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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

Contudo, vão desabrochando alguns contributos, na alvorada dos novos tempos, fazendo<br />

companhia ao raro pensa<strong>me</strong>nto lhano <strong>que</strong> tem permanecido orgulhosa<strong>me</strong>nte só, por exemplo,<br />

Bessa (2001). Um destes autores recentes, agora no domínio concreto do pangermanismo, é<br />

Korinman. Na sua obra bem conseguida, como título parafraseando o pri<strong>me</strong>iro verso de Das Lied<br />

der Deutschen (Hino Alemão) (1999: 9), cita logo na introdução Barrè <strong>que</strong> afirma: “. . .tous les<br />

Allemands sont pangermanistes; le pangermanis<strong>me</strong>, c'est la veritable Allemagne”. Com efeito, este<br />

conceito, como se explicou, tem o objectivo estratégico de constituir uma entidade política nos<br />

moldes da união dos povos germânicos.<br />

Por outro lado, esta dissertação possibilitou retomar a lembrança de <strong>que</strong> o campo de<br />

observação da política externa alemã deve ser orientado para o conservadorismo. Aliás, S. S. Bento<br />

XVI – ele próprio um actor na política externa de raízes germânicas - apresenta-se como uma das<br />

imagens mais próximas deste convervadorismo, apanágio alemão a <strong>que</strong> nos referimos,<br />

materializado nas palavras conhecedoras de Hockenos (2008: 93) da “moralidade cristã, ética no<br />

trabalho e respeito pela lei” <strong>que</strong> guiam as acções do Estado.<br />

Esta “moralidade cristã”, dissecando, subsiste nos traços “predominante<strong>me</strong>nte protestantes”<br />

da elite alemã: “os dirigentes das empresas e os detentores dos capitais”, “as camadas superiores<br />

da mão-de-obra qualificada” e “o pessoal técnico e co<strong>me</strong>rcial das empresas alta<strong>me</strong>nte especializado<br />

das empresas modernas”, escrevia Weber (1983: 25) nos inícios do século XX. O <strong>que</strong> é facto, como<br />

referimos sempre, é <strong>que</strong> a maioria dos Bundeskanzlern alemães tem sido luterana. Uns preferem<br />

apregoar cortes epistemológicos – pela nossa parte opta-se pelo conheci<strong>me</strong>nto cumulativo.<br />

Noutro prisma, o facto de citarmos, argu<strong>me</strong>ntarmos, trazermos incontáveis vezes o Sacro<br />

Império Romano das Nações Germânicas (Nações Germânicas como se afirma com tantas<br />

diferenças culturais, mas com um padrão comum <strong>que</strong> as liga), à reflexão não cega a análise, nem a<br />

torna escrava da História, uma vez <strong>que</strong>, como se fez <strong>me</strong>nção no Antelóquio, não se pretendeu “um<br />

simples desfilar de datas e tratados celebrados nas páginas da História”. Porém, frisou-se <strong>que</strong> os<br />

povos germânicos amam profunda<strong>me</strong>nte a sua História milenar e não a es<strong>que</strong>cem, orgulhando-se<br />

dela. Em concreto, prova disso <strong>me</strong>smo encontra-se nas constantes publicações históricas (<strong>que</strong> se<br />

vendem por toda a Alemanha) e de <strong>que</strong> é exemplo o pe<strong>que</strong>no livro prussiano (2008) <strong>que</strong> contém<br />

pe<strong>que</strong>nas biografias dos Kurfürsten do Brandenburg, dos Könige da Prússia e dos Kaiser do II<br />

Reich. Por<strong>que</strong> <strong>que</strong>m não sabe de onde vem, também não sabe <strong>que</strong>m é. Por isso, trata-se, ao invés,<br />

possuindo o escudo de conheci<strong>me</strong>nto de <strong>que</strong> não existirão mais império de mil anos e <strong>que</strong>:<br />

“ao contrário, se há algo de <strong>que</strong> se vai precisar forte<strong>me</strong>nte nestes anos iniciais da<br />

Nova Ordem Internacional gerida pelos Estado Unidos é de entender muito bem o olhar de<br />

Leviathan e de interiorizar a certeza histórica, provada mil vezes, de <strong>que</strong> todo o império<br />

perecerá” (Bessa, 2001: 213),<br />

de forjar uma base histórico-científica de <strong>que</strong>, apesar de subsistir a hipótese da Germânia como<br />

império em potência, este não será eterno, tal qual não o foi o Sacro Império ou todas as outras<br />

construções imperiais.<br />

Da <strong>me</strong>sma forma, soube-se delimitar, tal qual alerta Murphy (1997: VII), até onde vai o mito<br />

do nazismo, <strong>que</strong> tem como essência confundir as inteligências, entre a dita ideologia e a própria<br />

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