Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
dificultar as elites alemãs na execução dessa tarefa, <strong>que</strong> deu (e poderia ter tornado a dar) espaço a<br />
um revanchismo e<strong>me</strong>rgente.<br />
A partir de 1950 restaurou-se o comércio externo alemão e em 1966 Kiesinger (1904-1988)<br />
sucede a Erhard. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do novo Bundeskanzler, seria Brandt (1913-<br />
1992) do SPD <strong>que</strong>, dando continuidade ao projecto de integração europeia do CDU/CSU, co<strong>me</strong>çou,<br />
da <strong>me</strong>sma maneira, a abrir a política externa ao Leste, inclusive à RDA, política esta <strong>que</strong> encetou a<br />
concretizar com maior fulgor quando se tornou chanceler em 1969. Trata-se da conhecida Ostpolitik,<br />
<strong>que</strong> gerou alguma polémica interna na RFA. A Roménia e a Jugoslávia, como exemplos e apesar de<br />
comunistas, fo<strong>me</strong>ntaram, nessa Ostpolitik, grandes relações com a RFA, o <strong>que</strong>, diga-se de<br />
passagem, não é fenó<strong>me</strong>no do acaso, pois como abordamos em sede de análise geopolítica:<br />
Eslovénia, Croácia, Bósnia, Transilvânia estiveram, durante séculos, ligados à política germânica do<br />
Reich, e <strong>que</strong> a <strong>que</strong> atrás fizemos <strong>me</strong>nção. Por isso, não se podem admirar os espíritos dos diligentes<br />
destas matérias ao lerem um Stein<strong>me</strong>ier exultante (2007), pela adesão da Roménia à UE - mais uns<br />
pontos para a influência alemã, em mais um território onde esteve multissecular<strong>me</strong>nte presente.<br />
O ano de 1969 é além disso, o ano do Tratado de Paris, essencial para a Alemanha recuperar<br />
a sua soberania, uma vez <strong>que</strong>, com a reconciliação franco-alemã, o <strong>me</strong>canismo para o seu<br />
ressurgi<strong>me</strong>nto sofreu um impulso. Contudo, e depois de um escândalo da espionagem da RDA no<br />
seu gabinete em 1974, Brandt vê-se obrigado a demitir-se e Schmidt (n.1918) toma o cargo de<br />
chanceler.<br />
Contudo convém uma pe<strong>que</strong>na digressão a 1964, ano no qual nasce em Hannover o NPD<br />
<strong>que</strong> visou combater à época, na política externa, a a<strong>me</strong>ricanização e a sovietização, a par de<br />
reclamar os Sudetas para a Alemanha. A obtenção de quase 4,5% dos votos em 1969, não é o <strong>que</strong><br />
se pretende relevar, antes o facto de, pela pri<strong>me</strong>ira vez desde a II Guerra Mundial, um grupo político<br />
germânico reclamar, sem complexos, uma herança e opor-se às influências estranhas <strong>que</strong><br />
penetravam o país.<br />
Outra curta nota, relativa à a<strong>me</strong>ricanização e sovietização trazida à reflexão, insere-se no<br />
nível militar alemão reduzido ao mínimo, quasi erradicado, nesses anos. Exemplificando, com o<br />
intuito de se ter uma noção iluminada, o voo à vela e a esgrima estavam proibidos pelos Aliados<br />
por<strong>que</strong> eram consideradas formas de militarismo (Vilarinho, 1974/5). No <strong>que</strong> se refere à Bundeswehr,<br />
a sua criação registou-se em 1956, porém apenas depois de a RFA entrar na OTAN em 1955, para<br />
<strong>que</strong>, dessa forma, todas as forças armadas alemãs passassem i<strong>me</strong>diata<strong>me</strong>nte a fazer parte do<br />
comando supremo da OTAN, com o intuito de serem devida<strong>me</strong>nte controladas e administradas. Por<br />
seu lado, os oficiais da RDA eram educados em Moscovo.<br />
Retomando a linha histórica do profundo ressurgi<strong>me</strong>nto alemão através dos domínios da<br />
política externa, o Bundeskanzler luterano Schmidt, um keynesiano convicto do SPD, (e <strong>que</strong> veio<br />
criticar os EUA, na imprensa, em 2007) é substituído pelo Bundeskanzler Kohl (n.1930) da CDU, um<br />
ho<strong>me</strong>m <strong>que</strong> ainda <strong>que</strong> do neo-liberalismo económico (Dougherty, 2003: 587-588), foi o estadista mais<br />
longo desde Bismarck e <strong>que</strong> teve o mérito de reunificar a Alemanha. Fo<strong>me</strong>ntou a aliança com os EUA<br />
de Reagan (1911-2004), mas reconheceu a importância da Rússia na política externa para a<br />
reunificação: “Le president Mikaïl Gorbatchev a contribué de façon inestimable à surmonter la division<br />
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