Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
em <strong>que</strong> são as grandes potências <strong>que</strong> o ignoram quando lhes importa, ou de outra, inventam um<br />
direito <strong>que</strong> lhes sirva na altura. Portanto, e não obstante a importância ser relativa, reconhece-selha.<br />
Carr não classificaria a análise de utópica (Dougherty, 2003: 19), assim com Cravinho (2002:<br />
143) também não poderia acusar-nos de es<strong>que</strong>cer a “ideologia e os valores” neste trabalho,<br />
assuntos versados sobremaneira, sem prejuízo, da margem realista.<br />
A esse propósito, e uma vez <strong>que</strong> ninguém levará Rosseau a sério, como lemos a Huxley<br />
(1894-1963) em Bessa (1998: 88), dificil<strong>me</strong>nte se terá uma base de optimismo antropológico, <strong>que</strong><br />
leve a uma concepção idealista da arte de governar e, por conseguinte, a uma política externa<br />
utópica. De resto, conjunta<strong>me</strong>nte não se es<strong>que</strong>ce, recorrendo às aulas de Política Externa das<br />
Grandes Potências, <strong>que</strong>: “não há pensa<strong>me</strong>nto errado, em política externa, <strong>que</strong> não se pague”.<br />
Afastam-se, desta forma, as utopias e os projectos dos “engenheiros de sonhos” (Bessa, 1997: 13)<br />
como Estaline e Pol Pot, <strong>que</strong> mantiveram intacta a aspiração do Ho<strong>me</strong>m em criar um mundo idílico,<br />
um Paraíso na Terra.<br />
Portanto, distanciada a concepção utópica, e se a desigualdade na ordem internacional é<br />
um facto assumido, como podem os Estados serem iguais? Uma “superpotência”, uma “potência<br />
regional”, um “Estado Falhado” (Nogueira, 2005: 21) todos, fraternal<strong>me</strong>nte amigos e na <strong>me</strong>sma<br />
condição? Com certeza <strong>que</strong> não. Com efeito, “nunca se pode assumir <strong>que</strong> os países se encontram<br />
em pé de igualdade no sistema internacional e <strong>que</strong> são todos igual<strong>me</strong>nte relevantes” (Bessa, 2001:<br />
65) em suma, concluir-se-á <strong>que</strong> “é a hierarquização <strong>que</strong> é inevitável. . .” (Bessa, 1993: 558).<br />
Partindo desta ordem teórica, adquire-se um conteúdo aceitável e comprovado, desenhando<br />
o caminho para a análise dos factos da política externa alemã <strong>que</strong> tratamos, esta definida por Bessa<br />
(2001: 84) para fins de estudo, “como os domínios em <strong>que</strong> o Estado-actor [no nosso caso o Alemão]<br />
se manifesta na área internacional”. Assim, distanciam-se os dita<strong>me</strong>s desta dissertação, do erro<br />
apontado por Raposo (2010a:135): “ao lutar ideologica<strong>me</strong>nte contra a realidade e contra o realismo,<br />
esta elite europeísta perdeu o contacto com os instru<strong>me</strong>ntos conceptuais <strong>que</strong> permitem ver os factos<br />
da política internacional”, agora aplicado ao trata<strong>me</strong>nto da política externa alemã.<br />
Indubitavel<strong>me</strong>nte, após a reunificação alemã, o desmorona<strong>me</strong>nto da URSS, o advento de<br />
vácuo de poder a Leste, o dito fim da Guerra Fria, o país em estudo “regained the status of a<br />
European great power” segundo Rittberger (2001: 11), pois a Machtvergessenheit de <strong>que</strong> nos fala o<br />
<strong>me</strong>smo autor (2001: 14), ou seja, a política de obliteração do seu próprio poder <strong>que</strong> a Alemanha<br />
sofreu, levou, ela-<strong>me</strong>smo, um corte esperado e imprescindível.<br />
Será claro <strong>que</strong> se pode principiar por referir os princípios costu<strong>me</strong>iros, já esteriótipos, <strong>que</strong><br />
assentam nos factos de a política externa alemã estar “voltada para a paz, segurança e redução das<br />
tensões em todo o mundo, contribuindo ao <strong>me</strong>smo tempo para conduzir por vias pacíficas. .<br />
.substituindo a confrontação pela cooperação.” (Rö<strong>me</strong>r, 1980: 107). De resto, Stein<strong>me</strong>ier, penúltimo<br />
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha ao mo<strong>me</strong>nto, discursou encarnando estes ideais.<br />
Como exemplo, temos um discurso (Stein<strong>me</strong>ier, 2009a) em <strong>que</strong> o ex-Ministro compara a República<br />
de Weimar à democracia alemã actual, sendo a pri<strong>me</strong>ira tubo ensaio para a segunda. Desde logo se<br />
confirma <strong>que</strong> não é este o prisma de reflexão, deixando-se o lado liberal e inócuo na caixa de<br />
Pandora e seguindo-se a estrada para outra perspectiva do conheci<strong>me</strong>nto.<br />
49