELLINGTON B. CUSTODIO; JORGE R. BÜCHLER; STOESSEL F. ASSIS; EGAS<br />

ARMELIN;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO DE CAMPINAS, SP, BENEFICÊNCIA PORTUGUESA, SP<br />

Objetivo: Avaliar os resultados cínicos em longo prazo daqueles pacientes (P)<br />

submetidos a recanalização tardia (RT) e que demonstravam miocárdio viável<br />

versus o grupo (G) da intervenção do Coronary Intervention for Persistent occlusion<br />

after Myocardial Infarction (OAT-tria=N Engl J Med 2006;35l). Material e métodos:<br />

227 P foram submetidos com sucesso a RT das artérias coronárias culpadas (ACC):<br />

6-30 dias do procedimento intervencionista (PI), todos com algum sinal de viabilidade<br />

miocárdica (VM) = G-1 sendo excluídos aqueles que não os tinham. Esses<br />

P foram comparados ao braço do PI-1082 P dos dados históricos do OAT-trial =<br />

G-2. Não houve diferenças entre os grupos quanto à idade, sexo, presença de<br />

diabetes, uso de trombolítico, vaso responsável pelo IAM, número de vasos<br />

envolvidos ou TIMI-0/1. A fração de ejeção foi maior no G-1 (51, 5± 12,3 vs<br />

47,4±11.3, p


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 183-190.<br />

Temas Livres<br />

APRESENTAÇÃO ORAL<br />

034 035<br />

IMPACTO CLÍNICO DOS STENTS FARMACOLÓGICOS EM VASOS PEQUENOS E<br />

MUITO PEQUENOS<br />

ADRIANA C MOREIRA; AMANDA SOUSA; MANUEL CANO; GALO MALDONADO;<br />

GUILHERME PRATES; J.RIBAMAR COSTA; RICARDO COSTA; EDSON ROMANO;<br />

FAUSTO FERES; J. EDUARDO SOUSA;<br />

HOSPITAL DO CORAÇÃO - ASSOCIAÇÃO DO SANATÓRIO SÍRIO, INSTITUTO<br />

DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamento: o diâmetro de referência do vaso tratado influencia a evolução pósimplante<br />

de stents, pois vasos pequenos não acomodam bem o processo reparativo<br />

como os vasos de grande calibre. Os stents farmacológicos (SF), por reduzirem<br />

importantemente a hiperplasia intimal, podem atenuar o efeito negativo dos<br />

pequenos diâmetros. O objetivo deste estudo foi avaliar, numa experiência de<br />

um centro de alto volume, esta importante questão clínica. Métodos: dois grupos<br />

de pacientes (P) com vasos pequenos foram analisados: GI (n=101P) vasos ≥2,0<br />

≤2,25mm; GII (n=484P) vasos >2,25 ≤2,5mm. Resultados: as médias dos diâmetros<br />

foram 2,2 + 0,07mm e 2,4 + 0,07mm. Não houve diferenças quanto às características<br />

clínicas, às demais angiográficas ou técnicas, sendo similares as taxas de<br />

revascularização do vaso-alvo (3,0% x 3,7%), infarto do miocárdio (4,0% x 3,0%)<br />

e óbito (1,0% x 1,6%); porém notou-se mais elevada taxa de trombose protética<br />

nos vasos muito pequenos (2,0% x 0,4%). Conclusão: a influência do pequeno<br />

diâmetro é atenuada com os SF, que garantem taxas baixas de eventos maiores.<br />

Entretanto, em vasos ≤ 2,25mm, devido à quintuplicada taxa de trombose com<br />

os SF, sugere-se terapêutica antiplaquetária mais duradoura.<br />

AVALIAÇÃO DO CUSTO-BENEFÍCIO DO IMPLANTE DE STENT ESCALONADO<br />

SEGUNDO CRITÉRIO DO SUS<br />

ALESSANDRO PINA PEDROSO; GEORGE CÉSAR XIMENES MEIRELES; LUCIANO<br />

MAURÍCIO DE ABREU FILHO; ANTONIO ARTUR DA CRUZ FORTE; MARCOS KIYOSHI<br />

SUMITA; JOSE DEL CARMEN SOLANO ALIAGA;<br />

HOSPITAL STELLA MARIS, GUARULHOS, SP<br />

Fundamento: o Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece que a angioplastia<br />

coronária com implante de dupla prótese intraluminal não deverá exceder o total<br />

de 20% das angioplastias realizadas, resultando na necessidade de escalonar a<br />

maioria dos procedimentos nos portadores de doença multiarterial. O objetivo deste<br />

estudo foi comparar os custos do escalonamento imposto pelo SUS para implante<br />

de stent com o planejamento de implante de stent considerado ideal pela equipe<br />

de Cardiologia Intervencionista em pacientes com doença multiarterial com indicação<br />

de implante de mais de um stent por procedimento. Método: trata-se de<br />

registro consecutivo de 100 pacientes com doença multiarterial com indicação<br />

de revascularização completa por intervenção coronária percutânea com o implante<br />

de dois ou mais stents por paciente. As coronariografias foram previamente avaliados<br />

pela equipe de Cardiologia Intervencionista que indicou o o escalonamento<br />

considerado ideal para o tratamento das estenoses coronárias em cada paciente.<br />

Em seguida forma realizados os procedimentos de acordo com os critérios de<br />

escalonamento do SUS. Uma vez concluídos todos os tratamentos, foram comparados<br />

os custos entre as duas estratégias. O custo do do implante de um stent<br />

pelo SUS é R$4.298,00. Resultados: a idade média foi 61,5±10,7 anos com predomínio<br />

do sexo masculino (66%). A hipertensão arterial, dislipidemia, diabete<br />

melito e angina estável estava presente em 79%, 45%, 43% e 66% dos pacientes,<br />

respectivamente. Ocorreu concordância em relação ao escalonamento imposto<br />

pelo SUS em 56% e discordância em 44%. O escalonamento imposto pelo SUS<br />

gerou 56 procedimentos a mais do que o considerado ideal pela equipe de<br />

Hemodinâmica o que gerou um custo adicional de R$253.582,00. Conclusão: o<br />

escalonamento imposto pelo SUS comparado ao considerado ideal pela equipe<br />

de Hemodinâmica ocasiona aumento no número de procedimentos de implante<br />

de stent coronário e consequentemente a uma elevação de gastos públicos.<br />

036 037<br />

EFEITO DA SINVASTATINA NA REDUÇÃO DA NEOÍNTIMA EM CAMUNDONGOS<br />

DEFICIENTES DE RECEPTORES PARA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE APÓS<br />

ANGIOPLASTIA EXPERIMENTAL SEM ALTERAÇÃO DOS NÍVEIS LIPÍDICOS<br />

PLASMÁTICOS<br />

ALEXANDRE DO CANTO ZAGO; ZHIPING CHEN; TATSUIA FUKUTOMI; RAILA<br />

EHLERS; PATRICIA DETMERS; SAMUEL WRIGHT; CAMPBELL ROGERS; DANIEL I.<br />

SIMON;<br />

BRIGHAM AND WOMEN’S HOSPITAL, HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALE-<br />

GRE, RS<br />

Fundamento: As estatinas exercem ações anti-inflamatórias e antiproliferativas<br />

independentemente da redução dos níveis de colesterol, entretanto não há evidências<br />

que essa classe de fármacos tenha influência na proliferação neointimal.<br />

Objetivo: Avaliar o efeito da sinvastatina na resposta inflamatória à lesão vascular<br />

(angioplastia experimental) em camundongos deficientes de receptores LDL (LDLR-<br />

/-). Metodologia: Camundongos machos C57BL/6J LDLR-/- submetidos à dilatação<br />

da artéria carótida (2,5 atm) e desnudamento completo do endotélio, foram tratados<br />

com sinvastatina em baixa dose (2mg/kg), sinvastatina em alta dose (20mg/kg)<br />

ou veículo (grupo-controle) por infusão subcutânea 72h antes e diariamente após<br />

a lesão vascular. Em 7 e 28 dias, as artérias carótidas foram retiradas para aferição<br />

das áreas do lúmen e das camadas íntima e média do vaso, assim como também<br />

foi calculada a razão das áreas íntima e média (I:M) por meio da morfometria<br />

quantitativa. Resultados: O espessamento da camada íntima e a razão I:M foram<br />

significativamente reduzidos em ambos os grupos de tratamento (baixa e alta dose<br />

de sinvastatina) comparado ao grupo tratado com veículo após a lesão vascular.<br />

O tratamento com sinvastatina também foi associado a redução da proliferação<br />

celular e acúmulo de leucócitos na parede do vaso. Os níveis plasmáticos de<br />

colesterol e triglicerídeos foram similares em ambos os grupos de tratamento e<br />

no grupo tratado com veículo. Conclusão: A sinvastatina modula a resposta<br />

inflamatória após a lesão vascular, independentemente do efeito na redução dos<br />

níveis lipídicos.<br />

IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE A INTEGRINA MAC-1 DOS LEUCÓCITOS<br />

E A GLICOPROTEÍNA IBALFA DAS PLAQUETAS PARA O RECRUTAMENTO DE<br />

LEUCÓCITOS PELAS PLAQUETAS E PARA A RESPOSTA INFLAMATÓRIA À LESÃO<br />

VASCULAR<br />

ALEXANDRE DO CANTO ZAGO; YUNMEI WANG; MASASHI SAKUMA; ZHIPING<br />

CHEN; KEVIN CROCE; VALENTIN USTINOV; CAN SHI; EULÓGIO E. MARTINEZ<br />

FILHO; DANIEL I. SIMON;<br />

BRIGHAM AND WOMEN’S HOSPITAL, HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALE-<br />

GRE, RS<br />

Objetivos: Avaliar a importância da interação entre a integrina Mac-1 dos leucócitos<br />

(a M<br />

b 2<br />

) e a glicoproteína (GP) Iba das plaquetas para o recrutamento de leucócitos<br />

após a lesão vascular e o efeito da neutralização da interação Mac-1-GPIba sobre<br />

a proliferação celular e a hiperplasia neointimal desencadeadas por lesão vascular.<br />

Método: Um peptídeo denominado M2 ou anticorpo anti-M2 foi desenvolvido para<br />

bloquear a interação Mac-1-GPIba. Este peptídeo foi injetado e comparado com<br />

anticorpo-controle em camundongos C57B1/6J submetidos à lesão vascular da<br />

artéria femoral com corda-guia. Um, 5 ou 28 dias após a lesão vascular, as artérias<br />

femorais foram retiradas para a realização de morfometria e imunohistoquímica.<br />

Resultados: O bloqueio da interação Mac-1-GPIba promoveu uma redução estatisticamente<br />

significativa de 75% do número de leucócitos na camada média no<br />

primeiro dia após a lesão vascular, bem como determinou uma diminuição estatisticamente<br />

significativa de 42% em 5 dias e de 58% em 28 dias do acúmulo<br />

de leucócitos na neoíntima. A proliferação celular na camada média do vaso em<br />

5 dias pós-lesão foi reduzida em 64% com o bloqueio da interação Mac-1-GPIba,<br />

assim como houve diminuição significativa de 47% da proliferação celular na<br />

camada íntima do vaso em 28 dias. O bloqueio da interação Mac-1-GPIba também<br />

determinou uma redução estatisticamente significativa de 56% do espessamento<br />

intimal em 28 dias pós-lesão. Conclusões: O recrutamento de leucócitos após a<br />

lesão vascular é dependente da interação Mac-1-GPIba e a neutralização desta<br />

interação inibe a proliferação celular e a formação neointimal.<br />

183


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

038 039<br />

USO DE STENTS FARMACOLÓGICOS NO BRASIL: DADOS DO REGISTRO CENIC<br />

ALEXANDRE QUADROS; ROGÉRIO E G S LEITE; CRISTIANO O CARDOSO; CARLOS<br />

A M GOTTSCHALL; LUIZ A PIVA E MATTOS; JOSE A MARIN-NETO;<br />

CENTRAL NACIONAL DE INTERVENÇÕES CARDIOVASCULARES, SBHCI, INSTI-<br />

TUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL<br />

Introdução: Os stents farmacológicos (SF) foram o principal avanço no tratamento<br />

percutâneo das lesões obstrutivas ateroscleróticas nos últimos anos, mas críticas<br />

têm sido feitas à extrapolação dos resultados favoráveis de ensaios clínicos para<br />

a prática clínica do chamado mundo real. Objetivo: Avaliar os padrões de uso<br />

de SF no Brasil nos últimos 5 anos pela análise do registro multicêntrico da Central<br />

Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC) da Sociedade Brasileira de<br />

Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Métodos: Foram analisados todos<br />

os procedimentos com uso de SF incluídos no registro CENIC de 2000 a 2005,<br />

sendo comparados os biênios 2000-2001, 2002-2003 e 2004-2005 com relação<br />

aos fatores de risco, características angiográficas, e resultados dos procedimentos.<br />

Para comparação foi utilizado teste qui-quadrado utilizando nível de significância<br />

≤ 0.05. Resultados: No período do estudo foram avaliados <strong>15</strong>4.406 procedimentos,<br />

sendo que os SF foram utilizados em 10.426 procedimentos (7% do total). O<br />

percentual de uso de SF aumentou significativamente no período estudado: 2000-<br />

2001=189/46.334 (0,41%), 2002-2003=2658/52.859 (5%) e 2004-2005=7759/55213<br />

(14%) (p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

042 043<br />

SÍNDROME CORONÁRIA AGUDA SEM SUPRADESNÍVEL DE ST DE ALTO RISCO:<br />

A MORTALIDADE INTRA-HOSPITALAR É PROPORCIONAL AO RETARDO PARA A<br />

INTERVENÇÃO<br />

CARLOS AUGUSTO HOMEM DE MAGALHAES CAMPOS; PEDRO A. LEMOS; EXPEDITO<br />

E. RIBEIRO; JOÃO L. A. A. FALCÃO; ANDRE G. SPADARO; MARCO PERIN; PEDRO<br />

E. HORTA; GILBERTO MARCHIORI; ANTONIO ESTEVES; EULOGIO E. MARTINEZ;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO-HOSPITAL DAS CLÍNICAS FMUSP, SÃO PAULO, SP,<br />

SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Estudos recentes mostram que uma abordagem invasiva rotineira<br />

para pacientes com síndrome coronária aguda produz melhores resultados que<br />

uma abordagem conservadora, mas o tempo ideal para esta abordagem ainda é<br />

motivo de debate. Métodos: De 05/2003 a 11/2005, um total de 466 pacientes<br />

foram admitidos em nosso hospital com quadro de infarto do miocárdio sem<br />

supradesnível do segmento ST, sendo tratados com intervenção coronária percutânea<br />

(ICP). Excluímos pacientes com maior instabilidade clínica à admissão (congestão<br />

pulmonar franca ou choque cardiogênico). O pacientes foram divididos em 2<br />

grupos: 1) ICP precoce ( 6 horas; n=314 pacientes). Resultados: Os dois grupos foram semelhantes quanto<br />

às suas características clínicas. A mediana de tempo para ICP no Grupo Precoce<br />

foi de 3 horas (intervalo interquartil 2-4) e no Grupo Tardio foi de 23 horas (intervalo<br />

interquartil 14-48; p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

046 047<br />

INCIDÊNCIA DE APOSIÇÃO INCOMPLETA PERSISTENTE E TARDIA APÓS IMPLAN-<br />

TE DE STENTS COM SIROLIMUS E ZOTAROLIMUS<br />

DIMYTRI ALEXANDRE DE ALVIM SIQUEIRA; FAUSTO FERES; ALEXANDRE ABIZAID;<br />

PEDRO BERALDO; LEANDRO LASAVE; LUIZ A. MATTOS; RODOLFO STAICO; LUIZ<br />

F. TANAJURA; AMANDA G.M.R. SOUSA; J. EDUARDO M.R. SOUSA;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Aposição incompleta (AI) tem sido descrita com stents farmacológicos<br />

(SF) e pode associar-se à trombose tardia. Em razão de diferentes plataformas,<br />

polímeros e fármacos utilizados, diferenças na eficácia e segurança entre SF<br />

também são esperadas. A incidência de AI e seu significado clínico nos diferentes<br />

SF não são bem determinados. Objetivo: Avaliar a incidência de AI após stents<br />

com sirolimus (SES) e zotarolimus (ZES) e a evolução dos pts que apresentem esta<br />

alteração. Métodos: Analisamos 268 pts consecutivamente tratados com SF (175<br />

pts com SES -Cypher ® - e 93 pts com ZES– Endeavor ® ) e submetidos a estudo com<br />

USIC após o implante e aos 6 meses. Definimos AI tardia como separação de pelo<br />

menos uma haste do stent da parede vascular, com evidências de fluxo sanguíneo<br />

atrás da(s) haste(s), sendo observada ao USIC apenas aos 6 meses. AI persistente<br />

foi definida como presente após o implante e no seguimento. Resultados: 7 pts<br />

apresentaram AI tardia (4%) após SES, localizada principalmente no segmento<br />

médio dos stents (6/7). 12 (6,8%) pts tratados com SES apresentaram AI persistente,<br />

todas na borda proximal. Dos pts com ZES, nenhum caso de AI tardia foi identificado;<br />

em 4 pts observou-se AI após o implante e que desapareceu aos 6 meses.<br />

Nos pts com AI tardia, observou-se aumento evolutivo nos volumes do vaso (377,2<br />

± 148,9 p/ 431,9 ± <strong>15</strong>5,1 mm3 p=0,51) e placa (206,1 ± 51,5 p/ 236,9 ± 68,4 mm3<br />

p=0,36). Pts com AI persistente demonstraram um aumento no volume do vaso<br />

(424.5 ± 187.6 p/ 435.0 ± 177.4, p =0,88). O volume de hiperplasia intimal ao<br />

USIC foi maior após ZES (6,6 ± 5,8 vs 5.1±5.5 mm3, p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

050 051<br />

TESTE DE VASORREATIVIDADE PULMONAR (TVRP) EM PACIENTES COM HIPER-<br />

TENSÃO ARTERIAL PULMONAR – RESPOSTA AGUDA AO SILDENAFIL E AO ÓXIDO<br />

NÍTRICO EM PACIENTES ESQUISTOSSOMÓTICOS E NÃO ESQUISTOSSOMÓTICOS<br />

FLAVIO ADOLFO ARANHA JAPYASSU; FLÁVIO R. OLIVEIRA; FLÁVIO B. MOTA;<br />

ÂNGELA BANDEIRA; ADRIANO MENDES;<br />

MAXIMAGEM - HOSPITAL MEMORIAL SÃO JOSÉ, RECIFE, PE<br />

Introdução: A Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é condição rara, mas que<br />

determina profundo impacto na qualidade de vida dos pacientes (Ps) e enseja<br />

prognóstico reservado.Nos últimos anos o teste de vasoreatividade pulmonar aguda<br />

a drogas através do cateterismo cardíaco direito tem se mostrado interessante<br />

opção diagnóstica e prognóstica com bom perfil de segurança. Entre as várias<br />

alternativas testadas no tratamento da HAP, ganhou destaque o emprego do<br />

silfenafil (S) com pontencial efeito vasodilatador arterial pulmonar e antiproliferativo.<br />

Objetivo: Avaliar a resposta hemodinâmica aguda ao S e ao ON através<br />

do TVRP em pacientes com HAP esquistossomóticos (EQ) e não esquistossomóticos.<br />

Material e Método: Foram estudados 73 Ps com HAP em classe funcional II e IV,<br />

50 do sexo feminino, idade entre 18 e 72 anos. Etiologias: primária 31 ps; esquistossomóticos<br />

24 ps; DPOC 01 ps; Kartagener 01 ps; LES 04 ps; TEP 04 ps; fibrose<br />

pulmonar 02 ps; doença do colágeno 05 ps; HIV 01 ps. Foram submetidos a TVRP<br />

(manometria direita e esquerda-PmAP, PmAO, cálculos de DC, RAS, RAP e RPT<br />

em 03 situações: (1) basal, (2) após inalação de óxido nítrico (40ppm/10min) e<br />

60 min após S (100mg/VO). Considerou-se resposta positiva reduções de PmAP<br />

e/ou RAP >ou= 20% em relação ao basal, com manutenção ou aumento do DC.<br />

Resultados: O ON foi eficaz em 37 dos 49 ps (75%), no sub-grupo geral na redução<br />

alvo da resistência arteriolar pulmonar. O S foi eficaz em 13 ps (26%). No subgrupo<br />

(EQ) houve melhora na RAP em 17 dos 24 ps (70%) no grupo óxido nítrico; 10<br />

ps (41%) obtiveram os critérios para vasoreatividade com o SF. Conclusão: A<br />

eficácia do SF nesta série mostrou-se superior ao relatado na literatura. A superioridade<br />

da redução alvo da RAP do SF no sub-grupo (EQ) em se comparando<br />

ao grupo geral nos fornecem evidência positiva para o tratamento destes pacientes.<br />

Por não determinar queda significativa do débito cardíaco e não piorar nenhum<br />

parâmetro hemodinâmico estudado, o SF mostrou-se droga segura em TVRP.<br />

IMPLANTE CONTEMPORÂNEO DE STENTS CONVENCIONAIS: COMPARAÇÃO<br />

DOS STENTS DE HASTES FINAS DE AÇO INOXIDÁVEL VERSUS CROMO COBALTO<br />

HELIO ROQUE FIGUEIRA; JULIO ANDREA; LEANDRO CORTES; FILIPE GOLDBERG;<br />

JOSÉ ARY BOECHAT;<br />

CLÍNICA SÃO VICENTE, HOSPITAL CARDIOTRAUMA, RIO DE JANEIRO, RJ<br />

Fundamentos: a maior espessura das hastes dos stents é reconhecida como fator<br />

de risco de reestenose após o implante de stents convencionais (SC). Novas<br />

gerações de SC com hastes finas tem sido desenvolvidas, com poucos estudos<br />

comparando esses novos dispositivos. Objetivo: avaliar a necessidade de reintervenção<br />

com uso de SC em casos consecutivos, não selecionados com uso de stents de<br />

aço inoxidável (AI) vs cromo cobalto (CC). Materiais e métodos: de Fev/04 a Dez/<br />

06, 505 pacientes foram tratados por ICP, sendo 385 exclusivamente com stents<br />

de CC (Driver ® - grupo I) e 120 com stents de AI (Liberte ® - grupo II) no tratamento<br />

de lesões de novo. Sexo masculino (69,6 vs 70%, p=0,5) e idade > 70 anos (33,2<br />

vs 31,6%, p=0,4). Angina estável (31,1 vs 26,6%, p=0,2), instável (31,1 vs 40%,<br />

p=0,04), infarto sem Q (23,1 vs 25,8%, p=0,3) e infarto com supra (14,5 vs 9,1%,<br />

p=0,08). Diabetes (17,6 vs 16,6%, p=0,4), insuficiência renal (3,3 vs 4,1%, p=0,4),<br />

HAS (75,5 vs 77,5%, p=0,3), tabagismo (21,5 vs 21,6%, p=0,5), dislipidemia (68,3<br />

vs 59,1%, p=0,04), infarto prévio (17,9 vs 18,3%, p=0,5) e ATC prévia (17,9 vs<br />

11,6%, p=0,06). Multiarteriais (58,7 vs 50,8%, p=0,07), disfunção do VE (26,2 vs<br />

29,1%, p=0,1), lesões com trombo (25,4 vs 25%, p=0,5), vasos menores que 3 mm<br />

(22,5 vs 20,8%, p=0,3), >20 mm (37,1 vs 36,6%, p=0,5), e lesões tipo B2/C (61,2<br />

vs 58,3%, p=0,3). Resultados: Sucesso angiográfico (97,7 vs 100%, p=0,7). Múltiplos<br />

stents (31,6 vs 26,6%, p=0,2), IVUS (12,7 vs 10%, p=0,2) e uso de abciximab (7,5<br />

vs 5,8%, p=0,3). No reflow (2,8 vs 5%, p=0,1), infarto pós (1 vs 3,3%, p=0,09),<br />

trombose subaguda (1,5 vs 0,8%, p=0,4), óbito (1,5 vs 3,3%, p=0,1) e ausência<br />

de cirurgia de emergência. Seguimento tardio (<strong>15</strong> meses) em 78% dos pts com<br />

ECM (8,3 vs 10,3%, p=0,3) e RVA (6,4 vs 9%, p=0,2). Conclusão: a nova geração<br />

de SC com hastes de fina espessura reduz a necessidade de reintervenção para<br />

níveis abaixo de 10%, sem diferença entre os stents Driver ® e Liberté ® .<br />

052 053<br />

SEGURANÇA E EFICÁCIA TARDIA DO STENT ELUÍDO COM PACLITAXEL NO<br />

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: ESTUDO CASO-CONTROLE<br />

JOAO LUIZ DE ALENCAR ARARIPE FALCAO; FERNANDO DE MARTINO; EXPEDITO<br />

E. RIBEIRO; PEDRO A. LEMOS; ANDRÉ G. SPADARO; CARLOS AUGUSTO H.<br />

CAMPOS; PEDRO E. HORTA; GILBERTO A. MARCHIORI; MARCO A. PERIN; EULÓGIO<br />

E. MARTINEZ;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO - INCOR - FMUSP, INSTITUTO UBERABENSE DE<br />

CARDIOLOGIA<br />

Fundamentos: A segurança e eficácia dos stents eluídos com paclitaxel (SEP) para<br />

pacientes com síndrome coronária aguda de alto risco ainda têm sido debatidas.<br />

Metódos: Avaliar a segurança e eficácia dos SEP em pacientes com infarto agudo<br />

do miocárdio (IAM) tratados com intervenção coronária percutânea (ICP). O grupo<br />

SEP de 30 pacientes tratados com stent Taxus TM foi comparado com um grupo<br />

controle de 30 pacientes tratados com um stent análogo não-farmacológico (Express<br />

II TM). Os parâmetros de pareamento foram diabetes; comprimento e diâmetro do<br />

stent. Eventos cardíacos maiores foram avaliados durante o seguimento. Reestudo<br />

angiográfico foi obtido em todos os pacientes. Análise ultrassonográfica tardia foi<br />

realizada em um subgrupo de pacientes do grupo SEP. Resultados: As características<br />

basais foram semelhantes entre os grupos. Após 24.9 ± 5.3 meses, houve<br />

1 revascularizaçao de lesão-alvo (TLR) no grupo SEP (re-stent); e 1 morte nãocardíaca,<br />

1 re-IAM e 6 TLR (2 cirúrgicas e 4 ICP) no grupo controle. Não houve<br />

trombose tardia. Pacientes do grupo SEP apresentaram menor risco de nova<br />

revascularização (3.3% vs. 23.3%; p=0.02). No reestudo angiográfico 8.7 ± 3.1<br />

meses pós procedimento index, a perda tardia foi 0.21±0.29 mm vs. 0.60±<br />

0.76 mm (p=0.01) e a taxa de restenose binária foi 3.3% vs. 33.3% (p=0.002) no<br />

grupos SEP vs. controle, respectivamente. Ao ultrassom intravascular no grupo<br />

SEP, a obstrução percentual neointimal média intra-stent foi 4.7±6.8% e a malaposição<br />

tardia ocorreu em 8 pacientes (34.8%). Conclusões: O stent eluído com paclitaxel<br />

(Taxus TM) mostrou-se seguro e efetivo em pacientes com IAM durante um seguimento<br />

de 2 anos.<br />

ESTUDO PROSPECTIVO E RANDOMIZADO PARA AVALIAR EFICACIA E SEGURAN-<br />

ÇA DO SIROLIMUS ORAL EM INIBIR A PROLIFERAÇÃO INTIMAL APOS IMPLANTE<br />

STENT<br />

JOAO MIGUEL MALTA DANTAS; WERTHER C. M. ROSA; FABIO S. B. JUNIOR;<br />

PAULO R. F. T. FILHO; ROSLEY A. FERNANDES; HIRAM G. BEZERRA; HELIO T.<br />

S. JUNIOR; JOSÉ MEDINA PESTANA; VALTER C. LIMA;<br />

HOSPITAL SÃO PAULO - UNIFESP/EPM, HOSPITAL DO RIM E HIPERTENSÃO –<br />

SP<br />

Introdução: Vários estudos clínicos não controlados têm demonstrado efetividade<br />

do Sirolimus oral em inibir a proliferação intimal intra stent. Entretanto, estudos<br />

controlados não foram realizados para demonstrar a segurança e eficácia do Sir<br />

oral. Métodos: Estudo fase II, aberto e randomizado. Foram alocados 45 pacientes<br />

com DAC estável para implante de stent em 3 grupos. G1=controle; G2=6 mg de<br />

Sir oral e nivel sanguineo de 5-10ng/mL; G3=<strong>15</strong> mg de Sir oral e nivel sanguineo<br />

de 10-20ng/mL. Os pacientes foram seguidos semanalmente no 1º mês e mensalmente<br />

até o 12º m. Protocolar no 8º m realização de angiografia e Ultra-som<br />

Intracoronariano (USIC). O desfecho primário foi o percentual de estenose volumétrica<br />

pelo USIC, sendo o tamanho da amostra calculado para detectar redução de 40%<br />

com poder de 80%. Resultados: Os três grupos apresentam características demográficas<br />

equivalentes. G2 e G3 apresentaram boa tolerabilidade ao Sir oral. Eventos cardíacos<br />

maiores foram observados em G1=1 e G3=1, (p=ns). A revascularização da lesão<br />

alvo foi observado em G1=4, G2=3 e G3=1, (p=ns).<br />

Em relação aos dados angiográficos: Perda Tardia Intra-stent: G1=1,31±0,42,<br />

G2=0,78±0,64, G3=0,85±0,74 (p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

054 055<br />

CORRELAÇÃO ENTRE ANGIOGRAFIA CORONÁRIA QUANTITATIVA E ULTRA-SOM<br />

INTRACORONÁRIO E DEFINIÇÃO DO MELHOR PREDITOR DE REVASCULARIZAÇÃO<br />

DA LESÃO-ALVO<br />

JOSE DE RIBAMAR COSTA JUNIOR; LEANDRO LASAVE; ALEXANDRE ABIZAID;<br />

ANDREA ABIZIAD; RICARDO COSTA; FAUSTO FERES; LUÍS ALBERTO MATTOS;<br />

GALO MALDONADO; RODOLFO STAICO; J. EDUARDO MR SOUSA;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

Introdução: Embora a angiografia coronária quantitativa (ACQ) e o ultra-som<br />

intracoronário (USIC) tenham contribuído de forma inquestionável para determinação<br />

da eficácia e segurança dos stents farmacológicos (SFA), a maneira como<br />

estas modalidades de imagem se correlacionam e seu impacto no prognóstico<br />

clínico dos pacientes tratados percutaneamente ainda não está bem estabelecida.<br />

Este estudo objetivou avaliar o grau de correlação entre estas duas modalidades<br />

de imagem e estabelecer qual delas melhor prediz a necessidade de nova revascularização<br />

da lesão-alvo (RLA) secundária à presença de isquemia. Métodos:<br />

Foram analisados 166 pacientes tratados com SFA (Sirolimus - 60; Paclitaxel -<br />

39; Zotarolimus - 37; e Biolimus - 30) que possuíam ACQ e USIC pós-implante e<br />

aos seis meses de evolução. A correlação entre a perda luminal determinada pelo<br />

ACQ e o grau de hiperplasia medido pelo USIC foi determinada por regressão linear.<br />

Dois parâmetros de ACQ (perda luminal e diâmetro de estenose) e dois parâmetros<br />

de USIC (volume de hiperplasia no stent e % de obstrução no stent) foram avaliados<br />

pelo método de ROC (receiver-operator characteristic) e utilizados para determinar<br />

o melhor preditor de RLA. Resultados:Houve forte correlação entre perda luminal<br />

aferida pela ACQ e volume de hiperplasia ao USIC (r=0,67, p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

058 059<br />

AVALIAÇÃO CLÍNICA TARDIA DE PACIENTES SUBMETIDOS A IMPLANTE DE<br />

STENT INFINNIUM, ELUÍDO EM PACLITAXEL E COM POLÍMERO BIODEGRADÁVEL<br />

MAURICIO LOPES PRUDENTE; JUNIOR A.M.; COSTA, C.B.A.; ARTIAGA, EP; BARBOSA<br />

F.P.; JATENE J.A..; RODRIGUES, L.F.; SILVA, M.A.; BASTOS, O.D.A.;<br />

CENTRO DE CARDIOLOGIA E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA, HOSPITAL LÚCIO<br />

REBELO, GOIANIA, GO<br />

Fundamento: Estudos clínicos demonstram que stents eluídos diminuíram a incidência<br />

de reestenose intra-stent. Objetivo: avaliar sucesso inicial e evolução clínica<br />

tardia de pacientes (pt) submetidos a intervenção coronária percutânea (ATC) com<br />

implante de stent Infinnium, recoberto com paclitaxel (sI). Pacientes e métodos:<br />

253 pt foram submetidos a ATC com implante de 310 sI (1,22 stents/pt) entre<br />

01/2004 e 01/2007. Feita análise retrospectiva dos registros clínicos pré-procedimento e<br />

contato telefônico para avaliar evolução tardia quanto a presença de angina e<br />

a incidência de eventos cardíacos maiores (MACE). O seguimento mediano foi<br />

de 14 meses (1 a 32) e 214 pt (84,5%) foram efetivamente contactados. Resultados:<br />

253 pt foram submetidos a ATC com implante de 310 sI, com sucesso angiográrico<br />

imediato em 98,8%; 67,2% homens, idade média de 64,4 anos; 50,6% diabéticos;<br />

59,7% dislipidêmicos; 76,5% hipertensos e história familiar para doença coronária<br />

em 67,6%. IAM prévio em 28,8% e RM prévia em 21,7%. Do total de procedimentos<br />

99,2% foram eletivos, 71,9% multiarteriais e 10,2% das lesões eram reestenóticas;<br />

60% maior que 20 mm de extensão, 62,1% tipo “C”. Comprimento médio<br />

dos stents de 30mm (11 a 39mm). Dos 214 pt avaliados tardiamente: 18 (8,4%) óbitos<br />

(77% de causa cardiovascular). Dos vivos, 0% IAM e AVC, sangramento em<br />

1,8%, angina referida por 35 pt (16,3%). Nova RM cirúrgica em 0%. Nova ATC por<br />

reestenose do sI em 3,7%, por procedimento estadiado em 14,4% e por progressão<br />

de lesão em 7,9%, com conseqüente sobrevida livre de eventos combinados (óbitos,<br />

RM, AVC, nova intervenção e angina) neste período de 79,4%. Conclusão: O sI<br />

apresenta resultados seguros e eficazes na pratica clínica, com alta taxa de<br />

sucesso inicial e baixa taxa de revascularização do vaso alvo, mesmo em população<br />

com características clínicas e angiográficas de maior complexidade (>50% diabéticos<br />

e com lesões longas) o que, entretanto, pode ser a causa da maior<br />

mortalidade CV.<br />

EVOLUÇÃO CLÍNICA TARDIA APÓS IMPLANTE DE STENT FARMACOLÓGICO:<br />

COMPARAÇÃO ENTRE OS STENTS CYPHER, TAXUS E INFINNIUM<br />

PEDRO ALVES LEMOS NETO; EXPEDITO E. RIBEIRO; CARLOS A. H. CAMPOS;<br />

JOÃO LUIZ FALCÃO; BRENO A. FALCÃO; ANTONIO ESTEVES FILHO; LUIZ J<br />

KAJITA; MARCUS N DA GAMA; PEDRO A HORTA; EULÓGIO E MARTINEZ;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO - INCOR, HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE<br />

DE SÃO PAULO<br />

Fundamentos: É crescente a disponibilidade de tipos de stents farmacológicos para<br />

uso na rotina diária. No entanto, existem poucos estudos conduzidos para comparar<br />

o desempenho clínico tardio dos diferentes stents. Objetivos: Analisar comparativamente<br />

a ocorrência de eventos clínicos maiores no seguimento após implante<br />

de stents Cypher, Taxus e Infinnium. População e Métodos: Entre junho de 2002<br />

e setembro de 2006, um total de 712 pacientes consecutivos foram tratados com<br />

implante de somente um tipo de stent farmacológico e foram incluídos neste estudo<br />

(Cypher=297 pacientes; Taxus=254 pacientes; Infinnium=161 pacientes). Foi analisada<br />

a ocorrência de óbito, infarto ou revascularização do vaso alvo durante o seguimento.<br />

Resultados: No total, a idade era 64±11 anos, 76% eram homens e 34%<br />

diabéticos. As características basais e do procedimento foram semelhantes entre<br />

os três tipos de stents, exceto por uma menor prevalência de doença triarterial<br />

no grupo Infinnium (Cypher=26% vs. Taxus=33% vs. Infinnium=17%; p


Temas Livres - Apresentação Oral<br />

062 063<br />

COMO TRATAR PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA OBSTRUTIVA<br />

ASSOCIADA A DOENÇA CORONÁRIA?<br />

SILVIA JUDITH FORTUNATO DE CANO; MANUEL NICOLAS CANO; ADRIANA C<br />

MOREIRA; JAIRO ALVES PINHEIRO JR; RICARDO PAVANELLO; VERA MÁRCIA<br />

LOPES GIMENES; JOSE EDUARDO MORAES REGO SOUSA; AMANDA GUERRA DE<br />

MORAES REGO SOUSA; ADIB D. JATENE;<br />

HOSPITAL DO CORAÇÃO, INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA,<br />

SÃO PAULO, SP<br />

Introdução: Cardiomiopatia Hipertrófica Obstrutiva (CMHO) associada à doença<br />

arterial coronária (DAC) grave apresenta elevada morbi-mortalidade cirúrgica, em<br />

especial em pacientes acima de 60 anos. Objetivos: Analisar a eficácia do<br />

tratamento percutâneo de ambas patologias, abordando primeiro a DAC grave por<br />

meio de angioplastia com implante de stent (ATC c/ stent) e posteriormente a CMHO<br />

com Ablação Septal por Álcool (ASA). Material e Métodos: De uma série de 37p<br />

portadores de CMHO sintomáticos, 5p (16,6%) apresentavam DAC com lesões<br />

>70%. Todos em classe funcional III/IV pela NYHA e angina grau 3/4 pela Canadian<br />

Angina Classification sendo 3 homens, com idade média 61±7 anos. Avaliamos<br />

a evolução da angina, classe funcional e mortalidade num seguimento de até<br />

90 meses. Resultados: Foram tratados 4p com ATC c/ stent (3 artérias descendente<br />

anterior, 1 artéria Marginal, 1 coronária direita) e estadiado o tratamento da CMHO<br />

com ASA em média após 3 meses da intervenção coronária. Em 1p foi realizada<br />

ATC c/ stent para artéria Diagonal e ASA no mesmo procedimento. Não houve<br />

melhora da angina após ATC c/ stent, isto somente foi conseguido após a realização<br />

da ASA com significativa queda do gradiente hemodinâmico intraventricular de<br />

95±44 para 5±9 mmHg. O grau de angina passou de 3 e 4 para 0 e 1 em todos<br />

os pacientes e a classe funcional passou de III/IV para classe funcional I em 3p<br />

e II em um paciente; não houveram óbitos cardíacos imediatos ou tardios num<br />

seguimento de médio de 2,7 anos. Conclusão: Em pacientes com CMHO com<br />

gradiente importante associado a coronariopatia obstrutiva grave o alivio dos<br />

sintomas foi obtido quando as duas patologias são tratadas estagiadas ou simultaneamente.<br />

O tratamento isolado da coronariopatia em nossa experiência não<br />

melhorou a angina.<br />

AVALIAÇÃO TEMPORAL DO USO DE INIBIDORES DA GLICOPROTEINA IIBIIIA EM<br />

INTERVENÇÕES CORONÁRIAS PERCUTÂNEAS NO BRASIL. ANÁLISE DOS RESUL-<br />

TADOS DO REGISTRO CENIC<br />

VINICIUS DAHER VAZ; ANIS RASSI JR²; LUIZ A. GUBOLINO¹; GERALDO L. FIGUEIREDO¹;<br />

LUIZ A. P MATTOS¹; J. A. MARIN-NETO¹;<br />

¹CENIC - CENTRAL NACIONAL DE INTERVENÇÕES CARDIOVASCULARES, SÃO<br />

PAULO, SP., ²ANIS RASSI HOSPITAL, GOIÂNIA, GO.<br />

Fundamento: No contexto das intervenções coronárias percutâneas (ICP) os inibidores<br />

da glicoproteina IIbIIIa (IG) foram eficazes para reduzir complicações graves. Mais<br />

recentemente, com o uso generalizado de tienopiridínicos, há controvérsia sobre<br />

o efeito dos IG em termos de eficácia e segurança. Objetivo: Analisar, no âmbito<br />

do registro CENIC, os resultados das ICP com e sem a utilização de IG, avaliando<br />

os eventos maiores e as complicações hemorrágicas no período hospitalar. Métodos:<br />

Do acervo da CENIC, incluíu-se todos os pacientes submetidos a ICP de 2000 a<br />

2005, dividindo-os em dois grupos: com IG e sem IG. Avaliou-se a ocorrência de<br />

óbito, IAM, complicações vasculares e cerebrais intra-hospitalares. Resultados:<br />

Foram incluídos nesta análise 136.398 pacientes: 7962 (5,8%) com IG e 128.436<br />

(94,2%) sem IG. No grupo com IG observou-se maior proporção de IAM sem supra<br />

(49% vs 40%, p


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 191-192.<br />

Temas Livres<br />

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS<br />

064 065<br />

IMPLANTE DE STENT PARA COARTAÇÃO DA AORTA EM CRIANÇAS < 12 ANOS<br />

CARLOS AUGUSTO CARDOSO PEDRA; SÉRGIO LUIZ NAVARRO BRAGA; CÉSAR<br />

AUGUSTO ESTEVES; SIMONE ROLIM FERNANDES FONTES PEDRA; DANIEL ARNONI;<br />

JUSTO SANTIAGO; MARIA VIRGÍNIA TAVARES SANTANA; MARIA APARECIDA DE<br />

PAULA SILVA; VALMIR FERNANDES FONTES;<br />

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA, SÃO PAULO, SP<br />

O implante de stents (IS) para a coartação da aorta (CoA) em adolescentes e adultos<br />

é uma modalidade terapêutica segura e eficaz. Entretanto, pouco se sabe sobre<br />

o emprego na população pediátrica. Relatamos nossa experiência com este procedimento<br />

em crianças < 12 anos. De 9/97 a 12/2006 realizamos 90 IS para CoA<br />

sob anestesia geral, entre os quais 24 em pacientes (pac) < 12 anos. A mediana<br />

de idade foi 9 anos (6 - 12) e de peso 30kgs (24 - 52). A CoA era nativa em todos<br />

os casos. Lesões associadas: PCA (1), CIV sem repercussão (2), VAo bicúspide<br />

(12). Foram usados stents Palmaz 4014 ou Gênesis XD1910 e CP regulares ou<br />

recobertos implantados por bainhas 8-12Fr. Houve queda imediata do gradiente<br />

de 37 ± 12 para 2 ± 3mmHg e aumento do diâmetro da CoA de 2,5 ± 2,3 para<br />

10,8 ± 2,1mm. Não houve complicações como mortalidade, dissecções, aneurismas,<br />

transfusão de sangue ou perda de pulso. No seguimento médio de 18 ± 12 meses,<br />

houve normalização da pressão arterial e dos pulsos em membros inferiores em<br />

todos os pac, sendo que 2/3 encontram-se sem medicação. Estudos de imagem<br />

foram realizados no seguimento em 5 pac e revelaram manutenção dos resultados<br />

iniciais, sem crescimento neointimal significativo, aneurismas ou fraturas dos<br />

stents. O IS para CoA em crianças entre 6 - 12 anos é uma modalidade de tratamento<br />

factível, segura e eficaz com ótimos desfechos clínicos a médio prazo. Entretanto<br />

a dilatação do stent após o estirão da puberdade deve ser programada para<br />

compensar o crescimento das estruturas vasculares que atingem tamanho adulto.<br />

EVOLUÇÃO CLÍNICA DA ENXAQUECA APÓS OCLUSÃO PERCUTÂNEA DE FORAME<br />

OVAL PATENTE<br />

FABIO AUGUSTO SELIG; NEWTON FERNANDO STADLER DE SOUZA FILHO; ANA<br />

LUCILA CARSTEN; PEDRO ANDRÉ KOVACZ; EDUARDO MENDEL; FRANCISCO<br />

DINIZ DA COSTA; RICARDO RAMINA;<br />

HOSPITAL ECOVILLE, INSTITUTO DE NEUROLOGIA DE CURITIBA (INC), PR<br />

Introdução: A enxaqueca é uma desordem comum que atinge aproximadamente<br />

18% das mulheres e 6% dos homens. 50% dos pacientes com enxaqueca com<br />

aura (MA+) e 30% dos sem aura (MA-) têm Forame Oval Patente (FOP), incidência<br />

maior que na população geral. Este estudo teve como objetivo avaliar a evolução<br />

clínica dos pacientes com MA+ e MA- submetidos à oclusão percutânea com<br />

prótese. Método: Incluiu-se no estudo portadores de cefaléia crônica encaminhados<br />

ao laboratório de hemodinâmica entre agosto e dezembro de 2007 para oclusão<br />

percutânea de FOP. A cefaléia foi caracterizada clinicamente quanto à intensidade,<br />

freqüência, presença de aura e fatores de co-morbidade. A avaliação<br />

complementar foi realizada através de ressonância magnética de crânio (RMC),<br />

ecocardiograma doppler transesofágico (ETE) e ecodoppler transcraniano, (ETC),<br />

os dois últimos com injeção de microbolhas e manobra de Valsalva. Realizouse<br />

então cateterismo cardíaco e oclusão do FOP com prótese. Os pacientes foram<br />

acompanhados com reavaliação dos mesmos critérios pré-operatórios. Resultados:<br />

Enquadraram-se nos critérios propostos sete pacientes, seis do sexo feminino, com<br />

idades entre 18 e 65 anos (mediana=41). Cinco pacientes tinham MA+ clássica<br />

(escotomas cintilantes ou premonição da crise) e dois tinham MA-. Quatro pacientes<br />

tinham crises diárias; destas, três severas (incapacitação para exercício das<br />

atividades diárias e refratárias ao tratamento clínico) e uma moderada. Os outros<br />

três casos tinham crises esporádicas (2 ao mês), sendo 2 moderadas e 1 leve.<br />

Todos exceto um tinham alterações isquêmicas na RMC. Quatro tinham associada<br />

depressão e um doença de Beçet. Todos tinham ETE e ETC positivos, que negativaram<br />

até 3 meses após a oclusão. Apenas um paciente não teve melhora ou cura da<br />

cefaléia após fechamento do FOP. Conclusões: Apesar do número ainda pequeno<br />

de pacientes, a oclusão percutânea do FOP com prótese parece ser método<br />

promissor para o tratamento complementar da enxaqueca.<br />

066 067<br />

VIABILIDADE DO USO DE PRÓTESE AMPLATZER EM CANAIS ARTERIAIS MENORES<br />

DO QUE 2MM<br />

FRANCISCO JOSE ARAUJO CHAMIE DE QUEIROZ; SERGIO RAMOS; DANIEL CHAMIE;<br />

CARPE - CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA E FETAL - RJ, INTERCAT - CARDIOLOGIA<br />

INTERVENCIONISTA, RIO DE JANEIRO, RJ<br />

Fundamentos: O oclusor ductal Amplatzer (ADO) tem se destacado pela facilidade<br />

de uso, segurança e eficácia na oclusão dos canais arteriais de maior diâmetro<br />

(>2mm). Objetivos: Relatar a viabilidade e experiência do grupo no uso dos ADO<br />

em canais


Temas Livres - Cardiopatias Congênitas<br />

068 068<br />

PROCEDIMENTO HÍBRIDO PARA OCLUSÃO DA COMUNICAÇÃO INTERATRIAL<br />

(CIA) SEM USO DE CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA EM LACTENTE COM PNEU-<br />

MOPATIA CRÔNICA<br />

SIMONE ROLIM FERNANDES FONTES PEDRA; CARLOS AUGUSTO CARDOSO<br />

PEDRA; RAFAEL MOISÉS; PATRÍCIA ESTEVES; MARCELO BOSISIO JATENE;<br />

HOSPITAL DO CORAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO SANATÓRIO SÍRIO, SÃO PAULO, SP<br />

Procedimentos híbridos têm sido utilizados para tratamento ou paliação de defeitos<br />

cardíacos congênitos em lactentes de baixo peso. A união do intervencionista<br />

com cirurgião visa diminuir a morbimortalidade de intervenções cardíacas nesta<br />

faixa etária. Objetivo: Descrever procedimento híbrido para oclusão da CIA.<br />

Métodos: Paciente de 4 meses, 4,2 kg, nascida de 35 semanas, com história de<br />

desconforto respiratório ao nascimento seguido de infecção pulmonar. Evoluiu com<br />

quadro de ICC devido a CIA moderada, CIV mínima e PCA de 1,5 mm. Obteve<br />

alta hospitalar com 50 dias de vida em uso de medicações anticongestivas<br />

mantendo a pressão sistólica na artéria pulmonar (PSAP) de 50 mmHg. No 3º mês<br />

de vida adquiriu bronquilite por Adenovírus, evoluindo com hipertensão pulmonar<br />

(HP) suprasistêmica necessitando ventilação mecânica prolongada, óxido nítrico<br />

e Sildenafil. Após extubação, mantinha sinais de ICC e HP, sendo optado por tratar<br />

o PCA e a CIA que eram hemodinamicamente significativas. Devido ao grave<br />

quadro pulmonar, decidiu-se por ligadura do PCA e implante peratrial da prótese<br />

Amplatzer para CIA. Resultados: Após punção da parede atrial direita, a bainha<br />

7 F foi posicionada no átrio esquerdo através da CIA. A prótese Amplatzer 9 mm<br />

foi implantada no septo sem dificuldades ocluindo a CIA que media 7mm. O<br />

procedimento foi monitorado pela eco transesofágica que mostrou bom<br />

posicionamento da prótese e ausência de shunt residual. O PCA foi ligado no<br />

mesmo procedimento que durou 2 hs. A paciente foi extubada 18 hs após, obtendo<br />

alta da UTI 36 horas pós procedimento. Obteve alta hospitalar no 16º PO com<br />

eco mostrando CIA ocluída, PCA ocluído e PSAP estimada em 35 mmHg. Conclusão:<br />

A oclusão da CIA por via peratrial mostrou-se um procedimento simples<br />

e seguro permitindo um curto período de permanência da UTI em paciente com<br />

doença pulmonar crônica, podendo ser uma boa opção para pacientes de baixo<br />

peso, com condições clínicas semelhantes.<br />

069<br />

070<br />

192


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 193-196.<br />

Temas Livres Enfermagem<br />

APRESENTAÇÃO ORAL<br />

069 070<br />

IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLO PARA RASTREABILIDADE DE CATETERES DE<br />

HEMODINÂMICA EM SERVIÇO PRIVADO - RELATO DE EXPERIÊNCIA<br />

ADRIANA CORREIA DE LIMA; CLEYTON PIRES GONÇALVES;<br />

CLINICA DE CAMPO GRANDE E PROCARDIO<br />

Introdução: No contexto atual dos serviços de saúde, principalmente naqueles<br />

onde predominam os procedimentos diagnósticos e terapêuticos de caráter invasivo,<br />

o reprocessamento de materiais é uma constante. O processamento destes dispositivos<br />

vem gerando desafios para os profissionais desta área, principalmente após<br />

a publicação da Resolução RDC/ANVISA Nº. <strong>15</strong>6, Resoluções RE 2.605 e RE 2.006<br />

de 11 de agosto de 2006. A RE Nº. 2.606, dispõe sobre as diretrizes para elaboração,<br />

validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos.<br />

Em seus artigos 4º. e 7º os itens IV e V determinam respectivamente que os produtos<br />

reprocessados devam permitir a rastreabilidade e controle de número de processamentos<br />

e os protocolos validados devem conter a descrição dos mecanismos de rastreabilidade<br />

do produto, incluindo o modelo de prontuário de identificação do mesmo. Os<br />

cateteres de hemodinâmica são produtos de difícil identificação e rastreabilidade<br />

devido a sua conformação. Objetivos:1.Elaborar critérios para rastrear os cateteres<br />

de hemodinâmica utilizados nos procedimentos diagnósticos e terapêuticos; 2.<br />

Implantar e manter um protocolo de rastreabilidade de cateteres. Metodologia:<br />

No período de outubro/2006 a janeiro/2007 foram elaboradas e validados métodos<br />

para rastreamento dos seguintes itens: introdutores, cateteres diagnósticos, cateteres-guia,<br />

cateteres balão coronário.Para confecção do prontuário de identificação<br />

de cada produto foram utilizadas as Resoluções acima citadas. Conclusão:<br />

O sistema de registro de rastreabilidade de cateteres cardíacos e dos demais itens<br />

de hemodinâmica se mostrou eficaz, pois permitiu rastrear o material, oferecendo<br />

informações para análise e mensurações dos processos ao qual foi submetido,<br />

inclusive fornecendo subsídios para investigação dos eventos adversos ocorridos<br />

em pacientes submetidos a procedimentos diagnósticos e terapêuticos.<br />

PERFIL DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO TAXONOMIA II –<br />

NANDA- 2005/2006 ÀS PESSOAS SUBMETIDAS À INTERVENCÃO CORONÁRIA<br />

PERCUTÂNEA<br />

ADRIANA CORREIA DE LIMA; ANA CRISTINA DOS SANTOS;; KELLY FREITAS<br />

MARTINS; MARISTELLA ALVES DO NASCIMENTO; SAMANTHA ARAÚJO CUNHA;<br />

MARISLEI BRASILEIRO;<br />

CLINICA DE CAMPO GRANDE E PROCARDIO- CAMPO GRANDE –MS<br />

Introdução: O interesse em se pesquisar a respeito do perfil dos diagnósticos de<br />

enfermagem (NANDA – North American Nursing Diagnosis Association ) para pacientes<br />

submetidos à Intervenção Coronária Percutânea (ICP) surgiu ao se observar, no<br />

cotidiano, a dificuldade que os profissionais enfermeiros que atuam em cardiologia,<br />

encontram em sistematizar a assistência prestada aos pacientes submetidos a este<br />

procedimento, provavelmente, em decorrência da peculiaridade dos cuidados<br />

requeridos pelos mesmos, principalmente quando se trata de elaborar diagnósticos<br />

de enfermagem (DE). Objetivo: O objetivo deste estudo foi levantar o perfil dos<br />

diagnósticos de enfermagem segundo Taxonomia II da NANDA apresentados por<br />

pessoas submetidas à ICP, estabelecendo a importância do seu levantamento e<br />

orientando a tomada de decisão do enfermeiro. Materiais e métodos: Estudo<br />

descritivo, com analise quantitativa com 20 pacientes submetidos à ICP no período<br />

de dez/06 à mar/07. Resultados: Após a análise identificou-se 23 diagnósticos<br />

de enfermagem, sendo 34 características definidoras, 26 fatores relacionados e<br />

6 fatores de risco. As características diagnósticas reais apresentadas com maior<br />

freqüência foram: integridade da pele prejudicada (100%); estilo de vida sedentário<br />

(65%); disposição para conhecimento aumentada, conhecimento deficiente e<br />

deambulação prejudicada (55%); e ansiedade, disposição aumentada para controle<br />

do regime terapêutico e disposição para equilíbrio de líquidos aumentado<br />

em (45%) dos pacientes.Foram detectados três características diagnósticas de<br />

risco, sendo duas com freqüência de (100%): risco de infecção e risco de lesão.<br />

Conclusão: As reflexões com os resultados encontrados neste estudo possibilitarão<br />

a elaboração de intervenções de enfermagem para os pacientes submetidos a estes<br />

procedimentos e se constituem ponto de partida para novos estudos objetivando<br />

a construção de planos de sistematização da assistência utilizando estes diagnósticos.<br />

071 072<br />

MONITORAÇÃO E SEGURANÇA COM PROTETORES PLUMBÍFEROS UTILIZADOS<br />

EM HEMODINÂMICA E RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA<br />

ANTONIO CARLOS MOREIRA; CRISTIANE TOMÉ COSTA; MARCOS OLIVEIRA<br />

LIMA;<br />

HOSPITAL BANDEIRANTES, SÃO PAULO, SP<br />

Resumo: Existem diversos tipos de equipamentos destinados à proteção de indivíduos<br />

operacionalmente expostos à radiação ionizante, entre os mais utilizados<br />

em um laboratório de Hemodinâmica e Radiologia Intervencionista são: protetores<br />

de tireóide, óculos e aventais plumbíferos. Este trabalho tem a finalidade de<br />

demonstrar a importância de um controle de qualidade destes equipamentos para<br />

preservar a sua integridade, como limpeza, conservação e a correta utilização,<br />

conforme Normas e Diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde-Portaria<br />

453/98, é obrigatório à utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s)<br />

por profissionais que permanecem na sala de exame durante o procedimento,<br />

oferecendo maior segurança aos indivíduos ocupacionalmente expostos em um<br />

Serviço de Hemodinâmica e Radiologia Intervencionista. Com uma periodicidade<br />

mensal, obteve-se uma maior disciplina dos usuários em relação aos EPI’s, redução<br />

na exposição ocupacional e conseqüentemente uma diminuição de custos com<br />

reparação e aquisições de novos EPI’s.<br />

COMPLICAÇÕES NA ANGIOPLASTIA CORONÁRIA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA<br />

(ACTP): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

CAROLINA VIVIAN GIANVECCHIO; APARECIDA LÚCIA DA SILVA; LUCILEIDE DE<br />

SENA OLIVEIRA; MEIRE ELLEN ALVES DA SILVA; WEDER MARCOS DE SOUZA;<br />

RITA DE CÁSSIA F. GRASSIA;<br />

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES UNIDAS. CENTRO DE PESQUISA E<br />

PÓS-GRADUAÇÃO – C. P. P. G. (UNIFMU)<br />

Introdução: A doença coronariana será até o ano de 2020 a principal causa de<br />

morte em todo o mundo. A preocupação com esse crescimento fez com que a<br />

abordagem terapêutica dessa patologia tivesse um avanço. A ACTP hoje, é<br />

largamente utilizada e apesar de ser minimamente invasiva apresenta algumas<br />

complicações importantes, podendo levar a morte. A enfermagem tem um papel<br />

fundamental neste contexto, pois acompanha o paciente em todas as etapas do<br />

tratamento e presta o cuidado essencial para a recuperação e alta precoce.<br />

Objetivos: identificar mediante a revisão da literatura, as principais complicações<br />

da ACTP e propor um protocolo de cuidados de enfermagem aos pacientes<br />

submetidos à ACTP. Material e Método: O estudo foi desenvolvido por meio de<br />

análise de periódicos nacionais e internacionais no período de cinco anos disponíveis<br />

nas bases dados LILACS e DEDALUS, sendo uma pesquisa do tipo descritiva.<br />

Resultados e Discussão: foram encontrados 23 artigos científicos que foram organizados<br />

por categorias: complicações vasculares, reestenose, morte e eventos<br />

combinados e posteriormente foi elaborado um protocolo de cuidados de enfermagem<br />

divididos pelas categorias. Conclusão: Consideramos que o conhecimento<br />

destas complicações pela enfermagem e o preparo adequado da equipe podem<br />

promover uma assistência individualizada e com qualidade.<br />

193


Temas Livres Enfermagem - Apresentação Oral<br />

073 074<br />

HUMANIZAÇÃO: MUSICA, UM DIFERENCIAL DA ENFERMAGEM DE HEMODINAMICA<br />

ELVIRA MARIA FACUNDES BATTAGINI; LOPES,S.R.; MELO, Z.C; SILVA, S.P.;<br />

SILVA,R.N.; ANDRADE,A.R.; OTSUBO, R.; FURUKAWA, M.K.;<br />

SOCIEDADE BRASILEIRA E JAPONESA DE BENEFICENCIA SANTA CRUZ, SÃO<br />

PAULO, SP<br />

Introdução: Uma internação representa uma quebra da relação e do equilíbrio<br />

social, podendo causar muito estresse e ansiedade ao paciente. A utilização da<br />

música, ou de seus elementos (melodia, som, ritmo e harmonia) promove mudanças<br />

positivas em uma pessoa, então uma boa música parece de fato reequilibrar o<br />

ser humano, trazendo-o de volta a padrões mais saudáveis de pensamentos,<br />

sentimentos e ação. A ansiedade é um problema normal frente a qualquer fato<br />

desconhecido. Objetivo: Avaliar o efeito da música clássica na redução da<br />

ansiedade dos clientes submetidos a procedimentos hemodinâmicos. Métodos: Foi<br />

realizado estudo qualitativo, prospectivo, onde avaliou-se a ação da musica como<br />

um instrumento amenizador do estresse. Através da análise das respostas obtidas<br />

pelo formulário de pesquisa de satisfação, verificou-se a aceitação da música<br />

ambiente no setor de hemodinâmica. Esse formulário continha as seguintes perguntas:<br />

1) Gosta da música que está ouvindo? ( ) sim ( ) não 2) Acha que a<br />

música tem poder relaxante? ( ) sim ( ) não 3) Você acha que a música pode<br />

causar efeito terapêutico? ( ) sim ( ) não 4) Gostou de ouvir música enquanto<br />

foi submetido ao procedimento? ( ) sim ( ) não. Resultados: No período de maio/<br />

2006 a janeiro/2007 foram submetidos ao questionário, pós exame, 400 pacientes<br />

entre homens e mulheres, com idade média de 57,8 anos. Obtendo-se 100% de<br />

resposta favorável. Conclusão: Esse estudo confirmou que a música clássica<br />

contribuiu para a diminuição do estresse nos pacientes submetidos aos procedimentos<br />

hemodinâmicos. Durante o período médio de recuperação de 5 horas, foi<br />

observada uma satisfação significativa do cliente em relação à música. Além disso,<br />

verificou-se um grande efeito de aceitação da parte médica, funcionários e acompanhantes<br />

dos pacientes.<br />

REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS MÉDICOS EM HEMODINÂMICA: UMA SIS-<br />

TEMÁTICA DE RASTREABILIDADE<br />

ERIKA GONDIM GURGEL RAMALHO LIMA; EVELYNE GIRÃO; ERIRTÔNIO FAÇA-<br />

NHA BARRETO; CELIANE MARIA LOPES MUNIZ; JORGE LUIZ N. RODRIGUES;<br />

MARIA LÍLIAN M. CANUTO; SÔNIA FERREIRA BRINGEL FRANCO; MARIA OZILENE<br />

R. BATISTA; VIVIANE MARINHO PINTO BANDEIRA;<br />

HOSPITAL REGIONAL UNIMED - FORTALEZA –CE<br />

Introdução: O reprocessamento de produtos médicos acontece no cotidiano dos<br />

serviços de saúde em todo o Brasil, sem rastreamento de controle. Na área de<br />

hemodinâmica esta prática é bastante evidente. Diante desta realidade a ANVISA<br />

criou a resolução de no 2.606, de 11 de agosto 2006, que estabelece parâmetro<br />

orientador para a implantação de protocolos de reprocessamento de produtos<br />

médicos, sendo este um dos critérios a ser adotado, qual seja: o rastreamento destes<br />

produtos e o controle do número do seu reprocessamento. Em nosso serviço<br />

instituímos um protocolo de rastreamento de material crítico e com lúmen, como<br />

cateteres e introdutores. Este produto, no seu primeiro uso, ganha um número e<br />

é fichado, em cuja ficha consta dados do produto e data da primeira utilização.<br />

Após o reprocessamento deste produto e ao retornar para uso identificamos na<br />

sua ficha, data e lote do reprocessamento e ao ser utilizado registramos a data<br />

e o usuário que fez. Ao descartar este produto registramos em sua ficha e especificamos<br />

o motivo. Em princípio, estipulamos cinco reprocessamentos para cada<br />

produto. Objetivo: Relatar a experiência de elaboração e utilização da ficha de<br />

rastreamento de produtos médicos para reprocessamento. Método: Relato de<br />

experiência da implantação da ficha de rastreamento de produtos médicos para<br />

reprocessamento. Resultados: A implantação da ficha de rastreamento tornou<br />

possível a identificação da quantidade de reprocessamento do material médico,<br />

que mantém sua integridade e funcionalidade, como também as causas de descarte<br />

destes produtos. Conclusão: O uso das fichas para rastreamento de produtos<br />

médicos mostrou-se de grande utilidade, uma vez que permite um controle rigoroso<br />

do reprocessamento e dos descartes destes produtos.<br />

075<br />

O PAPEL DO ENFERMEIRO COMO GARANTIA DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO<br />

PRÉ-OPERATÓRIO DE PROCEDIMENTOS ELETIVOS EM HEMODINÂMICA<br />

GUSTAVO CORTEZ SACRAMENTO; MOREIRA, E.C.;<br />

HOSPITAL PAULISTANO, SÃO PAULO, SP<br />

Introdução: No Brasil e nos outros países as doenças cardiovasculares acometem<br />

indivíduos acima dos 30 anos de idade, sendo estas as principais causas de óbito<br />

nas estatísticas. Os procedimentos diagnósticos e terapêuticos, se indicados, são<br />

realizados na Radiologia e Cardiologia Intervencionista (Hemodinâmica). A vivência<br />

profissional demonstra a dificuldade dos clientes no instante em que recebem a<br />

notícia que terão de ser submetidos a um procedimento hemodinâmico. São<br />

procedimentos minimamente invasivos, porém, há necessidade do acompanhamento<br />

médico e da enfermagem. Embora as intercorrências sejam menores que<br />

1%, o stress emocional que acomete o cliente e sua família no Pré-operatório,<br />

podem prejudicá-lo na conscientização, orientação e preparo do exame. Método:<br />

Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, descritivo e exploratório. Foram<br />

consultados publicações dos últimos dez anos. Conclusão: No estudo notou-se<br />

a necessidade de estabelecer protocolos que reforcem as orientações e preparo<br />

adequado para realização do procedimento. O enfermeiro no pré-operatório colabora<br />

para uma assistência integral ao cliente, minimizando a resposta emocional<br />

e prevenindo possíveis complicações inerentes ao procedimento. Sabe-se que o<br />

cliente recebe alta precocemente, e se não receber as orientações adequadas,<br />

maior a probabilidade de complicações no pós-operatório. Para uma excelência<br />

no atendimento e melhor interação junto à equipe da hemodinâmica; cabe ao<br />

enfermeiro a elaboração de um protocolo de enfermagem, que permite atender<br />

o cliente de modo individualizado e holístico, prestando cuidados que sejam<br />

pertinentes as necessidades humanas básicas, de maneira humanizada. Para<br />

garantir esta qualidade e segurança na assistência, é necessária a implantação<br />

de programas educativos que abranjam os profissionais envolvidos, buscando a<br />

conscientização, o conhecimento científico, e a aplicação do aprendizado adequado<br />

como peça fundamental para a interação com o cliente.<br />

076<br />

AVALIAÇÃO DO ESCORE DE DOR EM PACIENTES COM FRATURAS DE CORPO<br />

VERTEBRAL SUBMETIDOS A VERTEBROPLASTIA PERCUTÂNEA COM POLIMETIL-<br />

METACRILATO<br />

IVANISE MARIA GOMES AMORIM; IRISVALDO S. DE OLIVEIRA; EDUARDO N.<br />

KIHARA; MÁRIO S. ANDRIOLI; MARCO A. PERIN; EDUARDO N. KIHARA FILHO;<br />

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada por<br />

redução de massa óssea causando aumento do risco de fratura. A maioria das<br />

fraturas por osteoporose ocorre em idosos do sexo feminino, após os 70 anos e<br />

com maior freqüência na coluna vertebral, punho e fêmur. A dor intensa relacionada<br />

à fratura por compressão do corpo vertebral acomete cerca de um milhão<br />

de pessoas/ ano nos Estados Unidos e cerca de um terço destes pacientes não<br />

respondem aos tratamentos convencionais. Objetivo: Avaliar escore de dor após<br />

tratamento de fraturas do corpo vertebral, em pacientes com osteoporose e mieloma<br />

múltiplo, submetidos a vertebroplastia percutânea com Polimetilmetacrilato (PMMA).<br />

Método: No período de Janeiro de 2005 a Janeiro de 2007 foram tratados 62 corpos<br />

vertebrais (32 lombares e 30 torácicos) em 38 pacientes com idade média de 74,4<br />

anos (± 12,4), sendo 29 pacientes do sexo feminino. Através de fluoroscopia de<br />

alta resolução, os pacientes foram tratados com injeção de PMMA sob sedação<br />

leve, sendo mantidos em decúbito ventral durante o procedimento. A avaliação<br />

do escore de dor foi aplicada pela escala analógica numérica e, foram consideradas<br />

as avaliações deste escore pré-procedimento e 24 horas após. Resultados:<br />

Observou-se melhora imediata na sintomatologia dolorosa pós-procedimento por<br />

reforço na estrutura do corpo vertebral em 37 pacientes (97,36%) que referiram<br />

escore de dor zero; um paciente que inicialmente apresentava escore de dor 8<br />

teve alta hospitalar com escore de dor 2. Dois pacientes retornaram para nova<br />

vertebroplastia em corpos vertebrais próximos. Conclusão: Nos pacientes com dor<br />

por osteoporose e fratura por compressão vertebral, a vertebroplastia percutânea<br />

com PMMA sob fluoroscopia de alta resolução é um procedimento seguro e<br />

eficiente no tratamento da dor e da imobilidade associada à mesma, podendo<br />

contribuir para o retorno das atividades habituais destes pacientes.<br />

194


Temas Livres Enfermagem - Apresentação Oral<br />

077 078<br />

PROPOSTA DE PROTOCOLO DE VALIDAÇÃO PARA REPROCESSAMENTO DE<br />

CATETERES DE ELETROFISIOLOGIA: SEGURANÇA COM REDUÇÃO DE CUSTOS<br />

IVANISE MARIA GOMES AMORIM; JULIA YAEKO KAWAGOE; LUCI CORRÊA; MARCO<br />

ANTONIO PERIN; GESSILENE DE SOUSA BARBOSA; MARINES DALLA VALLE<br />

MARTINO;<br />

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, SÃO PAULO, SP<br />

Fundamentos: Os cateteres de eletrofisiologia (CE) são classificados como materiais<br />

de uso único e considerados de alto custo, ocasionando encarecimento do<br />

procedimento. Neste cenário o reprocessamento dos CE representa alternativa<br />

viável desde que realizado sob protocolo validado. Objetivos: Validar protocolo<br />

de reprocessamento de CE e analisar o custo entre cateteres reprocessados e novos.<br />

Métodos: Foi elaborado e validado protocolo de reprocessamento de CE envolvendo<br />

os setores de eletrofisiologia, central de materiais e esterilização, serviço<br />

de controle de infecção hospitalar, setor financeiro, laboratório clínico e engenharia<br />

clínica. Foram utilizados 12 cateteres para avaliação em duas etapas: 6<br />

CE na validação microbiológica da limpeza/ esterilização após contaminação<br />

intencional por bactéria vegetativa (S. marcescens) e 6 CE na validação microbiológica<br />

de esterilização após contaminação intencional por esporos (B. stearothermophilus).<br />

Nas duas etapas houve avaliação da integridade e sujidade por meio de microscopia<br />

e verificação de proteína por medição de ATP (luminômetro). A análise de custos<br />

incluiu todas as etapas do processo e os profissionais envolvidos por horas de<br />

trabalho. Foi criado sistema de rastreabilidade com formulários específicos. Resultados:<br />

No processo de validação microbiológica da limpeza houve redução significativa<br />

da contagem bacteriana. Na validação da esterilização não houve crescimento<br />

de esporos ao fim do processo e, não houve alteração na integridade física dos<br />

CE. A estimativa de economia de um procedimento utilizando 3 CE após 3<br />

reprocessamentos chegou a 69,74%. Conclusões: As etapas realizadas foram<br />

consideradas efetivas para validar a limpeza e esterilização de CE contaminados<br />

intencionalmente com bactérias vegetativas e esporuladas, bem como a integridade<br />

destes artigos, demonstrando segurança no reprocessamento. Este processo<br />

resultou em redução significativa no custo final do exame, sendo de grande<br />

impacto para o setor.<br />

AUDITORES MÉDICOS DE PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE E A LIBERAÇÃO DOS<br />

STENTS CORONÁRIOS FARMACOLÓGICOS<br />

JOSE AIRTON DE ARRUDA; LUCILÉIA ELLER; ANA PAULA NORBIM; BRUNO MOULIN;<br />

ALFREDO FERREIRA FILHO; ALAOR QUEIROZ; VITOR PAZOLINI;<br />

INTERCATH MERIDIONAL – ES, VITÓRIA, ES<br />

Fundamento: Com a enormidade de dados que atesta a efetividade dos Stents<br />

Farmacológicos (SF), sua utilização tem crescido proporcionalmente. A figura do<br />

auditor exerce papel fundamental na liberação desses dispositivos no setor privado.<br />

Objetivos: Confrontar as perspectivas dos auditores das operadoras de Saúde, com<br />

indicações aceitas pela cardiologia intervencionista para as intervenções coronárias<br />

percutâneas que utilizam SF. Métodos: Estudo quanti-qualitativo, do tipo descritivo<br />

analítico, no qual foi aplicado um questionário contendo 09 questões objetivas<br />

e subjetivas para 20 auditores médicos de planos e seguros de saúde da Grande<br />

Vitória – ES, no período de 01 de novembro a 01 de dezembro de 2006. Resultados:<br />

Foi verificado que 95% dos auditores não possuem especialização em Cardiologia,<br />

sendo que todos afirmaram possuir conhecimento técnico-científico sobre os<br />

procedimentos com os SF. Sessenta por cento afirmaram utilizar as recomendações<br />

da SBHCI como critério para a liberação dos SF, entretanto apenas 30% afirmaram<br />

ter conhecimento sobre tais diretrizes. Apenas 20% dos auditores afirmaram duvidar<br />

da efetividade dos SF, sendo que todos responderam que realizam análise crítica<br />

da literatura e do impacto financeiro dos SF. Conclusões: Dada a falta de auditores<br />

especialistas na área de cardiologia intervencionista e da carência de conhecimento<br />

das diretrizes que recomendam a liberação dos SF, medidas de educação<br />

médica continuada e estudos de custo-efetividade podem tornar a liberação destes<br />

dispositivos mais ágeis e eficientes.<br />

079<br />

IMPLANTAÇÃO DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE EM LABORATÓ-<br />

RIO DE HEMODINÂMICA - RELATO DE EXPERIÊNCIA<br />

LETICIA DA SILVA ALBUQUERQUE; FLÁVIA CASTELO BRANCO MARINHO;<br />

HOSPITAL ALFA - RECIFE - PE – BRASIL<br />

Introdução: Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) tem como finalidade manusear<br />

as informações de acordo com a Resolução 1639/2002 do Conselho Federal de<br />

Medicina, que define as Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados<br />

para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico tornando-se imprescindível no<br />

controle das informações clínicas do paciente. Contempla atendimentos de emergência,<br />

ambulatoriais e internações, permitindo o acompanhamento de cada<br />

evento e garantindo uma visão detalhada da história clínica do paciente, tais como<br />

informações referentes à anamnese, cirurgias já realizadas, alergias, antecedentes<br />

pessoais e familiares, exame físico e exames laboratoriais. Objetivo: Comprovar<br />

a otimização do armazenamento das informações, bem como viabilização da<br />

assistência de enfermagem através do PEP na Hemodinâmica de um hospital<br />

privado da cidade do Recife. Método: Para relatar o estudo foram coletados 105<br />

pacientes no período de 05/12/2005 à 19/12/2006, sendo um estudo retrospectivo<br />

e quantitativo. Resultado: Melhoria direta da assistência de enfermagem no Periexame;<br />

facilidade de acesso, bem como alimentação das informações, aliada a<br />

um manuseio de toda equipe multidisciplinar acessando ao mesmo tempo o mesmo<br />

PEP; facilidade para pesquisa coletiva, com informações padronizadas; viabilização<br />

de um armazenamento virtual, sem dispor de um espaço físico específico, evitando<br />

o acúmulo de papéis, inclusive com a visualização digital das imagens; e legibilidade<br />

absoluta das informações minimizando possíveis erros. Conclusão: A implantação<br />

do PEP melhora significativamente a qualidade, com humanização e agilidade,<br />

na assistência de enfermagem prestada ao paciente na Hemodinâmica, otimizando<br />

o tempo gasto com burocracias, para assistência direta ao paciente, onde dispomos<br />

de acesso inclusive na sala de exame, facilitando o registro em tempo real<br />

por toda equipe multidisciplinar.<br />

080<br />

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA CONSCIENTIZAÇÃO DO PACIENTE PORTADOR<br />

DE DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA QUE FOI SUBMETIDO A ANGIOPLASTIA<br />

TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA CORONÁRIA<br />

LUCIANA APARECIDA MASCHIO<br />

IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICORDIA, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP<br />

Introdução: As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no<br />

Brasil correspondendo a 33% dos óbitos em todo o país, dos quais um terço<br />

corresponde a óbitos por doença arterial coronariana. Objetivos: Elaborar e implementar<br />

uma atividade educativa realizada pelo enfermeiro junto aos pacientes portadores<br />

de doença arterial coronariana em um Hospital Geral Filantrópico do interior de<br />

São Paulo. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa-ação, onde participaram 170<br />

pacientes que foram submetidos a Angioplastia Transluminal Percutânea Coronária.<br />

Os dados foram coletados no período de 01/03/2006 a 01/03/2007, por meio de<br />

questionário contendo seis questões abertas e fechadas respondidas pelo próprio<br />

paciente. A educação conscientizadora foi realizada as quartas-feiras no hospital<br />

em estudo e distribuído folhetos explicativos para os pacientes e seus familiares<br />

que participaram da atividade educativa. Resultados: Os resultados obtidos foram:<br />

100% dos pacientes responderam que os objetivos da atividade educativa foram<br />

contemplados; 100% relataram que as imagens facilitaram o entendimento do que<br />

é a doença, o que é a angioplastia e o stent; 98% responderam que foi muito<br />

importante entender a alimentação ideal, o uso correto de medicação, a realização<br />

de atividade física e retornar ao médico regularmente; 95% responderam que<br />

atividade educativa não foi cansativa e sim esclarecedora. Conclusão: Este estudo<br />

possibilitou a percepção que a orientação por meio da educação em saúde pode<br />

ajudar o paciente a enfrentar a nova situação que a doença arterial coronariana<br />

lhe impõe. Para tanto, faz-se necessário que o paciente conheça e entenda a sua<br />

doença e suas complicações para que aplique de forma adequada os conhecimentos<br />

adquiridos, encontrando assim, uma certa tranqüilidade para viver.<br />

195


Temas Livres Enfermagem - Apresentação Oral<br />

081 082<br />

A ESTRATÉGIA DE COMPRESSÃO ARTERIAL MODIFICA A OCORRÊNCIA DE<br />

COMPLICAÇÕES VASCULARES?<br />

LUSANGELA LAGE NETTO MASSAGLI; SERGIO KREIMER; LUIZ E. SALOMÉ; JOÃO<br />

GUALBERTO DINIZ; PAULO PUGLIA; WAGNER TADEU LIGABÓ; PAULO PUGLIA;<br />

SILVIO GIOPATTO;<br />

INSTITUTO DE ANGIOGRAFIA E HEMODINÂMICA DR. JAYME RODRIGUES, JUNDIAÍ, SP<br />

Introdução: Complicações vasculares após procedimentos endovasculares (PEV)<br />

pela técnica de punção femoral podem desencadear sérios agravos à saúde dos<br />

pacientes. Por anos a técnica de compressão manual era a única disponível e<br />

mais recentemente surgiram os compressores mecânicos que, após ajustados ao<br />

paciente, dispensam a permanência de um profissional à beira do leito permitindo<br />

maior conforto e produtividade à equipe. Objetivo: Discutir estratégias de hemostasia<br />

para PEV por punção femoral. Materiais e métodos: Analisamos retrospectivamente<br />

a ocorrência de hematoma > 4cm, necessidade de transfusão e pseudoaneurima<br />

no período de janeiro à dezembro de 2006, quando foram realizados <strong>15</strong>99 PEV<br />

nas áreas de cardiologia, neurorradiologia e vascular periférica, sendo 859 no 1º<br />

semestre e 740 no segundo. No 1º semestre a estratégia de compressão foi<br />

exclusivamente mecânica durante 30 minutos e no segundo usamos uma estratégia<br />

modificada composta por um período de compressão mecânica de 20 minutos<br />

mais um período de compressão manual de 10 minutos. Tal mudança de estratégia<br />

deveu-se à observação, durante o processo de busca ativa de problemas ao final<br />

do 1º semestre, que a ocorrência de complicações vasculares maiores estava<br />

acima do desejado e, então, pensamos numa forma de minimizar tais ocorrências.<br />

A solução proposta foi modificar a técnica de compressão de exclusivamente<br />

mecânica para a técnica de mista afim de permitir ao sistema vascular local uma<br />

transição mais gradual do estado de compressão máxima para o de não compressão.<br />

Resultados:<br />

1º Semestre 2º Semestre<br />

Hematoma 14/859= 1,63% 2/70= 0,27%<br />

Transfusão 2/859= 0,23% 0<br />

Pseudoaneurisma 2/859= 0,23% 0<br />

Conclusão: Os achados mostram expressiva redução na ocorrência de complicações<br />

vasculares maiores no 2º semestre mostrando que a estratégia de compressão<br />

mista pode ser superior à compressão mecância exclusiva.<br />

DETECÇÃO DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM CLIENTES COM INDICAÇÃO DE<br />

PROCEDIMENTOS CARDIOLÓGICOS INVASIVOS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DA<br />

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODINÂMICA<br />

(SAE-HEMO)<br />

MARCIA TEREZA MANGGINI; LEILA ORNELLAS; ANA TERESA BEZERRA; GRACIELLA<br />

NASCIMENTO;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO INCOR-DF BRASÍLIA-DF<br />

Introdução: O estresse,a ansiedade e o medo, reações esperadas num procedimento<br />

cardiológico invasivo, podem desencadear uma reação do sistema nervoso<br />

simpático, aumentando a frequência cardíaca,pressão arterial e a demanda miocárdica<br />

de oxigênio. A ansiedade severa pode interferir no entendimento e no enfrentamento<br />

do cliente em relação ao procedimento. Os fatores que contribuem para isso<br />

incluem informações incorretas e incompletas. A instrução pré-procedimento personalizada<br />

ajuda a diminuir o medo do desconhecido e favorece o controle do<br />

cliente sobre a situação. Objetivo: Analisar os níveis de ansiedade em clientes<br />

que serão submetidos a procedimento cardiológico invasivo e os fatores relacionados.<br />

Método: Análise de 370 SAE-HEMO de clientes eletivos submetidos a<br />

intervenções percutâneas em nosso serviço, no período de janeiro 2005 à julho<br />

2006. Resultados: 92,3% sabiam o motivo do procedimento, 7,69% não sabiam<br />

o motivo; 83,83% sabiam o problema de saúde que tinham,16,16% não sabiam;<br />

38,58% sabiam como seria o procedimento, 61,42% não sabiam como seria;<br />

66,39% tiveram contato anterior positivo, 4,60% contato anterior negativo, 29%<br />

não tiveram contato anterior; 34,33% apresentaram nível de ansiedade leve,<br />

57,61% nível de ansiedade moderado, 8,05% nível de ansiedade severo; 18,18%<br />

diagnóstico NANDA00126-Conhecimento deficiente sobre o procedimento; 70,62%<br />

diagnóstico NANDA00146-Ansiedade relacionada ao procedimento e seus resultados,<br />

11,18% diagnóstico NANDA00148-Medo do desconhecido. Conclusão: Foi<br />

detectado um alto percentual de ansiedade moderada e severa, possivelmente<br />

relacionada aos altos níveis de desconhecimento, falta de informação ou informações<br />

insuficientes sobre o procedimento e suas rotinas. A consulta de enfermagem<br />

pode ser um instrumento viável para esclarecimento criterioso, individualizado,<br />

atenção integral ao cliente e família, bem como garantia da qualidade da assistência<br />

prestada.<br />

083<br />

083<br />

ANÁLISE DA EFICÁCIA E SEGURANÇA DE UM PROTOCOLO DE REPROCESSAMENTO<br />

DE INTRODUTORES VASCULARES VALVULADOS<br />

MARCIA TEREZA MANGGINI; SARAH P.LAMEIRA; LEONARDO COGO BECK; CAROLINE<br />

M.PEREIRA; DIUZA O.VIEIRA; MARLY F.SANTOS; VALDILENE D.SILVA; DIVANI<br />

S. CARDOSO; DANIELLA S.CALAZANS; ENELITA MONTEIRO SANTOS;<br />

INSTITUTO DO CORAÇÃO INCOR-DF BRASÍLIA-DF<br />

Introdução: No Brasil, a maioria dos serviços de Intervenção Cardiovascular<br />

reprocessam os introdutores vasculares valvulados, no entanto, ainda não existe<br />

uma avaliação técnicadescrita da eficácia e segurança dos processos utilizados<br />

no reprocessamento. Objetivo: Fazer análise da presença de resíduos orgânicos<br />

macroscópicos e umidade em introdutores vasculares valvuladosapós protocolo<br />

de reprocessamento. Método: Foram analisadas consecutivamente 28 unidades<br />

de introdutores, variando de 5F à 8F, de três fabricantes diferentes. Após a primeira<br />

utilização do introdutor em procedimento vascular invasivo, o material foi submetido<br />

a protocolo de reprocessamento que constituía-se em: lavagem imediata<br />

após ao uso com solução salina, lavagem com água filtrada em bicos de pressão,<br />

lavagem com detergente enzimático na lavadora ultrasônica para canulados e<br />

secagem em ar comprimido filtrado nos bicos de pressão. À seguir foi feita a<br />

abertura do material, analisando os seus componentes internos com auxílio de<br />

lupa, em busca de resíduos orgânicos hemáticos e umidade. Resultado: Da amostra<br />

de 28 introdutores, 12(43%) apresentaram resíduos orgânicos hemáticos macroscópicos<br />

e 20 (71%) apresentaram umidade visível macroscópicamente. Conclusão: Para<br />

o protocolo utilizado houve uma alta incidência de resíduos orgânicos hemáticos<br />

e umidade em introdutores vasculares valvulados, denotando ineficácia e insegurança<br />

na reutilização desse tipo de material, chamando a atenção para a<br />

necessidade de uma avaliação criteriosa dos protocolos de reprocessamento de<br />

introdutores vasculares utilizados atualmente nas instituições de Intervenção Cardiovascular,<br />

tendo em vista a segurança de nossos clientes.<br />

196


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 197-200.<br />

Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

Normas para Publicação<br />

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (Rev Bras<br />

Cardiol Invas) é o órgão oficial de divulgação da Sociedade<br />

Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

(SBHCI), trata-se de publicação trimestral, com<br />

circulação regular desde 1993. A Rev Bras Cardiol Invas<br />

está indexada na base de dados LILACS - Literatura Latino-<br />

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde.<br />

Os trabalhos enviados para publicação na Rev Bras Cardiol<br />

Invas devem versar sobre temas relacionados à intervenção<br />

cardiovascular percutânea em humanos, em animais<br />

de experimentação e estudos in vitro. As áreas de maior<br />

interesse são: intervenção coronária percutânea, intervenção<br />

percutânea em cardiopatias congênitas, intervenção<br />

em valvopatias, intervenção percutânea vascular periférica,<br />

angiografias e diagnósticos por imagem nas doenças<br />

cardiovasculares. Devem ser redigidos em português, espanhol<br />

ou inglês, obedecendo à ortografia vigente, empregando<br />

linguagem fácil e precisa.<br />

Todos os artigos enviados serão considerados para a publicação<br />

impressa; entretanto, se os autores desejarem que o<br />

artigo em questão seja publicado apenas eletronicamente,<br />

por favor indicar na carta de submissão. Se os editores<br />

concordarem com esta solicitação, o artigo será publicado<br />

mais rapidamente na versão on-line da revista.<br />

1 COMO ENTRAR EM CONTATO COM A REVISTA<br />

Áurea Jacob Chaves, Editora<br />

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

Rua Beira Rio, 45 - 7º andar - Conj. 71<br />

São Paulo - SP - Brasil - CEP 04548-050<br />

Tel.: (11) 3849-5034 - E-mail: revista@sbhci.org.br<br />

Site: www.rbci.org.br<br />

2 COMO FORMATAR OS ARTIGOS<br />

A Revista publica artigos em várias seções:<br />

2.1 Editorial: Geralmente os editoriais referem-se a artigos<br />

selecionados em cada número da Rev Bras Cardiol<br />

Invas pela sua importância para a comunidade científica.<br />

São redigidos pelo Corpo Editorial ou encomendados<br />

a especialistas de notoriedade nas áreas em questão.<br />

O Conselho Editorial poderá, eventualmente, considerar<br />

a publicação de editoriais submetidos espontaneamente.<br />

Deve conter no máximo de 1000 palavras e<br />

<strong>15</strong> referências; ilustrações e tabelas são permitidas,<br />

com número máximo de tabelas e figuras de 2. O<br />

número de autores não deve exceder a três. Não há<br />

necessidade de resumo e abstract.<br />

2.2 Artigo original: Nesta categoria estão incluídos estudos<br />

controlados e randomizados, estudos observacionais,<br />

registros, bem como pesquisa básica com animais de<br />

experimentação. Estes artigos são submetidos à publicação<br />

espontaneamente pelos autores. Os artigos originais<br />

devem conter, obrigatoriamente, as seguintes<br />

seções: Introdução, Método, Resultados, Discussão,<br />

Conclusões, Referências Bibliográficas, Resumo e<br />

Summary. Seu texto deve apresentar entre 2000 e<br />

3000 palavras, excluindo Tabelas, Referências Bibliográficas,<br />

Resumo e Summary. O número de referências<br />

bibliográficas não deve exceder a 30.<br />

2.3 Artigo de revisão: Avaliações críticas e ordenadas da<br />

literatura de temas de importância clínica. Profissionais<br />

de reconhecida experiência em assuntos de interesse<br />

especial para os leitores são, em geral, convidados<br />

a escrever estas revisões. Além desses artigos<br />

encomendados, a Rev Bras Cardiol Invas também<br />

aceita artigos de revisão enviados espontaneamente<br />

pela comunidade científica. Devem limitar-se a 6000<br />

palavras, excluindo Referências Bibliográficas e Tabelas.<br />

As Referências Bibliográficas devem ser atuais, preferencialmente<br />

publicadas nos últimos cinco anos, e<br />

em número máximo de 60 artigos.<br />

2.4 Ponto de vista: Nessa seção, é apresentado o resumo de<br />

um artigo relevante da especialidade. São convidados<br />

um ou mais especialistas que tecem comentários a respeito<br />

do artigo em questão, seus pontos positivos e negativos,<br />

metodológicos, conceituais, sua aplicabilidade<br />

clínica e relevância. Os comentários devem apresentar<br />

no máximo 500 palavras e dez referências bibliográficas.<br />

2.5 Relato de caso: Descrição de pacientes ou situações<br />

singulares, doenças especialmente raras ou nunca descritas,<br />

assim como formas inovadoras de diagnóstico ou<br />

tratamento. O texto é composto por uma Introdução<br />

breve que situa o leitor em relação à importância do<br />

assunto e apresenta os objetivos da apresentação do(s)<br />

caso(s) em questão, Relato do Caso e Discussão, no<br />

qual são abordados os aspectos relevantes e comparados<br />

com os disponíveis na literatura. O número de<br />

palavras deve ser inferior a 2000, excluindo-se referências<br />

bibliográficas (número máximo de <strong>15</strong>) e tabelas.<br />

Recomenda-se a inclusão de no máximo três ilustrações.<br />

2.6 Comunicação breve: Pequenas experiências que tenham<br />

caráter de originalidade, não ultrapassando <strong>15</strong>00 palavras<br />

e dez referências bibliográficas.<br />

2.7 Carta ao editor: Em princípio, devem comentar, discutir<br />

ou criticar artigos publicados na própria Revista, mas<br />

também podem versar sobre outros temas de interesse<br />

geral. Recomenda-se que o texto apresente no máximo<br />

1000 palavras, incluindo referências bibliográficas,<br />

que não devem exceder a cinco, podendo ou<br />

não apresentar título. Essa seção permite a publicação<br />

de até duas figuras. Sempre que cabível e possível,<br />

uma resposta dos autores do artigo em discussão<br />

será publicada junto com a carta.<br />

197


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

2.8 Imagem & intervenção cardiovascular: Publicação<br />

de imagens em medicina cardiovascular, incluindo<br />

angiografia, tomografia computadorizada, ressonância<br />

nuclear magnética, ultra-som intravascular ou correlatos.<br />

Esta seção permite também a publicação de<br />

novas técnicas empregadas ou tratamentos inusitados<br />

na especialidade. Trata-se de publicação sucinta, limitada<br />

a 300 palavras, não permitindo discussão por<br />

parte dos autores, tampouco referências bibliográficas.<br />

2.9 Ciência & tecnologia: Textos que abordem novidades<br />

tecnológicas e científicas, com extensão máxima de<br />

300 palavras, sendo permitida a inclusão de apenas<br />

uma ilustração e duas referências bibliográficas. Esta<br />

seção não apresenta autoria definida ou possui cunho<br />

comercial, não havendo, portanto, vinculação com os<br />

anunciantes. As contribuições podem ser encaminhadas<br />

por especialistas, profissionais da indústria ou, ainda,<br />

sugeridas pelos membros do Conselho Editorial.<br />

2.10 Artigo especial: Artigos não classificáveis nas categorias<br />

anteriormente descritas, os quais o Conselho Editorial<br />

julgue de especial relevância para a especialidade.<br />

Sua revisão admite critérios próprios, não havendo<br />

limite de extensão ou restrições quanto ao número de<br />

referências bibliográficas.<br />

3 COMO PREPARAR O ARTIGO<br />

A Revista adota as normas de Vancouver - Uniform Requirements<br />

for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals,<br />

organizadas pelo International Committee of Medical Journal<br />

Editors – “Vancouver Group”, disponíveis em www.icmje.org<br />

3.1 Primeira página - Identificação<br />

Deve conter o título do trabalho de maneira concisa e<br />

descritiva, em português e inglês, o nome completo e<br />

titulação dos autores, bem como instituição em que foi<br />

elaborado. A seguir, deve ser informado o nome do autor<br />

correspondente, juntamente com endereço, telefone, fax e<br />

e-mail. Caso o trabalho tenha sido apresentado em congresso,<br />

podem ser mencionados o nome do evento, local<br />

e data de apresentação.<br />

3.2 Segunda página - Resumo e Summary (apenas para as<br />

seções de artigo original, artigo de revisão e relato de caso)<br />

O resumo dos artigos originais deve ser estruturado em<br />

quatro seções: Introdução, Método, Resultados e Conclusões.<br />

A elaboração deve permitir compreensão sem acesso<br />

ao texto. Da mesma forma, deve ser preparado o Summary<br />

que represente uma versão literal do Resumo, seguindo a<br />

mesma estrutura: Background, Method, Results e Conclusions.<br />

Artigos de revisão e relato de caso também devem apresentar<br />

resumo e summary, os quais não precisam obedecer<br />

a estruturação proposta acima.<br />

Também devem ser incluídos até 3 descritores (palavras<br />

chave), assim com a respectiva tradução para os descriptors<br />

(key words). Esses descritores podem ser consultados nos<br />

endereços eletrônicos: http://decs.bvs.br/ que contém termos<br />

em português, espanhol ou inglês, ou www.nlm.nih.gov/<br />

mesh, para termos somente em inglês.<br />

3.3 Corpo do Artigo (apenas para as seções de artigo original)<br />

Deve ser dividido em Introdução, Método, Resultados,<br />

Discussão e Conclusão. As Referências Bibliográficas devem<br />

ser citadas numericamente, por ordem de aparecimento<br />

no texto, sob a forma de potenciação.<br />

• Introdução: Deve informar o objetivo da investigação,<br />

a relação com outros trabalhos na área e as razões para<br />

realização da pesquisa. Uma extensa revisão da literatura<br />

não é recomendada.<br />

• Método: Informações suficientes devem ser dadas no<br />

texto ou por citação de trabalhos em revistas geralmente<br />

disponíveis, de modo a permitir que o trabalho possa ser<br />

reproduzido. Informar sobre o delineamento do estudo<br />

(definir, se pertinente, se o estudo é randomizado, cego,<br />

prospectivo, etc.), os pacientes ou participantes (definir<br />

critérios de seleção, número de casos no início e fim do<br />

estudo, características essenciais da amostra, etc.), as<br />

intervenções (descrever procedimentos e drogas utilizados),<br />

os critérios de mensuração do desfecho, aspectos<br />

éticos e análise estatística. A descrição de métodos já<br />

publicados deve ser evitada; neste caso, uma referência<br />

pode ser enumerada.<br />

• Resultados: Os resultados devem ser apresentados clara<br />

e concisamente. Informar os principais dados, intervalos<br />

de confiança e significância estatística. Tabelas e figuras<br />

devem ser usadas apenas quando necessárias para a<br />

efetiva compreensão dos dados.<br />

• Discussão: O objetivo da Discussão é interpretar os resultados<br />

e relacioná-los com conhecimentos existentes,<br />

cotejando-os com a literatura nacional e internacional.<br />

Devem ser salientados os aspectos novos e importantes<br />

do estudo, bem como suas implicações e limitações.<br />

Informações fornecidas em outros locais do texto podem<br />

ser citadas, mas não repetidas em detalhes na Discussão.<br />

• Conclusões: Apresentar apenas aquelas apoiadas pelos dados<br />

do estudo e que contemplem os objetivos, bem como sua<br />

aplicação prática, dando ênfase igual a achados positivos<br />

e negativos que tenham méritos científicos similares.<br />

3.4 Agradecimentos<br />

Se desejados, devem ser concisos e serem apresentados ao<br />

final do texto, mencionando-se os nomes de participantes<br />

que contribuíram, intelectual ou tecnicamente, em alguma<br />

fase do trabalho, mas que não tenham preenchido os requisitos<br />

para autoria, bem como, às agências de fomento que<br />

subsidiaram as pesquisas que resultaram no artigo publicado.<br />

3.5 Referências Bibliográficas<br />

As referências bibliográficas devem ser citadas quando de<br />

fato consultadas, em algarismos arábicos em forma de potenciação<br />

e numeradas por ordem de citação no texto. Devem<br />

ser citados todos os autores, quando até seis; acima deste<br />

número, citam-se os seis primeiros seguidos de et al. O<br />

periódico deverá ter seu nome abreviado segundo o Cummulated<br />

Index Medicus/ Medline. Seguem alguns exemplos dos<br />

principais tipos de referências bibliográficas; outros exemplos<br />

podem ser consultados no site da National Library of Medicine<br />

(http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).<br />

198


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

Material impresso<br />

Artigo de revista<br />

Storger H, Grube E, Hofmann M, Schwarz F, Haase J. Clinical<br />

experiences using everolimus-eluting stents in patients with<br />

coronary artery disease. J Interv Cardiol. 2004;17(6):387-90.<br />

Instituição como autor<br />

The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical<br />

exercise stress testing. Safety and performance guidelines.<br />

Med J Aust. 164(5):282-4.<br />

Sem indicação de autoria<br />

Public policy and coronary stenting: report of an expert<br />

panel to the cardiac Care Network of Ontario. Cardiac<br />

Care Network of Ontario Expert Panel on Intracoronary<br />

Stents. Can J Cardiol. 1997;13(8):731-46.<br />

Capítulo de livro<br />

Meidell RS, Gerard RD, Sambrook JF. Molecular biology<br />

of thrombolytic agents. In: Roberts R, editor. Molecular<br />

Basis of Cardiology. Cambridge, MA:Blackwell Scientific<br />

Publications, 1993. p.295-324.<br />

Livro<br />

Safian RD, Freed MS. The manual of interventional cardiology.<br />

3rd ed. Royal Oak:Physicians’ Press;2001. p.1050.<br />

Tese<br />

Tanajura LFL. Comparação randomizada entre o implante<br />

de stents com ou sem carbeto de silício amorfo para a<br />

prevenção da reestenose coronária [Tese de doutorado].<br />

São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina,<br />

2003. 122p.<br />

Eventos<br />

Arrieta R, Esteves C, Braga S, Simon J, Graebin R, Silva A<br />

et al. Angioplastia das artérias pulmonares com cateter<br />

balão: resultados imediatos e tardios. In: XXVI Congresso da<br />

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista;<br />

2004; João Pessoa. Anais. João Pessoa: Sociedade<br />

Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista;<br />

2004. p.65.<br />

3.6 Tabelas<br />

Devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a<br />

efetiva compreensão do trabalho, não contendo informações<br />

redundantes já citadas no texto e numeradas por ordem de<br />

aparecimento. Devem ser apresentadas em página separadas<br />

e configuradas em espaço-duplo. Devem ser enumeradas<br />

em numeral arábico e conter um título curto. Utilize a<br />

mesma fonte que a utilizada no texto. Indicar os marcadores<br />

de rodapé na seguinte ordem: *, †, ‡, §, ||, #, **.<br />

Não use linhas verticais entre as colunas. Use linhas horizontais<br />

apenas na parte superior e inferior do cabeçalho<br />

e na parte inferior da tabela. As abreviações utilizadas na<br />

tabela devem ser definidas no rodapé da própria tabela.<br />

3.7 Figuras<br />

Para a submissão, as figuras devem ter boa resolução para<br />

serem avaliadas pelos revisores, preferencialmente em formato<br />

JPEG, podendo ser enviadas também em PDF, TIFF/Gif. As<br />

legendas das figuras devem permitir sua perfeita compreensão,<br />

independente do texto. As abreviações usadas nas<br />

ilustrações devem ser explicitadas nas legendas.<br />

4 POLÍTICA EDITORIAL<br />

4.1 Avaliação pelos pares<br />

Todos os trabalhos enviados à Revista serão submetidos à<br />

avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos três<br />

revisores selecionados entre Editores Associados e membros<br />

do Conselho Editorial. A aceitação será feita com base<br />

na originalidade, significância e contribuição científica. Os<br />

revisores farão comentários gerais sobre o trabalho e informarão<br />

se o mesmo deve ser publicado, corrigido segundo<br />

as recomendações ou rejeitado. De posse destes dados, o<br />

Editor tomará a decisão final. Em caso de discrepâncias<br />

entre os avaliadores, poderá ser solicitada uma nova opinião<br />

para melhor julgamento. Quando forem sugeridas modificações,<br />

as mesmas serão encaminhadas ao autor principal<br />

e, em seguida, aos revisores para estes verificarem se as<br />

exigências foram satisfeitas. Em casos excepcionais, quando<br />

o assunto do manuscrito assim o exigir, o Editor poderá<br />

solicitar a colaboração de um profissional que não conste<br />

da relação os Editores Associados e Conselho Editorial para<br />

fazer a avaliação. A decisão sobre a aceitação do artigo<br />

para publicação ocorrerá, sempre que possível, no prazo<br />

de 90 dias a partir da data de seu recebimento.<br />

4.2 Pesquisa com seres humanos e animais<br />

Os autores devem, na seção Método, informar se a pesquisa<br />

foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua<br />

Instituição, em consoante à Declaração de Helsinki. Nos<br />

trabalhos experimentais envolvendo animais, as normas<br />

estabelecidas no “Guide for the Care and Use of Laboratory<br />

Animals” (Institute of Laboratory Animal Resources, National<br />

Academy of Sciences, Washington, D.C., 1996) e os Princípios<br />

éticos na experimentação animal do Colégio Brasileiro<br />

de Experimentação Animal (COBEA) devem ser respeitados.<br />

4.3 Direitos autorais<br />

Os autores dos manuscritos aprovados deverão encaminhar,<br />

previamente à publicação, a seguinte declaração escrita e<br />

assinada por todos os co-autores:<br />

“O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos<br />

autorais do manuscrito (título do artigo) à Revista Brasileira<br />

de Cardiologia Invasiva. O(s) signatário(s) garante(m) que<br />

o artigo é original, que não infringe os direitos autorais ou<br />

qualquer outro direito de propriedade de terceiros, que<br />

não foi enviado para publicação em nenhuma outra revista<br />

e que não foi publicado anteriormente. O(s) autor(es) confirma(m)<br />

que a versão final do manuscrito foi revisada e<br />

aprovada por ele(s)”.<br />

Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade<br />

permanente da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

e não podem ser publicados sem o consentimento por<br />

escrito de seus editores.<br />

199


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

4.4 Critérios de Autoria<br />

Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos<br />

artigos segundo as recomendações do International Committee<br />

of Medical Journal Editors. Assim, apenas aquelas pessoas que<br />

contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho<br />

devem ser listadas como autores. Os autores devem<br />

satisfazer a todos os seguintes critérios, de forma a poderem<br />

ter responsabilidade pública pelo conteúdo do trabalho:<br />

• ter concebido e planejado as atividades que levaram ao<br />

trabalho ou interpretado os resultados a que ele chegou,<br />

ou ambos;<br />

• ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas<br />

e participado no processo de revisão;<br />

• ter aprovado a versão final.<br />

Exercer posição de chefia administrativa, contribuir com<br />

pacientes e coletar e agrupar dados, embora importantes<br />

para a pesquisa, não são critérios para autoria. Outras<br />

pessoas que tenham feito contribuições substanciais e diretas<br />

ao trabalho, mas que não possam ser consideradas autores,<br />

podem ser citadas na seção Agradecimentos.<br />

5 COMO ENVIAR O MATERIAL PARA SUBMISSÃO<br />

Todos os artigos devem vir acompanhados por uma Carta de<br />

Submissão, sugerindo a Seção em que o artigo deva ser<br />

incluído, declaração do autor de que todos os co-autores<br />

estão de acordo com o conteúdo expresso no trabalho,<br />

explicitando presença ou não de conflito de interesse e a<br />

inexistência de problema ético relacionado. A carta de<br />

submissão deve conter o número de palavras contidas no<br />

texto (excluindo Tabelas e Figuras), o número de Tabelas e<br />

Figuras. Se os autores pretendem publicar o artigo apenas na<br />

versão on-line, este desejo deve constar na carta de submissão.<br />

Neste caso, apenas o título do artigo e os autores serão<br />

publicados na revista impressa; o texto e todo o seu conteúdo<br />

estarão disponíveis integralmente na Revista on-line.<br />

Os manuscritos devem ser, obrigatoriamente, submetidos<br />

eletronicamente no site www.sbhci.org.br. Caso os autores<br />

ainda não tenham se cadastrado, é necessário fazê-lo antes<br />

de submeter o trabalho, seguindo as orientações que constam<br />

do site. Os textos devem ser editados em Word e figuras,<br />

gráficos e tabelas devem estar em arquivos separados.<br />

Formatos de submissão: texto em Word (preferível), Word<br />

Perfect. Figuras devem ser submetidas como JPEG (preferível),<br />

PDF, TIFF/Gif, Adobe photoshop, Excel, Word, Word<br />

Perfect.<br />

Para os artigos publicados exclusivamente na versão on-line<br />

da revista é permitido o envio de imagens em formato avi.<br />

6 ARTIGOS REVISADOS<br />

• Os artigos que necessitarem de revisão para a aceitação<br />

e publicação na Revista serão reenviados aos autores<br />

por e-mail, com os comentários individualizados dos<br />

revisores.<br />

• Uma vez feita a revisão do manuscrito pelos autores, o<br />

mesmo deverá ser novamente enviado para a revista no<br />

prazo máximo de 60 dias. Se a revisão for recebida após<br />

este prazo, o artigo será considerado como novo e<br />

passará novamente por todo o processo de submissão.<br />

• Na sua resposta aos comentários dos revisores, por favor<br />

aponte a página, o parágrafo e o número da linha onde<br />

cada alteração foi feita.<br />

7 ARTIGOS ACEITOS PARA PUBLICAÇÃO<br />

• Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo<br />

editorado (formato PDF) será enviada ao autor correspondente<br />

para sua avaliação e aprovação definitiva.<br />

• A secretaria editorial poderá solicitar figuras de alta<br />

resolução para a publicação.<br />

200


Rev Bras Cardiol Invas 2007; <strong>15</strong>(2): 201-204.<br />

Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

Instructions for Authors<br />

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

The Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva – Rev<br />

Bras Cardiol Invas (Brazilian Journal of Invasive Cardiology)<br />

is the official instrument of communication of the Brazilian<br />

Association of Hemodynamics and Interventional Cardiology<br />

(Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista<br />

– SBHCI). It is a quarterly publication that has<br />

been regularly distributed since 1993. The Rev Bras Cardiol<br />

Invas is indexed in LILACS - Literatura Latino-Americana<br />

e do Caribe em Ciências da Saúde - database.<br />

Manuscripts submitted to publication by the Rev Bras<br />

Cardiol Invas must concern subjects such as percutaneous<br />

cardiovascular interventions in humans, in experimental<br />

animals or in vitro experiments. The major areas of interest<br />

are: coronary percutaneous intervention, percutaneous interventions<br />

in congenital cardiopathies, procedures in heart<br />

valve diseases, percutaneous interventions in peripheral<br />

vascular disease, angiographies, and diagnostic imaging of<br />

cardiovascular diseases. They must be written in Portuguese,<br />

Spanish or English, following current orthography standards,<br />

and using a simple and precise language.<br />

All manuscripts submitted to the journal shall be considered<br />

for printed publication; however, if authors wish their manuscripts<br />

to be published online only, this should be stated<br />

in the submission letter. If the editors agree to the request,<br />

the paper will be published faster in the online version of<br />

the journal.<br />

1 TO CONTACT THE JOURNAL<br />

Áurea Jacob Chaves, MD Editor<br />

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

Rua Beira Rio, 45 - 7º andar - Conj. 71<br />

São Paulo - SP - Brazil - ZIP Code 04548-050<br />

Phone: 55 11 3849 5034 - E-mail: revista@sbhci.org.br<br />

Site: www.rbci.org.br<br />

2 GENERAL INFORMATION<br />

The journal publishes the articles in different sections:<br />

2.1 Editorial: Usually, the editorials refer to articles selected<br />

from each issue of the Rev Bras Cardiol Invas because<br />

of their importance to the scientific community. They<br />

are written by the editorial body of the journal or<br />

requested from opinion leaders of the field in question.<br />

The editorial advisory board may, eventually, consider<br />

the publication of unsolicited editorials. These should<br />

not exceed 1.000 words and <strong>15</strong> references; figures<br />

and tables are permitted up to a limit of 2. The number<br />

of authors may not exceed 3. There is no need of a<br />

summary or an abstract.<br />

2.2 Original Article: In this section, controlled and random<br />

studies, observational studies, registries and basic research<br />

with animals are published. The papers are<br />

spontaneously submitted for publication by authors.<br />

They must be arranged in Introduction, Method, Results,<br />

Discussion, Conclusion, References. They must have<br />

one Summary in the language the paper is written in<br />

and one in English. The text must not contain less than<br />

2.000 or more than 3.000 words, excluding Tables,<br />

References and Summaries. The number of References<br />

should not exceed 30.<br />

2.3 Review: Is a careful evaluation of the available literature<br />

on issues of clinical importance. Usually, experienced<br />

and renowned professionals of the areas of<br />

interest of our readers are invited to write these reviews,<br />

but this journal also accepts manuscripts submitted<br />

spontaneously by the scientific community. The<br />

revisions must have a maximum of 6.000 words, excluding<br />

References and Tables. The References must<br />

be updated, preferably less than 5 years old, and<br />

limited to a maximum of 60 articles.<br />

2.4 Viewpoint: In this section, a summary of an important<br />

article in a specialty is presented. One or more experts<br />

in that field are invited to comment on the article, its<br />

pros and cons, method, concepts, clinical use and<br />

importance. The comments must be limited to 500<br />

words and 10 references.<br />

2.5 Case Report: A description of patients or singular situations,<br />

rare diseases or diseases that have not been<br />

previously reported, as well as new and innovative<br />

means of diagnosis or treatments. The text must have<br />

a short introduction - to place the reader on the<br />

importance of the subject and to justify the report –<br />

a description of the case and a discussion, where<br />

relevant aspects of the case are considered and compared<br />

with the available literature. The manuscript<br />

must have less than 2.000 words, excluding References<br />

(limited to <strong>15</strong>) and Tables. We suggest a maximum of<br />

3 illustrations.<br />

2.6 Brief Communication: Original experiences up to 1.500<br />

words and 10 references.<br />

2.7 Letter to the Editor: In essence, the letters should<br />

comment, discuss or criticize articles published by this<br />

journal, but they can also relate to other issues of<br />

general interest. We recommend that the text should<br />

not exceed 1.000 words, including References (up to<br />

5). They may or may not have a title. Up to 2 figures<br />

can be added to the letter. Whenever adequate and<br />

possible, the reply of the author of the article under<br />

discussion will be published with the letter.<br />

2.8 Imaging & Cardiovascular Intervention: Publication<br />

of imaging in cardiovascular medicine, such as angiography,<br />

computed tomography, nuclear magnetic re-<br />

201


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

sonance, intravascular ultrasound and others. In this<br />

section, new techniques or treatments in the specialty<br />

may be published. It must be a concise text, limited<br />

to 300 words, without discussions or references.<br />

2.9 Science & Technology: Texts about new technologies<br />

and scientific discoveries, up to 300 words. One figure<br />

and 2 references may be included. In this section,<br />

there is no identified author or commercial stamp, so<br />

there are no ties with advertisers. Contributions to this<br />

section can be made by specialists, professionals from<br />

the related industries or suggested by the Editorial<br />

Advisory Board.<br />

2.10 Special Article: Manuscripts that cannot be classified<br />

in any of the previous sections and which the Editorial<br />

Advisory Board considers important for the field of<br />

invasive cardiology, may be published in this section.<br />

The revision of such manuscripts follows special standards,<br />

and there are no restrictions concerning the<br />

length of the text or the number of references.<br />

3 MANUSCRIPT PREPARATION<br />

The journal follows the requirements of the Vancouver<br />

Group – Uniform Requirements for Manuscripts Submitted<br />

to Biomedical Journals, organized by the International Committee<br />

of Medical Journal Editors, available at www.icmje.org.<br />

3.1 Title Page – Identification<br />

The title page must include:<br />

• The title of the manuscript – it must be concise and<br />

descriptive – in Portuguese and in English;<br />

• The name, degrees and other qualifications of all authors,<br />

as well as the name of the institution where the research<br />

was performed;<br />

• The name, address, telephone, fax and e-mail of the<br />

corresponding author.<br />

• If the work has been presented in a congress, the name<br />

of the event, date and place of the presentation may be<br />

mentioned.<br />

3.2 Second Page – Summary (only for Original Research,<br />

Literature Review and Case Report sections)<br />

The summary for the Original Research must be structured<br />

in four segments: Introduction, Method, Results and Conclusions.<br />

It must allow understanding without the need of access<br />

to the original text. The summary must be written in the<br />

language of the manuscript and then translated into English.<br />

Literature Reviews and Case Reports must also have two<br />

summaries, one in each language, but they do not have to<br />

follow the structure as mentioned above.<br />

At the end of the summary, for indexing purposes, up to<br />

three descriptors (key words) must be included – the descriptors<br />

must also be translated. http://www.decs.bvs.br provides a<br />

list of descriptors in Portuguese, Spanish and English; at<br />

www.nlm.nih.gov/mesh they are available in English only.<br />

3.3 Text (for the Original Article section)<br />

The text must be organized in Introduction, Method, Results,<br />

Discussion and Conclusion. The References must be identified<br />

by superscribed Arabic numerals and in order of appearance.<br />

• Introduction: Must inform the aim of the investigation, its<br />

relation with other studies in the field and the reasons<br />

why the research was performed. An over extensive<br />

literature revision is not advisable.<br />

• Method: There should be enough information in the text<br />

or in the references as to allow a reproduction of the<br />

experiment. You must inform:<br />

- the outline of the study - define, if pertinent, whether it<br />

is a random study, a blind study, a prospective study, etc;<br />

- the patients or participants - define the standard for the<br />

selection, number of cases in the beginning and in the end<br />

of the study, essential characteristics of the samples, etc;<br />

- the procedures - describe the procedures and the drugs<br />

that were used;<br />

- the criteria used to measure results;<br />

- the ethical aspects;<br />

- the statistical analysis.<br />

We do not recommend the description of methods that<br />

have already been published. If that is the case, use a<br />

reference.<br />

• Results: The results must be presented concisely. Inform<br />

the major data, the confidence interval and the statistical<br />

significance. Tables and figures must be used only if<br />

necessary to enhance the comprehension of the data.<br />

• Discussion: The goal of the discussion is to interpret the<br />

results and to link them with the available literature on<br />

the subject. The innovative and most important aspects<br />

of the study must be highlighted, as well as their implications<br />

and limitations. Information that is supplied in other parts<br />

of the text may be mentioned, but not repeated in detail<br />

in the discussion.<br />

• Conclusions: Present only those conclusions that are based<br />

on data from the study and that explain the aims of the<br />

study. Inform their practical relevance. Give equal importance<br />

to positive and negative findings that have<br />

similar scientific merits.<br />

3.4 Acknowledgements<br />

If the author wishes to make acknowledgements, these<br />

must be short and presented at the end of the text. Usually,<br />

all people that participated either intellectually or technically<br />

in any phase of the research but do not meet the criteria<br />

for authorship are mentioned in this section. Sponsors should<br />

also be acknowledged.<br />

3.5 References<br />

References must be listed only when they were effectively<br />

used. They must be identified by superscribed Arabic numerals<br />

and in order of appearance. The names of all authors must<br />

be mentioned. If there are more than 6 authors, list the 6<br />

202


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

first ones and et al. The name of the journal must be<br />

abbreviated according to the Cummulated Index Medicus/<br />

Medline. We provide a list with some examples. For more<br />

information search the National Library of Medicine at<br />

http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html.<br />

Examples<br />

Articles in Journals<br />

Storger H, Grube E, Hofmann M, Schwartz F, Haase J. Clinical<br />

experiences using everolimus-eluting stents in patients with<br />

coronary artery disease. J Interv Cardiol. 2004;17(6):387-90.<br />

Issued by the performing agency<br />

The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical<br />

exercise stress testing. Safety and performance guidelines.<br />

Med J Aust. 164(5):282-4.<br />

No author given<br />

Public policy and coronary stenting: report of an expert<br />

panel to the cardiac Care Network of Ontario. Cardiac<br />

Care Network of Ontario Expert Panel on Intracoronary<br />

Stents. Can J Cardiol. 1997;13(8):731-46.<br />

Chapter in a book<br />

Meidell RS, Gerard RD, Sambrook R, editor. Molecular<br />

Basis of Cardiology. Cambridge, MA:Blackwell Scientific<br />

Publications, 1993. p.295-324.<br />

Book<br />

Safian RD, Freed MS. The manual of interventional cardiology.<br />

3 rd ed. Royal Oak:Physicians’ Press;2001. p.1050.<br />

Dissertation<br />

Tanajura LFL. Comparação randomizada entre o implante<br />

de stents com ou sem carbeto de silício amorfo para a<br />

prevenção da reestenose coronária [Tese de doutorado].<br />

São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina,<br />

2003. 122p.<br />

Conference proceedings<br />

Arrieta R, Esteves C, Braga S, Simon J, Graebin R, Silva A<br />

et al. Angioplastia das artérias pulmonares com cateter<br />

balão: resultados imediatos e tardios. In: XXVI Congresso da<br />

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista;<br />

2004; João Pessoa. Anais. João Pessoa: Sociedade<br />

Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista;<br />

2004. p.65.<br />

3.6 Tables<br />

Whenever necessary to aid the comprehension of the text,<br />

tables can be included. They must not contain information<br />

that has already been supplied in the text and must be<br />

numbered (in Arabic numbers) by order of appearance.<br />

They must be sent in separate sheets of paper and typed<br />

with double spacing. They must have a short title. Use the<br />

same font as the text. The symbols in the footnotes should<br />

be sequenced as follows: *, †, ‡, §, ||, #, **.<br />

Do not use internal vertical or horizontal lines. Explain in<br />

footnotes all nonstandard abbreviations.<br />

3.7 Figures (Illustrations)<br />

The figures sent with the manuscript to reviewers must<br />

have a good resolution, preferably in JPEG format, though<br />

PDF, TIFF/Gif are also accepted. The legends must allow<br />

the comprehension of the illustrations, without need of the<br />

text. They must also contain the explanation for the abbreviations<br />

used in the figures.<br />

4 EDITORIAL POLICIES<br />

4.1 Peer Review<br />

All manuscripts submitted to the journal are assessed by at<br />

least three experts selected among the Associate Editors<br />

and the members of the Editorial Advisory Board. The<br />

acceptance will be made according to originality, significance<br />

and scientific contribution. The reviewers usually make<br />

comments and suggestions and inform the editor whether<br />

they think the work should be accepted without revision,<br />

accepted with revisions or rejected. The Editor makes the<br />

final decision. If the reviewers disagree about a manuscript,<br />

the journal may ask for a further assessment by other<br />

reviewers. When the reviewers suggest changes, these are<br />

requested from the first author, and the manuscript is then<br />

forwarded to the reviewers for a new revision. In exceptional<br />

cases, the editor may request an independent reviewer. An<br />

author should expect a response in 90 days from the date<br />

the manuscript is received by the journal.<br />

4.2 Research on human subjects and animals<br />

The authors must indicate in the section “Method” whether<br />

the procedures were approved by the commission responsible<br />

for ethical research in the institution where the study was<br />

conducted and whether they are in accordance with the<br />

Helsinki Declaration. When reporting experiments on animals,<br />

the guidelines established by the “Guide for the Care<br />

and Use of Laboratory Animals” (Institute of Laboratory<br />

Animal Resources, National Academy of Sciences, Washington,<br />

D.C., 1996) and the Ethical Principles for Experiments<br />

with Animals from the Brazilian Academy of Experiments<br />

on Animals (Princípios éticos na experimentação animal do<br />

Colégio Brasileiro de Experimentação Animal – COBEA),<br />

must be followed.<br />

4.3 Copyright<br />

The authors of the accepted manuscripts must make a declaration<br />

in writing (before the paper is published) as follows:<br />

“The author/ authors undersigned transfer the copyrights of<br />

the manuscript (Title of the Paper) to the Revista Brasileira<br />

203


Normas para Publicação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva<br />

de Cardiologia Invasiva. They take full responsibility for the<br />

integrity of the work as a whole, guaranteeing that it is<br />

original, does not infringe copyrights or any other property<br />

rights of third parties, that it has not been submitted for<br />

publication by any other journal and that it has not been<br />

previously published. They also confirm that the final version<br />

o the manuscript was revised and approved by them.”<br />

All published manuscripts become permanent property of<br />

the Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva and may not<br />

be published without the editors’ written consent.<br />

4.4 Authorship<br />

We suggest that the criteria for establishing authorship<br />

should follow the recommendations of the International<br />

Committee of Medical Journal Editors.<br />

An author should be someone who has made substantial<br />

intellectual and direct contribution to the work. So authors<br />

should fulfill all of the following criteria and have full<br />

public responsibility for the contents of the manuscript:<br />

• to have participated in the conception and planning of<br />

the activities that lead to the work, or to have interpreted<br />

the results of the research, or both;<br />

• to have written the manuscript or revised the successive<br />

versions of the manuscript and to have participated in<br />

the process of revision;<br />

• to have approved the final version of the manuscript.<br />

The general supervision of the research group, the care of<br />

patients and the collection of data, although very important,<br />

do not justify authorship. All people who have made direct<br />

and important contributions to the work, but do not meet<br />

the criteria for authorship, may be listed in the Acknowledgements<br />

section.<br />

5 SENDING THE MANUSCRIPT<br />

All manuscripts must be accompanied by a Submission Letter,<br />

suggesting the section in which the paper should be<br />

published, and by a statement signed by all authors in which<br />

they disclose their agreement to all of the contents of the<br />

manuscript, reveal if there are any conflicts of interest and<br />

guarantee that there are no ethical predicaments concerning<br />

the research. The letter should inform the number of words<br />

in the manuscript (except Tables and Figures), the number<br />

of Tables and the number of Figures. If the authors wish to<br />

have their papers published online only, they must express<br />

that in the submission letter. In this case, only the title and<br />

the names of the authors are published in the printed version<br />

of the journal; the paper will be available online.<br />

Manuscripts must be submitted electronically by the Internet<br />

site www.sbhci.org.br. In cases of authors who have not<br />

registered yet, this will be necessary to submit any manuscript.<br />

Registration is possible following the steps detailed in the<br />

site. Texts are to be edited in Word and graphics, photos,<br />

tables and illustrations must be submitted in separated files.<br />

The manuscript should be sent as Word (preferable) or<br />

Word Perfect files. The figures should be sent as JPEG<br />

(preferable), PDF, TIFF/Gif, Adobe photoshop, Excel, Word<br />

or Word Perfect files.<br />

Manuscripts submitted for publishing online only, may have<br />

images sent in the avi format.<br />

6 REVIEWED MANUSCRIPTS<br />

• Manuscripts accepted with revisions will be sent to authors<br />

by e-mail, accompanied by the remarks made by each<br />

reviewer.<br />

• Once the authors receive the reviewed manuscripts, they<br />

must make the necessary changes and send the corrected<br />

version to the journal in 60 days. If the journal receives<br />

the manuscript after the deadline, the manuscript will be<br />

considered a new one and will have to go through the<br />

submission process again.<br />

• Whether authors accept or refuse the suggestions made by<br />

the reviewers, they must inform the page, the paragraph<br />

and the number of the line in which alterations are made.<br />

7 ACCEPTED MANUSCRIPTS<br />

• Once the manuscript has been accepted, a proof of the<br />

edited paper (PDF format) will be sent to the corresponding<br />

author for evaluation and final approval.<br />

• The journal may request high resolution figures for publication.<br />

204


REVISTA BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA INVASIVA Ano <strong>15</strong> - Número 2 - <strong>Vol</strong>ume <strong>15</strong> - Abril/Maio/Junho 2007

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