Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
exacta<strong>me</strong>nte os chefes de governo desses países <strong>que</strong> mais golpes desferiram sobre os consensos<br />
franco-germânicos, notavel<strong>me</strong>nte no <strong>que</strong> concerne a práticas de boa gestão económico-financeira.<br />
Noutro âmbito, sem dúvida, a fronteira do espaço germânico não será alheia ao desígnio<br />
geopolítico da concertação dos países do Danúbio: “. . .le Danube pourrait servir de support à une<br />
stabilité enfin retrouvée de l’Europe médiane” (Foucher, 1999: 8). Eis um veículo no qual a Alemanha<br />
aposta, estendendo-se pela Hungria <strong>que</strong> lhe é suma<strong>me</strong>nte favorável, derivado da alta germanização<br />
do seu povo e da “. . .proximidade dos <strong>me</strong>ios culturais e intelectuais. . .” de ambos países (fonte não<br />
citável), deixando os polacos e os checos, <strong>que</strong> guardam aos alemães maior animosidade (Markovits<br />
& Reich, 1997: 117). Esta estratégia danubiana, assente num interesse russo-germânico, tem enfim,<br />
uma empatia especial pela Hungria, atravessada de lés a lés pelo rio citado. Larga<strong>me</strong>nte prejudicada<br />
pelo traçado de fronteiras pós-1945 (Foucher, 1999: 37) (fig. 14 e 15) a Hungria regista a sua<br />
população espalhada pela Transilvânia, Eslováquia, Vojvodjna, pelo <strong>que</strong> se o Danúbio tem a vocação<br />
de federar os Estados da região (Foucher, 1999: 40) existe, da sua parte, completo interesse em<br />
levar a bom porto esse projecto geopolítico.<br />
No mais, a Hungria vive, actual<strong>me</strong>nte, um mo<strong>me</strong>nto de ressurgi<strong>me</strong>nto nacional, após<br />
disciplinar legislativa<strong>me</strong>nte a comunicação social e aprovar a nova Constituição <strong>que</strong> abre com a frase:<br />
“O Senhor bendiga os húngaros”, vincando a tradição cristã da Hungria, invocando Santo Estevão e a<br />
sua santa coroa, e avorando um Novo Milénio em <strong>que</strong> esta Lei funda<strong>me</strong>ntal é um voto de fé nacional<br />
(The Basic Law of Hungary, 2011). Por outro lado, a Hungria empenha-se para a adesão da Croácia<br />
à UE, país com o qual partilha profunda tradição política comum (fig. 16). De facto, Budapeste tem<br />
um valor simbólico enor<strong>me</strong>, bastião da cristandade na Península Bizantina marcada pela presença<br />
otomana. Com efeito, a Estratégia do Danúbio garante a centralidade geopolítica à Hungria e a sua<br />
experiência histórica encontra, assim, a sua cúpula natural numa organização <strong>que</strong> visa a cooperação<br />
entre os Estados atravessados pelo rio azul, celebrizado por Johann Strauss filho (1825-1899).<br />
2.1) A base clássica do pensa<strong>me</strong>nto geopolítico germânico<br />
2.1.1) A Fronteira da Germânia<br />
SÍNTESE:<br />
A noção essencial de Ratzel e Haushofer do Estado enquanto organismo vivo, detentor de<br />
maior ou <strong>me</strong>nor poder, relaciona-se intima<strong>me</strong>nte com a <strong>que</strong>stão de fronteira, tida como a “pele”<br />
desse organismo <strong>que</strong>, por sua vez, se move (por expansão ou contracção) <strong>me</strong>diante o grau de<br />
poder da<strong>que</strong>le, estando ultrapassadas as fronteiras desenhadas por barreiras naturais, mas ao invés<br />
traçadas num âmbito multidisciplinar.<br />
Assim, as fronteiras do pós-1945 não reflectirão mais os poderes actuais.<br />
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