09.06.2014 Views

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />

Nuno Morgado<br />

Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />

O pacifismo liberal e a exaltação da “paz perpétua” europeia <strong>que</strong> retomamos e insistimos<br />

trazer à reflexão, serão apenas ideais estéreis dos herdeiros de uma linha rousseauniana do<br />

optimismo antropológico, hoje tão divulgado em parte da Universidade (3). <strong>Ao</strong> contrário destas<br />

concepções, alinha-se antes pelas fileiras do pensa<strong>me</strong>nto realista <strong>que</strong> defende <strong>que</strong> “. . .as guerras<br />

dos séculos XIX e XX não foram, como <strong>que</strong>rem alguns, irrupções de irracionalidade no tecido da vida<br />

europeia: foram manifestações de uma normalidade <strong>que</strong> desde a época pré-napoleónica se conhece<br />

nos seus ele<strong>me</strong>ntos e <strong>que</strong>, como era de esperar, tiveram continuidade nos ciclos seguintes. . .”<br />

(Bessa & Dias, 2007: 91)<br />

Seguindo pela via teórica de Aron (1905-1983), apresentada por Bobbio (1909-2004) (1995),<br />

enquadra-se preferencial<strong>me</strong>nte a tipologia de paz, entendida como paz de «potência», na subdivisão<br />

de “Paz de Império” (ou seja, sinónimo da Pax Romana), no sentido de <strong>que</strong> o interesse nacional da<br />

Alemanha visa garantir um papel de árbitro, assegurando um mínimo de conflito no continente. Se<br />

não se constituir essa Paz Imperial, pelo <strong>me</strong>nos a <strong>me</strong>ta apontará para <strong>que</strong> seja “Paz hegemónica”<br />

com preponderância germânica; e não o Balance of Powers do Reino Unido a <strong>que</strong> se refere Moreira,<br />

ou segundo Aron “equilíbrio”. Manu no livro de leis hindu avisou: “A ordem é mantida no Mundo<br />

através da punição” e assim existe uma predisposição para ser este o país poderoso, visto o<br />

potencial atrás aclarado, a representar um papel hegemónico e a garantir a ordem na anarquia do<br />

sistema internacional. Posto isto, é notório <strong>que</strong>:<br />

“o vazio geoestratégico na Europa Central. Com a iniciativa estratégica assumida pela<br />

Alemanha nazi no início da guerra, em 1939, Hitler conseguira materializar a grande ambição<br />

alemã na Mitteleuropa, isto é, de um espaço germânico dominando toda a Europa Central do<br />

Mar do Norte e Mar Báltico ao Mar Adriático e Mar Negro. Com a aliança com Itália e a<br />

progressiva anexação da Áustria e Checoslováquia e a ocupação da Polónia, parte dos<br />

países nórdicos, Benelux, França, Hungria, Bulgária, Roménia, Jugoslávia e Albânia, o<br />

projecto da Mitteleuropa estava em marcha” (Correia, 2004: 26).<br />

No entanto, obrigado a reconhecer a derrota, o Reich foi suprimido e a Alemanha não tornou<br />

até aos anos 90 a ouvir-se nas relações internacionais, quanto mais a ter um projecto concreto<br />

geopolítico. Porém, nada estará anulado. O conceito geográfico, económico, político, enfim,<br />

geopolítico de Mitteleuropa teorizado por Friedrich Naumann (1860-1919) está ampla<strong>me</strong>nte<br />

relacionado com a Deutsche Frage: “therefore the “German <strong>que</strong>stion” was the core problem for any<br />

future concept of the [European] continent, both in political and geo-strategic terms” (Philipps, s.d.:4).<br />

De facto, “a Mitteleuropa seria, muito simples<strong>me</strong>nte o território de influência e propagação dos países<br />

germânicos” (Medeiros, 2003: 144). <strong>Ao</strong> desfolhar livros como Ball (s.d.) e Merian (1962) compreendese,<br />

então, esta mística da Deutsche Frage, i<strong>me</strong>rsa numa hipótese de construção política de futuro.<br />

Nesta linha, podemos relembrar o título do pertinente livro de Janβen (2003): Und morgen die ganze<br />

Welt... em <strong>que</strong> analisa <strong>que</strong>r a Weltpolitik de Wilherm II, <strong>que</strong>r a política expansionista hitleriana.<br />

Contudo, nenhuma das duas propostas acertou no propósito de resolver a Questão Alemã, pelo<br />

contrário, falharam redonda<strong>me</strong>nte.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!