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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

Trata-se, afinal, de um projecto <strong>que</strong> se funda numa construção franco-alemã, resultado da<br />

percepção das elites desses países de <strong>que</strong> não seria com armas, dos anos 50 até hoje, <strong>que</strong> se<br />

ergueria um edifício cooperativo. O resultado aí está, embora sem previsão de duração, partindo do<br />

pressuposto <strong>que</strong> todas as construções humanas têm um fim.<br />

Por seu lado, a União Europeia pró-a<strong>me</strong>ricana, está assente nas bases de uma entusiástica<br />

defesa dos Direitos Humanos, da Democracia, e do Capitalismo (<strong>que</strong> também Merkel defende, como<br />

comprovaremos), ainda <strong>que</strong> não passem, no âmbito da política externa, de <strong>me</strong>ras figuras de retórica<br />

quando toca na persecução de interesses (vulgo, actual situação da Líbia versus situação na Costa<br />

do Marfim). Contudo, enquanto os EUA mantiverem a sua hegemonia mundial, impondo e<br />

sustentando esses ideiais a uma região <strong>que</strong> os segue (e segue gostosa<strong>me</strong>nte) tudo permanecerá,<br />

grosso modo, como se apresenta. Porém, a Alemanha tentou reagir a este caminho, com Schröder.<br />

O Bundeskanzler Schröder (n.1944), luterano e político do SPD, enviou, em 1999, tropas<br />

para o Kosovo, apoiado forte<strong>me</strong>nte pelo seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Fischer (n.1948)<br />

este, por sua vez, político dos Verdes. Essa operação militar foi “a <strong>que</strong>stion of the political reability of<br />

Germany and Europe's foreign policy” (Daehnhardt, 2007a: 9). E aqui consta mais uma prova de<br />

competência das elites dirigentes germânicas <strong>que</strong>, <strong>me</strong>smo sendo ramos da es<strong>que</strong>rda pacifista<br />

alemã, os dois estadistas não hesitaram em recorrer à guerra para perseguir os interesses da<br />

Alemanha, quando acharam uma oportunidade para tal. Olhando para o território enquanto esfera de<br />

influência da Germânia, varreram i<strong>me</strong>diata<strong>me</strong>nte o pacifismo, até por<strong>que</strong> a Sérvia tem-se revelado<br />

inimiga histórica da Alemanha e da Áustria, as cabeças da bicéfala Germânia. De facto, esta é a<br />

diferença entre as elites leão e raposa, <strong>que</strong> atrás referimos - este escol não se recolhe na “floresta<br />

ancestral” (Bessa, 1998: 154) de Ernst Jünger (1895-1998), actua.<br />

A propósito da inimizade multissecular entre a Alemanha e a Sérvia (esta ligada à irmã<br />

eslava Rússia por inú<strong>me</strong>ros factores (Morgado, 2012)), vejam-se as palavras de Stein<strong>me</strong>ier (2009b),<br />

numa palestra sobre a Bundeswehr alemã: “ Auch Serbien - das sollten wir nicht übersehen - agiert<br />

inzwischen besonnener (...)” [Também a Sérvia – não podemos ignorar – comporta-se, entretanto,<br />

mais prudente<strong>me</strong>nte] – existe, em efectivo, alguma inimizade e tensão latentes. Todavia, e perante a<br />

aliança germano-russa, esta inimizade poderá ser neutralizada.<br />

Regressando à nossa análise em sentido cronológico, no 11 de Setembro de 2001, Schröder<br />

solidariza-se com os Estados Unidos e apoia-os com um contingente militar a invasão do<br />

Afeganistão. Todavia, criticou ferrea<strong>me</strong>nte a Guerra do Ira<strong>que</strong>, opondo a Alemanha aos EUA e<br />

dando azo a uma campanha anti-a<strong>me</strong>ricana <strong>que</strong> teve como apoteose a sua Ministra da Justiça,<br />

Herta Däubler-G<strong>me</strong>lin, comparar a política externa de Bush à de Hitler (Erb, 2003: 3). Fischer, por<br />

seu lado, teve um papel importante na posição de Schröder face ao Ira<strong>que</strong>, pois aconselhou<br />

vee<strong>me</strong>nte<strong>me</strong>nte o Bundeskanzler a não participar nessa guerra. E não se trata aqui de apologia ao<br />

pacifismo internacionalista, mas da defesa de interesse nacional.<br />

Pelo <strong>que</strong> resumimos <strong>que</strong> Schröder cuidou ainda da aproximação à França de Chirac e à<br />

Rússia de Putin, a par de balançar os interesses transatlânticos (Miskimmon, 2006: 22), embora<br />

sublinhe-se, reagiu com força à política a<strong>me</strong>ricana, ressuscitando certos princípios germânicos<br />

contra Washington.<br />

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