Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
parte integrante da civilização europeia” (Stein<strong>me</strong>ier: 2008b); necessidade de “fo<strong>me</strong>ntar uma aliança<br />
entre a Rússia. . .e a Alemanha” (Stein<strong>me</strong>ier: 2008c). Ecce, mais uma vez se afirma, a ideia de<br />
Haushofer (Fernandes, 2003: 21) - aspirar a um entendi<strong>me</strong>nto com a Rússia (e não à sua conquista<br />
militar). “. . .Germans hopes to convince the Russians that cooperative approach to foreign policy<br />
works” (Erb, 2003: 184).<br />
De resto, nesta matéria da aliança entre a Alemanha (isto é, o espaço da Germânia) e a<br />
Rússia, oportuno se apresenta verificar o desígnio do âmbito na teoria de Dugin. Na sua escorreita<br />
obra (Dugin, 2010a) Dugin opõe, de acordo com um paradigma próprio, a “conspiração geopolítica”<br />
em <strong>que</strong> se afrontam duas abordagens: a terrestre e a marítima. A partir daqui é descrita e exposta<br />
recorrente<strong>me</strong>nte uma linha de pensa<strong>me</strong>nto em defesa da Eurásia, advogando-se uma aliança plena<br />
entre a Alemanha e a Rússia, concretizando-se esse poder terrestre e simultanea<strong>me</strong>nte<br />
preservando-se o “. . .primado do «político sobre o económico»” (Dugin, 2010a: 22).<br />
O já citado Erb analisa também cuidadosa<strong>me</strong>nte as relações russo-germânicas (2003: 184-<br />
187) colocando tónica no papel de Schröder <strong>que</strong> chegou a afirmar: “Russia is a part of Europe. The<br />
<strong>me</strong>ntality of its citizens is of European thought and for<strong>me</strong>d by European culture” (Erb, 2003: 185).<br />
Além disso, a<strong>que</strong>le Bundeskanzler chegou a marcar presença nas celebrações do Natal Ortodoxo,<br />
enquanto Putin, em visita à Alemanha discursou num perfeito alemão. Por isso não pode haver: “Die<br />
russische ungewiβheit” [a incerteza russa] nos termos de Bahr (1998: 79-95).<br />
Nesta prolífica política externa germano-russa podem incluir-se identica<strong>me</strong>nte as Ci<strong>me</strong>iras<br />
Bilaterais russo-alemãs, o Fórum de Diálogo de S. Petersburg e a recente assinatura da declaração<br />
de Parceria para a Modernização entre a Áustria e a Rússia. Para além do aprofunda<strong>me</strong>nto das<br />
relações económicas, prioridade da era dos <strong>me</strong>rcados e da mão invisível, este acordo visa a<br />
“disponibilidade para a troca de cientistas e pessoal técnico”, “cooperação em matéria de Defesa<br />
míssil”, “defesa bilateral e cooperação técnico-militar” e “cooperação energética” (fonte não citável).<br />
Neste último domínio, foi assinado, em Fevereiro de 2011, um acordo entre a Grazprom e a OMV<br />
Group criando uma joint-venture austro-russa a fim de permitir a Wien participar no South Stream. A<br />
talho de foice, diga-se de passagem <strong>que</strong> o North Stream, actual<strong>me</strong>nte em construção, transportará<br />
gás da Rússia para a Alemanha através do Mar Báltico, ou seja, sem passar pelo território da<br />
Polónia, <strong>que</strong> segura<strong>me</strong>nte vê nesta situação um perigo pelo contorno à sua área de poder sobre a<br />
energia consumida na Alemanha. Sem dificuldade, pela monta dos assuntos citados, rapida<strong>me</strong>nte se<br />
infere <strong>que</strong> a aliança entre os Estados da Germânia e a herdeira do Império Russo caminha a passos<br />
largos. E no <strong>que</strong> concerne aos assuntos militares e à defesa, para os <strong>que</strong> olham para a UE com a<br />
benevolência de <strong>que</strong>m lá vê protecção, recorda-se o tratado bilateral de cooperação militar assinado<br />
a 2 de Novembro de 2010 entre a França e o Reino Unido, deixando à margem a Alemanha. No<br />
assuntos da Defesa, cada Estado tem de providenciar per si as <strong>me</strong>didas básicas. Por isso, não pode<br />
advir estranheza perante os Estados <strong>que</strong> se armam, como mostra um vídeo inédito, realizado em<br />
colaboração com oficiais do Exército suiço (11), <strong>que</strong> coloca a nu os <strong>me</strong>canismos de defesa e a<br />
aposta militar da Suiça ao nível do arma<strong>me</strong>nto – é o país da neutralidade com canhões disfarçados<br />
em celeiros, <strong>me</strong>tralhadoras dissimuladas em colinas, bases aéreas escavadas nas montanhas com<br />
saídas para vários lados, tácticas militares em <strong>que</strong> os aviões levantam e aterram na própria estrada<br />
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