Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
“ Na Mitteleuropa, caberia à Alemanha<br />
ser a dinamizadora nos domínios<br />
político, cultural e económico”<br />
(Medeiros, 2003 :144)<br />
2.2.2.1.2) A Estratégia Cultural da Alemanha<br />
Não obstante todos os princípios expostos, comprovados e sustentados, da análise funcional<br />
<strong>que</strong> se terminou de realizar, igual<strong>me</strong>nte se constata a realidade de <strong>que</strong> a base da política externa<br />
alemã está, actual<strong>me</strong>nte, ligada às democracias liberais.<br />
Relevada esta realidade a ter em conta, a Alemanha fica i<strong>me</strong>diata<strong>me</strong>nte coarctada a um<br />
determinado comporta<strong>me</strong>nto encaixado nas regras do jogo dessas <strong>me</strong>smas democracias.<br />
De outra perspectiva, este muro democrático - possível de reconhecer, por exemplo, numa<br />
linguagem de: “integração europeia, reconciliação das partes, caminho para a democracia, fórum de<br />
diálogo cultural” (Auswärtiges Amt, 2003: 65-69) - <strong>que</strong> rodeia a Alemanha não a impede, de forma<br />
alguma - como se avisou no Antelóquio - de estender a sua a “influência cultural”, como alvitra<br />
Bessa (2001: 84-103), ou seja, a estabelecer uma gigantesca <strong>me</strong>ta a atingir pela sua política<br />
externa, capaz no grau mais elevado, como concluiremos – “german culture as power” (Markovits &<br />
Reich, 1997: 200). Note-se <strong>que</strong>, a par da diplomacia clássica e da política económica externa, a<br />
política cultural externa (26) completa os três pilares básicos dos Negócios Estrangeiros da<br />
Alemanha.<br />
Assim sendo, e de acordo com a estruturação de Graça (1992: 260-264) <strong>que</strong> adoptamos, as<br />
relações culturais internacionais “informais” da Alemanha assentam em diversas áreas como:<br />
“cinema, televisão, comunicação social, publicidade, música, arte. . .” (Graça, 1992: 263). Porquanto,<br />
aqui se inserem os contributos de, por um lado, Balandier <strong>que</strong> ao longo da sua obra (1999) nos<br />
alerta para a trindade: informação, comunicação e técnica, para métodos de transposição, produção<br />
de imagens, manipulação de símbolos, organização de um quadro cerimonial, enfim o <strong>que</strong><br />
Schwartzenberg (n.1943) caracteriza de Estado Espectáculo (1977), a fim de difundir a informação<br />
cultural <strong>que</strong> nos ocupa; e por outro, Debray (1997), para <strong>que</strong>m a ideia da lógica de dominação está<br />
total<strong>me</strong>nte dependente das imagens simbólicas, sendo <strong>que</strong> o Estado Alemão seduz (- já não prega<br />
nem ensina, como nos tempos passados) através da televisão e de outros <strong>me</strong>ios audiovisuais,<br />
constituindo um autêntico aparelho ideológico ao seu inteiro dispor, de igual modo, para espalhar<br />
pela sua região devida<strong>me</strong>nte delimitada, a <strong>me</strong>sma informação cultural. Com efeito, também para<br />
Graça (1992: 253) “o Audiovisual é o <strong>me</strong>io através do qual as imagens culturais nacionais se<br />
projectam diaria<strong>me</strong>nte nas pessoas.” Por exemplo, na série televisiva Kommissar Rex, co-produzida<br />
por alemães e austríacos, até difundida em Portugal, o ensina<strong>me</strong>nto e <strong>me</strong>nsagem básicas residem<br />
na infalibilidade de um Pastor Alemão e num corpo policial <strong>que</strong> ele integra e representa, no combate<br />
ao cri<strong>me</strong> – todos os casos são resolvidos e os criminosos presos. Claro <strong>que</strong>, actual<strong>me</strong>nte, podem<br />
ser chamados ao debate um gigantesco circo de séries <strong>que</strong>, tendo sido criadas na esteira da <strong>que</strong><br />
74