Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
relatório (13) da Federation of A<strong>me</strong>ricam Scientists (FAS), apreciando a política da Alemanha para<br />
com Israel, tendo sido esta condição de política externa, uma das prioridades absolutas dos<br />
governantes do país desde a II Guerra Mundial aos nossos dias.<br />
No <strong>que</strong> se refere à putativa adesão da Turquia à UE - <strong>que</strong> os EUA estão ansiosos para<br />
concretizar, enquanto os gregos destilam ódio por razões geoestratégicas e históricas - a posição da<br />
Alemanha tem sido clara: a recusa terminante. Senão vejamos: “. . .Turkey may prove a very difficult<br />
line to tread, given the Chancellor's scepticism of Turkish EU <strong>me</strong>mbership” (Mikismmon, 2006: 23).<br />
Apesar de Stein<strong>me</strong>ier, no seu discurso no Congresso de Hannover sobre a Turquia (2008d), alertar<br />
<strong>que</strong> a<strong>que</strong>le <strong>pai</strong>s faz fronteira com o Irão e <strong>que</strong> tem um grande poder de estabilização <strong>que</strong> é<br />
subestimado, bate na tecla de <strong>que</strong> a identidade europeia tem uma História, Tradição, Religião e<br />
Cultura <strong>que</strong> se incompatibilizam com a Turquia. Encontra-se, pois, convergência com o <strong>que</strong> se<br />
sustentou atrás: o Islão, nesta <strong>me</strong>dida, um país do Crescente, constitui um inimigo histórico da<br />
Germânia (relembram-se os cercos a Wien em 1529 e 1683).<br />
Num outro patamar, um discurso concernente às perspectivas alemãs e italianas, no<br />
desenho da Governança Global, Stein<strong>me</strong>ier pronuncia ipsis litteris: “Ein Gleichgewicht der Kräfte im<br />
Stile des 19. Jahrhunderts taugt nicht als Modell.” [Uma balança de poderes ao estilo do século XIX,<br />
não se apresenta mais como um modelo viável] (Stein<strong>me</strong>ier: 2009c). Vamos debruçarmo-nos sobre<br />
a <strong>que</strong>stão.<br />
Pelo <strong>que</strong> foi referido atrás sobre o pensa<strong>me</strong>nto de Aron (1905-1983), podemos situar na<br />
base de pensa<strong>me</strong>nto do ex-ministro alemão a tipologia de paz, entendida como paz de «potência»,<br />
na subdivisão de “Paz de Império”? Estaria a pretender atribuir à Alemanha o papel de potência<br />
hegemónica na região europeia? Será <strong>que</strong> por detrás da fraternidade democrática do discurso de<br />
Stein<strong>me</strong>ier estaria, enfim, a perspectiva <strong>que</strong> apresentamos da Alemanha a constituir-se no país<br />
poderoso a representar um papel hegemónico e a garantir a ordem na “anarquia” do sistema<br />
internacional? Poder-se-á legitima<strong>me</strong>nte fazer esta interpretação das palavras do ex-ministro<br />
alemão?<br />
A propósito da temática de fronteira, pilar essencial desta dissertação, no Tratado entre a<br />
RFA e a URSS de 1970, garantiu-se <strong>que</strong> “as fronteiras actual<strong>me</strong>nte existentes na Europa foram<br />
consideradas invioláveis” (Rö<strong>me</strong>r, 1980: 112). Contudo, tal qual foi apurado, nada impede <strong>que</strong> se<br />
infira <strong>que</strong> existem territórios cultural<strong>me</strong>nte germânicos <strong>que</strong> estão sob administração de outros países<br />
(como a França, Polónia, Rússia, Lituânia, Roménia, etc.) e esta é uma <strong>que</strong>stão <strong>que</strong>, segundo a<br />
hipótese apresentada, terá de ser resolvida. Em especial a Polónia, estado-tampão entre a<br />
Alemanha e a Rússia, conhece um núcleo histórico em volta de Varsóvia <strong>que</strong> se estende para Leste<br />
e corresponde ao país tradicional. De resto, a História da Polónia registou uma linha de “. .<br />
.soberanos com fraco poder e pouco sensíveis ao interesse nacional” (Ribeiro, 2003: 132) e uma<br />
ocupação sucessiva de territórios <strong>que</strong>, por nunca lhe terem pertencido, nunca conseguiu obvia<strong>me</strong>nte<br />
integrar. Portanto, não existe surpresa <strong>que</strong> se pensasse, aquando da reunificação alemã, <strong>que</strong><br />
“Germany seriously might try to make so<strong>me</strong>thing of its theoretical claim to a revision of the Oder-<br />
Neisse line. . .” (Morgan, 1990:148), assim como também não se estranha <strong>que</strong> Portero (1990: 117-<br />
118) tenha registado: “un importante sector de la opinión pública se niega a aceptar <strong>que</strong> la futura<br />
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