09.06.2014 Views

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

polemicize against the Treaty of Versailles” (Tuathail, 2006: 24), tendo em conta <strong>que</strong>, em todos os<br />

tempos, sem excepção: “. . .a fronteira não é um limite fixo, imóvel, mas um horizonte a impelir. . .”<br />

(Defarges, 2003: 36). Neste <strong>me</strong>smo livro (Haushofer, 1939) a importância das fronteiras como factos<br />

biogeográficos não se justificam so<strong>me</strong>nte com noções jurídicas, uma vez <strong>que</strong> as fronteiras justas<br />

são traçadas de acordo com uma perspectiva multidisciplinar histórica, cultural, linguística,<br />

geográfica, biológica - o <strong>que</strong> vai contra a visão marxista pela recusa da causa única determinista.<br />

Trata-se, efectiva<strong>me</strong>nte, de uma visão biogeográfica de fronteira, na qual está presente um conceito<br />

de fronteira cultural segundo a qual o idioma, o direito, a religião, a indu<strong>me</strong>ntária, etc. assu<strong>me</strong>m o<br />

seu papel (fig. 9). Esta fronteira cultural constitui, desta maneira, fenó<strong>me</strong>no do efeito de expansão<br />

cultural e perpetuação temporal do poder germânico e justifica a Política Externa da Alemanha<br />

actual, sobremaneira, a Política Externa Cultural escalpelizada em subcapítulo próprio.<br />

Posto isto, abre-se espaço, cuidadosa<strong>me</strong>nte, ao exa<strong>me</strong> das críticas da intelligentzia do<br />

nosso tempo às fronteiras da Europa nos pós-1919 e pós-1945: “Los tratados de paz de 1919 <strong>que</strong><br />

determinaron una tam profunda subversión en las fronteras europeas” (Vives, 1961: 156); “As<br />

fronteiras actuais da Áustria são uma brincadeira a<strong>me</strong>ricana de 1945” (Bessa & Dias, 2007: 99);<br />

“. . .faut-il accepter certaines des frontières <strong>que</strong> prétendent imposer les alliés, et en refuser<br />

absolu<strong>me</strong>nt d'autres, leur montrer qu'elles sont injustes, absurdes, dangereuses pour l'avenir?”<br />

(Lacoste, 1990: 28); “. . .uma Alemanha risível e uma Áustria nunca vista. . .” (Bessa & Dias, 2007:<br />

105); “. . .vários estudiosos alemães ergueram as vozes para criticar as fronteiras <strong>que</strong> ficavam<br />

atribuídas ao seu país. Em nu<strong>me</strong>rosos trabalhos, de âmbito geopolítico, se procurou mostrar o<br />

carácter arbitrário da<strong>que</strong>las, aberrante, contrário às condições geográficas” (Medeiros, 2003 :144), “.<br />

. .Woodrow Wilson [fez] brotar novos estados independentes das mantas de retalhos de culturas e<br />

religiões cozidas pelo Império Austro-Húngaro . . .criando instabilidades nefastas e duradouras no<br />

centro e sudeste da Europa. . .” (Cutileiro, 2007b), “las discrepâncias, <strong>que</strong> con seguridad se<br />

suscitarían entre las fronteras existentes y las de sus mapas, iban a servir para docu<strong>me</strong>ntar, con<br />

evidencias científicas, la injusticia <strong>que</strong> había sido co<strong>me</strong>tida contra Alemania” (Burrows, 2004: 64).<br />

Com efeito, pode concluir-se <strong>que</strong> as linhas político-geográficas do pós-1919 e pós-1945 <strong>que</strong>,<br />

para agravar, têm vindo a retalhar-se interna<strong>me</strong>nte desde esse período – como por exemplo a<br />

Checoslováquia, a “salsicha checoslovaca” (Bessa & Dias, 2007: 99), desenhada em 1918,<br />

deteriorou-se logo <strong>que</strong> teve liberdade para tal, mostrando como termina uma construção artificial<br />

sem um intento agregador – podem ser consideradas como excentricidades de péssima divisão da<br />

região europeia, produto directo e reflexo dos poderes da altura. Por isso, nada impede <strong>que</strong> se<br />

reconheça<br />

“. . .<strong>que</strong> vastos territórios, formal<strong>me</strong>nte germânicos, se encontrem agora sob controlo<br />

polaco e russo [e de mais países], com conheci<strong>me</strong>nto das massas germânicas e,<br />

obvia<strong>me</strong>nte, dos seus dirigentes, e este facto político nunca pode ser interpretado como bom<br />

sinal - sobretudo numa área sempre problemática, <strong>que</strong> tem envolvido sistemáticos<br />

ajusta<strong>me</strong>ntos entre polacos, dinamar<strong>que</strong>ses, checos, silésios, austríacos, prussianos,<br />

lituanos e ucranianos” (Bessa & Dias, 2007: 100).<br />

33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!