Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
E a II Guerra Mundial, declarada pela França e pela Grã-Bretanha (3 de Setembro de 1939),<br />
representou mais um arraso para a Alemanha. Em especial os franceses, logo após o conflito,<br />
ansiavam por <strong>que</strong>rer manter os alemães numa posição de inferioridade (Dougherty, 2003: 723).<br />
Portanto, desde 1949 <strong>que</strong> a Alemanha, enquanto RFA - dada a sua divisão em RFA e RDA<br />
pelos seus inimigos - pretendeu “reaver a soberania perdida e adquirir alguma margem de manobra”<br />
(Vilarinho, 1974/5: 51) a par de garantir a segurança, uma vez <strong>que</strong> depois da II Guerra Mundial se<br />
encontrava devastada, esmagada, alienada e sub<strong>me</strong>tida incondicional<strong>me</strong>nte à vontade dos<br />
vencedores, <strong>que</strong> suprimiram simples<strong>me</strong>nte qual<strong>que</strong>r autoridade alemã, substituindo-se a ela de uma<br />
forma <strong>que</strong> o Direito Internacional Público ainda hoje não tem preceitos para explicar. Nas palavras<br />
claras de Scheidl, logo no i<strong>me</strong>diato pós-guerra, “. . .a Alemanha deixou efectiva<strong>me</strong>nte de existir como<br />
estado europeu” (1999: 11).<br />
A divisão do Estado em dois, como se desenvolve, foi extraordinaria<strong>me</strong>nte nefasta, pois o<br />
retalho não foi apenas político, mas também militar, ideológico, económico, social, cultural.<br />
As etapas históricas da RFA (<strong>que</strong> nos importa, por<strong>que</strong> a RDA desapareceu definitiva<strong>me</strong>nte)<br />
até à reunificação da Alemanha, são relativa<strong>me</strong>nte mal conhecidas, por isso, cremos ser relevante<br />
explanar breve<strong>me</strong>nte uma panorâmica geral do procedi<strong>me</strong>nto <strong>que</strong> a Alemanha seguiu, tirando partido<br />
das oportunidades e impondo-se nova<strong>me</strong>nte, seguindo as linhas transhistóricas <strong>que</strong> se expõe, mas<br />
de um modo suma<strong>me</strong>nte prudente, como lhe convinha. Contudo, para um estudo relativa<strong>me</strong>nte<br />
completo e estruturado do período alemão 1945-1995, aqui revisto com celeridade, importará ler<br />
Go<strong>me</strong>s (1997).<br />
Membro-fundador da CECA, CEE, EURATOM, pode-se, com propriedade, certificar <strong>que</strong> a<br />
intenção dos vencedores da II Guerra Mundial era controlar a Alemanha: o carvão, o aço e a energia<br />
para vigiar o arma<strong>me</strong>nto, os <strong>me</strong>rcados para não descurar a atenção na economia. E mansa<strong>me</strong>nte<br />
será o termo para designar a acção política alemã nessas décadas, ou nas palavras eruditas de<br />
Lacoste, os anos do nazismo condenaram a Alemanha “à une place internationale à part, caractérisée<br />
par la discrétion” e conse<strong>que</strong>nte<strong>me</strong>nte “ le refus d'intervenir militaire<strong>me</strong>nt à l'exterieur” (1994: 113).<br />
Especifica<strong>me</strong>nte, nos 17 anos posteriores à<strong>que</strong>le conflito Mundial, a Alemanha foi governada<br />
pelo agrupa<strong>me</strong>nto de forças CDU/CSU, sendo <strong>que</strong> desses anos, os pri<strong>me</strong>iros 14 foram os anos de<br />
Adenauer (1876-1967). De acordo com Rö<strong>me</strong>r (1980: 63), os grandes objectivos internacionais deste<br />
Bundeskanzler foram a integração europeia e a reconciliação com uma das inimigas tradicionais: a<br />
França.<br />
Erhard (1897-1977), <strong>pai</strong> do “milagre económico alemão”, sucedeu ao Bundeskanzler<br />
Adenauer e torna-se suma<strong>me</strong>nte importante passar revista a este aspecto da política interna para<br />
compreender a política externa. De facto, o “milagre económico alemão” foi essencial para a<br />
integração do Estado na Europa. A título de exemplo podemos informar <strong>que</strong>, entre 1949 e 1969 o<br />
PNB triplicou e entre 1950 e 1966 os salários reais au<strong>me</strong>ntaram 131%. Os planos Schumann e<br />
Marshall foram essenciais, a par de ajuda financeira, créditos e dádivas. Neste aspecto, inferimos,<br />
sem margem para dúvidas, <strong>que</strong> os inimigos da Alemanha aprenderam, à custa do rescaldo e<br />
consequências da I Guerra Mundial, a ajudar o inimigo na sua reconstrução e não em impedir e<br />
44