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Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

aptidão natural dos povos para a dinamização e organização do <strong>me</strong>io <strong>que</strong> habitavam. . .” (Dias, 2005:<br />

70) não é causa única, sendo necessário recorrer a outros conceitos e explicações <strong>que</strong> já abordámos.<br />

Constate-se <strong>que</strong> Ratzel escreve olhando para a rivalidade entre o II Reich e o Império<br />

Britânico, (a par do sentido alemão do Drang nach Osten visado mais à frente) e, por isso, sugere a<br />

criação de uma potente frota alemã para fazer face ao Reino Unido, inscrevendo o Reich como<br />

poder hegemónico da cena mundial. Assistindo à acção política do Reichskanzler Bismarck (1815-<br />

1898), <strong>que</strong> marcou profunda<strong>me</strong>nte o geógrafo, faz-nos Fonseca saber (2003: 2) <strong>que</strong> “Ratzel fornece<br />

«um verdadeiro programa de governo para uma Nação imperialista» ao associar o cresci<strong>me</strong>nto do<br />

Estado à expansão cultural do seu povo. . .”<br />

Em verdade, alguns dos ensina<strong>me</strong>ntos de Ratzel continuam válidos ainda hoje e prontos a<br />

aplicar, no<strong>me</strong>ada<strong>me</strong>nte os conceitos relativos à importância geopolítica do Raum, Lage, Raumsinn.<br />

Para dar segui<strong>me</strong>nto ao trabalho, passando de Ratzel a Haushofer, projectam-se<br />

exacta<strong>me</strong>nte os dois políticos contemporâneos de um e outro (Fernandes, 2009), através de uma<br />

pergunta e resposta <strong>que</strong> os ligará: “«Quem é a Europa»”? - perguntava-se Bismarck (Dias, 2005: 75)<br />

a <strong>que</strong> Hitler poderia responder: ““A Alemanha não será verdadeira<strong>me</strong>nte a Alemanha enquanto não<br />

for a Europa. . . A Alemanha é a Europa”! (Rauschning, 1940: 42) pois “. . .o objectivo da Alemanha<br />

teria de ser o domínio da Europa. . .” (Dias, 2005: 127).<br />

Traçado o salto da linha histórica, interessam agora algumas considerações iniciais a<br />

Haushofer (1869-1946). A polémica, na qual entram i<strong>me</strong>nsos autores, entre os quais o próprio<br />

Haushofer (1986: 155-164), Fernandes (2003: 21) e Defarges (2003: 80-82), <strong>que</strong> Haushofer fosse<br />

nazi e <strong>que</strong> Hitler convergisse total<strong>me</strong>nte ele, encontra igual<strong>me</strong>nte aqui o seu lugar. Como<br />

argu<strong>me</strong>ntos, são apresentados os factos de Haushofer nunca ter sido militante do NSDAP e de se<br />

ter oposto terminante<strong>me</strong>nte à «Operação Barbarossa» (Fernandes, 2003: 21) uma vez <strong>que</strong> aspirava<br />

a um entendi<strong>me</strong>nto com a Rússia e não à sua conquista militar. No entanto, diga-se de passagem<br />

<strong>que</strong> o próprio Hitler, segundo alguns autores – como Rauschning – e até certa altura, aspirava a<br />

uma relação sustentada com a Rússia e apenas a invadiu para desmoralizar a Inglaterra. Senão<br />

vejamos: “a aliança com eles [russos], só total, ou nenhuma” (Rauschning, 1940: 141) e “a<br />

Alemanha e a Rússia completam-se uma à outra maravilhosa<strong>me</strong>nte” (Rauschning, 1940: 142) tendo<br />

em conta <strong>que</strong> Hitler distinguia a Rússia-Império <strong>que</strong> respeitava, da Rússia-Comunista <strong>que</strong> entendia<br />

num inimigo de morte. Neste aspecto, esta distinção entre a URSS e a Santa Rússia usa de alguma<br />

pertinência:<br />

“Mas, para além disso, os ideólogos marxistas calam sempre, <strong>que</strong> quando a União<br />

Soviética foi atacada pelas tropas germânicas, a mobilização contra esse inimigo não se<br />

realizou à custa da convocação de uma classe predefinida, nem sob a bandeira de Marx e<br />

da sociedade sem classes. Foi feita à sombra de uma força i<strong>me</strong>nsa<strong>me</strong>nte maior, a da Santa<br />

Rússia, das «sagradas fronteiras da pátria», enfim, do território russo” (Bessa & Dias, 2007:<br />

80).<br />

Feita <strong>me</strong>nção à polémica, também se defende <strong>que</strong>:<br />

“Haushofer nationalism was more conservative-aristocratic than<br />

counterrevolutionary fascist. Haushofer considered the British Empire the ultimate enemy of<br />

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