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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?
Nuno Morgado
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________
Germany and urged an alliance with the Soviet Union, whereas Hitler admired the British
Empire and ultimately wanted to conduct a crusade against the Soviet Union and Jewish
Bolshevism” (Tuathail, 2006: 26).
Aprofundando um pouco mais, o universo mental de Haushofer é o da “Alemanha
Guilhermina, aristocrática. . .apegada às hierarquias” (Defarges, 2003: 80) e não o da violência da
turba irada do nacional-socialismo.
Por outro lado, para Haushofer a prioridade não era a raça que tanto Hitler exaltava como
superior, mas o espaço em si, que é, de igual modo, o alvo deste estudo, enquanto território cultural
e não meramente geográfico. Assim, aqueles Klischee americanos de que “Haushofer dominava o
pensamento de Hitler” e que o “Instituto de Geopolítica” era uma organização imensa, perigosa e
corrupta cujo objectivo seria o domínio do Mundo (Losano, 2009a: 294) são lendas que caem por
terra, preconceitos sem fundamento. Haushofer colaborou com o nazismo, mas desviava-se
daquele.
Concretizado o intento introdutório a Haushofer, procede-se à descrição sumária da sua
Geopolitik. O general ocupou-se a juntar à teoria de Estado Orgânico de Ratzel (Haushofer, 1939:
22) os refinamento de Kjellén (1864 – 1922), assim como alguns princípios de Mackinder (1861-
1947) que passamos a expor. Estas influências convergindo numa concepção de geopolítica como “.
. .teoria que dirige ou justifica a acção política” (Losano, 2009a: 273)
Kjellén, fundador consensual do termo Geopolítica, nutria uma visão organicista do Estado,
“. . .Estado enquanto organismo geográfico. . .” (Defarges, 2003: 29), preconizando que o seu
grande poder é um conceito psicológico dinâmico e não perpétuo e imutável - o que vai de encontro
à concepção “activa” de fronteira que desenvolverá. Este nacionalista e imperialista “. . .de tipo
conservador-autoritário. . .” (Fernandes, 2003: 2) - e que formava com Houston Chamberlain e
Joseph-Arthur, conde de Gobineau (1816-1882) “. . .um trio não alemão super germanófilo”
(Fernandes, 2003: 4) que visava defender a trilogia: dever, ordem e justiça ao invés de liberdade,
igualdade e fraternidade - preconizava, para estancar a Rússia, um agrupamento dos países do
norte da Europa “. . .e suportá-los através de um forte Império Germânico, capaz de conter o centro
da Europa e os Russos” (Bessa & Dias, 2007: 47).
Portanto Haushofer, indo beber nestas fontes, apenas precisou da base da Teoria do
Heartland de Mackinder, de acordo com a qual: “Who rules the East Europe, commands the
Heartland; Who rules the Heartland, commands the World-Island; Who rules the World-Island,
commands the World” (Dias, 2005: 108) para conceber que a Alemanha se devia aliar à Rússia para
obter o domínio do Mundo (fig. 1). E desta forma se justifica o seu júbilo perante o pacto germanosoviético.
Todavia, este Heartland que Hitler tentou conquistar à força e falhou, como Napoleão, tem
como limites geográficos os Balcãs e o Sistema Carpático (Dias, 2005: 271), regiões estas que se
encontram com países desenhados a ocupar território, quer cultural germânico e que no qual
incluídas as fronteiras transcendentes da Germânia, quer território transhistórico russo. Haushofer,
encarnando entusiasticamente estas ideias, vislumbrou próximo o triunfo germânico, derivado da
aparente facilidade com que a Alemanha e a Rússia se haviam aliado.
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