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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

passagens na montanha, corredores para o mar, fronteiras históricas, necessidades de<br />

migração são outros tantos motivos para desencadear ofensivas <strong>que</strong> co<strong>me</strong>çam normal<strong>me</strong>nte<br />

com os fortes a absorverem os mais fracos e a dirigi-los para outro caminho” (Bessa, 2011b:<br />

2)<br />

Por seu lado, Hitler inverteu “. . .a tendência de séculos - uma Germânia austríaca. . .”<br />

(Bessa & Dias, 2007: 96) visto <strong>que</strong> detestava a Áustria, como se depreende ao longo da obra de<br />

Welch (2001) e igual<strong>me</strong>nte está plasmado no desejo do ditador em tirar aos austríacos “. . .o<br />

gostinho de sonhar com a restauração dos Habsburg e outras asneiras” (Rauschning, 1940: 105).<br />

Trata-se, enfim e mais uma vez, do dia<strong>me</strong>tral<strong>me</strong>nte oposto à tradição cristalizada na citação do<br />

Imperador Friedrich III. <strong>que</strong> abriu esta dissertação. Similar<strong>me</strong>nte, o III Reich contrariou, de igual<br />

modo, o federalismo germânico, a constar no capítulo dedicado à estrutura, e as correntes<br />

autonomistas (Baviera, Áustria, Silésia, Saxónia, Hungria...) pela imposição de um Império alta<strong>me</strong>nte<br />

centralizado e sem precedentes. Embora a História assinale uma tendência unificadora em Otto I.,<br />

Friedrich I. e Karl IV. (Hampe, 1955) e em Bismarck, a centralização do nacional-socialismo foi<br />

radicalizada no mais alto grau.<br />

Ainda no âmbito do nacional-socialismo, Darré (1895 – 1953), Ministro da Agricultura e<br />

Provisão do III Reich, apresenta convicções da<strong>que</strong>la ideologia com as quais se pode discorrer a fim<br />

de se gerar o contraditório face a alguma da análise da estrutura política germânica re<strong>me</strong>tida para<br />

diante. Por exemplo, à visão de <strong>que</strong> “ la conversion des Germains au Christianis<strong>me</strong>. . .sapa les<br />

bases de la Noblesse germani<strong>que</strong>” (Darré, 1939: 35) pode argu<strong>me</strong>ntar-se <strong>que</strong>, pelo contrário, o<br />

Sacro Império Romano das Nações Germânicas, fundeado com alicerces cristãos - e até <strong>me</strong>smo<br />

depois sofrendo uma cisão no cristianismo - funcionou liquida e milenar<strong>me</strong>nte (ainda <strong>que</strong> com todos<br />

conflitos com o Papa <strong>que</strong> se conhecem). Daí <strong>que</strong> seja de repelir essa ideia de corrupção levada a<br />

cabo pelo Cristianismo. Portanto, nem <strong>me</strong>smo a linha imaginária (fig. 11) <strong>que</strong> se criou, dividindo<br />

<strong>me</strong>tafisica<strong>me</strong>nte a Germânia entre um Norte protestante e um Sul católico (Vilarinho: 1974/5)<br />

destruiu a construção imperial cristã. De facto, um império racista só poderia ter falhado, depois de<br />

se afastar dia<strong>me</strong>tral<strong>me</strong>nte da ideia do Reich cristão, este gravado com letras de fogo no coração da<br />

tradição política e do mito germânico do Imperador ador<strong>me</strong>cido. Para além do <strong>que</strong> se expõe, Darré é<br />

ainda criticado por Dugin (2010: 29-30) na <strong>me</strong>dida da união entre o sangue e o solo, sendo <strong>que</strong> a<br />

preferência deve colocar-se no solo, na construção imperial, na cultura, nos valores continentais em<br />

detri<strong>me</strong>nto da exaltação de uma raça, seja ela qual for. De resto, o pangermanismo como união de<br />

povos num <strong>me</strong>smo império coaduna-se sem mácula com estas ideias, reagindo perante os dogmas<br />

raciais do nacional-socialismo.<br />

Em contrapartida, e uma vez trazido Darré para o estudo, fo<strong>me</strong>nta-se, por outro lado, a<br />

noção exposta de propriedade no Direito Germânico (referido no capítulo anterior), distinto do Direito<br />

Romano, como também a concepção elitista de sociedade, baseada numa “. . .véritable notion de<br />

Noblesse, au sens germani<strong>que</strong>. . .” (Darré, 1939: 23) intérprete fiel da tradição cultural germânica,<br />

uma “. . .aristocratie de l'Esprit. . .” (Darré, 1939: 28) e uma preocupação pela educação da elite<br />

(Darré, 1939: 255-258) <strong>que</strong> corresponde às aspirações do povo, comprovadas pela História e pela<br />

análise cultural. E da <strong>me</strong>sma forma, para finalizar Darré, <strong>me</strong>ncionam-se ainda a importância do<br />

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