09.06.2014 Views

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

Embora reporte ao século XIX, o próprio Ratzel deixou bem claro: “wir erinnern an die drei<br />

deutschen Volksgruppen Siebenbürgens, an die Tschechen Böh<strong>me</strong>ns, selbst an die Magyaren”<br />

(Ratzel, 2005: 116) [Lembramos os três grupos de alemães na Transilvânia, na Boémia e na<br />

Hungria]. Portanto, não é de espantar <strong>que</strong>, nos nossos dias, no site do Nationaldemokratische Partei<br />

Deutschlands (NPD) (7) exista um mapa da Alemanha bem mais alargado <strong>que</strong> o actual, contando,<br />

entre outros, com os Sudetas (fig. 10), a Silésia, Danzig, a Prússia Oriental e nela Königsberg<br />

(cidade-natal de Kant (1724-1804)) <strong>que</strong> está sob domínio russo. Efeitos directos da II Guerra<br />

Mundial.<br />

Se perplexidades existem perante a problematização das fronteiras na Europa, <strong>me</strong>diante<br />

desconheci<strong>me</strong>nto da tradição histórica imperial germânica, muito conveniente se torna explorar<br />

larga<strong>me</strong>nte o site Das Grenzlanddeutschtum (8) <strong>que</strong> se destina a explicar profusa<strong>me</strong>nte estes<br />

temas, por <strong>me</strong>io de cartografia de excelente qualidade e rigor, estatísticas claras e precisas dos<br />

aglo<strong>me</strong>rados populacionais germânicos, organizado por áreas geográficas de forma a estabelecerse<br />

um conheci<strong>me</strong>nto amplo e concreto da <strong>que</strong>stão da Mitteleuropa e do papel <strong>que</strong> nela a Alemanha<br />

detém. De igual modo se cita uma obra impossível de ladear na matéria das fronteiras da Germânia<br />

– o contributo de Kosiek (1982) e os seus argu<strong>me</strong>ntos funda<strong>me</strong>ntados num profundo saber.<br />

O colapso dos impérios germânicos: Austro-húngaro e Alemão, promovido pelos seus<br />

inimigos, acarretou inú<strong>me</strong>ros problemas, entre os quais uma extensa frag<strong>me</strong>ntação de Estados e<br />

por conseguinte fronteiras contestadas (Ribeiro, 2003: 119). Tudo isto proveniente do proclamado<br />

princípio das nacionalidades <strong>que</strong> nutria apenas como objectivo retirar às elites germânicas o papel<br />

dirigente num Reich assim estruturado. Sabemos <strong>que</strong> o Estado multinacional integra a tradição<br />

política (Bessa & Dias, 2007: 104) da Mitteleuropa, mas a<strong>que</strong>le apenas dura quando há vantagens<br />

para as populações. Contudo, hoje conhecemos checos <strong>que</strong> falam saudosa<strong>me</strong>nte do Império<br />

Austro-Húngaro e da subse<strong>que</strong>nte saída para o mar <strong>que</strong> garantiam com a<strong>que</strong>le (Anna Marková,<br />

comunicação pessoal, 2008, Fevereiro 17), assim como eslovenos <strong>que</strong> visitam Wien com um<br />

orgulho passado (Ajda Plauštajner, comunicação pessoal, 2007, Agosto 16). Será mais um sinal<br />

para a corroborar a hipótese <strong>que</strong> se defende?<br />

Realce-se <strong>que</strong> a Alemanha bismarckiana não reuniu todos os povos germânicos e<br />

germanizados dentro da <strong>me</strong>sma fronteira e <strong>que</strong> a Taktische de Bismarck, <strong>que</strong> Engelberg tão bem<br />

descreve (1985), não soube (por<strong>que</strong> não tinha nisso objectivo) realizar o pangermanismo. Da<br />

<strong>me</strong>sma forma, Hitler não soube cumprir a tarefa e limitou-se a desencadear uma catástrofe. A<br />

Deutsche Frage entre a Grossdeutschland e a Kleindeutschland continua em aberto e o <strong>que</strong> Bessa e<br />

Dias (2007: 47) citam a Lacoste (1994), relativa<strong>me</strong>nte às elites germânicas a virem a exercer uma<br />

acção dominante na Mitteleuropa, incluindo dos países do Báltico à Roménia, passando pela<br />

Ucrânia (a talho de foice diga-se <strong>que</strong> cidades como Lemberg (Lviv) e Czernowitz (Cérnivcy) do<br />

Império Austro-Húngaro são ucranianas, como, por exemplo, Hermannstadt (Sibiu) e Kronstadt<br />

(Brasov) são hoje ro<strong>me</strong>nas), constituindo-se um forte e duradouro poder germânico, está por levar a<br />

cabo. Efectiva<strong>me</strong>nte<br />

“. . .nem a Europa Comunitária está ao abrigo de conflitos identitários, de disputas<br />

futuras de fronteiras contestadas desde o seu primitivo desenho. O acesso a minas,<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!