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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

equivale, em termos simbólicos “à superação da França pela Alemanha” (Fernandes, 2003: 6), o <strong>que</strong><br />

viria a ser efectiva<strong>me</strong>nte solidificado com a vitória alemã na Guerra Franco-Prussiana de 1870-1);<br />

Ratzel e Kjellén, no <strong>que</strong> já nos ocupámos a reflectir breve<strong>me</strong>nte; funda, com efeito, directa ou<br />

indirecta<strong>me</strong>nte inspirado nos ho<strong>me</strong>ns do pensa<strong>me</strong>nto supra<strong>me</strong>ncionados, nos anos 20 do século<br />

passado, a Escola Alemã de Geopolítica e a sua principal publicação: Zeitschrift für Geopolitik<br />

[Revista de Geopolítica]. Sem dúvida, é no espírito desta Escola <strong>que</strong> se assentam os pressupostos e<br />

as directivas para comprovar, no âmbito da argu<strong>me</strong>ntação científica, a hipótese do renascer do poder<br />

germânico <strong>que</strong> se expõe.<br />

De acordo com Losano (2007a: 283) para Haushofer, a Geopolítica deixa o âmbito da<br />

reflexão política para guiar ou justificar a acção política. Era nisso <strong>que</strong> o general cria e identica<strong>me</strong>nte<br />

o atesta (Haushofer, 1986: 239-240). Por isso, a História da Germânia - <strong>que</strong> embrionaria<strong>me</strong>nte se<br />

pode apontar como nascendo no ano 9 d.C. com a derrota dos Romanos na floresta de Teutoburg, e<br />

<strong>que</strong> no século X com o Imperador Otto I. nos revela o início da construção do Império, de facto,<br />

Germânico, a entender um Império de vocação Universal – apresenta uma tradição de séculos ligada<br />

à Kaiser-Idee [ideia imperial] intima<strong>me</strong>nte relacionada com o objectivo da monarchia universalis<br />

(Rodríguez, 2000: 59).<br />

Antes de se avançar sobre a próxima matéria <strong>que</strong> nos propomos tratar – a fronteira –<br />

reveste algum valor uma curta passagem pela Alemanha nazi e por Hitler, dado <strong>que</strong> foi a última vez<br />

até aos dias de hoje, <strong>que</strong> a Germânia, ainda <strong>que</strong> pervertida de i<strong>me</strong>nsas formas pela ideologia do<br />

nacional-socialismo e dessa forma raiando certa demência, apresentou um projecto imperial<br />

hegemónico.<br />

Uma vez mais citando Rauschning, o ditador nascido austro-húngaro pretendia forjar um<br />

núcleo de 100 milhões de alemães num único povo, ao arrepio da tradição germânica como se<br />

continua a insistir, composto pela Áustria, Boémia, Morávia, regiões ocidentais da Polónia, Estados<br />

Bálticos (1940: 58) no contexto europeu. A par deste, desejava constituir uma Confederação com o<br />

resto da Polónia, Hungria, Estados dos Balcãs, Ucrânia, Região do Volga e Geórgia; outra<br />

Confederação com a Holanda, Flandres e Norte de França; e uma última Confederação Dinamarca,<br />

Suécia e Noruega. (1940: 134). Esta é uma versão <strong>que</strong> nos é apresentada pela mão de um dos seus<br />

próximos.<br />

Todavia, podemos conhecer pelas próprias palavras de Hitler <strong>que</strong> este tinha como objectivos:<br />

“promover a consolidação da nação alemã”, “alcançar a nossa Igualdade de direitos no exterior” -<br />

projecto directa<strong>me</strong>nte conse<strong>que</strong>nte do aviltante Diktat de Versailles, “conseguir a unidade do povo<br />

alemão e com ela a reconstituição de um Estado confor<strong>me</strong> a natureza, o qual só artificiosa<strong>me</strong>nte foi<br />

<strong>que</strong>brado durante séculos” (Hitler, 2008: 13) a par de pretender “. . . unificar a nação alemã, criando<br />

assim um grande Reich, pois, de novo trouxemos para a pátria milhões de ho<strong>me</strong>ns de sangue<br />

alemão. . .” (Hitler, 2008: 14). Acreditava também <strong>que</strong>, ao nível das possessões territoriais, nos<br />

estados do bálticos “. . .não há um quiló<strong>me</strong>tro quadrado de terra <strong>que</strong> não fosse outrora conquistado<br />

para a cultura e civilização humana pelo trabalho do pioneiro alemão” (Hitler, 2008: 19). De resto,<br />

numa verificação cuidadosa e holística a <strong>que</strong>stão dos Estados do Báltico, vista da perspectiva<br />

germânica, não pode ser alheia à confirmação de ter sido área de conquista e obra da Ordem<br />

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