Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
EU has offered Germany opportunities to influence the policies of its partners. . .” (Rittberger, 2001:<br />
187). De resto, confirma-nos Mikismmon (2006: 23), <strong>que</strong> a par da sua gigantesca economia, a<br />
Alemanha tem uma habilidade congénita “to influence its multilateral partners in the EU, NATO and<br />
UN”. Numa análise mais prática pode até afirmar-se <strong>que</strong>, aquilo <strong>que</strong> Stark (1995: 99) apelida de<br />
“l'ardeur pro-intégrationniste des responsables. . .” da Alemanha, tem em vista o domínio efectivo da<br />
região europeia, na qual a Germânia era dominante, e nesse rumo, entrar nos países de Leste,<br />
cruzando as fronteiras da CEI. Os próprios EUA, na análise do seu U.S. Depart<strong>me</strong>nt of State,<br />
Diplomacy in Action Background Note for Germany evidenciam essa realidade. Ergo, deste voo se<br />
conclui <strong>que</strong> a Alemanha, não obstante se ligar às democracias (e constituir-se como uma delas), o<br />
<strong>que</strong> pretende real<strong>me</strong>nte é materializar os seus objectivos e não ficar, passiva<strong>me</strong>nte, a aguardar a<br />
fraternidade universal na antecâmara do idealismo.<br />
A propósito do poder económico alemão <strong>que</strong> temos vindo a <strong>me</strong>ncionar na óptica de<br />
componente do softpower, tem toda a pertinência re<strong>me</strong>ter para os dados concretos explicitados e<br />
tratados na Avaliação do Potencial Estratégico. Importará igual<strong>me</strong>nte uma observação pausada ao<br />
anexo H.3). Não se perca de vista <strong>que</strong> esse grande poder económico gera, constringente<strong>me</strong>nte, um<br />
poder político poderoso (e<strong>me</strong>rgente), <strong>que</strong> conduz, natural e necessaria<strong>me</strong>nte, para um interesse na<br />
dominação política-económica da Europa. Para se ter, então, essa noção prática, relembra-se <strong>que</strong> o<br />
PIB alemão surge como o quarto maior do Mundo, sendo a influência económica da Alemanha de tal<br />
grau na Europa <strong>que</strong> Mario Draghi (n.1947) - ban<strong>que</strong>iro italiano pró-germânico nesses assuntos da<br />
alta finança afirmou: “. . .nós temos todos de seguir o exemplo da Alemanha, como eu tenho vindo a<br />
dizer publica<strong>me</strong>nte” (fonte não citável) – está já a caminho de se tornar no sucessor de Jean-Claude<br />
Trichet (n.1942) na presidência do Banco Central Europeu, com sede em Frankfurt.<br />
Concreta<strong>me</strong>nte, a Alemanha pretende <strong>que</strong> se vá co<strong>me</strong>çando a preparar a reformulação do “.<br />
. .Conselho de Segurança em atenção aos grandes espaços existentes e a uma hegemonia das<br />
potências <strong>que</strong> incluem os vencidos da guerra Alemanha e Japão, ainda consideradas inimigos<br />
objectivos pela Carta. . .” (Moreira, 2008: 637), como, de igual modo, deseja ser tida como o pri<strong>me</strong>iro<br />
país na UE e a estabelecer uma relação privilegiada com a Rússia. As elites germânicas<br />
compreendem <strong>que</strong>, com uma política externa forte, garante-se uma forte presença do Estado no<br />
Mundo e cultivar altos e coerentes objectivos, é o pri<strong>me</strong>iro dos passos. Todavia, a Alemanha ainda<br />
não está suficiente<strong>me</strong>nte liberta das amarras enrodeadas pela II Guerra Mundial. Com efeito, “. . .<br />
German elites have no desire to return to that past” (Hoffman, 1990: 298). Por outro lado, esses<br />
objectivos terão se ser lançados para longo prazo, dado <strong>que</strong> as políticas externas mais realistas são,<br />
concomitante<strong>me</strong>nte, as mais longas. Salienta-se ainda, com certeza, <strong>que</strong> as políticas externas<br />
afectam as políticas internas e, de igual modo, é certo <strong>que</strong> determinados pontos de política externa<br />
estão condicionados pela política interna (Bessa, 2001:23), por <strong>me</strong>io dos índices de popularidade do<br />
governo, projectados na opinião pública do país. Por isso, as elites germânicas têm o cuidado de<br />
perseguir os interesses do Estado e não ofender a cultura do povo ao colidir com esta, o <strong>que</strong>, digase<br />
de passagem, não tem sido fre<strong>que</strong>nte.<br />
No <strong>que</strong> se refere à União Europeia, com efeito e retomando o <strong>que</strong> se proferiu atrás, há <strong>que</strong><br />
sublinhar a ideia de <strong>que</strong> a Europa hegemónica da força falhou <strong>que</strong>r com Napoleão, <strong>que</strong>r com Hitler.<br />
51