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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

“Como diria o velho Vilfredo Pareto,<br />

os fundos psicológicos da humanidade<br />

esperam por novas e atractivas derivações,<br />

<strong>que</strong> são no fundo versões actualizadas das mais antigas.”<br />

(Bessa, 1998: 229)<br />

2.2.1) A Política Externa histórica<br />

Ratzel <strong>que</strong>ria uma frota germânica poderosa <strong>que</strong> fizesse frente ao Reino Unido (Bessa &<br />

Dias, 2007: 34). Kjellén aspirava a uma união dos países nórdicos em volta de um Império Germânico<br />

hegemónico (Bessa & Dias, 2007: 47). Haushofer preconizava uma Grande Alemanha alargada e<br />

estendida pelo seu espaço natural <strong>que</strong> se apresentava, concomitante<strong>me</strong>nte, no seu Lebensraum e<br />

espaço cultural.<br />

Três teóricos, três ideias, três projectos. Parte-se do pressuposto <strong>que</strong> a geopolítica encerra,<br />

esse in, um conheci<strong>me</strong>nto essencial para se fazer política externa, o <strong>que</strong> leva a principiar a análise da<br />

Política Externa Histórica com autores acima <strong>me</strong>ncionados, todos eles ligados à doutrina do<br />

pangermanismo e à Alldeutscher Verband [Liga Pangermanista]. E, pronta<strong>me</strong>nte, ecce o pri<strong>me</strong>iro<br />

núcleo essencial de política externa alemã a reter: o pangermanismo, no sentido de união de todos os<br />

povos germânicos e germanizados, <strong>que</strong> leva, automatica<strong>me</strong>nte, ao conceito de Groβdeutschland –<br />

por outras palavras (Haushofer, 1986: 19), o objectivo “. . .était le rassemble<strong>me</strong>nt de tous les peuples<br />

de langue allemande dans leus frontières naturelles”. <strong>Ao</strong> pangermanismo associa-se, relembre-se, o<br />

conceito de “cultura-viveiro”, a perpetuação cultural <strong>que</strong> enunciou Talcott Parsons (1902- 1979) na<br />

<strong>me</strong>dida em <strong>que</strong> a cultura germânica permanece transhistorica<strong>me</strong>nte nos espaços onde foi cultivada,<br />

uma vez <strong>que</strong> “. . .existe en la cultura la posibilidad de un indefinido desarrollo acumulativo” (Parsons,<br />

1982: 461).<br />

Por seu lado, Korinman, <strong>que</strong> Lacoste classifica de “germaniste de métier” (Korinman, 1990:<br />

VII), ocupa-se profusa<strong>me</strong>nte de Ratzel e Haushofer (Korinman, 1990), incluindo, pontual<strong>me</strong>nte, o<br />

germanófilo sueco a fim de ilustrar, sem margem para dúvidas, os projectos de hegemonia mundial<br />

<strong>que</strong> o II Reich e III Reich encarnaram, inscritos numa linha imperialista.<br />

Porém, não se dê o erro de julgar esta ideia imperial <strong>que</strong> aqui desvelamos, como oriunda do<br />

romântico século XIX - as suas raízes são muito mais profundas e, portanto, não podem ser<br />

obliteradas. O Corpus Politicum germânico, encabeçado, na remota Idade Média (quando ainda nem<br />

relações internacionais existiam) pelo Imperador foi durante séculos a representação política da<br />

Cristandade, sendo <strong>que</strong> o soberano supremo do Sacro Império Romano das Nações Germânicas era<br />

“. . .señor y superior de estos soberanos” (Reis, Príncipes, Du<strong>que</strong>s, Condes, Cavaleiros, etc.)<br />

(Rodríguez, 2000: 12-13). Tal herança não se apagará num ápice - “ la idea de la formación de la<br />

Gran Alemania no era, sin embargo, una propuesta nueva” (Pereira, 2003: 346). Desta forma se<br />

compreendem os projectos imperiais do passado romântico, como se entenderão todos os <strong>que</strong><br />

possam advir. Discorda-se com veemência da expressão de Krockow (1990: 289) “. . .die Befreiung<br />

vom Reich” [a libertação do Reich] na <strong>me</strong>dida em <strong>que</strong> se sustenta e comprova a presença<br />

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