Dedicatórias/ Agradecimentos Ao meu pai que me ... - UTL Repository
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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?<br />
Nuno Morgado<br />
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________<br />
pangermanista <strong>que</strong> englobe povos germânicos e germanizados e não uma única Nação (como<br />
pretendia Hitler (1889-1945), ein Volk [um povo]).<br />
Principia-se, então, por dois temas essenciais na Geopolítica: Guerra e Paz. Na óptica dos<br />
liberais, a guerra não resulta de um acto natural, mas sim de um conjunto de políticas, sendo<br />
encarada como um facto negativo dele decorrente. Esta ideia é contrariada pelos marxistas, para os<br />
quais a guerra nem sempre existiu e surgiu apenas a partir do apareci<strong>me</strong>nto da propriedade privada.<br />
Os realistas, por sua vez, defendem <strong>que</strong> a guerra é um <strong>me</strong>io para atingir um fim, pressupõe, de resto,<br />
a diplomacia por outros <strong>me</strong>ios, adaptando a fórmula de Clausewitz (1780-1831) de guerra como a<br />
continuação da política por outros <strong>me</strong>ios; e o próprio Hobbes (1588-1679) expõe uma noção de<br />
guerra como predisposição natural do ho<strong>me</strong>m para o conflito, ou seja é da natureza do ho<strong>me</strong>m, lutar<br />
(Hobbes, 2002: 110-11).<br />
Se, por exemplo, observarmos atenta<strong>me</strong>nte a guerra nos Balcãs (Morgado, 2012), inferiremos<br />
<strong>que</strong> se trata de uma guerra de culturas contra culturas, etnias contra etnias e religiões contra<br />
religiões, o <strong>que</strong> aniquila, de todas as formas, a tese marxista-leninista unilateral e determinista de<br />
imperialismo capitalista, baseada nas motivações económicas. A guerra nos Balcãs é, cabal<strong>me</strong>nte, a<br />
prova de <strong>que</strong> a tese marxista é falsa. Dougherty (2003: 561) atesta-o perfeita<strong>me</strong>nte, pelo <strong>que</strong> há <strong>que</strong><br />
procurar outro tipo de explicação.<br />
Pois bem, se nos envolvermos no pensa<strong>me</strong>nto realista, apontaremos uma conclusão genérica<br />
i<strong>me</strong>diata e livre de idealismos: a “paz perpétua” é impossível, logo a solução a ser prescrita, terá de<br />
ser a<strong>que</strong>loutra <strong>que</strong> criará o <strong>me</strong>nor nú<strong>me</strong>ro de problemas, mas não a sua erradicação total, vista a sua<br />
impossibilidade. Aliás, Moreira faz saber, sem rodeios, <strong>que</strong>: “não se conhece nenhum período da<br />
história da Humanidade em <strong>que</strong> a guerra tenha estado ausente” (Moreira, 2008: 107).<br />
Por conseguinte, importará escrever duas linhas sobre a paz. Os liberais destacam a<br />
importância da segurança humana, olham a paz como valor máximo a atingir e apontam a diplomacia<br />
e o direito internacional como <strong>me</strong>ios de a alcançar plena<strong>me</strong>nte. Contudo, o pensa<strong>me</strong>nto de Karel<br />
Čapek (1890-1938) mostrou <strong>que</strong> os tratados <strong>que</strong> compõem o direito internacional, existem apenas<br />
para serem cumpridos pelas nações mais fracas das relações internacionais, sendo <strong>que</strong> as grandes<br />
potências o ignoram. Čapek assistiu com amargura aos Acordos de München e à incapacidade dos<br />
Aliados garantirem a integridade territorial da recente Checoslováquia e assim re<strong>me</strong>teu a importância<br />
do Direito Internacional à relativização; ou ainda nas palavras de Hobbes, “. . .os pactos sem a<br />
espada não passam de palavras. . .” (Hobbes, 2002: 143). Por seu lado, os marxistas pregam <strong>que</strong> a<br />
paz só pode ser alcançada na sociedade comunista sem classes, <strong>que</strong> termina a exploração do<br />
ho<strong>me</strong>m pelo ho<strong>me</strong>m. O pensa<strong>me</strong>nto realista, por sua vez, explica a paz como algo transitório e<br />
define-a no sentido negativo. Por exemplo, Hobbes ensina <strong>que</strong> o Estado Civil – <strong>que</strong> se opõe ao<br />
Estado de Natureza – institui a ordem através de um sistema de leis internas válidas, por <strong>me</strong>io da<br />
transferência total de força e poder para um só ho<strong>me</strong>m ou assembleia (Hobbes, 2002: 146). Para<br />
além disso, e já no âmbito das relações internacionais, os realistas preconizam <strong>que</strong> a manutenção da<br />
paz é conseguida e mantida, entre outros, pelo Balance of Powers, um equilíbrio de poder. Com<br />
efeito, Moreira confirma <strong>que</strong> “. . .a técnica da balança de poderes foi talvez a mais experi<strong>me</strong>ntada. . .”<br />
(Moreira, 2008: 111).<br />
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