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Mycoplasma hominis e Ureaplasma sp. em amostras do trato ...

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<strong>do</strong>s para analisar a relação entre o número de microrganismos<br />

isola<strong>do</strong>s e seu papel no quadro clínico, depend<strong>em</strong> da<br />

amostra biológica estudada. De maneira geral são considera<strong>do</strong>s<br />

significantes valores de concentração compreendi<strong>do</strong>s<br />

entre 10 3 e 10 4 UAC/mL (Raddi et al., 1989). Além da cultura,<br />

M. <strong>hominis</strong> e <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>. pod<strong>em</strong> ser detecta<strong>do</strong>s por<br />

técnicas imunológicas, como as reações imunoenzimáticas<br />

(Elisa) e de biologia molecular, como a reação <strong>em</strong> cadeia da<br />

polimerase (PCR). Entretanto, estas técnicas apresentam-se<br />

menos viáveis para os laboratórios clínicos devi<strong>do</strong> à complexidade<br />

meto<strong>do</strong>lógica e ao alto custo de implantação.<br />

Apesar das dificuldades de se correlacionar o isolamento<br />

de M. <strong>hominis</strong> e <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>. <strong>em</strong> <strong>amostras</strong> genitais e a<br />

etiologia de infecções neste sítio anatômico, a detecção<br />

destes microrganismos é de extr<strong>em</strong>a importância, principalmente<br />

por estar<strong>em</strong> envolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>do</strong>enças graves, e<strong>sp</strong>ecialmente<br />

no recém-nasci<strong>do</strong>. Estas e<strong>sp</strong>écies assum<strong>em</strong><br />

papel importante mesmo quan<strong>do</strong> envolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>do</strong>enças<br />

consideradas de menor gravidade, como as vaginoses e<br />

uretrites, levan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> conta os desconfortos gera<strong>do</strong>s, as<br />

possíveis complicações conseqüentes destes distúrbios e a<br />

possibilidade de transmissão sexual. A ocorrência de micoplasmas<br />

<strong>em</strong> <strong>amostras</strong> genitais constitui-se um probl<strong>em</strong>a de<br />

saúde pública geran<strong>do</strong> a necessidade de cuida<strong>do</strong>s médicos<br />

e tratamento adequa<strong>do</strong>s. Desta forma, o presente trabalho<br />

teve como objetivo avaliar a ocorrência, <strong>em</strong> concentrações<br />

clinicamente significantes, de M. <strong>hominis</strong> e <strong>Ureaplasma</strong><br />

<strong>sp</strong>. <strong>em</strong> pacientes atendi<strong>do</strong>s no Laboratório de Ensino e Pesquisa<br />

<strong>em</strong> Análises Clínicas (LEPAC) da Universidade Estadual<br />

de Maringá, Paraná, com solicitação médica de cultura<br />

para micoplasma e a sua relação com a presença de sintomas<br />

de infecção genital.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O LEPAC apresenta-se como laboratório de referência para<br />

a cultura de micoplasma <strong>em</strong> pacientes atendi<strong>do</strong>s pelo<br />

SUS e oriun<strong>do</strong>s da 15 a Regional de Saúde <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.<br />

Os princípios éticos que permearam este estu<strong>do</strong> se<br />

basearam na Resolução 196/96-CNS/MS das diretrizes e<br />

normas que reg<strong>em</strong> pesquisa <strong>em</strong> seres humanos (Parecer<br />

132/2005-COPEP-UEM). To<strong>do</strong>s os 1553 pacientes incluí<strong>do</strong>s<br />

neste estu<strong>do</strong> foram encaminha<strong>do</strong>s ao LEPAC com solicitação<br />

médica para realização de cultura e<strong>sp</strong>ecífica para micoplasma<br />

(M. <strong>hominis</strong> e <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>.), com ou s<strong>em</strong> requisição<br />

para a realização de exames microbiológicos para<br />

detecção de outros agentes causa<strong>do</strong>res de infecções genitais,<br />

no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre janeiro de 2001 e dez<strong>em</strong>bro<br />

de 2004. Pacientes <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino foram também<br />

submetidas a um questionário relaciona<strong>do</strong> às condições<br />

sintomáticas (<strong>do</strong>r pélvica e corrimento vaginal) que<br />

as levaram a realizar este tipo de exame.<br />

Para a pesquisa de micoplasma e Neisseria gonorrhoeae as<br />

<strong>amostras</strong> coletadas foram secreção cervical uterina, uretral<br />

masculina ou e<strong>sp</strong>erma. Para o isolamento de micoplasma<br />

as <strong>amostras</strong> clínicas, coletadas com swab estéril, foram introduzidas<br />

<strong>em</strong> meio de tran<strong>sp</strong>orte e<strong>sp</strong>ecífico (A3xb), de onde<br />

foram s<strong>em</strong>eadas <strong>em</strong> ágar A7 e incubadas por até 5 dias,<br />

<strong>em</strong> t<strong>em</strong>peratura de 35°C e atmosfera conten<strong>do</strong> 5% de CO2.<br />

A identificação das e<strong>sp</strong>écies de micoplasma estudadas foi<br />

realizada de acor<strong>do</strong> com a morfologia colonial de cada<br />

agente (Shepard & Lunceford, 1976). Amostras clínicas positivas<br />

<strong>em</strong> A7 foram tituladas <strong>em</strong> meio líqui<strong>do</strong>, MLA (Cunha<br />

et al., 1987), para M. <strong>hominis</strong> e U10 (Shepard, 1974) para<br />

<strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>., visan<strong>do</strong> a determinação da concentração<br />

de microrganismos por mililitro (mL) de amostra coletada,<br />

a qual foi expressa <strong>em</strong> UAC/mL. Foram considera<strong>do</strong>s<br />

significativos valores ≥ 10 3 UAC/mL para M. <strong>hominis</strong> e<br />

≥ 10 4 UAC/mL para <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>., conforme critérios de<br />

interpretação recomenda<strong>do</strong>s por Cunha et al. (2001). Para<br />

isolamento de N. gonorrhoeae as <strong>amostras</strong> clínicas foram<br />

s<strong>em</strong>eadas diretamente <strong>em</strong> ágar Thayer-Martin (Thayer &<br />

Martin, 1966). Trichomonas vaginalis, leveduras e pseu<strong>do</strong>hifas<br />

foram pesquisa<strong>do</strong>s por microscopia direta a fresco nas<br />

secreções vaginais e uretrais masculina. A microscopia de<br />

esfregaços, cora<strong>do</strong>s pelo Gram, de secreções vaginais, uretrais<br />

masculina e e<strong>sp</strong>ermas, foi utilizada para avaliar a flora<br />

bacteriana e a presença de leucócitos. O diagnóstico de<br />

VB foi feito com base nos critérios padroniza<strong>do</strong>s por Amsel<br />

et al. (1983) e Nugent et al. (1991).<br />

RESULTADOS<br />

Dos pacientes estuda<strong>do</strong>s, 1451 eram <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino<br />

(93,43%) e 102 (6,57%) <strong>do</strong> sexo masculino. Positividade para<br />

micoplasma <strong>em</strong> concentrações significativas foi observada<br />

<strong>em</strong> 47,1% <strong>do</strong>s pacientes estuda<strong>do</strong>s. O isolamento exclusivo<br />

de M. <strong>hominis</strong> ou de <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>. foi observa<strong>do</strong> <strong>em</strong> 36<br />

(2,3%) e 536 (34,5%) pacientes, re<strong>sp</strong>ectivamente. Em 159 pacientes<br />

(10,2%) foram isola<strong>do</strong>s ambos agentes (Tabela 01).<br />

Da totalidade de pacientes <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino que re<strong>sp</strong>onderam<br />

o questionário, 1371 (94,5%) relataram algum sintoma<br />

de infecção no <strong>trato</strong> genital e destes 678 (49,5%) apresentaram<br />

cultura positiva para micoplasma <strong>em</strong> concentração<br />

clinicamente significativa (Fig. 01). Em 56 (8,3%)<br />

destas pacientes foi observa<strong>do</strong>, ao exame microscópico <strong>do</strong><br />

material clínico, um número aumenta<strong>do</strong> de leucócitos e diminuí<strong>do</strong><br />

de bacilos de Döderlein, além de negatividade para<br />

os outros microrganismos pesquisa<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>.<br />

Em to<strong>do</strong>s os pacientes pesquisa<strong>do</strong>s não houve isolamento<br />

de N. gonorrhoeae. Das 1041 pacientes cuja secreção vaginal<br />

foi examinada (bacterioscopia e exame a fresco), 125<br />

(12,0%) apresentaram cultura positiva para micoplasma<br />

associada com a presença de leveduras e/ou pseu<strong>do</strong>hifas,<br />

T. vaginalis ou quadro clínico característico de VB (Fig. 02).<br />

Em relação as pacientes com VB observou-se que na maior<br />

parte (63,0%), M. <strong>hominis</strong> e <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>. foram isola<strong>do</strong>s<br />

concomitant<strong>em</strong>ente, já o isolamento exclusivo de M.<br />

<strong>hominis</strong> ou <strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>p foi observa<strong>do</strong> <strong>em</strong> 11,1% e<br />

25,9% das pacientes, re<strong>sp</strong>ectivamente (Fig. 03).<br />

TABELA I<br />

Distribuição numérica das culturas positivas para<br />

cada e<strong>sp</strong>écie de micoplasma de acor<strong>do</strong> com<br />

o gênero <strong>do</strong>s pacientes.<br />

Culturas positivas<br />

Mulheres<br />

n (%)<br />

Homens<br />

n (%)<br />

Total<br />

n (%)<br />

<strong>Ureaplasma</strong> <strong>sp</strong>. 522 (71,4) 14 (1,9) 536 (73,3)<br />

M. <strong>hominis</strong> 35 (4,8) 01 (0,1) 36 (4,9)<br />

Ambos 155 (21,2) 04 (0,6) 159 (21,8)<br />

Total 712 (97,4) 19 (2,6) 731 (100)<br />

296 RBAC, vol. 39(4): 295-298, 2007

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