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São Carlos, v.8 n. 30 2006 - SET - USP

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São <strong>Carlos</strong>, <strong>v.8</strong> n. <strong>30</strong> <strong>2006</strong>


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />

Reitor:<br />

Profa. Titular SUELY VILELA SAMPAIO<br />

Vice-Reitor:<br />

Prof. Titular FRANCO MARIA LAJOLO<br />

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS<br />

Diretor:<br />

Prof. Titular FRANCISCO ANTONIO ROCCO LAHR<br />

Vice-Diretor:<br />

Prof. Titular ARTHUR JOSÉ VIEIRA PORTO<br />

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS<br />

Chefe do Departamento:<br />

Prof. Titular CARLITO CALIL JUNIOR<br />

Suplente do Chefe do Departamento:<br />

Prof. Titular SÉRGIO PERSIVAL BARONCINI PROENÇA<br />

Coordenador de Pós-Graduação:<br />

Prof. Associado MARCIO ANTONIO RAMALHO<br />

Coordenadora de Publicações e Material Bibliográfico:<br />

MARIA NADIR MINATEL<br />

e-mail: minatel@sc.usp.br<br />

Editoração e Diagramação:<br />

FRANCISCO CARLOS GUETE DE BRITO<br />

MASAKI KAWABATA NETO<br />

MELINA BENATTI OSTINI<br />

TATIANE MALVESTIO SILVA


São <strong>Carlos</strong>, <strong>v.8</strong> n. <strong>30</strong> <strong>2006</strong>


Departamento de Engenharia de Estruturas<br />

Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong> – <strong>USP</strong><br />

Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 – Centro<br />

CEP: 13566-590 – São <strong>Carlos</strong> – SP<br />

Fone: (16) 3373-9481 Fax: (16) 3373-9482<br />

site: http://www.set.eesc.usp.br


SUMÁRIO<br />

Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em<br />

perfis soldados<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves 1<br />

Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por<br />

vigas-T<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias 27<br />

Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com<br />

compósito de fibra de carbono<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai 59<br />

Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em<br />

pontes de madeira<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior 79<br />

Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com<br />

adição de fibras de aço<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo 111<br />

Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou não<br />

com meio contínuo tridimensional viscoelástico através da combinação entre o MEC e<br />

o MEF<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda 135


ISSN 1809-5860<br />

ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE<br />

ELEMENTOS COMPRIMIDOS DE AÇO: ÊNFASE EM<br />

PERFIS SOLDADOS<br />

Geraldo Donizetti de Paula 1 & Roberto Martins Gonçalves 2<br />

Resumo<br />

Este trabalho apresenta resultados de uma análise teórico-experimental sobre a<br />

resistência à compressão de perfis I soldados de aço, formados por chapas cortadas<br />

a maçarico. A construção metálica no Brasil utiliza os perfis I soldados de aço<br />

formados por chapas cortadas a maçarico em virtude da pouca disponibilidade no<br />

mercado dos perfis laminados. Os perfis soldados brasileiros apresentam dimensões<br />

(altura, largura de mesa e espessura) diferentes das encontradas nos perfis<br />

laminados e soldados, fabricados em outros países. Apresentam-se os principais<br />

parâmetros envolvidos na formulação das curvas de resistência à compressão para<br />

perfis soldados de pequenas dimensões, tais como: tensões residuais, imperfeições<br />

geométricas iniciais e seus efeitos no cálculo da resistência à compressão dos perfis<br />

soldados compostos por chapas cortadas a maçarico. Os perfis ensaiados pertencem<br />

às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29, sendo que foram obtidos resultados<br />

experimentais da força normal crítica e das imperfeições geométricas iniciais para três<br />

modelos de cada série com quatro índices de esbeltez diferente.<br />

Palavras-chave: perfis soldados de aço; resistência à compressão; imperfeições<br />

iniciais.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Apresenta-se neste trabalho as formulações analíticas baseadas no modelo de<br />

2ª espécie, os principais parâmetros que regem as curvas de resistência à<br />

compressão dos perfis de aço estrutural e os resultados de uma análise teóricoexperimental<br />

sobre a resistência à compressão dos perfis I soldados de aço formados<br />

por chapas cortadas a maçarico (I – FC) das séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e<br />

PS 225 x 29.<br />

A análise experimental consta-se do ensaio de caracterização do aço, do<br />

ensaio para medir as imperfeições iniciais transversais medidas ao longo do<br />

1 Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-<strong>USP</strong>, geraldo@em.ufop.br<br />

2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-<strong>USP</strong>, goncalve@sc.usp.br<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


2<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

comprimento dos perfis e do ensaio à compressão dos perfis I – FC, com três<br />

modelos para cada série, sendo utilizados quatro índices de esbeltez λ diferente.<br />

Os resultados teóricos e experimentais se referem à força normal crítica dos<br />

modelos ensaiados à compressão.<br />

Utiliza-se a nomenclatura PS para representar as séries de perfis I soldados<br />

de aço duplamente simétricos, não relacionadas nas Tabelas do anexo B da norma<br />

NBR 5884: 2000, atendendo uma recomendação da própria norma.<br />

2 ANÁLISE TEÓRICA<br />

Apresenta-se nesta seção uma análise baseada no denominado modelo de<br />

2 a espécie, admitindo o equilíbrio do elemento comprimido em sua posição deslocada<br />

e as curvas de resistência à compressão recomendadas pelas normas brasileira<br />

NBR 8800:1986 e européia Eurocode 3:1992.<br />

A partir da análise do modelo de 2 a espécie pode-se definir os principais<br />

parâmetros envolvidos na formulação das curvas de resistência à compressão para as<br />

diversas famílias de perfis de aço estrutural.<br />

Os resultados da força normal crítica teórica de cada modelo analisado são<br />

determinados a partir das curvas b e c da norma Eurocode 3:1992, admitindo as<br />

imperfeições iniciais v 0 medidas em laboratório.<br />

2.1 Modelo de 2ª espécie<br />

O modelo de 2 a espécie, considerado nesta análise, representa um elemento<br />

comprimido com articulações nas extremidades em sua posição deslocada, ou seja,<br />

um elemento com um deslocamento inicial v 0 no meio do vão, conforme ilustra a<br />

Figura 1.<br />

N<br />

L/2<br />

posição<br />

deslocada<br />

L<br />

v 0<br />

L/2<br />

x<br />

y<br />

N<br />

(a) elemento comprimido<br />

(b) perspectiva<br />

Figura 1 - Modelo de 2 a espécie.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

3<br />

Admitindo o equilíbrio do elemento na posição deslocada, obtém-se a<br />

expressão para o momento de segunda ordem:<br />

⎡ 1<br />

( )⎥ ⎥ ⎤<br />

M = Nv ⎢<br />

(1)<br />

0<br />

⎢⎣<br />

1−<br />

N Ne<br />

⎦<br />

Para análise de um modelo de 2ª espécie, pode-se admitir a verificação da<br />

resistência na seção mais solicitada de um elemento comprimido na sua configuração<br />

deformada.<br />

Admitindo que a máxima tensão num elemento comprimido seja igual à tensão<br />

de escoamento do material f y , tem-se a expressão da flexão composta, definida como:<br />

N<br />

A<br />

g<br />

M<br />

f<br />

+ = y<br />

(2)<br />

W<br />

Substituindo a expressão (1) em (2) e introduzindo A g , obtém-se:<br />

N<br />

A<br />

g<br />

⎛ A ⎞<br />

N ⎜ g ⎟<br />

⎛ 1 ⎞<br />

+ v ⎜ ⎟<br />

0<br />

= f<br />

⎜ ⎟<br />

y<br />

W<br />

⎜<br />

A<br />

⎟<br />

(3)<br />

⎝ g ⎠ ⎝1<br />

− N Ne<br />

⎠<br />

Rearranjando a equação (3), tem-se:<br />

N<br />

A<br />

g<br />

N ⎛ 1 ⎞<br />

+ η ⎜ ⎟ = f<br />

⎟<br />

y<br />

(4)<br />

⎜<br />

A g ⎝1<br />

− N N e ⎠<br />

onde:<br />

A g v 0<br />

η =<br />

(5)<br />

W<br />

Reescrevendo a expressão (4), tem-se:<br />

⎛<br />

⎜ N<br />

η<br />

⎜<br />

⎝<br />

A g<br />

⎞ ⎛<br />

⎟ ⎜<br />

=<br />

⎟<br />

⎜<br />

f<br />

⎠ ⎝<br />

y<br />

N<br />

−<br />

A<br />

g<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎛<br />

⎜ N<br />

−<br />

⎟<br />

1<br />

⎜<br />

⎠ ⎝ Ne<br />

⎞<br />

⎟<br />

(6)<br />

⎟<br />

⎠<br />

Dividindo os dois termos da equação (6) por f y e reescrevendo, tem-se:<br />

( 1 − N )( 1 − N )<br />

η N =<br />

(7)<br />

onde:<br />

g<br />

y<br />

y<br />

N e<br />

N N<br />

N = ρ = = (força normal resistente) (8)<br />

A f N<br />

Rearranjando a expressão (7), obtém-se:<br />

2<br />

( 1−<br />

N )( 1−<br />

N λ )<br />

η N =<br />

(9)<br />

onde:<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


4<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

N<br />

N<br />

e<br />

N y f y<br />

= ρ = ρ<br />

(10)<br />

N f<br />

e<br />

e<br />

f<br />

e<br />

2<br />

π E<br />

= (tensão crítica de Euler) (11)<br />

2<br />

λ<br />

2<br />

π E<br />

λ p =<br />

(índice de esbeltez correspondente a plastificação) (12)<br />

f<br />

λ p<br />

y<br />

λ<br />

λ =<br />

(índice de esbeltez reduzido) (13)<br />

A expressão (9) é conhecida como fórmula adimensional de “Ayrton-Perry”.<br />

Rearranjando esta, obtém-se:<br />

2 2<br />

2<br />

( ) ρ − ( 1+ η + λ ) ρ + 1 = 0<br />

λ (14)<br />

O valor de ρ possibilita o cálculo da força normal crítica, cuja solução é:<br />

2<br />

2<br />

( λ + η + 1 ) ± ( λ + η + 1 )<br />

2 2<br />

− 4 λ<br />

ρ =<br />

(15)<br />

2<br />

2<br />

λ<br />

Deve-se desprezar a maior raiz da equação (15) para obter-se a menor força<br />

normal crítica de compressão. O parâmetro η representa matematicamente a<br />

influência das imperfeições iniciais v 0 e os efeitos de tensão residual.<br />

MAQUOI & RONDAL (1978) apresentaram sete (07) proposições para o<br />

parâmetro η. As proposições para η foram obtidas por meio de resultados de ensaios<br />

realizados na Europa, considerando tensões residuais e uma imperfeição inicial<br />

padrão v 0 = L / 1000. Propuseram-se inicialmente quatro curvas de resistência à<br />

compressão para diversas “famílias” de perfis de perfis de aço estruturais, “famílias”<br />

estas definidas pela distribuição das tensões residuais.<br />

A partir do parâmetro η pode-se determinar um coeficiente γ, o qual associa a<br />

uma imperfeição geométrica fictícia que considera o tipo da seção transversal e os<br />

eixos considerados.<br />

Dividindo o segundo termo da expressão (5) por y / y, obtém-se:<br />

A g v 0<br />

η =<br />

(16)<br />

( y y ) W<br />

Define-se y como a distância da fibra mais comprimida em relação ao eixo<br />

considerado, conforme o esquema da Figura 2.<br />

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Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

5<br />

x<br />

y<br />

x<br />

Figura 2 - Representação da distância y ao eixo x – x.<br />

Considerando-se que W.y = I, tem-se da expressão (17):<br />

A g v 0<br />

η =<br />

(17)<br />

I y<br />

Substituindo r = I A na expressão (17), obtém-se:<br />

g<br />

v0<br />

η =<br />

(18)<br />

2<br />

r y<br />

O fator v 0 representa as imperfeições geométricas iniciais, o qual pode ser<br />

expresso em função de uma imperfeição padrão.<br />

v = L<br />

0 (19)<br />

γ<br />

onde γ é um número definido para cada tipo de seção e dos eixos considerados.<br />

Substituindo a expressão (19) na equação (18), tem-se:<br />

η =<br />

γ ⎜<br />

⎛ r<br />

⎝<br />

L<br />

2<br />

y⎟<br />

⎞<br />

⎠<br />

(20)<br />

Admitindo por definição λ = L / r e rearranjando a expressão (20), tem-se:<br />

λ<br />

η =<br />

(21)<br />

γ<br />

( r y )<br />

Isolando γ na expressão (21), tem-se:<br />

λ<br />

γ =<br />

(22)<br />

η<br />

( r y )<br />

Substituindo (12) e (13) na expressão (22) e rearranjando, obtém-se:<br />

( π E f )<br />

λ<br />

y<br />

γ =<br />

(23)<br />

η<br />

( r y )<br />

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6<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Considerando o índice de esbeltez reduzido λ a partir do patamar de<br />

escoamento, ρ = 1,0 para λ ≤ λ0<br />

, a expressão (23) resulta em:<br />

( π E f )<br />

λ − λ0<br />

γ =<br />

y<br />

(24)<br />

η<br />

( r y )<br />

Substituindo η da expressão (24) por η = α( )<br />

normalização européia - Eurocode 3: 1992, tem-se:<br />

( r y )<br />

λ − λ 0<br />

, parâmetro utilizado pela<br />

π E f y<br />

γ =<br />

(25)<br />

α<br />

A Tabela 1 apresenta valores da relação r / y para os perfis I – FC ensaiados à<br />

compressão no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de<br />

Estruturas da Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong>.<br />

Tabela 1 - Valores da relação r / y para os perfis I – FC ensaiados<br />

Perfil Séries Eixo Valor de r / y<br />

x<br />

y<br />

y<br />

x<br />

CS 150 x 25 x – x 0,85<br />

y – y 0,50<br />

PS 200 x 25 x – x 0,83<br />

y – y 0,46<br />

PS 225 x 29 x – x 0,83<br />

y – y 0,46<br />

O parâmetro α considerado na expressão (25) representa as contribuições das<br />

tensões residuais α 1 e da imperfeição geométrica α 2 , respectivamente, como:<br />

α = α 1 + α 2 (26)<br />

Admitindo na expressão (25) α = α 2 e γ = 1000, tem-se que:<br />

π E f y<br />

α 2 =<br />

(27)<br />

1000<br />

( r y )<br />

A partir das expressões (25), (26) e (27) pode-se estabelecer um parâmetro α *<br />

para determinar o fator de redução da força normal crítica ρ de um perfil de aço<br />

estrutural contendo tensões residuais e uma imperfeição geométrica inicial igual a<br />

L / γ, como:<br />

α<br />

*<br />

π<br />

= α +<br />

E<br />

f<br />

y ⎛ 1 1 ⎞<br />

⎜ − ⎟<br />

( r y) γ 1000 ⎠<br />

⎝<br />

(28)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

7<br />

onde:<br />

α ⇒ coeficiente que representa a contribuição das tensões residuais;<br />

γ ⇒ número correspondente ao denominador da fração que representa uma<br />

imperfeição geométrica inicial (por exemplo: 500, 1000, 2000).<br />

Cabe salientar que o fator γ = 1000 foi adotado para o estabelecimento das<br />

curvas de resistência à compressão das diversas famílias de perfis de aço estrutural.<br />

MAQUOI & RONDAL (1979) recomendam considerar o valor de α da<br />

expressão (28) em função da curva de resistência à compressão correspondente ao<br />

perfil considerado.<br />

Por exemplo, utilizando a norma Eurocode 3: 1992 para a determinação da<br />

resistência à compressão dos perfis I – FC analisados neste trabalho, os valores de α<br />

para as curvas b e c são 0,339 e 0,489, conforme ilustra a Tabela 3.<br />

2.2 Curvas de resistência à compressão<br />

A representação matemática das curvas de resistência à compressão adotada<br />

pela normalização européia teve sua origem a partir da formulação analítica proposta<br />

por Aryton-Perry, ou seja, a menor raiz da expressão (15), ou seja, expressão (29).<br />

MAQUOI & RONDAL (1978) adotou expressão (29) ajustando esta com o<br />

parâmetro<br />

η =<br />

α<br />

λ<br />

2<br />

− λ<br />

2<br />

0<br />

, para diversas famílias de perfis de aço estrutural, de tal<br />

forma que os valores de α sejam os apresentados na Tabela 2. Esta formulação foi<br />

adotada pela norma Eurocode 3: 1978 (DRAFT).<br />

2<br />

2<br />

( λ + η + 1 ) − ( λ + η + 1 )<br />

2 2<br />

− 4 λ<br />

ρ =<br />

(29)<br />

2<br />

Tabela 2 - Valores de α<br />

curva α<br />

a 0,158<br />

b 0,281<br />

c 0,384<br />

d 0,587<br />

2<br />

λ<br />

A norma brasileira NBR 8800: 1986 baseou-se nas recomendações do<br />

Eurocode 3: 1978 (DRAFT) para estabelecer suas curvas de resistência à compressão<br />

das diversas famílias de perfis de aço estrutural.<br />

MAQUOI & RONDAL (1979) admitiu o parâmetro η = α ( λ − λ 0 ) na expressão<br />

(29) ajustando esta para diversas famílias de perfis de aço estrutural, propondo novas<br />

curvas de resistência à compressão, com os valores de α ilustrados na Tabela 3.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


8<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Tabela 3 - Valores de α<br />

curva α<br />

a 0,206<br />

b 0,339<br />

c 0,489<br />

d 0,756<br />

Em 1983 a norma Eurocode 3 corrigiu suas curvas de resistência à<br />

compressão e recomendou-se a formulação proposta por MAQUOI & RONDAL (1979).<br />

Cabe salientar que a nova formulação é representada pela expressão (29) com o<br />

parâmetro η = α ( λ − λ 0 ) e os valores de α da Tabela 3.<br />

2.3 Seção transversal dos perfis analisados<br />

Os perfis formados por chapas cortadas a maçarico (I – FC) analisados neste<br />

trabalho, pertencem às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29, cujas<br />

dimensões nominais e médias encontram-se ilustradas na Tabela 4 e suas<br />

respectivas propriedades geométricas na Tabela 5.<br />

Cabe salientar que as dimensões médias da seção transversal dos perfis<br />

foram medidas no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de<br />

Estruturas da EESC - <strong>USP</strong>, com um paquímetro de sensibilidade igual a 0,01 mm.<br />

Tabela 4 - Seções transversais analisadas (dimensões nominais e médias)<br />

Seção Transversal<br />

y<br />

d x<br />

t<br />

x<br />

y<br />

b<br />

t f<br />

h<br />

t f<br />

Perfil<br />

CS<br />

150 x 25<br />

PS<br />

200 x 25<br />

PS<br />

225 x 29<br />

Dimensões nominais (mm) Dimensões médias (mm)<br />

d h b f t f t w d h b f t f t w<br />

150 134 150 8,0 6,3 152 135,8 152 8,1 6,7<br />

200 184 1<strong>30</strong> 8,0 6,3 202 185,8 132 8,1 6,7<br />

225 209 150 8,0 6,3 227 210,8 152 8,1 6,7<br />

Tabela 5 - Propriedades geométricas dos perfis<br />

Perfil<br />

2<br />

A g I x I y I t W x W y r x r y r 0 C w<br />

(cm 2 ) (cm 4 ) (cm 4 ) (cm 4 ) (cm 3 ) (cm 3 ) (cm) (cm) (cm 2 ) (cm 6 )<br />

CS 150 33,72 1415,91 474,43 6,75 186,<strong>30</strong> 62,43 6,48 3,75 56,06 24542,91<br />

PS 200 33,83 2369,24 310,96 6,54 234,58 47,12 8,37 3,03 79,23 29184,43<br />

PS 225 38,75 3474,13 474,62 7,50 <strong>30</strong>6,09 62,45 9,47 3,50 101,90 56793,16<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

9<br />

As propriedades geométricas apresentadas na Tabela 5 foram determinadas<br />

admitindo-se as dimensões médias dos perfis ilustradas na Tabela 4.<br />

2.4 Resultados da análise teórica<br />

Os resultados apresentados nesta seção correspondem aos valores da força<br />

normal crítica teórica, obtida por meio das curvas b e c norma Eurocode 3: 1992, de<br />

para cada modelo ensaiado com suas respectivas imperfeições iniciais v 0 . Salientando<br />

que v 0 corresponde às imperfeições transversais medidas ao longo do comprimento<br />

do perfil.<br />

Determina-se a força normal crítica teórica N T , para os modelos ensaiados à<br />

compressão, por meio da expressão (<strong>30</strong>).<br />

N ρ A<br />

T = g f y<br />

(<strong>30</strong>)<br />

Sendo A g a área bruta da seção transversal e f y a tensão de escoamento do<br />

aço. Os valores de A g para os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200x25<br />

e PS 225x29 estão apresentados na Tabela 5.<br />

Determina-se o fator de redução da resistência ρ da expressão (<strong>30</strong>) por meio<br />

da expressão (29), apresentada na seção 2.2, admitindo nesta equação os seguintes<br />

parâmetros:<br />

( λ − λ )<br />

*<br />

η = α 0<br />

(31)<br />

λ 0 = 0,2<br />

(32)<br />

1 ⎛ kL ⎞ f y<br />

λ = ⎜ ⎟<br />

(33)<br />

π ⎝ r ⎠ E<br />

y<br />

α<br />

*<br />

π<br />

= α +<br />

E<br />

f<br />

y<br />

⎛<br />

⎜<br />

1<br />

−<br />

1 ⎞<br />

( )<br />

⎟ r y ⎝ γ 1000 ⎠<br />

(34)<br />

Para o cálculo da força normal crítica teórica por meio das curvas b e c da<br />

norma Eurocode 3: 1992, considerando as imperfeições iniciais v 0 , utiliza-se o<br />

parâmetro α * da expressão (34) com os valores de α apresentados na Tabela 3.<br />

Admitiu-se para a determinação da força normal crítica teórica, o módulo de<br />

elasticidade E = 20500 kN / cm 2 e a tensão de escoamento do aço f y = <strong>30</strong> kN / cm 2 . Os<br />

valores de E e de f y correspondem aos valores médios, aproximados, obtidos a partir<br />

da caracterização do aço, por meio do ensaio à tração de corpos-de-prova retirados<br />

das mesas dos perfis soldados.<br />

A força normal crítica N T é obtida para uma imperfeição inicial v 0 / L = 1 / γ<br />

(medida no Laboratório para cada modelo) e a força normal crítica N T * é determinada<br />

para uma imperfeição inicial padrão v 0 * / L = 1 / 1000.<br />

As Tabelas 6, 7 e 8 apresentam os valores da força normal crítica teórica para<br />

os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.<br />

Nas Tabelas 6, 7 e 8 as forças críticas (N T ) Eb e (N T ) Ec são determinadas por<br />

meio das curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992, com a imperfeição inicial<br />

v 0 / L = 1 / γ para cada modelo, enquanto que as forças (N T * ) Eb e (N T * ) Ec são obtidas<br />

com a imperfeição inicial padrão v 0 * / L = 1 / 1000.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


10<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Adotou-se para a determinação de λ e λ um fator comprimento efetivo<br />

k = 0,85, como sendo uma aproximação do valor médio obtido a partir da deformada<br />

dos os modelos ensaiados à compressão e a flambagem por flexão em torno do eixo<br />

de menor inércia (y-y).<br />

Tabela 6 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil CS 150 x 25<br />

Modelo<br />

L<br />

(cm)<br />

λ v 0 / L (N T ) Eb<br />

(kN)<br />

(N T * ) Eb<br />

(kN)<br />

(N T ) Ec<br />

(kN)<br />

(N T * ) Ec<br />

(kN)<br />

(N T ) Eb / (N T * ) Eb (N T ) Ec / (N T * ) Ec<br />

1 180 0,50 1/1593 915 893 871 851 1,025 1,024<br />

2 180 0,50 1/1895 920 893 876 851 1,0<strong>30</strong> 1,029<br />

3 180 0,50 1/1698 916 893 873 851 1,026 1,026<br />

1 220 0,61 1/1264 858 840 803 786 1,021 1,022<br />

2 220 0,61 1/928* 839 840 786 786 0,999 1,000<br />

3 220 0,61 1/1196 854 840 799 786 1,017 1,017<br />

1 290 0,80 1/1534 762 727 692 664 1,048 1,042<br />

2 290 0,80 1/2266 782 727 707 664 1,076 1,065<br />

3 290 0,80 1/1629 766 727 695 664 1,054 1,047<br />

1 360 1,00 1/1698 642 600 574 543 1,070 1,057<br />

2 360 1,00 1/1818 645 600 577 543 1,075 1,063<br />

3 360 1,00 1/1423 632 600 567 543 1,053 1,044<br />

* Deslocamento inicial v 0 superior ao valor permitido pela norma NBR 5884, ou seja, L / 1000.<br />

O modelo 2, de comprimento L = 220 cm, do perfil CS 150 x 25 apresenta um<br />

deslocamento inicial v 0 superior a L / 1000, porém a força N T iguala-se à força N T * .<br />

Tabela 7 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil PS 200 x 25<br />

Modelo L λ v 0 / L (N T ) Eb (N * T ) Eb (N T ) Ec (N * T ) Ec (N T ) Eb / (N * T ) Eb (N T ) Ec / (N * T ) Ec<br />

(cm)<br />

(kN) (kN) (kN) (kN)<br />

1 150 0,51 1/1389 908 889 863 845 1,021 1,021<br />

2 150 0,51 1/1420 909 889 863 845 1,023 1,021<br />

3 150 0,51 1/1<strong>30</strong>4 905 889 860 845 1,018 1,018<br />

1 200 0,68 1/1087 812 800 751 741 1,015 1,008<br />

2 200 0,68 1/1242 821 800 759 741 1,026 1,024<br />

3 200 0,68 1/1136 815 800 754 741 1,019 1,018<br />

1 240 0,82 1/1290 744 716 675 653 1,039 1,034<br />

2 240 0,82 1/938* 718 716 655 653 1,003 1,003<br />

3 240 0,82 1/1212 739 716 672 653 1,032 1,029<br />

1 <strong>30</strong>0 1,02 1/787* 570 582 519 526 0,979 0,987<br />

2 <strong>30</strong>0 1,02 1/1685 625 582 559 526 1,074 1,063<br />

3 <strong>30</strong>0 1,02 1/1240 606 582 545 526 1,041 1,036<br />

* Deslocamento inicial v 0 superior ao valor permitido pela norma NBR 5884, ou seja, L / 1000.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

11<br />

Tabela 8 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil PS 225 x 29<br />

Modelo L λ v 0 / L (NT) Eb (NT*) Eb (N T ) Ec (N * T ) Ec (N T ) Eb / (N * T ) Eb (N T ) Ec / (N * T ) Ec<br />

(cm)<br />

(kN) (kN) (kN) (kN)<br />

1 160 0,47 1/1282 1054 1039 1009 994 1,014 1,015<br />

2 160 0,47 1/1695 1065 1039 1019 994 1,025 1,025<br />

3 160 0,47 1/1356 1057 1039 1011 994 1,017 1,017<br />

1 200 0,59 1/1980 1018 974 953 914 1,045 1,043<br />

2 200 0,59 1/1220 993 974 931 914 1,020 1,019<br />

3 200 0,59 1/1328 998 974 936 914 1,025 1,024<br />

1 250 0,74 1/1289 907 879 832 808 1,032 1,0<strong>30</strong><br />

2 250 0,74 1/1572 922 879 843 808 1,049 1,043<br />

3 250 0,74 1/1269 906 879 831 808 1,031 1,029<br />

1 350 1,04 1/1944 717 659 639 596 1,088 1,072<br />

2 350 1,04 1/1563 704 659 6<strong>30</strong> 596 1,068 1,057<br />

3 350 1,04 1/1584 704 659 631 596 1,068 1,059<br />

O modelo 1, de L = <strong>30</strong>0 cm, do perfil PS 200 x 25 apresenta um deslocamento<br />

inicial v 0 / L = 1 / 717 superior ao deslocamento inicial v 0 * / L = 1 / 1000, permitido pela<br />

norma NBR 5884. Neste caso, como a resistência do modelo é inferior à permitida<br />

pela normalização, conforme ilustra a Tabela 7, o mesmo deve ser desprezado.<br />

O modelo 2, de L = 240 cm, do perfil PS 200 x 25 com uma imperfeição inicial<br />

v 0 / L = 1 / 938 superior à imperfeição inicial padrão v 0 * / L = 1 / 1000, porém da mesma<br />

ordem de grandeza, poderá ser utilizado, pois conforme ilustra a Tabelas 7 sua<br />

resistência não é inferior à permitida pela normalização.<br />

A influência das imperfeições iniciais v 0 na resistência à compressão dos<br />

modelos pertencentes às três séries em análise é clara e como já era previsto o maior<br />

efeito ocorre para os modelos mais esbeltos.<br />

3 ANÁLISE EXPERMENTAL<br />

Apresenta-se nesta seção, a metodologia adotada para realização dos ensaios<br />

de laboratório, bem como os principais resultados experimentais obtidos, os quais são<br />

utilizados para a determinação da força normal crítica à compressão dos modelos<br />

formados por perfis I – FC das séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.<br />

Durante a fase experimental foram executados os ensaios de caracterização<br />

do material, medição das imperfeições iniciais transversais medidas ao longo do<br />

comprimento do perfil e o ensaio à compressão dos modelos.<br />

3.1 Ensaio de caracterização do aço<br />

As propriedades mecânicas de interesse do aço ASTM – A36, empregado na<br />

fabricação dos perfis, foram determinadas por meio do ensaio à tração de oito (08)<br />

corpos-de-prova, na máquina de ensaio servo-hidráulica INSTRON. A partir destes<br />

ensaios determinou-se as resistências ao escoamento f y e à ruptura f u e o modulo de<br />

elasticidade E, estabelecendo-se os seguintes valores médios: f y = <strong>30</strong>0 MPa,<br />

f u = 400 MPa e E = 205000 MPa.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


12<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Os corpos-de-prova foram retirados de três (03) perfis I - FC, pertencentes ao<br />

lote de perfis destinados ao ensaio à compressão. Retirou-se destes perfis quatro (04)<br />

corpos-de-prova das mesas e quatro (04) da alma, totalizando-se oito (08). As<br />

dimensões foram admitidas segundo as recomendações da norma ASTM A370 – 96,<br />

as quais encontram-se ilustradas na figura 3. Onde t corresponde a espessura da<br />

chapa constituinte do perfil.<br />

800 mm<br />

2<strong>30</strong><br />

50<br />

w = 40 ± 2,0<br />

t<br />

R min = 25<br />

Figura 3 - Dimensões nominais do corpo-de-prova para o ensaio à tração.<br />

A figura 4 ilustra um diagrama tensão-deformação (σ x ε) padrão para os<br />

corpos-de-prova retirados das mesas dos perfis. Salientar-se que os corpos-de-prova<br />

apresentaram propriedades mecânicas diferentes, caracterizando que os perfis foram<br />

fabricados de chapas de aço de corrida diferente durante o processo de laminação.<br />

400<br />

350<br />

<strong>30</strong>0<br />

σ (MPa)<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

0,000 0,003 0,005 0,008 0,010 0,013<br />

ε<br />

Figura 4 - Diagrama tensão-deformação.<br />

3.2 Medição das imperfeições iniciais<br />

As imperfeições geométricas iniciais dos perfis foram determinadas por meio<br />

da utilização de uma bancada, composta por um mancal devidamente ajustado sobre<br />

um perfil U laminado de 200 mm de altura construída para esta finalidade no<br />

Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de<br />

Engenharia de São <strong>Carlos</strong> da Universidade de São Paulo.<br />

A Figura 5 mostra um dispositivo utilizando a bancada, citada anteriormente,<br />

para a leitura das imperfeições geométricas transversais, as quais são medidas ao<br />

longo do comprimento longitudinal dos perfis. As imperfeições geométricas dos perfis<br />

foram obtidas por meio de um transdutor de deslocamento linear, que se desloca com<br />

o mancal, a fim de se obter as leituras nos pontos desejados.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

13<br />

Figura 5 - Dispositivo para leitura das imperfeições geométricas transversais.<br />

As imperfeições geométricas foram medidas na alma e nas mesas dos perfis,<br />

em três linhas, conforme ilustra a Figura 6. As medidas foram realizadas a cada 200<br />

mm, com o transdutor de deslocamento posicionado manualmente ao longo de cada<br />

ponto.<br />

A B C<br />

G<br />

H<br />

I<br />

D<br />

E<br />

F<br />

Figura 6 - Posições para medidas das deslocadas transversais.<br />

A figura 7 apresenta um ajuste das imperfeições transversais, medidas ao<br />

longo da linha média da alma, linha H. O ajuste foi realizado por meio da função<br />

senoidal, proposta por Young (1807), representada pela expressão (35):<br />

v0 0 π<br />

(x) = v sen ( x L)<br />

(35)<br />

onde v 0 é o valor da imperfeição inicial no meio do vão do modelo.<br />

A figura 7 ilustra a posição deslocada inicial do modelo 3 pertencente ao perfil<br />

PS 225 x 29, de comprimento L = 1600 mm.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


14<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

v 0 (mm)<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600<br />

L (mm)<br />

Figura 7 - Ajuste da imperfeição transversal na linha H do perfil.<br />

Os resultados experimentais dos deslocamentos iniciais v 0 ajustados no meio<br />

do vão dos modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29<br />

encontram-se ilustrados nas Tabelas 12, 13 e 14, sob a forma de v 0 / L = 1 / γ.<br />

3.3 Ensaio dos modelos à compressão<br />

Os elementos comprimidos foram ensaiados em modelos que se aproximam<br />

de pilares com articulações nas extremidades e a instabilidade prevista para o eixo de<br />

menor inércia y – y.<br />

Os ensaios de 36 modelos pertencentes às séries em estudo foram realizados<br />

na máquina de ensaio servo-hidráulica INSTRON, com capacidade de <strong>30</strong>00 kN e<br />

altura de 4000 mm, do Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de<br />

Estruturas da Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong> da Universidade de São Paulo. A<br />

figura 8 mostra uma foto da Máquina INSTRON, com o modelo na posição do ensaio.<br />

Figura 8 - Máquina INSTRON, com o modelo na posição do ensaio.<br />

A Tabela 9 apresenta o número de modelos, com seus respectivos<br />

comprimentos, para as séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29 ensaiadas.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

15<br />

Tabela 9 - Relação dos modelos ensaiados<br />

Perfil Série Comprimento (mm) Nº de Modelos<br />

1800 3<br />

CS 150 x 25 2200 3<br />

2900 3<br />

3600 3<br />

1500 3<br />

PS 200 x 25 2000 3<br />

2400 3<br />

<strong>30</strong>00 3<br />

1600 3<br />

PS 225 x 29 2000 3<br />

2500 3<br />

3500 3<br />

Os modelos foram instrumentados com transdutores de deslocamento,<br />

posicionados nas linhas médias da alma e de uma das mesas do perfil, para se obter<br />

os deslocamentos laterais nas posições indicadas, conforme ilustra a figura 9.<br />

A figura 9.a ilustra a posição dos transdutores 1 a 7 na alma e 8 a 10 na mesa<br />

do modelo, numerados a partir da extremidade superior do perfil, enquanto que, a<br />

figura 9.b mostra uma foto ilustrativa de um modelo instrumentado.<br />

z<br />

y<br />

x<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 9 - Modelo instrumentado com transdutores de deslocamento.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


16<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

As Tabelas 10 e 11 apresentam as cotas dos transdutores de deslocamento<br />

posicionados na alma e na mesa dos modelos pertencentes às séries CS 150 x 25,<br />

PS 200 x 25 e PS 225 x 29.<br />

Tabela 10 - Cotas dos transdutores posicionados na alma dos modelos<br />

Perfil L (mm) Cotas dos Transdutores (mm)<br />

T 1<br />

T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 T 6 T 7<br />

CS 1800 1700 1<strong>30</strong>0 900 500 367 233 100<br />

150 X 25 2200 2100 1600 1100 600 433 267 100<br />

T 2<br />

2900 2800 2125 1450 775 550 325 100<br />

3600 3500 2650 1800 950 667 383 100<br />

T 3<br />

T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 T 6 T 7<br />

PS 1500 1400 1075 750 425 317 208 100<br />

T 4<br />

T 5<br />

T 6<br />

T 7<br />

200 x 25 2000 1900 1450 1000 550 400 250 100<br />

2400 2<strong>30</strong>0 1750 1200 650 467 283 100<br />

<strong>30</strong>00 2900 2200 1500 800 567 333 100<br />

T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 T 6 T 7<br />

O<br />

z<br />

y<br />

PS 1600 1500 1150 800 450 333 217 100<br />

225 x 29 2000 1900 1450 1000 550 400 250 100<br />

2500 2400 1825 1250 675 483 292 100<br />

3500 3400 2575 1750 925 650 375 100<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

17<br />

Tabela 11 - Cotas dos transdutores posicionados na mesa dos modelos<br />

Perfil L (mm) Cotas dos Transdutores (mm)<br />

O<br />

z<br />

T 8<br />

T 9<br />

T 10<br />

x<br />

T 8 T 9 T 10<br />

CS 1800 1700 900 100<br />

150 X 26 2200 2100 1100 100<br />

2900 2800 1450 100<br />

3600 3500 1800 100<br />

T 8 T 9 T 10<br />

CVS 1500 1400 750 100<br />

200 x 26 2000 1900 1000 100<br />

2400 2<strong>30</strong>0 1200 100<br />

<strong>30</strong>00 2900 1500 100<br />

T 8 T 9 T 10<br />

CVS 1600 1500 800 100<br />

225 x <strong>30</strong> 2000 1900 1000 100<br />

2500 2400 1250 100<br />

3500 3400 1750 100<br />

3.4 Resultados da análise experimental<br />

Apresentam-se nas tabelas 12, 13 e 14 os valores experimentais da<br />

imperfeição inicial v 0 , dos deslocamentos laterais v, do fator comprimento efetivo de<br />

flambagem k e da força normal crítica experimental N E para os modelos pertencentes<br />

às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.<br />

Os deslocamentos laterais v apresentados nas Tabelas 12, 13 e 14 referem-se<br />

aos deslocamentos medidos durante o ensaio à compressão dos modelos nos<br />

transdutores T 3 e T 9 , posicionados na altura média da alma e da mesa dos perfis.<br />

O fator comprimento efetivo de flambagem k encontra-se apresentado nas<br />

Tabelas 12, 13 e 14 em função de k y (obtido a partir da deformada do modelo na<br />

direção do eixo de menor inércia) e k x (determinado a partir da deformada do modelo<br />

na direção do eixo de maior inércia).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


18<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Tabela 12 - Valores experimentais para os modelos da série CS 150 x 25<br />

Modelo L (mm) v 0 / L N E (kN) v (mm)<br />

v (mm)<br />

k y<br />

k x<br />

T 3 T 9<br />

1 1800 1/1593 951 11 1 0,85 0,64<br />

2 1800 1/1895 1044 2 3 0,61 0,90<br />

3 1800 1/1698 959 8 1 0,78 0,47<br />

1 2200 1/1264 916 7 5 0,92 0,53<br />

2 2200 1/928 849 8 1 0,83 0,74<br />

3 2200 1/1196 924 4 0 0,81 0,74<br />

1 2900 1/1534 788 10 2 0,93 0,73<br />

2 2900 1/2266 894 3 2 0,77 0,62<br />

3 2900 1/1629 783 10 3 1,00 0,59<br />

1 3600 1/1698 699 11 3 0,83 0,67<br />

2 3600 1/1818 708 10 4 0,83 0,76<br />

3 3600 1/1423 676 11 3 0,78 0,62<br />

Tabela 13 - Valores experimentais para os modelos da série PS 200 x 25<br />

Modelo L (mm) v 0 / L N E (kN) v (mm)<br />

v (mm)<br />

k y<br />

k x<br />

T 3 T 9<br />

1 1500 1/1389 1029 2 1 0,50 0,17<br />

2 1500 1/1420 985 5 3 0,70 0,70<br />

3 1500 1/1<strong>30</strong>4 964 4 1 0,58 0,34<br />

1 2000 1/1087 836 11 0 0,66 0,49<br />

2 2000 1/1242 1011 4 0 0,66 0,59<br />

3 2000 1/1136 859 7 0 0,68 0,71<br />

1 2400 1/1290 936 2 1 0,81 0,37<br />

2 2400 1/938 769 9 1 0,79 0,77<br />

3 2400 1/1212 850 3 3 0,75 0,70<br />

1 <strong>30</strong>00 1/787 573 18 14 1,00 0,88<br />

2 <strong>30</strong>00 1/1685 813 6 5 0,61 0,69<br />

3 <strong>30</strong>00 1/1240 785 8 0 0,77 0,44<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

19<br />

Tabela 14 - Valores experimentais para os modelos da série PS 225 x 29<br />

Modelo L (mm) v 0 / L N E (kN) v (mm)<br />

v (mm)<br />

k y<br />

k x<br />

T 3 T 9<br />

1 1600 1/1282 1135 9 1 0,86 0,47<br />

2 1600 1/1695 1162 7 * 0,88 *<br />

3 1600 1/1356 1144 4 0 0,72 0,<strong>30</strong><br />

1 2000 1/1980 1155 4 1 0,80 0,75<br />

2 2000 1/1220 978 13 0 1,00 0,69<br />

3 2000 1/1328 1055 10 0 0,85 0,69<br />

1 2500 1/1289 953 11 2 0,88 0,50<br />

2 2500 1/1572 917 13 0 0,94 0,60<br />

3 2500 1/1269 845 15 1 0,91 0,53<br />

1 3500 1/1944 850 0 1 0,77 0,82<br />

2 3500 1/1563 752 14 0 0,90 0,38<br />

3 3500 1/1584 763 15 2 0,87 0,87<br />

* As leituras foram desprezadas, devido a problemas no transdutor T 9 .<br />

Os resultados das imperfeições iniciais v 0 apresentados nas Tabelas 12, 13 e<br />

14 foram utilizados na seção 2.4, para a determinação da força normal crítica teórica.<br />

Os valores da força normal crítica experimental N E serão utilizados no item 4,<br />

seções 4.1 e 4.2, para comparações com a força normal crítica teórica N T e com as<br />

curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992.<br />

Os deslocamentos laterais v no meio do vão, medidos pelos transdutores T 3 e<br />

T 9 localizados na alma e na mesa dos perfis, mostram a influência das imperfeições<br />

iniciais na resistência à compressão dos elementos comprimidos e indicam que a<br />

flambagem ocorre em torno do menor eixo de inércia para a maioria dos modelos<br />

ensaiados.<br />

As séries CS 150x25, PS 200x25 e PS 225x29, apresentaram um fator<br />

comprimento efetivo de flambagem (k y ) médio , na direção do eixo de menor inércia,<br />

iguais a 0,83, 071 e 0,87, respectivamente.<br />

Considerando que a série PS 200x25 apresentou um fator comprimento efetivo<br />

(k y ) médio = 0,71 muito baixo, em virtude da grande influência das imperfeições iniciais,<br />

esta série foi desprezada para a determinação do fator k médio a ser utilizado na<br />

análise teórica.<br />

O fator comprimento efetivo (k) médio foi admitido como sendo a média aritmética<br />

entre (k y ) médio da série CS 150x25 e o (k y ) médio da série PS 225x29, ou seja,<br />

(k) médio = (0,83 + 0,87) / 2 = 0,85.<br />

O fator (k) médio = 0,85 foi utilizado para o cáculo da força normal crítica teórica<br />

N T apresentada na seção 2.4 e na determinação do índice de esbeltez λ e do índice<br />

de esbeltez reduzido λ utilizados nos gráficos apresentados na seção 4.4.<br />

Admitiu-se o fator k = 0,85 para as três séries ensaiadas, numa tentativa de se<br />

ajustar as posições dos modelos em relação às curvas de resistência à compressão<br />

adotadas pelas normas de cálculo.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


20<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Discute-se neste item, por meio de uma análise comparativa, os resultados da<br />

força normal crítica obtidos teoricamente e experimentalmente. Compara-se também,<br />

em forma de gráficos, os valores da força normal crítica experimental N E com as<br />

curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992.<br />

4.1 Comparação entre a força crítica experimental e teórica<br />

Apresenta-se nesta seção uma comparação entre a força normal crítica<br />

experimental N E e a força normal crítica teórica N T , determinada a partir das curvas b<br />

e c da norma Eurocode 3: 1992, admitindo imperfeições iniciais v 0 / L = 1 / γ, conforme<br />

ilustram as tabela 15, 16 e 17.<br />

Tabela 15 - Valores da força crítica N E e N T – perfil CS 150 x 25<br />

Modelo L<br />

(cm)<br />

k λ v 0 / L (N T ) Eb<br />

(kN)<br />

(N T ) Ec<br />

(kN)<br />

N E<br />

(kN)<br />

N E / (N T ) Eb<br />

N E / (N T ) Ec<br />

1 180 0,85 0,50 1/1593 915 871 951 1,039 1,092<br />

2 180 0,85 0,50 1/1895 920 876 1044 1,135 1,192<br />

3 180 0,85 0,50 1/1698 916 873 959 1,047 1,099<br />

1 220 0,85 0,61 1/1264 858 803 916 1,068 1,141<br />

2 220 0,85 0,61 1/928 839 786 849 1,012 1,080<br />

3 220 0,85 0,61 1/1196 854 799 924 1,082 1,156<br />

1 290 0,85 0,81 1/1534 762 692 788 1,034 1,139<br />

2 290 0,85 0,81 1/2266 782 707 894 1,143 1,265<br />

3 290 0,85 0,81 1/1629 766 695 783 1,022 1,127<br />

1 360 0,85 1,01 1/1698 642 574 699 1,088 1,218<br />

2 360 0,85 1,01 1/1818 645 577 708 1,098 1,227<br />

3 360 0,85 1,01 1/1423 632 567 676 1,069 1,192<br />

Tabela 16 - Valores da força crítica N E e N T – perfil PS 200 x 25<br />

Modelo L k λ v 0 / L (N T ) Eb (N T ) Ec<br />

(cm)<br />

(kN) (kN)<br />

N E<br />

(kN)<br />

N E / (N T ) Eb N E / (N T ) Ec<br />

1 150 0,85 0,52 1/1389 908 863 1029 1,133 1,192<br />

2 150 0,85 0,52 1/1420 909 863 985 1,084 1,141<br />

3 150 0,85 0,52 1/1<strong>30</strong>4 905 860 964 1,065 1,121<br />

1 200 0,85 0,69 1/1087 812 751 836 1,0<strong>30</strong> 1,113<br />

2 200 0,85 0,69 1/1242 821 759 900 1,096 1,186<br />

3 200 0,85 0,69 1/1136 815 754 859 1,054 1,139<br />

1 240 0,85 0,83 1/1290 744 675 850 1,143 1,259<br />

2 240 0,85 0,83 1/938 718 655 769 1,071 1,174<br />

3 240 0,85 0,83 1/1212 739 672 850 1,150 1,265<br />

1 <strong>30</strong>0 0,85 1,04 1/787 570 519 573 1,005 1,104<br />

2 <strong>30</strong>0 0,85 1,04 1/1685 625 559 813 1,<strong>30</strong>1 1,454<br />

3 <strong>30</strong>0 0,85 1,04 1/1240 606 545 785 1,295 1,440<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

21<br />

Tabela 17 - Valores da força crítica N E e N T – perfil PS 225 x 29<br />

Modelo L k λ v 0 / L (N T ) Eb (N T ) Ec<br />

(cm)<br />

(kN) (kN)<br />

N E<br />

(kN)<br />

N E / (N T ) Eb N E / (N T ) Ec<br />

1 160 0,85 0,48 1/1282 1054 1009 1135 1,077 1,125<br />

2 160 0,85 0,48 1/1695 1065 1019 1162 1,091 1,140<br />

3 160 0,85 0,48 1/1356 1057 1011 1144 1,082 1,132<br />

1 200 0,85 0,60 1/1980 1018 953 1155 1,135 1,212<br />

2 200 0,85 0,60 1/1220 993 931 978 0,985 1,051<br />

3 200 0,85 0,60 1/1328 998 936 1055 1,057 1,127<br />

1 250 0,85 0,75 1/1289 907 832 953 1,051 1,145<br />

2 250 0,85 0,75 1/1572 922 843 917 0,995 1,088<br />

3 250 0,85 0,75 1/1269 906 831 845 0,933 1,017<br />

1 350 0,85 1,05 1/1944 717 639 850 1,186 1,3<strong>30</strong><br />

2 350 0,85 1,05 1/1563 704 6<strong>30</strong> 752 1,068 1,194<br />

3 350 0,85 1,05 1/1584 704 631 763 1,084 1,209<br />

Nas Tabelas 15, 16 e 17, N E corresponde a força normal crítica experimental,<br />

(N T ) Eb a força normal crítica teórica para v 0 / L = 1 / γ - curva b do Eurocode 3 e (N T ) Ec<br />

a força normal crítica teórica para v 0 / L = 1 / γ - curva c do Eurocode 3.<br />

O modelo 2, de comprimento L = 180 cm, do perfil CS 150 x 25 apresenta na<br />

Tabela 15 uma força normal crítica experimental N E da ordem de grandeza da força<br />

normal crítica de escoamento N y , caracterizando o escoamento da seção transversal.<br />

Os deslocamentos laterais nos transdutores T 3 e T 9 e os próprios valores de k y e k x ,<br />

ilustrados na Tabela 12, indicam que não ocorre predominância de flambagem em<br />

torno do eixo de menor inércia.<br />

O modelo 1, de comprimento L = 150 cm, do perfil PS 200 x 25 apresenta na<br />

Tabela 16 uma força normal crítica experimental N E da ordem de grandeza da força<br />

normal crítica de escoamento N y , caracterizando o escoamento da seção transversal.<br />

Os deslocamentos laterais nos transdutores T 3 e T 9 , ilustrados na Tabela 13, indicam<br />

que não ocorre predominância de flambagem em torno do eixo de menor inércia.<br />

O modelo 2, de comprimento L = 160 cm, do perfil PS 225 x 29 apresenta na<br />

Tabela 17 uma força normal crítica experimental N E da ordem de grandeza da força<br />

normal crítica de escoamento N y , caracterizando o escoamento da seção transversal.<br />

4.2 Força normal reduzida para os modelos ensaiados<br />

Apresenta-se nesta seção uma comparação entre os resultados de ensaio e as<br />

curvas b e c do Eurocode 3: 1992. Os resultados de ensaios são representados pela<br />

força normal reduzida ρ.<br />

A força normal reduzida ρ é definida pela a razão entre a força normal crítica<br />

experimental N E e a força normal teórica de escoamento N y = A g . f y , conforme a<br />

expressão (36).<br />

N<br />

E<br />

ρ =<br />

(36)<br />

N y<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


22<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

Admite-se na expressão (36) a tensão de escoamento f y = <strong>30</strong> kN/cm 2 e os<br />

valores da área bruta A g iguais aos apresentados, anteriormente, na Tabela 5.<br />

Os gráficos apresentados nas figuras 10, 11 e 12 ilustram os valores da força<br />

normal reduzida ρ para os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e<br />

PS 225 x 29, admitindo o fator comprimento efetivo de flambagem k = 0,85 e a<br />

flambagem por flexão em torno do eixo de menor inércia y – y.<br />

ρ<br />

1,2<br />

1,0<br />

0,8<br />

λ = 41<br />

λ = 50<br />

λ = 66<br />

λ = 82<br />

curva b<br />

curva c<br />

modelos<br />

média<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2<br />

Figura 10 - Força normal reduzida, perfil CS 150 x 25.Curvas b e c - Eurocode 3.<br />

λ<br />

ρ<br />

1,2<br />

λ = 42<br />

λ = 56<br />

1,0<br />

0,8<br />

λ = 67<br />

λ = 84<br />

curva b<br />

curva c<br />

modelos<br />

média<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2<br />

Figura 11 - Força normal reduzidal, perfil PS 200 x 25. Curvas b e c – Eurocode 3.<br />

λ<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

23<br />

ρ<br />

1,2<br />

1,0<br />

0,8<br />

λ = 39<br />

λ = 49<br />

λ = 61<br />

λ = 85<br />

curva b<br />

curva c<br />

modelos<br />

média<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2<br />

λ<br />

Figura 12 - Força normal reduzida, perfil PS 225 x 29. Curvas b e c – Eurocode 3.<br />

Analisando o gráfico da figura 10, observa-se que a média dos resultados da<br />

força normal crítica experimental N E dos modelos da série CS 150 x 25 situa-se acima<br />

da curva b da norma Eurocode 3: 1992, permitindo concluir que a curva b representa<br />

melhor a resistência à compressão dos modelos ensaiados.<br />

Percebe-se ainda, do gráfico da figura 10 que ocorre uma grande dispersão<br />

entre os resultados experimentais da força normal crítica, para o índice de esbeltez<br />

λ = 84, isto ocorre em virtude da grande influência das imperfeições geométricas<br />

iniciais e de alguma provável perturbação ocorrida na direção do eixo de maior<br />

inércia.<br />

O gráfico da figura 11 mostra que a média dos resultados da força normal<br />

crítica experimental N E dos modelos da série PS 200 x 25 situa-se acima da curva b<br />

da norma Eurocode 3: 1992, entretanto, verifica-se que os resultados desta série<br />

encontram-se mais dispersos, em virtude de uma maior influência das imperfeições<br />

iniciais. Este maior efeito ocorre porque os modelos da série PS 200 x 25 apresentam<br />

maiores valores dos deslocamentos iniciais v 0 , quando comparados com as outras<br />

duas séries.<br />

Verifica-se a partir do gráfico da figura 12, que a média dos resultados da força<br />

normal crítica experimental N E dos modelos da série PS 225 x 29 aproxima-se mais<br />

da curva b da norma Eurocode 3: 1992, permitindo concluir que a curva b representa<br />

melhor a resistência à compressão dos modelos ensaiados. Percebe-se ainda que os<br />

modelos de esbeltez λ = 39 apresentaram a força normal crítica experimental N E<br />

próxima da força normal de escoamento N y e que o modelo 1, de comprimento<br />

L = 350 cm e esbeltez λ = 85, com uma imperfeição v 0 pequena e uma força crítica N E<br />

bem superior ao valor estimado pela análise teórica deverá ser desprezado.<br />

5 CONCLUSÕES<br />

Os resultados da análise teórica, baseada no modelo de 2 a espécie,<br />

fundamentam a verificação da resistência na seção mais solicitada do elemento<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


24<br />

Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves<br />

comprimido na sua configuração deformada e indica resultados com boa correlação<br />

quando comparados com os obtidos experimentalmente.<br />

Verifica-se a partir de uma comparação entre a força normal crítica<br />

experimental N E e a força normal crítica teórica N T , que os resultados obtidos<br />

experimentalmente são coerentes e satisfatórios.<br />

Comparando a força normal crítica experimental N E com a força normal crítica<br />

determinada pela norma Eurocode 3: 1992, admitindo as imperfeições geométricas<br />

iniciais v 0 / L = 1 / γ, apresentada nas Tabelas 15, 16 e 17, pode-se perceber a grande<br />

influência das imperfeições iniciais na resistência à compressão dos elementos<br />

comprimidos de aço formados pelos perfis I – FC de pequenas dimensões.<br />

Verifica-se a partir de uma comparação entre a força normal crítica<br />

experimental N E e a força normal crítica N T apresentada nas Tabelas 15, 16 e 17, que<br />

a maior influência das imperfeições iniciais v 0 ocorre para os modelos com maiores<br />

índices de esbeltez λ, pois os modelos mais esbeltos situam na faixa de esbeltez com<br />

maior efeito das imperfeições geométricas iniciais na resistência à compressão.<br />

Levando em consideração a posição da média dos resultados da força normal<br />

crítica de compressão dos modelos ensaiados, em relação às curvas b e c, conclui-se<br />

que a curva b é a mais adequada, quando a flambagem ocorre por flexão em torno do<br />

eixo de menor inércia y – y, para o cálculo da resistência à compressão dos perfis<br />

I – FC de pequenas dimensões.<br />

Analisando as três séries ensaiadas, considerando a posição da média dos<br />

valores da força normal crítica experimental N E em relação às curvas do Eurocode 3,<br />

percebe-se que a série CS 150 x 25 apresenta melhores resultados em relação às<br />

demais séries. Dentre as séries PS, perfis que não constam nas Tabelas apresentadas<br />

no anexo B da norma NBR 5884: 2000, a série PS 225 x 29 é a que se comporta<br />

melhor.<br />

É importante ressaltar que há necessidade de ampliar o número de modelos a<br />

serem ensaiados e avaliar as condições e resultados quando a flambagem não ocorre<br />

em torno do eixo de menor inércia e que seja realizado um trabalho efetivo de<br />

caracterização de tensões residuais, para permitir uma conclusão definitiva sobre os<br />

procedimentos adotados quanto ao dimensionamento de perfis I soldados de aço,<br />

formados por chapas cortadas a maçarico, comprimidos.<br />

6 AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a CAPES pela concessão da bolsa de estudos e a empresa<br />

USIMINAS pelo apoio financeiro na compra dos perfis estruturais de aço, sem o qual<br />

esta pesquisa poderia não ter sido realizada.<br />

7 REFERÊNCIAS<br />

ALPSTEN, G. A.; TALL, L. (1970). Residual stresses in heavy welded shapes.<br />

Welding Journal, v.49, n.3, Research Suppl., p. 93s-105s, Mar.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (1986). NBR 8800/86<br />

- Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios. Rio de Janeiro.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (2000). Texto base<br />

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Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 1-25, <strong>2006</strong>


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados<br />

25<br />

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Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.1-25, <strong>2006</strong>


ISSN 1809-5860<br />

ANÁLISE DE PONTES DE MADEIRA PROTENDIDAS<br />

TRANSVERSALMENTE FORMADAS POR VIGAS-T<br />

Nívea Mara Pereira Alves 1 & Antonio Alves Dias 2<br />

Resumo<br />

Neste trabalho é estudada uma variação do sistema estrutural de ponte de madeira<br />

com tabuleiro laminado protendido, em que a seção transversal é formada por vigas-T.<br />

As nervuras destas vigas são de madeira laminada colada e o tabuleiro de madeira<br />

serrada. São analisadas pontes da classe <strong>30</strong>, com uma ou duas faixas de tráfego,<br />

dimensionando-se os elementos estruturais para diversas situações de projeto, e<br />

avaliando-se as influências das espécies e classes de resistência das madeiras e dos<br />

fatores geométricos (largura da nervura, altura do tabuleiro e espaçamento entre<br />

nervuras) na altura das nervuras. O procedimento de cálculo utilizado no<br />

dimensionamento das pontes de madeira formadas por vigas-T baseia-se no método<br />

WVU. Para o desenvolvimento deste trabalho, o método foi adaptado aos critérios da<br />

Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR 7188/84 - Cargas Móveis em Pontes<br />

Rodoviárias e Passarelas de Pedestres” e “NBR 7190/97 - Projeto de Estruturas de<br />

Madeira”, e programado em software MATHCAD©. Os resultados obtidos indicam que<br />

não existe influência significativa na altura da nervura, ao se utilizar madeira da classe<br />

C <strong>30</strong> ou C 40 no tabuleiro, ou ao se variar a altura do tabuleiro de 15 até 25 cm. O<br />

modelo teórico é avaliado experimentalmente, por meio de modelo reduzido na escala<br />

geométrica de 1:5, obtendo-se boa concordância entre os valores experimentais e os<br />

teóricos.<br />

Palavras-chave: pontes de madeira; protensão transversal; vigas-T.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O sistema estrutural de pontes de madeira com tabuleiro protendido se originou<br />

no Canadá, em 1976, como uma forma de recuperar tabuleiros pregados, que<br />

apresentavam problemas de delaminação. O bom desempenho estrutural dos<br />

tabuleiros recuperados com esta técnica incentivou a sua aplicação na construção de<br />

novas pontes.<br />

O sistema laminado protendido consiste em peças de madeira posicionadas ao<br />

longo do vão, umas adjacentes às outras, e protendidas transversalmente por barras<br />

ou cabos de aço de alta resistência. Esta protensão transversal permite que o esforço<br />

1 Mestre em Engenharia de Estrutura – EESC-<strong>USP</strong>.<br />

2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC – <strong>USP</strong>, dias@sc.usp.br<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


28<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

cortante vertical seja transmitido lateralmente entre as lâminas, por meio do atrito.<br />

Com isto, o sistema comporta-se como uma placa ortotrópica capaz de distribuir<br />

lateralmente as cargas dos veículos e de resistir à flexão transversal.<br />

Os tabuleiros protendidos com seção transversal constituído por peças de<br />

mesma altura são os mais utilizados para vãos menores que 10 m. Devido à<br />

necessidade de se construir pontes para vencer vãos maiores, foram estudadas<br />

derivações deste sistema, utilizando formas estruturais mais eficientes para a seção<br />

transversal (sistema T, sistema sanduíche, seção caixão e outras). O sistema T,<br />

mostrado na figura 1, consiste na introdução de vigas intermediárias com maiores<br />

dimensões no tabuleiro.<br />

Figura 1 - Ponte de madeira com vigas-T (OKIMOTO, 1997).<br />

Neste trabalho são avaliadas as pontes formadas por vigas-T, utilizando<br />

nervuras de madeira laminada colada (MLC) e tabuleiro de madeira serrada.<br />

Inicialmente. Inicialmente, são efetuados os dimensionamentos destas pontes, para<br />

diversas situações de projeto, seguindo o procedimento de cálculo baseado no método<br />

WVU (Método desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Civil da West Virginia<br />

University e apresentado por DAVALOS & SALIM (1992)) para o sistema T das pontes<br />

de madeira protendidas transversalmente, e um estudo para verificar a influência das<br />

espécies e classes de resistência das madeiras e das variações dos fatores<br />

geométricos na altura das nervuras. Por último, é realizado o ensaio de um modelo<br />

reduzido de ponte formada por vigas-T, para se avaliar o modelo teórico utilizado no<br />

dimensionamento destas pontes.<br />

Para o desenvolvimento deste trabalho, o método WVU foi adaptado aos<br />

critérios da Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR 7188/84 - Cargas Móveis<br />

em Pontes Rodoviárias e Passarelas de Pedestres” e “NBR 7190/97 - Projeto de<br />

Estruturas de Madeira”, e programado em software MATHCAD©.<br />

2 ANÁLISE NUMÉRICA DO SISTEMA T<br />

O procedimento de cálculo utilizado para a análise numérica do sistema T das<br />

pontes de madeira baseia-se no método WVU para o dimensionamento da altura e<br />

largura das nervuras, da altura do tabuleiro e do espaçamento entre nervuras. Para o<br />

desenvolvimento deste trabalho, o método WVU foi adaptado aos critérios da<br />

Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR 7188/84 - Cargas Móveis em Pontes<br />

Rodoviárias e Passarelas de Pedestres” e “NBR 7190/97 - Projeto de Estruturas de<br />

Madeira”, e programado em software MATHCAD©.<br />

Este estudo é conduzido a partir da definição preliminar do vão, da largura e<br />

classe da ponte, das espécies e classes de resistência das madeiras utilizadas para as<br />

nervuras e o tabuleiro. São analisadas diversas configurações de pontes, variando-se<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

29<br />

a altura do tabuleiro, a largura das nervuras, o número de nervuras e determinando-se<br />

a altura das mesmas para cada configuração.<br />

2.1 Características das pontes<br />

As pontes analisadas numericamente são da classe <strong>30</strong>, por se tratar do<br />

emprego mais comum das pontes de madeira protendidas.<br />

Os vãos utilizados para a análise destas pontes foram iguais a 10, 15, 20 e 25<br />

m. O limite inferior é escolhido porque para vãos menores que 10 m empregam-se<br />

pontes com seção transversal de altura constante e o limite superior é o vão máximo<br />

empregado para as pontes de madeira formadas por vigas-T. Estas pontes têm uma<br />

ou duas faixas de tráfego, de larguras iguais a 5,5 e 10,0 m respectivamente.<br />

As figuras 2 e 3 apresentam os desenhos esquemáticos de uma ponte com 5<br />

nervuras e uma faixa de tráfego e de uma ponte com 9 nervuras e duas faixas de<br />

tráfego.<br />

Unidade: cm<br />

100 350 100<br />

t<br />

D<br />

S<br />

bw<br />

550<br />

Figura 2 - Ponte com uma faixa de tráfego.<br />

Unidade: cm<br />

150<br />

700 150<br />

t<br />

D<br />

S<br />

1000<br />

Figura 3 - Ponte com duas faixas de tráfego.<br />

bw<br />

Com relação às dimensões dos elementos estruturais, foram adotadas larguras<br />

das nervuras e alturas dos tabuleiros iguais a 15, 20 e 25 cm. As dimensões menores<br />

que 15 cm tornam a seção transversal delgada em relação à altura da nervura, e as<br />

dimensões maiores que 25 cm dificultam a obtenção das peças de madeira serrada.<br />

O espaçamento mínimo entre duas nervuras deve ser maior ou igual a 70 cm,<br />

resultando em um número máximo de nervuras igual a 8 para pontes com uma faixa<br />

de tráfego e 14 para pontes com duas faixas de tráfego. O espaçamento máximo deve<br />

ser menor ou igual a 200 cm, resultando em um número mínimo de nervuras igual a 8<br />

para ponte com uma faixa de tráfego e 14 para ponte com duas faixas de tráfego.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


<strong>30</strong><br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

2.2 Procedimento de cálculo<br />

Neste tópico está descrito e exemplificado o procedimento de cálculo utilizado<br />

no dimensionamento das pontes de madeira formadas por vigas-T.<br />

Após a definição do vão, da largura e da classe da ponte, das espécies e das<br />

classes de resistência das madeiras utilizadas para as nervuras e o tabuleiro, é<br />

calculado o módulo de elasticidade na direção transversal do tabuleiro.<br />

O número mínimo de nervuras é determinado, segundo DAVALOS et al (1993),<br />

em função do deslocamento máximo da porção do tabuleiro entre duas nervuras<br />

adjacentes, sob a ação da carga de uma roda (Figura 4). Segundo GANGARAO &<br />

RAJU (1992), este deslocamento deve ser menor ou igual a 0,5 cm para que não<br />

ocorra fissuração do pavimento asfáltico, sendo este o limite utilizado no presente<br />

trabalho. Deste modo, o espaçamento máximo entre nervuras deve ser menor ou igual<br />

a 2,0 m para que apenas uma roda se posicione entre duas nervuras.<br />

δ ≤ 0,5 cm<br />

Smáx ≤ 2,0 m<br />

Figura 4 - Número mínimo de nervuras.<br />

O número máximo de nervuras é determinado, de modo que o espaçamento<br />

mínimo entre nervuras seja maior ou igual a 0,7 m (Figura 5). Este valor foi definido<br />

como premissa do trabalho, pois os espaçamentos menores que 0,7 m conduzem ao<br />

tabuleiro com altura constante.<br />

Smín ≥ 0,7 m<br />

Figura 5 - Número máximo de nervuras.<br />

Após a determinação do número de nervuras, são feitas as verificações dos<br />

efeitos localizados no tabuleiro e os cálculos da largura efetiva da mesa de uma viga-T<br />

interna e do fator de distribuição da carga, que determina a parcela da carga<br />

transmitida para a nervura mais solicitada. A partir de então, o projeto do sistema T<br />

resume-se ao dimensionamento de uma viga-T. Com as equações de flexão simples,<br />

são calculados os momentos fletores e os esforços cortantes máximos devidos às<br />

ações permanentes e variáveis, e verificados os estados limites últimos e de utilização<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

31<br />

correspondentes. Por último, calcula-se o volume de madeira do tabuleiro e das<br />

nervuras, para efeito de comparação.<br />

2.3 Descrição e resultados da análise numérica<br />

A seguir são descritos os métodos das análises efetuadas numericamente e<br />

apresentados os resultados correspondentes. Estas análises referem-se ao<br />

dimensionamento das pontes formadas com vigas-T; ao estudo das influências da<br />

altura do tabuleiro e da largura das nervuras, e da espécie de madeira do tabuleiro e<br />

das nervuras na altura D.<br />

As pontes formadas com vigas-T foram dimensionadas para vãos L iguais a 10,<br />

15, 20 e 25 m, larguras b iguais a 5,5 (1 faixa de tráfego) e 10,0 m (2 faixas de<br />

tráfego), larguras das nervuras B w e alturas dos tabuleiros t iguais a 15, 20 e 25 cm e<br />

número de nervuras n variando de 4 até 8 (1 faixa de tráfego) e de 7 até 14 (2 faixas<br />

de tráfego).<br />

O estudo das influências da altura do tabuleiro e da largura das nervuras, da<br />

espécie de madeira do tabuleiro e das nervuras na altura D foram realizados a partir<br />

dos resultados numéricos do dimensionamento de pontes com os mesmos parâmetros<br />

supracitados, porém fixando-se o vão L em 15 m.<br />

2.3.1 Dimensionamento das pontes formadas por vigas-T<br />

Com o objetivo de se conhecer as dimensões das seções transversais das<br />

pontes formadas com vigas-T, as alturas D foram calculadas considerando-se a<br />

madeira Classe C <strong>30</strong> - Conífera para as nervuras e o tabuleiro, e as combinações das<br />

variações de L, b, B w , t, e n, conforme descritos no item 3.3.<br />

Com os resultados obtidos, foi montada a tabela 1, que apresenta as alturas<br />

das nervuras para a ponte com 1 faixa de tráfego. Estes resultados também podem<br />

ser visualizados na figura 6.<br />

Os resultados referentes às pontes com 2 faixas de tráfego são apresentados<br />

na tabela 2 e na figura 7.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


32<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Tabela 1 - Alturas das nervuras D para pontes com 1 faixa de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

n<br />

B w<br />

t<br />

4 15<br />

20<br />

25<br />

VÃOS DAS PONTES<br />

L = 10 m L = 15 m L = 20 m L = 25 m<br />

15 20 25<br />

-<br />

145<br />

145<br />

-<br />

128<br />

128<br />

-<br />

117<br />

116<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

192<br />

192<br />

-<br />

170<br />

169<br />

-<br />

154<br />

153<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

241<br />

239<br />

-<br />

213<br />

210<br />

-<br />

193<br />

191<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

289<br />

286<br />

-<br />

256<br />

252<br />

-<br />

233<br />

229<br />

B w<br />

t<br />

5 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

126<br />

126<br />

126<br />

112<br />

112<br />

112<br />

102<br />

102<br />

102<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

171<br />

169<br />

168<br />

151<br />

150<br />

148<br />

138<br />

136<br />

135<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

215<br />

212<br />

210<br />

191<br />

188<br />

185<br />

174<br />

171<br />

168<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

260<br />

255<br />

251<br />

231<br />

226<br />

222<br />

211<br />

206<br />

202<br />

B w<br />

t<br />

6 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

114<br />

114<br />

114<br />

101<br />

101<br />

101<br />

92<br />

92<br />

92<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

155<br />

154<br />

152<br />

138<br />

136<br />

134<br />

126<br />

124<br />

122<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

196<br />

193<br />

190<br />

174<br />

171<br />

168<br />

159<br />

156<br />

153<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

237<br />

232<br />

227<br />

211<br />

206<br />

201<br />

193<br />

188<br />

183<br />

B w<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

106<br />

105<br />

105<br />

94<br />

93<br />

93<br />

85<br />

85<br />

85<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

144<br />

142<br />

140<br />

128<br />

126<br />

124<br />

117<br />

115<br />

113<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

182<br />

178<br />

175<br />

162<br />

158<br />

155<br />

148<br />

144<br />

141<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

220<br />

214<br />

209<br />

196<br />

190<br />

185<br />

179<br />

174<br />

169<br />

B w<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

99<br />

98<br />

98<br />

88<br />

87<br />

86<br />

80<br />

79<br />

79<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

135<br />

133<br />

131<br />

120<br />

118<br />

116<br />

110<br />

108<br />

105<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

170<br />

166<br />

163<br />

152<br />

148<br />

144<br />

139<br />

135<br />

132<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

206<br />

200<br />

195<br />

184<br />

178<br />

173<br />

169<br />

164<br />

159<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

33<br />

n = 4<br />

n = 5<br />

290<br />

265<br />

254<br />

232<br />

D (cm)<br />

218<br />

182<br />

D (cm)<br />

199<br />

166<br />

146<br />

133<br />

110<br />

10 15 20 25<br />

100<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

n = 6<br />

n = 7<br />

240<br />

225<br />

210<br />

196<br />

D (cm)<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

167<br />

138<br />

120<br />

109<br />

90<br />

10 15 20 25<br />

80<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

n = 8<br />

210<br />

183<br />

D (cm)<br />

156<br />

129<br />

102<br />

75<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

t = 15 cm, Bw = 15 cm t = 15 cm, Bw = 20 cm t = 15 cm, Bw = 25 cm<br />

t = 20 cm, Bw = 15 cm t = 20 cm, Bw = 20 cm t = 20 cm, Bw = 25 cm<br />

t = 25 cm, Bw = 15 cm t = 25 cm, Bw = 20 cm t = 25 cm, Bw = 25 cm<br />

Figura 6 - Gráficos D x L para pontes com 1 faixa de tráfego.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


34<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Tabela 2 - Alturas das nervuras D para pontes com 2 faixas de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

n<br />

B w<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

VÃOS DAS PONTES<br />

L = 10 m L = 15 m L = 20 m L = 25 m<br />

15 20 25<br />

-<br />

118<br />

119<br />

-<br />

104<br />

105<br />

-<br />

95<br />

96<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

157<br />

158<br />

-<br />

139<br />

140<br />

-<br />

127<br />

128<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

198<br />

198<br />

-<br />

175<br />

176<br />

-<br />

160<br />

160<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

239<br />

239<br />

-<br />

212<br />

212<br />

-<br />

194<br />

193<br />

B w<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

110<br />

111<br />

-<br />

97<br />

98<br />

-<br />

89<br />

89<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

147<br />

148<br />

-<br />

1<strong>30</strong><br />

131<br />

-<br />

119<br />

119<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

185<br />

186<br />

-<br />

164<br />

164<br />

-<br />

150<br />

150<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

224<br />

224<br />

-<br />

199<br />

198<br />

-<br />

182<br />

181<br />

B w<br />

t<br />

9 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

102<br />

103<br />

104<br />

90<br />

92<br />

92<br />

83<br />

84<br />

84<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

139<br />

139<br />

139<br />

123<br />

123<br />

123<br />

113<br />

112<br />

112<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

176<br />

175<br />

175<br />

156<br />

155<br />

155<br />

143<br />

142<br />

142<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

213<br />

212<br />

211<br />

190<br />

188<br />

188<br />

174<br />

173<br />

172<br />

B w<br />

t<br />

10 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

97<br />

98<br />

99<br />

86<br />

87<br />

88<br />

78<br />

79<br />

80<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

132<br />

132<br />

132<br />

117<br />

117<br />

117<br />

107<br />

107<br />

107<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

168<br />

167<br />

167<br />

149<br />

149<br />

148<br />

136<br />

135<br />

135<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

203<br />

202<br />

201<br />

181<br />

180<br />

179<br />

166<br />

165<br />

164<br />

B w<br />

t<br />

11 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

93<br />

93<br />

94<br />

82<br />

83<br />

84<br />

75<br />

76<br />

76<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

127<br />

126<br />

127<br />

112<br />

112<br />

112<br />

103<br />

102<br />

102<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

160<br />

159<br />

159<br />

143<br />

142<br />

141<br />

131<br />

1<strong>30</strong><br />

129<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

195<br />

193<br />

192<br />

174<br />

172<br />

171<br />

160<br />

158<br />

157<br />

B w<br />

t<br />

12 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

89<br />

89<br />

90<br />

79<br />

80<br />

80<br />

72<br />

73<br />

73<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

122<br />

121<br />

121<br />

108<br />

108<br />

108<br />

99<br />

99<br />

98<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

154<br />

153<br />

153<br />

138<br />

136<br />

136<br />

126<br />

125<br />

124<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

188<br />

186<br />

185<br />

168<br />

166<br />

165<br />

154<br />

152<br />

151<br />

B w<br />

t<br />

13 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

86<br />

86<br />

87<br />

76<br />

77<br />

77<br />

70<br />

70<br />

70<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

117<br />

117<br />

117<br />

104<br />

104<br />

104<br />

96<br />

95<br />

95<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

149<br />

148<br />

147<br />

133<br />

132<br />

131<br />

122<br />

121<br />

120<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

181<br />

179<br />

178<br />

162<br />

160<br />

159<br />

149<br />

147<br />

146<br />

B w<br />

t<br />

14 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

83<br />

83<br />

84<br />

74<br />

74<br />

74<br />

67<br />

68<br />

68<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

114<br />

113<br />

113<br />

101<br />

101<br />

100<br />

93<br />

92<br />

92<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

144<br />

143<br />

142<br />

129<br />

128<br />

127<br />

118<br />

117<br />

116<br />

B w<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

176<br />

174<br />

172<br />

157<br />

155<br />

154<br />

145<br />

143<br />

141<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

35<br />

n = 7<br />

n = 8<br />

240<br />

225<br />

210<br />

197<br />

D (cm)<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

169<br />

141<br />

120<br />

113<br />

90<br />

10 15 20 25<br />

85<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

n = 9<br />

n = 10<br />

215<br />

210<br />

188<br />

183<br />

D (cm)<br />

161<br />

134<br />

D (cm)<br />

156<br />

129<br />

107<br />

102<br />

80<br />

10 15 20 25<br />

75<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

n = 11<br />

n = 12<br />

200<br />

190<br />

174<br />

166<br />

D (cm)<br />

148<br />

122<br />

D (cm)<br />

142<br />

118<br />

96<br />

94<br />

70<br />

10 15 20 25<br />

70<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

n = 13<br />

n = 14<br />

185<br />

180<br />

161<br />

156<br />

D (cm)<br />

137<br />

113<br />

D (cm)<br />

132<br />

108<br />

89<br />

84<br />

65<br />

10 15 20 25<br />

60<br />

10 15 20 25<br />

L (m)<br />

L (m)<br />

t = 15 cm, Bw = 15 cm t = 15 cm, Bw = 20 cm t = 15 cm, Bw = 25 cm<br />

t = 20 cm, Bw = 15 cm t = 20 cm, Bw = 20 cm t = 20 cm, Bw = 25 cm<br />

t = 25 cm, Bw = 15 cm t = 25 cm, Bw = 20 cm t = 25 cm, Bw = 25 cm<br />

Figura 7 - Gráficos D x L para pontes com 2 faixas de tráfego.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


36<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

2.3.2 Influência da altura do tabuleiro e da largura das nervuras na altura D<br />

Com o objetivo de se verificar a influência da largura B w e da altura t na altura<br />

D, estas alturas foram calculadas para pontes com as mesmas características (largura<br />

da ponte, número de nervuras e madeira Classe C <strong>30</strong> - Conífera para as nervuras e o<br />

tabuleiro), e então comparadas inicialmente fixando-se a largura B w e variando-se a<br />

altura t e, posteriormente, fixando-se a altura t e variando-se a largura B w .<br />

Com os resultados obtidos, foram montadas as tabelas 3 e 4, que apresentam,<br />

respectivamente, as alturas das nervuras para as pontes com 1 e 2 faixas de tráfego.<br />

Estes resultados também podem ser visualizados na figura 8.<br />

Tabela 3 - Alturas D para pontes com 1 faixa de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

TABULEIRO E NERVURAS<br />

n<br />

CLASSE C <strong>30</strong> (CONÍFERA)<br />

t<br />

4 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

192<br />

192<br />

-<br />

170<br />

169<br />

-<br />

154<br />

153<br />

t<br />

5 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

6 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

15 20 25<br />

171<br />

169<br />

168<br />

151<br />

150<br />

148<br />

138<br />

136<br />

135<br />

15 20 25<br />

155<br />

154<br />

152<br />

138<br />

136<br />

134<br />

126<br />

124<br />

122<br />

15 20 25<br />

144<br />

142<br />

140<br />

128<br />

126<br />

124<br />

117<br />

115<br />

113<br />

15 20 25<br />

135<br />

133<br />

131<br />

120<br />

118<br />

116<br />

110<br />

108<br />

105<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

37<br />

Tabela 4 - Alturas D para pontes com 2 faixas de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

TABULEIRO E NERVURAS<br />

n<br />

CLASSE C <strong>30</strong> (CONÍFERA)<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

157<br />

158<br />

-<br />

139<br />

140<br />

-<br />

127<br />

128<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

9 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

10 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

11 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

12 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

13 15<br />

20<br />

25<br />

t<br />

14 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

147<br />

148<br />

-<br />

1<strong>30</strong><br />

131<br />

-<br />

119<br />

119<br />

15 20 25<br />

139<br />

139<br />

139<br />

123<br />

123<br />

123<br />

113<br />

112<br />

112<br />

15 20 25<br />

132<br />

132<br />

132<br />

117<br />

117<br />

117<br />

107<br />

107<br />

107<br />

15 20 25<br />

127<br />

126<br />

127<br />

112<br />

112<br />

112<br />

103<br />

102<br />

102<br />

15 20 25<br />

122<br />

121<br />

121<br />

108<br />

108<br />

108<br />

99<br />

99<br />

98<br />

15 20 25<br />

117<br />

117<br />

117<br />

104<br />

104<br />

104<br />

96<br />

95<br />

95<br />

15 20 25<br />

114<br />

113<br />

113<br />

101<br />

101<br />

100<br />

93<br />

92<br />

92<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


38<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

D (cm)<br />

Influência de Bw (1 faixa)<br />

160<br />

148<br />

136<br />

124<br />

112<br />

100<br />

15 20 25<br />

Bw (cm)<br />

t = 15 cm, n = 6<br />

t = 15 cm, n = 7<br />

t = 15 cm, n = 8<br />

t = 20 cm, n = 6<br />

t = 20 cm, n = 7<br />

t = 20 cm, n = 8<br />

t = 25 cm, n = 6<br />

t = 25 cm, n = 7<br />

t = 25 cm, n = 8<br />

D (cm)<br />

Influência de Bw (2 faixas)<br />

145<br />

134<br />

123<br />

112<br />

101<br />

90<br />

15 20 25<br />

Bw (cm)<br />

t = 15 cm, n = 9<br />

t = 15 cm, n = 11<br />

t = 15 cm, n = 14<br />

t = 20 cm, n = 9<br />

t = 20 cm, n = 11<br />

t = 20 cm, n = 14<br />

t = 25 cm, n = 9<br />

t = 25 cm, n = 11<br />

t = 25 cm, n = 14<br />

D (cm)<br />

Influência de t (1 faixa)<br />

160<br />

148<br />

136<br />

124<br />

112<br />

100<br />

15 20 25<br />

t (cm)<br />

t = 15 cm, n = 6<br />

t = 15 cm, n = 7<br />

t = 15 cm, n = 8<br />

t = 20 cm, n = 6<br />

t = 20 cm, n = 7<br />

t = 20 cm, n = 8<br />

t = 25 cm, n = 6<br />

t = 25 cm, n = 7<br />

t = 25 cm, n = 8<br />

D (cm)<br />

Influência de t (2 faixas)<br />

145<br />

134<br />

123<br />

112<br />

101<br />

90<br />

15 20 25<br />

t (cm)<br />

t = 15 cm, n = 9<br />

t = 15 cm, n = 11<br />

t = 15 cm, n = 14<br />

t = 20 cm, n = 9<br />

t = 20 cm, n = 11<br />

t = 20 cm, n = 14<br />

t = 25 cm, n = 9<br />

t = 25 cm, n = 11<br />

t = 25 cm, n = 14<br />

Figura 8 - Gráficos D x B w e D x t para pontes com 1 e 2 faixas de tráfego.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

39<br />

2.3.3 Influência da espécie de madeira do tabuleiro na altura D<br />

Com o objetivo de se verificar a influência da espécie de madeira do tabuleiro<br />

na altura D, estas alturas foram calculadas para pontes com as mesmas<br />

características (largura da ponte, largura das nervuras, altura do tabuleiro, número de<br />

nervuras e madeira Classe C <strong>30</strong> - Conífera para as nervuras), e então comparadas<br />

entre si, mudando-se apenas a madeira do tabuleiro (Classe C <strong>30</strong> - Conífera, Classe C<br />

<strong>30</strong> - Dicotiledônea e Classe C 40 - Dicotiledônea).<br />

Com os resultados obtidos, foi montada a tabela 5, que apresenta as alturas<br />

das nervuras para a ponte com 1 faixa de tráfego. Os resultados referentes às pontes<br />

com 2 faixas de tráfego são apresentados na tabela 6.<br />

Estes resultados também podem ser visualizados na figura 9.<br />

Tabela 5 - Alturas das nervuras D para pontes com 1 faixa de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

n<br />

B w<br />

t<br />

4 15<br />

20<br />

25<br />

CLASSES DE RESISTÊNCIA DAS MADEIRAS DO TABULEIRO<br />

CLASSE C <strong>30</strong><br />

(CONÍFERA)<br />

15 20 25<br />

-<br />

192<br />

192<br />

-<br />

170<br />

169<br />

-<br />

154<br />

153<br />

t<br />

CLASSE C <strong>30</strong><br />

(DICOTILEDÔNEA)<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

194<br />

194<br />

-<br />

171<br />

171<br />

-<br />

155<br />

155<br />

t<br />

CLASSE C 40<br />

(DICOTILEDÔNEA)<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

192<br />

192<br />

-<br />

169<br />

170<br />

-<br />

153<br />

154<br />

B w<br />

t<br />

5 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

171<br />

169<br />

168<br />

151<br />

150<br />

148<br />

138<br />

136<br />

135<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

172<br />

171<br />

170<br />

152<br />

151<br />

150<br />

139<br />

137<br />

136<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

169<br />

168<br />

168<br />

149<br />

148<br />

148<br />

136<br />

135<br />

135<br />

B w<br />

t<br />

6 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

155<br />

154<br />

152<br />

138<br />

136<br />

134<br />

126<br />

124<br />

122<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

156<br />

155<br />

154<br />

139<br />

137<br />

136<br />

127<br />

125<br />

124<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

153<br />

152<br />

152<br />

136<br />

135<br />

134<br />

124<br />

123<br />

121<br />

B w<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

144<br />

142<br />

140<br />

128<br />

126<br />

124<br />

117<br />

115<br />

113<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

145<br />

143<br />

142<br />

129<br />

127<br />

125<br />

117<br />

116<br />

114<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

142<br />

141<br />

139<br />

126<br />

124<br />

123<br />

115<br />

113<br />

112<br />

B w<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

135<br />

133<br />

131<br />

120<br />

118<br />

116<br />

110<br />

108<br />

105<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

136<br />

134<br />

132<br />

121<br />

119<br />

117<br />

110<br />

108<br />

107<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

133<br />

131<br />

1<strong>30</strong><br />

118<br />

116<br />

115<br />

108<br />

106<br />

104<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


40<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Tabela 6 - Alturas das nervuras D para pontes com 2 faixas de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

CLASSES DE RESISTÊNCIA DAS MADEIRAS DO TABULEIRO<br />

n CLASSE C <strong>30</strong><br />

(CONÍFERA)<br />

CLASSE C <strong>30</strong><br />

(DICOTILEDÔNEA)<br />

CLASSE C 40<br />

(DICOTILEDÔNEA)<br />

B w<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

157<br />

158<br />

-<br />

139<br />

140<br />

-<br />

127<br />

128<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

159<br />

160<br />

-<br />

141<br />

142<br />

-<br />

128<br />

129<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

158<br />

160<br />

-<br />

140<br />

142<br />

-<br />

127<br />

129<br />

B w<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

-<br />

147<br />

148<br />

-<br />

1<strong>30</strong><br />

131<br />

-<br />

119<br />

119<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

149<br />

150<br />

-<br />

132<br />

132<br />

-<br />

120<br />

121<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

147<br />

149<br />

-<br />

1<strong>30</strong><br />

132<br />

-<br />

119<br />

120<br />

B w<br />

t<br />

9 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

139<br />

139<br />

139<br />

123<br />

123<br />

123<br />

113<br />

112<br />

112<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

140<br />

140<br />

141<br />

124<br />

124<br />

125<br />

113<br />

113<br />

114<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

138<br />

139<br />

140<br />

122<br />

123<br />

124<br />

111<br />

112<br />

113<br />

B w<br />

t<br />

10 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

132<br />

132<br />

132<br />

117<br />

117<br />

117<br />

107<br />

107<br />

107<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

133<br />

134<br />

134<br />

118<br />

118<br />

119<br />

108<br />

108<br />

108<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

131<br />

132<br />

133<br />

116<br />

117<br />

118<br />

106<br />

106<br />

107<br />

B w<br />

t<br />

11 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

127<br />

126<br />

127<br />

112<br />

112<br />

112<br />

103<br />

102<br />

102<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

128<br />

128<br />

128<br />

113<br />

113<br />

114<br />

104<br />

103<br />

104<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

126<br />

126<br />

127<br />

111<br />

112<br />

112<br />

102<br />

102<br />

102<br />

B w<br />

t<br />

12 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

122<br />

121<br />

121<br />

108<br />

108<br />

108<br />

99<br />

99<br />

98<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

123<br />

123<br />

123<br />

109<br />

109<br />

109<br />

100<br />

99<br />

99<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

121<br />

121<br />

122<br />

107<br />

107<br />

108<br />

98<br />

98<br />

98<br />

B w<br />

t<br />

13 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

117<br />

117<br />

117<br />

104<br />

104<br />

104<br />

96<br />

95<br />

95<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

118<br />

118<br />

118<br />

105<br />

105<br />

105<br />

96<br />

96<br />

96<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

116<br />

117<br />

117<br />

103<br />

103<br />

104<br />

95<br />

94<br />

94<br />

B w<br />

t<br />

14 15<br />

20<br />

25<br />

15 20 25<br />

114<br />

113<br />

113<br />

101<br />

101<br />

100<br />

93<br />

92<br />

92<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

114<br />

114<br />

114<br />

102<br />

102<br />

102<br />

93<br />

93<br />

93<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

112<br />

113<br />

113<br />

100<br />

100<br />

100<br />

92<br />

92<br />

91<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

41<br />

t = 15 cm (1 faixa)<br />

t = 15 cm (2 faixas)<br />

180<br />

165<br />

165<br />

150<br />

D (cm)<br />

150<br />

135<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

120<br />

105<br />

105<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

t = 20 cm (1 faixa)<br />

t = 20 cm (2 faixas)<br />

200<br />

165<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

160<br />

140<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

120<br />

105<br />

100<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

t = 25 cm (1 faixa)<br />

t = 25 cm (2 faixas)<br />

200<br />

165<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

160<br />

140<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

120<br />

105<br />

100<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con) Bw = 20 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con) Bw = 25 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con)<br />

Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic) Bw = 20 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic) Bw = 25 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic)<br />

Bw = 15 cm, Tab C 40 (Dic) Bw = 20 cm, Tab C 40 (Dic) Bw = 25 cm, Tab C 40 (Dic)<br />

Figura 9 - Gráficos D x n para pontes com 1 e 2 faixas de tráfego.<br />

2.3.4 Influência da espécie de madeira das nervuras na altura D<br />

Com o objetivo de se verificar a influência da espécie de madeira das nervuras<br />

na altura D, estas alturas foram calculadas para pontes com as mesmas<br />

características (largura, largura das nervuras, altura do tabuleiro, número de nervuras<br />

e madeira Classe C <strong>30</strong> - Conífera para o tabuleiro), e então comparadas entre si,<br />

mudando-se apenas a madeira das nervuras (Classe C <strong>30</strong> - Conífera e Classe C <strong>30</strong> -<br />

Dicotiledônea).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


42<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Com os resultados obtidos, foi montada a tabela 7, que apresenta as alturas<br />

das nervuras para a ponte com 1 faixa de tráfego. Os resultados referentes às pontes<br />

com 2 faixas de tráfego são apresentados na tabela 8.<br />

Estes resultados também podem ser visualizados na figura 10.<br />

Tabela 7 - Alturas das nervuras D para pontes com 1 faixa de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

n<br />

t<br />

4 15<br />

20<br />

25<br />

CLASSES DE RESISTÊNCIA DAS MADEIRAS DAS NERVURAS<br />

CLASSE C <strong>30</strong> (CONÍFERA) CLASSE C <strong>30</strong> (DICOTILEDÔNEA)<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

192<br />

192<br />

-<br />

170<br />

169<br />

-<br />

154<br />

153<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

194<br />

193<br />

-<br />

171<br />

170<br />

-<br />

156<br />

155<br />

t<br />

5 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

171<br />

169<br />

168<br />

151<br />

150<br />

148<br />

138<br />

136<br />

135<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

172<br />

171<br />

170<br />

153<br />

151<br />

150<br />

140<br />

138<br />

136<br />

t<br />

6 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

155<br />

154<br />

152<br />

138<br />

136<br />

134<br />

126<br />

124<br />

122<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

157<br />

155<br />

154<br />

139<br />

138<br />

136<br />

127<br />

126<br />

124<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

144<br />

142<br />

140<br />

128<br />

126<br />

124<br />

117<br />

115<br />

113<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

145<br />

143<br />

142<br />

129<br />

127<br />

126<br />

118<br />

116<br />

115<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

135<br />

133<br />

131<br />

120<br />

118<br />

116<br />

110<br />

108<br />

105<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

136<br />

134<br />

132<br />

122<br />

119<br />

117<br />

111<br />

109<br />

107<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

43<br />

Tabela 8 - Alturas das nervuras D para pontes com 2 faixas de tráfego (B w , t, D em cm)<br />

n<br />

t<br />

7 15<br />

20<br />

25<br />

CLASSES DE RESISTÊNCIA DAS MADEIRAS DAS NERVURAS<br />

CLASSE C <strong>30</strong> (CONÍFERA)<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

157<br />

158<br />

-<br />

139<br />

140<br />

-<br />

127<br />

128<br />

t<br />

CLASSE C <strong>30</strong> (DICOTILEDÔNEA)<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

159<br />

159<br />

-<br />

140<br />

141<br />

-<br />

128<br />

129<br />

t<br />

8 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

147<br />

148<br />

-<br />

1<strong>30</strong><br />

131<br />

-<br />

119<br />

119<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

-<br />

149<br />

149<br />

-<br />

132<br />

132<br />

-<br />

120<br />

121<br />

t<br />

9 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

139<br />

139<br />

139<br />

123<br />

123<br />

123<br />

113<br />

112<br />

112<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

140<br />

140<br />

141<br />

125<br />

125<br />

125<br />

114<br />

114<br />

114<br />

t<br />

10 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

132<br />

132<br />

132<br />

117<br />

117<br />

117<br />

107<br />

107<br />

107<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

134<br />

134<br />

134<br />

119<br />

119<br />

119<br />

109<br />

109<br />

108<br />

t<br />

11 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

127<br />

126<br />

127<br />

112<br />

112<br />

112<br />

103<br />

102<br />

102<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

128<br />

128<br />

128<br />

114<br />

114<br />

114<br />

104<br />

104<br />

104<br />

t<br />

12 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

122<br />

121<br />

121<br />

108<br />

108<br />

108<br />

99<br />

99<br />

98<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

123<br />

123<br />

123<br />

110<br />

109<br />

109<br />

101<br />

100<br />

100<br />

t<br />

13 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

117<br />

117<br />

117<br />

104<br />

104<br />

104<br />

96<br />

95<br />

95<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

119<br />

118<br />

118<br />

106<br />

106<br />

105<br />

97<br />

97<br />

96<br />

t<br />

14 15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

114<br />

113<br />

113<br />

101<br />

101<br />

100<br />

93<br />

92<br />

92<br />

t<br />

15<br />

20<br />

25<br />

B w<br />

15 20 25<br />

115<br />

115<br />

114<br />

103<br />

102<br />

102<br />

94<br />

94<br />

93<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


44<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

t = 15 cm (1 faixa)<br />

t = 15 cm (2 faixas)<br />

175<br />

165<br />

161<br />

150<br />

D (cm)<br />

147<br />

133<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

119<br />

105<br />

105<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

t = 20 cm (1 faixa)<br />

t = 20 cm (2 faixas)<br />

200<br />

165<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

160<br />

140<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

120<br />

105<br />

100<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

t = 25 cm (1 faixa)<br />

t = 25 cm (2 faixas)<br />

200<br />

165<br />

180<br />

150<br />

D (cm)<br />

160<br />

140<br />

D (cm)<br />

135<br />

120<br />

120<br />

105<br />

100<br />

4 5 6 7 8<br />

90<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

n<br />

n<br />

Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con) Bw = 20 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con) Bw = 25 cm, Tab C <strong>30</strong> (Con)<br />

Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic) Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic) Bw = 15 cm, Tab C <strong>30</strong> (Dic)<br />

Figura 10 - Gráficos D x n para pontes com 1 e 2 faixas de tráfego.<br />

2.4 Discussões sobre a análise numérica<br />

No processo de dimensionamento das nervuras, o fator limitante foi o estado<br />

limite último de tração nas fibras inferiores das nervuras, para todas as situações<br />

analisadas. O critério estipulado pela NBR 7190/97, para o estado limite de utilização,<br />

conduz a resultados distintos dos que eram obtidos anteriormente à implantação desta<br />

norma, quando se observava que o fator limitante era o deslocamento vertical da<br />

estrutura. Deste modo, podem-se esperar reduções significativas na altura das<br />

nervuras ao se utilizar resistências de cálculo à tração superiores às empregadas<br />

neste trabalho, por meio de critérios de dimensionamento que permitam considerar a<br />

maior resistência à tração da madeira.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

45<br />

No processo de avaliação da influência dos fatores geométricos, observa-se<br />

que a variação da altura do tabuleiro de 15 a 25 cm conduz a reduções de, no<br />

máximo, 3% para a altura das nervuras, e que a variação da largura das nervuras de<br />

15 a 25 cm conduz a reduções de, no máximo, 12% para a altura das mesmas.<br />

Em relação à influência da madeira do tabuleiro (conífera C <strong>30</strong> ou dicotiledônea<br />

C <strong>30</strong> ou C 40) na altura das nervuras, observa-se uma ligeira vantagem para as<br />

coníferas quando são comparadas espécies de madeira com a mesma resistência à<br />

compressão paralela às fibras e o mesmo módulo de elasticidade na direção<br />

longitudinal (Classe C <strong>30</strong>). Isto ocorre porque a distribuição lateral das cargas é mais<br />

favorável (menor W f ) devido ao efeito da protensão na rigidez à flexão transversal ser<br />

mais eficiente para madeiras de menor densidade. Deste modo, ocorre uma<br />

diminuição de, no máximo, 2% para a altura das nervuras. A utilização de espécies de<br />

madeira com maior módulo de elasticidade na direção longitudinal (Classe C 40)<br />

conduz a uma diminuição de, no máximo, 3% para a altura das nervuras.<br />

Deve ser considerado que as estruturas mais eficientes, em termos de<br />

consumo de madeira, são aquelas que apresentam nervuras com maior altura.<br />

Entretanto, devido ao custo de fabricação da madeira laminada colada ser muito<br />

superior ao da madeira serrada utilizada no tabuleiro, a definição da geometria mais<br />

eficiente depende da análise de custos e da possível limitação na altura das vigas<br />

laminadas.<br />

3 EXPERIMENTAÇÃO DO MODELO REDUZIDO<br />

Neste capítulo está descrito o ensaio estático de um modelo reduzido de ponte<br />

formada por vigas-T. Estes ensaios foram realizados com o objetivo de se avaliar o<br />

modelo teórico utilizado no dimensionamento destas pontes, principalmente quanto à<br />

comparação entre as rigidezes à flexão longitudinal experimental e teórica da seção<br />

transversal e ao fator de distribuição da carga (W f ).<br />

3.1 Características do modelo reduzido<br />

A estrutura avaliada é uma ponte classe <strong>30</strong> com comprimento L igual a 10 m,<br />

uma faixa de tráfego com largura b igual a 5,5 m e madeira classe C <strong>30</strong> (conífera) para<br />

as nervuras e o tabuleiro. O dimensionamento utilizando o procedimento de cálculo<br />

baseado no método WVU conduziu a uma ponte formada por 6 nervuras com largura<br />

B w igual a 25 cm, altura D igual a 100 cm e espaçamento entre os eixos igual a 105<br />

cm, e tabuleiro com 80 lâminas de espessura igual a 5 cm e altura t igual a 25 cm.<br />

A análise experimental desta ponte foi efetuada por meio de um modelo<br />

reduzido na escala 1:5, cujas dimensões estão apresentadas na figura 11.<br />

Este modelo foi construído utilizando a espécie Pinus Hondurensis (Pinus<br />

caribaea var. hondurensis) para as nervuras e a espécie Pinus Taeda (Pinus taeda)<br />

para as lâminas do tabuleiro.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


46<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Unidade: cm<br />

200<br />

20<br />

5<br />

10<br />

5 21<br />

110<br />

Figura 11 - Dimensões do modelo reduzido.<br />

3.1.1 Caracterização das nervuras<br />

O módulo de elasticidade de cada nervura, cujas dimensões nominais são<br />

5x20x200 cm, foi determinado experimentalmente por meio de ensaio à flexão. Os<br />

ensaios foram realizados com uma repetição para cada nervura, e o módulo de<br />

elasticidade da mesma E L,n foi calculado pela equação 1:<br />

3<br />

k ⋅L<br />

EL,n<br />

= (1)<br />

48 ⋅I<br />

sendo:<br />

k = P<br />

(2)<br />

δ<br />

Os valores de E L,n estão apresentados na tabela 9.<br />

Tabela 9 - Módulos de elasticidade na direção longitudinal E L,n das nervuras<br />

Nervura E L,n (MPa)<br />

A 6523<br />

B 7744<br />

C 5236<br />

D 7216<br />

E 6940<br />

F 5172<br />

3.1.2 Caracterização das lâminas do tabuleiro<br />

O módulo de elasticidade de cada lâmina, cujas dimensões nominais são<br />

1x5x200 cm, foi determinado experimentalmente por meio de ensaio à flexão. Os<br />

ensaios foram realizados com uma repetição para cada lâmina, e o módulo de<br />

elasticidade da mesma E L,t foi calculado no intervalo 5 - 35 N pela equação 3:<br />

3<br />

P ⋅ L<br />

EL,t<br />

= (3)<br />

48 ⋅ δ ⋅I<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

47<br />

Os valores de E L,t estão apresentados na tabela 10.<br />

Tabela 10 - Módulos de elasticidade na direção longitudinal das lâminas do tabuleiro E L,t<br />

N° da<br />

lâmina<br />

E L,t<br />

(MPa)<br />

N° da<br />

lâmina<br />

E L,t<br />

(MPa)<br />

N° da<br />

lâmina<br />

E L,t<br />

(MPa)<br />

N° da<br />

lâmina<br />

E L,t<br />

(MPa)<br />

1 10123 21 9418 41 7611 61 7768<br />

2 7067 22 7370 42 9099 62 9746<br />

3 7778 23 11606 43 10318 63 9282<br />

4 5490 24 7656 44 8283 64 7048<br />

5 7890 25 8781 45 9974 65 9480<br />

6 8829 26 10154 46 8726 66 8238<br />

7 9795 27 7363 47 7661 67 8702<br />

8 7624 28 7506 48 9429 68 6424<br />

9 6168 29 8379 49 11866 69 10254<br />

10 9992 <strong>30</strong> 6797 50 10617 70 10690<br />

11 6416 31 6986 51 8450 71 12242<br />

12 7034 32 8848 52 10558 72 11315<br />

13 7608 33 8328 53 9021 73 8080<br />

14 7054 34 6661 54 12483 74 6400<br />

15 8106 35 9373 55 9856 75 7326<br />

16 9547 36 6946 56 11984 76 7571<br />

17 7394 37 7557 57 12291 77 10514<br />

18 7099 38 7523 58 8904 78 6507<br />

19 6693 39 7842 59 6106 79 8938<br />

20 8533 40 11510 60 7939 80 6374<br />

3.1.3 Classificação das nervuras e das lâminas do tabuleiro<br />

As classes de resistência das nervuras e das lâminas foram determinadas<br />

experimentalmente por meio de ensaio de compressão paralela às fibras.<br />

Os resultados indicaram que as nervuras e as lâminas do tabuleiro pertencem<br />

à classe C <strong>30</strong> (conífera).<br />

3.2 Montagem do modelo<br />

A seguir são descritas as etapas realizadas na montagem do modelo. Estas<br />

etapas referem-se à distribuição das nervuras e das lâminas do tabuleiro, aos apoios<br />

do modelo, ao sistema de protensão, aos dispositivos utilizados na experimentação e<br />

às formas de aplicação das forças.<br />

3.2.1 Distribuição das nervuras e das lâminas do tabuleiro<br />

A distribuição adequada das nervuras e das lâminas do tabuleiro tem como<br />

objetivo uniformizar a rigidez longitudinal do modelo.<br />

As nervuras foram distribuídas o mais simetricamente possível em relação ao<br />

eixo longitudinal do modelo reduzido, posicionando-se externamente as nervuras com<br />

os módulos de elasticidade E L,n maiores (Figura 12).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


48<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

1<br />

B<br />

2<br />

A<br />

3<br />

C<br />

4<br />

F<br />

5<br />

E<br />

6<br />

D<br />

Figura 12 - Distribuição das nervuras no modelo reduzido.<br />

A distribuição das lâminas do tabuleiro se fez em conjuntos de 4 peças (Figura<br />

13 e 14), de modo que as médias dos módulos de elasticidade na direção longitudinal<br />

de cada conjunto fossem próximas entre si e também próximas da média do módulo<br />

de elasticidade de todas as lâminas.<br />

Conjunto<br />

S<br />

Figura 13 - Conjunto de lâminas formado por quatro peças.<br />

1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112 13141516 171819<br />

20<br />

Figura 14 - Distribuição dos conjuntos de lâminas no modelo reduzido.<br />

3.2.2 Apoios do modelo<br />

O modelo reduzido foi apoiado sobre um sistema composto de perfis metálicos<br />

e roletes de aço montados sobre a laje de reação. Estes roletes permitem a rotação no<br />

ponto de apoio e não impedem o deslocamento horizontal do modelo.<br />

3.2.3 Sistema de protensão<br />

O sistema de protensão foi constituído por 21 barras de aço espaçadas 10 cm<br />

entre si e com diâmetros nominais igual a 9,5 mm.<br />

Para a aplicação da força de protensão no modelo, as barras de aço foram<br />

tensionadas pelo rosqueamento manual das porcas sextavadas e então ancoradas por<br />

um conjunto de placa de ancoragem de aço comum e bloco de distribuição de<br />

madeira. Para estabelecer a tensão de protensão no tabuleiro igual a 0,7 MPa, cada<br />

barra estava tensionada de modo a aplicar uma força de 3,5 kN em uma área de 50<br />

cm 2 (distância entre as barras igual a 10 cm e altura do tabuleiro igual a 5 cm).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

49<br />

3.2.4 Formas de aplicação das forças<br />

Com o objetivo de se obter a rigidez efetiva do modelo, foi realizado um ensaio<br />

preliminar aplicando-se uma força no meio do vão do modelo e distribuída ao longo da<br />

largura (Figura 15).<br />

Figura 15 - Força uniformemente distribuída.<br />

Posteriormente, os ensaios foram realizados simulando a atuação de um eixo<br />

do veículo-tipo. Para isto, foram aplicadas duas forças concentradas no meio do vão<br />

do modelo e em várias posições ao longo de sua largura (Figura 16).<br />

Figura 16 - Simulação de um eixo centrado.<br />

Em cada ensaio, os deslocamentos verticais foram medidos a cada incremento<br />

de 4,58 kN na força aplicada, até o valor máximo de 45,8 kN para o carregamento<br />

distribuído; 4,25 na força aplicada, até o valor máximo de 34 kN para o carregamento<br />

de um eixo com a roda externa na nervura 2 ou 5; 3,84 na força aplicada, até o valor<br />

máximo de 23 kN para o carregamento centrado de um eixo e o carregamento de um<br />

eixo com a roda externa na nervura 1 ou 6. Todos os ensaios foram realizados com<br />

uma repetição para cada carregamento.<br />

Para se ter noção da magnitude da força aplicada no modelo em relação à<br />

carga móvel, foram determinados os momentos fletores no meio do vão da estrutura<br />

real, acrescidos do efeito do impacto, devidos ao carregamento móvel na faixa<br />

ocupada pelo veículo-tipo M real = 78120 kN.cm e ao carregamento móvel em toda a<br />

largura da ponte M real = 81995 kN.cm.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


50<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Os momentos fletores equivalentes no modelo, em termos de se obter tensões<br />

normais da mesma magnitude, são determinados dividindo-se os momentos fletores<br />

na estrutura real pelo cubo do fator de redução de escala (M modelo = M real /5 3 ), sendo<br />

M modelo = 625 kN.cm e M modelo = 656 kN.cm. Estes momentos são provocados por<br />

forças concentradas iguais a 12,5 kN e 13,12 kN, respectivamente.<br />

3.3 Resultados obtidos e análises<br />

A seguir são apresentados os resultados experimentais dos ensaios estáticos<br />

do modelo reduzido de ponte com seção-T e as análises numéricas correspondentes.<br />

Estes resultados são a média dos valores observados no primeiro ciclo de<br />

leituras e na sua repetição. É importante salientar que não ocorreram diferenças<br />

significativas entre os valores do primeiro ciclo em relação aos da repetição.<br />

3.3.1 Resultados<br />

Para cada carregamento, foi efetuada a regressão linear entre as forças<br />

aplicadas e os deslocamentos correspondentes, obtendo-se a equação abaixo:<br />

δ ( mm) = a + b ⋅ P(kN)<br />

(4)<br />

As tabelas 11 a 16 apresentam os resultados obtidos para todos os ensaios, os<br />

valores das constantes a e b e o coeficiente de correlação obtidos em cada regressão.<br />

Tabela 11 - Força uniformemente distribuída – (I)<br />

p<br />

1 2 3 4<br />

5 6<br />

Força aplicada p.b<br />

Deslocamentos no meio do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

4,58 0,79 0,54 0,38 0,64 0,61 0,35<br />

9,16 1,17 0,92 0,73 1,01 0,96 0,66<br />

13,74 1,55 1,<strong>30</strong> 1,07 1,38 1,<strong>30</strong> 0,98<br />

18,32 1,93 1,68 1,42 1,76 1,65 1,29<br />

22,90 2,31 2,06 1,77 2,13 2,00 1,60<br />

27,48 2,68 2,44 2,11 2,50 2,34 1,92<br />

32,03 3,06 2,82 2,46 2,87 2,69 2,23<br />

36,64 3,44 3,20 2,80 3,24 3,04 2,55<br />

41,22 3,82 3,58 3,15 3,62 3,38 2,86<br />

45,80 4,20 3,96 3,49 3,99 3,73 3,18<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,4133 0,1600 0,0367 0,2667 0,2640 0,0333<br />

b (mm/kN) 0,0826 0,08<strong>30</strong> 0,0755 0,0813 0,0757 0,0686<br />

r 2 (%) 99,99 100 99,99 99,99 99,99 99,99<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 2290 kN.cm<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

51<br />

Tabela 12 - Carregamento de um eixo com a roda externa na nervura 1 – (II)<br />

P<br />

P<br />

40 cm<br />

1 2 3 4<br />

5 6<br />

Força aplicada 2P<br />

Deslocamento no meio do vão do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

3,84 1,10 0,65 0,59 0,34 0,12 0,05<br />

7,68 1,83 1,13 1,08 0,55 0,13 -0,04<br />

11,52 2,56 1,60 1,57 0,76 0,15 -0,12<br />

15,36 3,29 2,08 2,07 0,97 0,17 -0,20<br />

19,20 4,02 2,56 2,56 1,18 0,19 -0,29<br />

23,00 4,75 3,04 3,05 1,39 0,20 -0,37<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,3675 0,1697 0,0943 0,1293 0,0999 0,1316<br />

b (mm/kN) 0,1904 0,1246 0,1285 0,0548 0,0045 -0,0218<br />

r 2 (%) 100 100 100 100 98,92 99,97<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 1150 kN.cm<br />

Tabela 13 - Carregamento de um eixo com a roda externa na nervura 2 – (III)<br />

P<br />

P<br />

40 cm<br />

1 2 3 4 5 6<br />

Força aplicada 2P<br />

Deslocamento no meio do vão do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

4,25 0,54 0,79 0,59 0,71 0,35 0,11<br />

8,50 0,77 1,42 1,05 1,22 0,55 0,05<br />

12,75 1,01 2,06 1,51 1,74 0,75 -0,01<br />

17,00 1,24 2,69 1,96 2,25 0,96 -0,07<br />

21,25 1,48 3,32 2,42 2,77 1,16 -0,14<br />

25,50 1,72 3,95 2,87 3,28 1,36 -0,20<br />

29,75 1,95 4,58 3,33 3,80 1,56 -0,26<br />

34,00 2,19 5,21 3,79 4,31 1,76 -0,32<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,<strong>30</strong>07 0,1611 0,1361 0,1936 0,1482 0,1736<br />

b (mm/kN) 0,0555 0,1486 0,1074 0,1211 0,0475 -0,0146<br />

r 2 (%) 100 100 100 100 100 99,97<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 1700 kN.cm<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


52<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Tabela 14 - Carregamento de um eixo com a roda externa na nervura 5 – (IV)<br />

P<br />

P<br />

40 cm<br />

1 2 3 4<br />

5 6<br />

Força aplicada 2P<br />

Deslocamento no meio do vão do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

4,25 -0,01 0,28 0,69 0,73 0,66 0,20<br />

8,50 -0,14 0,46 1,21 1,21 1,21 0,40<br />

12,75 -0,26 0,65 1,74 1,69 1,77 0,61<br />

17,00 -0,39 0,84 2,27 2,17 2,33 0,81<br />

21,25 -0,52 1,03 2,80 2,65 2,89 1,01<br />

25,50 -0,64 1,22 3,32 3,12 3,44 1,21<br />

29,75 -0,77 1,41 3,85 3,60 4,00 1,41<br />

34,00 -0,90 1,60 4,38 4,08 4,56 1,61<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,1168 0,085 0,1593 0,2543 0,0993 0,0011<br />

b (mm/kN) -0,0298 0,0445 0,1241 0,1125 0,1311 0,0474<br />

r 2 (%) 100 100 100 100 100 100<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 1700 kN.cm<br />

Tabela 15 - Carregamento de um eixo com a roda externa na nervura 6 – (V)<br />

P<br />

P<br />

40 cm<br />

1 2 3 4 5 6<br />

Força aplicada 2P<br />

Deslocamento no meio do vão do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

3,84 -0,10 0,04 0,<strong>30</strong> 0,69 0,53 0,79<br />

7,68 -0,36 0,07 0,50 1,19 0,90 1,42<br />

11,52 -0,61 0,11 0,70 1,68 1,28 2,06<br />

15,36 -0,87 0,13 0,90 2,18 1,66 2,69<br />

19,20 -1,12 0,17 1,09 2,67 2,04 3,32<br />

23,00 -1,37 0,19 1,29 3,16 2,42 3,95<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,1516 0,0112 0,1040 0,1976 0,1454 0,1565<br />

b (mm/kN) -0,0662 0,0080 0,0516 0,1288 0,0987 0,1649<br />

r 2 (%) 100 99,24 100 100 100 100<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 1150 kN.cm<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

53<br />

Tabela 16 - Carregamento centrado de um eixo – (VI)<br />

P<br />

40 cm<br />

P<br />

1 2 3 4<br />

5 6<br />

Força aplicada 2P<br />

Deslocamento no meio do vão do modelo<br />

(kN) δ 1 (mm) δ 2 (mm) δ 3 (mm) δ 4 (mm) δ 5 (mm) δ 6 (mm)<br />

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

3,84 0,25 0,67 0,71 0,73 0,60 0,17<br />

7,68 0,<strong>30</strong> 1,15 1,<strong>30</strong> 1,29 1,03 0,23<br />

11,52 0,36 1,62 1,89 1,86 1,46 0,29<br />

15,36 0,41 2,10 2,48 2,42 1,89 0,35<br />

19,20 0,46 2,58 3,07 2,98 2,33 0,41<br />

23,00 0,52 3,05 3,66 3,55 2,76 0,47<br />

Resultados obtidos nas regressões<br />

a (mm) 0,1952 0,19<strong>30</strong> 0,1180 0,1654 0,1638 0,1098<br />

b (mm/kN) 0,0140 0,1242 0,1539 0,1470 0,1127 0,0156<br />

r 2 (%) 99,91 100 100 100 100 100<br />

Momento fletor máximo no meio do vão do modelo = 1150 kN.cm<br />

3.3.2 Análise da rigidez à flexão longitudinal do modelo<br />

Este item apresenta a comparação entre as rigidezes à flexão longitudinal<br />

experimental e teórica (método WVU) do modelo.<br />

A rigidez à flexão longitudinal experimental ( E ⋅ I) exp erimental<br />

foi calculada com base<br />

nos resultados do carregamento em que a força é uniformemente distribuída no meio<br />

do vão e ao longo da largura do modelo. Para este carregamento, não há influência da<br />

rigidez à flexão transversal e a ponte se comporta como um conjunto de vigas<br />

longitudinais. Então:<br />

3<br />

P ⋅L<br />

(E ⋅I)<br />

exp erimental<br />

=<br />

(5)<br />

48 ⋅ δ<br />

A relação P/δ foi tomada como o inverso da média dos valores “b”<br />

apresentados na tabela 11:<br />

P = 128,56 kN/cm<br />

δ<br />

Substituindo este valor na equação 5 tem-se:<br />

3<br />

128,56 ⋅ 200<br />

(E ⋅ I)<br />

exp erimental<br />

=<br />

= 21.426.667 kN.cm 2<br />

48<br />

A rigidez à flexão longitudinal teórica ( E ⋅ I)<br />

teórica<br />

foi calculada a partir da soma<br />

dos momentos de inércia transformados das vigas do modelo reduzido.<br />

Inicialmente, as larguras efetivas das abas de cada viga-T do modelo foram<br />

determinadas de acordo com o método WVU.<br />

Posteriormente, a seção transversal do modelo foi uniformizada adotando-se<br />

um valor único para o módulo de elasticidade na direção longitudinal das nervuras e<br />

das lâminas do tabuleiro (E adotado = 1000 kN/cm 2 ), e foram determinadas as larguras<br />

transformadas das nervuras e das abas.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


54<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

Por último, foram determinados os momentos de inércia, para cada uma destas<br />

vigas, em relação ao eixo horizontal que passa pelo CG da seção transformada total<br />

do modelo.<br />

A rigidez à flexão longitudinal da seção transversal transformada é dada por:<br />

2<br />

Itransforma da<br />

= ∑ [ Ii<br />

+ A<br />

i<br />

⋅ ( yCG<br />

− yi<br />

) ] = ( 21792 + 258) = 22050 cm 4<br />

E ⋅ I) = 1000 ⋅ 22050 22.050.000 kN.cm 2<br />

(<br />

transforma da<br />

=<br />

Comparando o valor teórico com o experimental, observa-se que este é cerca<br />

de 97 % do valor do primeiro, indicando uma composição da seção transversal com<br />

uma eficiência praticamente equivalente à prevista pelo método WVU.<br />

3.3.3 Análise do fator de distribuição da carga (W f )<br />

Este item apresenta a comparação entre os fatores de distribuição da carga<br />

experimental e teórica (método WVU) do modelo.<br />

Para o cálculo do fator W f experimental do modelo, determinou-se a parcela de<br />

carga absorvida por cada nervura (P i ) quando foram aplicados os carregamentos em<br />

que a roda do eixo ficou sobre uma das nervuras externas. Estes carregamentos são<br />

as situações mais desfavoráveis em termos de distribuição transversal das cargas.<br />

No cálculo de P i foi feita uma simplificação na qual admitiu-se que cada<br />

nervura absorveu uma parcela de carga proporcional ao produto do deslocamento<br />

desta nervura por sua rigidez à flexão.<br />

Deste modo, W f experimental foi determinado pela relação entre a parcela de<br />

carga máxima (P i,máx ) e o somatório das parcelas de carga (ΣP i ) de cada nervura:<br />

Pi,máx<br />

W<br />

f<br />

=<br />

(6)<br />

∑Pi<br />

sendo:<br />

48 ⋅ δi<br />

⋅ Eadotado<br />

⋅Ii,transformada<br />

Pi<br />

= (7)<br />

3<br />

L<br />

Substituindo P i na equação 6 tem-se:<br />

Ii,transformada<br />

⋅ δi<br />

W<br />

f<br />

=<br />

(8)<br />

∑ ( Ii,transformada<br />

⋅ δi<br />

)<br />

Inicialmente, calculou-se o fator (W f1 ) com os resultados apresentados na<br />

tabela 12, caso em que a roda ficou sobre a nervura externa 1:<br />

I1,transformada<br />

⋅ δ1<br />

3793 ⋅ 0,475<br />

Wf 1<br />

= =<br />

⋅100<br />

= 41 %<br />

∑ I ⋅ δ 4376<br />

( )<br />

i,transformada<br />

i<br />

Posteriormente, calculou-se o fator (W f6 ) com os resultados apresentados na<br />

tabela 15, caso em que a roda ficou sobre a nervura externa 6:<br />

I6,transformada<br />

⋅ δ6<br />

3548 ⋅ 0,395<br />

Wf 6<br />

= =<br />

⋅100<br />

= 41 %<br />

∑ I ⋅ δ 3377<br />

( )<br />

i,transformada<br />

i<br />

E, finalmente, calculou-se o fator de distribuição da carga (W f ):<br />

Wf1<br />

+ W<br />

6<br />

W<br />

f<br />

f<br />

= ⇒ W f<br />

= 41 %<br />

2<br />

O fator W f teórico do modelo foi determinado de acordo com o método WVU,<br />

conforme descrito abaixo:<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

55<br />

sendo:<br />

W<br />

C<br />

f<br />

1+<br />

C0<br />

= (9)<br />

2<br />

n ⋅ C0<br />

+ ⋅ ( n − 1)<br />

π<br />

(b − B<br />

)<br />

D<br />

[8 ⋅ ( λ)<br />

+ 1]<br />

2<br />

0<br />

=<br />

π<br />

w T<br />

⋅ ⋅<br />

Be<br />

4<br />

( λ)<br />

(10)<br />

3<br />

t<br />

DT<br />

= ET<br />

⋅<br />

12<br />

(11)<br />

( b − BW<br />

)<br />

λ =<br />

L<br />

(12)<br />

B = E ⋅Iex<br />

(13)<br />

e<br />

L, n<br />

Calculando, tem-se que:<br />

3<br />

5<br />

DT = 18,78 ⋅ = 196 kN.cm<br />

12<br />

( 110 − 5)<br />

λ = = 0,525<br />

200<br />

B e<br />

= 647,2 ⋅5814<br />

= 3.762.821 kN.cm 2 2<br />

(110 − 5) 196 [8 ⋅(0,525)<br />

+ 1]<br />

C0 = ⋅ ⋅<br />

= 0, 0734<br />

4<br />

π 3.762.821 (0,525)<br />

1+<br />

0,0734<br />

W f<br />

= ⋅1,6<br />

= 47 %<br />

2<br />

6 ⋅ 0,0734 + ⋅ ( 6 −1)<br />

π<br />

Comparando o valor teórico com o experimental, observa-se que este (W f = 41<br />

%) é ligeiramente menor que o obtido pelo método WVU (W f = 47 %), indicando que a<br />

parcela de carga absorvida pela nervura mais solicitada do modelo é menor que a<br />

parcela de carga determinada pelo método WVU.<br />

4 CONCLUSÕES<br />

O desenvolvimento do sistema T das pontes de madeira protendidas<br />

transversalmente surgiu devido à necessidade de se construir pontes que vencessem<br />

vãos maiores que os alcançados pelas pontes com tabuleiros protendidos de altura<br />

constante. O procedimento de cálculo, utilizado na determinação das dimensões<br />

efetivas das pontes formadas por vigas-T, possibilitou efetuar a análise numérica<br />

destas pontes para diversas situações de projeto.<br />

Estas pontes classe <strong>30</strong> foram dimensionadas para vãos iguais a 10, 15, 20 e<br />

25 m, larguras iguais a 5,5 (1 faixa de tráfego) e 10,0 m (2 faixas de tráfego), larguras<br />

das nervuras e alturas dos tabuleiros iguais a 15, 20 e 25 cm, número de nervuras<br />

variando de 4 até 8 (1 faixa de tráfego) e de 7 até 14 (2 faixas de tráfego), e<br />

espaçamento entre nervuras variando de 70 até 200 cm.<br />

A partir das discussões desenvolvidas ao longo do trabalho, conclui-se que:<br />

- No processo de dimensionamento das nervuras realizado na análise numérica, o<br />

fator limitante foi o estado limite último de tração nas fibras inferiores das nervuras,<br />

para todas as situações analisadas. Deste modo, podem-se esperar reduções<br />

significativas na altura das nervuras ao se utilizar resistências de cálculo à tração<br />

superiores às empregadas neste trabalho, por meio de critérios de dimensionamento<br />

que permitam considerar a maior resistência à tração da madeira.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


56<br />

Nívea Mara Pereira Alves & Antonio Alves Dias<br />

- A altura do tabuleiro não influencia de maneira significativa na altura das nervuras,<br />

pois a variação da altura do tabuleiro de 15 a 25 cm conduz a reduções de, no<br />

máximo, 3% para a altura das nervuras.<br />

- A largura das nervuras influencia de maneira significativa na altura das mesmas, pois<br />

a variação desta largura de 15 a 25 cm conduz a reduções de, no máximo, 12% para a<br />

sua altura.<br />

- Em relação ao tabuleiro, observa-se que a utilização de madeira conífera C <strong>30</strong> ou<br />

dicotiledônea C <strong>30</strong> ou C 40 não influencia de maneira significativa na altura das<br />

nervuras. Para as madeiras classe C <strong>30</strong>, que apresentam o mesmo módulo de<br />

elasticidade na direção longitudinal, observa-se uma melhor distribuição transversal<br />

das cargas para as coníferas devido à protensão transversal proporcionar um maior<br />

módulo de elasticidade na direção transversal para estas madeiras; para as madeiras<br />

classe C 40, que apresentam maior módulo de elasticidade na direção longitudinal,<br />

observa-se uma diminuição de, no máximo, 3% para a altura das nervuras.<br />

- Na análise experimental do modelo foram obtidos valores para a rigidez à flexão<br />

longitudinal e para o fator de distribuição da carga muito próximos dos valores teóricos<br />

determinados pelo método WVU, indicando que o método possibilita um<br />

dimensionamento adequado para as pontes de madeira protendidas transversalmente<br />

formadas por vigas-T.<br />

5 AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos à CAPES pelo apoio financeiro, sem o qual esta pesquisa não<br />

poderia ter sido realizada.<br />

6 REFERÊNCIAS<br />

ALVES, N. M. P. (2002). Análise de pontes de madeira protendidas<br />

transversalmente formadas por vigas – T. São <strong>Carlos</strong>. Dissertação (Mestrado) –<br />

Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong> – Universidade de São Paulo.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984). NBR 7188 - Cargas<br />

Móveis em Pontes Rodoviárias e Passarelas de Pedestres. Rio de Janeiro.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1997). NBR 7190 - Projeto<br />

de Estruturas em Madeira. Rio de Janeiro.<br />

DAVALOS, J. F; SALIM, H. A. (1992). Design of Stress-Laminated T-System Timber<br />

Bridges. National Hardwood Timber Bridge Conference 1992, Timber Bridge<br />

Information Resource Center–TBIRC, USDA-FS-Northeastern Area.<br />

DAVALOS, J. F.; SALIM, H. A.; DICKSON, B. (1993). Development and Field<br />

Testing of the Camp Arrowhead Modular Stress-Laminated T-System Timber<br />

Bridge. Annual Meeting, TRB, 72., National Research Council, Washington, D.C.,<br />

n.93-0663.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p.27-57, <strong>2006</strong>


Análise de pontes de madeira protendidas transversalmente formadas por vigas – T<br />

57<br />

GANGARAO, H. V. S.; RAJU, P. R. (1992). Transverse Wheel Load Distribution for<br />

Deck-Stringer Bridges. In: NSF WORKSHOP ON BRIDGE ENGINEERING<br />

RESEARCH IN PROGRESS, 3., La Jolla, CA, 1992. Proceedings... University of CA,<br />

p.109-112.<br />

OKIMOTO, F. S. (1997). Pontes Protendidas de Madeira: parâmetros elásticos<br />

para o projeto. São <strong>Carlos</strong>. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São<br />

<strong>Carlos</strong> - Universidade de São Paulo.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 27-57, <strong>2006</strong>


ISSN 1809-5860<br />

EFEITOS DO CONFINAMENTO EM PILARES DE<br />

CONCRETO ARMADO ENCAMISADOS COM<br />

COMPÓSITO DE FIBRAS DE CARBONO<br />

Ricardo Carrazedo 1 & João Bento de Hanai 2<br />

Resumo<br />

Sabe-se que o confinamento pode aumentar significativamente a resistência e a<br />

ductilidade de pilares de concreto armado. Normalmente utiliza-se o confinamento<br />

passivo, desenvolvido por armaduras transversais e camisas que restringem a expansão<br />

lateral do concreto. Nas últimas décadas diversas pesquisas abordaram o confinamento<br />

com armaduras transversais. Recentemente observou-se na literatura diversos<br />

trabalhos sobre o confinamento em pilares de concreto encamisados com compósitos de<br />

fibras de carbono e vidro, sendo na maior parte destes trabalhos realizados ensaios de<br />

corpos-de-prova sem armaduras. A partir destas pesquisas foram elaborados modelos<br />

teóricos. O presente trabalho apresenta e discute os resultados de uma análise<br />

experimental de pilares de concreto armado encamisados com compósitos de fibras de<br />

carbono e ensaiados à compressão axial. Foram ensaiados pilares de seção circular<br />

com diferentes taxas de armadura transversal e pilares de seção quadrada não<br />

armados, envolvidos por camisas de diferentes espessuras. Pôde-se observar os ganhos<br />

de resistência e ductilidade devidos ao efeito de confinamento da camisa de reforço e<br />

da armadura transversal pré-existente. Verificou-se também a importância da forma da<br />

seção transversal sobre o desempenho do reforço, comparando-se os resultados obtidos<br />

nos pilares de seção circular e quadrada.<br />

Palavras-chave: pilares; reforço; compósitos; fibra de carbono; confinamento;<br />

concreto armado.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

As primeiras pesquisas sobre confinamento datam do início do século XX e<br />

relacionaram o ganho de resistência à compressão do concreto confinado linearmente<br />

com a pressão lateral, segundo a formulação a seguir:<br />

f<br />

cc<br />

= f + k ⋅ f<br />

(1)<br />

co<br />

1<br />

l<br />

onde:<br />

f cc – resistência à compressão do concreto confinado;<br />

1 Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-<strong>USP</strong>, rczedo@sc.usp.br<br />

2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-<strong>USP</strong>, jbhanai@sc.usp.br<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


60<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

f co – resistência à compressão do concreto não confinado;<br />

f l – pressão lateral;<br />

k 1 – coeficiente obtido experimentalmente.<br />

RICHART et al. (1929) encontraram k 1 =4,1 em ensaios do concreto submetido<br />

ao confinamento ativo por meio de fluidos e no confinamento passivo com armaduras<br />

em espirais.<br />

Observaram também um grande aumento da deformação axial última do<br />

concreto confinado (ε cc ), que foi relacionada à pressão lateral por meio da expressão:<br />

f<br />

l<br />

ε<br />

cc<br />

= εco<br />

+ k<br />

2<br />

⋅<br />

(2)<br />

fco<br />

onde:<br />

ε cc – deformação última do concreto confinado;<br />

ε co - deformação última do concreto não confinado;<br />

k 2 = 5⋅k 1 - coeficiente obtido experimentalmente.<br />

2 DEFINIÇÕES<br />

Suponha-se que o pilar circular da Figura 1 esteja envolvido por um tubo de<br />

parede fina e submetido a um esforço de compressão axial. Aplicada a carga P o tubo<br />

restringe a expansão lateral, desenvolvendo-se no interior do tubo uma pressão f l .<br />

Considerando-se que o tubo tenha parede fina, a relação entre a pressão interna e o<br />

esforço de tração no tubo pode ser obtida por meio de um simples equilíbrio de<br />

esforços da seção transversal.<br />

P<br />

2R<br />

t<br />

L=1<br />

Seção transversal<br />

fl<br />

α<br />

y<br />

x<br />

F<br />

Esforços atuantes<br />

F<br />

P<br />

Figura 1 - Pilar circular envolvido por parede fina.<br />

Considerando-se o equilíbrio dos esforços da seção transversal atuantes na<br />

direção y da Figura 1 obtém-se:<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

61<br />

− 2 ⋅ F +<br />

π<br />

∫<br />

0<br />

fl ⋅ R ⋅ sen α ⋅ dα<br />

=<br />

0<br />

(3)<br />

onde:<br />

• F - esforço de tração por unidade de comprimento do tubo;<br />

• R é o raio médio do tubo e α o ângulo central do pilar.<br />

Por meio da Equação 3 e admitindo-se que a tensão no tubo (f p ) é constante<br />

ao longo da espessura (t), a relação entre a pressão lateral e a tensão no tubo<br />

dependem apenas das características geométricas:<br />

f<br />

p<br />

fl<br />

⋅R<br />

=<br />

t<br />

Pode-se então chegar a uma relação entre a pressão lateral, a tensão no tubo<br />

e a taxa volumétrica de material do tubo (ρ p ) válida para pilares circulares:<br />

f<br />

l<br />

=<br />

ρ<br />

p<br />

2<br />

⋅ f<br />

p<br />

A equação 5 se aplica também a pilares de seção circular com armaduras<br />

transversais, onde a taxa de material do tubo é substituída pela taxa volumétrica de<br />

armadura transversal, dada por:<br />

ρ<br />

p<br />

4 ⋅ A<br />

sφ<br />

=<br />

D ⋅ s<br />

c<br />

sendo:<br />

• A sø - área da seção de uma barra da armadura transversal;<br />

• D c - diâmetro do núcleo confinado (de centro a centro das barras transversais);<br />

• s - espaçamento da armadura transversal (de centro a centro das barras<br />

transversais).<br />

(4)<br />

(5)<br />

(6)<br />

3 MODELOS TEÓRICOS DE CONFINAMENTO<br />

Existem diversos modelos teóricos para prever o comportamento do concreto<br />

confinado por armaduras transversais e por compósitos na compressão axial<br />

centrada. No confinamento com armaduras transversais alguns pesquisadores<br />

adotaram coeficientes de efetividade (k e ) para reduzir a pressão lateral calculada pela<br />

Equação 5, levando em conta a influência do espaçamento da armadura transversal.<br />

Os modelos teóricos são baseados em resultados de análises experimentais.<br />

No caso de pilares envolvidos por camisas de compósitos os modelos foram<br />

elaborados com base em ensaios de corpos-de-prova de pequenas dimensões à<br />

compressão axial centrada.<br />

As principais variáveis para representar o comportamento do concreto<br />

confinado são a sua resistência (f cc ) e a deformação última (ε cc ). Na Tabela 1 são<br />

apresentadas as formulações de alguns modelos teóricos para estimar f cc e ε cc . Estas<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


62<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

formulações são na maioria restritas a pilares de concreto de resistência normal, de<br />

seção circular e submetidos à compressão axial centrada.<br />

Tabela 1 - Modelos teóricos de confinamento<br />

Modelo Tipo f cc ε cc<br />

Mander<br />

f ⎛<br />

et al. 1 ⎟ ⎞<br />

cc<br />

⎜<br />

7,94 ⋅ fle<br />

f<br />

⎡ ⎛ f ⎤<br />

le<br />

cc<br />

⎞<br />

= fco<br />

⋅<br />

− 1,254 + 2,254 ⋅ 1+<br />

− 2 ⋅ ε cc = ε co ⋅ ⎢1<br />

+ 5 ⋅ ⎥<br />

fco<br />

(1988)<br />

⎝<br />

fco<br />

f<br />

⎜ − 1<br />

⎟<br />

co ⎠<br />

⎣ ⎝ fco<br />

⎠<br />

⎦<br />

Cusson &<br />

0,7<br />

1,7<br />

fcc<br />

⎛ fle<br />

⎞<br />

⎛ f<br />

Paultrè 1<br />

= 1,0 + 2,1 ⋅<br />

(1995)<br />

f<br />

⎜<br />

co<br />

f<br />

⎟<br />

le<br />

⎞<br />

εcc<br />

= εco<br />

+ 0,21⋅<br />

⎜<br />

⎝ co ⎠<br />

f<br />

⎟<br />

⎝ co ⎠<br />

Razvi &<br />

0,83<br />

−0,17<br />

Saatcioglu 1<br />

fcc<br />

= fco<br />

+ 6,7 ⋅ fle<br />

εcc<br />

= εco<br />

⋅ (1+<br />

33,5 ⋅ fle<br />

)<br />

(1999)<br />

Miyauchi et<br />

al. (1997)<br />

Samaan et<br />

al. (1998)<br />

2<br />

2<br />

f<br />

f<br />

f<br />

cc<br />

cc<br />

co<br />

fl<br />

= 1+<br />

3,50 ⋅<br />

f<br />

= f<br />

co<br />

+ 6,0 ⋅ f<br />

co<br />

0,7<br />

l<br />

fo = 0,872 ⋅ fco<br />

+ 0,371⋅<br />

fl<br />

+ 6,258<br />

0,2 Ef<br />

⋅ t<br />

f<br />

⋅ n<br />

E2<br />

= 245,61⋅<br />

fco<br />

+ 1,3456 ⋅<br />

D<br />

ε<br />

ε<br />

cc<br />

co<br />

⎛ f ⎞<br />

l<br />

= 1,0 + 10,6 ⋅<br />

⎜<br />

f<br />

⎟<br />

⎝ co ⎠<br />

fcc<br />

− f0<br />

ε<br />

cc<br />

=<br />

E<br />

Tipo 1: Modelos teóricos desenvolvidos para confinamento com armaduras<br />

transversais de aço. A pressão lateral efetiva (f le ) é obtida multiplicando-se a pressão<br />

lateral pelo coeficiente de efetividade (k e ). As formulações aqui apresentadas se<br />

aplicam apenas a pilares de seção transversal circular.<br />

Tipo 2: Modelos teóricos desenvolvidos para confinamento com camisas de<br />

compósitos, como os de fibras de vidro ou carbono. As formulações destes modelos<br />

se aplicam somente a pilares de seção transversal circular.<br />

c<br />

2<br />

0,373<br />

onde:<br />

• t f é a espessura da camada de compósito;<br />

• n é o número de camadas de compósito;<br />

• ε fu é a deformação última do compósito;<br />

• E f é o módulo de elasticidade do compósito.<br />

4 ANÁLISE EXPERIMENTAL<br />

4.1 Materiais e métodos<br />

4.1.1 Concreto<br />

Utilizou-se areia natural como agregado miúdo e brita nº 1 de origem basáltica<br />

como agregado graúdo. Como aglomerante foi utilizado cimento Portland do tipo CP II<br />

E 32, da marca Itaú. As características do concreto são apresentadas na Tabela 2,<br />

incluindo-se o traço unitário, resistência à compressão e módulo de elasticidade.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

63<br />

Tabela 2 - Características do concreto<br />

Material<br />

Traço unitário em<br />

massa<br />

Resistência<br />

(MPa)<br />

Módulo de<br />

elasticidade<br />

(GPa)<br />

Cimento CP II E –<br />

Itaú<br />

1,000 Série 1 32,0 28,55<br />

Areia natural 2,762 Série 2 35,3 26,32<br />

Brita 1 3,238<br />

Valores obtidos com o ensaio de corpos de<br />

Água 0,610<br />

prova de 10 x 20 cm (diâmetro x altura) na<br />

data de ensaio dos pilares<br />

A cura foi realizada em câmara úmida por 7 dias.<br />

4.1.2 Armaduras<br />

Foram confeccionados 9 pilares circulares de concreto armado, sendo que em<br />

6 destes utilizou-se armaduras nas direções longitudinal e transversal. O diâmetro das<br />

armaduras transversais foi de 5 mm enquanto o das longitudinais foi de 8 mm.<br />

Utilizou-se diferentes espaçamentos de armaduras transversais para obter as taxas<br />

volumétricas necessárias (0, 1 e 2%). A tensão de escoamento da armadura<br />

transversal foi de 756 MPa e o módulo de elasticidade de 204,7 GPa. A armadura<br />

longitudinal apresentou uma tensão de escoamento de 554,8 MPa e módulo de<br />

elasticidade de 201,5 GPa.<br />

4.1.3 Sistema de reforço por encamisamento<br />

Os pilares foram encamisados com o sistema SIKAWRAP ® , que consiste na<br />

colagem de tecidos unidirecionais de fibras de carbono (SIKAWRAP HEX-2<strong>30</strong> C) com<br />

resina epóxi (SIKADUR-3<strong>30</strong>). As características das fibras de carbono e da resina são<br />

apresentadas na Tabela 3, segundo dados fornecidos pelo fabricante.<br />

Tabela 3 - Propriedades dos materiais do reforço – dados do fabricante<br />

Fibras: SIKAWRAP HEX-2<strong>30</strong> C<br />

0º<br />

Orientação das fibras<br />

(unidirecional)<br />

Resina epóxi: SIKADUR-3<strong>30</strong><br />

1,31<br />

Massa específica<br />

kg/dm³<br />

Massa / área 225 g/m² Dosagem A:B 1:4<br />

Espessura* 0,13 mm Pot-life (5 kg)<br />

Módulo de elasticidade à<br />

tração<br />

2<strong>30</strong> GPa<br />

Resistência à tração 3500 MPa Resistência à tração<br />

Alongamento de ruptura 1,5%<br />

*Baseada na área total das fibras de carbono<br />

Módulo de elasticidade à<br />

tração<br />

90 min<br />

(15ºC)<br />

<strong>30</strong> min<br />

(35ºC)<br />

<strong>30</strong> MPa<br />

(7 dias)<br />

3,8 GPa<br />

(7 dias)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


64<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

A resina foi preparada com um misturador elétrico até se obter uma mistura<br />

homogênea e de coloração uniforme e então aplicada sobre as superfícies a serem<br />

encamisadas. O consumo de epóxi foi de 1,0 kg/m 2 para as superfícies de concreto e<br />

de 0,75 kg/m 2 para as superfícies já cobertas com fibras (2ª ou 3ª camadas). Após a<br />

impregnação da superfície aplicou-se os tecidos unidirecionais, expulsando-se o ar<br />

com um pequeno rolo plástico.<br />

4.1.4 Ensaios à compressão axial<br />

Após a preparação da instrumentação aplicou-se uma fina camada de massa<br />

plástica sobre as superfícies que receberam o carregamento, de maneira a diminuir as<br />

imperfeições e melhorar a planicidade. Os pilares foram então ensaiados à<br />

compressão axial centrada com crescimento linear do deslocamento em uma máquina<br />

universal de ensaios servo-hidráulica da marca INSTRON, Modelo 8506, com<br />

capacidade de 2500 kN.<br />

4.1.5 Ensaios de caracterização do compósito<br />

Os ensaios de caracterização do compósito foram realizados em duas etapas:<br />

preliminar e definitiva. Observou-se uma grande variação das propriedades do<br />

compósito entre as duas etapas. Inicialmente verificou-se que as frações volumétricas<br />

dos materiais constituintes (resina e fibras) mudaram significativamente,<br />

provavelmente devido à variação da quantidade de resina ou alguma mudança no<br />

processo de moldagem. A espessura do compósito conseqüentemente também<br />

apresentou variação. Desta maneira as propriedades mecânicas do compósito obtidas<br />

nestas duas etapas divergiram significativamente, como se pode observar na Figura<br />

2, comparando os resultados de PRFC 1 e PRFC 2.<br />

Optou-se então por desprezar a colaboração da matriz sobre as propriedades<br />

mecânicas do compósito. As tensões foram calculadas dividindo-se a carga atuante<br />

na amostra pela área das fibras de carbono. Este procedimento é recomendado por<br />

FIORELLI & DIAS (2001). Por meio desta hipótese as propriedades mecânicas<br />

apresentaram uma variabilidade muito pequena nas duas situações, como é<br />

observado na Figura 2 comparando-se os resultados de Fibras 1 e Fibras 2.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

65<br />

<strong>30</strong>00<br />

2500<br />

Fibras 1<br />

Fibras 2<br />

Tensão (MPa)<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

PRFC 1<br />

PRFC 2<br />

500<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10 12 14<br />

Deformação ( . /..)<br />

Figura 2 - Pilar circular envolvido por parede fina.<br />

Na etapa definitiva foram ensaiadas 5 amostras do compósito de fibras de<br />

carbono à tração conforme recomendações da ASTM D <strong>30</strong>39 (1995). Utilizou-se uma<br />

máquina de ensaio da marca DARTEC, modelo M1000 RK, com capacidade de 100<br />

kN, do Laboratório de Madeiras e Estruturas de Madeira da Escola de Engenharia de<br />

São <strong>Carlos</strong> / Universidade de São Paulo. Na Tabela 4 são apresentados os resultados<br />

obtidos nesta caracterização das propriedades mecânicas.<br />

Tabela 4 - Resultados dos ensaios de tração – propriedades das fibras<br />

Amostra Tensão (MPa) ε fu (‰) E f (GPa)<br />

1 2981,07 13,232 218,43<br />

2 2679,07 12,015 220,81<br />

3 2621,55 11,887 217,64<br />

4 2922,41 13,021 218,93<br />

Média 2801,02 12,539 218,95<br />

Deve-se observar que nestes ensaios à tração a resistência e a deformação<br />

última das fibras foram menores que os valores fornecidos pelo fabricante. Esta<br />

redução provavelmente ocorreu devido à ocorrência de flexão no ensaio. No entanto o<br />

módulo de elasticidade das fibras apresentou uniformidade e foi um parâmetro de<br />

dimensionamento importante. A utilização das propriedades das fibras (e não do<br />

compósito) para o estudo do confinamento foi adotada por alguns pesquisadores em<br />

seus modelos teóricos.<br />

4.1.6 Pilares de seção transversal circular<br />

Os pilares foram preparados em duas séries referentes a duas concretagens.<br />

À série 1 pertencem os pilares circulares C0, C1, C2, C0S50, C1S50 e C2S50. À serie<br />

2 pertencem o C0S25, C1S25 e C2S25. Os pilares de seção circular foram<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


66<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

confeccionados com diferentes taxas volumétricas da armadura transversal (ρ s ) e<br />

número de camadas de compósito (n). Na Tabela 5 apresenta-se um esquema da<br />

nomenclatura adotada para os pilares de seção circular.<br />

Tabela 5 - Nomenclatura dos pilares circulares<br />

ρ s (%)<br />

Número de camadas de compósito<br />

0 1 2<br />

0 C0 C1 C2<br />

1 C0S50 C1S50 C2S50<br />

2 C0S25 C1S25 C2S25<br />

Na Figura 3 são apresentadas as dimensões, instrumentação e o esquema de<br />

colagem dos tecidos.<br />

190 mm<br />

n=0 n=1 n=2<br />

Detalhe da instrumentação<br />

190<br />

1<br />

4<br />

T<br />

8<br />

5<br />

T<br />

L 3<br />

1<br />

L<br />

3<br />

L<br />

2<br />

6 7<br />

T<br />

(cobrimento = 15 mm)<br />

9<br />

T<br />

2<br />

LEGENDA<br />

L<br />

T<br />

Transdutor<br />

Extensômetro na<br />

camisa de reforço<br />

Extensômetro na<br />

armadura longitudinal<br />

Extensômetro na<br />

armadura transversal<br />

Figura 3 - Características dos pilares de seção circular.<br />

570<br />

190<br />

190<br />

190<br />

n+1<br />

n<br />

n+1<br />

(Dimensões em mm)<br />

4.1.7 Pilares de seção transversal quadrada<br />

A nomenclatura dos pilares de seção quadrada consiste na letra Q seguida do<br />

número de camadas de reforço. Os modelos de seção transversal quadrada<br />

receberam 4 transdutores na região central. Os modelos Q1 e Q2 receberam ainda<br />

extensômetros na camisa de reforço na região central, colocados nos cantos e no<br />

meio das faces. As dimensões e a instrumentação utilizadas estão indicadas na<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

67<br />

Figura 4. Observou-se um raio mínimo de curvatura de 3 cm nos cantos do pilar para<br />

evitar rupturas localizadas por concentrações de tensões. Na Figura 4 são<br />

apresentadas as características geométricas e a instrumentação utilizada nos<br />

modelos de seção transversal quadrada.<br />

4<br />

150 mm<br />

3<br />

3<br />

Q0 Q1 Q2<br />

Detalhe da instrumentação<br />

150<br />

150<br />

150<br />

n+1<br />

4<br />

1<br />

1<br />

(raio dos cantos = <strong>30</strong> mm)<br />

2<br />

2<br />

LEGENDA<br />

Transdutor<br />

Extensômetro na<br />

camisa de reforço<br />

450<br />

150 150<br />

Figura 4 - Modelos de seção transversal quadrada.<br />

(Dimensões em mm)<br />

n<br />

n+1<br />

4.1.8 Instrumentação<br />

Utilizou-se extensômetros elétricos de resistência da marca KYOWA, sendo<br />

que para a camisa de reforço foram empregados extensômetros do tipo KFG-10-C1-<br />

120-11 e para as armaduras o KFG-5-C1-120-11.<br />

Para registrar os deslocamentos da região central dos modelos empregou-se<br />

transdutores de deslocamento da marca KYOWA, com curso de 10 mm e<br />

sensibilidade de 0,03 mm. A base de leitura dos transdutores foi de 210 mm.<br />

4.2 Resultados e discussões<br />

4.2.1 Resultados dos pilares de seção circular<br />

Observou-se significativos ganhos de resistência e ductilidade com o aumento<br />

do número de camadas do compósito para todas as taxas de armaduras transversais.<br />

O comportamento força-deslocamento foi próximo do bi-linear até a ruptura da camisa<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


68<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

de reforço. Nas Figuras 5 a 7 são apresentados os diagramas força x deslocamento<br />

dos modelos agrupados para cada taxa de armadura transversal. A base de leitura do<br />

deslocamento é de 570 mm (comprimento do pilar).<br />

No caso dos pilares de seção transversal circular não armados é possivel<br />

calcular a tensão no concreto confinado dividindo-se a força atuante pela área da<br />

seção de concreto (28353 mm 2 ) e a deformação dividindo-se o deslocamento do pilar<br />

pelo comprimento (570 mm). Assim verifica-se que o diagrama tensão-deformação do<br />

concreto confinado por camisas de compósitos em pilares de seção circular é<br />

aproximadamente bi-linear. A Figura 5 indica este comportamento, porém em termos<br />

de força x deslocamento. A inclinação do segundo trecho linear depende do número<br />

de camadas de reforço.<br />

-1600<br />

-1400<br />

-1200<br />

Força (kN)<br />

-1000<br />

-800<br />

-600<br />

-400<br />

-200<br />

c0<br />

c1<br />

c2<br />

0<br />

0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10 -11<br />

Deslocamento axial do modelo (mm)<br />

Figura 5 - Diagramas força x deslocamento – pilares com ρ s = 0.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

69<br />

-2000 Modelo<br />

C0S50<br />

-1500<br />

C1S50<br />

C2S50<br />

Força (kN)<br />

-1000<br />

-500<br />

0<br />

0 -5 -10 -15<br />

Deslocamento axial do modelo (mm)<br />

Figura 6 - Diagramas força x deslocamento - pilares com ρ s = 1%.<br />

-2000 Modelo<br />

C0S25<br />

C1S25<br />

-1500<br />

C2S25<br />

Força (kN)<br />

-1000<br />

-500<br />

0<br />

0 -5 -10 -15 -20<br />

Deslocamento axial do modelo (mm)<br />

Figura 7 - Diagramas força x deslocamento - pilares com ρ s = 2%.<br />

Foram observados significativos ganhos de capacidade resistente com o<br />

aumento do número de camadas de fibras de carbono, para todas as taxas de<br />

armadura transversal. Ocorreram também grandes aumentos da deformação última<br />

destes pilares. A Tabela 6 apresenta as capacidades resistentes dos pilares e a<br />

comparação dos pilares reforçados com os pilares de referência.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


70<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

Tabela 6 - Capacidade resistente dos pilares de seção transversal circular<br />

ρ s = 0 ρ s = 1% ρ s = 2%<br />

n F u (kN) F u /F u * F u (kN) F u /F u ** F u (kN) F u /F u ***<br />

0 741,7* 1,000 903,7** 1,000 1291,0*** 1,000<br />

1 1100,5 1,484 1481,5 1,639 1691,5 1,310<br />

2 1507,55 2,033 1854,7 2,052 2097,4 1,625<br />

F u é a força última do pilar<br />

Observou-se menores ganhos de capacidade resistente pelo efeito de<br />

confinamento da camisa de reforço para os pilares com taxa de armadura transversal<br />

pré existente ρ s = 2%. O concreto confinado com elevadas taxas de armadura<br />

transversal já apresenta por si só um considerável ganho de resistência em relação<br />

ao concreto não confinado. Com o acréscimo das camadas de compósito o ganho<br />

relativo de resistência observado foi menor. Outra variável que pode ter influenciado<br />

estas comparações de capacidade resistente foi a presença de armaduras apenas<br />

nos modelos com ρ s = 1% e 2%.<br />

Foram significativos os aumentos da deformação última com a aplicação da<br />

camisa de reforço para os pilares com menores taxas de armadura transversal e<br />

principalmente nos modelos sem armaduras. Para ρ s = 2% o aumento da deformação<br />

última com o encamisamento foi muito pequeno. Admitindo-se que a deformação<br />

última seja um parâmetro indicador da ductilidade, pode-se dizer que para maiores<br />

valores de ρ s ocorreram menores ganhos de ductilidade com o aumento do numero de<br />

camadas de compósito. As deformações foram obtidas dividindo-se o deslocamento<br />

total do modelo por seu comprimento (570 mm). A Tabela 7 apresenta a deformação<br />

última dos pilares e a comparação entre modelos reforçados e de referência.<br />

Tabela 7 - Comparação da deformação última<br />

Deformação última<br />

ρ s = 0 ρ s = 1% ρ s = 2%<br />

N ε cc (‰) ε cc /ε cc * ε cc (‰) ε cc /ε cc ** ε cc (‰) ε cc /ε cc ***<br />

0 2,028* 1,000 8,552** 1,000 15,231*** 1,000<br />

1 11,180 5,513 11,643 1,361 16,482 1,082<br />

2 16,196 7,986 15,837 1,852 19,185 1,260<br />

4.2.2 Resultados dos pilares de seção quadrada<br />

Na Tabela 8 são apresentados a força última e o deslocamento último dos<br />

pilares de seção quadrada. Apresenta-se também a deformação de ruptura das fibras<br />

de carbono adotada do pilar C1.<br />

É importante ressaltar que as maiores deformações da camisa foram<br />

registradas no meio das faces do pilar e não nos cantos, como observado na<br />

literatura. A ruptura da camisa, conseqüentemente, ocorreu no meio das faces laterais<br />

dos pilares. No entanto, com a ruptura localizada da camisa de reforço na região da<br />

instrumentação não foram obtidas leituras até o final do ensaio. Desta maneira<br />

considerou-se adequado utilizar a deformação de ruptura da camisa observada no<br />

pilar C1.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

71<br />

Tabela 8 - Resultados experimentais<br />

Modelo n F u (kN) δ u<br />

ε fu<br />

(10 -3 )<br />

Q0 0 512,08 0,840 -<br />

Q1 1 770,59 3,724 11,92*<br />

Q2 2 1009,32 6,953 11,92*<br />

*Adotados do pilar C1<br />

Por meio dos resultados apresentados na Tabela 8 foram calculadas a<br />

resistência à compressão do concreto confinado e a pressão lateral de duas maneiras<br />

distintas.<br />

Na primeira supõe-se que a pressão lateral seja uniforme ao longo do<br />

perímetro do pilar (como em pilares circulares). Calcula-se uma pressão lateral<br />

idealizada (f li ) por meio da expressão:<br />

f<br />

li<br />

2 ⋅ t<br />

= ⋅ ε<br />

fu<br />

⋅ E<br />

f<br />

(7)<br />

b<br />

onde b é a largura do pilar.<br />

Na segunda estimou-se uma pressão lateral efetiva (f le ) considerando a<br />

envoltória de ruptura do concreto confinado, por meio da expressão 8, baseada no<br />

modelo de RICHART et al. (1929).<br />

f<br />

le<br />

f<br />

− f<br />

cc co<br />

= (8)<br />

4,1<br />

A Tabela 9 apresenta as pressões f li e f le , e também um coeficiente de<br />

efetividade k e dado por:<br />

fle<br />

k e = (9)<br />

f<br />

li<br />

Tabela 9 - Resultados dos pilares de seção quadrada<br />

ε<br />

Modelo f cc (MPa) fu f li f le k e<br />

(10 -3 ε<br />

) (MPa) (MPa)<br />

cc (‰)<br />

Q0 23,57 - - - - 1,867<br />

Q1 35,47 11,92 4,545 2,902 0,639 8,275<br />

Q2 46,45 11,92 9,091 5,580 0,614 15,453<br />

Como se pode observar o coeficiente de efetividade foi da ordem de 62%. O<br />

mesmo procedimento para o cálculo das pressões laterais foi utilizado para<br />

comparação com os resultados obtidos por SHEHATA et al. (2001). Os modelos de<br />

seção transversal quadrada ensaiados por SHEHATA et al. (2001) possuíam lados de<br />

15 cm e os cantos arredondados com um raio de 1 cm. A Tabela 10 resume os<br />

resultados obtidos e as comparações.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


72<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

Tabela 10 - Pilares de seção transversal quadrada, SHEHATA et al (2001)<br />

f<br />

Nomenclatura co<br />

(MPa) n f cc f li f le<br />

(MPa) (MPa) (MPa)<br />

k e<br />

S1-25 23,7<br />

1 27,4 7,81 0,90 0,12<br />

2 36,5 15,62 3,12 0,20<br />

S2-<strong>30</strong> 29,5<br />

1 40,4 7,81 2,66 0,34<br />

2 43,7 15,62 3,46 0,22<br />

SHEHATA et al. (2001) relata que a ruptura das camisas dos pilares de seção<br />

quadrada ocorreu nos cantos, devido a concentração de tensões nestes pontos. O<br />

menor raio de curvatura adotado (1 cm) talvez explique esta forma de ruptura e os<br />

menores coeficientes de efetividade obtidos.<br />

Os diagramas tensão-deformação dos modelos de seção transversal<br />

quadrada apresentaram algumas diferenças em relação aos modelos de seção<br />

circular, como se pode observar na Figura 8. Uma das diferenças foi a maior não<br />

linearidade no segundo trecho, suposto linear para pilares de seção circular. Outra<br />

diferença foi uma zona de transição mais acentuada em relação à observada nos<br />

pilares de seção circular.<br />

-50<br />

Tensão (MPa)<br />

-45<br />

-40<br />

-35<br />

-<strong>30</strong><br />

-25<br />

-20<br />

-15<br />

-10<br />

-5<br />

0<br />

Q0<br />

Q1<br />

Q2<br />

0 -5 -10 -15 -20 -25<br />

Deformação axial ( . /..)<br />

Figura 8 - Diagramas tensão-deformação dos pilares de seção quadrada.<br />

5 SIMULAÇÕES TEÓRICAS<br />

5.1 Confinamento com compósitos<br />

Na Tabela 11 são apresentados os resultados obtidos para o concreto confinado<br />

apenas com compósito de fibras de carbono (ρ s = 0) em termos de tensões e<br />

deformações. Nestes pilares a pressão lateral (f l ) foi calculada com as deformações de<br />

ruptura das fibras (ε fu ) registradas nos respectivos ensaios conforme a Expressão 10.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

73<br />

f<br />

l<br />

2 ⋅ t<br />

⋅ n ⋅ ε<br />

D<br />

f fu f<br />

= (10)<br />

c<br />

⋅ E<br />

Tabela 11 - Resultados experimentais<br />

ε fu<br />

Modelo n F u (kN)<br />

(‰) (MPa)<br />

f cc (MPa) ε cc (‰)<br />

C0 0 741,66 - - 26,16 2,028<br />

C1 1 1100,50 11,92 3,571 38,81 11,180<br />

C2* 2 1505,08 10,89 6,526 53,08 16,196<br />

*Valores do 1º pico de resistência<br />

f l<br />

Na Tabela 12 são apresentadas a resistência e a deformação última do<br />

concreto confinado com compósito obtidas experimentalmente e as previsões dadas<br />

por alguns dos modelos teóricos. O módulo de elasticidade tangente do concreto (E co )<br />

obtido do modelo de referência C0 foi de 28,616 GPa. Como este valor foi muito<br />

próximo ao obtido com os corpos-de-prova de controle este foi utilizado para as<br />

análises e comparações.<br />

Tabela 12 - Comparação: resultados experimentais x modelos teóricos<br />

C0<br />

C1 (1 camada de reforço) C2 (2 camadas de reforço)<br />

f co = 26,16 MPa<br />

f cc f<br />

ε<br />

cc<br />

cc f<br />

ε co = 2,028<br />

(MPa)<br />

f ε<br />

cc. exp cc (‰)<br />

cc f<br />

ε<br />

cc<br />

cc<br />

ε<br />

cc.exp (MPa)<br />

f ε<br />

cc. exp cc (‰)<br />

ε<br />

cc.exp<br />

Experimental 38,81 - 11,180 - 53,08 - 16,196 -<br />

Richart et al. (1929) 40,80 1,051 7,703 0,689 52,92 0,997 12,400 0,766<br />

Mander et al. (1988) 45,17 1,164 9,397 0,841 55,94 1,054 13,573 0,838<br />

Cusson & Paultrè (1995) 39,79 1,025 9,140 0,818 50,27 0,947 18,801 1,161<br />

Razvi &Saatcioglu (1999) 45,43 1,171 9,497 0,849 57,95 1,092 14,349 0,886<br />

Miyauchi et al. (1997) 38,61 0,995 12,256 1,096 48,90 0,921 14,835 0,916<br />

Saaman et al. (1998) 40,78 1,051 15,431 1,380 48,46 0,913 19,399 1,198<br />

Em geral os modelos teóricos tiveram melhor desempenho na previsão da<br />

resistência do que da deformação última do concreto confinado. Os modelos de<br />

confinamento para aço de MANDER et al. (1988) e de RAZVI & SAATCIOGLU (1999)<br />

superestimaram o ganho de resistência do concreto confinado. Os modelos de<br />

RICHART et al. (1929) e CUSSON & PAULTRÈ (1995) obtiveram resistências<br />

próximas da experimental. Os modelos de confinamento com compósitos obtiveram<br />

previsões mais conservadoras, no entanto satisfatórias. Quanto à deformação última<br />

apenas os modelos de confinamento com compósitos deram resultados satisfatórios.<br />

Observou-se nos pilares reforçados um diagrama tensão-deformação<br />

praticamente bi-linear, concordando com o proposto por alguns modelos teóricos. O<br />

aumento do número de camadas do compósito provocou uma alteração significativa<br />

na inclinação do segundo trecho do diagrama tensão-deformação.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


74<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

5.2 Confinamento com armaduras transversais<br />

Os modelos C0S50 e C0S25 tiveram apenas o confinamento das armaduras<br />

transversais. Na Tabela 13 são apresentadas a resistência e a deformação última do<br />

concreto confinado, bem como a pressão lateral, calculada com a Equação 5,<br />

admitindo-se o escoamento da armadura transversal. A área de concreto considerada<br />

para o cálculo de f cc é a do núcleo confinado.<br />

Tabela 13 - Resultados experimentais - modelos com armadura transversal<br />

Modelo<br />

Espaçamento<br />

entre espirais<br />

(mm)<br />

ρ s<br />

(%)<br />

f co<br />

(MPa)<br />

F u<br />

(kN)<br />

δ u<br />

(mm)<br />

f l<br />

(MPa)<br />

f cc.exp<br />

(MPa)<br />

ε cc.exp<br />

(‰)<br />

C0S50* 50 1,01 26,16 899,6 4,875 3,831 39,44 8,552<br />

C0S25 25 2,03 28,86 1291,0 8,682 7,661 60,52 15,231<br />

*referente ao 2º pico do diagrama<br />

No modelo C0S50 a resistência do concreto confinado foi calculada com o<br />

resultado do 2º pico do diagrama tensão-deformação (C0S50), onde se sabe que a<br />

carga é distribuída apenas na área do núcleo (ver Figura 6). Para o cálculo da tensão<br />

no concreto confinado descontou-se a força nas armaduras longitudinais, que após<br />

seu escoamento atingiu o valor máximo de 167,3 kN. A área de concreto confinado é<br />

de 18567,6 mm 2 . As Tabelas 14 e 15 apresentam os resultados experimentais e as<br />

previsões dos modelos teóricos. São apresentados também os coeficientes k e dos<br />

respectivos modelos de confinamento.<br />

Tabela 14 - Pilar C0S50: resultados experimentais x teóricos<br />

C0S50<br />

f co = 26,16 MPa<br />

ε co = 2,028 k e f le<br />

f cc<br />

(MPa)<br />

f<br />

f<br />

cc<br />

cc. exp<br />

ε cc (‰)<br />

Experimental - - 39,44 - 8,552 -<br />

Richart et al. (1929) 1,000 3,831 41,87 1,062 8,116 0,949<br />

Mander et al. (1988) 0,869 3,328 44,14 1,119 8,996 1,052<br />

Cusson & Paultrè (1995) 0,869 3,328 39,13 0,992 8,337 0,975<br />

Razvi & Saatcioglu (1999) 1,000 3,831 46,59 1,181 9,946 1,163<br />

Miyauchi et al. (1997) 0,869 3,328 37,76 0,957 11,991 1,402<br />

Samaan et al. (1998) 0,869 3,328 40,08 1,016 - -<br />

Obs.: Nos modelos para PRFC adotou-se k e de MANDER et al. (1988)<br />

ε<br />

ε<br />

cc<br />

cc.exp<br />

As previsões mais próximas dos resultados experimentais do pilar C0S50<br />

foram as de CUSSON & PAULTRÈ (1995). O modelo de RICHART et al. (1929)<br />

também obteve bons resultados. Os modelos de MANDER et al. (1988) e de RAZVI &<br />

SAATCIOGLU (1999) superestimaram a resistência e a deformação última. As<br />

envoltórias de ruptura dos modelos para compósitos deram boas previsões da<br />

resistência.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

75<br />

Tabela 15 - Pilar C0S25: resultados experimentais x teóricos<br />

C0S25<br />

f co = 28,86 MPa<br />

ε co = 2,028 k e f le<br />

f cc<br />

(MPa)<br />

f<br />

f<br />

cc<br />

cc. exp<br />

ε cc (‰)<br />

Experimental - - 60,52 - 15,231 -<br />

Richart et al. (1929) 1,000 7,661 60,27 0,996 13,064 0,856<br />

Mander et al. (1988) 0,951 7,284 61,99 1,024 13,667 0,888<br />

Cusson & Paultrè (1995) 0,951 7,284 51,98 0,859 22,246 1,461<br />

Razvi & Saatcioglu (1999) 1,000 7,661 65,17 1,077 14,786 0,971<br />

Miyauchi et al. (1997) 0,951 7,284 52,24 0,863 14,891 0,978<br />

Samaan et al. (1998) 0,951 7,284 52,95 0,875 - -<br />

Obs.: Nos modelos para PRFC adotou-se k e de MANDER et al. (1988)<br />

ε<br />

ε<br />

cc<br />

cc.exp<br />

Os modelos de RICHART et al. (1929), MANDER et al. (1988) e RAZVI &<br />

SAATCIOGLU (1999) foram os de melhor desempenho na previsão da resistência e<br />

deformação última do pilar C0S25. CUSSON & PAULTRÈ (1995) previram resistência<br />

inferior à experimental e deformação última exagerada. Os modelos de confinamento<br />

com compósitos conduziram a ganhos de resistência inferiores aos obtidos<br />

experimentalmente.<br />

5.3 Efeito conjunto de confinamento<br />

Quatro dos pilares ensaiados possuíam armaduras transversais e camisa de<br />

reforço. Na Tabela 16 são apresentados os resultados experimentais de capacidade<br />

resistente, deslocamento e deformação axial última destes pilares.<br />

Tabela 16 - Resultados experimentais dos modelos encamisados e com armaduras<br />

Modelo n Espaçamento<br />

entre espirais (mm) ρ s (%) ε fu (‰) f co (MPa) F u (kN) ε cc.exp<br />

(‰)<br />

C1S50 1 50 1,01 11,00 26,16 1481,5 11,643<br />

C2S50 2 50 1,01 8,78 26,16 1854,7 15,837<br />

C1S25 1 25 2,03 10,63 28,86 1691,5 16,482<br />

C2S25 2 25 2,03 10,65 28,86 2097,4 19,185<br />

Foram realizadas comparações em termos de capacidade resistente dos<br />

resultados experimentais com as previsões dos modelos teóricos. Para obter a<br />

capacidade resistente por meio dos modelos teóricos calculou-se os ganhos de<br />

resistência do concreto devido ao confinamento no núcleo e na região externa ao<br />

núcleo. Adotou-se a superposição de pressões laterais de confinamento no núcleo.<br />

Adicionou-se aos esforços resistidos pelo concreto o esforço total das armaduras<br />

longitudinais (167,3 kN). Na Tabela 17 são apresentados os erros cometidos pelos<br />

modelos teóricos na previsão da capacidade resistente.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


76<br />

Ricardo Carrazedo & João Bento de Hanai<br />

Tabela 17- Comparação - simulações teóricas x resultados experimentais<br />

ρs = 1% ρs = 2%<br />

Modelos teóricos<br />

C1S50 C2S50<br />

C1S25 C2S25 Média<br />

k e espiral k Erro (%) e espiral<br />

Erro (%)<br />

Richart et al. (1929) 1,000 6,09 -3,06 1,000 13,89 9,38 6,58<br />

Mander et al. (1988) 0,869 9,97 -2,48 0,951 12,83 4,06 6,10<br />

Cusson & Paultrè (1995) 0,869 -4,60 -17,05 0,951 -2,27 -12,11 -9,01<br />

Razvi & Saatcioglu (1999) 1,000 15,23 4,08 1,000 20,77 13,83 13,48<br />

Miyauchi et al. (1997) 0,869 -2,89 -12,08 0,951 4,02 -1,22 -3,04<br />

Samaan et al. (1998) 0,869 -2,07 -14,55 0,951 -0,60 -10,38 -6,90<br />

Média 4,<strong>30</strong> -6,97 Média 8,97 1,12 1,85<br />

A utilização dos modelos teóricos na previsão da capacidade resistente dos<br />

pilares ensaiados forneceu bons resultados. Com exceção do modelo de CUSSON &<br />

PAULTRÈ (1995), os modelos teóricos desenvolvidos para confinamento com aço<br />

obtiveram estimativas um pouco exageradas do ganho de resistência. A utilização de<br />

modelos de confinamento para compósitos resultou nas melhores previsões.<br />

6 CONCLUSÕES<br />

Observou-se significativos ganhos de capacidade resistente em todos os<br />

pilares reforçados com compósito de fibras de carbono, mesmo naqueles com<br />

maiores taxas de armadura transversal. O ganho de capacidade resistente com o<br />

encamisamento foi relativamente menor em pilares com maiores taxas de armadura<br />

transversal. O aumento da deformação última foi muito elevado nos pilares não<br />

armados. Nos pilares armados observou-se que para maiores taxas de armadura<br />

transversal ocorreram menores aumentos da ductilidade com o acréscimo do número<br />

de camadas de reforço.<br />

A deformação de ruptura das fibras de carbono nos pilares foi inferior à dos<br />

ensaios de caracterização. Ainda não foi possível identificar todas as variáveis que<br />

influenciam a deformação de ruptura das fibras. Observou-se nesta pesquisa que o<br />

aumento da taxa de armadura transversal provocou uma redução da deformação de<br />

ruptura das fibras, porém seria necessário um número maior de ensaios para<br />

comprovar esta influência.<br />

A sobreposição das pressões laterais no núcleo confinado demonstrou-se um<br />

procedimento adequado, tendo em vista os resultados obtidos com as simulações<br />

teóricas. Observou-se que os modelos teóricos desenvolvidos para confinamento com<br />

aço tenderam a superestimar o ganho de resistência dos pilares reforçados com<br />

compósitos.<br />

Existem ainda outros aspectos, como a influência da forma da seção<br />

transversal, da excentricidade do carregamento e a deformação de ruptura das fibras,<br />

que merecem ser objeto de investigações futuras.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


Efeitos do confinamento em pilares de concreto armado encamisados com compósitos...<br />

77<br />

7 REFERÊNCIAS<br />

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. (1995). ASTM D <strong>30</strong>39/ D<br />

<strong>30</strong>39M - Standard test method for tensile properties of polymer matrix composite<br />

materials. Philadelphia.<br />

CARRAZEDO, R. (2002). Mecanismos de confinamento e suas implicações no<br />

reforço de pilares de concreto por encamisamento com compósito de fibras de<br />

carbono. São <strong>Carlos</strong>. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong><br />

– Universidade de São Paulo.<br />

CUSSON, D.; PAULTRÈ, P. (1995). Stress-strain model for confined high- strength<br />

concrete. Journal of Structural Engineering, v.121, n.3, p. 468-476, Mar., 1995.<br />

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fibras de carbono e fibras de vidro. In: JORNADAS SAM-CONAMET, Possadas -<br />

Missiones, Argentina, set.<br />

MANDER, J. B.; PRIETSLEY, M. J. N.; PARK, R. J. T. (1988). Theoretical stress strain<br />

model for confined concrete. Journal of Structural Engineering, v.114, p.1804-1827.<br />

MIYAUCHI, K.; NISHIBAYASHI, S.; INOUE, S. (1997). Estimation of strenghtening<br />

effects with carbon fiber sheet for concrete column. In: INTERNATIONAL<br />

SYMPOSIUM, 3., Tokyo, Japan, Oct. Proceedings… Tokyo, Japan Concrete<br />

Institute. v.1, p.217-225.<br />

RAZVI, S. R.; SAATCIOGLU, M. (1999). Confinement model for high-strength<br />

concrete. Journal of Structural Engineering, p.281-289, Mar.<br />

RICHART, F. E.; BRADTZAEG, A.; BROWN, R. L. (1929). The failure of plain and<br />

spirally reinforced concrete in compression. Bull. n. 190, University of Illinois,<br />

Engineering Experimental Station, Urbana, III., 74<br />

SAMAAN, M.; MIRMIRAN, A.; SHAHAWY, M. (1998). Model of concrete confined by<br />

fiber composites. Journal of Structural Engineering, v.124, p.1025-1031.<br />

SHEHATA, I. A. E. M.; CARNEIRO, L. A. V.; SHEHATA, L. C. D. (2001). Strength of<br />

short concrete columns confined with CFRP sheets. Materials and Structures, v. 35.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 59-77, <strong>2006</strong>


ISSN 1809-5860<br />

TABULEIRO ORTÓTROPO TRELIÇADO<br />

PROTENDIDO TRANSVERSALMENTE PARA<br />

APLICAÇÃO EM PONTES DE MADEIRA<br />

Andrés Batista Cheung 1 & Carlito Calil Junior 2<br />

Resumo<br />

Este trabalho apresenta o estudo teórico e experimental do comportamento de placas<br />

ortótropas treliçadas protendidas transversalmente, sendo as ligações das barras das<br />

treliças com conector de chapas com dentes estampados (CDE), para aplicação em<br />

pontes de madeira observando as principais características do sistema como: avaliação<br />

do elemento estrutural e do modelo estrutural para verificação dos deslocamentos da<br />

placa. Para esta finalidade foram determinadas as propriedades dos materiais,<br />

elementos estruturais e níveis de protensão da placa. A avaliação das propriedades<br />

elásticas da placa foi realizada utilizando dois modelos numéricos, sendo um baseado<br />

no Método dos Elementos Finitos e o segundo em séries de Levy-Nadai. A aferição do<br />

modelo proposto foi realizado com o ensaio de um protótipo em escala real. Os<br />

resultados indicaram que a placa tem um ótimo comportamento para a utilização em<br />

pontes apresentando elevada rigidez e baixo consumo de madeira, e que os modelos<br />

propostos apresentaram-se consistentes para aplicação nos sistemas de placas<br />

ortótropas treliçadas com ligações de chapas com dentes estampados<br />

Palavras-chave: tabuleiro; ortótropo; treliçado; protendido; pontes.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Para uma adequação da realidade nacional em níveis internacionais de<br />

desenvolvimento tecnológico e construção de pontes, é necessária a pesquisa de<br />

tecnologias já consagradas em outros países. O sistema protendido transversalmente,<br />

originário do Canadá em 1976, vem sendo empregado em países como Austrália,<br />

Canadá, EUA, Japão e Europa. No Brasil, os estudos sobre esta nova tecnologia<br />

ainda são bastantes recentes e buscam a adaptação tecnológica com madeiras<br />

nacionais e de reflorestamento.<br />

Porém o sistema laminado protendido transversalmente encontra limitações<br />

quanto ao vão (L


80<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

transversalmente torna-se uma alternativa viável na construção de pontes com vãos<br />

maiores que 10m.<br />

O sistema é leve e de boa característica de resistência e rigidez para uso em<br />

pontes industrializadas de madeira. Além destas características, oferece outras<br />

vantagens: garantia de segurança, rapidez e economia no custo, possibilitando que os<br />

elementos estruturais sejam fabricados em série com produtividade maior que aquela<br />

verificada nos sistemas de carpintaria convencionais utilizados nas pontes de madeira<br />

no Brasil.<br />

Este sistema é constituído por treliças e espaçadores adjacentes uns aos<br />

outros que são associados a um sistema de protensão transversal que os mantém<br />

unidos apresentando um comportamento de placa ortótropa (Figura 1). Os sistemas<br />

protendidos são geralmente constituídos por barras de aço de diâmetros de 16mm à<br />

32mm, laminado a quente de alta resistência (ST 85/105 ou ST 105/125) da Dywidag.<br />

Porém outros sistemas de protensão podem ser utilizados como as cordoalhas de aço<br />

e fios de fibra de carbono.<br />

Barra Dywidag<br />

Espaçador<br />

Treliça<br />

Figura 1 - Sistema treliçado protendido transversalmente.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

81<br />

2 OBJETIVOS<br />

Dando continuidade aos estudos já existentes, este trabalho pretende<br />

contribuir para o projeto e construção de tabuleiros ortótropos treliçados protendidos<br />

transversalmente, investigando o comportamento de placa, por meio de ensaios em<br />

protótipo em escala real e ensaios complementares, enfatizando:<br />

1- Comparação dos métodos de classificação em peças com dimensões<br />

estruturais;<br />

2- Estudo da rigidez e resistência das ligações de chapas com dentes<br />

estampados;<br />

3- Avaliação de esforços e deslocamentos nos elementos estruturais<br />

treliçados e proposição de um modelo;<br />

4- Distribuição de carga no tabuleiro treliçado protendido;<br />

5- Elaboração de um protótipo da ponte para a avaliação dos deslocamentos<br />

e esforços;<br />

6- Adequação de um modelo estrutural para a avaliação dos deslocamentos e<br />

dos esforços solicitantes.<br />

Para investigar a perda de protensão que é um dos fatores importantes no<br />

comportamento da placa ao longo do tempo de serviço, avaliou-se em faixas<br />

representativas a influência da chapa com dentes estampados na perda de protensão<br />

final do sistema.<br />

3 TABULEIRO TRELIÇADO PROTENDIDO TRANSVERSALMENTE<br />

O sistema treliçado protendido é uma alternativa na construção de pontes de<br />

vãos médios de até 15m com seção transversal constante podendo ter várias<br />

combinações de geometria. O sistema apresenta elevada rigidez e um<br />

comportamento de placa.<br />

Espaçador<br />

Treliça<br />

Barras<br />

Protensão<br />

CDE<br />

Figura 2 - Arranjo do tabuleiro treliçado protendido transversalmente.<br />

Os estudos de distribuição transversal para pontes treliçadas protendidas não<br />

são suficientes para uma formulação mais consistente, afetando principalmente os<br />

modelos de análise estrutural que avaliam as tensões dos elementos e deslocamento<br />

da estrutura. O modelo sugerido pela AASHTO não apresenta resultados satisfatórios<br />

para serem adotados em projetos com este sistema e apresenta-se bastante<br />

conservador conforme descrito por RITTER (1992), DAGHER (1995).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


82<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Evidencia-se nos estudos experimentais admissões de níveis de protensão<br />

menores contribuindo para a diminuição da quantidade e diâmetro das barras de<br />

protensão. A perda de protensão é uma das desvantagens do sistema e apresenta-se<br />

como um importante ponto para a avaliação da estabilização do nível de protensão.<br />

Os modelos de Burger e empíricos demonstram-se como os mais adequados para a<br />

avaliação da perda de protensão, porém os modelos empíricos são mais aplicáveis<br />

devido à facilidade de utilização. O modelo empírico logarítmico é o que representa<br />

melhor a estabilização das forças de protensão porque possui a forma da perda de<br />

protensão, ou seja, obtêm-se a melhor correlação entre os dados.<br />

A industrialização é uma realidade para o sistema com a utilização de<br />

espécies de reflorestamento com peças de dimensões comerciais. Os tabuleiros<br />

podem ser facilmente pré-fabricados e içados através de guindastes colocando-os<br />

sobre os apoios (meso-estrutura).<br />

4 TRELIÇAS COM LIGAÇÕES DE CHAPAS COM DENTES ESTAMPADOS<br />

As ligações com chapas com dentes estampados possuem seu<br />

dimensionamento omitido pela NBR 7190:1997 e que confere aos fabricantes o<br />

fornecimento e a responsabilidade dos valores de resistência para os diversos modos<br />

de ruptura. Porém estabelece métodos de ensaios para determinações destas<br />

resistências para três modos de ruptura que são: tração, arrancamento e<br />

cisalhamento.<br />

Os modelos numéricos que foram utilizados para a consideração da<br />

deformabilidade das ligações foram baseados no EUROCODE 5-STEP (1991) e nos<br />

ensaios de tração nos conectores.<br />

Para a obtenção da rigidez axial (K) tem-se o resultado do ensaio de<br />

caracterização da ligação obtida nos ensaios de tração. Para a obtenção da rigidez à<br />

rotação é admitida a rigidez por dente de conector e elaborada a proporcionalidade da<br />

rigidez a partir de um centro de rotação.<br />

K<br />

R<br />

∑<br />

= n<br />

j=<br />

1<br />

K<br />

dente<br />

. r<br />

2<br />

j<br />

(1)<br />

Considerando a geometria das ligações com CDE, a rigidez rotacional pode<br />

ser expressa segundo a expressão de Kessel.<br />

2<br />

2<br />

K<br />

R<br />

= K<br />

dente<br />

.( µ<br />

X<br />

eX<br />

+ µ<br />

Y<br />

eY<br />

)<br />

(2)<br />

µ<br />

m X<br />

X<br />

= 4 mY<br />

,<br />

i=<br />

1<br />

(3)<br />

µ<br />

∑( i − 0 5)<br />

mY<br />

Y<br />

= 4 m<br />

X<br />

,<br />

j=<br />

1<br />

(4)<br />

2<br />

∑( j − 0 5)<br />

2<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

83<br />

m<br />

Y<br />

(5)<br />

=<br />

⎡ nY<br />

+ 1⎤<br />

ABS⎢<br />

⎥<br />

⎣ 2 ⎦<br />

eX<br />

C<br />

C<br />

eY<br />

nY<br />

KR<br />

K<br />

nX<br />

Figura 3 - Geometria rotacional dos banzos.<br />

eX<br />

nX<br />

C<br />

nY<br />

eY<br />

KR<br />

C<br />

Figura 4 - Geometria rotacional das diagonais.<br />

Onde:<br />

e X<br />

e y<br />

n X<br />

n y<br />

C<br />

espaçamento dos dentes na direção “x”;<br />

espaçamento dos dentes na direção “y”;<br />

número de dentes na direção “x”;<br />

número de dentes na direção “y”;<br />

centros de rotações.<br />

5 SOLUÇÃO PARA PLACA ORTÓTROPA BI-APOIADA<br />

Para estudar o comportamento do tabuleiro houve a necessidade de<br />

investigar a solução de placa ortótropa. É utilizada a solução baseada em séries de<br />

Levy-Nadai que foram desenvolvidas por CUSENS & PAMA (1975) para um caso<br />

especial de placa bi-apoiada com rigidez na borda livre. A solução apresenta<br />

simplicidade sendo utilizada para o desenvolvimento de um programa para a<br />

aplicação em pontes treliçadas protendidas transversalmente.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


84<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

6 MODELOS NUMÉRICOS PARA O PROJETO<br />

Pontes treliçadas protendidas transversalmente podem ser modeladas como<br />

placa ortótropa, com parâmetros elásticos equivalentes para tamanhos, formas, e<br />

materiais constituintes. A complexidade do material anisotrópico de painéis e<br />

tabuleiros pode ser reduzida para uma placa equivalente com propriedades elásticas<br />

em duas direções principais: paralela (x) e transversal (y) como mostrado na Figura 5.<br />

Estas propriedades de placa ortótropa equivalente podem ser diretamente utilizadas<br />

no projeto e análise de sistemas de pontes, servindo como simplificação dos modelos<br />

segundo ALTIMORRE (1995).<br />

REAL<br />

EQUIVALENTE<br />

y<br />

x<br />

DY<br />

Treliça<br />

Espaçador<br />

contribuinte<br />

DX<br />

DXY<br />

Figura 5 - Transformação da placa em uma equivalente elasticamente.<br />

Porém para a modelagem da placa ortótropa é necessária a obtenção dos<br />

parâmetros elásticos equivalentes que são obtidos através da determinação da rigidez<br />

da placa ( D<br />

X<br />

, DY<br />

, DXY<br />

). Uma ótima alternativa é a utilização da transformação da<br />

seção caixão multicelular já pesquisada por diversos autores. É importante lembrar<br />

que a determinação da rigidez longitudinal seja elaborada com o máximo de<br />

refinamento possível, pois a abordagem simplificada do elemento estrutural pode<br />

afetar no comportamento global da placa.<br />

A rigidez longitudinal do tabuleiro na direção x é expressa como o somatório da<br />

rigidez dos elementos.<br />

D<br />

x<br />

= nT<br />

DT<br />

(6)<br />

sendo n<br />

T<br />

o número de treliças;<br />

D<br />

T<br />

a rigidez de cada treliça.<br />

Um valor aproximado para a rigidez na direção transversal, D Y<br />

, pode ser<br />

obtido negligenciando o efeito dos diafragmas transversais e a rigidez obtida pela eq.<br />

(7), BROWN (1998).<br />

2<br />

E Lth<br />

D =<br />

Y<br />

Y<br />

2<br />

(7)<br />

onde<br />

Y<br />

E é o módulo de elasticidade na direção “y”;<br />

L é o comprimento da placa;<br />

t é a espessura dos banzos;<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

85<br />

h é a altura da placa entre os centros geométricos da seção.<br />

A rigidez torsional da seção multi-celular, GJ, é avaliado pelo fluxo de<br />

cisalhamento em torno da seção transversal de tabuleiros multicelulares. Para uma<br />

estrutura onde as diagonais são pequenas quando comparadas as outras dimensões<br />

da seção, CUSENS & PAMA (1975) sugerem uma rigidez torsional expressa na eq.<br />

(8).<br />

2<br />

2( bh ) G .t<br />

XY<br />

2<br />

3<br />

GJ =<br />

+ G ( b + h )t<br />

XY<br />

b + h 3<br />

(8)<br />

Aplicando a geometria particular do problema pode-se simplifica-la na eq. (9).<br />

D<br />

XY<br />

(9)<br />

2<br />

bh G .t<br />

XY<br />

1<br />

= + G<br />

b + h 3<br />

XY<br />

( b + h )<br />

t<br />

b<br />

3<br />

Para utilizar uma placa equivalente é necessária a obtenção dos novos<br />

parâmetros elásticos. Que podem ser obtidos através das eqs. (10), (11) e (12)<br />

descritas por TROITSKY (1987) para placa ortotrópica natural ou física.<br />

DX<br />

( E<br />

X<br />

)<br />

p<br />

= 12 (<br />

XY YX<br />

)<br />

t<br />

3<br />

1− ν ν<br />

p<br />

.b<br />

p<br />

(10)<br />

DY<br />

( EY<br />

)<br />

p<br />

= 12 (<br />

XY YX<br />

)<br />

t<br />

3<br />

1− ν ν<br />

p<br />

.L<br />

p<br />

(11)<br />

DXY<br />

( G<br />

XY<br />

)<br />

p<br />

= 6<br />

3<br />

t<br />

p<br />

(12)<br />

Desta forma os parâmetros elásticos ( E X<br />

)<br />

p<br />

e ( E Y<br />

)<br />

p<br />

representam os módulos<br />

elásticos para a placa equivalente ortotrópica, t p<br />

é a espessura da placa, b p<br />

é a<br />

largura da placa e L<br />

p<br />

o comprimento da placa.<br />

Assim é proposto como modelo mais adequado para a abordagem do<br />

problema a equivalência dos parâmetros elásticos para uma placa de ortotropia<br />

natural de solução conhecida. É apresentada a metodologia de transformação<br />

adaptada para o caso em questão, resultado de pesquisas de alguns autores como<br />

TROITSKY (1987), CUSENS & PAMA. (1975), BROWN (1998) e VELOSO (1999).<br />

7 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Para a utilização de madeiras de reflorestamento neste trabalho houve a<br />

necessidade da classificação devido ao alto índice de defeitos contidos nas peças<br />

estruturais. Assim foram conduzidos cinco tipos de ensaios de classificações nas<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


86<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

peças com dimensões estruturais: classificação visual, estática (MOE), mecânica por<br />

tensões (MSR), vibração transversal e ultra-som.<br />

Para a avaliação dos elementos estruturais treliçados foi necessário o estudo<br />

das ligações com chapas com dentes estampados onde se verificou a rigidez axial e a<br />

influência da geometria no modo de ruptura ao arrancamento. Sendo também<br />

investigada qualitativamente a deformação lenta dos conectores ao longo do tempo.<br />

Também foram efetuados 21 ensaios de flexão de elementos estruturais treliçados<br />

para a comparação dos resultados experimentais com os resultados teóricos.<br />

Esperando-se propor a melhor modelo para representar os deslocamentos das<br />

treliças.<br />

Como em todos os sistemas protendidos, os tabuleiros treliçados possuem<br />

perdas de protensão sendo uma das desvantagens do sistema. Com isso foram<br />

avaliadas através de faixas representativas essas perdas verificando a influência dos<br />

conectores na perda de protensão e sugerindo uma expressão de previsão.<br />

Como principal objetivo do trabalho foi investigado em uma faixa<br />

representativa de escala real diversos fatores como: força de protensão,<br />

deslocamentos e distribuição de cargas, através da instrumentação com transdutores<br />

de deslocamentos, extensometria e células de carga.<br />

7.1 Classificação das peças com dimensões estruturais<br />

Os lotes da pesquisa passaram por 5 classificações para a avaliação do módulo de<br />

elasticidade:<br />

1. classificação visual;<br />

2. classificação mecânica por tensões (MSR);<br />

3. classificação por vibração transversal;<br />

4. classificação por ultra-som;<br />

5. classificação estática.<br />

7.2 Caracterização das ligações<br />

Ensaio dos corpos-de-prova do aço das chapas<br />

Os corpos de prova foram realizados com as dimensões sugeridas pela ASTM<br />

E 8/96a para os ensaios de chapas metálicas que é sugerida pela ANSI/TPI (1995).<br />

Foi determinada a tensão ao escoamento da chapa, o alongamento total e a<br />

resistência dos corpos de prova. Foram ensaiados 20 CP’s, sendo 3 corpos de prova<br />

de um outro fabricante que será utilizado para comparação dos resultados.<br />

e<br />

59,40<br />

12,5<br />

81<br />

59,40<br />

Figura 6 - Corpo de prova do aço do CDE.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

87<br />

o<br />

o<br />

Ensaio de arrancamento nos conectores ( α = 0 e β = 0 )<br />

Para a investigação do comportamento do conector deve-se conhecer a<br />

rigidez das ligações e o comportamento quando submetida a diferentes situações.<br />

Neste trabalho foram realizados somente ensaios de tração paralela ao eixo com α=0°<br />

e β=0°, sendo elaborados 6 ensaios preliminares e 32 ensaios definitivos para avaliar<br />

o efeito dimensão do conector na resistência última da ligação. A resistência foi<br />

estabelecida para uma deformação específica residual da ligação de 2%o, medida em<br />

uma base de referência padronizada, igual ao comprimento da chapa metálica como<br />

prescreve a NBR 7190:1997.<br />

7.3 Ensaio dos elementos estruturais<br />

Os testes de flexão estática foram elaborados segundo a norma ASTM<br />

D198/84 e a velocidade de 10 Mpa por minuto. Foram determinados os produtos de<br />

rigidez (EI) para a caracterização de 21 treliças com banzos paralelos previstos para a<br />

confecção da faixa do módulo do protótipo.<br />

Extensômetros<br />

P/2<br />

Cilindro Hidráulico (250kN)<br />

Célula de<br />

carga<br />

P/2<br />

12,5<br />

3.8<br />

51<br />

Rel. 01<br />

Rel. 02 Extensômetros<br />

Rel. 03<br />

600<br />

Figura 7 - Esquema para flexão estática para determinação do produto de rigidez.<br />

A montagem é apresentada na Figura 8.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 8 - (a) Prensagem (b) Furação para posterior passagem das barras de protensão.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


88<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

7.4 Ensaio de perda de protensão<br />

Para o entendimento do comportamento final da perda de protensão foi<br />

realizado um ensaio em uma faixa para representar a influência da chapa na perda de<br />

protensão do tabuleiro protendido treliçado. Foram construídos 5 tabuleiros de<br />

95cmX160cmX20cm na tentativa de controlar melhor as variáveis mais perceptíveis<br />

nos corpos de prova de pequena dimensão.<br />

Os ensaios foram realizados com Pinus elliotti em uma sala climatizada com<br />

umidade de 65% e temperatura de 25ºC com o intuito de fixar as variáveis U e T,<br />

representando a classe de umidade 1 da NBR 7190:1997. Foi aplicada uma tensão de<br />

0,7 Mpa e não foram feitas reprotensões para a avaliação da perda protensão total e a<br />

tensão de estabilização do tabuleiro.<br />

20<br />

CP 1<br />

Relação (área de contato CDE/área da madeira)<br />

0,18<br />

Célula de carga<br />

DT<br />

(250kN)<br />

Barra Dywidag<br />

Ø 16mm<br />

CP 2<br />

DT<br />

DT<br />

19.75<br />

14.5<br />

Relação (área de contato CDE/área da madeira)<br />

0,074<br />

Célula de carga<br />

(250kN)<br />

Célula de carga<br />

(250kN)<br />

20<br />

60<br />

Barra Dywidag<br />

Ø 16mm<br />

DT<br />

16<br />

7.25<br />

160<br />

CP 3<br />

Controle ( sem chapas )<br />

Célula de carga<br />

DT<br />

(250kN)<br />

95<br />

Barra Dywidag<br />

Ø 16mm<br />

DT<br />

Figura 9 - Esquema da instrumentação da faixa de perda de protensão.<br />

Para quantificar a distribuição de carga foi construída e instrumentada uma<br />

faixa da ponte em laboratório, para a realização de simulação do trem-tipo com o<br />

auxílio de cilindros hidráulicos. A faixa com 143,5cm de largura por 600cm de<br />

comprimento, foi composta por 21 treliças e 20 espaçadores. A instrumentação e o<br />

esquema de carregamento são apresentados nas Figuras 10, 11 e 12.<br />

147<br />

147<br />

147<br />

147<br />

(10 e 7)<br />

(1 e 4)<br />

(11 e 8)<br />

(2 e 5)<br />

(12 e 9)<br />

(3 e 6)<br />

EXTENSÔMETROS<br />

Figura 10 - Localização dos extensômetros elétricos.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

89<br />

147<br />

147<br />

147<br />

147<br />

10<br />

9<br />

13<br />

8<br />

72<br />

7<br />

6<br />

11<br />

5<br />

14<br />

4<br />

72<br />

3<br />

2<br />

12<br />

1<br />

15<br />

TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTOS<br />

Figura 11 - Posicionamento dos transdutores de deslocamento (DT's).<br />

Figura 12 - Posições de carregamento distribuído, centrado e excêntricos.<br />

8 ANÁLISES DOS RESULTADOS<br />

8.1 Classificação das peças com dimensões estruturais<br />

Os dados da Tabela 1 representam o módulo de elasticidade, sob 4 tipos de<br />

tratamentos: Classificação por tensões (MSR), Classificação por Vibração<br />

Transversal, Classificação por Ultra-som. A Classificação Visual para efeito de análise<br />

não foi analisado, pois é assunto de outra dissertação de mestrado.<br />

Tabela 1 - Resumo das classificações<br />

ρ<br />

(kg/m³)<br />

MSR<br />

Módulos de Elasticidades (GPa)<br />

Vibração<br />

transversal<br />

Estático<br />

Ultra-som<br />

Média 555,8 13,1 13,2 13,1 13,9<br />

Desvio Padrão 91,9 5,0 4,0 4,1 4,1<br />

COV (%) 17% 38% <strong>30</strong>% 31% 29%<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


90<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Tabela 2 - Análise de variância<br />

Fonte de Variação SQ gl QM Fcal p<br />

Entre Classificação<br />

(Madeira)<br />

0,184 3 0,061 3,350 0,018<br />

Dentro das Classificações<br />

(Resíduos)<br />

40,913 2244 0,018<br />

Assim, pode-se testar que as médias dos três tratamentos não são iguais,<br />

sendo assim, considerar o seguinte teste de hipóteses, em termos dos efeitos de<br />

tratamentos:<br />

⎧H0 : τ1<br />

= τ2<br />

= L = τk<br />

= 0<br />

⎨<br />

⎩H1<br />

: τt<br />

≠ 0, para pelo menos uma i<br />

(13)<br />

Portanto, para um nível de significância α = 0, 05 . A hipótese deve ser rejeitada se F cal<br />

> F tab , Fcal<br />

> F0,05;(<br />

k −1);(<br />

n−k<br />

) , isto é, a região de rejeição é R : F cal > F0,05;(<br />

k −1);(<br />

n−k<br />

) , assim<br />

da tabela F com (4-1) = 3 graus de liberdade e (2244-3) = 2241 graus de liberdade,<br />

tem-se F 0 , 05;(<br />

3;<br />

2241)<br />

= 2,<br />

60 , isto é, a região de rejeição é R : Fcal > 2, 60 .<br />

Dos dados observados, a estatística do teste, com objetivo de rejeitar ou não a<br />

hipótese nula dos tratamentos é dada pela razão F cal , isto é:<br />

0,<br />

061<br />

F cal<br />

= = 3,<br />

35<br />

0,<br />

0182<br />

(14)<br />

Decisão estatística: Como F cal<br />

= 3 , 35 > 2,<br />

60 rejeitar H 0 ao nível de significância<br />

α = 0,05 .<br />

De acordo com os dados a um nível de significância de α = 0, 05 , pode-se<br />

concluir que existe evidência estatística de que os 4 tipos de tratamentos produzem<br />

resultados de módulos médios diferentes.<br />

Observe que, considerando o p-valor da Tabela 12 e um nível α = 0, 05 , se<br />

obtém as mesmas conclusões, para tratamentos, isto é, rejeita-se H 0 . Neste caso o<br />

p-valor de tratamentos é 0,000. Lembrando que, rejeita-se H 0 se o p-valor do teste é<br />

menor que um nível α ( 0 ,01 < α < 0, 05 ).<br />

Portanto, para verificar quais são as médias que diferem entre si, utiliza-se o<br />

método de Tukey para verificação de todos os tratamentos.<br />

a) Teste de Tukey.<br />

Em geral, os resultados das comparações múltiplas pareadas ( k médias) são<br />

apresentados em uma tabela, tal como é ilustrado na Tabela 3.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

91<br />

Tabela 3 - Comparação múltiplas pareadas para as médias<br />

IC 95% (y i -y j ) MSR<br />

Vibração<br />

transversal<br />

Estático<br />

Vibração<br />

transversal<br />

Estático<br />

Ultra-som<br />

-0,03<strong>30</strong><br />

0,0084<br />

-0,0210 -0,0088<br />

0,0203 0,0326<br />

-0,0424* -0,0<strong>30</strong>1 -0,042*<br />

-0,0010 0,0112 -0,0007<br />

As diferenças estatisticamente significantes estão destacadas na Tabela 3<br />

com asterisco (*). Isto é, existe diferença estatisticamente significativa da classificação<br />

utilizando o ultra-som quando se compara a média do estático com o MSR. Porém<br />

percebe-se pelo teste F e pelo teste de Tukey que as médias estão muito próximas e<br />

que o limite superior dos intervalos de confiança do ultra-som podem se admitidos<br />

como 0 e sendo assim não existe diferença estatisticamente significativa entre as<br />

classificações.<br />

As análises demonstraram que os métodos apresentam-se como ótima<br />

alternativa de classificação de madeiras. O melhor desempenho foi da classificação<br />

por vibração transversal apresentando a menor dispersão e o melhor ajuste. Nos<br />

ajustes foi necessária a transformação dos dados para a escala logarítmica na base<br />

“e” pois os dados não apresentavam normalidade obtendo assim uma normalidade<br />

aproximada.<br />

Os demais métodos apresentaram resultados satisfatórios e confiáveis, sendo<br />

que o ultra-som apresentou resultados melhores que a classificação por tensões<br />

(MSR). Determinou-se os intervalos de previsão para um nível de confiança ( α ) de<br />

95 % para visualizar as dispersões dos resultados quando comparados com o modelo<br />

estatístico proposto.<br />

8.2 Ensaio dos corpos-de-prova do aço das chapas<br />

As chapas da GANG-NAIL apresentaram uma dispersão maior nos resultados<br />

possuindo um coeficiente de variação superior aos da chapa da COFAR. As chapas<br />

da COFAR apresentaram uma homogeneidade e resistência maior. Contudo o<br />

alongamento da chapa COFAR apresentou resultados inferiores (Figura 67) aos<br />

recomendados pela ASTM A446 Grau A que é um alongamento superior a 20%. O<br />

alongamento é o principal parâmetro na distribuição dos esforços em todos os dentes<br />

dando uma homogeneidade na ligação e caracterizando uma ruptura dúctil do<br />

elemento estrutural, ou seja, representa a ductibilidade do material.<br />

A chapa da GANG-NAIL apresentou as propriedades superiores a exigência<br />

da ASTM A446 Grau A, com tensões características f yk<br />

= 257,<br />

8MPa<br />

e<br />

fruptura,<br />

média = 315,<br />

5MPa<br />

com um alongamento de 21,1%.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


92<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

A chapa da COFAR apresentou as propriedades de resistências superiores a<br />

exigência da ASTM A446 Grau A, com tensões características f yk<br />

= 554,<br />

0MPa<br />

e<br />

fruptura,<br />

média = 558,<br />

5MPa<br />

porém apresentou um alongamento 5,5% inferior ao<br />

recomendado. Contudo o número de corpos-de-prova foi muito pequeno não podendo<br />

concluir a respeito das propriedades mecânicas da chapa COFAR. As Figuras 13 e<br />

14.<br />

σ (Mpa)<br />

600<br />

500<br />

COFAR<br />

400<br />

<strong>30</strong>0<br />

GANG-NAIL<br />

(G80)<br />

200<br />

100<br />

0<br />

0,00 0,05 0,10 0,15 ε mm/mm<br />

0,20<br />

Figura 13 - Posições de carregamento distribuído, centrado e excêntricos.<br />

8.3 Ensaio de arrancamento nos conectores ( α = 0<br />

o<br />

e β = 0 o<br />

)<br />

Os 32 ensaios restantes foram realizados para investigar o fator dimensão na<br />

resistência ao arrancamento. Com isso fez-se testes estatísticos (ANOVA) para o<br />

estudo das médias comparando conectores de dimensões diferentes em ensaio de<br />

tração. Foi utilizada a máquina de tração Metriguard com capacidade de 890 KN com<br />

velocidade de carregamento recomendada pela NBR 7190:1997.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 14 - (a) Máquina de tração em peças estruturais (b) Esquema do ensaio realizado.<br />

A análise residual indicou que o modelo da distribuição normal é adequado<br />

para análise dos dados, sendo assim, a tabela de análise de variância pode ser<br />

utilizada para fazer inferências.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

93<br />

Tabela 4 - Análise de variância<br />

Fonte de variação SQ gl QM F cal p<br />

Entre as ligações 0,01441 1 0,0144 18,03 0,00<br />

Dentro das ligações<br />

(Resíduos).<br />

0,02398 <strong>30</strong> 0,0008<br />

Total 0,03838 31<br />

Com os dados pode-se testar que as médias dos três tratamentos não são<br />

iguais, sendo assim, considerar o seguinte teste de hipóteses, em termos dos efeitos<br />

de tratamentos:<br />

⎧H0 : τ1<br />

= τ2<br />

= L = τk<br />

= 0<br />

⎨<br />

⎩H1<br />

: τt<br />

≠ 0, para pelo menos uma i<br />

(15)<br />

Assim, para um nível de significância α = 0, 05 . A hipótese deve ser rejeitada<br />

se F cal > F tab , Fcal<br />

> F0,05;(<br />

k −1);(<br />

n−k<br />

) , isto é, a região de rejeição é R : F cal > F0,05;(<br />

k −1);(<br />

n−k<br />

) ,<br />

assim da tabela F com (4-1) = 1 graus de liberdade e (32-1) = 31 graus de liberdade,<br />

tem-se F 0 , 05;(<br />

1;<br />

31)<br />

= 4,<br />

17 , isto é, a região de rejeição é R : Fcal > 4, 17 .<br />

Dos dados observados, a estatística do teste, com objetivo de rejeitar ou não<br />

a hipótese nula dos tratamentos é dada pela razão F cal , isto é:<br />

0,<br />

0144<br />

F cal<br />

= = 18,<br />

03<br />

0,<br />

00079<br />

(16)<br />

Decisão estatística: Como F cal<br />

= 18 , 03 > 4,<br />

17 rejeitar H 0 ao nível de significância<br />

α = 0,05 .<br />

De acordo com os dados a um nível de significância de α = 0, 05 , pode-se<br />

concluir que existe evidência estatística de que os 2 tipos de tratamentos produzem<br />

resultados de resistências médias diferentes.<br />

Observe que, considerando o p-valor da Tabela 4 e um nível α = 0, 05 , se<br />

obtém as mesmas conclusões, para tratamentos, isto é, rejeita-se H 0 . Neste caso o<br />

p-valor de tratamentos é 0,000. Lembrando que, rejeita-se H 0 se o p-valor do teste é<br />

menor que um nível α ( 0 ,01 < α < 0, 05 ).<br />

Isto é, a tensão de arrancamento decresce à medida que se aumenta o<br />

número de dentes do conector evidenciando o efeito de grupo nos dentes. Os ensaios<br />

mostraram que a chapa 10,7x23,8cm apresentou 79,5% da tensão de arrancamento<br />

médio da chapa 10,7x13,7cm. Comprovando estatisticamente que existe diferença<br />

significativa entre as médias na tensão de arrancamento utilizando o teste estatístico<br />

“F” com um nível de significância de 5% e apresenta tensões características de<br />

f a , k<br />

= 0,<br />

149kN / dente para a chapa 10,7x13,7cm e f a , k<br />

= 0,<br />

128kN / dente para a<br />

chapa 10,7x23,8cm.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


94<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

8.4 Ensaio dos elementos estruturais<br />

Os resultados teóricos obtidos através da modelagem sugerida para a<br />

consideração da deformabilidade das ligações mostraram-se como uma ótima<br />

alternativa. Na Figura 15 são apresentadas quatro (4) modelagens distintas: banzos<br />

contínuos e diagonais articuladas (sem deformabilidade das ligações – Tipo 1),<br />

banzos contínuos e diagonais articuladas com ligação dos banzos articuladas (Tipo<br />

2), pórtico (Tipo 3) e banzos contínuos com deformabilidade das ligações (Tipo 4).<br />

A Figura 15 indica que a abordagem de treliça ou pórtico sem a influência da<br />

deformabilidade das ligações apresenta resultados incompatíveis quando comparados<br />

aos resultados experimentais obtidos. Assim, após várias simulações optou-se pelo<br />

modelo que computa a rotação das diagonais com relação ao banzo e a<br />

deformabilidade axial das emendas dos banzos. Fica evidente que o modelo sugerido<br />

avalia os deslocamentos com uma melhor acurácia .<br />

0<br />

comprimento (cm)<br />

0 50 100 150 200 250 <strong>30</strong>0 350 400 450 500 550<br />

2<br />

4<br />

6<br />

8<br />

deslocamento (mm)<br />

10<br />

12<br />

14<br />

Tipo 1<br />

Tipo 2<br />

Tipo 3<br />

Tipo 4<br />

Experimental<br />

Figura 15 - Deslocamentos experimentais e numéricos da treliça 08.<br />

A investigação indicou que do modelo Tipo 2 (diagonais articuladas e<br />

emendas de banzo articuladas) apresentou uma diferença de 20% nos deslocamentos<br />

quando comparados com o resultado experimental. Já o modelo proposto apresenta<br />

uma diferença de 1,9% nos deslocamentos quando comparados com os resultados<br />

experimentais obtidos para a treliça 08, como mostrado na Figura 15.<br />

Desta forma, para analisar a importância da deformabilidade nas emendas<br />

dos banzos foi elaborado um segundo modelo sem a consideração da mesma,<br />

levando em consideração apenas a deformabilidade rotacional das diagonais. Foram<br />

realizadas simulações para os quatro tipos de carregamento para todas as 21 treliças<br />

confeccionadas. Posteriormente foi aplicado um teste estatístico para comparar os<br />

dados.<br />

Para verificar a contribuição da deformabilidade nas emendas dos banzos, foi<br />

feita uma análise estatística para cada carregamento entre o experimental e os dois<br />

modelos utilizados na análise. E ficou evidente que o melhor modelo para o<br />

carregamento de 12 kN é o modelo do tipo 2. Assim conclui-se que à medida que a<br />

força aumenta o modelo 1 fica menos representativo e o modelo 2 torna-se<br />

compatível, ou seja, a deformabilidade axial tem influência significativa para esforços<br />

mais elevados. Sendo assim o modelo 2 é mais adequado, pois é a favor da<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

95<br />

segurança e mesmo não sendo estatisticamente compatível para pequenos esforços<br />

apresenta resultados bons para avaliação de deslocamentos em elementos<br />

estruturais treliçados (CDE).<br />

8.5 Ensaio de perda de protensão<br />

Os ensaios foram conduzidos em duas etapas devido ao espaço físico na sala<br />

climatizada, sendo 5 o total de faixas ensaiadas (2 CP1, 2 CP2 e 1 CP3) conforme<br />

descrito no item 7.4. O nível utilizado foi de 0,70 Mpa, pois é recomendado para<br />

projetos de sistemas protendidos. As Figuras 16 e 17 apresentam apenas os<br />

comportamentos de duas faixas, pois para a análise completa das perdas de<br />

protensão serão ajustados através da expressão logarítmica empírica.<br />

P<br />

P<br />

0<br />

(17)<br />

= a.ln( t ) + b<br />

O método utilizado é o dos mínimos quadrados que consiste em minimizar a<br />

⎛ P ⎞<br />

função objetivo eq.(17), sendo a variável dependente a perda de protensão<br />

⎜<br />

⎟ e a<br />

⎝ P 0 ⎠<br />

variável independente (t) o tempo em dias e (d) o desvio, resíduo ou erro.<br />

2 2<br />

2<br />

d1<br />

+ d<br />

2<br />

+ ... + d<br />

n<br />

= mínimo<br />

(18)<br />

1,00<br />

P/Po<br />

0,95<br />

0,90<br />

0,85<br />

0,80<br />

0,75<br />

0,70<br />

0,65<br />

0,60<br />

0,55<br />

Barra 1<br />

Barra 2<br />

Barra 3<br />

0,50<br />

0 10 20 <strong>30</strong> 40 50 60<br />

Dias<br />

Figura 16 - Avaliação da perda de protensão tipo CP1.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


96<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

P/Po<br />

1,00<br />

0,95<br />

0,90<br />

Barra 9<br />

Barra 8<br />

Barra 7<br />

0,85<br />

0,80<br />

0,75<br />

0,70<br />

0,65<br />

0,60<br />

0,55<br />

0,50<br />

0 10 20 <strong>30</strong> 40 50 60<br />

Dias<br />

Figura 17 - Avaliação da perda de protensão tipo CP2.<br />

A Tabela 5 apresenta resumidamente os 5 ensaios realizados nas faixas,<br />

sendo que os ensaios 1 e 2 apresentam CDE’s maiores que os ensaios 3 e 4. Já no<br />

ensaio 5 o tabuleiro é protendido sem a presença de CDE’s.<br />

Tabela 5 - Resultados da perda de protensão nas faixas representativas<br />

nº TIPO barra<br />

Perda de<br />

protensão<br />

(3dias)<br />

Desloc.<br />

Tabuleiro<br />

tempo: 3 dias<br />

(mm)<br />

Perda de<br />

protensão<br />

(7dias)<br />

Desloc.<br />

Tabuleiro<br />

tempo: 7 dias<br />

(mm)<br />

Perda de<br />

protensão<br />

(60dias)<br />

Desloc.<br />

Tabuleiro<br />

tempo: 60 dias<br />

(mm)<br />

1 15,90% 19,99% 36,51%<br />

1 CP1 2 16,90% 0,71 20,97% 1,02 34,91% 2,09<br />

3 14,40% 18,<strong>30</strong>% 36,46%<br />

4 14,80% 17,50% 26,20%<br />

2 CP1 5 16,<strong>30</strong>% 0,36 19,20% 0,40 27,50% 0,93<br />

6 11,50% 13,90% 22,60%<br />

7 13,44% 16,24% 34,02%<br />

3 CP2 8 18,39% 0,53 21,34% 0,75 36,36% 1,90<br />

9 18,13% 20,98% 38,38%<br />

10 13,90% 16,40% 25,10%<br />

4 CP2 11 15,10% -0,38 18,10% -0,35 26,60% 0,86<br />

12 10,00% 12,50% 21,80%<br />

13 22,40% 25,50% 32,80%<br />

5 CP3 14 17,90% -0,12 21,20% 0,44 26,70% 0,70<br />

15 18,10% 21,40% 29,00%<br />

(+) Encurtamento do tabuleiro<br />

(-) Alongamento do tabuleiro<br />

Devido o número de corpos-de-prova ser pequeno, foram analisados os<br />

resultados através das médias. Observa-se que a barra central possui uma perda de<br />

protensão maior que as barras das extremidades e que quando se compara os<br />

ensaios 1,2 e 5 nota-se que as perdas seguem a mesma tendência. A investigação<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

97<br />

demonstrou que a faixa tem metade de suas perdas nos três primeiros dias, e<br />

apresentaram uma perda média de <strong>30</strong>% no valor de protensão inicial em 60 dias.<br />

Verifica-se que o efeito de deformação lenta no tabuleiro quando submetido a<br />

tensões normais é importante na avaliação da perda de protensão, pois todos os<br />

tabuleiros apresentaram deslocamentos e que foram determinados através de 2<br />

transdutores de deslocamento. Pode-se visualizar que os ensaios 1 e 3 apresentaram<br />

perdas de protensões próximas e deslocamentos também muito próximos.<br />

As faixas com conectores apresentaram uma perda de protensão 18,<strong>30</strong>%<br />

maior que a faixa sem conectores, porém o aumento da área de conectores<br />

representou um acréscimo da perda de protensão em relação ao ensaio 3 em 0,82%<br />

e que pode ser desprezado.<br />

Após o ajustamento das curvas logarítmicas para cada barra, foi realizado um<br />

ajustamento com os dados médios dos ensaios 1 e 3 que resultaram na eq. (19).<br />

P<br />

P<br />

0<br />

(19)<br />

= −0,<br />

045.ln( t ) + 0,<br />

879 +<br />

Onde ( ε)<br />

f ( ε )<br />

f é a função do erro. Para fins práticos de aplicação foi considerado<br />

que o erro tem um comportamento normalizado, ou seja, segue uma distribuição<br />

normal apesar da não realização de um teste de normalidade devido ao pequeno<br />

número de corpos-de-prova. Assim pode-se dizer que como a variância é constante e<br />

a média dos resíduos tende a zero f ( ε) = 0 . Podendo ser utilizado na estimativa das<br />

perdas nos tabuleiros treliçados a eq. (20).<br />

P<br />

P<br />

0<br />

(20)<br />

= −0,<br />

045.ln( t ) + 0,<br />

879<br />

8.6 Protótipo<br />

A montagem do protótipo é semelhante à montagem do tabuleiro de uma ponte<br />

treliçada protendida transversalmente e é apresentada nas Figuras 102,103 e 104,<br />

com os detalhes de protensão do protótipo e equipamentos utilizados para<br />

instrumentação conforme descrito no item 7.6.<br />

Figura 18 - Montagem por justaposição das treliças e espaçadores.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


98<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Figura 19 - Aplicação de protensão no protótipo através de bomba manual.<br />

Alguns cuidados são fundamentais na elaboração destas etapas:<br />

1. Deve ser mantida a verticalidade dos elementos, para não ocorrer tombamento<br />

progressivo dos elementos estruturais;<br />

2. A força de protensão deve ser aplicada de forma gradativa e alternada ao<br />

longo do tabuleiro e a estabilização do nível de protensão é um processo<br />

iterativo;<br />

3. Deve-se fazer a protensão no sentido centro do vão para extremidades para<br />

evitar diminuição das extremidades da placa;<br />

4. As barras de protensão devem ser colocadas na montagem, evitando<br />

problemas na passagem das barras posteriormente;<br />

5. É recomendada a proteção das barras por intermédio de bainhas de PVC<br />

imersos em graxa, para evitar o contato direto com a madeira tratada;<br />

A furação deve ser adequada para possíveis erros de furação nos banzos, geralmente<br />

o furo deve ser de no mínimo 2 .φ .<br />

BARRA<br />

Foram efetuados 4 tipos de posicionamento de carregamento sendo mostrados na<br />

Figura 20 e 21, porém para a análise das variações das forças de protensão serão<br />

importantes somente às variações obtidas no carregamento centrado e no<br />

carregamento excêntrico.<br />

Figura 20 - (a) Carregamento centrado (b) Carregamento excêntrico.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

99<br />

Figura 21 - (a) Carregamento direito (b) Carregamento distribuído.<br />

Nível de protensão<br />

Em todos os ensaios do protótipo as barras de protensão foram monitoradas<br />

com o intuito de controlar e identificar as forças de protensão atuantes, investigando<br />

11 barras de um total de 12 barras devido à limitação na aquisição de dados do<br />

sistema. A Tabela 6 mostra os níveis obtidos nos ensaios e o controle da força de<br />

protensão nas barras monitoradas com células de carga e observa-se que os níveis<br />

obtidos nos ensaios foram muito bons e próximos dos idealizados.<br />

Tabela 6 - Níveis de protensão obtidos nos ensaios do protótipo<br />

Condição<br />

Carregamento<br />

Nível de protensão<br />

(MPa)<br />

idealizado 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,350 0,500<br />

centrada 0,000 0,055 0,110 0,168 0,197 0,363 0,491<br />

direita 0,000 0,055 0,104 0,160 0,195 0,362 0,502<br />

esquerda 0,000 0,053 0,103 0,168 0,195 0,360 0,473<br />

distribuída 0,000 0,056 0,109 0,168 0,198 0,362 0,482<br />

média 0,000 0,054 0,105 0,163 0,197 0,360 0,490<br />

A investigação indicou um comportamento de placa ao longo da seção<br />

transversal ficando evidente pelos deslocamentos apresentados na Figura 22.<br />

Observa-se que os deslocamentos diminuem à medida que se eleva o nível de<br />

protensão, porém os ganhos de rigidez tendem a estabilizar com baixas tensões de<br />

protensão quando comparados aos tabuleiros protendidos laminados serrados.<br />

A Figura 23 apresenta a diminuição da taxa de distribuição ( β<br />

i<br />

) à medida que se<br />

eleva o nível de protensão para os elementos em baixo do carregamento e uma<br />

elevação da taxa de distribuição para os elementos afastados do carregamento.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


100<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

βi<br />

0,35<br />

0,<strong>30</strong><br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

0,10<br />

0,05<br />

0,00<br />

0 MPa<br />

0,054MPa<br />

0,105 MPa<br />

0,163 MPa<br />

0,197 MPa<br />

0,360 MPa<br />

0,490 MPa<br />

0 20 40 60 80 100 120 140<br />

Distância da borda direita (cm)<br />

σpi<br />

Deslocamento no meio do vão (mm)<br />

0 20 40 60 80 100 120 140<br />

0,0<br />

-1,0<br />

-2,0<br />

-3,0<br />

-4,0<br />

-5,0<br />

-6,0<br />

-7,0<br />

-8,0<br />

-9,0<br />

-10,0<br />

262%<br />

Distância da borda direita (cm)<br />

σpi<br />

0 MPa<br />

0,054MPa<br />

0,105 MPa<br />

0,163 MPa<br />

0,197 MPa<br />

0,360 MPa<br />

0,490 MPa<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 22 - (a) Distribuição de cargas (b) Deslocamentos com P=50kN para carregamento<br />

centrado.<br />

βi<br />

0,<strong>30</strong><br />

0,28<br />

0,26<br />

0,24<br />

0,22<br />

0,20<br />

P= 50kN<br />

P=100kN<br />

P=150kN<br />

βi<br />

0,14<br />

0,12<br />

0,10<br />

0,08<br />

0,06<br />

0,18<br />

0,16<br />

0,14<br />

0,12<br />

0,000 0,100 0,200 0,<strong>30</strong>0 0,400 0,500<br />

σpi (MPa)<br />

0,04<br />

0,02<br />

P= 50kN<br />

P=100kN<br />

P=150kN<br />

0,00<br />

0,000 0,100 0,200 0,<strong>30</strong>0 0,400 0,500<br />

σpi (MPa)<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 23 - (a) Taxa de distribuição na posição 71,8cm (b) Taxa de distribuição na posição<br />

35,9cm para carregamento centrado.<br />

Comparação do modelo proposto com os resultados experimentais<br />

Para a validade dos modelos propostos, é necessária uma análise mais<br />

refinada com o objetivo de comparar os resultados obtidos experimentalmente com os<br />

resultados numéricos obtidos através do modelo proposto para avaliação das pontes<br />

protendidas através de transformação em placa equivalente. Foram utilizados dois<br />

programas para o cálculo dos deslocamentos da placa equivalente (SAP2000N e o<br />

AEP2.0).<br />

O SAP2000N é um software baseado no método dos elementos finitos, onde<br />

o elemento utilizado será o do tipo Shell com ortotropia. O elemento de SHELL é<br />

usado para modelar estruturas planas ou tridimensionais com comportamento de<br />

casca, membrana ou placas. O elemento de casca é montado a partir de três ou<br />

quatro nós que combina separadamente os comportamentos de membrana e de<br />

flexão de placas. Os elementos de quatro nós não necessariamente precisam ser coplanares.<br />

Para o comportamento de placas à flexão, existe um componente rotacional<br />

de rigidez nas duas direções fora do plano, e um componente translacional de rigidez<br />

na direção normal do plano do elemento.<br />

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Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

101<br />

Para cada elemento de SHELL na estrutura, pode-se escolher entre modela-lo<br />

como um elemento puro de membrana, placa ou comportamento total de casca.<br />

Normalmente, é recomendado que se use o comportamento de casca, a menos que<br />

toda estrutura seja plana e esteja adequadamente restringida.<br />

Como em todos elementos, ele possui seu próprio sistema de coordenadas,<br />

para definição das propriedades do material e direções das cargas, e interpretação<br />

dos resultados. Cada elemento pode ser carregado por gravidade e cargas uniformes<br />

em qualquer direção atuando na superfície, além de cargas devido a variações de<br />

temperatura. É utilizada uma formulação de integral numérica de 8 (oito) pontos para<br />

a rigidez dos elementos.<br />

EIXO 3<br />

EIXO 1<br />

EIXO 2<br />

EIXO 3<br />

EIXO 1<br />

EIXO 2<br />

FACE 3<br />

J4<br />

FACE 2<br />

FACE 1<br />

J2<br />

J3<br />

FACE 2<br />

FACE 1<br />

J2<br />

FACE 3<br />

J3<br />

FACE 4<br />

J1<br />

J1<br />

Figura 24 - Sistema local de coordenadas para o elemento tipo SHELL.<br />

Para a simulação foi utilizado o elemento do tipo SHELL com sua formulação<br />

baseada em placas (Plate) com influência da cortante (Thick).<br />

O AEP 2.0 é um programa baseado na formulação de placa ortótropa de<br />

Huber e sua resolução segue a metodologia sugerida por CUSENS & PAMA (1975)<br />

descrita no trabalho de CHEUNG (2003).<br />

O problema principal consiste em determinar as propriedades elásticas do<br />

tabuleiro sem a necessidade da realização de ensaios de placa em laboratório. Assim<br />

analisar-se-á primeiramente a obtenção da rigidez longitudinal através dos modelos<br />

sugeridos no item 6.<br />

Características geométricas do protótipo<br />

12.5<br />

50<br />

143.5<br />

Figura 25 - Geometria do protótipo.<br />

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102<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Tabela 7 - Dados geométricos<br />

Geometria (cm)<br />

Espessura da placa equivalente<br />

Largura de placa<br />

Comprimento da placa<br />

Espessura dos banzos<br />

Altura das treliças CG<br />

<strong>30</strong>,0<br />

143,5<br />

587,5<br />

12,5<br />

37,5<br />

Tabela 8 - Coeficientes de rigidez propostos pelo modelo<br />

Par<br />

conector<br />

geometria<br />

K<br />

(kN/mm)<br />

Kdente<br />

(kN/mm)<br />

KR<br />

(kN/rad)<br />

10,7x13,7 fig. 87 101,6 5,6 7206,7<br />

23,8x10,7 fig. 88 179,6 5,4 19684,7<br />

Rigidez longitudinal ( D )<br />

X<br />

Para a análise dos deslocamentos da treliça utilizar-se-á o modelo proposto<br />

no item 6.0 e que considera a deformabilidade das ligações. Os coeficientes de rigidez<br />

das ligações utilizados serão aqueles obtidos pelos modelos sugeridos e fornecidos<br />

na Tabela 7. O módulo de elasticidade dos banzos e das diagonais será a média de<br />

todos os banzos utilizados no protótipo e de todas diagonais e é dado pelas eqs. (21)<br />

e (22).<br />

E<br />

M ( BANZOS )<br />

= 14108,<br />

0 MPa<br />

(21)<br />

E<br />

M ( DIAGONAIS )<br />

= 13994,<br />

0 MPa<br />

(22)<br />

∆ u = 0 ,55cm<br />

→ F = 319, 9daN<br />

(23)<br />

Da eq. (24) obtêm-se D .<br />

T<br />

2<br />

D = 4,32E + 09 daN/cm<br />

T<br />

(24)<br />

Aplicando a eq. (6).<br />

2<br />

D = 90 , 76E<br />

+ 09 daN/cm<br />

X<br />

(25)<br />

Para comparar a rigidez obtida pelo modelo utiliza-se o ensaio de<br />

carregamento distribuído expresso na Tabela 9.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

103<br />

Tabela 9 - Resultados do carregamento distribuído<br />

Força (daN)<br />

σpi<br />

Dx<br />

5000 10000 15000<br />

(MPa)<br />

(daN.cm²)<br />

Deslocamentos (cm)<br />

0 0,265 0,558 0,873 7,98E+10<br />

0,054 0,226 0,428 0,632 9,34E+10<br />

0,105 0,216 0,416 0,611 9,77E+10<br />

0,163 0,216 0,413 0,607 9,77E+10<br />

0,197 0,228 0,432 0,63 9,25E+10<br />

0,36 0,232 0,433 0,626 9,11E+10<br />

0,49 0,242 0,455 0,648 8,71E+10<br />

Média 9,13E+10<br />

Nível de protensão<br />

O valor obtido pelo modelo sugerido é 0,05% menor que o valor médio obtido pelo<br />

ensaio de carregamento distribuído ao longo da seção transversal, isto demonstra que<br />

o modelo proposto para a avaliação dos deslocamentos da treliça é adequado para a<br />

avaliação da rigidez longitudinal do tabuleiro.<br />

Rigidez transversal ( D )<br />

Y<br />

A rigidez transversal pode ser estimada pela eq. (7), porém para a aplicação<br />

da equação é necessária a obtenção do E . Sugere-se então a expressão obtida por<br />

Y<br />

OKIMOTO (1997) em seu trabalho experimental de ensaio de placas, que avalia a<br />

rigidez transversal com o nível de protensão do tabuleiro (Tabela 10). Para<br />

comparação dos resultados serão sugeridos 3 níveis de protensão utilizados no<br />

ensaio do protótipo, e com isso determinar-se-á os coeficientes de rigidez<br />

transversais.<br />

Tabela 10 - Resultados dos coeficientes de rigidez transversal<br />

σpi<br />

(Mpa)<br />

E Y<br />

(daN/cm²)<br />

D Y<br />

(daN.cm²)<br />

0,105 231,9 1,20E+09<br />

0,163 329,3 1,70E+09<br />

0,197 386,3 1,99E+09<br />

Rigidez torsional ( D )<br />

XY<br />

A rigidez torsional pode ser estimada pela eq. (9), porém para a aplicação da<br />

equação é necessária a obtenção do G . Sugere-se então a expressão obtida por<br />

XY<br />

OKIMOTO (1997) em seu trabalho experimental de ensaio de placas, que avalia a<br />

rigidez transversal com o nível de protensão do tabuleiro (Tabela 11). Para<br />

comparação dos resultados são sugeridos 3 níveis de protensão utilizados no ensaio<br />

do protótipo, e com isso determinar-se-á os coeficientes de rigidez torsionais.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


104<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Tabela 11 - Resultados dos coeficientes de rigidez torsionais<br />

σpi<br />

(Mpa)<br />

G XY<br />

(daN/cm²)<br />

D XY<br />

(daN.cm³/cm²)<br />

0,105 179,6 2,65E+06<br />

0,163 232,3 3,43E+06<br />

0,197 263,3 3,89E+06<br />

Transformação dos coeficientes de rigidez em propriedades elásticas<br />

equivalentes<br />

Para a avaliação dos deslocamentos e esforços na placa é necessária a<br />

transformação dos coeficientes de rigidez em propriedades elásticas de uma placa de<br />

espessura constante. Esta espessura deve ser escolhida arbitrariamente de forma<br />

que na transformação as propriedades transformadas dependerão da espessura<br />

adotada. Para transformação serão utilizadas as eqs. (10), (11) e (12) contidas no<br />

Capítulo 6, e serão mostradas em forma de tabela variando com o nível de protensão.<br />

Tabela 12 - Resultados da placa transformada<br />

σpi<br />

(Mpa)<br />

E X(P)<br />

(daN/cm²)<br />

E Y(P)<br />

(daN/cm²)<br />

G XY(P)<br />

(daN/cm²)<br />

0,105 281124,5 905,8 588,8<br />

0,163 281124,5 1286,2 761,9<br />

0,197 281124,5 1509,2 863,4<br />

Resultados experimentais vs. resultados numéricos (SAP e AEP)<br />

Os resultados foram obtidos utilizando 3 carregamentos centrados<br />

(50kN,100kN e 150kN) para as simulações com elementos finitos SAP e AEP 2.0<br />

(solução em séries). Para a solução em elementos finitos será apresentada a<br />

discretização da placa mostrando os elementos Shell (tipo plate) posicionados.<br />

Figura 24 - Discretização da faixa em elementos finitos do tipo SHELL (elemento plate).<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

105<br />

Figura 25 - Deformada e diagrama de tensões na direção longitudinal.<br />

Tabela 13 - Resultados das comparações teórico vs. experimental para σ<br />

pi<br />

= 0,<br />

105MPa<br />

Distâncias da borda direita (cm)<br />

0,0 17,9 35,9 53,8 71,8 89,7 107,6 125,6 143,5<br />

Deslocamento vertical transversal (mm)<br />

P=50kN<br />

Experimental -1,9 -1,9 -2,3 -2,8 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,3<br />

SAP2000N -1,5 -1,9 -2,3 -2,7 -2,9 -2,7 -2,3 -1,9 -1,5<br />

AEP 2.0 -1,5 -1,9 -2,4 -2,4 -2,9 -2,4 -2,4 -1,9 -1,5<br />

Experimental -3,4 -3,5 -4,2<br />

P=100kN<br />

-5,6 -6,0 -5,0 -3,8 -3,0 -2,5<br />

SAP2000N -2,9 -3,8 -4,6 -5,4 -5,8 -5,4 -4,6 -3,8 -2,9<br />

AEP 2.0 -2,9 -3,9 -4,7 -4,8 -5,9 -4,8 -4,7 -3,9 -2,9<br />

P=150kN<br />

Experimental -4,5 -4,8 -5,9 -9,4 -10,0 -8,3 -5,4 -4,1 -3,5<br />

SAP2000N -4,4 -5,7 -7,0 -8,1 -8,6 -8,1 -7,0 -5,7 -4,4<br />

AEP 2.0 -4,4 -5,8 -7,1 -7,2 -8,8 -7,2 -7,1 -5,8 -4,4<br />

Tabela 14 - Resultados das comparações teórico vs. experimental para σ<br />

pi<br />

= 0,<br />

163MPa<br />

Distâncias da borda direita (cm)<br />

0,0 17,9 35,9 53,8 71,8 89,7 107,6 125,6 143,5<br />

Deslocamento vertical transversal (mm)<br />

P=50kN<br />

Experimental -1,8 -1,9 -2,2 -2,7 -2,9 -2,4 -2,0 -1,6 -1,4<br />

SAP2000N -1,6 -2,0 -2,3 -2,6 -2,7 -2,6 -2,3 -2,0 -1,6<br />

AEP 2.0 -1,7 -2,0 -2,3 -2,4 -2,8 -2,4 -2,3 -2,0 -1,7<br />

Experimental -3,3 -3,5 -4,2<br />

P=100kN<br />

-5,4 -6,1 -5,1 -4,2 -3,3 -3,1<br />

SAP2000N -3,3 -3,9 -4,6 -5,2 -5,4 -5,2 -4,6 -3,9 -3,2<br />

AEP 2.0 -3,3 -4,0 -4,6 -4,8 -5,6 -4,8 -4,6 -4,0 -3,3<br />

P=150kN<br />

Experimental -4,8 -5,1 -6,1 -8,0 -8,8 -7,2 -5,6 -4,3 -3,9<br />

SAP2000N -4,9 -5,9 -6,9 -7,8 -8,2 -7,8 -6,9 -5,9 -4,9<br />

AEP 2.0 -5,0 -6,1 -6,9 -7,1 -8,3 -7,1 -6,9 -6,1 -5,0<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


106<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Tabela 15 - Resultados das comparações teórico vs. experimental para σ<br />

pi<br />

= 0,<br />

197MPa<br />

Distâncias da borda direita (cm)<br />

0,0 17,9 35,9 53,8 71,8 89,7 107,6 125,6 143,5<br />

Deslocamento vertical transversal (mm)<br />

P=50kN<br />

Experimental -1,8 -1,9 -2,2 -2,8 -3,1 -2,7 -2,3 -1,8 -1,7<br />

SAP2000N -1,7 -2,0 -2,3 -2,5 -2,7 -2,5 -2,3 -2,0 -1,7<br />

AEP 2.0 -1,8 -2,1 -2,3 -2,4 -2,7 -2,4 -2,3 -2,1 -1,8<br />

Experimental -3,4 -3,6 -4,2<br />

P=100kN<br />

-5,2 -5,8 -4,8 -3,8 -3,3 -2,7<br />

SAP2000N -3,4 -4,0 -4,6 -5,1 -5,3 -5,0 -4,6 -4,0 -3,4<br />

AEP 2.0 -3,5 -4,1 -4,5 -4,7 -5,5 -4,7 -4,5 -4,1 -3,5<br />

P=150kN<br />

Experimental -4,8 -5,1 -6,1 -8,0 -9,2 -7,6 -6,0 -4,7 -4,4<br />

SAP2000N -5,1 -6,0 -6,9 -7,6 -8,0 -7,6 -6,9 -6,0 -5,1<br />

AEP 2.0 -5,3 -6,2 -6,8 -7,1 -8,2 -7,1 -6,8 -6,2 -5,3<br />

Os modelos numéricos apresentaram-se próximos dos resultados<br />

experimentais, sendo que os melhores resultados foram obtidos para um nível de<br />

protensão de 0,1 Mpa apresentando diferenças de 5%.<br />

Além disso para 0,1 Mpa a rigidez transversal estabiliza com baixos níveis de<br />

protensões e a rigidez encontrada no modelo aumenta à medida que se aumenta os<br />

parâmetros elásticos E Y<br />

e G XY<br />

que são obtidas pelas expressões sugeridas por<br />

OKIMOTO (1997). Portanto conforme pode ser observado os resultados obtidos pelo<br />

SAP e pelo AEP são da mesma ordem de grandeza e considerando o trabalho<br />

necessário para a modelagem no SAP, recomenda-se a utilização do modelo<br />

proposto no AEP 2.0.<br />

Portanto, o modelo proposto que foi sugerido e investigado mostra-se como<br />

uma ótima alternativa de avaliação de deslocamentos e esforços como pode ser<br />

observado nos resultados obtidos e o programa AEP 2.0 mostrou-se como uma das<br />

alternativas na avaliação dos deslocamentos.<br />

9 CONCLUSÕES<br />

O sistema em tabuleiros ortótropos treliçados protendidos apresentam-se<br />

como uma ótima alternativa na aplicação em pontes utilizando madeiras de<br />

reflorestamento para confecção do sistema estrutural. O sistema possui uma<br />

modulação que pode ser facilmente utilizada para industrialização das pontes de<br />

madeira e uma solução para demanda de reconstrução e substituição destas no<br />

Brasil.<br />

Como o sistema utiliza-se de madeiras de reflorestamento é necessária uma<br />

classificação adequada devido à presença de defeitos. O trabalho mostrou que os<br />

métodos de classificação existentes são adequados para a estimativa do módulo de<br />

elasticidade em peças estruturais e identificou que a vibração transversal apresenta<br />

os melhores resultados quando comparados aos métodos analisados. Porém cada<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


Tabuleiro ortótropo treliçado protendido transversalmente para aplicação em pontes...<br />

107<br />

método possui sua característica e vantagem como: automação, praticidade e<br />

mobilidade.<br />

Os ensaios no protótipo mostraram que o um sistema é bastante rígido o que<br />

melhora o desempenho do revestimento do tabuleiro com pavimentos flexíveis ou<br />

rígidos eliminando as fissuras evidenciadas nos tabuleiros protendidos serrado e<br />

laminado colado (MLC).<br />

A perda de protensão no sistema não é um problema de grande preocupação.<br />

A influência da chapa na perda de protensão foi percebida mais apresentou pouca<br />

variação quando comparada ao tabuleiro de controle (tabuleiros sem conectores).<br />

Nas ligações evidenciou-se que o tamanho dos conectores influencia a<br />

resistência final ao arrancamento, pois surgem efeitos de grupo e alinhamento dos<br />

dentes que reduzem a resistência.<br />

O sistema apresentou um comportamento de placa ortótropa e evidenciou a<br />

necessidade de um nível menor de protensão devido sua grande rigidez longitudinal e<br />

transversal quando submetida a níveis baixos de protensão. Recomenda-se que o<br />

nível de projeto para o sistema seja de no mínimo 0,1 Mpa, pois com este nível o<br />

sistema já apresenta grande capacidade de distribuição de cargas e mobiliza<br />

deslocamentos em toda seção transversal como pode ser visualizado nos ensaios<br />

realizados. Desta maneira o sistema apresenta uma economia no número e seção<br />

das barras de protensão. É recomendada a utilização de peças de alta densidade nas<br />

regiões de ancoragem devido ao problema de empenamento apresentado no<br />

protótipo quando este foi submetido a altas tensões de protensão.<br />

O modelo proposto para avaliação da rigidez das treliças utilizando CDE’s,<br />

computou a deformabilidade das emendas de banzos e das diagonais com os banzos<br />

devido à excentricidade das diagonais que convergem no “nó”. O modelo mostrou-se<br />

adequado e adota para a estimativa da rotação o modelo sugerido no STEP 5<br />

partindo da rigidez axial avaliada no ensaio de ligação. Os resultados apresentaram<br />

diferenças (2-15%) já que a variabilidade da rigidez no nó causa perturbações no<br />

modelo, e a rigidez axial foi admitida como sendo a média dos ensaios realizados<br />

para cada tipo de conector e que apresentaram coeficientes de variação conector<br />

(10,7x23,8cm) CV=21% e (10,7x13,7cm) CV=26%.<br />

O modelo proposto para o tabuleiro adota uma transformação da placa real<br />

em uma placa equivalente com parâmetros elásticos compatíveis para a equivalência<br />

da rigidez da placa. Os resultados apresentaram diferenças (5-10%) quando<br />

comparados com os valores experimentais obtidos no ponto central da placa.<br />

O programa AEP 2.0 é uma boa alternativa para o cálculo do tabuleiro<br />

ortótropo treliçado, pois apresentou resultados compatíveis com os resultados<br />

experimentais. O seu desenvolvimento para adequação do sistema tornou-o mais<br />

versátil e completo incluindo as transformações necessárias no seu código. Incluiu o<br />

perfil transversal de deslocamento automático retirando a entrada de dados de<br />

resultados no meio da seção transversal e facilitando a utilização.<br />

10 AGRADECIMENTOS<br />

A Battistella Indústria e Comércio de Madeiras Ltda e a Gang-Nail pela<br />

doação de madeiras e conectores para realização deste trabalho.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 79-110, <strong>2006</strong>


108<br />

Andrés Batista Cheung & Carlito Calil Junior<br />

Agradecemos ao Laboratório de Produtos Florestais/IBAMA pela concessão<br />

da máquina classificadora.<br />

Agradecemos à CAPES e à FAPESP pelo apoio financeiro, sem o qual esta<br />

pesquisa não poderia ter sido realizada.<br />

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ISSN 1809-5860<br />

PILARES DE CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA<br />

CONFINADOS POR ESTRIBOS RETANGULARES E<br />

COM ADIÇÃO DE FIBRAS DE AÇO<br />

Humberto Correia Lima Júnior 1 & José Samuel Giongo 2<br />

Resumo<br />

Neste trabalho apresentam-se os resultados de uma investigação experimental a<br />

respeito de pilares de concreto de alta resistência com adição de fibras metálicas e<br />

confinados com pequenas taxas de armadura transversais. Foram ensaiados 24 pilares<br />

de concreto de alta resistência com resistências à compressão de 68MPa e 91MPa, e 2<br />

pilares de resistência de 40MPa. Os pilares foram ensaiados à compressão centrada<br />

em equipamento com controle de deslocamento. As variáveis investigadas foram a taxa<br />

de armadura transversal, a taxa volumétrica de adição de fibras metálicas e a<br />

resistência do concreto. Os resultados indicam que a adição de fibras de aço não só<br />

melhora a ductilidade dos pilares com concretos de alta resistência, como também evita<br />

o desprendimento prematuro do cobrimento de concreto. Os resultados mostram ainda<br />

que, para se atingir um mesmo índice de ductilidade estabelecido para os pilares de<br />

concreto de alta resistência, a quantidade de aço empregada é a mesma quando são<br />

utilizados fibras ou estribos. Com base no estudo experimental propõe-se um modelo<br />

matemático para modelagem do comportamento dos pilares com concretos de alta<br />

resistência com adição de fibras metálicas e confinados com baixas taxas de armadura<br />

transversais.<br />

Palavras chaves: pilares; confinamento; fibras de aço; concreto de alta resistência;<br />

resistência à compressão; modelo matemático.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A utilização do concreto de alta resistência (CAR) tem crescido nos últimos<br />

anos. Esse progresso pode ser explicado pelas melhores propriedades mecânicas<br />

deste material quando comparadas com as do concreto de resistência usual. As<br />

vantagens da utilização do CAR em elementos estruturais incluem maior capacidade<br />

resistente, menores dimensões, economia em fôrmas, menores deslocamentos,<br />

menor fluência e etc. Apesar das inúmeras vantagens, o concreto de alta resistência<br />

apresenta um comportamento frágil quando atingida a sua resistência, o que tem<br />

1 Professor do Departamento de Engenharia - Unioeste, correialima@unieoste.br<br />

2 Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-<strong>USP</strong>, jsgiongo@sc.usp.br<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


112<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

despertado o interesse de estudo de diversos pesquisadores (Bjerkeli et alii, 1990;<br />

Ibrahim e MacGregor, 1996; e Cusson e Paultre, 1994). Uma técnica bastante<br />

difundida para o aumento da ductilidade de pilares com CAR é o confinamento da<br />

seção transversal por meio de estribos metálicos (Samaan et alii, 1998; Razvi e<br />

Saatcioglu, 1999; e Lee e Son, 2000). Outra técnica para melhorar a ductilidade do<br />

CAR consiste na adição de fibras metálicas à massa do concreto. O maior problema<br />

desta última técnica reside na redução de trabalhabilidade do concreto fresco, quando<br />

elevadas taxas volumétricas de fibras são utilizadas (Bentur e Mindess, 1990). Este<br />

fato tem limitado a utilização de fibras metálicas em estruturas de concretos a taxas<br />

volumétricas inferiores a 2%. Para adições de fibras limitadas a este valor, observa-se<br />

que os aumentos da resistência, do módulo de elasticidade e da deformação<br />

correspondente à resistência do concreto são desprezíveis; contudo, observa-se uma<br />

considerável elevação dos índices de ductilidade do CAR, sendo possível garantir a<br />

este material os mesmos índices de ductilidade dos concretos de resistências usuais<br />

(Taerwe, 1992 e Hsu e Hsu, 1994).<br />

A maioria das pesquisas desenvolvidas a respeito da ductilização dos pilares<br />

com CAR, objetivava recomendar as normas nacionais e internacionais<br />

procedimentos para a aplicação desses elementos em condições de sismos.<br />

Entretanto, em países onde a atividade sísmica tem baixa intensidade, como no<br />

Brasil, as normas em geral desprezam os efeitos sísmicos nos procedimentos de<br />

cálculo e apenas sugerem quantidades mínimas de reforço para assegurar aos pilares<br />

uma deformabilidade aceitável. Baseado nesses fatos, uma investigação analíticoexperimental<br />

tem sido desenvolvida na Universidade de São Paulo – EESC visando<br />

estabelecer procedimentos de cálculo que garantam os mesmos índices de<br />

ductilidade dos pilares com concretos de resistências usuais aos com concretos de<br />

alta resistência.<br />

Deste modo, este trabalho relata uma investigação relativa ao comportamento<br />

estrutural de pilares com CAR com adição de fibras metálicas e com baixas taxas de<br />

confinamento transversal por meio de estribos. Os principais objetivos desta<br />

investigação foram: 1 – estudar o comportamento mecânico do reforço do concreto<br />

por meio de fibras metálicas e estribos; 2 – estudar a potencialidade do uso de fibras<br />

metálicas na substituição dos estribos na ductilização dos pilares com CAR; e 3 –<br />

investigar as quantidades mínimas de armadura transversal e taxas de adição de<br />

fibras capazes de garantir os mesmos índices de ductilidade dos pilares com<br />

concretos de resistências usuais aos com concretos de alta resistência.<br />

2 PROGRAMA EXPERIMENTAL<br />

2.1 Descrição dos pilares e procedimentos utilizados<br />

Na Figura 1 é ilustrada a geometria típica dos pilares ensaiados. Vinte e seis<br />

pilares foram moldados e ensaiados sob compressão centrada aplicada de modo<br />

monotônico. Os pilares apresentavam altura de 50cm e seção transversal quadrada<br />

com dimensão de 15cm. Os pilares foram dimensionados considerando um programa<br />

estatístico de experimento, no qual os efeitos de três fatores na ductilidade dos pilares<br />

foram avaliados: resistência do concreto; taxa volumétrica de armadura transversal; e<br />

índice de reforço pela adição de fibras metálicas. Duas condições de análises com<br />

uma réplica foram escolhidas para os dois primeiros fatores e três condições com uma<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

113<br />

réplica para o último fator resultando em uma programação fatorial de 2x2x3x2=24<br />

pilares. Ainda, dois pilares com concreto de resistência usual (43MPa) foram incluídos<br />

no estudo com o objetivo de fornecer índices de ductilidade de referência. As<br />

resistências dos concretos de alta resistência foram 68 e 91MPa. Todos os pilares<br />

possuíam quatro barras, uma em cada canto da seção transversal, compondo a<br />

armadura longitudinal. As barras longitudinais tinham diâmetro de 12,5mm, tensão de<br />

escoamento do aço de 597MPa e módulo de elasticidade de 198GPa. A armadura<br />

transversal foi composta por estribos de 6,3mm de diâmetro, com ganchos dobrados a<br />

135 o e comprimento de 10 diâmetros. As barras de aço dos estribos apresentou<br />

resistência de escoamento de 656MPa e módulo de elasticidade de 201GPa,<br />

respectivamente. Dois espaçamentos entre estribos foram utilizados: 15cm e 5cm. As<br />

fibras de aço apresentavam baixo teor de carbono, com ganchos nas extremidades e<br />

fornecidas pelo fabricante coladas em grupos de <strong>30</strong> fibras. O fator de forma (l/d) e a<br />

tensão de escoamento das fibras eram de 80MPa e 1015MPa, respectivamente. Duas<br />

dosagens foram utilizadas: 40kg/m 3 e 80kg/m 3 .<br />

Figura 1 - Detalhes da geometria dos pilares.<br />

Sete dosagens de concretos foram utilizadas e suas proporções são<br />

apresentadas na Tabela 1. Os concretos eram constituídos por areia de origem local,<br />

agregado graúdo de origem basáltica com diâmetro máximo de 19mm, cimento tipo I<br />

segundo a ASTM 150, sílica ativa e super-plastificante. Três corpos-de-prova<br />

cilíndricos (150mm x <strong>30</strong>0mm) foram moldados para cada dosagem e as curvas tensão<br />

vs. deformação dos diversos concretos são apresentadas na Figura 2. Na Figura 3<br />

apresentam-se as curvas tensão vs. deformação das armaduras utilizadas.<br />

Os pilares foram concretados três a três, na vertical, em fôrma de madeira<br />

compensada, escorada por sarrafo de pinus, sendo o concreto lançado através da<br />

face superior das mesmas, e vibrado mecanicamente por meio de vibrador de agulha.<br />

Após a concretagem, os pilares permaneceram nas fôrmas por um período de 24h.<br />

Durante esse período foram dispostas nas extremidades expostas dos pilares<br />

espumas umidificadas. Após o período de 24h, os pilares foram retirados das fôrmas<br />

e levados à uma câmara úmida, onde permaneceram por sete dias.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


114<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

Tabela 1 - Proporções dos materiais dos concretos<br />

Mistura<br />

Água/<br />

cimento<br />

Dosagem<br />

Dosagem<br />

de Fibras<br />

(kg/m 3 )<br />

Teor de<br />

sílica ativa<br />

Superplastificante/<br />

cimento<br />

Resistência à<br />

compressão<br />

(MPa)<br />

1 0,54 1:2,14:2,37 0 0,1 0,025 68<br />

2 0,54 1:2,14:2,37 40 0,1 0,025 68<br />

3 0,54 1:2,14:2,37 80 0,1 0,025 68<br />

4 0,38 1:1,13:1,61 0 0,1 0,025 91<br />

5 0,38 1:1,13:1,61 40 0,1 0,025 91<br />

6 0,38 1:1,13:1,61 80 0,1 0,025 91<br />

7 0,58 1:1,96:2,84 0 - - 43<br />

Figura 2 - Diagramas tensão vs. deformação dos concretos.<br />

Figura 3 - Diagrama tensão vs. deformação da armadura.<br />

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Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

115<br />

Os pilares foram nomeados segundo suas propriedades físicas de P-N-X-Y-Z,<br />

sendo N correspondente ao número da réplica, X à resistência do concreto, Y ao<br />

espaçamento entre estribos e Z à taxa volumétrica de adição de fibras. Deste modo, o<br />

pilar com o código P268150, é o segundo pilar com 68MPa de resistência do<br />

concreto, com estribos espaçados a cada 15cm e 0% de adição de fibras. Na Tabela<br />

2 são apresentadas as propriedades de todos os pilares ensaiados.<br />

Ao término do período de cura, os pilares foram retirados da câmara úmida e<br />

tiveram suas extremidades capeadas com enxofre de modo a corrigir pequenas<br />

imperfeições e garantir o paralelismo das mesmas. Para garantir que os colapsos dos<br />

pilares ocorressem na região de análise, nas extremidades dos pilares foram<br />

colocados colares metálicos constituídos por chapas de aço 1020 com 12,5mm de<br />

espessura e estribos a cada 2,5cm.<br />

Tabela 2 - Resumo das propriedades dos pilares<br />

f’<br />

Pilar<br />

c S V f ε c σ s<br />

α<br />

P<br />

(MPa) (mm) (%) (‰) (MPa) (kN) (kN) test /P 2<br />

ε<br />

o ID h<br />

exp pós<br />

(‰)<br />

P14315 2,49 493,2 983 1033 0,95 0,783 1,102 0,702<br />

43 150 0,0<br />

P24315<br />

2,73 539,6 1016 1056 0,96 0,794 1,098 1,338<br />

P168150 2,55 503,5 1480 1404 1,05 0,838 1,051 1,062<br />

68 150 0,0<br />

P268150<br />

2,48 491,2 1438 1398 1,03 0,801 0,927 1,599<br />

P16850 2,83 559,4 1557 1432 1,09 0,871 1,411 0,752<br />

68 50 0,0<br />

P26850<br />

3,25 597,5 1525 1450 1,05 0,837 1,339 1,838<br />

P1681505 2,41 476,0 1629 1391 1,17 0,901 1,125 0,471<br />

68 150 0,5<br />

P2681505<br />

2,80 553,7 1661 1429 1,16 0,904 1,3<strong>30</strong> 0,946<br />

P168505 2,62 517,5 1588 1411 1,13 0,864 1,777 1,097<br />

68 50 0,5<br />

P268505<br />

2,79 551,5 1799 1428 1,26 0,980 1,449 0,798<br />

P168151 2,90 574,3 1741 1439 1,21 0,969 1,<strong>30</strong>4 1,088<br />

68 150 1,0<br />

P268151<br />

2,58 509,4 1640 1407 1,17 0,927 1,446 1,191<br />

P16851 2,79 552,3 1678 1428 1,17 0,939 1,871 1,151<br />

68 50 1,0<br />

P26851<br />

3,96 597,5 1760 1<strong>30</strong>3 1,21 0,979 1,688 3,156<br />

P191150 2,57 508,6 1882 1719 1,09 0,760 0,872 0,656<br />

91 150 0,0<br />

P291150<br />

3,32 597,8 1924 1763 1,09 0,760 0,704 0,665<br />

P19150 3,15 597,5 1853 1762 1,05 0,727 1,390 1,950<br />

91 50 0,0<br />

P29150<br />

3,46 597,5 1891 1762 1,07 0,744 1,313 2,154<br />

P1911505 2,70 534,1 1793 1731 1,04 0,738 1,019 0,934<br />

91 150 0,5<br />

P2911505<br />

2,54 503,3 1724 1716 1,00 0,708 1,031 1,418<br />

P191505 3,62 597,5 2019 1762 1,15 0,835 1,600 1,<strong>30</strong>4<br />

91 50 0,5<br />

P291505<br />

2,78 549,7 1906 1739 1,10 0,781 1,340 2,155<br />

P191151 2,97 586,5 1828 1757 1,04 0,872 1,455 1,120<br />

91 150 1,0<br />

P291151<br />

3,43 597,5 1748 1762 0,99 0,823 1,057 1,121<br />

P19151 3,66 597,5 1993 1762 1,13 0,962 1,451 1,046<br />

91 50 1,0<br />

P29151<br />

3,68 597,5 1909 1762 1,08 0,915 1,383 1,483<br />

P test<br />

P o<br />

A instrumentação dos pilares foi composta por dois extensômetros de<br />

resistência, dispostos em dois ramos do estribo e localizados no ponto médio ao longo<br />

da altura do modelo; dois extensômetros de resistência posicionados em duas barras<br />

da armadura longitudinal, também localizados próximos à seção transversal média ao<br />

longo da altura do modelo, como apresentado na Figura 1. Quatro LVDTs foram<br />

posicionados, um em cada face dos pilares, presos a colares de aço fixados aos<br />

pilares por meio de 4 parafusos de 19mm de aço de alta resistência. O comprimento<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


116<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

de avaliação dos deslocamentos foi de <strong>30</strong>0mm. Os pilares foram ensaiados com<br />

controle de deslocamento em uma prensa hidráulica com capacidade de força de<br />

<strong>30</strong>00kN. O deslocamento foi aplicado de modo quase estático automaticamente a<br />

uma taxa de deformação de 0,005mm/m·s até a etapa correspondente a 70% da força<br />

máxima, localizado no trecho descendente do diagrama força vs. deformação e de<br />

0,01mm/m.s para o resto do ensaio. As leituras dos instrumentos foram realizadas<br />

automaticamente na freqüência de 10Hz. O ensaio era finalizado quando a<br />

deformação do pilar atingia cerca de 2%. Na Figura 4 apresentam-se detalhes do<br />

modo de ensaio.<br />

2.2 Comportamento geral<br />

Os colares metálicos apresentaram excelente desempenho, em nenhum<br />

ensaio foi detectado escorregamento dos mesmos, nem tampouco fissuras e ruína<br />

das extremidades dos pilares. Na Figura 5 apresentam-se detalhes dos pilares após<br />

ensaio. Todos os pilares apresentaram respostas similares até a força máxima. As<br />

primeiras fissuras foram observadas quando as deformações axiais atingiram<br />

aproximadamente 2‰. Após esta deformação observou-se que as fissuras<br />

propagavam-se verticalmente e suas aberturas aumentavam progressivamente. Nos<br />

pilares sem adição de fibras e com espaçamento de 15cm entre estribos observaramse<br />

desprendimentos de grandes massas de concretos, tanto nos pilares com<br />

concretos de alta resistência, como nos de resistência usual. Nos pilares sem adição<br />

de fibras e com espaçamento entre estribos de 5cm observou-se o completo<br />

descolamento do cobrimento logo após ser atingida a força máxima resistida por<br />

esses elementos. Entretanto, não foi observado desprendimento de grandes massas<br />

de concreto da região do núcleo dos pilares. Ao término dos ensaios, esses pilares<br />

apresentavam toda a região do núcleo de concreto íntegra. Finalmente, durante os<br />

ensaios dos pilares com adições de fibras não foi observado desprendimento do<br />

cobrimento, nem tampouco de grandes massas de concreto do núcleo, mesmo para<br />

aqueles com espaçamentos entre estribos de 15cm. Apesar do elevado grau de<br />

fissuração, esses pilares permaneceram íntegros após o termino dos ensaios.<br />

Os pilares com concreto com resistência de 91MPa rompeu de modo muito<br />

mais frágil que os de 68MPa, especialmente aqueles com espaçamento entre estribos<br />

de 15cm e sem adição de fibras. Nesses pilares o colapso foi tão brusco que foi<br />

impossível obter o completo comportamento pós-pico do pilar P291150.<br />

Apenas nos pilares sem adições de fibras foi possível detectar planos de<br />

cisalhamento de ruptura definidos, como apresentado na Figura 6. Os pilares com<br />

concretos de resistência média de 43MPa apresentaram plano de cisalhamento com<br />

inclinação média (α) de 57 o e desvio padrão de ±2,5 o . Os pilares com concreto de<br />

resistência média à compressão de 68MPa e espaçamento entre os estribos de 15cm<br />

e 5cm apresentaram ângulos de cisalhamento médios de 57 o e 53 o , respectivamente<br />

e desvios padrão de ±1,8 o e ±1,2 o , respectivamente. Já os pilares com concreto de<br />

resistência média à compressão de 91MPa e espaçamento entre os estribos de 15cm<br />

e 5cm apresentaram ângulos de cisalhamento médios de 59 o e 50 o , respectivamente,<br />

e desvios padrão de ±2,8 o e ±2,2 o , respectivamente. Verificou-se que o ângulo de<br />

inclinação do plano de ruptura diminuiu com o aumento da taxa de armadura<br />

transversal e que praticamente permanece inalterado com a elevação da resistência à<br />

compressão do concreto.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

117<br />

Figura 4 - Detalhes do ensaio dos pilares.<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 5 - Aparência dos pilares após serem ensaiados: a) Pilares sem adição de fibras e b)<br />

Pilares com adição de fibras.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


118<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

Figura 6 - Plano de cisalhante de colapso dos pilares.<br />

As flambagens das barras da armadura longitudinais sempre ocorreram<br />

depois de ter sido atingida a força máxima dos pilares, e se mostraram mais críticas<br />

nos pilares com espaçamento entre estribos de 15cm. Nos pilares com espaçamento<br />

entre estribos de 5cm, as barras longitudinais flambaram apenas para grandes<br />

deformações. Nos pilares com adição de fibras, constatou-se que, como não houve<br />

perda de massa de concreto, e, deste modo, as barras de aço permaneceram<br />

encapsuladas por um período mais longo, as flambagens destas foram retardadas.<br />

Finalmente, observou-se uniformidade nas forças máximas resistidas e nos<br />

trechos ascendentes do diagrama força vs. deformação entre os pilares gêmeos;<br />

contudo, observou-se certa discrepância nos trechos descendentes dos diagramas<br />

desses pilares, como evidenciado nas Figuras 7 e 8.<br />

2.3 Análise da força máxima<br />

A grande maioria das normas de dimensionamento de estruturas de concreto<br />

armado sugere que a capacidade de resistência de pilares curtos pode ser calculada<br />

pela Eq.(1):<br />

P<br />

o<br />

= f ⋅(<br />

A − A ) + σ ⋅ A<br />

Eq.(1)<br />

c<br />

g<br />

s<br />

s<br />

s<br />

na qual A g é a área da seção transversal do pilar, A s é a área da seção transversal da<br />

amadura longitudinal e σ s é a tensão na armadura longitudinal correspondente à<br />

deformação do pilar no instante em que é atingida a força máxima, e f c é a resistência<br />

do concreto na estrutura dada pela Eq.(2):<br />

f c ⋅ f ' c<br />

= α Eq.(2)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

119<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 7 - Diagramas força vs. deformação dos pilares ensaiados: a) pilares com concretos<br />

com resistência 68MPa e b) pilares com concretos com resistência 91MPa.<br />

na qual f’ c é a resistência à compressão média do concreto obtida por meio de ensaio<br />

em corpos-de-prova cilíndricos (15cm x <strong>30</strong>cm) e α um coeficiente dado pela Eq.(3):<br />

α = α<br />

Eq.(3)<br />

1 ⋅α<br />

2 ⋅α<br />

3<br />

na qual, por sua vez, α 1 é um coeficiente que leva em conta o acréscimo de<br />

resistência do concreto após 28 dias, α 2 é um coeficiente que leva em consideração a<br />

estimativa da resistência do concreto nas estruturas quando avaliadas por meio de<br />

corpos-de-prova e α 3 considera a diminuição da resistência do concreto para ações<br />

de longa duração. A maioria das normas internacionais assume α 1 , α 2 e α 3 como 1,2,<br />

0,95 e 0,75, respectivamente, resultando α igual a 0,85 (ACI, 1995; CSA, 1994; FIB,<br />

1999 e NBR 6118:2003). Entretanto, como no presente trabalho, especificamente, a<br />

resistência do concreto foi avaliada no dia do ensaio e a força foi aplicada de modo<br />

quase estático em um curto intervalo de tempo, os valores α 1 e α 3 foram considerados<br />

iguais à unidade. Usualmente, o valor de α 2 é assumido constante; contudo, Lima<br />

Junior. (2003) mostrou que este coeficiente varia com a resistência do concreto.<br />

Assumindo que α 1 e α 3 são iguais a 1,2 e 0,75, e usando a Eq.(3), o autor (op. cit.)<br />

mostrou que os valores mais realistas de α 2 são os sugeridos pela Norma Norueguesa<br />

(NBR, 1989), os quais podem ser calculados pela Eq.(4):<br />

( ′)<br />

α =−0,136 ⋅ l n f + 1,347<br />

Eq.(4)<br />

2 c<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


120<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 8 - Comportamento experimental dos pilares com resistência usual: a) Diagrama força<br />

vs. deformação axial e b) Diagrama deformação na armadura transversal vs.<br />

deformação axial.<br />

Na Tabela 2 são apresentadas as forças máximas experimentais e teóricas<br />

dos pilares calculadas. As forças teóricas foram calculadas com base nas Eq.(1) e<br />

Eq.(4). Não foi observado ganho na capacidade resistente dos pilares com a adição<br />

de fibras metálica, nem tampouco, com a elevação da taxa de armadura transversal.<br />

A discrepância entre as forças experimentais dos pilares gêmeos foi pequena. As<br />

relações entre as forças experimentais e teóricas variaram entre 0,95 e 1,26, com<br />

valor médio de 1,09. Considerando apenas os pilares sem adição de fibras o valor<br />

médio entre as forças experimentais e teóricas foi de 1,04, o que indica excelente<br />

concordância entre os valores experimentais e as equações Eq.(1) e Eq.(4). Já<br />

considerando apenas os pilares com adição de fibras o valor médio foi de 1,13.<br />

Com o intuito de verificar a influência da taxa de adição de fibra (fator X1), da<br />

resistência do concreto (fator X2) e da taxa de armadura transversal (fator X3) nos<br />

coeficiente α 2 , foi realizada uma análise de variância com os valores desse coeficiente<br />

obtidos experimentalmente. Assim, para calcular os valores experimentais de α 2 ,<br />

adotaram-se os seguintes procedimentos: a força última resistida apenas pelo<br />

concreto é dada como sendo a força última experimental resistida pelos pilares,<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

121<br />

menos a parcela resistida pela armadura longitudinal; a tensão última resistida pelo<br />

concreto é calculada dividindo-se a força última resistida por este material pela área<br />

total da seção transversal dos pilares menos a área da armadura longitudinal; e α 2 é<br />

calculado dividindo-se o valor obtido para tensão no concreto nos pilares pela<br />

resistência à compressão do concreto obtida por meio de corpos-de-prova cilíndricos<br />

15cm x <strong>30</strong>cm. Na Tabela 2 apresentam-se os valores experimentais de α 2 .<br />

Para realizar a análise de variância, os graus de significância do efeito de<br />

cada fator foram testados para graus de confiabilidade de 95% e 99%, usando-se o F<br />

teste (Montgomery, 1984). Na Tabela 3 apresentam-se os resultados da análise de<br />

variância realizada. Verifica-se que a taxa de adição de fibras e a resistência do<br />

concreto influenciam os valores do coeficiente α 2 para um grau de confiabilidade de<br />

99% e a taxa de armadura transversal para um grau de confiabilidade de 95%.<br />

Entretanto, os acoplamentos entre esses fatores não mostraram influência<br />

significativa nos valores de α 2 , considerando-se também um grau de confiabilidade de<br />

99% e 95%. Constatou-se ainda que, o fator de maior relevância é a resistência do<br />

concreto seguido da taxa de adição de fibras e da taxa de armadura transversal. Com<br />

base nesses resultados pode-se afirmar que os valores de α 2 são influenciados pelos<br />

três fatores analisados; contudo, a grande maioria das normas não considera esta<br />

influência.<br />

2.4 Ductilidade<br />

Para avaliação da ductilidade dos concretos dos pilares ensaiados, o índice<br />

de ductilidade proposto por Lima Júnior e Giongo (2001) foi usado. Este índice é<br />

baseado na análise de todos os pontos do trecho descendente do diagrama tensão<br />

vs. deformação do concreto dos pilares, limitados entre a deformação correspondente,<br />

a tensão de pico e a deformação igual a três vezes àquela deformação. Deste modo,<br />

inicialmente, uma deformação paramétrica é calculada com base na Eq.(5):<br />

DPós<br />

3⋅ε<br />

c<br />

σ c ( ε )dε<br />

∫<br />

εc<br />

=<br />

f c<br />

Eq.(5)<br />

na qual, ε c é a deformação correspondente à resistência do concreto na estrutura e<br />

σ c (ε) é a função que governa o diagrama tensão vs. deformação do concreto na<br />

estrutura. O índice de ductilidade pós-pico é definido como sendo a relação entre a<br />

deformação paramétrica calculada com base na Eq.(5) e a deformação de pico, e<br />

pode ser expressa pela Eq.(6):<br />

IDPós<br />

DPós<br />

= Eq.(6)<br />

ε<br />

c<br />

Seguindo este modelo de análise de ductilidade, os índices de ductilidade<br />

pós-pico dos concretos foram calculados para todos os pilares e são apresentados na<br />

Tabela 2. O índice de ductilidade médio para os pilares com concretos com<br />

resistência de 43MPa foi de 1,10. Foi observado que quando a resistência do concreto<br />

é elevada, o índice de ductilidade do concreto diminui; entretanto, menores<br />

espaçamentos e certas taxas de adição de fibras foram capazes de compensar este<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


122<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

efeito, garantindo ao concreto o mesmo índice de ductilidade dos concretos com<br />

resistência usual.<br />

Tabela 3 - Análise de variância do coeficiente α 2<br />

Variável<br />

Soma dos<br />

quadrados<br />

Graus de<br />

liberdade<br />

Média dos<br />

quadrados<br />

Fator<br />

(F o )<br />

Mínimo valor requerido<br />

para o fator ser significante<br />

(F 0.05,n,23 ) e (F 0.01,n,23 )<br />

Fatores<br />

principais<br />

X 1 0,07054 2 0,0353 <strong>30</strong>,16 3,42 - 5,66<br />

X 2 0,05851 1 0,0585 50,03 4,28 - 7,88<br />

X 3 0,00781 1 0,0078 6,68 4,28 - 7,88<br />

Interação<br />

dos fatores<br />

X 1 × X 2 0,00772 2 0,0039 3,<strong>30</strong> 3,42 - 5,66<br />

X 1 × X 3 0,00290 2 0,0015 1,24 3,42 - 5,66<br />

X 2 × X 3 0,00125 1 0,0012 1,07 4,28 - 7,88<br />

X 1 × X 2 × X 3 0,00584 2 0,0029 2,50 3,42 - 5,66<br />

Erro 0,01400 12 0,0012 - -<br />

Total 0,16861 23 - - -<br />

Para verificar a influência da taxa de adição de fibra (fator X 1 ), da resistência<br />

do concreto (fator X 2 ) e do espaçamento entre estribos (fator X 3 ) no índice de<br />

ductilidade do concreto, realizou-se uma análise de variância com os dados<br />

apresentados na Tabela 4. Com base nos resultados desta análise, verifica-se que os<br />

três fatores estudados influenciam a ductilidade dos pilares para graus de<br />

confiabilidade de 99%. O fator mais influente é a taxa de armadura transversal,<br />

seguido pela resistência do concreto e pela taxa de adição de fibras. A taxa de adição<br />

de fibras tem praticamente a mesma influência da resistência do concreto, isto<br />

significa que a perda de ductilidade com o aumento da resistência do concreto pode<br />

ser compensada com adição de fibras metálicas. Não se constatou influencia<br />

significativa dos acoplamentos dos fatores analisados para graus de confiabilidade de<br />

99%. Este fato implica que a superposição de efeitos é válida para a avaliação do<br />

ganho de ductilidade dos pilares, quando do aumento da taxa de armadura<br />

transversal e da taxa de adição de fibras.<br />

Com o objetivo de estabelecer uma equação para obtenção das taxas ideais<br />

de adição de fibra e de armadura transversal, realizou-se uma regressão polinomial<br />

linear com os valores dos índices de ductilidade dos concretos. Obteve-se uma<br />

equação polinomial com coeficiente de correlação, r 2 , de 94,6%. Assim, com base<br />

nesta análise, pode-se escrever que o índice de ductilidade pós-pico dos pilares<br />

submetidos à compressão centrada pode ser expresso pela Eq.(7):<br />

ID<br />

pós<br />

= 1,176 + 0,602 ⋅<br />

−3<br />

ρ<br />

h<br />

+ 0,439 ⋅ R − 5, 762 ⋅10<br />

⋅ f '<br />

Eq.(7)<br />

c<br />

na qual, ρ h é a taxa de armadura transversal dada pela Eq.(8), R é o índice de reforço<br />

da adição de fibras metálicas pela Eq.(9):<br />

( Astx<br />

+ Asty<br />

)<br />

ρ h =<br />

⋅100%<br />

Eq.(8)<br />

S ⋅( c + c )<br />

x<br />

y<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

123<br />

V f ⋅l f<br />

R = Eq.(9)<br />

φ<br />

f<br />

na qual, A stx e A sty são as áreas da seção transversal das armaduras de<br />

confinamento paralelas aos eixos x e y, respectivamente; c x e c y são as larguras do<br />

núcleo do pilar nas direções x e y, respectivamente; S é o espaçamento entre dois<br />

estribos consecutivos, V f é a taxa volumétrica de fibras de aço; l f e φ f são o<br />

comprimento e o diâmetro da fibra de aço, respectivamente.<br />

Para que os concretos de alta resistência dos pilares apresentem o mesmo<br />

índice de ductilidade do concreto de resistência usual, a taxa volumétrica de armadura<br />

transversal e/ou o índice de reforço da taxa volumétrica de adição fibras de aço<br />

devem ser calculados com base na Eq.(7), considerando o índice de ductilidade igual<br />

a 1,10. Assim, considerando um pilar com concreto com resistência de 80MPa, com<br />

as mesmas propriedades físicas dos pilares ensaiados, é possível utilizar apenas<br />

estribos espaçados a cada 8cm ou estribos espaçados a cada 15cm mais uma taxa<br />

de adição de fibras de aço de 0,52%. Nos dois casos, a massa de aço utilizada é a<br />

mesma, 1,9kg de aço por metro linear de pilar, e o concreto irá apresentar o mesmo<br />

índice de ductilidade do concreto com 43MPa.<br />

Tabela 4 - Análise de variância para os índices de ductilidade dos concretos dos pilares<br />

Variável<br />

Soma dos<br />

quadrados<br />

Graus de<br />

liberdade<br />

Média dos<br />

quadrados<br />

Fator<br />

(F o )<br />

Mínimo valor requerido<br />

para o fator ser significante<br />

(F 0.05,n,23 ) e (F 0.01,n,23 )<br />

Fatores<br />

principais<br />

X 1 0,447877 2 0,2239 10,997 3,42 - 5,66<br />

X 2 0,184275 1 0,1843 9,049 4,28 - 7,88<br />

X 3 0,916895 1 0,9169 45,024 4,28 - 7,88<br />

Interação<br />

dos fatores<br />

X 1 × X 2 0,016531 2 0,0083 0,406 3,42 - 5,66<br />

X 1 × X 3 0,038640 2 0,0193 0,949 3,42 - 5,66<br />

X 2 × X 3 0,000007 1 0,0000 0,000 4,28 - 7,88<br />

X 1 × X 2 × X 3 0,047162 2 0,0236 1,158 3,42 - 5,66<br />

Erro 0,244374 12 0,0204 - -<br />

Total 1,895762 23 - - -<br />

2.5 Deformação na armadura transversal<br />

Para analisar as deformações na armadura transversal, utilizou-se a média<br />

das duas leituras dos dois extensômetros dispostos no estribo a meia altura dos<br />

pilares. Na Tabela 2 apresentam-se as deformações médias do estribo central para a<br />

máxima força resistida pelos pilares. A deformação média nos estribos dos pilares de<br />

referência foi de aproximadamente de 0,1%, o que corresponde a apenas 31% da<br />

resistência de escoamento do aço (ε y =3,26‰). Para os pilares com concretos de alta<br />

resistência e espaçamento entre estribos de 15cm e 5cm, as deformações médias<br />

foram cerca de 31% e 48% da deformação de escoamento do aço, respectivamente.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


124<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

Constata-se, assim, que o valor médio das deformações dos pilares de referência é<br />

exatamente igual ao obtido para os pilares com concreto de alta resistência e mesma<br />

taxa de armadura transversal. Ainda, observa-se que em nenhum caso foi verificado<br />

escoamento da armadura transversal para o instante em que foram atingidas as<br />

forças máximas dos pilares.<br />

Nas Figuras 8 e Figuras 9 apresentam-se os diagramas deformação na<br />

armadura transversal vs. deformação axial dos pilares. Apenas em quatro pilares os<br />

estribos não escoaram: P2681505, P168505, P191151 e P191505. Entretanto,<br />

observa-se que os estribos escoaram em todos os respectivos pilares gêmeos. Este<br />

fato aparentemente ocorreu de modo aleatório. Finalmente, observa-se que as<br />

armaduras transversais apenas atingiram o escoamento para deformação axial média<br />

da ordem de 6,5‰, deformação esta igual a, aproximadamente, duas vezes a<br />

deformação correspondente à força máxima resistida pelos pilares.<br />

Procurando avaliar a influência dos fatores estudados na deformação da<br />

armadura transversal, novamente foi realizada uma análise de variância, utilizando-se<br />

o mesmo procedimento anterior. Na Tabela 5 apresentam-se os resultados desta<br />

análise, na qual constata-se que, tanto a taxa de adição de fibra quanto a resistência<br />

do concreto, não influenciam a deformação da armadura transversal no instante em<br />

que é atingida a força máxima dos pilares, considerando um grau de confiabilidade de<br />

99%. Ainda, verifica-se que a taxa de armadura transversal interfere nos valores<br />

dessas deformações, para um grau de confiabilidade de 95%. Não é verificada<br />

influência de nenhum acoplamento entre os fatores, para um grau de confiabilidade de<br />

99%. Estas observações significam que, apesar da adição de fibras de aço<br />

aumentarem o coeficiente de Poisson do concreto e do aumento da resistência<br />

diminuir o coeficiente de Poisson do concreto, as influências desses dois fatores são<br />

insignificantes na deformação da armadura transversal correspondente à máxima<br />

força resistida pelos pilares com baixa taxa de confinamento.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

125<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 9 - Diagrama deformação na armadura transversal vs. deformação axial dos pilares: a)<br />

Pilares com concretos de resistência 68MPa e b) Pilares com concretos de<br />

resistência 91MPa.<br />

Tabela 5 - Análise de variância das deformações na armadura transversal<br />

Variável<br />

Soma dos<br />

quadrados<br />

Graus de<br />

liberdade<br />

Média dos<br />

quadrados<br />

Fator<br />

(F o )<br />

Mínimo valor requerido para<br />

o fator ser significante<br />

(F 0.05,n,23 ) e (F 0.01,n,23 )<br />

Fatores<br />

principais<br />

X 1 0.32752 2 0.1638 0.561 3.42 - 5.66<br />

X 2 0.0<strong>30</strong>60 1 0.0<strong>30</strong>6 0.105 4.28 - 7.88<br />

X 3 1.82215 1 1.8222 6.243 4.28 - 7.88<br />

Interação dos<br />

fatores<br />

X 1 × X 2 1.16604 2 0.58<strong>30</strong> 1.998 3.42 - 5.66<br />

X 1 × X 3 0.08172 2 0.0409 0.140 3.42 - 5.66<br />

X 2 × X 3 0.12658 1 0.1265 0.434 4.28 - 7.88<br />

X 1 × X 2 × X 3 1.31948 2 0.6597 2.261 3.42 - 5.66<br />

Erro 3.50227 12 0.2919 - -<br />

Total 8.37638 23 - - -<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


126<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

3 MODIFICAÇÃO DO MODELO DE CUSSON E PAULTRE (1995)<br />

Baseado nos resultados experimentais apresentados nos itens anteriores,<br />

algumas modificações são propostas para que o modelo de Cusson e Paultre (1995)<br />

seja capaz de modelar pilares com CAR e adição de fibras. Deste modo, a resistência<br />

do concreto no elemento estrutural deve ser calculada por meio da Eq.(2). Na falta de<br />

resultados experimentais pode-se assumir os valores de α 1 e α 3 iguais a 1,2 e 0,75,<br />

respectivamente e α 2 calculado segundo a Eq.(4).<br />

Para o trecho ascendente do diagrama tensão vs. deformação do concreto<br />

confinado e/ou com adição de fibra, continua-se sugerindo a utilização da equação<br />

proposta por Popovics (1973) e que pode ser escrita pela Eq.(10):<br />

σ<br />

f<br />

c<br />

ccf<br />

=<br />

⎛ ε ⎞<br />

β ⎜<br />

c<br />

⋅ ⎟<br />

ε<br />

⎝ ccf ⎠<br />

( β −1)<br />

⎛<br />

⎜<br />

ε<br />

c<br />

+<br />

⎝ ε<br />

ccf<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

β<br />

Eq.(10)<br />

sendo que, ε c é a deformação em um ponto qualquer do diagrama, ε ccf é a deformação<br />

correspondente à tensão máxima do concreto confinado e/ou adição de fibra, e,<br />

finalmente, β é um coeficiente expresso pela Eq.(11):<br />

E<br />

β = E −<br />

Eq.(11)<br />

c<br />

c<br />

( f / ε )<br />

ccf<br />

ccf<br />

sendo que E c é o módulo de elasticidade do concreto. Para o trecho descendente do<br />

diagrama tensão vs. deformação do concreto confinado e/ou com adição de fibra,<br />

sugere-se, também, a equação proposta por Fafitis e Shah (1985), cuja formulação<br />

matemática é escrita por meio da Eq.(12):<br />

σ<br />

f<br />

c<br />

ccf<br />

k22<br />

( k ⋅ ( ε − ε ) )<br />

= exp<br />

Eq.(12)<br />

11<br />

c<br />

ccf<br />

na qual k 22 é o coeficiente responsável pela curvatura da curva, e k 11 responsável pela<br />

inclinação da mesma, tendo sido ajustado por meio do ponto (ε 0,5ccf , 0,5f ccf ). Para o<br />

cálculo de k 22 utilizaram-se os pilares ensaiados por Cusson e Paultre (1993) e os<br />

ensaiados no presente trabalho. Para tanto, realizou-se uma análise de regressão<br />

não-linear e a equação resultante apresentou coeficiente de correlação, r 2 , da ordem<br />

de 92%. O coeficiente k 22 é dado na Eq.(13) e as representações gráficas da variação<br />

deste coeficiente com relação ao índice de reforço da taxa de adição das fibras e com<br />

relação ao índice de confinamento são apresentadas nas Figuras 10 e 11,<br />

respectivamente.<br />

k<br />

le<br />

le<br />

0,789<br />

22<br />

1,344 − 8,864 ⋅⎜<br />

41,455 + 0,525⋅<br />

R<br />

f ⎟ + ⋅⎜<br />

c<br />

f ⎟<br />

c<br />

2<br />

=<br />

⎛ f<br />

⎜<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎛ f<br />

⎜<br />

⎞<br />

⎟<br />

Eq.(13)<br />

⎝ ⎠ ⎝ ⎠<br />

Na Eq. 13, f le é a pressão efetiva de confinamento.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

127<br />

Figura 10 - Variação de k 22 em relação ao índice de reforça da adição de fibra de aço.<br />

Figura 11 - Variação de k 22 em relação a pressão efetica de confinamento.<br />

O coeficiente k 11 pode é expresso pela equação Eq.(14):<br />

k<br />

11<br />

=<br />

ln(0,5 )<br />

k<br />

( ε −ε ) 22<br />

0,5ccf<br />

ccf<br />

Eq.(14)<br />

sendo que ε 0,5ccf é a deformação no ramo descendente do diagrama tensão vs.<br />

deformação correspondente a 50% da tensão máxima.<br />

Utilizando os resultados experimentais dos trabalhos de Cusson e Paultre<br />

(1993), Nagashima et alii (1992) e deste trabalho, calculou-se o ganho de resistência<br />

do concreto confinado realizando-se análise de regressão. Este ganho de resistência<br />

é expresso pela Eq.(15) e sua variação com relação ao índice de confinamento é<br />

mostrada na Figura 12.<br />

f<br />

ccf<br />

f<br />

c<br />

1,0<br />

2,203<br />

⎛ f<br />

⎜<br />

⎝ fc<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

0,863<br />

le<br />

= + ⋅<br />

Eq.(15)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


128<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

Figura 12 - Variação do ganho de resistência em relação ao índice de confinamento.<br />

Para calcular o ganho de deformação correspondente à tensão máxima,<br />

novamente os ensaios de Cusson e Paultre (1993), de Nagashima et alii (1992) e do<br />

presente trabalho foram utilizados. Com base na regressão realizada pode-se<br />

escrever que o ganho de deformação pode ser expresso pela Eq.(16):<br />

1,7<br />

⎛ f ⎞<br />

le<br />

−4<br />

ε<br />

ccf<br />

−ε<br />

co<br />

= 0,266 ⋅<br />

⎜ + 3,2 ⋅10<br />

⋅ R<br />

f<br />

⎟<br />

Eq.(16)<br />

⎝ c ⎠<br />

A representação gráfica do efeito do índice de reforço da taxa volumétrica de<br />

adição de fibras na deformação ε 0,5fccf é apresentada na Figura 13. Novamente, os<br />

ensaios de Cusson e Paultre (1993), Nagashima et alii (1992) e deste trabalho foram<br />

utilizados para determinar o ganho na deformação ε 0,5fccf , o qual pode ser dado pela<br />

Eq.(17):<br />

1,1<br />

0 ⎛ f ⎞ ⎛<br />

le<br />

R<br />

0,5ccf 0,5 fc<br />

,175 0,134<br />

fc<br />

f ⎟ ⎞<br />

ε − ε = ⋅<br />

⎜<br />

⎟ + ⋅<br />

⎜<br />

Eq.(17)<br />

⎝ ⎠ ⎝ c ⎠<br />

Na falta de resultados experimentais, a deformação correspondente à máxima<br />

tensão e a 50% da tensão máxima, as equações do FIB (1999) podem ser utilizadas.<br />

Deste modo, estas deformações podem ser expressas pelas Eq.(18) e Eq.(19),<br />

respectivamente:<br />

⎛ f ⎞<br />

c<br />

ε = − −<br />

⎜<br />

⎟<br />

co<br />

0,0017 0,0010<br />

Eq.(18)<br />

⎝ fcmo<br />

⎠<br />

0,701<br />

ε<br />

0,<br />

5 fc<br />

ε<br />

co<br />

1 ⎛ 1 E<br />

= ⋅⎜<br />

2<br />

⋅<br />

⎝ 2 E<br />

c<br />

co<br />

⎞<br />

+ 1⎟<br />

+<br />

⎠<br />

1 ⎛ 1 E<br />

⋅⎜<br />

4<br />

⋅<br />

⎝ 2 E<br />

c<br />

co<br />

⎞<br />

+ 1⎟<br />

⎠<br />

2<br />

−<br />

1<br />

2<br />

Eq.(19)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

129<br />

Figura 13 - Variação do ganho de deformação ε c0,5fcf em relação ao índice de reforço.<br />

nas quais,<br />

E<br />

E<br />

E<br />

co<br />

co<br />

c<br />

f<br />

c<br />

= (MPa)<br />

Eq.(20)<br />

ε<br />

co<br />

f<br />

c<br />

= (MPa)<br />

Eq.(21)<br />

ε<br />

co<br />

=<br />

e<br />

⋅α<br />

β<br />

[ f / f ] 1 3<br />

(MPa)<br />

α ⋅<br />

Eq.(22)<br />

c<br />

cmo<br />

na qual, por sua vez f cmo é igual a 70MPa, α e é igual a 21500MPa e α β é um<br />

coeficiente que depende do tipo de agregado graúdo que constitui o concreto – para o<br />

agregado basáltico, α β é igual a 1,2.<br />

Para o cálculo da deformação na armadura transversal correspondente ao<br />

segundo pico de força, sugere-se o procedimento de Cusson e Paultre (1995) sem<br />

nenhuma alteração. Deste modo, com base nesse procedimento, a deformação na<br />

armadura de confinamento pode ser expressa pela Eq.(23):<br />

⎛ f ⎞<br />

⎜ le −ν<br />

⋅ fle<br />

ε tcc = ν ⋅ε<br />

cc −<br />

⎟<br />

Eq.(23)<br />

⎝ Esecc<br />

⎠<br />

na qual ν é o coeficiente de Poisson do concreto confinado no ponto correspondente à<br />

máxima tensão e que pode ser tomado como 0,5; E secc é o módulo de elasticidade<br />

secante no segundo ponto de máxima tensão do concreto confinado; e f le é a pressão<br />

efetiva de confinamento, dada pela Eq.(24):<br />

f<br />

le<br />

= K ⋅ f<br />

Eq.(24)<br />

e<br />

l<br />

na qual K e e f l são dados pelas Eq.(25) e Eq.(26), respectivamente:<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


1<strong>30</strong><br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

K<br />

e<br />

∑<br />

2<br />

⎛ wi<br />

⎜<br />

i<br />

⎜1−<br />

⎜ 6 ⋅cx<br />

⋅c<br />

=<br />

⎝<br />

y<br />

⎞<br />

⎟ ⎛<br />

t<br />

⎟⋅<br />

⎜1−<br />

⎟ ⎝ 2⋅cx<br />

⎠<br />

1−<br />

ρ<br />

( s −φ<br />

) ⎞ ⎛ ( s −φ<br />

)<br />

l<br />

⎜<br />

⎟⋅<br />

1−<br />

⎠ ⎝<br />

2⋅c<br />

t<br />

y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Eq.(25)<br />

f ⎛ Astx<br />

+ A ⎞<br />

tcc<br />

sty<br />

f = ⋅⎜<br />

⎟<br />

l<br />

Eq.(26)<br />

s<br />

⎝ cx<br />

+ c<br />

y ⎠<br />

nas quais f tcc é a tensão na armadura transversal de confinamento; s é a distância de<br />

centro a centro entre estribos; A stx e A sty são as áreas da seção transversal das<br />

armaduras de confinamento, paralelas aos eixos x e y, respectivamente; c x e c y são as<br />

larguras do núcleo do pilar, nas direções x e y, respectivamente; w i são os espaços<br />

entre as armaduras longitudinais; φ t é o diâmetro dos estribos; e ρ l é a taxa de<br />

armadura longitudinal, em relação ao núcleo do pilar.<br />

3.1 Procedimento para utilização modelo de Cusson e Paultre<br />

modificado<br />

Para modelagem do diagrama força vs. deformação dos pilares com<br />

concretos de alta resistência, por meio do modelo modificado de Cusson e Paultre<br />

(1995) apresentado acima, os pilares devem ser analisados seguindo os seguintes<br />

procedimentos:<br />

1) Considera-se a seção transversal resistente do pilar como sendo a<br />

seção íntegra, ignorando-se o efeito do confinamento.<br />

2) Considera-se a seção transversal resistente do pilar como sendo<br />

apenas a seção do núcleo do pilar delimitada pelos ramos mais<br />

externos dos estribos, e a pressão lateral de confinamento deve ser<br />

calculada considerando a deformação da armadura transversal<br />

dada pela Eq.(23).<br />

3) O diagrama resultante será formado pelas linhas externas dos dois<br />

diagramas obtidos nos procedimentos 1 e 2. Um exemplo deste<br />

procedimento é apresentado na Figura 14.<br />

Na Figura 15 apresentam-se as curvas experimentais e teóricas obtidas com o<br />

modelo de Cusson e Paultre modificado, onde são observadas boas correlações entre<br />

essas.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

131<br />

Figura 14 - Procedimento de modelagem por meio do modelo modificado de Cusson e Paultre.<br />

a)<br />

b)<br />

Figura 15 - Modelagem dos pilares ensaiados: a) Pilares com concretos de 68MPa e b)<br />

Pilares com concretos de 91MPa.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


132<br />

Humberto Correia Lima Júnior & José Samuel Giongo<br />

4 CONCLUSÕES<br />

Com base no que se apresentou no presente trabalho, as seguintes<br />

conclusões podem ser tecidas:<br />

1. A adição de fibras ao concreto evita o descolamento prematuro do<br />

cobrimento dos pilares e perdas de grandes massas do núcleo dos<br />

pilares, mesmo aqueles com espaçamento entre estribos de 15cm.<br />

Após serem ensaiados, os pilares com adição de fibras<br />

apresentaram-se com elevado grau de fissuração, porém íntegros.<br />

Ainda, foi constato que a adição de fibras retardou a flambagem das<br />

barras da armadura longitudinal.<br />

2. A formação do núcleo resistente apenas foi observada para os<br />

pilares com espaçamento entre estribos de 5cm e sem adição de<br />

fibras metálicas. Os pilares sem adição de fibras e espaçamento<br />

entre estribos de 15cm apresentaram resposta pós-pico bastante<br />

frágil, especialmente os pilares com concretos de 91MPa.<br />

3. O coeficiente α 2 que correlaciona a resistência à compressão do<br />

concreto na estrutura e as obtidas por meio de corpos-de-prova<br />

cilíndricos é significantemente influenciado pela resistência do<br />

concreto, pela taxa de armadura transversal e pela taxa volumétrica<br />

de adição de fibras. Deste modo, fazem-se necessários mais<br />

estudos sobre o assunto.<br />

4. Os três fatores estudados influenciam diretamente os índices de<br />

ductilidade dos concretos dos pilares; contudo, a influência dos<br />

acoplamentos dos três fatores é insignificante. A adição de fibras<br />

metálicas é capaz de aumentar a ductilidade dos pilares com<br />

concretos de alta resistência, utilizando-se a mesma quantidade de<br />

aço quando estribos metálicos são aplicados.<br />

5. Ficou evidenciado que entre os fatores estudados, apenas a taxa<br />

volumétrica de armadura transversal influencia a deformação dos<br />

estribos para o instante em que é atingida a força máxima resistida<br />

dos pilares com concretos de alta resistência com baixa taxa de<br />

confinamento.<br />

6. Finalmente, modificações foram sugeridas para o modelo de<br />

Cusson e Paultre (1995), de modo que permitisse ao mesmo tempo<br />

analisar pilares com concreto de alta resistência com adição de<br />

fibras de aço. Observou-se que as modificações sugeridas<br />

mostraram-se consistentes, sendo observada boa concordância<br />

entre as curvas força vs. deformação experimental dos pilares e as<br />

fornecidas pelo modelo modificado.<br />

5 AGRADECIMENTOS<br />

O trabalho relatado faz parte da tese de doutorado do primeiro autor e foi<br />

desenvolvida na Escola de Engenharia de São <strong>Carlos</strong> da Universidade de São Paulo<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


Pilares de concreto de alta resistência confinados por estribos retangulares e com...<br />

133<br />

sob a direção do segundo autor. Esta pesquisa foi financiada pela Fundação de<br />

Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e pela Coordenação de<br />

Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior – CAPES, as quais os autores são<br />

gratos.<br />

6 REFERÊNCIAS<br />

ACI COMMITTEE 318. (1995). Building Code Requirements for Structural<br />

Concrete (ACI 318-95) and Commentary (318R-95). Farmington Hills, Mich.:<br />

American Concrete Institute. 369p.<br />

BENTUR, A.; MINDESS, S. (1990). Fiber reinforced cementious composites. UK.<br />

Barking: Elsevier, 1990. 449p.<br />

BJERKELI, L.; TOMASZEWICZ, A.; JENSEN, J. J. (1990). Deformation propertied and<br />

ductility of high strength concrete. High performance concrete. ACI SP-121-12, p.215-<br />

238.<br />

BRAZILIAN ASSOCIATION OF TECHNICAL CODES. (2003). NBR 6118:2003 –<br />

Design of concrete structures. Rio de Janeiro. 232p.<br />

CANADIAN STANDART ASSOCIATION. (1994). A23.3.94 – Design of concrete<br />

structures. Toronto. 220 p.<br />

CUSSON, D.; PAULTRE, P. (1994). High-strength concrete columns confined by<br />

rectangular ties. Journal of Structure Engineering – ASCE, v. 120, n. 3, p.783-804.<br />

CUSSON, D.; PAUTRE, P. (1993). Confinement model for high-strength concrete<br />

tie columns. Internal report of Department of Civil Engineering, University of<br />

Sherbrooke, SMS-93/2. p. 54<br />

FAFITIS, A.; SHAH, S. P. (1985) Lateral reinforcement for high-strength concrete<br />

columns. ACI SP-87-12, p.213-232.<br />

FIB. (1999). Structural concrete - Textbook on behavior, design and performance.<br />

Updated knowledge of the CEB/FIP Model Code 1990. Comité Euro-International du<br />

Beton, v. 1, 244 p.<br />

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Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 111-134, <strong>2006</strong>


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ISSN 1809-5860<br />

ANÁLISE NÃO LINEAR FÍSICA DE PLACAS E<br />

CASCAS ANISOTRÓPICAS LAMINADAS<br />

ACOPLADAS OU NÃO COM MEIO CONTÍNUO<br />

TRIDIMENSIONAL VISCOELÁSTICO ATRAVÉS DA<br />

COMBINAÇÃO ENTRE O MEC E O MEF<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola 1 & Humberto Breves Coda 2<br />

Resumo<br />

Uma análise de cascas laminadas ortotrópicas enrijecidas ou não, considerando-se<br />

não-linearidade física com lei de fluxo não-associativa e acoplamento com sólido<br />

tridimensional viscoelástico é apresentada neste trabalho. Para tanto, são utilizados<br />

elementos finitos com 6 graus de liberdade por nó, sendo triangulares planos com<br />

aproximação cúbica de variáveis para modelagem das cascas e elementos de barra de<br />

mesma aproximação para os enrijecedores. A cinemática de laminados, ou Mindlin<br />

geral, é utilizada para ambos com a finalidade de possibilitar a representação de<br />

estruturas enrijecidas excentricamente, tornando-se assim a formulação aplicável a um<br />

maior número de problemas. Com relação à plasticidade na casca, adota-se o critério<br />

de Tsai-Wu para materiais anisotrópicos gerais. Nas barras, critérios uniaxiais são<br />

considerados, desprezando-se a contribuição do cisalhamento na plastificação. Para<br />

estes elementos, permite-se a utilização de diagrama multilinear para a relação tensão<br />

x deformação. Por se tratar de uma formulação de laminados, os elementos podem ser<br />

compostos de camadas com diferentes propriedades físicas e espessuras. A modelagem<br />

do meio contínuo viscoelástico é realizada utilizando-se elementos de contorno<br />

triangulares com aproximação linear de variáveis para solução fundamental de Kelvin<br />

e de Mindlin. O acoplamento é realizado utilizando-se técnica de matriz de rigidez<br />

equivalente, proporcionando uma contribuição direta das matrizes do MEC na matriz<br />

de rigidez do MEF. Exemplos são apresentados para verificação do comportamento da<br />

formulação implementada.<br />

Palavras-chave: elementos finitos; elementos de contorno; acoplamento MEC/MEF;<br />

plasticidade; viscosidade; estruturas laminadas; interação solo-estrutura.<br />

1 Doutor em Engenharia de Estruturas - EESC-<strong>USP</strong>, rpaccola@sc.usp.br<br />

2 Professor Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-<strong>USP</strong>, hbcoda@sc.usp.br<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


136<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O acoplamento entre elementos finitos laminados de barra e de casca é<br />

apresentado neste trabalho. A formulação de estruturas laminadas através da<br />

cinemática de Reissner geral, como pode ser visto em alguns autores tais como<br />

YANG et al. (1966), MINDLIN (1951) - apud YANG (1966) -, REISSNER & STAVSKY<br />

(1961) e posteriormente em WHITNEY & PAGANO (1970), onde foram considerados<br />

os efeitos do cisalhamento na deformação, considera a rotação da seção transversal<br />

como parâmetro independente da derivada do deslocamento vertical no ponto,<br />

diferentemente da cinemática clássica de placas que assume o giro como dependente<br />

(mesmo que indiretamente) de tal deslocamento como pode ser visto em REDDY<br />

(1993) entre outros. Tal cinemática leva em consideração que os deslocamentos no<br />

contínuo são tomados em função de deslocamentos em um plano de referência não<br />

necessariamente coincidente com o plano médio do elemento de casca, possibilitando<br />

a formulação desses elementos laminados. Desta forma, cada camada que compõe o<br />

elemento contribui de forma particular na rigidez do conjunto. A cinemática utilizada é<br />

apresentada na seqüência do artigo, sendo que outras informações sobre a<br />

formulação do elemento de casca utilizado podem ser encontradas no trabalho de<br />

PACCOLA et al. (2003b).<br />

Utiliza-se lei de fluxo não-associativa para determinação da direção de retorno<br />

das deformações no modelo elastoplástico para o elemento de casca, diferenciandose<br />

assim do que se encontra em geral nos trabalhos existentes na literatura. O critério<br />

de plastificação adotado foi o de Tsai-Wu para materiais anisotrópicos, sendo<br />

determinadas expressões fechadas para o cálculo do multiplicador plástico, tal como<br />

no trabalho de MESQUITA (2002).<br />

Para modelagem dos elementos de barra, utilizou-se um elemento finito<br />

laminado 3D, PACCOLA et al. (2003a), baseado em deslocamentos, com<br />

aproximação cúbica e comportamento elastoplástico para os materiais, baseado<br />

também na cinemática de laminados de Reissner geral.<br />

Para modelagem do meio contínuo viscoelástico utilizou-se elementos de<br />

contorno triangulares com aproximação linear de variáveis para solução fundamental<br />

de Kelvin e de Mindlin. A formulação integral e o equacionamento algébrico foi<br />

realizado com base no trabalho desenvolvido por SOUZA (2001), que utilizou solução<br />

fundamental de Kelvin para meios infinitos, cujas implementações foram utilizadas e<br />

adaptadas para solução fundamental de Mindlin de acordo com as necessidades do<br />

presente trabalho.<br />

Em SOUZA (2001), o contorno é discretizado utilizando-se elementos<br />

triangulares planos com aproximação linear e as integrais singulares são<br />

desenvolvidas semi-analiticamente, sendo ainda introduzidas na formulação técnicas<br />

de integração de contorno considerando-se a eficiência e a precisão para a integral<br />

quase singular.<br />

Neste artigo, as integrais analíticas para solução fundamental de Mindlin<br />

foram obtidas com a utilização da propriedade de movimento de corpo rígido, não se<br />

utilizando da integração semi-analítica proposta por SOUZA (2001) para o tratamento<br />

da solução fundamental de Kelvin.<br />

O acoplamento entre o Método dos Elementos de Contorno e o Método dos<br />

Elementos Finitos pode ser realizado de diferentes maneiras, destacando-se a técnica<br />

de sub-regiões, tradicionalmente utilizada no acoplamento entre várias regiões<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

137<br />

modeladas pelo MEC, onde deslocamentos e esforços são compatibilizados na<br />

interface do acoplamento entre os diferentes domínios modelados, sendo também<br />

esta a idéia geral para as outras formas de acoplamento. Neste trabalho optou-se por<br />

aplicar a transformação das matrizes de contorno em matriz de rigidez equivalente ao<br />

MEF, de forma similar ao apresentado em BREBBIA & DOMINGUEZ (1992).<br />

2 CINEMÁTICA DE LAMINADOS<br />

2.1 Elementos de barra<br />

Apresenta-se na Figura 1 a cinemática adotada para o elemento finito de<br />

barra, baseada na cinemática de laminados de Reissner geral. O sistema de<br />

coordenadas no centro da lamina é denominado por x, y e z, e o sistema global por X,<br />

Y e Z. O eixo X é localizado no eixo de referência da seção.<br />

z<br />

y<br />

z<br />

y<br />

x<br />

x<br />

Z<br />

f z<br />

f y<br />

Y<br />

X<br />

Z<br />

f z<br />

f y<br />

Y<br />

X<br />

Figura 1 - Posição de uma fibra geral (retangular ou triangular) inserida no domínio prismático<br />

da barra.<br />

Os 3 deslocamentos de um ponto qualquer de uma fibra geral inserida no<br />

domino podem ser escritos em função dos deslocamentos e rotações de um ponto<br />

sobre a linha de referência como:<br />

( ) ( )<br />

z( )<br />

Y( )<br />

( ) = (<br />

X<br />

) −θ ( ) − +<br />

( ) = (<br />

X<br />

) +θ ( ) − +<br />

u x,y,x = u X −θ X .(f + y) +θ X .(f + z)<br />

P 0 0 Y 0 Z<br />

v x,y,x v X X .(f f z)<br />

P 0 0 Z Zcc_cg<br />

w x,y,x w X X .(f f y)<br />

P 0 0 Y Ycc_cg<br />

Onde<br />

f<br />

z cc _ cg<br />

e<br />

relação ao centro de gravidade.<br />

f<br />

y cc _ cg<br />

são coordenadas do centro de cisalhamento da seção em<br />

(1)<br />

2.2 Elementos de casca<br />

A cinemática de laminados fornece os deslocamentos no plano médio da<br />

lâmina em função dos deslocamentos em relação a um plano de referência<br />

previamente adotado paralelo, porém excêntrico, ao plano médio do elemento finito.<br />

Portanto, tem-se a cinemática expressa na forma apresentada na Eq. (2).<br />

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138<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

( ) ( )<br />

Y<br />

( )<br />

( ) ( )<br />

X<br />

( )<br />

( ) = ( )<br />

u x,y,x = u X +θ X .(f + z)<br />

P 0 0 Z<br />

v x,y,x = v X −θ X .(f + z)<br />

P 0 0 Z<br />

w x,y,x w X,Y<br />

P 0<br />

(2)<br />

Para facilitar a visualização dos deslocamentos equacionados na cinemática<br />

das expressões da Eq. (2), apresenta-se a Figura 2 a seguir:<br />

Z<br />

Z<br />

Y<br />

θ 0<br />

f<br />

h<br />

z=h/2<br />

z=-h/2<br />

z<br />

z<br />

P<br />

x<br />

f+z<br />

z<br />

P'<br />

x<br />

w 0<br />

X u0<br />

X<br />

Figura 2 - Cinemática para um ponto “P” qualquer.<br />

3 NÃO-LINEARIDADE FÍSICA<br />

3.1 Elementos de barra<br />

Modelos não-lineares foram introduzidos na formulação do elemento de<br />

pórtico 3D, considerando apenas um critério de plastificação que leva em<br />

consideração somente as tensões normais na seção transversal, ou seja, modelos<br />

não-lineares uniaxiais. Não se considera o efeito do cisalhamento na plastificação.<br />

O modelo introduzido permite que se adote comportamentos diferentes na<br />

tração e na compressão e permite ainda que em cada uma delas este comportamento<br />

seja multilinear, ou seja, composto de vários trechos com comportamento plástico<br />

diferente. Desta forma possibilita-se uma melhor representação das curvas de<br />

plastificação de materiais quaisquer (tanto matriz como reforço) obtidas em ensaios<br />

de laboratório.<br />

3.1.1 Modelos elastoplásticos uniaxiais<br />

A não-linearidade física pode ser considerada na análise da estrutura<br />

segundo 4 modelos elastoplásticos uniaxiais usuais, que são: elastoplasticidade<br />

perfeita, elastoplástico com encruamento isotrópico, cinemático ou misto, sendo este<br />

último utilizado na formulação e obtido através da combinação do isotrópico e do<br />

cinemático. Portanto, dependendo das constantes adotadas na análise do problema, o<br />

modelo adotado pode degenerar para qualquer um dos demais modelos citados, pois<br />

a elastoplasticidade perfeita é uma particularização do modelo com encruamento<br />

isotrópico.<br />

A seguir apresenta-se o critério de plastificação para o modelo com<br />

encruamento misto como sendo, CHEN & HAN (1988):<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

139<br />

( ) ( y )<br />

f σα , ,q =σ−q − σ + k. α ≤0 (3)<br />

Os parâmetros que aparecem na Eq. (3) tem o seguinte significado:<br />

• K é denominado “módulo plástico de encruamento isotrópico”;<br />

• é a evolução da deformação plástica até o instante da análise;<br />

• q define a evolução da tensão de escoamento em cada instante;<br />

• H é o “módulo plástico de encruamento cinemático”.<br />

3.1.2 Multilinearidade do diagrama tensão x deformação<br />

Com relação ao comportamento dos materiais, assim como foi dito<br />

anteriormente, tem-se implementado no procedimento a possibilidade de se<br />

considerar um comportamento multilinear para o diagrama tensão x deformação dos<br />

materiais. Isso possibilita uma melhor representação do comportamento real dos<br />

materiais em caso de ocorrência de plastificação. Esse comportamento multilinear<br />

pode ser melhor visualizado na Figura 3 apresentada a seguir.<br />

σ<br />

σ<br />

ε<br />

ε<br />

Ensaio de<br />

Laboratório<br />

Aproximação<br />

adotada<br />

Figura 3 - Comportamento de um material frágil (concreto por exemplo).<br />

Como pode ser visto Figura 3, a aproximação adotada para o comportamento<br />

do material pode ser bem próxima do comportamento encontrado em laboratório.<br />

Essa aproximação pode ser cada vez mais próxima da real à medida que um maior<br />

número de trechos é introduzido no diagrama aproximado.<br />

3.2 Elementos de casca<br />

Para o caso de materiais ortotrópicos e anisotrópicos, o critério de Tsai-Wu,<br />

proposto por TSAI & WU (1971), é tido como o mais completo em termos de<br />

consideração da anisotropia geral dos materiais. Trabalhos como os de BRÜNIG<br />

(1995), CLOUSTON & LAM (2001) e KOLAKOWSKI (2003) podem ser citados como<br />

exemplo da utilização do critério de Tsai-Wu na análise de materiais anisotrópicos<br />

gerais. Por este motivo, apesar do fato de se estar considerando materiais<br />

ortotrópicos neste trabalho, optou-se por utilizar o presente critério.<br />

O critério proposto por TSAI & WU (1971) baseia-se na teoria de ruptura<br />

representada por tensores polinomiais sugerida inicialmente por Gol´denblat e Koprov<br />

em 1965. Os autores procuraram simplificar e ao mesmo tempo melhorar essa versão<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


140<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

sugerida por Gol´denblat e Koprov. A superfície de ruptura no espaço das tensões é<br />

descrita pela seguinte expressão:<br />

Lσ + Fσσ =1 ⇒ (i, j = 1,2,...,6) (4)<br />

i i ij i j<br />

Expandindo-se a Eq. (4) e considerando-se materiais ortotrópicos tem-se:<br />

Lσ + Lσ + Lσ<br />

+<br />

1 1 2 2 3 3<br />

+ F σ + 2F σσ + 2F σσ + F σ + 2F<br />

σσ +<br />

2 2<br />

11 1 12 1 2 13 1 3 22 2 23 2 3<br />

+ F σ + F σ + F σ + F σ = 1<br />

2 2 2 2<br />

33 3 44 4 55 5 66 6<br />

(5)<br />

σ , σ<br />

onde as tensões 4 5 e σ 6 são, respectivamente, as tensões de cisalhamento<br />

τ13, τ23 e τ<br />

12 .<br />

Matricialmente, o critério pode ser representado da seguinte forma:<br />

T<br />

T<br />

( )<br />

f = f % ( σ) − 1= σ Fσ + L σ − 1=<br />

0<br />

(6)<br />

onde F e L assumem a forma descrita em (7):<br />

F<br />

⎡F F F<br />

⎢<br />

⎢<br />

F F F<br />

⎢F F F<br />

11 12 13<br />

21 22 23<br />

0 0 0 ⎤<br />

0 0 0<br />

⎥<br />

⎥<br />

0 0 0 ⎥<br />

31 32 33<br />

= ⎢ ⎥<br />

0 0 0 F44<br />

0 0<br />

⎢<br />

⎥<br />

⎢ 0 0 0 0 F55<br />

0 ⎥<br />

⎢<br />

⎥<br />

⎢⎣<br />

0 0 0 0 0 F66<br />

⎥⎦<br />

e<br />

L<br />

⎡ L1<br />

⎤<br />

⎢<br />

L<br />

⎥<br />

⎢<br />

2<br />

⎥<br />

⎢L<br />

⎥<br />

3<br />

= ⎢ ⎥<br />

⎢ 0 ⎥<br />

⎢ 0 ⎥<br />

⎢⎣<br />

0 ⎥⎦<br />

(7)<br />

Os termos lineares σ<br />

i<br />

consideram tensões que descrevem rupturas induzidas<br />

por diferenças entre tensões positivas e negativas e, em conjunto com os termos<br />

quadráticos σσ<br />

i j, definem um elipsóide no espaço de tensões principais. De acordo<br />

com TSAI & WU (1971) os valores dos termos de interação F ij são limitados pela<br />

desigualdade:<br />

FF −F ≥0<br />

1 2<br />

2 ii jj ij<br />

(8)<br />

condição esta que, geometricamente, assegura que a superfície de ruptura intercepte<br />

cada eixo de tensão e que sua forma seja de um elipsóide, Figura 4.<br />

A representação gráfica da superfície do critério de Tsai-Wu segundo as<br />

direções de tensões principais é apresentada na Figura 4.<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

141<br />

Figura 4 - Superfície do critério de Tsai-Wu.<br />

Os elementos de L i e F ij são determinados em laboratório através de ensaios<br />

de tração e de compressão simples, bem como, de cisalhamento puro. Portanto, os<br />

parâmetros de resistência podem ser escritos por:<br />

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1<br />

L1 = − L2 = − L3 = − L4 = − L5 = − L6<br />

= −<br />

X X´ Y Y´ Z Z´ Q Q´ R R´ S S´<br />

1 1 1 1 1 1<br />

F11 = F22 = F33 = F44 = F55 = F66<br />

=<br />

X ⋅X´ Y⋅Y´ Z⋅Z´ Q⋅Q´ R⋅R´ S⋅S´<br />

(9)<br />

onde X e X´; Y e Y´; Z e Z´ são, respectivamente, as resistências à tração e a<br />

compressão nas direções das fibras 1, 2 e 3; Q e Q´; R e R´; S e S´ são,<br />

respectivamente, as resistências positiva e negativa ao cisalhamento puro nos planos<br />

1-3, 2-3 e 1-2. Informações mais detalhadas sobre esses ensaios podem ser<br />

encontrados em TSAI & WU (1971), SHIH & LEE (1978) e HYER (1998), bem como<br />

informações complementares sobre o critério de um modo geral.<br />

4 ELEMENTOS DE CONTORNO<br />

4.1 Equação integral de contorno<br />

As equações integrais de contorno que relacionam deslocamentos de um<br />

ponto qualquer do domínio com deslocamentos e esforços no contorno de um<br />

determinado corpo através de integrais que envolvem as soluções fundamentais, são<br />

a base para a formulação do método dos elementos de contorno.<br />

A obtenção dessas equações pode se dar através da aplicação do teorema da<br />

reciprocidade de Betti ou da técnica dos resíduos ponderados, utilizando-se a solução<br />

fundamental do problema como função ponderadora, tendo sido esta última utilizada<br />

no trabalho de SOUZA (2001). Outros trabalhos que utilizaram esta técnica podem ser<br />

consultados como CODA (1990), CODA (2000) e VENTURINI (1988).<br />

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142<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

4.2 Equação integral para pontos do domínio e do contorno<br />

Seja considerado um espaço infinito que contenha um sólido tridimensional de<br />

domínio Ω e contorno Γ dividido em Γ 1 (deslocamentos prescritos) e Γ 2 (forças de<br />

superfície prescritas).<br />

= ui<br />

em Γ<br />

1<br />

p = p em Γ<br />

ui<br />

i<br />

i<br />

2<br />

(condições de contorno essenciais)<br />

(condições de contorno naturais)<br />

O traço em cima dos valores u i e p i indica valores prescritos de<br />

deslocamentos e forças de superfície respectivamente.<br />

Utilizando-se a técnica dos resíduos ponderados e também a solução<br />

fundamental como função ponderadora sobre a equação de equilíbrio da estática<br />

obtém-se:<br />

*<br />

ij, i + j j =<br />

( σ b ) ⋅u<br />

0<br />

(10)<br />

Efetuando-se as devidas manipulações na equação (10), SOUZA (2001),<br />

obtém-se<br />

= * *<br />

⋅ ⋅ Γ − ⋅ ⋅ Γ +<br />

∫<br />

*<br />

ui ( s)<br />

∫<br />

p j ( Q)<br />

uij<br />

( s,<br />

Q)<br />

d<br />

∫u<br />

j ( Q)<br />

pij<br />

( s,<br />

Q)<br />

d bj<br />

( q)<br />

⋅ uij<br />

( s,<br />

q)<br />

⋅ dΩ<br />

(11)<br />

Γ<br />

Γ<br />

Esta equação é chamada de Identidade Somigliana que determina valores de<br />

deslocamentos para pontos internos através de deslocamentos e forças de superfície<br />

do contorno, u j e p j respectivamente.<br />

A equação integral para pontos no contorno (trecho suave) tem o seguinte<br />

aspecto:<br />

c ( S)<br />

⋅u<br />

ij<br />

j<br />

Onde:<br />

∫<br />

*<br />

∫<br />

*<br />

( S)<br />

+ u j ( Q)<br />

⋅ p ij ( S,<br />

Q)<br />

⋅ dΓ(<br />

Q)<br />

= p j ( Q)<br />

⋅ u ij ( S,<br />

Q)<br />

⋅ dΓ(<br />

Q)<br />

Γ Γ<br />

(12)<br />

*<br />

+ b ( q)<br />

⋅ u ( S,<br />

q)<br />

⋅ dΩ(<br />

q)<br />

∫<br />

Ω<br />

j<br />

1<br />

cij ( S)<br />

= δij<br />

i,<br />

j = 1,2,3<br />

(13)<br />

2<br />

Para pontos externos ao domínio pode-se obter uma expressão semelhante à<br />

(11), mas com o coeficiente c ij igual a zero. Assim a expressão (12) torna-se uma<br />

expressão geral cujo coeficiente c ij possui os seguintes valores:<br />

Ω<br />

ij<br />

c ( S)<br />

= δ<br />

ij<br />

1<br />

cij<br />

( S)<br />

= ⋅ δ<br />

2<br />

c ( S)<br />

= 0<br />

ij<br />

ij<br />

ij<br />

p/<br />

p/<br />

p/<br />

pontos<br />

pontos<br />

pontos<br />

internos<br />

do contorno<br />

externos<br />

suave<br />

(14)<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

143<br />

4.3 Equacionamento algébrico<br />

As equações integrais de contorno são transformadas em equações<br />

algébricas para serem utilizadas e isso se dá com a discretização do contorno em<br />

elementos com determinada aproximação e forma, a fim de que possam ser<br />

resolvidas numericamente.<br />

Em geral, os elementos utilizados para a discretização de um sólido<br />

tridimensional possuem a forma triangular ou quadrangular, podendo ser planos ou<br />

curvos. Estes elementos possuem funções interpoladoras, definidas por polinômios<br />

que podem ser constantes, lineares, quadráticos ou de ordem superior.<br />

Para se escrever o equacionamento algébrico do método é necessário<br />

inicialmente escrever as coordenadas cartesianas de um ponto P qualquer de um<br />

elemento em função das coordenadas dos nós que o definem. Portanto tem-se:<br />

x<br />

i<br />

k<br />

k<br />

i<br />

= Φ ⋅ X<br />

(15)<br />

x<br />

Onde:<br />

x i : coordenadas cartesianas do ponto P<br />

Φ k : funções interpoladoras<br />

k<br />

X<br />

i : coordenadas cartesianas dos nós do elemento<br />

Que em forma matricial pode ser expressa da seguinte forma:<br />

T n<br />

= Φ X<br />

(16)<br />

De maneira análoga são determinadas expressões para deslocamentos e<br />

forças de superfície:<br />

T<br />

u = Φ U<br />

T<br />

p = Φ P<br />

n<br />

n<br />

(17)<br />

b<br />

Da mesma forma, as forças volumétricas são dadas pela seguinte expressão:<br />

T n<br />

= Φc<br />

B<br />

(18)<br />

Onde:<br />

Φ e Φ<br />

c : funções interpoladoras do elemento e da célula, respectivamente.<br />

U<br />

n<br />

n<br />

e P : valores de deslocamentos e forças de superfície nodais do<br />

elemento, respectivamente.<br />

n<br />

B : valores de forças volumétricas nodais da célula.<br />

Substituindo-se as aproximações apresentadas sobre a Identidade Somigliana<br />

de (11) para um ponto S qualquer, uma discretização do contorno em L elementos e<br />

uma discretização do domínio em M células, determina-se a seguinte equação<br />

algébrica:<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


144<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

L<br />

* T N<br />

c(S) u(S) p (S,Q) Φ (Q) d Γ(Q) U (Q)<br />

L<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎣<br />

⎡<br />

⎤<br />

⋅ + ∑ ⎢ ∫ ⋅ ⋅ ⎥⋅ =<br />

i=<br />

1⎣<br />

Γ<br />

⎦<br />

∫<br />

Γ<br />

i<br />

j<br />

i<br />

⎤<br />

⋅ ⋅ ⎥⋅<br />

⎦<br />

* T N<br />

u (S,Q) Φ (Q) d Γ(Q) P (Q)<br />

M<br />

⎡ * T ⎤ N<br />

+ ∑ ⎢ ∫ u (S,q) ⋅Φc<br />

(q) ⋅d Ω(q) ⎥⋅B (q)<br />

j=<br />

1⎣<br />

Ω<br />

⎦<br />

(19)<br />

Onde o índice N nos vetores U, P e B indica que se trata dos vetores com os<br />

valores de todos os elementos ou células, e não somente do elemento i ou da célula j.<br />

Tomando-se o número de pontos fonte igual ao número de nós do contorno, a<br />

equação (19) pode-se escrever matricialmente:<br />

CU + HU ˆ = GP + DB<br />

(20)<br />

Onde Ĥ , G e D: matrizes determinadas através das integrais numéricas<br />

sobre os elementos e células, e C é a matriz dos termos livres dados em (14) para as<br />

linhas referentes à equação (19).<br />

Adicionando-se a matriz C à matriz Ĥ , obtém-se:<br />

HU = GP + DB<br />

(21)<br />

O sistema algébrico de equações apresentado em (21) é o sistema para<br />

solução do problema elástico tridimensional, utilizando-se soluções fundamentais de<br />

Kelvin e Mindlin, adaptando-se para Mindlin a questão da determinação das integrais<br />

singulares com a utilização da propriedade do movimento de corpo rígido.<br />

Com aplicação das condições de contorno em (21) através da troca de<br />

colunas entre as matrizes H e G e dos valores prescritos dos vetores U e P,<br />

consegue-se obter um sistema algébrico onde as incógnitas ficam todas do lado<br />

esquerdo da igualdade e assim torna-se possível a utilização de procedimentos para<br />

resolução de sistemas lineares para se determinar a resposta do problema.<br />

AX<br />

= F<br />

(22)<br />

Onde:<br />

A : matriz cujas colunas correspondem a valores incógnitos.<br />

X : vetor das incógnitas de deslocamentos e forças de superfície.<br />

F : vetor obtido através da multiplicação da matriz G e o vetor P com os<br />

valores já trocados, podendo este ainda ser acrescido da contribuição das forças de<br />

volume DB .<br />

Os processos de integração utilizados são os apresentados em SOUZA<br />

(2001), uma vez que, como dito anteriormente, as implementações relacionadas ao<br />

Método dos Elementos de Contorno foram obtidas do referido trabalho e adaptadas<br />

para o problema que se deseja tratar.<br />

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145<br />

5 ACOPLAMENTO MEC / MEF<br />

Fazendo-se uso da equação algébrica obtida para o MEC no item 4, a menos<br />

dos termos de carregamentos de domínio, tem-se:<br />

HU = GP (23)<br />

Para o MEF, a equação de equilíbrio algébrica pode ser escrita por:<br />

KU = F (24)<br />

O vetor dos carregamentos nodais F pode ser escrito em função das forças de<br />

superfície P da seguinte forma:<br />

F<br />

= ef<br />

G P<br />

(25)<br />

Onde G ef é a matriz originada da integração das funções de forma ao longo<br />

dos elementos que transforma forças de superfície em carregamentos nodais<br />

concentrados tal como descrito tradicionalmente no MEF, CODA et al. (1999).<br />

Fazendo-se uso da relação (25) na sua forma inversa, pode-se escrever o vetor de<br />

forças de superfície como:<br />

P=<br />

G F<br />

−1<br />

ef<br />

(26)<br />

Substituindo-se (26) em (23), obtém-se a equação de equilíbrio algébrica do<br />

MEC escrita em função dos carregamentos nodais concentrados, ou seja:<br />

HU<br />

= GG F<br />

−1<br />

ef<br />

(27)<br />

1<br />

Assumindo-se que G = GG −<br />

ef<br />

e multiplicando-se a equação (27) por<br />

dois lados da igualdade, resulta:<br />

1<br />

G −<br />

nos<br />

=<br />

−1<br />

G HU F (28)<br />

Deve-se comentar que para problemas infinitos e semi-infinitos (Solução<br />

fundamental de Mindlin) as matrizes “G” são sempre pequenas.<br />

Com estas manipulações, as equações (23) e (24) puderam ser escritas de<br />

forma similar. Efetuando-se uma última simplificação, obtém-se a expressão final do<br />

MEC a ser acoplada com as equações de equilibro algébricas do MEF, sendo dadas<br />

por:<br />

KU = F (29)<br />

Onde<br />

K<br />

1<br />

= G − H .<br />

O acoplamento entre as variáveis obtidas pelos métodos se dá de forma direta<br />

(somando termos), naturalmente respeitando-se os graus de liberdade existentes em<br />

cada uma das formulações independentemente, sendo 3 translações comuns entre<br />

ambos e mais 3 rotações para o MEF. Salienta-se que, da maneira que o<br />

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146<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

acoplamento foi implementado, permite-se qualquer combinação dos graus de<br />

liberdade que se deseja realizar, por exemplo, acoplando-se somente o grau de<br />

liberdade vertical no caso de uma placa apoiada em um solo. Esta flexibilidade torna a<br />

formulação um tanto quanto mais geral para realização da combinação entre os<br />

métodos.<br />

As matrizes do MEC sofreram as modificações apresentadas antes de se<br />

efetuar a imposição das condições de contorno através da troca de colunas das<br />

matrizes H e G, como tradicionalmente se faz no MEC. As condições de contorno de<br />

força e deslocamento serão aplicadas após a realização do acoplamento entre os<br />

métodos, fazendo-se uso da técnica de zeros e 1 ou troca de colunas de acordo com<br />

o problema que se esteja analisando.<br />

A equação de equilíbrio algébrica para o problema acoplado assume portanto<br />

a forma estabelecida em (<strong>30</strong>):<br />

( K + K)<br />

U = F<br />

Introduzindo-se a viscosidade na formulação baseando-se nos estudos<br />

apresentados por MESQUITA e CODA (2002) e MESQUITA (2002) utilizando-se de<br />

algoritmos de integração temporal, a expressão (<strong>30</strong>) assume a forma de (31) para o<br />

caso mais simples da consideração da viscosidade, ou seja, considerando que todas<br />

as camadas e elementos finitos possuam o mesmo parâmetro de viscosidade.<br />

. .<br />

KU + γKU+ KU + γ KU = F<br />

(31)<br />

(<strong>30</strong>)<br />

O vetor de velocidade de deslocamento U . , adotando-se uma aproximação<br />

linear, é dado por:<br />

.<br />

U<br />

U =<br />

U<br />

∆t<br />

t+ 1−<br />

t<br />

Substituindo-se (32) em (31) e isolando apenas as incógnitas no lado<br />

esquerdo da equação, resulta em:<br />

(32)<br />

⎛⎛ γ ⎞ ⎛ γ ⎞ ⎞ ⎛ γ γ ⎞<br />

⎜⎜1+ ⎟K + ⎜1+ ⎟K⎟Ut+<br />

1= F + ⎜ K + K⎟U<br />

⎝⎝ ∆t⎠ ⎝ ∆t⎠ ⎠ ⎝∆t ∆t<br />

⎠<br />

t<br />

(33)<br />

6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO<br />

6.1 Exemplo 01<br />

Neste exemplo, o comportamento elastoplástico de uma placa quadrada<br />

engastada e submetida a uma carga concentrada no ponto central é considerado.<br />

Aproveitando-se da simetria do problema, ¼ da placa é modelado utilizando-se 10x10<br />

divisões de elementos finitos triangulares e composta de 8 camadas de igual<br />

espessura para melhor representação da plasticidade. As características da geometria<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

147<br />

do problema e grandezas físicas do material isotrópico empregado, bem como<br />

parâmetros de plastificação, podem ser verificadas na Figura 5.<br />

Y Y<br />

L<br />

Dados gerais para o exemplo: (MN, m)<br />

A<br />

L<br />

X<br />

E = <strong>30</strong>000.0; G = 11540.0;<br />

ν = 0.3; E t = <strong>30</strong>0.0;<br />

σ 0x = σ 0y = <strong>30</strong>.0;<br />

τ 0xy = τ 0xz = τ 0yz = 17.32;<br />

h = 0.20; L = 6.0;<br />

P total = 4.0 – ponto “A”;<br />

Figura 5 - Placa quadrada.<br />

Os resultados são comparados com respostas obtidas por OWEN &<br />

FIGUEIRAS (1983) onde foi utilizado o critério de plastificação tridimensional de<br />

Huber-Mises no qual as componentes de tensão são modificadas pela introdução de<br />

parâmetros anisotrópicos. Os autores utilizaram lei de fluxo associativa para as<br />

deformações plásticas e propuseram uma correção das tensões cisalhantes para<br />

serem usadas no critério de plastificação em função da adoção de distribuição<br />

constante de tensões cisalhantes ao longo da espessura da placa.<br />

Para a formulação aqui utilizada, foram analisados dois casos: (a) isotrópico -<br />

primeiramente adotando-se os parâmetros utilizados no critério de plastificação<br />

idênticos aos apresentados na Figura 5 e retorno na direção elástica, e (b)<br />

anisotrópico - onde foram adotados σ 0y = 40.0 e τ 0xy = 20.0, para diferentes direções<br />

de retorno para a superfície do critério de plastificação e diferentes valores para “E y ”.<br />

Na Figura 6, são apresentados os valores de deslocamento vertical, no ponto<br />

“A”, nó central da placa, em função da carga concentrada aplicada, para o caso de<br />

parâmetros de plastificação isotrópicos. Na Figura 7 são apresentados os resultados<br />

de OWEN & FIGUEIRAS (1983) com parâmetros plásticos anisotrópicos, porém com<br />

constantes elásticas isotrópicas. Nesta figura apresentam-se também os resultados<br />

obtidos pela formulação apresentada segundo os mesmos parâmetros de OWEN &<br />

FIGUEIRAS (1983), chamado “direção elástica”. Além disso varia-se o módulo de<br />

elasticidade na direção “Y” para E Y = 40000 e a direção do fluxo plástico conforme<br />

informado na própria Figura 7. Isto foi feito visando mostrar a influência dos diversos<br />

parâmetros elásticos e elastoplásticos no comportamento geral da placa analisada. As<br />

unidades apresentadas para as grandezas do problema foram consideradas iguais as<br />

apresentadas na referência utilizada para comparação dos resultados.<br />

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148<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

Carga "P"<br />

2.0<br />

1.5<br />

1.0<br />

0.5<br />

OWEN & FIGUEIRAS (1983b)<br />

Presente Trabalho<br />

0.0<br />

0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07<br />

Deslocamento Vertical no Ponto "A"<br />

Figura 6 - Deslocamento vertical “w” em “A” x carga concentrada “P” - isotrópico.<br />

Para a Figura 6, acredita-se que a diferença encontrada nos resultados<br />

é devida à distribuição da tensão de cisalhamento adotada constante ao longo da<br />

espessura das camadas da placa para este trabalho, bem como da malha utilizada na<br />

modelagem do problema e uma significativa diferença entre os critérios de<br />

plastificação e lei de fluxo adotados. Os autores OWEN & FIGUEIRAS (1983), como<br />

dito anteriormente, propuseram uma correção para as tensões de cisalhamento para<br />

serem consideradas no critério de plastificação.<br />

Para a Figura 7, observou-se que a direção do fluxo plástico tem pouca<br />

influência no comportamento geral da estrutura.<br />

Carga "P"<br />

4.0<br />

3.5<br />

3.0<br />

2.5<br />

2.0<br />

1.5<br />

OWEN & FIGUEIRAS (1983b)<br />

1.0<br />

Ret. Dir. Elástica<br />

0.5<br />

n p21<br />

= 0.5 - E y<br />

= 40000<br />

n p<br />

= 0.0 - E y<br />

= 40000<br />

0.0<br />

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08<br />

Deslocamento Vertical no Ponto "A"<br />

Figura 7 - Deslocamento vertical “w” em “A” x carga “P” - anisotrópico.<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

149<br />

6.2 Exemplo 02<br />

Este exemplo apresenta o comportamento de uma placa quadrada e<br />

isotrópica, com um enrijecedor no centro e na direção do eixo “y”, submetida a um<br />

carregamento uniformemente distribuído, tal como em KOLLI &<br />

CHANDRASHEKHARA (1996). Adotou-se como referência para a placa e para a viga<br />

o plano médio da placa. A geometria do problema, bem como as demais<br />

características da análise, estão apresentadas na Figura 8.<br />

Foram utilizadas 16 x 16 divisões de elementos finitos triangulares para<br />

modelagem de ½ da placa, sendo que a discretização dos elementos de barra<br />

acompanha a divisão da malha triangular.<br />

y,v<br />

C<br />

A<br />

C<br />

B<br />

x,u<br />

a<br />

Corte C-C<br />

c<br />

b<br />

A: u = w = θy = 0<br />

B: v = w = θx = 0<br />

Dados gerais para o exemplo:<br />

(placa e viga)<br />

E = 11713 kN/cm 2 ;<br />

G = 4505 kN/cm 2 ;<br />

ν = 0.3; q = 6.89x10 -4 kN/cm 2 ;<br />

A = B = 2.54 cm;<br />

a = b = 0.0254 cm; c = 0.254<br />

cm;<br />

Figura 8 - Placa isotrópica enrijecida.<br />

Os resultados de deslocamento vertical medidos no centro da placa são<br />

apresentados na Tabela 1, comparando-se os valores obtidos com KOLLI &<br />

CHANDRASHEKHARA (1996) onde utiliza-se também a cinemática de laminados na<br />

formulação e com ROSSOW & IBRAHIMKHAIL (1978) - apud KOLLI &<br />

CHANDRASHEKHARA (1996), onde utilizou-se o Método da Restrição para obtenção<br />

dos resultados.<br />

Tabela 1 - Deslocamento vertical no centro da placa (x10-4 cm)<br />

Carga Ref.[*] Ref.[**] Ref.[***] Presente Trabalho<br />

w centro 3.472 3.441 3.357 3.538<br />

[*] - ROSSOW & IBRAHIMKHAIL (1978) - apud KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996)<br />

[**] - KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996)<br />

[***] - ANSYS® - DIAS et al. (2001)<br />

A Figura 9 apresenta a configuração deformada da placa enrijecida,<br />

evidenciando um menor deslocamento no centro da placa em função da contribuição<br />

do enrijecedor. Os resultados apresentados na Tabela 1 estão totalmente de acordo<br />

com aqueles apresentados pelos referidos autores, usando também da teoria de<br />

laminados e do Método da Restrição.<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


150<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

Figura 9 - Configuração deformada da placa enrijecida.<br />

6.3 Exemplo 03<br />

Este exemplo, também obtido em KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996),<br />

simula o comportamento de uma placa retangular e isotrópica, submetida a dois casos<br />

de carregamento: uniformemente distribuído e concentrado no centro da placa. A<br />

placa é ortogonalmente enrijecida por duas nervuras centrais. Novamente, a<br />

referência adotada para ambos os elementos, placa e viga, foi a camada central da<br />

placa. As características gerias para o problema estão apresentadas na Figura 10.<br />

y,v<br />

C<br />

C<br />

A<br />

A: u = w = θy = 0<br />

B: v = w = θx = 0<br />

D<br />

D<br />

B<br />

u, w<br />

a<br />

a = 0.635 cm;<br />

b = 1.27 cm;<br />

c = 12.7 cm;<br />

d = 7.62 cm;<br />

A = 152.4 cm;<br />

B = 76.2 cm;<br />

Corte C-C<br />

b<br />

c<br />

Corte D-D<br />

a<br />

E = 20670 kN/cm 2 ;<br />

d<br />

G = 7950 kN/cm 2 ;<br />

ν = 0.3;<br />

q = 6.89x10 -3 kN/cm 2 ; b<br />

P = 4.45 kN;<br />

Figura 10 - Placa retangular ortogonalmente enrijecida.<br />

Analogamente ao exemplo anterior, foram utilizadas 14 x 14 divisões de<br />

elementos finitos triangulares para modelagem da placa inteira, sendo que, da mesma<br />

forma, a discretização dos elementos de barra acompanha a divisão da malha<br />

triangular.<br />

São apresentado na Tabela 2 os deslocamentos verticais no centro da placa,<br />

comparados aos resultados apresentados em KOLLI & CHANDRASHEKHARA<br />

(1996).<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

151<br />

Tabela 2 - Deslocamento vertical no centro da placa (x10-4 cm)<br />

Carga<br />

Solução em<br />

Série - Ref.[*]<br />

Ref.[**] Ref.[***] Ref.[****]<br />

Presente<br />

Trabalho<br />

distribuída 224.790 224.510 221.031 212.000 221.248<br />

concentrada 32.260 32.180 31.500 29.870 32.520<br />

[*] - CHANG (1973) - apud KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996)<br />

[**] - ROSSOW & IBRAHIMKHAIL (1978) - apud KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996)<br />

[***] - KOLLI & CHANDRASHEKHARA (1996)<br />

[****] - ANSYS® - DIAS et al. (2001)<br />

6.4 Exemplo 04<br />

Este exemplo apresenta a simulação do comportamento de um tubo vazado<br />

de concreto armado, submetido a um carregamento uniformemente distribuído ao<br />

longo da direção do eixo do tubo e do raio. Utiliza-se o elemento de pórtico laminado<br />

na modelagem deste exemplo, pois este permite que seja adotado diagrama<br />

multilinear para a relação entre tensão e deformação, representando o concreto de<br />

forma mais adequada.<br />

Os resultados são comparados com a resposta do ensaio experimental obtida<br />

em CHAMA NETO (2002). A curva tensão x deformação adotada para o exemplo,<br />

Figura 12 e Figura 13, também foi obtida em CHAMA NETO (2002), juntamente com<br />

as demais características para o problema. A Figura 11 fornece a configuração de<br />

geometria para o exemplo.<br />

q<br />

Dados gerais para o exemplo: (kN e cm)<br />

R<br />

z<br />

y<br />

x<br />

L<br />

E conc = 2970.00 e G conc = 1485.00;<br />

E aço = 21000.00 e G aço = 10500.00;<br />

L = 100; R = 44.5;<br />

Recalque de 1.50 na direção da carga q;<br />

Área de aço na seção transversal: 3.32;<br />

Figura 11 - Tubo vazado.<br />

A seção transversal do tubo possui uma armadura de área igual 3.32 cm 2 ,<br />

posicionada a uma distância de 3.50 cm da face interna do tubo. Para a modelagem,<br />

adotou-se uma faixa de aço ao longo da seção transversal, com espessura<br />

equivalente para se manter a mesma área de aço do experimento.<br />

A parcela referente ao concreto foi subdividida em 50 camadas para melhor<br />

representação da plasticidade, enquanto que a de aço manteve-se inalterada. Foram<br />

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152<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

utilizados 20 elementos de barra de aproximação cúbica na discretização de ½ do<br />

tubo.<br />

As condições de contorno nas duas extremidades da parte modelada são de<br />

engastamento, sendo que na extremidade do carregamento, a exemplo do ensaio<br />

laboratorial, aplicou-se um deslocamento de 1.50 cm na direção deste.<br />

Para o diagrama tensão x deformação do concreto, foram adotados 4 trechos<br />

para a tração e 9 para a compressão, buscando representar o diagrama obtido em<br />

laboratório, Figura 12 e Figura 13.<br />

σ (x10 -1 )<br />

ε<br />

Figura 12 - Curva tensão x deformação para a tração (kN e cm).<br />

A tensão de plastificação adotada para o concreto é de 0.9823 kN/cm 2 para a<br />

compressão e 0.2210 kN/cm 2 para a tração, sendo que para o aço assumiu-se o valor<br />

de 78.65 kN/cm 2 para ambas.<br />

ε<br />

σ (x10 -1 )<br />

Figura 13 - Curva tensão x deformação para a compressão (kN e cm).<br />

A Figura 14 apresenta os resultados experimentais encontrados em CHAMA<br />

NETO (2002), sendo que a curva em maior destaque é a média das respostas<br />

experimentais obtidas.<br />

Os resultados apresentados na Figura 15, comparados com o ensaio de<br />

laboratório, média dos valores experimentais da Figura 14, mostram uma boa<br />

concordância entre as curvas obtidas. O aspecto dentado na curva da resposta<br />

numérica se dá devido à característica discreta do posicionamento dos pontos de<br />

Gauss na consideração da contribuição do material.<br />

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Análise não linear física de placas e cascas anisotrópicas laminadas acopladas ou...<br />

153<br />

Os valores adotados na análise numérica foram obtidos diretamente da<br />

referência e utilizados na modelagem sem nenhuma calibração. Portanto, acredita-se<br />

que os resultados apresentados são totalmente satisfatórios do ponto de vista de<br />

engenharia.<br />

Figura 14 - Deslocamento vertical x carga – resultado experimental.<br />

120<br />

Carga Aplicada (kN)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

Numérico<br />

Experimental<br />

0<br />

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0<br />

Deslocamento Vertical (cm)<br />

Figura 15 - Deslocamento vertical x carga aplicada.<br />

6.5 Exemplo 05<br />

Este exemplo serve para verificar o acoplamento entre elementos finitos de<br />

casca e elementos de contorno 3D no que diz respeito a transmissão de forças. Neste<br />

caso, um sólido engastado e discretizado com elementos de contorno (MEC - Figura<br />

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São <strong>Carlos</strong>, v. 8, n. <strong>30</strong>, p. 135-156, <strong>2006</strong>


154<br />

Rodrigo Ribeiro Paccola & Humberto Breves Coda<br />

16) é acoplado a um conjunto composto por uma placa e uma chapa (MEF - Figura<br />

16) rígidas. Na extremidade livre da chapa de elementos finitos aplica-se um<br />

carregamento distribuído “q”. A geometria para o problema, bem como as<br />

características físicas dos materiais são apresentadas na Figura 16. Por se tratar de<br />

um domínio fechado, utilizou-se solução fundamental de Kelvin na modelagem do<br />

contorno.<br />

A<br />

A<br />

MEC<br />

MEF<br />

Dados gerais para o exemplo:<br />

E MEC = 1x10 5 N/m 2 ;<br />

E MEF ≅ ∞;<br />

ν MEC = ν MEF = 0.0;<br />

L 1<br />

q = 3.765 N/m;<br />

L 2<br />

q<br />

L 1 = L 2 = 9 m; A = 3 m<br />

h MEF = 0.3 m<br />

Figura 16 - Sólido tracionado – MEC x MEF.<br />

A Tabela 3 apresenta o resultado de deslocamento na interface do<br />

acoplamento entre a região do MEC e do MEF, mostrando a total concordância entre<br />

a resposta analítica obtida de forma simples para este exemplo e a resposta<br />

numérica.<br />

Tabela 3 - Deslocamento na interface do acoplamento<br />

Analítico 0.00016<br />

Numérico 0.00016<br />

Deslocamento (m)<br />

7 AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />

Estado de São Paulo – pelo financiamento desta pesquisa.<br />

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