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3ª Feira · 12 de Fevereiro de 2008<br />
www.<br />
<strong>Destak</strong><br />
.pt 23<br />
Últimahora<br />
TIMOR-LESTE O chefe de Estado timorense, José<br />
Ramos Horta, deverá reocupar o cargo dentro de<br />
um mês, garantiu ontem em <strong>Lisboa</strong> o presidente do<br />
Parlamento Nacional, Fernando de Araújo “Lasama”,<br />
à saída de um encontro com Cavaco Silva.<br />
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII<br />
INSTANTES<br />
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IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII<br />
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LUÍSA CASTEL-BRANCO*<br />
ABORTO<br />
CDS-PP questiona<br />
ministra sobre IVG<br />
O CDS-PP quer saber quantasmulheresjáfizerammais<br />
do que um aborto desde a entrada<br />
em vigor da lei de despenalização<br />
e se, nos casos de<br />
repetição, é permitida a objecção<br />
de consciência aos médicos.<br />
«Em quantos casos a mesma<br />
mulher realizou mais do<br />
queumainterrupçãovoluntáriadagravidez?Nestescasos<br />
é permitida aos médicos<br />
a objecção de consciência?»,<br />
questionou o CDS-PP, num<br />
conjunto de 15 perguntas ontem<br />
dirigidas à recém-empossada<br />
ministra da Saúde,<br />
Ana Jorge.<br />
Também o custo médio de<br />
cada aborto efectuado no<br />
Serviço Nacional de Saúde e<br />
os custos financeiros totais<br />
da aplicação da lei foram<br />
questionados pelo CDS-PP.<br />
Em declarações à Lusa, o deputado<br />
Pedro Mota Soares<br />
D.R.<br />
considerou que o Governo<br />
tem «insistido e investido<br />
mais na prática de abortos do<br />
que em verdadeiras alternativasparaasmulheres».<br />
OCDS-PPpretendeainda<br />
saber que explicações tem a<br />
ministra para o facto de o número<br />
de abortos realizados<br />
sob a nova lei (cerca de seis<br />
mil) serem muito inferiores<br />
às projecções avançadas pelos<br />
defensores do `Sim´<br />
aquando do referendo. <br />
NISA<br />
Águasódeverá<br />
voltaraonormal<br />
nomêsdeJunho<br />
O excesso de alumínio identificado<br />
na água da rede pública<br />
em várias freguesias do<br />
concelho de Nisa só deverá ficar<br />
resolvido em Junho, revelou<br />
o administrador da Águas<br />
doNorteAlentejano(AdNA),<br />
Octávio Almeida. O responsável<br />
justificou o tempo de espera<br />
pelo facto de as análises<br />
eostestesefectuadosdiariamente<br />
só poderem recolher<br />
resultados positivos dentro<br />
de quatro meses. No entanto,<br />
oconsumodeáguanascinco<br />
povoações do concelho de Nisa<br />
não está interdito.<br />
LUÍS ANICETO/DESTAK<br />
CASA FERNANDO PESSOA<br />
Inês Pedrosa<br />
escolhida como<br />
nova directora<br />
ANDRÉ KOSTERS/LUSA<br />
A escritora e jornalista Inês<br />
Pedrosaéanovadirectora<br />
da Casa Fernando Pessoa,<br />
devendo assumir funções na<br />
próxima sexta-feira. Actualmente<br />
colunista do Expresso,<br />
Inês Pedrosa, autora de vários<br />
romances, o mais recente<br />
dos quais intitulado A<br />
Eternidade e o Desejo, decidiu<br />
aceitar o convite endereçado<br />
pelo presidente da autarquia<br />
lisboeta, António<br />
Costa. A escritora sucede a<br />
Francisco José Viegas, que<br />
deixouadirecçãodaCasapara<br />
dirigir a revista Ler.<br />
Partilhar a dor<br />
Fui ao Hospital da Cuf visitar uma amiga que está nos cuidados<br />
intensivos. Quando saí e me encaminhei para o elevador, colocou-se<br />
a meu lado um senhor, de 70 anos talvez, alto e com um<br />
rosto de estrangeiro. Quando entrámos no elevador, perguntou-<br />
-me se falava inglês. Disse-lhe que sim e por poucos segundos ficámos<br />
calados. Logo de seguida, ele diz-me que vive no Algarve e<br />
que a mulher estava ali nos cuidados intensivos porque tinha tido<br />
um AVC. «Foi muito forte. Ela tem o cérebro cheio de sangue e os<br />
médicos queriam operar mas eu disse que não. Nunca se sabe o<br />
que pode acontecer quando se mexe no cérebro de um ser humano».<br />
Respondi-lhe que tinha tido um AVC aos 49 anos. «Mas a<br />
minha mulher tem 86. Não é justo condená-la a acabar a vida<br />
agarrada a uma cama, sem ser ela mesma».<br />
Saímos a porta do elevador. Ele parou, olhou para mim e perguntou:<br />
«Não concorda?» Respondi-lhe que sim, que já tinha pedido à<br />
minha família que se acaso eu tivesse outro AVC e fosse de consequências<br />
tão graves assim, que não tentassem manter-me viva a<br />
todo o custo. «Preciso de apanhar ar. Estou muito cansado. As filhas<br />
da minha mulher chegam amanhã e vão ajudar-me mas há<br />
dias que não saio da beira dela, estou sempre a conversar com<br />
ela.» Afinal, tinha bem mais de 70 anos. Os ombros foram descaindo<br />
com a conversa e os olhos foram ficando mais vazios.<br />
«Foi um prazer falar consigo. Adeus.»<br />
Começou a descer a caminho da rua. Nunca estamos preparados<br />
para dizer Adeus. Aquele homem estava só, e precisou de falar.<br />
Como se ao pôr as palavras cá fora a dor ficasse mais pequenina.<br />
* Escritora e Apresentadora de TV<br />
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