Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
Da <strong>me</strong>sma forma, ao nível da língua alemã, <strong>que</strong>m fez a experiência de permanecer algumas<br />
semanas na região de Hannover, capital do Estado de Niedersachsen, onde se fala o alemãopadrão<br />
e de seguida voar directa<strong>me</strong>nte para München, capital do Estado de Bayern, sente-se<br />
i<strong>me</strong>diata<strong>me</strong>nte sovado por uma dialecto muito próprio e característico, mas <strong>que</strong>, na pri<strong>me</strong>ira vez no<br />
ouvido, pouco parece ter de alemão. Aliás, nesta linha de raciocínio, Stür<strong>me</strong>r (2003: 31 e seguintes)<br />
tem exacta<strong>me</strong>nte um capítulo designado de “Muitas Alemanhas”, no qual ele disserta sobre os<br />
pontos distintos <strong>que</strong> acabámos de referir a par de outros <strong>que</strong> não são pertinentes em trazer para a<br />
nossa reflexão.<br />
Em suma, para findar este ponto, comprovamos uma existência de nações germânicas <strong>que</strong><br />
integram a Alemanha, e de outras <strong>que</strong> estão igual<strong>me</strong>nte fora dela, nações provenientes da<br />
construção política do Sacrum Romanorum Imperium Nationis Germanicæ <strong>que</strong> com esse elo em<br />
comum, sem prejuízo, tem a sua cultura e dialecto próprios. Nações germânicas <strong>que</strong> durante séculos<br />
recusaram a constituição de uma “nação alemã”, pois a tradição é a da herança do Império Romano<br />
do Ocidente (Schwanitz: 2004: 85), um Reich sob o qual viviam harmoniosa<strong>me</strong>nte diversas nações.<br />
Com efeito, estas nações germânicas continuam vivas e distintas, dispersas pelo espaço do antigo<br />
Reich. Se assim não fosse, não faria sentido editar, em plena década de 80, uma obra (1985) <strong>que</strong><br />
colecta os cânticos e hinos de grande parte das regiões da Germânia: desde Danzig a Luxemburg,<br />
desde Elsaβ-Lothingen [Alsácia-Lorena] a Böh<strong>me</strong>n [Boémia], desde o Tirol a Ostpreuβen [Pússia<br />
Oriental (e Königsberg)] desde Schleswig-Holstein a Siebenbürgen [Transilvânia].<br />
Fica este comple<strong>me</strong>nto essencial, como ponte entre análise funcional da cultura germânica e<br />
a Estratégia Cultural alemã.<br />
Volvendo à política externa cultural alemã e aos gastos educacionais, <strong>me</strong>recem, então,<br />
desta<strong>que</strong>, ao nível das políticas sectoriais, quatro organismos <strong>que</strong> a concretizam: o Goethe-Institut<br />
(GI) (30) <strong>que</strong> incorpora em si um enor<strong>me</strong> trabalho de intercâmbio cultural no exterior e difunde a<br />
língua e cultura alemã através de cursos; o Deutscher Akademischer Austausch Dienst (DAAD) (31)<br />
<strong>que</strong> se ocupa de intercâmbio no patamar dos cientistas; a Inter Nationes (actual<strong>me</strong>nte integrada no<br />
GI) <strong>que</strong> se ocupa principal<strong>me</strong>nte com visitas de convidados estrangeiros, com a produção e<br />
distribuição de material informativo e cultural; e o Institut für Auslandsbeziehungen (IFA) (32) <strong>que</strong><br />
organiza sobretudo exposições no exterior, intercâmbio artístico e diálogo das culturas.<br />
Aprofundemos, porém, o papel do GI como verdadeiro instru<strong>me</strong>nto de Estratégia Cultural e<br />
pedra basilar de construção da imagem cultural. Este organismo, <strong>que</strong> está encarregue, como<br />
referimos do ensino da língua alemã, incentiva também o aperfeiçoa<strong>me</strong>nto dos professores<br />
estrangeiros de alemão, a realização de leituras de autores, apresentações de teatro e cinema, bem<br />
como debates. Com 147 dependências espalhadas por 83 países do Mundo pode-se assim ter uma<br />
ideia da extensa di<strong>me</strong>nsão do assunto <strong>que</strong> tratamos (fig 22).<br />
Noutra via, desde 2003, a Alemanha aposta em Centros Culturais, em especial na Europa de<br />
Leste, financiados directa<strong>me</strong>nte pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros Alemão, pelo <strong>que</strong><br />
concluímos <strong>que</strong> o Drang nach Osten da Ordem Teutónica foi transformado de militar para cultural. O<br />
Bundesinstitut für Kultur und Geschichte der Deutschen im östlichen Europa [Instituto Federal para a<br />
Cultura e a História dos Alemães na Europa de Leste] (33) servirá neste sentido.<br />
77