Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
III – CONCLUSÃO<br />
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer? Esta dissertação, na sua tentativa de<br />
visão holística, procurou comprovar <strong>que</strong> historica<strong>me</strong>nte o poder germânico se tem tornado<br />
hegemónico <strong>me</strong>diante um determinado ciclo, sendo depois abafado e destruído pelos inimigos.<br />
Numa perspectiva aliada aos funda<strong>me</strong>ntos de um enquadra<strong>me</strong>nto teórico bem desenhado, a<br />
tónica situou-se na identificação dos reais objectivos estratégicos da Alemanha. Desta forma se<br />
justifica a necessidade do capítulo 1) deste trabalho, a fim de colocar a nu a fortaleza dos diversos<br />
músculos do Estado alemão, lendo as linhas económicas, psicossociais, históricas, geográficas, bem<br />
como as mais ténues linhas políticas e militares – todas estas forças agregadas num centro de<br />
gravidade <strong>que</strong> se identificou numa hipótese de projecto político.O es<strong>que</strong>ma dialéctico <strong>que</strong> estabelece<br />
acções, prevendo reacções contrárias serve-nos para apontar os objectivos traçados, jamais<br />
ignorando a tradição histórico-política e reconhecendo, concomitante<strong>me</strong>nte <strong>que</strong> o problema não<br />
conhece uma única modalidade de acção, mas a possibilidade de várias. Assim obriga a base<br />
científica, a análise multidiscilinar e a liberdade de pensa<strong>me</strong>nto.<br />
Com efeito, respondida a pergunta inicial, e tendo já explicado <strong>que</strong> se entende como solução<br />
para a Deutsche Frage, uma construção geopolítica baseada nos ensina<strong>me</strong>ntos de Haushofer,<br />
especifica<strong>me</strong>nte, no <strong>que</strong> expusemos ser a sua concepção de fronteira, e na doutrina do<br />
pangermanismo: “. . .l'unification en Europe de toutes les populations de culture germani<strong>que</strong>. . .”<br />
Lacoste (1994: 1191-1192) não se poderá traçar qual<strong>que</strong>r perspectiva futura do <strong>que</strong> advirá<br />
política<strong>me</strong>nte, no espaço germânico – o método popperiano não admite profecias históricas<br />
(Gardiner, 2008: 338) – mas para analisar a realidade é imprescindível ler os sinais. Assim, aquilo<br />
<strong>que</strong> Clausewitz chamava de “o peso do acaso e da incerteza” e de “as qualidades morais e as forças<br />
da alma” imprevisíveis (2003:13) impossibilitam qual<strong>que</strong>r estudioso de adivinhar para quando a<br />
“ressurreição germânica”, pressupondo a validade da hipótese. E é mais por estes factores<br />
<strong>me</strong>tafísicos, acima de quais<strong>que</strong>r outros, <strong>que</strong> se declinam os ensina<strong>me</strong>ntos da escola geográfica do<br />
behaviorismo, defensiva de <strong>que</strong> os processos <strong>me</strong>ntais internos só por não serem <strong>me</strong>nsuráveis, na<br />
análise empírica, têm pouca importância. Bem pelo contrário, têm bastante.<br />
Do <strong>me</strong>smo modo, como nos revela Bessa: “o saber científico é uma construção permanente<br />
para onde todos os estudiosos carreiam a sua pedra aparada e cuja tarefa parece nunca ter fim à<br />
vista” (Bessa: 1997a:137). E assim é – este trabalho é mais uma dessas pedras.<br />
O campo de observação, <strong>que</strong> abriu este estudo geopolítico aos campos de saber <strong>que</strong> se<br />
enu<strong>me</strong>raram no antelóquio: História, Geografia, Ciência Política, Economia, Política Externa, permitiunos<br />
abarcar vastos domínios, crer na hipótese e tirar as conclusões <strong>que</strong> apresentamos. No entanto, a<br />
Economia não encontra aqui mais espaço do <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> real<strong>me</strong>nte detém. Se a História é<br />
governada pelas Ideias serão as Ideias <strong>que</strong> a ciência social dos processos de produção, distribuição<br />
e consumo dos bens e serviços segue e não o contrário. Do <strong>me</strong>smo modo, impera o poder político,<br />
decorrido da tradição histórica, sobre todos os outros, por mais <strong>que</strong> actual<strong>me</strong>nte se asse<strong>me</strong>lhe <strong>que</strong><br />
não será dessa forma.<br />
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