09.06.2014 Views

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

“A democracia seria assim,<br />

de todas as ordens burguesas,<br />

a pior”.<br />

(Michels, 2001: 408)<br />

2.2.2.1.1) Análise funcional à cultura germânica<br />

Pri<strong>me</strong>ira<strong>me</strong>nte, tentar compreender o <strong>que</strong> são cultural<strong>me</strong>nte os povos germânicos e quais as<br />

ambições <strong>que</strong> a História nos revela nesse âmbito apresenta-se, ipso facto, na estrutura ideal e desde<br />

logo traçada. Em verdade, pretende-se deixar claro <strong>que</strong> não constitui um verdadeiro trabalho<br />

científico, <strong>me</strong>ntor e concomitante<strong>me</strong>nte discípulo da tentativa de alcançar a verdade, a<strong>que</strong>le <strong>que</strong><br />

versa partindo do vazio. Efectiva<strong>me</strong>nte, debruça-se concisa<strong>me</strong>nte a reflexão sobre o problema prévio<br />

da caracterização da cultura germânica a fim de compreender a Estratégia Cultural da Alemanha.<br />

Exercício complexo, condicionamo-nos a fornecer alguns conceitos incontornáveis, para um mínimo<br />

de compreensão da problemática.<br />

Antes de tudo, porém, afirma-se <strong>que</strong> é tomada a definição de cultura, no âmbito das relações<br />

internacionais, nas palavras de Graça (1992: 253) como “. . .o conjunto de ele<strong>me</strong>ntos culturais <strong>que</strong><br />

conferem identidade e unidade a um Estado-Nação, diferenciando-o dos outros”. Esta definição,<br />

todavia, não impede o acto de limar o conceito de Estado-Nação <strong>que</strong> aqui não nos importa,<br />

substituindo-o pela concepção de Germânia enquanto projecto político de reunião de todos os<br />

alemães e povos germanizados (eslovenos, checos, húngaros, croatas, transilvanos...) num império<br />

supranacional – <strong>que</strong>, segundo Ratzel, nasce das “. . . afinidades culturais” (Losano 2009a: 277) -<br />

correlacionado ao Pangermanismo.<br />

Portanto, alicerçando a argu<strong>me</strong>ntação na lógica de <strong>que</strong> a identidade germânica é<br />

tradicional<strong>me</strong>nte “linguística e cultural” (Daehnhardt, 2002: 111) e, por isso, não racial (tendo assim<br />

representado o nacional-socialismo um parênteses e perversão desta realidade), pode-se, ab initio,<br />

relembrar <strong>que</strong> a noção de perpetuação temporal de cultura se aplica à cultura germânica. Com efeito,<br />

a “germanização” constituiu um processo multissecular de expansão cultural, política, económica,<br />

ideológica, para lá das fronteiras do Sacro Império Romano das Nações Germânicas e dentro delas,<br />

e de igual modo se estabeleceu numa das modalidades de acção <strong>que</strong> Bismarck recorreu a fim de<br />

ressuscitar a presença germânica, por exemplo, na Alsácia-Lorena, no Ocidente da Polónia, no<br />

Báltico. Posto isto, então, declara-se <strong>que</strong> existe um efeito de expansão cultural e perpetuação<br />

temporal da cultura germânica, como se sustentou na análise do pensa<strong>me</strong>nto de Haushofer (1939) e<br />

como importará posterior<strong>me</strong>nte trazer de novo à crítica. Neste aspecto de aculturação, Dugin defende<br />

também, em paralelo histórico, a romanização como “. . . assimilação dos povos sub<strong>me</strong>tidos. . .”<br />

(2010: 22). Burrows atesta-nos, por seu lado, o domínio cultural alemão no seu espaço natural e traz<br />

Volz (1870-1958) à reflexão, pensador <strong>que</strong> enalteceu a germanização como um produto directo da<br />

capacidade de influência cultural por parte da cultura germânica (Burrows, 2004: 68-69).<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!