Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
Sustentando, similar<strong>me</strong>nte, com Pereira (2003: 346) <strong>que</strong> “los pueblos <strong>que</strong> se mueven en<br />
espacios pe<strong>que</strong>ños tienden a la decadencia, por tanto la posición central de Alemania debía ser la<br />
conquista de los grandes espacios” fenó<strong>me</strong>no <strong>que</strong>, de resto, Moreira (2008: 104) identifica: “os<br />
excedentes populacionais. . .foram um motivo invocado para a aquisição de novos territórios, e a<br />
necessidade de um espaço vital para o povo alemão foi a justificação declarada por Hitler”<br />
Haushofer al<strong>me</strong>java, em suma, reunir todos os povos germânicos num espaço vital, numa<br />
Groβdeutschland, num Lebensraum como espaço cultural germânico <strong>que</strong> deveria reencontrar a sua<br />
unidade. E na profunda convição de <strong>que</strong> a expansão do Reich pela sua área cultural seria uma<br />
autêntica “. . .liberazione per i popopli conquistati” (Losano, 2009b: 309).<br />
A cientificidade geopolítica de Haushofer não pode ser posta em causa uma vez <strong>que</strong>: “. . .<br />
um conheci<strong>me</strong>nto real e científico da geopolítica deve escapar necessaria<strong>me</strong>nte a toda a<br />
consideração partidária e deve ser igual<strong>me</strong>nte verdadeiro para a extrema-es<strong>que</strong>rda como para a<br />
extema-direita. . .” (Defarges, 2003: 30). Por isso o estilo de Correia (2002) certa<strong>me</strong>nte demasiado<br />
depreciativo, no qual a hostilidade a Haushofer será quase palpável, talvez colida com este principio<br />
científico da validação universal das hipóteses. Não obstante, Correia (2002: 145) resu<strong>me</strong> de forma<br />
eficaz os cinco pressupostos básicos do pensa<strong>me</strong>nto de Haushofer: Lebensraum inspirado em<br />
Ratzel; “fronteira natural, elástica, liberta de sujeições a tratados políticos e de condiciona<strong>me</strong>ntos de<br />
barreiras físicas, correspondendo a uma di<strong>me</strong>nsão cultural”; autarcia económica e economia de<br />
defesa <strong>que</strong> obrigaria à divisão do mundo em pan-regiões (Losano, 2009a: 276-277); e “funda<strong>me</strong>ntos<br />
geopolíticos da hegemonia mundial” (Correia, 2002: 145) da Alemanha.<br />
Obedecendo a uma análise rigorosa e coerente, tendo já sido abordado o pri<strong>me</strong>iro<br />
pressuposto, deixando o segundo para a <strong>que</strong>stão de fronteira <strong>que</strong> se investigará posterior<strong>me</strong>nte, e<br />
suprimindo o terceiro e quarto por<strong>que</strong> não se inscrevem nos objectivos deste trabalho, a par de<br />
defendermos <strong>que</strong> a perspectiva de pan-regiões foi abandonada em 1941 pelo próprio Haushofer<br />
para imaginar um mundo bipolar em função anti-britânica, como no-lo afirma Losano (2007a: 286),<br />
resta-nos debruçar sobre a ideia de hegemonia mundial germânica.<br />
Quer Ratzel, <strong>que</strong>r Haushofer são expoentes máximos de a Alemanha pensar o Mundo - a<br />
biogeografia de ambos do Estado como organismo geográfico ligado ao território, ainda <strong>que</strong> ao<br />
arrepio de algumas distâncias, reúne-se num misticismo naturalista e em alguma ambiguidade,<br />
unificando-se no entendi<strong>me</strong>nto do pangermanismo de categoria suprema. Ambos se preocupavam<br />
com a noção de verspätetet Nation [Nação atrasada] (Haushofer distingue ainda Nação de Império<br />
(Haushofer, 1939: 90)) e, no caso do general alemão, segundo Losano (2007b: 225) predomina uma<br />
concepção de <strong>que</strong><br />
“nella sua visione del mondo, Germania, Italia e Giappone erano Stati nuovi che,<br />
giungendo tardi sulla scena mondiale, dovevano decidere se essere colonizzatori o<br />
colonizzati. Nei suoi scritti presenta la Germania co<strong>me</strong> uno Stato in procinto di essere<br />
colonizzato dal capitalismo anglofono <strong>me</strong>diante el trattato di Versailles, cioè co<strong>me</strong> uno Stato<br />
che correva gli stessi rischi del Giappone, pur avendo finito entrambi la Grande Guerra sui lati<br />
opposti della barricata.”<br />
27