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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

Relevou-se <strong>que</strong>, enquanto o Reich, por <strong>me</strong>io da paz realista de Metternich do Congresso de<br />

Wien de 1815, procurou assegurar as fronteiras do Império Habsburg contra os nacionalismos<br />

acordados pela Revolução Francesa (Bessa & Pinto, 1999), mas sem castigar a França, a culpada<br />

por toda a instabilidade; mais de 100 anos depois, em 1918, estava a França, pronta a ajudar na<br />

humilhação dos povos germânicos, ainda com as feridas abertas na carne da derrota <strong>que</strong> sofreu na<br />

Guerra Franco-Prussiana (1870-1), porém desejosa de voltar a retomar a Alsácia-Lorena e sugar<br />

vantagens económicas da industrializada Renânia alemã. Se, também como no-lo afirmam Bessa e<br />

Pinto (1999), a Triplice Entente é contra-natura, pois aliou os liberais Reino Unido e França à Rússia<br />

autocrática, isso assim se processou, como sempre, com o intuito de esmagar a Germânia,<br />

destruição esta consagrada em 1945 e nesse duro pós-guerra em <strong>que</strong> se regista uma “alienação total<br />

da Alemanha” (Vilarinho, 1974/5: 51). So<strong>me</strong>nte povos excepcionais como os germânicos, e<br />

a<strong>que</strong>loutros germanizados, poderiam renascer da<strong>que</strong>le grau de devastação pós-conflito (e não<br />

es<strong>que</strong>cemos o capital <strong>que</strong> o Plano Marshall trouxe para essa tarefa, porém o dinheiro não invalida o<br />

esforço). E Vilarinho chama a atenção para esse pragmatismo: “. . .ou se trabalhava dura<strong>me</strong>nte ou se<br />

deixava de existir” (Vilarinho, 1974/5: 109).<br />

A espacialidade da Germânia, como se versou, reúne alemães, austríacos, suiços, húngaros,<br />

checos, belgas, eslovenos, croatas, estónios, germânicos da Itália, de França, da Polónia e por aí em<br />

diante, reflete ainda a importância desse espaço geopolítico na Mitteleuropa e de um projecto<br />

germânico a concretizar, à luz de toda a linha de argu<strong>me</strong>ntação.<br />

Porém, o ódio - conceito animal e cultural, <strong>que</strong> é devotado aos povos germânicos pelos seus<br />

inimigos, como se explicou, só permite, <strong>me</strong>diante uma Germânia hegemónica, a construção da paz<br />

negativa <strong>que</strong> se teorizou. Como exemplo histórico, podemos <strong>me</strong>ncionar a alegria das elites<br />

a<strong>me</strong>ricanas ao destruir o Império Austro-Húngaro, considerado por a<strong>que</strong>las como uma execrescência<br />

reacionária por ser a última das monarquias católicas. Porém, em suma, Weber afirma: “o jovem<br />

a<strong>me</strong>ricano não tem respeito por nada nem por ninguém, por nenhuma tradição e por nenhum cargo,<br />

mas apenas pelo êxito pessoal de <strong>que</strong>m o ocupa. É a isto <strong>que</strong> os a<strong>me</strong>ricanos chamam<br />

«democracia»” (Weber, 1979: 140).<br />

Tendo sempre na <strong>me</strong>nte, gravado com letras de fogo, <strong>que</strong> “o futuro está em aberto” volta-se<br />

a frisar <strong>que</strong> o exposto é apenas uma hipótese - jamais um raciocínio determinista e inelutável à la<br />

Marx. Porém, uma hipótese pouco comum, no seio da comunidade académica, esta dominada por<br />

uma forma de pensa<strong>me</strong>nto com <strong>que</strong> não alinhamos. Por isso, fazemos saber, à imagem do nosso<br />

orientador (Bessa, 2001: 17), <strong>que</strong> neste nosso modesto contributo científico, recusámos o “pronto a<br />

pensar” e os saberes instantâneos – basta juntar água – dos “fazedores de opiniões”.<br />

Os conceitos de pangermanismo, ideia imperial (no sentido de domínio da Europa e no<br />

sentido de monarchia universalis e de domínio mundial subse<strong>que</strong>nte), retomar cíclico no núcleo<br />

geohistórico e de Wachstumspitz, <strong>que</strong> nos ocupámos em extrair da História, por <strong>me</strong>io de um estudo<br />

paciente e atento, são hoje ideias enterradas bem fundo, pelas mais diversas condicionantes: <strong>me</strong>do,<br />

idealismo, vontade extrema de apertar a Alemanha num redil <strong>me</strong>díocre, ou o pior de todos,<br />

desonestidade intelectual.<br />

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