Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
Neste sentido, embora numa perspectiva construtivista <strong>que</strong> Kenneth Walz (n.1924), sem<br />
pestanejar, co<strong>me</strong>ntaria de inútil ao nível do “contributo à teoria das Relações Internacionais” (Reis,<br />
2010: 130), Ferreira (2008) produziu uma interessante Dissertação de Mestrado na qual analisa e<br />
sintetiza as diferentes escolas de pensa<strong>me</strong>nto no <strong>que</strong> concerne à política externa da Alemanha:<br />
multilateralista pragmática, eurocepticista, europeísta, internacionalista e normalizadora-nacionalista<br />
(Ferreira, 2008: 44-58). Trata-se de uma leitura profícua <strong>que</strong> fornece um quadro <strong>me</strong>ntal condensado e<br />
<strong>que</strong> nos poupa ao trabalho realizar, uma vez <strong>que</strong> o Conheci<strong>me</strong>nto já está enri<strong>que</strong>cido com essa<br />
tarefa.<br />
Contudo, uma vez <strong>que</strong> subsiste o seu desconheci<strong>me</strong>nto pela generalidade da bibliografia – e<br />
pode verificar-se <strong>que</strong> a bibliografia actual em alemão sobre a política externa é muito pouco<br />
independente, antes dominada por certos e palpáveis dita<strong>me</strong>s do pensa<strong>me</strong>nto, procurando diluir os<br />
interesses do Estado alemão na chamada “identidade europeia”, por conseguinte, apresentando-se<br />
como obras pouco úteis para uma análise <strong>que</strong> se <strong>que</strong>r livre e independente – convém uma sucinta<br />
impressão sobre a escola normalizadora, <strong>que</strong> critica exacta<strong>me</strong>nte esta versão oficial da História <strong>que</strong><br />
<strong>me</strong>nospreza a Alemanha e a sua ideia multissecular de Reich (não nos referimos ao nazismo, mas à<br />
Kaiser-Idee), sendo o período pós-1945 até à actualidade, tido o período áureo de “ressurreição<br />
nacional” pela implantação das estruturas democráticas. A escola normalizadora reage contra esta<br />
mundividência, preconizando a retoma do “. . .período de glórias. . .abraçar a geopolítica e reforçar<br />
alianças. . .” (Ferreira, 2008:55).<br />
Conse<strong>que</strong>nte<strong>me</strong>nte, assu<strong>me</strong>-se uma forma de pensa<strong>me</strong>nto diferente e aberta. No entanto,<br />
como nos relembra Morgan (1990: 157) “. . .postwar Germany. . .has been, and remains, profoundly<br />
committed to rejecting the nationalistic excesses of the recent past and to embracing the values of<br />
Western democracy and internationalism” - estes são factos a ter em conta, isto é, a base da política<br />
externa alemã está actual<strong>me</strong>nte ligada às democracias liberais, contrariando, aparente<strong>me</strong>nte, a<br />
cultura germânica <strong>que</strong> adiante se trará a estudo, bem como, nesta linha, o presságio do Bispo Otto<br />
Bibelius, em Maio de 1945, “Democracy will not take root in Germany because... it is a foreign<br />
ideology” (Hockenos, 2008: 11). Isto, sem prejuízo de os estadistas alemães terem sabido tirar<br />
dividendos de um sector nacionalista [e pangermanista] da opinião pública (Murphy, 1997: 217).<br />
Frisa-se <strong>que</strong> permanecem certos valores contínuos na realidade, ou seja, em determinados<br />
aspectos não existe qual<strong>que</strong>r mudança (muito <strong>me</strong>nos reconstrução da identidade), porém apenas<br />
uma camuflagem de interesses <strong>que</strong> pode confundir os mais crédulos numa leitura em diagonal, esta<br />
já perigo e escândalo no estudo de tão relevante matéria ao nível do Estado, como é a política<br />
externa. Logo, não será necessária a abordagem construtivista para desvelar a política externa da<br />
Alemanha actual, mas antes identificar as linhas de força da política externa histórica (exercício já<br />
levado a cabo), bem como verificar com olho de águia todas as acções desencadeadas pelas elites<br />
<strong>que</strong> tomam a seu cargo tão alta tarefa e tentar explicá-las racional<strong>me</strong>nte partindo dos pressupostos<br />
teóricos de base.<br />
Nestes limites, a Alemanha vai promovendo a cooperação entre essas democracias,<br />
procurando liderar a União Europeia, preservando e fortalecendo a OTAN, pois, “from a neorealist<br />
perspective, international organizations, including the EU, are instru<strong>me</strong>nts of power politics. . .The<br />
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