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v jornada de pesquisa e conservação de tartarugas ... - Seaturtle.org

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V JORNADA DE PESQUISA E<br />

CONSERVAÇÃO DE TARTARUGAS<br />

MARINHAS DO ATLÂNTICO SUL<br />

OCIDENTAL (ASO)<br />

27 e 28 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2011<br />

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil


V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ESTIMADOS AMIGOS DAS TARTARUGAS MARINHAS<br />

Desenvolver plenamente seus interesses e talentos e, ao mesmo tempo, conservar os<br />

recursos naturais é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a humanida<strong>de</strong>.<br />

Preservação, respeito à natureza e equilíbrio ecológico são idéias universais presentes<br />

nos meios <strong>de</strong> comunicação, congressos, seminários, simpósios, leis e acordos internacionais,<br />

reunindo vários países em <strong>de</strong>fesa do MEIO.<br />

A partir do agravamento da crise ambiental, crescente em nosso planeta, é cada vez<br />

maior a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong> e do po<strong>de</strong>r público, no enfrentamento<br />

dos problemas, ampliando-se a visão e o conceito <strong>de</strong> “Meio Ambiente”, que é concebido<br />

como o sistema, no qual interagem natureza e socieda<strong>de</strong>. Portanto, um espaço socialmente<br />

construído nas relações cotidianas com a natureza, permeadas por ações econômicas, sociais<br />

e políticas. Assim, a visão fragmentada (água, ar, solo, plantas e animais) e antropocêntrica<br />

(natureza criada para o homem) do meio ambiente, <strong>de</strong>ve ser superada por uma visão holística<br />

e sistêmica, na qual as pessoas têm o privilégio <strong>de</strong> ser algumas das partes do todo.<br />

Surge assim um novo conceito, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir na formação <strong>de</strong> um sujeito<br />

capaz <strong>de</strong> refletir e atuar na busca <strong>de</strong> soluções ambientais a partir da sua realida<strong>de</strong>.<br />

Com o propósito <strong>de</strong> divulgar à socieda<strong>de</strong> a importância da preservação das <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas, engajar estudantes, <strong>pesquisa</strong>dores e governantes a promoverem <strong>pesquisa</strong>s e leis<br />

que garantam a <strong>conservação</strong> <strong>de</strong>stes animais, é que o Projeto Tamar <strong>org</strong>anizou a V Jornada <strong>de</strong><br />

Pesquisa e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal – ASO.<br />

Em nome <strong>de</strong> todos os membros do Projeto Tamar, acolhemos os participantes <strong>de</strong>sta<br />

Jornada, agra<strong>de</strong>cendo a presença e o interesse <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> vocês em compartilhar<br />

experiências e renovar estratégias que contribuam efetivamente para a <strong>conservação</strong><br />

das<strong>tartarugas</strong> marinhas no atlântico sul oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Sejam bem vindos.<br />

Comissão Organizadora<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

HISTÓRICO DA REDE ASO<br />

O Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal (ASO) é a região compreendida por Brasil, Uruguai e Argentina<br />

e esta região é utilizada por cinco das sete espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas existentes no<br />

mundo. Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata<br />

e Lepidochelys olivacea utilizam o Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal como área <strong>de</strong> alimentação,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e corredor migratório, entretanto, estas espécies encontram-se ameaçadas<br />

<strong>de</strong> extinção.<br />

Como principais impactos <strong>de</strong>stacam-se o abate das fêmeas e coleta dos ovos, a<br />

urbanização das praias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova, a poluição e a interação com ativida<strong>de</strong>s pesqueiras,<br />

sendo esta última a principal causa do <strong>de</strong>clínio das populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no<br />

mundo. Todas as espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> são protegidas por lei nos três países, no entanto<br />

as ações atuais <strong>de</strong> investigação, <strong>conservação</strong> e proteção são insuficientes para assegurar a<br />

sobrevivência das espécies nesta região em longo prazo.<br />

Pelo fato dos três países que compõem o ASO apresentarem algumas características<br />

comuns com relação aos usos do habitat pelas <strong>tartarugas</strong> marinhas e os impactos que<br />

estes animais sofrem, o Projeto Tartarugas Marinhas do Uruguai – Karumbé propôs aos<br />

<strong>pesquisa</strong>dores <strong>de</strong>stes três países a formação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>, com os seguintes objetivos:<br />

• Divulgar informação científica sobre a biologia, <strong>conservação</strong> e reabilitação das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas, assim como padronizar metodologias <strong>de</strong> trabalho e protocolos científicos<br />

entre os diversos projetos que trabalham na área, para melhorar as práticas <strong>de</strong> manejo e<br />

<strong>pesquisa</strong> e a capacida<strong>de</strong> comparativa entre os estudos;<br />

• Proporcionar um ambiente integrador para consolidar as ações que têm sido<br />

realizadas por projetos e <strong>org</strong>anizações no trabalho com <strong>tartarugas</strong> marinhas no ASO,<br />

<strong>org</strong>anizar ações conjuntas que ampliem os esforços e os resultados em prol da <strong>conservação</strong><br />

das <strong>tartarugas</strong> e fortalecer a integração e a colaboração entre <strong>pesquisa</strong>dores e instituições <strong>de</strong><br />

cada região;<br />

• Formular ações <strong>de</strong> caráter regional que sejam necessárias para a <strong>conservação</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas, e um mecanismo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação para sua implementação, <strong>de</strong> maneira<br />

que complementem as ações já <strong>de</strong>senvolvidas individualmente pelos atores na região.<br />

• Desenvolver e propor estratégias para o setor pesqueiro, o qual está relacionado<br />

aos três países, com o objetivo <strong>de</strong> diminuir a captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas sem<br />

<strong>de</strong>svantagens a pesca, ou mesmo com o aumento da produtivida<strong>de</strong> e rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong><br />

pesqueira<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Reuniões Anteriores<br />

Como marco inicial da re<strong>de</strong> ASO, em outubro <strong>de</strong> 2003 foi realizada a I Reunião <strong>de</strong><br />

Investigação e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal (ASO). Esta<br />

reunião foi realizada em Montevidéu – Uruguai sob a coor<strong>de</strong>nação do Projeto Karumbé e teve<br />

como resultados a apresentação das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grupos que trabalham com <strong>pesquisa</strong> e<br />

<strong>conservação</strong> na região e a sistematização da coleta <strong>de</strong> dados e metodologia <strong>de</strong> trabalho.<br />

Em outubro <strong>de</strong> 2004 foi realizada em San Clemente do Tuyú – Argentina a II Reunião<br />

<strong>de</strong> Investigação e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal (ASO),<br />

com a coor<strong>de</strong>nação do Programa Regional <strong>de</strong> Investigação e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas<br />

Marinhas da Argentina – PRICTMA. Nesta reunião estiveram presentes representantes <strong>de</strong><br />

ONGs, instituições governamentais da área <strong>de</strong> meio ambiente e universida<strong>de</strong>s. O principal<br />

resultado <strong>de</strong>sta reunião foi a elaboração <strong>de</strong> recomendações aos governos dos três países<br />

para que integrassem e implementassem os acordos internacionais <strong>de</strong> proteção das <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas.<br />

A III Reunião da Re<strong>de</strong> ASO foi realizada na Praia do Cassino em Rio Gran<strong>de</strong>/RS, Brasil,<br />

entre os dias 12 e 15 <strong>de</strong> novembro em Rio Gran<strong>de</strong> - RS , sendo que para esta reunião o<br />

período foi dividido em Reunião ASO (12 e 13 <strong>de</strong> novembro) e a realização da II Jornada<br />

<strong>de</strong> Conservação e Pesquisa <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal (14 e 15 <strong>de</strong><br />

novembro).<br />

O evento foi realizado pelo Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA<br />

com o apoio do Projeto Tamar. Os temas abordados em seminários específicos foram:<br />

Educação Ambiental, Pesca, Reabilitação e Pesquisa. Foram realizadas apresentações orais<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas e principais resultados obtidos no período pelas instituições<br />

integrantes da Re<strong>de</strong> ASO, uma mesa-redonda sobre a interação entre animais marinhos<br />

(<strong>tartarugas</strong>, albatrozes e petréis, mamíferos marinhos e tubarões) e a pescaria <strong>de</strong> espinhel<br />

pelágico e a divulgação <strong>de</strong> trabalhos científicos, a partir da apresentação <strong>de</strong> painéis que<br />

tratavam sobre captura inci<strong>de</strong>ntal, encalhes, reabilitação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas e ações <strong>de</strong><br />

educação ambiental.<br />

A IV Reunião da Re<strong>de</strong> ASO e a III Jornada <strong>de</strong> Pesquisa e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas<br />

Marinhas do ASO obe<strong>de</strong>ceram à diretriz <strong>de</strong> serem realizadas a cada dois anos e foram<br />

sediadas em Piriápolis, Uruguai, entre 26 e 30 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2007, sob coor<strong>de</strong>nação do Projeto<br />

Karumbé. A Jornada (26 e 27/10) teve como <strong>de</strong>staque o número, a qualida<strong>de</strong> e a diversida<strong>de</strong><br />

dos trabalhos apresentados (6 teses, 8 apresentações orais e 36 pôsteres) relacionados<br />

diretamente com a <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas. A IV Reunião da Re<strong>de</strong> ASO permitiu<br />

a atualização conceitual e metodológica e o compartilhamento entre os membros da Re<strong>de</strong>.<br />

Foram discutidos e atualizados os seguintes temas: avaliação das reuniões anteriores da<br />

Re<strong>de</strong> ASO, evolução e produtos elaborados no período; apresentação dos resultados das<br />

ações <strong>de</strong>senvolvidas no período entre as reuniões; criação do estatuto da Re<strong>de</strong>.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Um dos seminários abordou a questão das capturas inci<strong>de</strong>ntais (bycatch) <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas (estimativas <strong>de</strong> captura e uso <strong>de</strong> SIG) e gerou uma importante ferramenta para<br />

suporte à <strong>pesquisa</strong> e <strong>conservação</strong>: o Sistema <strong>de</strong> Informação Geográfica para suporte aos<br />

estudos sobre Captura Inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas na Pesca Oceânica no ASO<br />

(SIG ASO Tortugas), contendo a sobreposição <strong>de</strong> dados oceanográficos, pesca e dados<br />

biológicos <strong>de</strong> ocorrência e captura dos animais ao longo do tempo, contribuindo assim para<br />

se estabelecer análises e correlações entre as variáveis ambientais e a ocorrência e captura<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal. Esta ferramenta tem contribuído para<br />

aumentar a integração das diversas instituições que atuam na Re<strong>de</strong> ASO, pois proporciona o<br />

compartilhamento <strong>de</strong> informações entre elas, subsidiando as tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e otimizando<br />

os esforços <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> das espécies. O sistema é um arquivo digital, disponibilizado<br />

através um CD para as instituições dos três países.<br />

A última edição da Re<strong>de</strong> foi realizada na Argentina, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mar Del Plata entre<br />

30 <strong>de</strong> setembro e 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009, incluindo tanto a V Reunião da Re<strong>de</strong> quanto a IV<br />

Jornada científica. A <strong>org</strong>anização esteve à cargo do Programa Regional <strong>de</strong> Investigação e<br />

Conservação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas da Argentina – PRICTMA.<br />

O evento cumpriu seu papel <strong>de</strong> fortalecer e consolidar as estratégias para a <strong>conservação</strong><br />

das <strong>tartarugas</strong> marinhas a nível regional e internacional. Nessa edição participaram mais <strong>de</strong><br />

300 especialistas <strong>de</strong> Brasil, Uruguai e Argentina.<br />

Cumprindo compromisso assumido em Mar Del Plata em 2009, o Projeto Tamar<br />

<strong>org</strong>anizou a presente edição <strong>de</strong>sta que é a VI Reunião <strong>de</strong> Pesquisa e Conservação <strong>de</strong><br />

Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal e V Jornada <strong>de</strong> Pesquisa e Conservação <strong>de</strong><br />

Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal, realizadas <strong>de</strong> 27 a 30 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2011<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

REDE ASO<br />

Gilberto Sales - Presi<strong>de</strong>nte<br />

Eron Paes e Lima - Vice-Presi<strong>de</strong>nte<br />

Ana Cristina V. Bondioli - Representante do Brasil e Secretariado<br />

Andrés Estra<strong>de</strong>s - Representante do Uruguai<br />

Maria Noel Caraccio - Representante do Uruguai<br />

Julian Andrejuk - Representante da Argentina<br />

Diego Albareda - Representante da Argentina<br />

Fernando Niemeyer Fiedler - Secretariado<br />

Gustavo David Stahelin - Secreteriado Adjunto<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA<br />

Camila Domit<br />

Camila Trentin Cegoni<br />

Eron Paes e Lima<br />

Fernando Niemeyer Fiedler<br />

Gilberto Sales<br />

Gustavo David Stahelin<br />

Juçara Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong><br />

COMITÊ CIENTÍFICO<br />

Andrés Domingo - DINARA/Uruguay<br />

Cecília Lezama – KARUMBÉ/Uruguay<br />

Juliana <strong>de</strong> Azevedo Barros – NEMA/Brasil<br />

Laura Veja – UNMdP/Argentina<br />

Leandro Bugoni – FURG/Brasil (Coor<strong>de</strong>nador)<br />

Paulo César Rosito Barata – FIOCRUZ/Brasil<br />

Victoria Gonzáles Carman – INIDEP/Argentina<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PATROCÍNIO<br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq<br />

Fundação Pró-TAMAR<br />

Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> - ICMBio<br />

APOIO<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina – UFSC<br />

REALIZAÇÃO<br />

Projeto TAMAR/ICMBio<br />

Fundação Pró-TAMAR<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer aos representantes da Re<strong>de</strong> ASO - Ana Cristina Vigliar Bondioli<br />

(Brasil), Andrés Estra<strong>de</strong>s e Maria Noel Caraccio (Uruguai), Diego Albareda e Julian Andrejuk<br />

(Argentina), pelo auxílio aos assuntos e contatos da Re<strong>de</strong> nos respectivos países, ao comitê<br />

científico pelo empenho na avaliação dos resumos, a Laura Prosdocimi pela tradução<br />

dos documentos, Ugo Eichler Vercilio e Fernanda Machado Paula Soares do ICMBio pelo<br />

apoio e gran<strong>de</strong> agilida<strong>de</strong>, aos patrocinadores e apoiadores, a todos integrantes da Re<strong>de</strong><br />

ASO e <strong>de</strong>mais convidados que consi<strong>de</strong>raram esse evento importante e acreditaram na sua<br />

realização.<br />

Muito obrigado!!!<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

SUMÁRIO<br />

Título/Autores<br />

Página<br />

VARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES<br />

(Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL. Barata et al. 18<br />

TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA<br />

CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO<br />

CERRO VERDE, URUGUAI. Martinez-Souza et al. 23<br />

TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE,<br />

DISTRIBUIÇÃO, SAZONALIDADE E AMEAÇAS. Reis et al. 27<br />

Once años <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong> tortugas marinas en Uruguay: Resultados<br />

preliminares. Vélez-Rubio et al. 30<br />

causas <strong>de</strong> mortalidad en juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas en el Área costero marina<br />

Protegida “Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla”, Uruguay. Alonso y Vélez-Rubio. 35<br />

ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL,<br />

BRASIL. Silva et al. 39<br />

ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE<br />

CANANÉIA, SP, BRASIL. Maistro et al.<br />

43<br />

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGAS-<br />

VERDES (Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS. Silva et al. 47<br />

INGESTÃO DE RESÍDUOS INORGÂNICOS POR Chelonia mydas NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO<br />

DO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANÉIA – SÃO PAULO, BRASIL. Bezerra e<br />

Bondioli. 51<br />

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DE<br />

Chelonia mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, BRASIL.<br />

Moura et al. 55<br />

INGESTÃO DE MATERIAL ANTROPOGÊNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA,<br />

SP. Silva et al. 58<br />

INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO<br />

LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Rigon e Trigo. 62<br />

El impacto <strong>de</strong> los <strong>de</strong>sechos antrópicos en individuos juveniles <strong>de</strong> tortuga<br />

ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas), Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay. Murman et al. 65<br />

Reabilitação <strong>de</strong> uma tartaruga-<strong>de</strong>-couro (Dermochelys coriacea) com traumatismo<br />

craniano no Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais Marinhos – CRAM – FURG. Bruno<br />

et al. 69<br />

PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/<br />

UFRGS) ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011. Tavares et al. 72<br />

Tartarugas Ver<strong>de</strong>s (Chelonia mydas) recebidas no Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong><br />

Animais Marinhos (CRAM/FURG) e a ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos. Canabarro et al. 76<br />

INDICADORES BIOQUÍMICOS NUTRICIONAIS DE FÊMEAS DE Eretmochelys imbricata<br />

DURANTE O PERÍODO REPRODUTIVO. Goldberg et al. 79<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ANÁLISE INTEGRADA DE MÚLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLÂNTICO<br />

E NO CARIBE. Santos e David Richardson. 83<br />

EVALUACIÓN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE<br />

BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS<br />

DE LA CORONILLA” PRÓXIMA AL CANAL ANDREONI. Borrat et al. 88<br />

FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) DA BAHIA –<br />

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO ChHV 5. Ro<strong>de</strong>nbusch et al. 92<br />

CASO CLÍNICO: INFECCIÓN CAUSADA POR Aeromonas sp. Ferrando et al. 95<br />

REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO<br />

LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Xavier et al. 98<br />

Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL.<br />

Sardá et al. 102<br />

ANÁLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL<br />

NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Fraga et al. 106<br />

DETERMINAÇÃO SEXUAL E MATURAÇÃO GONADAL DE FÊMEAS DA TARTARUGA-VERDE<br />

(Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL.<br />

Duarte et al. 109<br />

ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO DAS ARTÉRIAS AORTA DE Chelonia mydas. Braz et al. 112<br />

ESTUDO CRANIOMÉTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO<br />

DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Coelho et al. 115<br />

DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS<br />

1758): UMA ANÁLISE MORFOMÉTRICA. Coelho et al. 119<br />

Caretta caretta NO LITORAL DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Montanini et al. 123<br />

DIETA DA TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCEÂNICO E NERÍTICO<br />

NO SUL DO BRASIL. Barros et al. 126<br />

REGISTRO DE OCORRÊNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLÓGICA DO<br />

ATOL DAS ROCAS, BRASIL. Silva et al. 130<br />

OCORRÊNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPÉLAGOS<br />

DE ABROLHOS (BA) E SÃO PEDRO E SÃO PAULO (RN), BRASIL. Proietti e Secchi. 133<br />

REGISTROS NÃO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIÃO LITORÂNEA<br />

DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA DO PARNAÍBA. Paiva-Silva et al. 137<br />

REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP.<br />

Fernan<strong>de</strong>s et al. 141<br />

RESIDÊNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPÉCIE Chelonia mydas NA REGIÃO<br />

COSTEIRA DE ITAIPU, NITERÓI - RJ, BRASIL. Gitirana et al. 145<br />

TELEMETRIA POR SATÉLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEÇUDA Caretta<br />

caretta NO LITORAL SUL DO BRASIL. Goldberg et al. 148<br />

MONITORAMENTO DAS VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO<br />

DA TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, PR,<br />

BRASIL. Leis et al. 152<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

AGREGACIÓN DE TORTUGAS LAÚD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40°S.<br />

Svendsen et al. 156<br />

ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR - COMISSÃO ORGANIZADORA 160<br />

PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RÍO<br />

DE LA PLATA, URUGUAY. Viera et al. 163<br />

INTERAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO<br />

MUNICÍCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL. Pazeto et al. 167<br />

INFLUÊNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES<br />

(Chelonia mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP. Ottoni-<br />

Neto et al. 171<br />

CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA<br />

MONITORADOS EM ALMOFALA/CEARÁ 2010. Melo e Lima. 175<br />

¿ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA<br />

PESQUERÍA ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLÍS, URUGUAY. Rivas e Lezama. 179<br />

CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MÉDIA<br />

ESCALA DO LITORAL SUL DO BRASIL. Steigle<strong>de</strong>r et al. 183<br />

PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS<br />

TARTARUGAS MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS. Steigle<strong>de</strong>r et al. 187<br />

Acões <strong>de</strong> difusão dos anzóis circulares como medida mitigadora na frota<br />

espinheleira <strong>de</strong> Itaipava/ES. Júnior et al. 191<br />

USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY. Morabito et al. 195<br />

“NEM TUDO QUE CAI NA REDE É PEIXE”. Lima et al. 198<br />

PROJETO “CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAY”: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE<br />

PESQUISA, EXTENSÃO E CAPACITAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL. Martinez-Souza. 202<br />

KARUMBÉ 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIÓN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN<br />

URUGUAY. Estra<strong>de</strong>s. 205<br />

TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Barros et al. 208<br />

ACTIVIDADES DE EXTENSIÓN DE LA BASE CIENTÍFICA DE KARUMBÉ EN CERRO VERDE,<br />

URUGUAY, AL LARGO DE 2010-2011. Martinez-Souza et al. 211<br />

TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPÉCIE-BANDEIRA COMO<br />

FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SÃO PAULO.<br />

Gusmão e Schlindwein. 214<br />

Sessão Especial<br />

APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE<br />

CONSERVACIÓN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS<br />

EN EL PACIFICO ORIENTAL. Andraka et al. 218<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

VARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia<br />

mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL<br />

Paulo C. R. Barata 1 , Victoria González Carman 2,3 , Alexsandro S. dos Santos 4 , Ana Cristina V. Bondioli 5 ,<br />

Antonio <strong>de</strong> P. Almeida 6 , Armando J.B. Santos 4 , Augusto Cesar C. D. da Silva 6 , Berenice M. G. Gallo 4 ,<br />

Bruno <strong>de</strong> B. Giffoni 4 , Camila Domit 7 , Cecília Baptistotte 6 , Claudio Bellini 6 , Clenia M. P. Batista 8,9 , Daiana<br />

P. Bezerra 5 , Danielle S. Monteiro 10 , Diego Albareda 3,11 , Eduardo H.S.M. Lima 4 , Eron Paes e Lima 6 , Flávia<br />

Guebert-Bartholo 12 , Gilberto Sales 6 , Gustave G. Lopez 4 , Gustavo D. Stahelin 4 , Ignacio Bruno 3 , Jaqueline<br />

C. <strong>de</strong> Castilhos 4 , João C. A. Thomé 6 , J<strong>org</strong>e A. A. Nunes 4 , José Henrique Becker 4 , Juçara Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong> 4 ,<br />

Liana Rosa 13 , Maria A. Marcovaldi 6 , Maria Thereza D. Melo 4 , Rita Mascarenhas 8 , Sérgio C. Estima 10 , e<br />

Eugenia Naro-Maciel 14<br />

1<br />

Fundação Oswaldo Cruz, Rua Leopoldo Bulhões 1480-8A, 21041-210 Rio <strong>de</strong> Janeiro – RJ, Brasil (paulo.<br />

barata@ensp.fiocruz.br).<br />

2<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Investigación y Desarrollo Pesquero – CONICET, Paseo Victoria Ocampo nro. 1 (7600),<br />

Mar <strong>de</strong>l Plata, Argentina.<br />

3<br />

Aquamarina–CECIM – PRICTMA, Del Sauce 748 (7167), Pinamar, Argentina.<br />

4<br />

Fundação Pró-Tamar, Rua Rubens Guelli 134 sala 307 – Itaigara, 41815-135 Salvador – BA, Brasil.<br />

5<br />

Projeto Tartarugas, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Cananéia – IPeC, Rua Tristão Lobo 199, 11990-000 Cananéia – SP,<br />

Brasil.<br />

6<br />

Projeto Tamar-ICMBio, Caixa Postal 2219 – Rio Vermelho, 41950-970 Salvador – BA, Brasil.<br />

7<br />

Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, Av. Beira<br />

Mar s/n – Pontal do Sul, Cx. Postal 50.002, 83255-000 Pontal do Paraná – PR, Brasil.<br />

8<br />

Associação Guajiru: Ciência–Educação–Meio Ambiente, Av. Oceano Atlântico s/n – Intermares, 58310-000<br />

Cabe<strong>de</strong>lo – PB, Brasil.<br />

9<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba, Campus V, Rua<br />

Horácio Trajano <strong>de</strong> Oliveira s/n – Cristo Re<strong>de</strong>ntor, 58020-540 João Pessoa – PB, Brasil.<br />

10<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA, Rua Maria Araújo 450 – Cassino, 96207-480 Rio<br />

Gran<strong>de</strong> – RS, Brasil.<br />

11<br />

Acuario <strong>de</strong>l Jardín Zoológico <strong>de</strong> Buenos Aires – PRICTMA, República <strong>de</strong> la India 2900 (1425), Ciudad Autónoma<br />

<strong>de</strong> Buenos Aires, Argentina.<br />

12<br />

Pós-Graduação em Oceanografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco, 50740-550 Recife – PE, Brasil.<br />

13<br />

Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

20550-013 Rio <strong>de</strong> Janeiro – RJ, Brasil.<br />

14<br />

Biology Department, College of Staten Island, City University of New York, Staten Island, NY 10314, USA.<br />

Palavras-chave: biogeografia, estágios ontogenéticos, áreas <strong>de</strong> alimentação, <strong>conservação</strong>, Atlântico Sul<br />

Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Introdução<br />

As <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s (Chelonia mydas), após o nascimento nas praias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova e um período <strong>de</strong><br />

alguns anos na zona oceânica do mar, realizam, quando juvenis pequenas, uma mudança para a zona nerítica<br />

(Musick e Limpus 1997). A transição da zona oceânica para a zona nerítica e a distribuição geográfica <strong>de</strong> juvenis<br />

e adultos pelas áreas <strong>de</strong> alimentação costeiras ainda são insuficientemente conhecidas, assim como os fatores<br />

que as <strong>de</strong>finem. O conhecimento <strong>de</strong>stes aspectos da história natural das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> nos permitir<br />

um melhor entendimento da sua biologia populacional, tem implicações para a <strong>conservação</strong> da espécie, por<br />

possibilitar o estabelecimento <strong>de</strong> relações mais claras entre áreas geográficas, estágios ontogenéticos das<br />

<strong>tartarugas</strong>, fatores ambientais ou <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m e ações <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>. A tartaruga-ver<strong>de</strong> atualmente está<br />

classificada como Ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).<br />

A tartaruga-ver<strong>de</strong> tem ampla distribuição na costa leste da América do Sul (Pritchard 1976; Marcovaldi e<br />

Marcovaldi 1999; González Carman et al. 2011). Este trabalho tem como objetivo analisar a variação, em larga<br />

escala, da distribuição do tamanho (medido pelo comprimento curvo da carapaça, CCC) das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s<br />

ao longo <strong>de</strong> parte da costa leste da América do Sul, com dados obtidos em áreas costeiras, com vistas a uma<br />

melhor compreensão da biogeografia da espécie na região.<br />

Metodologia<br />

A área <strong>de</strong> estudo vai da latitu<strong>de</strong> 2,93°S (Ceará, norte do Brasil) à latitu<strong>de</strong> 42,57°S (norte da Patagônia,<br />

Argentina); a extensão <strong>de</strong> litoral coberta é <strong>de</strong> aproximadamente 6500 km (Fig. 1). O período <strong>de</strong> estudo vai <strong>de</strong> 1<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2005 a 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010.<br />

Foram analisados registros <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> encalhadas, observadas boiando na água ou capturadas<br />

inci<strong>de</strong>ntalmente em pesca costeira. Foram excluídos das análises: (1) registros reprodutivos em praias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova,<br />

incluindo as três principais áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova da tartaruga-ver<strong>de</strong> no Brasil: Trinda<strong>de</strong>, Atol das Rocas e Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha; (2) registros não-reprodutivos (encalhes, capturas, etc.) obtidos nestas três áreas reprodutivas; (3)<br />

capturas inci<strong>de</strong>ntais em pesca por espinhéis ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva (ocorrem geralmente fora da área costeira); (4)<br />

capturas intencionais (por <strong>pesquisa</strong>dores) por meio <strong>de</strong> mergulho, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera ou outras artes <strong>de</strong> pesca.<br />

Para <strong>tartarugas</strong> marcadas, as recapturas foram excluídas das análises. A metodologia <strong>de</strong>sta <strong>pesquisa</strong> será<br />

apresentada em <strong>de</strong>talhe em artigo futuro.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Mapa da América do Sul e Oceano Atlântico. Os círculos pretos indicam os locais das amostras. Brasil:<br />

1 = oeste do Ceará, 2 = Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, 3 = Paraíba, 4 = Alagoas, 5 = Sergipe, 6 = norte da Bahia, 7 = norte<br />

do Espírito Santo, 8 = sul do Espírito Santo, 9 = norte do Rio <strong>de</strong> Janeiro, 10 = norte <strong>de</strong> São Paulo, 11 = sul <strong>de</strong><br />

São Paulo, 12 = Paraná, 13 = Santa Catarina, 14 = sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul; Argentina: 15 = San Clemente, 16 =<br />

Bahía Blanca, 17 = norte da Patagônia. Os triângulos indicam áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova <strong>de</strong> Chelonia mydas mencionadas<br />

no texto. O mapa <strong>de</strong> base for produzido pelo Maptool (www.seaturtle.<strong>org</strong>).<br />

As análises estatísticas foram realizadas com o programa R 2.13.1 (R Development Core Team 2011). A relação<br />

entre CCC e latitu<strong>de</strong> (Fig. 2) foi analisada por meio <strong>de</strong> regressões não-paramétricas por quantis (Koenker 2005),<br />

utilizando o pacote quantreg do programa R.<br />

Resultados e Discussão<br />

O CCC das <strong>tartarugas</strong> variou entre 8 e 140 cm (N = 12.247). A distribuição do CCC segundo a latitu<strong>de</strong><br />

está apresentada na Fig. 2. Po<strong>de</strong> ser observado nesta figura: (1) há uma variação sul–norte na distribuição do<br />

CCC: a amplitu<strong>de</strong> do CCC aumenta do sul para o norte (a distribuição vai se “alargando” nesta direção); no<br />

extremo sul (ao sul da latitu<strong>de</strong> 35°S, Argentina) existem essencialmente <strong>tartarugas</strong> entre 30 e 50 cm, e à medida<br />

que vamos para o norte há <strong>tartarugas</strong> cada vez menores e também cada vez maiores; (2) <strong>tartarugas</strong> com CCC ><br />

100 cm, <strong>de</strong> forma geral adultas, ocorrem essencialmente ao norte da latitu<strong>de</strong> 15°S (Bahia); (3) juvenis pequenas<br />

(CCC < 20 cm aproximadamente) ocorrem ao norte da latitu<strong>de</strong> 15°S; (4) juvenis com CCC entre 20 e 100 cm<br />

ocorrem ao longo <strong>de</strong> toda a área <strong>de</strong> estudo.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 2. Chelonia mydas, comprimento curvo da carapaça (CCC) por latitu<strong>de</strong>, do sul para o norte, leste<br />

da América do Sul, 1 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2005 a 31 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 (N = 12.247). As curvas são regressões nãoparamétricas<br />

por quantis, conforme a coluna <strong>de</strong> números à direita: curvas pontilhadas = quantis 0,05 e 0,95;<br />

curvas tracejadas = quantis 0,25 e 0,75; curva contínua = quantil 0,50 (mediana). As linhas horizontais indicam<br />

os CCCs <strong>de</strong> 20 e 100 cm.<br />

A Fig. 2 sugere que existe uma continuida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> distribuição geográfica das <strong>tartarugas</strong>ver<strong>de</strong>s<br />

ao longo da costa leste da América do Sul, o que é compatível com análises genéticas da estrutura<br />

populacional <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong>sta espécie na região, que apontam origens comuns para os indivíduos ali encontrados,<br />

principalmente Ascension Island e Suriname, com contribuições variadas <strong>de</strong> outras áreas, inclusive Trinda<strong>de</strong><br />

(Fig. 1; Naro-Maciel et al. 2007; Proietti et al. 2009; Naro-Maciel et al. dados não publicados).<br />

A continuida<strong>de</strong> mencionada acima sugere hipóteses quanto ao processo <strong>de</strong> recrutamento das <strong>tartarugas</strong>ver<strong>de</strong>s<br />

para a zona nerítica e sua posterior distribuição pela região costeira da área <strong>de</strong> estudo. A hipótese<br />

preliminar mais imediata parece ser que o recrutamento ocorreria principalmente na região norte, possivelmente<br />

<strong>de</strong>vido a uma combinação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> correntes marinhas, proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova, temperatura<br />

do mar e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento, com subseqüentes <strong>de</strong>slocamentos, ao menos por parte das <strong>tartarugas</strong>,<br />

para o sul e posteriormente para o norte, on<strong>de</strong> vivem as <strong>tartarugas</strong> subadultas e adultas – o norte do Brasil é<br />

área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s adultas que <strong>de</strong>sovam em Ascension, Suriname, Guiana Francesa<br />

e possivelmente Caribe (Pritchard 1976; Mortimer e Carr 1987; Lima et al. 2008). A análise da variação da<br />

distribuição do CCC não só em relação à latitu<strong>de</strong> mas também em relação às estações do ano e a fatores<br />

ambientais possivelmente nos permitirá avaliar esta ou outras hipóteses a respeito do recrutamento e da<br />

distribuição geográfica.<br />

Os resultados aqui apresentados <strong>de</strong>vem ser vistos <strong>de</strong>ntro da perspectiva <strong>de</strong> que foram obtidos com base<br />

em dados coletados oportunisticamente em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rotina <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, e não através <strong>de</strong><br />

amostragens planejadas.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

González-Carman, V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.G. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique,<br />

R. González, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a<br />

temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508.<br />

Koenker, R. 2005. Quantile Regression. Cambridge University Press, Cambridge, UK.<br />

Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, M.M. Severo, e P.C.R. Barata. 2008. Green turtle tag recovery further links northern<br />

Brazil to the Caribbean region. Marine Turtle Newsletter 119:14-15.<br />

Marcovaldi, M.A., e G.G. <strong>de</strong>i Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMAR-<br />

IBAMA. Biological Conservation 91:35-41.<br />

Mortimer, J.A., e A. Carr. 1987. Reproduction and migrations of the Ascension Island green turtle (Chelonia<br />

mydas). Copeia 1987:103-113.<br />

Musick J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. Páginas 137-163 in Lutz,<br />

P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA.<br />

Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. DeSalle. 2007. Testing dispersal hypotheses<br />

in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39.<br />

Pritchard, P.C.H. 1976. Post-nesting movements of marine turtles (Cheloniidae and Dermochelyidae) tagged in<br />

the Guianas. Copeia 1976: 49-754.<br />

Proietti, M.C., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L. da S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L.F. Marins. 2009. Green turtles<br />

(Chelonia mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: genetic characterization and mixed stock<br />

analysis through mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618.<br />

R Development Core Team. 2011. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for<br />

Statistical Computing, Vienna, Austria [www.R-project.<strong>org</strong>].<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA<br />

CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO CERRO<br />

VERDE, URUGUAI<br />

Gustavo Martinez-Souza 1,2,3 , Mauro Russomagno 2 , Bruno Techera 2 , Gabriela Velez 2 , Igor Monteiro 4 , e<br />

Paul G. Kinas 5<br />

1<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> – FURG. CP<br />

474, CEP 96.201-900, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil. (souza_oceano@yahoo.com.br)<br />

2<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay.<br />

3<br />

Projeto da Tartaruga no Sul <strong>de</strong> Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia <strong>de</strong> Itapirubá, Imbituba, SC, Brasil.<br />

4<br />

Laboratório <strong>de</strong> Oceanografia Física – Instituto <strong>de</strong> Oceanografia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> – FURG.<br />

CP 474, CEP 96.201-900, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil.<br />

5<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática, Estatística e Física – IMEF, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> – FURG. CP 474, CEP<br />

96.201-900, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil.<br />

Palavras-chave: baixas temperaturas, médias latitu<strong>de</strong>s, hipotermia.<br />

Introdução<br />

A tartaruga-ver<strong>de</strong> Chelonia mydas, catalogada como “em perigo <strong>de</strong> extinção” na lista vermelha da União<br />

Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2010), é uma espécie circumglobal <strong>de</strong> hábitos herbívoros<br />

e costeiros após fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no ambiente oceânico-pelágico (Hirth 1997).<br />

Diversos projetos <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> surgiram nos últimos 30 anos para avaliar os riscos e <strong>de</strong>senvolver<br />

medidas favoráveis à <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas no mundo. Porém, 90% das ações são realizadas<br />

em áreas <strong>de</strong> reprodução. A escassez <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>senvolvidos em áreas <strong>de</strong> alimentação com alto gradiente<br />

<strong>de</strong> temperatura ao longo do ano e baixas temperaturas (< 15 o C) limita a informação sobre a resistência térmica<br />

corporal das <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

A temperatura superficial do mar (TSM) po<strong>de</strong> influenciar o metabolismo e o nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas (Moon et al. 1997). Adultos <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> apresentam temperaturas corporais (TCs)<br />

superiores à TSM, resultado <strong>de</strong> adaptação fisiológica que acarreta uma vantagem termal (Standora et al. 1982).<br />

Porém, juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m apresentar limitações em relação à TSM, diretamente relacionada à TC.<br />

Mendonça (1983) observou uma inibição alimentar em juvenis no Atlântico Norte quando as TCs estavam abaixo<br />

dos 18ºC, enquanto juvenis na Austrália a inibição ocorreu aos 14ºC, sugerindo que as populações <strong>de</strong> tartarugaver<strong>de</strong><br />

do padrão genético Pacífico-Índico são mais resistentes a baixas temperaturas do que as populações do<br />

padrão genético Atlântico-Mediterrâneo (Read et al. 1996).<br />

Porém, as baixas temperaturas apresentadas na região <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguai, contradizem essa<br />

afirmativa. Apesar do mesmo padrão genético das <strong>tartarugas</strong> da Flórida, os limites observados na região<br />

assemelha-se aos observados na Austrália e Califórnia (Read et al. 1996; Koch et al. 2007).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> em Cerro Ver<strong>de</strong> foram observados alimentando-se em temperaturas <strong>de</strong> até<br />

14ºC e permaneceram na região durante o inverno (observação pessoal dos autores). Apesar da resistência a<br />

baixas temperaturas da água, esta influenciará diretamente a taxa <strong>de</strong> crescimento somático e suas condições<br />

corpóreas.<br />

Os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho são: (1) verificar a partir da TC, se o metabolismo e a ativida<strong>de</strong> dos juvenis<br />

<strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> em Cerro Ver<strong>de</strong> está diretamente relacionada à TSM ou se existe uma adaptação fisiológica<br />

<strong>de</strong> ganho térmico que auxilie a resistência a baixas temperaturas; e (2) verificar a possivel influência da TSM na<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação ou inibição alimentar e hipotermia ao longo dos últimos 5 anos.<br />

Metodologia<br />

Juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> foram capturados intencionalmente através <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe <strong>de</strong> 50 m <strong>de</strong><br />

comprimento, 3,2 m <strong>de</strong> altura e 30 cm <strong>de</strong> malha entre-nós. A TC dos indivíduos foi registrada imediatamente<br />

após a captura, com um termômetro <strong>de</strong> mercúrio, lubrificado com vaselina, inserido <strong>de</strong> 5 a 10 cm na cloaca, on<strong>de</strong><br />

foi mantido até a estabilização para leitura (2 a 3 minutos) (Read et al. 1996). O mesmo termômetro foi então<br />

utilizado para medir a TSM in situ, coletada a meia-água em uma profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,5 a 2 m. Um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

regressão linear foi utilizado para correlacionar TC e TSM.<br />

Para verificar a possível influência da TSM na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação ou inibição alimentar e hipotermia<br />

nos juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, foram coletados dados <strong>de</strong> TSM nos últimos cinco anos (2006 a<br />

2010) através do OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis - http://ghrsst-pp.metoffice.<br />

com/pages/latest_analysis/ostia.html), produto <strong>de</strong> TSM e concentração <strong>de</strong> gelo marinho. O produto final do OSTIA<br />

possui resolução temporal diária e espacial <strong>de</strong> aproximadamente 6 km. Os dados do OSTIA estão disponíveis<br />

on-line através <strong>de</strong> um servidor OPENDAP (Open-source Project for a Network Data Access Protocol). As<br />

temperaturas diárias foram classificadas em: ótimas para alimentação (>18ºC); vulneráveis à inibição alimentar<br />

(14ºC–18ºC), inibição alimentar e vulnerabilida<strong>de</strong> à hipotermia (10ºC–14ºC) e críticas a encalhes em massa por<br />

hipotermia (


V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Relação entre Temperatura Corporal (TC) e Temperatura Superficial do Mar (TSM), ambos em graus<br />

Celsius (ºC) em indivíduos juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas, capturados em Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguai,<br />

entre 2006 e 2010.<br />

Nos últimos 5 anos, as temperaturas em Cerro Ver<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18ºC, classificadas como ótimas para a<br />

alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento, estiveram presentes em torno da meta<strong>de</strong> dos dias em todos os anos (Fig. 2).<br />

As ocorrências <strong>de</strong> temperaturas vulneráveis à inibição alimentar variaram <strong>de</strong> 2 a 4 meses. As temperaturas entre<br />

10ºC a 14ºC também foram observadas anualmente em mais <strong>de</strong> 20% dos dias. Nesse caso, quase uma estação<br />

do ano apresentou características ambientais não registradas anteriormente como viáveis à alimentação, sendo<br />

vulneráveis à hipotermia e consequentemente ao <strong>de</strong>senvolvimento dos juvenis. Temperaturas abaixo dos 10ºC,<br />

críticas a encalhes em massa por hipotermia não foram observadas em todos os anos. Porém, foram observadas<br />

em 2007 e 2009, sendo quase um terço do inverno <strong>de</strong> 2007.<br />

Figura 2. Dados diários <strong>de</strong> Temperatura Superficial do Mar (ºC) na região <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguai, entre 206 e<br />

2011, segundo OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Num panorama geral, observamos que os juvenis encontraram condições ótimas ambientais para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento durante meta<strong>de</strong> do ano e na outra meta<strong>de</strong>, condições <strong>de</strong>sfavoráveis ou suscetíveis à inibição<br />

alimentar. Assim, o crescimento dos juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> em Cerro Ver<strong>de</strong> tem forte tendência a não<br />

apresentar um aspecto linear, assim como observado em Koch et al. (2007) em juvenis do Pacífico Norte. Neste<br />

caso, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento sazonal, adicionado a um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento anual,<br />

se faz necessário para a compreensão do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stes juvenis em médias latitu<strong>de</strong>s do Atlântico Sul<br />

Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Por prolongado tempo, TSMs abaixo dos 10ºC po<strong>de</strong>m causar hipotermia em gran<strong>de</strong> parte do estoque<br />

presente, seguido <strong>de</strong> encalhes massivos. Essa reação hipotérmica, conhecida como “cold-stunning”, gerará um<br />

<strong>de</strong>crécimo na frequência cardíaca e na circulação sanguínea, seguida <strong>de</strong> choque, pneumonia e possivelmente<br />

o óbito. O monitoramento <strong>de</strong>sses eventos proporcionam uma oportunida<strong>de</strong> única para obter informações sobre<br />

“cold-stunning” e o consequente impacto às populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas (Witherington e Ehrhart 1989).<br />

Além do mais, a estratégia <strong>de</strong> hibernação, postulada como hipótese por Felger et al. (1976) po<strong>de</strong> ser observada e<br />

testada como uma estratégia <strong>de</strong> sobrevivência dos juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> para suportarem as temperaturas<br />

registradas na região. A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>sses eventos no Atlântico Sul fortalece a necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong><br />

monitoramentos ao longo das quatro estações do ano.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem a equipe <strong>de</strong> técnicos e voluntários <strong>de</strong> Karumbé pelo apoio na coleta <strong>de</strong> dados e ao<br />

National Centre for Ocean Forecasting pelo OSTIA. Gustavo Martinez Souza agra<strong>de</strong>ce a CAPES pelo apoio<br />

financeiro.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Felger, R.S., K. Cliffton, e P.J. Regal. 1976. Winter dormancy in sea turtles: in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt discovery and exploitation<br />

in the Gulf of California, México by two local cultures. Science 191:283-285.<br />

Hirth, H.F. 1997. Synopsis of the biological data on the green turtle Chelonia mydas (Linnaeus 1758). Biological<br />

Report 97:1-120.<br />

IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. .<br />

Koch, V., L.B. Brook, e W.J. Nichols. 2007. Population ecology of the green/black turtle (Chelonia mydas) in Bahía<br />

Magdalena, Mexico. Marine Biology 153:35-46.<br />

Mendonça, M.T. 1983. Movements and feeding ecology of immature green turtles (Chelonia mydas) in a Florida<br />

lagoon. Copeia 1983:1013-1023.<br />

Moon, D.Y., D. Mackenzie, e D. Owens. 1997. Simulated hibernation of sea turtles in the laboratory: I. Feeding,<br />

breathing frequency, blood pH, and blood gases. Journal of Experimental Zoology 278:372-380.<br />

Read, M.A., G.C. Grigg, e C.J. Limpus. 1996. Body temperatures and winter feeding in immature green turtles,<br />

Chelonia mydas, in Moreton Bay, Southeastern Australia. Journal of Herpetology 30:262-265.<br />

Standora, E.A., J.R. Spotila, e R.E. Foley. 1982. Regional endothermy in the sea turtle, Chelonia mydas. Journal<br />

of Thermal Biology 7:159-165.<br />

Witherington, B.E., e L.M. Ehrart. 1989. Hypothermic stunning and mortality of marine turtles in the Indian River<br />

Lagoon system, Florida. Copeia 1989:696-703.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO,<br />

SAZONALIDADE E AMEAÇAS.<br />

Estéfane Cardinot Reis 1 , Jailson Fulgencio <strong>de</strong> Moura 2 , e Salvatore Siciliano 2<br />

1<br />

Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rua São Francisco Xavier 524, PHLC - Sala 205, CEP 20.550-013,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ. (est.cardinot@gmail.com).<br />

2<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos), ENSP/FIOCRUZ.<br />

Palavras-chave: monitoramento, encalhes, interação antrópica, fibropapilomatose, Bacia <strong>de</strong> Campos.<br />

Introdução<br />

No Brasil, ocorrem cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys<br />

imbricata, Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea, e todas frequentam o litoral centro-norte do estado<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). Todas são consi<strong>de</strong>radas ameaçadas <strong>de</strong> extinção em<br />

âmbito nacional e mundial, encontrando-se no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada <strong>de</strong> Extinção do<br />

MMA (Ministério do Meio Ambiente), na Lista Vermelha <strong>de</strong> Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for<br />

Conservation of Nature) e no Apêndice I da CITES (Convention on International Tra<strong>de</strong> in Endangered Species of<br />

Wild Fauna and Flora).<br />

Até o século XIX, as <strong>tartarugas</strong> marinhas foram abundantes nos mares tropicais e temperados.<br />

Entretanto, as pressões ambientais, causadas principalmente pela interferência antrópica através da exploração<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> recursos naturais e <strong>de</strong>scaracterização <strong>de</strong> habitats, têm <strong>de</strong>terminado a atual condição <strong>de</strong> ameaça<br />

às populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas e <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>las (Lutcavage et al. 1997).<br />

Na Bacia <strong>de</strong> Campos, outro fator preocupante está associado aos possíveis impactos <strong>de</strong>correntes das<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração e produção <strong>de</strong> petróleo e gás natural (E&P) sobre a biodiversida<strong>de</strong> local, uma vez que<br />

o estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro é responsável por mais <strong>de</strong> 80% da produção petrolífera do país (Agência Nacional<br />

do Petróleo 2011). As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> E&P, apesar <strong>de</strong> licenciadas e monitoradas, representam potenciais riscos<br />

ambientais, tais como vazamentos e <strong>de</strong>rramamentos <strong>de</strong> substâncias <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> hidrocarbonetos do petróleo,<br />

extremamente danosas à saú<strong>de</strong> do ecossistema marinho. Além disso, o incremento do tráfego <strong>de</strong> embarcações<br />

e os a<strong>de</strong>nsamentos populacionais em função das ativida<strong>de</strong>s petrolíferas na região promovem uma <strong>de</strong>gradação<br />

crônica do ambiente e maior ameaça à fauna marinha local (Silva et al. 2008).<br />

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos registrar a diversida<strong>de</strong>, distribuição e<br />

sazonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas ao longo do litoral centro-norte do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro e investigar as<br />

principais ameaças a esses <strong>org</strong>anismos na região. Além disso, com o intuito <strong>de</strong> avaliar a condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas e do ambiente que frequentam, também foram avaliadas a interação com resíduos sólidos<br />

antropogênicos, casos <strong>de</strong> fibropapilomatose e a presença <strong>de</strong> agentes bacterianos das Famílias Vibrionaceae e<br />

Aeromonadaceae nos espécimes encalhados.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Metodologia<br />

Entre janeiro <strong>de</strong> 2009 e setembro <strong>de</strong> 2010, foram realizados monitoramentos <strong>de</strong> praia regulares na<br />

região compreendida entre Praia <strong>de</strong> Itaúna, Saquarema e Barra do Furado, Quissamã, pela equipe do Grupo <strong>de</strong><br />

Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos). Esses monitoramentos foram realizados<br />

no âmbito do Projeto Habitats - Heterogeneida<strong>de</strong> Ambiental da Bacia <strong>de</strong> Campos, coor<strong>de</strong>nado pelo CENPES/<br />

PETROBRAS, e totalizaram cerca <strong>de</strong> 13.000 km <strong>de</strong> área percorrida. Também foi realizado um embarque, no<br />

primeiro semestre <strong>de</strong> 2009, através <strong>de</strong> plataforma <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>. Adicionalmente, foram utilizadas informações<br />

prévias referentes ao encalhe <strong>de</strong> quelônios marinhos para esta área entre agosto <strong>de</strong> 2001 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008.<br />

Os espécimes encontrados foram i<strong>de</strong>ntificados quanto à espécie com base em padrões morfológicos<br />

<strong>de</strong>scritos internacionalmente (Pritchard e Mortimer 2000). As medidas morfométricas foram tomadas conforme<br />

indicado em Wyneken (2001), sendo utilizadas para <strong>de</strong>finir o estágio <strong>de</strong> vida. Indivíduos vivos ou em estado inicial<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>composição foram examinados em relação à presença <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> interação antrópica e <strong>de</strong> tumores<br />

externos indicativos <strong>de</strong> fibropapilomatose. Quando possível, os conteúdos gastrointestinais foram triados para<br />

avaliar a presença <strong>de</strong> resíduos. Além disso, foram coletadas amostras para análises bacteriológicas conduzidas<br />

pelo Laboratório <strong>de</strong> Referência Nacional <strong>de</strong> Cólera e outras Enteroinfecções Bacterianas (LRNCEB), FIOCRUZ,<br />

conforme metodologia <strong>de</strong>scrita em Pereira et al. (2008).<br />

As proporções <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> espécimes foram comparadas por estação do ano, períodos chuvoso e<br />

seco, e com e sem ressurgência. A significância estatística <strong>de</strong>ssas variações foi <strong>de</strong>terminada através do teste <strong>de</strong><br />

qui-quadrado.<br />

Resultados e Discussão<br />

Entre 2001 e 2010, foram registradas 539 ocorrências <strong>de</strong> quelônios marinhos na região, sendo 528 <strong>de</strong><br />

encalhes ao longo da costa centro-norte do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, 10 <strong>de</strong> registros reprodutivos <strong>de</strong> C. caretta<br />

em Quissamã, e somente um <strong>de</strong> avistagem <strong>de</strong> indivíduo não i<strong>de</strong>ntificado durante embarque na Bacia <strong>de</strong> Campos.<br />

Dos 539 indivíduos registrados, 74,4% foram <strong>de</strong> C. mydas, 9,1% <strong>de</strong> L. olivacea, 8,0% <strong>de</strong> C. caretta, 1,1% <strong>de</strong><br />

E. imbricata, 2,4% <strong>de</strong> D. coriacea e 5,0% <strong>de</strong> espécimes não i<strong>de</strong>ntificados. Desse total, 61% correspon<strong>de</strong>ram a<br />

jovens, 3,3% a subadultos e 13,5% a adultos, sendo que não foi possível <strong>de</strong>finir o estágio <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> 22,1% dos<br />

espécimes. A maior abundância <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> C. mydas po<strong>de</strong> ser justificada pelo fato <strong>de</strong> que a espécie apresenta<br />

distribuição mais costeira, utilizando essas áreas para alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento. A Bacia <strong>de</strong> Campos<br />

representa uma potencial zona <strong>de</strong> alimentação para <strong>tartarugas</strong> e outros <strong>org</strong>anismos marinhos, tendo em vista<br />

a ocorrência do fenômeno <strong>de</strong> ressurgência em Arraial do Cabo e o aporte <strong>de</strong> matéria <strong>org</strong>ânica proveniente do<br />

Rio Paraíba do Sul. A presença <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong> L. olivacea na região po<strong>de</strong> igualmente estar associada a esse fato<br />

ou à utilização da Bacia <strong>de</strong> Campos como parte da rota migratória para áreas <strong>de</strong> alimentação mais ao sul. A<br />

ocorrência <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong> C. caretta está provavelmente relacionada à utilização da região norte do estado do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro como sítio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova <strong>de</strong>ssa espécie. Finalmente, E. imbricata e D. coriacea foram menos abundantes<br />

possivelmente em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas preferências por habitats recifais e pelágicos, respectivamente.<br />

As ocorrências <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas concentraram-se no inverno (N = 159), período seco (N = 332) e<br />

sem ressurgência (N = 255), nas penínsulas <strong>de</strong> Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, além da área costeira ao<br />

sul da <strong>de</strong>sembocadura do Rio Paraíba do Sul. No inverno, a predominância do vento sudoeste é responsável por<br />

<strong>de</strong>slocar as massas d’água superficiais em direção ao continente, favorecendo o encalhe <strong>de</strong> carcaças à <strong>de</strong>riva. A<br />

existência <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> alimentação na região po<strong>de</strong>ria explicar a maior concentração <strong>de</strong> <strong>org</strong>anismos nessas<br />

áreas.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Foram reportados 72 casos evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> interação antrópica. A pesca, como causa direta ou indireta,<br />

foi responsável por 44,4% dos casos <strong>de</strong> interação antrópica, seguida pela interação com embarcações (29,2%)<br />

e com plástico (26,4%). No entanto, a importância da interação com resíduos sólidos antropogênicos é mais<br />

significativa ao consi<strong>de</strong>rarmos que 43,9% dos 41 conteúdos do trato gastrointestinal triados apresentaram<br />

material plástico.<br />

Somente 13 indivíduos apresentaram tumores indicativos <strong>de</strong> fibropapilomatose. No entanto, esta condição<br />

não pô<strong>de</strong> ser verificada na maioria dos espécimes em função <strong>de</strong> seu avançado estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição.<br />

Os casos concentraram-se na espécie C. mydas e geograficamente na península <strong>de</strong> Armação dos Búzios e<br />

adjacências. Tal distribuição po<strong>de</strong>ria estar associada à maior presença <strong>de</strong> poluentes na região, fato que ainda<br />

<strong>de</strong>ve ser investigado. Esta é uma condição preocupante e <strong>de</strong>ve ser continuamente monitorada. Igualmente,<br />

a elevada incidência <strong>de</strong> agentes bacterianos dos gêneros Vibrio (88%) e Aeromonas (53%) e sua gran<strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> indicam a importância da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e monitoramento microbiológico, além <strong>de</strong> reforçar<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> proteção ambiental na região.<br />

A coleta sistemática <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> encalhe <strong>de</strong> quelônios marinhos na região centro-norte do estado<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro é inédita, apresentando gran<strong>de</strong> importância para o entendimento do uso da região pelas<br />

diferentes espécies, assim como para a maior compreensão acerca das principais ameaças a suas populações<br />

e consequente direcionamento <strong>de</strong> políticas mitigadoras. De forma geral, os resultados indicam que as <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas que frequentam a região sofrem a iminente ameaça da interação negativa com artes <strong>de</strong> pesca, resíduos<br />

sólidos antropogênicos, embarcações e poluição local, que revelam simultaneamente a <strong>de</strong>gradação ambiental<br />

da região centro-norte fluminense e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações mitigadoras urgentes.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Equipe GEMM-Lagos, LRNCEB-FIOCRUZ, Secretarias Municipais <strong>de</strong> Meio Ambiente, Corpos <strong>de</strong> Bombeiros,<br />

Colônias <strong>de</strong> Pesca e membros das comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Lutcavage, M.E., P. Plotkin, B. Witherington, e P.L. Lutz. 1997. Human impacts on sea turtle survival. Páginas<br />

387-409 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press, Florida.<br />

Pereira, C.S., S.D. Amorim, A.F.M. Santos, S. Siciliano, I.B. Moreno, P.H. Ott, e D.P. Rodrigues. 2008. Plesiomonas<br />

shigelloi<strong>de</strong>s and Aeromonadaceae family pathogens isolated from marine mammals of southern and southeastern<br />

Brazilian coast. Brazilian Journal of Microbiology 39:749-755.<br />

Pritchard, P.C.H., e J.A. Mortimer. 2000. Taxonomía, morfología externa e i<strong>de</strong>ntificación <strong>de</strong> las especies. Páginas<br />

23-44 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas <strong>de</strong> investigación y manejo<br />

para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4.<br />

Silva, J.M.C., R.L. Bozelli, L.F. Santos, e A.F. Lopes. 2008. Impactos Ambientais da Exploração e Produção <strong>de</strong><br />

Petróleo na Bacia <strong>de</strong> Campos, RJ. IV Encontro Nacional da Associação Nacional <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Graduação<br />

em Ambiente e Socieda<strong>de</strong> (Anppas), Brasília, DF, Brasil.<br />

Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtles. National Oceanic and Atmospheric Administration, U.S. Department<br />

of Commerce, NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-470.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Once años <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong> tortugas marinas en Uruguay: Resultados preliminares.<br />

Gabriela Vélez-Rubio 1,2 , Andrés Estra<strong>de</strong>s 1 , Alejandro Fallabrino 1 , e Jesús Tomás 2<br />

1<br />

Karumbé, Avda. Gral. Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay. (gaveru@alumni.uv.es)<br />

2<br />

Instituto Cavanilles, Universidad <strong>de</strong> Valencia Apdo. 22085, E-46071 Valencia, España.<br />

Palabras-clave: Red varamientos, distribución espacial, conservación, pesquerías, contaminación.<br />

Introducción<br />

La conservación <strong>de</strong> hábitats <strong>de</strong> alimentación se consi<strong>de</strong>ra como una prioridad para el manejo y<br />

supervivencia <strong>de</strong> las tortugas marinas (Tomás et al. 2001 y referencias incluidas). Las aguas <strong>de</strong> Uruguay forman<br />

parte <strong>de</strong> una región importante para la alimentación y el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> varias especies <strong>de</strong> tortugas marinas en el<br />

Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal (ASO).<br />

De las siete especies <strong>de</strong> tortugas marinas en el mundo, cinco están citadas para aguas uruguayas:<br />

Chelonia mydas (ver<strong>de</strong>), Caretta caretta (cabezona), Lepidochelys olivacea (olivácea), Dermochelys coriacea<br />

(siete quillas) (Achaval 2001) y Eretmochelys imbricata (carey) (Estra<strong>de</strong>s et al. 2007). Las dos primeras están<br />

catalogadas en peligro <strong>de</strong> extinción, la olivácea cómo vulnerable y las dos últimas en peligro crítico por la UICN<br />

(2011).<br />

Aunque las inferencias obtenidas <strong>de</strong> datos <strong>de</strong> varamientos están sujetas a diversos problemas, cuando<br />

se integra información proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> una amplia extensión <strong>de</strong> costa y largos periodos <strong>de</strong> tiempo estos datos<br />

pue<strong>de</strong>n proporcionar información sobre distribución, estacionalidad, amenazas, biología y ciclo vital <strong>de</strong> las<br />

tortugas marinas, en concreto para los estadios <strong>de</strong> vida poco representados en la literatura (Witt et al. 2007,<br />

Tomás et al. 2008).<br />

Los objetivos <strong>de</strong> este trabajo son <strong>de</strong>scribir la distribución espacial <strong>de</strong> los varamientos <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

en la costa uruguaya en el periodo 1999-2010, i<strong>de</strong>ntificar las zonas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsidad para las especies más<br />

frecuentes e inferir, <strong>de</strong> forma preliminar, las posibles causas <strong>de</strong> varamientos.<br />

Metodología<br />

El área <strong>de</strong> estudio abarca toda la costa platense y oceánica <strong>de</strong> Uruguay, 710 km, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Nueva Palmira<br />

(33º53´S, 58º25´O) hasta Barra <strong>de</strong>l Chuy (33º44´S, 53º22´O), frontera con Brasil. Por las características <strong>de</strong> las<br />

masas <strong>de</strong> agua se pue<strong>de</strong> dividir el área en: zona estuarina interior (350 km), <strong>de</strong> Nueva Palmira hasta Montevi<strong>de</strong>o<br />

(34º52 Ś, 56º00´O), zona estuarina exterior (130 km), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Montevi<strong>de</strong>o hasta Punta <strong>de</strong>l Este (34º58´S, 56º56´O),<br />

y zona atlántica (230 km, Des<strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Este hasta Barra <strong>de</strong>l Chuy).<br />

Se registraron las tortugas marinas varadas entre 1999 y 2010 gracias a la Red <strong>de</strong> Varamientos creada por<br />

la ONG Karumbé. Se recibieron registros <strong>de</strong> particulares, pescadores, prefecturas locales, asociaciones locales,<br />

ONGs, y servicios <strong>de</strong> guardavidas. De cada varamiento se obtuvo fecha, ubicación y/o posición <strong>de</strong> GPS, especie,<br />

causa <strong>de</strong>l varamiento y longitud curva <strong>de</strong>l caparazón (LCC). Algunos <strong>de</strong> los varamientos se georreferenciaron<br />

con el programa Google Earth (Google Inc. 2009).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

En la medida <strong>de</strong> lo posible, técnicos <strong>de</strong> Karumbé se <strong>de</strong>splazaron a los lugares <strong>de</strong>l varamiento para<br />

realizar necropsias a fin <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar la causa <strong>de</strong> muerte y tomar muestras para posteriores estudios.<br />

La distribución espacial <strong>de</strong> los varamientos se analizó mediante sistemas <strong>de</strong> información geográfica<br />

(SIG). Se analizó la <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> tortugas varadas por especie en las zonas citadas y, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> éstas, por<br />

secciones <strong>de</strong> 10 km <strong>de</strong> costa. La información geopolítica digitalizada proviene <strong>de</strong>l programa FREPLATA. Los<br />

mapas y análisis se realizaron con el programa ArcMap 10 (ESRI 2011).<br />

Adicionalmente se realizaron muestreos semanales <strong>de</strong> playas en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Rocha,<br />

principalmente en los meses estivales.<br />

Resultados y Discusión<br />

Entre 1999 y 2010 se registraron por la Red <strong>de</strong> varamientos un total <strong>de</strong> 886 ejemplares <strong>de</strong> tortugas<br />

marinas, 520 (58,69%) ver<strong>de</strong>s, 244 (27,54%) cabezonas, 118 (13,32%) siete quillas, 3 (0,34%) carey y 1 (0,11%)<br />

olivácea. Las dos últimas no se tuvieron en cuenta para los mapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsidad por su baja inci<strong>de</strong>ncia.<br />

La zona atlántica presenta la mayor concentración <strong>de</strong> tortugas ver<strong>de</strong>s (<strong>de</strong>nsidad media ± DT = 15,74<br />

± 30,88), seguida <strong>de</strong> la cabezona (7,61 ± 11,31) y la siete quillas (2,35 ± 2,26). Destaca el área norte <strong>de</strong> esta<br />

zona como punto <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong> las tres especies. Los ejemplares <strong>de</strong> carey y olivácea<br />

aparecieron también en esta zona.<br />

En el estuario, la zona exterior es la que presenta mayor concentración <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong> las tres<br />

especies (Tabla 1). En cambio, en la zona interior los varamientos son muy escasos <strong>de</strong>bido probablemente a la<br />

baja <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> tortugas, entre otras características, por la baja salinidad en esta zona.<br />

Tabla 1. Densidad <strong>de</strong> varamientos (número <strong>de</strong> varamiento por 10 km <strong>de</strong> costa) por especie y por zona geográfica<br />

en la costa <strong>de</strong> Uruguay: (1) zona Río <strong>de</strong> la Plata interior; (2) zona Río <strong>de</strong> la Plata exterior; (3) Zona atlántica; N:<br />

número total <strong>de</strong> varamientos por especie en cada una <strong>de</strong> las zonas; DT: Desviación típica.<br />

La tortuga ver<strong>de</strong> es la especie con mayor <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> varamientos en la costa uruguaya (7,15 ± 19,18).<br />

En estudios anteriores se i<strong>de</strong>ntificó la costa uruguaya cómo un importante área <strong>de</strong> alimentación y <strong>de</strong>sarrollo para<br />

los juveniles <strong>de</strong> C. mydas (Laporta et al. 2006), principalmente las zonas estuarina exterior y atlántica (Fig. 1).<br />

La tortuga siete quillas presenta mayor <strong>de</strong>nsidad en la zona estuarina exterior (4 ± 2,29). Aunque es<br />

una especie principalmente <strong>de</strong> ambientes oceánicos, López-Mendilaharsu et al. (2009) i<strong>de</strong>ntificaron el estuario<br />

<strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata cómo un área <strong>de</strong> alimentación para esta especie, particularmente durante los meses cálidos<br />

(diciembre-abril).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

La cabezona presenta una distribución uniforme en las zonas estuarina exterior y atlántica, <strong>de</strong>stacando<br />

el elevado número <strong>de</strong> varamientos en la zona oriental <strong>de</strong>l Departamento <strong>de</strong> Rocha, en la zona atlántica.<br />

En la zona atlántica encontramos más varamientos durante los meses cálidos; lo que coinci<strong>de</strong> con los<br />

datos obtenidos por Monteiro (2004) en Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Brasil). Para la zona estuarina el máximo se produce<br />

en otoño (marzo-junio).<br />

Figura 1. Mapas <strong>de</strong> la costa <strong>de</strong> Uruguay, con los cinco <strong>de</strong>partamentos costeros (Colonia, San José, Montevi<strong>de</strong>o,<br />

Canelones, Maldonado y Rocha). En cada uno <strong>de</strong> los mapas se muestra la <strong>de</strong>nsidad, por secciones <strong>de</strong> 10<br />

km, <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong> tortugas marinas registradas por la Red <strong>de</strong> Varamientos entre 1999 y 2010 para cada<br />

una <strong>de</strong> las especies: C. mydas (●), C. caretta (▲) y D. coriacea (■) (notar los diferentes rangos <strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

varamientos). Las estrellas indican los principales puertos y asentamientos pesqueros (<strong>de</strong> Oeste a Este): Kiyú,<br />

Playa Pascual, Pajas Blancas, Montevi<strong>de</strong>o, Buceo, Lagomar, Atlántida, San Luis, Piriápolis, Solis, Punta Fría, La<br />

Barra, Jose Ignacio, La Paloma, Cabo Polonio, Barra <strong>de</strong> Valizas y Punta <strong>de</strong>l Diablo. Escala: 1:3.500.000. Sistema<br />

<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas: GCS_WGS_1984.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

En la mayoría <strong>de</strong> los casos es difícil asociar la causa <strong>de</strong> varamiento, <strong>de</strong>bido al estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>scomposición<br />

o bien a la imposibilidad <strong>de</strong> analizar directamente el ejemplar varado.<br />

Se i<strong>de</strong>ntificó la causa <strong>de</strong> varamiento en 186 casos (21% <strong>de</strong>l total, siendo 146 ver<strong>de</strong>s, 23 cabezonas y<br />

17 siete quillas). En éstos, la interacción con pesquerías ha sido una <strong>de</strong> las principales causas <strong>de</strong> varamiento<br />

<strong>de</strong>tectadas (en ver<strong>de</strong> el 20,5%; en cabezona el 26,1% y en siete quillas el 94,1% <strong>de</strong> los varamientos).<br />

Para la tortuga ver<strong>de</strong> otra causa importante fue la obstrucción intestinal por ingestión <strong>de</strong> residuos sólidos,<br />

principalmente por plásticos (22% <strong>de</strong> 146 tortugas). El 89% <strong>de</strong> estos casos provienen <strong>de</strong> la zona atlántica. Otras<br />

causas <strong>de</strong> varamientos <strong>de</strong>tectadas fueron, hipotermia y colisiones con embarcaciones.<br />

Aunque se observan variabilidad en los registros año a año, el número anual <strong>de</strong> varamientos presenta<br />

una correlación positiva con el tiempo; lo cual pue<strong>de</strong> indicar que la Red, si bien mejora en su eficacia, aun<br />

no registra la totalidad <strong>de</strong> los varamientos que se producen. Esto se observa en el Departamento <strong>de</strong> Rocha<br />

(zona atlántica), don<strong>de</strong> Karumbé <strong>de</strong>sarrolla muestreos <strong>de</strong> playas durante los meses cálidos. Tales muestreos<br />

registraron un total 221 varamientos que no fueron <strong>de</strong>tectados por la red.<br />

Estas evi<strong>de</strong>ncias indican que la Red <strong>de</strong> varamientos aun no contempla el número total <strong>de</strong> varamientos<br />

en las costas uruguayas, y que precisa <strong>de</strong> una mayor difusión para mejorar su eficacia. Sin embargo, los datos<br />

obtenidos aportan importante información sobre el número <strong>de</strong> especies y su abundancia relativa, así como sobre<br />

las principales amenazas, en las diferentes zonas <strong>de</strong> la costa uruguaya.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

A los integrantes, técnicos y voluntarios <strong>de</strong> Karumbé. Agra<strong>de</strong>cemos el apoyo <strong>de</strong> los siguientes proyectos:<br />

CGL2011-30413 <strong>de</strong>l MICNN (España) y la acción especial UV-INV-AE11-42960 <strong>de</strong> la Universidad <strong>de</strong> Valencia.<br />

Permiso Fauna: 73/08.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Achaval, F. 2001. Actualización sistemática y mapas <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> los reptiles <strong>de</strong>l Uruguay. Smithsonian<br />

Herpetological Information Service 129.<br />

ESRI. 2011. ArcGIS Desktop: Release 10. Redlands, CA: Environmental Systems Research Institute.<br />

Estra<strong>de</strong>s, A, M.N. Caraccio, F. Scarabino, e H. Caymaris. 2007. Presencia <strong>de</strong> la tortuga carey (Eretmochelys<br />

imbricata) en Uruguay. Página 51. Resúmenes III Reunión Sobre Investigación y Conservación <strong>de</strong> Tortugas<br />

Marinas <strong>de</strong>l ASO. Piriápolis, Uruguay.<br />

Google Inc. 2009. Google Earth (versión 5.2.1.1588).<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http://<br />

www.redlist.<strong>org</strong>. Acceso 31/07/2011.<br />

Laporta, M., P. Miller, M. Ríos, A. Bauzá, A. Aisenberg, M.A. Pastorino, e A. Fallabrino. 2006. Conservación y<br />

manejo <strong>de</strong> tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 259-269. En Menafra R, Rodríguez-Gallego<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

L, Scarabino F y Con<strong>de</strong> D (Eds.). Bases para la conservación <strong>de</strong> la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay,<br />

Montevi<strong>de</strong>o.<br />

López-Mendilaharsu, M., C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, e L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback<br />

turtle movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology<br />

and Ecology 378:31-39.<br />

Monteiro DS. 2004. Encalhes e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Monografia (Graduação em Biologia). FURG.<br />

Tomás, J., F.J. Aznar, e J.A. Raga. 2001. Feeding ecology of the loggerhead turtle Caretta caretta in the western<br />

Mediterranean. Journal of Zoology, London 255:525-532.<br />

Tomás, J., P. Gozalbes, J.A. Raga, e B.J. Godley. 2008. Bycatch of loggerhead sea turtles: insights from 14 years<br />

of stranding data. Endangered Species Research 5:167-169.<br />

Witt, M.J., R. Penrose, e B.J. Godley. 2007. Spatio-temporal patterns of juvenile marine turtle occurrence in<br />

waters of the European continental shelf. Marine Biology 151:873-885.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

causas <strong>de</strong> mortalidad en juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas en el Área costero marina<br />

Protegida “Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla”, Uruguay<br />

Luciana Alonso 1,* , y Gabriela Vélez-Rubio 1<br />

1<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o<br />

* (aloluciana@gmail.com)<br />

Palabras-clave: mortalidad, conservación, residuos sólidos, interacción con pesquerías<br />

Introducción<br />

La región <strong>de</strong>l Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal (ASO) constituye un área <strong>de</strong> alimentación y <strong>de</strong>sarrollo para individuos<br />

juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas, listada como “en Peligro” <strong>de</strong> extinción por la IUCN (2011). Las principales amenazas<br />

para esta especie en la región son la interacción con pesquerías y residuos antropogénicos sólidos (Bugoni et al.<br />

2001; Albareda et al. 2007; Alonso et al. 2009). En Uruguay el Área Costero Marino Protegida (ACMP) <strong>de</strong> Cerro<br />

Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla (Rocha), <strong>de</strong>stacada por su gran biodiversidad y valor ecológico, constituye una <strong>de</strong><br />

las más importantes zonas <strong>de</strong> alimentación para C. mydas en el país, <strong>de</strong> valor crítico a escala regional (López-<br />

Mendilaharsu et al. 2006). Estudios preliminares mostraron que las principales causas <strong>de</strong> mortalidad para esta<br />

especie son la interacción con artes <strong>de</strong> pesca y enredo o ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos sólidos (Alonso et al. 2009).<br />

Este estudio tiene por objetivo <strong>de</strong>terminar las principales causas <strong>de</strong> mortalidad <strong>de</strong> C. mydas en el ACMP<br />

Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla, durante los últimos cuatro años, analizar su variación a lo largo <strong>de</strong>l tiempo y<br />

la posible asociación entre la muerte por ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos sólidos y las tallas <strong>de</strong> las tortugas.<br />

Metodología<br />

El área <strong>de</strong> estudio se encuentra centrada en Cerro Ver<strong>de</strong> (33º56’ S – 53º 29’ O) y se extien<strong>de</strong> 41 km<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Diablo (34º02’ S – 53º32’ O) hasta Barra <strong>de</strong>l Chuy (33º44’ S – 53º 22’ O). La línea <strong>de</strong> costa<br />

compren<strong>de</strong> una extensa playa arenosa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el límite con Brasil hasta Punta Coronilla, a partir <strong>de</strong> la cual se<br />

intercalan arcos <strong>de</strong> playas con cabos rocosos.<br />

Durante enero-marzo 2008 y enero-abril 2009, 2010 y 2011 se relevaron los varamientos <strong>de</strong> C. mydas<br />

a través <strong>de</strong> censos <strong>de</strong> playa semanales y reportes a la Red <strong>de</strong> Varamientos y Rescate <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong><br />

Karumbé. Se midió el largo estándar curvo <strong>de</strong>l caparazón (LCC) y se examinó externamente a todas las tortugas<br />

a fin <strong>de</strong> registrar traumas, heridas y evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> interacción con activida<strong>de</strong>s humanas. Dependiendo <strong>de</strong>l estado<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scomposición, se practicó una necropsia a fin <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar la causa <strong>de</strong> muerte, la cual fue asignada sólo<br />

cuando las evi<strong>de</strong>ncias eran suficientes para hacerlo <strong>de</strong> modo inequívoco.<br />

Para estudiar variaciones temporales en la inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> las distintas causas <strong>de</strong> muerte se utilizó la<br />

prueba Chi-Cuadrado <strong>de</strong> Ten<strong>de</strong>ncia. Para analizar variaciones en las tallas entre años y entre causas <strong>de</strong> muerte<br />

se utilizó la prueba <strong>de</strong> ANOVA <strong>de</strong> una vía y comparaciones por pares por el método <strong>de</strong> Tukey. Cuando no<br />

se cumplieron los supuestos <strong>de</strong> normalidad y/o homogeneidad <strong>de</strong> varianzas los datos fueron transformados<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

utilizando log 10. Cuando los datos transformados no cumplieron con los supuestos se utilizaron las pruebas<br />

no paramétricas <strong>de</strong> Mann-Whitney y Kruskal-Wallis. Las pruebas fueron ejecutadas con el programa BioEstat<br />

versión 3.0 (Ayres et al. 2003).<br />

Resultados y Discusión<br />

Durante el período <strong>de</strong> estudio se registraron 185 juveniles <strong>de</strong> C. mydas varados muertos o encontrados<br />

con vida que murieron durante el proceso <strong>de</strong> rehabilitación. A través <strong>de</strong> 123 necropsias practicadas, las causas<br />

<strong>de</strong> muerte fueron ingesta <strong>de</strong> residuos sólidos, 34,9%, e interacción con artes <strong>de</strong> pesca, 32,5% (re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enmalle<br />

<strong>de</strong> pesquerías artesanales y <strong>de</strong> subsistencia/<strong>de</strong>portivas), mientras que en los casos restantes fue in<strong>de</strong>terminada.<br />

La causa <strong>de</strong> muerte por ingesta incluyó principalmente obstrucción <strong>de</strong>l intestino por formación <strong>de</strong> fecalomas,<br />

necrosis, úlceras y perforaciones <strong>de</strong> estómago e/o intestino. Durante 2008, los casos <strong>de</strong> interacción con<br />

pesquerías estuvieron asociados al esfuerzo <strong>de</strong> un sólo pescador. En particular durante 2009, se registró un<br />

varamiento masivo <strong>de</strong> 32 individuos asociado al esfuerzo pesquero <strong>de</strong> la flota artesanal <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Diablo. Si<br />

bien el área no se <strong>de</strong>staca por ser una zona <strong>de</strong> alta actividad pesquera, los resultados presentados muestran<br />

que eventos aislados pue<strong>de</strong>n generar un alto impacto. La mortalidad por interacción con pesquerías e ingesta <strong>de</strong><br />

residuos sólidos en C. mydas varadas registrada en este estudio presenta las tasas más elevadas para la región<br />

<strong>de</strong>l ASO (Bugoni et al. 2003; Monteiro, 2004; Guebert-Bartholo et al. 2011; Stahelin et al. 2011).<br />

Mientras que se registró una ten<strong>de</strong>ncia creciente en la inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> residuos en las causas <strong>de</strong> muerte<br />

(GL = 1; χ 2 = 16,57; P < 0,01), la interacción con artes <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>creció (GL = 1; χ 2 = 13,30; P < 0,01) a lo largo<br />

<strong>de</strong> los años (Tabla 1). Dado que la producción <strong>de</strong> residuos sólidos sigue incrementándose, es <strong>de</strong> esperar que la<br />

ten<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> esta causa <strong>de</strong> muerte siga en aumento durante los próximos años.<br />

Tabla 1. Varamientos y causas <strong>de</strong> muerte <strong>de</strong> individuos juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas en el ACMP <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong><br />

e Islas <strong>de</strong> La Coronilla, Uruguay.<br />

La talla <strong>de</strong> tortugas muertas por ingesta <strong>de</strong> residuos en 2008, 2009 y 2010, fue menor al <strong>de</strong>l resto <strong>de</strong><br />

los animales varados en los respectivos años, mientras que en 2011 no se registraron diferencias significativas<br />

(Tabla 2). Estos resultados podrían <strong>de</strong>berse a la cercanía al cambio ontogenético en su dieta y/o a una mayor<br />

vulnerabilidad <strong>de</strong> los individuos <strong>de</strong> pequeñas tallas a presentar obstrucciones.<br />

La talla media <strong>de</strong> tortugas que murieron por ingesta durante los distintos años aumentó significativamente<br />

entre 2010 (LCC = 32,6 ± 2,0) y 2011 (LCC = 37,8 ± 5,8) (Kruskal-Wallis; GL = 3; H = 9,62; P < 0,05), variación<br />

que podría estar asociada a un incremento en el nivel <strong>de</strong> contaminación <strong>de</strong>l ambiente marino, o bien a que las<br />

tortugas podrían haberse alimentado en zonas más <strong>de</strong>gradadas. Las tallas <strong>de</strong> los individuos que murieron por<br />

otras causas varió entre 2009 (LCC = 46,2 ± 1,4) y 2011 (LCC = 38,1 ± 5,0) (ANOVA; GL = 3; SC = 593,48; F =<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

2,83; P < 0,05). Este resultado pue<strong>de</strong> explicarse por el varamiento masivo <strong>de</strong>bido a interacción con pesquerías<br />

registrado el primer año, ya que los individuos varados por dichas causas presentan mayores tallas (Alonso et<br />

al. 2009).<br />

Tabla 2. Análisis <strong>de</strong> varianza <strong>de</strong> tallas <strong>de</strong> juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas en el ACMP <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La<br />

Coronilla, Uruguay <strong>de</strong> acuerdo a causas <strong>de</strong> mortalidad.<br />

Grados <strong>de</strong> libertad (GL), suma <strong>de</strong> cuadrados (SC), radio <strong>de</strong> Fisher (F), valor estadístico U <strong>de</strong> Mann-Whitney (U)<br />

y nivel <strong>de</strong> significancia (P).<br />

Durante el presente trabajo se registró el impacto directo <strong>de</strong> la ingesta <strong>de</strong> residuos sobre la mortalidad.<br />

Pero cabe <strong>de</strong>stacar, que los efectos indirectos pue<strong>de</strong>n ser aún mayores, dado que la ingesta podría disminuir las<br />

tasas <strong>de</strong> crecimiento extendiendo el período <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> mayor vulnerabilidad a <strong>de</strong>predadores y retrasar la<br />

madurez sexual aumentando la probabilidad <strong>de</strong> mortalidad antes <strong>de</strong> alcanzar al estadío reproductivo (MacCauley<br />

y Bjorndal 1999).<br />

Dada la gran mortalidad <strong>de</strong> juveniles <strong>de</strong> C. mydas por ingesta <strong>de</strong> residuos sólidos registrada, así como<br />

por su ten<strong>de</strong>ncia en aumento y los antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> la región <strong>de</strong>l ASO en materia <strong>de</strong> esta amenaza, resulta crítico<br />

y urgente <strong>de</strong>sarrollar estrategias <strong>de</strong> conservación a escala regional que permitan optimizar esfuerzos y mitigar<br />

esta problemática.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a RSGF por su apoyo financiero, a los miembros <strong>de</strong> Karumbé, técnicos y voluntarios que<br />

colaboraron con el estudio.<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Albareda, D., K. Álvarez, M. Iglesias, L. Prosdocimi, y V. González-Carman. 2007. ¡¡¡No te comas mi basura!!!<br />

Evi<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> ingestión <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos antrópicos en tortugas ver<strong>de</strong>s (Chelonia mydas) <strong>de</strong>l Estuario <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> La<br />

Plata y la Bahía <strong>de</strong> Samborombón – Pcia. <strong>de</strong> Buenos Aires – Argentina. Páginas 39-40 en A. Estra<strong>de</strong>s (Ed.).<br />

Libro <strong>de</strong> resúmenes <strong>de</strong> las III Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur<br />

Occi<strong>de</strong>ntal (ASO), Piriápolis.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Alonso, L., G. Martínez-Souza, L. Berrondo, y I. Triquez. 2009. Monitoreo <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong> juvenil, Chelonia<br />

mydas, en el área <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay. Páginas 40-42 en L. Prosdocimi, y V. González Carman (Eds.).<br />

Libro <strong>de</strong> resúmenes <strong>de</strong> las IV Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur<br />

Occi<strong>de</strong>ntal (ASO), Mar <strong>de</strong>l Plata.<br />

Ayres, M., J.M. Ayres, D.L. Ayres, y A.S. Santos. 2003. BioEstat 3.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências<br />

biológicas e médicas. Socieda<strong>de</strong> Civil Mamirauá, Manaus.<br />

Bugoni, L., L. Krause, y M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on sea turtles in southern Brazil.<br />

Marine Pollutin Bulletin 42:1330-1334.<br />

Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, y E.L.A. Monteiro Filho. 2011. Using gut contents to assess<br />

foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species<br />

Research 13:131-143.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http://<br />

www.redlist.<strong>org</strong>. Acceso 13/06/2011.<br />

López-Mendilaharsu, M., A. Estra<strong>de</strong>s, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernán<strong>de</strong>z, y V. Quirici. 2006. Biología,<br />

ecología y etología <strong>de</strong> las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en R. Menafra, L.<br />

Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Con<strong>de</strong> (Eds.). Bases para la conservación <strong>de</strong> la costa uruguaya. Vida<br />

Silvestre Uruguay, Montevi<strong>de</strong>o.<br />

MacCauley, S.J., y K.A. Bjorndal. 1999. Conservation implications from dietary dilution from <strong>de</strong>bris ingestion:<br />

sublethal effects in post-hatchling loggerhead sea turtles. Conservation Biology 13:925-929.<br />

Monteiro, D. 2004. Encalhes e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

FURG, 58 pp.<br />

Stahelin, G.D., M.C. Hennemann, D.W. Goldberg, C.T.Cegoni y J. Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong>. 2011. Marine <strong>de</strong>bris ingestion<br />

by Chelonia mydas in Santa Catarina coast, southern Brazil. 31 st Annual Symposium on Sea Turtle Biology and<br />

Conservation, San Diego, USA.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL<br />

Andrine P. da Silva 1,* , Danielle S. Monteiro 1 , e Sérgio C. Estima 1<br />

1<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental–NEMA. Rua Maria Araújo, 450, CEP 96.270-480, Rio Gran<strong>de</strong>/<br />

RS.<br />

* (andrine20@hotmail.com).<br />

Palavras–chave: monitoramento, mortalida<strong>de</strong>, <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Introdução<br />

Cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas utilizam a costa brasileira para alimentação e reprodução - Caretta<br />

caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea (Marcovaldi e<br />

Marcovaldi 1999).<br />

No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul-RS há registros das cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas (Pinedo et al. 1998). A<br />

maior parte das ocorrências é referente a encalhes <strong>de</strong> espécimes mortos <strong>de</strong> C. caretta, C. mydas e D. coriacea<br />

que utilizam esta região para alimentação (Pinedo et al. 1998; Bugoni et al. 2003; Barros 2007). Os encalhes são<br />

frequentes, principalmente nos meses <strong>de</strong> primavera e verão (Monteiro 2004).<br />

A plataforma continental no sul do Brasil está sob a influência da Convergência Subtropical, tornando esta<br />

região um ambiente com elevada produtivida<strong>de</strong> (Castello et al. 1998) e intensa ativida<strong>de</strong> pesqueira direcionada<br />

a peixes <strong>de</strong>mersais (Haimovici et al. 1998).<br />

A captura inci<strong>de</strong>ntal na pesca é a maior causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas (Oravetz 1999).<br />

A poluição dos oceanos também é uma ameaça, principalmente para C. mydas, <strong>de</strong>vido a ingestão <strong>de</strong> resíduos<br />

antropogênicos (Bugoni et al. 2003; Barros 2007).<br />

Este trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> caracterizar os encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no litoral sul do RS, com<br />

relação às espécies, tamanhos, variações anuais e sazonais.<br />

Metodologia<br />

A área <strong>de</strong> estudo esten<strong>de</strong>-se da Barra da Lagoa do Peixe (31°20’S/051°05’W) até a Barra do Arroio Chuí<br />

(33°45’S/053°22’W). Esta área é monitorada mensalmente percorrendo um total <strong>de</strong> 355 km <strong>de</strong> praia.<br />

Entre janeiro/2005 e <strong>de</strong>zembro/2010 foram percorridos 21881 km. Para cada indivíduo encalhado foi<br />

realizada a i<strong>de</strong>ntificação da espécie e a medida do comprimento curvilíneo da carapaça (CCC).<br />

Os espécimes foram classificados em imaturos ou adultos utilizando como base o tamanho mínimo das<br />

fêmeas que <strong>de</strong>sovam no Brasil. Foram consi<strong>de</strong>rados imaturos os espécimes <strong>de</strong> C. caretta com tamanho inferior<br />

a 83cm (Baptistotte et al. 2003), <strong>de</strong> C. mydas inferior a 101cm (Moreira et al. 1995), <strong>de</strong> D. coriacea inferior a<br />

139cm (Thomé et al. 2007), <strong>de</strong> L. olivacea inferior a 62,5cm (Silva et al. 2007) e para E. imbricata inferior a 86cm<br />

(Marcovaldi et al. 1999).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Devido às diferenças no esforço <strong>de</strong> amostragem os dados foram transformados em índices <strong>de</strong> abundância<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas para cada 10 km (I 10<br />

) <strong>de</strong> praia.<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram registradas 2734 <strong>tartarugas</strong> marinhas encalhadas, pertencentes as cinco espécies. Em 20<br />

indivíduos não foi possível a i<strong>de</strong>ntificação da espécie. A espécie C. caretta foi a mais frequente em todos os anos,<br />

com 1436 espécimes mortos, seguida <strong>de</strong> C. mydas com 951 encalhes e D. coriacea com 219 encalhes (Tabela<br />

1). Além <strong>de</strong>stes, foram registradas vivas 7 C. caretta, 69 C. mydas e 2 E. imbricata.<br />

Tabela 1. Encalhes e índice <strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas por 10 km <strong>de</strong> praia monitorados (I 10<br />

) no litoral<br />

sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2010.<br />

Foi observada variação sazonal nos encalhes. Para C. caretta os maiores índices ocorreram nos meses<br />

<strong>de</strong> novembro a abril. Para D. coriacea o aumento do índice foi <strong>de</strong> novembro a janeiro. Os maiores índices <strong>de</strong><br />

encalhes <strong>de</strong> C. mydas ocorreram nos meses <strong>de</strong> outubro a abril (Fig. 1).<br />

Figura 1. Índice mensal <strong>de</strong> encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas por 10 km <strong>de</strong> praia monitorados (I 10<br />

) no litoral sul<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2010.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Em quatro <strong>de</strong>stes seis anos foram registradas as cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>, com aumento significativo<br />

em 2010 <strong>de</strong> L. olivacea e E. imbricata. Para D. coriacea em 2005 foi registrado um encalhe em massa <strong>de</strong> 97<br />

<strong>tartarugas</strong> (Tabela 1).<br />

Comparando os resultados <strong>de</strong>ste estudo com os dados <strong>de</strong> Monteiro (2004) que registrou 994 encalhes<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> entre 1995 e 2004, nas praias do RS, <strong>de</strong>stas 496 C. caretta, 347 C. mydas e 106 D. coriacea,<br />

observa-se que triplicou o número <strong>de</strong> encalhes <strong>de</strong> C. caretta e C. mydas e dobrou o <strong>de</strong> D. coriacea.<br />

Os espécimes <strong>de</strong> C. caretta apresentaram CCC médio <strong>de</strong> 72,8 cm (n = 1097, mín = 33 cm, máx = 115cm,<br />

dp = 12,4 cm). Para C. mydas o tamanho médio foi <strong>de</strong> 39,8 cm (n = 964, mín = 26 cm, máx = 78, dp = 6,08 cm),<br />

D. coriacea 135,5 cm (n = 126, mín = 65cm, máx = 168cm, dp = 13,4cm), E. imbricata 40,2 cm (n = 17, mín = 29<br />

cm, máx = 60 cm, dp = 8,6 cm) e L. olivacea 62,2 cm (n=15, mín = 50,5 cm, máx = 75cm, dp = 6,2cm). Padrão<br />

semelhante foi observado por Monteiro (2004) para C. caretta, C. mydas e D. coriacea. Entretanto, para L.<br />

olivacea, Monteiro (2004) encontrou CCC médio <strong>de</strong> 67 cm, um pouco superior ao do presente estudo.<br />

A maioria dos encalhes, com exceção <strong>de</strong> L. olivacea foi <strong>de</strong> espécimes imaturos, correspon<strong>de</strong>ndo a 78,3%<br />

das C. caretta, 55,5% das D. coriacea, 26,6% das L. olivacea e 100% das C. mydas e E. imbricata.<br />

Entretanto, em <strong>de</strong>zembro/2009 e junho/2010 foram registradas mortas duas fêmeas <strong>de</strong> C. caretta<br />

com CCC <strong>de</strong> 97 cm e 90 cm, marcadas pelo Projeto TAMAR/ICMBio em Comboios/ES em 2007 e 2009,<br />

respectivamente. Em abril/2010 foi registrada morta uma fêmea <strong>de</strong> L. olivacea com CCC <strong>de</strong> 75 cm anilhada em<br />

Pirambu/SE em 2009 pelo Projeto TAMAR/ICMBio. Estas informações reforçam a hipótese <strong>de</strong> que o RS é uma<br />

área <strong>de</strong> alimentação para C. caretta e que também po<strong>de</strong> ser utilizada por alguns indivíduos <strong>de</strong> L. olivacea.<br />

O gran<strong>de</strong> aumento no número <strong>de</strong> encalhes <strong>de</strong> C. caretta, L. olivacea e E. imbricata po<strong>de</strong> estar relacionado<br />

ao crescimento das populações <strong>de</strong>stas espécies no Brasil (Marcovaldi e Chaloupka 2007; Marcovaldi et al.<br />

2007; Silva et al. 2007). Outra hipótese para o aumento po<strong>de</strong> ser atribuída a mudanças na dinâmica das frotas<br />

pesqueiras e/ou incremento do esforço <strong>de</strong> pesca na região.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Baptistotte, C., J.C.A. Thomé, e K.A. Bjorndal. 2003. Reproductive biology and conservation status of the<br />

loggerhead sea turtle (Caretta caretta) in Espírito Santo state, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:523-<br />

529.<br />

Barros, J.A. 2007. Ecologia alimentar da tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. Monografia<br />

<strong>de</strong> Bacharelado, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and<br />

Biology 4:685-688.<br />

Castello, J.P., M. Haimovici, C. O<strong>de</strong>brecht, e C.M. Vooren. 1998. A plataforma e o talu<strong>de</strong> continental. Páginas<br />

189-197 in Seeliger, U., C. O<strong>de</strong>brecht, e J.P. Castello (Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul<br />

do Brasil. Ecoscientia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Haimovici, M., J.P. Castello, e C.M. Vooren. 1998. Pescarias. Páginas 205-218 in Seeliger, U. C. O<strong>de</strong>brecht, e J.<br />

P. Castello (Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMAR-<br />

IBAMA. Biological Conservation 91:35-41<br />

Marcovaldi, M.A., C.F. Vietas, e M.H. Godfrey. 1999. Nesting and conservation management of hawksbill turtles<br />

(Eretmochelys imbricata) in northern Bahia, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 3:301-307.<br />

Marcovaldi, M.A., e M. Chaloupka. 2007. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging<br />

outlook. Endangered Species Research 3:133-143.<br />

Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, A.J.B. Santos, C. Bellini, e P.C.R. Barata. 2007. Fifteen years of<br />

hawksbill sea turtle (Eretmochelys imbricata) nesting in northern Brazil. Chelonian Conservation and Biology<br />

6:223-228<br />

Monteiro, D.S. 2004. Encalhes e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Monografia <strong>de</strong> Bacharelado, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Moreira, L., C. Baptistotte, J. Scalfone, J.C. Thomé, e A.P.L.S Almeida. 1995. Occurrence of Chelonia mydas on<br />

the Island of Trinda<strong>de</strong>, Brazil. Marine Turtle Newsletter 70:2.<br />

Oravetz, C.A. 1999. Reducing inci<strong>de</strong>ntal catch in fisheries. Páginas 189-193 in K.L. Eckert, K.A. Bjorndal, F.A.<br />

Abreu-grobois, e M. Donnelly (Eds.). Research and management techniques for the conservation of sea turtles.<br />

IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication.<br />

Pinedo, M.C., R.R. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andra<strong>de</strong>. 1998. Occurrence and feeding of sea turtles in southern<br />

Brazil. Página 51 in Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA.<br />

Silva, A.C.C.D., J.C. Castilhos, G.G. Lopez, e P.C.R. Barata. 2007. Nesting biology and conservation of the<br />

olive ridley sea turtle (Lepidochelys olivacea) in Brazil, 1991/1992 to 2002/2003. Journal of the Marine Biological<br />

Association of the United Kingdon 87:1-10.<br />

Thomé, J.C.A., C. Baptistotte, L.M.P. Moreira, J.T. Scalfoni, A.P. Almeida, D.B. Rieth, e P.C.R. Barata. 2007.<br />

Nesting biology and conservation of the leatherback sea turtle (Dermochelys coriacea) in the state of Espírito<br />

Santo, Brazil, 1988–1989 to 2003–2004. Chelonian Conservation and Biology 6:15-27.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE CANANÉIA, SP,<br />

BRASIL<br />

Ana Paula <strong>de</strong> S. Maistro 1 , Fabiano G. Costa 2 , e Ana Cristina V. Bondioli 1<br />

1<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Cananéia – IPeC. Rua Tristão Lobo, 199, CEP 11.990-000, Cananéia, SP. (anap_maistro@<br />

hotmail.com)<br />

2<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Norte do Paraná – UENP/CLM. CP 261, CEP 86.360-000, Ban<strong>de</strong>irantes, PR.<br />

Palavras-chave: Esqueletocronologia, tartaruga-ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sgaste ósseo, marca <strong>de</strong> crescimento do esqueleto.<br />

Introdução<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas possuem crescimento lento e padrão <strong>de</strong> comportamento migratório, tornando<br />

necessário um gran<strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> tempo para alcançar dados satisfatórios quanto ao seu crescimento<br />

(Bjorndal e Bolten 1988). A esqueletocronologia, técnica <strong>de</strong> analisar marcas <strong>de</strong> crescimento do esqueleto para<br />

obter informações sobre a história <strong>de</strong> vida, é um potencial método para investigar a ida<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

e seu crescimento (Zug 1990).<br />

Este método é baseado na premissa <strong>de</strong> que o crescimento <strong>de</strong> alguns ossos em vertebrados é cíclico, com<br />

períodos <strong>de</strong> crescimento ósseo mais rápido alternados com períodos que apresentam um menor crescimento,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser observados através <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas características histológicas (Castanet et al. 1993; Castanet<br />

1994).<br />

Snover e Hohn (2004) e Avens et al. (2009) empregaram a esqueletocronologia para verificar a presença<br />

das marcas <strong>de</strong> crescimento e estimar a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferentes espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. Zug et al. (2002),<br />

Zug e Glor (1998) também utilizaram a esqueletocronologia para <strong>de</strong>senvolver um mo<strong>de</strong>lo geral <strong>de</strong> crescimento<br />

para populações <strong>de</strong> diferentes locais.<br />

A escassez <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>s no país com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar a ida<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas faz<br />

com que existam lacunas sobre o tema, ressaltando a importância <strong>de</strong>sse trabalho <strong>de</strong> modo a contribuir para<br />

a compreensão da dinâmica <strong>de</strong>mográfica das populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas existentes atualmente. O<br />

presente trabalho teve por objetivo realizar uma análise esqueletocronológica das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s da região<br />

<strong>de</strong> Cananéia. O método escolhido foi o <strong>de</strong>sgaste ósseo com lixas <strong>de</strong> polimento; sua eficácia e valida<strong>de</strong> foram<br />

testadas para estimar a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chelonia mydas.<br />

Metodologia<br />

O Complexo Estuarino-Lagunar <strong>de</strong> Cananéia-Iguape (25°S; 48°O) está localizado na porção sul do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, su<strong>de</strong>ste do Brasil (Schaeffer-Novelli et al. 1990). O sistema estuarino possui gran<strong>de</strong><br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algas e angiospermas marinhas, alimentos <strong>de</strong> preferência das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, que<br />

ocorrem em gran<strong>de</strong>s bancos distribuídos ao longo do estuário (Guebert 2008), fornecendo um habitat i<strong>de</strong>al para<br />

forrageamento <strong>de</strong>sses animais que ocorrem em abundância o ano todo (Bondioli et al. 2008).<br />

Entre os meses <strong>de</strong> janeiro e agosto <strong>de</strong> 2010 foram realizados monitoramentos distribuídos entre as<br />

praias da Ilha Comprida e da Ilha do Cardoso, totalizando 1.067 km percorridos e 128,5 horas <strong>de</strong> expedições<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

<strong>de</strong> campo. As carcaças <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas encontradas tiveram seus dados biométricos tomados e os<br />

úmeros coletados. Uma secção transversal do úmero foi retirada na porção média da diáfise, próxima à crista<br />

<strong>de</strong>ltapeitoral, resultando em um fragmento <strong>de</strong> tecido ósseo <strong>de</strong> 3 a 5 mm <strong>de</strong> espessura.<br />

A confecção das lâminas foi realizada através da técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste ósseo que consiste no polimento do<br />

osso com lixa. A secção foi <strong>de</strong>sgastada manualmente por uma lixa com movimentos firmes e no mesmo sentido<br />

até obter uma camada <strong>de</strong> osso <strong>de</strong>lgada, o mesmo passou por um protocolo <strong>de</strong> coloração. As lâminas foram<br />

observadas em microscópio óptico para a verificação da presença das marcas <strong>de</strong> crescimento e fotografadas.<br />

O coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson foi calculado com o emprego do programa BioEstat 5.0 (Ayres et<br />

al. 2007), para <strong>de</strong>terminar o grau <strong>de</strong> associação entre o número <strong>de</strong> linhas correspon<strong>de</strong>nte à ida<strong>de</strong> e o tamanho<br />

dos indivíduos.<br />

Resultados e Discussão<br />

De janeiro a agosto <strong>de</strong> 2010 foram registrados 55 encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. A análise <strong>de</strong>ssas<br />

coletas indicou a ocorrência <strong>de</strong> três espécies na região: Chelonia mydas (48 encalhes, 87,27% do total), Caretta<br />

caretta (6 encalhes, 10,91% do total) e Eretmochelys imbricata (1 encalhe, 1,82% do total). Portanto, a tartarugaver<strong>de</strong><br />

foi a espécie com maior ocorrência durante o período amostral.<br />

Das 48 carcaças encontradas, oito <strong>de</strong>las não tiveram o úmero analisado <strong>de</strong>vido à ausência das nada<strong>de</strong>iras<br />

anteriores. Para a confecção das lâminas foi empregada a técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste ósseo a fim <strong>de</strong> testar um método<br />

diferente dos que são usualmente empregados em estudos <strong>de</strong> esqueletocronologia com <strong>tartarugas</strong> marinhas. O<br />

emprego do polimento ósseo é usado em estudos com peixes, anfíbios, répteis terrestres e mamíferos aquáticos<br />

(Siciliano et al. 2007; Secor et al. 2008; Ehret 2007; Esteban et al. 1998), <strong>de</strong>monstrando assim sua utilida<strong>de</strong> e<br />

eficácia na estimativa etária para outros grupos <strong>de</strong> vertebrados.<br />

Ao longo da região do córtex até a margem do periósteo foram observadas as marcas <strong>de</strong> crescimento<br />

ósseo que são <strong>de</strong>finidas por uma camada espessa clara seguida <strong>de</strong> uma linha estreita mais escura. O conjunto<br />

foi <strong>de</strong>finido como equivalente a um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com literatura (Castanet et al. 1993; Zug et al. 1986;<br />

Snover et al. 2007; Zug et al. 2002).<br />

Figura 1. Exemplar <strong>de</strong> um corte histológico transversal do úmero <strong>de</strong> Chelonia mydas, <strong>de</strong>monstrando três marcas<br />

<strong>de</strong> crescimento na região cortical, obtidas através do <strong>de</strong>sgaste ósseo.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

As marcas <strong>de</strong> crescimento foram visualizadas em 31 lâminas das 40 analisadas, obtendo-se um<br />

aproveitamento <strong>de</strong> 77,5% das amostras. O polimento excessivo e o fragmento ósseo não ter resultado do local<br />

i<strong>de</strong>al indicado, justificam as análises que não pu<strong>de</strong>ram ser realizadas.<br />

Nos indivíduos on<strong>de</strong> as marcas <strong>de</strong> crescimento pu<strong>de</strong>ram ser observadas, o tamanho do CCC (comprimento<br />

curvilíneo da carapaça) variou <strong>de</strong> 29,5 a 71 cm com média <strong>de</strong> 37,59 cm e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 7,42 cm, e o número<br />

<strong>de</strong> linhas visualizadas variou <strong>de</strong> três a doze (Fig. 1).<br />

A associação entre o CCC e o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crescimento foi medida através do coeficiente<br />

<strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson e o valor obtido foi r = 0,7688. Sendo assim estima-se que as <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s<br />

encontradas na região <strong>de</strong> Cananéia possuem ida<strong>de</strong> entre 3 e 12 anos (Fig. 2).<br />

Figura 2. Frequência do número <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s por classe <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> estimada em anos.<br />

Os dados obtidos nessa <strong>pesquisa</strong> corroboram a existência <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong><br />

Chelonia mydas na região <strong>de</strong> Cananéia, ressaltando a importância da continuação dos estudos para ampliar<br />

o conhecimento sobre o <strong>de</strong>senvolvimento das <strong>tartarugas</strong> marinhas, bem como nortear ações que visem à<br />

preservação <strong>de</strong>sses animais.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Avens, L., e L.R. Goshe. 2007. Comparative skeletochronological analysis of Kemp’s ridley (Lepidochelys kempii)<br />

and loggerhead (Caretta caretta) humeri and scleral ossicles. Marine Biology 152:1309-1317.<br />

Ayres, M., Jr. M.Ayres, D.L. Ayres, e A.S. Santos. 2007. BioEstat. Versão 5.0, Socieda<strong>de</strong> Civil Mamirauá, MCT –<br />

CNPq, Belém, Pará, Brasil.<br />

Bjorndal, K.A. e A.B. Bolten. 1988. Growth rates of juvenile loggerheads, Caretta caretta, in the Southern Bahamas.<br />

Journal of Herpetology 22:480-482.<br />

Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, T. Dellinger, C. Delgado, e H.R. Martins. 2003. Compensatory growth in oceanic<br />

loggerhead sea turtles: response to stochastic environment. Ecology 84:1237-1249.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Bondioli, A. C. V., S.M. Nagaoka, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2008. Chelonia mydas. Habitat and occurrence.<br />

Herpetological Review 39:213-213.<br />

Castanet, J. 1994. Age estimation and longevity in reptiles. Gerontology 40:174–192.<br />

Castanet, J., H. Francillon-Viellot, F. Meunier, e A. Dericqles. 1993. Bone and individual aging. In: Hall BK Bone:<br />

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Ehret, D.J. 2007. Skeletochronology: method for <strong>de</strong>terming the individual age and growth mo<strong>de</strong>rn and fossil<br />

tortoises (Reptilia: Testudines). Bulletin of the Florida Museum of Natural History 47:49-72.<br />

Esteban, M., J. Castanet, e B. Sanchiz. 1998. Inferring age and growth from remains of fossil and predated recent<br />

anurans: test case using skeletochronology. Canadian Journal of Zoology 76:1689-1695.<br />

Guebert, F. M. 2008. Ecologia alimentar e consumo <strong>de</strong> material <strong>org</strong>ânico por <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, Chelonia mydas,<br />

no litoral do Estado do Paraná. Dissertação (Mestrado em Zoologia), UFPR, Curitiba.<br />

Schaeffer-Novelli, Y., H. Mesquita, e G. Cintrón-Molero. 1990. The Cananéia lagoon estuarine system, SP, Brazil.<br />

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Secor, D.H., R.L. Wingate, J. Neilson, J. Rooker, e S.E. Campana. 2008. growth of atlantic bluefin tuna: direct age<br />

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Siciliano, S., R.A. Ramos, A.P.M. Di Beneditto, M.C.O. Santos, A.B. Fragoso, J. Lailson-Brito, A. Azevedo, A.C.<br />

Vicente, E. Zampirolli, F. Alvarenga, L. Barbosa, e W. Lima. 2007. Age and growth of some <strong>de</strong>lphinids in southeastern<br />

Brazil. Journal of Marine Biological Association of United Kingdom 87:293-303.<br />

Snover, M.L. 2002. Growth and ontogeny of sea turtles using skeletochronology: methods, validation and<br />

application to conservation. PhD Dissertation, Duke University, Durham, N. Carolina.<br />

Snover, M.L., L. Avens, e A. Hohn. 2007. Back-calculating length from skeletal growth marks in loggerhead sea<br />

turtles Caretta caretta. Endangered Species Research 3:95-104.<br />

Zug, G.R. 1990. Age <strong>de</strong>termination of long-lived reptiles: some techniques for seaturtles. Annales <strong>de</strong>s Sciences<br />

Naturelles 11:219-222.<br />

Zug, G.R., G. Balazs, A. Wetherall, M. Parker, e K. Murakawa. 2002. Age and growth of Hawaiian green sea<br />

turtles (Chelonia mydas): an analysis based on skeletochronology. Fishery Bulletin 100:117-127.<br />

Zug, G.R., A. Wynn, e H. Ruck<strong>de</strong>schel. 1986. Age <strong>de</strong>termination of loggerhead sea turtles, Caretta caretta, by<br />

incremental growth marks in the skeleton. Smithsonian Contributions to Zoology 427:1-34.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGAS-VERDES<br />

(Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS<br />

Cinthia Carneiro da Silva 1,* , Antonio Sérgio Varela Júnior 1 , Indianara Fernanda Barcarolli 1 , e Adalto<br />

Bianchini 1<br />

1<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong>, Av. Itália km 8, 96201-900, Rio Gran<strong>de</strong>,<br />

RS, Brasil.<br />

* (teca@vetorial.net)<br />

Palavras-chave: Chelonia mydas, tartaruga marinha, metais, contaminação, Praia do Cassino.<br />

Introdução<br />

Níveis elevados <strong>de</strong> metais foram relatados em <strong>tartarugas</strong> marinhas coletadas no Japão, Itália, França,<br />

Chipre, Havaí e Reino Unido (para revisão: Storelli e Marcotrigiano 2003). Apesar da importância da costa<br />

brasileira para o <strong>de</strong>senvolvimento e reprodução <strong>de</strong> várias espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, o primeiro estudo no<br />

Brasil foi somente publicado recentemente (Barbieri 2009).<br />

Anan et al. (2001) sugerem a dieta como principal fonte <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> metais em <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas. Neste contexto, é importante ressaltar que a costa do Atlântico Sul (RS, Brasil) é uma importante área<br />

<strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento para juvenis <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s. Consi<strong>de</strong>rando que esta região costeira<br />

vem apresentando um crescente <strong>de</strong>senvolvimento populacional, industrial e portuário, os indivíduos que aí vivem<br />

estão ameaçados pelo aumento da liberação <strong>de</strong> contaminantes químicos. Por exemplo, a concentração <strong>de</strong> cobre<br />

aumentou aproximadamente 15 vezes nas águas estuarinas da Lagoa dos Patos nos últimos 20 anos (Seeliger<br />

e Knak 1982; Baumgarten e Niencheski 1998).<br />

Assim, o objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi <strong>de</strong>terminar os níveis <strong>de</strong> metais essenciais (Cu e Zn) e não-essenciais<br />

(Cd, Pb e Ag) em diferentes tecidos (fígado, rim e músculo) <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s juvenis (Chelonia mydas)<br />

encalhadas ao longo das praias arenosas do sul do Brasil. Os dados foram analisados consi<strong>de</strong>rando a distribuição<br />

<strong>de</strong> metais entre os órgãos e possíveis correlações entre os metais em cada tecido. Também foram comparadas<br />

as concentrações dos metais nos tecidos <strong>de</strong> acordo com o sexo e a biometria.<br />

Metodologia<br />

Foram realizados monitoramentos <strong>de</strong> praia semanais entre agosto <strong>de</strong> 2008 e abril <strong>de</strong> 2009, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os “Molhes Oeste da Barra <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>” (32°09’42”S, 52°05’53”W) até o “Farol do Albardão” (33°25’30”S,<br />

52°57’06”W), totalizando 130 km <strong>de</strong> praia (Praia do Cassino, Brasil). Somente foram coletadas as <strong>tartarugas</strong>ver<strong>de</strong>s<br />

recentemente encalhadas, tendo sido i<strong>de</strong>ntificadas e medidas (comprimento curvilíneo da carapaça).<br />

Amostras <strong>de</strong> fígado, rim e músculo foram dissecadas, armazenadas em sacos plásticos, conservadas em gelo,<br />

transferidas para o laboratório e congeladas (-20°C) até a análise da concentração dos metais. As gônadas<br />

também foram dissecadas, fixadas (72 h) em Bouin e mantidas em álcool 70% até a análise histológica. O sexo<br />

foi i<strong>de</strong>ntificado com base na presença <strong>de</strong> folículos ovarianos (feminino) ou túbulos seminíferos (masculino).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

As amostras <strong>de</strong> tecidos foram <strong>de</strong>scongeladas, pesadas (1 g <strong>de</strong> peso úmido), secas até peso constante,<br />

pesadas (peso seco), digeridas em 2 ml <strong>de</strong> HNO 3<br />

(Suprapur Ò , Merck), e diluídas com 10 ml <strong>de</strong> água MilliQ Ò . As<br />

concentrações <strong>de</strong> Ag, Cd, Cu, Pb e Zn foram <strong>de</strong>terminadas por espectrofotometria <strong>de</strong> absorção atômica (EAA-<br />

932 Plus; GBC, New Hampshire, IL, EUA). Os dados foram expressos em μg metal/g <strong>de</strong> peso seco do tecido.<br />

Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM). A proporção sexual foi analisada<br />

pelo teste qui-quadrado. Os valores médios <strong>de</strong> CCC e concentração <strong>de</strong> metais em tecidos para machos e fêmeas<br />

foram comparados pelo teste t. Os valores médios <strong>de</strong> concentração para cada metal foram comparados entre<br />

os diferentes tecidos analisados e os valores médios <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> diferentes metais foram comparados<br />

<strong>de</strong>ntro do mesmo tecido. Estas comparações foram feitas usando a análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) seguida do<br />

teste <strong>de</strong> Tukey. Os pressupostos da ANOVA (normalida<strong>de</strong> dos dados e homogeneida<strong>de</strong> das variâncias) foram<br />

checados. Correlações entre CCC e concentração <strong>de</strong> metais, bem como entre as concentrações <strong>de</strong> metais em<br />

todos os tecidos analisados foi verificada pelo índice <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson. Em todos os casos, o nível <strong>de</strong><br />

significância adotado foi <strong>de</strong> 95%. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica 6.0<br />

(StatSoft, EUA).<br />

Resultados e Discussão<br />

Durante o monitoramento da praia, foram encontradas 29 <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s encalhadas. Destas, 18<br />

foram sexadas por histologia gonadal (10 fêmeas e 8 machos). Não houve diferença significativa no CCC (Tabela<br />

1) e nas concentrações teciduais <strong>de</strong> metais entre machos e fêmeas.<br />

Tabela 1. Comprimento curvilíneo da carapaça (cm) das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s encalhadas e coletadas na Praia do<br />

Cassino (Sul do Brasil). EPM = erro padrão da média.<br />

Não foram observadas correlações entre as concentrações <strong>de</strong> metais e o CCC. Portanto, os dados <strong>de</strong><br />

todas as <strong>tartarugas</strong> coletadas foram agrupados e analisados (n = 29). A Fig 1 mostra o valor da concentração<br />

média para cada metal analisado no músculo, fígado e rim <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s. O músculo exibiu as menores<br />

concentrações <strong>de</strong> metais quando comparado com o fígado e o rim. No músculo, o Zn apresentou a maior<br />

concentração média (16,61 μg/g peso seco). O rim apresentou as maiores concentrações médias <strong>de</strong> Zn, Cd<br />

e Pb (54,33; 28,26 e 5,42 μg/g peso seco, respectivamente). Por sua vez, o fígado apresentou as maiores<br />

concentrações médias <strong>de</strong> Cu e Ag (100,87 e 0,83 μg/g peso seco, respectivamente).<br />

As concentrações teciduais <strong>de</strong> Ag foram consi<strong>de</strong>radas baixas. Por outro lado, as concentrações <strong>de</strong> Cu e Pb<br />

foram consi<strong>de</strong>radas elevadas. De fato, os sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos e zona costeira adjacente<br />

(costa sul do Brasil) mostraram níveis particularmente elevados <strong>de</strong> Cd, Cu, Pb e Zn nos sedimentos (Niencheski<br />

et al. 2006) e nas águas <strong>de</strong> superfície (Barbosa 2007). Segundo Niencheski et al. (2006), a contaminação por<br />

Cd, Pb e Cu nos sedimentos estaria associada às <strong>de</strong>scargas das indústrias <strong>de</strong> fertilizantes, esgoto urbano e<br />

ativida<strong>de</strong>s portuárias, respectivamente. As altas concentrações <strong>de</strong>sses metais no ambiente costeiro (Niencheski<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

et al. 2006) associadas ao hábito alimentar das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tamanho similares às coletadas na costa sul<br />

do Brasil (Hirth 1997) po<strong>de</strong>riam explicar os altos níveis <strong>de</strong> Cu e Pb encontrados nas <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s analisadas<br />

no presente estudo. Já as concentrações <strong>de</strong> Zn, Ag e Cd foram comparáveis àquelas observadas em <strong>tartarugas</strong>ver<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> outras regiões do mundo. Porém, as concentrações <strong>de</strong> Cu e Pb foram superiores àquelas relatadas<br />

para <strong>tartarugas</strong> marinhas (Maffucci et al. 2005; Barbieri 2009).<br />

Figura 1. Concentrações dos metais nos tecidos (músculo, fígado e rim) <strong>de</strong> Chelonia mydas juvenis encalhadas<br />

na Praia do Cassino (Sul do Brasil).<br />

No presente estudo, as correlações entre os diferentes metais analisados (Ag, Cd, Cu, Pb e Zn) foram<br />

avaliadas nos tecidos estudados. Nos tecidos mais contaminados (fígado e rim) foram observadas correlações<br />

positivas entre os metais não-essenciais (Ag, Cd e Pb) e os essenciais (Cu ou Zn). Estas correlações estão<br />

provavelmente associadas à síntese <strong>de</strong> metalotioneínas induzida pelo Zn e/ou Cu, visando à proteção dos tecidos<br />

contra os efeitos tóxicos dos metais não-essenciais. Neste caso, os metais essenciais po<strong>de</strong>riam estar induzindo<br />

a síntese <strong>de</strong>stas proteínas para se proteger contra os potenciais efeitos tóxicos dos metais não-essenciais.<br />

Apesar do importante papel da costa do RS como área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento para C.<br />

mydas, este é o primeiro estudo a relatar os níveis <strong>de</strong> diversos metais em diferentes tecidos <strong>de</strong>sta espécie no<br />

sul do Brasil.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Ao “Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq) pelo apoio financeiro.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

Anan, Y., T. Kunito, I. Watanabe, H. Sakai, e S. Tanabe. 2001. Trace element accumulation in hawksbill turtle<br />

(Eretmochelys imbricata) and green turtle (Chelonia mydas) from Yaeyama Islands, Japan. Environmental<br />

Toxicology and Chemistry 20:2802-2814.<br />

Barbieri, E. 2009. Concentration of heavy metals in tissues of green turtles (Chelonia mydas) sampled in the<br />

Cananéia Estuary, Brazil. Brazilian Journal of Oceanography 57:243-248.<br />

Barbosa, F.G. 2007. Metais traço nas águas <strong>de</strong> superfície do Porto da Cida<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> (Estuário da Lagoa<br />

dos Patos). Revista Urutágua 11:1-9.<br />

Baumgarten, M.G.Z., e L.F.H. Niencheski. 1998. Avaliação da qualida<strong>de</strong> hidroquímica da área portuária da cida<strong>de</strong><br />

do Rio Gran<strong>de</strong> – RS. Documentos Técnicos em Oceanografia 9:1-66.<br />

Hirth, H.F. 1997. Synopsis of the biological data on the green turtle, Chelonia mydas (Linnaeus 1758). United<br />

States Fish and Wildlife Service Biological Report 97:1-120.<br />

Maffucci, F. F. Caurant, P. Bustamante, e F. Bentivegna. 2005. Trace element (Cd, Cu,Hg, Se, Zn) accumulation<br />

and tissue distribution in loggerhead turtles (Caretta caretta) from the western Mediterranean Sea (Southern<br />

Italy). Chemosphere 58:535-542.<br />

Niencheski, L.F.H., B. Baraj, H.L. Windom, e R.G. França. 2006. Natural background assessment and its<br />

anthropogenic contamination of Cd, Pb, Cu, Cr, Zn, Al and Fe in the sediments of the southern area of Patos<br />

Lagoon. Journal of Coastal Research Special Issue 39:1040-1043.<br />

Seeliger, U., e R.B. Knak. 1982. Origin and concentration of copper and mercury in water and biota of the Patos<br />

Lagoon estuary, Brazil. Atlântica (Rio Gran<strong>de</strong>) 5:35-42.<br />

Storelli, M.M., e G.O. Marcotrigiano. 2003. Heavy metal residues in tissues of marine turtles. Marine Pollution<br />

Bulletin 46:397-400.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

INGESTÃO DE RESÍDUOS INORGÂNICOS POR Chelonia mydas NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DO<br />

COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANÉIA – SÃO PAULO, BRASIL<br />

Daiana P. Bezerra 1 , e Ana Cristina V. Bondioli 2<br />

1<br />

Projeto Tartarugas, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Cananéia – IPeC, Rua Tristão Lobo, 199 CEP 11990-000, Cananéia<br />

– SP, Brasil. (daiana.proencabezerra@gmail.com).<br />

2<br />

(anabondioli@yahoo.com.br).<br />

Palavras-chave: <strong>tartarugas</strong> marinhas, ingestão resíduo antrópico, Cananéia.<br />

Introdução<br />

Enten<strong>de</strong>-se por poluição marinha resíduos <strong>de</strong> origem antrópica que chegam direta ou indiretamente<br />

nos corpos <strong>de</strong> água, como restos <strong>de</strong> artefatos pesqueiros, <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> óleo, <strong>de</strong>jetos urbanos e industriais<br />

(Derraik 2002; Thiel et al. 2003).<br />

No oceano, o lixo marinho impacta diversos nichos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> invertebrados até vertebrados marinhos, pois<br />

po<strong>de</strong> flutuar ou acabar <strong>de</strong>positado (Derraik 2002; Thiel et al. 2003; Corcoran et al. 2009; Possato et al. 2011).<br />

O emaranhamento e ingestão <strong>de</strong> resíduos in<strong>org</strong>ânicos por <strong>tartarugas</strong> marinhas veem sendo reportado (Balazs<br />

1985; Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2004; Tourinho et al. 2010).<br />

A ingestão <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>jetos por <strong>tartarugas</strong> marinhas ocorre pela baixa discriminação do lixo marinho dos<br />

seus itens alimentares (Balazs 1985; Carr 1987; Bjorndal et al. 1994) e po<strong>de</strong> ser letal. Uma vez que, os oceanos<br />

estão contaminados por resíduos in<strong>org</strong>ânicos a ingestão tem sido relatada em diversos locais (Derraik 2002;<br />

Guebert-Bartholo et al. 2011).<br />

A região do Complexo Estuarino Lagunar <strong>de</strong> Cananéia recebe a visita das cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas que ocorrem no litoral brasileiro e é consi<strong>de</strong>rada uma área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s<br />

(Chelonia mydas), principalmente na fase juvenil, por haver abundancia <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> algas (Bondioli et al. 2005;<br />

Guebert-Bartholo et al. 2011).<br />

Este estudo tem como objetivo <strong>de</strong>screver qualitativamente e quantitativamente os resíduos in<strong>org</strong>ânicos<br />

ingeridos por <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s encontradas nos monitoramentos realizados.<br />

Metodologia<br />

A região faz parte do Complexo Estuarino Lagunar <strong>de</strong> Cananéia, situado no extremo sul do litoral do<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo (Fig. 1). Este estuário está inserido em um mosaico <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e no<br />

maior setor contínuo <strong>de</strong> Mata Atlântica do país (Instituto <strong>de</strong> Pesca 2003).<br />

Entre os meses <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008 e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009 foram realizados monitoramentos semanais nas<br />

praias <strong>de</strong> Itacuruçá, Ilha do Cardoso (7 km) e porção Sul <strong>de</strong> Ilha Comprida (25 km). Os animais encontrados em<br />

boas condições foram dissecados e os resíduos in<strong>org</strong>ânicos encontrados, no trato digestório, analisados quanto<br />

ao tipo, cor e volume (Tourinho et al. 2010, Guebert-Bartholo et al. 2011). Uma abordagem <strong>de</strong>scritiva dos dados<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

foi realizada e a correlação entre o tamanho, o número <strong>de</strong> itens e o volume do material ingerido foi verificado<br />

através do teste <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson utilizando o software BioEstat 5.0® (Ayres et al. 2007).<br />

Figura 1. Área <strong>de</strong> estudo. Complexo Estuarino Lagunar <strong>de</strong> Cananéia, São Paulo - Brasil.<br />

(Fonte: modificado <strong>de</strong> Google Maps e Cunha-Lignon 2001).<br />

Resultados e Discussão<br />

Entre os 94 indivíduos registrados, 35% se encontravam em condições para dissecação, <strong>de</strong>stas 51%<br />

apresentaram resíduos sólidos in<strong>org</strong>ânicos no trato digestório. O comprimento curvilíneo da carapaça (CCC)<br />

variou entre 33,5 e 47,0 cm ( = 38,1 ± 3,85) e largura curvilínea da carapaça (LCC) entre 30,0 e 44,0 cm ( = 35,6<br />

± 4,03 cm).<br />

Os testes <strong>de</strong> correlação mostraram não haver relação entre o CCC e número <strong>de</strong> itens (r = -0,0623, P<br />

= 0,060) e entre o CCC e volume dos itens ingeridos (r = -0,1080, P = 0,6696) assim como apresentado por<br />

Tourinho et al. 2010).<br />

Os resíduos encontrados somaram 591 itens e divididos nas categorias: plástico duro (41%), plástico<br />

mole (29%), nylon (22%), isopor (4%), balões (3%) e espuma (1%). Neste estudo 100% dos indivíduos analisados<br />

apresentavam ao menos um item plástico, como em outros trabalhos .. . (Thompson et al. 2009; Tourinho et al.<br />

2010).<br />

A soma do volume dos itens ingeridos foi 75 ml, sendo plástico duro (39%), plástico mole (32%), nylon<br />

(17%), isopor (5%), balões (3%) e espuma (4%). A forma e disposição do material no trato digestório po<strong>de</strong> levar<br />

o animal à morte, assim, nos casos analisados po<strong>de</strong>-se afirmar que 2 indivíduos morreram em <strong>de</strong>corrência dos<br />

itens ingeridos (Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2004; Franco 2011) (Fig. 2).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 2. Frequência observada no número e volume <strong>de</strong> tens ingeridos por Chelonia mydas em Cananéia, São<br />

Paulo.<br />

O tamanho dos itens variou entre 2 mm e 200 mm, com predominância <strong>de</strong> itens fragmentados, o que<br />

mostra o processo <strong>de</strong> particulação sofrido no oceano. Abrasão mecânica das ondas e quebra fotoquímica,<br />

causada pelo longo tempo <strong>de</strong> residência <strong>de</strong>ste material no mar, causam fragmentação, aumentado o potencial<br />

nocivo (Corcoran et al. 2009; Wabnitz e Nichols 2010; Possatto et al. 2011).<br />

A frequência <strong>de</strong> cores foi: branco (23%), transparente (19%), bege (16%), azul (14%), ver<strong>de</strong> (12%), preto<br />

(5%), amarelo (5%), vermelho (4%), marrom (2%) e cinza (2%). A maior frequencia <strong>de</strong> itens em tons claros po<strong>de</strong><br />

ocorrer dar pelo fato <strong>de</strong> que os materiais sofrem <strong>de</strong>gradação fotoquímica no ambiente marinho (Corcoran et al.<br />

2009). Segundo Mäthger et al. (2007) <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s possuem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinguir diferentes espectros<br />

<strong>de</strong> cor; assim a ingestão <strong>de</strong> material colorido po<strong>de</strong> ser pelo fato <strong>de</strong> o animal confundir com seu alimento, ou<br />

<strong>de</strong> forma aci<strong>de</strong>ntal, dado que muitas vezes os resíduos po<strong>de</strong>m se encontrar <strong>de</strong>positados nos bancos <strong>de</strong> algas<br />

(Guebert-Bartholo et al. 2011).<br />

Em particular, a interação entre <strong>tartarugas</strong> marinhas e resíduos in<strong>org</strong>ânicos ocorre <strong>de</strong>vido à baixa<br />

discriminação entre estes e os itens <strong>de</strong> sua dieta (Balazs 1985; Carr 1987). Ao ser ingerido, o material po<strong>de</strong><br />

causar efeitos como flutuabilida<strong>de</strong> positiva, sensação <strong>de</strong> sacieda<strong>de</strong>, anemia, lesões e obstrução do intestino,<br />

formando fecalomas, muitas vezes irreversíveis e letais. Há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduo excretar o resíduo, no<br />

entanto, este retorna ao ciclo <strong>de</strong> poluição (Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2002).<br />

O levantamento <strong>de</strong> dados e avaliações realizadas mostram as características dos impactos locais, uma<br />

vez que se trata <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> alimentação para juvenis e assim <strong>de</strong> importância na manutenção do crescimento<br />

populacional. Entretanto, é sabido que os mares estão severamente poluídos pelos resíduos antrópicos<br />

in<strong>org</strong>ânicos o que faz com que a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse estudo seja feita, bem como a divulgação dos dados, ações<br />

<strong>de</strong> limpeza, e cessar o <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> resíduos.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Cananéia (IPeC) e Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

Ayres, M., M. Ayres-Jr, D.L. Ayres, e A.A.S. Santos (Eds.). 2007. BioEstat. Aplicações estatísticas nas áreas das<br />

ciências médicas. 5°. ed. Belém.<br />

Balazs, G.H. 1985. Impact of ocean <strong>de</strong>bris on marine turtles: entanglement and ingestion. Páginas 387-429 in:<br />

Proceedings of the Workshop on the Fate and Impact of Marine Debris, eds. Shomura, R.S. and H.O.Yoshida. US<br />

Department of Commerce, NOAA Technical Memorandum NMFS, NOAA-TM-NMFS-SWFC-54.<br />

Bondioli, A.C.V., S.M. Nagaoka, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2005. Ocorrência, distribuição e status <strong>de</strong> <strong>conservação</strong><br />

das <strong>tartarugas</strong> marinhas presentes na região <strong>de</strong> Cananéia, SP. in: II <strong>jornada</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> e <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas no atlântico sul oci<strong>de</strong>ntal. Praia do Cassino. Rio Gran<strong>de</strong>, RS. Livro <strong>de</strong> Resumos. p. 53-55.<br />

Carr, A. 1987. Impact of Non<strong>de</strong>gradable Marine Debris on the Ecology and Survival Outlook of Sea Turtles.<br />

Marine Pollution Bulletin 18:352-356.<br />

Corcoran, P.L, M.C. Biesinger, e G. Meriem. 2009. Plastics and beaches: A <strong>de</strong>grading relationship. Marine<br />

Pollution Bulletin 58:80-84.<br />

Cunha-Lignon, M. 2011. Dinâmica do manguezal do sistema Cananéia-Iguape, Estado <strong>de</strong> São Paulo – Brasil.<br />

(Dissertação) Instituto Oceanográfico, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Derraik, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic <strong>de</strong>bris: a review. Marine Pollution Bulletin<br />

44:842-852.<br />

Franco, L.P. 2011. Análise <strong>de</strong> resíduos sólidos presentes no conteúdo fecal <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas) in situ na região <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> – Uruguai. (Monografia) Especialização em Conservação e<br />

Manejo da Fauna Silvestre. IPESSP – Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e Educação em Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess<br />

foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species<br />

Research 13:131-143.<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesca. 2003. Plano <strong>de</strong> gestão participativa para o uso dos recursos pesqueiros do Complexo<br />

Estuarino-Lagunar <strong>de</strong> Cananéia-Iguape-Ilha Comprida e região costeira adjacente. APTA/SAAESP/IP. 146p.<br />

Mäthger, L.M., L. Litherland, e K.A Fritsches. 2007. An anatomical study of the visual capabilities of the green<br />

turtle, Chelonia mydas. American Society of Ichthyologists and Herpetologists.pp. 169–179.<br />

Mascarenhas, R., R. Santos, e D. Zappelini. 2004. Plastic <strong>de</strong>bris ingestion by sea turtle in Paraíba, Brasil. Marine<br />

Pollution Bulletin 49:354-355.<br />

Possato, F.E., M. Barletta, M.F Costa, J.A. Ivar-do-Sul, e D.V. Dantas. 2011. Plastic <strong>de</strong>bris ingestion by marine<br />

catfish: An unexpected fisheries impact. Marine Pollution Bulletin 62:1098-1102.<br />

Thiel, M., I. Hinojosa, N. Vásquez, e E. Macaya. 2003. Floating marine <strong>de</strong>bris in coastal waters of the SE-Pacific<br />

(Chile). Marine Pollution Bulletin 46:224-231.<br />

Thompson, R.C., S.H. Swan, C.J Moore, e F.S. Vom Saal. 2009. Our plastic age. Philosophical Transactions of<br />

the Royal Society of London B, 364:1973-1976.<br />

Tourinho, P.S, J.A. Ivar-do-Sul, e G. Fillmann. 2010. Is marine <strong>de</strong>bris ingestion still a problem for the coastal<br />

marine biota of southern Brazil? Marine Pollution Bulletin 60:396-401.<br />

Wabnitz, C., e W.J Nichols. 2010. Editorial: Plastic pollution: An ocean emergency. Marine Turtle Newsletter 129:1.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DE Chelonia<br />

mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, BRASIL.<br />

Stephane Polyane Gomes <strong>de</strong> Moura 1 , Luciana Rolinski Gama 2 , Liana Rosa 1 , e Camila Domit 1<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação <strong>de</strong> Mamíferos e Tartarugas Marinhas. Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar -<br />

UFPR. Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR. (stephane.moura@hotmail.com).<br />

2<br />

(lucianagama.lec@gmail.com).<br />

3<br />

(liana.lec@gmail.com).<br />

4<br />

(cadomit@gmail.com).<br />

Palavras-chave: <strong>tartarugas</strong> marinhas, Halodule wrightii, dieta, impactos antrópicos, lixo marinho.<br />

Introdução<br />

Chelonia mydas, tartaruga-ver<strong>de</strong>, é a espécie <strong>de</strong> tartaruga marinha mais frequente no litoral do Estado<br />

do Paraná e nesta região sua dieta é composta principalmente por gramas marinhas da espécie Halodule<br />

wrightii (Guebert-Bartholo et al. 2011). Os afloramentos <strong>de</strong>sta fanerógama ocorrem em áreas rasas do Complexo<br />

Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá (Sordo 2008) e <strong>de</strong>stacam a região como importante área <strong>de</strong> alimentação da espécie.<br />

As gramas marinhas po<strong>de</strong>m acumular resíduos sólidos, pois atuam como um anteparo por estarem em<br />

áreas <strong>de</strong> baixa energia do estuário, on<strong>de</strong> acumulam materiais em suspensão (Guimarães et al. 2007). A ingestão<br />

<strong>de</strong>sses resíduos po<strong>de</strong> causar problemas no funcionamento do trato digestório, inanição, <strong>de</strong>bilitação imunológica<br />

e <strong>de</strong> movimento e tornar os animais mais suscetíveis a outros riscos, como a captura em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca e<br />

colisões com embarcações (Lutz 1990).<br />

Consi<strong>de</strong>rando que no Paraná, 72% dos exemplares <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> analisados haviam ingerido<br />

resíduos sólidos (Guebert-Bartholo et al. 2011), o presente estudo teve como objetivo verificar a frequência <strong>de</strong><br />

ocorrência dos mesmos em bancos <strong>de</strong> H. wrightii, e avaliar a disponibilida<strong>de</strong> na área como a fonte <strong>de</strong> ingestão<br />

pelas C. mydas.<br />

Metodologia<br />

O litoral paranaense faz limite com o Estado <strong>de</strong> São Paulo ao norte (25º13’13,43”S e 48º1’46,55”O) e ao<br />

sul com o Estado <strong>de</strong> Santa Catarina (25º58’48,51”S e 48º36’6,15”O). Possui dois estuários: a Baía <strong>de</strong> Guaratuba<br />

e o Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá (CEP). A margem sul do CEP é caracterizada por áreas urbanas e a<br />

movimentação associada ás ativida<strong>de</strong>s do porto formam uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> perturbações ambientais (Lautert<br />

1999). Os bancos <strong>de</strong> grama marinha da espécie H. wrightii estudados <strong>de</strong>nominam-se: “Baixio Saco do Limoeiro”<br />

na Ilha do Mel e o “Baixio do Perigo” na Ilha das Cobras.<br />

Para a análise da frequência <strong>de</strong> ocorrência e possível relação dos resíduos sólidos com os bancos <strong>de</strong><br />

grama marinha, foram utilizados dois métodos <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> área: quadrantes e transectos lineares, em<br />

duas épocas do ano: estação quente e chuvosa e estação fria e seca.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

No método <strong>de</strong> quadrantes a área total <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> gramas marinhas nos baixios foi <strong>de</strong>limitada (área<br />

total) e seccionada em quadrantes com 100 m². Foram selecionados 30 quadrantes aleatoriamente para cada<br />

setor. O centrói<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um dos quadrantes foi <strong>de</strong>terminado e a partir <strong>de</strong>le foram amostrados sub-quadrantes<br />

<strong>de</strong> 25 m 2 . Cada sub-quadrante foi analisado quanto à presença dos afloramentos <strong>de</strong> H. wrightii e resíduos sólidos.<br />

O método <strong>de</strong> transecções lineares utilizou quatro linhas <strong>de</strong> 150 m <strong>de</strong> comprimento, sobre a área central<br />

<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> gramas (área total). O transecto foi analisado em 1 m para cada lado, formando um retângulo<br />

<strong>de</strong> 300 m² no qual foi avaliada a presença <strong>de</strong> afloramentos <strong>de</strong> grama marinha e resíduos sólidos, e os dados<br />

expressos em itens/m².<br />

No mesmo período, além do monitoramento dos bancos <strong>de</strong> grama, também foi realizada uma análise<br />

contemporânea quanto à presença <strong>de</strong> resíduos sólidos no trato <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong> encontradas<br />

durante os monitoramentos <strong>de</strong> praia realizados no litoral do Paraná. Para esta análise foi coletado o trato<br />

digestório <strong>de</strong> todos os exemplares encontrados mortos, sendo a dieta e a presença <strong>de</strong> resíduos analisadas <strong>de</strong><br />

maneira qualitativa (tipo <strong>de</strong> itens) e quantitativa (frequência <strong>de</strong> ocorrência e frequência relativa).<br />

Resultados e Discussão<br />

Com o método <strong>de</strong> quadrantes, as coletas da estação quente e chuvosa foram realizadas no mês <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 2011. Neste período, dos 60 quadrantes amostrados no “Baixio Saco do Limoeiro” 33% <strong>de</strong>les<br />

estavam ocupados por H. wrightii e 2% apresentaram resíduos sólidos. Os resíduos encontrados estavam nos<br />

quadrantes on<strong>de</strong> havia a presença <strong>de</strong> grama marinha. No setor “Baixio do Perigo” dos 31 quadrantes amostrados<br />

6% estavam ocupados por H. wrightii e 3% apresentaram resíduos sólidos. Os resíduos encontrados não estavam<br />

nos quadrantes on<strong>de</strong> havia grama marinha. As coletas da estação fria e seca foram realizadas no mês <strong>de</strong> maio<br />

<strong>de</strong> 2011. No Setor “Baixio Saco do Limoeiro” dos 30 quadrantes analisados 30% estavam ocupados por H.<br />

wrightii e 3% apresentaram resíduos sólidos, e não houve presença <strong>de</strong> grama marinha e resíduos sólidos no<br />

mesmo quadrante. O setor “Baixio do Perigo” não apresentou afloramentos <strong>de</strong> H. wrightii e nem resíduos sólidos.<br />

Com o método <strong>de</strong> transecções, as coletas da estação quente e chuvosa foram realizadas no mês <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 2011 e neste período foram analisados quatro transectos, sendo cada um com área amostrada <strong>de</strong><br />

300 m². No “Baixio Saco do Limoeiro”, foram observados quatro áreas com afloramentos <strong>de</strong> grama marinha e<br />

nenhum resíduo sólido no transecto 1; no transecto 2 foram observados três áreas com afloramentos <strong>de</strong> grama<br />

e um item <strong>de</strong> resíduo sólido, sendo este presente junto a grama marinha; no transecto 3 não foram observados<br />

afloramentos <strong>de</strong> grama nem a presença <strong>de</strong> resíduos na área amostrada; e no transecto 4 foi observado a<br />

presença <strong>de</strong> um único resíduo e este não estava associado às gramas. No Setor “Baixio do Perigo” em nenhuma<br />

das áreas amostradas houve presença <strong>de</strong> resíduos, entretanto foram observadas seis áreas com afloramentos<br />

<strong>de</strong> grama marinha no transecto 1; uma área <strong>de</strong> afloramento no transecto 2; quatro áreas no transecto 3 e 2. No<br />

transecto 4 não houve presença <strong>de</strong> afloramentos.<br />

As coletas da estação fria e seca foram realizadas no mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011. Entre os quatro transectos<br />

amostrados no Setor “Baixio Saco do Limoeiro” três apresentaram afloramentos <strong>de</strong> grama marinha (transecto 1:<br />

oito áreas com afloramentos; transecto 2 e 3: cada um com uma área com afloramento), sendo três observados<br />

com presença <strong>de</strong> resíduos sólidos. No entanto, os resíduos não estavam associados às gramas marinhas. No<br />

“Baixio do Perigo” também foram analisados quatro transectos, entretanto nenhum <strong>de</strong>les apresentou afloramentos<br />

<strong>de</strong> grama marinha e apenas um apresentou resíduos sólidos.<br />

Nas áreas <strong>de</strong> alimentação que foram monitoradas os itens <strong>de</strong> plástico simples (ex: sacolas) foram os<br />

únicos resíduos encontrados, sendo os mais frequentemente encontrados nos ambientes marinhos por seu<br />

<strong>de</strong>scarte inapropriado, característica <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong> e baixo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação (Laist 1987), porém para os<br />

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dois métodos utilizados não foi observada associação entre resíduos e afloramentos <strong>de</strong> gramas marinhas, em<br />

nenhuma das estações e baixios amostrados. É provável que os resíduos estejam associados aos ambientes<br />

on<strong>de</strong> há outras fontes <strong>de</strong> recursos alimentares, tais como manguezais e áreas rochosas, ou mesmo que os<br />

animais se alimentem dos resíduos que <strong>de</strong>rivam ao longo da área.<br />

Dos 22 tratos digestórios <strong>de</strong> C. mydas analisados foi observado que os tratos coletados na estação quente<br />

e chuvosa apresentaram maior frequência <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> H. wrightii (75%), enquanto que os encontrados na<br />

estação fria e seca apresentaram maior frequência <strong>de</strong> resíduos sólidos (50%), material calcário (conchas <strong>de</strong><br />

moluscos) e ausência <strong>de</strong> grama marinha. Desta forma, os bancos <strong>de</strong> H. wrightii não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados<br />

como área-fonte <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos por <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>. As gramas marinhas crescem mais e em<br />

maiores quantida<strong>de</strong>s nas estações quentes (Marques e Creed 2008). Na estação fria e seca, on<strong>de</strong> há pequenas<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gramas, as <strong>tartarugas</strong> buscam por outros recursos alimentares (Guebert-Bartholo et al. 2011),<br />

aumentando seu <strong>de</strong>slocamento e a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro e ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem á Fundação Araucária pelo financiamento do projeto: “Integração entre informações<br />

ecológicas e físicas: subsídio para gestão e <strong>conservação</strong> da biodiversida<strong>de</strong> em ambientes estuarinos no estado<br />

do Paraná”.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents of juvenile<br />

green turtles Chelonia mydas to assess foraging patterns in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species<br />

Research 13:131-143.<br />

Guimarães, M.S.D., L.F. Catanzaro, J.A. Baptista-Neto, C.G. Vilela, E I. Brehme. 2007. Caracterização textural dos<br />

sedimentos superficiais <strong>de</strong> fundo e dinâmica sedimentar na Baía <strong>de</strong> Guanabara, Rio <strong>de</strong> Janeiro. E-publicações<br />

UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discar<strong>de</strong>d plastic <strong>de</strong>bris in the marine environment.<br />

Marine Pollution Bulletin 18:319-326<br />

Lautert, L.F.C. 1999. Diagnóstico sócio-natural da porção Sul do município <strong>de</strong> Paranaguá, Paraná. Dissertação<br />

<strong>de</strong> Mestrado, UNESP, Rio Claro.<br />

Lutz, P.L. 1990. Studies on the ingestion of plastic and latex by sea turtles. Proceedings of the Second International<br />

Conference on Marine Debris p. 719-735.<br />

Marques, L.V., e J.C. Creed. 2008. Biologia e ecologia das fanerógamas marinhas do Brasil. Oecologia Brasiliensis<br />

12:315-331.<br />

Sordo, L.D. 2008. Alterações na estrutura e funcionamento <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> Halodule wrightii (Cymodoceaceae)<br />

durante um florescimento massivo <strong>de</strong> epífitas na baía <strong>de</strong> Paranaguá (Paraná, Brasil). Dissertação <strong>de</strong> Mestrado,<br />

UFPR, Pontal do Paraná.<br />

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INGESTÃO DE MATERIAL ANTROPOGÊNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA, SP<br />

Thainá Francisquini da Silva 1 , Mayara Barreto Britto 2 , e Luciana Pinto Sartori 1,3<br />

1<br />

Centro Universitário São Camilo. Rua Raul Pompéia, 144, CEP 05025-010, Pompéia, São Paulo, SP, Brasil.<br />

(thaina_fs@hotmail.com).<br />

2<br />

(mayarabbritto@hotmail.com).<br />

3<br />

Instituto Oceanográfico – USP, Pça do Oceanográfico, 191, Cida<strong>de</strong> Universitária, São Paulo, SP. (lpsartori@<br />

hotmail.com).<br />

Palavras-chave: tartaruga-ver<strong>de</strong>, lixo marinho, resíduos sólidos.<br />

Introdução<br />

Resíduos sólidos gerados nas praias tanto por turistas e quiosques quanto pela população local têm<br />

alterado o meio ambiente litorâneo, afetando toda a costa, seus ecossistemas, corpos d’água, e trazendo<br />

riscos à saú<strong>de</strong> dos animais marinhos. É gran<strong>de</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos que se convertem em lixo marinho,<br />

constituídos por plásticos, vidros, borrachas, metais, papéis, ma<strong>de</strong>iras e tecidos, cada qual com diferentes graus<br />

<strong>de</strong> permanência e persistência no ambiente, <strong>de</strong> acordo com seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação (CETESB 2009).<br />

Ubatuba <strong>de</strong>staca-se no litoral norte do Estado <strong>de</strong> São Paulo por suas inúmeras praias e ilhas, e possui<br />

uma população flutuante maior que a fixa, que dobra <strong>de</strong> tamanho nos períodos <strong>de</strong> férias e feriados, causando<br />

problemas na infraestrutura local (CETESB 2009). Trata-se <strong>de</strong> uma importante área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas, sendo que a tartaruga-ver<strong>de</strong> [Chelonia mydas (Linnaeus 1758)] em estágio juvenil é a mais abundante<br />

na região, com mais <strong>de</strong> 95% dos registros (TAMAR 2003).<br />

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2011) a tartaruga-ver<strong>de</strong> é<br />

consi<strong>de</strong>rada em perigo <strong>de</strong> extinção, e encontra-se ameaçada globalmente por várias ativida<strong>de</strong>s antropogênicas,<br />

incluindo a perda dos habitats <strong>de</strong> alimentação (Bjorndal 1999). Sua dieta varia consi<strong>de</strong>ravelmente durante seu<br />

ciclo <strong>de</strong> vida: enquanto filhote é uma espécie onívora com tendências à carnívora, tornando-se basicamente<br />

herbívora quando juvenil e adulta, po<strong>de</strong>ndo alimentar-se eventualmente <strong>de</strong> águas vivas, esponjas, propágulos<br />

<strong>de</strong> mangue, moluscos, peixes e crustáceos (Bjorndal 1997; Guebert 2008).<br />

Um gran<strong>de</strong> problema registrado atualmente e diretamente relacionado à dieta e hábitos alimentares é a<br />

ingestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>bris antropogênicos, ou seja, lixo (Mascarenhas et al. 2004 apud Lenz 2009). Tal ingestão po<strong>de</strong><br />

obstruir o trato digestório do animal, causar redução do ganho nutricional, e aumento do tempo dos alimentos<br />

nos compartimentos do trato alterando sua flutuabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao acúmulo <strong>de</strong> gases no intestino (Tourinho et<br />

al. 2008).<br />

Este estudo teve como objetivo avaliar a influência da <strong>de</strong>gradação do habitat costeiro pela ação<br />

humana na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento para os herbívoros marinhos, através do estudo da ingestão <strong>de</strong> material<br />

antropogênico por <strong>tartarugas</strong> marinhas C. mydas encontradas no litoral <strong>de</strong> Ubatuba.<br />

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Metodologia<br />

A região <strong>de</strong> estudo abrange o munícipio <strong>de</strong> Ubatuba (45°05’W, 23°26’S), localizado no litoral norte do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, com cerca <strong>de</strong> 100 km <strong>de</strong> extensão e 9,6 km² <strong>de</strong> área urbanizada. O turismo é a principal<br />

ativida<strong>de</strong> econômica, mas a pesca artesanal também é uma importante fonte <strong>de</strong> renda (Gallo et al. 2006).<br />

Foi realizada a análise <strong>de</strong> nove tratos gastrointestinais a partir <strong>de</strong> indivíduos mortos <strong>de</strong> C. mydas<br />

provenientes <strong>de</strong> encalhes em praias e <strong>de</strong> capturas aci<strong>de</strong>ntais na pesca artesanal, em parceria com o Projeto<br />

TAMAR <strong>de</strong> Ubatuba. De cada indivíduo <strong>de</strong> C. mydas foi realizada a biometria, sendo medido o comprimento<br />

total do indivíduo (CT), comprimento curvilíneo da carapaça (CCC), largura curvilínea da carapaça (LCC),<br />

comprimento curvilíneo do plastrão (CCP) e largura curvilínea do plastrão (LCP) antes da remoção <strong>de</strong> seu trato<br />

gastrointestinal e antes <strong>de</strong> pesá-la.<br />

Todos os animais estudados tiveram seu trato gastrointestinal removido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o esôfago até a porção<br />

final do intestino grosso. As amostras <strong>de</strong> resíduos antropogênicos retiradas foram separadas <strong>de</strong> acordo com<br />

o tipo <strong>de</strong> material (plástico duro, flexível, mole, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca) e <strong>de</strong> acordo com a cor (branco, transparente e<br />

colorido). O conteúdo foi pesado em balança analítica e cada item medido com régua.<br />

Foi obtida a frequência <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> cada item em relação às <strong>tartarugas</strong> analisadas (FO%), calculada<br />

pela fórmula: FO (%) = (N° <strong>de</strong> animais que ingeriram o item) x 100 / N° total <strong>de</strong> animais.<br />

Resultados e Discussão<br />

As nove <strong>tartarugas</strong> marinhas analisadas foram coletadas entre os dias 25/04/2011 e 02/06/2011;<br />

possuindo o CCC entre 29,5 cm e 40 cm, com média <strong>de</strong> 34,3 cm. Segundo Bjorndal (1997), indivíduos com CCC<br />

entre 20 e 49 cm são classificados como juvenis.<br />

A maioria dos animais analisados apresentou tendência à herbivoria, característico <strong>de</strong>ssa fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Porém, dos nove espécimes analisados, oito possuíam algum tipo <strong>de</strong> resíduo antropogênico<br />

em seu trato gastrointestinal, ou seja, 89% das <strong>tartarugas</strong>. Desses oito animais obteve-se um total <strong>de</strong> 1498<br />

pedaços <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> origem antropogênica, correspon<strong>de</strong>ndo a um peso total <strong>de</strong> 73,8 g, sendo que variaram<br />

<strong>de</strong> 1 mm a 32 cm <strong>de</strong> tamanho.<br />

O material mais encontrado foi proveniente da pesca, como a linha <strong>de</strong> pesca (nylon)/barbante com<br />

frequência <strong>de</strong> 78%, seguido <strong>de</strong> material <strong>de</strong> coloração branca e colorido, ambos com 55% e o plástico transparente<br />

com 44% <strong>de</strong> frequência (Tabela 1). Possivelmente a origem <strong>de</strong>sse material é <strong>de</strong> navios e barcos que <strong>de</strong>scartam<br />

o lixo no mar e também das praias, sendo levados para o oceano (Barros et al. 2007).<br />

Tabela 1. Detalhes <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> material antropogênico encontrado, especificado pela cor e com valores<br />

representados pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedaços e a frequência <strong>de</strong> ingestão (FO%) em nove tratos digestórios <strong>de</strong><br />

Chelonia mydas coletados em Ubatuba, SP, Brasil.<br />

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Segundo Laist (1987), a ingestão <strong>de</strong> lixo po<strong>de</strong> ocorrer intencionalmente quando estes são confundidos<br />

com alimentos naturais, ou aci<strong>de</strong>ntalmente quando resíduos são ingeridos juntamente com o alimento.<br />

Um dos espécimes analisados só possuía resíduos antropogênicos em seu trato gastrointestinal, ficou<br />

17 dias em tratamento no Centro <strong>de</strong> Reabilitação do Projeto TAMAR em Ubatuba e a tartaruga não se alimentava<br />

e não <strong>de</strong>fecava. Isso causou redução do seu ganho nutricional, o animal era muito magro, seu plastrão afundado,<br />

espículas ósseas do plastrão perfuraram a pele e os ossos do pescoço estavam em <strong>de</strong>staque. Após esse período,<br />

o animal veio a óbito.<br />

Baseado nestes resultados, é recomendado que programas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> das populações <strong>de</strong> C. mydas<br />

tenham como um <strong>de</strong> seus focos principais a <strong>conservação</strong> dos ecossistemas costeiros como um todo, dada as<br />

altas taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>stes ecossistemas e sua importância para a espécie. Áreas <strong>de</strong> alimentação que<br />

ainda possuam uma alta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> algas <strong>de</strong>vem ser vistas como áreas <strong>de</strong> proteção prioritárias,<br />

o que garantiria a <strong>conservação</strong> do ecossistema.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Projeto TAMAR pelo fornecimento das amostras dos tratos gastrointestinais <strong>de</strong> Chelonia<br />

mydas e ao SISBIO/IBAMA pela licença <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Barros, J.A., M.S. Copertino, D.S. Monteiro, e S.C. Estima. 2007. Análise da dieta <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. VIII Congresso <strong>de</strong> Ecologia do Brasil. Caxambu-MG.<br />

Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. In The biology of sea turtles. Lutz, P.L., e J.A.<br />

Musick (Eds.). CRC Press, 432p.<br />

Bjorndal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois,<br />

e M. Donnelly (Eds.). Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC<br />

Publicación No. 4.<br />

CETESB, Companhia Ambiental do Estado do São Paulo. 2009. Relatório <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> das praias litorâneas no<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo: Secretária do Meio Ambiente, 167 p.<br />

Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, e P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba,<br />

Southeastern Brazil, a feeding area with inci<strong>de</strong>ntal capture in coastal fisheries. Chelonian Conservation and<br />

Biology 5:93-101.<br />

Guebert, F.M. 2008. Ecologia alimentar e consumo <strong>de</strong> material in<strong>org</strong>ânico por <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s, Chelonia mydas,<br />

no litoral do estado do Paraná. Tese <strong>de</strong> Mestrado. UFPR, Curitiba.<br />

IUCN (International Union for Conservation of Nature). 2011. Red list of threatened animals. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011.<br />

Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discar<strong>de</strong>d plastic <strong>de</strong>bris in the marine environment.<br />

Marine Pollution Bulletin 18:319-326.<br />

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Lenz, A. J. 2009. Dieta da tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta (Testudines, Cheloniidae), no litoral norte do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso. UFRGS, Porto Alegre.<br />

TAMAR. 2003. Projeto TAMAR/IBAMA. Fundação Pró-TAMAR Ubatuba: Promovendo a integração do homem<br />

com o meio ambiente. Revista do Tamar n. 6. Disponível em: .<br />

Acesso em: 02 fev. 2011.<br />

Tourinho, P.S., J.A.I. Sul, e G. Fillmann. 2008. Frequência <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos em <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s<br />

na costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Brasil: Distribuição e fragmentação no Trato gastrointestinal. III Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia. Fortaleza.<br />

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INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL<br />

NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL<br />

Camila T. Rigon 1 , e Cariane C. Trigo 2,3<br />

1<br />

Curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas com Ênfase em Biologia Marinha e Costeira UFRGS/UERGS – Av. Tramandaí,<br />

976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (cacapf@msn.com).<br />

2<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (carianect@<br />

gmail.com).<br />

3<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – GEMARS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-<br />

000, Imbé, RS, Brasil.<br />

Palavras-chave: plástico, alimentação, poluição.<br />

Introdução<br />

Na costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (RS) são encontradas cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, as quais<br />

utilizam esse ambiente para alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento (Barros 2007). A tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) é<br />

a segunda espécie que mais encalha no litoral do RS e está em perigo <strong>de</strong> extinção segundo a União Internacional<br />

para a Conservação da Natureza (IUCN). Durante o primeiro estágio <strong>de</strong> vida seus hábitos alimentares são<br />

preferencialmente <strong>de</strong> origem animal, quando juvenis, tem alimentação mais variada com hábitos onívoros (Bjordnal<br />

1985). Na fase adulta apresenta hábito herbívoro, único entre <strong>tartarugas</strong> marinhas (Bjordnal 1997). Juvenis <strong>de</strong><br />

Chelonia mydas alimentam-se em latitu<strong>de</strong>s temperadas no verão e retornam a menores latitu<strong>de</strong>s no inverno<br />

para evitar águas frias (Musick e Limpus 1997), sendo o litoral do RS uma importante área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>sta<br />

espécie principalmente na primavera e no verão austral. A ingestão <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> origem antrópica, tem gerado<br />

estudos no mundo inteiro e mostrado que é comum o consumo <strong>de</strong>stes por <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s. Esses resíduos<br />

são compostos <strong>de</strong> materiais sintéticos, como o plástico. A ingestão dos resíduos sólidos ocorre intencionalmente<br />

quando confundidos com os alimentos naturais, ou aci<strong>de</strong>ntalmente quando o resíduo é ingerido juntamente com<br />

o alimento (Laist 1987). O consumo <strong>de</strong> matéria in<strong>org</strong>ânica po<strong>de</strong> causar sensação <strong>de</strong> falsa sacieda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> ter<br />

efeitos letais, pois o acúmulo <strong>de</strong> sólidos po<strong>de</strong> obstruir o trato gastrointestinal, ocasionar danos em suas pare<strong>de</strong>s<br />

e acúmulo <strong>de</strong> gases, o que po<strong>de</strong> levar eventualmente à morte do indivíduo. (Bjordnal 1997). O objetivo <strong>de</strong>ste<br />

trabalho é verificar e caracterizar a ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos por indivíduos <strong>de</strong> Chelonia mydas no litoral norte<br />

e médio do RS.<br />

`<br />

Figura 1. Mapa da área <strong>de</strong> estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul on<strong>de</strong> foram coletados<br />

os indivíduos <strong>de</strong> Chelonia mydas.<br />

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Metodologia<br />

A área <strong>de</strong> coleta possui aproximadamente 270 km <strong>de</strong> extensão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Mostardas na parte sul até Torres<br />

na parte norte, estando incluída no litoral norte e médio do RS (Fig. 1). Os indivíduos analisados foram recebidos<br />

vivos pelo Centro <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros,<br />

Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/<br />

IB/UFRGS), ou encontrados mortos pelo Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

(GEMARS) em monitoramentos <strong>de</strong> praia. Foram analisados 20 espécimes, sendo nove oriundos do CERAM<br />

entre outubro <strong>de</strong> 2010 e fevereiro <strong>de</strong> 2011 e 11 oriundos dos monitoramentos <strong>de</strong> praia, realizados entre 2007 e<br />

2011. Os tratos gastrointestinais foram coletados inteiros, do esôfago até o reto, seccionados longitudinalmente,<br />

lavados com água corrente, e o conteúdo foi transferido para uma peneira <strong>de</strong> malha 0,5 mm. Os órgãos foram<br />

analisados separadamente (esôfago, estômago, intestino <strong>de</strong>lgado e intestino grosso). Os resíduos sólidos foram<br />

separados macroscopicamente e armazenados em local seco. Posteriormente foram triados e separados quanto<br />

ao tipo <strong>de</strong> material (plástico maleável, plástico rígido, esférulas plásticas, itens <strong>de</strong> pesca e diversos) e à cor<br />

(branco, transparente e coloridos).<br />

Resultados e Discussão<br />

Os exemplares analisados apresentaram comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça entre 31,4 e 46,5 cm, o<br />

que os caracteriza como indivíduos juvenis.<br />

Todos os tratos gastrointestinais analisados e, portanto, 100% dos indivíduos, continham resíduos sólidos,<br />

sendo quantificados 2.533 itens ao total. O item <strong>de</strong> maior frequência foi o plástico, sendo o plástico maleável o<br />

mais abundante, representando 48% do total <strong>de</strong> itens, seguido do plástico rígido (36,6%), itens <strong>de</strong> pesca (7,4%),<br />

diversos (6,7%) e esférulas plásticas (1,3%). A cor predominante foi branca na maioria dos indivíduos (43,3%),<br />

seguido <strong>de</strong> transparente (30,2%). A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos sólidos variou em cada órgão, com volumes <strong>de</strong><br />

0,1 a 110 ml, sendo o intestino <strong>de</strong>lgado o órgão que apresentou maior volume, variando entre 1,5 e 110 ml. A<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sintéticos encontrados nos tratos digestivos <strong>de</strong> C. mydas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

diversos fatores, como a inexperiência do indivíduo, pois na fase juvenil ocorre a transição da dieta, a escassez<br />

<strong>de</strong> alimento e a abundância <strong>de</strong> materiais sintéticos nos oceanos. Diversos estudos (Bugoni et al. 2001; Guebert<br />

2003) corroboram que o item mais ingerido é o plástico maleável da cor branca e transparente, sugerindo que<br />

o indivíduo confunda o plástico com o alimento, como cnidários e algas, porém não é comprovado que ocorra<br />

esse engano efetivamente, pois há também gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plásticos rígidos e <strong>de</strong> outras cores ingeridos<br />

pelos indivíduos, que não po<strong>de</strong>riam ser confundidos com alimento <strong>de</strong> acordo com a dieta conhecida. Com os<br />

resultados do presente estudo e com base em outros estudos (Bugoni et al. 2001; Guebert 2003; Tourinho 2007;<br />

Nakashima 2008), a incidência <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> matéria in<strong>org</strong>ânica <strong>de</strong> origem antrópica está aumentando com o<br />

tempo. Estudos recentes executados no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul mostram que em todas as <strong>tartarugas</strong> amostradas<br />

há ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos (Tourinho 2007; Daudt et al. 2010) e que o encalhe <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s tem<br />

aumentado consi<strong>de</strong>ravelmente, sendo o lixo uma das causas mais prováveis (Nunes et al. 2010). Como o litoral<br />

do RS é uma área importante na alimentação da tartaruga-ver<strong>de</strong>, o aumento da poluição marinha acarretará<br />

mais indivíduos acometidos por ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos e maior mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécimes juvenis, sem que<br />

possam chegar à ida<strong>de</strong> adulta, o que po<strong>de</strong> acarretar diminuição <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> crescimento populacional.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cimento ao CERAM, GEMARS e ao CECLIMAR/IB/UFRGS.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Barros, J.A. 2007. Ecologia alimentar da tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. Dissertação<br />

<strong>de</strong> Bacharelado, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Bjorndal, K.A. 1985. Nutritional ecology of sea turtles. Copeia 1985:736-751.<br />

Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. Páginas 199-231 In Lutz, P.L., e J.A. Musick<br />

(Eds.) The biology of sea turtles. CRC, Florida.<br />

Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on sea turtles in southern Brazil.<br />

Marine Pollution Bulletin 42:1338-1342.<br />

Daudt, N.W., C.T. Rigon, R.A. Xavier, P.M. Silva, S.B. Nakashima, M.W. Atai<strong>de</strong>, M.M. Alievi, C.S. Braga, M.<br />

Tavares, e C.C. Trigo. 2010. Ingestão <strong>de</strong> resíduos antropogênicos por juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas<br />

(Linnaeus, 1758), no litoral (Norte e Médio) do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. In: II Simpósio <strong>de</strong> biologia marinha (SABMAR).<br />

Livro <strong>de</strong> Resumos. Tramandaí, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Disponível em http://www.iucnredlist.<strong>org</strong> . Acessado<br />

em 14/06/2011.<br />

Guebert, F.M. 2003. Ecologia alimentar e mortalida<strong>de</strong> da tartaruga marinha Chelonia mydas no litoral do estado<br />

do Paraná. Monografia, UFPR.<br />

Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discar<strong>de</strong>d plastic <strong>de</strong>bris in the marine environment.<br />

Marine Pollution Bulletin 18:319-326.<br />

Musick, J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. páginas 137-164 In Lutz,<br />

P.L., e J.A. Musick (Eds.) The biology of sea turtles. CRC, Florida.<br />

Nakashima, S.B. 2008. Dieta da tartaruga-ver<strong>de</strong> Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) (Testudines, Cheloniidae) no<br />

litoral norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Monografia, PUCRS.<br />

Nunes, L.F., G.M. Brusco, D. Casanova, R.M.S. Oliveira, C.J.R. Hilario, I.V. Fausto, M. Tavares, e C.C. Trigo.<br />

2010. Tartarugas marinhas recebidas pelo centro <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong> animais silvestres e marinhos do CECLIMAR/<br />

IB/UFRGS. In: II Simpósio <strong>de</strong> biologia marinha (SABMAR). Livro <strong>de</strong> Resumos. Tramandaí, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Tourinho, P.S. 2007. Ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos por juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) na costa do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Brasil. Monografia, FURG.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

El impacto <strong>de</strong> los <strong>de</strong>sechos antrópicos en individuos juveniles <strong>de</strong> tortuga ver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas), Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay<br />

María Inés Murman 1 , Luciana Alonso 2 , e J<strong>org</strong>e Eduardo Pérez Comesaña 1,3,4<br />

1<br />

Universidad CAECE, Av. <strong>de</strong> Mayo, 866, C.P. 1084, C.A.B.A. (inemurman@gmail.com).<br />

2<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP11200, Montevi<strong>de</strong>o (aloluciana@gmail.com).<br />

3<br />

Facultad <strong>de</strong> Ciencias Exactas y Naturales, Dpto. <strong>de</strong> Ecología, Genética y Evolución, I. Güiral<strong>de</strong>s 2160, Ciudad<br />

Universitaria, C1428EGA, C.A.B.A.<br />

4<br />

Museo Argentino <strong>de</strong> Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia”, División Ictiología, Av. Ángel Gallardo 470,<br />

C1405DJR, C.A.B.A. (j<strong>org</strong>epc@macn.gov.ar).<br />

Palabras-clave: ingesta, plásticos, contaminación, residuos.<br />

Introducción<br />

Uruguay constituye una importante zona <strong>de</strong> alimentación para el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> juveniles <strong>de</strong> tortugas ver<strong>de</strong>s<br />

(Chelonia mydas), especie que se encuentra listada como “en Peligro” <strong>de</strong> extinción por la Unión Internacional<br />

para la Conservación <strong>de</strong> la Naturaleza (IUCN). En particular, el Área Costero-Marina Protegida (ACMP) “Cerro<br />

Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla” (Departamento Rocha), ha sido i<strong>de</strong>ntificada como una <strong>de</strong> las zonas <strong>de</strong> mayor<br />

importancia para esta especie (López-Men<strong>de</strong>liharsu et al. 2006). La contaminación por <strong>de</strong>sechos sólidos es<br />

una amenaza muy importante y se ha planteado que la ingesta <strong>de</strong> los mismos podría ser intencional, por ser<br />

confundidos con presas o bien acci<strong>de</strong>ntal al estar adheridos a la fuente natural <strong>de</strong> alimento (Bugoni et al. 2001;<br />

Derraik 2002).<br />

La ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos pue<strong>de</strong> tener efectos sub-letales como el daño en las pare<strong>de</strong>s gastrointestinales,<br />

interferencia con el metabolismo <strong>de</strong> los lípidos, bloqueo <strong>de</strong> la secreción <strong>de</strong> enzimas gástricas, generando<br />

saciedad, acumulación <strong>de</strong> gases alterando la flotabilidad y reducción <strong>de</strong> los niveles <strong>de</strong> hormona esteroi<strong>de</strong>a,<br />

afectando la fecundidad (Derraik 2002; Tourinho 2007).<br />

Al mismo tiempo, los efectos pue<strong>de</strong>n ser letales, <strong>de</strong> modo directo: causando la muerte por obstrucción<br />

o perforación <strong>de</strong>l sistema digestivo; <strong>de</strong> modo indirecto: reduciendo la tasa <strong>de</strong> crecimiento, prolongando los<br />

períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo en sitios <strong>de</strong> mayor vulnerabilidad a la <strong>de</strong>predación, disminuyendo las reservas energéticas,<br />

afectando la supervivencia (Bugoni et al. 2001).<br />

El objetivo <strong>de</strong> este trabajo es <strong>de</strong>scribir cualitativa y cuantitativamente la ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos antrópicos<br />

en individuos juveniles <strong>de</strong> C. mydas, en el ACMP “Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla” y zonas adyacentes,<br />

evaluar la relación entre las tallas <strong>de</strong> los individuos y el tipo <strong>de</strong> residuo consumido, y analizar el efecto <strong>de</strong>l color<br />

<strong>de</strong>l residuo en la ingesta.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Metodología<br />

El estudio fue realizado en el área <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla (33º56’ S - 53º 29’ O),<br />

extendiéndose hacia el sur hasta la localidad <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Diablo (34º02’40” S - 53º32’15” O) y hacia el norte<br />

hasta la localidad <strong>de</strong> Barra <strong>de</strong>l Chuy (33º44’37” S - 53º22’10” O), abarcando 41 km <strong>de</strong> costa oceánica.<br />

Se <strong>de</strong>sarrollaron censos <strong>de</strong> playa semanales cubriendo toda la línea <strong>de</strong> costa entre enero y abril <strong>de</strong><br />

2010, mientras que durante el resto <strong>de</strong>l año los censos fueron mensuales. Al mismo tiempo, se relevaron los<br />

varamientos a través <strong>de</strong> reportes a la Red <strong>de</strong> Varamientos y Rescate <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong> Karumbé. Las<br />

muestras provinieron tanto <strong>de</strong> individuos registrados muertos en las playas como tortugas que fueron encontradas<br />

con vida y murieron durante el proceso <strong>de</strong> rehabilitación.<br />

A todos los individuos registrados se les midió el largo estándar curvo <strong>de</strong>l caparazón (LCC), se les practicó<br />

una necropsia y se colectó el contenido esofágico, estomacal e intestinal. Los mismos fueron preservados <strong>de</strong><br />

modo individual en formol 5% en frascos rotulados para su posterior i<strong>de</strong>ntificación.<br />

Los contenidos fueron lavados y se separó el material sintético presente, <strong>de</strong>l alimento y la materia<br />

<strong>org</strong>ánica digerida. Para cada tortuga se cuantificó el número <strong>de</strong> ítems según el tipo <strong>de</strong> material y se calculó su<br />

peso húmedo y volumen.<br />

Por lo tanto, la importancia <strong>de</strong> los residuos fue evaluada usando el porcentaje en número (%N), el<br />

porcentaje en peso (%P), el porcentaje <strong>de</strong> la frecuencia <strong>de</strong> ocurrencia (%FO) y el índice <strong>de</strong> importancia relativa<br />

(IRI) (Pinkas et al., 1971) expresado como porcentaje (%IRI) (Cortés 1997).<br />

La cantidad y el peso <strong>de</strong> cada residuo antrópico se utilizaron a fin <strong>de</strong> evaluar si existen diferencias en<br />

la ingesta con relación al tamaño <strong>de</strong> las tortugas: menores <strong>de</strong> 36,5 cm y mayores <strong>de</strong> 36,5 cm <strong>de</strong> LCC). Los<br />

datos fueron estandarizados para minimizar el efecto <strong>de</strong>l tamaño <strong>de</strong> los estómagos. Un análisis <strong>de</strong> varianza<br />

multivariado no paramétrico (NP-MANOVA) fue utilizado para <strong>de</strong>scribir el efecto <strong>de</strong>l tamaño sobre la ingesta <strong>de</strong><br />

residuos (An<strong>de</strong>rson, 2005).<br />

Para <strong>de</strong>terminar si existían diferencias <strong>de</strong> frecuencia en los colores <strong>de</strong> residuos ingeridos, utilizamos el<br />

test Chi-Cuadrado para bondad <strong>de</strong> ajuste, y este cálculo se realizó para el conjunto <strong>de</strong> todos los <strong>de</strong>sechos, y<br />

luego teniendo en cuenta los <strong>de</strong>sechos con mayor %IRI.<br />

Resultados y Discusión<br />

De las 23 tortugas examinadas, el 82,6% presentó <strong>de</strong>sechos antrópicos en algún sector <strong>de</strong>l tracto<br />

digestivo. Los <strong>de</strong>sechos relevantes hallados fueron plásticos blandos (p.e.: bolsas), goma, látex, plásticos duros,<br />

tanzas, cuerdas,<br />

Según el %IRI, los <strong>de</strong>sechos con mayor importancia relativa fueron: plásticos duros seguidos por plásticos<br />

blandos y luego por las cuerdas. Los <strong>de</strong>sechos <strong>de</strong> menor importancia fueron metal, espuma, látex, poliestireno<br />

expandido y goma (Tabla 1).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tabla 1. Desechos antrópicos registrados en 23 individuos juveniles <strong>de</strong> Chelonia mydas %N = % cantidad, %P<br />

= % peso (en gramos), %F = % frecuencia <strong>de</strong> ocurrencia, %IRI = % Índice <strong>de</strong> Importancia Relativa.<br />

Se encontraron diferencias significativas entre los tipos <strong>de</strong> residuos ingeridos en tallas menores y<br />

mayores <strong>de</strong> 35,6 cm, tanto por cantidad <strong>de</strong> ítems (N) (F = 5,72 y P = 0,014) y como por peso (P) (F = 4,88 y P =<br />

0,049). Las tallas mayores ingirieron más cantidad <strong>de</strong> plásticos blandos, siendo los ítems <strong>de</strong> mayor peso seguido<br />

<strong>de</strong> “otros” <strong>de</strong>sechos. En cambio, las tallas menores ingirieron más cantidad <strong>de</strong> plásticos duros, siendo el ítem <strong>de</strong><br />

mayor peso, seguido <strong>de</strong> los plásticos blandos.<br />

El test Chi-Cuadrado <strong>de</strong> bondad <strong>de</strong> ajuste mostró diferencias significativas entre los distintos tipos <strong>de</strong><br />

colores <strong>de</strong> los <strong>de</strong>sechos ingeridos, mostrando una mayor inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>l color blanco, para la muestra en general<br />

(χ 2 = 794,8; gl = 176; P < 0,05).<br />

Para plásticos blandos, se encontró una mayor inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong>l color transparente (χ 2 = 194,3, gl = 160 y P<br />

< 0,05), seguido <strong>de</strong>l blanco (en ambas tallas) y para los plásticos duros (χ 2 = 401,2 gl = 144 y P < 0,05) y cuerdas<br />

(χ 2 = 72, gl = 144 y P < 0,05), el color predominante fue el blanco (también para ambas tallas).<br />

La elevada tasa <strong>de</strong> ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos registrada, en particular plásticos, es coinci<strong>de</strong>nte con lo reportado<br />

en otras zonas <strong>de</strong>l ASO ratificando la gran susceptibilidad <strong>de</strong> esta especie a este tipo <strong>de</strong> contaminación (Tourinho<br />

2007). Las diferencias encontradas en el tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos ingeridos por tortugas <strong>de</strong> mayor y menor talla podrían<br />

estar asociadas a diferencias en el comportamiento, migraciones y/o cercanía al cambio ontogenético en la dieta<br />

<strong>de</strong> las tortugas que son recientemente reclutadas en hábitat neríticos (Arthur et al. 2008).<br />

La mayor ingesta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sechos <strong>de</strong> color blanco y materiales plásticos podría estar asociada a su<br />

disponibilidad en el ambiente.<br />

Resulta crítico el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> estrategias <strong>de</strong> conservación a escala regional que permitan mitigar el<br />

impacto <strong>de</strong> la producción <strong>de</strong> residuos en esta especie en peligro <strong>de</strong> extinción.<br />

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Agra<strong>de</strong>cimientos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a Rufford Small Grants Foundation (RSGF) por su apoyo financiero, a los miembros <strong>de</strong><br />

Karumbé y todos los voluntarios que colaboran con el estudio.<br />

Referencias Bibliográficas<br />

An<strong>de</strong>rson, M.J. 2005. PERMANOVA: a FORTRAN computer program for permutational multivariate analysis of<br />

variance. Department of Statistics, University of Auckland, New Zealand.<br />

Arthur, K.E., M.C. Boyle, y C.J. Limpus. 2008. Ontogenetic changes in diet and habitat use in green sea turtle<br />

(Chelonia mydas) life history. Marine Ecology Progress Series 362:303-311.<br />

Bugoni, L., L. Krause, y M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on Sea Turtles in Southern Brazil.<br />

Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334.<br />

Cortés, E. 1997. A critical review of methods of studying fish feeding based on analysis of stomach contents:<br />

application to elasmobranch fishes. Canadian Journal of Aquatic Sciences 54:726-738.<br />

Derraik, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic <strong>de</strong>bris: a review. Marine Pollution Bulletin<br />

44:842-852.<br />

López-Mendilaharsu, M., A. Estra<strong>de</strong>s, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernán<strong>de</strong>z, y V. Quirici. 2006. Biología,<br />

ecología y etología <strong>de</strong> las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en Menafra, R, L.<br />

Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Con<strong>de</strong> (Eds.). Bases para la conservación <strong>de</strong> la costa uruguaya. Vida<br />

Silvestre Uruguay, Montevi<strong>de</strong>o.<br />

Pinkas, L., M.S. Oliphant, y I.L.K Iverson. 1971. Food habits of albacore, bluefin tuna and bonito in California<br />

waters. California Fish and Game 152:1-105.<br />

Tourinho, P.S. 2007. Ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos por juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) na costa do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Brasil. Monografia FURG, 38 pp.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Reabilitação <strong>de</strong> uma tartaruga-<strong>de</strong>-couro (Dermochelys coriacea) com traumatismo<br />

craniano no Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais Marinhos – CRAM – FURG<br />

Pedro Bruno 1 , Roberta Petitet 1 , Paula Canabarro 1 , Flavio Amado Hanciau 2 , Andrea Adornes 1 , Rodolfo<br />

Silva-Filho 1 , e Lauro Barcellos 1<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> animais Marinhos – CRAM. Rua Capitão Tenente Heitor Perdigão, n° 10, centro, Rio<br />

Gran<strong>de</strong>-RS. Cep: 96200-580 (pedro_lbf@hotmail.com)<br />

2<br />

Hospital Universitário Miguel Riet Corrêa JR. (FURG) - Rua Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paranaguá, 102 Cep: 96.200-190 - Rio<br />

Gran<strong>de</strong> – RS.<br />

Palavras-chave: interação com pesca, traumatismo craniano, material biocompatível<br />

Introdução<br />

A tartaruga-<strong>de</strong>-couro, Dermochelys coriacea, é uma das cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que<br />

utiliza a costa brasileira para reprodução e alimentação. Está classificada como “em perigo crítico” pelo Ministério<br />

do Meio Ambiente do Brasil (http://www.mma.gov.br). No entanto, ao longo da costa sul do Brasil são freqüentes<br />

o encalhe <strong>de</strong>sta espécie, bem como capturas aci<strong>de</strong>ntais na pesca costeira e pelágica (Bugoni et al. 2001; Barata<br />

et al. 2004; Kotas et al. 2004; Marcovaldi et al. 2006; Sales et al. 2008).<br />

A gran<strong>de</strong> maioria dos encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, incluindo a tartaruga-<strong>de</strong>-couro, possui algum tipo<br />

<strong>de</strong> escoriação proveniente <strong>de</strong> embarcações, anzóis ou re<strong>de</strong> (Monteiro et al. 2006). Uma vez que são encalhes <strong>de</strong><br />

animais mortos (Monteiro et al. 2006), não há muitas chances para reabilitar estes animais com lesões causadas<br />

por colisões com embarcações ou captura aci<strong>de</strong>ntal.<br />

O presente trabalho tem como objetivo <strong>de</strong>screver os procedimentos aplicados na reabilitação <strong>de</strong> uma<br />

tartaruga-<strong>de</strong>-couro encontrada encalhada na Praia do Cassino, Rio Gran<strong>de</strong>-RS, com possíveis evidências<br />

<strong>de</strong> interação com embarcações. Sendo utilizado pela primeira vez no Brasil um material bio-compatível para<br />

reconstituição óssea humana em um quelônio marinho.<br />

Resultados e Discussão<br />

No dia 28/02/2011 pela manhã, uma tartaruga marinha da espécie Dermochelys coriacea foi resgatada<br />

pela Polícia Ambiental local (PATRAM) e encaminhada ao Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais Marinhos (CRAM-<br />

FURG). O animal encontrava-se encalhado a 6 km do Molhe Oeste, na Praia do Cassino, Rio Gran<strong>de</strong>-RS.<br />

De acordo com o protocolo do CRAM, os primeiros procedimentos foram: pesagem (125,4 kg), biometria<br />

(comprimento curvilíneo da carapaça = 145,5 cm), i<strong>de</strong>ntificação com o número <strong>de</strong> registro e fotografias do<br />

animal. Logo após, a tartaruga foi submetida ao exame clínico, on<strong>de</strong> foi constatado que o animal encontrava-se<br />

ativo, alerta e em bom estado corporal. Porém, apresentava um traumatismo craniano na região frontoparietal<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se até a região supraocular, medindo aproximadamente 20 cm, com exposição <strong>de</strong> tecidos moles,<br />

presença <strong>de</strong> fragmentos ósseos e diversos epibiontes (Fig. 1A). A coleta <strong>de</strong> sangue foi realizada na região<br />

interdigital da nada<strong>de</strong>ira posterior esquerda, com valores <strong>de</strong> hematócrito <strong>de</strong> 10%, glóbulos brancos menor que<br />

1% e proteína plasmática total <strong>de</strong> 4g/dl. O animal foi mantido em uma piscina <strong>de</strong> 3000 litros preenchida com água<br />

doce, o que facilitou o <strong>de</strong>sprendimento dos epibiontes a<strong>de</strong>ridos à lesão.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

A B C<br />

Figura 1. Traumatismo craniano <strong>de</strong> uma tartaruga <strong>de</strong> couro recebida no CRAM. (A) Lesão com epibiontes<br />

presentes; (B) Vista da lesão após a primeira limpeza; (C) Lesão preenchida com o material biocompatível.<br />

No período da tar<strong>de</strong>, foi feita a retirada dos <strong>org</strong>anismos a<strong>de</strong>ridos à lesão, fragmentos ósseos e tecidos<br />

necrosados (Fig. 1B). A limpeza foi realizada utilizando solução fisiológica (NaCl 0,9%) e <strong>de</strong>sinfecção com PVPI<br />

e Furanil® (clorexidina), em seguida foi feito a aplicação <strong>de</strong> antibióticos e antiinflamatórios tópicos, Rifocina®<br />

e DM-Gel®, respectivamente. O individuo foi hidratado, via intracavitária, com 500ml <strong>de</strong> soro polivitamínico,<br />

Polijet® e recebeu a aplicação <strong>de</strong> Pentabiótico® por via intramuscular.<br />

Durante o segundo, terceiro e quarto dias seguintes foi feita a troca <strong>de</strong> água da piscina, on<strong>de</strong> o animal<br />

permaneceu <strong>de</strong>scansando em observação, sendo submetido uma vez ao dia à limpeza da lesão com os mesmos<br />

medicamentos citados acima, e a hidratação por via- subcutânea.<br />

No quinto dia <strong>de</strong> reabilitação, em função da condição clínica estável do animal, foi realizado o<br />

preenchimento e remo<strong>de</strong>lamento do traumatismo craniano. Foi utilizado um material biocompatível (composto <strong>de</strong><br />

Metil/Polimetil Metacrilato) e aplicado em reconstituição óssea humana. Durante o procedimento a tartaruga foi<br />

mantida imobilizada através <strong>de</strong> contenção física feita pela equipe do CRAM-FURG. Foi realizada a assepsia local<br />

utilizando PVPI, logo após foi feita a secagem da região com gaze. Após a preparação do local da lesão foi feito<br />

o preenchimento da mesma por um material que recebe o nome <strong>de</strong> Gelfoam (gelatina absorvível), com a função<br />

<strong>de</strong> proteger e evitar o contato direto do material biocompatível com a pele, pois esse ao ser aplicado atinge uma<br />

elevada temperatura. O metilmetacrilato, como é chamado, inicialmente apresenta uma consistência mole, foi<br />

moldado <strong>de</strong> acordo com a estrutura do crânio, preenchendo assim toda a região fraturada que se encontrava<br />

exposta (Fig. 1C). A área foi mantida em água corrente por 20 minutos após seu fechamento, com o objetivo <strong>de</strong><br />

evitar o aumento da temperatura local e o endurecimento precoce do material. Após 30 minutos, o animal foi<br />

colocado na piscina on<strong>de</strong> permaneceu até o dia seguinte em observação.<br />

Pela manhã do sexto dia <strong>de</strong> reabilitação, a tartaruga permanecia ativa e alerta. Portanto optou-se pela<br />

liberação imediata do animal. Momento antes da liberação foi realizada a marcação nas nada<strong>de</strong>iras posteriores<br />

da tartaruga (direita: BR56640; esquerda: BR56641), com anilhas metálicas fornecidas pelo Projeto TAMAR ao<br />

NEMA (Núcleo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Monitoramento Ambiental) e repassadas ao CRAM. Foi feito uma última coleta <strong>de</strong><br />

sangue, cujos valores foram <strong>de</strong> hematócrito 32 %, glóbulos brancos menor que 1% e proteínas plasmáticas totais<br />

4,4g/dl além da aplicação da segunda dose do Pentabiótico® por via intramuscular. O animal foi encaminhado<br />

a uma embarcação da Praticagem do Porto <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, que em uma ação conjunta <strong>de</strong> toda tripulação<br />

juntamente com a equipe do CRAM-FURG, a tartaruga foi liberada aproximadamente 5,5 milhas náuticas ao Sul<br />

da costa da Praia do Cassino, Rio Gran<strong>de</strong>-RS.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

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Baseado no exame clínico do traumatismo craniano <strong>de</strong>duz-se que a lesão po<strong>de</strong> ter sido causada por<br />

choque com embarcação, pois além do traumatismo, o animal possuía escoriações na carapaça na mesma<br />

direção da lesão do crânio. Sugerindo assim colisão com algum tipo <strong>de</strong> hélice.<br />

Monteiro et al. (2006) sugerem que muitas das <strong>tartarugas</strong> marinhas encontradas encalhadas no litoral<br />

sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul possuem escoriações provavelmente por apetrechos <strong>de</strong> pesca. Portanto o traumatismo<br />

presente na tartaruga <strong>de</strong> couro recebida no CRAM-FURG po<strong>de</strong> ser proveniente <strong>de</strong> alguma embarcação <strong>de</strong><br />

pesca, pois também o litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul é uma área <strong>de</strong> pesca intensiva e com ampla diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apetrechos.<br />

Entretanto, na área do presente estudo está localizado o Porto <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>-RS, consi<strong>de</strong>rado o<br />

segundo porto mais importante do país para o <strong>de</strong>senvolvimento do comércio internacional brasileiro. Devido a<br />

isso, existe um gran<strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s navios <strong>de</strong> carga, po<strong>de</strong>ndo assim, o traumatismo da tartaruga-<strong>de</strong>-couro<br />

ser proveniente por colisão com este tipo <strong>de</strong> embarcação.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Nema (Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental), ao Laboratório <strong>de</strong> Tartarugas<br />

e Mamíferos Marinhos da FURG, Patrulha Ambiental e ICMBIO (Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da<br />

Biodivesida<strong>de</strong>) pelo trabalho em equipe para resgatar esses animais encontrados encalhados na praia. E aos<br />

assistentes do Dr. Flávio Amado Hanciau, Felipe Silveira Martins e Pablo Reis <strong>de</strong> Moraes. E a Vanessa Pedroso<br />

e Aryse Martins, componentes da equipe CRAM-FURG.<br />

Referências Bibiográficas<br />

Barata, P.C.R. E.H.S.M. Lima, M. B<strong>org</strong>es-Martins, J.T. Scalfoni, C. Bellini, e S. Siciliano. 2004. Records of<br />

leatherback sea turtle on the Brazilian coast, 1969-2001. Journal of the Marine Biological Association of United<br />

Kingdom 84:1233-1240.<br />

Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on sea turtles in southern Brazil.<br />

Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334.<br />

Kotas, J.E., S. Santos, V.G. Azevedo, B.M.G. Gallo, e P.C.R. Barata. 2004. Inci<strong>de</strong>ntal capture of loggerhead and<br />

leatherback sea turtles by the pelagic longline fishery off southern Brazil. Fishery Bulletin 102:393-399<br />

Marcovaldi, M.A., G. Sales, J.C.A. Thomé, A.C.C.D. Silva, B.M. Gallo, E.H.S.M Lima, E.P. Lima, e C. Bellini 2006.<br />

Sea turtles and fishery interactions in Brazil: i<strong>de</strong>ntifying and mitigating potential conflicts. Marine Turtle Newsletter<br />

112:4-8.<br />

Ministério do Meio Ambiente. MMA. 2003. Lista <strong>de</strong> Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas <strong>de</strong> Extinção.<br />

Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acessada em 24/09/2011<br />

Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast<br />

of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 26 th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and<br />

Conservation. International Sea Turtle Society, Athens, Greece. 257 p.<br />

Sales, G., B.B. Giffoni, e P.C.R. Barata. 2008. Inci<strong>de</strong>ntal catch of sea turtles by the Brazilian pelagic longline<br />

fishery. Journal of the Marine Biological Association of United Kingdom 88:853-864.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/UFRGS)<br />

ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011<br />

Maurício Tavares 1,* , Pedro I.C.C. Figueiredo 1 , Ruth M.S. Oliveira 1 , Bruna Maldaner 1 , Alice A. Pereira 1 ,<br />

Diego C. Santos 1 , Camila T. Rigon 1 , Luciana F. Nunes 1 , Priscila M. Silva 1 , e Cariane C. Trigo 1<br />

1<br />

Setor <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos (CERAM), Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos<br />

e Marinhos, Instituto <strong>de</strong> Biociências, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), Av.<br />

Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS.<br />

* (mauricio.gemars@gmail.com).<br />

Palavras-chave: Centro <strong>de</strong> Reabilitação, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Introdução<br />

O Setor <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos, Costeiros,<br />

Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/<br />

IB/UFRGS) historicamente tem recebido <strong>tartarugas</strong> marinhas <strong>de</strong>bilitadas encontradas na orla do litoral norte<br />

e médio do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (RS), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1990. Dentre as principais causas se <strong>de</strong>stacam os<br />

recebimentos <strong>de</strong>vido a interações com a ativida<strong>de</strong> pesqueira e a ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos <strong>de</strong> origem antrópica<br />

(Barreto et al. 2010; Daudt et al. 2010). O presente trabalho tem por objetivo traçar um panorama do recebimento<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas pelo CERAM entre agosto <strong>de</strong> 2008 e agosto <strong>de</strong> 2011.<br />

Metodologia<br />

Os espécimes recebidos foram oriundos <strong>de</strong> diversas localida<strong>de</strong>s situadas ao longo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 270 km <strong>de</strong><br />

praias arenosas <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> entre os municípios <strong>de</strong> Torres e Mostardas, compreen<strong>de</strong>ndo o litoral norte<br />

e médio leste do RS. Os espécimes foram coletados durante monitoramentos <strong>de</strong> praia realizados pelo Grupo<br />

<strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, através <strong>de</strong> encaminhamentos feitos pelo Comando<br />

Ambiental da Brigada Militar, por recolhimentos efetuados por populares ou, ainda, pelo próprio CERAM.<br />

As <strong>tartarugas</strong> encaminhadas ao CERAM foram fotografadas, examinadas quanto à presença <strong>de</strong><br />

epibiontes e marcas <strong>de</strong> lesões por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca e medidas (comprimento e largura curvilíneos da carapaça).<br />

Resultados e Discussão<br />

Entre 1998 e agosto <strong>de</strong> 2011 foram recebidas 145 <strong>tartarugas</strong> marinhas pelo CERAM. Somente entre<br />

agosto <strong>de</strong> 2008 e agosto <strong>de</strong> 2011 foram recebidas 85 <strong>tartarugas</strong> marinhas, correspon<strong>de</strong>ndo a 58,6% do total<br />

recebido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 (Fig. 1). Todas as cinco espécies ocorrentes no litoral brasileiro foram registradas, sendo<br />

Chelonia mydas a mais abundante (n = 73) com 85,9% dos registros, seguida por Caretta caretta (n = 6),<br />

Eretmochelys imbricata (n = 4), Dermochelys coriacea (n = 1) e Lepidochelys olivacea (n = 1) (Fig. 2). A taxa <strong>de</strong><br />

sucesso na reabilitação foi <strong>de</strong> 100% para D. coriacea, 50% para C. caretta, 6,95% para C. mydas e 0% para<br />

E. imbricata e L. olivacea. Dos espécimes recebidos entre 2008 e 2011, três possuíam marcas metálicas e três<br />

receberam marcas fornecidas pelo Projeto TAMAR-ICMBio, sendo então, reintroduzidas (Tabela 1).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Número <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas recebidas pelo Setor <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos<br />

(CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), entre 1998 e agosto <strong>de</strong> 2011.<br />

Todos os indivíduos <strong>de</strong> C. mydas e E. imbricata recebidos eram juvenis. Chelonia mydas teve comprimento<br />

curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) entre 27,3 e 62,0 cm (média = 36,3 cm) e massa corporal entre 2,1 e 9,75 kg<br />

(média = 4,6 kg), enquanto E. imbricata apresentou CCC entre 37,6 e 37,8 cm e massa corporal entre 2,5 e 5,1<br />

kg. Os espécimes <strong>de</strong> C. caretta apresentaram CCC entre 54,0 e 66,7 cm, enquanto L. olivacea possuía 69,8 cm<br />

<strong>de</strong> CCC.<br />

A presença <strong>de</strong> epibiontes a<strong>de</strong>ridos ao casco, plastrão e nada<strong>de</strong>iras foi registrada em 37,6% dos animais,<br />

o que po<strong>de</strong> estar relacionada ao fenômeno <strong>de</strong> brumação (Castro et al. 2003) ou, ainda, ao estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><br />

apresentado pelos indivíduos.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 2. Procedência dos espécimes recebidos pelo Setor <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos<br />

(CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/ UFRGS) <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008 a agosto <strong>de</strong> 2011. A - Chelonia mydas;<br />

B - Caretta caretta; C -Dermochelys coriacea, Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata.<br />

O maior percentual <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> C. mydas está relacionado à ingestão <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> origem<br />

antrópica, visto que a maioria dos indivíduos encaminhados ao CERAM encontrava-se <strong>de</strong>bilitado em <strong>de</strong>corrência<br />

do acúmulo <strong>de</strong> lixo no trato gastrointestinal.<br />

O CERAM vem <strong>de</strong>senvolvendo diversos trabalhos sobre diferentes aspectos da biologia das espécies,<br />

como <strong>de</strong>terminação sexual, análise da dieta, da fauna parasitária e epibionte, entre outros, buscando contribuir<br />

para a elaboração <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tabela 1. Espécimes recebidos com marcas metálicas e marcados pelo Setor <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais<br />

Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong><br />

Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), entre agosto <strong>de</strong> 2008 e<br />

agosto 2011.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos à equipe do PRESERVAS/CECLIVET da FAVET/UFRGS e do GEMARS, ao Projeto<br />

TAMAR-ICMBio e à Danielle da Silveira Monteiro do NEMA pelo fornecimento das anilhas.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Barreto, J.S., R. Machado, S.B. Nakashima, e C.C. Trigo. 2010. Primeiro registro <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia<br />

mydas (Linnaeus, 1758), na laguna Tramandaí, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Resumos do II Simpósio <strong>de</strong> Biologia Marinha<br />

(SABMAR). Tramandaí, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Castro, J., M. Laporta, F. Scarabino, M. López-Mendilaharsu, A. Fallabrino, e G. Riestra. 2003. Presencia <strong>de</strong><br />

<strong>org</strong>anismos epibiontes inusuales para tortuga ver<strong>de</strong> juvenil (Chelonia mydas): evi<strong>de</strong>ncias brumación en águas<br />

uruguayas? Resumos da II Jornadas <strong>de</strong> Conservación y Uso Sustentable <strong>de</strong> la Fauna Marina. Montevi<strong>de</strong>o,<br />

Uruguay.<br />

Daudt, N.W., C.T. Rigon, R.A. Xavier, P.M. Silva, S.B. Nakashima, M.W. Atai<strong>de</strong>, M.M. Alievi, C.S. Braga, M.<br />

Tavares, e C.C. Trigo. 2010. Ingestão <strong>de</strong> resíduos antropogênicos por juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia<br />

mydas (Linnaeus, 1758), no litoral (norte e médio) do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Resumos do II Simpósio <strong>de</strong> Biologia<br />

Marinha (SABMAR). Tramandaí, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tartarugas Ver<strong>de</strong>s (Chelonia mydas) recebidas no Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais<br />

Marinhos (CRAM/FURG) e a ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos<br />

Paula Lima Canabarro 1,* , Roberta Petitet 1 , Pedro Bruno 1 , Andrea Adornes 1 , Rodolfo Pinho da Silva-Filho 1 ,<br />

e Lauro Barcellos 1<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais Marinhos (CRAM-FURG), Rua Capitão Tentente Perdigão, n°10, centro,<br />

Rio Gran<strong>de</strong>, RS.<br />

* (paulete_oceanofurg@yahoo.com.br)<br />

Palavras-chave: lixo, tartaruga marinha, fecaloma, reabilitação<br />

Introdução<br />

A região costeira do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul possui um problema concreto <strong>de</strong> contaminação por resíduos<br />

sólidos (Wetzel 1995). Os efeitos junto à megafauna são imediatos e preferencialmente mecânicos, como<br />

enredamento e afogamento, diminuição na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar alimento e/ou evitar a predação, bloqueio<br />

do trato digestivo e ferimentos oriundos da associação <strong>de</strong> componentes abrasivos ou cortantes (Tourinho et al.<br />

2010).<br />

Das cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que utilizam a costa brasileira, três utilizam regularmente a<br />

costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul: tartaruga-ver<strong>de</strong> Chelonia mydas, tartaruga-cabeçuda Caretta caretta, e tartaruga-<strong>de</strong>couro<br />

Dermochelys coriacea (Monteiro et al. 2006). As principais causas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul são a captura inci<strong>de</strong>ntal em apetrechos <strong>de</strong> pesca (Monteiro et al. 2006) e a<br />

ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos (Bugoni et al. 2001).<br />

O Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais Marinhos (CRAM-FURG), localizado no extremo sul do Brasil<br />

recebe anualmente uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fauna marinha impactada por ativida<strong>de</strong>s antrópicas, tais como<br />

animais com o corpo coberto <strong>de</strong> óleo, feridos por embarcações e apetrecho <strong>de</strong> pesca e intoxicados por ingestão<br />

<strong>de</strong> corpos estranhos. Dentre os animais atendidos no Centro, as <strong>tartarugas</strong> marinhas se <strong>de</strong>stacam pelo alto<br />

número <strong>de</strong> exemplares recebidos nos últimos anos.<br />

Este trabalho tem como objetivo reportar o número <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong> recebidas no<br />

CRAM no ano <strong>de</strong> 2010 e <strong>de</strong>terminar a principal causa da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> e óbito dos animais recebidos.<br />

Metodologia<br />

O presente estudo foi realizado com dados referentes a 2010 do Centro <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Animais<br />

Marinhos (CRAM-FURG). O CRAM recebe animais marinhos <strong>de</strong>bilitados resgatados pela equipe do Centro ou<br />

trazidos <strong>de</strong> monitoramentos <strong>de</strong> praia por instituições colaboradoras como o Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento<br />

Ambiental (NEMA), o Laboratório <strong>de</strong> Tartarugas e Mamíferos Marinhos (LTMM/FURG), a Patrulha Ambiental<br />

(PATRAM) e o Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> (ICMBio), cobrindo uma área <strong>de</strong> praia<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 350 km <strong>de</strong> extensão entre a Barra da Lagoa do Peixe (31º19’S; 50º58’W) e o Arroio Chuí (33 º 45’S;<br />

53º23’W).<br />

Ao chegarem ao CRAM, é preenchida uma ficha <strong>de</strong> entrada para cada animal com um número <strong>de</strong><br />

ingresso individual, passam por exame clínico, coleta <strong>de</strong> medidas morfométricas: comprimento curvilíneo da<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

carapaça (CCC) e largura curvilínea da carapaça (LCC), medida da massa corpórea (kg) e coleta <strong>de</strong> sangue, a<br />

fim <strong>de</strong> avaliar o estado do animal e <strong>de</strong>terminar o tratamento.<br />

Os indivíduos que foram a óbito ao longo do processo <strong>de</strong> reabilitação foram submetidos à necropsia para<br />

coleta <strong>de</strong> material biológico, análise dos órgãos e sistemas internos (quanto à coloração, alteração <strong>de</strong> tamanho<br />

e outras anomalias). Para cada exemplar foi preenchida uma ficha <strong>de</strong> necropsia com a <strong>de</strong>scrição das alterações<br />

encontradas e o conjunto <strong>de</strong>ssas alterações possibilitou a <strong>de</strong>terminação da causa morte do animal. O trato<br />

gastrointestinal <strong>de</strong> todos os exemplares foi avaliado quanto à presença <strong>de</strong> fecalomas, resíduos sólidos e outras<br />

alterações, e foram armazenados para posterior análise. Foram utilizados os dados obtidos a partir da ficha <strong>de</strong><br />

entrada dos animais recebidos no CRAM para <strong>de</strong>terminar a sazonalida<strong>de</strong> dos animais recebidos e a relação dos<br />

números <strong>de</strong> liberação e <strong>de</strong> óbito das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong> no ano <strong>de</strong> 2010. Também foram utilizadas as fichas <strong>de</strong><br />

necropsia para <strong>de</strong>terminar o número <strong>de</strong> exemplares com presença <strong>de</strong> resíduos sólidos no trato digestivo.<br />

Resultados e Discussão<br />

O CRAM recebeu 37 <strong>tartarugas</strong> da espécie C. mydas, entre os meses <strong>de</strong> janeiro e outubro <strong>de</strong> 2010,<br />

sendo o pico <strong>de</strong> ocorrência no mês <strong>de</strong> maio (n = 12), e nos outros meses o número <strong>de</strong> animais recebidos<br />

variou entre dois e cinco exemplares. Este pico do mês <strong>de</strong> maio po<strong>de</strong> estar relacionado com algum fenômeno<br />

oceanográfico que fez com que vários animais <strong>de</strong>bilitados fossem jogados para a beira da praia, visto que nove<br />

dos doze animais foram provenientes do mesmo monitoramento <strong>de</strong> praia.<br />

Todas as <strong>tartarugas</strong> recebidas foram classificadas como juvenis (Goshe et al. 2010), com CCC médio<br />

<strong>de</strong> 36,1 cm (29,5 - 49,0 cm) e LCC médio <strong>de</strong> 33,6 cm (27,5 - 45,0 cm), e massa corpórea entre 2,6 e 11,8 kg (µ<br />

= 4,7 ± 1,7 cm).<br />

Durante o ano <strong>de</strong> 2010, 97% dos exemplares <strong>de</strong> C. mydas provenientes da praia e recebidas no CRAM<br />

vieram a óbito. Em comparação com anos anteriores, Meirelles et al. (2008) reportou resultado similar, com<br />

mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 96,1% das <strong>tartarugas</strong> <strong>de</strong> praia entre os anos <strong>de</strong> 2004 e 2007. Das <strong>tartarugas</strong> necropsiadas foi<br />

encontrado lixo em todos os tratos gastrointestinais. Na maioria dos casos a presença do lixo estava associada<br />

à presença <strong>de</strong> fecaloma, que consiste em uma massa fecal <strong>de</strong> consistência firme, provavelmente causado pela<br />

<strong>de</strong>sidratação, comprometendo o fluxo do trato digestivo. Em 50% dos indivíduos, além da presença do lixo,<br />

foram encontrados problemas associados, como septicemia (infecção generalizada) e pneumonias bacterianas<br />

granulomatosas.<br />

A ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos po<strong>de</strong> causar diversos problemas à saú<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas, já que o<br />

lixo ao ser ingerido ocupa o espaço que seria ocupado pelo alimento. Este espaço ocupado causa uma sensação<br />

<strong>de</strong> sacieda<strong>de</strong> ao animal, que passa a se alimentar menos e consequentemente se <strong>de</strong>sidrata e se <strong>de</strong>snutre. A<br />

passagem do resíduo pelo trato digestório é lenta e difícil, permanecendo no trato por tempo prolongado (Lutz<br />

1990). Os plásticos rígidos po<strong>de</strong>m ferir a pare<strong>de</strong> intestinal já que possuem cantos pontiagudos, sendo uma causa<br />

potencial <strong>de</strong> outras lesões dos intestinos, tais como volvo e obstrução, os quais po<strong>de</strong>m ser acompanhados por<br />

ruptura intestinal e peritonite (Cappua 2007).<br />

Segundo Bjorndal et al. (1994), a obstrução do trato digestório causada pela ingestão <strong>de</strong> resíduos sólidos<br />

po<strong>de</strong> ser letal, mesmo que em poucas quantida<strong>de</strong>s. Lutz (1990) ainda <strong>de</strong>monstrou que poucas quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> resíduos po<strong>de</strong>m afetar as <strong>tartarugas</strong> marinhas com efeitos significativos pela absorção <strong>de</strong> toxinas, como<br />

pedaços <strong>de</strong> látex e plásticos ingeridos, que permanecem retidos no trato digestório por até quatro meses. Outras<br />

consequências estão relacionado com o acúmulo <strong>de</strong> gases <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>ficiência digestória, o que gera uma<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

flutuabilida<strong>de</strong> positiva, tornando-as mais vulneráveis no oceano, o que as leva a serem atingidas por embarcações,<br />

além <strong>de</strong> se emalharem em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca com maior facilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo morrer afogadas (Guebert 2004).<br />

Meirelles et al. (2008) relaciona o alto índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C. mydas recebidas no CRAM à hipótese<br />

<strong>de</strong> que os animais encalhados na praia apresentam a saú<strong>de</strong> comprometida, impossibilitando o sucesso da sua<br />

reabilitação, po<strong>de</strong>ndo o comprometimento da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes animais estar relacionado com a ingestão <strong>de</strong> lixo<br />

Nesse contexto, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que o lixo é uma causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas,<br />

em especial as juvenis <strong>de</strong> C. mydas que é a espécie foco <strong>de</strong>ste trabalho. A espécie encontra-se na lista dos<br />

animais ameaçados <strong>de</strong> extinção classificada como “em perigo” (IUCN 2010).<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, e C.J. Lagueux. 1994. Ingestion of marine <strong>de</strong>bris by juvenile sea turtles in Coastal<br />

Florida habitats. Marine Pollution Bulletin 28:154-158.<br />

Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on sea turtles in southern Brazil.<br />

Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334.<br />

Cappua, G.A., P.B. Bassi, A.T.L. Meirelles, C.O. Gamba, e C.G. Fernan<strong>de</strong>s. 2007. Intussuscepção em tartarugaver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas): relato <strong>de</strong> caso. In: Livro <strong>de</strong> Resumos da III Jornada <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong><br />

Tortugas Marinas em El Atlântico Sur Oci<strong>de</strong>ntal. Piriápolis, Uruguay, p. 79.<br />

Guebert, F.M. 2004. Ecologia alimentar e mortalida<strong>de</strong> da tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas, no litoral do Estado<br />

do Paraná. Monografia, UFPR, Pontal do Paraná-PR.<br />

Goshe, L., L. Avens, F.S. Scharf, e A.L. Southwood. 2010. Estimation of age at maturation and growth of Atlantic<br />

green turtles (Chelonia mydas) using skeletochronology. Marine Biology 157:1725-1740.<br />

IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.4. . Acessado em 15 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> 2011.<br />

Lutz, P. 1990. Studies on the ingestion of plastic and latex by sea turtles. In: Proceedings of the 2 nd international<br />

conference on marine <strong>de</strong>bris. Shomura, R.S., e M.L. Godfrey (Eds). NOAA Technical Memorandum. Honolulu,<br />

Hawaii. 719-735.<br />

Meirelles, A.T.L., A.C. Adornes, P.L. Canabarro, e R.P. Silva-Filho. 2008. Reabilitação <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> Chelonia<br />

mydas, no CRAM – Museu Oceanográfico- FURG, RS, Brasil. 1º Congreso Latinoamericano <strong>de</strong> Rehabilitación <strong>de</strong><br />

Fauna Marina. San Clemente <strong>de</strong>l Tuyú, Argentina. 106p.<br />

Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast<br />

of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 26 th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and<br />

Conservation, Athens, Greece. P. 257.<br />

Tourinho, P.S., J.A. Ivar do Sul, e G. Fillmann. 2010. Is marine <strong>de</strong>bris ingestion still a problem for the coastal<br />

marine biota of southern Brazil? Marine Polution Bulletin 60:396-401.<br />

Wetzel, L.B. 1995. Contaminação por resíduos sólidos e piche: uma perspectiva da praia do Cassino, município<br />

<strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, RS. Monografia, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

INDICADORES BIOQUÍMICOS NUTRICIONAIS DE FÊMEAS DE Eretmochelys imbricata DURANTE O<br />

PERÍODO REPRODUTIVO<br />

Daphne Wrobel Goldberg 1,2 , Armando Barsante 3 , Layse Aranha Marinho 3 , Lourival Dutra Neto 3 , Daniel Gil<br />

Vieira 3 , Gustavo David Stahelin 1 , Jayme da Cunha Bastos 2 , e Vera Lucia Freire da Cunha Bastos 2<br />

1<br />

Fundação Pro-Tamar, Caixa Postal 5098 Florianópolis, SC, 88040-970, Brasil. (daphne@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

2<br />

Departamento <strong>de</strong> Bioquímica, Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Av. 28 <strong>de</strong> Setembro, 87 Fds, 4º Andar,<br />

Vila Isabel, Rio <strong>de</strong> janeiro, RJ, CEP: 20551-030, Brasil. (vbastos@uerj.br).<br />

3<br />

Fundação Pro-Tamar, Caixa Postal 50, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, 53990-000 Brasil.<br />

Palavras-chave: Bioquímica; nutrição; reprodução; tartaruga-<strong>de</strong>-pente.<br />

Introdução<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas apresentam reprodução sazonal, sendo este padrão estabelecido por hormônios<br />

esterói<strong>de</strong>s. Dentro <strong>de</strong> uma única temporada <strong>de</strong> nidação, uma fêmea po<strong>de</strong> realizar diversas posturas, com<br />

intervalos variáveis para cada espécie. Tartarugas-<strong>de</strong>-pente (Eretmochelys imbricata) po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sovar até oito<br />

vezes numa temporada, com intervalos internidais <strong>de</strong> 15 dias em média (Chan e Liew 1999).<br />

Durante a temporada <strong>de</strong> nidação as fêmeas diminuem ou cessam completamente a ingestão <strong>de</strong> alimentos<br />

(Tucker e Read 2001; Hamann et al. 2002), possivelmente mobilizando suas reservas energéticas para fins<br />

reprodutivos (Hamann et al. 2003). De acordo com Hays et al. (1999) esta ocorrência po<strong>de</strong> estar associada à<br />

redução do metabolismo. As fêmeas tornam-se hipoativas durante os intervalos internidais, aparentemente para<br />

poupar suas reservas energéticas para a nidação; e a busca por alimentos no período da postura implicaria num<br />

gasto energético que po<strong>de</strong>ria não ser recompensado (Hays et al. 1999).<br />

O fato das fêmeas não se alimentarem nos períodos internidais reforça a idéia <strong>de</strong> que estes animais<br />

armazenam energia e nutrientes no período que antece<strong>de</strong> a cópula, em áreas <strong>de</strong> alimentação (Hamann et al.<br />

2003).<br />

O presente estudo tem por objetivo <strong>de</strong>terminar alguns parâmetros bioquímicos indicadores do estado<br />

nutricional <strong>de</strong> E. imbricata ao longo do processo <strong>de</strong> nidação e associá-los com a variação <strong>de</strong> peso observada até<br />

o término da temporada.<br />

Material e métodos<br />

A área monitorada tem aproximadamente 5 km <strong>de</strong> extensão e está situada no litoral sul do município <strong>de</strong><br />

Tibau do Sul, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte (6º 13’ 40”S e 35º 03’ 05”W) e faz parte da área <strong>de</strong> atuação da Base <strong>de</strong> Pipa<br />

do Projeto TAMAR-ICMBio.<br />

O monitoramento noturno da praia foi intensivo e teve início às 19h00 e término às 5h00. Os animais foram<br />

submetidos aos processos <strong>de</strong> marcação, biometria, pesagem e coleta <strong>de</strong> sangue. A marcação das <strong>tartarugas</strong><br />

permitiu a i<strong>de</strong>ntificação dos animais recapturados e a obtenção <strong>de</strong> amostras seriadas do mesmo indivíduo.<br />

As coletas foram realizadas por venopunção do seio cervical dorsal, sendo coletados 10 mL <strong>de</strong> sangue<br />

total, sem anticoagulante. Foram <strong>de</strong>terminados os níveis séricos <strong>de</strong> glicose, uréia, proteína total, triglicerí<strong>de</strong>os e<br />

colesterol total através <strong>de</strong> kits bioquímicos da marca Labtest â .<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram amostradas 28 E. imbricata na temporada reprodutiva <strong>de</strong> 2009/2010. O comprimento curvilíneo<br />

<strong>de</strong> carapaça médio foi <strong>de</strong> 82,9 ± 5,2 cm (73,0 - 94,0; n = 28). O número <strong>de</strong> abordagens do mesmo indivíduo variou<br />

entre uma e seis vezes, totalizando 56 amostras coletadas. Ao primeiro contato as fêmeas apresentaram uma<br />

média <strong>de</strong> peso pós-oviposição <strong>de</strong> 82,2 ± 10,4 kg (60,4 - 81,8; n = 10). Ao término da temporada reprodutiva esta<br />

média <strong>de</strong>clinou para 78,01 ± 9,8 kg (58,0 - 91,2; n = 10). A média percentual <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> massa corpórea foi <strong>de</strong><br />

5,1 ± 3,3 % (Tabela 1).<br />

Os valores <strong>de</strong> proteínas séricas (Tabela 2) apresentaram-se mais elevados no início do período <strong>de</strong><br />

nidação, sendo compatíveis com a ativida<strong>de</strong> vitelogênica, e <strong>de</strong> forma geral foram <strong>de</strong>caindo até o término do<br />

período. Ao contrário das proteínas, os níveis séricos <strong>de</strong> uréia (Tabela 2) ao longo do período <strong>de</strong> nidação<br />

apresentaram elevação gradativa. A perda <strong>de</strong> peso associada à redução dos valores das proteínas totais e à<br />

elevação dos níveis séricos <strong>de</strong> uréia sugerem proteólise endógena para a formação <strong>de</strong> glicose (gliconeogênese).<br />

O jejum prolongado intensifica a <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> proteínas musculares, uma vez que a as ca<strong>de</strong>ias carbônicas<br />

<strong>de</strong>stes aminoácidos serão utilizadas na gliconeogênese. Desta forma, a eliminação dos grupamentos amino<br />

restantes irá promover um aumento na excreção <strong>de</strong> uréia. A uréia por sua vez, po<strong>de</strong> ser reabsorvida pela bexiga<br />

urinária para ser reutilizada pelo <strong>org</strong>anismo. Em função da proteólise e da reabsorção através da bexiga, a<br />

uremia apresentou aumento gradativo ao longo do período.<br />

Tabela 1. Média, <strong>de</strong>svio padrão e variação do comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça, largura curvilínea <strong>de</strong> carapaça<br />

e peso <strong>de</strong> fêmeas <strong>de</strong> Eretmochelys imbricata ao longo da temporada reprodutiva <strong>de</strong> 2009/2010.<br />

A concentração sérica <strong>de</strong> glicose (Tabela 2) não variou <strong>de</strong> forma linear para todos os animais ao longo da<br />

temporada. No entanto, houve uma tendência à redução dos níveis glicêmicos. Apesar da glicose ser consi<strong>de</strong>rada<br />

uma das fontes energéticas mais importantes, não é um indicador expressivo do estado nutricional dos indivíduos.<br />

O controle homeostático hormonal realizado pelo <strong>org</strong>anismo se sobrepõe, muitas vezes, a alterações que a dieta<br />

possa causar sobre a glicemia. Além disso, o estresse causa variações expressivas na glicemia, portanto, o<br />

excesso <strong>de</strong> manipulação do animal no momento da coleta po<strong>de</strong> gerar um quadro <strong>de</strong> hiperglicemia iatrogênica.<br />

As concentrações séricas <strong>de</strong> triglicerí<strong>de</strong>os (Tabela 2) no início da temporada <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova encontravamse<br />

elevadas na maior parte das fêmeas analisadas. Foi possível observar uma diminuição gradativa nestas<br />

concentrações ao longo do período reprodutivo, atingindo o pico mínimo ao término da temporada. Isto significa<br />

que as fêmeas iniciam a temporada <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova com boa condição corpórea adquirida previamente nas áreas <strong>de</strong><br />

alimentação. Ao longo do período, os triglicerí<strong>de</strong>os vão sendo <strong>de</strong>gradados a ácidos graxos e glicerol. Os ácidos<br />

graxos são utilizados como fonte <strong>de</strong> energia, especialmente no tecido muscular, reduzindo a <strong>de</strong>manda <strong>org</strong>ânica<br />

por glicose. O glicerol por sua vez, po<strong>de</strong> formar uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> glicose, porém, a maior parte é<br />

gerada a partir dos aminoácidos provenientes da proteólise.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tabela 2. Valores referentes ao peso e às concentrações séricas <strong>de</strong> uréia e <strong>de</strong> proteínas totais, glicose e<br />

triglicerí<strong>de</strong>os <strong>de</strong> fêmeas <strong>de</strong> E. imbricata ao longo da temporada reprodutiva <strong>de</strong> 2009/2010. Triglicerí<strong>de</strong>os<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Em resumo po<strong>de</strong>-se concluir que a população <strong>de</strong> fêmeas <strong>de</strong> E. imbricata avaliada no presente estudo<br />

apresentou um quadro <strong>de</strong> hipofagia ou afagia durante a temporada <strong>de</strong> nidação. Os parâmetros bioquímicos<br />

analisados indicaram um processo catabólico que foi confirmado pela redução no índice <strong>de</strong> massa corpórea da<br />

maior parte dos animais ao término do período reprodutivo.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a CAPES pelo auxílio financeiro. O Projeto Tamar, programa <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> do Ministério<br />

do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, filiado ao Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> (ICMBio/<br />

MMA), é co-administrado pela Fundação Pró-Tamar e oficialmente patrocinado pela Petrobrás.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Chan, E.H., e H.C. Liew. 1999. Hawksbill turtles, Eretmochelys imbricata nesting on Redang Island, Malaysia,<br />

from 1993-1997. Chelonian Conservation and Biology 3:326-329.<br />

Hamann, m., t.s. Jessop, c.j. Limpus, e j.m. Whittier. 2002. Interactions among endocrinology, seasonal<br />

reproductive cycles and the nesting biology of the female green sea turtle. Marine Biology 140:823-830.<br />

Hamann, M., C.J. Limpus, e J.M. Whittier. 2003. Seasonal variation in plasma catecholamines and adipose tissue<br />

lipolysis in adult female green sea turtles (Chelonia mydas). General and Comparative Endocrinology 130:308-<br />

316.<br />

Hays, G.C., P. Luschi, F. Papi, C. Del Seppia, e R. Marsh. 1999. Changes in behaviour during the internesting<br />

period and postnesting migration for Ascension Island green turtles. Marine Ecology Progress Series 189:263-<br />

273.<br />

Tucker, A.D., e M.A. Read. 2001. Frequency of foraging by gravid green turtles (Chelonia mydas) at Raine Island,<br />

Great Barrier Reef. Journal of Herpetology 35:500-503.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ANÁLISE INTEGRADA DE MÚLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLÂNTICO E NO<br />

CARIBE<br />

Rodrigo C. A. Santos 1,* , e David Richardson 1<br />

1<br />

University of East Anglia.<br />

* (rodrigocesar1@yahoo.com.br)<br />

Palavras-chaves: populações reprodutivas, migrações, áreas <strong>de</strong> alimentação, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> estoques, análise<br />

hierárquica bayesiana.<br />

Introdução<br />

A tartaruga-ver<strong>de</strong> Chelonia mydas é uma espécie altamente migratória e <strong>de</strong> ampla distribuição no<br />

Atlântico e no Caribe. Estudos genéticos revelaram que suas populações reprodutivas são estruturadas em<br />

linhagens matriarcais, po<strong>de</strong>ndo ser distinguidas no nível do DNA mitocondrial. Uma vez que as mais importantes<br />

colônias reprodutivas já se encontram bem caracterizadas, crescente esforço tem sido feito para i<strong>de</strong>ntificar a<br />

origem das <strong>tartarugas</strong> juvenis que habitam as áreas <strong>de</strong> alimentação.<br />

Neste estudo, caracteriza-se o perfil genético da população juvenil <strong>de</strong> C. mydas que habita a região <strong>de</strong><br />

Florianópolis. Adicionalmente, o trabalho incorpora 10 populações reprodutivas e 9 não-reprodutivas em uma<br />

análise integrada <strong>de</strong> múltiplos estoques-mistos. O mo<strong>de</strong>lo provê uma ampla perspectiva sobre os movimentos<br />

migratórios <strong>de</strong> larga-escala da tartaruga-ver<strong>de</strong> ao acessar a complexa relação entres as distintas áreas <strong>de</strong><br />

alimentação e <strong>de</strong>sova.<br />

Metodologia<br />

Amostras <strong>de</strong> tecido epitelial (1 cm 3 ) foram obtidas a partir <strong>de</strong> 81 <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s juvenis capturadas<br />

na região <strong>de</strong> Florianópolis entre julho e março <strong>de</strong> 2003 a 2006. As amostras foram preservadas em etanol 70%<br />

e armazenadas a -20 °C no Laboratório <strong>de</strong> Protozoologia da UFSC, Brasil. Os procedimentos a seguir foram<br />

realizados no Laboratório <strong>de</strong> Ecologia Molecular da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> East Anglia, Inglaterra. Para extração do<br />

DNA, cada amostra biológica foi finamente <strong>de</strong>strinchada e adicionada a 20 μl <strong>de</strong> solução Proteinase-K 20 mg/l<br />

com 300 μl <strong>de</strong> solução tampão TEN 2% SDS. A mistura foi incubada a 55 °C por 3 horas ou durante a noite a<br />

37 °C. Na seqüência, 90 μl <strong>de</strong> NaCl 5M foram adicionadas. A amostra foi levada ao vórtex por 25 segundos e<br />

posteriormente centrifugada a 13.000 rpm por 7 minutos. O supernatante foi transferido para tubo eppendorf<br />

limpo e o DNA foi precipitado usando 2 volumes <strong>de</strong> EtOH 100%. A mistura foi incubada a -80 °C por 20 minutos<br />

e centrifugada a 13.000 rpm por mais 20 minutos. O álcool foi <strong>de</strong>cantado e as pelotas <strong>de</strong> DNA lavadas 2 vezes<br />

usando 500 μl <strong>de</strong> EtOH 70%, seguindo centrifugação a 13.000 rpm por 3 minutos. O DNA foi secado a 37 °C por<br />

1 hora e re-suspenso em 200 μl <strong>de</strong> solução T10E0.1 (10 mM Tris, 0.1 mM EDTA). A concentração <strong>de</strong> DNA foi<br />

então quantificada por espectrofotometria (NanoDrop ND-1000).<br />

Os primers LTCM2 e HDCM2 (Lahanas et al. 1994) foram utilizados para amplificar um fragmento <strong>de</strong><br />

481pb da região <strong>de</strong> controle do mtDNA via PCR (0.5 μl <strong>de</strong> cada primer, 1.5 μl <strong>de</strong> DNA, 5 μl <strong>de</strong> mistura PCR Master<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

e H 2<br />

O até o volume <strong>de</strong> 10 μl), nas seguintes condições: 5 min. a 94 °C, 36 ciclos <strong>de</strong> 45 s a 94 °C, 45 s a 56 °C<br />

e 45 s a 72 °C, seguido por 5 min. a 72 °C, usando o termociclador Peltier PTC-240. Um controle negativo foi<br />

incluído como precaução para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> eventual contaminação.<br />

A reação <strong>de</strong> seqüenciamento (1 μl <strong>de</strong> BigDye, 1.5 μl <strong>de</strong> tampão <strong>de</strong> seqüenciamento, 0.5 μl do primer<br />

LCTM2, 1.5 μl <strong>de</strong> PCR padrão e H 2<br />

O até o volume <strong>de</strong> 10 μl) foi operada da seguinte forma: 2 min. a 94 °C, 25<br />

ciclos <strong>de</strong> 30 s a 94 °C, 30 s a 50 °C e 2 min. a 60 °C, seguido por 1 min. a 60 °C e 5 min. a 4 °C, usando um<br />

GeneAmp PCR System 9700. Os produtos rotulados foram analisados por um seqüenciador automático ABI<br />

3700, no Centro <strong>de</strong> Genoma John Innes, no Reino Unido. As seqüências foram então alinhadas e editadas no<br />

programa computacional MEGA 4 (Tamura et al. 2007).<br />

Calculou-se a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haplótipos e <strong>de</strong> nucleotí<strong>de</strong>os usando o programa Arlequin 3.1 (Excoffier et<br />

al. 2005). Um <strong>de</strong>ndrograma foi gerado a partir do TCS 1.21 (Clement et al. 2000), usando o critério <strong>de</strong> parcimônia<br />

para acessar as relações entre os haplótipos.<br />

O Teste <strong>de</strong> Precisão para Diferenciação <strong>de</strong> Populações (ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Markov <strong>de</strong> 10.000 passos, com 1000<br />

passos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smemorização) foi aplicado para comparar os perfis genéticos e <strong>de</strong>terminar as diferenças entre as<br />

populações <strong>de</strong> C. mydas.<br />

Uma Análise <strong>de</strong> Múltiplos Estoques-Mistos (MMSA) (Bolker et al. 2007), com abordagem hierárquica<br />

Bayesiana, foi feita com o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver os movimentos migratórios <strong>de</strong> larga escala <strong>de</strong> C. mydas no<br />

Atlântico e no Caribe. Ao contrário dos estudos prévios, a população <strong>de</strong> Cyprus foi excluída da presente análise<br />

por consi<strong>de</strong>rarmos sua inclusão como potencialmente capaz <strong>de</strong> afetar negativamente os resultados. Não há<br />

nenhuma evidência <strong>de</strong> interação contemporânea ou histórica entre a população <strong>de</strong> Cyprus e as do Atlântico e<br />

Caribe, sendo que a dispersão <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cyprus está restrita ao Mediterrâneo (Baran e Kasparek<br />

1989; Margaritoulis e Teneketzis 2001; Godley et al. 2002). Tal população é a menor e a mais distante <strong>de</strong> todas as<br />

outras aqui consi<strong>de</strong>radas, e seus únicos 2 haplótipos i<strong>de</strong>ntificados até o momento (Encalada et al. 1996; Kaska<br />

2000) nunca foram encontrados nas <strong>de</strong>mais populações <strong>de</strong> C. mydas.<br />

A MMSA foi rodada por meio do Mixstock Package, usando o programa computacional R 2.5.1 associado<br />

ao WinBugs 1.4.2. Os haplótipos presentes apenas nas áreas <strong>de</strong> alimentação foram excluídos, e aqueles<br />

presentes em apenas uma colônia reprodutiva foram agrupados. O diagnóstico Raftery-Lewis foi empregado<br />

para estimar o comprimento mínimo sugerido para a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Markov (n = 3), a qual totalizou 12.000 iterações<br />

cada. As ca<strong>de</strong>ias foram iniciadas a partir <strong>de</strong> pontos randômicos, evitando-se assim o pressuposto <strong>de</strong> que a<br />

maior parte das contribuições venha <strong>de</strong> uma colônia reprodutiva pré-<strong>de</strong>terminada. O diagnóstico <strong>de</strong> Gelman-<br />

Rubin foi usado para certificar a convergência das ca<strong>de</strong>ias abaixo do nível aceitável <strong>de</strong> 1.2 para uma estimativa<br />

confiável. O GR foi computado apenas a partir da segunda meta<strong>de</strong> das ca<strong>de</strong>ias, enquanto a primeira meta<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong>scartada, visando remover a <strong>de</strong>pendência sobre os valores <strong>de</strong> iniciação (Pella e Masuda 2001).<br />

Análises hierárquicas <strong>de</strong> estoques-mistos permitem a incorporação <strong>de</strong> covariáveis ecológicas no<br />

mo<strong>de</strong>lo, como por exemplo, o tamanho das populações reprodutivas. Neste caso, no entanto, um importante<br />

pressuposto é que o tamanho da população <strong>de</strong>ve ser certamente conhecido (Bolker et al. 2007). Além <strong>de</strong> corrigir<br />

grave erro na estimativa da população reprodutiva brasileira, estimativa esta que serviu <strong>de</strong> base para todas as<br />

análises <strong>de</strong> estoques-mistos realizadas até então, o presente trabalho inclui estimativa atualizada das <strong>de</strong>mais<br />

populações reprodutivas do Atlântico e do Caribe. Quando somente informações sobre o número <strong>de</strong> ninhos<br />

estiveram disponíveis, utilizou-se 3 ninhos/fêmea (Buskirk e Crow<strong>de</strong>r 1994) no cálculo do tamanho da população.<br />

Além disso, sempre que possível, utilizou-se a média <strong>de</strong> anos subseqüentes para calcular o número <strong>de</strong> fêmeas<br />

reprodutivas, evitando assim o viés <strong>de</strong>vido às flutuações inter-anuais nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Resultados e Discussão<br />

Baseado nas frequências dos haplótipos nas distintas populações (Fig. 1), a MMSA expressa os<br />

resultados não apenas da forma tradicional (i.e., a proporção <strong>de</strong> indivíduos nas áreas <strong>de</strong> alimentação vindos<br />

das colônias reprodutivas, Fig. 2), mas também inversamente, ou seja, a proporção <strong>de</strong> indivíduos nas colônias<br />

reprodutivas migrando a cada área <strong>de</strong> alimentação (não mostrado aqui).<br />

Figura 1. Frequências dos haplótipos <strong>de</strong> mtDNA em 10 colônias reprodutivas e 9 áreas <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong><br />

Chelonia mydas no Atlântico e no Caribe.<br />

Os resultados aqui apresentados não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados conclusivos. Há muito que se evoluir no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do mo<strong>de</strong>lo estatístico da MMSA, principalmente no que se refere à inclusão das covariáveis<br />

ecológicas <strong>de</strong> “intensida<strong>de</strong>”, “sentido” e “direção” das correntes oceânicas.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 2. Contribuições relativas das colônias reprodutivas aos estoques-mistos. Pontos representam a proporção<br />

média <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> no estoque-misto oriundas <strong>de</strong> uma colônia reprodutiva específica listada no eixo X.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

União Européia/Programa ALBAN: Bolsista Nº E06M104036BR; University of East Anglia: Bolsista do<br />

International Scholarship Award; IBAMA: Licença <strong>de</strong> captura e coleta Nº 01/2003, Processo 020.26004191/03-<br />

14; CITES-Brasil: Licença <strong>de</strong> Exportação Nº 07BR000575/DF; CITES-UK: Licença <strong>de</strong> Importação Nº 297472/01;<br />

Apoio institucional: MOVI & Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina – UFSC; Laboratório <strong>de</strong> Protozoologia<br />

da UFSC: armazenamento <strong>de</strong> amostras biológicas; Edmundo Grisard (UFSC), Jules Soto (MOVI) e todos os<br />

pescadores artesanais e comunida<strong>de</strong> tradicional do sul da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina, Florianópolis.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

Baran, I., e M. Kasparek. 1989. On the whereabout of immature sea turtles (Caretta caretta and Chelonia mydas)<br />

in the eastern Mediterranean. Zoology in the Middle East 3:31-36.<br />

Bolker, B.M., T. Okuyama, K.A. Bjorndal, e A.B. Bolten. 2007. Incorporating multiple mixed stocks in mixed stock<br />

analysis: ‘many-to-many’ analyses. Molecular Ecology 16:685-695.<br />

Buskirk, J.V. e J.B. Crow<strong>de</strong>r. 1994. Life-history variation in marine turtles. Copeia 1994:66-81.<br />

Clement, M., D. Posada, e K.A. Crandall. 2000. TCS: a computer program to estimate gene genealogies. Molecular<br />

Ecology 9:1657-1660.<br />

Excoffier, L., G. Laval, e S. Schnei<strong>de</strong>r. 2005. Arlequin v.3.0: An integrated software package for population genetics<br />

data analysis. Evolutionary Bioinformatics Online 1:47-50.<br />

Encalada, S.E., K.A Lahanas, K. Bjourdal, A. Bolten, M.M. Miyamoto, e B. Bowen. 1996. Phylogeography and<br />

population structure of the Atlantic and Mediterranean green turtle (Chelonia mydas): a mitochondrial DNA control<br />

region assessment. Molecular Ecology 5:473-483.<br />

Godley, B.J., S. Richardson, A.C. Bro<strong>de</strong>rick, M.S. Coyne, F. Glen, e G.C. Hays. 2002. Longterm satellite telemetry<br />

of the movements and habitat utilisation by green turtles in the Mediterranean. Ecography 25:352-362.<br />

Kaska, Y. 2000. Genetic structure of Mediterranean sea turtle populations. Turkish Journal of Zoology 24:191-197.<br />

Lahanas, P.N., M.M. Miyamoto, K.A. Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 1994. Molecular evolution and population<br />

genetics of the greater Caribbean green turtles (Chelonia mydas) as inferred from mitochondrial DNA control<br />

region sequences. Genetica 94:57-66.<br />

Margaritoulis, D., e K. Teneketzis. 2001. I<strong>de</strong>ntification of a <strong>de</strong>velopmental habitat of the green turtle in Lakonikos<br />

Bay, Greece. Páginas 170-175 In Margaritoulis, D., e A. Demetropoulos (Eds.). Proceedings of the 1 st Mediterranean<br />

Conference on Marine Turtles.<br />

Pella J., e M. Masuda 2001. Bayesian methods for analysis of stock mixtures from genetic characters. Fishery<br />

Bulletin 9:151-167.<br />

Tamura K., J. Dudley, M. Nei, e S. Kumar. 2007. MEGA4: Molecular Evolutionary Genetics Analysis (MEGA)<br />

software version 4.0. Molecular Biology and Evolution 24:1596-1599.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

EVALUACIÓN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE<br />

BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA<br />

CORONILLA” PRÓXIMA AL CANAL ANDREONI<br />

Virginia Borrat 1,3 , Silvia Villar 2, 3 , Alejandro Marquez 2 , Gustavo Martinez-Souza 1,4 , Alejandro Fallabrino 1 , e<br />

Alvaro Novello 3<br />

1<br />

Karumbé, Tortugas Marinas <strong>de</strong>l Uruguay (vborrat@gmail.com).<br />

2<br />

Laboratorio <strong>de</strong> Microscopía Electrónica <strong>de</strong> Barrido. Facultad <strong>de</strong> Ciencias.<br />

3<br />

Sección Genética Facultad <strong>de</strong> Ciencias. (villararias@yahoo.com).<br />

4<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong>,<br />

FURG, Laboratório <strong>de</strong> Estatística Ambiental – LEA.<br />

Palabras-clave: Chelonia mydas, genotoxicidad, micronúcleos, ensayo cometa.<br />

Introducción<br />

El área <strong>de</strong> estudio correspon<strong>de</strong> al área protegida costero–marina “Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> la Coronilla”<br />

(33º56’ S; 53º‘30 W), siendo este el sitio más importante <strong>de</strong> alimentación y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia<br />

mydas) en Uruguay, presentando gran diversidad <strong>de</strong> algas marinas, su principal alimento (López-Mendilaharsu et<br />

al. 2003). A escala global las poblaciones <strong>de</strong> C. mydas se encuentras listadas como ”en peligro” <strong>de</strong> extinción por<br />

la Unión Internacional para la Conservación <strong>de</strong> la Naturaleza (IUCN), siendo una <strong>de</strong> las amenazas la <strong>de</strong>gradación<br />

<strong>de</strong> hábitat tanto en playas <strong>de</strong> anidación como en zonas <strong>de</strong> alimentación y su posible asociación con el incremento<br />

en prevalencia <strong>de</strong> tumores (Swimmer 2000).<br />

La principal actividad agrícola en las cercanías <strong>de</strong>l área, es el cultivo intensivo <strong>de</strong> arroz (PROBIDES<br />

1999) en el cual se utilizan productos fitosanitarios (propanil, quinclorac, clomazone y glifosato) que por lixiviado<br />

y escorrentía van al Canal Andreoni (PROBIDES 2001). Este se construyó en la cuenca <strong>de</strong> la Laguna Merín con<br />

el fin <strong>de</strong> conducir aguas exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> las tierras bajas <strong>de</strong> la Sierra <strong>de</strong> San Miguel y <strong>de</strong> la cuenca <strong>de</strong> la Laguna<br />

Negra hacia el océano, en la playa <strong>de</strong> La Coronilla, utilizándose también para el suministro <strong>de</strong> agua para el riego<br />

<strong>de</strong>l arroz que se fertiliza con un producto binario (fósforo y nitrógeno) (Men<strong>de</strong>z y Anciaux 1991).<br />

Chelonia mydas se ve afectada por la actividad agrícola, particularmente en la playa <strong>de</strong> La Coronilla,<br />

en la cual se produce la <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> agua dulce <strong>de</strong>l Canal Andreoni (Lercari y Defeo 1999). Varios estudios<br />

han <strong>de</strong>mostraron el impacto alterando parámetros biológicos (tamaño, espesor <strong>de</strong> valvas<strong>de</strong>l Canal Andreoni en<br />

Meso<strong>de</strong>sma mactroi<strong>de</strong>s, Donax hanleyanus y Emerita brasiliensis (Defeo et al. 1986; Defeo y <strong>de</strong> Alava 1995;<br />

Lercari y Defeo 1999; Sauco y Defeo 2003)<br />

Este trabajo tiene como objetivo general analizar el impacto <strong>de</strong> contaminantes arrastrados por el Canal<br />

Andreoni hacia la playa <strong>de</strong> La Coronilla, sobre el genoma <strong>de</strong> C. mydas. Como objetivos específicos se preten<strong>de</strong><br />

ajustar el test <strong>de</strong> micronúcleos (MN) (Zúñiga-González 2001) y ensayo cometa (Collins 2004) en C. mydas,<br />

a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> analizar la utilidad <strong>de</strong> esta especie como <strong>org</strong>anismo centinela para el biomonitoreo <strong>de</strong> xenobióticos<br />

presentes en la zona. Cabe <strong>de</strong>stacar que la importancia <strong>de</strong> conservar esta especie radica en que constituyen<br />

componentes únicos <strong>de</strong> sistemas ecológicos complejos, en los cuales procesos biológicos como migración y<br />

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maduración se ven afectados por procesos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradación ambiental <strong>de</strong> ambientes costeros y marinos, a escala<br />

local, regional y global. Por ello, son especies emblemáticas, tanto para establecer medidas <strong>de</strong> conservación<br />

local como internacional (Frazier 1999).<br />

Materiales y Métodos<br />

Las muestras <strong>de</strong> sangre fueron obtenidas <strong>de</strong> individuos capturados en el marco <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Karumbé y fueron procesadas en el Laboratorio <strong>de</strong> Genética y Laboratorio <strong>de</strong> Microscopía Electrónica <strong>de</strong> Barrido<br />

<strong>de</strong> Facultad <strong>de</strong> Ciencias, Montevi<strong>de</strong>o. Fueron i<strong>de</strong>ntificadas con fecha <strong>de</strong> captura, hora y estado sanitario <strong>de</strong>l<br />

animal. Como control negativo se utilizaron muestras <strong>de</strong> individuos rehabilitados en las instalaciones <strong>de</strong> Karumbé<br />

en Montevi<strong>de</strong>o. Las muestras se tomaron en tubos conteniendo anticoagulante a través <strong>de</strong> punción en vena<br />

cervical (0.5 ml <strong>de</strong> sangre periférica por individuo). Se realizaron extendidos <strong>de</strong> sangre periférica por duplicado<br />

<strong>de</strong> 60 individuos en 2 sitios <strong>de</strong> muestreo, Cerro Ver<strong>de</strong> (CV), Pesquero (Fig. 1) y 10 controles negativos. Se realizó<br />

el ensayo cometa en su versión alcalina <strong>de</strong> acuerdo a Collins (2004) con muestras <strong>de</strong> sangre entera.<br />

Se cuantificaron los datos <strong>de</strong>l ensayo cometa utilizando el software Comet Score TM . Se consi<strong>de</strong>ró el<br />

parámetro % <strong>de</strong> ADN <strong>de</strong> la cola (% DNA TAIL) <strong>de</strong>bido a que es muy amplio en la bibliografía y que permite<br />

realizar comparaciones <strong>de</strong> los resultados obtenidos en otras investigaciones (Frieauff et al. 2001).<br />

Figura 1. Mapa <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> muestreo y Canal Andreoni. 1 - Canal Andreoni, 2 - Pesquero, 3 - Cerro Ver<strong>de</strong>.<br />

Para el test <strong>de</strong> MN se contaron 2000 células mononucleadas y se registraron aquellas que presenten<br />

fragmentos <strong>de</strong> ADN <strong>de</strong> un tercio <strong>de</strong>l tamaño <strong>de</strong>l núcleo principal (Zúñiga-González 2001). La cuantificación se<br />

realizó en el software Image Pro Plus TM y se calcularon las frecuencias <strong>de</strong> MN totales.<br />

Para ambos marcadores genéticos se sometieron los datos a análisis paramétricos, normalizando los<br />

datos usando el software STATISTICA TM .<br />

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Resultados y Discusión<br />

Se constató una diferencia significativa en los valores medios <strong>de</strong> % <strong>de</strong> ADN <strong>de</strong> la cola (Fig. 2A) entre<br />

las zonas <strong>de</strong> Pesquero (media = 8,930; P < 0,01) ubicado a 2 km <strong>de</strong> distancia <strong>de</strong>l Canal Andreoni, Cerro Ver<strong>de</strong><br />

(media = 27,468; p P < 0,01) alejado 5 km <strong>de</strong> la <strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong>l Canal Andreoni y el control negativo (media<br />

= 5,923; P < 0,00). Los resultados se relacionan con la distancia <strong>de</strong>l sitio <strong>de</strong> muestreo al Canal Andreoni.<br />

Como se muestra en la Figura 2B, la cantidad <strong>de</strong> micronúcleos totales se observa que disminuye a<br />

medida que los sitios <strong>de</strong> muestreo se alejan <strong>de</strong>l Canal. Pesquero (N° absoluto <strong>de</strong>.MN = 1254; P < 0,01) presenta<br />

valores muy superiores a los <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> (N° absoluto <strong>de</strong> MN = 84; P < 0,01) y nuevamente se constata un<br />

<strong>de</strong>clive al alejarse <strong>de</strong>l Canal y respecto al control negativo <strong>de</strong> animales rehabilitados(N° absoluto <strong>de</strong> MN = 19; P<br />

< 0,001).<br />

2A<br />

2B<br />

Figura 2A. Medias para el % ADN dañado (%DNA TAIL) para cada sitio <strong>de</strong> muestreo y para el control. Figura<br />

2B. Número absoluto <strong>de</strong> MN para cada sitio <strong>de</strong> muestreo y para el control.<br />

Se evi<strong>de</strong>ncia una relación positiva entre ambos resultados (cometa y MN), disminuyendo el daño genético<br />

<strong>de</strong> los individuos <strong>de</strong> C. mydas al alejarse <strong>de</strong>l Canal Andreoni, lo que permite asociar el daño genético a fuentes<br />

<strong>de</strong> contaminación provenientes <strong>de</strong>l mismo, en particular agrotóxicos.<br />

Se analizaron muestras <strong>de</strong> individuos con tumores observándose un número <strong>de</strong> eritrocitos con MN<br />

significativamente mayor que en ausencia <strong>de</strong> estos. Se constató la ausencia <strong>de</strong> tumores en individuos <strong>de</strong> menores<br />

tallas, lo cual coinci<strong>de</strong> con registros en otras áreas <strong>de</strong> la región (Baptistotte et al. 2001; Proietti et al. 2009)<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

Al Prof. J<strong>org</strong>e Troccoli por brindarnos el equipamiento <strong>de</strong>l Servicio <strong>de</strong> Microscopía Electrónica <strong>de</strong> Barrido<br />

y EDS para realizar los análisis. A Bruno Techera, Mauro Russomagno, Andrés Estra<strong>de</strong>s y Luciana Alonso por su<br />

ayuda en trabajo <strong>de</strong> campo y colecta <strong>de</strong> muestras. Permiso Fauna: Resolución 73/08.<br />

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Referencias Bibliográficas<br />

Baptistotte, C., J.T. Scalfon, B.M.G. Gallo, A.S. Santos, J.C. Castilhos, e E.H.S.M. Lima. 2001. Prevalence of<br />

sea turtle fibropapillomatosis in Brazil. Páginas 24-28 in Proceedings the 21 st Annual Symposium on Sea Turtle<br />

Biology and Conservation. Phila<strong>de</strong>lphia.<br />

Collins, A.R. 2004. The Comet assay for DNA damage and repair; principles, applications, and limitations.<br />

Proceedings: Molecular Biotechnology 26:249-261.<br />

Defeo, O., e A. <strong>de</strong> Alava. 1995. Effects of human activities on long-term trends in sandy beach populations: the<br />

wedge clam Donax hanleyanus in Uruguay. Marine Ecology Progress Series 123:73-82.<br />

Defeo, O., C. Layerlec, e A. Masello. 1986. Spatial and temporal structure of the yellow clam Meso<strong>de</strong>sma<br />

mactroi<strong>de</strong>s (Deshayes, 1854) in Uruguay. Medio Ambiente 8:48-57.<br />

Frazier, J. 1999. Community based conservation. Research and management techniques for conservation of<br />

sea turtle. Páginas 15-18 en Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas <strong>de</strong><br />

Investigación y Manejo para la Conservación <strong>de</strong> las Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4.<br />

Frieauff, W., A. Hartmann, e W. Suter. 2001. Automatic Analysis of Sli<strong>de</strong>s Processed in the Comet Assay.<br />

Mutagenesis 16:133-137.<br />

Lercari, D., e O. Defeo. 1999. Effects of freshwater discharge in sandy beach populations: the mole crab Emerita<br />

brasiliensis in Uruguay. Estuarine, Coastal and Shelf Science. 49:457-468<br />

López-Mendillaharsu, M, A. Estra<strong>de</strong>s, A. Fallabrino, e A. Brazeiro. 2003. Incorporación <strong>de</strong>l área costero marina<br />

“Cerro ver<strong>de</strong>” al sistema nacional <strong>de</strong> áreas protegidas, (Informe técnico).<br />

Men<strong>de</strong>z, S., e F. Anciaux. 1991. Efectos en las características <strong>de</strong>l agua costera provocados por la <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong>l<br />

canal Andreoni en la Playa <strong>de</strong> la Coronilla (Rocha Uruguay). Frente Marítimo 8A:101-107.<br />

PROBIDES. 1999. Plan Director Reserva <strong>de</strong> Biosfera Bañados <strong>de</strong>l Este, Uruguay. Probi<strong>de</strong>s. Mosca Hnos.<br />

Montevi<strong>de</strong>o. 159 p.<br />

PROBIDES. 2001. Calidad <strong>de</strong>l água en el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Rocha. Serie: Documento <strong>de</strong> Trabajo N°39.<br />

Proietti, M., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L.S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L. Fernando 2009. Green turtles (Chelonia<br />

mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: Genetic characterization and mixed stock analysis through<br />

mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618.<br />

Sauco, S., e O Defeo, 2003. Impacto ecológico producido por la <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong>l Canal Andreoni sobre la comunidad<br />

macro bentónica <strong>de</strong>l cinturón arenoso Barra <strong>de</strong>l Chuy- Coronilla. Página 131 en Actas <strong>de</strong> las VII Jornadas<br />

Zoologicas Uruguay.<br />

Swimmer, J. 2000. Biochemical responses to fibropapilloma and captivity in the green turtle. Journal of Wildlife<br />

Diseases 36:102-110.<br />

Zuñiga-González, G. 2001. Variation of micronuleated erythrocytes in peripheral blood of Sciurius aureogaster in<br />

relation to the age. Environmentla and Molecular Mutagenesis 37:173-177.<br />

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FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) DA BAHIA – CARACTERIZAÇÃO<br />

MOLECULAR DO ChHV 5<br />

Carla R. Ro<strong>de</strong>nbusch 1 , Thais T. Pires 2 , Cecília Baptistotte 3 , e Cláudio W. Canal 1<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Virologia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Veterinária, UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 9090. CEP 91540-000, Porto<br />

Alegre, RS (carlaro<strong>de</strong>nbusch@yahoo.com.br).<br />

2<br />

Fundação Pró-Tamar, Av. Garcia D’ávila s/n°. CEP 48280-000. Praia do Forte, Mata <strong>de</strong> São João – BA (thais.<br />

vet@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

3<br />

Centro Tamar ICMBio, Av. Paulino Muller, 1111. CEP 29040-715, Vitória, ES (cecília@tamar.com.br).<br />

Palavras-chave: fibropapilomatose, tartaruga ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas, herpesvírus, PCR.<br />

Introdução<br />

A fibropapilomatose (FP) é uma doença neoplásica caracterizada por um único ou múltiplos crescimentos<br />

fibroepiteliais cutâneos, com uma superfície verrugosa ou plana, e aparecendo como fibromas nas vísceras (Kang<br />

et al. 2008). Os tumores se localizam ao redor dos olhos, na conjuntiva, cavida<strong>de</strong> oral, pescoço, nada<strong>de</strong>iras,<br />

cauda, áreas axilares e inguinais e também em órgãos viscerais. O tamanho varia <strong>de</strong> poucos milímetros até<br />

30 centímetros <strong>de</strong> diâmetro e os tumores po<strong>de</strong>m causar a morte do animal por interferir na visão, locomoção,<br />

alimentação, respiração; já os tumores viscerais po<strong>de</strong>m ser invasivos e prejudicar a função do órgão afetado<br />

(Ge<strong>org</strong>e 1997; Yu et al. 2000).<br />

O primeiro registro <strong>de</strong> FP na costa brasileira é <strong>de</strong> 1986. Entre 2000 e 2004, <strong>de</strong> 4.471 <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s<br />

(Chelonia mydas) examinadas 14,96% apresentavam tumores. A prevalência <strong>de</strong> tumores por ano foi <strong>de</strong> 12,91%<br />

(2000, n = 604), 14,96% (2001, n = 809), 14,79% (2002, n = 818), 19,95% (2003, n = 842) e 12,95% (2004, n =<br />

1398) (Baptistotte et al. 2005).<br />

O padrão <strong>de</strong> disseminação da doença durante surtos em <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cativeiro consiste<br />

com uma etiologia contagiosa. Um herpesvírus (chelonid herpesvirus 5 – ChHV 5) tem sido i<strong>de</strong>ntificado em<br />

fibropapilomas (Herbst et al. 1995; Davison et al. 2009) e está presente em 100% dos tumores induzidos por<br />

inoculação <strong>de</strong> filtrados <strong>de</strong> células tumorais (Ene et al. 2005) e em 95% das infecções naturais, sendo que em<br />

79% dos fibropapilomas e fibromas analisados por PCR em tempo-real quantitativo, o vírus estava presente em<br />

níveis que excediam 10 4 cópias por 100 ng <strong>de</strong> DNA total <strong>de</strong> tumores (Quackenbush et al. 2001).<br />

O presente estudo tem como objetivo <strong>de</strong>tectar e quantificar o ChHV 5 em fibropapilomas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>ver<strong>de</strong>s<br />

do litoral da Bahia.<br />

Metodologia<br />

Fragmentos dos tumores foram coletados com instrumental cirúrgico estéril e mantidos congelados até<br />

o processamento. Os tumores foram macerados com uma solução <strong>de</strong> PBS na proporção <strong>de</strong> 0,05 g para cada 5<br />

mL. A extração <strong>de</strong> DNA foi realizada com 200 microlitros do sobrenadante <strong>de</strong> acordo com Chomcsinsky (1993).<br />

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Dois microlitros <strong>de</strong> DNA em um volume final <strong>de</strong> 50 µl foram submetidos a PCR com os primers específicos<br />

para a DNA polimerase do herpesvírus <strong>de</strong> tartaruga como <strong>de</strong>scritos por Quackenbusch et al. (2001). Cinco<br />

microlitros <strong>de</strong> cada reação <strong>de</strong> amplificação foram separados por eletroforese em gel <strong>de</strong> agarose 2%.<br />

As amostras foram ainda submetidas a PCR em tempo real (qPCR) para a <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong><br />

cópias <strong>de</strong> DNA do vírus. Os primers e sonda utilizados foram os <strong>de</strong>scritos por Quackenbusch et al. (2001) que<br />

amplifica um fragmento <strong>de</strong> 86 pb do gene da DNA polimerase do vírus. As curvas padrão utilizadas nas reações<br />

foram diluições log seriadas do plasmídio “GTHV DNA pol”. O plasmídio “GTHV DNA pol” foi construído através<br />

da inserção <strong>de</strong> um fragmento <strong>de</strong> 483 pb do gene da DNA polimerase do herpesvirus em um vetor, seguindo as<br />

instruções do fabricante do kit TOPO TA Cloning® (Invitrogen).<br />

Resultados e Discussão<br />

Durante os meses <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009 a abril <strong>de</strong> 2010, foram coletadas 38 amostras <strong>de</strong> fibropapilomas <strong>de</strong><br />

20 <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s no estado da Bahia, sendo que <strong>de</strong> 7 <strong>tartarugas</strong> foram coletados apenas um tumor e das<br />

<strong>de</strong>mais <strong>de</strong> 2 a 3 tumores <strong>de</strong> locais diferentes do corpo do animal.<br />

Das 20 <strong>tartarugas</strong>, 12 foram positivas na PCR em pelo menos uma amostra <strong>de</strong> tumor e 14 foram positivas<br />

na qPCR. Das sete <strong>tartarugas</strong> que foram coletados apenas um tumor, cinco foram negativas em ambas as<br />

técnicas e duas foram positivas na qPCR com carga viral <strong>de</strong> 1,35 e 5.758,80 cópias <strong>de</strong> DNA do vírus/ mg<br />

<strong>de</strong> tecido. Das 13 <strong>tartarugas</strong> que foram coletados mais <strong>de</strong> um tumor, uma apresentou resultado negativo em<br />

ambas as técnicas; seis apresentaram pelo menos um resultado negativo na PCR, mas positivo na qPCR e seis<br />

apresentaram resultado positivo em ambas as técnicas com uma carga viral variando <strong>de</strong> 278,33 a 389.909,85<br />

cópias <strong>de</strong> DNA do vírus/mg <strong>de</strong> tecido (média <strong>de</strong> 41.954,69 ± 105.594,20) O valor <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong> genoma por mg<br />

<strong>de</strong> tecido foi calculado multiplicando o valor encontrado na qPCR por 7,5 que correspon<strong>de</strong> as diluições realizadas<br />

durante a extração <strong>de</strong> DNA. A curva padrão teve um coeficiente <strong>de</strong> correlação > 0.9. O ChHV 5 está presente<br />

em 100% dos tumores induzidos por inoculação <strong>de</strong> filtrados <strong>de</strong> células tumorais (Ene et al. 2005) e em 95% das<br />

infecções naturais, sendo que em 79% dos FPs e fibromas analisados por PCR em tempo-real quantitativo, o<br />

vírus estava presente em níveis que excediam 10 4 cópias por 100 ng <strong>de</strong> DNA total <strong>de</strong> tumores (Quackenbush et<br />

al. 2001).<br />

Quanto as características dos tumores, 86,84% estavam localizados na região anterior do corpo das<br />

<strong>tartarugas</strong>; 50% eram pigmentados, 81,6% apresentavam a superfície verrugosa e 18,4% lisa. Baptistotte (2007)<br />

caracterizou a ocorrência da GTFP em <strong>tartarugas</strong> na costa brasileira analisando 10.170 <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

durante os anos <strong>de</strong> 2000 a 2005. Das 8.359 <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s analisadas, 1.288 apresentavam tumores. A média<br />

<strong>de</strong> prevalência nacional das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s foi <strong>de</strong> 15,41% no período. A maioria dos tumores (72,5%) estava<br />

localizada na região anterior corpórea do animal, 25,2% na região posterior e 2,3% na carapaça e plastrão, sendo<br />

que nenhum tumor foi observado na cavida<strong>de</strong> oral.<br />

O presente trabalho é o primeiro que relata a quantificação da carga viral em amostras <strong>de</strong> fibropapilomas<br />

no Brasil. Os dados mostram que alguns tumores po<strong>de</strong>m apresentar uma alta carga viral. No Brasil, o DNA do<br />

herpesvirus já havia sido <strong>de</strong>tectado por PCR em amostras <strong>de</strong> fibropapiloma e sangue <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em<br />

São Paulo (Monezi et al. 2006).<br />

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Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Projeto TAMAR pelo auxilio nas coletas, ao IBAMA pela licença <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> e ao CNPq<br />

pelo apoio financeiro.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Baptistotte, C., L.M.P. Moreira, J.H. Becker, G. Lopes, J.C. Castilhos, E. Lima, A. Grossman, J. Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong>, e M.A.<br />

Marcovaldi. 2005. Frequency of occurrence of tumors in green turtles, chelonia mydas record by projeto TAMAR-IBAMA in<br />

Brazilian coast from years 2000 to 2004. 19 th Annual Meeting of the Society for Conservation Biology 14-15.<br />

Baptistotte, C. 2007. Caracterização especial e temporal da fibropapilomatose em <strong>tartarugas</strong> marinhas da costa<br />

brasileira. Tese <strong>de</strong> Doutorado, ESALQ/USP. Piracicaba.<br />

Chomczynski, P.A. 1993. A reagent for the single-step simultaneous isolation of RNA, DNA and protein from the<br />

cell and tissues samples. Biotechniques 15:532-537.<br />

Davison, A.J.; R. Eberle, B Ehlers, G Hayward, D.J. Mcgeoch, A.C. Minson, P.E. Pellett, B. Roizman, M.J. Stud<strong>de</strong>rt,<br />

e E. Thiry. 2009. The or<strong>de</strong>r Herpesvirales. Archives of Virology 154:171-177.<br />

Ene, A., S. Lemaire, C. Rose, S. Schaff, R. Moretti, J. Lenz, e L.H. Herbst. 2005. Distribution of Chelonid<br />

Fibropapillomatosis-Associates Herpesvirus variants in Florida: molecular genetic evi<strong>de</strong>nce for infection of turtles<br />

following recruitment to neritc <strong>de</strong>velopmental habitats. Journal of Wildlife Disease 41:489-497.<br />

Ge<strong>org</strong>e, R.H. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Páginas 363-385 in Lutz P.L., E J.A. Musick<br />

(Eds.) The biology of sea turtles, vol. I. Boca Raton, USA: CRC Press.<br />

Herbst, L.H., E.R. Jacobson, R. Moretti, T. Brown, J.P. Sundberg, e P.A. Klein. 1995. Experimental transmission of<br />

green turtle fibropapillomatosis using cell-free tumor extract. Disease of Aquatic Organisms 22:1-12.<br />

Kang, K.I., F.J. Torres-Velez, J. Zhang, P.A. Moore, P.D. Moore, S. Rivera, e C.C. Brown. 2008. Localization of<br />

fibropapilloma-associated turtle herpesvirus in Green Turtle (Chelonia mydas) by in-situ hybridization. Journal of<br />

Comparative Pathology 139:218-225.<br />

Monezi, T.A., N.M.G. Muller, E.R. Matushima, S. Rossi, M. Rondon, e D.U. Mehnert. 2006. Detecção <strong>de</strong><br />

herpesvírus em tumor e sangue <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas da espécie Chelonia mydas mantidas na base do Projeto<br />

TAMAR, Ubatuba-SP, nos anos <strong>de</strong> 2005 e 2006. Anais do 10º Congresso e XV Encontro da Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Veterinários <strong>de</strong> Animais Selvagens, p. 21.<br />

Quackenbusch, S.L., R.N. Casey, R.J. Murcek, T.A. Paul, T.M. Work, C.J. Limpus, A. Chaves, L. Dutoit, J.V.<br />

Perez, A.A. Aguirre, T.R. Spraker, J.A. Horrocks, L.A. Vermeer, G.H. Balazs, e J.W. Casey. 2001. Quantitative<br />

analysis of herpesvirus sequences from normal tissue and fibropapillomas of marine turtles with real-time PCR.<br />

Virology 287:105-111.<br />

Yu, Q.,Y. Lu, V.R. Nerurkar, e R. Yanagihara. 2000. Amplification and analysis of DNA flanking known sequences<br />

of a novel herpesvirus from green turtle with fibropapilloma. Archives of Virology 145:2669-2676.<br />

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CASO CLÍNICO: INFECCIÓN CAUSADA POR Aeromonas sp.<br />

Virginia Ferrando 1,* , Cecilia Pereira 1 , y Victoria Bentancur 1<br />

1<br />

ONG Karumbé, Av. Rivera 3245, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay.<br />

* (bluevicone@yahoo.com).<br />

Palabras-clave: Chelonia mydas, <strong>de</strong>rmatitis necrótica, antibiograma.<br />

Introducción<br />

El grupo más importante <strong>de</strong> micro<strong>org</strong>anismos patógenos, causantes <strong>de</strong> gran morbilidad y mortalidad<br />

en reptiles, son los bacilos gram-negativos. Entre ellos el género Aeromonas ha sido asociado como causa<br />

<strong>de</strong> estomatitis ulcerativa y neumonía en serpientes y septicemia en gran variedad <strong>de</strong> reptiles (Marcus 1971).<br />

También se asocia a afecciones digestivas, respiratorias y septicemia en humanos (Janda et al. 1983).<br />

Las bacterias pertenecientes al género Aeromonas son móviles y anaeróbicas facultativas. Habitan<br />

normalmente la cavidad oral y tubo digestivo <strong>de</strong> reptiles en general y la epi<strong>de</strong>rmis <strong>de</strong> quelonios acuáticos. Estos<br />

<strong>org</strong>anismos son ubicuos en el agua dulce y salobre. Se los consi<strong>de</strong>ra oportunistas ya que atacan a animales<br />

inmuno<strong>de</strong>primidos. En los quelonios el género ha sido reportado como principal causa <strong>de</strong> muerte en tortugas <strong>de</strong><br />

agua dulce (Keymer 1978).<br />

La especie Aeromonas hydrophila es una <strong>de</strong> las bacterias más patógenas en tortugas marinas. Produce<br />

lesiones hemorrágicas que <strong>de</strong>sarrollan <strong>de</strong>rmatitis necrótica, particularmente en aquellos animales que están<br />

térmicamente estresados. Por lo general es más susceptible a temperaturas bajas (Ma<strong>de</strong>r 2006).<br />

Esta especie sido aislada en Caretta caretta en lesiones producidas por anzuelos y en granulomas<br />

hepáticos en las Islas Canarias (Orós 2004). En Rio <strong>de</strong> Janeiro, Reis et al. (2009) encontraron Aeromonas<br />

en el 50 % <strong>de</strong> los hisopos extraídos <strong>de</strong> cloaca, cavidad nasal y cavidad oral y <strong>de</strong> lesiones <strong>de</strong> piel <strong>de</strong> tortugas<br />

marinas varadas <strong>de</strong> las especies C. caretta, Chelonia mydas, Lepidochelys olivacea, Dermochelys coriacea y<br />

Eretmochelys imbricata.<br />

El presente trabajo tiene como objetivo <strong>de</strong>scribir tres casos asociados a Aeromonas sp. en C. mydas,<br />

comparando los síntomas y los hallazgos registrados en las necropsias.<br />

Resultados Y Discusión<br />

En el año 2010 se registraron tres casos <strong>de</strong> infección por Aeromonas sp. en C. mydas. Todos los<br />

individuos eran tortugas juveniles y los promedios <strong>de</strong> largo curvo <strong>de</strong> caparazón y <strong>de</strong> peso fueron 33,8 cm y 4,56<br />

kg respectivamente. Dos vararon en la Coronilla (Rocha) en junio y una en Punta <strong>de</strong>l Este (Maldonado) en julio.<br />

Presentaban condición corporal pobre (Thomson et al., 2009), anorexia, letargia, <strong>de</strong>presión y flotación dorsolateral<br />

<strong>de</strong>recha caudal. Sólo una <strong>de</strong> ellas presentaba constipación, mientras que la materia fecal <strong>de</strong> las tortugas<br />

que <strong>de</strong>fecaban no poseía <strong>de</strong>sechos antropogénicos.<br />

El tratamiento instaurado fue <strong>de</strong> sostén, aplicándose diariamente suero fisiológico, calcio y un suplemento<br />

inyectable con vitaminas y aminoácidos (Metabolase® Fatro, Bologna, Italia). También se realizó alimentación<br />

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forzada con suero y un complejo vitamínico (Aminovit® Sur, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay). Cada 15 días se les aplicaba<br />

0,2 ml <strong>de</strong> Vitamina A, D y E (Vit Vitamina A,D y E® Microsules Canelones, Uruguay). Se les administró antibiótico<br />

terapia por 7 días con enrofloxacina (5mg/kg) (Enromic 5%, Microsules, Canelones, Uruguay).<br />

La evolución no fue favorable, las tortugas mantuvieron todos los síntomas. El individuo varado durante<br />

julio presentó a su vez necrosis a nivel distal <strong>de</strong> la aleta anterior izquierda con pérdida <strong>de</strong> sensibilidad, por<br />

lo que se procedió a la amputación <strong>de</strong>l área necrosada y <strong>de</strong>sinfección con clorhexidina. Se comenzó con un<br />

tratamiento <strong>de</strong> 5 días con sulfa-timetroprim y limpieza diaria <strong>de</strong> ambos miembros puesto que la aleta anterior<br />

<strong>de</strong>recha comenzaba a necrosarse. Al no observar mejoría la tortuga fue mantenida fuera <strong>de</strong>l agua, con las aletas<br />

vendadas, las cuales estaban embebidas en clorhexidina, cambiando el vendaje cada 2 días. En el estudio<br />

radiológico no se observaron alteraciones óseas. Los pulmones presentaban una radio<strong>de</strong>nsidad mayor. Se realizó<br />

un hemocultivo encontrando Aeromonas sp., siendo la misma sensible a amikacina, ceftazidime, ceftriaxona,<br />

cefuroxime, entrapenem, meropenem, piperacilina tazobactam, amplicilina sulbactam e imipenem y resistente a<br />

amplicilina, cefradina, ciprofloxacina, trimetroprimsulfa.<br />

Las tortugas <strong>de</strong> junio murieron un mes <strong>de</strong>spués <strong>de</strong>l varamiento, mientras que la tortuga <strong>de</strong> julio murió<br />

a los 2 meses <strong>de</strong>l mismo. En las necropsias se halló que todas las tortugas poseían atrofia muscular severa <strong>de</strong><br />

los músculos pectorales, colección serosanguinolienta en celoma, tráquea, epiglotis y pulmón congestionado.<br />

Las dos tortugas <strong>de</strong> junio poseían nódulos caseosos en los pulmones. La tortuga <strong>de</strong> julio no tenia afectados<br />

los huesos <strong>de</strong> los miembros anteriores y el examen bacteriológico <strong>de</strong> la articulación entre la segunda y tercera<br />

falange <strong>de</strong> la aleta <strong>de</strong>recha <strong>de</strong>sarrolló Aeromonas sp., mostrando una sensibilidad y resistencia similares al<br />

anterior antibiograma salvo que el agente en cuestión fue resistente a la piperacilina tazobactam y amplicilina<br />

sulbactam.<br />

En los nódulos caseosos <strong>de</strong> las tortugas <strong>de</strong> junio se aisló Aeromonas sp. y el antiograma fue idéntico<br />

con ambas muestras. En estos casos Aeromonas sp. fue sensible a ciprofloxacina, gentamicina, trimetroprim<br />

sulfametoxazol y resistente a amplicilina, cefradina, ceftazidime, ceftriazona, amplicilina sulbactam.<br />

Santoro (2006) encontró que Aeromonas es un habitante normal en la flora cloacal <strong>de</strong> la tortuga L.<br />

olivacea puesto que la asiló en 45 hembras <strong>de</strong> esta especie que anidaban en Playa Nancite, Costa Rica, y se<br />

encontraban en perfectas condiciones <strong>de</strong> salud.<br />

Sin embargo A. hydrophila es una <strong>de</strong> las bacterias más patógenas en tortugas marinas ya que produce<br />

lesiones hemorrágicas que <strong>de</strong>sarrollan <strong>de</strong>rmatitis necrótica, particularmente en aquellos animales que están<br />

térmicamente estresados siendo más susceptible a temperaturas bajas (Ma<strong>de</strong>r, 2006). El problema radica en que<br />

una vez instaurada la infección, el agente patógeno pue<strong>de</strong> diseminarse vía sanguínea y originar una septicemia,<br />

frecuentemente mortal.<br />

Los síntomas encontrados en las tortugas marinas <strong>de</strong>l presente trabajo son similares a los <strong>de</strong>scritos<br />

por Ma<strong>de</strong>r (1996) en la enfermedad cutánea séptica ulcerativa don<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> lesiones <strong>de</strong> piel ulcerativas se<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>na un cuadro general con letargia, anorexia y <strong>de</strong>bilidad. Los micro<strong>org</strong>anismos que se han asociado<br />

a estos cuadros son Aeromonas sp., Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas fluorescens, Staphylococcus<br />

aureus, Proteus sp,<br />

Acinetobacter sp., Citrobacter sp. Las tortugas <strong>de</strong>l presente trabajo poseían diferentes lesiones cutáneas,<br />

siendo la más grave la afección <strong>de</strong> los miembros <strong>de</strong> la tortuga varada en julio.<br />

Llegar al diagnóstico etiológico <strong>de</strong> las mismas no es sencillo puesto que frecuentemente las muestras<br />

están contaminadas y los cultivos no dan predominancia <strong>de</strong> un patógeno en especial. A<strong>de</strong>más clínicamente<br />

suelen ser parecidas a <strong>de</strong>rmatitis micóticas. En el último caso, no se realizó ningún estudio micológico, pero las<br />

lesiones <strong>de</strong>scritas por Orrego (2001) y Ge<strong>org</strong>e (1997) en infecciones micóticas <strong>de</strong>scriben síntomas parecidos,<br />

con lesiones focales, <strong>de</strong> coloración negra, secas, y gangrenosas siendo extremida<strong>de</strong>s las partes más afectadas<br />

llegando incluso a la auto amputación.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Otra dificultad que afecta la evolución <strong>de</strong> las tortugas enfermas es la elección <strong>de</strong>l antibiótico a suministrar,<br />

puesto que las lesiones pue<strong>de</strong>n estar afectadas por más <strong>de</strong> un tipo <strong>de</strong> patógeno teniendo los mismos diferentes<br />

sensibilida<strong>de</strong>s a los fármacos. Los antibiogramas realizados con las muestras <strong>de</strong> sangre y pulmón <strong>de</strong> la tortuga<br />

que varó en julio fueron diferentes, a pesar <strong>de</strong> ser el patógeno <strong>de</strong>l mismo género, en el primer estudio se observó<br />

sensibilidad a piperacilina tazobactam y amplicilina sulbactam y en el segundo hubo resistencia a los mismos.<br />

Este resultado podría atribuirse a que las especies <strong>de</strong>l patógeno aislado no fueran las mismas y por lo tanto<br />

podrían tener diferente sensibilidad a los antibióticos. El mal uso y abuso <strong>de</strong> los antibióticos han creado gran<br />

cantidad <strong>de</strong> cepas resistentes, resultando en un espectro cada vez más limitado <strong>de</strong> herramientas para combatir<br />

las enfermeda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> los animales.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

Bene.<br />

A todos los voluntarios, a Mauro, a Bruno, a los integrantes <strong>de</strong> la Cátedra <strong>de</strong> Imagenologia, a Daniel Del<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Reis, E.C., C. Soares, D. Rodrigues, H. Kinast, L. Moreira, B. Rennó, y S. Siciliano. 2010. Condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

das <strong>tartarugas</strong> marinhas do litoral centronorte do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil: avaliação sobre a presença <strong>de</strong><br />

agentes bacterianos, fibropapilomatose e interação com resíduos antropogênicos. Oecologia Australis 14:756-<br />

765.<br />

Ge<strong>org</strong>e, R. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Página 363 en Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The<br />

biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA.<br />

Janda J.M., E.J. Bottone, y M. Reitano. 1983. Aeromonas species in clinical microbiology: significance,<br />

epi<strong>de</strong>miology, and speciation. Diagnostic Microbiology and Infectous Diseases 1:221-228.<br />

Keyner, I. 1978. Diseases of chelonians: Necropsy survey of terrapins and turtles. Veterinary Record 103:577-<br />

582.Ma<strong>de</strong>r, D. R. 1996. Turtles, tortoises and terrapins. Páginas 61-78 en Ma<strong>de</strong>r, D.R. (Ed). Reptile Medicine and<br />

Surgery. W.B. Saun<strong>de</strong>rs Company. Phila<strong>de</strong>lphia, Pennsylvania.<br />

Ma<strong>de</strong>r, D. 2006. Medicine and Surgery. Páginas 977-979 en Reptile Medicine and Surgery. Saun<strong>de</strong>rs Elsevier.<br />

Phila<strong>de</strong>lphia, Pennsylvania.<br />

Marcus, L. 1971. Infectious diseases of reptiles. Journal of the American Veterinary Medical Association 159:1626-<br />

1631.<br />

Orrego, C. 2001. Flora normal bacteriana cloacal y nasal <strong>de</strong> la tortuga Lora (Lepidochelys olivacea) en el pacífico<br />

norte <strong>de</strong> Costa Rica. Escuela <strong>de</strong> Medicina Veterinaria, Universidad Nacional, Heredia, Costa Rica, Programa<br />

Nacional <strong>de</strong> Manejo en Vida Silvestre. Costa Rica.<br />

Orós J., P. Calabuig, y S. Déniz. 2004. Digestive pathology of sea turtles stran<strong>de</strong>d in the Canary Islands between<br />

1993 and 2001. Veterinary Record 155:169-174.<br />

Santoro, M., C. Orrego, y G. Hernan<strong>de</strong>z. 2006. Flora bacteriana cloacal y nasal <strong>de</strong> Lepidochelys olivacea<br />

(Testudines: Cheloniidae) en el Pacífico norte <strong>de</strong> Costa Rica. Revista <strong>de</strong> Biologica Tropical 54:43-48.<br />

Thomson, J., D. Burkhol<strong>de</strong>r, M. Heithaus, y L. Dill. 2009. Validation of a rapid visual-assessment technique for<br />

categorizing the body condition of green turtles (Chelonia mydas) in the field. Copeia 2009:251-255.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL<br />

NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL<br />

Renata A. Xavier 1 , Ana Luisa Valente 2 , e Cariane C. Trigo 3,4<br />

1<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul - UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS.<br />

(re_axavier@hotmail.com).<br />

2<br />

Departamento <strong>de</strong> Morfologia, Instituto <strong>de</strong> Biologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pelotas, RS. (schifinoval@hotmail.<br />

com).<br />

3<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS. (carianect@gmail.<br />

com).<br />

4<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – GEMARS, Av. Tramandaí 976, CEP 95625-<br />

000, Imbé, RS.<br />

Palavras-chave: Tartaruga-ver<strong>de</strong>, parasitologia, Anisakidae, Hepatoxylon trichiuri, Centro <strong>de</strong> Reabilitação.<br />

Introdução<br />

Estudos sobre a helmintofauna <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas têm sido utilizados não apenas para avaliar o<br />

estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus hospe<strong>de</strong>iros, mas também como uma importante ferramenta na compreensão dos<br />

padrões <strong>de</strong> migração, comportamento, distribuição e ecologia alimentar (Williams et al. 1992; Mackenzie 2002).<br />

No Brasil, a helmintofauna <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas é representada principalmente pela Classe Trematoda (Filo<br />

Platyhelminthes), com 20 espécies registradas até o momento, e Filo Nematoda, com o registro <strong>de</strong> quatro<br />

espécies (Werneck 2007; Muniz-Pereira et al. 2009; Werneck et al. 2011). Pelo fato <strong>de</strong> as <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

possuírem hábito migratório entre as áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, alimentação e <strong>de</strong>sova (Bjorndal e Bolten 1997),<br />

é possível que ocorra um número maior <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> parasitos no país (Werneck 2007).<br />

O litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (RS) não apresenta áreas próprias para a <strong>de</strong>sova <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas, mas é utilizado regularmente por algumas espécies como área <strong>de</strong> alimentação em certa etapa <strong>de</strong> seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, como a espécie Chelonia mydas. A população <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s do RS é constituída por<br />

indivíduos juvenis, com comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) menor que 60 cm (Silva e Almeida 1998).<br />

Este tamanho condiz com aquele no qual as <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s retornam a áreas mais próximas a costa após o<br />

período conhecido como “lost year” (Balazs 1995) e apresenta hábitos onívoros.<br />

Metodologia<br />

Foram analisados vinte espécimes <strong>de</strong> Chelonia mydas, provenientes <strong>de</strong> monitoramentos <strong>de</strong> praia<br />

realizados pelo Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (GEMARS) no litoral Norte e<br />

Médio do RS, entre os municípios <strong>de</strong> Torres e Mostardas (Fig. 1), bem como, <strong>de</strong> indivíduos que vieram a óbito<br />

durante o processo <strong>de</strong> reabilitação no Centro <strong>de</strong> Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Mapa da área <strong>de</strong> estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul on<strong>de</strong> foram coletados<br />

os indivíduos <strong>de</strong> Chelonia mydas.<br />

As <strong>tartarugas</strong> foram dissecadas e os tratos gastrointestinais congelados para <strong>conservação</strong> até o<br />

procedimento seguinte. O trato gastrointestinal foi seccionado em esôfago, estômago, intestino <strong>de</strong>lgado e<br />

intestino grosso, sendo o conteúdo <strong>de</strong> cada segmento lavado com água corrente e tamisado em malha com<br />

150 µm <strong>de</strong> abertura. O conteúdo recolhido no tamis foi armazenado em álcool 70% e analisado em microscópio<br />

esteroscópio. Os parasitas encontrados foram fixados em álcool 70%, e preparados para i<strong>de</strong>ntificação conforme<br />

Amato et al. (1991).<br />

Resultados e Discussão<br />

Dos vinte indivíduos analisados, em apenas um foi registrada a presença <strong>de</strong> parasitas (Fig. 2). Foram<br />

registrados dois indivíduos <strong>de</strong> nemató<strong>de</strong>os em fase larval da Família Anisakidae (Filo Nematoda - Superfamília<br />

Ascaridoi<strong>de</strong>a), presentes na serosa do estômago. A i<strong>de</strong>ntificação das larvas <strong>de</strong> anisaqui<strong>de</strong>os foi baseada em<br />

características morfológicas, incluindo a presença <strong>de</strong> três lábios <strong>de</strong>ntados e esôfago simples (Davey 1971; Innis<br />

et al. 2009). O ciclo biológico das espécies pertencentes a esta família é indireto, sendo encontrados quando<br />

adultos em vertebrados aquáticos ou ictiófagos e as larvas no sistema conjuntivo <strong>de</strong> peixes (Lapage 1976).<br />

Entre os nemató<strong>de</strong>os, três espécies têm registro em Chelonia mydas para o Brasil, sendo apenas uma da<br />

Família Anisakidae, Sulcascaris sulcata (Rudolphi, 1819) (Vicente et al. 1993). Espécies <strong>de</strong> anisaqui<strong>de</strong>os têm<br />

sido registradas para <strong>tartarugas</strong> marinhas em outras partes do mundo (Burke e Rodgers 1982; Orós et al. 2005;<br />

Valente et al. 2009).<br />

Outro helminto foi encontrado a<strong>de</strong>rido à serosa do intestino grosso. Este estava em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

pós-larval e foi i<strong>de</strong>ntificado como pertencente à espécie Hepatoxylon trichiuri (Filo Platyhelminthes - Classe<br />

Cestoda - Or<strong>de</strong>m Trypanorhyncha). Os adultos <strong>de</strong>sta espécie são tipicamente encontrados no estômago<br />

e intestino <strong>de</strong> tubarões e raias, e as formas pós-larvais são encontradas nas cavida<strong>de</strong>s corpóreas <strong>de</strong> peixes<br />

teleósteos, crustáceos ou, raramente, répteis (São Clemente et al. 2004; Oliveira 2005). Esta espécie <strong>de</strong> cestó<strong>de</strong>o<br />

foi registrada anteriormente na espécie Lepidochelys kempii (tartaruga endêmica da região do Golfo do México<br />

e costa leste dos Estados Unidos) (Innis et al. 2009).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 2. Localização dos parasitas encontrados no trato gastrointestinal <strong>de</strong> Chelonia mydas. A – Cisto <strong>de</strong><br />

anisaqui<strong>de</strong>o encontrado no estômago. B – Hepatoxylon trichiuri encontrado no intestino grosso.<br />

A espécie H. trichiuri encontrada no presente estudo é o primeiro registro <strong>de</strong> um cestó<strong>de</strong>o como parasita<br />

<strong>de</strong> tartaruga-marinha para o Brasil. Porém, pelo fato <strong>de</strong> a tartaruga-ver<strong>de</strong> parasitada ter permanecido em cativeiro<br />

pelo período <strong>de</strong> dois meses, recebendo peixes como alimento, é possível que os parasitas encontrados sejam<br />

provenientes <strong>de</strong>stes, como já relatado por Burke e Rodgers (1982) on<strong>de</strong> a presença do parasita Anisakis sp. foi<br />

relacionada à alimentação administrada a <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s em cativeiro na Austrália. No estudo supracitado, a<br />

espécie <strong>de</strong> nemató<strong>de</strong>o foi registrada em <strong>tartarugas</strong> alimentadas com sardinhas, enquanto as alimentadas com<br />

outras espécies <strong>de</strong> peixes não foram parasitadas por este. As sardinhas são utilizadas para a alimentação dos<br />

espécimes em recuperação no CERAM e, assim, as mesmas po<strong>de</strong>m ter sido a origem <strong>de</strong>stes parasitas.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao GEMARS e ao CERAM.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Amato, J.F.F., W.A. Boeger, e S.B Amato. 1991. Protocolos para laboratório – coleta e processamento <strong>de</strong> parasitos<br />

<strong>de</strong> pescado. 1. ed., Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Universitária.<br />

Balazs, G.H. 1995. Growth rates of immature green turtles in the Hawaiian Archipelago. Páginas 117-125 in<br />

Bjorndal, K.A. (Ed). Biology and conservation of sea turtles. Smithsonian Institute Press, Washington, USA.<br />

Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 1997. Developmental migrations of juvenile green turtles in the Bahamas. Proceedings<br />

of the 15 th Annual Symposium Sea Turtle Conservation and Biology.<br />

Burke, J.B., e L.J. Rodgers. 1982. Gastric ulceration associated with larval nemato<strong>de</strong>s (Anisakis sp. type I) in<br />

pen reared green turtles (Chelonia mydas) from Torres Strait. Journal of Wildlife Diseases 18:41-46.<br />

Davey, J.T. 1971. A revision of the genus Anisakis Dujardin, 1845 (Nematoda: Ascaridata). Journal of Helminthology<br />

45:51-72.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Innis, C., A.C. Nyaoke, C.R. Williams-III, B. Dunnigan, C. Merigo, D.L. Woodward, E.S. Weber, e S. Frasca-<br />

Jr. 2009. Pathologic and parasitologic findings of cold-stunned Kemp’s ridley sea turtles (Lepidochelys kempii)<br />

stran<strong>de</strong>d on Cape Cod, Massachusetts, 2001–2006. Journal of Wildlife Diseases 45:594-610.<br />

Lapage, G. 1976. Parasitologia veterinária. 4 ed. México: Compañia Editorial Continental S.A.<br />

Mackenzie, K. 2002. Parasites as biological tags in population studies of marine <strong>org</strong>anisms: an update. Parasitology<br />

124:153-163.<br />

Muniz-Pereira, L.C., F.M. Vieira e J.L Luque. 2009. Checklist of helminth parasites of threatened vertebrate<br />

species from Brazil. Zootaxa 2123:1-45.<br />

Oliveira, S.A.L. 2005. Pesquisa <strong>de</strong> helmintos em musculatura e serosa abdominal <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong> importância<br />

comercial capturados no litoral norte do Brasil. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, UFPA, Belém.<br />

Orós, J., A. Torrent, P. Calabuig, e S. Déniz. 2005. Diseases and causes of mortality among sea turtles stran<strong>de</strong>d<br />

in the Canary Islands, Spain (1998-2001). Diseases of Aquatic Organisms 63:13-24.<br />

São Clemente, S.C., M. Knoff, R. E.S. Padovani, F.C. Lima, e D.C. Gomes. 2004. Cestói<strong>de</strong>s Trypanorrhyncha<br />

parasitos <strong>de</strong> congro-rosa, Genypterus brasiliensis Regan, 1903 Comercializados nos municípios <strong>de</strong> Niterói e Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Brasil. Revista Brasileira <strong>de</strong> Parasitologia Veterinária 3:97-102.<br />

Silva, K.G., e E. Almeida. 1998. Monitoramento da ocorrência <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul (1996). Resumos da XI Semana Nacional <strong>de</strong> Oceanografia. Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Valente, A.L., C. Delgado, C. Moreira, S. Ferreira, T. Dellinger, M.A. Pinheiro-<strong>de</strong>-Carvalho, e G. Costa. 2009.<br />

Helminth component community of the loggerhead sea turtle, Caretta caretta, from Ma<strong>de</strong>ira Archipelago, Portugal.<br />

Journal of Parasitology 95:249-252.<br />

Vicente, J.J., H.O. Rodrigues, D.C. Gomes, e R.M. Pinto. 1993. Nematói<strong>de</strong>s do Brasil. Parte III: nematói<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

répteis. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zoologia 10:19-168.<br />

Werneck, M.R. 2007. Helmintofauna <strong>de</strong> Chelonia mydas necropsiadas na base do Projeto Tamar-IBAMA em<br />

Ubatuba, Estado <strong>de</strong> São Paulo, Brasil. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista, UNESP.<br />

Botucatu.<br />

Werneck, M.R., E.H.S.M. Lima, B.M.G. Gallo, e R.J. Silva. 2011. Occurrence of Amphiorchis solus (Simha e<br />

Chattopadhyaya 1970) (Digenea: Spirorchiidae) infecting the green turtle Chelonia mydas Linnaeus, 1758<br />

(Testudines: Cheloniidae) in Brazil. Comparative Parasitology 78:200-203.<br />

Williams, E.H., K. MacKenzie, e A.M. McCarthy. 1992. Parasites as biological indicators of the population biology,<br />

migrations, diet and phylogenetics of fish. Reviews in Fish Biology and Fisheries 2:144-176.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL<br />

Francine Sardá 1 , Juliana A. Barros 3 , Danielle da S. Monteiro 3 , Ana L. Velloso 1 , e Joaber Pereira Jr. 1<br />

1<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong>, Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Laboratório <strong>de</strong> Parasitologia <strong>de</strong><br />

Organismos Marinhos, Avenida Itália km 8, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, 96201-900, Brasil.<br />

2<br />

(fransardah@hotmail.com).<br />

3<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450, Cassino, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, 96207-480,<br />

Brasil.<br />

Palavras-chave: Comprimento Curvilíneo da Carapaça (CCC), Nematoda, Índices Parasitológicos.<br />

Introdução<br />

No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (RS) são encontradas cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, todas ameaçadas<br />

<strong>de</strong> extinção (IUCN 2011), a tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta (Linnaeus, 1758) é a espécie mais comum<br />

nos encalhes <strong>de</strong> praia <strong>de</strong>ssa região (Monteiro 2004). O litoral do RS é consi<strong>de</strong>rado uma importante área <strong>de</strong><br />

alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> C. caretta, por isso <strong>de</strong> relevância para a <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

(Bugoni et al. 2003).<br />

A tartaruga-cabeçuda é carnívora e se alimenta <strong>de</strong> itens planctônicos em habitats oceânicos nos estágios<br />

inicial e <strong>de</strong> juvenil. Nos estágios juvenis mais avançados, há um recrutamento para habitats neríticos e passam<br />

a se alimentar principalmente <strong>de</strong> itens bentônicos (Bjorndal 1997). A alimentação pelágica inclui a ingestão <strong>de</strong><br />

hydromedusas (Arai 2005), o que po<strong>de</strong> elevar o potencial <strong>de</strong> infecção por larvas <strong>de</strong> helmintos (Martorelli 2001).<br />

Na fase nerítica C. caretta consome principalmente crustáceos, peixes e moluscos (Bugoni et al. 2003; Barros<br />

2010).<br />

O parasitismo é uma relação bastante difundida entre os seres vivos, e os parasitos ocorrem em<br />

praticamente toda a ca<strong>de</strong>ia alimentar e em todos os níveis tróficos (Pérez-Ponce <strong>de</strong> Léon et al. 2002). Mesmo<br />

assim, não há estudos sobre a comunida<strong>de</strong> componente <strong>de</strong> helmintos da tartaruga-cabeçuda no litoral do RS.<br />

Estes <strong>org</strong>anismos têm sido negligenciados em estudos dos processos dos ecossistemas e <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong><br />

(Silva-Souza et al. 2006).<br />

De acordo com (Bjorndal et al. 2001) no Atlântico Norte C. caretta inicia o recrutamento do habitat oceânico<br />

para o nerítico quando o comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) tem entre 46 e 64 cm. A maioria dos animais<br />

capturados em espinhéis no su<strong>de</strong>ste-sul do Brasil apresenta CCC médio <strong>de</strong> 58,8 cm e estão, provavelmente, na<br />

fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento oceânico (Monteiro 2008; Giffoni 2008). Animais com CCC superior a 69,9 cm estão<br />

provavelmente na fase nerítica, no qual se alimentam <strong>de</strong> invertebrados bentônicos na plataforma continental<br />

(Monteiro 2004). Esse conjunto <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong>m ser usados como balizadores para estudos ontogenéticos<br />

da dieta, po<strong>de</strong>ndo ser referencial para estudos parasitológicos relacionados com movimentos e alimentação do<br />

hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Vários helmintos parasitam C. caretta e Sulcascaris sulcata é um dos Nematoda mais comuns neste<br />

hospe<strong>de</strong>iro (Manfredi et al. 1998). Este trabalho apresenta a caracterização <strong>de</strong> larvas e adultos <strong>de</strong> S. sulcata em<br />

C. caretta do litoral sul do RS e a forma como este parasito utiliza este hospe<strong>de</strong>iro. Com isso, são adicionadas<br />

informações que contribuem para o entendimento da história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sse vertebrado e portanto para sua<br />

<strong>conservação</strong>.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Material e Métodos<br />

A área <strong>de</strong> estudo compreen<strong>de</strong> o litoral sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, entre a Lagoa do Peixe (31°20’S;<br />

51°05’W) e o Arroio Chuí (33°45’S; 53°22’W), e região oceânica. Para as amostragens utilizou-se animais mortos<br />

provenientes <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal na pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico (n = 14) e <strong>de</strong> encalhes na região praial (n =<br />

36), em monitoramentos coor<strong>de</strong>nado pelo Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), durante os<br />

anos <strong>de</strong> 2008 e 2009. O CCC dos hospe<strong>de</strong>iros foi efetuado (Bolten 1999). Definiu-se duas classes <strong>de</strong> tamanho<br />

para os hospe<strong>de</strong>iros: C1 ≤ 69,9 cm e C2 ≥ 70 cm.<br />

Os conteúdos gastrointestinais foram triados, os parasitos quantificados e, para i<strong>de</strong>ntificação, tratados<br />

para montagem <strong>de</strong> lâminas semipermanente (lactofenol) e permanente (bálsamo).<br />

Foram calculados a prevalência (P%), a Intensida<strong>de</strong> Média <strong>de</strong> Infecção (IMI), Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Infecção<br />

(II) e a Abundância Média (AX) para as duas classes <strong>de</strong> tamanho e para os valores totais. Comparações <strong>de</strong><br />

diferenças entre os índices parasitológicos nas classes seguiu o mo<strong>de</strong>lo proposto pelo Programa “Quantitative<br />

Parasitology” (Reiczigel e Rózsa 2005) para a P% (Teste não paramétrico do Chi-quadrado) e para IMI e AX<br />

(Bootstrap no Teste t).<br />

Resultados e Discussão<br />

O CCC dos espécimes provenientes do espinhel variou <strong>de</strong> 53 a 63 cm (média = 57,65 ± 2,87), enquanto<br />

que o CCC <strong>de</strong> animais coletados na praia variaram <strong>de</strong> 57 a 98,5 cm (média = 70,19 ± 7,2).<br />

Verificou-se a presença <strong>de</strong> larvas e adultos <strong>de</strong> S. sulcata em oito espécimes (16 %) <strong>de</strong> tartarugacabeçuda<br />

pertencentes às duas classes <strong>de</strong> tamanho. Em animais capturados na pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico<br />

este parasito não foi encontrado. A IMI foi <strong>de</strong> 99,4, a II variou <strong>de</strong> 3 - 341 parasitos por hospe<strong>de</strong>iro (PpH) infectado<br />

e a AX <strong>de</strong> 15,9 PpH amostrado.<br />

Tabela 1. Índices parasitológicos (variação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção - II; prevalência - P%; intensida<strong>de</strong> média<br />

da infecção - IMI; abundância média - AX) <strong>de</strong> Sulcascaris sulcata (larvas e adultos) por classe <strong>de</strong> comprimento<br />

curvilíneo da carapaça (CCC) <strong>de</strong> Caretta caretta no litoral sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Valores da mesma coluna<br />

seguidos <strong>de</strong> letras distintas diferem significativamente (P < 5%).<br />

(P% - P = 0,012; IMI - P = 0,0615; AX - P = 0,1190)<br />

A prevalência difere significativamente entre os CCCs <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros neríticos e oceânicos. A maior<br />

prevalência ocorre em hospe<strong>de</strong>iros neríticos (C1), <strong>de</strong> 33,3 %. A IMI e AX não diferem significativamente entre<br />

as categorias analisadas (Tabela 1). Os valores discretos relativos à P %, indicam que poucos hospe<strong>de</strong>iros<br />

apresentam altas intensida<strong>de</strong>s do parasito, que sugere um padrão <strong>de</strong> dinâmica populacional que ameniza o<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

potencial impacto negativo da parasitose sobre a população hospe<strong>de</strong>ira garantindo a continuida<strong>de</strong> do ciclo<br />

parasitário e dos processos <strong>de</strong> dispersão.<br />

Sugere-se que moluscos são importantes itens na dieta das <strong>tartarugas</strong>-cabeçudas em fase nerítica, o<br />

que corrobora as observações <strong>de</strong> Bugoni et al. (2003) e Barros (2010), já que a prevalência <strong>de</strong> S. sulcata foi<br />

maior nesta fase da vida do hospe<strong>de</strong>iro e, além disso, sabe-se que as larvas <strong>de</strong>ste parasito são encontradas em<br />

moluscos (Lichtenfels et al. 1978).<br />

Referências Bibliográficas<br />

Arai, M.N. 2005. Predation on pelagic coelenterates: a review. Journal of the Marine Biological Association of the<br />

United Kingdom 85:523-536.<br />

Barros, J.A. 2010. Alimentação da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) em habitat oceânico e nerítico no sul<br />

do Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em<br />

Oceanografia Biológica (FURG).<br />

Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles.nas 199-231 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.).<br />

The biology of sea turtles. CRC Press.<br />

Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, B. Koike, B.A. Schroe<strong>de</strong>r, D.J. Shaver, W.G. Teas, e W.N. Witzell. 2001. Somatic<br />

growth function for immature loggerhead sea turtles, Caretta caretta, in southeastern U.S. Waters. Fishery Bulletin<br />

99:240-246.<br />

Bugoni, L, L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and<br />

Biology 4:685-688.<br />

Giffoni, B., A. Domingo, G. Sales, F.N. Fiedler, e P. Miller. 2008. Interacción <strong>de</strong> tortugas marinas (Caretta caretta y<br />

Dermochelys coriacea) con la pesca <strong>de</strong> palangre pelágico en elatlántico sudocci<strong>de</strong>ntal: una perspectiva Regional<br />

para la conservación. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 62:1861-1870.<br />

IUCN 2011. Red List of Threatened Species. Version 2011.1. . Acessado em 19 <strong>de</strong> Setembro<br />

<strong>de</strong> 2011.<br />

Lichtenfels, J.R., J.W. Bier, e P.A. Mad<strong>de</strong>n. 1978. Larval Anisakid (Sulcascaris) nemato<strong>de</strong>s from Atlantic molluscs<br />

with marine turtles as <strong>de</strong>finitive hosts. Transactions of the American Microscopical Society 97:199-207.<br />

Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Monografia - Graduação em Biologia, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Monteiro, D.S. 2008. Fatores <strong>de</strong>terminantes da captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> aves e <strong>tartarugas</strong> marinhas e da interação<br />

com orcas/falsas-orcas, na pescaria com espinhel pelágico no Su<strong>de</strong>ste-Sul do Brasil. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado,<br />

FURG Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Manfredi, M.T., G. Piccolo, e C. Meotti. 1998. Parasites in Italian sea turtles. II. Loggerhead turtle. Páginas 305-<br />

308 in Margaritoulus, D., e A. Demetropoulos (Eds.). Proceedings of the 1 st Mediteranean Conference on Marine<br />

Turtles, Italy, Rome. 270 p.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Martorelli, S.R. 2001. Digenea parasites of jellyfish and ctenophores of the southern Atlantic. Hydrobiologia<br />

451:305-310.<br />

Pérez-Ponce <strong>de</strong> León, G., L. García-Prieto, e U. Razo-Mendivil. 2002. Species richness of helminth parasites in<br />

Mexican amphibians and reptiles. Diversity and Distributions 8:211-218.<br />

Reiczigel, J., e L. Rózsa. 2005. Quantitative Parasitology 3.0. Budapest.Disponivel em http://www.zoologia.hu/qp/<br />

qp.html. Acesso em: 26/10/2009.<br />

Silva-e-Souza, A.T., O.A. Shibatta, T. Matsumura-Tundisi, J.G. Tundisi, e F.A. Dupas. 2006. Parasitas <strong>de</strong> peixes<br />

como indicadores <strong>de</strong> estresse ambiental e eutrofização. Páginas 373-386 in Tundisi, J.G., T. Matsumura-Tundisi,<br />

e C.S. Galli (Org.). Eutrofização na América do Sul: causas, consequências e tecnologias para gerenciamento e<br />

controle, EUTROSUL-Re<strong>de</strong> Sulamericana <strong>de</strong> eutrofização. São Carlos-SP:DMD Propaganda, v. 1.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

ANÁLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE<br />

E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL<br />

Beatrix Danielle P. Fraga 1* , Luciana F. Nunes 1 , Fernanda Barella 1 , e Cariane C. Trigo 2,3<br />

1<br />

Curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas com Ênfase em Biologia Marinha e Costeira UFRGS/UERGS – Av. Tramandaí,<br />

976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (beatrix_danielle@hotmail.com).<br />

2<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil (carianect@<br />

gmail.com).<br />

3<br />

Grupo <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Mamíferos Aquáticos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – GEMARS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-<br />

000, Imbé, RS, Brasil.<br />

Palavras-chave: Tartaruga-ver<strong>de</strong>, balaní<strong>de</strong>os, lepadí<strong>de</strong>os.<br />

Introdução<br />

A distribuição da espécie Chelonia mydas (tartaruga- ver<strong>de</strong>) abrange todos os oceanos do mundo em<br />

zonas tropicais e subtropicais. Na fase juvenil, possui hábitos mais costeiros e sua dieta é onívora com tendência<br />

a carnivoria, a partir da fase nerítica, transição para a fase adulta, sua alimentação torna-se essencialmente<br />

herbívora (Bjorndal 1997). Durante o <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> realizar migrações para varias áreas <strong>de</strong> alimentação<br />

como o Uruguai, a Argentina e Brasil (López-Mendilaharsu et al. 2007; Carman et al. 2007; Sanches e Bellini<br />

1999). Consoante a IUCN (2011), esta espécie está em perigo em extinção. No ambiente marinho, qualquer<br />

superfície po<strong>de</strong> ser colonizada por uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>org</strong>anismos presentes no ambiente, incluindo o corpo<br />

<strong>de</strong> vertebrados. As <strong>tartarugas</strong> marinhas servem <strong>de</strong> substrato para fixação <strong>de</strong> <strong>org</strong>anismos epibiontes, sendo os<br />

cirripédios a fauna mais freqüente (Frick et al. 2002). Estes <strong>org</strong>anismos não são parasitas, pois apenas utilizam<br />

substrato biológico para proteção, locomoção e nutrição, a qual é realizada através da filtração da água (Foster<br />

1987). O objetivo do presente estudo foi caracterizar a composição da fauna epibionte associada aos indivíduos<br />

juvenis <strong>de</strong> C. mydas, os quais habitam a área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento no litoral norte e médio do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Material e Métodos<br />

As amostras <strong>de</strong> epibiontes foram coletadas <strong>de</strong> 15 <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, provenientes do Centro <strong>de</strong><br />

Reabilitação <strong>de</strong> Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e<br />

Marinhos do Instituto <strong>de</strong> Biociências da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS). Os<br />

animais encontrados encalhados vivos foram encaminhados ao CERAM entre janeiro e março <strong>de</strong> 2011, sendo<br />

provenientes da região compreendida entre o Farol da Solidão, no município <strong>de</strong> Mostardas, e Torres (Fig. 1).<br />

A fauna epibionte foi coletada, sempre que possível, no mesmo dia da chegada dos espécimes ao<br />

CERAM, com o auxilio <strong>de</strong> uma espátula, sendo separada conforme o local em que se encontrava na tartaruga<br />

(carapaça, plastrão, cabeça e membros). Em seguida, foi armazenada em álcool-etílico 70% e, posteriormente,<br />

i<strong>de</strong>ntificada ao menor nível taxonômico possível e analisada quantitativamente (frequência <strong>de</strong> indivíduos). A<br />

ocorrência e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> animais encontrados foram relacionadas ao comprimento das <strong>tartarugas</strong>, através da<br />

Correlação da Spearman, com auxílio do Programa Estatístico PAST (versão 2.08b).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Mapa da área <strong>de</strong> estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul on<strong>de</strong> foram coletados<br />

os indivíduos <strong>de</strong> Chelonia mydas.<br />

Resultados e Discussões<br />

As <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s apresentaram um comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça <strong>de</strong> 28,6 a 40,7 cm,<br />

caracterizando-as como indivíduos juvenis.<br />

As espécies da fauna epibionte registradas pertencem às famílias Balanaidae, Coronulidae (subor<strong>de</strong>m<br />

Balanomorpha), Lepadidae (subor<strong>de</strong>m Lepadomorpha), Ostreidae e por uma colônia <strong>de</strong> hidrozoários pertencente<br />

à família Tubulariidae (Ectopleura sp). Balaní<strong>de</strong>os e Lepadí<strong>de</strong>os foram os grupos mais representativos, com um<br />

total <strong>de</strong> 1.638 indivíduos. Foram registradas duas espécies <strong>de</strong> balaní<strong>de</strong>os (Platylepas hexastylos, Chelonibia<br />

testudinaria) e uma <strong>de</strong> lepadí<strong>de</strong>os (Lepa anatifera). A espécie <strong>de</strong> cirripédio mais frequênte foi P. hexastylos, a qual<br />

ocorreu em todos os indivíduos amostrados. A espécie C. testudinaria foi registrada em apenas um espécime.<br />

Entre os cirripédios Lepadomorfos, registrou-se a presença da L. anatifera em seis indivíduos. Observou-se que<br />

tanto os balaní<strong>de</strong>os quanto os lepadomorfos, se mostraram mais abundantes no plastrão e na epi<strong>de</strong>rme, como<br />

apresentado na Tabela 1.<br />

Tabela 1. Número <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> cada espécie i<strong>de</strong>ntificada como epibionte <strong>de</strong> Chelonia mydas relaciona ao<br />

local <strong>de</strong> ocorrência.<br />

A espécie P. hexastylos é <strong>de</strong>scrita como um <strong>org</strong>anismo que se incrusta em material flutuante até dois<br />

metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (Young 1999), assim, acreditamos que sua presença nos espécimes analisados possa<br />

estar relacionada ao estado <strong>de</strong>bilitado apresentado pelas mesmas.<br />

O coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Spearman não mostrou valores estatisticamente significativos (p > 0,5)<br />

entre o comprimento curvilíneo da carapaça e o número <strong>de</strong> espécies epibiontes registradas. Alonso (2007)<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

observou uma diferença significativa em relação à localização dos espécimes entre plastrão e nada<strong>de</strong>iras, mas<br />

não entre e carapaça e nada<strong>de</strong>iras. No presente estudo esta diferença não foi significativa.<br />

A espécie C. mydas representa um importante substrato biogênico para estes <strong>org</strong>anismos, pois estes se<br />

beneficiam por serem filtradores, se aproveitando da movimentação da tartaruga para capturar mais alimentos<br />

através <strong>de</strong> suas brânquias, sofrendo menos com a competição já que poucos <strong>org</strong>anismos conseguem sobreviver<br />

às condições <strong>de</strong> um substrato em movimento.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a estudante <strong>de</strong> graduação Vanessa Ochi Agostini por ter auxiliado na i<strong>de</strong>ntificação dos<br />

epibiontes e à equipe do CERAM por terem auxiliado na coleta do material.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Alonso, L. 2007. Epibiontes associados a la tortuga ver<strong>de</strong> juvenil (Chelonia mydas) en la área <strong>de</strong> alimentacíon y<br />

<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay. 62 f. Tese (Licenciatura em Ciencias Biológicas) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

Exatas e Naturais, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Buenos Aires. Buenos Aires, 2007.<br />

Bjornal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. Páginas 2-18 In Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A.<br />

Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and Management Techniques for the conservation of Sea Turtles.<br />

IUCN/ SSC Marine Turtle Specialist Group Publication Nº. 4.<br />

Carman, V.G., R. Dellacasa, I. Bruno, M.C. Inchaurraga C.; M. Gavensky,<br />

N. Mohamed, A. Fazio, M. Uhart, e D. Albareda. 2007. Nuevos aportes a la<br />

distribución <strong>de</strong> tortugas marinas em la Província <strong>de</strong> Buenos Aires y Norte <strong>de</strong> la Patagonia Argentina. Página 54<br />

In Resumos da III Jornada <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlântico Sur Occi<strong>de</strong>ntal.<br />

Piriápolis, Uruguay.<br />

Foster, B.A. 1987. Barnacle ecology and adaptation. Páginas 113-134 In Southward, A.J. (Ed.), Barnacle biology,<br />

A.A. Balkema, Rotterdam.<br />

Frick, M.G., K.L. Williams, D.X. Veljacic, J.A. Jackson, e S. Knight. 2002. Epibiont community succession on<br />

nesting loggerhead sea turtles, Caretta caretta, from Ge<strong>org</strong>ia, USA. Páginas 281-282 In Proceedings of the 20 th<br />

Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-447.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http://<br />

www.redlist.<strong>org</strong>. Acceso 13/06/2011.<br />

López-Mendilaharsu, M., G. Sales, B. Giffoni, P. MIller,, F.N. Fiedler, e A. Domingo. 2007. Distribuicíon y<br />

composición <strong>de</strong> las tallas <strong>de</strong> las tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) que interactuan com<br />

el palangre pelagico em el Atlantico Sur. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 60:2094-2109.<br />

Sanches, T.M., e C. Bellini. 1999. Juvenile Eretmochelys imbricata and Chelonia mydas in the Archipelago of<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, Brazil. Chelonian Conservation Biology 3:308-311.<br />

Young, P.S. 1999. Subclasse Cirripedia (cracas). Páginas 24-53 In Buckup, L. e G. Bond-Buckup (Eds.). Os<br />

crustáceos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Porto Alegre: Ed. Universida<strong>de</strong>/UFRGS.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

DETERMINAÇÃO SEXUAL E MATURAÇÃO GONADAL DE FÊMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia<br />

mydas) e TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL<br />

Dérien L.V. Duarte 1,2 , Danielle S. Monteiro 1 , Sérgio C. Estima 1 , Juliana A. Barros 1 , Rodrigo D. Jardim 2 ,<br />

João C.M. Soares 2 , e Antonio S. Varela 2<br />

1<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450 Rio Gran<strong>de</strong>- Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – Brasil<br />

CEP: 96207-480 (<strong>de</strong>rienvernetti@yahoo.com.br).<br />

2<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong>, Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Setor <strong>de</strong> Histologia, Av. Itália, km 8 Rio<br />

Gran<strong>de</strong> – Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – Brasil CEP: 96.201-900.<br />

Palavras-chave: histologia gonadal, litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Chelonia mydas, Caretta caretta.<br />

Introdução<br />

Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) e Chelonia mydas (tartaruga-ver<strong>de</strong>) utilizam o litoral do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul durante sua fase juvenil como local <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento (Monteiro 2004). As <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas possuem uma taxa <strong>de</strong> crescimento lento, requerendo longos períodos para atingir a maturida<strong>de</strong> sexual,<br />

característica que predispõe estas espécies a um maior risco <strong>de</strong> extinção quando expostas a condições variáveis<br />

que aumentam a mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adultos ou reduzem o recrutamento <strong>de</strong> jovens para a população. A diferenciação<br />

sexual nesses espécimes é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da temperatura durante o <strong>de</strong>senvolvimento embrionário (Pough et al.<br />

1993).<br />

A temperatura que irá <strong>de</strong>finir o sexo dos indivíduos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura pivotal do ninho que irá<br />

produzir a proporção <strong>de</strong> 1:1, ou seja, 50% machos e 50% fêmeas. Valores abaixo <strong>de</strong>sta temperatura induzirão a<br />

formação <strong>de</strong> filhotes machos e acima, filhotes fêmeas (Yntema e Mrosovsky 1980), sendo 29,2 ºC a temperatura<br />

pivotal média encontrada em ninhos <strong>de</strong> C. caretta no Brasil (Marcovaldi et al. 1997), e 29 ºC para ninhos <strong>de</strong> C.<br />

mydas no Mediterrâneo (Bro<strong>de</strong>rick et al. 2000).<br />

Esses espécimes não possuem dimorfismo sexual enquanto juvenis (Wibbels 1999), sendo a i<strong>de</strong>ntificação<br />

sexual nesta fase possível através <strong>de</strong> técnicas como a histologia gonadal (Miller 1997).<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas sofreram impactos durante centenas <strong>de</strong> anos, por diversas ações humanas <strong>de</strong><br />

origem econômica, nutricional e cultural, o que acabou levando ao <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>ssas populações (Frazier 1996).<br />

Hoje os principais impactos são a <strong>de</strong>struição dos habitats e a captura inci<strong>de</strong>ntal na pesca (Wyneken et al. 1988),<br />

tornando essas espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção segundo a IUCN (2009). Em virtu<strong>de</strong> disso, esse estudo tem<br />

como objetivo <strong>de</strong>terminar a proporção sexual <strong>de</strong> C. mydas e C. caretta, o estágio <strong>de</strong> maturação das fêmeas<br />

<strong>de</strong>sses espécimes encontradas encalhadas ao longo da linha da costa do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e <strong>de</strong><br />

animais provenientes da captura inci<strong>de</strong>ntal na pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico no sul do Brasil.<br />

Material e Métodos<br />

Foram realizados monitoramentos mensais na costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, entre a Barra da Lagoa<br />

do Peixe (31°20’S; 51°05’W) e o Arroio Chuí (33°45’S; 53°22’W). Ao todo foram coletados 41 espécimes <strong>de</strong> C.<br />

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caretta, entre fevereiro <strong>de</strong> 2008 e abril <strong>de</strong> 2009 e 46 <strong>de</strong> C. mydas, entre maio <strong>de</strong> 2005 e março <strong>de</strong> 2009. Os<br />

animais encontrados encalhados mortos e os provenientes da pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico foram necropsiados<br />

e suas gônadas retiradas e acondicionadas em formol al<strong>de</strong>ído 10%, para posterior <strong>de</strong>sidratação, diafanização,<br />

impregnação, corte em micrótomo, coloração com Hematoxilina e Eosina, e a montagem em lâmina permanente.<br />

Para a <strong>de</strong>terminação sexual foram observados folículos ovarianos presentes no córtex dos ovários das<br />

fêmeas (Fig. 1A) e nos machos a presença dos túbulos seminíferos (Fig. 1B). A partir dos indivíduos <strong>de</strong>terminados<br />

foi obtida a proporção sexual das duas espécies.<br />

Os estágios <strong>de</strong> maturação das fêmeas foram agrupados em três classes, fêmeas imaturas prépubescentes,<br />

fêmeas imaturas pubescentes e maturas. Após a classificação, foi obtida a proporção para cada<br />

estágio <strong>de</strong> maturação.<br />

Resultados e Discussões<br />

As populações <strong>de</strong> C. caretta <strong>de</strong>ste estudo são predominantemente compostas por fêmeas, com a razão<br />

sexual <strong>de</strong> 2,5:1 (fêmeas e machos) (n = 41; 61% fêmeas, 24,4% <strong>de</strong> machos e 14,6% in<strong>de</strong>terminados). Resultados<br />

semelhantes foram encontrados para outras regiões. Esses dados mostram um maior número <strong>de</strong> fêmeas mortas<br />

na área <strong>de</strong> estudo. Entretanto, esse fato po<strong>de</strong> estar associado ao maior número <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong>sse gênero,<br />

como encontrado por Marcovaldi et al. (1997), nas praias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova na Bahia, Sergipe e no Espírito Santo, com<br />

porcentagens elevadas <strong>de</strong> fêmeas, 92,6%, 96,9% e 57,3% respectivamente. Com base nestas informações<br />

é provável que essa razão sexual esteja relacionada ao maior número <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong> fêmeas no Brasil.<br />

Segundo os estágios <strong>de</strong> maturação, 32% (n = 8) das fêmeas foram categorizadas como imaturas pubescente,<br />

36% (n = 9) como imaturas pré-pubescente e 32% (n = 8) não foram classificadas.<br />

Figura 1. (A) Lâminas histológicas <strong>de</strong> fêmea <strong>de</strong> Caretta caretta com presença <strong>de</strong> folículos ovarianos (FO); (B)<br />

macho <strong>de</strong> Chelonia mydas com presença <strong>de</strong> túbulos seminíferos (TS).<br />

A razão sexual encontrada para os espécimes <strong>de</strong> C. mydas foi <strong>de</strong> 2,8:1 (n = 31; 54,3% <strong>de</strong> fêmeas,<br />

19,6% <strong>de</strong> machos e 26,1% in<strong>de</strong>terminados) sendo esse resultado similar a outros estudos. Bro<strong>de</strong>rick et al.<br />

(2000) encontraram mais <strong>de</strong> 90% <strong>de</strong> nascimentos <strong>de</strong> fêmeas no Leste Mediterrâneo. Segundo os estágios <strong>de</strong><br />

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maturação, 28% (n = 7) das fêmeas foram categorizadas como imaturas pubescentes e 72% (n = 18) como<br />

imaturas pré-pubescentes.<br />

Os estágios <strong>de</strong> maturação foram associados à <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> vitelo nos folículos ovarianos, que tem início<br />

na puberda<strong>de</strong>. Poucos estudos <strong>de</strong>screvem os estágios <strong>de</strong> maturação em <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

A técnica histológica é eficaz para a <strong>de</strong>terminação sexual dos indivíduos. Obteve-se maior número <strong>de</strong><br />

fêmeas encontradas mortas, sendo aparentemente compensada pelo maior nascimento <strong>de</strong>sse gênero. Essa<br />

característica é importante para a manutenção das populações, pois as <strong>tartarugas</strong> marinhas necessitam <strong>de</strong> um<br />

maior número <strong>de</strong> fêmeas, visto que um macho po<strong>de</strong> fecundar várias fêmeas na mesma estação reprodutiva.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Projeto TAMAR/ICMBio, aos Mestres Celso e Juninho, dos Barcos <strong>de</strong> Espinhel AKIRA<br />

V, Maria Letícia e Maria e suas tripulações, e ao Laboratório <strong>de</strong> Histologia da FURG.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bro<strong>de</strong>rick, A.C., B.J. Godley, S. Reece, e J.R. Downie. 2000. Incubation periods and sex ratios of green turtles:<br />

highly female biased hatchling production in the eastern Mediterranean. Marine Ecology Progress Series 202:273-<br />

281<br />

Frazier, J. 1996. Prehistoric and ancient historic interactions between humans and marine turtles. Páginas 1-38<br />

in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2009. Red list of threatened animals. Disponível em http://<br />

www.redlist.<strong>org</strong>. Acessado em Novembro <strong>de</strong> 2009.<br />

Marcovaldi, M.A., M.H. Godfrey, e N. Mrosovsky. 1997. Estimating sex ratios of loggerhead turtles in Brazil from<br />

pivotal incubation durations. Canadian Journal of Zoology 75:755-770.<br />

Miller, J.D. 1997. Reproduction of sea turtle. Páginas 51-81 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea<br />

turtles. CRC Press.<br />

Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Monografia. FURG. 52 p.<br />

Pough, F.H., J.B. Heiser, e W.N. McFarland. 1993. Quelônios. Páginas 356-378 in A vida dos vertebrados.<br />

Wibbels, T. 1999. Diagnosing the sex of sea turtles in foraging habitats. Páginas 139-142 in Eckert, K.L., K.A.<br />

Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and management techniques for the conservation<br />

of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication No. 4.<br />

Wyneken, J., T.J. Burke, M. Msolomon, e D.K. Pe<strong>de</strong>rsen. 1988. Egg failure in natural and relocated sea turtle<br />

nests. Journal of Herpetology 22:88-96.<br />

Yntema, C.L., e N. Mrosovsky. 1980. Sexual differentiation in hatchiling loggerheads (Caretta caretta) incubated<br />

at different controlled temperatures. Herpertologica 36:3-36.<br />

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ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO DAS ARTÉRIAS AORTA DE Chelonia mydas<br />

Janine Karla França S. Braz¹, Maria Sara <strong>de</strong> Maia Queiroz¹, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Freitas¹, Nailson Carvalho<br />

Batista², e Carlos Eduardo Bezerra <strong>de</strong> Moura¹<br />

1<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte – UFRN. Dpto <strong>de</strong> Morfologia, CP 1511, CEP 59078-970, Natal,<br />

RN (mouraeduard@cb.ufrn.br).<br />

2<br />

Aquário Natal – Av. Litorânea, 1091 – Extremoz, RN.<br />

Palavras-chave: vaso sanguíneo, anatomia, histologia, sistema cardiovascular.<br />

Introdução<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas atuais formam um grupo monofilético pertencente à Or<strong>de</strong>m Cheloniae, Subor<strong>de</strong>m<br />

Cryptodira (Meylan e Meylan 2000). As sete espécies <strong>de</strong>ssa Or<strong>de</strong>m apresentam-se distribuídas em duas famílias:<br />

Dermochelyidae e Cheloniidae. Todavia, na costa brasileira apenas cinco <strong>de</strong>las são encontradas: a tartarugaver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas), tartaruga-<strong>de</strong>-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea),<br />

tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e tartaruga-<strong>de</strong>-couro (Dermochelys coriacea) (Meylan e Meylan 2000).<br />

As artérias e veias apresentam-se constituída <strong>de</strong> fibras elásticas e fibras <strong>de</strong> músculo liso. Contudo, a<br />

prevalência <strong>de</strong>ssas fibras nas túnicas média e adventícia <strong>de</strong>finem o tipo <strong>de</strong> vaso sanguíneo. Para as artérias <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> calibre, as fibras elásticas são prevalentes na túnica média em oposição às artérias <strong>de</strong> médio calibre, cuja<br />

fibra muscular lisa está distribuída em maior quantida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento das fibras elásticas (Filho e Brito 2000).<br />

Nas <strong>tartarugas</strong> marinhas estão presentes duas gran<strong>de</strong>s aortas (a aorta direita e a aorta esquerda) e um<br />

tronco pulmonar que está divido em artéria pulmonar direita e esquerda. A aorta direita apresenta um ramo que<br />

compõe o tronco braquiocefálico (Wyneken 2001).<br />

O sistema circulatório é o que sofre maior variação quando comparado aos outros órgãos e sistemas<br />

(Wyneken 2001). Estudos referentes ao sistema cardiovascular apresentam resultados quanto ao fluxo sanguíneo<br />

cardíaco, comportamento dos pulmões durante o período imerso em água e resultados <strong>de</strong> hemogramas (Hays<br />

et al. 2000; Wyneken 2001; López-Mendilaharsu et al. 2000; Santos et al. 2009). Contudo, informações a cerca<br />

da adaptação histomorfológica das aortas não estão bem esclarecidas, e <strong>de</strong>vem ser estudadas por fornecerem<br />

subsídios importantes na elaboração <strong>de</strong> outros trabalhos através da análise comparativa entre as espécies<br />

marinhas da costa brasileira.<br />

O presente estudo tem por objetivo caracterizar a histologia das artérias aorta direita e esquerda da<br />

espécie C. mydas.<br />

Metodologia<br />

Foram coletados 10 espécimes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas da espécie C. mydas encontradas mortas na<br />

costa litorânea do estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, ou que foram a óbito durante o processo <strong>de</strong> reabilitação no<br />

“Aquário Natal” entre setembro <strong>de</strong> 2009 e junho <strong>de</strong> 2011.<br />

Foram obtidas as medidas biométricas <strong>de</strong> todos os animais (comprimento curvilíneo da carapaça, largura<br />

curvilínea da carapaça e comprimento do plastrão) (Bolten 2000). Da mesma forma, foram registradas a presença<br />

<strong>de</strong> parasitas, doenças e ferimentos que po<strong>de</strong>riam estar relacionadas com a causa da morte.<br />

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Os animais foram necropsiados (Wyneken 2001) no Laboratório <strong>de</strong> Anatomia Animal do Departamento<br />

<strong>de</strong> Morfologia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e fixados em solução <strong>de</strong> formal<strong>de</strong>ído 10% com<br />

posterior condicionamento em frascos etiquetados, contendo a mesma solução.<br />

Fragmentos das artérias aorta direita e esquerda foram fixados em solução <strong>de</strong> formol tamponado a 10%<br />

por 24 h. Decorrido esse período foram aplicadas os procedimentos histológicos <strong>de</strong> rotina para inclusão em<br />

parafina, posterior microtomia e coloração com Hematoxilina e Eosina (H.E.) e Técnica <strong>de</strong> Verhoff adaptada,<br />

seguindo a metodologia proposta por Maia (1979).<br />

As lâminas permanentes confeccionadas foram observadas ao microscópio <strong>de</strong> luz Olympus BXY, e<br />

microfotogradas para análises e comparações em microscópio com câmera digital Sony Cyber Shot DSC-W90,<br />

ambos com suporte acoplado ao microcomputador.<br />

Resultados e Discussão<br />

Microscopicamente, as artérias aorta esquerda e direita, <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> C. mydas apresentaram uma<br />

<strong>org</strong>anização histológica geral semelhante. A pare<strong>de</strong> arterial possuía três túnicas: a túnica íntima (mais interna), a<br />

túnica média e a túnica adventícia (mais externa).<br />

A túnica íntima possuía um endotélio, subendotélio, formado <strong>de</strong> tecido conjuntivo frouxo, e uma lâmina<br />

elástica interna (elastina). Já a túnica adventícia constituía-se <strong>de</strong> tecido conjuntivo com uma lâmina elástica que<br />

a separava da túnica média, além <strong>de</strong> conter pequenos vasos (vasa vasorum). A angioarquitetura da túnica média<br />

constituía-se <strong>de</strong> fibras musculares lisas dispostas <strong>de</strong> forma helicoidal, separadas por lâminas elásticas.<br />

Contudo, a estrutura <strong>de</strong>ssa túnica diferiu entre a aorta esquerda e direita. O vaso esquerdo possuía<br />

um maior calibre e sua túnica média marcada por camadas intercalares <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> elastina mais espessas,<br />

quando comparadas ao vaso contralateral, <strong>org</strong>anização típica <strong>de</strong> uma artéria elástica (Young e Heath 2000;<br />

Kierszenbaum 2008). Já a aorta direita apresentou <strong>org</strong>anização histológica semelhante às artérias musculares,<br />

com túnica média predominantemente constituída <strong>de</strong> fibras musculares lisas e uma camada <strong>de</strong> fibras elásticas<br />

bastante atenuada (Fig. 1). Arranjo semelhante foi <strong>de</strong>scrito por Berry et al. (1974) para outros vertebrados.<br />

Figura 1. Fotomicrografia da aorta esquerda (A), evi<strong>de</strong>nciando túnica médica marcada por espessos feixes <strong>de</strong><br />

as fibras elásticas (em negro) intercalados entre as camadas <strong>de</strong> fibras musculares lisas coradas em rosa. A<br />

coloração avermelhada evi<strong>de</strong>ncia fibras musculares, com prevalência na aorta direta (B). (Coloração Verhoff<br />

adaptada).<br />

Em mamíferos e outros vertebrados essa redução nas camadas elásticas intercalares da túnica média<br />

arterial aumenta à medida que o vaso se distancia do tronco arterial original (Gibbons e Shadwick 1993) e<br />

segundo Berry et al. (1993) a redução na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distensibilida<strong>de</strong> é importante para a manutenção <strong>de</strong><br />

fluxo pulsátil para vários órgãos, fato especialmente importante para as serpentes, nas quais ocorre enrijecimento<br />

das aortas mais acentuadamente do que na aorta torácica das aves.<br />

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Portanto, essas variações microscópicas na túnica média entre a aorta direita e esquerda das <strong>tartarugas</strong><br />

certamente está relacionada aos hábitos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ste animal, provavelmente uma adaptação ao mergulho para<br />

manter o fluxo sanguíneo a<strong>de</strong>quado para os órgãos.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Museu <strong>de</strong> Ciências Morfológicas da UFRN e ao “Aquário Natal” pelo auxílio dado a<br />

essa <strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas.<br />

Berry, C.L., J. Germain, e D.L. Newman. 1974. Comparative morphological and functional aspects of the aorta of<br />

the major vertebrate classes. Laboratory Animals 8:279-289.<br />

Berry, C.L., J.A. Sosa-Melgarejo, e S.E. Greenwald. 1993. The relationship between wall tension, lamellar<br />

thickness, and intercellular junctions in the fetal and adult aorta: Its relevance to the pathology of dissecting<br />

aneurysm. Journal of Pathology 169:15-20.<br />

Bolten A.B. 2000. Técnicas para la medición <strong>de</strong> tortugas marinas, Páginas 126-131 in Eckert K.L., K.A. Bjorndal,<br />

F.A. Abreu-Grobois, M. Donnelly (Eds.), Técnicas <strong>de</strong> investigación y manejo para la conservación <strong>de</strong> las tortugas<br />

marinas. Publicación nº 4, UICN/CSE Grupo Especialista <strong>de</strong> Tortugas Marinas, Washington, USA.<br />

Filho, A.M., e G.A.C. Brito. 2000. Histologia prática. Fortaleza: UFC Ed.<br />

Gibbons, C.A., e R.E. Shadwick. 1993. Functional similarities in the mechanical <strong>de</strong>sign of the aorta in lower<br />

vertebrates and mammals. Cellular and Molecular Life Sciences 45:1083-1088.<br />

Hays, G.C., C.R. Adams, A.C. Bro<strong>de</strong>rick, B.J. Godley, D.J. Lucas, J.D. Mercalfe, e A.A. Prior. 2000. The diving<br />

behavior of green turtles at Ascension Island. Animal Behaviour 59:577-586.<br />

Kierszenbaum, A.L. 2008. Histologia e biologia celular - uma introdução à patologia. Elsevier. 2ª ed.<br />

López-Mendilaharsu, M., C.F.D. Rocha, A. Domingo, B.P. Wallace, e P. Miller. 2008. Prolonged, <strong>de</strong>ep dives by the<br />

leatherback turtle. JMBA2 – Biodiversity Records. Publicação on-line.<br />

Maia, V. 1979. Técnica histológica. 2 ed., Atheneu.<br />

Meylan, A.B., e P.A. Meylan. 2000. Introducción a la evolución, historias <strong>de</strong> vida y biología <strong>de</strong> las tortugas<br />

marinas. Pp. 3-5. In: K.L. Eckert, K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas <strong>de</strong> investigación<br />

y manejo para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4.<br />

Santos, M.R.D., L.S.Ferreira, C. Batistote, A. Grossman, e C. Bellini. 2009. Valores hematológicos <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) juvenis selvagens do Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

Pernambuco, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Sciences 46:491-499.<br />

Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtle. U.S. Department of Commerce NOAA Technical Memorandum<br />

NMFS-SEFS.<br />

Young, B. e J. W. Heath. 2000. Wheater’s histología funcional. Texto y atlas en color. Ed. Churchill Livingstone.<br />

4ª ed.<br />

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ESTUDO CRANIOMÉTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO DO<br />

PARANÁ, SUL DO BRASIL<br />

Valéria Fernanda Coelho 1 , Liana Rosa 2 , e Camila Domit 3<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação <strong>de</strong> Mamíferos e Tartarugas Marinhas, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar,<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná - Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR.<br />

(valeria.coe@hotmail.com).<br />

2<br />

(liana.lec@gmail.com).<br />

3<br />

(cadomit@gmail.com).<br />

Palavras-chave: Carapaça, crânio, função linear.<br />

Introdução<br />

Ao longo da costa brasileira ocorrem cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas: Caretta caretta, Chelonia<br />

mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea. Estas espécies já foram<br />

registradas no litoral do Paraná (D’Amato 1991; Guebert et al. 2007), e C. mydas, conhecida popularmente<br />

como tartaruga-ver<strong>de</strong>, é a mais comum nesta região, utilizando-a como área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

(Guebert et al. 2005; Rosa 2009), <strong>de</strong> forma que há registros <strong>de</strong> espécimes encalhados ao longo <strong>de</strong> todo o ano.<br />

A morfometria é o estudo da forma e do tamanho e a relação existente entre estas características (Peres-<br />

Neto 1995; Lima 2007). Este método é utilizado para medir as diferenças estruturais entre as espécies e entre<br />

espécimes (Lima 2007), assim como avaliar as variações <strong>de</strong>ntro e entre as populações procurando relacionar<br />

morfotipos e as variáveis ambientais (Reis 1988). As medidas <strong>de</strong> carapaça são utilizadas em diversos estudos,<br />

sendo o comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) o mais utilizado para análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, por ser<br />

uma medida padronizada e conservativa. O crescimento das <strong>tartarugas</strong> marinhas é diferenciado em cada região<br />

<strong>de</strong>vido às condições ambientais, <strong>de</strong> forma que utilizando dados morfométricos é possível estabelecer, através<br />

<strong>de</strong> regressão, equações para estimar o CCC ou classes <strong>de</strong> tamanho a partir das medidas <strong>de</strong> outras estruturas<br />

correlacionadas.<br />

O estudo <strong>de</strong> morfometria craniana associado ao tamanho <strong>de</strong> carapaça auxilia no conhecimento a respeito<br />

dos espécimes encontrados em avançados estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição, nos quais estão preservadas somente<br />

estruturas ósseas. Neste contexto este estudo objetiva estabelecer relação entre a forma <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong><br />

ambas as estruturas. A partir <strong>de</strong>stas relações morfométricas é possível avaliar a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o<br />

tamanho aproximado ou a classe <strong>de</strong> tamanho curvilíneo <strong>de</strong> carapaça a qual o espécime pertence aplicando uma<br />

função linear integrada aos dados <strong>de</strong> medidas craniométricas.<br />

Materiais e Métodos<br />

A área <strong>de</strong> estudo compreen<strong>de</strong> o litoral do Estado do Paraná, sul do Brasil, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

vila <strong>de</strong> Ararapira (25º12’44”S; 48º01’15”W) até a barra do rio Saí-Guaçú (25º58’38”S; 48º35’26” W). O litoral<br />

paranaense apresenta uma extensão praial <strong>de</strong> 90 km, aproximadamente, e dois estuários, as Baías <strong>de</strong> Guaratuba<br />

e Paranaguá (Bigarella 2001).<br />

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O material ósseo disponível para estudo foi obtido a partir <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> praia, e <strong>de</strong> informações<br />

obtidas junto a terceiros. Quando possível os dados morfométricos externos foram coletados, o material<br />

biológico armazenado, incluindo estruturas ósseas para posterior análise. Para este estudo foram utilizados 141<br />

exemplares <strong>de</strong> C. mydas. Os crânios foram medidos com paquímetro digital Absolute Mitutoyo (200 mm x 0,01<br />

mm) e as medidas obtidas foram comprimento dorsal, comprimento ventral, largura média e largura máxima.<br />

Também foram utilizadas medidas <strong>de</strong> comprimento e largura curvilíneas <strong>de</strong> carapaça.<br />

As análises estatísticas foram realizadas no software R, e os testes realizados foram o coeficiente <strong>de</strong><br />

correlação <strong>de</strong> Pearson para testar a relação entre as variáveis; teste-t para verificar a diferença entre duas<br />

médias; análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) para verificar diferenças entre as classes <strong>de</strong> tamanho e posteriormente<br />

foi realizado teste <strong>de</strong> Tukey, para <strong>de</strong>terminar quais eram as classes diferentes. Para estabelecer a equação da<br />

reta foi realizada uma regressão do tipo II através do método “standard major axis (SMA)”, no qual o intervalo <strong>de</strong><br />

confiança foi <strong>de</strong> 95%. Este método foi utilizado <strong>de</strong>vido à aleatorieda<strong>de</strong> das variáveis em questão.<br />

Resultados e Discussões<br />

O comprimento dos crânios variou <strong>de</strong> 78,2 mm a 154,3 mm, com média <strong>de</strong> 96,9 mm (± 12,5 mm), e o<br />

comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça variou <strong>de</strong> 300 mm a 703 mm, com média <strong>de</strong> 401,1 mm (± 66,9 mm).<br />

Verificou-se correlação entre o comprimento e a largura dos crânios (ρ = 0,84; r² = 0,71 e P < 2,2e -16 ),<br />

e entre o comprimento e largura curvilínea <strong>de</strong> carapaça (ρ = 0,98; r² = 0,96 e P < 2,2e -16 ), o que indica um<br />

crescimento proporcional das estruturas.<br />

A partir da análise <strong>de</strong> regressão simples foi possível estabelecer a equação da reta, que é <strong>de</strong>terminada por<br />

x = (y–21,90664)/0,1870592; on<strong>de</strong>, nesse caso, o y correspon<strong>de</strong> ao comprimento do crânio e x ao comprimento<br />

da carapaça (Fig. 1). Um teste-t foi aplicado com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testar a diferença entre os dados reais <strong>de</strong> CCC<br />

e os dados estimados pela equação da reta, não sendo <strong>de</strong>tectada diferença significativa (t = 0; gl = 140 ; P = 1).<br />

Assim, é possível estimar uma das variáveis a partir da outra.<br />

Figura 1. Correlação entre o comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (mm) e o comprimento do crânio (mm) <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, Chelonia mydas, encontradas no litoral do paranaense.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Foram estabelecidas nove classes <strong>de</strong> CCC, com intervalos <strong>de</strong> 50 mm, variando entre 300 e 750 mm.<br />

Na amostra não houve indivíduos que correspon<strong>de</strong>ssem à classe <strong>de</strong> tamanho 600-650 mm. Posteriormente, os<br />

dados foram submetidos a uma ANOVA (F = 135,3; gl = 7; P < 2,2e-16), <strong>de</strong>terminando assim que há diferença<br />

entre as classes <strong>de</strong> tamanho. Em seguida foi realizado um teste <strong>de</strong> Tukey com o intuito <strong>de</strong> verificar quais classes<br />

eram distintas entre si, <strong>de</strong> forma que não houve diferença significativa somente entre as classes 550-600 e 500-<br />

550 (P = 0,44) e entre as classes 650-700 e 700-750 (P = 0,99).<br />

Equações <strong>de</strong> regressão foram <strong>de</strong>terminadas para cada classe <strong>de</strong> tamanho curvilíneo <strong>de</strong> carapaça on<strong>de</strong><br />

não houve significância, impossibilitando a utilização das equações por classes <strong>de</strong> tamanho (Tabela 1). Este<br />

resultado, provavelmente, está relacionado ao tamanho da amostra distinto entre as classes, e ao fato das<br />

variações serem maiores <strong>de</strong>ntro das classes estabelecidas. No entanto, estes resultados são preliminares e<br />

novas análises craniométrica serão realizadas para aperfeiçoar o método.<br />

Tabela 1. Média do comprimento dos crânios e equação da reta em cada classe <strong>de</strong> tamanho curvilíneo <strong>de</strong><br />

carapaça das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, Chelonia mydas, encontradas no litoral do Paraná, sul do Brasil.<br />

A equação <strong>de</strong> regressão estabelecida neste trabalho po<strong>de</strong> ser comparada com a <strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s,<br />

com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a variação no crescimento das <strong>tartarugas</strong> entre as classes <strong>de</strong> tamanho e entre as<br />

diferentes populações, a fim <strong>de</strong> estabelecer padrões <strong>de</strong> crescimento para cada região e mesmo auxiliar nas<br />

análises <strong>de</strong> estoques populacionais.<br />

O litoral do Paraná é utilizado pela tartaruga-ver<strong>de</strong> como área <strong>de</strong> alimentação, <strong>de</strong> forma que há encalhe<br />

<strong>de</strong>stes animais na região, muitas vezes com a carapaça danificada ou até mesmo ausente. As medidas das<br />

carapaças <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas são necessárias para <strong>de</strong>senvolver diversos estudos e o CCC é utilizado<br />

internacionalmente para categorizar o tamanho das <strong>tartarugas</strong> marinhas, por estimativas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou classes<br />

<strong>de</strong> tamanho, e para avaliação <strong>de</strong> crescimento. Com o uso da morfometria craniana foi possivel estabelecer o<br />

CCC e a classe <strong>de</strong> tamanho das <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s encontradas no litoral paranaense. A equação proposta neste<br />

trabalho po<strong>de</strong> ser comparada a <strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificar variações no crescimento entre as classes<br />

<strong>de</strong> tamanho e entre populações.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem aos diferentes projetos e financiamentos que auxiliaram nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

monitoramento (Fundação Araucária e Fundação Grupo O Boticário).<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of<br />

Biology and Technology. Jubilee Volume (1946-2001):65-110.<br />

D’Amato, A.F. 1991. Ocorrência <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas (Testudines: Cheloniidae, Dermochelyidae) no estado do<br />

Paraná (Brasil). Acta Biologica Leopol<strong>de</strong>nsia 13:105-110.<br />

Guebert, F.M., L. Rosa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2005. Monitoramento da mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no<br />

litoral paranaense, sul do Brasil. II Jornada <strong>de</strong> Conservação e Pesquisa <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul<br />

Oci<strong>de</strong>ntal. Praia do Cassino, Brasil.<br />

Guebert, F.M., L. Rosa, E.A. Lopez, C. Domit, G. Sasaki, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2007. Monitoramento <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas no litoral do Estado do Paraná: uma ferramenta para gestão costeira. III Jornada <strong>de</strong><br />

Conservação e Pesquisa <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal. Piriápolis, Uruguay.<br />

Lima, C.R.A. 2007. Utilização <strong>de</strong> técnicas multivariadas e <strong>de</strong> morfometria geométrica na discriminação <strong>de</strong><br />

espécies do gênero Rhinobatos (família Rhinobatidae) do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, UFRPE.<br />

Peres-Neto, P.R. 1995. Introdução às análises morfométricas. Oecologia Brasiliensis 2:57-89.<br />

Reis, S.F. 1988. Morfometria e estatística multivariada in Biologia evolutiva. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zoologia 5:571-<br />

580.<br />

Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) no Litoral do<br />

Estado do Paraná. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar,<br />

UFPR.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS<br />

1758): UMA ANÁLISE MORFOMÉTRICA<br />

Valéria Fernanda Coelho 1 , Liana Rosa 2 , e Camila Domit 3<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação <strong>de</strong> Mamíferos e Tartarugas Marinhas, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar,<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná - Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR.<br />

(valeria.coe@hotmail.com).<br />

2<br />

(liana.lec@gmail.com).<br />

3<br />

(cadomit@gmail.com).<br />

Palavras-chave: <strong>de</strong>terminação sexual, estruturas ósseas, biometria, Paraná.<br />

Introdução<br />

Na fase juvenil <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, quando as <strong>tartarugas</strong> marinhas estão sexualmente imaturas, é difícil<br />

i<strong>de</strong>ntificar o sexo através <strong>de</strong> características morfológicas externas (Gomes et al. 2006; Casale et al. 2006).<br />

Quando atingem a maturida<strong>de</strong> sexual, <strong>de</strong>senvolvem características sexuais secundárias: os machos apresentam<br />

garras compridas, curvadas e caudas alongadas, com a cloaca na posição terminal, enquanto as fêmeas possuem<br />

garras e caudas mais curtas (Wyneken 2003).<br />

Estudos relatam diferenças entre machos e fêmeas quanto à forma e tamanho dos indivíduos, consi<strong>de</strong>rando<br />

a irregularida<strong>de</strong> no crescimento relacionada com fatores ambientais. Godley et al. (2002) i<strong>de</strong>ntificaram que<br />

em fêmeas adultas o comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) é maior que em machos na mesma fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas, é a mais frequente no litoral do Estado do Paraná e utiliza esta região<br />

para alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento (Guebert et al. 2007). Rosa (2009), a partir <strong>de</strong> histologia gonadal, i<strong>de</strong>ntificou<br />

o sexo das <strong>tartarugas</strong> encalhadas no Paraná.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a morfologia externa é uma fonte <strong>de</strong> informação essencial quanto aos padrões <strong>de</strong><br />

crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento dos indivíduos e auxilia na compreensão das interações do <strong>org</strong>anismo com<br />

o ambiente, este estudo tem como objetivo testar novas medidas e proporções morfológicas para i<strong>de</strong>ntificar<br />

diferenças no tamanho <strong>de</strong> estruturas ósseas entre machos e fêmeas <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> em fase juvenil.<br />

Metodologia<br />

A área estudada compreen<strong>de</strong> o litoral do Estado do Paraná, sul do Brasil com, aproximadamente, 90<br />

km <strong>de</strong> extensão praial, e dois estuários, o Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá (CEP), ao norte, e a Baía <strong>de</strong><br />

Guaratuba, ao sul (Bigarella 2001; Angulo et al. 2006). O CEP apresenta baixios vegetados por bancos <strong>de</strong><br />

grama marinha da espécie Halodule wrightii, que é o recurso alimentar mais consumido por C. mydas no litoral<br />

paranaense (Guebert-Bartholo et al. 2011).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

No litoral paranaense há registros <strong>de</strong> encalhe <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas nas praias e ilhas e, por meio<br />

<strong>de</strong> um monitoramento realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004, os exemplares são coletados, i<strong>de</strong>ntificados, quando possível é<br />

realizada a biometria e a coleta <strong>de</strong> materiais biológicos para posterior análise.<br />

As estruturas ósseas utilizadas neste estudo compreen<strong>de</strong>m o crânio, a carapaça, garras e cauda <strong>de</strong><br />

C. mydas, todos pertencentes à coleção do Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação (LEC), e a i<strong>de</strong>ntificação<br />

sexual foi realizada através da histologia gonadal (Rosa 2009). As medidas do comprimento dorsal, comprimento<br />

ventral, largura máxima e largura média dos crânios (Fig. 1) e as medidas <strong>de</strong> comprimento e largura máxima<br />

(externo e ósseo) da garra foram obtidas com paquímetro digital Absolute Mitutoyo ® . As medidas <strong>de</strong> comprimento<br />

e largura curvilínea <strong>de</strong> carapaça e comprimento caudal (do plastrão ao final da cauda e da cloaca ao final da<br />

cauda) foram tomadas com fita métrica.<br />

Figura 1. Medidas <strong>de</strong> comprimento dorsal (1), largura máxima (2), comprimento ventral (3) e largura média (4)<br />

dos crânios <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s juvenis coletadas no litoral do Paraná.<br />

As análises estatísticas foram realizadas no software R. Para testar a diferença nas mediadas<br />

morfométricas entre machos e fêmeas, <strong>de</strong> diferentes classes <strong>de</strong> tamanho foi utilizado o teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt.<br />

Resultados e Discussão<br />

A amostra total utilizada foi composta por 56 <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s, entre as quais 30 foram i<strong>de</strong>ntificadas<br />

como fêmeas e 26 como machos, sendo todos os indivíduos em fase juvenil <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça dos espécimes analisados variou <strong>de</strong> 310 mm a 680 mm, com<br />

média <strong>de</strong> 409 (±78,7 mm). Consi<strong>de</strong>rando a amostra total, a média <strong>de</strong> comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça das<br />

fêmeas foi <strong>de</strong> 426 mm (± 90,1 mm) e dos machos <strong>de</strong> 389 mm (± 58,7 mm), <strong>de</strong> forma que nesta análise não<br />

houve diferença significativa entre os dois grupos (t = 1,8; gl = 50.3; P = 0,07). No entanto foi verificada diferença<br />

significativa entre os sexos quanto ao comprimento dorsal do crânio (t = 2,3; gl = 52; P = 0,02), comprimento<br />

ventral do crânio (t = 2,8; gl = 42,5; P = 0,02) e na largura máxima do crânio (t = 2, 9; gl = 54; P = 0,01).<br />

As análises também foram realizadas separando a amostra total em três classes <strong>de</strong> tamanho curvilíneo<br />

<strong>de</strong> carapaça, com intervalos <strong>de</strong> 100 mm, variando entre 300 e 600 mm. No entanto somente duas classes foram<br />

utilizadas, pois a maior classe (500-600 mm) não atendia a premissa para realização do teste estatístico.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Na classe <strong>de</strong> tamanho <strong>de</strong> 300-400 mm houve diferença significativa entre machos e fêmeas somente na<br />

largura máxima do crânio (n = 26; t = 2,41; gl = 19,6; P = 0,02). Para as outras medidas <strong>de</strong> crânio, garras e cauda<br />

são foi encontrada diferença estatística.<br />

Foi verificada diferença significativa entre machos e fêmeas da classe 400-500 mm para todas as medidas<br />

<strong>de</strong> crânio. Constatou-se diferença no comprimento dorsal do crânio (n = 20; t = 3,09; gl = 19; P = 0,006), no<br />

comprimento ventral (t = 2,72; gl = 19, P = 0,014), na largura máxima (t = 2,92, gl = 19, P = 0,009) e na largura<br />

média (t = 3,34; gl = 19; P = 0,004), sendo as medidas maiores em fêmeas do que em machos (Fig. 2).<br />

Utilizando a amostragem estratificada por classes foi possível <strong>de</strong>tectar diferença significativa entre<br />

machos e fêmeas, <strong>de</strong> modo que os machos são menores quando comparado às fêmeas <strong>de</strong> mesma classe<br />

<strong>de</strong> tamanho, o que po<strong>de</strong> estar relacionado, principamente, com à temperatura das áreas on<strong>de</strong> estes animais<br />

<strong>de</strong>spen<strong>de</strong>ram mais tempo durante seu <strong>de</strong>senvolvimento. Os répteis são animais ectotérmicos estando assim<br />

sujeito as variações ambientais, o que implica em um crescimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do meio. De acordo com Godley<br />

et al. (2002) há diferenças no comportamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento, no qual as fêmeas ten<strong>de</strong>m a ser mais resi<strong>de</strong>ntes<br />

e os machos são mais dispersivos, possuindo maior gasto energético para mobilida<strong>de</strong> e termorregulação.<br />

Figura 2. Diferença na largura média do crânio entre machos e fêmeas <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>, Chelonia mydas,<br />

no litoral do Paraná, Brasil, da classe <strong>de</strong> tamanho curvilíneo <strong>de</strong> carapaça 400-500 mm. A linha horizontal mais<br />

escura marca a posição da mediana, a caixa se esten<strong>de</strong> no intervalo interquartil, a linha superior e inferior<br />

mostram os pontos <strong>de</strong> máximo e mínimo da amostra e o círculo representa um ponto atípico.<br />

Neste trabalho as diferenças foram verificadas somente nas medidas <strong>de</strong> crânio e na maior classe.<br />

Diferentemente <strong>de</strong> Rosa (2009), que encontrou diferença entre os grupos para medidas <strong>de</strong> carapaça, garra e<br />

cauda em diferentes classes <strong>de</strong> tamanho. Estes resultados são preliminares, no entanto já foi possível <strong>de</strong>tectar<br />

diferenças na estrutura cranial <strong>de</strong> machos e fêmea o que evi<strong>de</strong>ncia a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> morfometria na<br />

i<strong>de</strong>ntificação sexual <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na fase juvenil <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Os autores agra<strong>de</strong>cem aos diferentes projetos e financiamentos da Fundação Araucária e Fundação O<br />

Boticário que auxiliaram nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Angulo, R.J., C.R. Soares, E. Marone, M.C. Souza, L.L.R. Odreski, e M. Noernberg. 2006. Erosão e progradação<br />

do litoral brasileiro. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, p. 347-400.<br />

Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of<br />

Biology and Technology. Jubilee Volume (1946-2001):65-110.<br />

Casale P., B. Lazar, S. Pont, J. Tomas, N. Zizzo, S. Alegre, J Badillo, A. Di Summa, D. Freggi, G. Lockovic,<br />

J.A. Raga, L. Rositani, e N. Tvrtkovic. 2006. Sex ratio of juvenile loggerhead sea turtles Caretta caretta in the<br />

Mediterraneam Sea. Marine Ecology Progress Series 324: 281-285.<br />

Godley, B.J., A.C Bro<strong>de</strong>rick, R. Frauenstein, F. Glen, e G.C Hays. 2002. Reproductive seasonality and sexual<br />

dimorphism in green turtles. Marine Ecology Progress Series 226:125-133.<br />

Gomes, M.G.T., M.R.D Santos, e M. Henry. 2006. Tartarugas marinhas <strong>de</strong> ocorrência no Brasil: hábitos e aspectos<br />

da biologia da reprodução. Revista Brasileira <strong>de</strong> Reprodução Animal 30:19-27.<br />

Guebert, F.M., L. Rosa, E.A Lopez, C. Domit, G. Sasaki, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2007. Monitoramento <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas no litoral do Estado do Paraná: uma ferramenta para gestão costeira. In III Jornada <strong>de</strong><br />

Conservação e Pesquisa <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal. Piriápolis, Uruguay.<br />

Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess<br />

foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranagua Estuary, Brazil. Endangered Species<br />

Research 13:131-143.<br />

Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) no Litoral do<br />

Estado do Paraná. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar,<br />

UFPR.<br />

Wyneken, J. 2003. The anatomy of sea turtle. NOAA Memorandum NMFS-SEFSC, n. 470. Miami, Flórida.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Caretta caretta NO LITORAL DO PARANÁ, SUL DO BRASIL<br />

Gleici Montanini 1 , Liana Rosa 2 , e Camila Domit 3<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar/UFPR. Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR.<br />

(gleici.montanini@hotmail.com).<br />

2<br />

(liana.lec@gmail.com).<br />

3<br />

(cadomit@gmail.com).<br />

Palavras-chave: alimentação, tartaruga-cabeçuda, Paraná.<br />

Introdução<br />

Indivíduos <strong>de</strong> Caretta caretta na fase nerítica possuem dieta essencialmente carnívora, alimentandose<br />

<strong>de</strong> cnidários, moluscos, crustáceos e peixes teleósteos (Burke et al. 1993; Plotkin et al. 1993; Tomas et al.<br />

2001; Bugoni et al. 2003; Souza 2009; Barros 2010). Alguns <strong>de</strong>stes itens também foram registrados na dieta<br />

da espécie no litoral paranaense, sendo a ocorrência <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>stes relacionados às áreas estuarinas e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong> baias (Montanini et al. 2009; 2010). A ingestão <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> origem antrópica também é<br />

relatada para a espécie (Bugoni et al. 2001; Montanini et al. 2010) que é a segunda mais frequente no litoral do<br />

Estado do Paraná (Sasaki et al. 2009).<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> atualizar as informações referentes à ocorrência da espécie e sua dieta no litoral<br />

paranaense, este estudo apresenta as taxas <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> espécimes na região, caracteriza os exemplares<br />

quanto ao sexo e classe <strong>de</strong> tamanho e analisa sua alimentação em relação a estas características. O monitoramento<br />

contínuo <strong>de</strong>stas informações auxilia no entendimento do uso da área pela espécie e po<strong>de</strong>m subsidiar planos <strong>de</strong><br />

manejo que visem à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas a serem consi<strong>de</strong>radas como prioritárias para a <strong>conservação</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas e <strong>de</strong> seus habitats.<br />

Materiais e Métodos<br />

O litoral do Estado do Paraná está compreendido entre a Vila <strong>de</strong> Ararapira (25º12’44”S e 48º01’15”W) e a<br />

barra do Rio Saí-Guaçú (25º58’38”S e 48º35’26”W). Possui dois estuários: o Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá<br />

- CEP (25°30’S; 48°40’W) ao norte e o Estuário <strong>de</strong> Guaratuba (25°50’S; 48°40’W) ao sul. As praias se esten<strong>de</strong>m<br />

por cerca <strong>de</strong> 90 km, <strong>de</strong>scontinuadas pela existência <strong>de</strong> costões rochosos e pela formação dos estuários (Bigarella<br />

2001). A região na qual o CEP está compreendido é caracterizada por ambientes <strong>de</strong> restinga, manguezais,<br />

bancos <strong>de</strong> grama marinha, costões rochosos e extensas planícies <strong>de</strong> maré (Lana et al. 2001).<br />

Nesta região, a coleta dos animais mortos foi realizada durante monitoramentos <strong>de</strong> praia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

balneário <strong>de</strong> Pontal do Sul (25º34’S; 48º20’W) até o município <strong>de</strong> Matinhos (25º49’S; 48º32’W) e em expedições<br />

eventuais às ilhas do CEP (Ilha do Mel, das Peças e Superagüi).<br />

Todos os animais coletados foram mensurados e fotografados seguindo os protocolos sugeridos por<br />

Wyneken (2001). Com os dados <strong>de</strong> Comprimento Curvilíneo <strong>de</strong> Carapaça (CCC) os animais foram separados<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

em classes <strong>de</strong> tamanho (a cada 10 cm). Neste trabalho foram consi<strong>de</strong>rados adultos os animais com mais <strong>de</strong> 75<br />

cm <strong>de</strong> CCC e juvenis os <strong>de</strong>mais (Barata et al. 1998). A i<strong>de</strong>ntificação do sexo foi realizada pela análise visual das<br />

gônadas (presença/ausência <strong>de</strong> ovócitos) no momento da dissecação (Miller e Limpus 2003).<br />

Para a análise da dieta, o trato digestório foi analisado por completo. O conteúdo alimentar foi retirado e<br />

lavado em peneira <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> 1 mm (ou menor) e exposto para secar. Após foi triado, separado em<br />

gran<strong>de</strong>s grupos taxonômicos e pesado.<br />

Para a caracterização proposta foi realizada estatística <strong>de</strong>scritiva e os dados foram comparados e<br />

analisados utilizando testes <strong>de</strong> χ² com tabela <strong>de</strong> contingência, nos softwares BioEstat 5.0 e Statistica 7.<br />

Resultados e Discussão<br />

Entre os anos <strong>de</strong> 2004 e 2011, foram registrados 81 exemplares <strong>de</strong> C. caretta no litoral paranaense,<br />

sendo as maiores frequências nos anos <strong>de</strong> 2008 (30,9%) e 2010 (17,3%), no inverno (47,5%) e na primavera<br />

(37,5%). O CCC médio <strong>de</strong>stes indivíduos foi <strong>de</strong> 74,2 cm (Desvio Padrão ± 14,2; entre 11,5 cm e 98 cm) sendo<br />

a maioria juvenil (44%) seguido por indivíduos adultos (33%). As gônadas estavam presentes em 88% dos<br />

exemplares, mas, foi possível <strong>de</strong>terminar o sexo <strong>de</strong> apenas 33%, sendo 25% fêmeas e 8% machos.<br />

Apenas vinte e seis tratos digestórios pu<strong>de</strong>ram ser analisados, <strong>de</strong>vido ao avançado grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição.<br />

O CCC médio foi <strong>de</strong> 74,5 cm (± 12,3; entre 57 cm e 98 cm), sendo 44% adultos e 56% juvenis. Quanto ao sexo,<br />

32% eram fêmeas, 16% machos e 52% não tiveram o sexo <strong>de</strong>terminado.<br />

Os tratos digestórios analisados apresentaram quatro principais grupos <strong>de</strong> itens alimentares: crustáceos<br />

(61,5%), peixes teleósteos (53,8%), moluscos (46,1%) e equino<strong>de</strong>rmos (15,4%). Estes itens foram i<strong>de</strong>ntificados<br />

por meio das partes rígidas remanescentes no trato digestório, como fragmentos <strong>de</strong> exoesqueleto e <strong>de</strong> conchas<br />

e também por otólitos.<br />

Os indivíduos foram agrupados por classes <strong>de</strong> tamanho (CCC) com intervalo <strong>de</strong> 10 cm (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 50 cm até<br />

100 cm) e foi calculada a média da massa <strong>de</strong> cada item alimentar para cada classe. Quando estes valores foram<br />

comparados, foi observado que há diferença na frequência <strong>de</strong> consumo dos itens alimentares entre animais em<br />

diferentes estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (classe <strong>de</strong> CCC; χ² = 461,2; gl = 12; P < 0,05). Além disso, verificou-se<br />

que mesmo com a retirada do item menos frequente (equino<strong>de</strong>rmos) da análise, as diferenças entre as classes<br />

<strong>de</strong> tamanho mantiveram-se (χ² = 439,8; gl = 8; P < 0,05).<br />

Os crustáceos foram os mais frequentes entre os indivíduos da classe entre 71 e 80 cm, os peixes entre<br />

os indivíduos menores (50 e 60 cm) e os moluscos <strong>de</strong>ntre os maiores espécimes (90 a 100 cm). Também foram<br />

verificadas diferenças na alimentação <strong>de</strong> animais recuperados em diferentes estações do ano (χ² = 249,6; gl =<br />

9; P < 0,05).<br />

Dentre os indivíduos que tiveram sexo <strong>de</strong>terminado verificou-se uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação<br />

na alimentação. Os machos apresentaram maior consumo <strong>de</strong> crustáceos e as fêmeas, maior frequência <strong>de</strong><br />

peixes teleósteos seguidos por moluscos, além <strong>de</strong> serem as únicas a se alimentar <strong>de</strong> equino<strong>de</strong>rmos (50% <strong>de</strong>las<br />

ingeriam este item).<br />

Essas informações contribuem para o melhor entendimento da forma <strong>de</strong> uso da região costeira paranaense<br />

por C. caretta, dados essenciais para a <strong>conservação</strong> da espécie nestas fases <strong>de</strong> vida no sul do Brasil.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

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Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of<br />

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Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtles. U.S. Department of Commerce NOAA. Technical Memorandum.<br />

NMFS-SEFSC-410.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

DIETA DA TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCEÂNICO E NERÍTICO NO SUL<br />

DO BRASIL.<br />

Juliana Barros 1,2 , Danielle Monteiro 1 , Sérgio Estima 1 , DérienVernetti 1 , e Eduardo Secchi 3<br />

1<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450, Cassino, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, 96207-480,<br />

Brasil.<br />

2<br />

(barros_juliana@hotmail.com).<br />

3<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong>, Pós-graduação em Oceanografia Biológica, Laboratório <strong>de</strong> Tartarugas e<br />

Mamíferos Marinhos. Instituto <strong>de</strong> Oceanografia, Avenida Itália km 8, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, 96201-900, Brasil.<br />

Palavras-chave: Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, alimentação, valores nutricionais, resíduos sólidos.<br />

Introdução<br />

A tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta, utiliza a costa brasileira para alimentação e reprodução (Marcovaldi<br />

e Marcovaldi 1999). Esta espécie tem dieta carnívora durante toda a vida. Nos estágios iniciais e <strong>de</strong> juvenil<br />

alimentam-se <strong>de</strong> itens planctônicos em habitats oceânicos (Parker et al. 2005). Quando em estágios juvenis<br />

mais avançados, recruta para habitats neríticos e, nesta fase, comem principalmente no fundo (Bolten 2003). As<br />

<strong>tartarugas</strong>-cabeçudas alteram completamente sua dieta quando mudam <strong>de</strong> habitat e consequentemente, o valor<br />

energético <strong>de</strong> suas presas.<br />

As altas taxas <strong>de</strong> captura da tartaruga-cabeçuda na pesca no extremo sul do Brasil indicam que esta<br />

região é uma importante área <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para juvenis (Sales et al. 2008). Também é encontrada em<br />

habitats neríticos, em seus estágios <strong>de</strong> juvenil avançado e adulto, on<strong>de</strong> é registrada em encalhes <strong>de</strong> praia e em<br />

pescarias que atuam sobre a plataforma continental (Haimovici e Habiaga 1982; Monteiro et al. 2006).<br />

Caretta caretta tem uma alimentação oportunista (Parker et al. 2005), e se alimentam, inclusive, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarte e iscas <strong>de</strong> algumas pescarias (Revelles et al. 2007; Seney e Musick 2007). Informações sobre a dieta<br />

permitem enten<strong>de</strong>r sobre a qualida<strong>de</strong> das áreas <strong>de</strong> alimentação, quais recursos tróficos são utilizados e como<br />

as ativida<strong>de</strong>s humanas têm interferido no uso do habitat pelas <strong>tartarugas</strong> marinhas. Em vista disso, o presente<br />

estudo tem como objetivo <strong>de</strong>terminar a dieta da tartaruga-cabeçuda em distintos habitats do sul do Brasil.<br />

Metodologia<br />

Foram coletados tratos gastrointestinais completos <strong>de</strong> espécimes mortos <strong>de</strong> C. caretta encalhados (n =<br />

45) na região praial do litoral sul do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, entre a Lagoa do Peixe (31°20’S; 51°05’O) e o Arroio Chuí<br />

(33°45’S; 53°22’O), e capturados inci<strong>de</strong>ntalmente na pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico (n = 35) em áreas oceânicas<br />

no sul do Brasil entre as latitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 29° e 38°S e longitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 45° e 51°O.<br />

O material foi coletado pela equipe do Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), entre os<br />

anos <strong>de</strong> 2007 e 2009, a partir <strong>de</strong> monitoramentos <strong>de</strong> praia e <strong>de</strong> duas embarcações da frota espinheleira.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Dos animais amostrados, mediu-se o comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) (Bolten 1999). O trato<br />

gastrointestinal foi analisado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o esôfago até a porção final do intestino grosso. O conteúdo foi lavado e<br />

dividido em itens e classificado. As amostras <strong>de</strong> conteúdos <strong>org</strong>ânicos foram preservadas em solução <strong>de</strong> álcool<br />

70%. O material sintético foi seco e armazenado em sacos plásticos.<br />

Os itens da dieta foram i<strong>de</strong>ntificados ao menor táxon possível. A quantificação dos itens alimentares foi<br />

feita a partir da massa úmida (g), volume (ml) e número. A importância dos itens na dieta foi calculada a partir<br />

do número relativo (N%), volume relativo (V%), frequência <strong>de</strong> ocorrência (FO%) e índice <strong>de</strong> importância relativa<br />

(IIR%) modificado <strong>de</strong> Pinkas et al. (1971) no qual se substituiu o peso pelo volume. Para os itens pelágicos o<br />

número foi retirado da fórmula, porque alguns animais são coloniais e incontáveis.<br />

A composição proximal e o conteúdo energético foram <strong>de</strong>terminados para alguns dos principais itens<br />

da dieta da tartaruga-cabeçuda. A composição proximal foi <strong>de</strong>terminada segundo metodologia oficial (AOAC<br />

1995), por meio da quantificação <strong>de</strong> proteína, umida<strong>de</strong>, lipídios, e cinzas, em triplicata para cada amostra. O<br />

valor energético foi obtido indiretamente, pelo coeficiente <strong>de</strong> Rubner para <strong>org</strong>anismos aquáticos: 9,5 kcal g -1<br />

para lipídios, 5,65 kcal g -1 para proteínas (Winberg 1971) e expressos em kJ g -1 (massa úmida). Para os resíduos<br />

sólidos é apresentada a frequência <strong>de</strong> ocorrência.<br />

Resultados e Discussão<br />

Os animais provenientes da pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico no sul do Brasil e águas internacionais<br />

adjacentes apresentaram o CCC médio <strong>de</strong> 58,6 cm (± 4,6 cm; 47-66,5 cm, <strong>de</strong>svio padrão, mínimo e máximo,<br />

respectivamente), enquanto que os animais coletados a partir dos encalhes <strong>de</strong> praia apresentaram o CCC médio<br />

<strong>de</strong> 71,3 cm (± 9,3 cm; 57-98,5 cm).<br />

A tartaruga-cabeçuda utiliza o litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul para alimentação nas diferentes fases do<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento. Quando em estágio juvenil, capturada na pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico, se alimenta<br />

principalmente <strong>de</strong> itens gelatinosos, flutuantes ou próximos à superfície. Os principais itens alimentares foram<br />

salpas (V% = 52,5; FO% = 71,4; IIR% = 63,8) e pirossomos (V% = 27,2; FO% = 57,1; IIR% = 26,5) e juntos<br />

representaram 79,7% do volume total da dieta. Quando em estágios juvenil avançado, a tartaruga-cabeçuda<br />

passa a utilizar a plataforma continental, entre 11 e 75 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, para sua alimentação. Neste momento,<br />

alimenta-se no fundo e tem como principais presas os crustáceos Loxopagurus loxochelis (N% = 41,2; V% =<br />

31,2; FO% = 53,3; IIR% = 48,6), Dardanus insignis (N% = 3,38; V% = 4,8; FO% = 35,6; IIR% = 3,6) e Libinia<br />

spinosa (N% = 2,1; V%=15,2; FO% = 37,8; IIR% = 8,2) e o molusco Buccinanops spp. (N% = 28,2; V% = 14,7;<br />

FO% = 60,0; IIR% = 32,3).<br />

Os itens alimentares encontrados nos tratos gastrointestinais das <strong>tartarugas</strong>-cabeçudas permitem inferir<br />

que animais capturados em espinhel pelágico estão na fase oceânica e os animais encontrados em encalhe <strong>de</strong><br />

praia estão na fase nerítica, porém houve cinco exceções. Dois <strong>de</strong>les foram capturados em ambiente oceânico,<br />

porém apresentavam itens neríticos, e nos outros três foram encontrados itens pelágicos em animais encalhados<br />

na praia.<br />

Salpas e pirossomos apresentaram baixo valor energético, <strong>de</strong> 0,37 kJ/g e 0,95 kJ/g respectivamente,<br />

principalmente quando comparados com os itens neríticos Buccinanops spp. (4,13 kJ/g) e L. loxochelis (4,24<br />

kJ/g), e com a lula, Illex argentinus (6,42 kJ/g, E<strong>de</strong>r e Lewis 2005), isca da pescaria <strong>de</strong> espinhel pelágico.<br />

As <strong>tartarugas</strong>-cabeçudas, tanto na fase oceânica como nerítica interagem com a ativida<strong>de</strong> pesqueira para<br />

a alimentação. Na fase oceânica alimentam-se <strong>de</strong> lulas que são utilizadas como isca na pescaria <strong>de</strong> espinhel<br />

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pelágico, e alto volume relativo na dieta (24,9%). Verificou-se que a ingestão da isca pela tartaruga po<strong>de</strong> ocorrer<br />

sem que esta fique fisgada no anzol. Na fase nerítica alimentam-se do <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> pescarias que atuam sobre<br />

a plataforma continental, como cabeças <strong>de</strong> peixe-espada (Trichiurus lepturus), corvinas (Micropogonias furnieri)<br />

com tamanho médio <strong>de</strong> 19 cm, e maria-luiza (Paralonchurus brasiliensis).<br />

A frequência <strong>de</strong> animais que ingeriram resíduos sólidos na fase oceânica foi <strong>de</strong> 97,1%, enquanto que na<br />

fase nerítica foi <strong>de</strong> 8,3%. Sendo assim, os resíduos sólidos antropogênicos são um problema para os animais em<br />

ambiente oceânico, porém não são para os que estão em ambiente nerítico.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Ao CNPq, aos mestres Celso e Juninho e suas tripulações, observadores <strong>de</strong> bordo e Projeto TAMAR.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Association of Official Analytical Chemists (AOAC). 1995. 16 th ed. Washington, D.C.<br />

Bolten, A.B. 1999. Techniques for measuring sea turtles. Páginas 110-114. In Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A.<br />

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Haimovici, M., e P.R.G. Habiaga. 1982. Rejeição a bordo na pesca <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> fundo no litoral <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul num cruzeiro <strong>de</strong> primavera. Série Documentos Técnicos FURG 2:1-14.<br />

Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMAR-<br />

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Pinkas, L., M.S. Oliphant, e I. Inverson. 1971. Food habits of albacore, bluefin tuna and bonito in Californian<br />

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Revelles, M., L. Cardona, A. Aguilar, e G. Fernán<strong>de</strong>z. 2007. The diet of pelagic loggerhead sea turtles (Caretta<br />

caretta) off the Balearic Archipelago (western Mediterranean): relevance of long-line baits. Journal of the Marine<br />

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Winberg, G.C. 1971. Methods for estimation of production of aquatic animals. Aca<strong>de</strong>mic Press, New York.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

REGISTRO DE OCORRÊNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS<br />

ROCAS, BRASIL.<br />

Maurizélia <strong>de</strong> Brito Silva 1 , Thaís <strong>de</strong> Godoy 2 , e Alice Grossman 3<br />

1<br />

Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> – ICMBio. Av. Alexandrino <strong>de</strong> Alencar, 1399 – Tirol,<br />

Natal, RN. 59015-350. (zeliaatol@yahoo.com.br).<br />

2<br />

Fundação Guimarães Duque. Campos da UFERSA – Ed. James Howe. BR 110 km 47 s/n – Bairro Costa e<br />

Silva, Mossoró, RN. 59625-900.<br />

3<br />

All Angle. Praça do Cruzeiro, s/n - Fernando <strong>de</strong> Noronha/PE. 53990-000.<br />

Palavras-chave: unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, tartaruga marinha, distribuição geográfica.<br />

Introdução<br />

A tartaruga-cabeçuda Caretta caretta apresenta distribuição em mares temperados, subtropicais e<br />

tropicais (Dodd-Jr 1988). Esta espécie foi registrada na costa <strong>de</strong> diversos estados do Brasil entre o Pará e o Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, em águas costeiras ou oceânicas, o que é conhecido através da interação <strong>de</strong>stes animais com<br />

a ativida<strong>de</strong> pesqueira, encalhes ou estudos telemétricos (Santos et al. 2011). Apresenta ciclo <strong>de</strong> vida longo com<br />

maturação sexual entre 25 e 35 anos. São altamente migratórias: as fêmeas migram das áreas <strong>de</strong> alimentação<br />

e <strong>de</strong>scanso para as áreas <strong>de</strong> reprodução, em <strong>de</strong>slocamentos que po<strong>de</strong>m chegar a mais <strong>de</strong> 1.500 km (Santos et<br />

al. 2011).<br />

No Brasil, as áreas prioritárias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova estão localizadas no norte da Bahia, Espírito Santo, norte do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e Sergipe (Marcovaldi & Marcovaldi, 1999). Desovas ocasionais foram registradas em Parati – Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, litoral norte <strong>de</strong> São Paulo, Pontal do Peba – Alagoas, litoral do Ceará, Pipa – Rio Gran<strong>de</strong> do Norte,<br />

Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Santos et al. 2011).<br />

A Reserva Biológica do Atol das Rocas, único recife em forma <strong>de</strong> atol do oceano Atlântico Sul, é uma<br />

área consi<strong>de</strong>rada como um santuário e berçário naturais, on<strong>de</strong> muitas espécies <strong>de</strong> animais vertebrados e<br />

invertebrados utilizam suas águas e ilhas para reprodução, fonte <strong>de</strong> alimentação, abrigo e repouso em rotas<br />

migratórias. É consi<strong>de</strong>rada a segunda maior área <strong>de</strong> reprodução da Chelonia mydas (tartaruga-ver<strong>de</strong>) no Brasil,<br />

alem <strong>de</strong> ser área <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e alimentação para a Eretmochelys imbricata (tartaruga-<strong>de</strong>-pente) (Marcovaldi e<br />

Marcovaldi 1999).<br />

O presente trabalho tem como objetivo registrar a ocorrência e a distribuição da tartaruga Caretta caretta<br />

na Reserva Biológica do Atol das Rocas.<br />

Metodologia<br />

O Atol das Rocas (3°52’S, 33°48’O) localiza-se a 267 km a nor<strong>de</strong>ste da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal, no Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte, na costa nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Possui uma forma elíptica quase circular, com uma área interna <strong>de</strong> 5,5 km²<br />

(Kikuchi 1994). Dentro <strong>de</strong>sta área estão compreendidos ambientes <strong>de</strong> laguna, poças <strong>de</strong> maré, piscinas, canais,<br />

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cavernas e frente recifal, abrangendo uma série <strong>de</strong> condições ecológicas diferentes. A Reserva foi criada em 5<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1979 e compreen<strong>de</strong> o atol e as águas circundantes até a isóbata <strong>de</strong> 1.000 m (Fig. 1). Foi realizado<br />

um levantamento entre diversos <strong>pesquisa</strong>dores da Reserva, a fim <strong>de</strong> recuperar todas as ocorrências da espécie<br />

C. caretta. As ocorrências foram registradas <strong>de</strong> maneira oportunista durante diferentes ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo na<br />

reserva.<br />

Figura 1. Mapa <strong>de</strong> localização da Reserva Biológica do Atol das Rocas.<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram registradas até o momento cinco ocorrências, sendo que apenas quatro <strong>tartarugas</strong> foram<br />

capturadas e marcadas. O primeiro registro ocorreu em outubro <strong>de</strong> 1997 por Caio B<strong>org</strong>hoff, durante documentação<br />

fotográfica da reserva. A tartaruga estava em repouso na parte externa do atol. Apresentava cerca <strong>de</strong> 80 cm <strong>de</strong><br />

comprimento curvilíneo da carapaça. O segundo registro foi feito por Maurizélia B. Silva em 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

2002 durante a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mergulho livre na laguna central. Foi realizada a biometria, on<strong>de</strong> o animal media 72<br />

cm <strong>de</strong> comprimento curvilíneo da carapaça e 67 cm <strong>de</strong> largura curvilínea da carapaça. Foram colocadas anilhas<br />

e não apresentava presença <strong>de</strong> tumores.<br />

O terceiro registro foi feito por Rafael Lima em 2005 na piscina dos Mapas. O quarto foi feito por Henrique<br />

Filgueiras em 22 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007 na piscina Po<strong>de</strong>s Crer. As <strong>tartarugas</strong> foram classificadas como juvenis e<br />

marcadas <strong>de</strong> acordo com o protocolo TAMAR-ICMBio. O quinto registro aconteceu em 01 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010.<br />

Tratava-se <strong>de</strong> uma fêmea adulta, que subiu à praia na Ilha do Farol e foi marcada por Alice Grossman. O<br />

animal media 100 cm <strong>de</strong> comprimento curvilíneo da carapaça e 90 cm <strong>de</strong> largura curvilínea da carapaça. Não<br />

apresentava tumores e não realizou <strong>de</strong>sova.<br />

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O Atol das Rocas é uma formação única no Atlântico Sul e trabalhos recentes têm <strong>de</strong>monstrado sua<br />

importância em diversas fases do ciclo das <strong>tartarugas</strong> marinhas. Para a tartaruga-ver<strong>de</strong> o Atol é apontado como a<br />

segunda maior área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova do Brasil, além <strong>de</strong> importante área <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e alimentação (Silva et al. 2002).<br />

Ainda para esta espécie, Longo e Grossman (2010) ressaltaram a importância do Atol como área <strong>de</strong> cópula<br />

composta por machos transientes, contribuindo para o fluxo gênico entre diferentes áreas <strong>de</strong> reprodução. A<br />

espécie Eretmochelys imbricata também utiliza o Atol como área <strong>de</strong> alimentação (Marcovaldi e Marcovaldi 1999).<br />

Os registros da tartaruga-cabeçuda na Reserva, ainda que esparsos, contribuem ainda mais para a<br />

compreensão da importância do Atol das Rocas na <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. Mesmo que não tenha<br />

sido registrada <strong>de</strong>sova ou permanência em longo prazo na área, a utilização <strong>de</strong>sta como potencial sítio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scanso po<strong>de</strong> guardar informações importantes (freqüência <strong>de</strong> ocorrência, história <strong>de</strong> vida, sazonalida<strong>de</strong>,<br />

origem, <strong>de</strong>stino, ativida<strong>de</strong>s). Acredita-se que a marcação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> no Atol, das três espécies, bem como<br />

a coleta <strong>de</strong> tecido para análises genéticas é, portanto, necessária. Informações sobre a origem e o <strong>de</strong>stino das<br />

<strong>tartarugas</strong> que passam pelo Atol po<strong>de</strong>m elucidar possíveis corredores migratórios, proporcionando mais bases<br />

para acordos internacionais <strong>de</strong> proteção das <strong>tartarugas</strong> marinhas no Atlântico Sul.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ao Biólogo Guilherme Ortigara Longo pelas contribuições no resumo; às fotógrafas Marta<br />

Granville e Zaira Matheus pela cessão <strong>de</strong> imagens e contribuição nos estudos <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas; ao ICMBio<br />

e à Fundação SOS Pró-Mata Atlântica pelo apoio logístico e financeiro.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Dodd-Jr, C.K. 1988. Synopsis of the biological data on the loggerhead sea turtle Caretta caretta (Linnaeus 1758).<br />

Biological Report 88:1-110.<br />

Kikuchi, R.K.P. 1994. Geomorfologia, estratigrafia e sedimentologia do Atol das Rocas (ReBio/Ibama/RN),<br />

Atlântico sul oci<strong>de</strong>ntal equatorial. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Geologia, UFBA. Salvador.<br />

Longo, G.O., e A. Grossman. 2010. Reproductive periodicity and abundance estimates of green turtle adult<br />

males at Atol das Rocas Marine Biological Reserve, NE Brazil, in Proceedings of the 30 th International Sea Turtle<br />

Symposium, Goa.<br />

Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto Tamar-<br />

Ibama. Biological Conservation 91:35-41.<br />

Santos, A.S., L.S. Soares, M.A. Marcovaldi, D.S. Monteiro, B. Giffoni, e A.P. Almeida. 2011. Avaliação do estado<br />

<strong>de</strong> <strong>conservação</strong> da tartaruga marinha Caretta caretta Linnaeus, 1758 no Brasil. Biodiversida<strong>de</strong> Brasileira 1:3-11.<br />

Silva, M.B, C.E.C. Campos, e S.G. Targino. 2002. Atol das Rocas – primeira unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> marinha do<br />

Brasil e único atol do Atlântico sul. Revista <strong>de</strong> Gerenciamento Costeiro Integrado 2:27-28.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

OCORRÊNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPÉLAGOS DE<br />

ABROLHOS (BA) E SÃO PEDRO E SÃO PAULO (RN), BRASIL<br />

Maira C. Proietti 1 , e Eduardo R. Secchi 1,2,<br />

1<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Oceanografia Biológica, Laboratório <strong>de</strong> Tartarugas e Mamíferos Marinhos,<br />

Instituto <strong>de</strong> Oceanografia, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil. (mairaproietti@gmail.com).<br />

2<br />

(edu.secchi@furg.br).<br />

Palavras-chave: tartaruga-<strong>de</strong>-pente, área <strong>de</strong> alimentação, comportamento, ecologia.<br />

Introdução<br />

A tartaruga-<strong>de</strong>-pente (Eretmochelys imbricata) sofreu um dos mais longos e intensos processos <strong>de</strong><br />

exploração entre as diferentes espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. Além das ameaças inerentes a todas as espécies<br />

(exploração <strong>de</strong> ovos e carne, <strong>de</strong>gradação e perda <strong>de</strong> habitats, captura aci<strong>de</strong>ntal em pesca, entre outros), a<br />

tartaruga-<strong>de</strong>-pente é explorada também por seu casco, consi<strong>de</strong>rado um material com alto valor comercial e<br />

cultural (Campbell 2003). Esta espécie sofreu historicamente drástica redução populacional, e está atualmente<br />

classificada como “Criticamente Ameaçada” no livro vermelho da União Mundial para a Conservação da Natureza<br />

(IUCN; Mortimer e Donnelly 2008).<br />

O <strong>de</strong>clínio na quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats coralíneos (Pandolfi et al. 2003) po<strong>de</strong> ser um fator<br />

agravante para a sobrevivência das <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente, pois esta espécie é fortemente associada a recifes<br />

<strong>de</strong> corais <strong>de</strong>vido ao seu hábito alimentar preferencialmente espongívoro (Meylan 1988). Na costa brasileira as<br />

<strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente <strong>de</strong>sovam principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Rio Gran<strong>de</strong> do Norte (Marcovaldi<br />

et al. 2007), e indivíduos imaturos <strong>de</strong>sta espécie ocorrem em ambientes recifais tropicais como o Arquipélago<br />

<strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha (Sanches e Bellini 1999), havendo ocorrência menos frequente na região sul do país<br />

(Reisser et al. 2008). Possivelmente <strong>de</strong>vido a baixos níveis populacionais, existem poucos estudos relativos à<br />

ecologia e <strong>de</strong>mografia <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente imaturas em áreas <strong>de</strong> alimentação brasileiras; estes estudos porém<br />

são fundamentais para o entendimento dos papéis ecológicos dos animais, assim como para a <strong>conservação</strong><br />

<strong>de</strong>sta espécie e habitats associados (Bjorndal e Bolten 2010). Neste trabalho caracterizamos a ocorrência <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente imaturas em dois ambiente recifais da região nor<strong>de</strong>ste do Brasil, o Parque Nacional Marinho<br />

<strong>de</strong> Abrolhos (BA) e o Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e São Paulo (SPSP – RN), <strong>de</strong> acordo com classes <strong>de</strong> tamanho,<br />

residência, comportamento e uso <strong>de</strong> habitat.<br />

Metodologia<br />

Em três expedições ao Arquipélago <strong>de</strong> Abrolhos (abril e julho/2010, fevereiro/2011) e duas ao Arquipélago<br />

<strong>de</strong> São Pedro e São Paulo (agosto/2010, abril/2011), foram realizados mergulhos em apneia para a observação e<br />

captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. Antes <strong>de</strong> cada mergulho registramos data, horário, local amostrado, temperatura<br />

da água e visibilida<strong>de</strong>. Durante os mergulhos, para cada indivíduo observado, registramos comportamento<br />

(<strong>de</strong> acordo com Houghton et al. 2003), profundida<strong>de</strong>, classe <strong>de</strong> tamanho e outras características do animal<br />

(patologias, epibiontes, marcas naturais e artificiais); caso a tartaruga apresentasse marcas artificiais, seu perfil<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

facial era fotografado para posterior foto-i<strong>de</strong>ntificação. Quando possível, o animal era capturado para medição<br />

<strong>de</strong> comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) e peso, aplicação <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> Inconel (fornecidas pelo Projeto<br />

Tamar-ICMBio), registro fotográfico e coleta <strong>de</strong> tecido para posterior análise genética.<br />

Resultados e Discussão<br />

Em Abrolhos realizamos 80,1 h <strong>de</strong> mergulho, com 162 registros <strong>de</strong> observação e 65 capturas individuais<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente. Devido às condições ambientais menos favoráveis, em São Pedro e São Paulo foram<br />

realizadas apenas 29,2 horas <strong>de</strong> mergulho, com 73 registros <strong>de</strong> observação e 15 capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> (Tabela<br />

1). O CCC dos animais variou <strong>de</strong> 24,5 a 63 cm (média = 37,9 dp = 9,3) em Abrolhos <strong>de</strong> 30 a 75 cm (média = 53,7<br />

dp = 15,2) em SPSP (Fig. 1), com diferença significativa entre as médias <strong>de</strong> tamanho dos locais <strong>de</strong>monstrada<br />

por teste-t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt (P < 0,001). A elevada ocorrência <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente nestes locais indica que são<br />

importantes áreas <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>sta espécie na costa brasileira.<br />

Com o registro do perfil facial <strong>de</strong> animais marcados, foi possível foto-i<strong>de</strong>ntificar in situ 50 <strong>tartarugas</strong> sem<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recapturar o animal para verificação das marcas (ver Tabela 1). Esta metodologia está sendo<br />

crescentemente empregada para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, e apresenta gran<strong>de</strong> potencial para<br />

estudos populacionais não-intrusivos (Reisser et al. 2008; Schofield et al. 2008). Através da foto-i<strong>de</strong>ntificação<br />

registramos permanências <strong>de</strong> até aproximadamente nove meses para Abrolhos (captura inicial 21/04/10, fotoi<strong>de</strong>ntificação<br />

06/02/11) e oito para SPSP (captura inicial 18/08/10, foto-i<strong>de</strong>ntificação 21/04/11).<br />

Figura 1. Classes <strong>de</strong> tamanho, segundo comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC), <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente<br />

capturadas nos Arquipélagos <strong>de</strong> Abrolhos e São Pedro e São Paulo.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tabela 1. Resumo das observações e capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente ao longo das expedições, com horas <strong>de</strong><br />

mergulho, número <strong>de</strong> observações, capturas e animais foto-i<strong>de</strong>ntificados.<br />

Expedição Horas Observações Capturas Foto-id<br />

Abrolhos 1 (abr/10) 31,6 52 26 9<br />

2 (jul/10) 30,7 76 20 13<br />

3 (fev/11) 17,8 34 19 14<br />

Total 3 80,1 162 65 36<br />

SPSP 1 (ago/10) 17,5 51 9 8<br />

2 (abr/11) 11,7 22 3 6<br />

Total 2 29,2 73 12 14<br />

Ativida<strong>de</strong>s alimentares foram registradas em 67 ocasiões (28,5% dos registros), <strong>de</strong> 0700 a 1800 h, na<br />

parte superior do recife (profundida<strong>de</strong>s menores que 2m) em Abrolhos e em maiores profundida<strong>de</strong>s (entre 6 e<br />

12,5 m) em SPSP. Em 100% das ocasiões as <strong>tartarugas</strong> estavam se alimentando <strong>de</strong> <strong>org</strong>anismos bentônicos<br />

sésseis, principalmente os zoantí<strong>de</strong>os Zoanthus sociatus e Palythoa caribaeorum, mas também esponjas e<br />

macroalgas. Embora gran<strong>de</strong> parte dos estudos <strong>de</strong> dieta da tartaruga-<strong>de</strong>-pente relatem a preferência por esponjas<br />

(León e Bjorndal 2002; Blumenthal et al. 2009; Bjorndal e Bolten 2010), a alimentação por zoantí<strong>de</strong>os também<br />

é observada (Stampar et al. 2007). Em relação aos <strong>de</strong>mais comportamentos registrados nas observações,<br />

notamos: natação (49,4%), <strong>de</strong>scanso auxiliado (<strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> rochas - 13,5%), <strong>de</strong>scanso (6%) e associação com<br />

peixes (2,6%).<br />

Foram registradas associações com dois peixes recifais: em Abrolhos, observamos em quatro ocasiões o<br />

peixe limpador Elacatinus figaro se alimentando no casco <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente, com até três peixes limpando<br />

simultaneamente; em SPSP observamos em duas ocasiões a donzela endêmica Stegastes sanctipaul limpando<br />

a região do pescoço e casco <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente. A associação entre <strong>tartarugas</strong> marinhas e peixes no Brasil<br />

já foi registrada para diversas espécies <strong>de</strong> peixes recifais (Reisser et al. 2010; Sazima et al. 2010), porém este é<br />

o primeiro registro para as duas espécies relatadas aqui.<br />

Por fim, este trabalho é um resultado <strong>de</strong> expedições para coleta <strong>de</strong> material biológico para análise<br />

genética; coletamos 77 amostras <strong>de</strong> tecido <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-<strong>de</strong>-pente, que serão analisadas juntamente com<br />

amostras do litoral norte da Bahia e costa do Ceará (cedidas pelo Projeto Tamar-ICMBio) e do sul do Brasil (Praia<br />

do Cassino, cedidas pelo NEMA; Ilha do Arvoredo, previamente coletadas), compondo a tese <strong>de</strong> doutorado da<br />

autora.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos à CAPES e Rufford Small Grants pelo apoio financeiro, ao Projeto Tamar pela cooperação<br />

científica e ao ICMBio pela autorização <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>. Agra<strong>de</strong>cemos à Berna Barbosa, e aos auxiliares <strong>de</strong> campo<br />

pelo apoio prestado.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 2010. Hawksbill sea turtles in seagrass pastures: success in a peripheral habitat.<br />

Marine Biology 157:135-145.<br />

Blumenthal, J.M., T.J. Austin, C.D.L. Bell, J.B. Bothwell, A.C. Bro<strong>de</strong>rick, G. Ebanks-Petrie, J.A. Gibb, K.E. Luke,<br />

J.R. Olynik, M.F. Orr, J.L. Solomon, e B.J. Godley. 2009. Ecology of hawksbill turtles, Eretmochelys imbricata, on<br />

a western Caribbean foraging ground. Chelonian Conservation and Biology 8:1-10.<br />

Campbell, L.M. 2003. Contemporary culture, use, and conservation of sea turtles. Páginas 307-338 in The Biology<br />

of Sea Turtles, Vol. II. Lutz, P.L., J.A. Musick, e J. Wyneken (Eds.), CRC Press, Boca Raton, FL.<br />

Houghton, J., M. Callow, e G. Hays. 2003. Habitat utilization by juvenile hawksbill turtles (Eretmochelys imbricata)<br />

around a shallow water coral reef. Journal of Natural History 37:1269-1280<br />

León, Y.M., e K.A. Bjorndal. 2002. Selective feeding in the hawksbill turtle, an important predator in coral reef<br />

ecosystems. Marine Ecology Progress Series 245:249-258<br />

Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, A.J.B. Santos, C. Bellini, e P.C.R. Barata 2007. Fifteen years of<br />

hawksbill sea turtle (Eretmochelys imbricata) nesting in Northern Brazil. Chelonian Conservation and Biology<br />

6:223-228<br />

Meylan, A.B. 1988. Spongivory in hawksbill turtles: a diet of glass. Science 239:393-395<br />

Mortimer, J.A., e M. Donnelly. 2008. Hawksbill Turtle (Eretmochelys imbricata) Marine Turtle Specialist Group<br />

2008 IUCN Red List status assessment. In IUCN 2008. IUCN Red List of Threatened Species. www.iucnredlist.<br />

<strong>org</strong>.<br />

Pandolfi, J.M., R.H. Bradbury, E. Sala, T.P. Hughes, K.A. Bjorndal, R.G. Cooke, C. McArdle, L. McClenachan,<br />

M.J.H. Newman, G. Pare<strong>de</strong>s, R.R. Warner, e J.B.C. Jackson. 2003. Global trajectories of the long-term <strong>de</strong>cline of<br />

coral reef ecosystems. Science 301:955-958<br />

Reisser, J., M. Proietti, P. Kinas, e I. Sazima. 2008. Photographic i<strong>de</strong>ntification of sea turtles: method <strong>de</strong>scription<br />

and validation, with an estimation of tag loss. Endangered Species Research 5:73-82<br />

Reisser, J., M. Proietti, e I. Sazima. 2010. First record of the silver p<strong>org</strong>y (Diplodus argenteus) cleaning green<br />

turtles (Chelonia mydas) in the south-west Atlantic. Marine Biodiversity Records 3:1-2<br />

Sanches, T.M. e C. Bellini. 1999. Juvenile Eretmochelys imbricata and Chelonia mydas in the Archipelago of<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 3:308-311.<br />

Sazima, C., A. Grossman, e I. Sazima. 2010. Turtle cleaners: reef fishes foraging on epibionts of sea turtles in<br />

the tropical Southwestern Atlantic, with a summary of this association type. Neotropical Ichthyology 8:187-192.<br />

Schofield, G., K.A. Katselidis, P. Dimopoulos, e J.D. Pantis. 2008. Investigating the viability of photo-i<strong>de</strong>ntification<br />

as an objective tool to study endangered sea turtle populations. Journal of Experimental Marine Biology and<br />

Ecology 360:103-108.<br />

Stampar, S.N., P.F. Silva, e O.J. Luiz-Jr. 2007. Predation on the zoanthid Palythoa caribaeorum (Anthozoa,<br />

Cnidaria) by a hawksbill turtle (Eretmochelys imbricata) in Southeastern Brazil. Marine Turtle Newsletter 117:3-5.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

REGISTROS NÃO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIÃO LITORÂNEA DA ÁREA DE<br />

PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA DO PARNAÍBA<br />

Kesley Paiva-Silva 1, 2,5 , Werlanne M. Santana 1, 2,3 , Mário M. O. Neto 1, 2 , Edlayne M. Santana 1,2 , Ana Luiza<br />

da Costa 1,2,3 , Manoel N. P. Nascimento 1,2,4 , Suzana B. Lopes 1,2,3 , Mayare F. Sampaio 1,2,3 , Maryfrances C.<br />

Magalhães 1,2,3 , Jordana Brito 1,2,3 , e João C. Val Neto 1,2<br />

1<br />

Comissão Ilha Ativa – CIA. Rua São José, 192/Centro – Ilha Gran<strong>de</strong>/PI - CEP 64224-000. (kesley.bio@gmail.<br />

com).<br />

2<br />

Projeto Tartarugas do Delta. Av. São Sebastião, Reis Velloso – Parnaíba/PI CEP 64200-000. (werlannemen<strong>de</strong>s@<br />

gmail.com).<br />

3<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Piauí/UESPI – Campus Alexandre Alves/ Parnaíba-PI.<br />

4<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Piauí /UFPI– Campus Ministro Reis Veloso/ Parnaíba-PI. 5 Universida<strong>de</strong> Regional do<br />

Cariri - URCA/Departamento <strong>de</strong> Ciências Biológicas - Pós Graduação em Ecologia.<br />

Palavras-chave: <strong>conservação</strong>, encalhes, mortalida<strong>de</strong>, quelônios marinhos.<br />

Introdução<br />

Cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Chelonia mydas (tartarugaver<strong>de</strong>),<br />

Eretmochelys imbricata (tartaruga-<strong>de</strong>-pente), Dermochelys coriacea (tartaruga-<strong>de</strong>-couro), e Lepidochelys<br />

olivacea (tartaruga-oliva), ocorrem em toda a extensão do litoral brasileiro sendo encontrada até o Uruguai e<br />

eventualmente na Argentina (Sanches 1999; Albareda e Prosdocimi 2003).<br />

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN (2011), C. caretta, C.<br />

mydas e L. olivacea são consi<strong>de</strong>radas espécies em perigo <strong>de</strong> extinção e D. coriacea e E. imbricata, espécies<br />

criticamente ameaçadas. Estes animais também estão na lista brasileira <strong>de</strong> espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção do<br />

Ministério do Meio Ambiente (MMA 2003), sendo C. caretta e C. mydas consi<strong>de</strong>radas vulneráveis, E. imbricata e<br />

L. olivacea em perigo, e D. coriacea criticamente em perigo.<br />

Ao longo dos séculos diversos fatores levaram ao <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> várias populações: poluição dos mares e<br />

ingestão <strong>de</strong> resíduos in<strong>org</strong>ânicos, <strong>de</strong>struição dos habitats, abate <strong>de</strong> fêmeas, predação <strong>de</strong> ovos, pesca industrial<br />

e artesanal (Baptistotte 1994) e ocupação das áreas <strong>de</strong> nidificação. Além <strong>de</strong>stes, outro fator que acomete<br />

as populações é uma doença <strong>de</strong>nominada fibropapilomatose. De acordo Herbst et al. (1998) tal doença é<br />

caracterizada por tumores cutâneos, além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>bilitante e fatal (Aguirre et al. 1998).<br />

Na Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, o Projeto Tartarugas do Delta atua com o<br />

objetivo <strong>de</strong> proteger e conservar as espécies que ali frequentam, seja em áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova, seja em possíveis<br />

áreas <strong>de</strong> alimentação, bem como seu hábitat. Assim, ao longo das <strong>pesquisa</strong>s já foram i<strong>de</strong>ntificadas quatros<br />

espécies <strong>de</strong> quelônios marinhos: tartaruga-ver<strong>de</strong>; tartaruga-oliva, tartaruga-<strong>de</strong>-pente (Santana et al. 2009); e a<br />

mais ameaçada <strong>de</strong> extinção, a tartaruga-<strong>de</strong>-couro ou gigante (Loebmann et al. 2008).<br />

O presente trabalho tem como objetivo avaliar quantitativamente registros não reprodutivos e i<strong>de</strong>ntificar<br />

possíveis causas <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na região litorânea da APA Delta do Parnaíba, litoral do Piauí.<br />

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Metodologia<br />

A área <strong>de</strong> estudo compreen<strong>de</strong> a zona costeira do Piauí localizada no extremo norte do estado e tem<br />

como limites naturais, a leste, os rios Timonha/Ubatuba que separam os Estados Piauí e Ceará; a oeste, o rio<br />

Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão; ao norte, o oceano Atlântico, com 66 km <strong>de</strong> costa; e, ao sul, os<br />

municípios <strong>de</strong> Cocal, Piracuruca, Joaquim Pires e São José do Divino (Marcelino 1999).<br />

Foram realizadas rondas diurnas a pé e/ou com veículo, num esforço amostral <strong>de</strong> 8 monitoramentos<br />

mensais durante sete meses nas praias Pedra do Sal, município <strong>de</strong> Parnaíba; praias <strong>de</strong> Atalaia, Peito <strong>de</strong> Moça,<br />

Coqueiro e Arrombado localizada em Luis Correia; e Barra Gran<strong>de</strong> em Cajueiro da Praia, totalizando 36 km<br />

<strong>de</strong> área monitorada, buscando-se encalhes <strong>de</strong> animais vivos ou mortos. Em adição foram avaliados animais<br />

informados por colaboradores <strong>de</strong> associações, pescadores e voluntários.<br />

Quando encontrados os espécimes foram fotografados, i<strong>de</strong>ntificados quanto à espécie com base em<br />

(Pritchard e Mortimer 2000) e tiveram suas medidas morfométricas tomadas: comprimento curvilíneo da carapaça<br />

(CCC) e largura curvilínea da carapaça (LCC), segundo a metodologia padrão do Projeto TAMAR/ICMBio.<br />

Os animais mortos foram enterrados acima da linha da maré para <strong>de</strong>composição (coor<strong>de</strong>nadas em GPS).<br />

Partes do material biológico <strong>de</strong> alguns exemplares (carapaça, crânio e plastrão) são coletadas e <strong>de</strong>positadas<br />

na Coleção Zoológica Delta do Parnaíba, situada nas instalações da UFPI Campus Parnaíba – PI e utilizados<br />

para fins didáticos. Já para os indivíduos encontrados vivos, estes foram avaliados e foram aplicadas técnicas<br />

<strong>de</strong> reanimação a fim <strong>de</strong> serem reintroduzidos em seu hábitat natural. Foram ainda feitas outras observações:<br />

vestígio <strong>de</strong> pesca, cicatrizes, amputação <strong>de</strong> membros, classe etária (adulto, juvenil, sub-adulto), e presença <strong>de</strong><br />

tumores externos.<br />

Resultados e Discussão<br />

De acordo com os resultados obtidos no período <strong>de</strong> janeiro a agosto <strong>de</strong> 2011, foram registrados 73<br />

encalhes. A espécie C. mydas ou tartaruga-ver<strong>de</strong> foi mais frequente (63 registros), (5) foram E. imbricata, (2)<br />

L.olivacea, (1) C.caretta e (2) indivíduos não foram i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong>vido ao estado avançado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição.<br />

Em relação à classe etária, baseada em Barata et al. (1998), 60 indivíduos foram juvenis, dos quais (5) E.<br />

imbricata, (55) C. mydas e (2) <strong>de</strong> espécies não i<strong>de</strong>ntificadas. Onze foram classificados como adulto/ sub-adulto,<br />

dos quais 10 eram fêmeas: (2) L. olivacea, (1) C.caretta e (7) C. mydas e (1) macho C. mydas (Fig. 1).<br />

Quanto ao comprimento curvilíneo <strong>de</strong> carapaça (CCC) <strong>de</strong> L. olivacea foi registrado uma variação <strong>de</strong> 53<br />

a 65 cm com média <strong>de</strong> 59 cm; C. mydas variou entre 25 e 114 cm com média 49 cm; E. imbricata apresentou <strong>de</strong><br />

26 a 63 cm e média <strong>de</strong> 44 cm; C. caretta 87,3 cm; e para os indivíduos in<strong>de</strong>terminados, variação <strong>de</strong> 41 a 54 cm<br />

e média <strong>de</strong> 47 cm.<br />

Do total <strong>de</strong> 73 encalhes, (5) estavam vivos: (2) E. imbricata, 2 C. mydas e (1) C. caretta. Embora aplicadas<br />

técnicas <strong>de</strong> reanimação, apenas (2) foram reintroduzidos com sucesso: (1) C. mydas e (1) E. imbricata. Os<br />

<strong>de</strong>mais exemplares vieram a óbito e não foi possível <strong>de</strong>terminar a causa mortis.<br />

No total, 53 exemplares não tiveram a causa mortis <strong>de</strong>terminada, (3) exemplares apresentaram indícios<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> pesqueira (cortes e/ou perfurações) e (17) C. mydas tinham a presença <strong>de</strong> tumores, sendo (2 vivos),<br />

posteriormente vindo a óbito.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Classe etária e espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas encontradas encalhadas no Delta do Parnaíba, Piauí,<br />

<strong>de</strong> janeiro a agosto <strong>de</strong> 2011.<br />

Fatores causados por ações antrópicas, como a captura inci<strong>de</strong>ntal utilizando re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera e<br />

caçoeira; tumores, entre outros, contribuem para o número significativo <strong>de</strong> encalhes na região. Na proposta <strong>de</strong><br />

minimizar estes impactos, o Projeto Tartarugas do Delta <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental junto às<br />

associações, escolas e reuniões acadêmicas, orientando sobre procedimentos a serem aplicados caso encontrem<br />

animais presos à re<strong>de</strong> ou jogados na praia, <strong>de</strong>bilitados. Contudo, observa-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar os<br />

monitoramentos <strong>de</strong> praia, uma vez que estas informações estarão contribuindo com propostas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong><br />

<strong>de</strong>sses quelônios marinhos ameaçados <strong>de</strong> extinção.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, viabilizando a<br />

realização da <strong>pesquisa</strong>, os representantes da Associação <strong>de</strong> Condutores <strong>de</strong> Visitantes Nativus Arte-Ecotur, pelo<br />

auxílio no levantamento <strong>de</strong> dados e aos órgãos ambientais locais pelo apoio técnico.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Albareda, D., e L. Prosdocini. 2003. Bases para la creacion <strong>de</strong>l Programa Regional <strong>de</strong> Investigación y Conservación<br />

<strong>de</strong> Tortugas Marinas en Argentina, PRICTMA: Informe diagnostico.<br />

Aguirre, A.A., T.R. Spraker, G.H. Balazs, e B. Zimmerman. 1998. Spirorchids and fibropapillomas in green turtles<br />

from the Hawaiian Islands. Journal of Wildlife Diseases 34:91-98.<br />

Baptistotte, C. 1994. Tartarugas marinhas: Projeto TAMAR. Páginas 33-37 in 1º Congresso <strong>de</strong> Herpetologia no<br />

Brasil, PUC-MG. Belo Horizonte.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Herbst, L.H., E.C. Greiner, L.M. Ehrhart, D.A. Bagley, P.A. Klein. 1998. Serelogical association between<br />

spirorchidiasis, herpesvirus infection, and fibropapilomatosis in green turtles from Florida. Journal of Wildlife<br />

Diseases 34:467-507.<br />

IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. World Wi<strong>de</strong> Web electronic publication, disponível em www.<br />

iucnredlist.<strong>org</strong>. (Acessado 07/07/2011).<br />

Loebmann, D., J.F.A. Legat, A.Puchinick-Legat, R.C.R. Camargo, S. Erthal, M. Severo, e J.M. Góes. 2008.<br />

Dermochelys coriacea (leatherback sea turtle) Nesting. Herpetological Review 39:81.<br />

Marcelino, A.M.T. (Coord.). 1999. Caracterização dos Ecossistemas Costeiros dos Estados do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte, Ceará e Piauí, in Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> da Zona Costeira<br />

e Marinha. Governo do Estado do RN,. Disponível em www.bdt.<strong>org</strong>.br acessado em 17 outubro 2007.<br />

Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2003. Lista <strong>de</strong> espécies da fauna brasileira ameaçadas <strong>de</strong> extinção.<br />

Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.ibama.gov.br/fauna/extincao.htm.<br />

Sanches, T.M. 1999. Avaliação e ações prioritárias para a <strong>conservação</strong> da biodiversida<strong>de</strong> da zona costeira e<br />

marinha: <strong>tartarugas</strong> marinhas. Termo <strong>de</strong> referência n. 155/98. Disponível em: http://www.bdt.<strong>org</strong>.br/workshop/<br />

costa/tartaruga/diagnostico.<br />

Santana, W.M; R.R. Silva-Leite, K.P. Silva, e R.A. Machado. 2009. Primeiro registro <strong>de</strong> nidificação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas das espécies Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766) e Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829),<br />

na região da Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí, Brasil. Pan-American Journal of Aquatic<br />

Sciences 4:369-371.<br />

Pritchard, P.C.H., e J.A. Mortimer. 2000. Taxonomia, morfología externa e i<strong>de</strong>ntificacíon <strong>de</strong> las espécies. Páginas<br />

24-44 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.). Técnicas <strong>de</strong> investigacíon y manejo<br />

para la conservacíon <strong>de</strong> las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicacíon Nº 4.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP<br />

Amanda Fernan<strong>de</strong>s 1 , Andrea Maranho 1 , Rosane Fernanda Farah 1 , Mariana Monteiro Zillio 1 , Ivan Chami<br />

Gentil 1 , e Ana Cristina Vigliar Bondioli 2<br />

1<br />

Grupo <strong>de</strong> Resgate e Reabilitação <strong>de</strong> Animais Marinhos – ONG GREMAR – Rua Avedis Simonian, 627, Jardim<br />

Guaiuba, Guarujá, SP, CEP 11421-060 (mandifernan<strong>de</strong>s@gmail.com).<br />

2<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Cananéia – IPeC – Rua Tristão Lobo, 199 – Centro, Cananéia, SP, CEP11990-000<br />

(anabondioli@yahoo.com.br).<br />

Palavras-chave: áreas urbanas, resíduos antrópicos, <strong>conservação</strong>, problemas ambientais, Brasil.<br />

Introdução<br />

Há cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas presentes no Brasil (Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata,<br />

Caretta caretta, Dermochelys coreacea e Lepidochelys olivacea), mas análises históricas e <strong>de</strong> publicações<br />

recentes indicam amplos <strong>de</strong>clínios <strong>de</strong> subpopulações em todas as principais bacias oceânicas ao longo dos<br />

últimos 140 anos (IUCN 2002). Uma combinação <strong>de</strong> fatores como a sobrepesca comercial, a captura inci<strong>de</strong>ntal,<br />

a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> habitats <strong>de</strong> reprodução, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e <strong>de</strong> alimentação e, mais recentemente, a contaminação<br />

dos mares têm <strong>de</strong>terminado a condição atual das <strong>tartarugas</strong> marinhas (IUCN 1995).<br />

Juvenis pelágicos frequentemente são expostos aos resíduos <strong>de</strong> origem antrópica em zonas <strong>de</strong><br />

convergência e a maioria das espécies são expostas em habitats costeiros on<strong>de</strong> se alimentam (Bjorndal 1997).<br />

A Baixada Santista é a mais urbanizada e populosa das três sub-unida<strong>de</strong>s do litoral Paulista possuindo cerca<br />

<strong>de</strong> 1.606.863 habitantes (IBGE 2009), sendo também a área mais critica, pois além do saneamento básico<br />

insuficiente, em alguns municípios, abriga o maior porto da América Latina e um expressivo complexo industrial<br />

(CETESB 2004) composto por portos, pólos petroquímicos, si<strong>de</strong>rúrgicos e outras indústrias (Santos e Furlan<br />

2010). No Estado <strong>de</strong> São Paulo, o Complexo Estuarino <strong>de</strong> Santos e São Vicente é hoje uma das regiões mais<br />

críticas quanto à contaminação dos diferentes compartimentos que integram os ecossistemas aquáticos - água,<br />

sedimento e biota (Lamparelli et al. 2001). Como consequência direta <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> poluição, seguiu-se um<br />

quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação generalizada dos ecossistemas e da presença <strong>de</strong> poluentes nos sedimentos marinhos<br />

e estuarinos (Lamparelli et al. 2001). A região é uma importante área <strong>de</strong> alimentação para a espécie C. mydas<br />

(Maranho 2008), mas a somatória <strong>de</strong>sses fatores causam impactos negativos a essas populações, aumentando<br />

o índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong>.<br />

Dados sobre áreas <strong>de</strong> alimentação são necessários para a execução <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> manejos e <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>de</strong> áreas prioritárias para a <strong>conservação</strong> (Bjorndal 2000). Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal<br />

registrar o encalhe <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na Baixada Santista, <strong>de</strong> modo a ampliar os escassos dados existentes<br />

na região.<br />

Metodologia<br />

O presente trabalho foi realizado na Baixada Santista, litoral sul do Estado <strong>de</strong> São Paulo (23°51’12.06”S<br />

a 24°18’57.63”S - 46°08’21.82” O a 46°59’48.63” O (Fig. 1).<br />

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Figura 1. Região <strong>de</strong> Estudo na Baixada Santista. Fonte: AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista).<br />

Essa região constitui a maior concentração <strong>de</strong> problemas ambientais do País. Suas principais fontes<br />

<strong>de</strong> poluição são as indústrias com <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> efluentes líquidos, atmosféricos e sólidos; esgotos domésticos;<br />

<strong>de</strong>scarga da Represa Bilings; <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo doméstico e industrial; mineração e ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada do<br />

solo; turismo sem planejamento e o porto <strong>de</strong> Santos (Diegues 2002).<br />

Durante o período <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2010 à Junho <strong>de</strong> 2011, foram registrados encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Os dados coletados foram provenientes dos resgates <strong>de</strong> animais e monitoramento <strong>de</strong> carcaças. Os animais<br />

foram resgatados nas praias aten<strong>de</strong>ndo os chamados da população ou autorida<strong>de</strong>s locais como IBAMA, polícia<br />

ambiental e corpo <strong>de</strong> bombeiros. Quando necessário, o animal foi transportado para o centro <strong>de</strong> reabilitação<br />

on<strong>de</strong> foram realizados os tratamentos necessários para a melhoria da condição do animal e posterior soltura.<br />

Quando em contato com os animais, realizou-se a tomada dos dados biométricos, foram realizados<br />

registros fotográficos e em caso <strong>de</strong> animais mortos a necropsia foi realizada no local <strong>de</strong> acordo com Wyneken<br />

(2001). Dados como sazonalida<strong>de</strong>, dispersão dos encalhes, espécies encalhadas e animais com resíduos no<br />

trato digestório também foram analisados através <strong>de</strong> análises estatísticas <strong>de</strong>scritivas conduzidas através do<br />

Microsoft Excel.<br />

Resultados e Discussão<br />

Dos registros obtidos, 50 animais mortos e 14 ainda vivos, todos classificados como juvenis (Bjorndal et<br />

al. 1994; Balptistotte et al. 2003; Moreira et al. 1994). Foram registradas as espécies: C. mydas, C. caretta e E.<br />

imbricata, três das cinco espécies que ocorrem no Brasil.<br />

O maior índice <strong>de</strong> encalhes ocorreu no período <strong>de</strong> inverno apresentando 41,35% dos registros. A espécie<br />

C. mydas representou o maior número <strong>de</strong> encalhes, com 89,06%. A Baixada Santista é utilizada como área <strong>de</strong><br />

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alimentação por essa espécie, o que justifica o alto índice <strong>de</strong> encalhes da mesma. Houve também registros <strong>de</strong><br />

E. imbricata (6,25%) e C. caretta (4,68%).<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Guarujá apresentou o maior número <strong>de</strong> encalhes (35,94%), seguida pelas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Praia Gran<strong>de</strong> (34,37%), São Vicente (20,31%), Bertioga (7,81%) e Mongaguá (1,56%), respectivamente. A<br />

maior incidência <strong>de</strong> encalhes nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Guarujá, Praia Gran<strong>de</strong> e São Vicente po<strong>de</strong> estar relacionada à<br />

maior extensão dos costões rochosos, fonte <strong>de</strong> algas marinhas que são a principal fonte <strong>de</strong> alimentação das<br />

<strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s, porém esta é também a região <strong>de</strong> maior influência do GREMAR, com cursos, treinamentos e<br />

conscientização, o que po<strong>de</strong> ter contribuído para os dados apresentados.<br />

Entre os animais necropsiados, 75% apresentaram resíduos antrópicos em seu trato digestório, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser essa a causa mortis, indicando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> programas ambientais na região como alternativa para<br />

minimizar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong>scartados incorretamente. 7,81% dos indivíduos apresentaram interação<br />

com artes <strong>de</strong> pesca ou embarcação, sendo: um registro <strong>de</strong> pesca aci<strong>de</strong>ntal, dois encalhes <strong>de</strong> animais com linha<br />

<strong>de</strong> pesca presa ao corpo e dois animais atingidos por embarcações apresentando lesões na carapaça.<br />

Apesar <strong>de</strong> a Baixada Santista ser uma importante região do litoral <strong>de</strong> São Paulo, raros são os trabalhos<br />

sobre <strong>tartarugas</strong> marinhas. O presente trabalho, ainda que preliminar, indica a presença <strong>de</strong>sses animais na região<br />

que é utilizada como área <strong>de</strong> alimentação para as <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s (C. mydas). Dessa forma, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação ambiental e <strong>de</strong> um monitoramento contínuo das praias <strong>de</strong>ssa região altamente<br />

impactada é importante para que seja realizada uma <strong>de</strong>scrição mais completa dos animais encontrados nesta<br />

área. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos com os animais encalhados nas praias da Baixada Santista se faz necessário<br />

para que se mantenham saudáveis as populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que visitam a região.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Baptistotte, C., J.C.A. Thomé, e K.A. Bjorndal. 2003. Reproductive biology and conservation status of the<br />

loggerhead sea turtle (Caretta caretta) in Espírito Santo State, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:523-<br />

529.<br />

Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, e C.J. Lagueux. 1994. Ingestion of marine <strong>de</strong>bris by juvenile sea turtles in coastal<br />

Florida habitats. Marine Pollution Bulletin 28:154-158.<br />

Bjorndal, K. A. 1997.Foraging ecology and nutrition of sea turtles. In P.L. Lutz, e J.A. Musick, editors. The biology<br />

of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, Florida. 199-231.<br />

Bjorndal, K.A. 2000. Priorida<strong>de</strong>s para la investigación en hábitats <strong>de</strong> alimentación. Páginas 13-15 in Eckert, K.L.,<br />

K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas <strong>de</strong> Investigación y Manejo para la Conservación<br />

<strong>de</strong> las Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4.<br />

CETESB (Companhia Ambiental do Estado <strong>de</strong> São Paulo). 2004. Relatório <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas litorâneas no<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Diegues, A.C. 2002. Povos e águas: inventário <strong>de</strong> áreas úmidas brasileiras. 2ª Ed. - São Paulo: NUPAUB-USP.<br />

IBGE (Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística). 2009. Histórico dos municípios brasileiros e dados<br />

socioeconômicos dos censos realizados em 1991, 2000 e 2007. Disponível em: . Acesso em: 22 mar. 2011.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

IUCN. 1995. Estrategia mundial para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. Unión Internacional Para La<br />

Conservación <strong>de</strong> La Naturaleza Y <strong>de</strong> Los Recursos Naturales.<br />

IUCN. 2002. Red list status assessment – Chelonia mydas. Disponível em: . Acessado em 22/04/2010.<br />

Maranho, A., M.A.M. Athay<strong>de</strong>, M.C. Men<strong>de</strong>s, N.S.H.K. Carril, e F.I. Oberg. 2008. I<strong>de</strong>ntificação e quantificação<br />

do encalhe <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na Baixada Santista, Estado <strong>de</strong> São Paulo no período 2007-2008. Livro <strong>de</strong><br />

Resumos do 11° Simpósio <strong>de</strong> Biologia Marinha, Santos.<br />

Lamparelli, M. et al. 2001. Sistema estuarino <strong>de</strong> Santos e São Vicente. Relatório Técnico CETESB, São Paulo.<br />

Moreira, L., C. Baptistotte, J. Scalfone, J.C. Thomé, e A.P.L.S. Almeida. 1995. Occurence of Chelonia mydas on<br />

the Island of Trinda<strong>de</strong>, Brazil. Marine Turtle Newsletter 70:2.<br />

Santos, A.L.G., e S.A. Furlan. 2010. Manguezais da Baixada Santista, São Paulo – Brasil: uma bibliografia. VI<br />

Seminário Latino Americano <strong>de</strong> Geografia Física, II Seminário Ibero Americano <strong>de</strong> Geografia Física - Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Coimbra.<br />

Wyneken, J. 2001. Gui<strong>de</strong> to the anatomy of sea turtles. NMFS Tech. Publication. NOAA Tech., Memo NMFS-<br />

SEFSC-470.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

RESIDÊNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPÉCIE Chelonia mydas NA REGIÃO COSTEIRA DE<br />

ITAIPU, NITERÓI - RJ, BRASIL<br />

Humberto Mas Gitirana 1,* , Suzana Guimarães 2 , e Gisele Lobo-Hajdu 3<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Genética Marinha, Departamento <strong>de</strong> Genética, Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rua<br />

São Francisco Xavier, 524 - PHLC - Sala 205, Maracanã, Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ. CEP 20.550-013, Brasil.<br />

2<br />

Laboratório <strong>de</strong> Biologia do Nécton e Ecologia Pesqueira, Departamento <strong>de</strong> Biologia Marinha, Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, Outeiro São João Batista, s/nº, Centro, Niterói - RJ. CEP 24.020-141, Brasil.<br />

3<br />

(glhajdu@uerj.br).<br />

* (gitirana.hm@gmail.com).<br />

Palavras-chave: captura-marcação-recaptura, tartaruga-ver<strong>de</strong>, permanência prolongada, captura inci<strong>de</strong>ntal.<br />

Introdução<br />

No Brasil, cinco das sete espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas são encontradas, todas ameaçadas <strong>de</strong> extinção:<br />

Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda); Chelonia mydas (Tartaruga-ver<strong>de</strong>); Dermochelys coriacea (Tartaruga-<strong>de</strong>couro);<br />

Eretmochelys imbricata (Tartaruga-<strong>de</strong>-pente) e Lepidochelys olivacea (Tartaruga-oliva) (Marcovaldi e<br />

Marcovaldi 1985; MMA 2003).<br />

O litoral do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro é consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> extrema importância para a <strong>conservação</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas, seja por abrigar ao norte as áreas limítrofes (latitudinais) <strong>de</strong> reprodução ou diversas áreas<br />

<strong>de</strong> alimentação espalhadas por toda sua extensão litorânea. Mesmo assim, ainda é consi<strong>de</strong>rado uma lacuna <strong>de</strong><br />

conhecimentos e <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>talhados a respeito das <strong>tartarugas</strong> marinhas (Marcovaldi et al. 1998; Marcovaldi<br />

e Marcovaldi 1999; Gitirana et al. 2005, 2009; Gallo et al. 2006; Reis et al. 2010).<br />

A região costeira <strong>de</strong> Itaipu é consi<strong>de</strong>rada uma estação <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas, especialmente da espécie Chelonia mydas (Guimarães et al. 2009). Além disso, apresenta uma<br />

comunida<strong>de</strong> tradicional <strong>de</strong> pescadores artesanais em intensa ativida<strong>de</strong> que praticam, principalmente, pescarias<br />

com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera, arrasto <strong>de</strong> praia e pesca <strong>de</strong> linha (Kant e Lima 1997).<br />

O presente estudo teve como objetivo monitorar a ocorrência <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na região costeira<br />

<strong>de</strong> Itaipu, visando caracterizar os indivíduos capturados e investigar a residência <strong>de</strong>stes animais. Todo este<br />

trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido a partir <strong>de</strong> em um programa <strong>de</strong> captura-marcação-recaptura (Projeto PROMONTAR)<br />

em cooperação técnica com o Projeto TAMAR-ICMBio e licenciado pelo SISBIO-ICMBio.<br />

Metodologia<br />

A região costeira <strong>de</strong> Itaipu está localizada na região oceânica do município <strong>de</strong> Niterói e na porção<br />

central do litoral do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (22º53’14”S, 43º22’48”W). Trata-se <strong>de</strong> um ambiente marinho<br />

com características bastante peculiares <strong>de</strong> uma enseada: águas calmas e rasas, que recebe constantemente<br />

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o <strong>de</strong>ságue <strong>de</strong> águas continentais. É dividida em duas faixas <strong>de</strong> areia <strong>de</strong> praia, as Praias <strong>de</strong> Camboinhas e <strong>de</strong><br />

Itaipu, pelo canal <strong>de</strong> acesso à Lagoa <strong>de</strong> Itaipu. Além disso, um conjunto <strong>de</strong> três ilhas também protege a região.<br />

Assim, Itaipu agrega diferentes habitats, abrigando uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> animais que são<br />

exploradas por uma comunida<strong>de</strong> tradicional <strong>de</strong> pescadores.<br />

A coleta <strong>de</strong> dados das <strong>tartarugas</strong> marinhas foi realizada em visitas semanais às praias <strong>de</strong> Itaipu e<br />

Camboinhas para o flagrante dos <strong>de</strong>sembarques <strong>de</strong> pesca, mergulhos para captura e registros <strong>de</strong> encalhes.<br />

Todos os indivíduos capturados foram retirados do mar, levados à faixa <strong>de</strong> areia da praia e submetidos<br />

às análises físicas (presença <strong>de</strong> lesões ou ferimentos, fibropapilomas aparentes e anomalias), biometrias e<br />

marcação, para <strong>de</strong>pois serem prontamente <strong>de</strong>volvidos ao mar. A metodologia e materiais utilizados no registro<br />

dos dados e a manipulação dos indivíduos seguiram em consonância às diretrizes do Programa Nacional <strong>de</strong><br />

Manejo e Conservação das Tartarugas Marinhas em Áreas <strong>de</strong> Alimentação que vem sendo <strong>de</strong>senvolvido pelo<br />

Projeto TAMAR-ICMBio nos últimos anos.<br />

Resultados e Discussão<br />

De Julho <strong>de</strong> 2008 a Junho <strong>de</strong> 2010 foram realizadas 74 visitas a campo, on<strong>de</strong> foram registradas 129<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas da espécie Chelonia mydas, sendo que somente 68 indivíduos (53%) receberam marcas<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação. Adicionalmente, foi utilizado um sistema <strong>de</strong> fotoi<strong>de</strong>ntificação, através da disposição das placas<br />

córneas da região da cabeça (Schofield et al. 2008), em conjunto ao banco <strong>de</strong> dados próprio para i<strong>de</strong>ntificar as<br />

<strong>de</strong>mais <strong>tartarugas</strong>.<br />

A pescaria <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> praia foi responsável por 92,5% das <strong>tartarugas</strong> capturadas. Os indivíduos<br />

capturados apresentaram o Comprimento Curvilíneo <strong>de</strong> Carapaça (CCC) variando entre 28,0 e 75,0 cm (média +<br />

<strong>de</strong>svio padrão = 44,6 + 12,8 cm), a Largura Curvilínea <strong>de</strong> Carapaça (LCC) entre 25,5 e 65,0 cm (40,1 + 11,1 cm),<br />

e o peso entre 2,3 e 47,0 kg (9,0 + 6,9 kg).<br />

Das 129 <strong>tartarugas</strong> marinhas registradas, vinte e oito (21,7%) foram recapturadas. Destas recapturadas,<br />

apenas nove (32%) foram recapturadas mais <strong>de</strong> uma vez. O maior intervalo <strong>de</strong> tempo registrado entre a captura<br />

e a última recaptura foi <strong>de</strong> 354 dias (23/05/2009 e 12/05/2010).<br />

Estes eventos <strong>de</strong> recaptura registrados subsidiam a hipótese <strong>de</strong> residência (permanência prolongada) <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas da espécie Chelonia mydas na região. Entretanto, é possível que as pescarias com re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> emalhe, frequentemente praticadas na região e que apresentam alta mortalida<strong>de</strong>, estejam contribuindo para<br />

reduzir as recapturas <strong>de</strong>stes animais.<br />

Para melhores conclusões, é necessário um maior tempo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

um programa <strong>de</strong> captura-marcação-recaptura permanente aliados à ampliação do monitoramento às pescarias<br />

com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe.<br />

Assim sendo, a continuida<strong>de</strong> dos estudos na região costeira <strong>de</strong> Itaipu e a reestruturação do programa <strong>de</strong><br />

captura-marcação-recaptura nos próximos anos tornam-se imprescindíveis para manutenção das investigações<br />

sobre perfil dos indivíduos, taxas <strong>de</strong> crescimento, residência e hábitos migratórios das <strong>tartarugas</strong>.<br />

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Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos pescadores artesanais <strong>de</strong> Itaipu e à equipe do Projeto PROMONTAR pelo apoio<br />

voluntário, ao Projeto TAMAR-ICMBio pela cooperação técnica e ao ICMBio pela licença <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Gitirana, H.M., R.A. Tubino, e C. Monteiro-Neto. 2005. Projeto PROMONTAR: programa <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas na enseada <strong>de</strong> Itaipu, Niterói, RJ. In Anais do 2º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia e 17º<br />

Semana Nacional <strong>de</strong> Oceanografia, Vitória, ES.<br />

Gitirana, H.M., S.M. Guimarães, e A.W. Vidal. 2009. Ban<strong>de</strong>ira branca para as <strong>tartarugas</strong> marinhas capturadas<br />

inci<strong>de</strong>ntalmente pela pesca artesanal <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong> praia na região costeira <strong>de</strong> Itaipu, Niterói - RJ. In Anais do 2º<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Biologia Marinha, Armação <strong>de</strong> Búzios, RJ.<br />

Guimarães, S.M., H.M. Gitirana, e A.W. Vidal. 2009. Região costeira <strong>de</strong> Itaipu, Niterói: uma estação <strong>de</strong> alimentação<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas da espécie Chelonia mydas (tartaruga ver<strong>de</strong>) no litoral Estado do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. In Anais do 2º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Biologia Marinha, Armação <strong>de</strong> Búzios, RJ.<br />

Kant-<strong>de</strong>-Lima, R., e L.F. Pereira. 1997. Pescadores <strong>de</strong> Itaipu: meio ambiente, conflito e ritual no litoral do Estado<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Editora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, Niterói-RJ.<br />

Marcovaldi, M.Â.A.G., e G.M.F.G. Marcovaldi. 1985. Projeto TAMAR. Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Florestal.<br />

Marcovaldi, M.Â., C. Baptistotte, J.C. Castilhos, B.M.G. Gallo, E.H.S.M. Lima, T.M. Sanches, e C.F. Vieitas. 1998.<br />

Activities by Project TAMAR in Brazilian sea turtle feeding grounds. Marine Turtle Newsletter 80:5-7.<br />

Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMAR-<br />

IBAMA. Biological Conservation 91:35-41.<br />

Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2003. Lista <strong>de</strong> espécies da fauna brasileira ameaçadas <strong>de</strong> extinção. Ministério<br />

do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/fauna/extincao.htm. Acessada em 27/09/2003.<br />

Schofield, G., K.A. Katselidis, P. Dimopoulos, e J.D. Pantis. 2008. Investigating the viability of photo-i<strong>de</strong>ntification<br />

as an objective tool to study endangered sea turtle populations. Journal of Experimental Marine Biology and<br />

Ecology 360:103-108.<br />

Reis, E.C., C.S. Pereira, D.P. Rodrigues, H.K.C. Secco, L.M. Lima, B. Rennó, e S. Siciliano. 2010. Condição<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas do litoral centronortedo Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil: avaliação sobre<br />

a presença e presença <strong>de</strong> agentes bacterianos, fibropapilomatose e interação com resíduos antropogênicos.<br />

Oecologia Australis 14:756-765.<br />

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147


V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

TELEMETRIA POR SATÉLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEÇUDA Caretta caretta NO<br />

LITORAL SUL DO BRASIL<br />

Daphne W. Goldberg 1,2 , Juçara Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong> 1 , Mariana <strong>de</strong> K. Britto 3 , Danielle S. Monteiro 4 , Camila T.<br />

Cegoni 1 , Fernando N. Fiedler 5 , Yonat Swimmer 6 , e Gustavo D. Stahelin 1<br />

1<br />

Fundação Pró-Tamar, CP5098 Florianópolis SC, 88040-970. (daphne@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

2<br />

Departamento <strong>de</strong> Bioquímica, Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Av. 28 <strong>de</strong> setembro 87, 4º Andar, Vila<br />

Isabel, Rio <strong>de</strong> janeiro RJ, 20551-030.<br />

3<br />

Fundação Pró-Tamar, Rua Antonio Athanasio da Silva 273, Itaguá, Ubatuba SP 11680-000.<br />

4<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental–NEMA, Rua Maria Araújo 450, Cassino, Rio Gran<strong>de</strong> RS,<br />

96207-480.<br />

5<br />

Fundação Pró-Tamar, Av. Ministro Victor Kon<strong>de</strong>r 374 Centro, Itajaí SC, 88301-700.<br />

6<br />

US NOAA Fisheries, Pacific Islands Fisheries Science Center, 2570 Dole Street, Honolulu, Hawaii 96822, USA.<br />

Palavras chave: Caretta caretta, telemetria, alimentação, migração, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Introdução<br />

Tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta) encontram-se amplamente distribuídas em áreas temperadas,<br />

tropicais e subtropicais <strong>de</strong> ambos os hemisférios. Habitam estuários e plataformas continentais distribuídas ao<br />

longo da costa dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (Ehrhart et al. 1991).<br />

Na costa brasileira, as áreas <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong> C. caretta se esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o litoral norte do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, até Sergipe (Marcovaldi e Chaloupka 2007). Informações sobre áreas <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>sta espécie no<br />

Brasil, no entanto, ainda são escassas. Marcovaldi et al. (2010) através <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> telemetria , sugerem o litoral<br />

do Ceará como área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>scanso para fêmeas adultas que <strong>de</strong>sovam na Bahia. O litoral do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul também é indicado como área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> indivíduos juvenis e adultos <strong>de</strong> C. caretta, com<br />

base no gran<strong>de</strong> número anual <strong>de</strong> encalhes nos meses <strong>de</strong> primavera e verão (Monteiro et al. 2006) e nos dados<br />

sobre a dieta <strong>de</strong>stes animais (Barros 2010).<br />

A maioria dos estudos envolvendo telemetria <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas utiliza fêmeas ou indivíduos<br />

juvenis, pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a estes animais. Há poucos dados na literatura sobre rotas migratórias e áreas<br />

preferenciais <strong>de</strong> uso para indivíduos adultos do sexo masculino.<br />

Este trabalho visa <strong>de</strong>screver o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> um macho adulto <strong>de</strong> C. caretta no período não reprodutivo<br />

e apresentar inferências sobre uma provável área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>sta espécie no sul do Brasil.<br />

Metodologia<br />

No dia 01/11/2010 um macho <strong>de</strong> tartaruga-cabeçuda com 98 kg, 98 cm <strong>de</strong> CCC e 82 cm <strong>de</strong> LCC, foi<br />

encontrado encalhado no município <strong>de</strong> Araquari/SC (26,45ºS; 48,60ºW). O animal expelia pela cloaca uma linha<br />

<strong>de</strong> nylon monofilamento 0,60, semelhante à utilizada por pescarias <strong>de</strong> espinhel. Radiografias confirmaram a<br />

presença <strong>de</strong> um anzol na região distal do esôfago cervical, que foi removido cirurgicamente e classificado como<br />

J 5/0, sem offset.<br />

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148


V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

O macho foi marcado e um transmissor via satélite mo<strong>de</strong>lo SPOT5 (Wildlife Computers) foi fixado sobre<br />

a sua carapaça com resina e polímero reforçado com fibra <strong>de</strong> vidro.<br />

As transmissões foram processadas pelo sistema ARGOS para as informações <strong>de</strong> localização geográfica.<br />

As posições com maior acurácia (location classes [LC] 3, 2, 1, 0, A e B) foram usadas para reconstruir as rotas.<br />

As posições com LC Z e as <strong>de</strong>mais que caíram em terra ou em áreas oceânicas muito afastadas foram excluídas<br />

manualmente das análises. Com o intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as áreas com maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso pelo animal,<br />

foi realizada a análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kernel (Lucambio 2006). Os pontos <strong>de</strong> localização foram plotados no<br />

software ArcGIS 9.3 e através da ferramenta Hawths Analysis Tools foram <strong>de</strong>terminadas as áreas com 25% e<br />

50% <strong>de</strong> uso (Figs. 1A e 1B).<br />

Resultados e Discussão<br />

No dia 18/12/2010 a tartaruga foi liberada na Praia da Barra da Lagoa/SC (27,571ºS; 48,427ºW). Ela<br />

migrou em direção ao extremo sul do país, percorrendo 1279 km em 17 dias (velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 3,13 km/h).<br />

O <strong>de</strong>slocamento se <strong>de</strong>u ao longo da plataforma continental, em profundida<strong>de</strong>s que variaram entre 3 e 50 m (Fig.<br />

1A).<br />

A cerca <strong>de</strong> 80 km ao sul <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> (32,618 o S; 52,013 o W), o indivíduo passou a utilizar uma área<br />

mais restrita, com aproximadamente 9917 km 2 , on<strong>de</strong> permaneceu por 123 dias. Durante este período, reduziu<br />

sua velocida<strong>de</strong> média para 1,6 km/h, realizando pequenos <strong>de</strong>slocamentos a menos <strong>de</strong> 25 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Estas características sugerem que a tartaruga se encontrava em ativida<strong>de</strong> alimentar. A área utilizada possui fundo<br />

predominantemente arenoso e com a ocorrência <strong>de</strong> pelo menos 94 espécies <strong>de</strong> macroinvertebrados bentônicos,<br />

incluindo o ermitão Loxopagurus loxochelis (Capítoli e Bemvenuti 2004), que aparenta ser o principal item da<br />

dieta <strong>de</strong> C. caretta no sul do RS, com ocorrência em 53,3% dos 45 indivíduos amostrados entre 2007 e 2009,<br />

sendo também a presa com maior volume relativo e contribuição numérica (Barros 2010).<br />

De acordo com Hopkins-Murphy et al. (2003), áreas <strong>de</strong> alimentação para C. caretta imaturas e adultas<br />

na fase nerítica localizam-se essencialmente sobre a plataforma continental. Shoop e Kenney (1992) observaram<br />

que <strong>tartarugas</strong>-cabeçudas ten<strong>de</strong>m a permanecer em profundida<strong>de</strong>s inferiores a 200 m, sendo geralmente<br />

observadas a menos <strong>de</strong> 60 m. Esta espécie apresenta uma dieta carnívora durante toda a sua vida (Bjorndal<br />

1997). Nos estágios iniciais e na fase juvenil são epipelágicas e habitam zonas oceânicas, se alimentando na<br />

maior parte do tempo nos cinco primeiros metros da coluna d’água, já em estágios <strong>de</strong> juvenil avançado e adulto<br />

se tornam neríticas e se alimentam principalmente no fundo (Bolten 2003).<br />

No RS, a dieta <strong>de</strong> C. caretta na fase nerítica, com CCC médio <strong>de</strong> 71,3 cm (n = 45) foi composta principalmente<br />

por crustáceos e moluscos bentônicos (Barros 2010), os quais estão distribuídos em profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 11 a 75<br />

m (Capítoli e Bemvenuti 2004). A plataforma continental nesta região apresenta alta produtivida<strong>de</strong> primária,<br />

<strong>de</strong>vido principalmente a proximida<strong>de</strong> da Convergência Subtropical, formada pela corrente do Brasil e pelo ramo<br />

costeiro da corrente das Malvinas. A alta produtivida<strong>de</strong> faz da região um local <strong>de</strong> reprodução, <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

alimentação <strong>de</strong> inúmeras espécies (O<strong>de</strong>brecht e Garcia 1998).<br />

Com base nas informações sobre a região e nos dados obtidos através do transmissor via satélite,<br />

po<strong>de</strong>mos sugerir que <strong>tartarugas</strong>-cabeçudas adultas utilizam o litoral do RS para se alimentar. A área já havia sido<br />

<strong>de</strong>scrita como importante sítio <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> juvenis/subadultos (Marcovaldi e Chaloupka 2007) e <strong>de</strong> adultos<br />

<strong>de</strong> C. caretta (Monteiro et al. 2006).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

1A<br />

1B<br />

Figura 1A. Rota migratória do macho <strong>de</strong> Caretta caretta no sul do Brasil. Figura 1B. Análise <strong>de</strong> Kernel<br />

indicando as áreas com maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso pelo macho <strong>de</strong> C. caretta.<br />

Após permanecer cerca <strong>de</strong> 4 meses no extremo sul do Brasil, no dia 09/05/2011 o macho começou a<br />

se <strong>de</strong>slocar em direção norte, percorrendo 651 km até o dia 30/07/2011. É possível que ele tenha iniciado a<br />

migração para uma área reprodutiva no litoral do su<strong>de</strong>ste ou nor<strong>de</strong>ste do Brasil. Outro fato que corrobora a idéia<br />

<strong>de</strong> migração reprodutiva é o período em que o indivíduo iniciou o <strong>de</strong>slocamento, uma vez que as temporadas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sova no Brasil concentram-se entre setembro e fevereiro (Marcovaldi e Chaloupka 2007).<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer ao NOAA (National Oceanic Atmospheric Administration) por ce<strong>de</strong>r o<br />

transmissor. O Projeto Tamar, programa <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, filiado<br />

ao Instituto Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> (ICMBio/MMA), é co-administrado pela Fundação<br />

Pró-Tamar e oficialmente patrocinado pela Petrobrás.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Referências Bibliográficas<br />

Barros, J.A. 2010. Alimentação da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) em habitat oceânico e nerítico no sul do<br />

Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, FURG,<br />

Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. Páginas 199-231 in Lutz, P.L. e J.A. Musick<br />

(Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, Flórida.<br />

Bolten, A.B. 2003. Active swimmers – passive drifters. Páginas 63-78 in Bolten, A.B., e B.E. Witherington (Eds.).<br />

Loggerhead sea turtles. Smithsonian Institution.<br />

Capítoli, R.R., e C. Bemvenuti. 2004. Distribuição batimétrica e variações <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> dos macroinvertebrados<br />

bentônicos da plataforma continental e talu<strong>de</strong> superior no extremo sul do Brasil. Atlântica 26:27-43.<br />

Ehrhart, L.M., K.A. Bjorndal, T.A. Henwood, B.A. Schroe<strong>de</strong>r, S.R. Murphy, e E.E. Possardt. 1991. Recovery Plan<br />

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Hopkins-Murphy, S.R., D.W. Owens, e T.M. Murphy 2003. Ecology of immature loggerheads on foraging grounds<br />

and adults in internesting habitat in the eastern US. Páginas 79-92 in Bolten A.B. e B.E. Witherington (Eds.).<br />

Loggerhead sea turtles. Smithsonian Institution, Washington.<br />

Lucambio, F. 2006. Estimador Kernel da função <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> Estatística, UFPR.<br />

Marcovaldi, M.A., e M. Chaloupka. 2007. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging<br />

outlook. Endangered Species Research 3:133-143.<br />

Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, E.H.S.M. Lima, J.C.A. Thomé, e A.P. Almeida. 2010. Satellite-tracking<br />

of female loggerhead turtles highlights fi<strong>de</strong>lity behavior in Northeastern Brazil. Endangered Species Research<br />

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Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast<br />

of Rio Gran<strong>de</strong> do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 66 th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and<br />

Conservation. International Sea Turtle Society, Athens, Greece.<br />

O<strong>de</strong>brecht, C., e V.M.T. Garcia. 1998. Fitoplâncton. Páginas 117-121 in Seeliger, U., C. O<strong>de</strong>brecht, e J.P. Castello<br />

(Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Shoop, C.R., e R.D. Kenney. 1992. Seasonal distribution and abundance of loggerhead and leatherback sea<br />

turtles in waters of the northeastern United States. Herpetological Monographs 6:43-67.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

MONITORAMENTO DAS VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DA<br />

TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, PR, BRASIL<br />

Mirella <strong>de</strong> Oliveira Leis 1,* , Camila Domit 2 , Liana Rosa 2 , e Marcelo Renato Lamour 1<br />

1<br />

Laboratório <strong>de</strong> Oceanografia Geológica, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<br />

2 Laboratório <strong>de</strong> Ecologia e Conservação – Tartarugas e Mamíferos Marinhos, Centro <strong>de</strong> Estudos do Mar,<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<br />

* (mirellaleis@ufpr.br).<br />

Palavras-chave: Halodule wrightii, área <strong>de</strong> cobertura, crescimento, impactos.<br />

Introdução<br />

As cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-marinhas que ocorrem na costa brasileira encontram-se ameaçadas <strong>de</strong><br />

extinção (IUCN 2011) e durante um longo período esforços para sua <strong>conservação</strong> foram focados em seu período<br />

reprodutivo, com monitoramento em praias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova (Bjorndal 1999). No entanto, sendo a <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong><br />

habitat um dos principais impactos que contribuem para a categoria <strong>de</strong> ameaça atual das <strong>tartarugas</strong>-marinhas, é<br />

importante, para garantir a efetivida<strong>de</strong> das medidas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, também consi<strong>de</strong>rar as áreas utilizadas para<br />

alimentação, forrageio e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> juvenis, que correspon<strong>de</strong>m às utilizadas durante a maior parte <strong>de</strong><br />

seu ciclo <strong>de</strong> vida (Bjorndal 1999).<br />

As pradarias <strong>de</strong> fanerógamas marinhas da espécie Halodule wrightii constituem áreas <strong>de</strong> alimentação e<br />

forrageio para a tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas), principalmente para indivíduos juvenis, e no litoral paranaense,<br />

são uma importante área <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para esta espécie (Sordo 2008; Rosa 2009; Guebert-Bartholo et<br />

al. 2011).<br />

Alterações na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sedimentos no ecossistema po<strong>de</strong>m impactar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

fanerógamas marinhas. Em <strong>de</strong>corrência do aumento da turbi<strong>de</strong>z da água a incidência <strong>de</strong> luz é menor e este é<br />

um fator limitante para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stas gramíneas (Short et al. 2007). Estas alterações po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> dragagem portuária (Erftemeijer e Lewis-III 2006), ou mesmo pela sazonalida<strong>de</strong> da<br />

pluviosida<strong>de</strong> (Van Keulen e Borowitzka 2003). Eventos naturais <strong>de</strong> pequena escala permitem a recuperação e a<br />

adaptação das pradarias <strong>de</strong> fanerógamas marinhas, enquanto que impactos <strong>de</strong> larga escala po<strong>de</strong>m resultar em<br />

transformação permanente (Cabaço et al. 2008).<br />

A compreensão da dinâmica espaço-temporal das pradarias <strong>de</strong> gramas-marinhas e quanto às pressões<br />

antrópicas a que estão submetidas fornece subsídios para o processo <strong>de</strong> gestão costeira e o estabelecimento <strong>de</strong><br />

áreas prioritárias à <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas e <strong>de</strong> seu habitat.<br />

Neste contexto, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi realizar um monitoramento quanto às variações espaçotemporais<br />

na cobertura e crescimento <strong>de</strong> Halodule wrightii em áreas rasas do Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá<br />

(CEP). Além disso, estabelecer relações com possíveis impactos <strong>de</strong> origem antrópica e/ou natural e <strong>de</strong>sta forma,<br />

documentar possíveis mudanças nas áreas <strong>de</strong> alimentação utilizadas pela tartaruga-ver<strong>de</strong>.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Metodologia<br />

A área <strong>de</strong> estudo compreen<strong>de</strong> duas áreas rasas do CEP (25º30’S/ 48º25’W), <strong>de</strong>nominadas Saco do<br />

Limoeiro e Baixio do Perigo (Fig. 1). O Saco do Limoeiro localiza-se próximo à <strong>de</strong>sembocadura estuarina, na face<br />

SW da Ilha do Mel, que abriga Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, que correspon<strong>de</strong>m a 95% da área total. O Baixio do<br />

Perigo esten<strong>de</strong>-se pelo interior do CEP, próximo ao Porto <strong>de</strong> Paranaguá, on<strong>de</strong> são realizadas obras <strong>de</strong> dragagem<br />

no canal <strong>de</strong> acesso (Lamour e Soares 2007).<br />

As pradarias <strong>de</strong> fanerógamas marinhas da espécie Halodule wrightii recobrem 10,2 km² do CEP, em<br />

profundida<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> 1-5 m (Guebert-Bartholo et al. 2011) e apresentam picos <strong>de</strong> cobertura durante os<br />

meses mais quentes (Sordo 2008). Segundo Lana et al. (2001), a estação chuvosa ocorre entre os meses <strong>de</strong><br />

Novembro e Abril e a estação seca, entre Maio e Outubro. A transparência da água apresenta maiores valores<br />

durante o período seco (Machado et al. 1997), com maiores concentrações <strong>de</strong> material particulado em suspensão<br />

durante o verão, <strong>de</strong>vido a alta pluviosida<strong>de</strong> (Machado 2007).<br />

As campanhas amostrais foram realizadas durante os estofos <strong>de</strong> baixamar das marés <strong>de</strong> sizígia, nas<br />

estações seca (Setembro/2010) e chuvosa (Fevereiro/2011), que correspon<strong>de</strong>m aos períodos em que espera-se<br />

encontrar picos <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong> fanerógamas marinhas no CEP (Guebert-Bartholo et al. 2011). As observações<br />

foram efetuadas em 30 pontos/campanha amostral, escolhidos aleatoriamente a partir <strong>de</strong> malhas amostrais <strong>de</strong><br />

referência (~1900 pontos). Foram mensuradas as dimensões dos agregados e a altura dos filamentos, para os<br />

cálculos <strong>de</strong> área <strong>de</strong> cobertura e a altura média, em quadrantes <strong>de</strong> 100 m². Os resultados foram integrados em<br />

ambiente <strong>de</strong> geoprocessamento (ArcGIS 9.3), o que permitiu a geração <strong>de</strong> mapas temáticos, posteriormente<br />

submetidos a análise espacial <strong>de</strong> dados.<br />

Figura 1. Mapa <strong>de</strong> localização do Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá, com <strong>de</strong>talhamento das áreas rasas Baixio<br />

do Perigo e Saco do Limoeiro, e suas respectivas malhas amostrais <strong>de</strong> referência.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Resultados e Discussão<br />

Foram encontradas variações espaço-temporais na área <strong>de</strong> cobertura e no crescimento das fanerógamas<br />

marinhas. Foi observado que estes parâmetros se mantiveram constantes quando comparados o período seco<br />

e chuvoso no Saco do Limoeiro, com valores da razão área <strong>de</strong> cobertura total/número <strong>de</strong> pontos amostrados<br />

variando apenas <strong>de</strong> 14,4 a 17,7 m² e altura média que se manteve em ~5,5 cm. No Baixio do Perigo, houve a<br />

redução dos mesmos parâmetros, com a razão variando <strong>de</strong> 56,7 a 1,0 m² e altura média <strong>de</strong> 7,4 a 3,5 cm, para os<br />

períodos seco e chuvoso, respectivamente. Foi constatado em campo que, quando presentes, as fanerógamas<br />

marinhas encontravam-se soterradas durante o período chuvoso no Baixio do Perigo.<br />

Esta constatação sugere a ocorrência <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> acreção sedimentar localizado, que<br />

provavelmente foi o responsável pela redução na cobertura e <strong>de</strong>senvolvimento das fanerógamas marinhas.<br />

Neste contexto e consi<strong>de</strong>rando as ativida<strong>de</strong>s antrópicas realizadas na região no período, sugere-se que ocorreu<br />

um impacto sobre as pradarias em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> dragagem nos berços <strong>de</strong> atracação das áreas<br />

portuárias adjacentes, realizadas em Fevereiro/2011.<br />

A isto se po<strong>de</strong>m somar as causas naturais, como o aumento sazonal <strong>de</strong> material particulado em<br />

suspensão e redução na transparência da água, correspon<strong>de</strong>nte ao período chuvoso, quando há maior aporte <strong>de</strong><br />

partículas sedimentares para o interior do estuário (Machado et al. 1997; Machado 2007). Nas regiões internas<br />

do CEP, como o Baixio do Perigo, há intenso aporte sedimentar das bacias <strong>de</strong> drenagem fluvial durante os<br />

períodos chuvosos, se comparados aos verificados no Saco do Limoeiro, o qual é submetido à ação da dinâmica<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sembocadura, com valores <strong>de</strong> transparência e material particulado em suspensão tipicamente menores<br />

(Cazati 2010).<br />

As pradarias sofreram alterações espaços-temporais e foi possível <strong>de</strong>tectar que o efeito <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

antrópicas amplia o efeito <strong>de</strong> alterações naturais. A influência a longo prazo po<strong>de</strong> causar a redução ou mesmo<br />

extinção das pradarias, o que causaria impactos a toda ca<strong>de</strong>ia trófica, especialmente às <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ste recurso alimentar.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

À Fundação Araucária pelo suporte financeiro ao projeto n°. 2009/023532.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bjorndal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. Páginas 134-136 in Eckert, K.L., K. Bjorndal, F.A.<br />

Abreu-Grobois, e M. Donnely. (Eds.) Research and management techniques for the conservation of sea turtles.<br />

IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication, No. 4.<br />

Cabaço, S., R. Santos, e C.M. Duarte. 2008. The impact of sediment burial and erosion on seagrasses: A review.<br />

Estuarine, Coastal and Shelf Science 79:354-366.<br />

Cazati, C.A. 2010. Fracionamento do fósforo em sedimentos superficiais do Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, UFPR, Pontal do Paraná.<br />

Erftemeijer, P.L.A., e R.R.R. Lewis-III. 2006. Environmental impacts of dredging on seagrasses: A review. Marine<br />

Pollution Bulletin 52:1553-1572.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess<br />

foraging patterns of juvenile Green turtles Chelonia mydas in the Paranagua Estuary, Brazil. Endangered Species<br />

Research 13:131-143.<br />

IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2010.4. . Acessado em 26 <strong>de</strong><br />

Abril 2011.<br />

Lamour, M.R., e C.R. Soares. 2007. Histórico das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dragagem e taxas <strong>de</strong> assoreamento nos canais<br />

<strong>de</strong> navegação aos portos costeiros paranaenses. Páginas 232-234 in Boldrini, E.B., C.R. Soares, e E.V. Paula<br />

(Orgs.). Dragagens Portuárias no Brasil: Licenciamento e Monitoramento Ambiental. Antonina: Governo do<br />

Estado do Paraná; SEMA/PR; ADEMADAN; UNIBEM.<br />

Lana, P.C., E. Marone, R.M. Lopes, e E. Machado. 2001. The subtropical estuarine complex of Paranaguá Bay,<br />

Brazil. Ecological Studies 44. Seeliger, U. e B. Kjerfve (Eds.). Coastal marine ecosystems of Latin America.<br />

Machado, E.C., C.B. Daniel, N. Brandini, e R.L.V. Queiroz. 1997. Temporal and spatial dynamics of nutrients and<br />

particulate suspen<strong>de</strong>d matter in Paranaguá Bay, PR, Brazil. Nerítica 11:17-36.<br />

Machado, C.G. 2007. Caracterização química do material particulado em suspensão e sedimentos superficiais<br />

na zona <strong>de</strong> máxima turbi<strong>de</strong>z no eixo Leste – Oeste do Complexo Estuarino <strong>de</strong> Paranaguá (CEP), PR, Brasil.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. UFPR, Curitiba.<br />

Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga- ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) no litoral do<br />

Estado do Paraná. Dissertação <strong>de</strong> mestrado, UFPR, Pontal do Paraná.<br />

Short, F., T. Carruthers, W. Dennison, e M. Waycott. 2007. Global seagrass distribution and diversity: A bioregional<br />

mo<strong>de</strong>l. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 350:3-20.<br />

Van Keulen, M., e M.A. Borowitza. 2003. Seasonal variability in sediment distribution along an exposure gradient<br />

in a seagrass meadow in Shoalwater Bay, Western Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 57:587-592.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

AGREGACIÓN DE TORTUGAS LAÚD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40°S<br />

Guillermo Svendsen 1 , Victoria González-Carman 2,3 , Ignacio Bruno 3 , Karina Alvarez 4 , Sergio Rodriguez<br />

Heredia 4 , Laura Prosdocimi 5 , Gabriela Williams 6 , Diego Albareda 3,7 , Silvana Dans 6,8 , Enrique Crespo 6,8 ,<br />

Domingo Antonio Gagliardini 6,9 , y Mónica Torres 8<br />

1<br />

Instituto Multidisciplinario <strong>de</strong> Investigación y Desarrollo <strong>de</strong> la Patagonia Norte Subse<strong>de</strong> San Antonio (CONICET-<br />

Universidad Nacional <strong>de</strong>l Comahue), Güemes 1030, San Antonio Oeste (8520), Río Negro, Argentina (guillesen@<br />

yahoo.es).<br />

2<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Investigación y Desarrollo Pesquero (INIDEP)- CONICET, Buenos Aires, Argentina.<br />

3<br />

Aquamarina - Programa Regional <strong>de</strong> Investigación y Conservación <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong> Argentina.<br />

4<br />

Fundación Mundo Marino, Buenos Aires, Argentina.<br />

5<br />

Laboratorio <strong>de</strong> Genética <strong>de</strong> Poblaciones, Facultad <strong>de</strong> Ciencias Exactas y Naturales, Universidad <strong>de</strong> Buenos<br />

Aires, Argentina.<br />

6<br />

Centro Nacional Patagónico (CONICET), Puerto Madryn, Chubut, Argentina.<br />

7<br />

Acuario <strong>de</strong>l Jardín Zoológico <strong>de</strong> la Ciudad <strong>de</strong> Buenos Aires, Argentina.<br />

8<br />

Universidad Nacional <strong>de</strong> la Patagonia San Juan Bosco, Puerto Madryn, Chubut, Argentina.<br />

9<br />

Instituto <strong>de</strong> Astronomía y Física <strong>de</strong>l Espacio, CONICET, Argentina.<br />

Introdução<br />

La tortuga laúd (Dermochelys coriacea) es la especie <strong>de</strong> tortuga marina más ampliamente distribuida en<br />

todo el mundo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> zonas tropicales, hasta zonas templado-frías y se encuentra catalogada como en peligro<br />

crítico <strong>de</strong> extinción por la Unión Internacional para la Conservación <strong>de</strong> la Naturaleza (IUCN 2011). El consumo<br />

<strong>de</strong>smedido <strong>de</strong> sus huevos y la captura inci<strong>de</strong>ntal en pesquerías son las principales causas <strong>de</strong> la disminución <strong>de</strong><br />

sus tamaños poblacionales.<br />

La plataforma continental argentina es un área <strong>de</strong> alimentación para adultos y subadultos <strong>de</strong> tortuga laúd<br />

principalmente durante el verano y otoño (López-Mendilaharsu et al. 2009; González-Carman et al. 2011). La<br />

mayoría <strong>de</strong> los registros <strong>de</strong> esta especie para el Mar Argentino se concentran entre los paralelos 35.5°S y 37.5°S,<br />

en la Bahía Samborombón y el cabo San Antonio (López-Mendilaharsu et al. 2009; González Carman et al.<br />

2011). Existen también registros costeros más australes, en el sector noroeste <strong>de</strong> El Rincón, entre los paralelos<br />

38.5°S y 39.5°S, que correspon<strong>de</strong>n a unas pocas capturas inci<strong>de</strong>ntales y varamientos <strong>de</strong> animales muertos<br />

(González Carman et al. 2011). Hasta la fecha, se conoce muy poco acerca <strong>de</strong> las zonas <strong>de</strong> alimentación <strong>de</strong> las<br />

tortugas laúd en esta área.<br />

El objetivo <strong>de</strong>l presente trabajo es reportar la primera observación <strong>de</strong> una agregación <strong>de</strong> tortugas laúd<br />

en el Mar Argentino en el área <strong>de</strong> El Rincón (al sur <strong>de</strong>l paralelo 40°S), y <strong>de</strong>scribir distintos aspectos biológicos y<br />

ambientales <strong>de</strong>l sector don<strong>de</strong> se la observó.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Metodología<br />

Los datos <strong>de</strong> la presencia <strong>de</strong> tortugas laúd en El Rincón provienen <strong>de</strong> registros obtenidos <strong>de</strong> una<br />

campaña <strong>de</strong> investigación y <strong>de</strong> datos <strong>de</strong> telemetría satelital. Entre el 21 y 26 <strong>de</strong> marzo <strong>de</strong> 2011, se realizó<br />

una campaña oceanográfica y biológica a bordo <strong>de</strong>l Buque Oceanográfico “Pto. Deseado”, perteneciente al<br />

Consejo Nacional <strong>de</strong> Investigaciones Científicas y Tecnológicas <strong>de</strong> Argentina (CONICET). Durante esta campaña<br />

se realizaron transectas lineales diurnas para el relevamiento <strong>de</strong> aves y mamíferos marinos. La plataforma <strong>de</strong><br />

observación fue la terraza <strong>de</strong>l puente <strong>de</strong> mando, a una altura <strong>de</strong> 11 m sobre la superficie <strong>de</strong>l agua. Se contó con<br />

dos observadores simultáneos, uno por cada banda, los cuales registraron la especie, el número <strong>de</strong> individuos y<br />

la actividad principal <strong>de</strong> los animales al momento <strong>de</strong>l avistaje. También se tomó información <strong>de</strong>, la profundidad <strong>de</strong><br />

fondo, la temperatura superficial <strong>de</strong>l mar in situ (TSM) y la posición geográfica. Durante las transectas realizadas<br />

la velocidad <strong>de</strong>l barco fue <strong>de</strong> 5 nudos.<br />

Los datos <strong>de</strong> telemetría satelital provienen <strong>de</strong> una tortuga laúd (Gioconda) capturada acci<strong>de</strong>ntalmente<br />

por una embarcación artesanal en la Bahía Samborombón el 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2010. El animal medía 1,50 m <strong>de</strong> largo<br />

<strong>de</strong> caparazón y su peso se estimó en 300 kg. Para su seguimiento se utilizó un transmisor Satellite Relay Data<br />

Loggers (Mammal Research Unit, St Andrews, UK) sujeto a la tortuga a través <strong>de</strong> un arnés. Las posiciones <strong>de</strong> la<br />

tortuga fueron obtenidas a partir <strong>de</strong>l servicio Argos. Para el presente trabajo se seleccionaron sólo las posiciones<br />

emitidas en El Rincón.<br />

Para <strong>de</strong>scribir aspectos ambientales <strong>de</strong>l área en don<strong>de</strong> se observaron las tortugas, también se utilizaron<br />

imágenes satelitales AVHRR <strong>de</strong> TSM, obtenidas <strong>de</strong> la Comisión Nacional <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s Espaciales. Las<br />

imágenes correspondieron a distintos días <strong>de</strong>l mes <strong>de</strong> marzo, <strong>de</strong> las cuales se seleccionó la imagen con menor<br />

cobertura <strong>de</strong> nubes. La imagen fue procesada con los programas ERDAS e Imagine v8.7. El producto TSM fue<br />

calculado mediante los algoritmos MCSST (Multi Channel Sea Surface Temperature). Posteriormente la imagen<br />

fue rectificada y georreferenciada a un sistema esférico lat-long WGS84 con una resolución <strong>de</strong> 1,1 km x 1,1 km<br />

en el nadir. Los pixeles correspondientes a la tierra y a las nubes fueron enmascarados.<br />

Resultados y Discusión<br />

Durante la campaña <strong>de</strong> investigación se realizaron 11 transectas, totalizando 364 km <strong>de</strong> esfuerzo <strong>de</strong><br />

observación. Durante la segunda transecta <strong>de</strong>l día 21 <strong>de</strong> marzo se observaron 5 tortugas laúd entre los paralelos<br />

40.295°S y 40.438°S y sobre el meridiano 61.589°W (Fig. 1).<br />

Todas las tortugas estaban separas entre sí, y la distancia entre dos registros consecutivos varió entre<br />

1.6 y 7.5 km. La distancia entre el primer individuo observado y el último fue <strong>de</strong> 15 km. Todas las tortugas<br />

observadas se encontraban en la superficie, con la cabeza fuera <strong>de</strong>l agua y sin trasladarse. En uno <strong>de</strong> los casos<br />

pudo observarse que la tortuga se sumergía parcialmente sacando fuera <strong>de</strong>l agua la cabeza o una <strong>de</strong> las aletas<br />

anteriores. En otro <strong>de</strong> los casos se observó la inmersión completa <strong>de</strong> la tortuga sin aparecer nuevamente en el<br />

campo visual. El área don<strong>de</strong> se avistaron las tortugas se encuentra aproximadamente a 50 km <strong>de</strong> la costa <strong>de</strong> la<br />

Provincia <strong>de</strong> Buenos Aires, con una profundidad media <strong>de</strong> 30 m y una temperatura superficial <strong>de</strong>l agua (in situ)<br />

<strong>de</strong> 20°C.<br />

Para la misma fecha, Gioconda emitió posiciones a 28 km <strong>de</strong> distancia <strong>de</strong> don<strong>de</strong> se observaron los otros<br />

cinco individuos (Fig. 1). Gioconda permaneció en la zona sur <strong>de</strong> El Rincón durante todo el mes <strong>de</strong> marzo y los<br />

primeros días <strong>de</strong> abril (Fig. 1). El área don<strong>de</strong> se observó la mayor <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> posiciones <strong>de</strong> Gioconda y don<strong>de</strong><br />

se observaron las tortugas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el buque está caracteriza por una zona <strong>de</strong> gradiente <strong>de</strong> TSM <strong>de</strong>l or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> los<br />

3°C en una distancia <strong>de</strong> 40 km (Fig. 1).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

El presente trabajo reporta la agregación <strong>de</strong> tortugas laúd más austral registrada hasta el momento.<br />

La misma contó con un mínimo <strong>de</strong> 6 individuos en un espacio marítimo <strong>de</strong> 45 km <strong>de</strong> longitud. Durante los<br />

avistajes no se observó directamente el comportamiento <strong>de</strong> alimentación <strong>de</strong> los animales. Sin embargo, sí se<br />

observaron grupos <strong>de</strong> aves alimentándose y cardúmenes <strong>de</strong> peces saltando fuera <strong>de</strong>l agua. Esto sugiere que<br />

el área relevada presentaba una alta productividad biológica, la cual se correspon<strong>de</strong> con una zona <strong>de</strong> gradiente<br />

térmico relativamente importante (Fig. 1).<br />

Figura 1. Posiciones geográficas <strong>de</strong> las tortugas observadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el buque “Pto Deseado” y <strong>de</strong> la tortuga<br />

Gioconda, monitoreada satelitalmente en el sector sur <strong>de</strong> El Rincón.<br />

En otra transecta realizada a 80 km <strong>de</strong> don<strong>de</strong> se avistaron las tortugas, se registró la presencia <strong>de</strong><br />

medusas <strong>de</strong> la especie Chrysaora lactea. Si bien no se registró sistemáticamente la <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> medusas, se<br />

observaron individuos e a lo largo <strong>de</strong> 50 km en forma constante, lo que sugiere una importante disponibilidad<br />

<strong>de</strong> alimento cercana a la zona don<strong>de</strong> se avistaron las tortugas y don<strong>de</strong> permaneció Gioconda durante un mes.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

En las costas <strong>de</strong> la provincia <strong>de</strong> Buenos Aires se ha registrado la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas laúd en<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enmalle y en re<strong>de</strong>s arrastreras (González-Carman et al. 2011; Domingo et al. 2006), especialmente<br />

en la Bahía Samborombón. Dado que la flota arrastrera también opera en el área <strong>de</strong> El Rincón, se recomienda<br />

monitorear esta zona para <strong>de</strong>terminar si existe o no captura inci<strong>de</strong>ntal.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

Los autores <strong>de</strong>sean agra<strong>de</strong>cer la colaboración, logística y financiación brindadas por las siguientes<br />

entida<strong>de</strong>s: Las tripulaciones <strong>de</strong>l Buque Oceanográfico Puerto Deseado (Armada Argentina) y <strong>de</strong> los barcos<br />

pesqueros Costero Argentino, La Gioconda y Siempre Renegado; Comisión Nacional <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s Espaciales;<br />

Instituto <strong>de</strong> Biología Marina y Pesquera Almirante Storni; Universidad Nacional <strong>de</strong> la Patagonia San Juan Bosco;<br />

Fundación BBVA; Agencia Nacional <strong>de</strong> Promoción Científica y Tecnológica; The Mohamed Bin Zayed Species<br />

Conservation Fund; Secretaria <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> la Provincia <strong>de</strong> Chubut; World Wi<strong>de</strong> Fund for Nature; Fundación<br />

Vida Silvestre Argentina; Dirección <strong>de</strong> Áreas Protegidas <strong>de</strong> Buenos Aires; Organismo Provincial Desarrollo<br />

Sostenible (Buenos Aires).<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Domingo A., L. Bugoni, L. Prosdocimi, P. Miller, M. Laporta, D.S. Monteiro, A.A. Estra<strong>de</strong>s, e D.A. Albareda. 2006.<br />

El impacto generado por las pesquerías en las tortugas marinas en el Océano Atlántico Sud Occi<strong>de</strong>ntal. San<br />

José, Costa Rica: WWF Programa Marino para Latinoamérica y el Caribe.<br />

González-Carman V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.F. Dellacasa, A. Faiella C. Echenique,<br />

R. González, J Andrejuk, H.W. Mianzan, C Campagna e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: A<br />

temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508.<br />

IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.1. .<br />

Downloa<strong>de</strong>d on 25 August 2011.<br />

López-Mendilaharsu M., C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, e L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle<br />

movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and<br />

Ecology 378:31-39.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

DISTRIBUCION ESPACIO-TEMPORAL DE LA TORTUGA SIETE QUILLAS EN EL AMBIENTE OCEÁNICO<br />

DEL ATLÁNTICO SUR OCCIDENTAL<br />

Philip Miller 1 , y Andrés Domingo 2<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Investigación y Conservación Marina – CICMAR. Av. Giannattasio km 30.5, El Pinar, Uruguay (philip.<br />

miller@cicmar.<strong>org</strong>).<br />

2<br />

Dirección Nacional <strong>de</strong> Recursos Acuáticos - DINARA. Constituyente 1497, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay (adomingo@<br />

dinara.gub.uy).<br />

Palabras clave: captura inci<strong>de</strong>ntal, programa <strong>de</strong> observadores, palangre, conservación, Uruguay<br />

Introducción<br />

Las tortugas marinas utilizan diferentes hábitats que pue<strong>de</strong>n estar separados miles <strong>de</strong> kilómetros,<br />

realizando extensas migraciones (Pritchard 1973). Las hembras adultas <strong>de</strong> la tortuga siete quillas (Dermochelys<br />

coriacea) al finalizar su temporada reproductiva en la costa Atlántica africana migran hacia áreas <strong>de</strong> alimentación<br />

ERRATA:<br />

ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A<br />

PEDIDO DO AUTOR<br />

muy distantes, en algunos casos a lo largo <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> la costa este <strong>de</strong> América <strong>de</strong>l Sur (Billes et al. 2006;<br />

Fossette et al. 2010; Witt et al. 2011). A<strong>de</strong>más <strong>de</strong> utilizar el ambiente oceánico durante su migración <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

África hacia América, las tortugas siete quillas también lo utilizan durante el período en el que permanecen en el<br />

Océano Atlántico Sudocci<strong>de</strong>ntal (ASO) (Almeida et al. en prensa; López-Mendilaharsu et al. 2009).<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA.<br />

Las tortugas siete quillas son acci<strong>de</strong>ntalmente capturada por pesquerías <strong>de</strong> palangre pelágico en el ASO<br />

(Domingo et al. 2006; Sales et al. 2008). A pesar <strong>de</strong> que en aguas oceánicas <strong>de</strong> esta región operan <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hace<br />

décadas flotas palangreras <strong>de</strong> varios países, son pocas las pesquerías que cuentan con un monitoreo abordo<br />

sistemático que brin<strong>de</strong> información <strong>de</strong> las capturas inci<strong>de</strong>ntales así como <strong>de</strong> la localización y estacionalidad <strong>de</strong><br />

las mismas, aportando al conocimiento <strong>de</strong> la ecología <strong>de</strong> esta especie.<br />

El objetivo <strong>de</strong>l presente trabajo es brindar información sobre la distribución espacio-temporal <strong>de</strong> las<br />

tortugas siete quillas en el ASO a partir <strong>de</strong> las capturas inci<strong>de</strong>ntales en la flota pesquera uruguaya que opera con<br />

palangre pelágico. Esta información es un insumo para el establecimiento <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> manejo y or<strong>de</strong>nación<br />

pesquera que permitan disminuir los potenciales impactos sobre las poblaciones <strong>de</strong> tortugas siete quillas.<br />

Metodología<br />

Se analizaron datos <strong>de</strong> capturas acci<strong>de</strong>ntales <strong>de</strong> tortuga siete quillas en palangreros uruguayos<br />

que operaron en el ASO durante el período 1998 – 2009. Los datos, obtenidos por el Programa Nacional <strong>de</strong><br />

Observadores <strong>de</strong> la Flota Atunera (PNOFA), abarcan un total <strong>de</strong> 1.849 lances <strong>de</strong> pesca y 3.593.127 anzuelos<br />

observados. Se calculó la captura por unidad <strong>de</strong> esfuerzo (CPUE) como el número <strong>de</strong> individuos capturados cada<br />

1000 anzuelos.<br />

Para analizar la distribución espacial <strong>de</strong> las capturas, se elaboraron mapas tomando como referencia <strong>de</strong>l<br />

esfuerzo <strong>de</strong> muestreo la posición <strong>de</strong>l inicio <strong>de</strong> calado <strong>de</strong> cada lance <strong>de</strong> pesca, agrupando los datos en celdas<br />

<strong>de</strong> 5°x5°. Los análisis espaciales fueron <strong>de</strong>sarrollados utilizando el software ArcGIS 10 (ESRI). Para analizar la<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

estacionalidad <strong>de</strong> las capturas, se dividió el año en cuatro períodos: verano (Enero, Febrero, Marzo), otoño (Abril,<br />

Mayo, Junio), invierno (Julio, Agosto, Setiembre) y primavera (Octubre, Noviembre, Diciembre).<br />

Resultados y Discusión<br />

Se capturó un total <strong>de</strong> 525 tortugas siete quillas en 308 lances (16,6% <strong>de</strong> los lances monitoreados),<br />

registrándose un CPUE total <strong>de</strong> 0,15 ind/1.000 anzuelos.<br />

Las capturas ocurrieron en toda el área <strong>de</strong> pesca (aguas internacionales <strong>de</strong>l ASO, al sur <strong>de</strong> los 20°S y<br />

al oeste <strong>de</strong> 20°W, y aguas oceánicas <strong>de</strong> la Zona Común <strong>de</strong> Pesca Argentino-Uruguaya), aunque los valores <strong>de</strong><br />

CPUE no fueron iguales en toda la zona. Las mayores CPUE correspon<strong>de</strong>n a las celdas ubicadas al sur <strong>de</strong> los<br />

30°S, en las proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l talud continental frente a Uruguay y el sur <strong>de</strong> Brasil. Esta área se encuentra bajo<br />

la influencia <strong>de</strong> la Convergencia Sub-tropical (Acha et al. 2004, Olson et al. 1988), y constituye un importante<br />

sistema frontal que podría favorecer la presencia y acumulación <strong>de</strong> zooplankton gelatinoso (Graham et al. 2001),<br />

principal alimento <strong>de</strong> la tortuga siete quillas (James y Herman 2001).<br />

Los mayores valores <strong>de</strong> CPUE ocurrieron en primavera (0,27 ind/1.000 anzuelos), seguida <strong>de</strong> otoño,<br />

invierno (CPUE = 0,14 y 0,13 ind/1.000 anzuelos, respectivamente) y verano (0,08 ind/1.000 anzuelos). Durante<br />

todas las estaciones, los mayores valores <strong>de</strong> CPUE correspondieron a celdas situadas al sur <strong>de</strong> los 30°S.<br />

ERRATA:<br />

ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A<br />

PEDIDO DO AUTOR<br />

No se registraron capturas en la zonas <strong>de</strong> pesca situadas próximas a la Elevación <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> durante<br />

la primavera. Esto podría estar relacionado a dos factores: 1) los individuos que van a reproducirse en la siguiente<br />

temporada (noviembre-enero) ya se encuentran ocupando zonas más próximas a las respectivas playas; o 2) los<br />

individuos que no se reproducirán durante dicha temporada se encuentran en zonas más productivas como los<br />

ambientes costeros y oceánicos próximos al talud continental en el sur <strong>de</strong> Brasil, Uruguay, y norte <strong>de</strong> Argentina<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA.<br />

(López-Mendilaharsu et al. 2009; Fossette et al. 2010; Almeida et al. en prensa; González-Carman et al. 2011).<br />

Por otro lado, los valores mínimos <strong>de</strong> CPUE registrados durante el verano podrían estar relacionados con un<br />

<strong>de</strong>splazamiento <strong>de</strong> los individuos hacia zonas <strong>de</strong> reproducción y <strong>de</strong> alimentación que se encuentran fuera <strong>de</strong> la<br />

zona <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong> esta flota.<br />

Los resultados <strong>de</strong> este trabajo, <strong>de</strong>muestran que las tortugas siete quillas son susceptibles <strong>de</strong> ser<br />

capturadas por buques palangreros en una amplia región <strong>de</strong>l ASO, la cual es utilizada por buques pesqueros <strong>de</strong><br />

diversos países. Aunque los resultados son interesantes, representan apenas lo que suce<strong>de</strong> en la flota palangrera<br />

<strong>de</strong> Uruguay, cuyo esfuerzo <strong>de</strong> pesca es una fracción muy pequeña <strong>de</strong>l total <strong>de</strong>sarrollado en el ASO. Esto<br />

evi<strong>de</strong>ncia la imperativa necesidad <strong>de</strong> que cada país obtenga y brin<strong>de</strong> información sobre capturas inci<strong>de</strong>ntales,<br />

para po<strong>de</strong>r consolidar una base <strong>de</strong> conocimiento más robusta y abarcadora que permita optimizar el <strong>de</strong>sarrollo e<br />

implementación <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> mitigación <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal a nivel regional.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a los compañeros <strong>de</strong> CICMAR, y a los observadores <strong>de</strong> DINARA. Philip Miller agra<strong>de</strong>ce<br />

especialmente el apoyo provisto por Esri Conservation Program, y Society for Conservation GIS.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

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Domingo, A., L. Bugoni, L. Prosdocimi, P. Miller, M. Laporta, D. Monteiro, A. Estra<strong>de</strong>s, y D. Albareda. 2006. The<br />

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James, M.C., y T.B. Herman. 2001. Feeding of Dermochelys coriacea on medusae in the Northwest Atlantic.<br />

Chelonian Conservation Biology 4:202-205.<br />

ERRATA:<br />

ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A<br />

PEDIDO DO AUTOR<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA.<br />

López-Mendilaharsu, M, C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, y L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle<br />

movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RÍO DE LA<br />

PLATA, URUGUAY<br />

Natalia Viera 1, 2 , Diana Szteren 3 , y Cecilia Lezama 2<br />

1<br />

Facultad <strong>de</strong> Ciencias, Iguá 4225, Montevi<strong>de</strong>o 11400, Uruguay. (vieralopeznatalia@gmail.com).<br />

2<br />

Karumbé, Centro <strong>de</strong> Tortugas Marinas, Rivera 3245, Montevi<strong>de</strong>o 11300, Uruguay.<br />

3<br />

Sección Zoología <strong>de</strong> Vertebrados, Facultad <strong>de</strong> Ciencias.<br />

Palabras clave: Chelonia mydas, Caretta caretta, Dermochelys coriacea, pesquería artesanal, captura inci<strong>de</strong>ntal.<br />

Introducción<br />

El estuario <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata es un importante hábitat <strong>de</strong> alimentación, <strong>de</strong>sarrollo y corredor migratorio<br />

para al menos tres <strong>de</strong> las cinco especies <strong>de</strong> tortugas marinas <strong>de</strong>l Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal: Chelonia mydas<br />

(tortuga ver<strong>de</strong>), Caretta caretta (tortuga cabezona) y Dermochelys coriacea (tortuga siete quillas o tortuga laúd)<br />

(Lopez-Mendilaharsu et al. 2006; González-Carman et al. 2011).<br />

La captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas por parte <strong>de</strong> las pesquerías (tanto artesanales como industriales)<br />

es reconocida mundialmente como una <strong>de</strong> las principales causas <strong>de</strong> mortalidad <strong>de</strong> estos <strong>org</strong>anismos (Oravetz<br />

2000).<br />

En Uruguay los estudios realizados acerca <strong>de</strong> la interacción <strong>de</strong> tortugas marinas con las pesquerías<br />

artesanales son escasos. En el periodo 2002-03 se realizó un primer monitoreo en las localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> San Luis,<br />

Piriápolis (Depto. Maldonado) y Valizas (Depto. Rocha), observando un total <strong>de</strong> 73 capturas inci<strong>de</strong>ntales <strong>de</strong><br />

tortugas marinas, todas con re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enmalle <strong>de</strong> fondo (Lezama et al. 2004). En el período 2004-05 se llevó a<br />

cabo un segundo estudio en la zona pesquera conocida como “Bajos <strong>de</strong>l Solís”, en la zona estuarina externa<br />

(ZEE) <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata (Fig. 1), durante el cual se capturaron 21 tortugas ver<strong>de</strong>s, estimándose una captura<br />

anual para el total <strong>de</strong> la flota artesanal <strong>de</strong> 497 individuos (95% IC = 260 – 781) (Lezama 2009). A pesar <strong>de</strong> los<br />

numerosos reportes <strong>de</strong> pescadores artesanales a lo largo <strong>de</strong> los últimos años (Anonymous 2008; C. Lezama<br />

pers. comm), aún no se ha evaluado la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas en la zona estuarina interna (ZEI)<br />

<strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata.<br />

El objetivo <strong>de</strong> este trabajo es analizar la variación espacio-temporal <strong>de</strong> las capturas <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

en la ZEI <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata y estimar el número <strong>de</strong> tortugas capturadas por el total <strong>de</strong> la flota que operó en el<br />

área <strong>de</strong> estudio.<br />

Metodología<br />

Entre octubre <strong>de</strong>l 2009 y junio <strong>de</strong>l 2010 se realizaron 45 observaciones a bordo <strong>de</strong> embarcaciones<br />

artesanales que operan en la zona comprendida entre la localidad <strong>de</strong> Kiyú (34º41’5.60’’S-56º44’54.97’’O) y la<br />

<strong>de</strong>sembocadura <strong>de</strong>l Arroyo Santa Lucía (34º47’08.13’S 56º21’41.29’’O) (Fig. 1).<br />

Para cada evento <strong>de</strong> pesca se colectó información acerca <strong>de</strong> la superficie <strong>de</strong> las re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enmalle<br />

utilizadas, la luz <strong>de</strong> malla, el tiempo <strong>de</strong> reposo que presentaron y la ubicación geográfica (con GPS). Se entien<strong>de</strong><br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

por evento <strong>de</strong> pesca la actividad pesquera en una zona particular, <strong>de</strong>bido a que durante una misma salida <strong>de</strong><br />

pesca los pescadores frecuentemente exploran más <strong>de</strong> una zona y el esfuerzo realizado por las artes en cada<br />

una <strong>de</strong> dichas zonas es diferente, por lo cual los datos <strong>de</strong>ben ser tratados separadamente (Lezama 2009).<br />

Las ubicaciones geográficas <strong>de</strong> cada evento muestreado fueron mapeadas con el programa Google<br />

Earth 6.0.2. y a partir <strong>de</strong> este mapeo se obtuvieron las distancias mínimas a la costa <strong>de</strong> cada uno.<br />

Para cada evento <strong>de</strong> pesca se calculó la captura por unidad <strong>de</strong> esfuerzo (CPUE) <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

como el número <strong>de</strong> tortugas capturadas sobre la superficie y tiempo <strong>de</strong> reposo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s caladas. Para <strong>de</strong>tectar<br />

posibles diferencias <strong>de</strong> la CPUE entre estaciones <strong>de</strong>l año se realizaron pruebas no-paramétricas <strong>de</strong> Kruskal-<br />

Wallis (H) (Sokal y Rohlf 1979) ya que la variable no cumplió con los supuestos <strong>de</strong> normalidad y homogeneidad<br />

<strong>de</strong> varianzas.<br />

Para estimar la captura inci<strong>de</strong>ntal total para el período <strong>de</strong> estudio, se obtuvieron los registros <strong>de</strong> salidas<br />

<strong>de</strong> pesca diarios <strong>de</strong> la Sub-Prefectura <strong>de</strong>l Puerto <strong>de</strong> Santiago Vázquez. La tasa <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal se calculó<br />

como el cociente entre el número <strong>de</strong> eventos con capturas y el total <strong>de</strong> eventos muestreados. Se obtuvo la captura<br />

inci<strong>de</strong>ntal estimada como el producto entre la tasa <strong>de</strong> captura y el número <strong>de</strong> salidas <strong>de</strong> pesca realizadas (con<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enmalle) por el total <strong>de</strong> la flota artesanal que operó en el área <strong>de</strong> estudio. Los intervalos <strong>de</strong> confianza<br />

<strong>de</strong> 95% para dicha estimación fueron calculados mediante la técnica <strong>de</strong> remuestreo <strong>de</strong> Boostrap (Canty 2002).<br />

Figura 1. a) Ecorregiones <strong>de</strong> la costa uruguaya: zonas estuarina interna, estuarina externa y oceánica. b) Área<br />

<strong>de</strong> estudio ubicada en la región estuarina interna <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata. Los puntos en el mapa indican las 45 salidas<br />

a bordo en las localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Kiyú y Playa Pascual. Los puntos circulares indican las salidas a bordo en que hubo<br />

captura <strong>de</strong> tortugas marinas. Cm: Chelonia mydas, Cc: Caretta careta, Dc: Dermochelys coriacea.<br />

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Resultados y Discusión<br />

Se capturaron un total 4 C. mydas, 2 C. caretta y una D. coriacea; solamente esta última fue encontrada<br />

con vida. Estas capturas ocurrieron en su totalidad en la localidad <strong>de</strong> Kiyú.<br />

La CPUE mostró diferencias significativas a lo largo <strong>de</strong> las estaciones, siendo la primavera la estación<br />

con mayores capturas (H = 11,46; gl = 2; P = 0,002). Esto difiere <strong>de</strong> lo encontrado en estudios realizados en la<br />

ZEE <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata don<strong>de</strong> se observó también una variabilidad temporal <strong>de</strong> las capturas, pero la estación<br />

más crítica fue el verano (Lezama 2009; Rivas y Lezama en prensa).<br />

Todas las capturas ocurrieron en aguas poco profundas a menos <strong>de</strong> 2 km <strong>de</strong> la costa (Fig. 1), lo que<br />

coinci<strong>de</strong> con lo encontrado por Lezama (2009) en la ZEE quien constató una zona <strong>de</strong> riesgo elevado <strong>de</strong> captura<br />

a menos <strong>de</strong> 2 km <strong>de</strong> la costa.<br />

Para el período <strong>de</strong> estudio se obtuvo una tasa <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> 0,15 tortugas/evento <strong>de</strong> pesca<br />

similar a lo encontrado en la ZEE (0,11 tortugas/evento <strong>de</strong> pesca) (Lezama 2009). Se estimó un total <strong>de</strong> 55<br />

tortugas marinas (IC al 95% <strong>de</strong> 16 – 95) capturadas inci<strong>de</strong>ntalmente, cifra que resultó notoriamente menor a<br />

lo estimado por Lezama (2009), quien estimó una captura anual <strong>de</strong> 497 tortugas ver<strong>de</strong>s (IC al 95% = 260-781).<br />

Estos resultados muestran que los pescadores que operaron en la ZEI realizaron un menor esfuerzo <strong>de</strong> pesca<br />

que el registrado por Lezama (2009) en la ZEE y por tanto esta pesquería no sería <strong>de</strong> mucho impacto sobre las<br />

poblaciones <strong>de</strong> tortugas marinas. No obstante el esfuerzo pesquero realizado por los artesanales en la ZEI está<br />

subestimado ya que muchos pescadores salen sin reportarse a la Prefectura Naval <strong>de</strong> la zona. Es por este motivo<br />

que se consi<strong>de</strong>ra sumamente importante seguir monitoreando la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas en esta<br />

área.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) por el financiamiento. A los<br />

pescadores Popo y Lobito <strong>de</strong> las localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Kiyú y Playa Pascual por su invaluable colaboración.<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Anonymous. 2008. Turtle <strong>de</strong>aths in Uruguay. IAC Bulletin 6: 2. Disponible en: http://www.iacseaturtle.<strong>org</strong>/English/<br />

boletincit.asp.<br />

Canty A.J. 2002. Resampling Methods in R: The boot Package. The Newsletter of the R Project 2/3:2-7.<br />

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DINARA, Montevi<strong>de</strong>o.<br />

González-Carman, V., K.C. Alvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.F. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique,<br />

R. Gonzalez, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, y D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a<br />

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Uruguay. Página 61 in Abstracts of the 4th World Fisheries Congress. Vancouver, B.C., Canada.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Lezama, C. 2009. Impacto <strong>de</strong> la pesquería artesanal sobre la tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) en las costas <strong>de</strong>l<br />

Río <strong>de</strong> la Plata exterior. Tesis <strong>de</strong> Maestría <strong>de</strong>l Programa <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> las Ciencias Básicas (PEDECIBA),<br />

Área Biología-Subárea Zoología. Facultad <strong>de</strong> Ciencias, Universidad <strong>de</strong> la República. 82pp.<br />

López-Mendilaharsu, M., A. Estra<strong>de</strong>s, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernan<strong>de</strong>z, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología<br />

y etología <strong>de</strong> las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 in Menafra, R., L. Rodríguez-<br />

Gallego, F. Scarabino, y D. Con<strong>de</strong> (Eds.) Bases para la Conservación y el Manejo <strong>de</strong> la costa Uruguaya. Vida<br />

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Oravetz, C.A. 2000. Reducción <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal en pesquerías. Páginas 217-221 in Eckert, K.L., K.A.<br />

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Rivas, F., y C. Lezama. (en prensa) ¿Encuentro casual? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea capturadas<br />

por la pesquería artesanal en Bajos <strong>de</strong>l Solís, Uruguay. In Resumenes <strong>de</strong> las V Jornadas <strong>de</strong> Investigación y<br />

Conservación <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong>l Atlántico Sul Occi<strong>de</strong>ntal, Florianópolis, Brasil.<br />

Sokal, R.R., y F.J. Rohlf. 1979. Biometría. Principios y métodos estadísticos en la investigación biológica. H.<br />

Blume Ediciones, Madrid, España.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

INTERAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO<br />

MUNICÍCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL.<br />

Daniele M. Pazeto 1 , Fernando N. Fiedler 2 , e Leo L.V. <strong>de</strong> Lacerda 1<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universida<strong>de</strong> do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Centro,<br />

Itajaí SC, 88302-202. (daninnha@hotmail.com).<br />

2<br />

Fundação Pró-Tamar, Av. Ministro Victor Kon<strong>de</strong>r, 374, Centro, Itajaí SC, 88301-700.<br />

Palavras-chave: Captura inci<strong>de</strong>ntal, Caretta caretta, Chelonia mydas, mortalida<strong>de</strong>.<br />

Introdução<br />

Impactos humanos sobre os oceanos do mundo são extensos e variados, garantindo a gestão urgente<br />

e global dos recursos marinhos em muitos lugares (Halpern et al. 2008). A pesca, uma das principais fontes<br />

<strong>de</strong> renda para bilhões <strong>de</strong> pessoas no mundo (FAO 2009), é uma das principais influencias antrópicas sobre os<br />

sistemas marinhos, afetando diversas populações <strong>de</strong> animais (Jackson et al. 2001; Pauly et al. 2005).<br />

Segundo Oravetz (1999), a captura inci<strong>de</strong>ntal pela ativida<strong>de</strong> pesqueira é o maior fator do <strong>de</strong>clínio das<br />

diversas populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas ao redor do mundo. Esta captura inci<strong>de</strong>ntal provoca morte, por<br />

afogamento, quando as <strong>tartarugas</strong> ficam presas às re<strong>de</strong>s (Bugoni et al. 2001).<br />

No Brasil, cinco das sete espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas existentes no mundo são encontradas<br />

utilizando a costa, tanto para alimentação quanto para <strong>de</strong>sova (Marcovaldi e Marcovaldi 1999).<br />

O litoral do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina inclui costões rochosos on<strong>de</strong> a vida marinha é abundante. Atraídas<br />

pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento, frequentemente são encontradas na costa catarinense as cinco espécies <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem no Brasil (Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong> 1993).<br />

O município <strong>de</strong> Barra Velha foi escolhido para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse estudo por ter forte influência da<br />

pesca artesanal (Mazzoleni e Fiedler, dados não publicados). A ocorrência <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

pesca <strong>de</strong> emalhe da comunida<strong>de</strong> da Praia da Canoa (26º37’57”S; 48º41’06”W), município <strong>de</strong> Barra Velha, tem<br />

sido relatada constantemente pelos pescadores (A. Batista e R. Mazzoleni, com. pess.), já que estas pescarias<br />

ocorrem durante o ano todo por pescadores autônomos, os quais exercem a ativida<strong>de</strong> individualmente ou em<br />

parcerias (Silva 2006).<br />

Este trabalho tem como objetivo relatar pela primeira vez a captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas nas<br />

pescarias <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> emalhe, i<strong>de</strong>ntificando o tipo <strong>de</strong> pescaria que mais interage com estes animais e as áreas<br />

<strong>de</strong> maior ocorrência.<br />

Metodologia<br />

A Praia da Canoa situa-se na porção central do município <strong>de</strong> Barra Velha. Limita-se ao sul com a Praia<br />

do Tabuleiro e ao norte com a praia da Península.<br />

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A coleta <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas foi realizada entre setembro <strong>de</strong> 2010<br />

e maio <strong>de</strong> 2011 por meio <strong>de</strong> um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> captura preenchido voluntariamente pelos pescadores, contendo<br />

os seguintes dados: i) data da captura; ii) Área <strong>de</strong> pesca; iii) horas da re<strong>de</strong> na água; iv) se houve captura <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas; iv) espécie capturada; v) condição da mesma (viva ou morta).<br />

O ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> captura foi distribuído para o pescador responsável por cada embarcação e ao final <strong>de</strong><br />

cada semana era recolhido e um novo era fornecido.<br />

Câmeras fotográficas <strong>de</strong>scartáveis foram disponibilizadas para alguns pescadores, para que as <strong>tartarugas</strong><br />

capturadas fossem fotografadas, minimizando os erros <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Associações entre variáveis qualitativas foram testadas por meio da prova do qui-quadrado com nível <strong>de</strong><br />

significância <strong>de</strong> 5%.<br />

Resultados e Discussão<br />

Um total <strong>de</strong> 87 <strong>tartarugas</strong> marinhas foram capturadas em 60 (3,1%) <strong>de</strong> 1998 registros, sendo cada um<br />

referente aos lances <strong>de</strong> cada barco em <strong>de</strong>terminada data.. Nota-se que a espécie C. mydas apresentou a maior<br />

taxa <strong>de</strong> captura com 68 (89,5%) capturas inci<strong>de</strong>ntais e a espécie C. caretta apresentou 8 (10,5%) capturas<br />

inci<strong>de</strong>ntais.<br />

Testada a associação entre a captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas e a área <strong>de</strong> pesca por meio da prova quiquadrado,<br />

observou-se que o percentual <strong>de</strong> captura no Sul (28,6%) e Laje (18,2%) foi significativamente maior<br />

que os <strong>de</strong>mais (P = 0,0001) (Fig. 1). Esses locais se localizam próximos a formações rochosas, corroborando<br />

assim com a dieta herbívora da espécie C. mydas nestes locais.<br />

A distribuição dos lances monitorados pela pescaria não foi homogênea: 324 lances (16,2%) foram da<br />

pescaria <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> emalhe para sororoca e guaivira, 104 (5,2%) para corvina, 1261 (63,1%) para pescada e 309<br />

(15,5%) para linguado e garoupa – popularmente conhecida como malhão.<br />

Figura 1. Distribuição da captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em relação à área <strong>de</strong> pesca em Barra Velha,<br />

litoral <strong>de</strong> Santa Catarina, Brasil.<br />

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Tabela 1. Número <strong>de</strong> capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em Barra Velha, Santa Catarina, <strong>de</strong> acordo com a condição<br />

e tipo <strong>de</strong> pescaria.<br />

A análise das capturas em relação às pescarias permitiu concluir que o malhão é a maior preocupação<br />

quando relacionada com as capturas <strong>de</strong> tartaruga. Das 87 <strong>tartarugas</strong> capturadas, 76 foram realizadas por esta<br />

pescaria, e <strong>de</strong>stas, 50 encontravam-se mortas (Tabela 1).<br />

Deve-se reconhecer que o tipo <strong>de</strong> pescaria <strong>de</strong> malhão é uma questão global que envolve interação com<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> capturas inci<strong>de</strong>ntais (Soykan et al. 2008), corroborando com esse estudo, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacase<br />

os maiores efeitos negativos quando relacionados com as capturas inci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos pelos pescadores da Praia da Canoa, por terem ajudado no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

trabalho e ao Projeto TAMAR, que disponibilizou informações, fortalecendo os dados <strong>de</strong>ssa <strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Pauly, D.P., R. Watson, e J. Al<strong>de</strong>r. 2005. Global trends in world fisheries: impacts on marine ecosystems and food<br />

security. Philosophical Transasctions of the Royal Society B 360:5-12.<br />

Silva, M.I. 2006. Etnoecologia sobre a tartaruga marinha e a sua captura inci<strong>de</strong>ntal na pesca <strong>de</strong> pequena escala:<br />

estudo <strong>de</strong> caso na Praia da Canoa (Barra Velha/SC). Monografia do Curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas. UNIVALI, SC.<br />

Soykan, C.U., J.E. Moore, L.B. Crow<strong>de</strong>r, C.S. Safina, R.L. Lewison. 2008. Why study bycatch? An introduction to<br />

the theme section on fisheries bycatch. Endangered Species Research 5:91-102.<br />

Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong>, J. 1993. Levantamento taxonômico na Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina (SC) e estudos <strong>de</strong> marcação e<br />

proteção das <strong>tartarugas</strong> marinhas na base <strong>de</strong> Interlagos (BA). Monografia do Curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas,<br />

UFSC, Florianópolis.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

INFLUÊNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES (Chelonia<br />

mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP<br />

Geraldo <strong>de</strong> França Ottoni-Neto 1 , José Henrique Becker 2 , Bruno <strong>de</strong> Barros Giffoni 2 , Fernando Siqueira<br />

Alvarenga 2 , Rafael Israel Santos Tavares 2 , Mariana <strong>de</strong> Karam e Brito 2 , e Berenice Maria Gomes Gallo 2<br />

1<br />

Centro TAMAR/ICMBio, Rua Antonio Athanásio, 273, Itaguá, Ubatuba/SP, CEP 11680-000 (geraldo@tamar.<strong>org</strong>.<br />

br).<br />

2<br />

Fundação Pró-Tamar, Rua Antonio Athanásio, 273, Itaguá, Ubatuba/SP, CEP 11680-000 (curupira@tamar.<strong>org</strong>.<br />

br).<br />

Palavras-chave: by-catch, emalhe, mitigação, <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Introdução<br />

A captura inci<strong>de</strong>ntal na pesca é uma das maiores ameaças às populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Wallace et al. (2010) estimou que aproximadamente 85.000 <strong>tartarugas</strong> foram capturadas no mundo por re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> emalhe, espinhéis e arrastos entre 1990 e 2008, numa amostra <strong>de</strong> 1 a 5% das frotas pesqueiras que são<br />

monitoradas. A falta <strong>de</strong> monitoramento da maior parte da pesca e a <strong>de</strong>sconfiança nos dados disponíveis, torna<br />

subestimada a importância sócio-econômica das pescarias <strong>de</strong> pequena escala (FAO 2008) e pouco conhecido o<br />

seu impacto sobre as populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Trabalhos visando minimizar a interação entre as <strong>tartarugas</strong> marinhas e a pesca costeira são realizados<br />

pelo Projeto TAMAR/ICMBio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1990 (Marcovaldi et al. 2002). Em Ubatuba, litoral norte <strong>de</strong> São Paulo, o Tamar<br />

registrou a captura <strong>de</strong> número significativo <strong>de</strong> indivíduos juvenis <strong>de</strong> Chelonia mydas em diferentes pescarias<br />

costeiras (Gallo et al. 2006) e <strong>de</strong>ntre as modalida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas, <strong>de</strong>stacou a pescaria com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe<br />

<strong>de</strong> superfície como a <strong>de</strong> maior interação com Chelonia mydas, por atuarem principalmente sobre os locais <strong>de</strong><br />

forrageio <strong>de</strong>sta espécie (Gomes et al. 2010). Esta pescaria, realizada em canoas a remo ou embarcações com<br />

motores <strong>de</strong> baixa potência, apesar <strong>de</strong> ser direcionada para captura <strong>de</strong> peixes como sororoca (Scomberomorus<br />

brasiliensis), bonito (Euthynnus alletteratus), robalo Centropomus sp.), tainha (Mugil platanus) e pirajica (Kyphosus<br />

sp.), captura diversas outras espécies para comércio ou consumo.<br />

Em mergulhos noturnos realizados pela equipe do Tamar na região para captura e marcação <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong>, observou-se que a maioria dos animais capturados encontrava-se em repouso. Consi<strong>de</strong>rando-se<br />

tratar <strong>de</strong> animais herbívoros, levantou-se a hipótese <strong>de</strong> que o forrageio <strong>de</strong>va acontecer preferencialmente durante<br />

o dia quando a luz facilita a escolha do alimento, e que o repouso ocorreria naturalmente à noite.<br />

Este estudo objetiva verificar como variam as capturas <strong>de</strong> Chelonia mydas e <strong>de</strong> peixes com valor<br />

comercial por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe <strong>de</strong> superfície costeira em relação aos períodos <strong>de</strong> pesca diurno e noturno.<br />

Metodologia<br />

Duas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe foram instaladas e monitoradas em dois locais para verificação da captura <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> e peixes. Uma com 83 metros <strong>de</strong> comprimento e a outra com 87 metros, ambas com 6 metros <strong>de</strong><br />

altura, malha <strong>de</strong> 12cm (entre nós opostos) e confeccionadas em nylon monofilamento.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Os locais <strong>de</strong> instalação das re<strong>de</strong>s foram a Praia do Cedro (23°27’30,4”S; 045°01’59,6”W) e a Praia do<br />

Lázaro (23°30’36,2”S ; 045°08’21,7”W), ambos locais bastante semelhantes, em enseadas abrigadas <strong>de</strong> vento e<br />

ondas e com o fundo predominantemente composto <strong>de</strong> areia. Em ambos os locais, a profundida<strong>de</strong> máxima foi <strong>de</strong><br />

6 metros, diminuindo em direção ao costão rochoso. Nestas condições, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 6 metros <strong>de</strong> altura pescaram<br />

em toda a coluna d’água.<br />

As re<strong>de</strong>s foram instaladas a cerca <strong>de</strong> 3 metros <strong>de</strong> distância dos costões rochosos, em posição<br />

perpendicular à linha <strong>de</strong> costa na Praia do Cedro e inclinada em ângulo <strong>de</strong> aproximadamente 60º na Praia do<br />

Lázaro, respeitando o costume dos pescadores colaboradores.<br />

O experimento foi realizado em noites <strong>de</strong> lua cheia e lua nova, com o objetivo <strong>de</strong> realizar amostragem<br />

nos extremos <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> noturna, pois alguns pescadores acreditam que as <strong>tartarugas</strong> po<strong>de</strong>m ver e evitar<br />

as re<strong>de</strong>s em noites muito claras. Apesar da similarida<strong>de</strong> nos resultados, esta comparação não foi realizada neste<br />

trabalho.<br />

A amostragem foi feita alternadamente, um mês na praia do Cedro e o mês seguinte na Praia do Lázaro,<br />

completando duas luas (1 cheia e 1 nova), em cada local.<br />

No período <strong>de</strong> março/2009 a fevereiro/2011, foram realizados 25 lances <strong>de</strong> re<strong>de</strong> (600 horas <strong>de</strong> pesca),<br />

na Praia do Cedro e 24 lances (576 horas <strong>de</strong> pesca), na Praia do Lázaro, totalizando 49 lances com 1176 horas<br />

<strong>de</strong> pesca.<br />

As re<strong>de</strong>s foram instaladas sempre as 12:00 h, e então visitadas a cada 4 horas até sua retirada às<br />

12:00h do dia seguinte. As visitas foram feitas sempre iniciando da posição mais distante do costão, em direção a<br />

costa, com um mergulhador vistoriando a re<strong>de</strong> enquanto outro <strong>pesquisa</strong>dor acompanhava com o bote a remo na<br />

superfície como apoio e segurança. Nas ocasiões <strong>de</strong> pouca visibilida<strong>de</strong>, as re<strong>de</strong>s foram verificadas, passandoas<br />

sobre o bote. Cada visita durava cerca <strong>de</strong> 10 minutos, se esten<strong>de</strong>ndo até cerca <strong>de</strong> 20 minutos quando das<br />

capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> e sua imediata retirada da re<strong>de</strong>.<br />

Embora a metodologia <strong>de</strong> visitas tenha sido a mesma nos dois períodos, diurno e noturno, não foi<br />

avaliada neste trabalho, a possível interferência da perturbação das visitas sobre a captura posterior <strong>de</strong> peixes<br />

e <strong>tartarugas</strong>.<br />

As <strong>tartarugas</strong> capturadas foram i<strong>de</strong>ntificadas, medidas com fita métrica (comprimento e a largura<br />

curvilíneos da carapaça), pesadas com dinamômetro (precisão <strong>de</strong> 10 g), anilhadas e <strong>de</strong>volvidas ao mar.<br />

Quanto às espécies <strong>de</strong> peixes com valor comercial, foram i<strong>de</strong>ntificadas, registrado o comprimento total<br />

utilizando um ictiômetro, e pesadas com dinamômetro (precisão <strong>de</strong> 10 g).<br />

Foram comparadas as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s e peixes nos períodos diurno (<strong>de</strong><br />

08:00 h as 16:00 h) e noturno (<strong>de</strong> 20:00 h as 04:00 h). Foi utilizado o teste não paramétrico U <strong>de</strong> Mann-Whitney,<br />

por não requerer pressupostos sobre a distribuição dos dados.<br />

Não foram comparadas estatisticamente neste trabalho os horários do crepúsculo (16:00h às 20:00h)<br />

e alvorada (04:00 às 08:00 horas), <strong>de</strong>vido a variação da luminosida<strong>de</strong> natural nestes horários ao longo das<br />

estações do ano.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Resultados e Discussões<br />

Foram capturadas 67 <strong>tartarugas</strong> ver<strong>de</strong>s Chelonia mydas, sendo 33 no período diurno 25 nos períodos<br />

<strong>de</strong> alvorada e crepúsculo e 9 à noite (Fig. 1). Todas as <strong>tartarugas</strong> capturadas eram juvenis, com média <strong>de</strong> peso<br />

= 6,46 kg e média <strong>de</strong> comprimento curvilíneo da carapaça = 36,5 cm;<br />

A diferença das quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capturas diurnas e noturnas comparadas se mostrou significativa (U<br />

test; P = 0,0001). Esta diferença po<strong>de</strong> estar relacionada à menor ativida<strong>de</strong> dos indivíduos que repousam no<br />

período noturno. A maior ativida<strong>de</strong> diurna para Chelonia mydas também foi verificada em estudos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> forrageio em Union Creek (Bjorndal 1980), estudos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento no Golfo da Califórnia (Seminoff e Jones<br />

2006) e estudos <strong>de</strong> comportamento internidal <strong>de</strong> fêmeas em Ascencion (Hays et al. 2000).<br />

Figura 1. Distribuição percentual das capturas <strong>de</strong> Chelonia mydas e espécies-alvo em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe em<br />

diferentes horários <strong>de</strong> pesca em Ubatura, Brasil.<br />

Figura 2. Capturas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> Chelonia mydas durante o dia e à noite em Ubatuba.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Quanto às espécies <strong>de</strong> peixes com valor comercial, foram capturados 169 indivíduos <strong>de</strong> 34 espécies,<br />

sendo 25 capturas no período diurno, 77 nos períodos <strong>de</strong> alvorada e crepúsculo e 66 no período noturno (Fig.<br />

2). A diferença das quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capturas diurnas e noturnas comparadas se mostrou significativa (U test, P<br />

= 0,046).<br />

Os dados apresentados sugerem que há diferenças nos principais horários <strong>de</strong> capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

ver<strong>de</strong>s C. mydas e peixes nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe costeiras em Ubatuba/SP. Entretanto, verificou-se quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> capturas importantes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> e peixes nos horários <strong>de</strong> crepúsculo e alvorada, que se distribuídos entre<br />

os períodos diurno e noturno, po<strong>de</strong>riam alterar significativamente os resultados.<br />

Recomenda-se a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estudo com aumento da amostragem e <strong>de</strong>talhamento das capturas<br />

nos períodos <strong>de</strong> alvorada e crepúsculo, além da análise <strong>de</strong> outras componentes ambientais que possam interferir<br />

<strong>de</strong>cisivamente nos resultados encontrados.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos pescadores José Custódio e Fabio Igor pelo empréstimo das re<strong>de</strong>s e ao amigo e<br />

colega Lucas Borssato pelo empenho na realização <strong>de</strong>sse trabalho. O Projeto Tamar/ICMBio é um programa<br />

<strong>de</strong> Conservação do Ministério do Meio Ambiente, co-administrado pela Fundação Pró-Tamar e patrocinado pela<br />

PETROBRAS.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bjorndal, K.A. 1980. Nutrition and grazing behavior of the green turtle Chelonia mydas. Marine Biology 56:147-<br />

154.<br />

FAO e World Fish Center. 2008. Small-scale capture fisheries: A global overview with emphasis on <strong>de</strong>veloping<br />

countries. Preliminary report of the big numbers project. WorldFish Center. Penang, Malaysia.<br />

Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba,<br />

southeastern Brazil, a feeding area with inci<strong>de</strong>ntal capture in coastal fisheries. Chelonian Conservation and<br />

Biology 5:93-101<br />

Gomes, B.M., F.S. Alvarenga, G. Ottoni, J.S. Fernan<strong>de</strong>s, B.B. Giffoni, V. Fonseca, B.A.D.L. Almeida, e J.H.<br />

Becker. 2010. Caracterização da pesca <strong>de</strong> emalhe e interação com as <strong>tartarugas</strong> marinhas em Ubatuba – SP. In<br />

Resumos do 3º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Hays, G.C., C.R. Adams, A.C. Bro<strong>de</strong>rick, B.J. Godley, D.J. Lucas, J.D. Metcalfe, e A.A. Prior. 2000. The diving<br />

behavior of green trurtles at Ascension Island. Animal Behaviour 59:577-586.<br />

Marcovaldi, M.A., J.C. Thomé, G. Sales, J. Coelho, B. Gallo, e C. Bellini. 2002. Brazilian plan for reduction of<br />

inci<strong>de</strong>ntal sea turtle capture in fisheries. Marine Turtle Newsletter 96:24-25.<br />

Seminoff, J.A., e Jones T.T. 2006. Diel movements and activity ranges of Green Turtles (Chelonia mydas) at a<br />

temperature foraging area in the Gulf of California, Mexico. Herpetological Conservation and Biology 1:81-86.<br />

Wallace, B.P., R.L. Lewison, S.L. McDonald, R.K. McDonald, C.Y. Kot, S. Kelez, R.K. Bjorkland, E.M. Finkbeiner,<br />

S. Helmbrecht., e L.B. Crow<strong>de</strong>r. 2010. Global patterns of marine turtle bycatch. Conservation Letters 3:131-142.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA MONITORADOS EM<br />

ALMOFALA/CEARÁ 2010.<br />

Maria Thereza Damasceno Melo 1,* , e Eduardo H.S.M. Lima 1<br />

1<br />

Fundação Pró-TAMAR, Acesso Projeto TAMAR, 151, Almofala, Ceará, CEP 62.592-000.<br />

* (thereza.damasceno@tamar.<strong>org</strong>,br).<br />

Palavras-chave: ocorrências, monitoramento, pescaria.<br />

Introdução<br />

O Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará está localizado em Almofala no litoral oeste entre as coor<strong>de</strong>nadas<br />

geográficas 02.93792° S e 039.81415° W. São monitorados 40 km <strong>de</strong> litoral abrangendo as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Torrões, Almofala, Porto dos Barcos, Guajiru, Farol no município <strong>de</strong> Itarema e Volta do Rio no município <strong>de</strong><br />

Acaraú, on<strong>de</strong> ocorrem cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que utilizam a região para alimentação e como<br />

corredor migratório (Marcovaldi 1993; Melo et al. 2010).<br />

Nas pescarias artesanais no litoral do Ceará <strong>de</strong>stacam-se currais <strong>de</strong> pesca, pescaria com anzol, manzuá<br />

para peixe, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera para peixe, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> espera para lagosta popularmente conhecidas como caçoeiras,<br />

arrastão <strong>de</strong> praia e tarrafa, entre outras. Levantamentos recentes indicaram que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera para lagosta<br />

possuem maior interação com as <strong>tartarugas</strong> marinhas na região apesar <strong>de</strong> sua utilização estar proibida porém<br />

os currais <strong>de</strong> pesca, apesar <strong>de</strong> não letais como as re<strong>de</strong>s, também capturam esses animais (Lima et al. 2003).<br />

Des<strong>de</strong> 1993, o Projeto TAMAR realiza um trabalho sistemático <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> currais <strong>de</strong> pesca e mais<br />

recentemente das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caçoeira utilizando como medida mitigadora a educação ambiental e a sensibilização<br />

dos pescadores para a <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Este trabalho apresenta os dados <strong>de</strong> ocorrências <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas exclusivamente em currais <strong>de</strong><br />

pesca registrados nos municípios <strong>de</strong> Itarema e Acaraú, Ceará durante o ano <strong>de</strong> 2010.<br />

Metodologia<br />

A coleta <strong>de</strong> informações foi realizada através <strong>de</strong> visitas diárias aos locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque das canoas<br />

para recebimento das <strong>tartarugas</strong> capturadas em currais em que não se realizou o embarque naquele dia, como<br />

também, em embarques aos currais <strong>de</strong> pesca juntamente com os pescadores, para acompanhamento do<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesca in loco. Nos currais foram realizados mergulhos livres pela equipe técnica, na tentativa<br />

<strong>de</strong> verificar a existência <strong>de</strong> indivíduos aprisionados. Para o manejo das <strong>tartarugas</strong> capturadas foi utilizada a<br />

metodologia adotada pelo Programa Nacional <strong>de</strong> Manejo e Conservação das Tartarugas Marinhas em áreas<br />

<strong>de</strong> alimentação (Marcovaldi et al. 1998), a saber: marcação, tomadas biométricas curvilínea <strong>de</strong> casco (CCC e<br />

CCL), <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sexo quando possível e espécie. Realizado tais procedimentos os indivíduos foram liberados.<br />

Os dados coletados foram inseridos no Sistema <strong>de</strong> Informações sobre <strong>tartarugas</strong> marinhas do Projeto TAMAR-<br />

SITAMAR.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Para melhor visualização e <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento e manejo, a região foi<br />

dividida em duas áreas, por encontrarem-se em municípios diferentes: Almofala no município <strong>de</strong> Itarema on<strong>de</strong><br />

foram monitorados currais nas praias <strong>de</strong> Boca da Barra (BB), Guajirú (GJ) e Porto dos Barcos (PB) e a área<br />

da Volta do Rio (VR), com praia do mesmo nome, no município <strong>de</strong> Acaraú. A cada um dos currais foi atribuído<br />

um número on<strong>de</strong> ressalta-se que o referido é informado pelo próprio pescador dono da arte <strong>de</strong> pesca e quanto<br />

maior o número maior será à distância da pescaria à costa. As letras foram indicadas pelo TAMAR para <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> localização <strong>de</strong> praia on<strong>de</strong> a arte encontra-se montado conforme disponibilizada informação acima. Alguns<br />

currais encontram-se instalados a mais <strong>de</strong> um quilometro da costa e a cerca <strong>de</strong> oito metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

quando a maré esta no seu mais baixo nível (baixa-mar). Para a Captura por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esforço levou-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração os dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesca realizadas na arte durante o ano <strong>de</strong> 2010.<br />

Resultados e Discussão<br />

Em 2010 foram monitorados 14 currais <strong>de</strong> pesca sendo seis na área <strong>de</strong> Almofala e oito na praia da Volta<br />

do Rio. A Fig. 1 mostra a Captura por Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esforço (CPUE) registradas por curral em ambas as áreas<br />

trabalhadas. A CPUE total obtida nos currais da área <strong>de</strong> Almofala (0,12) foi maior do que a verificada na área<br />

da Volta do Rio (0,09), apesar <strong>de</strong>sta localida<strong>de</strong> possuir um maior numero <strong>de</strong> currais em pleno funcionamento. O<br />

fato po<strong>de</strong> estar relacionado à que, os currais <strong>de</strong> Almofala estão implantados em águas mais profundas e po<strong>de</strong>m<br />

chegar a 8 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> nas marés mais baixas, por outro lado aqueles instalados na comunida<strong>de</strong> da<br />

Volta do Rio encontram-se em profundida<strong>de</strong>s em torno <strong>de</strong> 5 m.<br />

Figura 1. Valores <strong>de</strong> CPUE registrados por curral <strong>de</strong> pesca nas áreas <strong>de</strong> Almofala e Volta do Rio durante a<br />

campanha 2010. Projeto TAMAR-ICMBio – Ceará, Brasil.<br />

Durante o período foram registradas 320 <strong>tartarugas</strong> marinhas das quais 99,38% (n = 318) eram <strong>de</strong><br />

animais vivos e 0,62% (n = 2) <strong>de</strong> indivíduos mortos. Registra-se aqui que os indivíduos mortos encontravam-se<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

em óbito, no momento que a<strong>de</strong>ntraram o curral pelo fato <strong>de</strong> que a pescaria em si não mata e nem machucam o<br />

pescado capturado (Lima et al. 2003). Uma das <strong>tartarugas</strong> encontrava-se em estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição e a outra<br />

apresentava restos <strong>de</strong> nylon em suas nada<strong>de</strong>iras, indicando provável interação com outra pescaria.<br />

Quanto à <strong>de</strong>terminação da espécie: 79,38% (n= 254) eram <strong>de</strong> Chelonia mydas (Linnaeus 1758), 8,44%<br />

(n = 27) <strong>de</strong> Caretta caretta (Linnaeus 1758), 7,5% (n = 24) <strong>de</strong> Lepidochelys olivacea (Eschscholz 1829) e 4,68%<br />

(n = 15) <strong>de</strong> Eretmochelys imbricata (Linnaeus 1766).<br />

A Fig. 2 apresenta as classes <strong>de</strong> comprimento para as espécies capturadas, não foram observadas<br />

diferenças significativas no tamanho das <strong>tartarugas</strong> capturadas na área <strong>de</strong> Almofala e Volta do Rio. De acordo<br />

com as tomadas biométricas <strong>de</strong> CCC para a espécie C. mydas foi registrada a média <strong>de</strong> 0,64m (mín = 0,253 m,<br />

máx = 1,032 m), C. caretta <strong>de</strong> 0,73 m (mín = 0,596 m, máx = 0,863m), L. olivacea <strong>de</strong> 0,623 m (mín = 0,570m, máx<br />

= 0,676m), E. imbricata <strong>de</strong> 0,40 m (mín = 0,298 m, máx = 0,509 m) evi<strong>de</strong>nciando a presença <strong>de</strong> animais juvenis<br />

<strong>de</strong> C. mydas, C. caretta e E. imbricata bem como <strong>de</strong> adultos para L. olivacea seguindo o padrão observado em<br />

campanhas anteriores (Lima et al. 2003; Lima et al. 2008; Melo et al. 2010).<br />

Figura 2. Classes <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas das espécies Chelonia mydas, Caretta caretta,<br />

Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata capturadas em currais <strong>de</strong> pesca durante a campanha 2010<br />

Projeto TAMAR-ICMBio – Ceará, Brasil.<br />

Estudos genéticos realizados indicam que a região é uma provável área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> da<br />

espécie Chelonia mydas, provenientes <strong>de</strong> populações da Ilha <strong>de</strong> Ascensão, Suriname, Venezuela, Costa Rica<br />

(Naro-Maciel et al. 2007). Recentemente estudos <strong>de</strong> telemetria por satélite verificou a utilização da região como<br />

uma possível área <strong>de</strong> alimentação para a espécie C. caretta <strong>de</strong>sovante na Bahia (Marcovaldi et al. 2010). Contudo<br />

nessa temporada não foram verificados indivíduos adultos <strong>de</strong> C. caretta sendo capturados nesta pescaria. As<br />

informações aqui apresentadas são relevantes, pois reforçam a importância área atualmente trabalhada para a<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

<strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em áreas <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento. É essencial a continuida<strong>de</strong><br />

dos trabalhos <strong>de</strong> monitoramento dos currais <strong>de</strong> pesca na região <strong>de</strong> Itarema e Acaraú, litoral oeste do Ceará pela<br />

varieda<strong>de</strong> e estagio <strong>de</strong> vida das espécies atingidas por esse tipo <strong>de</strong> pescaria.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Lima, E.H.S.M., F.A.B.M. Cruz, S.M.R.S Morais, e M.T.D. Melo. 2003. Capturas aci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

em currais <strong>de</strong> pesca monitorados pelo Projeto TAMAR-IBAMA Base <strong>de</strong> Almofala - Campanha 2002. Página 349<br />

in 14° Encontro <strong>de</strong> Zoologia do Nor<strong>de</strong>ste, UFAL, Maceió.<br />

Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, e P.C.R. Barata. 2010. Inci<strong>de</strong>ntal capture of sea turtles by the lobster fishery off the<br />

Ceará Coast, Brazil. Marine Turtle Newsletter 128:16-17.<br />

Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S., Soares, E.H.S.M. Lima, J.C. Thomé, e A.P. Almeida. 2010. Sattelite-tracking<br />

of female loggerhead turtles highlights fi<strong>de</strong>lity behavior in northeastern Brazil. Endangered Species Research<br />

12:263-272.<br />

Marcovaldi, M.Â. 1993. A new initiative to protect green turtles at an important foraging ground in Ceará, Brazil.<br />

Marine Turtle Newsletter 63:13-14.<br />

Marcovaldi, M.A., C. Baptistotte, J.C. Castilhos, B.M.G. Gallo, E.H.S.M. Lima, T.M. Sanches, C.F. Vieitas. 1998.<br />

Activities by Project TAMAR in Brasilian sea turtle feeding grounds. Marine Turtle Newsletter 80:5-7.<br />

Melo, M.T.D., E.H.S.M. Lima, e M.P. Silva. 2010. Ocorrências <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas registradas na área <strong>de</strong><br />

atuação da Base do Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará durante o ano <strong>de</strong> 2009. In Resumos do 3° Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. Desalle. 2007. Testing dispersal hypotheses<br />

in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

¿ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA PESQUERÍA<br />

ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLÍS, URUGUAY<br />

Florencia Rivas 1,2 , e Cecilia Lezama 2<br />

1<br />

Universidad <strong>de</strong> la República Oriental <strong>de</strong>l Uruguay, U<strong>de</strong>laR, Facultad <strong>de</strong> Ciencias, Licenciatura en Ciencias<br />

Biológicas. (florizinno@hotmail.com).<br />

2<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o (checha@netgate.com.uy).<br />

Palabras clave: captura inci<strong>de</strong>ntal, tortugas marinas, área <strong>de</strong> forrajeo, veda espacio-temporal.<br />

Introducción<br />

Todas las especies <strong>de</strong> tortugas marinas (superfamilia Chelonoi<strong>de</strong>a) están catalogadas por la Unión<br />

Internacional para la Conservación <strong>de</strong> la Naturaleza como amenazadas <strong>de</strong> extinción (IUCN 2011). Una <strong>de</strong> las<br />

mayores amenazas a nivel mundial es la captura inci<strong>de</strong>ntal por parte <strong>de</strong> las pesquerías (Oravetz 2000).<br />

Tres <strong>de</strong> las siete especies <strong>de</strong> esta superfamilia ocurren frecuentemente en Uruguay: tortuga ver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas), tortuga cabezona (Caretta caretta) y tortuga siete quillas (Dermochelys coriacea). Estudios<br />

realizados <strong>de</strong>terminaron que la costa <strong>de</strong> Uruguay representa para estas tres especies un hábitat <strong>de</strong> alimentación<br />

y crecimiento y/o corredor migratorio (López-Mendilaharsu et al. 2006).<br />

Bajos <strong>de</strong>l Solís es una zona pesquera ubicada en el litoral este <strong>de</strong> Uruguay, don<strong>de</strong> operan embarcaciones<br />

artesanales <strong>de</strong> varios puertos <strong>de</strong> la costa. Estudios previos <strong>de</strong>terminaron que es un área <strong>de</strong> alta ocurrencia<br />

<strong>de</strong> tortuga ver<strong>de</strong> y consecuentemente <strong>de</strong> numerosas capturas inci<strong>de</strong>ntales por la pesca artesanal. También<br />

se <strong>de</strong>terminó que la mayoría <strong>de</strong> las capturas inci<strong>de</strong>ntales suce<strong>de</strong>n en verano y a menos <strong>de</strong> 2 km <strong>de</strong> la costa<br />

(Lezama et al. 2004; Lezama 2009).<br />

A partir <strong>de</strong>l año 2008 la Dirección Nacional <strong>de</strong> Recursos Acuáticos (DINARA) <strong>de</strong> Uruguay prohíbe a la<br />

pesquería artesanal, durante los meses <strong>de</strong> noviembre a abril, calar su arte a menos <strong>de</strong> 300 m <strong>de</strong> la costa para<br />

proteger especies <strong>de</strong> interés comercial en sus ambientes <strong>de</strong> cría y <strong>de</strong>sove.<br />

Esta restricción podría resultar una buena medida <strong>de</strong> protección para las poblaciones <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

presentes en la zona, ya que la prohibición suce<strong>de</strong> en período y la franja espacial en la que se capturan la<br />

mayoría <strong>de</strong> las tortugas. Se esperaría encontrar en este estudio, llevado a cabo luego <strong>de</strong> implementada la veda,<br />

una menor captura <strong>de</strong> tortugas que en estudios anteriores para la zona.<br />

Los objetivos fueron analizar la variabilidad estacional y espacial <strong>de</strong> las capturas inci<strong>de</strong>ntales <strong>de</strong> tortugas<br />

marinas en los Bajos <strong>de</strong>l Solís y <strong>de</strong>terminar si la veda logra <strong>de</strong> manera colateral una disminución en las capturas<br />

inci<strong>de</strong>ntales <strong>de</strong> tortugas en la zona.<br />

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Metodología<br />

El estudio se llevó a cabo en la franja costera comprendida entre las localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> San Luis (34º46’47”S;<br />

55º34’51”O) y Piriápolis (34º54’09”S; 55º14’13”O), región conocida como Bajos <strong>de</strong>l Solís.<br />

Entre noviembre <strong>de</strong> 2009 y noviembre <strong>de</strong> 2010 observadores calificados monitorearon 139 eventos <strong>de</strong><br />

pesca mediante observaciones directas a bordo <strong>de</strong> embarcaciones <strong>de</strong> pesca artesanal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> los puertos <strong>de</strong><br />

Araminda, Playa Ver<strong>de</strong>, Playa Hermosa y Piriápolis. Para los análisis, <strong>de</strong>bido a su proximidad espacial, los<br />

puertos <strong>de</strong> Playa Hermosa y Playa Ver<strong>de</strong> fueron agrupados en un sólo puerto <strong>de</strong>nominado para este estudio<br />

PHPV.<br />

En cada evento se registraron: número, especie y posición <strong>de</strong> tortugas marinas capturadas. Adicionalmente<br />

se registraron variables relacionadas al esfuerzo pesquero: tamaño <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s utilizadas, tiempo <strong>de</strong> reposo y la<br />

localización geográfica <strong>de</strong> cada evento <strong>de</strong> pesca (con GPS).<br />

Para cada evento <strong>de</strong> pesca se calculó la captura <strong>de</strong> tortugas por unidad <strong>de</strong> esfuerzo (CPUE), como el<br />

número <strong>de</strong> capturas sobre la superficie <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s caladas (m 2 ) y el número <strong>de</strong> horas que las mismas estuvieron<br />

caladas.<br />

Para indagar la variación estacional <strong>de</strong> la CPUE se realizó la prueba no paramétrica <strong>de</strong> Kruskal-Wallis<br />

(Sokal y Rohlf 1979), ya que la variable no cumplió con los supuestos <strong>de</strong> normalidad y homogeneidad <strong>de</strong> varianzas.<br />

Para analizar la distribución espacial <strong>de</strong> los eventos <strong>de</strong> pesca monitoreados, se mapearon con el software<br />

gvSIG 1.11.0. De esta manera se i<strong>de</strong>ntificaron áreas pesqueras <strong>de</strong> alta interacción con tortugas. También<br />

mediante la prueba no paramétrica <strong>de</strong> Kruskal-Wallis se analizaron las diferencias <strong>de</strong> capturas entre localida<strong>de</strong>s.<br />

Para averiguar la efectividad <strong>de</strong> la veda en la reducción <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas, se<br />

compararon los resultados <strong>de</strong> este estudio (posterior a la veda espacio temporal impuesta por el MGAP en el<br />

2008) con un estudio realizado en la misma zona 3 años antes <strong>de</strong> la restricción. Para ello se utilizó la prueba no<br />

paramétrica U <strong>de</strong> Mann-Whitney para dos muestras (Sokal y Rohlf 1979) comparando la CPUE <strong>de</strong>l período <strong>de</strong><br />

veda 2009-10 con el mismo período en el 2004-05.<br />

Resultados y Discusión<br />

Durante el período <strong>de</strong> estudio se capturaron 67 tortugas, 66 Chelonia mydas y 1 Dermochelys coriacea.<br />

La CPUE promedio anual fue <strong>de</strong> 0,18 tortugas/1000m 2 /hora, siendo ésta un or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> magnitud mayor a la<br />

obtenida por Lezama (2009) <strong>de</strong> 0,013 tortugas/1000m 2 /hora para la misma zona. La diferencia en las capturas<br />

entre estos estudios fue significativa (U = 10671,0; Z = -3,3; P = 0,0009).<br />

Las capturas inci<strong>de</strong>ntales tuvieron una evi<strong>de</strong>nte variación estacional observándose 36 capturas en<br />

otoño, 23 en verano, 6 en primavera y 1 en invierno (Tabla 1). El verano fue la estación que presentó mayor<br />

CPUE (0,442 tortugas/1000m 2 /hora), seguido por el otoño, primavera y por último el invierno (Tabla 1), siendo la<br />

diferencia entre estas significativa (H = 17,8; P = 0,0005). Esto coinci<strong>de</strong> con lo encontrado por Lezama (2009)<br />

para el período 2004-05, quien también obtuvo la mayor CPUE en verano <strong>de</strong> 0,034 tortugas/1000m 2 /hora.<br />

La estación con mayor CPUE no correspondió con la estación <strong>de</strong> mayor número <strong>de</strong> tortugas capturadas<br />

(Tabla 1). Esto se <strong>de</strong>be a que la estación con más capturas (Otoño) presentó embarques <strong>de</strong> mayor esfuerzo<br />

pesquero (más duración y más re<strong>de</strong>s caladas) lo que disminuyó el valor <strong>de</strong> la CPUE.<br />

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Tabla 1. CPUE <strong>de</strong> tortugas marinas por estación y por localidad muestreada. P= Primavera, V= Verano, I=<br />

Invierno, O= Otoño, N= Número <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> pesca, T= Número <strong>de</strong> tortugas.<br />

En cuanto a la variación <strong>de</strong> capturas por puerto, PHPV fue el que obtuvo la mayor CPUE (0,256<br />

tortugas/1000m 2 /hora) seguido por Araminda (0,032 tortugas/1000m 2 /hora) y por último Piriápolis con una CPUE<br />

<strong>de</strong> 0,01 tortugas/1000m 2 /hora (Tabla 1). Entre PHPV y los otros dos puertos existe un or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> magnitud <strong>de</strong><br />

diferencia. Esto se <strong>de</strong>be a que durante el período <strong>de</strong> veda los pescadores <strong>de</strong> PHPV no respetaron la restricción<br />

y esto elevó mucho las capturas.<br />

En relación con la variación espacial <strong>de</strong> las capturas se corroboró lo registrado por Lezama (2009): todas<br />

las capturas ocurrieron en aguas someras tratándose <strong>de</strong> zonas insulares y rocosas (Fig. 1).<br />

Figura 1. Mapa <strong>de</strong>l área <strong>de</strong> estudio con los puntos <strong>de</strong> muestreo y <strong>de</strong> captura <strong>de</strong> tortugas marinas.<br />

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Con respecto a la efectividad <strong>de</strong> la veda, la CPUE para el período <strong>de</strong> noviembre a abril <strong>de</strong>l 2010 presentó<br />

diferencias sumamente significativas con las obtenidas por Lezama (2009) (U = 10671,0; Z = -3,3; P = 0,0009),<br />

siendo mayor la CPUE obtenida en este estudio, posterior a la imposición <strong>de</strong> la veda. Esto se podría <strong>de</strong>ber a<br />

que la <strong>de</strong>nsidad <strong>de</strong> tortugas frecuentando nuestras costas durante el 2010 fue notablemente mayor que años<br />

anteriores capturándose, a pesar <strong>de</strong> la veda, más tortugas sin mayor esfuerzo.<br />

De este estudio se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> la importancia <strong>de</strong> que junto a la imposición <strong>de</strong> una veda venga aparejada la<br />

fiscalización <strong>de</strong> la misma. De lo contrario, esta medida <strong>de</strong> conservación, sería ineficaz para las tortugas marinas.<br />

De ser llevada a cabo <strong>de</strong> una manera responsable tendría un impacto positivo en las poblaciones o comunida<strong>de</strong>s<br />

a proteger.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a la NOAA y a la Universidad Duke por el apoyo financiero.<br />

Referencias Bibliográfícas<br />

IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.1. . Downloa<strong>de</strong>d on 15<br />

Jul 2011.<br />

Lezama, C. 2009. Impacto <strong>de</strong> la pesquería artesanal sobre tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) en las costas <strong>de</strong>l Río<br />

<strong>de</strong> la Plata exterior. Tesis <strong>de</strong> Maestría <strong>de</strong>l Programa <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> las Ciencias Básicas (PEDECIBA), Área<br />

Biología- Subárea Zoología. Facultad <strong>de</strong> Ciencias, Universidad <strong>de</strong> la República.<br />

Lezama, C., P. Miller, y A. Fallabrino, 2004. Inci<strong>de</strong>ntal capture of sea turtles by the artisanal fishery fleet of<br />

Uruguay. Página 61 in Abstracts of the 4 th World Fisheries Congress. Vancouver, B.C., Canada.<br />

López-Mendilaharsu, M., A. Estra<strong>de</strong>s, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernan<strong>de</strong>z, y V. Quirici. 2006. Biología,<br />

ecología y etología <strong>de</strong> las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 in Menafra, R.,<br />

L. Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Con<strong>de</strong> (Eds.). Bases para la conservación y el manejo <strong>de</strong> la costa<br />

uruguaya, Vida Silvestre, Uruguay.<br />

Oravetz, C.A. 2000. Reducción <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal en pesquerías. Páginas 217-221 in Eckert, K.L., K.A.<br />

Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, y M. Donnelly (Eds). Técnicas <strong>de</strong> investigación y manejo para la conservación <strong>de</strong><br />

las tortugas marinas, Grupo Especialista en Tortugas Marinas UICN/CSE Publicación No 4.<br />

Sokal, R.R., y F.J. Rohlf. 1979. Biometría. Principios y métodos estadísticos en la investigación biológica. H.<br />

Blume Ediciones, Madrid, España.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MÉDIA ESCALA DO<br />

LITORAL SUL DO BRASIL<br />

Karine M. Steigle<strong>de</strong>r 1 , Ênio Lupchinski-Jr, 2 , e Renato A. M. Silvano 3<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos – CECLIMAR Av. Tramandaí, 976. CEP 95625-000<br />

Imbé, RS, Brasil. (karinestei@gmail.com).<br />

2<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – UERGS, Av. Mostar<strong>de</strong>iro, 3635,<br />

CEP: 95595-000 Cidreira, RS, Brasil (lupi0@yahoo.com.br).<br />

3<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – UFRGS Departamento <strong>de</strong> Ecologia. CP 15007, CEP 91501-970<br />

Porto Alegre, RS, Brasil (00132878@ufrgs.br).<br />

Palavras-chave: Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, etnoecologia, mitigação, <strong>conservação</strong>.<br />

Introdução<br />

O Litoral Norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul apresenta cinco das sete espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

existentes no mundo - Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Lepidochelys olivacea e<br />

Eretmochelys imbricata (Pinedo et al. 1996; Monteiro 2004). Sendo que, todas essas cinco espécies encontramse<br />

na Lista Vermelha <strong>de</strong> Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature). A região<br />

é consi<strong>de</strong>rada uma das áreas <strong>de</strong> maior potencial pesqueiro da costa brasileira (Haimovici et al. 1996). A pesca<br />

atuante na região é classificada como pesca costeira <strong>de</strong> média escala, em função do tamanho e capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenagem das embarcações (Moreno et al. 2009). Cerca <strong>de</strong> 94% da frota comercial da pesca costeira<br />

<strong>de</strong> média escala do litoral norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, encontra-se nos municípios <strong>de</strong> Torres/Passo <strong>de</strong> Torres<br />

(29º19’S; 049º43’W) – divisa entre os Estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />

A captura inci<strong>de</strong>ntal em artes <strong>de</strong> pesca, bem como o emalhe em petrechos <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>scartados e/ou<br />

perdidos a <strong>de</strong>riva no oceano, são citadas como algumas das principais causas da morte <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

em todo o mundo (Delcroix 2003; Eckert et al. 2000; Marcovaldi et al. 2010). Entretanto, informações <strong>de</strong>talhadas<br />

existentes sobre a captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> na pesca da região são escassas, pois a maioria das ativida<strong>de</strong>s<br />

pesqueiras não apresenta registros sobre captura inci<strong>de</strong>ntal (Bahia e Bondioli 2007). Essa informação po<strong>de</strong><br />

ser obtida por meio <strong>de</strong> observadores a bordo das embarcações ou através da realização <strong>de</strong> entrevistas com os<br />

pescadores, a fim <strong>de</strong> conhecer as espécies que interagem com as ativida<strong>de</strong>s pesqueiras, valorizando também o<br />

conhecimento ecológico local (Berkes 1999).<br />

Esta intensa ativida<strong>de</strong> pesqueira somada à importância da região como área <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

alimentação para as <strong>tartarugas</strong> marinhas possibilita a ocorrência <strong>de</strong> interação entre as artes <strong>de</strong> pesca e as<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas (Bugoni et al. 2001; Monteiro 2004).<br />

O presente trabalho objetiva verificar os padrões espaciais e temporais <strong>de</strong> ocorrência das capturas<br />

inci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas pela pesca costeira <strong>de</strong> média escala do sul do Brasil.<br />

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Material e Métodos<br />

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os pescadores que atuam na pesca costeira <strong>de</strong><br />

média escala dos municípios <strong>de</strong> Torres e Passo <strong>de</strong> Torres. As entrevistas foram elaboradas em parceira com<br />

o Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, sendo estas<br />

realizadas nos meses <strong>de</strong> julho e setembro <strong>de</strong> 2010 e janeiro e abril <strong>de</strong> 2011. Os pescadores foram abordados ao<br />

acaso ou por meio <strong>de</strong> indicações. Para verificação <strong>de</strong> qual categoria <strong>de</strong> resposta foi citada com maior frequência<br />

utilizou-se teste <strong>de</strong> Qui-Quadrado.<br />

Para correlacionar zonas <strong>de</strong> pesca e zonas <strong>de</strong> captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, foi utilizado correlação<br />

paramétrica <strong>de</strong> Pearson baseado nas isóbatas <strong>de</strong> maior esforço e maior ocorrência. Utilizamos a correlação<br />

paramétrica <strong>de</strong> Pearson, já que os dados apresentaram-se normais. Os testes estatísticos foram realizados com<br />

o programa BioEstat versão 5.0 (Ayres e Ayres-Jr. 2007).<br />

Resultados e Discussão<br />

As entrevistas foram realizadas com 20 pescadores, totalizando um registro para 19 embarcações,<br />

sendo que apenas uma operava com espinhel <strong>de</strong> fundo, as <strong>de</strong>mais utilizavam variados tipos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe.<br />

De acordo com os entrevistados, a frota <strong>de</strong> Torres/Passo <strong>de</strong> Torres possuía uma média <strong>de</strong> 22 embarcações<br />

ativas que trabalhavam com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emalhe, tanto <strong>de</strong> fundo como <strong>de</strong> superfície, e aproximadamente quatro<br />

embarcações que utilizavam espinhel.<br />

Em 90% das entrevistas, os pescadores afirmaram capturar <strong>tartarugas</strong> marinhas, sendo o verão relatado<br />

por 100% dos entrevistados como a época do ano em que mais ocorrem essas capturas. A maioria dos pescadores<br />

(89%) afirmou ser maior o número <strong>de</strong> capturas da espécie C. mydas, mostrando assim, que a captura inci<strong>de</strong>ntal<br />

é mais atuante na população <strong>de</strong>sta espécie. Já a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captura das <strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas foi mais reduzida (Fig. 1), não apresentando diferença estatística significativa entre elas (χ 2 = 4,353; P<br />

= 0,1134)<br />

.<br />

Figura 1. Espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas capturadas inci<strong>de</strong>ntalmente na pesca costeira <strong>de</strong> média escala do Sul<br />

do Brasil, segundo os pescadores entrevistados (n = 20).<br />

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A zona que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tramandaí até a barra <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong> apresentou uma elevada sobreposição<br />

quanto à área <strong>de</strong> atuação pesqueira e à área <strong>de</strong> maior captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas. Ainda segundo<br />

a maioria dos entrevistados, a zona <strong>de</strong> 20 a 30 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> é a que apresenta o maior número <strong>de</strong><br />

capturas inci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, sendo também, umas das duas profundida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> se concentra<br />

gran<strong>de</strong> parte do esforço pesqueiro.<br />

Assim observou-se uma correlação positiva e significativa entre a profundida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se concentram as<br />

pescarias e a profundida<strong>de</strong> em que ocorre o maior número das capturas <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> (r = 0,7547 e P = 0,0304).<br />

O elevado potencial <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal apresentado pela frota pesqueira estudada, aliado à importância da<br />

região sul do Brasil para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, propicia a busca <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> maiores<br />

concentrações <strong>de</strong>stas espécies por meio <strong>de</strong> um monitoramento contínuo das embarcações e do estabelecimento<br />

<strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> marcação e recaptura.<br />

Entre as pescarias que mais capturam <strong>tartarugas</strong> marinhas a pesca do cação (principalmente Sphyrna<br />

sp.) foi a mais representativa, sendo citada por 44% dos entrevistados (Fig. 2). Segundo os pescadores esta<br />

pescaria captura todas as três espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> que mais interagem com a pesca (C. mydas, C. caretta<br />

e D. coriacea), em igual proporção. O elevado potencial <strong>de</strong> captura <strong>de</strong>sta arte <strong>de</strong> pesca está vinculado às<br />

características do petrecho utilizado – re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> fundo e meia-água, com malhas que variam <strong>de</strong> 18 a 20<br />

cm entre nós opostos. Por apresentar uma amplitu<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> entre nós opostos, esse tipo <strong>de</strong> petrecho favorece o<br />

enredamento <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>, que se pren<strong>de</strong>m às re<strong>de</strong>s pelas nada<strong>de</strong>iras e cabeça. Sendo assim, as embarcações<br />

que trabalham com essa arte <strong>de</strong> pesca são as mais indicadas para futuros trabalhos <strong>de</strong> monitoramento pesqueiro.<br />

Figura 2. Pescarias que mais capturam inci<strong>de</strong>ntalmente <strong>tartarugas</strong> marinhas no sul do Brasil, segundo os<br />

pescadores entrevistados (n = 20). (Foram utilizados os nomes populares das espécies <strong>de</strong> pescado citados<br />

pelos pescadores).<br />

As informações obtidas com o presente estudo serão apresentadas à colônia <strong>de</strong> pescadores <strong>de</strong> Passo<br />

<strong>de</strong> Torres. Com a participação dos pescadores e <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> envolvida na ativida<strong>de</strong> pesqueira, esperase<br />

uma sensibilização maior dos atores envolvidos no sentido <strong>de</strong> encontrar meios a reduzir a captura inci<strong>de</strong>ntal<br />

das <strong>tartarugas</strong> marinhas, somada à melhoria das condições <strong>de</strong> captura da ativida<strong>de</strong> em questão.<br />

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Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos pescadores que <strong>de</strong>dicaram parte <strong>de</strong> seu tempo a participar <strong>de</strong>ste trabalho e ao NEMA<br />

pela ajuda na elaboração da entrevista. R.A.M. Silvano agra<strong>de</strong>ce ao CNPq por bolsa <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em<br />

<strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Ayres, M., e M. Ayres-Jr. 2007. BioEstat, aplicações estatísticas nas áreas das ciências bio-médicas. Belém,<br />

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inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na pesca na região <strong>de</strong> Cananéia, São Paulo, Páginas 43-44 in 3º Jornadas <strong>de</strong><br />

Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal, Piriápolis.<br />

Berkes, F. 1999. Sacred Ecology: Traditional ecological knowledge and resource management. Phila<strong>de</strong>lphia:<br />

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Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine <strong>de</strong>bris and human impacts on sea turtles in southern Brazil.<br />

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Delcroix, E. 2003. Etu<strong>de</strong> <strong>de</strong>s captures acci<strong>de</strong>ntelles <strong>de</strong> tortues marines par la pêche maritime dans les eaux <strong>de</strong><br />

l’archipel gua<strong>de</strong>loupéen. Maîtrise <strong>de</strong>s Sciences et Techniques Aménagement et Environnement à Metz. Tuteur<br />

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Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). 2000. Técnicas <strong>de</strong> Investigación y Manejo<br />

para la Conservación <strong>de</strong> las Tortugas Marinas. Grupo Especialista en Tortugas Marinas UICN/CSE Publicación<br />

No. 4.<br />

Haimovici, M., A.S. Martins, e P. C. Vieira. 1996. Distribuição e abundância <strong>de</strong> peixes teleósteos <strong>de</strong>mersais sobre<br />

a plataforma continental do sul do Brasil. Revista Brasileira <strong>de</strong> Biologia 56:27-50.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2010. Red list of threatened species. Disponível em: www.<br />

iucnredlist.<strong>org</strong>. Acessado em: 18/10/2010.<br />

Marcovaldi, M.A., G.G. Marcovaldi, G.G. Lopez, J.C.A. Thome, A.C.C D. Silva, C. Bellini, E.P. Lima, B. Gallo, J.<br />

Wan<strong>de</strong>rlin<strong>de</strong>, E.H.S.M. Lima, G. Sales, F.N. Fiedler, e B.B. Giffoni. 2010. Projeto TAMAR/ICMBIO - Programa<br />

interação <strong>tartarugas</strong> marinhas e pesca, base metodológica e situação atual. Páginas 267-278 in Resumos do 3º<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Monteiro, D. S. 2004. Encalhe e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Bacharelado, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Moreno, I. B., M. Tavares, D. Danilewicz, P.H. Ott, e R. Machado. 2009. Descrição da pesca costeira <strong>de</strong> média<br />

escala no litoral norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul: comunida<strong>de</strong>s pesqueiras <strong>de</strong> Imbé/Tramandaí e Passo <strong>de</strong> Torres/<br />

Torres. Boletim do Instituto <strong>de</strong> Pesca 35:129-140.<br />

Pinedo, M.C., R.R. A.S. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andra<strong>de</strong>. 1996. Occurrence and feeding of sea turtles in<br />

southern Brazil. Página 51 in Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS TARTARUGAS<br />

MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS<br />

Karine M. Steigle<strong>de</strong>r 1 , Ênio Lupchinski Jr. 2 , e Renato A.M. Silvano 3<br />

1<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos – CECLIMAR Av. Tramandaí, 976. CEP 95625-000<br />

Imbé, RS, Brasil. (karinestei@gmail.com).<br />

2<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – UERGS, Av. Mostar<strong>de</strong>iro, 3635.<br />

CEP 95595-000 Cidreira, RS, Brasil (lupi0@yahoo.com.br).<br />

3<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul – UFRGS, Departamento <strong>de</strong> Ecologia. CP 15007. CEP 91501-970<br />

Porto Alegre, RS, Brasil (00132878@ufrgs.br).<br />

Palavras-chave: conhecimento ecológico local, etnoecologia, captura inci<strong>de</strong>ntal, <strong>conservação</strong>.<br />

Introdução<br />

A região sul do Brasil é uma importante área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento para <strong>tartarugas</strong> marinhas,<br />

como juvenis <strong>de</strong> Chelonia mydas, e juvenis e sub-adultos <strong>de</strong> Caretta caretta e <strong>de</strong> Dermochelys coriacea.<br />

Ocorrem também encalhes ocasionais das <strong>tartarugas</strong> Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata nas praias<br />

do litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (Monteiro 2004; Pinedo et al. 1996). A distribuição natural das cinco espécies<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas citadas inclui a costa do Uruguai e da Argentina, abrangendo toda área do Atlântico<br />

Sul Oci<strong>de</strong>ntal (ASO). Estas espécies encontram-se presentes na Lista Vermelha <strong>de</strong> Espécies Ameaçadas da<br />

IUCN (International Union for Conservation of Nature), sendo L. olivacea classificada como vulnerável (VU); C.<br />

caretta e C. mydas classificadas como em perigo (EN); D. coriacea e E. imbricata estando classificadas como<br />

criticamente em perigo (CR).<br />

Existem registros <strong>de</strong> que a interação entre os homens e as <strong>tartarugas</strong> marinhas ocorre há mais <strong>de</strong> 7.000<br />

anos (León et al. 2007). As comunida<strong>de</strong>s humanas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da extração direta <strong>de</strong> recursos naturais<br />

normalmente apresentam um conhecimento <strong>de</strong>talhado sobre o ambiente em que vivem (Berkes 1999).<br />

O conhecimento prático dos pescadores sobre as ativida<strong>de</strong>s do cotidiano, como classificação dos animais,<br />

ecologia e comportamento das espécies com as quais interagem durante a ativida<strong>de</strong> pesqueira, são transmitidos<br />

entre sucessivas gerações (Bahia e Bondioli 2007; Ribeiro 2008). Tal conjunto <strong>de</strong> informações é <strong>de</strong>finido como<br />

conhecimento tradicional ou conhecimento ecológico local, sendo estudado pela etnoecologia (Berkes 1999).<br />

O presente estudo objetiva avaliar a percepção dos pescadores quanto às diferentes espécies <strong>de</strong><br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem na região sul do Brasil, bem como os principais conflitos existentes entre os<br />

pescadores e as <strong>tartarugas</strong>.<br />

Material e Métodos<br />

O estudo foi <strong>de</strong>senvolvido nos municípios <strong>de</strong> Torres e Passo <strong>de</strong> Torres (29º19’S, 49º43’W) – divisa entre<br />

os Estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e <strong>de</strong> Santa Catarina. A comunida<strong>de</strong> pesqueira <strong>de</strong>stes municípios situa-se às<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

margens do Rio Mampituba, o qual divi<strong>de</strong> os Estados <strong>de</strong> Santa Catarina e do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e <strong>de</strong>ságua no<br />

Oceano Atlântico, formando um canal <strong>de</strong> acesso por on<strong>de</strong> entram e saem as embarcações.<br />

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas elaboradas em parceira com o Núcleo <strong>de</strong> Educação e<br />

Monitoramento Ambiental (NEMA) do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, durante os meses <strong>de</strong> julho e setembro <strong>de</strong><br />

2010 e janeiro e abril <strong>de</strong> 2011. Os pescadores foram abordados ao acaso ou por meio <strong>de</strong> indicações.<br />

A i<strong>de</strong>ntificação das espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem na região <strong>de</strong> estudo e que interagem<br />

com a pesca local foi realizada por meio <strong>de</strong> fotografias apresentadas aos entrevistados, visando estabelecer uma<br />

relação entre o nome popular e a espécie científica.<br />

Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado para verificação <strong>de</strong> qual categoria <strong>de</strong> resposta foi citada com maior<br />

frequencia. Os testes estatísticos foram realizados com o programa BioEstat versão 5.0 (Ayres e Ayres-Jr. 2007).<br />

Resultados e Discussão<br />

Ao todo foram realizadas 20 entrevistas. A ida<strong>de</strong> dos entrevistados variou <strong>de</strong> 23 a 49 anos, sendo em<br />

média 36 anos (dp = 8 anos) e o tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>stes à ativida<strong>de</strong> pesqueira correspon<strong>de</strong>u a uma média<br />

<strong>de</strong> 20 anos (dp = 9 anos).<br />

De acordo com 50% dos pescadores entrevistados, são três as espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que<br />

ocorrem no Sul do Brasil. As três espécies reconhecidas com maior frequência pelos pescadores foram Chelonia<br />

mydas (70%), Dermochelys coriacea (65%) e Caretta caretta (50%), não havendo diferença significativa entre a<br />

frequência <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>ssas respostas (χ 2 = 0,703; P = 0,7037) (Fig. 1). Já as espécies Lepidochelys olivacea<br />

e Eretmochelys imbricata foram i<strong>de</strong>ntificadas cada uma por apenas um entrevistado (Fig. 1). O baixo número<br />

<strong>de</strong> pescadores que i<strong>de</strong>ntificaram L. olivacea e E. imbricata provavelmente está relacionado à baixa frequência<br />

<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>stas espécies no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, visto que estas espécies possuem hábitos mais<br />

tropicais (Pinedo et al. 1996).<br />

Figura 1. Espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas reconhecidas pelos pescadores <strong>de</strong> Torres – RS/Passo <strong>de</strong> Torres – SC<br />

(n = 20 entrevistados).<br />

Os pescadores entrevistados i<strong>de</strong>ntificaram as espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas por diferentes nomes<br />

populares, sendo C. mydas i<strong>de</strong>ntificada como tartaruga ver<strong>de</strong>, pretinha ou pequena; C. caretta como tartaruga <strong>de</strong><br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

casco amarelo, amarela ou manteiga; D. coriacea como tartaruga preta, gigante, três quilhas ou caixão; L. olivacea<br />

foi i<strong>de</strong>ntificada como tartaruga ver<strong>de</strong> escura ou pequena e E. imbricata como tartaruga <strong>de</strong> pente ou pequena.<br />

Devido à gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> nomes populares e por vezes à similarida<strong>de</strong> nos nomes dados pelos pescadores às<br />

diferentes espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>, a apresentação <strong>de</strong> fotos das espécies mostrou-se uma ferramenta <strong>de</strong> extrema<br />

importância para a precisa i<strong>de</strong>ntificação das espécies estudadas.<br />

Na visão <strong>de</strong> 40% dos pescadores entrevistados uma das principais ameaças que po<strong>de</strong>m estar afetando<br />

as populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas é a interação que ocorre entre a pesca e estes animais (Fig. 2). Fato<br />

curioso, que <strong>de</strong>monstra a confiança que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>positada nas respostas fornecidas pelos entrevistados, já<br />

que eles próprios assumiram que a captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> é intensa a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estar pondo em risco a<br />

estabilida<strong>de</strong> populacional <strong>de</strong>stas espécies. Entre as respostas fornecidas pelos pescadores também apareceram<br />

o aumento do tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e da frota pesqueira (também relacionados ao impacto da pesca), além dos<br />

resíduos sólidos que po<strong>de</strong>m ser encontrados à <strong>de</strong>riva (Fig. 2).<br />

Figura 2. Principais ameaças que afetam as populações <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, na visão dos pescadores<br />

entrevistados (n = 20 entrevistas).<br />

A utilização <strong>de</strong> barcos <strong>de</strong> arrasto, mesmo aparecendo com frequência reduzida (15%) (Fig. 2), foi<br />

comentada por alguns pescadores (n = 3) como sendo prejudicial a todas as espécies que ocorrem na região<br />

sul, isso por que segundo os entrevistados esta pescaria não seleciona a espécie-alvo <strong>de</strong> captura. De acordo<br />

com os pescadores entrevistados, o arrasto é responsável pela diminuição na quantia e no tamanho do pescado<br />

encontrado no mar.<br />

Dos 20 pescadores entrevistados 65% sabiam da ameaça <strong>de</strong> extinção que sofrem as <strong>tartarugas</strong>.<br />

Muitos dos pescadores que não sabiam da ameaça <strong>de</strong> extinção a que estes animais estão sujeitos afirmaram<br />

que observam muitas <strong>tartarugas</strong> marinhas no mar. De fato, segundo Hahn et al. (2007), nos últimos anos tem<br />

se verificado um aumento populacional para algumas espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, como no caso da L.<br />

olivacea, para a área do ASO. Porém, como L. olivacea não é uma espécie frequentemente observada pelos<br />

pescadores entrevistados (Fig. 1), esse número elevado <strong>de</strong> indivíduos por eles relatados po<strong>de</strong> estar vinculado<br />

às <strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem na região <strong>de</strong> estudo. Como não foram encontrados<br />

estudos a respeito, sugere-se que se elaborem estudos mais aprofundados com relação ao estoque populacional<br />

<strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas da região sul do Brasil.<br />

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Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos pescadores que <strong>de</strong>dicaram parte <strong>de</strong> seu tempo a participar <strong>de</strong>ste trabalho e ao NEMA<br />

pela ajuda na elaboração da entrevista. R.A.M. Silvano agra<strong>de</strong>ce ao CNPq por bolsa <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em<br />

<strong>pesquisa</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Ayres, M., e M. Ayres-Jr. 2007. BioEstat, aplicações estatísticas nas áreas das ciências Bio-médicas. Belém.<br />

Bahia, N.C.F., e A.C.V. Bondioli. 2007. Utilização <strong>de</strong> pranchas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação no levantamento da captura<br />

inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na pesca na região <strong>de</strong> Cananéia, São Paulo, in 3º Jornadas <strong>de</strong> Conservación<br />

e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal, Piriápolis.<br />

Berkes, F. 1999. Sacred ecology: traditional ecological knowledge and resource management. Phila<strong>de</strong>lphia:<br />

Taylor & Francis.<br />

Hahn, A.T., L. Soares, e S.L. Bonatto. 2007. Variabilida<strong>de</strong> genética da tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) no<br />

Brasil através <strong>de</strong> marcadores microssatélites: dados preliminares, in 3º Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación<br />

<strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal, Piriápolis.<br />

International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2010. Red list of threatened species. Disponível em: www.<br />

iucnredlist.<strong>org</strong>. Acessado em: 18/10/2010.<br />

León, V., E. Villarmarzo, e A. Estra<strong>de</strong>s. 2007. Tortugas y humanos en la prehistoria uruguaya: evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong><br />

interacción en el sitio costero la Esmeralda, in 3º Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas<br />

en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal, Piriápolis.<br />

Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas com a pesca no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Dissertação <strong>de</strong> Bacharelado, FURG, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Pinedo, M.C., R.R. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andra<strong>de</strong>. 1996. Occurrence and feeding of sea turtles in southern<br />

Brazil. Abstracts of the Symposium on Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA.<br />

Ribeiro, A.R. 2008. Comparação entre o conhecimento ecológico local dos pescadores e o conhecimento<br />

científico sobre comportamento reprodutivo dos peixes tucunaré (Cichla spp.) e acaratinga (Geophagus spp.) no<br />

Baixo Rio Tocantins, Amazônia Brasileira. Dissertação <strong>de</strong> Bacharelado, UFRGS, Porto Alegre.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Acões <strong>de</strong> difusão dos anzóis circulares como medida mitigadora na frota<br />

espinheleira <strong>de</strong> Itaipava/ES<br />

Nilamon <strong>de</strong> O. L. Júnior 1 , Guilherme D. do Carmo 2 , Bruno <strong>de</strong> B. Giffoni 3 , Fernando N. Fiedler 4 , e Gilberto<br />

Sales 5<br />

1<br />

Centro Tamar-ICMBio, Av. Paulino Muller 1111, Jucutuquara, Vitória-ES, 29040-715.<br />

(nilamon@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

2<br />

(dilly.guilherme@gmail.com).<br />

3<br />

(bruno@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

4<br />

(fnfiedler@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

5<br />

(gilsales@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

Palavras-chave: Projeto Tamar, <strong>tartarugas</strong> marinhas, captura inci<strong>de</strong>ntal, Brasil.<br />

Introdução<br />

A modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong> linha praticada com a utilização <strong>de</strong> espinhéis é responsável por gran<strong>de</strong><br />

parte das capturas inci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em todos os oceanos do mundo. O impacto <strong>de</strong>stas<br />

capturas ainda é pouco dimensionado, pois boa parte das <strong>tartarugas</strong> capturadas é <strong>de</strong>volvida ao mar ainda<br />

com vida pelos pescadores e a taxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong>stes indivíduos após a soltura é <strong>de</strong>sconhecida.<br />

A preocupação a respeito dos impactos ambientais e econômicos causados por essa captura inci<strong>de</strong>ntal<br />

tem levado tanto <strong>pesquisa</strong>dores como representantes do setor pesqueiro a buscar alternativas <strong>de</strong><br />

mitigação. Entre as diversas medidas propostas, a utilização <strong>de</strong> anzóis circulares se <strong>de</strong>staca como uma<br />

das principais. No Brasil, o Projeto Tamar conduziu um experimento <strong>de</strong> teste com anzóis circulares 18/0 10°<br />

offset, com resultados positivos em relação à diminuição das capturas inci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas e<br />

pouca interferência na captura das espécies-alvo (Sales et al. 2010).<br />

No estado do Espírito Santo, a pesca <strong>de</strong> dourado (Coryphaena hippurus), atuns (Thunnus spp.) e afins,<br />

com a utilização <strong>de</strong> espinheis é praticada principalmente pela frota da localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itaipava, município <strong>de</strong><br />

Itapemirim, região sul do estado.<br />

Este trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> relatar a ação <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> algumas medidas mitigadoras recomendadas<br />

para as <strong>tartarugas</strong> marinhas junto à frota <strong>de</strong> Itaipava e uma avaliação posterior dos resultados obtidos nesta ação.<br />

Metodologia<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> 2011, o Projeto Tamar realizou um evento <strong>de</strong> difusão dos anzóis circulares 18/0 10°<br />

offset no porto <strong>de</strong> Itaipava/ES. Esse trabalho foi realizado durante dois dias em um estan<strong>de</strong> montado na praia,<br />

em frente ao porto <strong>de</strong> atracação da frota com a exposição <strong>de</strong> cartazes com os resultados dos testes realizados;<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> a bordo (<strong>de</strong>senganchadores <strong>de</strong> anzóis e cortadores <strong>de</strong><br />

linha) e distribuição <strong>de</strong> amostras aos mestres das embarcações.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Ao todo 53 mestres receberam entre 50 e 100 anzóis circulares para equipar seus aparelhos <strong>de</strong> pesca.<br />

Durante esta ação foram negociados 2 embarques <strong>de</strong> observadores <strong>de</strong> bordo, on<strong>de</strong> os mestres receberam<br />

amostras dos anzóis e um kit composto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senganchador <strong>de</strong> anzol e cortador <strong>de</strong> linha.<br />

A partir <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011 foram realizadas diversas visitas à comunida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se buscou as opiniões<br />

dos pescadores a respeito do anzol circular. Foram entrevistados 38 mestres através <strong>de</strong> um questionário dirigido,<br />

com perguntas relacionadas à utilização dos anzóis circulares na frota, tais como se eles receberam as amostras<br />

<strong>de</strong> anzóis distribuídas no evento <strong>de</strong> difusão; se já utilizaram o anzol circular em algum momento e em que tipo<br />

<strong>de</strong> espinhel; qual a opinião sobre esse tipo <strong>de</strong> anzol; qual o tamanho i<strong>de</strong>al este <strong>de</strong>ve ter; se o anzol é eficiente na<br />

captura das espécies-alvo e também para evitar a captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas; se o anzol é encontrado no<br />

mercado para compra e sob que condições; se eles utilizariam o anzol circular e quais as sugestões dos mestres<br />

para tornar viável a utilização dos anzóis na frota linheira.<br />

Durante o questionário foi utilizado o guia <strong>de</strong> anzóis <strong>de</strong>senvolvido pelo Secretariado da Comunida<strong>de</strong> do<br />

Pacífico (SPC 2009) para a consulta dos pescadores sobre os tamanhos <strong>de</strong> anzol mais a<strong>de</strong>quados.<br />

Resultados e Discussão<br />

Dos pescadores entrevistados, 42% (n = 16) receberam amostras do anzol circular na campanha <strong>de</strong><br />

difusão e 82% <strong>de</strong>les (n = 31) disseram já ter utilizado algum tipo <strong>de</strong> anzol circular em algum momento em três<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> espinhel utilizados pela frota (Fig. 1). Quanto ao tipo <strong>de</strong> espinhel on<strong>de</strong> os pescadores já<br />

utilizaram o anzol circular, 30% (n = 12) citaram o espinhel <strong>de</strong> fundo para a pesca principalmente <strong>de</strong> serraní<strong>de</strong>os<br />

e lutjaní<strong>de</strong>os, 27% (n = 11) o <strong>de</strong> dourado e 25% (n = 10) o <strong>de</strong> Meca (Xiphias gladius) (Fig. 1).<br />

Entre os tamanhos <strong>de</strong> anzol circular consi<strong>de</strong>rados mais a<strong>de</strong>quados pelos pescadores, foram citados os<br />

tamanhos entre 11/0 e 15/0, com preferência pelos tamanhos 14/0 citado por 29% (n = 17) dos entrevistados e<br />

12/0 citado por 25% (n = 15) dos entrevistados. O tamanho 15/0 foi citado por 22% (n = 10) dos entrevistados,<br />

seguido do tamanho 13/0 com 17% (n = 10) e do tamanho 11/0 com 7% (n = 4) (Fig. 1). De maneira geral<br />

observou-se que os pescadores que costumam atuar mais com o espinhel <strong>de</strong> Meca preferiram os anzóis <strong>de</strong><br />

tamanho maior (14/0 a 15/0) e os pescadores que atuam mais com os espinheis <strong>de</strong> fundo e <strong>de</strong> dourado os<br />

tamanhos entre 11/0 e 13/0. Quanto à disponibilida<strong>de</strong> dos anzóis circulares no mercado, 57% (n = 21) dos<br />

pescadores dizem que encontram esse tipo <strong>de</strong> anzol para compra e 43% (n = 16) disseram que o anzol não é<br />

facilmente encontrado no mercado (Fig. 2).<br />

Quanto à captura das espécies-alvo, na opinião <strong>de</strong> 63% (n = 24) dos pescadores o anzol circular tem a<br />

mesma eficiência na captura que o anzol J, 18% (n = 7) disseram que o anzol captura mais peixes, 5% (n = 2)<br />

disseram que o anzol captura menos e 14% (n = 5) não conhecem ou nunca usaram o anzol circular (Fig. 2). Foi<br />

observado por vários pescadores que os anzóis circulares são mais a<strong>de</strong>quados a pesca com espinheis <strong>de</strong> meca<br />

e <strong>de</strong> fundo.<br />

Para as <strong>tartarugas</strong>, 45% (n = 17) dos pescadores acham que o anzol circular evita sua captura, 42%<br />

(n = 16) acham que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> capturada é igual com os dois tipos <strong>de</strong> anzol e 13% (n = 5) não<br />

opinaram (Fig. 2). Além disso, alguns pescadores também disseram que com o anzol circular as <strong>tartarugas</strong> são<br />

mais capturadas pelas nada<strong>de</strong>iras. Quando perguntados sobre se utilizariam ou não os anzóis circulares em<br />

seus aparelhos <strong>de</strong> pesca a maioria dos pecadores entrevistados (87%; n = 33) disseram que sim (Fig. 2).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Resposta dos pescadores entrevistados ao questionário quanto a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadores<br />

entrevistados que receberam amostras dos anzóis circulares (1a), a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadores que já<br />

utilizaram o anzol circular em algum momento (1b), em qual aparelho <strong>de</strong> pesca o anzol circular já foi utilizado<br />

(1c) e a opinião sobre o tamanho a<strong>de</strong>quado para o anzol circular na pesca <strong>de</strong> espinhel (1d).<br />

Figura 2. Resposta dos pescadores entrevistados ao questionário quanto a eficiência dos anzóis circulares na<br />

captura das espécies alvo (1a), a eficiência dos anzóis circulares para evitar a captura <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

(1b), a disponibilida<strong>de</strong> do anzol circular no mercado para compra (1c) e o percentual <strong>de</strong> pescadores que usariam<br />

ou não os anzóis circulares (1d).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Os pescadores <strong>de</strong> Itaipava, <strong>de</strong> maneira geral sempre <strong>de</strong>monstraram bastante interesse em utilizar<br />

novas técnicas que possam diminuir a captura inci<strong>de</strong>ntal das <strong>tartarugas</strong> e aves marinhas, pois a presença<br />

<strong>de</strong>stes animais reduz a captura das espécies alvo e po<strong>de</strong> danificar o aparelho <strong>de</strong> pesca. Embora a maioria dos<br />

pescadores entrevistados já conheça e até mesmo já tenha utilizado o anzol circular em seus aparelhos, a frota<br />

linheira continua optando pela utilização do anzol J em seus aparelhos <strong>de</strong> pesca. Talvez por um hábito cultural,<br />

mas que po<strong>de</strong> ser explicado também pela baixa disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anzóis circulares no mercado, pois embora a<br />

maior parte dos pescadores (57%; n = 21) tenha dito encontrar este tipo <strong>de</strong> anzol para compra, muitos citaram<br />

que os anzóis disponíveis são <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong> e tem maior preço.<br />

Em complemento as opiniões positivas sobre o anzol circular, muitos pescadores tiveram restrições<br />

quanto a sua utilização principalmente nos espinheis para a pesca do dourado. Este aparelho <strong>de</strong> pesca utiliza<br />

anzóis J <strong>de</strong> menor tamanho (13 ou 14) muitas vezes com isca viva e os pescadores argumentaram que o anzol<br />

circular dificultaria a iscagem e também a sobrevivência das iscas nestes casos. Como esse tipo <strong>de</strong> espinhel tem<br />

uma operação <strong>de</strong> lançamento muito mais acelerada do que os outros, os pescadores se mostraram reticentes<br />

quanto à utilização <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> anzol que dificultaria a colocação das iscas, reduzindo a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

lançamento, porém, muitos pescadores sugeriram a realização <strong>de</strong> testes com esse tipo <strong>de</strong> anzol nos espinheis<br />

<strong>de</strong> dourado pra tentar a<strong>de</strong>quá-lo ao aparelho.<br />

Devido às características peculiares da frota <strong>de</strong> Itaipava, que opera com mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> espinhel específicos<br />

e diferentes do restante da frota nacional (Stein 2006), é necessária a condução <strong>de</strong> novos testes com esse tipo<br />

<strong>de</strong> medida mitigadora, principalmente no espinhel <strong>de</strong> dourado, on<strong>de</strong> os pescadores relataram maior dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> implantação <strong>de</strong>sta medida.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Sales, G., B.B. Giffoni, F.N. Fiedler, V.G. Azevedo, J.E. Kotas, Y. Swimmer, e L. Bugoni. 2010. Circle hook<br />

effectiveness for the mitigation of sea turtle bycatch and capture of target species in a Brazilian pelagic longline<br />

fishery. Aquatic Conservation, Marine and Freshwater Ecosystems 20:428-436.<br />

Secretariat of the Pacific Community, 2009. Longline terminal gear i<strong>de</strong>ntification gui<strong>de</strong>. I. Longlines (Fishery<br />

equipment) – Handbooks, manuals, etc. ISBN 978-982-00-0374-3.<br />

Stein, C.E. 2006. Dinâmica da frota linheira <strong>de</strong> Itaipava. Monografia (Graduação) - Departamento <strong>de</strong> Ecologia e<br />

Recursos Naturais, UFES, Vitória, ES.<br />

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USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY<br />

Andrea F. Morabito 1 , Alejandro Fallabrino 2 , Sergio Schmidt 3 , e Andrés Estra<strong>de</strong>s 2<br />

1<br />

Universidad <strong>de</strong>l Salvador. Rodríguez Peña 670.CABA. (morabitoandrea@gmail.com).<br />

2<br />

Karumbé. Tortugas Marinas <strong>de</strong>l Uruguay. Av. Rivera 3245. Montevi<strong>de</strong>o. (karumbemail@gmail.com).<br />

3<br />

Universidad <strong>de</strong>l Salvador. Escuela <strong>de</strong> Ciencias Ambientales. Rodríguez Peña 670. CABA.<br />

Palabras clave: comercio, uso, venta, Uruguay.<br />

Introducción<br />

El uso <strong>de</strong> las tortugas marinas como alimento ha sido un hábito tradicional <strong>de</strong> muchos pueblos ribereños<br />

siendo una situación que se repite alre<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> las regiones tropicales y subtropicales <strong>de</strong> todo el mundo (Márquez<br />

1996). También se las ha utilizado como fuente <strong>de</strong> ingreso económico, ya sea por la venta <strong>de</strong> su caparazón,<br />

huevos y carne lo que ha llevado a una sobreexplotación <strong>de</strong> las mismas. Uruguay no fue la excepción, cinco <strong>de</strong><br />

las siete especies que visitan las costas uruguayas: Chelonia mydas (Tortuga ver<strong>de</strong>), Caretta caretta (Tortuga<br />

cabezona), Lepidochelys olivacea (Tortuga olivácea), Dermochelys coriacea (Tortuga siete quillas) y Eretmochelys<br />

imbricata (Tortuga carey) (Achaval y Olmos 1997; Estra<strong>de</strong>s 2007) han sido utilizadas tanto por uruguayos como<br />

por extranjeros para la <strong>de</strong>coración <strong>de</strong> sus casas, colecciones privadas, restaurantes, y otros usos (Frazier 1984;<br />

López-Mendilaharsu et al. 2001).<br />

El objetivo <strong>de</strong>l presente trabajo fue <strong>de</strong>terminar los diferentes tipos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> las tortugas marinas en<br />

Uruguay y establecer la percepción <strong>de</strong> los pescadores artesanales, <strong>de</strong>l <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Rocha, que tienen<br />

respecto <strong>de</strong> las mismas. Si bien este trabajo examina los usos <strong>de</strong> las tortugas marinas por parte <strong>de</strong> la sociedad,<br />

recrea pautas asociadas a las políticas <strong>de</strong> conservación, educación, y concientización que han tenido algún éxito<br />

en la disminución en los usos <strong>de</strong> estos animales.<br />

Metodología<br />

El trabajo se basó en el procesamiento <strong>de</strong> la información <strong>de</strong> la Base <strong>de</strong> Datos <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong>l<br />

Uruguay (BDTMU) suministrada por la ONG Karumbé, resultante <strong>de</strong>l relevamiento que se llevó a cabo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

el año 1999 hasta el 2004, en los <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> Montevi<strong>de</strong>o, Canelones, Maldonado y Rocha, ya sea en<br />

casas particulares restaurantes, ferias, pesca<strong>de</strong>rías, museos entre otros. La información seleccionada <strong>de</strong> la<br />

BDTMU fue: especie; fecha <strong>de</strong> registro; zona <strong>de</strong> colecta; fecha <strong>de</strong> colecta; localidad; <strong>de</strong>partamento; tipo <strong>de</strong><br />

resto (caparazón, cráneo, plastrón, restos óseos, restos embalsamados, y otros); <strong>de</strong>stino final; valor en dólares<br />

americanos; proce<strong>de</strong>ncia.<br />

Complementariamente, se realizaron entrevistas no estructuradas a 18 pescadores artesanales <strong>de</strong> las<br />

localida<strong>de</strong>s Barra <strong>de</strong>l Chuy, La Coronilla, Punta <strong>de</strong>l Diablo, Valizas y Cabo Polonio, todos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>l <strong>de</strong>partamento<br />

<strong>de</strong> Rocha, durante los meses <strong>de</strong> Marzo y Abril <strong>de</strong>l 2011.<br />

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Resultados y Discusión<br />

En cuanto a las entrevistas, <strong>de</strong> los 18 pescadores artesanales, 17 afirmaron que pescaron acci<strong>de</strong>ntalmente<br />

una tortuga marina, buscando otras especies objetivo. Ninguno dudó en cuanto a la i<strong>de</strong>ntificación <strong>de</strong> las especies,<br />

siendo la tortuga ver<strong>de</strong> en primer lugar y la tortuga cabezona, en segundo, las más vistas. Todos los que capturaron<br />

acci<strong>de</strong>ntalmente y que la tortuga se encontraba viva, afirmaron que la <strong>de</strong>volvieron al mar. En el caso <strong>de</strong> estar<br />

muerta, 16 afirmaron haber utilizado el caparazón <strong>de</strong> las tortugas con el fin <strong>de</strong> utilizarlo como adorno. Solo dos<br />

<strong>de</strong> ellos, admitieron haber utilizado su carne. El total <strong>de</strong> los entrevistados afirmaron que están informados acerca<br />

<strong>de</strong> la prohibición <strong>de</strong> la comercialización <strong>de</strong> los restos <strong>de</strong> tortugas marinas. Solo 4 pescadores admitieron haber<br />

vendido el caparazón hace más <strong>de</strong> 15 años, a los extranjeros.<br />

Referente al análisis <strong>de</strong> los datos, se relevaron restos <strong>de</strong> 5 especies <strong>de</strong> tortugas marinas. Chelonia<br />

mydas fue la más frecuente (n = 119), seguida por C. caretta (n = 95), D. coriacea (n = 12), y por último L. olivacea<br />

(n = 3) y Eretmochelys imbricata (n = 3). El <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Rocha es el sitio don<strong>de</strong> se relevaron más registros<br />

<strong>de</strong> C. mydas (n = 89). De todas las especies el <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Montevi<strong>de</strong>o fue el segundo con mas hallazgos<br />

(n = 72) y el sitio don<strong>de</strong> se encontró la mayor cantidad <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> C. caretta (n = 34).<br />

El <strong>de</strong>stino final <strong>de</strong> los restos <strong>de</strong> tortugas marinas fue con fines <strong>de</strong> “adorno”, siguiéndole el <strong>de</strong> “colección” y<br />

por último el <strong>de</strong> “venta”. El caparazón fue el resto más utilizado como adorno en casas particulares, pesca<strong>de</strong>rías,<br />

restaurantes, club <strong>de</strong> pesca, entre otros. El cráneo <strong>de</strong> tortugas fue el segundo uso que se encontró principalmente<br />

como colección. Por último, durante el periodo 1999-2004 el <strong>de</strong>stino final ‘venta’ fue el que obtuvo menos<br />

registros, siendo la tortuga ver<strong>de</strong> la especie más utilizada en Punta <strong>de</strong>l Diablo, La Coronilla, La Paloma, Atlántida,<br />

Piriápolis, Barra <strong>de</strong> Valizas y Montevi<strong>de</strong>o.<br />

Hoy en día, los pescadores artesanales <strong>de</strong> Rocha poseen un gran respeto hacia las tortugas marinas,<br />

coincidiendo que ya no existen sitios <strong>de</strong> comercialización en las zonas entrevistadas y las tortugas se han<br />

transformado en una especie ban<strong>de</strong>ra para el ecoturismo. Expresaron, a<strong>de</strong>más, gran interés hacia el cuidado <strong>de</strong>l<br />

ambiente <strong>de</strong>bido a que ellos sufren la sobreexplotación <strong>de</strong> los recursos marinos y el gran aumento <strong>de</strong> la basura<br />

y contaminantes en el mar. Que los mayores registros <strong>de</strong> restos hayan sido <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>be a que<br />

es la especie con más frecuencia y abundancia en la zona costera <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata y Océano Atlántico ya<br />

que se la consi<strong>de</strong>ra un área importante <strong>de</strong> alimentación y <strong>de</strong>sarrollo para los juveniles <strong>de</strong> esta especie (López-<br />

Mendilaharsu et al. 2006). Rocha fue el <strong>de</strong>partamento don<strong>de</strong> se encontraron mayormente restos <strong>de</strong> tortuga ver<strong>de</strong>,<br />

concordando así con las zonas <strong>de</strong> mayor presencia <strong>de</strong> esta especie en Uruguay, ya que utiliza el área costera<br />

marina <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> e islas, Punta <strong>de</strong>l Diablo, y Valizas-Cabo Polonio como zonas <strong>de</strong> alimentación prioritarias.<br />

A su vez, Montevi<strong>de</strong>o fue el <strong>de</strong>partamento don<strong>de</strong> se encontró la mayor cantidad <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> tortuga cabezona,<br />

<strong>de</strong>bido principalmente a que los tripulantes <strong>de</strong> los barcos industriales que llegan al puerto más importante <strong>de</strong>l<br />

país, traen caparazones para la venta y/o adorno.<br />

La disminución en la venta <strong>de</strong> caparazones podría <strong>de</strong>berse a la implementación <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto presi<strong>de</strong>ncial<br />

144/98 <strong>de</strong>l año 1998 el cual prohíbe la captura, retención, transporte y comercialización <strong>de</strong> las tortugas marinas,<br />

a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> la difusión y concientización que Karumbé generó a partir <strong>de</strong> 1999 con sus programas <strong>de</strong> educación<br />

para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas.<br />

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Referencias Bibliográficas<br />

Achaval, F., y A. Olmos. 1997. Anfibios y reptiles <strong>de</strong>l Uruguay. Serie fauna Nº 1. Ed. Barreiro y Ramos S.A.,<br />

Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay.<br />

Estra<strong>de</strong>s A., M.N. Caraccio, F. Scarabino, y H. Caymaris. 2007. Presencia <strong>de</strong> la tortuga Carey (Eretmochelys<br />

imbricata) en aguas uruguayas. III Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico<br />

Sur Occi<strong>de</strong>ntal. Uruguay.<br />

Frazier J. 1984. Las tortugas marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal. Asociación Herpetológica Argentina.<br />

López-Mendilaharsu M., A. Fallabrino, A. Estra<strong>de</strong>s, M. Hernan<strong>de</strong>z, N. Caraccio, C. Lezama, M. Laporta, V. Calvo,<br />

V. Quirici, y A. Bauza. 2001. Comercio ilegal y formas <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> las tortugas marinas en Uruguay. VI Jornadas<br />

<strong>de</strong> Zoologia, Uruguay.<br />

López-Mendilaharsu, M., A. Estra<strong>de</strong>s, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernán<strong>de</strong>z y V. Quirici. 2006. Biología, ecología<br />

y etología <strong>de</strong> las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en Menafra, R., L. Rodríguez-<br />

Gallego, F. Scarabino, y D. Con<strong>de</strong> (Eds.). Bases para la conservación <strong>de</strong> la costa uruguaya. Vida Silvestre<br />

Uruguay, Montevi<strong>de</strong>o.<br />

Márquez, R. 1996. Las tortugas marinas y nuestro tiempo. Fondo <strong>de</strong> Cultura Económica. México D.F.<br />

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“NEM TUDO QUE CAI NA REDE É PEIXE”<br />

Eduardo H. S. M. Lima 1 , Maria Thereza D. Melo 1 , Carolina <strong>de</strong> Souza J<strong>org</strong>e 2 , e Agueda Maria Garcia<br />

Coelho 3<br />

1<br />

Fundação Centro Brasileiro <strong>de</strong> Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas – Pró-TAMAR. Acesso Projeto<br />

TAMAR, 151, 62592-000. (eduardo.lima@tamar.<strong>org</strong>.br).<br />

2<br />

CTA – Serviços em Meio Ambiente LTDA. Av. Saturnino Rangel Mauro, 283, Vitoria, ES. 29.072-030. (carolina.<br />

j<strong>org</strong>e@cta-es.com.br).<br />

3<br />

IBAMA –Núcleo <strong>de</strong> Educação Ambiental/Representação Ceará. Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco, 3900, Bairro <strong>de</strong><br />

Fátima, 60.055-172. (agueda.coelho@ibama.gov.br).<br />

Palavras-chave: envolvimento comunitário, educação ambiental, sensibilização, <strong>conservação</strong>, <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas.<br />

Introdução<br />

A costa do estado do Ceará é uma área <strong>de</strong> alimentação para as cinco espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

registradas no Brasil: a tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-<strong>de</strong>pente<br />

(Eretmochelys imbricata), tartaruga-<strong>de</strong>-couro (Dermochelys coriacea) e tartaruga-oliva (Lepidochelys<br />

olivacea) (Marcovaldi 1993; Melo et al. 2010). Des<strong>de</strong> 1992, o Projeto TAMAR-ICMbio mantém uma base na Praia<br />

<strong>de</strong> Almofala (02°93’ 77”S, 39°81’38”W), litoral oeste do Ceará. A base é voltada para proteção das <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas.<br />

Ao longo do litoral cearense, fatores como encalhes <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas vivas e mortas associados<br />

a um antigo hábito dos pescadores <strong>de</strong> se alimentar e comercializar carne <strong>de</strong> tartaruga marinha tem causado<br />

preocupação ao Projeto TAMAR. Alguns indivíduos têm sido capturados inci<strong>de</strong>ntalmente em pescarias regionais<br />

como currais <strong>de</strong> pesca e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espera para lagosta. Esta ultima pescaria tem apresentado forte interação com<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas (Lima et al. 2010), levando o TAMAR a <strong>org</strong>anizar uma campanha sensibilizante dos atores<br />

da pesca regional sobre a importância das <strong>tartarugas</strong> para o ecossistema e sua preservação.<br />

O presente trabalho apresenta dados gerais sobre o <strong>de</strong>senvolvimento da Campanha “Nem Tudo que Cai<br />

na re<strong>de</strong> é Peixe”, visando divulgar as ações que minimizem o esforço <strong>de</strong> pesca sobre as <strong>tartarugas</strong>.<br />

Organização da Campanha<br />

A Campanha “Nem Tudo que Cai na re<strong>de</strong> é Peixe” foi <strong>de</strong>senvolvida em nove municípios do litoral<br />

cearense durante os anos 2009-2010. De leste a oeste, os municípios foram: Icapuí, Aracati, Beberibe, Cascavel,<br />

Fortaleza, Trairí, Itarema, Acaraú e Camocim (Fig. 1). A escolha dos municípios foi feita a partir <strong>de</strong> levantamentos<br />

realizados junto ao Setor <strong>de</strong> Denúncias do IBAMA – Representação Ceará on<strong>de</strong> indicava um maior número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nuncias <strong>de</strong> captura e comercialização <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> tartaruga marinha e através <strong>de</strong> avaliações do banco <strong>de</strong><br />

dados do Projeto TAMAR.<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Figura 1. Mapa do Litoral do Ceará, Brasil <strong>de</strong>stacando os municípios trabalhados pelo Projeto TAMAR-ICMBio.<br />

O principal foco da campanha foi a divulgação do Protocolo <strong>de</strong> Reanimação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas,<br />

sendo também realizadas outras ativida<strong>de</strong>s como: exposições em reuniões com presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> colônias <strong>de</strong><br />

pesca, pescadores e li<strong>de</strong>ranças comunitárias, escolas municipais e particulares, oficinas <strong>de</strong> pesca, entre outros<br />

atores. A exposição “Conhecendo as Tartarugas Marinhas” e “Extinção é para sempre”, permitiram informar<br />

sobre diversos aspectos da biologia e pesca das <strong>tartarugas</strong> marinhas e outras espécies da fauna marinha. As<br />

exposições foram realizadas em todas as ativida<strong>de</strong>s como forma <strong>de</strong> chamar a atenção dos participantes para a<br />

questão da pesca predatória e <strong>de</strong> aspectos biológicos das <strong>tartarugas</strong> marinhas. Também nas exposições foram<br />

distribuídos fol<strong>de</strong>rs, cartazes e camisetas alusivas a campanha para pescadores seus familiares.<br />

Um aspecto importante na Campanha foi formação <strong>de</strong> parcerias com Organizações Não Governamentais<br />

(ONGs) e Prefeituras Municipais para apoio no processo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações sobre as <strong>tartarugas</strong> encalhadas<br />

vivas, mortas ou capturadas aci<strong>de</strong>ntalmente em pescarias locais formando uma Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Encalhes <strong>de</strong> Tartarugas<br />

Marinhas. A formação <strong>de</strong> parceria e a coleta sistemática <strong>de</strong> dados, a médio e longo prazo po<strong>de</strong> trazer informações<br />

uteis para melhorar os aspectos <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> através da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, documentação<br />

<strong>de</strong> locais <strong>de</strong> interação negativa homem/tartaruga e servir <strong>de</strong> base para tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> manejo (Shaver<br />

e Teas 2000).<br />

Todas as ativida<strong>de</strong>s foram registradas através <strong>de</strong> lista <strong>de</strong> frequência dos participantes, tomadas<br />

fotográficas e imprensa (Tabela 1).<br />

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27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Tabela 1. Total <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s realizadas e <strong>de</strong> atores trabalhados nos anos <strong>de</strong> 2009 e 2010, durante a realização<br />

da Campanha “Nem tudo que Cai na Re<strong>de</strong> é Peixe” no litoral do Ceará, Brasil.<br />

Desenvolvimento e Impacto da Campanha<br />

No <strong>de</strong>senvolvimento da Campanha foram percorridos 1.450 km entre os municípios <strong>de</strong> Icapuí a Camocim<br />

(Fig. 1). Em Icapui, Aracati, Beberibe e Cascavel, Itarema e Acaraú o TAMAR realizou as ativida<strong>de</strong>s em conjunto<br />

com o Núcleo <strong>de</strong> Educação Ambiental do IBAMA/CE através <strong>de</strong> Oficinas <strong>de</strong> Capacitação <strong>de</strong> Pescadores cujo<br />

intuito, era i<strong>de</strong>ntificar li<strong>de</strong>ranças comunitárias para participar dos Comitês Regionais sobre Pesca Sustentável<br />

entre os quais o Comitê Regional da Pescaria da Lagosta. Desta forma foram ministradas palestras, exposições<br />

para pescadores e divulgação dos procedimentos para reanimação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas <strong>de</strong>smaiadas. Essa<br />

ultima em forma <strong>de</strong> teatro utilizando-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca e uma representação <strong>de</strong> tartaruga marinha em pano,<br />

com participação <strong>de</strong> pescadores no processo <strong>de</strong> salvamento do animal.<br />

As divulgações na imprensa foram assim distribuídas: nove em canais <strong>de</strong> TV local e nacional, quatro em<br />

revistas regionais, quatro em jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação no estado, três através da internet e radio AM para<br />

atingir o publico em massa que não teve acesso direto a campanha.<br />

A campanha foi divulgada nas escolas através <strong>de</strong> exposições, concursos <strong>de</strong> redação, gincanas e<br />

brinca<strong>de</strong>iras lúdicas didáticas on<strong>de</strong> a reanimação <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> era ponto chave. Em todas as escolas trabalhadas<br />

as ativida<strong>de</strong>s tiveram ótima aceitação por parte dos alunos e professores (Tabela 1).<br />

No Centro <strong>de</strong> Educação Ambiental do Projeto TAMAR em Almofala a Campanha foi divulgada para todos<br />

os que tiveram acesso ao mesmo. As palestras e procedimentos <strong>de</strong> reanimação foram apresentados para os<br />

visitantes, universida<strong>de</strong>s e escolas e um banner com os procedimentos <strong>de</strong> reabilitação exposto permanentemente.<br />

O impacto foi bastante positivo haja vista o interesse das pessoas que tiveram acesso a informação (Tabela<br />

1). Um total <strong>de</strong> 20 banners em lona foram confeccionados no tamanho 1.00 x 1.20 m com fotografias em alta<br />

<strong>de</strong>finição e textos <strong>de</strong> linguagem acessível para os pescadores e população em geral. Um total <strong>de</strong> 200 cartazes<br />

alusivos a campanha foram afixados em mercados públicos, comércios e escolas, ou seja, locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

circulação <strong>de</strong> pessoas. Foram confeccionados 5.000 fol<strong>de</strong>rs e 500 camisas que foram distribuídas a pescadores,<br />

escolas, autorida<strong>de</strong>s, instituições <strong>de</strong> meio ambiente e parceiros.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Durante a realização da campanha foram formadas sete parcerias com Prefeituras, CETAS-IBAMA e<br />

ONGs atuantes no litoral do Ceará para a possível coleta <strong>de</strong> informação e apoio nos trabalhos <strong>de</strong> resgate das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas encalhadas. Na oportunida<strong>de</strong> foram realizados treinamentos <strong>de</strong> como proce<strong>de</strong>r no caso<br />

<strong>de</strong> encalhes <strong>de</strong> animais vivos e mortos, coleta <strong>de</strong> dados e também procedimentos para o caso <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

<strong>de</strong>smaiadas (Tabela 1).<br />

Os dados apresentados mostram que a promoção <strong>de</strong> campanhas educativas são importantes quando<br />

se preten<strong>de</strong> atingir atores em variados níveis entendimento e formação. Verificamos durante o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da Campanha “Nem tudo que cai na re<strong>de</strong> é peixe” que as comunida<strong>de</strong>s da costa cearense possuem certo<br />

conhecimento <strong>de</strong> leis que protegem esses animais, mas continuam utilizando o recuso <strong>de</strong> forma indiscriminada<br />

principalmente no que diz respeito ao consumo <strong>de</strong> carne. Sugerimos o estabelecimento <strong>de</strong> campanhas educativas<br />

permanentes visando à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> zonas problemáticas para a possível implantação <strong>de</strong> programas voltados<br />

para a <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> nessas áreas.<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, e P.C.R. Barata. 2010. Inci<strong>de</strong>ntal Capture of Sea Turtles by the Lobster Fishery off<br />

the Ceará Coast, Brazil. Marine Turtle Newsletter 128:16-19.<br />

Marcovaldi, M.Â. 1993. A new initiative to protect green turtles at an important foraging ground in Ceará, Brazil.<br />

Marine Turtle Newsletter 63:13-14.<br />

Melo, M.T.D., E.H.S.M. Lima, M.P. Silva. 2010. Ocorrências <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas registradas na área <strong>de</strong><br />

atuação da base do Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará durante o ano <strong>de</strong> 2009, in Resumos do 3º Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Oceanografia, Rio Gran<strong>de</strong>.<br />

Shaver, D.J., e W.G. Teas. 2000. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recuperación y monitoreo <strong>de</strong> tortugas varadas. Páginas 174-177<br />

in Técnicas <strong>de</strong> investigación y manejo para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. UICN/CSE. Grupo <strong>de</strong><br />

Especialista em Tortugas Marinas. Publicatión N°4.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

PROJETO “CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAY”: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE PESQUISA,<br />

EXTENSÃO E CAPACITAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL<br />

Gustavo Martinez-Souza 1,2,3<br />

1<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> – FURG. CP<br />

474, CEP 96.201-900, Rio Gran<strong>de</strong>, RS, Brasil (souza_oceano@yahoo.com.br).<br />

2<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay.<br />

3<br />

Projeto da Tartaruga no Sul <strong>de</strong> Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia <strong>de</strong> Itapirubá, Imbituba, SC, Brasil.<br />

Palavras-chave: cooperação internacional, <strong>conservação</strong>, <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Introdução<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas são répteis marinhos <strong>de</strong> complexo ciclo <strong>de</strong> vida, transitando entre os ambientes<br />

praial, oceânico e nerítico, em longas migrações que, na maioria dos casos, ultrapassam fronteiras políticas.<br />

Deste modo, esforços na <strong>pesquisa</strong> e na <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas <strong>de</strong>vem ser realizados <strong>de</strong> forma<br />

cooperativa e coor<strong>de</strong>nada nos distintos países, transcen<strong>de</strong>ndo as barreiras geográficas e políticas (Frazier 2002).<br />

Há mais <strong>de</strong> 30 anos realizam-se reuniões e congressos internacionais em que, através do compartilhamento<br />

do conhecimento <strong>de</strong> vários grupos <strong>de</strong> trabalho, busca-se a <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas. Exemplo disso<br />

são as reuniões ASO (Pesquisa e Conservação <strong>de</strong> Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal), que ocorrem<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, cujo intuito é compartilhar experiências, métodos, discussões, problemáticas e conhecimentos entre<br />

brasileiros, uruguaios e argentinos envolvidos diretamente com as <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Cinco das sete espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas existentes atualmente ocorrem no Atlântico Sul<br />

Oci<strong>de</strong>ntal (ASO): tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-<strong>de</strong>-couro<br />

(Dermochelys coriacea), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-<strong>de</strong>-pente (Eretmochelys imbricata).<br />

A tartaruga-ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido à abundância, hábito costeiro e resistência a baixas temperaturas, po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada a espécie mais comum na costa do ASO. Entretanto, informações <strong>de</strong> abundância, sobrevivência,<br />

migrações locais e sazonais ainda são fragmentadas e escassas.<br />

Em 1999, um grupo multi-disciplinar interessado na <strong>pesquisa</strong> e <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no<br />

Uruguai, fundou a <strong>org</strong>anização não-governamental Karumbé. Des<strong>de</strong> 2000, o Karumbé <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

monitoramento das populações <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> que habitam a área <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> (Departamento <strong>de</strong> Rocha, Uruguai), consi<strong>de</strong>rada a principal região <strong>de</strong> ocorrência da espécie no<br />

país (Estra<strong>de</strong>s et al. 2009). Em 2011, finalmente, a região <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> teve ratificado seu ingresso no Sistema<br />

Nacional <strong>de</strong> Áreas Protegidas como “Área Costeiro-Marinha Protegida <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> La Coronilla”<br />

(33º56’ S; 53º29’ O).<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 2007, com o objetivo <strong>de</strong> conhecer o processo migratório dos juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>,<br />

três espécimes foram monitorados através <strong>de</strong> transmissores por satélite. Um dos espécimes foi encontrado<br />

morto no porto <strong>de</strong> Mar <strong>de</strong>l Plata, Argentina, pouco tempo <strong>de</strong>pois da instalação do transmissor. Os outros dois<br />

espécimes migraram <strong>de</strong> Cerro Ver<strong>de</strong>, no Uruguai, no mês <strong>de</strong> julho, para o sul <strong>de</strong> Santa Catarina (28º22’ S;<br />

48º43’ O), no Brasil, e retornaram ao ponto inicial em meados <strong>de</strong> outubro (López-Mendilaharsu, comunicação<br />

pessoal).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

A região sul <strong>de</strong> Santa Catarina, on<strong>de</strong> estiveram os espécimes monitorados, apresenta uma gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> costões rochosos, sendo a região mais ao sul do Brasil com aspectos geomorfológicos propícios<br />

a ser uma área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> C. mydas. Des<strong>de</strong> 2000, a região faz parte do Sistema Nacional <strong>de</strong><br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (SNUC) através da Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca. Portanto,<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> migração latitudinal entre as duas áreas, ambas áreas marinhas protegidas,<br />

e a existência <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> entre duas áreas, é um importante avanço na compreensão da história <strong>de</strong> vida da<br />

tartaruga-ver<strong>de</strong> no Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Material e Métodos<br />

Neste contexto, surge o Projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay”, envolvido diretamente na <strong>pesquisa</strong>,<br />

extensão e capacitação compartilhada entre as duas áreas <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong>. Tal projeto é uma<br />

parceria entre a ONG Karumbé, situada no Uruguai, a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> – FURG, no Brasil,<br />

e o Projeto da Tartaruga no Sul <strong>de</strong> Santa Catarina, no Brasil.<br />

O contexto científico e fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento das linhas <strong>de</strong> extensão e capacitação,<br />

é a tese <strong>de</strong> doutorado em Oceanografia Biológica na FURG intitulada “Ecologia populacional <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong><br />

tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) em duas áreas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal”. O objetivo geral da tese é estudar a<br />

abundância, sobrevivência e os padrões <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) em duas<br />

distintas áreas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Outros trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos pela Re<strong>de</strong> ASO já compartilharam métodos, resultados ou discussão.<br />

Porém, a importância do projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay” no contexto do ASO está justamente na<br />

atuação, concomitante, em duas áreas marinhas protegidas <strong>de</strong> diferentes países, através do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s que possuem os mesmos objetivos, métodos, materiais, recursos financeiros e humanos, cujo intuito é<br />

obter resultados que tragam maior compreensão sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> servido<br />

<strong>de</strong> base para um manejo compartilhado <strong>de</strong>stas populações.<br />

Além <strong>de</strong> utilizar dados pretéritos do Karumbé coletados nas temporadas <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvidas<br />

durante o verão no Uruguai, o projeto “Corredor Marino Brasil-Uruguay” vem <strong>de</strong>senvolvendo, pela primeira vez,<br />

o monitoramento nas quatro estações do ano, avaliando suas variações ao longo dos gradientes <strong>de</strong> temperatura<br />

superficial do mar. Para tanto, foram capturadas <strong>tartarugas</strong> com temperatura da água a 14ºC, nunca antes<br />

registrada em capturas intencionais, e seguem-se realizando monitoramentos a temperaturas da àgua próximas<br />

dos 10ºC, a qual po<strong>de</strong> levar à hipotermia <strong>de</strong> boa parte do estoque <strong>de</strong> juvenis <strong>de</strong> tartaruga-ver<strong>de</strong> presente na área,<br />

seguida <strong>de</strong> encalhes em massa.<br />

Para a realização das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo necessárias ao monitoramento das <strong>tartarugas</strong> marinhas, o<br />

projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay”, além contar com uma equipe fixa <strong>de</strong> trabalho, recebe estudantes<br />

e profissionais voluntários, nacionais e estrangeiros, interessados em ter experiência prática com <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas. Dessa forma, novos participantes trazem energia, idéias e experiências ao <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

ativida<strong>de</strong>s, enquanto o Projeto oferece experiência prática e teórica em <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas<br />

em áreas <strong>de</strong> alimentação. Para isso, são ministrados cursos teóricos <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong> e <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong><br />

marinhas em áreas <strong>de</strong> alimentação, <strong>de</strong> forma a potencializar a aprendizagem a respeito do trabalho prático que<br />

será <strong>de</strong>senvolvido.<br />

Resultados e Discussão<br />

Ao longo do primeiro ano, mais <strong>de</strong> 30 participantes <strong>de</strong> 14 nacionalida<strong>de</strong>s participaram das ativida<strong>de</strong>s<br />

em ambas as áreas <strong>de</strong> estudo. O projeto valoriza a participação <strong>de</strong> voluntários, pois acredita que através <strong>de</strong>stes<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

participantes, novos projetos <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas em áreas <strong>de</strong> alimentação po<strong>de</strong>rão ser<br />

<strong>de</strong>senvolvidos em outras regiões do mundo, sempre evi<strong>de</strong>nciando o trabalho integrado e focado na <strong>conservação</strong><br />

<strong>de</strong> espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção e em seus habitats, além da valorização das comunida<strong>de</strong>s tradicionais<br />

costeiras.<br />

Além disso, por acreditar que a investigação apoia a <strong>conservação</strong> na medida em que seus resultados e<br />

conclusões são extendidos às comunida<strong>de</strong>s locais envolvidas com as <strong>tartarugas</strong> marinhas (assim como se faz<br />

à comunida<strong>de</strong> científica), o Projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay” está engajado com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ligadas à educação ambiental, valorizando o ambiente no qual as comunida<strong>de</strong>s estão inseridas,<br />

respeitando as diferentes realida<strong>de</strong>s culturais, econômicas e sociais entre as duas áreas e <strong>de</strong>monstrando<br />

a importância <strong>de</strong> sua cultura na <strong>conservação</strong> dos recursos naturais. No Uruguai, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão <strong>de</strong><br />

educação ambiental já vem sendo realizadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002. No Brasil, entretanto, o Projeto “Corredor Marinho<br />

Brasil-Uruguay” ainda necessita concretizar suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão.<br />

Assim, utilizando métodos <strong>de</strong> baixo custo voltados a ativida<strong>de</strong>s recreativas e artísticas (e.g. Martinez-<br />

Souza et al. 2009), o projeto preten<strong>de</strong>: difundir a informação da presença <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas na região<br />

e a importância das áreas protegidas, tanto no Brasil quanto no Uruguai, para estas espécies; conscientizar<br />

a população quanto às ameaças cotidianas à biodiversida<strong>de</strong> e às <strong>tartarugas</strong> marinhas; e compartilhar ações<br />

individuais e coletivas que po<strong>de</strong>m promover uma socieda<strong>de</strong> mais justa através da responsabilida<strong>de</strong> ambiental e<br />

social, respeitando diferenças e valorizando semelhanças.<br />

Desta forma, através da <strong>pesquisa</strong> que está sendo <strong>de</strong>senvolvida, o projeto “Corredor Marinho Brasil-<br />

Uruguay” preten<strong>de</strong> obter maiores conhecimentos sobre a ocorrência das <strong>tartarugas</strong> marinhas na região do ASO,<br />

intercambiar experiências <strong>de</strong> monitoramento com novos profissionais, potencializar a formação <strong>de</strong> novos projetos<br />

<strong>de</strong> <strong>conservação</strong> e valorizar a biodiversida<strong>de</strong> e cultura das regiões estudadas, promovendo uma socieda<strong>de</strong> mais<br />

justa, ambiental e socialmente responsável ao longo da costa do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal, pois, como disse o<br />

artista Joaquin Torre Garcia, “Nosso Norte é o Sul”.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos/Financiadores<br />

O Projeto agra<strong>de</strong>ce as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Itapirubá e <strong>de</strong> La Coronilla por receber-nos <strong>de</strong> “braços abertos”,<br />

a direção da APA da Baleia Franca e do Projeto TAMAR/SC pela parceria e autorização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (SISBIO<br />

19216-1), ao Karumbé e a FURG pelo apoio logístico, a MORMAII e a todos os voluntários que participaram <strong>de</strong><br />

nossas ativida<strong>de</strong>s. O autor agra<strong>de</strong>ce a CAPES pelo apoio financeiro.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Estra<strong>de</strong>s, A., G. Martinez-Souza, L. Alonso, e M. López-Mendilaharsu. 2009. Estudios <strong>de</strong> marca-recaptura <strong>de</strong><br />

juveniles <strong>de</strong> tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) en Uruguay: crecimiento, movimientos y fi<strong>de</strong>lidad <strong>de</strong> hábitats.<br />

Páginas 176-178 in 4º Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> tortugas marinas <strong>de</strong> Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal<br />

(ASO), Mar <strong>de</strong>l Plata.<br />

Frazier, J. 2002. Marine turtles and international instruments: the agony and the ecstasy. Journal of International<br />

Wildlife Law and Policy 5:1-10.<br />

Martinez-Souza, G.L. Berrondo, e L. Alonso. 2009. Estrategia <strong>de</strong> educación y conservación <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

en Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay. Páginas 176-178 in 4º Jornadas <strong>de</strong> Conservación e Investigación <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

<strong>de</strong> Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal (ASO), Mar <strong>de</strong>l Plata.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

KARUMBÉ 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIÓN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY.<br />

Andrés Estra<strong>de</strong>s 1<br />

1<br />

Karumbé, Av. Rivera 3245, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay (tortuguayo@gmail.com).<br />

Palabras-clave: Investigación, Educación ambiental, Áreas Marinas Protegidas, Medicina <strong>de</strong> la Conservación,<br />

Contaminación.<br />

Introducción<br />

Uruguay forma parte <strong>de</strong> una región importante para la alimentación y el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> varias especies<br />

<strong>de</strong> tortugas marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal. De las siete especies <strong>de</strong> tortugas marinas que existen en el<br />

mundo, cinco están citadas para aguas uruguayas: ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas), cabezona (Caretta caretta), siete<br />

quillas (Dermochelys coriacea), olivácea (Lepidochelys olivacea) y carey (Eretmochelys imbricata) (Achaval 2001;<br />

Estra<strong>de</strong>s et al. 2007). La supervivencia <strong>de</strong> estas especies se encuentra amenazada a nivel global y regional,<br />

por una gran variedad <strong>de</strong> factores causados por el hombre. En Uruguay las principales causas <strong>de</strong> mortalidad<br />

<strong>de</strong> tortugas marinas son la captura inci<strong>de</strong>ntal en las re<strong>de</strong>s y anzuelos <strong>de</strong> los barcos pesqueros industriales y<br />

artesanales. Asimismo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el año 2007, se <strong>de</strong>tectó un gran incremento en el número <strong>de</strong> tortugas afectadas<br />

por la ingesta <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> basura marina (Asaroff et al. 2009).<br />

Karumbé es un grupo <strong>de</strong> biólogos, veterinarios, educadores, investigadores, pescadores y estudiantes<br />

<strong>org</strong>anizados en una asociación sin fines <strong>de</strong> lucro. Nuestra misión es proteger la biodiversidad marina en<br />

peligro, principalmente a las tortugas marinas y sus hábitats, y promover el <strong>de</strong>sarrollo sustentable <strong>de</strong> las<br />

comunida<strong>de</strong>s pesqueras, buscando alternativas para reducir el impacto <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s humanas en<br />

estos animales migratorios. Karumbé utiliza la investigación, la educación ambiental y la rehabilitación como<br />

herramientas para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. Karumbé trabaja en conjunto con diferentes actores<br />

nacionales e internacionales, entre ellos el Gobierno Nacional, Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Latinoamérica y Europa,<br />

ONGs, Museos, Re<strong>de</strong>s, Foros y Socieda<strong>de</strong>s.<br />

En el presente trabajo se presentan avances y logros <strong>de</strong> nuestro programa <strong>de</strong> investigación y conservación,<br />

en los últimos dos años <strong>de</strong> trabajo en las áreas ecología, pesquerías, contaminación, varamientos, medicina para<br />

la conservación, educación ambiental y áreas marinas protegidas.<br />

Resultados y Discusión<br />

Karumbé ha realizando convenios <strong>de</strong> trabajo con varias universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uruguay, Latinoamérica y<br />

España. El resultado es el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> nuevas oportunida<strong>de</strong>s para jóvenes investigadores, generando catorce<br />

tesis <strong>de</strong> investigación (dos doctorales, dos maestrías y diez <strong>de</strong> grado).<br />

En el área <strong>de</strong> ecología nos hemos enfocado en el estudio <strong>de</strong> la estructura poblacional <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong><br />

(Chelonia mydas) en el AMP Cerro Ver<strong>de</strong>, Rocha (Martinez-Souza 2011). Adicionalmente han sido publicados<br />

trabajos <strong>de</strong> observaciones puntuales <strong>de</strong> epibiontes en C. mydas y dieta <strong>de</strong> C. caretta (Alonso et al. 2010;<br />

Carranza et al. 2010)<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

En el área <strong>de</strong> pesquerías hemos continuado con el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>l programa <strong>de</strong> seguimiento <strong>de</strong> la pesca<br />

artesanal, trabajando con los pescadores clave en ocho localida<strong>de</strong>s costeras <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata. Mediante el<br />

monitoreo en conjunto con los pescadores, hemos logrado cuantificar el impacto <strong>de</strong> las re<strong>de</strong>s costeras en las tres<br />

especies más comunes (C. mydas, D. coriacea y C. caretta) (Rivas 2010; Viera 2010)<br />

En el área <strong>de</strong> contaminación hemos estado trabajando en el estudio <strong>de</strong>l impacto <strong>de</strong> los plásticos (Murman<br />

2011) y análisis <strong>de</strong> toxicidad en el ADN en las tortugas (Borrat et al. 2010).<br />

El monitoreo <strong>de</strong> los varamientos viene <strong>de</strong>sarrollándose interrumpidamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el 2001. En el periodo<br />

comprendido por este trabajo, se registraron observaciones inusuales como lo son crías <strong>de</strong> C. caretta, y juveniles<br />

<strong>de</strong> E. imbricata (Velez-Rubio 2010).<br />

En el área <strong>de</strong> medicina para la conservación se ha estado trabajando en la generación <strong>de</strong> información<br />

<strong>de</strong> la salud <strong>de</strong> las especies C. mydas y C. caretta (Ferrando 2010) Adicionalmente nuevas técnicas se están<br />

evaluando con fin <strong>de</strong> mejorar los tratamientos <strong>de</strong> las tortugas en rehabilitación. Nuestras capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acción<br />

se han fortalecido con la creación <strong>de</strong> un centro <strong>de</strong> rehabilitación ubicado en Montevi<strong>de</strong>o, <strong>de</strong> funcionamiento<br />

anual.<br />

En el área <strong>de</strong> educación ambiental hemos concretado la reapertura <strong>de</strong>l Centro <strong>de</strong> Tortugas Marinas<br />

(CTM) en La Coronilla, con 12000 visitantes en los meses <strong>de</strong> verano (enero-marzo 2011). En abril 2010 se<br />

inauguro el CTM-Montevi<strong>de</strong>o, <strong>de</strong> carácter anual, con 85000 visitantes en 14 meses. Des<strong>de</strong> el año 2006, las<br />

<strong>org</strong>anizaciones Averaves, Cetáceos Uruguay y Karumbé, aunaron esfuerzos y conformaron el proyecto ARENAS<br />

con el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>l libro “Los ecosistemas costeros uruguayos: una propuesta para educadores”, cuyo público<br />

objetivo son maestros <strong>de</strong> escuelas costeras <strong>de</strong> Colonia, San José, Montevi<strong>de</strong>o, Canelones, Maldonado y Rocha<br />

(Trimble et al. 2010).<br />

El surgimiento <strong>de</strong>l Sistema Nacional <strong>de</strong> Áreas Protegidas (SNAP) en Uruguay ha sido apoyado por<br />

Karumbé <strong>de</strong>s<strong>de</strong> su inicio en 2005. En el marco <strong>de</strong>l SNAP, la inclusión <strong>de</strong> las áreas protegidas <strong>de</strong> Cabo Polonio y<br />

Cerro Ver<strong>de</strong> ha sido <strong>de</strong> vital importancia para la conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas en sus principales zonas<br />

<strong>de</strong> alimentación y <strong>de</strong>sarrollo en Uruguay. Actualmente se trabaja en conjunto con el SNAP para la creación <strong>de</strong><br />

nuevas áreas marinas protegidas, así como en el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>l plan <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> las áreas existentes<br />

Karumbé trabaja en equipo abordando la biología <strong>de</strong> la conservación <strong>de</strong>s<strong>de</strong> un punto <strong>de</strong> vista<br />

multidisciplinarlo. Durante 12 años hemos sentado las bases para un programa <strong>de</strong> investigación, manejo y<br />

conservación <strong>de</strong> las tortugas marinas. El cúmulo <strong>de</strong> información registrada permite, hoy en día, compren<strong>de</strong>r<br />

mejor la biología <strong>de</strong> las tortugas marinas en las costas uruguayas así como también afianzar los programas <strong>de</strong><br />

conservación a largo plazo.<br />

Referencias Bibliográficas<br />

Achaval, F. 2001. Actualización sistemática y mapas <strong>de</strong> distribución <strong>de</strong> los reptiles <strong>de</strong>l Uruguay. Smithsonian<br />

Herpetological Information Service 129.<br />

Alonso, L., A. Estra<strong>de</strong>s, F. Scarabino, e J. Calcagno. 2010. Concho<strong>de</strong>rma virgatum (Spengler, 1790) (Cirripedia:<br />

Pedunculata) associated with sea turtles in Uruguayan shallow coastal waters. Pan-American Journal of Aquatic<br />

Sciences 5:166-168.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Asaroff, P., S. Demichelis, A. Fallabrino, e A. Estra<strong>de</strong>s. 2009. Residuos sólidos antropogénicos: una grave amenaza<br />

para la tortuga ver<strong>de</strong> juvenil Chelonia mydas, en Uruguay. Resúmenes <strong>de</strong> las 4º Jornadas <strong>de</strong> Conservación e<br />

Investigación <strong>de</strong> Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal, Mar <strong>de</strong>l Plata, Argentina.<br />

Borrat, V., M.N. Caraccio, A. Marquez, e S. Villar. 2010. Evaluación <strong>de</strong>l estado <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia<br />

mydas) mediante el uso <strong>de</strong> biomarcadores <strong>de</strong> genotoxicidad en el Área Protegida “Cerro Ver<strong>de</strong> e Islas <strong>de</strong> la<br />

Coronilla” próxima al Canal Andreoni. Página 48 en Simposio “El Monitoreo Ambiental y su Abordaje <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Diversas Disciplinas”, 1º Congreso <strong>de</strong> Zoologia – X Jornadas <strong>de</strong> Zoologia <strong>de</strong>l Uruguay.<br />

Carranza, A., A. Estra<strong>de</strong>s, F. Scarabino, e A. Segura. 2010. Loggerhead turtles Caretta caretta (Linnaeus) preying<br />

on the invading gastropod Rapana venosa (Valenciennes) in the Rıo <strong>de</strong> la Plata Estuary. Marine Ecology 32:142-<br />

147.<br />

Estra<strong>de</strong>s, A., M.N. Caraccio, F. Scarabino, e H. Caymaris. 2007. Presencia <strong>de</strong> la tortuga carey (Eretmochelys<br />

imbricata) en Uruguay. Página 51 en Resúmenes 3º Reunión Sobre Investigación y Conservación <strong>de</strong> Tortugas<br />

Marinas <strong>de</strong>l ASO. Piriápolis, Uruguay.<br />

Ferrando, V. 2010. Bioquímica sanguínea <strong>de</strong> la tortuga ver<strong>de</strong> juvenil (Chelonia mydas) en Cerro Ver<strong>de</strong>, Rocha,<br />

Uruguay. Tesis <strong>de</strong> Grado. Pasantía Final. Facultad <strong>de</strong> Veterinaria. Universidad <strong>de</strong> la Republica, Uruguay<br />

Martinez-Souza, G. 2011. Avaliação da dinâmica populacional <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s (Chelonia mydas) em<br />

duas áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> águas temperadas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal, mediante o uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

hierárquicos e <strong>de</strong> captura-recaptura. Poyecto <strong>de</strong> Doctorado, FURG, Brasil.<br />

Murman, M.I. 2011. El impacto <strong>de</strong> los <strong>de</strong>sechos antrópicos en individuos juveniles <strong>de</strong> tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia<br />

mydas), Cerro Ver<strong>de</strong>, Uruguay. Universidad CAECE, Argentina.<br />

Rivas, F. 2010. Captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas Chelonia mydas y Dermochelys coriacea en Bajos <strong>de</strong>l<br />

Solís, Uruguay. Facultad <strong>de</strong> Ciencias, UDELAR. Uruguay<br />

Trimble, M, M. Ríos, C. Passadore, M. Szephegyi, M. Nin, F. Garcia-Olaso, C. Fagún<strong>de</strong>z, e P. Laporta. 2010.<br />

Ecosistemas costeros uruguayos: una guía para su conocimiento. Averaves, Cetáceos Uruguay, Karumbé.<br />

Editorial Imprenta Montever<strong>de</strong>, Montevi<strong>de</strong>o-Uruguay.<br />

Viera, N. 2010. Captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas por la pesquería artesanal que opera en la costa oeste <strong>de</strong>l<br />

estuario <strong>de</strong>l Río <strong>de</strong> la Plata. Facultad <strong>de</strong> Ciencias, UDELAR, Uruguay<br />

Velez-Rubio 2010. Southermost record of post-hatchling Caretta caretta in the Atlantic Ocean. 30 th Annual<br />

Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, San Diego, USA.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL<br />

Juliana <strong>de</strong> Azevedo Barros 1 , Carla Valeria Leonini Crivellaro 1 , e Rodrigo Moreira da Silva 1<br />

1<br />

Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental, Maria Araújo 450 Cassino, Rio Gran<strong>de</strong> RS 96207-480 Brasil.<br />

(barros_juliana@hotmail.com).<br />

Palavras-chave: Tartarugas marinhas, relato <strong>de</strong> experiência, educação ambiental.<br />

Introdução<br />

Em setembro <strong>de</strong> 2005, eu, estudante do segundo ano <strong>de</strong> Ciências Biológicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> (FURG) cheguei ao Núcleo <strong>de</strong> Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) para iniciar<br />

meu estágio no Projeto Tartarugas Marinhas no Litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. O NEMA é uma instituição não<br />

governamental, uma associação privada, sem fins lucrativos que tem como principal objetivo a harmonização<br />

da relação ser humano-ambiente, a partir do reconhecimento do seu habitat e da conscientização dos seus<br />

valores e limitações. Atua na planície costeira há 26 anos, executa projetos continuados apoiados em ações<br />

coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> educação, monitoramento, <strong>pesquisa</strong> e <strong>conservação</strong>, com vistas à gestão ambiental.<br />

Durante o estágio conheci sobre a biologia e ecologia das <strong>tartarugas</strong> marinhas, fiz saídas <strong>de</strong> praia para<br />

contagem <strong>de</strong>sses animais, e enfim, comecei meu projeto <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso. Minha <strong>pesquisa</strong> foi com a<br />

dieta <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong>-ver<strong>de</strong>s no litoral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Formei-me bióloga e logo ingressei no Mestrado em<br />

Oceanografia Biológica da FURG, sendo o tema da minha dissertação a dieta da tartaruga-cabeçuda.<br />

Segui no NEMA, uma instituição que tem a vertente da Educação Ambiental presente em todos seus<br />

projetos. Além disso, o “ambiente NEMA” permite a integração entre os projetos e a popularização da ciência.<br />

Sendo assim, não tive como não ser influenciada pela vertente da Educação Ambiental, <strong>de</strong> forma que não me<br />

bastou a <strong>pesquisa</strong>, aflorando em mim a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> também ser uma educadora ambiental. Meu objetivo<br />

aqui é contar a minha trajetória <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dora e como venho me constituindo como educadora ambiental.<br />

Metodologia<br />

As experiências no NEMA me proporcionaram muitas percepções e novas referências conceituais e<br />

metodológicas. Entre essas referências está a metodologia das Ondas elaborada pelo NEMA, com uma<br />

abordagem interdisciplinar que envolve as ciências do ambiente, a arte e a educação psicofísica, parte <strong>de</strong> uma<br />

concepção <strong>de</strong> micro para macro escala, levando a reflexão e (re)conhecimento das potencialida<strong>de</strong>s e limites da<br />

relação ser humano-natureza (Crivellaro et. al 2001).<br />

Aliada às Ondas está a <strong>pesquisa</strong> qualitativa, a qual referenciará este relato <strong>de</strong> experiência. O método<br />

empregado para a elaboração <strong>de</strong>sse relato foi o <strong>de</strong> observação participante, o qual Triviños (1987) <strong>de</strong>screve<br />

ser uma técnica que privilegia a <strong>pesquisa</strong> qualitativa, on<strong>de</strong> “observar” não é simplesmente olhar. Observar é<br />

<strong>de</strong>stacar <strong>de</strong> um conjunto algo especificamente, prestando atenção, por exemplo, em suas características. Nesse<br />

processo, o observador, ao mesmo tempo, po<strong>de</strong> modificar e ser modificado pelo contexto (Menezes et al. 2005).<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

No presente trabalho, eu, Juliana <strong>de</strong> A. Barros, vislumbro e <strong>de</strong>screvo meu olhar sobre a minha experiência<br />

<strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>dora a educadora ambiental, tendo como pano <strong>de</strong> fundo as <strong>tartarugas</strong> marinhas e as vivências no<br />

NEMA, a partir <strong>de</strong> minhas percepções sobre este processo.<br />

Resultados e Discussão<br />

Meu interesse na Educação Ambiental surgiu a partir da análise dos conteúdos gastrointestinais das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas, quando comecei a encontrar uma quantida<strong>de</strong> impressionante <strong>de</strong> lixo no estômago e intestino<br />

<strong>de</strong>sses animais. Nesse momento, comecei a me questionar sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informar as pessoas. Sim,<br />

conhecer o que as <strong>tartarugas</strong> comiam era importante, inclusive para <strong>de</strong>scobrir que a questão dos resíduos<br />

sólidos é uma das maiores ameaças para as <strong>tartarugas</strong> marinhas no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Mas, seria em vão se<br />

essa informação não chegasse às pessoas que na nossa costa vivem ou se utilizam <strong>de</strong>la <strong>de</strong> alguma maneira.<br />

Um novo universo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s surgiu e, como uma tartaruga em busca <strong>de</strong> alimento, mergulhei<br />

em busca <strong>de</strong> aproximar a produção científica do processo educacional. Estava num ambiente (NEMA) propício<br />

a conhecer o campo da Educação Ambiental, além disso, a coor<strong>de</strong>nação do projeto que participo incentiva a<br />

participação em outras ativida<strong>de</strong>s da instituição. Sendo assim, nada foi por acaso. Dentro das possibilida<strong>de</strong>s que<br />

me foram oferecidas, nos projetos que trabalhei e trabalho, a partir <strong>de</strong> temas como a pesca, a biodiversida<strong>de</strong><br />

marinha, as ca<strong>de</strong>ias tróficas, o conhecimento dos habitats do local on<strong>de</strong> vivemos (marismas, molhes da barra,<br />

estuário, praia arenosa, entre outros), passei a utilizar as <strong>tartarugas</strong> marinhas como signo e símbolo do local on<strong>de</strong><br />

vivemos, possibilitando a partir <strong>de</strong>sses animais o diálogo sobre a <strong>conservação</strong> da natureza e o pertencimento ao<br />

lugar on<strong>de</strong> vivemos. As <strong>tartarugas</strong> marinhas são animais carismáticos e por isso são no mundo todo utilizadas<br />

como símbolo e ban<strong>de</strong>ira da <strong>conservação</strong> marinha (Frazier, 2005). Além disso, suas histórias <strong>de</strong> vida, bastante<br />

complexas, possibilitam uma gama <strong>de</strong> assuntos a serem trabalhados nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental,<br />

como as palestras, as oficinas e os cursos ministrados no NEMA.<br />

O fazer Educação Ambiental no NEMA tem inicio a partir <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> meio ambiente vinculada<br />

à visão sistêmica da vida. Meio ambiente como “o lugar <strong>de</strong>terminado ou percebido, on<strong>de</strong> os elementos naturais<br />

e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos <strong>de</strong> criação cultural<br />

e tecnológica e processos históricos e sociais <strong>de</strong> transformação do meio natural e construído” (Reigota, 1994).<br />

Antes <strong>de</strong> estar no NEMA, achava que a Educação Ambiental era falar <strong>de</strong> ecologia. A mudança <strong>de</strong>sse conceito<br />

aconteceu, <strong>de</strong> forma que passei a ver a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordar outras questões <strong>de</strong>ntro das ativida<strong>de</strong>s que<br />

realizava nos projetos que trabalhei. Comecei a incorporar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> minhas práticas conceitos e conteúdos<br />

relacionados à economia, política, ética e cultura. No NEMA passei a enxergar o meio ambiente na sua totalida<strong>de</strong>,<br />

em perceber as relações sociais que este espaço possibilita.<br />

As primeiras experiências com a Educação Ambiental no NEMA foram nas “Oficinas <strong>de</strong> Verão”, cursos<br />

oferecidos anualmente para a comunida<strong>de</strong> que, em geral, tem como público as crianças. A primeira oficina que<br />

participei foi sobre Origami, logo veio a oficina <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas, repetida nos anos seguintes (2009, 2010<br />

e 2011), entre outras. Foi muito bom participar <strong>de</strong>ssas oficinas, a curiosida<strong>de</strong> e empolgação das crianças são<br />

impressionantes. As oficinas <strong>de</strong> verão são ativida<strong>de</strong>s bem pontuais, mas a impressão que tive é que aquelas<br />

crianças não vão esquecer algumas das informações que receberam.<br />

Depois do mestrado comecei a integrar a equipe do Projeto Ondas que te quero mar – Educação<br />

Ambiental para comunida<strong>de</strong>s costeiras, que é responsável pela Educação Ambiental do NEMA. Junto a equipe<br />

do projeto Ondas, meu primeiro trabalho foi no projeto chamado Ambientes Criativos e atendia pré-adolescentes<br />

da 4ª secção da Barra, bairro <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> ministrávamos oficinas interdisciplinares <strong>de</strong> fotografia, arte e<br />

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ciências do ambiente. Por ter uma maior duração, foi possível estabelecer laços, conhecer os pré-adolescentes<br />

melhor, saber sobre a escola, a família, enfim, entrar no universo <strong>de</strong>las, assim como elas nos nossos e isso fez<br />

toda diferença. Foi muito gratificante.<br />

Atualmente, participo do Projeto Pescadores por Natureza, que trabalha com as pescarias <strong>de</strong> arrasto<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, <strong>de</strong>senvolvo ações <strong>de</strong> Educação Ambiental nas escolas, a partir <strong>de</strong> palestras e com<br />

pescadores, na sala localizada no Porto Velho <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>. Essa experiência tem me trazido uma gran<strong>de</strong><br />

satisfação pessoal, além disso, tenho percebido a importância da Educação Ambiental na <strong>conservação</strong> das<br />

<strong>tartarugas</strong> marinhas. A sala permite a construção <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e respeito com os pescadores, fazendo<br />

com que o conhecimento seja produzido e compartilhado.<br />

Ainda não me consi<strong>de</strong>ro uma educadora ambiental em sua totalida<strong>de</strong>, pois muito preciso apren<strong>de</strong>r sobre<br />

seus conceitos e teorias. O que faço hoje, que aqui me atrevo a chamar <strong>de</strong> Educação Ambiental é baseado na<br />

prática e na metodologia que o NEMA me proporcionou e no diálogo com os educadores ambientais que tenho<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conviver nessa instituição. Por outro lado, me sinto educadora no momento que a partir da<br />

minha prática há a troca <strong>de</strong> conhecimento nas relações que são construídas. Essas trocas e relações que me<br />

refiro me proporcionam imensa satisfação, talvez in<strong>de</strong>scritível. Essa experiências, não sei ao certo em que<br />

momento, me levaram a repensar quem eu sou, minhas relações pessoais e minha vida profissional. A partir daí,<br />

hoje já não me basta a <strong>pesquisa</strong> científica se não vier acompanhada do processo educativo.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Crivellaro, C.V.L., R. Martinez Neto, e R.P. Rache. 2001. Ondas que te quero mar: educação ambiental para<br />

comunida<strong>de</strong>s costeiras. Porto Alegre, RS: Gestal.<br />

Frazier, J. 2005. Marine turtles: The role of flagship species in interactions between people and the sea. Maritime<br />

Studies 3/4:5-38.<br />

Menezes, R.B., A.F. Monteiro, e R.M. da Silva. 2005. Vivências pessoais como observador <strong>de</strong> bordo: um relato<br />

<strong>de</strong> experiência. Livro <strong>de</strong> Resumos da 2º Jornada <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> e <strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas no Atlântico<br />

Sul Oci<strong>de</strong>ntal. Rio Gran<strong>de</strong>, RS.<br />

Reigota, M. 1994. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez.<br />

Triviños, A.N.S. 2001. Bases teórico-metodológicas da <strong>pesquisa</strong> qualitativa em ciências sociais. Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong><br />

Pesquisa Ritter dos Reis.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

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ACTIVIDADES DE EXTENSIÓN DE LA BASE CIENTÍFICA DE KARUMBÉ EN CERRO VERDE, URUGUAY,<br />

AL LARGO DE 2010-2011<br />

Gustavo Martinez-Souza 1 , Mauro Russomagno 1 , Bruno Techera 1 , e Laura Berrondo 1<br />

1<br />

Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevi<strong>de</strong>o, Uruguay.<br />

Introducción<br />

La investigación es el camino para conocer y compren<strong>de</strong>r la realidad <strong>de</strong> las tortugas marinas y las<br />

amenazas que afectan a sus poblaciones. Pero la investigación solamente apoya la conservación cuando sus<br />

resultados y conclusiones son extendidos a las comunida<strong>de</strong>s locales involucradas con las tortugas marinas,<br />

así como se hace a la comunidad científica. Al enten<strong>de</strong>r esto, Karumbé <strong>de</strong>sarrolla eventos <strong>de</strong> extensión que<br />

involucran comunida<strong>de</strong>s costeras y turistas, a respecto <strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigación en el área <strong>de</strong> Cerro<br />

Ver<strong>de</strong> (Rocha), una <strong>de</strong> las principales zonas <strong>de</strong> alimentación para la tortuga ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas) en el<br />

Uruguay. Karumbé ha venido <strong>de</strong>sarrollando estas activida<strong>de</strong>s en la zona <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sus comienzos, pero se hacían<br />

en los meses <strong>de</strong> verano. Con la ampliación <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> la Base Científica durante todo el año, en el año<br />

2010 las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensión pasan a ser planeadas por estación <strong>de</strong> año, permitiendo crear un programa<br />

<strong>de</strong> extensión a largo plazo.<br />

El objetivo <strong>de</strong> este trabajo es difundir las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensión <strong>de</strong>sarrolladas por Karumbé en las<br />

comunida<strong>de</strong>s aledañas a Cerro Ver<strong>de</strong> en los años 2010 y 2011 y así incentivar la réplica <strong>de</strong> las mismas en<br />

otras zonas costeras <strong>de</strong>l Atlántico Sur Occi<strong>de</strong>ntal. A la hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>scribir estas activida<strong>de</strong>s, creímos conveniente<br />

separarlas por estación.<br />

Activida<strong>de</strong>s llevadas a cabo en verano<br />

Las activida<strong>de</strong>s llevadas a cabo en los meses <strong>de</strong> verano son las “Jornadas <strong>de</strong> la tortuga” y la comparsa <strong>de</strong><br />

carnaval “Ritmos <strong>de</strong>l Mar”. Las “Jornadas <strong>de</strong> la tortuga” fueran <strong>de</strong>sarrolladas en la playa La Moza (Santa Teresa),<br />

playa <strong>de</strong> Los Pescadores (Punta <strong>de</strong>l Diablo), y en la playa <strong>de</strong> La Coronilla. El objetivo <strong>de</strong> estas activida<strong>de</strong>s es<br />

informar sobre la ocurrencia <strong>de</strong> las especies <strong>de</strong> tortugas marinas presentes en Uruguay y mostrar la importancia<br />

<strong>de</strong> la zona como área <strong>de</strong> alimentación. En dichas <strong>jornada</strong>s se realizaron exposiciones <strong>de</strong> tortugas marinas<br />

(C. mydas), charlas, canciones, juegos, recolección <strong>de</strong> basura y finalmente la liberación <strong>de</strong> las tortugas junto<br />

a los turistas y pobladores locales. En el año 2010, se <strong>de</strong>sarrollaron 20 <strong>jornada</strong>s <strong>de</strong> la tortuga, contando con<br />

la participación <strong>de</strong> más <strong>de</strong> 4000 personas. En 2011, no fueran <strong>de</strong>sarrolladas las “Jornadas” porque Karumbé<br />

concentró sus esfuerzos en la reapertura <strong>de</strong>l centro <strong>de</strong> interpretación, “Centro <strong>de</strong> Tortugas Marinas <strong>de</strong> La Coronilla<br />

- CTMU”, el cual está ubicado junto a la Base Científica. El CTMU es un importante punto <strong>de</strong> información para la<br />

comunidad local y visitantes, convirtiéndose así en un atractivo turístico para la zona.<br />

En los meses <strong>de</strong> febrero <strong>de</strong> los dos años, nos sumamos a los festejos <strong>de</strong> carnaval en la Comunidad <strong>de</strong> La<br />

Coronilla, con la comparsa “Ritmos <strong>de</strong>l Mar”. En el año 2010, el tema <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sfile fue “Las ca<strong>de</strong>nas alimenticias en<br />

el agua, la tierra y el aire”. A lo largo <strong>de</strong> un mes, los niños eligieran el animal que querían representar, prepararon<br />

los disfraces, crearon la coreografía y fueron aprendiendo acerca <strong>de</strong> los mismos y <strong>de</strong> la importancia <strong>de</strong> cada uno<br />

<strong>de</strong> éstos en la ca<strong>de</strong>na alimenticia, más allá <strong>de</strong>l tamaño y lugar que ocupe en el ambiente. El <strong>de</strong>sfile final contó<br />

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con 60 niños, más los padres y vecinos que nos acompañaron. En el año <strong>de</strong> 2011, la comparsa Ritmo <strong>de</strong>l Mar fue<br />

<strong>de</strong>sarrollada junto al Festival “Salvemos a las Tortugas Marinas” (actividad llevada a cabo en otoño), permitiendo<br />

la participación <strong>de</strong> todos los niños en edad lectiva.<br />

Activida<strong>de</strong>s llevadas a cabo en otoño<br />

En el otoño <strong>de</strong> 2010 y 2011, se realizaran en la escuela <strong>de</strong> La Coronilla (N o 29) y <strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Diablo (N o<br />

96), el 7º y 8º Festival “Salvemos a las Tortugas Marinas”. El festival es <strong>de</strong>sarrollado a lo largo <strong>de</strong> una semana <strong>de</strong><br />

clases, con activida<strong>de</strong>s artísticas, recreativas, <strong>de</strong>portivas y <strong>de</strong> investigación. Teniendo como apertura una obra<br />

<strong>de</strong> teatro protagonizada por técnicos y voluntarios <strong>de</strong> Karumbé. Siguiendo la línea <strong>de</strong> diversidad emocional, el<br />

objetivo <strong>de</strong>l festival es sensibilizar a los estudiantes sobre nuestra responsabilidad ciudadana en la conservación<br />

<strong>de</strong>l medio ambiente <strong>de</strong>l que formamos parte todos por igual.<br />

En el año 2010, el tema <strong>de</strong>l festival fue “Nuestra playa, un hogar especial”, en el cual, nos propusimos<br />

involucrar otros animales marinos presentes en nuestras costas: el chucho (raya <strong>de</strong>l genero Myliobatis), el tiburón,<br />

la tonina, la ballena franca, el gaviotín y el lobo marino; y así <strong>de</strong>stacar la importancia <strong>de</strong>l ecosistema marinocostero<br />

<strong>de</strong> la zona. Por otro lado, resaltar nuestra contribución en la <strong>de</strong>gradación <strong>de</strong>l ambiente, asociada a la<br />

producción y uso irracional <strong>de</strong> basura, basándonos para esto, en la importancia <strong>de</strong> las tres R’s (Reducir, Reutilizar<br />

y Reciclar). Bolsas <strong>de</strong> tela fueran donadas a todos los estudiantes y docentes para el uso continuo y reducción <strong>de</strong><br />

las bolsas plásticas en los comercios locales. Cada niño distinguió su bolsa con divertidos dibujos, convirtiendo<br />

cada bolsa en única y así fortaleciendo su utilización. En el marco <strong>de</strong>l festival, los 323 niños participaran <strong>de</strong><br />

“Olimpíadas <strong>de</strong> la Tortuga”, divididos en seis equipos i<strong>de</strong>ntificados con los animales <strong>de</strong>scriptos anteriormente.<br />

Cada equipo investigó acerca <strong>de</strong>l animal y <strong>de</strong> la costa uruguaya, pintó ban<strong>de</strong>ras y chalecos, compuso canciones,<br />

y participo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>portivas durante el día <strong>de</strong> cierre <strong>de</strong>l festival, don<strong>de</strong> al final se entregaron medallas a<br />

todos los niños, fortaleciendo así, la i<strong>de</strong>a <strong>de</strong> que lo importante no es ganar, sino, participar, compartir y divertirse<br />

aprendiendo.<br />

En el año 2011, siguiendo con esta última i<strong>de</strong>a y a<strong>de</strong>más incorporando y dando valor a la cultura local,<br />

se trabajó con los animales nativos, introduciendo el concepto <strong>de</strong> especie invasora. Este año, el tema <strong>de</strong>l festival<br />

fue “Los tambores transmiten la buena nueva, los invasores no son inmortales (Eduardo Galeano)”. En el marco<br />

<strong>de</strong> las “Olimpíadas <strong>de</strong> la Tortuga”, los 340 niños fueran divididos en 4 equipos: Mulita, Puma, Carpincho y Ñandú,<br />

animales autóctonos que insignia las nuevas monedas <strong>de</strong> Uruguay, referentes a la conmemoración <strong>de</strong> los 200<br />

años <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ología patria uruguaya. Cada equipo, tuvo activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigación, buscando informaciones<br />

acerca <strong>de</strong>l animal y <strong>de</strong> un pueblo pre-hispánico americano (Mayas, Incas, Charrúas y Guaraníes). Los equipos<br />

hicieron canciones, pintaron una ban<strong>de</strong>ra, máscaras <strong>de</strong> los animales (en el marco <strong>de</strong> la comparsa “Ritmos <strong>de</strong>l<br />

Mar”) y un afiche en la pared <strong>de</strong> la escuela. El Festival contó con activida<strong>de</strong>s diarias <strong>de</strong>portivas a lo largo <strong>de</strong> la<br />

semana.<br />

Junto a las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> los Festivales y Olimpiadas, se recolectaron más <strong>de</strong> 20.000 tapitas <strong>de</strong> botellas,<br />

las cuales fueron entregadas a la radio FM Coronilla, y usadas para la confección <strong>de</strong> colchas para los hospitales<br />

públicos.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

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Activida<strong>de</strong>s realizadas en invierno<br />

En el invierno <strong>de</strong> 2010 y 2011, fueron <strong>de</strong>sarrollados activida<strong>de</strong>s en el “Mes <strong>de</strong> la Conservación”, llamando<br />

así al mes <strong>de</strong> junio, ya que es en este mes que se conmemoran el Día Mundial <strong>de</strong>l Medio Ambiente (día 5), el Día<br />

<strong>de</strong> los Océanos (día 8), el día <strong>de</strong> la Tortuga Marina (día 16) y el Día <strong>de</strong>l Árbol. Tortugas marinas fueron liberadas<br />

y plantados árboles autóctonos y plantas acuáticas en el sistema ecológico <strong>de</strong> tratamiento <strong>de</strong> agua <strong>de</strong> la escuela<br />

<strong>de</strong> Punta <strong>de</strong>l Diablo, <strong>de</strong>sarrollado por la ONG CEUTA.<br />

Consi<strong>de</strong>raciones Finales<br />

Las activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> verano, otoño e invierno fueran consi<strong>de</strong>radas exitosas. En la primavera no fueran<br />

<strong>de</strong>sarrolladas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensión. Pero la propuesta a futuro es continuar con el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> estas<br />

activida<strong>de</strong>s involucrando a jóvenes <strong>de</strong>l Liceo (12 a 18 años).<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que la continuidad que se le ha dado al festival, y a partir <strong>de</strong>l año 2010, el establecimiento<br />

permanente en la zona a lo largo <strong>de</strong> todo el año, han sido importantes porque, por un lado, han consolidado el<br />

trabajo <strong>de</strong>sarrollado con los estudiantes y colaborado en la construcción <strong>de</strong> una i<strong>de</strong>ntidad asociada al cuidado<br />

<strong>de</strong>l medio ambiente, formando ciudadanos transformadores <strong>de</strong> la realidad actual. Por otro lado, han profundizado<br />

el relacionamiento con las comunida<strong>de</strong>s, lo que redunda en una mejor comunicación y por en<strong>de</strong> en un mejor<br />

<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s, entendiendo que somos parte <strong>de</strong> la misma lucha en la conservación <strong>de</strong> nuestros<br />

recursos. Y por último, han ayudado a consolidar las i<strong>de</strong>as en el equipo <strong>de</strong> trabajo, aclarándonos acerca <strong>de</strong><br />

nuestra propia responsabilidad como ciudadanos en la conservación <strong>de</strong>l medio ambiente y en la formación <strong>de</strong><br />

una sociedad más justa. Fortaleciendo así, nuestros propios objetivos, analizando los resultados y aprendiendo<br />

<strong>de</strong>l proceso. Cada día <strong>de</strong> trabajo, cada actividad, cada emoción sentida por el equipo, es lo que nos da fuerza<br />

para seguir por medio <strong>de</strong> esta propuesta <strong>de</strong> trabajo que tiene a las tortugas marinas como especie ban<strong>de</strong>ra,<br />

luchando por la conservación y la protección <strong>de</strong> la naturaleza y sabiéndonos parte <strong>de</strong> ella.<br />

Agra<strong>de</strong>cimientos/Financiamientos<br />

Los autores agra<strong>de</strong>cen a todos los técnicos y voluntarios <strong>de</strong> Karumbé, a todos los docentes y niños que<br />

participaran <strong>de</strong> las activida<strong>de</strong>s y al Rufford Small Grants por el apoyo financiero.<br />

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TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPÉCIE-BANDEIRA COMO FERRAMENTA<br />

PARA CONSERVAÇÃO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SÃO PAULO<br />

Juliana S. P. Gusmão 1,* , e Marcelo N. Schlindwein 1<br />

1<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos – UFSCar – Campus Sorocaba. Rodovia João Leme dos Santos, km 110,<br />

CEP 18052-780, Bairro Itinga, Sorocaba, SP.<br />

* (juliana_spg@hotmail.com).<br />

Palavras-chave: Chelonia mydas, interação com pesca, diversida<strong>de</strong> biológica, políticas públicas ambientais,<br />

turismo sustentável.<br />

Introdução<br />

A perda <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> biológica na Terra, nos últimos 50 anos, atingiu uma taxa cem vezes maior<br />

que o normal, o que acredita-se ser a “sexta extinção”, cuja causa <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um evento natural e se <strong>de</strong>ve<br />

às ativida<strong>de</strong>s humanas. Neste contexto se insere a biologia da <strong>conservação</strong> que é, por <strong>de</strong>finição, uma ciência<br />

multidisciplinar <strong>de</strong>senvolvida como resposta à crise na qual a diversida<strong>de</strong> biológica se confronta atualmente<br />

(Frankham et al. 2008).<br />

A <strong>conservação</strong> brasileira evoluiu da preocupação estética em 1930, para a preocupação com as espécies,<br />

passando para a ênfase em <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s e daí para a promoção social das pessoas que vivem<br />

no interior ou entorno das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>. Nos anos 80, o aparecimento <strong>de</strong> projetos com objetivos<br />

específicos (Tamar, Peixe Boi, entre outros) possibilitaram combinar dinamismo com liberda<strong>de</strong> da estrutura<br />

burocrática governamental e, até hoje, têm li<strong>de</strong>rado as iniciativas na <strong>conservação</strong> brasileira por apresentarem<br />

soluções inovadoras para a enorme gama <strong>de</strong> obstáculos à <strong>conservação</strong>, <strong>de</strong>senvolvidas em conjunto com as<br />

comunida<strong>de</strong>s diretamente relacionadas ao problema (Rodrigues 2002).<br />

A região <strong>de</strong> Ubatuba tem um ecossistema diversificado e complexo, e uma população que vive intimamente<br />

relacionada com esse. Os pescadores conhecem bem a aparente abundância <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que po<strong>de</strong>m<br />

ser observadas próximas a costões rochosos; são indivíduos juvenis <strong>de</strong> tartaruga ver<strong>de</strong> (Chelonia mydas),<br />

espécie-ban<strong>de</strong>ira e ameaçada <strong>de</strong> extinção, que buscam abrigo e alimento nesta porção do litoral norte <strong>de</strong> São<br />

Paulo e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da <strong>conservação</strong> dos ecossistemas costeiros para sobreviverem.<br />

Para enten<strong>de</strong>r como as <strong>tartarugas</strong> marinhas têm influenciado na criação <strong>de</strong> políticas públicas ambientais,<br />

ações efetivas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> e educação ambiental no município <strong>de</strong> Ubatuba, o presente trabalho traz um<br />

levantamento bibliográfico sobre a biologia das espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem no Brasil, mais<br />

especificamente sobre as espécies ocorrentes em Ubatuba, e suas interações com a pesca. Levantamentos<br />

sobre as ameaças locais e análise da efetivida<strong>de</strong> e influência do Projeto Tamar-ICMBio existente no município<br />

também foram realizados.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

27 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011 - Florianópolis, Brasil<br />

Metodologia<br />

Ubatuba localiza-se a 230 km da capital paulista (23°26’S – 45°04’W), no litoral norte do Estado (Fig. 1)<br />

(Castro e Bruna 2002). Segundo o site da Prefeitura (2010), sua extensão total é <strong>de</strong> 748,02 km 2 , com a população<br />

estimada pelo IBGE 2009 <strong>de</strong> 81 mil habitantes, dos quais 97% estão na área urbana. Estima-se que a população<br />

flutuante possa chegar a um milhão <strong>de</strong> habitantes no auge da temporada (Ferreira et al. 2008).<br />

Figura 1. Mapa do Brasil mostrando a localização <strong>de</strong> Ubatuba (esquerda) e mapa <strong>de</strong>talhado da área <strong>de</strong> Ubatuba<br />

mostrando o litoral abrigado da região. Modificado <strong>de</strong> Gallo et al. (2006).<br />

Fez-se um levantamento bibliográfico on<strong>de</strong> foram fundamentais os trabalhos <strong>de</strong> Gomes et al. (2006),<br />

Sanches (1999), e as informações contidas no site oficial do Projeto Tamar - ICMBio para a caracterização da<br />

biologia das espécies <strong>de</strong> <strong>tartarugas</strong> marinhas que ocorrem no Brasil.<br />

Os livros <strong>de</strong> Droguett e Fonseca, 2005, <strong>de</strong> Marcílio (2006) e o estudo <strong>de</strong> Castro e Bruna (2005), foram a<br />

base para contextualizar histórica e contemporaneamente o município com relação à cultura popular, ocupação<br />

do território, pesca e economia local, principalmente.<br />

A leitura e referência ao livro <strong>de</strong> Suassuna (2007) foi importante para enten<strong>de</strong>r a relação do Projeto<br />

Tamar-ICMBio com a socieda<strong>de</strong> brasileira como um todo, seu histórico e contexto <strong>de</strong> criação, sua política <strong>de</strong><br />

relação com as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pescadores em que interage, e as diretrizes adotadas por esta instituição<br />

governamental visando a <strong>conservação</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas.<br />

Como subsídios gerais foram utilizados artigos <strong>de</strong> internet, revistas, capítulos <strong>de</strong> livros e artigos científicos<br />

para complementar os elementos <strong>de</strong> discussão, além da experiência prática do estágio realizado na base do<br />

Projeto Tamar-ICMBio <strong>de</strong> Ubatuba <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> julho a 04 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2010, no qual foi possível acompanhar as<br />

ações gerais do projeto frente às especificida<strong>de</strong>s locais.<br />

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Oci<strong>de</strong>ntal<br />

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Resultados e Discussão<br />

O Projeto Tamar-ICMBio <strong>de</strong>senvolve ações <strong>de</strong> <strong>pesquisa</strong>, <strong>conservação</strong> e educação ambiental no centro<br />

<strong>de</strong> visitante e nas escolas do município visando a <strong>conservação</strong> marinha tendo como símbolo as <strong>tartarugas</strong>. O<br />

resultado <strong>de</strong>sta ação é que muitas pessoas entram em contato com a base ao encontrarem um animal na praia,<br />

atitu<strong>de</strong> que reforça a eficácia das <strong>tartarugas</strong> marinhas como embaixadoras do meio ambiente, e o respeito que<br />

tem o projeto no Brasil (Projeto Tamar-ICMBio 2010).<br />

Para o município <strong>de</strong> Ubatuba fica claro que, não fosse o Projeto Tamar-ICMBio pouco seria conhecido a<br />

respeito das <strong>tartarugas</strong> marinhas <strong>de</strong>ste litoral, bem como nenhuma ação em nível municipal teria se <strong>de</strong>senvolvido<br />

para protegê-las. É fato, portanto, que o projeto modificou a forma como os moradores locais percebem as<br />

<strong>tartarugas</strong>: se antes elas eram um item <strong>de</strong> consumo, hoje são animais que precisam <strong>de</strong> proteção e um álibi para<br />

atrair os turistas à região.<br />

Em razão do sucesso e influência do Projeto Tamar-ICMBio, as <strong>tartarugas</strong> marinhas tornaram-se um<br />

símbolo no município, estão nos prédios, placas <strong>de</strong> restaurantes, artigos <strong>de</strong> artesanatos e em muitos outros itens.<br />

O centro <strong>de</strong> visitantes do Tamar contribui para o <strong>de</strong>senvolvimento do turismo da cida<strong>de</strong> e os técnicos do projeto<br />

geralmente são consultados pela prefeitura para dar parecer sobre assuntos que envolvem o meio ambiente.<br />

Durante o estágio realizado foi possível observar que bastava ter re<strong>de</strong> na água que pelo menos uma<br />

ocorrência <strong>de</strong> afogamento <strong>de</strong> tartaruga era registrada. Como os afogamentos <strong>de</strong> C. mydas em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca<br />

constituem um dos principais problemas em Ubatuba, seguido da ingestão <strong>de</strong> lixo, a maioria das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>pesquisa</strong> <strong>de</strong>senvolvidas pelo Tamar visam diminuir a mortalida<strong>de</strong> das <strong>tartarugas</strong> marinhas em re<strong>de</strong>s sem afetar<br />

negativamente a pesca local; os resultados são apresentados aos pescadores das diferentes comunida<strong>de</strong>s para<br />

propor acordos ou mesmo influenciar na criação <strong>de</strong> leis <strong>de</strong> proteção.<br />

Em Ubatuba, a ocorrência <strong>de</strong> C. mydas juvenis é alta o ano todo indicando ser um local para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta espécie. E, através <strong>de</strong> análises genéticas, sabe-se que os indivíduos têm origem <strong>de</strong><br />

diferentes populações, inclusive <strong>de</strong> outros países, o que torna o local importante para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

ações <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> po<strong>de</strong>ndo chamar a atenção para a cooperação internacional (Barrera 2009; Projeto<br />

Tamar-ICMBio 2010).<br />

Ao enten<strong>de</strong>r que políticas públicas ambientais são ações <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo Estado com vistas ao<br />

bem coletivo e que essas ações po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidas em parceria com <strong>org</strong>anizações não governamentais,<br />

percebe-se a influência do Projeto Tamar-ICMBio como instituição híbrida (vinculada ao Estado e ONG) para<br />

elaborar estas políticas em nível fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal.<br />

As <strong>tartarugas</strong> marinhas, pela sua importância para o ecossistema e po<strong>de</strong>r como espécies-ban<strong>de</strong>ira junto<br />

à socieda<strong>de</strong> e órgãos públicos, <strong>de</strong>vem ser usadas cada vez mais como ferramentas para gerar políticas públicas<br />

ambientais que visem à proteção <strong>de</strong> habitats, sem, com isso, prejudicar as famílias <strong>de</strong> pescadores que outrora<br />

tinham nesses animais um complemento alimentar, uma vez que elas são capazes <strong>de</strong> agregar valor econômicoambiental<br />

à localida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo gerar renda através do turismo sustentável.<br />

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Referências Bibliográficas<br />

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<strong>de</strong>sembocadura sul da Baía <strong>de</strong> Paranaguá, litoral do Paraná. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado - Centro <strong>de</strong> Estudos do<br />

Mar, UFPR.<br />

Castro, D.M.L., e G.C. Bruna. 2002. Políticas públicas <strong>de</strong> ocupação e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável: o caso do<br />

município <strong>de</strong> Ubatuba. Congresso Interamericano <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental, Cancún, México.<br />

Droguett, J., e J.O. Fonseca. 2005. Ubatuba: espaço, memória, cultura. Editora Arte & Ciência, São Paulo, SP.<br />

Ferreira, C.J., M.J. Brollo, M.E. Ummus, e T.D. Nery. 2008. Indicadores e quantificação da <strong>de</strong>gradação ambiental<br />

em áreas mineradas, Ubatuba (SP). Revista Brasileira <strong>de</strong> Geociências 38:141-152.<br />

Frankham, R., J.D. Ballou, e D.A. Briscoe. 2008. Fundamentos <strong>de</strong> genética da <strong>conservação</strong>. Ribeirão Preto:<br />

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Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, e P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba,<br />

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Biology 5:93-101.<br />

Gomes, M.G.T., M.R.D. SANTOS, e M. HENRY. 2006. Tartarugas marinhas <strong>de</strong> ocorrência no Brasil: hábitos e<br />

aspectos da biologia da reprodução. Revista Brasileira <strong>de</strong> Reprodução Animal 30:19-27.<br />

Marcílio, M.L. 2006. Caiçara: terra e população. Editora: Edusp, São Paulo, SP.<br />

Prefeitura <strong>de</strong> Ubatuba. 2010. Disponível em: http://www.ubatuba.sp.gov.br/. Acessado em 20/10/2010.<br />

Projeto Tamar - ICMBIO. 2010. Disponível em: http://www.tamar.<strong>org</strong>.br/interna.php?cod=64. Acessado em<br />

20/10/2010.<br />

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Sanches, T.M. 1999. Tartarugas Marinhas. Disponível em:<br />

refere/<strong>tartarugas</strong>.pdf. Acessado em 28/09/2010.<br />

www.anp.gov.br/brnd/round5/round5/guias/sismica/<br />

Suassuna, D. 2007. Um olhar sobre políticas ambientais: o projeto Tamar. Ed. Thesaurus, Brasília, DF.<br />

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SESSÃO ESPECIAL<br />

APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE<br />

CONSERVACIÓN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN EL<br />

PACIFICO ORIENTAL<br />

Sandra Andraka 1 , Moisés Mug 1 , Alejandro Imbach 2 , Claudia Bouroncle 2 , Martín Hall 3 , Nick Vogel 3 , Liliana<br />

Rendón 4 , David Ortega 4 , Álvaro Segura 4 , Lucas Pacheco 4 , Luis Alonso Zapata 4 , Erick Villagrán 4 , Celina <strong>de</strong> Paz 4 ,<br />

Velkiss Ga<strong>de</strong>a 5 , Pablo Guerrero 4 , Michael Valqui 4 , Mariluz Parga 6 y Maite Pons 7<br />

1<br />

Programa Marino y <strong>de</strong> Pesquerías, Latinoamérica y el Caribe, WWF, San José, Costa Rica (sandra.andraka@<br />

wwf.panda.<strong>org</strong>)<br />

2<br />

Geolatina, 3 Comisión Interamericana <strong>de</strong>l Atún Tropical, 4 Oficinas y consultores WWF en México, Guatemala, El<br />

Salvador, Costa Rica, Panamá, Colombia, Ecuador y Perú, 5 Fauna y Flora Internacional, 6 SUBMON, 7 Centro <strong>de</strong><br />

Conservación e investigación marina (CICMAR).<br />

La comunidad <strong>de</strong> conservación <strong>de</strong> recursos naturales enfrenta enormes retos en la actualidad ante un<br />

impacto antropológico consi<strong>de</strong>rable en el medio natural. Gran<strong>de</strong>s esfuerzos y recursos humanos y financieros<br />

se invierten para la conservación <strong>de</strong> la biodiversidad y los recursos marinos pero en general no se aplican<br />

sistemas que permitan medir la efectividad <strong>de</strong> esta inversión, es <strong>de</strong>cir, ¿están funcionando realmente nuestras<br />

acciones?, ¿se están alcanzando los objetivos <strong>de</strong> conservación? Las <strong>org</strong>anizaciones <strong>de</strong> conservación tenemos<br />

la responsabilidad <strong>de</strong> ser estratégicos en nuestras inversiones y buscar <strong>de</strong>mostrar la efectividad <strong>de</strong> nuestras<br />

acciones.<br />

La Alianza para las Medidas <strong>de</strong> Conservación [Conservation Measures Partnership (CMP)] ha <strong>de</strong>sarrollado<br />

una serie <strong>de</strong> herramientas y conceptos, llamados los estándares abiertos, para diseñar, manejar y llevar a cabo<br />

acciones, monitorear, evaluar y apren<strong>de</strong>r, con el fin <strong>de</strong> incrementar al máximo la efectividad y eficiencia para<br />

obtener el mayor beneficio <strong>de</strong> la conservación en función <strong>de</strong>l manejo adaptativo. Un carácter intrínseco a los<br />

estándares es que están disponibles en forma libre al público en general y que no pertenecen a ninguna persona<br />

u <strong>org</strong>anización y por lo tanto pue<strong>de</strong>n ser redistribuidos libremente La <strong>org</strong>anización mundial <strong>de</strong> conservación,<br />

WWF, entre otras <strong>org</strong>anizaciones, como miembro <strong>de</strong> CMP aplica los estándares abiertos en sus programas y<br />

proyectos como es el caso <strong>de</strong>l programa <strong>de</strong> reducción <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> las tortugas marinas en el<br />

Pacífico Oriental.<br />

El programa comenzó en 2004 en Ecuador <strong>de</strong>bido a una solicitud <strong>de</strong>l gobierno y el sector industrial y<br />

artesanal a la Comisión Interamericana <strong>de</strong>l Atún Tropical (CIAT) para buscar una solución conjunta y constructiva<br />

a la captura no <strong>de</strong>seada <strong>de</strong> tortugas marinas en las pesquerías <strong>de</strong> palangre. El punto <strong>de</strong> partida era la experiencia<br />

<strong>de</strong> la Administración Atmosférica y Oceánica (NOAA) con los anzuelos circulares en pesquerías <strong>de</strong> Estados<br />

Unidos <strong>de</strong> América. WWF se incorporó un poco más tar<strong>de</strong> en 2004 uniéndose a la filosofía y principios <strong>de</strong>l<br />

programa y <strong>de</strong>s<strong>de</strong> entonces la iniciativa se ha expandido a 8 países más: México, Guatemala, El Salvador,<br />

Nicaragua, Costa Rica, Panamá, Colombia, y Perú. La incorporación <strong>de</strong> WWF aportó, a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> su capacidad<br />

técnica, su estructura <strong>de</strong> gestión a través <strong>de</strong> sus técnicos y oficinas en todos los países, dando al programa un<br />

carácter <strong>de</strong> red <strong>de</strong> tipo regional. En cada país se crearon equipos muchas veces <strong>de</strong> manera fortuita y por interés<br />

<strong>de</strong> participar, con la incorporación <strong>de</strong> coordinadores <strong>de</strong> WWF trabajando en colaboración con oficiales <strong>de</strong> las<br />

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autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca, algunos pescadores empren<strong>de</strong>dores y otros miembros <strong>de</strong>l sector pesquero con interés en<br />

mejorar las pesquerías.<br />

El programa se originó por la CIAT, a través <strong>de</strong>l enfoque visionario <strong>de</strong> Martín Hall, con un enfoque <strong>de</strong> la<br />

difusión <strong>de</strong> una innovación, es <strong>de</strong>cir, la propagación <strong>de</strong> una i<strong>de</strong>a nueva - en este caso el anzuelo circular y las<br />

mejores prácticas para tortugas marinas - que busca un cambio en una estructura <strong>de</strong> un sistema social, - el sector<br />

pesquero - mediante la comunicación - principalmente talleres, encuentros en pequeños grupos o individuales<br />

en el día y día, y con observadores, como agentes <strong>de</strong> cambio, tomando datos <strong>de</strong> un experimento para evaluar la<br />

efectividad <strong>de</strong> los anzuelos circulares con los J a bordo <strong>de</strong> embarcaciones voluntarias en diferentes pesquerías.<br />

Los principios rectores <strong>de</strong>l programa establecidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el inicio son: 1. Nadie quiere lastimar o matar tortugas;<br />

2. Nadie quiere <strong>de</strong>jar a los pescadores sin trabajo; 3. La participación <strong>de</strong> los pescadores y las embarcaciones<br />

en el programa es voluntaria; y 4. Obtener datos <strong>de</strong> la mejor calidad en condiciones <strong>de</strong> pesca comerciales <strong>de</strong><br />

la “vida real”. Sus principios, objetivos y accionar originales se han mantenido pero se han añadido otros y<br />

fusionado en un proceso <strong>de</strong> planificación que WWF realizó en 2007 usando los estándares abiertos con el fin <strong>de</strong><br />

enmarcar ese conjunto <strong>de</strong> acciones emprendidas para alcanzar objetivos y metas <strong>de</strong>finidos en un proceso <strong>de</strong><br />

manejo adaptativo i<strong>de</strong>al cuyo <strong>de</strong>sarrollo permitiera medir avances, tomar <strong>de</strong>cisiones y documentar y compartir el<br />

aprendizaje. El objetivo último es reducir la captura inci<strong>de</strong>ntal y mortalidad <strong>de</strong> tortugas marinas en las pesquerías<br />

<strong>de</strong> palangre <strong>de</strong>l Pacífico Oriental. Uno <strong>de</strong> los retos es medir este objetivo y la contribución que el programa hace<br />

para lograrlo. Por esta razón, en la planificación se usaron proxies, indicadores indirectamente relacionados<br />

con el tema, que nos permitan medir el progreso. Por citar algún ejemplo, 611 embarcaciones han participado<br />

voluntariamente en el programa <strong>de</strong> observadores, pero más <strong>de</strong> 680 (con o sin observador) han cambiado sus<br />

anzuelos y prácticas en el manejo y liberación <strong>de</strong> tortugas marinas. Más <strong>de</strong> 160.000 anzuelos circulares han<br />

sido intercambiados y más <strong>de</strong> 240 eventos <strong>de</strong> capacitación, educación o presentación <strong>de</strong> resultados se han<br />

realizado con más <strong>de</strong> 15.000 pescadores. También están documentados como indicadores cambios en políticas<br />

para promover el uso <strong>de</strong> anzuelos circulares, que se han genera por el programa. Adicionalmente, los datos<br />

recolectados por los observadores también nos indican progreso hacia los objetivos como tasas <strong>de</strong> reducción <strong>de</strong><br />

50% con anzuelos circulares en algunas pesquerías.<br />

Es <strong>de</strong>cir, los proxies y los datos generados nos permiten enten<strong>de</strong>r mejor las pesquerías y usarlos para<br />

tomar <strong>de</strong>cisiones con un enfoque ecosistémico consi<strong>de</strong>rando otras especies a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> las tortugas marinas y<br />

que con un mayor análisis nos pue<strong>de</strong>n dar estimaciones hacía el objetivo final que es la reducción <strong>de</strong> la captura<br />

inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas.<br />

Lo más importante en este proceso, a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> medir y analizar el avance hacia objetivos y resultados<br />

comunes, es probar los supuestos y <strong>de</strong>finir que ha funcionado y que no, con el fin <strong>de</strong> adaptar las acciones. Esto<br />

se materializa en la generación <strong>de</strong> lecciones, lo cual es un poco arte y ciencia, y llevan a un aprendizaje como<br />

red.<br />

Las lecciones generadas son muchas y van <strong>de</strong>s<strong>de</strong> anécdotas, resultados estadísticos y técnicos<br />

propiamente o supuestos generales <strong>de</strong>l enfoque <strong>de</strong> trabajo y manejo <strong>de</strong> un programa. A continuación se mencionan<br />

un extracto <strong>de</strong> algunas <strong>de</strong> las categoría: tecnológica y científica - se ha aprendido en si sobre las características<br />

<strong>de</strong> la pesquería artesanal <strong>de</strong> palangre que presenta particularida<strong>de</strong>s por flota, tipo <strong>de</strong> arte y modo <strong>de</strong> operación;<br />

se han encontrado tasas <strong>de</strong> reducción <strong>de</strong> captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas <strong>de</strong> 50% con anzuelos circulares<br />

C16 en pesquerías <strong>de</strong> atún-tiburón según la flota y el país, se conoce como manipular mejor las tortugas en las<br />

condiciones <strong>de</strong> esta pesquería, 99% <strong>de</strong> las capturadas en palangre <strong>de</strong> superficie son encontradas vivas; trabajo<br />

con diferentes sectores – ha resultado valido el enfoque <strong>de</strong> abordar la problemática <strong>de</strong>s<strong>de</strong> los pescadores, sin<br />

imposiciones, pero a la vez es fundamental que las autorida<strong>de</strong>s se apropien <strong>de</strong>l proceso <strong>de</strong>s<strong>de</strong> el inicio para<br />

contar con ambos sectores; tiene que haber una comunicación fluida, constante y transparente con todos los<br />

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sectores (pescadores, gobierno, industria, entre otros); trabajo en red y enfoque regional – es fundamental tener<br />

objetivos comunes a largo plazo entre todos los actores; trabajar <strong>de</strong> manera cooperativa en red pue<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> una<br />

manera <strong>org</strong>ánica o una sistemática, sin excluirse entre ellas, según las necesida<strong>de</strong>s y condiciones, pero a la vez<br />

es un reto armonizar los intereses <strong>de</strong> los interesando; la tortuga marina ha sido un elemento <strong>de</strong> biodiversidad que<br />

ha sido reconocido regionalmente para mejorar las pesquerías; la iniciativa regional ha sido empujada y adoptada<br />

en muchas ocasiones por individuos pero <strong>de</strong>be ir ligada a estructuras sociales o institucionales para asegurar su<br />

permanencia en el tiempo; las herramientas <strong>de</strong> planificación han facilitado la consecución <strong>de</strong> objetivos pero hay<br />

que saber combinarla con la genialidad <strong>de</strong> los individuos.<br />

En <strong>de</strong>finitiva, la iniciativa ha pasado por un ciclo en el que se realiza la incorporación <strong>de</strong> un proceso formal <strong>de</strong><br />

aprendizaje – que requiere <strong>de</strong> su propio tiempo - a la acción <strong>de</strong> conservación, en un red con un enfoque <strong>de</strong><br />

colaboración entre sectores <strong>de</strong> conservación y pesca y no confrontación, y que pue<strong>de</strong> ser compartido con otras<br />

iniciativas que enfrentan la problemática <strong>de</strong> la captura inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> tortugas marinas incluso en otras latitu<strong>de</strong>s,<br />

como es el Atlántico Sur, creando las bases para una cooperación e intercambio sur-sur.<br />

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