09.06.2014 Views

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

“O futuro, como se sabe, não vem garantido pela História,<br />

num projecto ascendente e pleno de significado . . .<br />

o futuro, portanto, está sempre em aberto.”<br />

(Bessa, 1993: 607).<br />

2.1.1) A Fronteira da Germânia<br />

Atendendo à citação em apreço, Bessa avisa de igual modo (1997a) <strong>que</strong> é necessária<br />

precaução com o espírito hegeliano do Zeitgeist [Espírito do Tempo]. Em verdade, são as elites <strong>que</strong><br />

tomam as decisões na administração dos Estados e estas referências têm o objectivo de esclarecer<br />

<strong>que</strong>, por mais óbvio <strong>que</strong> seja <strong>que</strong> as fronteiras actuais da Europa devem pouco a um desenho<br />

credível, como comprovaremos, se as elites germânicas não agirem com o intuito de corrigir essa<br />

realidade, estas fronteiras assim permanecerão per omnia saecula saeculorum, dado <strong>que</strong> as massas<br />

ou a História per si não actuam. No entanto, não será intuito deste trabalho incitar quais<strong>que</strong>r elites à<br />

acção, o <strong>que</strong> resvalaria das normas de um trabalho estrita<strong>me</strong>nte académico, objectivo, inteligível e<br />

racional, para outros objectivos <strong>que</strong> não nos cabe delimitar nem se pretende abordar.<br />

Nestas circunstâncias, e sabendo de antemão <strong>que</strong> a <strong>que</strong>stão de fronteiras é dos temas mais<br />

importantes em geopolítica e <strong>que</strong>, generica<strong>me</strong>nte, a fronteira “delimita a soberania do reino,<br />

estabelece os limites dos poderes fiscais e jurisdicionais” (Ho<strong>me</strong>m, 2003: 111) pode perguntar-se,<br />

como Dias (2005: 85): “. . .mas a Alemanha não tem fronteiras?”<br />

Para principiar esta parte do estudo, subsistem duas ideias a ter presentes. Em pri<strong>me</strong>iro lugar,<br />

devemos ter em <strong>me</strong>nte <strong>que</strong> a Alemanha constitui-se “«polimorfa»” (Defarges, 2003: 77) pois associa,<br />

como se cuidou na Avaliação de Potencial Estratégico, a um Sul montanhoso um Norte sobre a<br />

grande planície europeia. Neste âmbito, o conheci<strong>me</strong>nto prático das regiões sobre as quais se estuda<br />

e reflecte - <strong>que</strong> Fernandes (2003: 6) diz ser essencial - tem concreta<strong>me</strong>nte, muita importância,<br />

conheci<strong>me</strong>nto geográfico, em suma, <strong>que</strong> se adquiriu com relativa profundidade por <strong>me</strong>io de viagens à<br />

região de <strong>que</strong> se trata. Com efeito, existe da parte deste trabalho científico uma noção precisa da<br />

Germânia <strong>que</strong> se desenha com grandes planícies a Norte até aos Estados do Báltico, bem como a<br />

planície entre os Alpes e os Cárpatos, estas as cadeias montanhosas imponentes a Sul, registandose<br />

no centro da geografia germânica “. . .o maciço da Boémia, uma terminação da faixa hercínica,<br />

tão representada na Europa Ocidental;” (Medeiros, 2003 :142). A segunda ideia assenta no facto de<br />

<strong>que</strong> a fronteira ocidental se tem mostrado mais constante (Dias, 2005: 85) - excepto a Alsácia-Lorena<br />

e a sua geohistória germânica <strong>que</strong> hoje se encontra sob administração francesa - do <strong>que</strong> a flutuação<br />

típica da fronteira oriental ou a sul (esta última seja em direcção à Península Bizantina, seja à<br />

Península Itálica)<br />

Porém, “<strong>que</strong> noção de fronteira se estuda?” - interrogou-se no Antelóquio. Sob este prisma,<br />

Ratzel, <strong>que</strong> dedica toda a sexta secção da sua Geografia Política (1988: 329-377) a este tema<br />

geopolítico, defende <strong>que</strong> as fronteiras exigem uma concepção <strong>que</strong> obedeça ao cariz biogeográfico<br />

do Estado e assim expandem-se ou retraem-se consoante o poder da<strong>que</strong>le. “Les barrières dressées<br />

par la nature sont l'amorce de frontières naturelles” escreve o professor de Leipzig (Ratzel, 1988:<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!