23.06.2014 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - Secretaria de ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - Secretaria de ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - Secretaria de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

52<br />

Dos atendimentos realizados pela USA em 22,7% não estava informado o<br />

diagnóstico e na USB em 97,7%. Esse número elevado <strong>de</strong> atendimentos sem<br />

diagnósticos po<strong>de</strong> estar relacionado primeiramente ao fato <strong>de</strong> as ocorrências<br />

psiquiátricas serem atendidas com mais frequência pelas USB (conforme Tabela1),<br />

on<strong>de</strong> não há médico e o diagnóstico registrado é o referido pela família ou<br />

acompanhantes no momento do atendimento.<br />

O alto percentual <strong>de</strong> atendimentos com diagnóstico não informado e a<br />

utilização <strong>de</strong> termos inespecíficos como “surto psiquiátrico” e “surto psicótico”, para<br />

<strong>de</strong>nominar um diagnóstico pela equipe nos remete a uma realida<strong>de</strong> cujas práticas<br />

dos profissionais no atendimento ao indivíduo em sofrimento psíquico no SAMU<br />

merecem melhor reflexão e discussão.<br />

O predomínio <strong>de</strong>sses termos po<strong>de</strong> estar relacionado com o tipo <strong>de</strong><br />

atendimento feito pelo SAMU, caracterizado por ser muito rápido e entendido como<br />

serviço <strong>de</strong> transporte extra-hospitalar. Esses achados nos levam a crer que as<br />

equipes também apresentam algumas dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>screver e atuar nos<br />

quadros psiquiátricos.<br />

Sobre a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento nos casos psiquiátricos autores como<br />

Marcolan (2004), Jardim; Dimenstein (2008) e Bonfada (2010) apontam que os<br />

profissionais do SAMU e dos serviços <strong>de</strong> emergências psiquiátricas têm dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> lidar com a subjetivida<strong>de</strong> dos sujeitos em crise e com isso centralizam suas<br />

práticas na contenção física e química e em proporcionar um transporte rápido para<br />

o hospital psiquiátrico, suprimindo os sintomas <strong>de</strong> agitação ou agressivida<strong>de</strong> que<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram aquele chamado.<br />

Foram atendidos, em 2010, pelo SAMU/Cuiabá, 64 casos <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong><br />

suicídios que não estavam classificados como <strong>de</strong> natureza psiquiátrica nos registros<br />

do SAMU e, por isso, não compõem a população <strong>de</strong>ste estudo. Os registros<br />

precários dificultaram a inclusão <strong>de</strong> atendimentos <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> suicídio no estudo<br />

que, supõe-se, sejam atendimentos <strong>de</strong> natureza psiquiátrica, não classificados como<br />

tal. Isso confirma a afirmativa <strong>de</strong> que os profissionais do SAMU têm dificulda<strong>de</strong>s em<br />

lidar com problemas psiquiátricos (MARCOLAN, 2004; PAES, 2009; BONFADA, 2010).<br />

Outra dificulda<strong>de</strong> encontrada no estudo são os registros dos atendimentos<br />

incompletos, cuja ausência nas fichas <strong>de</strong> atendimentos e em outros campos que se<br />

apresentaram sem preenchimentos, foi fundamental para impor a este trabalho<br />

limitações importantes. Pesquisa realizada por Duarte; Lucena; Morita (2011), no

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!